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GUIA DE ESTUDOS AGNU (2030) A Iminência de uma 3° Guerra Mundial Mikael Iago da Cunha Ferreira Diretor Maíra Dias de Freitas Diretora Assistente Pedro Henrique Dias Filho Diretor Assistente

GUIA DE ESTUDOS - 17minionuagnu2030.files.wordpress.com · Daí surge a Liga das Nações3, embrião do que hoje é conhecido por Organização das Nações Unidas (ONU). Em 1939,

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GUIA DE ESTUDOS

AGNU (2030) A Iminência de uma 3° Guerra Mundial Mikael Iago da Cunha Ferreira

Diretor

Maíra Dias de Freitas Diretora Assistente

Pedro Henrique Dias Filho

Diretor Assistente

LISTA DE FÍGURAS

Figura 1 - Maiores Econômias em 2030 (em bilhões de dólares) ....................... 5

Figura 2 - Território onde o Estado Islâmico almeja formar um Califado. ........... 9

Figura 3 - Mapa das Áreas Controladas Pelo Estado Islâmico em 2015 .......... 11

Figura 4 - Mapa dos Conflitos Entre Grupos Étnicos e Religiosos na Síria e no

Iraque .................................................................................................................. 12

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Quantidade de barris de petróleo exportados pela Arábia Saudita

para a China, por dia, a cada cinco anos entre 2015 e 2030 .............................. 7

SUMÁRIO

1 APRESENTAÇÃO DA EQUIPE........................................................................ 3

2 APRESENTAÇÃO DO TEMA ........................................................................... 4 2.1 Relações Estados Unidos-Arábia Saudita................................................. 5 2.2 Relação China-Arábia Saudita .................................................................... 7 2.3 O Estado Islâmico......................................................................................... 8 2.3.1 A Trajetória ................................................................................................. 9 2.3.2 Áreas de atuação e membros ................................................................ 10 2.3.3 Armamentos e financiamento ................................................................ 11 2.4 Estados Falidos .......................................................................................... 12 2.5 Armas de Destruição em Massa ............................................................... 13 2.6 Linha do Tempo .......................................................................................... 16

3 APRESENTAÇÃO DO COMITÊ ..................................................................... 17 3.1 Resolução “Uniting for Peace” ................................................................. 18 4 QUESTÕES RELEVANTES ACERCA DO DEBATE .................................... 19

5 POSIÇÃO DOS PRINCIPAIS ATORES ......................................................... 19 5.1 Estados Unidos da América ...................................................................... 20 5.2 República Popular da China ...................................................................... 20 5.3 Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte ................................... 20 5.4 Federação Russa ........................................................................................ 20 5.5 República Francesa .................................................................................... 21 5.6 Reino da Arábia Saudita ............................................................................ 21 REFERÊNCIAS .................................................................................................. 22

TABELA DE DEMANDA DE REPRESENTAÇÕES.........................................25

3

1 APRESENTAÇÃO DA EQUIPE

Prezados Delegados,

É com muito prazer que apresentamos a nossa equipe de Diretores da Assembleia

Geral das Nações Unidas (AGNU) que ocorrerá no ano de 2030 para tratar da Iminência de

uma Terceira Guerra Mundial:

Olá, senhores delegados. Meu nome é Mikael Iago da Cunha Ferreira. Estou com 18

anos, e sou aluno do 5º período do curso de Relações Internacionais. Eu serei o Diretor da

AGNU (2030). É a minha terceira participação no Modelo Intercolegial das Nações Unidas

(MINIONU), sendo a minha primeira participação em 2014, como voluntário de logística. A

segunda ocorreu em 2015, como Diretor Assistente da Organização Internacional da Polícia

Criminal (INTERPOL) (2015), e foi de grande importância para determinar a minha

participação nesta 17º edição do MINIONU enquanto um Diretor de Comitê. Todo o nosso

projeto e o nosso trabalho será voltado para que os senhores possuam uma experiência que

seja a mais próxima possível dos problemas futuros que são reflexo da nossa atual

conjuntura internacional. Espero ansiosamente poder conhecê-los e poder viver essa

experiência com vocês. Um grande abraço e que venha o MINIONU!

Olá, senhores! Meu nome é Maíra Freitas, tenho 20 anos e durante o 17º MINIONU

estarei no 5º período do curso de Relações Internacionais. O MINIONU tem uma grande

importância pessoal: decidi ingressar no curso de RI após participar do projeto como

delegada no Ensino Médio. Em 2011, participei do comitê que simulava a Conferência das

Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2009 (COP15), representando o

Zimbábue. Integrei os comitês AGNU 1980 e a Conferência das Nações Unidas sobre

Desenvolvimento Sustentável (Rio+20) nos dois anos seguintes, como delegada da

Colômbia e México, respectivamente. Tais oportunidades me proporcionaram um melhor

conhecimento acerca do curso, influenciando meu futuro acadêmico. Em 2015, participei

como voluntária da logística, realizando meu antigo desejo de compor a equipe

organizadora do MINIONU. Espero que minha presença no 17º MINIONU seja a mais

proveitosa e competente possível, proporcionando a vocês, delegados, uma experiência

incrível! Estarei sempre disposta a ajudá-los quando precisarem. Até outubro!

Olá, senhores delegados. É com grande contentamento que eu lhes dou boas vindas

ao comitê AGNU 2030, no qual iremos abordar a Iminência de uma Terceira Guerra

Mundial. Meu nome é Pedro Henrique Dias Filho, e estou no segundo período de Relações

Internacionais. O MINIONU é um excelente projeto de extensão realizado pela PUC MINAS,

reconhecido internacionalmente. Por isso, fiquei muito entusiasmado ao ser aprovado como

voluntário em 2015, e mais ainda agora, como Diretor Assistente, podendo dar continuidade

4

a esse apaixonante programa, aumentando infinitamente minha experiência, aprendendo e

ensinando um pouco mais a cada dia. Nesse intento, aguardo ansiosamente para nos

conhecermos e realizar um magnífico trabalho juntos. Tenham certeza que estamos

preparando tudo com muito carinho e dedicação. Que venha outubro! Que venha o 17º

MINIONU!

E-mail: [email protected]

Blog: 17minionuagnu2030.wordpress.com

Facebook: https://www.facebook.com/17minionuagnu2030

Atenciosamente,

Equipe AGNU 2030

2 APRESENTAÇÃO DO TEMA

O ano de 2030 inicia-se com uma crise entre as principais potências mundiais,

Estados Unidos, Rússia e China, devido a uma série de eventos que escalonou o nível de

tensão entre estes países. Devido a isto, muito questionam se o mundo está à beira de uma

Terceira Guerra Mundial. Para agravar a situação, o Conselho de Segurança das Nações

Unidas (CSNU) está inoperante devido ao veto dos Estados Unidos, da Rússia e da China1.

Sendo assim, faz-se necessário transferir a discussão do problema do CSNU para a AGNU.

No século XX, o mundo viveu duas Grandes Guerras Mundiais. A Primeira Grande

Guerra iniciou-se em 1914 e, nas palavras do historiador Eric Hobsbawn, “[...] envolveu

todas as grandes potências, e na verdade todos os Estados europeus, com exceção da

Espanha, os Países Baixos, os três países da Escandinávia e a Suíça”. (HOBSBAWN, 1994,

p. 31). Com o fim da Primeira Guerra Mundial e suas atrocidades, em 19192, os países se

mobilizaram para criar mecanismos para evitar guerras. Daí surge a Liga das Nações3,

embrião do que hoje é conhecido por Organização das Nações Unidas (ONU). Em 1939, a

Segunda Guerra já era prevista devido ao clima instável na Europa e no Extremo Oriente.

Este clima se deu principalmente pelas insatisfações da Alemanha, Japão e Itália,

insatisfeitos com o resultado do Tratado de Versalhes. (HOBSBAWN, 1994). Com o fim da

Guerra, em 1945, surgiu a ONU, “organização internacional formada por países que se

reuniram voluntariamente para trabalhar pela paz e o desenvolvimento mundiais”. (NAÇÕES

UNIDAS, 2016, p.1). Depois de 116 anos desde a Primeira Guerra Mundial e 91 desde a

1 Os três são membros permanentes do CSNU, isto significa que possuem poder de veto.

2 Assinatura do Tratado de Versalhes.

3 Propunha a solução pacífica e democrática através de reuniões públicas (para evitar a diplomacia

secreta) de problemas internacionais. (HOBSBAWN, 1994).

5

Segunda Guerra Mundial, o mundo se depara com a iminência de uma Terceira Guerra

Mundial no ano de 2030. A crise entre as potências mundiais se agravou com a descoberta

do governo estadunidense de que algum país transferiu tecnologia de armas químicas e

biológicas para o grupo Estado Islâmico. As evidências apontam para a Arábia Saudita que,

além de ser sunita4, como o Estado Islâmico, tem como atual rei Abdullah um extremista

antiocidental.

As consequências dessa transferência de tecnologia ameaçam a paz e a segurança

internacional, uma vez que o grupo Estado Islâmico vem se expandindo pelo Oriente Médio

e ganhando novos integrantes. Embora tenham ocorrido ações contra o grupo, tais como a

coalizão formada da década de 2010 para combater o grupo, quando o grupo começou sua

expansão para a Síria, essas foram ineficazes, além de terem ficado em segundo plano

devido ao conflito entre China, Estados Unidos e Rússia. Isso propiciou sua a expansão do

Estado Islâmico pelo Oriente Médio, corroborando com a falência de dois Estados da região,

sendo estes a Síria e o Iraque.

4 Uma vertente do Islamismo.

Figura 1 - Maiores Econômias em 2030 (em bilhões de dólares)

Fonte: Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, 2030.

6

2.1 Relações Estados Unidos-Arábia Saudita

As relações entre os Estados Unidos e o Reino da Arábia Saudita tiveram início com

o começo do reinado da família al-Saud em 1931 e o reconhecimento do governo por parte

do Estado norte-americano. Os primeiro tratados bilaterais assinados entre ambos os países

tratava de questões relacionadas à exploração e ao comércio do petróleo, definindo o

padrão de acordos que seria seguido por muito tempo. (POLLACK, 2002). Todavia, havia

certa resistência de certos segmentos do governo saudita, principalmente de líderes

religiosos, devido à exposição que o reino estava tendo diante dos interesses ocidentais.

Isso pode ser observado no tratado assinado em 1933, sobre as concessões de petróleo

para a Standart Oil, onde havia uma cláusula que explicitamente rejeitava a intervenção de

qualquer empresa nos aspectos domésticos do Reino. Ainda assim, a relação entre ambos

os países se desenvolveu com base na rica reserva de petróleo na Arábia Saudita.

(POLLACK, 2002).

Durante a Guerra Fria, a relação entre os EUA e a Arábia Saudita foi cercada de

desconfiança por parte saudita, que desejava evitar uma maior influência norte-americana

na região. Ainda assim, com a Revolução Iraniana em 1979, as questões de segurança

entraram nas agendas discussões entre Arábia Saudita e Estados Unidos, visto que o

governo saudita sentia-se ameaçado com o novo governo iraniano, além do

estabelecimento de um governo aliado aos soviéticos no Iemen. (POLLACK, 2002).

O comércio de armas entre ambos os países, desde a década de 1970, se apresenta

como sendo instável. Com o aumento dos preços de petróleo, o governo saudita percebeu

que poderia aproveitar a oportunidade para comprar grandes quantidades de armamentos,

sendo o escolhido para o fornecimento, a China. Devido à urgência do foco na defesa

nacional por conta do contexto da região, com a Revolução Iraniana e a Guerra Irã-Iraque, o

governo saudita decidiu renovar sua força aérea e o governo americano foi escolhido como

fornecedor. Esse fluxo durou até o fim da década de 80, e retomou nos anos 1990 com a

Guerra do Kuwait. (POLLACK, 2002).

Por fim, o rei Abdullah assumiu o trono saudita no início da década de 2020, sendo

claramente opositor à influência ocidental na Arábia Saudita e no Oriente Médio, em certa

medida. Assim, ao longo da primeira década de seu reinado, as relações entre Arábia

Saudita se deterioraram, enquanto as relações com a China se estreitaram, possibilitando

um crescimento do comércio de armas entre ambos os países. (POLLACK, 2002).

7

2.2 Relação China-Arábia Saudita

As relações entre o governo chinês e o governo saudita tiveram início em 1990 e

desenvolveram de forma bastante lenta até o início do século XXI. Todavia, o governo

saudita acreditava que a relação com a China deveria ser mais bem trabalhada e

desenvolvida. Assim, segundo dados do Fundo Monetário Internacional (FMI), as trocas

comerciais entre ambos os países saiu do patamar de US$ 1,28 bilhões em 1990 para US$

74 bilhões em 2012. (PINGHUI, 2016).

O petróleo sempre foi um ponto crucial na relação entre ambos os países, visto que a

Arábia Saudita é o principal exportador de petróleo para a China desde 2005. Nesse

sentido, diversos acordos são fechados objetivando o investimento em refinarias e na

utilização de gás natural por parte do governo saudita. (NAZER, 2015).

Para o governo saudita, a principal vantagem da parceira com o governo chinês em

relação à parceria com o governo americano, é que o primeiro não interfere na política

interna, enquanto o governo americano anualmente divulga relatórios críticos acerca da

situação de minorias religiosas no país5. Além disso, a recíproca é verdadeira, visto que

5 As principais minorias religiosas na Arábia Saudita são os cristão e os hindus.

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2014 2016 2018 2020 2022 2024 2026 2028 2030 2032

Fonte: Elaboração dos autores.

Gráfico 1 - Quantidade de barris de petróleo exportados pela Arábia Saudita

para a China, por dia, a cada cinco anos entre 2015 e 2030

8

raramente o governo saudita crítica ações internas na China contra minorias islâmicas.

(NAZER, 2015).

Na década de 1990, o Oriente Médio era o melhor cliente da China no mercado

internacional de armas. Somente a relação com a Arábia Saudita destinava US$ 800

milhões aos cofres chineses. Embora nos anos 2000 a base de clientes da China tenha se

deslocado para a Ásia, a partir de 2010, a sua de compradores volta a ser no Oriente Médio,

sendo a Arábia Saudita um dos países que mais comprava armas chinesas. (AL-TAMIMI,

2013).

Em relação ao âmbito nuclear, a Arábia Saudita dava sinais desde a década de 1980

de que tinha interesse em desenvolver armamentos nucleares ou adquiri-los. (AL-TAMIMI,

2013). Todavia, nenhum plano ou projeto foi levado em frente até o início da década de

2020, no qual o governo saudita passou a adquirir armamentos nucleares 6 de baixo teor

destrutivo a partir da China.

2.3 O Estado Islâmico

O Estado Islâmico (EI) é um grupo terrorista formado por jihadistas7 muçulmanos

ultraconservadores sunitas, que são conhecidos por defenderem fundamentos radicais do

islamismo. Ele era conhecido como Estado Islâmico da Síria e do Iraque (ISIS), porém, em

2014, o grupo auto declarou califado e passou a se chamar apenas por Estado Islâmico,

pois almeja expandir seu domínio para além dos territórios sírio e iraquiano. Ele tem como

objetivo o estabelecimento de um Califado, que é um único Estado Islâmico baseado na lei

Sharia e cujo líder é chamado de califa. (BRITANI, 2015).

O grupo surgiu após a invasão americana no Iraque em 2003 e em 2011 fortaleceu a

sua atuação no Iraque graças a saída do exército americano do país. Já na Síria, o ano de

2011 também foi favorável para a atuação do Estado Islâmico uma vez que o país entrava

em uma intensa guerra civil. O grupo possui como ideologia o wahabismo, que advém da

corrente salafista que vem do sunismo, uma das vertentes da religião muçulmana. Esta

ideologia é considerada radical no mundo muçulmano, pois são contra qualquer tipo de

adoração a imagens, templos, estátuas, além de considerarem outras vertentes –

principalmente os xiitas - como infiéis e passíveis de morte. (BUNZEL, 2015). A figura a

seguir demonstra quais são os territórios que o Estado Islâmico almeja conquistar para

formar o califado:

6 Ler seção 2.5 sobre Armas de Destruição em Massa.

7 Jihad é um termo árabe que significa “luta”, “esforço”. É utilizado para descrever o dever dos

muçulmanos de disseminar sua fé e seus costumes. Não significa Guerra Santa.

9

2.3.1 A Trajetória

No ano de 2000, Abu Musab al-Zarqawi, jovem de um bairro de classe operária da

cidade de Zarpa, na Jordânia, rejeitou um convite de Osama Bin Laden para ingressar-se na

Al-Qaeda, sob o argumento de não estar preparado para lutar contra inimigos distantes, no

caso os Estados Unidos da América. Por outro lado, al-Zarqawi se empenhou na luta contra

o governo da Jordânia e na fundação de um Estado verdadeiramente islâmico, sentimento

desenvolvido através do Salafismo, doutrina que rejeita totalmente os valores e influencias

do ocidente, durante os cinco anos em que esteve preso. (NAPOLEONI, 2015).

Zarqawi entrou na arena de luta com terroristas suicidas treinados em um centro

operacional em Herat, Afeganistão, perto da fronteira com o Irã. O grupo agia sob o nome

de Tawhid al-Jihad, mas mudou já constantemente de nome. Em 2003, Osama Bin Laden

reconhece al-Zarqawi como chefe da Al-Qaeda no Iraque, mas com a crescente violência

praticada pelo grupo, deixou claro que desaprova a estratégia de divisão entre os xiitas e

sunitas. Em 2006, al-Zarqawi morre num ataque aéreo provocado pelos mesmos. Nesse

momento, o grupo dos jihadistas se vê enfraquecido, até que em 2010 Abu Bakr al-

Baghdadi assume o que restou do braço da Al-Qaeda no Iraque e reconstrói o grupo.

(NAPOLEONI, 2015).

O grupo também está presente na Síria, país que faz fronteira com o Iraque. O

Estado Islâmico começou a expandir seu domínio no país através de alianças com tribos

sunitas. No contexto da guerra civil, o grupo se uniu à rebelião contra o presidente sírio

Bashar al-Assad, junto com a frente Al Nusra8. Apesar da rejeição dos líderes da Al Nusra

devido ao seu radicalismo, o grupo se concentrou no Iraque e aproveitou a divisão política

8 Milícia islâmica – ramo da al-Qaeda na Síria - de orientação sunita e jihadista que opera na Síria.

Figura 2 - Território onde o Estado Islâmico almeja formar um

Califado.

Fonte: Daily Mail, 2014.

10

entre o governo de orientação xiita e a minoria sunita. É importante ressaltar que em 2003 o

governo sunita de Saddam Hussein foi deposto com a invasão americana no Iraque e o

governo passou a ser xiita. No início da segunda década do século XXI, já controlava

dezenas de outras cidades e localidades na Síria e no Iraque. Em 2014 o grupo de auto

proclama califado nos territórios conquistados. (FUJII, 2015).

Atualmente, em 2030, o Estado Islâmico conseguiu dominar quase que

completamente o território do Iraque e também o território da Síria. Isto possibilitou a

invasão do Kuwait, e de uma maior consolidação do controle destes territórios por parte do

grupo, aumentando a ameaça aos países do ocidente.

2.3.2 Áreas de atuação e membros

Em 2014, al-Baghdadi reinstalou exército do EI no local em que estavam as forças

do grupo em 2007. Ao fazer isso, ele conseguiu a incorporação das cidades do Cinturão de

Bagdá – regiões distintas, com bases do ISI para controlar o acesso a Bagdá e canalizar

dinheiro, armas e combatentes, além de obstruir as rotas aéreas utilizadas por helicópteros

americanos – a um novo Estado. Com isso, muitos sunitas iraquianos veem al-Baghdadi e o

EI como uma Fênix Islamista, renascida das cinzas da jihad de Abu Musab al-Zarqawi.

(NAPOLEONI, 2015).

A Primavera Árabe9 facilitou a expansão da atuação do Estado Islâmico em direção à

Síria, país que se encontra em guerra civil desde 2011. O grupo utilizou o acirramento do

conflito entre rebeldes e o governo de Bahar al Assad para juntar os setores de oposição, de

modo a estender o projeto do califado ao país vizinho. Isso resultou não apenas em diversas

mortes, mas também na tomada de territórios no nordeste da Síria, justamente sob o

argumento de que as fronteiras do Oriente Médio, estabelecidas por meio de acordos

internacionais com as potências europeias, deveriam ser dissolvidas. Diante disso, os EUA

e outros países ocidentais, até então críticos do governo sírio, passaram a defender o

combate aos opositores radicais, inclusive com apoio de xiitas iranianos e iraquianos, o que

acaba por fortalecer Assad. (PALLAZZO, 2014).

9 Nome dado à onda de protestos, revoltas e revoluções populares contra governos do mundo árabe

que eclodiu em 2011. A raiz dos protestos é o agravamento da situação dos países, provocado pela

crise econômica e pela falta de democracia. (GUIA DO ESTUDANTE, 2012).

11

Figura 3- Mapa das Áreas Controladas Pelo Estado Islâmico em 2015

Fonte: Sputnik (2015).

Estimativas mostram que o Estado Islâmico tem expandido sua ideologia e tem

conquistado cada vez mais combatentes, com diversas formas de divulgação, principalmente nas

redes sociais. Parte desses membros o faz por pura convicção, como forma de combater o

capitalismo ocidental e de ascender o islamismo novamente, através desse tipo de ativismo.

(BUNZEL, 2015).

2.3.3. Armamentos e financiamento

O financiamento do EI tem sido fundamental para sua expansão. Sua fonte conta

com uma diversidade de fatores, principalmente dentro de seus territórios de controle.

Nessas áreas, existe uma divisão burocrática de trabalho, organizada hierarquicamente,

através do qual o grupo gera recursos nas áreas mais calmas do Iraque para distribuí-los

para outras áreas de domínio. Isso deixou o EI em vantagem na conquista de território Sírio

entre 2013 e 2014. Mas, apesar de conseguirem produzir bens valiosos e muitas vezes ter

dinheiro através de dominação de áreas atacadas, sua expansão ainda depende e muito de

financiamentos externos formais, através de patrocinadores, para aquisição de armamentos

e aparatos militares, segurança, propaganda e um sistema de bem-estar social. (JONSSON,

2015).

Em comparação com outras organizações terroristas insurgentes, o EI é considerado

o mais rico do mundo. Suas principais fontes de financiamento são os impostos cobrados

12

em regiões de seu controle, pilhagem e roubo de propriedades públicas e privadas,

contrabando de gás e petróleo natural, resgate de reféns e vendas de antiguidades

saqueadas. Estimativas do ano de 2015 mostram que o faturamento do EI gira de torno de 2

bilhões de dólares anuais e tem se mantido, uma vez que quando alguma dessas fontes de

financiamento começa a diminuir, como o contrabando de petróleo, por exemplo, o grupo

tem que buscar novas alternativas, pois entre seus muitos de seus gastos, está o

pagamento de salários a seus recrutas. (JONSSON, 2015).

Países do ocidente acreditavam que o EI não seria capaz de se sustentar por muito

tempo, ainda mais almejando se expandir para outros territórios do mundo. Acreditavam que

aos primeiros sinais de tensão financeira, o grupo investiria em ataques paralelos e

desordenados, que seriam responsáveis por sua decadência e ruína. Entretanto, os

financiamentos externos desconhecidos propiciam certa estabilidade, além do fato do grupo

ter em mãos petrolíferas no Iraque e na Síria. Apenas combater os financiamentos do grupo

e tentar cortá-lo drasticamente não será suficiente. (JONSSON, 2015). O combate ao

Estado Islâmico é um jogo de longo prazo no qual um movimento errado pode colocar tudo

a perder, principalmente por se tratar de ameaças a civis inocentes e também a toda

Sociedade Internacional.

Figura 4 - Mapa dos Conflitos Entre Grupos Étnicos e Religiosos na Síria e no Iraque

Fonte: O GLOBO, 2014.

2.4 Estados Falidos

Diversos conceitos foram elaborados como uma tentativa de explicar o colapso ou o

processo de falência dos Estados. Aqui, faremos uso do conceito de Robert Rotberg para

13

definir o que são Estados Falidos. Rotberg (2011) conceitua em linhas gerais que os

“Estados-nação falham devido à sua convulsão causa por violência interna e não pode mais

prover boas políticas para os seus habitantes.” (ROTBERG, 2011, p.1). Além disso,

podemos utilizar o conceito de Estado de Max Weber (1982), no qual um Estado é aquele

que possui o monopólio legitimo da força física em seu território. (WEBER, 1982, p. 98).

Assim, na medida em que um Estado perde a capacidade de manter esse monopólio,

concorrendo com outros agentes não estatais, como em caso de guerra civil, ele acaba

tornando-se um Estado Falido.

Os Estados-nação têm como objetivo prover, de forma descentralizada, políticas e

condições para que os seus cidadãos possam viver dentro de certas fronteiras. Nesse

sentido, Estados considerados fortes conseguem suprir essa demanda de necessidades,

oferecendo segurança, liberdade e um ambiente favorável ao desenvolvimento. Por outro

lado, os Estados considerados fracos não conseguem supre de forma razoável todos esses

aspectos devido a diversas fragilidades, que podem ser causadas por diversos aspectos ,

tais como antagonismos e tensões internas. (ROTBERG, 2011).

Assim, ao contrário dos Estados fortes, os Estados falidos não possuem condições

de controlar suas fronteiras e de prover o mínimo de segurança e liberdade aos seus

cidadãos. Em boa parte dos Estados falidos, as tropas governamentais acabam enfrentando

um ou mais grupos insurgentes, causando um escalonamento de violência e de

instabilidade. (ROTBERG, 2011).

Dessa forma, podemos analisar os processos que levaram à falência estatal síria e

iraquiana até o ano de 2030. Com uma guerra civil que se prolongou por mais de uma

década no território sírio, a situação não mais estava ao alcance governamental, visto que

esse não tinha mais condições de contornar o contexto. Já no Iraque, instável desde a

invasão norte-americana em 2003, o governo deparou-se com insurgências de grupos

ligados ao Estado Islâmico, o que ocasionou no enfraquecimento das instituições

remanescentes e facilitou a expansão do grupo pelo seu território.

2.5 Armas de Destruição em Massa

A proliferação de armas de destruição em massa (ADM) se tornou uma grande

preocupação no cenário internacional. Isso porque, além do uso de tais armamentos – que

possuem extrema capacidade de devastação – pelos Estados, há também o risco do seu

uso por atores não estatais. Um exemplo é o grupo terrorista Estado Islâmico, que, ao fazer

uso de tais armas, aumenta sua capacidade de espalhar o terror e torna ainda mais difícil o

seu combate pelos Estados.

14

As ADM são aquelas capazes de causar grande destruição, tanto de pessoas quanto

do ambiente, em apenas uma única utilização. São usadas para fins militares, em contexto

de grandes conflitos, sendo responsáveis por episódios de grande crueldade, justamente

pelo seu caráter destrutivo. As ADM’s referem-se às armas químicas, biológicas e nucleares

(CULTURA MIX, s.d.). Segundo a Convenção sobre Armas Químicas de 1993, elas podem

ser entendidas como “[...] toda substância química que, por sua ação química sobre os

processos vitais, possa causar morte, incapacidade temporal ou lesões permanentes a

seres humanos ou animais”. (CHEMICAL WEAPONS CONVENTION, 1993, p. 3, tradução

nossa)10.

Apesar de a sua utilização ser associada aos tempos modernos, o uso das armas

químicas já pode ser observado desde a Antiguidade, como, por exemplo, fumaças

contendo arsênio (As) nas guerras da China, em 1000 a.C. (ARCHER, 2011). Mas, foi com

a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), que se inaugurou a Guerra Química Moderna, ou

seja, a utilização deste tipo de armamento nos conflitos mais recentes. Relatos da utilização

pelos alemães de gás cloro e mostarda durante o conflito, na Bélgica, resultou no chamado

Protocolo de Genebra, em 1925. (ARCHER, 2011). O Protocolo proibiu o uso de gases

asfixiantes e tóxicos, contribuindo, também, para o surgimento do Direito Internacional

Humanitário, que visa diminuir o sofrimento dos soldados nos campos de batalha, bem

como da sociedade civil, limitando, ao máximo, os efeitos dos conflitos armados. (COMITÊ

INTERNACIONAL DA CRUZ VERMELHA, 1998).

Apesar do grande número de mortes na guerra devido às armas, cerca de 90 mil

pessoas, e da sua proibição, pelo protocolo, teve o uso continuado das armas químicas em

conflitos seguintes. Na Segunda Guerra Mundial (1939-1945), por exemplo, um dos

mecanismos de extermínio pelos nazistas era a câmara de gás, que utilizava o gás

cianídrico. Ele interferia na respiração dos indivíduos dentro da câmara, privando-as de

oxigênio, causando uma morte dolorosa. (CABRAL, 2012).

A Guerra do Vietnã (1959-1975) foi palco de uma grande utilização de armas

químicas, principalmente pelos Estados Unidos, que resultaram em aproximadamente

quatro milhões de mortes, além de uma grande poluição ambiental. A corrida armamentista,

já protagonizada entre os EUA e a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS),

contribuiu largamente para o incentivo e o desenvolvimento de tecnologias bélicas,

transformando o conflito em um de alta intensidade. O chamado “napalm”, agente químico

que impregnava na pele e gerava muito calor, foi responsável pelo surgimento de câncer,

10

Any chemical which through its chemical act ion on life processes can cause death, temporary

incapacitation or permanent harm to humans or animals.

15

deformação e várias doenças genéticas na população vietnamita e entre os próprios

soldados estadunidenses. (CORYELL, 2002).

As armas biológicas usam de agentes biológicos, para a contaminação de pessoas,

como fungos, bactérias, vírus, etc. Na ocasião da Convenção de Genebra de 1925, o uso de

armas biológicas também foi proibido. Essas haviam sido utilizadas pela Alemanha na

Primeira Guerra Mundial. Apesar da proibição da utilização de tais armas, as pesquisas e a

produção das mesmas continuaram sendo utilizadas em vários conflitos, como na Segunda

Guerra Sino-Japonesa entre os anos 30 e 40 (VALLEY, 2011).

A possível produção de armas químicas e biológicas e a possibilidade do uso das

mesmas durante a Guerra Fria criou um clima de insegurança no cenário internacional, uma

vez que as tecnologias se viam cada vez mais desenvolvidas. Assim, o uso irresponsável de

armas de destruição em massa pelos Estados começou a ser discutido, uma vez que se

trata de um assunto que afeta de forma direta e indireta todos os membros do sistema

internacional (EDUCACIONAL, s.d.).

Em 1972, a Convenção sobre Armas Biológicas (BWC) tratou da proibição do

desenvolvimento e produção de armas biológicas, assim como a proibição de seu

armazenamento (UNITED NATIONS OFFICE FOR DISARMAMENT AFFAIRS, s.d.),

acrescentando e complementando o Protocolo de 1925, que tratava apenas do emprego de

tais armas. (COMITÊ INTERNACIONAL DA CRUZ VERMELHA, 2004). Da mesma forma, a

Convenção sobre a Proibição das Armas Químicas e sua Destruição, em 1993, tratou da

extinção definitiva do uso de tais armas, acentuando, também, certos aspectos do Protocolo

de Genebra.

As armas nucleares são consideradas como as mais perigosas, e, por isso, seu

desenvolvimento e sua possível utilização pelos Estados criaram um clima de tensão no

ambiente internacional. A catástrofe gerada pelas bombas de Hiroshima e Nagasaki, no

Japão, pelos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial, serve como um alerta acerca da

gravidade deste tipo de armamento, que causa uma destruição no ambiente em que é

utilizado e provoca mortes e sequelas em várias gerações de pessoas. (HISTÓRIA DO

MUNDO, s.d.).

O Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP), assinado em 1968, é o

principal mecanismo de proibição das armas nucleares para fins bélicos. Nenhum Estado,

nuclearmente armado ou não, deve produzir ou fornecer tais armamentos. Há, porém, o

chamado P5, compreendido por Estados Unidos, França, China, Reino Unido e Rússia, que

são potências reconhecidas por possuírem algum tipo de armamento nuclear, mas que

estão proibidas de transferirem suas tecnologias acerca do assunto para qualquer outro

Estado. Apesar do TNP, a tensão acerca da produção e do armazenamento de armas

nucleares ainda é grande. Isso porque alguns Estados não assinaram o TNP, tais como

16

Israel, Coreia do Norte, Índia e Paquistão, e os EUA se retiraram do acordo anos mais tarde.

(ESTADÃO INTERNACIONAL, 2010).

2.6 Linha do Tempo

2017: É reafirmada a coalização liderada pelos Estados Unidos e a Rússia visando a

contenção do Estado Islâmico.

2019: Os ataques do Ocidente e da Rússia são ineficientes contra o Estado Islâmico,

acarretando em sua expansão através do território Sírio e Iraquiano. Novos ataques

terroristas são realizados em Londres e Roma, ocasionando na morte de diversos civis.

2020: Chega ao trono na Arábia Saudita o rei Abdullah.

2021: Um novo acordo para desenvolvimento nuclear energético é firmado entre a China e a

Arábia Saudita. Os Estados Unidos ficam em alerta de uma possível nova ameaça.

2022: A Copa do Mundo do Catar é alvo de diversos ataques terroristas por parte do Estado

Islâmico. Esse fato intensifica as preocupações do com as atuações do Estado Islâmico por

parte dos países ocidentais.

2023: O Estado Islâmico avança ainda mais pelo território iraquiano.

2024: O Iraque é oficialmente reconhecido pela Organização das Nações Unidas (ONU)

como um Estado Falido11.

2025: A Síria, enfrentando fortes crises políticas e econômicas, além da guerra civil que já

perdura por 14 anos, também é reconhecida como um Estado Falido.

2027: O Estado Islâmico divulga um vídeo afirmando ser capaz de produzir armas químicas

e biológicas. Acusações de que a Arábia Saudita é quem forneceu a tecnologia necessária

para a produção de tais armas são feitas por parte dos Estados Unidos, com base em

imagens de drones, enquanto o governo saudita nega. Além disso, documentos são

vazados no Wikileaks, afirmando que o fornecedor dessas armas de destruição em massa à

Arábia Saudita é a China. O governo chinês se pronuncia repudiando as acusações.

11

Ler seção 3.1 na página 13.

17

2028: Diversas reuniões do Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU) são

realizadas acerca de sanções contra a Arábia Saudita devido à posse de armas químicas,

biológicas e nucleares de baixo teor destrutivo, e também à China, pelo proliferamento

dessas armas. Nenhuma proposta de resolução ou medida é aprovada devido ao embate

entre Estados Unidos e China. A Rússia também se mostra contrária as resoluções

propostas pelos Estados Unidos.

2029: O Estado Islâmico tenta ocupar o Kuwait, um dos maiores produtores de petróleo do

mundo, o que ocasiona no aumento dos preços de petróleo no mercado internacional,

devido à ocupação de diversos poços por parte do EI. O governo do Kuwait solicita auxilio

das Nações Unidas e à OTAN. Assim, com o aval de ambos os Estados Unidos realiza

bombardeios e manda tropas para tentar evitar a ocupação. Enquanto isso, as reuniões do

Conselho de Segurança acerca de medidas para serem tomadas na questão da Arábia

Saudita continuam. A indefinição da situação no Conselho levanta questões acerca da

inoperância órgão frente ao tema.

2030: Devido ao contínuo embate entre a China e os Estados Unidos, devido às

divergências nas questões que envolvem a Arábia Saudita e o fornecimento de armas de

destruição em massa ao Estado Islâmico, o CSNU encontra-se “paralisado”. Com base na

resolução “Uniting for Peace”12 (Res. 377a/1950) a Assembleia Geral das Nações Unidas

assume as discussões e convoca uma sessão especial de emergência para tratar do tema.

3 APRESENTAÇÃO DO COMITÊ

A Assembleia Geral das Nações Unidas é o principal órgão deliberativo das Nações

Unidas. Todos os Estados-membros da ONU possuem representação na Assembleia, o que

a faz o único órgão universal da organização, possibilitando a todos levar questões que

achem pertinentes ao órgão sobre diversos temas, tais quais segurança e paz, admissão de

novos membros, e questões orçamentarias. (ONU, s.d.).

A Assembleia Geral, além de ser universal, dá o direito do voto igualitário, sem peso,

além da inexistência de Estados com capacidade de veto. Assim, para alcançar a aprovação

de questões procedimentais, que tratam do funcionamento do comitê, é necessária uma

maioria simples, ou seja, metade dos membros mais um. Já nas questões substanciais , que

lidam com a resolução do comitê, é necessário aquilo que se chama de maioria qualificada,

12

“Unindo pela Paz”.

18

que é referente ao voto favorável de dois terços do quórum presente na reunião. (ONU,

s.d.).

Um dos documentos finais da Assembleia Geral é chamado de resolução, e é o que

será desenvolvido ao final de cada tópico de discussão no nosso comitê. Esse documento

contém as diretrizes e propostas discutidas ao longo da reunião acerca de um tema, e

possui, geralmente, um caráter recomendatório, ou seja, cabe a cada Estado adotar ou não

as medidas propostas pela Assembleia. Esse caráter recomendatório remete à própria

origem do órgão, visto que se acredita que os Estados não desejam delegar tanto poder à

uma organização13. Contudo, historicamente, percebe-se uma grande adesão das

recomendações devido ao seu peso político internacional, sendo reconhecido

internacionalmente como a maior plataforma para discussão multilateral. (ONU, s.d.;

ÖBERG, 2006).

3.1 Resolução “Uniting for Peace”

Em 1950, durante a Guerra da Coreia, diversas medidas foram propostas pelos

Estados Unidos, no âmbito do Conselho de Segurança para proteger a República da Coreia

das ofensivas da Coreia do Norte, todavia, a União Soviética era contrária às propostas e

barrava todas as que eram propostas com esse intuito. Inicialmente, a URSS estava

boicotando as reuniões do conselho, fazendo com que algumas resoluções quase fossem

aprovadas, contudo, os demais membros interpretaram que a ausência de um membro

permanente do conselho invalidava a aprovação das resoluções do Conselho de Segurança.

(ONU, s.d.; TOMUSCHAT, 2008).

Tendo em vista essa situação, a delegação dos Estados Unidos, sob a liderança de

Dean Acheson, conseguiu influenciar a Assembleia Geral a assumir questões de segurança

e paz. Esse processo resultou na resolução 377 A(V) de 1950, chamada de “Uniting for

Peace”. A primeira seção da resolução afirma:

Resolve que se o Conselho de Segurança, por falta de unanimidade de

seus membros permanentes, falha em exercer sua principal responsabilidade de manter a paz e a segurança internacional em caso de surgir qualquer ameaça que ameace a paz, quebra de paz ou ameaça de

agressão, a Assembleia Geral deve tratar do assunto imediatamente visando fazer recomendações apropriadas medidas coletivas, incluindo, em caso de quebra de paz ou ato de agressão, a utilização de forças armadas

13

Por outro lado, o Conselho de Segurança possui um caráter obrigatório pela sua própria natureza

de atuação, que é a Segurança. Assim, a obrigatoriedade da questão faz com que os Estados sejam obrigados a seguir as resoluções no que concerne à segurança, aumentando o constrangimento para não ocorrer conflito. Já em questões de outras áreas, o Estado não sofre

tanto constrangimento.

19

para restaurar a paz e a segurança internacional. (ASSEMBLEIA GERAL

DA ONU, Res. 377 (V), 1950, tradução nossa14

).

Essa seção esclarece a condição para a aplicação da resolução 377 A(V), sendo

uma ocasião extraordinária e emergencial. Esse é o caso do presente comitê, na qual os

membros permanentes se encontram em conflito político, o que impede o andamento do

processo burocrático do Conselho. Portanto há um direcionamento da questão para a

Assembleia Geral, onde os demais membros das Nações Unidas poderão chegar a um

consenso para desenvolver medidas coletivas para a situação sem a presença do poder de

veto. (ONU, s.d.).

4 QUESTÕES RELEVANTES ACERCA DO DEBATE

Nesta seção, desenvolvemos algumas questões que tem como objetivo fazer com

que os delegados reflitam acerca das possíveis “respostas” e utilizem destas para

desenvolver a discussão ao longo do comitê.

1. O Tratado de Não-Proliferação Nuclear, assim como as demais Convenções sobre

Armas Químicas e Biológicas estão sendo eficientes?

2. De que forma as Convenções podem ser modificadas para assegurar seu cumprimento?

3. Que tipo de sanções devem ser aplicadas para aqueles que descumprirem tais normas?

4. Que outras medidas podem ser tomadas para evitar a proliferação das armas de

destruição em massa?

5. Como evitar que grupos não estatais tenham acesso às armas de destruição em massa?

6. Como controlar a expansão do Estado Islâmico?

7. Como os órgãos internacionais devem responder se grupos não estatais tiverem acesso

às armas de destruição em massa?

5 POSIÇÃO DOS PRINCIPAIS ATORES

Nesta seção, serão desenvolvidos breves posicionamentos dos atores que são

centrais para a discussão do comitê. Isso tem como objetivo orientar as representações na

14

Resolves that if the Security Council, because of lack of unanimity of the permanent members, fails to exercise its primary responsibility for the maintenance of internacional peace and security in any where there appears to be a threat to peace, breach of the peace, or act of aggression, the General

Assembly shall consider the matter immediately with a view to making appropriate recommendations to Members for collective measures, including in the case of a breach of the peace or act of aggression the use of armed force when necessary, to maintain or restore international peace and

security.

20

posição de cada país, para que este consiga direcionar a discussão para aquele que foi

objetivado pelos diretores durante o desenvolvimento do comitê.

5.1 Estados Unidos da América

O governo norte-americano condena veementemente a proliferação de armas de

destruição em massa, com o agravante da facilitação do acesso à essas armas pelo que ele

considera como um grupo terrorista. Dessa forma, o governo norte-americano busca

pesadas sanções contra aqueles que facilitarem o acesso às armas e intervenções militares

para evitar o uso dessas armas de destruição em massa, tal como foi visto no caso da

suspeita de desenvolvimento de armas nucleares por parte Irã, no qual desde 1979 pesadas

sanções foram aplicadas por parte dos Estados Unidos. Além disso, luta fortemente contra a

expansão do Estado Islâmico, realizando diversos ataques aéreos contra o grupo.

5.2 República Popular da China

A China busca manter sua influência alcançada no Oriente Médio através da Arábia

Saudita, com o comércio de armas, além de manter as relações comerciais com base neste

trânsito de armamentos, visto que a Arábia Saudita é o seu principal comprador. Dessa

forma, a China é contrária às medidas propostas pelos Estados Unidos com o objetivo de

sancionar a Arábia Saudita e a própria China. Todavia, a China assume uma posição

contrária ao Estado Islâmico, realizando ataques aéreos contra o EI.

5.3 Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte

O Reino Unido mantém uma posição alinhada aos Estados Unidos, mostrando-se

favorável às sanções para aqueles que facilitarem o acesso de armas de destruição em

massa a grupos não estatais. Além disso, participa dos ataques aéreos ao Estado Islâmico e

sempre se mostrou contrário às suas ações, principalmente após o atentado em Londres.

5.4 Federação Russa

A Federação Russa demonstra apoiar a República Popular da China em seu

posicionamento por questões estratégicas. Nesse sentido, devido às divergências históricas

com os Estados Unidos e a maior aproximação na década de 2020 com a China, a

Federação Russa apoia a China, e acredita conseguir pesar o equilíbrio no sistema

21

internacional para o seu lado, favorecendo sua posição no sistema. Em relação ao Estado

Islâmico, a Federação Russa combater firmemente, mas acredita que uma nova forma de

lidar com o grupo é necessária.

5.5 República Francesa

A República Francesa mantém uma posição aliada com os Estados Unidos e os

demais membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), condenando

fortemente o acesso às armas por parte de grupos não estatais, principalmente grupos

terroristas. Nesse sentido, a França apoia as sanções propostas pelos Estados Unidos, e

condena o acesso do Estado Islâmico às armas com maior poder bélico. Assim, a França

age com frequência contra o Estado Islâmico, bombardeando e desarticulando células do

grupo em seu território.

5.6 Reino da Arábia Saudita

O Reino da Arábia Saudita condena as ações e os discursos dos Estados Unidos,

negando veementemente as afirmações de que foram eles os responsáveis pelo acesso do

Estado Islâmico às armas de destruição em massa. Deseja manter a sua relação com a

China, assim como o comércio de armas desenvolvido com o país asiático. Além disso, faz

parte de coalizões que lutam contra o Estado Islâmico, embora, atue de forma bastante

limitada contra o grupo.

22

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25

TABELA DE DEMANDA DE REPRESENTAÇÕES

A tabela a seguir apresenta a classificação da demanda das delegações do comitê.

Porém, esta tabela não significa que algumas delegações são mais importantes do que as outras

e sim que algumas serão mais demandadas a se pronunciarem. 1 demanda média, 2 demanda

maior, e 3 demanda alta e constante:

República Islâmica do Afeganistão

República da África do Sul

República Federal da Alemanha

Reino da Arábia Saudita

República Argentina

República da Armênia

Comunidade da Austrália

Reino da Bélgica

República da Bielorrússia

República Federativa do Brasil

República da Bulgária

26

Canadá

República do Cazaquistão

República Popular da China

República Popular Democrática da Coreia

República da Coreia

República de Cuba

Reino da Dinamarca

República Áraba do Egito

Reino da Espanha

Estados Unidos da América

República da Finlândia

República Francesa

República Helênica

27

República da Índia

República Islâmica do Irã

República do Iraque

República da Irlanda

Estado de Israel

República Italiana

Japão

Estados Unidos Mexicanos

República Federal da Nigéria

Reino da Noruega

Nova Zelândia

Reinos dos Países Baixos

República Islâmica do Paquistão

28

República Portuguesa

Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte

Federação Russa

República Árabe da Síria

Reino da Suécia

Confederação Suíça

República da Turquia

Ucrânia

República Bolivariana da Venezuela

Agência Internacional de Energia Atômica

(AIEA)

Comunidade do Caribe (CARICOM)

Comissão dos Direitos Humanos (CDH)

Conselho de Paz e Segurança da União Africana

(CPSUA)

29

Liga Árabe

Organização dos Estados Americanos (OEA)

União Europeia (UE)