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Índice 1. Introdução.................................................. 1 1.1. Lista de abreviaturas....................................1 2. Transmissão das Obrigações..................................2 2.1. Cessão de créditos. Definição da figura..................2 2.1.2. Regime da secção de créditos.........................3 2.1.3. Efeitos da cessão de créditos e regime...............5 2.2. A sub-rogação. Definição.................................6 2.2.1. Modalidades da sub-rogação...........................7 2.2.3. Natureza da sub-rogação..............................9 2.3. A assunção de dívidas...................................10 2.3.1. Modalidades da assunção de dívida...................10 2.3.2. Requisitos da assunção de dívida....................11 2.3.3. Regime jurídico da assunção de dívida...............12 2.4. Cessão da posição contratual............................12 2.4.1. Confronto com outras figuras afins..................13 2.4.2. Requisitos da cessão da posição contratual..........13

Transmissao Das Obrigacoes

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trabalho muito bom de direito das obrigacoes, e espero ajudar alguem.

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Page 1: Transmissao Das Obrigacoes

Índice

1. Introdução....................................................................................................................................1

1.1. Lista de abreviaturas.............................................................................................................1

2. Transmissão das Obrigações........................................................................................................2

2.1. Cessão de créditos. Definição da figura................................................................................2

2.1.2. Regime da secção de créditos.........................................................................................3

2.1.3. Efeitos da cessão de créditos e regime...........................................................................5

2.2. A sub-rogação. Definição.....................................................................................................6

2.2.1. Modalidades da sub-rogação..........................................................................................7

2.2.3. Natureza da sub-rogação................................................................................................9

2.3. A assunção de dívidas.........................................................................................................10

2.3.1. Modalidades da assunção de dívida.............................................................................10

2.3.2. Requisitos da assunção de dívida.................................................................................11

2.3.3. Regime jurídico da assunção de dívida........................................................................12

2.4. Cessão da posição contratual..............................................................................................12

2.4.1. Confronto com outras figuras afins..............................................................................13

2.4.2. Requisitos da cessão da posição contratual..................................................................13

2.4.4. Efeitos da cessão da posição contratual e natureza jurídica da cessão.........................14

3. Conclusão..................................................................................................................................16

4. Bibliografia................................................................................................................................17

Page 2: Transmissao Das Obrigacoes

1. Introdução

O presente trabalho sob o tema “Transmissão das Obrigações” debruçara a cessão de créditos, a

sub-rogação, a assunção de dívidas e a cessão da posição contratual.

No ciclo vital das obrigações, tem um fenómeno acidental muito importante pelo facto de

contribuir na vida económica dos novos tempos com o seu modo de prosseguir. Daí, a relevância

do estudo das figuras que á compõem, e para tal, fixamos como objectivo geral identificar cada

figura que faz parte da transmissão das obrigações; e como objectivos específicos descrever cada

uma delas, distingui-las e mostrar os seus regimes.

Para a compostura do trabalho recorremos a pesquisa e revisão bibliográfica. Nas citações ao

longo do texto do trabalho apresentaremos primeiramente o nome pelo qual o autor é conhecido,

título da obra, volume ou edição, ano de publicação e a página do conteúdo citado; nas

subsequentes apresentaremos o nome pelo qual o autor é conhecido seguido de outros elementos

abreviados; por fim, nas referências, facultaremos todos os elementos possíveis para a

identificação da obra.

Ao logo da composição do trabalho enfrentamos dificuldades relacionadas a literatura sobre a

cadeira, principalmente sobre a matéria, pois a nossa biblioteca não contém doutrina para dar e

sobrar.

1.1. Lista de abreviaturas

Arts.: artigos

CC: Código Civil;

C. Com.: Código Comercial;

n.˚s: números;

Ss: seguintes.

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2. Transmissão das Obrigações

Generalidades

A transmissão é o poder dado a uma das partes ou de ambas de dispor da titularidade da sua

posição jurídico-obrigacional activa ou passiva.

Os créditos e as dívidas são situações jurídicas de natureza patrimonial, pelo que não deve haver

obstáculos para a sua transmissão.

Porem, nem sempre foi possível se operar a transmissão das obrigações por causa da noção da

não separação da obrigação do obrigado que actualmente é refutada pela generalidade. O estado

actual das coisas é fruto da evolução do Direito, e a sua importância manifestou-se

primeiramente no domínio das transacções comerciais, influenciado na imputação do Direito

Civil como norma subsidiária ao Código Comercial: artigo número 3.˚ C. Com.1

No Direito Comercial a transmissão é regra, no Direito Civil é uma figura acidental que serve de

meio subsidiário ao Direito Comercial2

A transmissão pode ser de obrigações simples: cessão de créditos e a sub-rogação do lado activo

e a assunção de dívidas do lado passivo; e de obrigação complexa: cessão da posição contratual.

2.1. Cessão de créditos. Definição da figura

A cessão de créditos, prevista nos artigos 577.˚ e seguintes do Código Civil, consiste numa

“forma de transmissão do crédito que opera por virtude de um negócio jurídico, normalmente um

contrato celebrado entre o credor e o terceiro3.

A figura em alusão pode ainda se definida como um “contrato pelo qual o credor transmite a

terceiro, independentemente do consentimento do devedor, a totalidade ou uma parte do seu

crédito”4.

1 Cfr. ANTUNES VARELA. Das Obrigações em Geral, II, 2011, pp. 285 e ss.2 AEROPLANO FRANCISCO, Conteúdo, Modificação e Transmissão das Obrigações, ISM, 2011, p. 25.3 Cfr. MENEZES LEITÃO, Direito das Obrigações, II, 2011, p. 15.4Cfr. A. VARELA. Ob, cit., 2011, p. 295.

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Ao credor, que transmite o crédito a outrem, chama-se cedente; ao adquirente do crédito,

sucessor do credor na titularidade do direito, designa-se por cessionário, e ao devedor do crédito

transmitido por devedor cedido (debitor cessus).

Da noção legal da cessão de créditos que se encontra no art. 577.˚ do CC nota-se que a mudança

de credor por ela operada prescinde do consentimento do devedor. Há, porém, excepções a essa

regra e uma delas é a da cessão parcial, onde há mais de um cessionário. A cessão pode ter lugar

por via da lei e decisão judicial (art. 588.˚ CC).

Posto isso, a cessão de crédito é o meio pelo qual um credor transmite o seu direito de prestação

a terceiro sem a autorização do sujeito adstrito a prestação (devedor) se está não for parcial.

2.1.2. Regime da secção de créditos

A secção tem a sua causa variável de caso para caso, e isso não significa que ela seja um negócio

abstracto5, mas sim é uma disciplina de efeitos jurídicos, que podem ser destacados por qualquer

negócio transmissivo (cfr. art. 578.˚, n.˚ 1 CC).

A sua validade depende da verificação de certos requisitos6:

Um negócio jurídico a estabelecer a transmissão da totalidade ou parte do crédito;

A inexistência de impedimentos legais ou contratuais a essa transmissão;

A não ligação do crédito, em virtude da própria natureza da prestação, à pessoa do credor.

Um negócio jurídico a estabelecer a transmissão da totalidade ou de parte do crédito

Deve existir um negócio jurídico primário, donde a secção será um dos seus efeitos integrantes.

Daí que a lei determine expressamente que os requisitos e os efeitos da cessão entre as partes se

definem em função do tipo de negócio que serve de base (art. 578.˚, nº 1 CC), nos termos do qual

se estabelece ainda a garantia quanto à existência e exigibilidade do crédito (art. 587.˚CC).

Assim, o regime e a forma aplicável a cessão dependem do negocio de base.

5 Para A. VARELA a cessão de créditos é um contracto poli causal ou polivalente (Ob, cit., 2011, p. 299 e ss.).6Cfr. MENEZES LEITÃO, DO., II. 2011, P.16.

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No entanto, se o negócio primário for de compra e venda (art. 874.˚ CC), o regime e a forma da

cessão também o será.

A inexistência de impedimentos legais ou contratuais a essa transmissão

Em certos casos, a lei proíbe que o crédito seja cedido. Estão nesta situação créditos como o

direito de preferência (art. 420.˚CC) ou o direito a alimentos (art. 402.˚ da Lei da Família).

Em alguns casos Também, a cessão de créditos não se dá quando há direitos litigiosos (arts.

579.˚ e ss CC). Os direitos consideram-se litigiosos, quando tiverem sido contestados em juízo

contencioso, ainda que arbitral, por qualquer interessado (art. 579, nº 3 CC).

Fora dos casos previstos nos n.˚ 1 e 2 do artigo citado in fine, a cessão de créditos litigiosos é

admitida, devendo processar-se a substituição processual do cedente pelo cessionário (art. 271.˚

adjunto ao art. 376. ˚ ambos do Código do Processo Civil).

A cessão de créditos pressupõe ainda que não tenha sido convencionado entre o devedor e o

credor que o crédito seria objecto de secção (art. 577.˚ CC) – “pactum de non cedendo”.

O crédito não esteja, em virtude da própria natureza da prestação, ligado à pessoa do

credor

Estão nessa situação os créditos que se constituem para satisfação das necessidades pessoais do

credor, como o direito a alimentos (art. 402.˚ L.F) ou apanágio do cônjuge sobrevivo (art. 422.˚

L.F), os créditos de onde resulte uma dependência pessoal entre credor e devedor, como o

contrato de serviço doméstico, ainda os créditos em que se tomem em especial consideração as

qualidades ou condições do credor, como a prestação de serviço dos médicos ou dos advogados.

Em todas estas situações a prestação encontra-se intimamente ligada à pessoa do credor, não

sendo assim admitida a cessão, uma vez que ela implicaria sujeitar o devedor a ter que realizar a

prestação a pessoa diferente daquela em relação à qual a prestação por natureza inere. Se ela for

realizada em pessoa diversa, deverá se considerar nula (art. 294.˚ CC).

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2.1.3. Efeitos da cessão de créditos e regime

A cessão tem efeitos em relação às partes, ao devedor e em terceiros:

2.1.3.1. Transmissão do cedente para o cessionário

Transmissão do direito a prestação: o principal efeito do contrato de cessão é a

transferência do cedente para o cessionário do direito à prestação debitaria7. É por mero

efeito do contrato que o cessionário adquire o poder de exigir a prestação, em seu nome e

no seu próprio interesse, ao mesmo tempo que o cedente o perde. O contrato não

necessita de forma especial, salvo quando a lei imponha (ex. art. 579.˚, n.˚ 2 CC).

A cessão só produz os seus efeitos em relação ao devedor após a sua notificação,

aceitação (art. 583.˚, n.˚ 1 CC) ou conhecimento (art. 583.˚, n.˚ 2), sendo em caso de

dupla alienação do mesmo crédito a notificação ou aceitação que decide qual o

cessionário beneficiário (art. 584.˚ CC)8;

Transmissão das garantias e acessórios: transferem-se as vantagens e defeitos que o

crédito tinha, abrangendo até outros acessórios (art. 582.˚ CC). Relativamente às

garantias, a lei determina que se transmitem as que não forem inseparáveis da pessoa do

cedente, excepto se este as tiver reservado ao consentir na cessão (art. 582.˚, nº 1); a

cessão de privilégios atende especificamente à causa do crédito (733.˚ e ss); os de

detenção por acordo expresso entre o cedente e o cessionário (754.˚ e ss);

A transmissão das excepções: o devedor conserva todas as excepções que possuía contra

o cedente e as pode invocar perante o cessionário, mesmo que este as ignorasse (585.˚),

salvo o art. 583.˚, n.˚2;

A garantia prestada pelo cedente: o cedente tem que prestar ao cessionário a garantia da

existência e exigibilidade do crédito ao tempo da cessão, nos termos aplicáveis ao

negócio gratuito ou oneroso em cessão que se integra (art. 587.˚, nº 1 CC). No entanto, o

7Cfr. A. VARELA, Ob, cit., 2011, p.319.8Cfr. MENEZES LEITÃO: a ineficácia do contrato em relação ao devedor ou terceiros adquirentes constitui um mero limite à tutela do direito de crédito (DO, cit., 2011, pp. 24-25)

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cedente só garante a solvência do devedor se a tanto se tiver expressamente obrigado (art.

587.˚, n.˚ 2 CC);

Obrigação de entrega de documentos e outros elementos probatórios do crédito: a lei

determina que o cedente deve entregar ao cessionário os documentos e outros meios

probatórios do credito, em cuja conservação não tenha interesse legítimo (art. 586.˚ CC).

2.1.3.2. Efeitos em relação ao devedor

A cessão de créditos apenas produz efeitos em relação ao devedor, desde que lhe seja notificada,

ainda que extrajudicialmente, ou desde que ele a aceite (art. 583.˚, nº 1 CC)9.

Se o devedor, antes da notificação ou aceitação, por ignorar a cessão de créditos, pagar ao

cedente ou celebrar com ele um negócio relativo ao crédito, quer o pagamento, quer o negócio

tem efeitos sobre o crédito, podendo produzir a sua extinção, e esses efeitos são oponíveis ao

cessionário, excepto se ele demonstrar que o devedor tinha conhecimento da cessão (art. 583.˚, nº

2 CC). Perante o facto, ao cedente o cessionário pode instaurar uma acção de enriquecimento

sem causa (art. 523.˚ CC).

2.1.3.3. Efeitos em relação a terceiros

A cessão produz efeitos independentemente de qualquer notificação, pelo que, a partir da sua

verificação, os credores do cessionário podem executar o crédito ou exercer a acção sub-

rogatória. No caso de cessão a mais de um, a eficácia é condicionada (584.˚e 583.˚, n.˚ 2 CC).

2.2. A sub-rogação. Definição

Baseada no cumprimento da obrigação e constantemente chamada por sub-rogação, também

pode ser denominada por sub-rogação por pagamento10. Exemplo para facilitar o entendimento:

A pediu 5.000.00 meticais emprestados a B, tendo um terceiro afiançado o cumprimento da

divida. Se o terceiro pagar a divida, ele ficará sub-rogado nos direitos de credor.

9 MENEZES LEITÃO, DO, cit., 2011, pp. 29-30.10 A. VARELA, Ob, cit., 2011, pp. 334-335.

Page 8: Transmissao Das Obrigacoes

Posto isso, a sub-rogação consiste na substituição do credor, na titularidade do direito a uma

prestação fungível, pelo terceiro que cumpre em lugar do devedor ou que faculta a este os meios

necessários ao cumprimento (é um fenómeno de transferência com origem no cumprimento).

Ou ainda pode se definir como situação que se dá quando cumprida uma obrigação por terceiro,

o crédito respectivo não se extingue, mas se transmite por efeito desse cumprimento para terceiro

que realiza a prestação ou forneceu os meios necessários para o cumprimento11.

A diferença que existe entre a cessão de créditos e a sub-rogação é de que a cessão tem por base

a convenção negocial, enquanto a sub-rogação funde-se no cumprimento (art. 593.˚ C.C);

Portanto, a sub-rogação visa compensar o sacrifício que o terceiro chamou a si com o

cumprimento da obrigação alheia, adquirindo todos os direitos que competiam ao credor.

2.2.1. Modalidades da sub-rogação

Sobre as variantes de sub-rogação o cultor da área de saber ANTUNES VARELA apresenta três

modalidades consoante a proveniência da sub-rogação, e junto destas MENEZES LEITÃO

acresce mais uma modalidade baseando-se na lei. Posto isso, a sub-rogação pode ser voluntária,

legal e por consequência de empréstimo12.

2.2.1.1. Sub-rogação voluntaria

Ela pode ser:

Por vontade do credor: prevista no art.589.˚, verifica-se através da declaração deste, de

que pretende que o terceiro que cumpre a obrigação venha, por virtude desse

cumprimento, a adquirir o crédito. Ela tem como requisitos, o cumprimento da obrigação

por terceiro e a declaração expressa anterior do credor a determinar a sub-rogação

(art.217.˚ CC) que tem de ser feita até ao momento do cumprimento da obrigação.

Faltando esses requisitos não se verifica a sub-rogação;

Por vontade do devedor: prevista no art. 590.˚ CC, desencadeia-se do mesmo modo que a

sub-rogação pelo credor, mas aqui a declaração vem da parte do devedor. Também a

11 MENEZES LEITÃO, DO, 2011, cit., 2011, p. 35.12 MENEZES LEITÃO, DO, cit., 2011, p.37.

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declaração tem de ser expressa (art. 590.˚, n.˚ 2 CC) e deve ser efectuada até ao momento

do cumprimento e não tem forma específica como também é o caso da do pelo credor

(219.˚ CC).

2.2.1.2. A sub-rogação em consequência de empréstimo efectuado ao devedor

Tipificada no art. 591.˚ CC, consiste na satisfação do crédito pelo devedor por via de empréstimo

a terceiro, onde na declaração expressa por documento se indica que o fim do empréstimo é o

pagamento de uma divida e que o mutuante fica sub-rogado nesta (forma legal).

A fonte desta norma reside nos arts. 1250.˚-1252.˚ do CC, e tem uma origem histórica precisa13.

2.2.1.3. A sub-rogação legal

Referida no art. 592.˚, a investidura do solvens na posição até então ocupada pelo credor se dá

ope legis, independentemente de qualquer declaração de vontade do credor ou devedor. Essa

situação verifica-se sempre que o terceiro tiver garantido o cumprimento ou estiver por outra

causa directamente interessado na satisfação do crédito – o requisito geral é o interesse no

cumprimento.

2.2.2. Efeitos da sub-rogação

Transmissão de crédito na medida da sua satisfação: a regra aqui é “nemo contra se

subrogasse censetur”14. Os efeitos da sub-rogação estão no art. 593.˚ CC. O principal

efeito da sub-rogação é a transmissão de crédito por via do cumprimento, sendo a medida

deste que determina a medida da sub-rogação.

Ocorre uma sub-rogação parcial sempre que o terceiro que cumpre a obrigação, não o faz

no seu todo ou há duas ou mais pessoas que cumprem-na (art. 593.˚, n.˚2). Nesta

situação, o direito de crédito só se fará na medida da sua satisfação e no caso de vários

sub-rogados, será preferido o primeiro mutuante (art.593.˚, nrs.˚ 1 e 3);

Transmissão das garantias e outros acessórios do crédito: transmitem-se todas as

garantias e acessórios, desde que não sejam inseparáveis da pessoa do credor, como a 13Cfr., MENEZES LEITÃO, DO, cit., 2011, pp. 40- 41.14A. VARELA, cit., Ob, 2011, p. 348.

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fiança, consignação de rendimentos, penhor, hipoteca e alguns privilégios creditórios (art.

594.˚conjudado com os arts. 582.˚ e 584.˚ todos do CC);

Transmissão das excepções: só se transmitem no caso de sub-rogação pelo credor ou

legal por analogia do art. 585.˚ do CC;

Eficácia da sub-rogação em relação a terceiros: por remissão do art. 594.˚ CC, aplica-se

aqui as disposições relativas a cessão de créditos dispostas nos arts. 583.˚ e 584.˚do CC.

2.2.3. Natureza da sub-rogação

Sobre a natureza deste instituto, a doutrina clássica afirma-a como uma modalidade de

transmissão de direitos de crédito, embora assente no cumprimento, e este constitua causa

extintiva da obrigação por excelência.

Por ela basear-se no cumprimento tem levado a objecções sobre a sua real natureza e surgem

teorias que consideram-na como uma “opération à double face” que foi defendida por

DEMOLOMBE; a teoria da cessão fáctica defendida por PHOTIER; a teoria da extinção do

crédito, que seria substituído por um direito a indemnização defendida por VAZ SERRA; a da

extinção relativa que foi defendida por NICOLAI HARTMAN e a quinta e ultima por BETTI

que concebe-a como um prémio atribuído ao sub-rogado, em virtude da cooperação prestada15.

Essas teses mostram-se incapazes porque a perda e a extinção divergem e o que acontece na sub-

rogação é uma perda de um lado e aquisição do direito de crédito do outro. Dado o facto a

posição clássica é a mais adequada.

2.3. A assunção de dívidas

A assunção de dívida está prevista nos art.595.˚ e ss do CC, é no ver de MENEZES LEITÃO

está consiste numa transmissão singular de uma dívida através de negócio jurídico celebrado

com terceiro16.

Mais sintético na definição é ANTUNES VARELA, que a apresenta como operação pela qual

um terceiro (assuntor) se obriga perante o credor a efectuar a prestação devida por outrem. Ela

15 Cfr. A. VARELA, Ob, cit., 2011, pp.353-358; MENEZES LEITÃO, DO, cit., 2011, pp. 47-50.16 MENEZES LEITÃO, DO, cit., 2011,p.51.

Page 11: Transmissao Das Obrigacoes

opera uma mudança na pessoa do devedor por uma das vias patentes no art. 595.˚, n.˚ 1 CC, mas

sem que haja alteração do conteúdo, nem da identidade da obrigação17.

Porém, nem sempre a assunção leva a exoneração do antigo devedor pelo assuntor, como se

pode constatar no art. supra citado no seu n.˚ 2.

Está figura para chegar ao que é deve-se a Doutrina Pandectistíca alemã de DELBRUCK e

WINDSCHEID e o posterior reconhecimento pelo Código Italiano de 1942. A concepção era de

que a mudança do devedor envolvia uma novação subjectiva, com a extinção e constituição de

novo vinculo que recaia ao novo devedor, o que era errado porque a assunção opera uma

mudança na pessoa do devedor, mas sem que haja alteração do conteúdo, nem da identidade da

obrigação.

2.3.1. Modalidades da assunção de dívida

Assunção interna: dá-se por contrato entre o antigo e o novo devedor, ratificado pelo

credor. Se o contrato não for ratificado a assunção é ineficaz em relação ao credor e é tida

como invalida. As partes são livres de distratar o negócio enquanto não houver ratificação

por parte do credor (art. 596.˚, n.˚ 1 CC) e podem fixar um prazo para a ratificação que

findo se terá como recusada (art. 596.˚, n.˚ 2 CC). A que ressaltar que o contrato

celebrado entre o assuntor e o obrigado sem ratificação do credor pode funcionar como

promessa de liberação (art. 444.˚ , n.˚ 3 do diploma em questão)18;

Assunção externa: resulta apenas de um único negócio jurídico - contrato entre o novo

devedor e o credor. Aqui, dá-se uma contratação directa entre o novo devedor e o credor,

independentemente de consentimento do primitivo obrigado (art. 767.˚ e art. 595.˚, n.˚ 1,

al. b), CC);

Assunção liberatória, exclusiva ou primitiva de dívida: verifica-se em qualquer das

modalidades anteriores. Verifica-se quando o compromisso assumido pelo novo devedor

envolve a exoneração do primitivo obrigado (art.595.˚ n.˚2)19;

17 A. VARELA, Ob, cit.,2011,p. 361.18 MENEZES LEITÃO, DO, cit., 2011, p.54.19 MENEZES LEITÃO, DO, cit., 2011, p.56.

Page 12: Transmissao Das Obrigacoes

Assunção cumulativa: também verifica-se nas duas modalidades apresentadas

primeiramente. A Assunção cumulativa é aquela em que o terceiro faz sua a obrigação do

primitivo devedor, mas este continua vinculado. Ela também pode ser designação por

assunção cumulativa de dívida, co-assunção de dívida, acessão ou adjunção à dívida,

assunção multiplicadora ou reforçativa da dívida (art. 592.˚, n.˚2).

2.3.2. Requisitos da assunção de dívida

O consentimento do credor: para que haja assunção o consentimento do credor é

imprescindível porque sem está as garantias do credor põem-se em risco. Na assunção

interna o seu consentimento é dado por via de ratificação, na externa através de

celebração do contrato pelo próprio credor com o assuntor, e em qualquer dos casos é

exigida a declaração expressa da exoneração do devedor pelo credor (perfeição do

contrato - art. 595.˚, n.˚ 2 CC);

Validade da dívida transmitida e do contrato de transmissão: tendo por objecto a

obrigação de efectuar a prestação devida por outrem, a assunção depende da existência e

validade da dívida que o assuntor chamou a si. Logo, se a dívida não existe, for declarada

nula, ou anulável a requerimento de quem tiver legitimidade, a assunção caduca por

impossibilidade do seu objecto; também o contrato de transmissão deve ser válido, caso

não, a obrigação primitiva renascerá (art. 597.˚ CC)20.

2.3.3. Regime jurídico da assunção de dívida

A assunção cumulativa: na relação interna entre os devedores se verifica a transmissão da

obrigação, o qual não depende da exoneração concedida pelo credor (art.595.˚, n.˚2 CC);

já na externa para com o credor, a lei determinada que, na ausência de exoneração, ambos

os devedores respondem solidariamente (o credor pode exigir de qualquer um a prestação

devida – art.519.˚, n. 2). A solidariedade tida aqui é a imperfeita, porque o direito de

regresso é unilateral. Aqui, se o antigo devedor opor um meio de defesa contra o credor

essa se estende ao novo e o caso julgado obtido pelo credor contra o primitivo devedor se

estende ao segundo21;

20 A. VARELA, Ob, cit., 2011, p. 375.21 MENEZES LEITÃO, DO, cit., 2011, p. 63.

Page 13: Transmissao Das Obrigacoes

Assunção liberatória: com a exoneração pelo credor do primitivo obrigado, o novo se

torna exclusivo devedor. Daí que o antigo devedor não mas poderá ser demandado pelo

credor (art.600.˚) por mais que haja insolvência posterior ou verificada naquele instante

do novo obrigado.

2.4. Cessão da posição contratual

Pela cessão de créditos, o credor transmite para terceiro, independentemente do consentimento

do devedor, a titularidade dum direito de crédito de uma relação obrigacional simples; pela

assunção de dívida, transfere-se do devedor para terceiro com o imprescindível consentimento do

credor, a obrigação de prestar22.

A transmissão da posição contratual diferentemente de outras formas de transmissão, consiste no

“negócio pelo qual um dos outorgantes em qualquer contrato bilateral transmite, com o

consentimento do outro contraente, o complexo dos direitos e obrigações que lhe advieram desse

contrato (art. 424.˚ CC)”23.

Resumidamente, está figura tem em vista a transferência do complexo de direitos e obrigações

que para um ou outro deles tenha advindo da celebração de certo contrato – transmite a situação

jurídica complexa.

Nesta figura temos três protagonistas: o contraente que transmite (cedente); o terceiro que

adquire (cessionário); e a contraparte do cedente, no contrato originário (contraente cedido). A

transmissão da posição contratual não abala a identidade da relação.

2.4.1. Confronto com outras figuras afins

Sub-contrato: contrato que alguém celebra, aproveitando a posição que lhe advêm de um

contrato anterior da mesma natureza (ex. a sublocação – ART. 1060.˚ CC). A diferença

que há entre está figura e a cessão da posição está na falta de demissão do cedente;

Sub-rogação ex lege na posição contratual ou cessão forçada: é uma implicação legal que

estabelece que em caso de alienação de um bem que sobre ele recai contrato de usufruto,

22 A. VARELA, Ob, cit., 2011, p.384.23 A.VARELA, Ob, cit., 2011, p. 385.

Page 14: Transmissao Das Obrigacoes

o novo proprietário sucede a posição de credor nessa relação (art. 1057.˚ CC). Nesta, o

credor não tem o domínio da vontade;

Adesão ao contrato: negócio pelo qual um terceiro assume a mesma posição de um dos

outorgantes em outro contrato, não em substituição dele, mas ao lado dele, como

contitular dos seus direitos e obrigações derivados de tal contrato. Ela funciona para a

assunção.

2.4.2. Requisitos da cessão da posição contratual

Um contrato a estabelecer a transmissão da posição, celebrado entre o cedente e um

terceiro: a existência de um negócio jurídico a estabelecer a transmissão da posição

contratual, é o primeiro requisito. Esse contrato é instrumental porque tem por objecto a

transmissão da posição contratual.

O consentimento do outro contraente: não é admissível a cessão da posição sem o

consentimento do outro contraente. O consentimento constitui um requisito constitutivo e

deve ser trilateral (424.˚, n.˚ 2);

A inclusão da referida posição contratual no âmbito dos contratos com prestações

recíprocas: a cessão da posição contratual só é possível nos negócios sinalagmáticos.

2.4.4. Efeitos da cessão da posição contratual e natureza jurídica da cessão

Relação entre cedente e cessionário: o efeito típico da cessão, nas relações entre os dois

primeiros contraentes, é transmissão da posição contratual que se decompõe em: perda,

para o cedente, dos créditos, dos direitos potestativos e das expectativas correspondentes

à posição contratual cedida; liberação das obrigações, dos devedores e dos estados de

sujeição referentes à mesma posição; aquisição derivada translativa, para o cessionário,

dos créditos, direitos e expectativas perdidas pelo cedente e subingresso daquele nos

vínculos de que este fica exonerado24;

Relação entre o cedente e o contraente cedido: ao mesmo tempo que perde os direitos de

crédito de que dispunha, o cedente obtêm, através da cessão, a liberação das obrigações;

24 A. VARELA, Ob, cit., 2011, p. 396.

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Relação entre o cessionário e o cedido: como o contrato da cessão só altera uma das

partes, a identidade do negócio contínua imaculada (art.424.˚; art. 427.˚; 582.˚, n.˚ 1;

599.˚, n.˚ 2).

2.4.4.1. Natureza jurídica da cessão da posição contratual

Várias são as teorias sobre a natureza jurídica da cessão da posição contratual:

Teoria da cessão de créditos e da novação das dívidas (FERRARA e REDENTI): para

que haja cessão é necessária a extinção da obrigação antiga e constituição da nova;

Teoria da renovatio contractus (NICOLO): a cessão da posição contratual é apenas a

renovação de uma declaração negocial por parte de um sujeito distinto do contraente

originário;

Teoria da cessão de créditos e da assunção de dívidas ou teoria atomística (precursores

STAMMLER e GIERKE): a cessão da posição é um contrato misto que transmite

créditos e dívidas;

Teoria unitária (precursor SIBER): é a aceite pela doutrina, nesta o crédito e a dívida não

surgem isoladamente no âmbito da posição contratual, mas antes esta constitui uma

situação jurídica complexa cuja transmissão constitui objecto do negócio de cessão da

posição contratual.

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3. Conclusão

Partiremos do ponto de que a transmissão das obrigações tem uma grande importância no giro do

comércio jurídico, e tem em vista a transferir créditos, dívidas e a posição jurídica de qualquer

dos contraentes primitivos.

Como figuras da transmissão das obrigações temos a cessão de créditos e a sub-rogação, que

transmitem o crédito; a assunção das dívidas, transmite as dívidas e a cessão da posição

contratual transmite a situação jurídica de um dos contraentes primitivos do negócio

sinalagmático.

A diferença entre cessão de créditos e a sub-rogação está no facto de a primeira derivar de um

contrato celebrado entre o cessante e o adquirente do direito e a segunda derivar do cumprimento

de uma prestação por terceiro e aí surgir a necessidade de compensação.

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Já a assunção de dívidas deriva de um contrato celebrado entre o devedor e o assuntor com vista

que o segundo cumpre com a prestação devida ao credor com o seu consentimento.

A cessão da posição contratual pode ser feita pela parte activa bem como passiva, ela tem em

vista transmitir a posição contratual de um dos primitivos celebrantes a um terceiro, aqui o

consentimento é trilateral.

Contudo, concluímos que a transmissão das obrigações apesar de ser um fenómeno acidental tem

grande importância nas relações comerciais.

4. Bibliografia

Decreto-Lei n.˚ 47344, de 25 de Novembro de 1966: aprova o actual Código Civil

Moçambicano;

Decreto-Lei n.˚ 2/ 2005, de 27 de Setembro: aprova o Código Comercial;

FRANCISCO, Aeroplano. Conteúdo, Modificação e Transmissão das Obrigações. ISM, Agosto

2011;

LEITÃO, Luís Manuel Teles de Menezes. Direito das Obrigações. Vol. II, Edições Almedina,

S.A., Coimbra, 2011.

PRATA, Prata (colaboração de Jorge Carvalho). Dicionário Jurídico. 5.ª ed. (actualizada e

aumentada), Edições Almedina S.A., Setembro 2012;

Page 18: Transmissao Das Obrigacoes

VARELA, Antunes. Das Obrigações em Geral. Vol. II, 7.ª ed. (6.ª reimpressão), Edições

Almedina, Coimbra, Março 2011;