Upload
camila-de-fatima-tavares
View
19
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
Guernica
Análise da obra: As motivações para a criação da obra: O acontecimento que inspirou o conhecido quadro de Picasso foi a própria cidade de Guernica, capital da província Basca, a qual a 26 de Abril de 1937 foi alvo de bombardeamentos por parte de aviões alemães (Legião Condor) por ordem do General Franco. Dos 7000 habitantes, 1654 foram mortos e 889 feridos. A destruição de Guernica foi a primeira demonstração da técnica de bombardeamentos de saturação, mais tarde empregado na 2ª Guerra Mundial. O Mural constituiu uma visão profética da desgraça. Em primeiro plano no quadro, está uma figura fragmentada com a cabeça cortada, à esquerda, e um braço também cortado, ao centro, agarrando uma espada quebrada, emblema bem conhecido da resistência heróica. Junto à espada quebrada encontra-se uma flor, como uma mensagem de esperança numa vida nova, apesar das tentativas do Homem para a destruir constantemente. A comovente delicadeza da flor parece aumentar o horror geral da cena caótica.
Ao contrário da afirmação do pintor acerca do touro presente no quadro, representar a brutalidade, a imagem é ambígua, não parecendo selvagem, estando a abanar o rabo. A presença do touro deve-se também ao fascínio que Picasso sempre sentiu pelo espetacular e brutal desporto nacional : a tourada- aparecendo freqüentemente a imagem de arena nos seus trabalhos.
Entre as complexas imagens cubistas de "Guernica?, a mãe e o filho são imediatamente interpretados. Uma criança morta, pende inerte nos braços da mãe. O grito da mãe está representado pela língua que sugere a um punhal ou um estilhaço de vidro. Formas semelhantes aparecem um pouco por todo o quadro. A angústia no rosto da mulher que segura a criança é especialmente penetrante, talvez aumentada pelo contraste entre o estilo do rosto e a representação mais convencional da criança.
Embora Picasso raramente desse interpretação aos seus trabalhos, que disse que o cavalo ou a angústia do cavalo, que se encontra no centro, representa o Povo.
Por cima da cabeça do cavalo, está um candeeiro elétrico aceso, em forma de sol, que sugere o "olho de deus" que tudo vê.
No lado direito do quadro, duas mulheres olham horrorizadas para o cavalo ferido com medo e pena, sugerindo certas semelhanças, em conceito e semelhança, com as imagens de Cristo na cruz e a presença das três Marias em cena. Picasso procurava talvez uma imagem moderna e secular para exprimir o sofrimento humano, mas uma que não tivesse qualquer simbolismo cristão explicito.
A figura à direita do quadro parece estar a ser consumida pelas chamas de um edifício a arder. Esta figura é também freqüentemente comparada à figura central de "os fuzilamentos" do 3 de Maio de 1808 de Goya. Existe ainda uma semelhança entre os elementos que levaram a ambos os quadros: os dois foram atos de selvagem brutalidade contra pessoas inocentes. Se existe uma chave para a compreensão da obra de Picasso , ele encontra-se nos olhos por ele pintados. É tão grande a importância de tal órgão que o espectador sente-se imediatamente por ele atraído. No entanto ao pretender dar maior significado à expressão de conjunto estabelece novas associações entre cada traço do rosto e o meio exterior. Aliás, o motivo essencial da criação do Cubismo foi precisamente esse desejo de dissecação, de analisar os objetos para poder reconstitui-los sobre a tela, relevando a estrutura interna e os elementos que nos estão escondidos. A ausência de cor, ou seja, o monocromático é apropriado ao tema do quadro, ainda hoje politicamente controverso em Espanha. O simbolismo da cena resiste a uma interpretação precisa, apesar de vários elementos tradicionais.
Destaques da obra “Guernica”:
O cavalo: para Picasso, o cavalo em “Guernica” representa o povo inocente. A
distorção na cabeça do cavalo revela pânico e a dor do animal mortalmente ferido. Suas
narinas e dentes superiores parecem formar a imagem de uma caveira. O ferimento do
cavalo, um talho negro em seu flanco, ocupa um lugar de destaque na pintura. Pelo
corpo do cavalo, distribui-se pequenos tracejados negros, que remetem as folhas de um
jornal, através do qual Picasso leu sobre o massacre de Guernica.
O touro: o touro é um símbolo da cultura espanhola, e sua imagem está associada à
força. Mas o touro de “Guernica” não parece particularmente agressivo. Também ele
experimenta o terror da carnificina.
As luzes: Picasso pinta uma luz elétrica na cena, que lembra um olho maligno ou a
lâmpada da cela de um torturador. Próxima a ela, está um candelabro, de formas mais
suaves. A oposição entre os dois símbolos representa a dicotomia entre o bem e o mal, a
morte e a vida.
As figuras humanas: impotentes e distorcidos pela dor, com seus corpos dilacerados,
não demonstram a nobreza da batalha, apenas o pânico da tragédia. Da esquerda para a
direita, vemos uma mãe com o filho morto nos braços (uma moderna pietá), um soldado
caído que traz na mão esquerda um estigma de Cristo (uma provável referência a
obra Os Fuzilamentos de Três de Maio, de Goya), uma mulher esgotada e desorientada,
uma figura feminina trazendo um candelabro, completamente incrédula ante a tragédia,
e uma pessoa em chamas, que ergue os braços para o vazio.
A margarida: vemos uma margarida na mão direita de um soldado caído,
delicadamente desenhada, um pequeno símbolo de esperança. nesta mesma mão, o
braço decepado segura com firmeza uma espada quebrada, que representa a resistência
do povo espanhol.
As cores: Picasso utiliza-se das cores preto, branco e cinza, tornando a obra bastante
sombria. O uso destas cores na obra “Guernica” também podem remeter as matizes de
um jornal.