Guia de Estudos de Sociologia - Resumos IV.doc

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GUIA DE ESTUDOS DE SOCIOLOGIA

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GUIA DE ESTUDOS DE SOCIOLOGIA

Docente: Prof. Mstndo Cludio Silva

V. Mudana/Transformao Social

Movimentos Sociais/ Direitos/ Cidadania

Mudana social e revoluo: diferentes abordagens tericas.

Mudana tecnolgica e mudana social.

Movimentos Sociais. Os direitos civis, polticos e sociais. Os direitos e a democracia.

Os novos movimentos sociais contemporneos.

Mudana Social

O ritmo da mudana social vem se acelerando dramaticamente no ltimo sculo. A mudana pode ser cumulativa, mas a histria das sociedades humanas revela repentinas inverses. Esse foi, particularmente , o caso na era agrria.

A mudana pode se originar de causas culturais, particularmente de:

a. inovaes tecnolgicas;

b. novas crenas ou expectativas; e

c. difuso de sistemas de smbolos.

Tais mudanas culturais esto intimamente ligadas s mudanas nas estruturas, servindo para iniciar as mudanas na estrutura ou, no mnimo, acelerando as mudanas j iniciadas.

As estruturas sociais revelam diversas fontes importantes de mudana, incluindo:

a. desigualdade e o conflito sobre os recursos;

b. subculturas que buscam superar desvantagens; e

c. instituies que revelam processos que geram suas prprias transformaes.

Processos demogrficos so tambm um impulso para a mudana, especialmente transformaes no tamanho de uma populao , nos padres de movimento populacional e em sua estrutura etria.

O estudo da mudana est no centro da anlise sociolgica, desde o incio da disciplina at o presente. Teorias e anlises foram propostas para explicar a mudana, incluindo:

a. teorias cclicas que enfatizam o movimento de sociedades entre os plos opostos;

b. anlise dialtica, que demonstra a dinmica das mudanas inerentes s desigualdades;

c. anlises funcionalistas, que enfatizam a evoluo das formas societrias simples para as mais complexas como um esforo correspondente para preencher novas necessidades e requisitos;

d. perspectiva evolucionista, para a qual a desigualdade a fora motriz da evoluo e mudana social; e

e. crticas , quer ps-industrial quer ps-moderna, sobre as influncias da tecnologia e sistemas de informaes de ponta, na transformao da sociedade.

Movimentos sociais contemporneos

De acordo com Ilse Scherer-Warren em seu artigo Associativismo civil e interculturalidade na sociedade global , na dcada de 1960 a 1980 uma srie de novos movimentos sociais - de gnero, ecolgicos, regionais, tnicos e outros - organizaram-se a partir da afirmao de identidades coletivas auto-construdas e de projetos especficos de auto-defesa. Em nome destas especificidades se exigia reconhecimento, respeito s diferenas culturais e defendiam-se novos direitos. Nos campos da pesquisa e educacional, novas reas de conhecimento desenvolveram-se: estudos de gnero, negros, tnicos, ecolgicos e similares.

A partir da segunda metade da dcada de 1980, e sobretudo na dcada de 1990, h uma crescente interao destes movimentos entre si, ou uma penetrao de seus ideais em movimentos mais clssicos, como o sindical e o de moradores. As chamadas lutas especficas, contra a discriminao de gnero, racial, cultural, contra a degradao ambiental, a excluso social, econmica e poltica, como, por exemplo, as campanhas contra a pobreza ou pela qualidade de vida, passam a ser consideradas relevantes no interior dos mais diversos movimentos sociais e organizaes da sociedade civil. Portanto, as lutas identitrias e pela autonomia cedem lugar aos movimentos sociais solidarsticos, onde a cooperao e a complementaridade passam a ser palavras de ordem. Estes princpios remetem tambm para o iderio de construo de uma esfera pblica democrtica, ampla, conectando iniciativas locais com outras mais globais. neste contexto que a idia de parcerias se legitima.

No plano poltico, as ONGs passam a lutar por um lugar de participao na gesto da coisa pblica. Surge nos cenrios locais, estaduais, nacionais e internacionais um grande nmero de parcerias entre organizaes da sociedade civil e organismos governamentais, como nos Conselhos setoriais, Fruns especializados, Agendas 21, etc.

No plano da cultura, para alm da defesa das identidades, passa-se a valorizar a abertura alteridade e reciprocidade nas trocas. Duas possibilidades se colocam neste processo interativo: a da hibridao cultural, atravs de sincretismos, ecumenismos, etc.; a de formao de um movimento cidado sob a forma de redes e parcerias, onde a complementaridade se constri a partir do respeito s diferenas, no se impondo uma uniformizao no trabalho cooperativo.

Monoculturalismo: tem uma viso essencialista acerca da identidade dos sujeitos coletivos. Os negros, ndios e demais minorias tm suas identidades determinadas objetivamente numa realidade especfica.

Multiculturalismo: as identidades so construdas historicamente. Ex.: Muito mais do que se nascer mulher ou com cor negra, torna-se mulher ou negra.

O que se denomina "construo da cidadania", um valor cultural da modernidade, que tem uma dimenso tica e poltica.

Na dimenso tica encontram-se os princpios da responsabilidade e da solidariedade. Ainda que as desigualdades e as injustias sejam legados histricos, sua reproduo no presente pode ser assumida como uma responsabilidade da humanidade.

"As injustias do passado chegam at ns na forma de herana [...] no herdamos a culpa de quem originou a injustia, porm sim a responsabilidade de fazer frente injustia passada [...] Nossa responsabilidade no se circunscreve s desigualdades de nosso Estado, mas as da humanidade". (Reys Mate, 1997, p.170).

O corolrio da responsabilidade a solidariedade. atravs dela que se efetiva a responsabilidade pelo outro, em uma comunidade local ou global. Nos movimentos sociais, a solidariedade tem sido utilizada amplamente como uma interpelao aos indivduos ou grupos para a ao comunitria ou de responsabilidade cidad.

Estes princpios ticos operam para a construo de uma cidadania plena quando se associam a um conjunto de princpios de ordem poltica, a serem incorporados nas prticas associativistas.

Na dimenso poltica merecem ser resgatadas as noes de reconhecimento, integrao, participao e a conseqente idia de constituio de uma esfera pblica.

A negao mais absoluta destes princpios a "excluso" (social, cultural ou poltica). Muitos indivduos ou grupos vivem numa situao de apartheid sem o reconhecimento pblico de si ou do grupo como parte integrante da comunidade.

A construo da cidadania, somente poder ser concretizada na medida em que se associarem os princpios de responsabilidade e de solidariedade com os princpios de integrao social de todos os tipos de minorias, de reconhecimento pblico das diversidades culturais e de legtima e igualitria possibilidade de participao de todos nas esferas pblicas referentes que lhes dizem respeito.

Bibliografia

REYS MATE, M. "Etica y poltica". In: La integracin y la democracia del futuro en Amrica Latina. Caracas, Ministerio para el Enlace entre el Ejecutivo Nacional y el Congresso de la Repblica / Nueva Sociedad, 1997.

SCHERER-WARREN, I. & NPMS. Organizaes voluntrias de Florianpolis: cadastro e perfil do associativismo civil. Florianpolis: Insular, 1996.

___________. Cidadania sem fronteiras: aes coletivas na era da globalizao. So Paulo: Hucitec, 1998.

SEMPRINI, Andrea. Le multiculturalisme. Paris: Presses Universitaires de France, 1997.

TOCQUEVILLE, A. A democracia na Amrica. Traduo de Neil Ribeiro da Silva. So Paulo / Belo Horizonte: EDUSP/Itatiaia, 1977. (Ttulo original: De la Dmocracie en Amrique)

VIEIRA, L. Cidadania e globalizao. Rio de Janeiro: Record, 1997

Voc pode ser o dono do seu destino. A nica condio que precisa tomar essa deciso agora. R. SHINYASHIKIVI. Poltica/ Estado

Dominao e Poder

As sociedades sem estado.

As vrias formas de poder e dominao.

Surgimento e desenvolvimento do Estado Moderno. Poder e representao.

Estado nacional no mundo contemporneo.

Poltica e poder

O campo da poltica se configura na exist6encia do conflito entre a dimenso privada e a pblica, na medida em que o homem um ser social. Essa configurao inclui a realidade da intersubjetividade, posto que a sociablidade no apaga a subjetividade , o carter individual das singularidades.

A ao desse homem, a um s tempo pblica e privada , social e individual, particular e comum, se exerce por meio de condutas no- naturais. Ao contrrio , regular a ao humana obra do homem racional , consciente e livre.

A questo do poder

Em seu significado mais geral, a palavra poder designa a capacidade ou a possibilidade de agir, de produzir efeitos. Tanto pode ser referida a indivduos e a grupos humanos como a objetos ou a fenmenos naturais ( como nas expresses poder calorfico , poder de absoro)

Se o entendemos em sentido especificamente social , ou seja, na sua relao com a vida do homem em sociedade, o poder torna-se mais preciso , e seu espao conceitual pode ir desde a capacidade geral de agir , at capacidade do homem em determinar o comportamento do homem: poder do homem sobre o homem. O homem no s o sujeito mas tambm o objeto do poder social. poder social a capacidade que um pai tem para dar ordens a seus filhos ou a capacidade de um Governo de dar ordens aos cidados. Por outro lado, no poder social a capacidade de controle que o homem tem sobre a natureza nem a utilizao que faz dos recursos naturais. (...)

O poder social no uma coisa ou a sua posse : uma relao entre pessoas ( Stoppino, 1986: 933-4)

impossvel estudar uma sociedade sem fazer referncia poltica que a organizou e a manteve. Da mesma forma , no existe a possibilidade de discorrer a respeito da poltica sem esbarrar no conceito de poder.

Ter o poder dispor de autoridade para governar. O poder supe , consequentemente, a existncia de dois elementos: de quem tem a autoridade para exercer o poder e daquele sobre o qual se exerce o poder; do governante e do governado; de quem manda e de quem mandado; de quem d as ordens e de quem as cumpre. Assim, quem detm o poder poltico decide , em ltima instncia , a vida da coletividade, a nossa vida , a sua vida.

Segundo Georg W. F. Hegel ( 1770 1831) , o que leva o ser humano a desejar o poder no apenas a vontade de dominar os outros homens , mas tambm a vontade de ser amado e reconhecido. Hegel, em seu livro Fenomenologia do Esprito, nos ensina que o homem s se torna realmente humano quando, alm de satisfazer os desejos puramente animalescos - como comer e beber - , lana-se luta pela conquista do poder. O animal tem por preocupao mxima a sobrevivncia biolgica; o homem, para conquistar a liberdade ( para no viver escravizado) luta pelo poder e coloca a sua vida biolgica em risco. A condio humana pressupe dominar e ser reconhecido como dominador.

A luta pelo poder tem sido, de uma forma ou de outra , a mola propulsora da histria das civilizaes. A histria dos povos determinada pelos grupos , pelas classes , pelos partidos, pelas personalidades que exerceram o poder.

Importante dizer aqui que o poder no nos dado gratuitamente: ele tem de ser conquistado. E aps a sua conquista , a luta continua para que ele seja mantido. Toda sociedade abriga interesses diversos e nela h governantes ( que jamais renunciam ao poder espontaneamente) e governados ( entre eles, muitos lutam para assumir o poder). Por decorrncia, a luta pelo poder sempre existir.

A luta pela conquista do poder nos tem levado , ao longo da histria, as duas dimenses do ser humano: a animalidade ( quando h violncia ) e a racionalidade ( quando a conquista se d por meios pacficos).

Quando h violncia na luta pelo poder, o homem se equipara aos animais que se entredevoram para continuar sobrevivendo. Os assassinatos, as revolues , os golpes de estado , as guerras ( internas e externas) tm constantemente manchado de sangue as pginas da histria da humanidade.

John Fitzgerald Kennedy

Kennedy foi o primeiro presidente catlico dos Estados Unidos da Amrica. . Foi assassinado em Dallas, Texas, no dia 22 de novembro de 1963.

Martin Luther King

Luther King foi um dos principais dirigentes da campanha a favor do reconhecimento dos legtimos direitos dos negros nos Estados Unidos. Aconselhou a luta dentro da dignidade e da disciplina. Ganhou o Prmio Nobel da paz em 1964. Foi assassinado em 1968.

Mahatma Gandhi

Gandhi foi a alma do movimento da independncia da ndia, pregando a ao baseada no princpio da no violncia. Foi assassinado em 1948.

Jlio Csar

Csar, clebre general romano, foi um dos mais ilustres homens de guerra da Antigidade. Foi assassinado por seu filho Brutus nos idos de maro de 44 a.C.

A dimenso racional do ser humano se coloca em evidncia nos processos pacficos da luta pelo poder. Se at se pode justificar a necessidade de exercer a autoridade, colocando as tropas na rua para que se mantenha a ordem social, no essa a condio para que o poder seja duradouro. Muito mais importante que a fora fsica e violenta , para haver poder - poder legtimo h necessidade de consentimento.

A luta sem violncia para conquista do poder ocorre nos regimes livres - democrticos - , em que todos os homens , em princpio , so considerados iguais e, portanto, todos tm condies de participar do exerccio do poder.

Apesar das deficincias que possam apresentar , as eleies so o processo mais racional de luta pacfica pela conquista do poder. Pressupondo a liberdade da defesa de ideais, do debate , da crtica, da oposio ... as eleies excluem a violncia. Pela manifestao livre da vontade do povo, o voto assegura a legitimidade do poder.

Pelas eleies, num regime democrtico, o poder poltico:

No usurpado, mas consentido;

No herdado nem vitalcio, pois exercido por representantes da maioria por um tempo determinado;

Por emanar do povo em geral, no privilgio de poucas pessoas ( de um grupo ou de uma classe), pois todos os setores da sociedade tm o direito de candidatar-se a ele;

transparente , porque as informaes sobre as decises governamentais devem circular livremente;

legtimo, pois existem leis que o asseguram.

Alguns princpios de legitimidade do poder:

Nos Estados Teocrticos: o poder considerado legtimo vem da vontade de Deus;

Fora da Tradio: quando o poder transmitido de gerao em gerao, como nas monarquias hereditrias;

Nos Governos Aristocrticos: apenas os melhores podem Ter funes de mando; bom lembrar que os considerados melhores variam conforme o tipo de aristocracia: os mais ricos, ou os mais fortes, ou os de linhagem nobre, ou, at, a elite do saber;

Na Democracia: vem do consenso , da vontade do povo.

A discusso a respeito da legitimidade do poder importante na medida em que est ligada questo de que a obedincia devida apenas ao comando do poder legtimo, segundo o qual a obedincia voluntria, e portanto livre. Caso contrrio , surge o direito resist6encia , que leva turbulncia social. ( ARANHA & MARTINS.1993: 180-1)

A antropologia evolucionista considera tambm que o Estado uma simples estrutura social total, resultante do crescente domnio do poltico sobre o parentesco. Segundo as linhas estabelecidas por Edward Evans-Pritchard e Mayer Fortes, temos que:

primeiro, detecta-se a existncia de sociedades dominadas pelo parentesco, onde a ausncia do poltico, no entanto, no significaria a ausncia de distino. Trata-se de sociedades muito pequenas onde a estrutura poltica se confunde com a estrutura do parentesco.

Surgem, em segundo lugar, sociedades onde o poltico domina o parentesco, detectando-se a existncia de grupos polticos, de grupos que se definem pela base territorial. Contudo, nesta segunda fase da evoluo, se o poltico sobrepe ao parentesco, estes laos ainda so os dominantes. E isto porque faltam instituies especializadas, com autoridade permanente, tendo como funo a manuteno da ordem social. Nestas formaes sociais, ainda sem hierarquia ou autoridade, o mecanismo de equilbrio social surge de uma liderana, ou leadership.

Em terceiro lugar, d-se o aparecimento de sociedades com uma autoridade centralizada, um aparelho administrativo e instituies judiciais, onde j flagrante o domnio do poltico sobre o parentesco. Agora, em lugar do equilbrio, temos a hierarquia a marcar o novo modelo organizacional. Surge tambm o sistema poltico que unifica no mesmo nvel de extenso territorial os antagonistas e realiza a equivalncia estrutural.

Para A. W. Southall h tambm um processo contnuo de complexificao institucional desde as sociedades sem Estado at aos Estados unitrios, atravs do qual o poder se desloca para fora e acima da sociedade. Depois das sociedades sem Estado, vm as sociedades segmentares e, s a partir de ento, surgem os Estados segmentares. Dentro destes, haveria, alis, que distinguir, numa primeira fase, a chamada chefatura, onde o poder poltico ainda est no seio da sociedade, para, numa segunda fase, surgir uma especializao do poder e uma estruturao piramidal. Finalmente, surgiria o Estado unitrio, onde se d a distribuio do poder atravs do centro, de forma hierrquica. Se Estado unitrio considerado como completamente desenvolvido, mas que nunca se realizou, j no Estado segmentar, onde h uma estrutura hierrquica de poder, notam-se as seguintes caractersticas fundamentais: a estrutura da soberania limitada, esbatendo-se nas regies afastadas do centro; o governo central tem apenas um controlo relativo dos outros focos do poder; h administraes especializadas tanto no poder do centro como nos poderes das periferias; o monoplio legtimo da fora no completo; se as relaes de poder se organizam de forma piramidal, h, porm, diferentes nveis de subordinao; quanto mais perifricas so as autoridades subordinadas, mais estas tm possibilidade de mudar de obedincia.

Estado Moderno: poder e representao

Durante o Perodo Medieval, o interior do mundo feudal europeu era politicamente fragmentado. Cada grande senhor feudal exercia em seus domnios uma autoridade quase absoluta sobre pessoas e bens. Nesse contexto, a Igreja Catlica desempenhou o importante papel de rgo conciliador das elites dominantes, procurando contornar os problemas da fragmentao poltica e das rivalidades internas da nobreza feudal. Como os nobres eram cristos , a Igreja procurou desviar as tenses internas do feudalismo , apontando como inimigos externos e comuns da cristandade os rabes muulmanos.

preciso ressaltar que, alm da autoridade religiosa, a Igreja tambm conquistou poderes materiais para impor laos de unio concreta entre nobres de diversos pases, na medida em que era proprietria de aproximadamente um tero das terras cultivveis. Assim, a Igreja estendia seu manto de poder universalista sobre diferentes regies europias.

No incio dos tempos modernos, assistimos a uma srie de grandes transformaes que atuaram na desestruturao do mundo feudal e, tambm, se refletiram na diminuio do poder da Igreja: a expanso comercial e martima, o desenvolvimento da burguesia, o Renascimento e a Reforma Religiosa. Entretanto, no plano propriamente poltico, o incio dos tempos modernos foi marcado pelo processo de fortalecimento das monarquias nacionais. Aliado a importantes setores da burguesia e, mesmo, da nobreza, os reis passaram a concentrar crescentes foras em suas mos, enfraquecendo os poderes locais da nobreza agrria e impondo-se sobre os poderes universalistas da Igreja Catlica.

No decorrer do processo de formao das monarquias nacionais, surgiu o Estado Moderno, tendo as seguintes caractersticas gerias:

Idioma comum: um dos elementos culturais que mais influenciou o sentimento nacionalista foi a lngua falada por um mesmo povo. Esse era um elemento que identificava origens, tradies e costumes comuns;

Territrio definido: eliminando-se , aos poucos , a fragmentao poltica do mundo feudal e o predomnio das relaes de vassalagem, cada Estado foi procurando definir suas fronteiras polticas , estabelecendo, enfim, o territrio comum da nao;

Soberania: no mundo feudal, o poder estava baseado, em grande parte, na suserania. Aos poucos, esse conceito foi cedendo lugar noo de soberania, pela qual o governante tinha o direito de fazer valer as decises do Estado dentro do territrio nacional;

Exrcito permanente: para garantir as decises do governo soberano, era preciso a formao de exrcitos permanentes, controlados pelos reis. A sociedade estava dividida entre grupos rivais da nobreza e da burguesia. O rei passou a alimentar essa diviso, enquanto foi concentrando uma grande soma de poderes em suas mos. Assim, os reis passaram a comandar exrcitos , distribuir a justia entre os sditos, decretar leis e arrecadar tributos . essa enorme concentrao de poderes em torno do rei caracterizou o absolutismo monrquico.Vrios pensadores formularam teses procurando dar fundamento terico ao absolutismo. Entre eles, destacam-se os seguintes:

Nicolau Maquiavel ( 1469-1527): nascido em Florena, Maquiavel foi um ativo poltico e hbil diplomata que defendeu a unidade italiana. considerado um precursor da teoria poltica do Estado Moderno, pois pregou a construo de um Estado forte, independente da Igreja e dirigido de modo absoluto por um Prncipe dotado de inteligncia e de inflexibilidade na direo dos negcios pblicos. Expondo com grande franqueza e objetividade suas idias, Maquiavel deu astutos conselhos aos governantes, rompendo com a religiosidade medieval e separando a moral individual da moral pblica. Em sua clebre obra O Prncipe, escreveu que o homem que queira em tudo agir como bom acabar arruinando-se em meio a tantos que no so bons. Da porque o Prncipe deve aprender a no ser bom e a usar ou no o aprendido, de acordo com a necessidade. O resultado das aes do Prncipe o que conta, e no a maneira por ele utilizada para conseguir os objetivos. Assim, para Maquiavel, os fins justificam os meios. Do nome de Maquiavel surgiu o adjetivo maquiavlico, que tem o sentido figurado de pessoa astuta, matreira e ardilosa;

Jean Bodin ( 1530-1596): jurista e filsofo francs, defendeu, em sua obra A Repblica, o conceito do soberano perptua e absoluto, cuja autoridade representava a vontade de Deus. Assim, todo aquele que no se submetesse autoridade do rei deveria ser considerado um inimigo da ordem pblica e do progresso social. Segundo Bodin, o rei deveria possuir um poder supremo sobre o Estado, respeitando , apenas o direito de propriedade dos sditos;

Thomas Hobbes (1588-1679): filsofo ingls, escreveu o livro Leviat ( o ttulo refere-se ao monstro bblico, citado no livro de J, que governava o caos primitivo), no qual compara o Estado a um monstro todo-poderoso, especialmente criado para acabar com a anarquia da sociedade primitiva. Segundo Hobbes, nas sociedades primitivas o homem era o lobo do prprio homem , vivendo em constantes guerras e matanas, cada qual procurando garantir sua prpria sobrevivncia. S havia uma soluo para dar fim brutalidade: entregar o poder a um s homem, que seria o rei, para que ele governasse todos os demais, eliminando a desordem e dando segurana a todos.;

Jacques Bossuet ( 1627-1704): bispo francs, reforou a teoria da origem divina do poder do rei. Segundo Bossuet, o rei era um homem predestinado por Deus para assumir o trono e governar toda a sociedade. Por isso, no tinha que dar justificativas a ningum de suas atitudes; somente Deus poderia julg-las. Bossuet criou uma frase que se tornaria verdadeiro lema do Estado absolutista: Um rei, uma f, uma lei.

Para transformar sua vida, antes de mais nada , voc precisa ter vontade genuna de mudar. Claro que vai enfrentar dificuldades, pois elas fazem parte de qualquer processo de mudana. R. SHINYASHIKI

Estado nacional e mundo contemporneo

Texto para reflexo

PRIVATEA CRISE DO ESTADO CONTEMPORNEO

Osvaldo Lus Golfe

INTRODUO Quando falamos de neoliberalismo e globalizao estamos falando de uma nova ordem mundial. Tal ordem capaz de tornar obsoleta a j existente: o Estado entra em crise, e obrigado a redefinir o seu papel; problemas sociais agravam-se cada vez mais e a desigualdade aumenta. As conseqncias desta nova ordem mundial no demoram aparecer: "A renda dos brasileiros que esto no topo da pirmide social, os 10% mais ricos, quase dez vezes maior que a soma dos rendimentos dos brasileiros que vivem abaixo da linha de pobreza, cerca de 30% da populao, na estimativa mais otimista". Junto com o desemprego, esta uma questo que deve ser o alvo principal de qualquer governo. No podemos negar que os planos de estabilizao trouxeram uma relativa tranqilidade, porm, sucedido de recesso. Isto mostra que, em primeiro momento, tais planos no so duradouros. Quanto ao futuro deles bastante incerta qualquer previso. Sem dvida, hoje, mais do que nunca estamos sujeitos s intempries mundiais. A grande questo : "para quem deve o governo governar, para os mercados ou para a sociedade?" A resposta bvia seria governar para a sociedade, porm no isto o que acontece. Os Estados nacionais muitas vezes no conseguem governar para a sociedade porque grande parte do dinheiro gasto com juros, etc.Com este trabalho, embora no tenhamos ainda perspectivas claras sobre a "nova ordem mundial", queremos acenar para esta crise que, sobretudo hoje, atinge o estado contemporneo.

1.CRISE DO ESTADO CONTEMPRNEO O marco inicial das sociedades contemporneas a Era das Revolues Burguesas, que teve incio com a Revoluo Inglesa na Sculo XVII, tendo como auge a Revoluo Francesa em 1789. Para muitos historiadores a Revoluo Francesa faz parte de um movimento global que atingiu os EUA, Inglaterra, Irlanda, Alemanha, Blgica, Itlia, etc., culminando com a Revoluo Francesa em 1789. Esta a revoluo que marca a passagem das instituies feudais do Antigo Regime para o capitalismo industrial. O que marca, basicamente a passagem da Idade Moderna para a Contempornea so as revolues: Industrial, Americana e Francesa. As conseqncias deste marco so irreversveis para todo o mundo; as naes passaram a identificar o poderio de um pas com sue desenvolvimento industrial. Este processo difundiu-se pela Europa, sia e Amrica. Tambm os ideais da "Igualdade, Liberdade e Fraternidade" espalham-se por toda a parte, ento, as Revolues Liberais, a independncia das colnias... A independncia das colnias latino-americanas faz parte da crise do Antigo Regime e da crise do sistema colonial que havia sofrido o primeiro abalo com a independncia dos EUA em 1783. Os elemento essenciais que desencadearam este processo so trs: Revoluo Industrial inglesa e a busca de mercados consumidores, quebrando assim o monoplio (pea essencial do sistema colonial); desequilbrio poltico europeu resultante dos conflitos provocados pela Revoluo Francesa e o Imprio Napolenico; desenvolvimento das colnias que entram em choque com a poltica mercantilista do sistema colonial. No Brasil, o que pode ser considerado como fato decisivo no processo de independncia a liberdade comercial que marca o fim do pacto colonial. Desde a Revoluo Industrial o capitalismo comercial estava sendo substitudo pelo capitalismo industrial. Para este o que interessa o comrcio livre, isto , compra de matria prima de quem quisesse e venda de produtos onde lucrasse mais. No queremos nos aprofundar nesta questo, pois, no nosso objetivo. Queremos apenas acenar para o contexto da passagem da Idade Moderna para a Contempornea e a nova ordem que este fato implantou. Como nosso tema de estudo "A Crise do Estado Contemporneo" bastante amplo queremos nos deter, sobretudo, no projeto neoliberal , globalizao e algumas conseqncias.

1.1 O projeto neoliberal Dentre os projetos neoliberal, socialdemocrata e o democrtico popular, o neoliberalismo est se tornando ou j um projeto hegemnico no Brasil e no mundo. O liberalismo, em termos econmicos "prega" a no interferncia do Estado na economia. Esta deve ter como base o livre jogo das foras do mercado, por exemplo: os preos das mercadorias so definidos pela concorrncia entre os agentes econmicos e pela lei da oferta e da procura. Nesta perspectiva o esperado que o aumento da oferta seja causa da diminuio dos preos e vice-versa. Alguns pontos essenciais do liberalismo so: a livre iniciativa de indivduos e grupos; a livre concorrncia entre eles e o livre acesso propriedade e ao lucro. Depois de "um tempo em baixa", por causa do fortalecimento do Estado durante algum perodo do sculo XX, nas ltimas dcadas, aps o fim do socialismo no leste europeu, o liberalismo ressurge com novo vigor sob o nome de neoliberalismo. Os pontos bsicos deste projeto neoliberal foram sistematizados no chamado "Consenso de Washington, em 1989. Integrantes do Instituto de Economia Internacional e Washignton, do Banco Mundial, do Banco Internacional de Desenvolvimento e do Fundo Monetrio Internacional; tambm estavam presentes representantes dos EUA, pases da Amrica Latina, Central e Caribe. Tal reunio teve como objetivo discutir a economia do continente, que resultou em dez pontos: ajuste fiscal; reduo do tamanho do Estado (redefinio do seu papel; menor interveno na economia); privatizao; abertura comercial; fim das restries ao capital externo; abertura financeira; desregulamentao (reduo das regras governamentais para o funcionamento da economia); restruturao do sistema previdencirio; investimentos em infra-estrutura bsica; fiscalizao dos gastos pblicos e fim das obras faranicas". evidente que esta reunio, da qual falamos, foi provocada por um necessidade de discutir a economia de uma forma global e porque os problemas so muitos e tambm globais. Estas medidas j esto sendo implantadas tambm em alguns pases latino-americanos , e, uma das crticas que j pode-se fazer que tais medidas no tem se preocupado, em primeiro lugar com os graves problemas sociais existentes.

1.2 Neoliberalismo e polticas pblicas. A tese central do liberalismo velho e novo continua sendo a mesma "o menos de Estado e de poltica possvel", isto , o Estado deve intervir o mnimo possvel na economia. Segue-se a isto os "dez pontos" sistematizados pelo Consenso de Washington. Um fator que impulsionou a expanso do neoliberalismo em todo o mundo foi a juno entre os ideais neoliberais e o "movimento real do capitalismo na direo de um desregulamentao crescente e de uma globalizao econmica de natureza basicamente financeira". Este foi o mesmo caminho pelo qual o neoliberalismo chegou ao Brasil e na maior parte da Amrica Latina: um caminho econmico e o outro poltico. Temos bem claro estes dois caminhos: primeiro, contexto de renegociao da dvida externa; segundo, faz parte deste jogo a aceitao das condies e das polticas e reformas econmicas impostas pelo credor. A razo, pela qual este projeto deve vigorar em todo o mundo a de que uma economia nacional, no mundo globalizado do ponto de vista financeiro, que no tenha moeda estvel e um equilbrio fiscal e no tenha implementado o "trip reformista", precisa de crdito junto aos "manda-chuvas" da economia mundial, isto , FMI, etc. (j citados acima). A no observao das regras pode resultar numa sano por parte dos mercados financeiros. Um ataque especulativo de tais mercados capaz de destruir um governo e uma economia nacional em poucas horas. Os mercados financeiros ditam as medidas que precisam ser adotadas pelos governo. Assim, as polticas pblicas nacionais esto "amarradas" a uma poltica internacional. Quanto aos pases que assumiram tardiamente este projeto, como o Brasil e muitos pases latino-americanos, que dizer a respeito do futuro das polticas pblicas destes pases? J falamos anteriormente que estes planos no tm resolvido os reais problemas sociais; o sucesso inicial dos planos de estabilizao tm sido sucedido pelo "aumento do desemprego, desacelerao do crescimento e do aumento exponencial da dvida pblica" Neste sentido, o que podemos esperar um agravamento da crise provocada pela diminuio dos recursos disponveis para fazer polticas pblicas de tipo social.

1.3 O novo papel do Estado frente globalizao Este subttulo "O novo papel do Estado frente globalizao" induz a pensar que isto seja consenso universal e que frente a ela o nico papel a ser desempenhado pelo Estado desenvolver um poltica de insero no mundo globalizado, com eficincia. A globalizao est fundamentada, basicamente em trs mitos: 1o.: "a globalizao uma resultante exclusiva das foras de mercado". Se assim fosse, tratar-se-ia de uma nova ordem econmica e que qualquer governo de bom senso deveria adot-la. 2o.: "a globalizao um fenmeno universal, inclusivo e homogeneizador". Neste sentido, globalizao uma nova ordem mundial, dinmica, e, os pases que no aderirem a este projeto esto fadados a "nadar, nadar e morrer na praia". 3o.: "a globalizao promove uma reduo pacfica e inevitvel da soberania dos estados nacionais". Com isto muitos idelogos mais eufricos prevem o inutilidade do estado. Toda a raa humana estaria agregada s naes desenvolvidas. Com relao a estes trs mitos, percebemos que no s as foras de mercado, mas tambm determinaes polticas e ideolgicas atuam ao lado da economia, abrindo assim as portas para um processo de globalizao restrito e excludente; um projeto que aumenta a polarizao das riquezas entre os pases e classes. Enfim, na globalizao tambm h contradies. O impacto produzido por ela sentido diferentemente em cada Estado Nacional e em cada classe social. O novo papel do Estado, das foras sociais e polticas internas adotar medidas para conter a crescente desigualdade social. Tambm cabe aos pases "centrais", "pais do neoliberalismo" preocupar-se em desenvolver programas que tenham por base a solidariedade para com os pases chamados "perifricos" que adotaram tardiamente o projeto neoliberal.

CONCLUSO Quanto ao Estado assistimos a duas situaes: 1o.: triunfo do Estado sobre os indivduos (socialismo no leste europeu); 2o.: o triunfo de grupos econmicos sobre o resto do mundo. Com isto nem indivduos e nem naes tem seu direitos respeitados. Naes pobres so obrigadas recesso, no construo de escolas, baixos salrios, no cuidar da sade pblica, muitas pessoas so condenadas morte por causa dos altos juros pagos aos credores. Diante desta situao os governos perdem a autonomia, no conseguem realizar uma poltica pblica direcionada realmente ao bem comum de toda a nao. A globalizao o triunfo de um grupo econmico sobre o mundo. Tal triunfo no se preocupa com os problemas sociais que isto trs como conseqncia. Este caminho, penso, irreversvel. O que precisamos redimensinar a globalizao: ao invs de ser exploradora deveria ser uma globalizao solidria.

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Mudar tambm questo de treino. Simplesmente deixar de fazer o que foi automatizado e treinar o novo comportamento R. SHINYASHIKI

apostila enviada por colaborao de Tainara Molin