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    Universidade Politcnica

    A POLITCNICA

    Escola Superior Aberta

    GUIA DE ESTUDO

    Direito das Obrigaes ICurso de Cincias Jurdicas

    (3 Semestre)

    Moambique

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    FICHA TCNICA

    Maputo, Fevereiro de 2014

    Srie de Guias de Estudo para o Curso de Cincias

    Jurdicas (Ensino a Distncia).

    Todos os direitos reservados Universidade Politcnica

    Ttulo:Guia de Estudo de Direito das Obrigaes I

    Edio:1

    Organizao e Edio

    Escola Superior Aberta (ESA)

    Elaborao

    Virgnia Madeira (Contedo)

    Virgnia Madeira (Reviso Textual)

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    UNIDADES TEMTICAS

    NDICE

    UNIDADE TEMTICA 1:Direito das Obrigaes, noo e princpios ....................... 5

    UNIDADE TEMTICA 2: Fontes das Obrigaes....... Error! Bookmark not defined.

    UNIDADE TEMTICA 3: Responsabilidade Civil como fonte de Direito das

    Obrigaes ...................................................................... Error! Bookmark not defined.

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    APRESENTAO

    Caro(a) estudante

    Est nas suas mos o Guia de Estudo da disciplina de Direito das Obrigaes I queintegra a grelha curricular do Curso de Licenciatura em Cincias Jurdicas oferecidopela Universidade Politcnica na modalidade de Educao a Distncia.

    Este guia tem por finalidade orientar os seus estudos individuais neste semestre do

    curso. Ao estudar a disciplina de Direito das Obrigaes I, voc ir ter o conceito clarode Obrigaes e, consequentemente da sua importncia para os diversosintervenientes do sistema da justia.

    Este Guia de Estudo contempla textos introdutrios para situar o assunto que serestudado; os objectivos especficos a serem alcanados ao trmino de cada unidadetemtica, a indicao de textos como leituras complementares que voc deve realizar;as diversas actividades que favorecem a compreenso dos textos lidos e a chave decorreco das actividades que lhe permite verificarem se voc est a compreender oque est a estudar.

    Esta a nossa proposta para o estudo de cada disciplina deste curso. Ao receb-la,

    sinta-se como um actor que se apropria de um texto para expressar a sua inteligncia,sensibilidade e emoo, pois voc tambm o(a) autor(a) no processo da suaformao em Cincias Jurdicas.

    Os seus estudos individuais, a partir destes guias, nos conduziro a muitos dilogos ea novos encontros.

    A equipa de professores que se dedicou elaborao, adaptao e organizao desteguia sente-se honrada em t-lo como interlocutor(a) em constantes dilogos motivadospor um interesse comum a educao de pessoas e a melhoria contnua dos negcios,base para o aumento do emprego e renda no pas.

    Seja muito bem vindo(a) ao nosso convvio.

    A Equipa da ESA

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    UNIDADE TEMTICA

    Direito das obrigaes, noo e princpios orientadores

    Elaborado por: Virgnia Madeira

    OBJECTIVOS

    No final desta unidade o estudante deve estar capaz de:

    Conhecer a noo de Direito das Obrigaes;

    Compreender qual o mbito de abrangncia desta disciplina jurdica, bem

    como a sua localizao na sistemtica do Cdigo Civil de 1969;

    Conhecer os princpios que orientam esta disciplina jurdica.

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    1. Direito Civil e Direito das Obrigaes e a sistematizao germnica do nosso

    Cdigo Civil.

    O Direito Civil conforme teriam visto nas disciplinas de introduo ao estudo de

    direito e de teoria Geral, constitui a base de regulamentao da vida privada dos

    sujeitos jurdicos.

    neste ramo de direito em que encontramos regulamentadas todas as fases da

    vida de um indivduo. Estas normas encontram-se plasmadas no Cdigo Civil de

    1966, que contm 5 Livros divididos pelos seguintes assuntos:

    1. No Primeiro (Livro I)retrata a questo da aquisio da personalidade jurdica

    com o direito completo e com fim da capacidade de o indivduo se representar

    ou fazer-se representar por outrem, por menoridade ou incapacidade.

    2. No segundo (Livro II ) retrata outra fase de evoluo do indivduo que torna-

    se capaz de no relacionamento com os seus semelhante adquirir direitos e

    obrigaes, oriundas das transaces contratuais e de outros factos ilcitos ou

    lcitos, que de uma ou de outra forma transformem a vida do homem. (este o

    livro que pretendemos estudar ao longo desta cadeira.

    3. No terceiro livro (Livro III) este retrata o direito que recai o patrimnio que

    este sujeito jurdico acabou adquirindo, atravs das obrigaes a que esteja

    vinculado, bem como os direitos que lhe assistiram.

    4. O quarto (Livro IV) este retrata a vida em famlia, quando o indivduo depois

    de adquiriria a sua personalidade e capacidade jurdica, tendo prerrogativas de

    obrigar-se e adquirir direito obrigacionais, atinge a maturidade que lhe permite

    constituir famlia. Assim, este livro versa sobre as relaes familiares ou melhor

    que decorrem do processo de constituio de famlia pelo casamento, at a

    sua extino.

    5. O quinto (Livro V)

    versa sobre o direito das sucesses, onde se aborda osefeitos jurdicos que decorrem da morte deste indivduo que nasceu, adquiriu

    propriedades, constituiu famlia e depois perdeu a vida.

    Deste modo, este ltimo captulo versa sobre o fim que deve ser dado ao

    patrimnio deste sujeito jurdico.

    Em resumo podemos esquematizar a organizao do Cdigo Civil de 1966 da

    seguinte forma:

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    Em suma:No nosso ordenamento jurdico o nosso Cdigo Civil encontra-se dividido em

    livros alinhados segundo a seguinte lgica, segundo as fases de vida dos sujeitos,

    vejamos:

    Cdigo Civil de 1966

    LIVRO I

    PARTE

    GERAL

    LIVRO II

    DIREITO

    DAS

    OBRIGA

    ES

    LIVRO III

    DIREITOS

    REAIS

    LIVRO V

    DIREITO

    DAS

    SUCESS

    ES

    LIVRO IV

    DIREITO

    DA

    FAMLIA

    Aquisio da

    personalidad

    e jurdica

    com

    nascimento

    completo e

    com vida

    (artigo 66 do

    C.C.)

    Aquisio de

    direitos e

    obrigaes

    inerentes as

    relaes que

    estabelece

    com outros

    sujeitos

    jurdicos

    Constitui

    o de

    famlia,

    regulament

    ao da

    relao

    conjugal e

    do poder

    parental

    Aquisio

    de

    propriedad

    e,

    patrimnio

    e a sua

    titularidade

    Direitos

    que

    assistem

    aos seus

    sucessores

    em caso

    de sua

    morte

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    NB:importa referir que actualmente, com as alteraes legislativas em curso no nosso

    pas, o Livro IV do Cdigo Civil foi revogado e foi aprovada e promulgada a Lei n

    10/2004 de 25 de Agosto (Lei da Famlia).

    Direito das obrigaes no Cdigo Civil de 1966

    Dando continuidade ao ponto que acima referimos, segundo o nosso Cdigo Civil, a

    matria referente ao direito das obrigaes encontra-se plasmada no segundo Livro,

    entre os artigos 397 1250.

    Este Livro encontra-se subdividido em dois Ttulos. O primeiro que vai dos artigo 397

    853 do Cdigo Civil e trata da parte geral dos direito das obrigaes e o segundo que

    inicia nos artigos 874 1250 do Cdigo Civil referente aos contratos em especial.

    Assim, de seguida passaremos a demonstrar a organizao do Livro II do Cdigo Civil.

    Noo e princpios orientadores do Direito das obrigaes

    Segundo o Professor Joo Matos Antunes Varela, entende-se como Direito das

    obrigaes o conjunto das normas jurdicas reguladoras das relaes de crdito,

    sendo estas relaes jurdicas em que ao direto subjectivoatribudo a um determinado

    sujeito corresponde um dever de prestarespecificamente imposto a uma determinada

    pessoa.

    O Direito subjectivo, segundo a sua noo, o poder que a determinado sujeito

    conferido pela ordem jurdica de exigir uma determinada conduta de outrem em

    benefcio prprio. Esta conduta imposta a outrem, consubstancia o dever que este tem

    de prestar.

    Analisando ainda esta noo apresentada por este professor, constata-se que o direito

    das obrigaes visa, de facto regular as relaes de crdito que se estabelecem entre

    os sujeitos.

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    Princpios do Direito das obrigaes

    Segundo a doutrina avanada pelo professor Antnio Menezes Cordeiro, os princpios

    gerais do Direito das obrigaes so trs, que de seguida enunciamos:

    a) A autonomia Privada;

    b) Boa f e colaborao intersubjectiva; e

    c) A responsabilidade patrimonial.

    Segundo este acadmico, estes trs princpios so suficientes para fazer funcionar

    todo o sistema dos direitos das obrigaes pois com a Autonomia privada tomamos

    conhecimento do que se pode fazer, a Boa fdemonstra-nos como se deve fazer e a

    responsabilidade patrimonial transmiti-nos as consequncia que advm, em caso de

    prevaricao.

    Passaremos de seguida a explanar cada um dos princpios.

    Para reter:

    Conclui-se da noo de direito das obrigaes acima citada que, esta disciplina

    jurdica engloba basicamente as relaes de intercmbio de bens entre pessoas e

    prestao de servios, alm da reparao de prejuzos que uma(s) pessoa(s)

    cause(m) a outra(s) e do enriquecimento sem causa.

    Qual ento o seu objecto de estudo?

    Do nosso ponto de vista seria o objecto de estudo do Direito das obrigaes

    enquanto disciplina jurdica: estudar a regulamentao das relaes de crdito

    estabelecidas entre os sujeitos.

    Este entendimento tem como sustento o facto de quer os direitos subjectivos como

    os deveres de prestar adstritos aos sujeitos esto vinculados as relaes creditrias

    que so por aqueles estabelecidos.

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    PRINCPIO DA AUTONOMIA PRIVADA

    De uma forma geral podemos dizer que se trata da capacidade das partes

    interessadas escolherem como se comportar no campo jurdico e, por assim o fazer,

    obedecer a estas determinaes.

    PRINCPIO DA BOA-F OBJETIVA

    Este princpio consagra que todos os intervenientes da relao jurdica devem, actuar

    nos preliminares bem como posteriormente agir com toda a responsabilidade,

    honestidade exigida por lei.

    PRINCPIO DA PATRIMONIALIDADE

    Transmite a ideia de que toda obrigao resultar em um vnculo patrimonial ou

    redutvel a valores patrimoniais e uma vez a resoluo obrigacional resolver-se em

    perdas e danos, constitui garantia do credor o patrimnio do devedor.

    DAS OBRIGAES

    Obrigaes no sentido lato

    O termo obrigao usado, tanto na literatura jurdica como na linguagem corrente,

    em sentidos diversos; sendo que na sua origem etimolgica encontra-se associada a

    sentimentos ticos como o dever de respeitar a vida ou bom nome de outrem, etc.

    A este tipo de obrigaes ligadas aos sentimentos ticos ou morais so designadas de

    ob rig aes natu rais .Sua definio encontra-se plasmada no artigo 402 do Cdigo

    Civil (C.C.) que dispe o seguinte:

    A obrigao diz-se natural, quando se funde num mero dever de ordem moral ousocial, cujo cumprimento no judicialmente exigvel,mas corresponde a um dever dejustia.

    Exemplos de obrigaes naturais: o respeito devido ao nome e honra de outrem; odever de fazer o bem, o dever de respeitar propriedade alheia, etc.

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    Obrigao em sentido tcnico

    Diz-se obrigao a relao jurdica em virtude da qual uma ou mais pessoas podem

    exigir de outra ou outras a realizao de uma determinada prestao.

    No mesmo sentido, dispe o artigo 397 CC. que estabelece que:

    obrigao a relao jurdica por virtude do qual uma pessoa fica adstrita para com

    outra realizao de uma prestao.

    Portanto, depreende-se deste dispositivo legal tratar-se de uma relao jurdica em

    que o direito subjectivo de um dos sujeitos corresponde ao dever jurdico de prestar,imposto ao outro.

    No campo jurdico o termo obrigaes pode ter diferentes acepes, isto em sentido lato apresentando-secomo sinnimo de: dever jurdico; estado de sujeio e nus jurdico.

    Dever ju rdi co , a necessidade imposta pelo direito (objectivo) a uma pessoa de observar determinadocomportamento. uma ordem, um comando, uma injuno dirigida inteligncia e vontade dos indivduos,que s no domnio dos factos podem cumprir ou deixar de o fazer

    Quando a ordem jurdica confere s pessoas em cujo o interesse, o dever institudo, o poder de disporemde meios coercivos que o protegem diz-se que ao dever corresponde um direi to subject ivo[1].

    O dever jurdico corresponde aos direitos subjectivos, no se confunde com o lado passivo das obrigaes.Ao dever jurdico podem contrapor-se, no lado activo da relao no s os direitos pblicos, mas ainda, nombito restrito do direito privado, tanto os direitos de crdito como os direitos reais, os direitos depersonalidade, os direitos conjugais e dos direitos de pais e filhos.

    a) Es tado de s u jeio, diferentemente do dever jurdico o chamado estado de sujeio, que constituio contra plo dos direitos potestativos.

    O estado de sujeio consiste na sujeio inelutvel de uma pessoa ter se suportar na sua prpria esferajurdica a modificao a que tende o exerccio do poder conferido a uma outra pessoa. O titular passivo darelao nada tem de fazer para cooperar na realizao do interesse da outra parte, mas nada pode fazertambm para a impedir.

    b) nus ju rdi co ,consiste na necessidade de observncia de certo comportamento ou de manutenode uma vantagem para o prprio onerado.

    So duas, por conseguinte, as notas tpicas do nus jurdico. Por um lado, o acto a que o nus se refere no imposto como um dever. sua inobservncia no corresponde propriamente uma sano.

    Por outro lado, o acto no visa satisfazer o interesse de outrem, sendo estabelecido, pelo contrrio, nointeresse exclusivo ou tambm no interesse do prprio onerado, o nus um meio de se alcanar umavantagem ou, pelo menos, de se evitar uma desvantagem.

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    Este dever jurdico corresponde s obrigaes em sentido tcnico e tem como

    caracterstica, o facto de ser imposto no interesse de determinada pessoa e de seu

    objecto consistir numa prestao.

    Estrutura das obrigaes

    Este ponto que vamos agora nos debruar tem sido muito discutido no seguinte

    aspecto, o de aclarar como que o credor (sujeito a que fora atribudo por lei o direito

    subjectivo de obter uma determinada prestao) possa satisfazer a sua necessidade

    atravs do patrimnio do devedor (sujeito a quem se impe a obrigao de prestar).

    Assim, dentre vrias teorias foram duas as mais discutidas, so elas: as Teorias

    Dualista e a Unitria.

    a) Teoria dualista.

    Esta caracteriza-se por dividir a relao jurdica de crdito em dois elementos:

    Esquematizando:

    Obrigao

    (parte das relao jurdicas estabelecida entre dois sujeitos)

    Sujeito A sujeito B

    (poder de exigir) (dever de prestar )

    (Corresponde ao direito subjectivo) ( um imposio

    legal de prestar)

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    1. Direito a prestao que recai sobre a pessoa do devedor, com o intuito de obter

    dele uma conduta positiva ou negativa; e

    2. O direito sobre o patrimnio que recai sobre os bens do devedor.

    Assim, se o sujeito A (credor) tivesse sobre o sujeito B (devedor) um direito subjectivode exigir que este ltimo cumprisse a obrigao de proceder a entrega de um

    determinado bem, segundo esta teoria, este simples poder de exigir consistiria no

    direito a prestao.

    Deste modo, a entrega do bem por parte do devedor ou credor estaria abrangida pelo

    direito sobre o patrimnio.

    Significa isto que ao credor lhe assistiria no s o direito a uma prestao, mas

    tambm ao patrimnio do devedor.

    b) Teoria unitria

    Esta Teoria difere da dualista pois entende o credor no tem direito ao patrimnio do

    devedor, mas sim da prestao, pois aquele no pode de per si executar o patrimnio

    deste ltimo e muito menos ter acesso a este.

    O acesso do credor ao patrimnio do devedor s pode ser efectuado mediante oconcurso aos Tribunais que representam o Estado. Portanto, o direito sobre o

    patrimnio do devedor pertence ao Estado representado pelos Tribunais.

    Por outro lado, no sendo possvel a obteno em execuo especfica poder dar

    lugar a uma indemnizao pecuniria para a realizao da prestao.

    Comentrio.

    De facto o nosso ordenamento jurdico acolhe a Teoria Unitria pois o simples direito que o credor tem de exigir aprestao de uma determinada conduta por parte do devedor, no d a aquele o direto de retira do patrimnio deste

    o bem necessrio para saldar a dvida.

    Este direito de retirar do patrimnio do devedor bem ou valor pecunirio necessrio para cobrir o interesse do credor,

    foi chamado pelo Estado, sendo que representado pelos Tribunais,

    Por isso, no Direito Processual Civil, uma das disciplinas deste ramo de direito contm uma parte especfica

    designada de execuo, que visa tornar efectiva a prestao a que o credor tem direito.

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    OS ELEMENTOS ESSENCIAIS DAS RELAES OBRIGACIONAIS

    Relaes obrigacionais simples e complexas

    As relaes jurdicas podem se apresentar como simples ou mltiplas, tendo em contano s o nmero de credores ou devedores bem como os interesses e obrigaes

    resultantes desta.

    So simples quando vinculam somente o credor e o devedor, sendo mltiplas quando

    para alm destes existem mais intervenientes ou vrios credores e devedores.

    Regra geral, o pagamento da prestao por parte do devedor deve sempre ser

    efectuada a pessoa do credor. Contudo, a prpria lei admite algumas excepes no

    que tange a entrega da prestao a pessoa diversa do credor (vide o artigo 770 do

    C.C).

    Esta uma matria que abordaremos posteriormente, importa no entanto reter que a

    relao jurdica tem como principais actores os sujeitos que podem ser credores ou

    devedores.

    Elementos constitutivos da relao

    So trs os elementos constitutivos da relao obrigacional:

    a) Os sujeitos, que so titulares (activo ou passivo) da relao;

    b) O objecto, que a prestao debitaria;

    c) O vnculo, que o nexo ideal que liga os poderes do credor aos deveres doobrigado.

    A) Os sujeitos

    O primeiro elemento da relao constitudo pelos sujeitos que so as pessoas sobre

    as quais se estabelece a relao obrigacional, so eles: o credor e o devedor.

    O credor, o titular do interesse que o dever de prestar visa satisfazer, portanto,

    quem o direito assiste a vantagem resultante de um determinado crdito.

    O credor o sujeito activo da relao obrigacional e caracteriza-se por ser o portador

    de uma situao de carncia ou de uma necessidade.

    http://octalberto.no.sapo.pt/Direito_das_Obrigacoes.htmhttp://octalberto.no.sapo.pt/Direito_das_Obrigacoes.htm
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    Para que esta necessidade seja satisfeita preciso que existam bens capazes de a

    preencher e que tenha o credor o desejo de obter esses bens.

    Por seu turno o devedor a pessoa sobre a qual recai o dever especfico de efectuar

    a prestao.

    B) O objecto

    Este o segundo elemento da relao obrigacional que consiste na prestao devida

    ao credor, portanto, o meio que satisfaz o interesse do credor, que lhe proporciona a

    vantagem a que ele tem direito.

    A p restao, consiste em regra, numa actividade ou numa aco do devedor. Mas

    tambm pode consistir numa absteno, permisso ou omisso.1

    O quadro que segue refere-se os requisitos que deve esta prestao seguir para

    validar um determinado negcio jurdico, bem como as sua modalidades e os seus

    princpios.

    1IN Varela, joo de Matos Antunes: Das obrigaes me geral ; Volume I; 7 edio; Livraria Almedina;

    Coimbra; 1993

    PARA RETER:

    O objecto da obrigao a prestao. Como objecto que de um negcio jurdico, a prestao tem de obedecer a

    certos requisitos para ser vlido o negcio que emerge a obrigao. So eles (art. 280 CC):

    a) Determinabilidade;

    b) Possibilidade fsica e legal;

    c) Licitude.

    Determinabilidade

    quando no estando concretamente determinada na sua individualidade, est enunciado um ou vrios critrios que

    permitem a sua determinao. Se no houver qualquer critrio de determinabilidade da prestao, em princpio nulo o

    negcio de que emerge a obrigao (art. 400 CC). Admite-se que a determinao possa ser confiada, pelos prprios

    interessados, a uma ou outra das partes, ou a terceiro. Os critrios da equidade s so aplicveis, se outros no

    estiverem sido estipulados.

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    Principais modalidades de prestao

    So modalidades de prestaes as seguintes:

    a) Pres tao de fac to e pres tao de co is a,conforme o seu objecto refere a um

    facto ou se refere a uma coisa, que constitui o objecto mediato da obrigao.

    b) Pres tao de facto ou de terc eiro ,a prestao de facto o depsito que se

    obriga a guardar e restituir a coisa ou o mandatrio que se compromete a

    realizar determinados actos jurdicos, no interesse do mandante. Mas pode o

    facto devido reportar-se a factos de terceiro.

    c) Pres tao de facer e ou non facer e, a doutrina do direito comum distinguia,

    quanto ao tipo da prestao segundo um critrio mais escolstico do que

    propriamente jurdico, entre as obrigaes de dare, facere e non facere.

    d) Pres tao de coi sa fu tu ra, a prestao de coisa refere-se, por via de regra, a

    coisas j existentes. Mas pode tambm ter por objecto coisa futura (artigo 397;

    211 CC). A expresso coisa futura porm usada por lei numa acepo ampla

    abrangendo no s as coisas que ainda carecem de existncia como as

    Possibilidade fsica

    Quando no momento da constituio da obrigao a prestao susceptvel de ser realizada humanamente,

    passvel de realizao pelas pessoas em geral, mesmo que no seja realizvel pelo devedor. a possibilidade

    objectiva. A obrigao s invlida quando for objectivamente impossvel originariamente. Quando a obrigao no

    for realizvel nem pelo devedor, nem pela generalidade das pessoas, nem por ningum (h uma impossibilidade

    fsica) nulo o negcio de que provinha a obrigao. Fala-se de impos sibi l idade legal,para significar os casos em

    que por fora da ordem jurdica, no possvel realizar o objecto da obrigao.

    H casos em que se constitui a obrigao e no momento da sua constituio possvel a prestao. E depois,

    acontece algo que vem a impossibilitar o cumprimento da obrigao. A obrigao e vlida e tem um outro regime

    que o da impos sibi l idade superveniente(art. 790 segs. CC), regime esse que pode ser um de dois:

    O da impo ssib il idade sup ervenient e no culp osa, o devedor no tem culpa nenhuma que a obrigao se

    tivesse tornado impossvel;

    O da impossib i l idade superveniente culposa, o devedor culpado pelo facto de a obrigao se ter

    tornado impossvel.

    In: Joo de Matos Antunes Varela; resumo.

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    prprias coisas j existentes, a que o disponente ainda no tem direito ao

    tempo da declarao negocial.

    e) Pres tao in stan tnea e pr est aes dur ado ur as, dizem-se instantneas as

    prestaes em que o comportamento exigvel do devedor se esgota num smomento ou num perodo de tempo de durao praticamente irrelevante.

    A prestao protela-se no tempo, tendo a durao temporal da relao creditria,

    influncia decisiva na conformao global da prestao (prestao duradoura).

    f) Pr es tao fungvel [2],quando pode ser realizada por pessoas diferentes do

    devedor, sem prejuzo do interesse do credor; ser no fungvel ,no caso de o

    devedor no puder ser substitudo no cumprimento por terceiro. So as

    obrigaes em que ao credor no interessa apenas o objecto da obrigao mas

    tambm a habilidade, o saber, a destreza, a fora, o bom-nome ou outras

    qualidades pessoais do devedor.

    Facto jurdico ou vnculo jurdico

    Atravs do vnculo que a ordem jurdica estabelece entre o credor e o devedor a

    relao obrigacional. Este vnculo, forma o ncleo central da obrigao, o elemento

    substancial da economia da relao na medida em que nele se encontram os poderesconferidos ao credor e os correlativos deveres impostos ao devedor.

    Deste modo, o vnculo estabelecido entre o devedor e o credor um elemento

    verdadeiramente irredutvel na relao. Nele reside o cerne do direito de crdito.

    Na relao obrigacional h essencialmente um direito subjectivo relativo, um direito de

    crdito, e uma posio jurdica passivauma obrigao.

    O direito do credor o direito a obter a prestao voluntria ou coercivamente.

    O princpio geral nesta matria decorre do art. 817 CC. O credor tem direito

    prestao e, no caso de no haver cumprimento espontneo, tem a chamada aco

    de cumpr imento, que a entidade complexa que se decompe numa aco

    declarativa e numa aco executiva, das quais a segunda pode depender da primeira,

    isto , da condenao do devedor realizao da prestao.

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    A execuo o meio comum de obter coactivamente a satisfao do direito do credor.

    Mas no o nico. No pode pr-se de parte a possibilidade do exerccio da aco

    directa(art. 336 CC), como meio do credor obter o cumprimento da obrigao.

    Dizer que a relao obrigacional se resolve num direito e numa obrigao umaverbalizao tradicional mas muito empobrecera das realidades que a relao

    obrigacional constitui: isto porque, para alm do dever de prestao principal sobre o

    devedor impedem numerosos, de conduta, de proteco.

    Uma vez determinado concretamente o objecto da prestao, aquele bem, que vai

    entrar no patrimnio do comprador, quer ele queira, quer no queira.

    Os trs elementos que integram o vnculo existente entre os sujeitos da relao, so:

    a) O direito prestao;

    b) O dever correlativo de prestar;

    c) A garantia.

    O direito prestao

    o poder (juridicamente tutelado) que o credor tem de exigir a prestao do devedor.

    O credor e s ele pode exigir o cumprimento, e de acordo com a sua vontade que

    funciona o mecanismo da execuo, quando o devedor no cumpra, mesmo depois de

    condenado. O credor no apenas o portador subjectivo do interesse tutelado; o

    titular da tutela do interesse; o sujeito das providncias em que a proteco legal se

    exprime.

    O dever de prestar

    a necessidade imposta (pelo direito) ao devedor de realizar a prestao sob a

    combinao das sanes aplicveis inadimplncia.

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    ACTIVIDADES

    1. O que se entende por Direito das obrigaes e qual a sua sistemtica no CdigoCivil?

    2. Quais os princpios que orientam o direito das obrigaes? Fale sobre cada umdeles.

    3. Quais os elementos das Obrigaes? Fale de cada um deles.

    4. Distinga as obrigaes naturais das jurdicas, indicando os respectivos dispositivoslegais.

    5. Distinga a teoria unitria da dualista.

    6. O que se entende por prestao e quais os seus requisitos?

    7. Indique duas modalidades de prestaes?

    Leituras complementares

    Cdigo Civil de 1996

    TELLES, Inocncio Galvo; Direito das Obrigaes; Editora Coimbra; 7

    Edico; 1997

    VARELA, Joo de Matos Antunes; Das Obrigaes em geral; Livraia Almedina;

    7 Edio; 1993

    CORDEIRO, Antnio Menezes; Direito das Obrigaes; Primeiro volume;

    Edio da Associao Acadmica da Faculdade de Lisboa; 1980

    Dicionio Jurdico de Anan Prata;

    Galante.no.sapo.pt/Direito_Civil/Direito_obrigaes.pdf

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    UNIDADE TEMTICA 2

    Fontes do direito das obrigaes

    Elaborado por: Virgnia Madeira

    OBJECTIVOS

    No final desta unidade o estudante deve estar capaz de:

    Conhecer as fontes do Direito das Obrigaes;

    Compreender o se entende por contratos bem como os requisitos legais do

    mesmo, bem como os princpios orientadores;Conhecer os princpios que orientam o negcio unilateral, a gesto de negcios

    e o enriquecimento ilcito;

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    FONTE DAS OBRIGAES

    Segundo o professor Antnio Menezes Cordeiro so fontes das obrigaes oselementos a que o ordenamento associe o surgimento das obrigaes, isto so

    factos ou actos jurdicos dotados de eficcia constitutiva das obrigaes.

    Tendo em conta a definio retro mencionada compreende-se que as obrigaes tem

    como fonte de origem um acto ou facto jurdico.

    Segundo a definio legal so factos jurdicos qualquer facto humano que produza

    efeitos jurdicos, sendo que actos jurdicos fazem parte dos factos jurdicos em

    sentido restrito. (esta matria falaremos mais tarde)

    Assim sendo, face a nossa lei, so fontes das obrigaes as seguintes:

    - Os Contratos (art. 405 segs. CC);2

    - Os Negcios Jurdicos Unilaterais (arts. 457 segs. CC);

    - A Gesto de Negcios (arts. 464 segs. CC);

    - Enriquecimento Sem Causa (arts. 473 segs. CC;

    - Responsabilidade Civil (arts. 483 segs. CC).

    2 O contrato pode ser hoje, por conseguinte, no s fonte de obrigaes (da sua

    constituio, transferncia, modificao ou extino), mas de direitos reais, familiares e

    sucessrios.

    unilateral

    Lcito

    ACTO contrato

    Ilcito Delito (resp. civil pelo facto ilcito)

    Fontes das obrigaes Responsabilidade civil pelo risco

    FACTO Gesto de negcios

    Enriquecimento sem causa

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    Nb:atente ao esquema retro. Constata-se que as fontes das obrigaes encontram-se

    divididas em actos e factos jurdicos conforme a prpria definio aqui apresentada.

    De seguida passaremos a abordar cada uma das fontes do Direito das

    obrigaes

    DOS CONTRATOS

    Os contratos so tidos tambm como negcios jurdicos. Este so tambm actos

    produtores de efeitos jurdicos que representam a aplicao do princpio da autonomiada vontade que se traduz na auto regulamentao de interesses.

    Mas o que seriam ento os contratos?

    O nosso Cdigo Civil, diferentemente do que acontece com o sentido tcnico das

    obrigaes, no apresenta uma noo de contrato.

    A doutrina por seu turno apresenta algumas definies de contrato.

    Assim segundo o professor Joo de Matos Antunes Varela:

    Diz-se contratos o acordo vinculativo assente sobre duas ou mas declaraes de

    vontade (oferta ou proposta, de um lado; aceitao, do outro), contrapostas mas

    perfeitamente harmonizveis entre si, que visam estabelecer uma composio unitria

    de interesses.3

    3In: Varela, Joo de Matos Antunes; das obrigaes em geral; volume I; 7 edio; Livraria Almedina;

    1993

    Para saber:

    No Livro II do C.C., nos artigos 217 e seguinte da parte geral, os negcios Jurdicosencontram a sua regulamentao. Entre os artigos 405 456 do C.C. encontramos aregulamentao dos contratos no geral e posteriormente entre os artigos 874 1250 doC.C. a parte referente aos contratos em especial.

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    Portanto, segundo esta definio, o contrato seria essencialmente um acordo

    vinculativo de vontades opostas porm harmonizveis entre si.

    Deste modo tem como elemento fundamental o mtuo consenso. Assim, no

    havendo ajuste entre as declaraes de vontade das partes, que a partida soopostas, no haver contrato, por que falta o mtuo consentimento.

    O artigo 232 do C.C. dispe que enquanto no tiverem as partes acordado em todas

    as clusulas que compem o contrato, o mesmo no deve se considerar concludo.

    Este preceito legal leva-nos a concluir que o mutuo consenso, conforme referimos

    anteriormente de facto a base do contrato, sem este elemento no aquele no

    subsiste.

    Princpios fundamentais do regime dos Contratos:

    Atente ao nosso sistema jurdico, podemos dizer que os princpios orientadores do

    regime dos contratos so quatro, a saber:

    1. O princpio da liberdade contratual;2. O princpio do concensualsmo;3. O princpio da boa f; e

    4. O princpio da forma vinculativa.

    Passaremos a falar de cada um deles de seguida.

    1. Princpio da liberdade contratual

    Este princpio encontra-se consagrado no artigo 405 n1 do C.C. que dispe o

    seguinte:

    1. Dentro dos limites da lei, as part es tm a faculd ade de fix ar livrem ente o

    con tedo do s contr atos, celebrar contratos d iferentesdos previstos neste Cdigo

    ou incluir nestes as clusulas que lhes aprouver.

    Deste dispositivo legal em que se encontra claramente estatuda a liberdade contratual

    podemos retirar que esta engloba:

    a) A liberdade de estipulao - ao referir que () as partes tm a faculdade defixar livremente o contedo dos contratos () ;Este princpio encontra-se disposto no artigo 398 n 1 do CC. e so alguns dos

    seus exemplos os artigo 772 n1 do CC (Lugar de prestao) e 777 n1(determinao do prazo); e

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    b) A liberdade de celebrao ao referir que as partes podem () celebrarcontratos diferentes ()

    a) Liberdade de estipulao e suas limitaes

    Entende-se por liberdade de estipulao na faculdade dos contraente livremente

    fixarem e modelarem o contedo do tipo de contrato escolhido de acordo com os seus

    interesses.

    Tendo como ponto de referncia os contratos em especial regulados na lei, a liberdade

    de estipulao do contedo do contrato desdobra-se sucessivamente:

    a) Na possibilidade que os contraentes tem de celebrar qualquer dos contratos

    tpicos ou nominados previstos na lei;

    b) Na faculdade de adicionar a qualquer desses contratos as clusulas que melhor

    uniformizarem os interesses das partes;

    c) Na possibilidade de realizar contratos distintos dos previstos e regulados na lei.

    Esta apresenta alguns limites que so:

    1. O constante no artigo 280 do CC que dispe deve se considerar nulo um

    negcio jurdico quando o objecto seja impossvel quer fsica ou legalmente;

    2. Os contratos de adeso so aqueles onde uma das partes contratuais tem a

    liberdade de estipular as regras contratuais e a outra cabe, somente, a

    liberdade de aceitao ou no do mesmo.

    Exemplo:

    O sujeito A pretende vender ao seu automvel de marca Toyota Mark II e o sujeito B pretendeadquirir um Audi 4 ou se o sujeito A pretende vender um automvel Audi $ ao preo de 500 000,00Mt e o Sujeito B pretende compra-lo ao preo de 250 000,00 MT.

    NB: Neste caso estamos perante duas manifestaes de vontades opostas que no seajustam, deste modo no havendo harmonia entre ambas no haver o mtuo consenso epor seu turno a celebrao do contrato

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    So exemplos deste tipo de contratos os seguintes: os contratos de transporte

    areo ou terrestre; contratos de fornecimento de electricidade ou gua; os

    contratos de telecomunicaes, etc.

    3. As clusulas contratuais gerais. Estas clusulas so as que vem contidas em

    ofertas ou anncios de emprego, geralmente esto fixadas em relao ao

    Lugar de trabalho; a tarefa a desempenhar; etc.

    Por j se encontrarem fixadas, na entrevista de emprego o sujeito que pretenda

    ocupar a vaga ou cargo poder discutir outras clusulas que faram parte do contrato e

    no as que estiverem previamente fixadas em anuncio ou publicidade.

    4. Contratos normativoscolectivos. Estes so aqueles, cujo contedo, fixado em

    termos genricos, se impe, em determinadas circunstncias, como um padro

    que os contraentes so obrigados a observar nos seus contratos individuais de

    natureza correspondente.

    As normas imperativas, que se reflectem no contedo dos contratos: umas aplicveis

    generalidade dos contratos ou a certas categorias de contratos; outras, privativas de

    certos contratos em especial, e que so vulgares nos sistemas de economiafortemente dirigida.

    b) Liberdade de celebraoe seus limites

    Este princpio consagra a autonomia que as pessoas tm de celebrar qualquer tipo de

    contrato, tipificado na lei (previsto na lei) ou no, seja com quem for.

    As limitantes desta responsabilidade resultam das partes ou da lei.

    So limitantes das partes, isto , por vontade manifestada pelas partes, a ttulo de

    exemplo os contratospromessa (vide o artigo 410 n1 do C.C.)

    Temos como outras limitantes deste princpio: a renovao dos contratos de

    arrendamento por iniciativa do inquilino, a transmisso da sua posio de arrendatrio

    sem necessidade de autorizao do senhorio, etc 8 vide os artigo 1057 e 1059 ambos

    do C.C.)

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    2. Princpio do consensualismo

    Este princpio baseia-se no acordo de vontade manifestado pelas partes. Portato,

    basta que as partes acordem voluntariamente para se considerar o contrato perfeito.

    A sua consagrao legal encontra-se no artigo 217 e 219 ambos do C.C. onde se

    reconhece que a declarao negocial pode ser expressa ou tcita e a validade destas

    no depende de forma especial, salvo se a lei determinar o contrrio.

    Este princpio no absoluto na medida em que a prpria lei, para determinados tipos

    de contrato, para alm do acordo de vontade exige uma determinada forma. Assim,

    havendo uma forma estatuda por lei a sua inobservncia leva a nulidade da

    declarao negocial, conforme dispe o artigo 220 do C.C.

    Porm, a prpria lei no artigo 364 do C.C. admite a substituio do documento imposto

    por outro de maior fora probatria.

    Importa referir que este requisito de forma que a lei impe, tem uma natureza ad

    substatiam e no somente ad probationem na medida em que no representa um

    simples meios de prova mas tambm de validade da declarao negocial conforme

    referimos anteriormente.

    3. Princpio da Boa f

    Curiosidades:

    Os contratos encontram-se classificados, quanto a formao, em duas categorias: consensuais e formais.

    So contratos consensuais - aqueles que basta o acordo de vontade para que sejam considerados perfeitos;

    Ex: os contratos celebrados na compra de um jornal, de po etc., bastam que uma das partes manifeste a vontade decomparar e a outra de vender, entrando em acordo o contrato est firmado.

    So contratos formais - aqueles que para alem do acordo de vontade manifestado pelas partes devam seguir uma formaprescrita na lei.

    Ex. Contrato de compra e venda de bem imveis ( artigo 875 do C.C.)

    Importa ressalvar que os contratos consensuais, tambm se contrapem aos contratos reais, pois este ltimos para alm

    do acordo das partes, para a sua efectivao imperioso observa-se a entrega da coisa. (vide artigo 669, 1129 e 1185, todos

    do C.C.)

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    Dispe o artigo 227 CC, que quem negoceia com outrem para concluso de um

    contrato deve, tanto nos preliminares como na formao dele, proceder segundo

    regras de boa f, sob pena de responder pelos danos que culposamente causar

    outra parte.

    Depreende-se deste dispositivo que a lei, consagra a tese da responsabilidade civil

    pr-contratual, segundo a qual, as partes respondem pelos danos culposamente

    causados tanto no perodo de negociaes como no momento decisivo da concluso

    do contrato.

    Segundo a amplitude que a redaco do artigo 227 do CC d a esta responsabilidade

    pr-contratual, esta abrange tambm os danos provenientes de esclarecimento e de

    lealdade em que se desdobra o amplo aspecto negocial da boa f.

    Este preceito no aponta s a conduta que as partes devem pautar na formao do

    contrato, como tambm indica a sano legal pela falta, que consiste na reparao do

    dano acusado.

    4. Princpio da forma vinculativa

    Consagrado no artigo 406 n1 do C.C., este princpio vincula as partes ao

    cumprimento imperativo das clausulas contratuais depois de celebrado o contrato e

    este ser valido.

    Assim se um sujeito A celebra um contrato com o sujeito B, tendo as partes

    manifestado voluntariamente as suas vontades e acordado sobre as clausulas

    contratuais nele vigentes, estes devem cumprir as mesmas por serem consideradas

    leis imperativas.

    deste modo, que havendo incumprimento do contrato, ao ser dirimido este

    litgio pelos Tribunais, primeiro apreciado o contrato e as clusulas contratuais

    e posteriormente a lei, no caso deste contrato ser valido.

    Deste princpio podemos retirar outros trs sub princpios:

    1. Princpio da pontualidade;2. Princpio da irrevogabilidade; e

    3. Princpio intangibilidade do seu contedo.

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    Estes trs sub princpios encontram a sua consagrao tambm no artigo 406 n1

    sendo que os dois ltimos se fundem no princpio da estabilidade dos contratos.

    Este princpio de suma importncia na medida em que vem dar mais peso de

    validade ao contrato firmado pelas partes, pois a sua alterao ou modificao implicamanifestaes de vontade que entrem em consenso.

    A disciplina legislativa dos contratos: princpios fundamentais por que se rege

    Mais que uma das fontes das obrigaes conforme referimos supra, o contrato, como

    negcio unilateral que , pode tambm ser considerado, em certo sentido, como uma

    fonte natural das relaes de crdito.

    So trs os princpios fundamentais em que assenta a regulamentao legislativa dos

    contratos a seguinte:

    a) Princpio da autonomia privada,

    b) Princpio da confiana, e

    c) Princpio da justia comutativa ou da equivalncia objectiva,

    Estes quatro princpios que acima referimos, apontam todos para a necessidade de existir uma declarao de

    vontade e uma aceitao, pois a consensualidade, o aspecto vinculativo do contrato, bem como a conduta das

    partes e tambm a liberdade contratual dependem at certo ponto desta manifestao.

    Contudo, a prpria lei prev a ocorrncia da Formao do contrato sem declarao de aceitao, bastando

    somente que se mostre a inteno de aceitao. (vide o artigo 234 n 1 do C.C.)

    Deste modo, trata-se de casos em que, merc de circunstncias especiais, a lei tem o contrato por concludo

    sem declarao de aceitao, embora se no prescinda da vontade da aceitao.

    So situaes em que, dispensando-se a declarao de aceitao, mas no se prescindindo da vontade de

    aceitao, esta se demonstra as mais das vezes por actos de execuo da vontade.

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    O princpio da autonomia privada

    Reveste na rea especfica dos negcios bilaterais ou plurilaterais, a forma da

    liberdade contratual e atribui aos contraentes o poder de fixarem livremente, em

    termos vinculativos, matria que mais convm sua relao jurdica. Este princpiocompreende ainda a liberdade de associao, a liberdade de tomar deliberaes nos

    rgos colegiais, a liberdade de testar, a liberdade de celebrar acordos que no so

    contratos e a liberdade de praticar os numerosos actos unilaterais que concitam a

    tutela do Direito.

    O princpio da confiana (pacta sunt servanda)

    Segundo este princpio cada contraente deve responder pelas expectativas, que

    justificadamente cria, com a sua declarao, no esprito da contraparte. Este princpio

    ainda explica a fora vinculativa do contrato, a doutrina vlida em matria de

    interpretao e integrao dos contratos (artigos 236, 238, 239 - 217 CC), e a regra

    da imodificabilidade do contrato por vontade unilateral, de um dos contraentes (art.

    406 CC).

    O princpio da justia comutativa (ou da equivalncia das prestaes)

    De acordo com este princpio, nos contratos a ttulo oneroso, prestao de cada um

    dos contraentes deve corresponder uma prestao de valor objectivo sensivelmente

    equivalente da parte do outro contraente.

    Encontra-se por seu turno, latente em vrias disposies importantes no nosso direito

    constitudo, entre as quais podem salientar-se as seguintes: a anulao ou

    modificao dos negcios usurrios (art. 282 segs. CC); a possibilidade de reduo

    oficiosa da clusula penas excessiva (art. 812 CC), etc.

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    MODALIDADES DE CONTRATOS

    Quanto a sua classificao, os contratos podem ser agrupados da seguinte forma:

    Dos contratos

    Quanto a formao

    Consensuais Aqueles que so susceptveis de

    concluso por simples consenso

    Formais Aqueels cuja lei exija determinada

    forma. (exemplo: artigo 410 n1,

    artigo 714 e o artigo 875, todos do

    C.C.)

    Quanto a

    regulamentao

    Nominados einominados

    So contratos nominados aquels

    que tenham um nome designado

    na lei. Exemplo: contrato de

    compra e venda; trabalho,

    mandato etc.

    E so contratos inominados o

    inverso

    Tpicos e atpicos

    So contratos tpicos aqueles que

    estam devidamente tipificados na

    lei. Exemplos: contrato de

    compra e venda, sociedade,

    trabalho etc,

    E so atpicos aqueles que no

    tenham a sua tipificao na lei.

    Exemplos: a hospedagem, o

    transporte etc.

    Quanto aos efeitos Contratos reiais

    A sua verificao depende da

    tradio ou entrega de uma

    determinada coisa. Exemplo: o

    penhor, doao de mvel no feita

    por registo, mtuo, artigos 669

    n1, 947 n2 e 1142, todos do

    C.C., respectivamente.

    Quando a vinculao

    das partes

    Sinalagmticos e no

    sinalagmticos

    So sinalagmticos os contratos

    que do lugar a obrigaes

    recprocas entre as partes.

    Exemplo: o contrato promessa;

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    So no sinalagmticos os

    contratos que imponham

    obrigaes apenas para uma das

    partes.

    Monovinculativos ouBivinculativos

    So contratos monovinculativos

    Onerosos e gratuitos So contratos onerosos aqueles

    em que ambas partes suportam

    esforos econmicos. Exemplo :

    contrato d compra e venda.

    So gratuitos os contratos que

    implico esforo econmico

    somente de uma das partes.

    De natureza supletiva

    Mistos So aqueles que renam

    elementos de dois ou mais

    contratos, total ou parcialmente

    regulados na lei.

    Puros

    Do Contratopromessa

    O contratopromessa encontra-se regulamentado no artigo 410 413 do CC. e nos

    artigos 442 e 830 tambm do seguintes do C.C.

    Este contrato consiste na obrigao que recai a uma ou ambas partes de celebrarem

    um determinado contrato dentro de um prazo certo ou verificada alguma condio.

    Este pode ser: bilateral ou unilateral.

    Diz-se bilateral quando ambas partes se obrigam a celebrar e unilateral quando esta

    obrigao recaia somente numa das partes (vide o artigo 411 do C.C.)

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    So figuras afins do contrato promessa as seguintes:

    1. O pacto de preferncia que de abordaremos j de seguida; que tambm um

    contrato pelo qual uma das partes se obriga, na eventualidade de celebrar um

    contrato futuro sobre um determinado bem, conceder preferncia ao titular desse

    direito.

    2. Do direito de opoque um direito potestativo que consiste na faculdade de

    uma das partes de aceitar ou no uma determinada declarao negocial; e

    3. Venda a retro - que consiste na possibilidade do vendedor poder resolver o

    contrato sem que para tal tenha uma fundamentao;

    Regime do contrato promessa.

    O regime jurdico do contrato promessa encontra-se plasmado nos artigos 410 a 413

    do C.C.

    Segundo estes preceitos legais podemos encontras os seguintes regimes:

    1. Quanto a forma;

    2. Quanto a formalidade.

    Quanto a forma ( artigo 410 do CC)

    Este artigo plasma o princpio da equiparao, segundo o qual ao contrato promessa

    deve-se aplicar as disposies do contrato prometido.

    Contudo o mesmo dispositivo legal avana duas excepes:

    a) A primeira consiste n o facto de, pesa embora se apliquem ao contrato-promessa as disposies do contrato permitido, estas no podem abranger a

    transferncia da propriedade (eficcia real), no que se refere ao contrato decompra e venda.

    IMPORTATE:

    O contrato promessa, cuja definio legal acima se referiu, difere do contrato prometido oudefinitivo, que aquele cuja realizao se pretende. Exemplo: compra e venda; sociedade,locao, mandato; etc.

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    b) As disposies que pela prpria natureza sejam inaplicveis ao contra-promessa.

    Quanto as formalidades (artigo 410 n2 do CC)

    Consiste no facto de o contrato promessa dever seguir a forma que a lei

    determina para o contrato permitido. Assim se for necessrio o uso de um

    documento particular, escrito, ou autenticado ao contrato prometido, esta deve

    ser a forma do contrato-promessa.

    Caso a forma no seja respeitada, o contrato deve ser considerado nulo (artigo

    220 do CC).

    A lei ainda dispe nos artigos 441 e 442 do CC, o contrato promessa com sinal.

    Pacto de preferncia:

    Consiste na conveno realizada entre dois sujeitos, pela qual um se obriga a dar

    preferncia a outrem na venda de determinada coisa. (artigo 414 do CC)

    Quanto a forma esta conveno segue o regime constante do artigo 410 n2 do CC,

    que anteriormente referimos.

    Exerccio do pacto de preferncia (artigo 416 do CC)

    Para o exerccio da preferncia, depois de ser comunicado pelo vendedor da coisa da

    sua pretenso, deve o preferente manifestar-se no prazo de 8 dias, sob pena de ver oseu direito caducado.

    LEITURA OBRIGATRIA

    Por forma a ter maior entendimento desta matria dosinal leia as disposies supra mencionadas, noCdigo Civil anotado.

    Faa tambm uma leitura obrigatria das disposiescontidas nos arti os 411 413 do CC.

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    Este prazo legal pode ser substitudo por outro menos ou mais longo, dependendo do

    acordado entre as partes.

    Transmisso do direito de preferncia (artigo 420 do CC)

    Os direitos e obrigaes resultantes do pacto de preferncia, em regra, no so

    transmissveis nem inter vivos ou mortis causa.

    Contudo, a lei abre excepo, caso seja estabelecido pelas partes. Assim, havendo

    conveno entre as partes sobre a transferncia destes direitos e obrigaes, deve se

    ter em conta o disposto no artigo 412 do CC.

    NEGCIOS UNILATERAIS

    Introduo

    O negcio unilateral s reconhecido como fonte de obrigaes nos casos previstos

    na lei, sendo que o contrato, considerado a fonte normal das obrigaes ex negotio.

    Este entendimento referente aos negcios unilaterais encontra-se expressado no

    artigo 457 CC, que engloba oprincpio da tipicidade, ao afirma que:

    Apromessa unilateral de uma prestao s obriga nos casos previstos na lei.

    ESTUDO OBRIGATRIO

    Importante nesta unidade tambm destacar as figuras

    constantes dos artigo 428 456 do CC.

    Assim, deve o estudante ler estes artigo, com auxlio do

    dicionrio jurdico e do Cdigo Civil Anotado.

    http://octalberto.no.sapo.pt/negocios_unilaterais.htmhttp://octalberto.no.sapo.pt/negocios_unilaterais.htm
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    Entende-se que o negcio jurdico unilateral seja sempre unilateral, isto , composto

    por uma nica declarao de vontade ou um conjunto de declaraes de vontades,

    tidas com o mesmo sentido.

    Assim podem intervir apenas, um sujeito jurdico, ou vrios sujeitos jurdicos cujas

    declaraes so paralelas; so declaraes que tm o mesmo contedo e, portanto,

    h apenas uma parte.

    H dois casos, em que a promessa unilateral no deve ser considerada fonte de

    obrigaes, pesa embora venham previstos nesta seco no artigo 458 do CC. So

    estes:

    a promessa de cumprimento, eo reconhecimento de dvida .

    Depreende-se deste dispositivo legal que existe uma permisso juridicamente tutelada

    de atravs do acto unilateral se efectuar a promessa de uma prestao ou

    reconhecimento de uma dvida sem que o devedor esteja obrigado a indicar o fim

    jurdico que o leva a obrigar-se, presumindo-se, assim, a existncia e a validade da

    relao fundamental.

    Porm, trata-se de uma simples presuno cuja prova em contrrio, produzir as

    consequncias prprias da falta de licitude ou da imortalidade da causa dos negcios

    jurdicos. Portanto, trata-se de negcios causais apenas se dando uma inverso no

    nus da prova.

    A saber:

    Em regra, fora dos casos em, que a obrigao nasce directamente da lei, para que haja o

    dever de prestar e o correlativo poder de exigir a prestao necessrio o acordo (contrato)

    entre o devedor e o credor.

    A esta ideia se tem dado o nome de princpio de contrato.

    Constitui fundamento deste princpio, o facto de () no ser razovel (fora dos casos

    especiais previstos na lei) manter algum irrevogavelmente obrigado perante outrem, com

    base numa simples declarao unilateral de vontade, visto no haver convenincias prticas

    do trfico que o exijam, nem quaisquer expectativas do beneficirio de

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    A existncia destes negcios serve apenas para dispensar o credor de provar a fonte

    da obrigao: presume-se que a fonte existe, at que o devedor prove que no existe.

    A promessa de cumprimento e o reconhecimento de dvida tm que constar de

    documento escrito, salvo se para a prova da fonte fosse necessrio um documento defora probatria superior.

    Mas, existem alguns negcios jurdicos unilaterais que so fontes de obrigaes: a

    promessa pblica, e o concurso pblico.

    A promessa unilateral

    Consiste na declarao feita mediante anncio divulgado entre os interessados, na

    qual o autor se obriga a dar uma recompensa ou gratificao a quem se encontre em

    determinada situao ou pratica certo facto (positivo ou negativo)art. 459 CC.

    O autor do negcio fica obrigado prestao logo que haja algum que se encontre

    na situao previstatenha praticado ou deixar de praticar o facto mesmo que esse

    algum, credor dele, no saiba que existe a promessa pblica.4(vide o artigo 459 n2

    do CC)

    Portanto, trata-se de uma declarao negocial receptiva e tem como destinatrio um

    sujeito indeterminado, mas determinvel.

    O art. 460i[25]CC, determina que:

    - Se a promessa tiver prazo ela dura enquanto se mantiver o prazo;

    - Se no tiver prazo, o fim da promessa matem-se enquanto no for revogada.

    Nb: sobre a revogao lei a o artigo 461 do Cdigo Civil anotado. Do mesmo modo lei

    a o artigo 462 do CC. no que se refere a diviso das prestaes havendo cooperao

    de vrios sujeitos.

    Importa ressalvar que a promessa pblica, como negcio unilateral, no se identifica

    com as ofertas ao pblico a que se refere o art. 230 CC., pois estas ltimas so

    propostas negociais que, fazendo parte de um contrato in itinere ou em mera4In Joo de matos Antunes varela;

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    expectativa, s se aperfeioam com a aceitao de outra parte, que completa o ciclo

    da formao contratual.

    A promessa pblica pode ser: gratuita ou onerosa.

    Considera-se gratuita sempre que visa efectuar uma liberalidade e onerosa quando

    exista uma vantagem econmica para o promitente.

    Concurso pblico

    Segundo o disposto no artigo 463 do CC, concurso pblico um negcio unilateral

    pelo qual algum promete um prmio a quem realizar certas provas que se encontram

    discriminadas no concurso.

    Ainda segundo o mesmo dispositivo legal, o concurso pblico tido como um negcio

    jurdico unilateral feito por anncio pblico; dele deve conter o seguinte:

    - Prazo para apresentao dos concorrentes;

    - A prova do concurso;

    - O prmio do concurso.

    Destes trs pressupostos o prazo consiste na condition sine quanon (condio sema

    qual) para a validade do concurso.

    No obrigatrio constar do concurso pblico a designao das pessoas que vo

    proceder seleco dos concorrentes para atribuio do prmio final. Se o annciopblico no contiver essa indicao, a deciso de concesso do prmio cabe ao autor

    do concurso pblico.

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    GESTO DE NEGCIOS

    Noo

    Segundo o professor Joo de Matos Antunes Varela, considera-se gesto de negcios- interveno, no autorizada, das pessoas na direco de negcio alheio, feita no

    interesse e por conta do respectivo dono, d-se o nome de gesto de negcios(artigo

    464 CC).

    Exemplo: A vizinho de B e este ltimo vai de frias. Sucede porm que, depois de

    um temporal a casa de B comea a meter gua. Assim A contrata empreiteiro para

    resolver a situao.

    Portanto, uma situao em que um sujeito assume a conduo, a gesto, de um

    assunto de outrem, no interesse desse a outrem e sem autorizao dele.

    Para alm disso, preciso que a conduo desse assunto alheio seja feita tambm

    por conta do titular do interesse que est a ser gerido pelo sujeito que assume a

    conduo dele.

    Requisitos

    So requisitos da gesto de negcios os seguintes:

    a) Dir eco de neg cio alh eio

    Esta concretiza-se na realizao de negcios jurdicos em sentido estrito, como na

    prtica de actos jurdicos no negociais ou at de simples factos materiais.

    Estes actos jurdicos consistem na mera administrao, mas nada obsta, em princpio,

    a que se estenda a actos de verdadeira disposio.

    b) Que o gestor actue no interesse e por co nta do negcio alheio

    Portanto, a interveno do gestor deve decorrer intencionalmente em proveito alheio e

    no em exclusivo proveito prprio.

    Assim, se o gestor agir no seu exclusivo interesse, falta um requisito essencial ao

    esprito do instituto, que o de estimular a interveno til nos negcios alheios

    carenciados de direco.

    http://octalberto.no.sapo.pt/gestao_de_negocios.htmhttp://octalberto.no.sapo.pt/gestao_de_negocios.htm
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    No basta que a actividade do agente se destine a satisfazer um interesse alheio,

    preciso, no entanto, que ele haja por conta de outrem, na inteno de transferir para a

    esfera jurdica de outrem os proveitos e encargos da sua interveno, imputando-lhe

    os meios de que se serviu ou, pelo menos, os resultados obtidos.

    c) Falt a de au to ri zao

    necessrio que se concretize a inexistncia de qualquer relao jurdica entre o

    dono e o agente, que confira a este o direito ou lhe imponha o dever legal (mandato, a

    falta de poderes voluntrios ou legais de representao ou administrao) de se

    intrometer nos negcios daquele.

    Deveres do gestor

    So as obrigaes do gestor em face do dono do negcio as dispostas no artigo465

    CC, que se resumem nas seguintes:

    a) Co nti nuao d a ges to

    Uma vez iniciada a gesto ao agente no inteiramente permitido interromp-la, querpelas compreensveis expectativas que a sua actuao capaz de ter criado, quer

    pelo obstculo que ela pode ter constitudo para a interveno de outras pessoas,

    dispostas a levar a gesto a bom termo.

    b) Dever d e fideli dade ao in teres se e vo ntad e (real ou p resumvel) do dono

    do negcio

    O gestor responde perante o dono do negcio, pelos danos que causar, por culpa sua,

    no exerccio da gesto, e a sua actuao considera-se culposa, sempre que agir em

    desconformidade com o interesses ou a sua vontade, real ou presumvel, do dono do

    negcio (art. 466 CC).

    Isto quer dizer que o gestor deve abster-se de todos os actos que saiba ou presuma

    serem contrrio vontade real ou presumvel do dono, por mais favorvel que

    fundadamente os julgue s convenincias do interessado. Como deve igualmente

    renunciar aos actos que o dono no deixaria de praticar, se tiver razes para

    considerar lesivos dos interesses em causa.

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    c) Ent rega do s v alor es d etid os e pr estao d e co nt as (art. 465-e CC)

    As contas devem ser prestadas, logo que a gesto finda ou interrompida, ou

    quando o dono as exigir, podendo a prestao ser feita coactiva ou espontaneamente.

    d) Av iso e info rm ao do don o do negcio

    Ao gestor impe-se o dever de avisar o dono do negcio logo que tenha possibilidade

    de faz-lo, de que assumiu a gesto, para que ele possa prover como melhor

    entender; e ainda a obrigao de lhe prestar todas as informaes relativas gesto,

    para que o interessado possa acompanhar a evoluo desta e tomar oportunamente

    as providncias que o caso requeira.

    Deveres do dono do negcio

    Os deveres do dono do negcio dependem da conduta do gestor, se esta for irregular

    ou regular.

    Sendo uma conduta irregular, isto , tenha o gestor actuado conforme ao interesse e

    vontade do dominus(dono do negcio), este ltimo obrigado, nos termos do dispostono artigo 468 n1 CC, a () reembolsar o gestor de todas as despesas que ele,

    fundadamente, tenha considerado indispensveis, com os juros legais a contar do

    momento em que, e a indemniza-lo do prejuzo foram feitas e at ao momento em que

    o reembolso se verifica.

    Obrig ao d e reembo lso de d espesas: compreende todas e apenas aquelas

    despesas que sejam consideradas indispensveis, desde que a situao

    objectivamente justificasse o juzo de indisponibilidade. Importa referir que a essas

    despesas acresce a obrigao de pagamento dos juros legais, correspondentes ao

    montante de tais despesas.

    A obri gao de indemnizao: a obrigao de reembolso decorre da existncia de

    despesas feitas pelo gestor, que lhe tenham causado algum prejuzos com a gesto.

    Tais prejuzos podem ser de natureza patrimonial ou de natureza no patrimonial.

    (artigo 468 n1 do CC)

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    Ob rigao de remunerao do ges to r: esta depende de a actividade desenvolvida

    pelo gestor corresponder sua actividade profissional. (artigo 470 do C.C.)

    Tendo conhecimento da actividade gestria o dono do negcio pode, em relao a

    essa actividade, tomar uma de trs atitudes:

    1 Pode aprovar a gesto;

    2 Pode nada dizer;

    3 Pode desaprovar a gesto.

    Aprovao

    uma declarao negocial dirigida pelo dominusao gestor, declarao que no tem de ser expressa, pode ser tcita, cujo

    contedo um juzo de concordncia global com a actividade genrica.

    Tem como efeitos jurdicos (art. 469 CC):

    - A renncia por parte do dominusa qualquer direito indemnizatrio que ele tivesse, ou pudesse ter, contra o gestor, porincumprimento culposo e danoso das obrigaes do gestor;

    - Reconhecimento, por parte do dominus, ao gestor dos direitos de reembolso de despesas, juros legais e direito deindemnizao pelos danos causados (art. 468/1, 1 parte CC).

    Se a gesto no for regular, se houver incumprimento de alguma obrigao por parte do gestor, designadamente aobrigao de se pautar pelo interesse e pela vontade do dominus,ento o gestor apenas tem direito a ser restitudo daquilo

    com que tenha empobrecido, por parte do dominus,nos termos do enriquecimento sem causa (art. 468/2 CC).

    Diversamente da aprovao, pode o dominusratificar os actos jurdicos praticados pelo gestor no exerccio da gesto, seele, gestor os praticou representativamente.

    Se o gestor agiu em seu prprio nome, isto , no comunicou ao terceiro com quem celebrou os negcios, que estes noeram dele, no eram para ele e tudo se passou como se ele fosse titular do interesse que o negcio visava satisfazer,ento tem-se uma gesto no r ep res en tat iv a,ele actuou em nome prprio.

    Mas o gestor pode ter comunicado ao terceiro que estava a actuar em nome e por conta de outrem e a tem-se uma ges torepresentativa.

    A represen tao, a situao em que algum actua, realizando actos ou negcios jurdicos, em nome de outrem. Orepresentante pode ter ou no ter poderes.

    A ra t if ic ao, um negcio jurdico unilateral, pelo qual o representado por outrem que no tinha poderes derepresentao, lhos atribui a posterioricom eficcia retroactiva.

    Se a gesto se consubstanciou em actos jurdicos e foi exercida em seu prprio nome, ento o regime aplicvel s relaescom terceiros o regime de mand ato s em repr esent ao(art. 471 CC).

    In: Joo de Matos Antunes; Das obrigaes em geral; volume 1.

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    Responsabilidade do gestor (art. 466 CC)

    A obrigao infringida ao gestor por ter causado danos ao longo da sua gesto e oobriga a indemnizar, a de no interromper uma gesto que j foi iniciada, sem

    fundamento que o justifique, ou seja:

    - O gestor pode interromper a gesto se houver um motivo de fora maior, que o

    impea de continuar a gesto;

    - Pode naturalmente, interromper a gesto logo que o dominussurja e esteja em

    condies de assumir ele prprio a conduo do assunto;

    Fora estas situaes ele no pode interromper a gesto, e se o fizer, pelo

    incumprimento da obrigao, responder civilmente face ao dono do negcio pelos

    danos que lhe causar.

    A responsabilidade dos danos existe (art. 466/1 CC), no s quando, culposamente,

    se causar um prejuzo na execuo da gesto mas quando iniciada esta, se causar,

    tambm por culpa do gestor, prejuzo em consequncia da sua interpretao.

    ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA

    Nos termos do disposto no artigo 473 do CC, estaremos perante o enriquecimento

    sem causa, quando algum () sem acsua justificada, enriquecer as custas de

    outrem ().

    Nestes casos a Lei prev aquilo com que injustamente se locupletou.

    So requisitos cumulativos da responsabilidade civil os seguintes:

    a) a existncia de um enriquecimento;

    b) que o enriquecimento, contra o qual se reage, se obtenha as custas de outrem;

    c) A falta de causa justificativa;

    d) A existncia a de um nexo entre o dano causado e o enriquecimento verificado

    http://octalberto.no.sapo.pt/enrriquecimento_sem_causa.htmhttp://octalberto.no.sapo.pt/enrriquecimento_sem_causa.htm
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    Passaremos a falar de cada um dos requisitos.

    a) existncia d e um en riq uecim ento

    O enriquecimento consiste na obteno de uma vantagem de carcter patrimonial,seja qual for a forma que essa vantagem revista.

    Algumas vezes esta vantagem pode traduzir-se num aumento do activo patrimonial;

    outras, no uso ou consumo de coisa alheia ou no exerccio de direito alheio, quando

    estes actos sejam susceptveis de avaliao pecuniria, outras, ainda, na poupana de

    despesas.

    b) fa l ta de causa jus t i f icat ivaou porque nunca a tenha tido ou porque, tendo-a

    inicialmente, entretanto a haja perdido.

    A causa do enriquecimento varia consoante a natureza jurdica do acto que lhe serve

    de fonte.

    Assim, sempre que o enriquecimento provenha de uma prestao, a sua causa a

    relao jurdica que a prestao visa satisfazer.

    H, porm, muitos casos em que a situao de enriquecimento no provm de umaprestao do empobrecido ou de terceiro, nem de uma obrigao assumida por um

    outro, mas de um acto de intromisso do enriquecido em direitos ou bens jurdicos

    alheios ou de actos de outra natureza, porventura de actos puramente materiais.5

    c) A obr igao d e restitu ir p ressu pe, que o enriq uecim ento tenha s ido

    ob ti do cu sta de q uem req uerer a rest itu io

    A correlao exigida por lei entre a situao dos dois sujeitos traduz-se no facto de a

    vantagem patrimonial alcanada por um deles ter como consequncia o sacrifcio

    econmico correspondente suportado pelo outro. Ao enriquecimento injusto de uma

    pessoa corresponde o enriquecimento de outra.

    5VARELA, Joo de Matos Antunes: Das obrigaes em Geral; volume I; 7 edio,;

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    Carcter subsidirio da obrigao de restituir

    Num grande nmero de casos em que a deslocao patrimonial carece de causa

    justificativa, a lei faculta aos interessados meios especficos de reaco contra a

    dissoluo.

    Assim, assentando a deslocao patrimonial sobre um negcio jurdico e o negcio

    nulo ou anulvel, a prpria declarao de nulidade ou anulao do acto devolve ao

    patrimnio de cada uma das partes os bens com que a outra se poderia enriquecer

    sua custa (art. 289/1 CC).

    Contudo importa ressalvar que so diferentes, os efeitos das obrigaes de restituir

    fundadas quer na invalidade do negcio como enriquecimento sem causa (arts. 289 -

    479, 480 CC)., se no vejamos:

    eficcia retroactiva da invalidade do negcio (artigo 289 do CC)contrape-se ao sentido no retroactivo, actualista, da correco operadaatravs do enriquecimento sem causa.

    Consagrao legal do princpio da subsidiariedade

    Nos termos do art. 474 CC, a obrigao de restituir fundada no enriquecimento sem

    causa, tem natureza subsidiria.

    Isto no significa, no entanto, que o respectivo regime s se aplique a casos omissos

    na lei, integradores da situao genericamente descrita no art. 473 CC.

    Vezes h que a lei prev e regula, remetendo expressamente para as normas do

    enriquecimento sem causa, por entender que a restituio nelas imposta se devesubordinar s regras prprias daquele instituto. Outras vezes, impondo a restituio, a

    lei no chega a dizer explicitamente em que termos se deve processar.

    Repetio de indevido

    Na fixao do regime do pagamento do indivduo, a lei no artigo 476 do CC, distingue

    trs hipteses:

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    a) O cumprimento de obrigao inexistente (objectivamente indevido) art. 476

    CC;

    b) O cumprimento de obrigao alheia, na convico errnea de se tratar de dvida

    prpria (subjectivamente indevido)art. 477 CC;

    c) O cumprimento de obrigao alheia, na convico errnea de se estar

    vinculado, perante o devedor, ao cumprimento delaart. 478 CC.

    O artigo 476 do CC, mostra que trs requisitos so necessrios, para que se possa

    exigir a repetio do indevido:

    1) Que haja um acto de cumprimento, ou seja, uma prestao efectuada com a

    inteno de cumprir uma obrigao;

    2) Que a obrigao no exista;

    3) Que no haja sequer, por detrs do cumprimento um dever de ordem moral ou

    social, sancionada pela justia que d lugar a uma obrigao natural.

    Objecto da obrigao de restituir (artigo 479 do CC)

    O objecto determinado em funo de dois aspectos fundamentais:

    1) Resti tuio medid a pelo en riq uec imento

    O beneficiado no obrigado a restituir todo o objecto da deslocao patrimonial

    operada. Deve restituir apenas aquilo com que efectivamente se acha enriquecido.

    O locupletamento efectivo e actual que serve para determinar limite da obrigao de

    restituir (art. 479/2, 480 CC), distingue-se da coisa ou valor obtido, num duplo

    aspecto.

    Por um lado, no prprio momento da deslocao patrimonial, podem ser diferentes o

    valor objectivo da vantagem alcanada e o montante do efectivo enriquecimento que

    ela proporciona ao beneficirio.

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    Por outro lado, pode tambm haver diferena entre o enriquecimento do beneficiado

    data da deslocao patrimonial e o enriquecimento actual referido no art. 480 CC.

    2) custa do requerente

    Alm do limite baseado no enriquecimento (efectivo e actual) tem-se este limite

    fundado no empobrecimento do lesado

    Ag ravam ento da ob rig ao de restit uir (art ig o 480 do CC)

    O tratamento favorvel do beneficiado, cessa logo, que o enriquecido seja citado para

    a restituio ou a partir do momento em que ele conhea a falta de causa do

    enriquecimento ou a falta do efeito que se pretendia obter com a prestao (artigo

    480 do CC).

    O devedor passa ento a responder pelo perecimento ou deteriorao culposa da

    coisa, pelos frutos percipiendos que por sua culpa deixarem de ser produzidos e pelos

    juros legais das quantias a que o lesado tiver direito.

    Prescrio do direito restituio

    O direito restituio do que foi obtido sem justa causa est sujeito prescrio de

    trs anos, a contar da data em que lhe compete e da pessoa do responsvel (artigo

    482 do CC).

    O conhecimento do direito sinnimo de conhecimento dos factos constitutivos do

    direito, com independncia do conhecimento jurdico da existncia do direito

    O prazo de prescrio de trs anos comea pois a contar quando o empobrecido sabeque se verificou a situao de que resultou o seu empobrecimento e o enriquecimento

    de outrem, conta a partir desse momento, se nesse momento ela j souber tambm

    quem a pessoa do empobrecido.

    Se ainda no souber, se no conhecer a identidade da pessoa que se enriqueceu, o

    prazo especial s comea a correr quando conhecer essa identidade.

    Portanto, o incio da contagem do prazo de trs anos depende da verificaocumulativa destes dois conhecimentos:

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    - O conhecimento dos factos;

    - O conhecimento da identidade da pessoa do enriquecido.

    A partir da inicia-se a contagem do prazo prescricional especial de trs anos.

    Mas, antes disso, comea a correr o prazo de vinte anos de prescrio ordinria. Esse

    prazo corre independentemente de pessoas do empobrecido. Esse prazo ordinrio

    comea a correr a partir da deslocao patrimonial, no depende de conhecimento de

    nada por ningum

    ACTIVIDADES

    1. O que se entende por fonte das obrigaes?

    2. Indique as principais fontes das obrigaes e as respectivas disposieslegais.

    3. O que se entende por contrato e quais os seus princpios?

    4. O que se entende por contrato-promessa, qual a sua eficcia?

    5. O que se entende por negcios unilaterais, qual o dispositivo legal que orege?

    6. Na gesto do negcio indique de forma explicativa quias so os direito edeveres das partes intervenientes?

    Exerccios prticos

    I

    Em Dezembro de 2002, Antnio, casado em regime de comunho de adquiridos comBerta,prometeu vender a Carlose este prometeu comprar-lhe, pelo preo de 300.000Mt, um edifcio situado em Magoanine, que o promitente-vendedor herdara de uma tia.Carlosentregou a Antnio50.000,00 Mt a ttulo de sinal. Foi acordado que as partescelebrariam o contrato definitivo em Abril de 2003.

    Responda separadamente s seguintes questes:

    a) Qual a forma deste contrato-promessa?

    b) Pode Carlota requerer a anulao da promessa com fundamento no princpioda equiparao?

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    Leituras complementares

    Cdigo Civil de 1996

    TELLES, Inocncio Galvo; Direito das Obrigaes; Editora Coimbra; 7Edico; 1997

    VARELA, Joo de Matos Antunes; Das Obrigaes em geral; Livraia Almedina;

    7 Edio; 1993

    CORDEIRO, Antnio Menezes; Direito das Obrigaes; Primeiro volume;

    Edio da Associao Acadmica da Faculdade de Lisboa; 1980

    Dicionio Jurdico de Anan Prata;

    Galante.no.sapo.pt/Direito_Civil/Direito_obrigaes.pdf

    www.cogitoergosun3.no.sapo.pt. (apontamentos sem fronteiras de AntnioFilipe Garzes Jos ;

    http://www.cogitoergosun3.no.sapo.pt/http://www.cogitoergosun3.no.sapo.pt/http://www.cogitoergosun3.no.sapo.pt/
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    UNIDADE TEMTICA 3

    Responsabilidade Civil

    Elaborado por: Virgnia Madeira

    OBJECTIVOS

    No final desta unidade o estudante deve estar capaz de:

    Conhecer o intuito da responsabilidade civil;

    Identificar os seus pressupostos e suas caractersticas;

    Distinguir a responsabilidade civil subjectiva da objectiva;

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    RESPONSABILIDADE CIVIL

    A Responsabilidade Civil a figura jurdica que, depois dos contratos, tem importncia

    prtica e terica na criao dos vnculos obrigacionais, pelos seguintes factos:

    1 Pela extraordinria frequncia com que nos Tribunais so postas aces de

    responsabilidade; e

    2 Pela dificuldade de muitos dos problemas que o instituto tem suscitado na doutrina

    e na jurisprudncia.

    Mas o que a Responsabilidade Civil.

    Segundo o professor Galvo Telles ARespons abi l idade Civi l consiste na obrigaode reparar os danos sofridos por algum. Portanto trata-se de uma obrigao de

    indemnizar outrem pelos prejuzo sofridos enquanto vtima.

    Esta pode resultar da falta de cumprimento das obrigaes emergentes dos contratos,

    de negcios unilaterais ou da lei (responsabi l idade contratual), bem como da

    violao de direitos absolutos ou da prtica de certos actos que, embora lcitos,

    causam prejuzo a outrem (respons abi l idade extra-contratual).

    Quer a responsabilidade contratual como a extra-contratual funcionam como

    verdadeiros vasos comunicantes, na media em que podem nascer do mesmo facto.

    Exemplo:

    Antnio agride Bernardo e por isso, levado ao Tribunal chamado a responder pela

    sua responsabilidade extra contratual. Devidamente elaborada a sentena que

    transitou em julgado, Antnio instado a proceder ao pagamento de uma

    indemnizao a Bernardo. Neste ltimo caso estaremos perante uma obrigao

    contratual.

    http://octalberto.no.sapo.pt/responsabilidade_civil.htmhttp://octalberto.no.sapo.pt/responsabilidade_civil.htmhttp://octalberto.no.sapo.pt/responsabilidade_civil.htm
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    ARTIGO 483 (responsabilidade subjectiva)

    Princpio geral

    1. Aquele que, com dolo ou mera culpa, violar ilicitamente o direito de outrem ou qualquer

    disposio legal destinada a proteger interesses alheios fica obrigado a indemnizar o lesado

    pelos danos resultantes da violao.

    2. S existe obrigao de indemnizar independentemente de culpa nos casos especificados na

    lei. (responsabilidade objectiva)

    Pressupostos

    Da simples leitura do artigo 483 n1 do CC, depreende-se quais so os pressupostos

    que condicionam a responsabilidade por factos ilcitos e a obrigao de indemnizar o

    lesante, os seguintes:

    a) Facto (controlvel pela vontade do homem);

    b) Ilicitude;

    c) Imputao do facto ao lesante;

    d) Dano;

    e) Um nexo de casualidade entre o facto e o dano.

    Facto voluntrio do lesante

    o elemento bsico da responsabilidade do agente um facto dominvel ou

    controlvel pela vontade, um comportamento ou uma forma de conduta humanapois

    s quanto a factos dessa ndole tm cabimento a ideia de ilicitude, o requisito da culpa

    e a obrigao de reparar o dano nos termos em que a lei a impe.

    Este facto consiste, em regra, num acto, numa aco, ou seja, num facto positivo, mas

    pode, tambm traduzir-se num facto negativo, numa absteno ou numa omisso (art.

    486 CC).

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    Ao se falar de facto voluntrio do agente, no se restringi aos factos humanos

    relevantes em matria de responsabilidade dos actos queridos.

    O que est geralmente em causa, no domnio da responsabilidade civil, so puras

    aces de facto, praticadas sem nenhum intuito declarativo.

    Ilicitude

    O Cdigo Civil procurou fixar o conceito de ilicitude, descrevendo duas variantes,

    atravs das quais se pode relevar o carcter anti-jurdico ou ilcito.

    1) Vio lao d e um di rei to de o ut rem (art. 483 CC): os direitos subjectivos aqui

    abrangidos, so, principalmente, os direitos absolutos, nomeadamente os

    direitos sobre as coisas ou direitos reais, os direitos de personalidade, os

    direitos familiares e a propriedade intelectual.

    2) Vio lao d a lei qu e pro tege int eress es alh eios :trata-se da infraco das leisque, embora protejam um direito subjectivo a essa tutela; e de leis que, tendo

    tambm ou at principalmente em vista a proteco dos interesses colectivos,

    no deixam de atender aos interesses particulares subjacentes.

    A omisso considerada causa do dano:

    Sempre que haja o dever jurdico especial de praticar um acto que seguramente ouprovavelmente teria impedido a consumao desse dano.

    Alm disso, a previso da lei abrange ainda a