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GUIA DE ESTUDOS ACR (2016) A crise de refugiados na Europa Lílian Madureira Teles Diretora Christyane Gomes Martins Diretora Assistente Lorenzo Magalhães Diretor Assistente Pedro Henrique dos Santos Ferreira Diretor Assistente

GUIA DE ESTUDOS - 17minionuacnur2016.files.wordpress.com · Diferenciação entre Refugiado, Migrante e Deslocado De acordo com a Convenção Relativa ao Estatuto dos Refugiados (1951)

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GUIA DE ESTUDOS

ACR (2016) A crise de refugiados na Europa Lílian Madureira Teles Diretora Christyane Gomes Martins Diretora Assistente Lorenzo Magalhães Diretor Assistente Pedro Henrique dos Santos Ferreira Diretor Assistente

SUMÁRIO

1. APRESENTAÇÃO DA EQUIPE .............................................................................................. 2

2. APRESENTAÇÃO DO TEMA.................................................................................................. 4

2.1 Diferenciação entre Refugiado, Migrante e Deslocado ..................................................... 4

2.2 A Crise de Refugiados ........................................................................................................ 6

2.2.1 A Situação da Síria ......................................................................................................... 10

2.2.2 A Situação do Afeganistão ............................................................................................ 13

2.3 Desafios enfrentados com a concessão de refúgio ........................................................ 15

3. APRESENTAÇÃO DO COMITÊ ............................................................................................ 16

4. POSIÇÃO DOS PRINCIPAIS ATORES ................................................................................. 18

4.1 Alemanha............................................................................................................................ 18

4.2 França ................................................................................................................................. 19

4.3 Grécia ................................................................................................................................. 19

4.4 Hungria ............................................................................................................................... 20

4.5 Jordânia .............................................................................................................................. 21

4.6 Turquia ............................................................................................................................... 22

5. QUESTÕES RELEVANTES NAS DISCUSSÕES.................................................................. 23

REFERÊNCIAS ......................................................................................................................... 24

TABELA DE DEMANDAS DAS REPRESENTAÇÕES ............................................................. 29

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1. APRESENTAÇÃO DA EQUIPE

Prezados senhores delegados, sejam muito bem-vindos! Meu nome é Lilian Madureira

Teles e sou a diretora do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR)

2016. Durante a realização do 17º Modelo Intercolegial das Nações Unidas (MINIONU), estarei

cursando o sétimo período do curso Relações Internacionais na Pontifícia Universidade Católica

de Minas Gerais (PUC Minas). Nas edições anteriores do projeto, tive a oportunidade de

participar como voluntária (2014), e diretora-assistente (2015). Minhas participações no

MINIONU me proporcionaram muito conhecimento, mas, acima de tudo, o projeto me ajudou a

me desenvolver como pessoa, a melhorar as minhas capacidades de oratória, de trabalho em

equipe, de tomar decisões rapidamente, e de me relacionar com as pessoas. É por todos os

bons frutos que o projeto me rendeu, que eu retorno na 17ª edição, com a expectativa de que

esta seja ainda melhor para todos nós.

Com relação à temática que trataremos em nosso comitê, a atual Crise de Refugiados,

acredito que sua discussão seja extremamente relevante, especialmente por seu caráter de

contemporaneidade. Vejo esse comitê como uma oportunidade para os senhores refletirem

sobre algo que afeta a vida de inúmeras pessoas, de pensarem em soluções, conhecerem

outras perspectivas sobre algo que está estampado todos os dias nos jornais de todo o mundo,

e de tomarem um maior conhecimento sobre a nossa atual conjuntura internacional. É uma

oportunidade de ampliarmos nossa visão de mundo, sair da zona de conforto em que vivemos,

e de entender algo bem distante de nossa realidade, mas que, infelizmente, é bastante real

para diversas pessoas. Espero que os senhores estejam tão empolgados e ansiosos quanto

nós estamos. Vejo vocês em outubro!

Caros delegados, me chamo Christyane Gomes Dias Martins e fui agraciada com a

oportunidade de ser a diretora-assistente do comitê do qual fazem parte, o ACNUR 2016. Sou

graduanda do terceiro período do curso de Relações Internacionais. Minha experiência com o

MINIONU iniciou-se no ano de 2015 quando fui selecionada como voluntária da Organização

das Nações Unidas para Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO). Espero que o MINIONU

seja tão marcante e inspirador para vocês como tem sido para mim. Minha escolha por compor

o ACNUR (2016) é simples: a crise dos refugiados é uma questão da atualidade, que provoca

mudanças no cenário o tempo todo, e preocupa não só a Europa, mas todo o mundo. É

constantemente debatida nos meios de informação, suas consequências a nível global ainda

não podem ser definidas de forma clara, e abrange uma grande variedade de assuntos. Desejo

a vocês uma ótima preparação! Até breve!

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Senhores delegados, bem vindos ao 17º MINIONU e ao ACNUR 2016! Meu nome é

Lorenzo Magalhães de Moraes e estou cursando o terceiro período de Relações Internacionais.

Meu primeiro contato com o MINIONU aconteceu em 2015, como voluntário do Conselho de

Segurança das Nações Unidas (CSNU). O MINIONU proporciona uma bagagem enorme de

conhecimento sobre diversos temas, e também ensina coisas básicas para seguir no dia-a-dia,

como responsabilidade, lealdade, amor com o que você faz e cordialidade. Esse ano, como

diretor-assistente, espero poder proporcionar a vocês a mesma experiência que pude aproveitar

de perto. Assim, espero que possam aproveitar este 17º MINIONU e o nosso comitê, e para

qualquer dúvida que tiverem, estarei mais que disposto a tentar resolvê-las. Grande abraço!

Caros delegados, meu nome é Pedro Henrique dos Santos Ferreira e terei a honra de

ser diretor-assistente deste comitê. Participei na edição anterior do projeto como voluntário no

comitê UNESCO. Foi por ter em vista o quão importante é a discussão sobre a Crise dos

Refugiados que decidi participar do ACNUR. Acredito que, estando esse tema tão em pauta nos

noticiários mundiais, os senhores terão grande bagagem para realizar belos discursos. Ainda

assim, é de suma importância que vocês leiam os dossiês e os posts do blog, para se

manterem atualizados, e lembrem-se que estamos disponíveis para ajudá-los a qualquer

momento. Bons estudos e nos vemos em outubro!

Agora que vocês puderam conhecer um pouco da nossa equipe, gostaríamos apenas de

dizer que este guia foi preparado com muito carinho como forma de ajudá-los a se prepararem

para as nossas discussões. Nele, vocês encontrarão as informações que julgamos mais

relevantes para contextualizá-los a respeito da temática que trataremos. As demais

informações, vocês encontrarão em nosso blog, em nossa página do Facebook, e em cada

dossiê. Como nosso tema é bastante atual, e acontecimentos novos ocorrem todos os dias,

será muito importante que vocês acompanhem as nossas postagens, para que estejam sempre

informados e atualizados, Além de todo o material de estudos que disponibilizamos, lembrem-

se sempre que toda a equipe estará disponível a qualquer momento para tirar dúvidas,

esclarecer algo que não tenha ficado claro, ou fornecer dicas e informações adicionais.

Estaremos disponíveis através do e-mail [email protected], e também da nossa

página no Facebook. Mais uma vez, sejam muito bem-vindos!

Atenciosamente,

Equipe ACNUR 2016.

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2. APRESENTAÇÃO DO TEMA

Violência generalizada, desrespeito aos direitos humanos, governos autoritários, guerras

civis, perseguições indevidas e surgimento de grupos terroristas são fatores que fazem parte há

muitos anos da realidade de alguns países. Esta situação, aliada à falta de expectativa de

término dos conflitos, provoca a fuga de muitas pessoas que se arriscam através das fronteiras,

na maioria das vezes clandestinamente, em busca de segurança.

Em 2015, eclodiu a chamada “crise dos refugiados”, situação que recebeu este nome

por se tratar da maior evasão de refugiados ocorrida desde a Segunda Guerra Mundial. Milhões

de indivíduos fugiram, e ainda fogem, do caos que envolve seus países de origem em direção

aos países vizinhos, ou à Europa, atravessando fronteiras ou até mesmo o Mar Mediterrâneo

em travessias extremamente perigosas. Ao se verem face ao temor constante, as pessoas se

tornam dispostas a se arriscar, pois a incerteza da travessia se torna mais atraente que a

certeza da insegurança. (BAJEKAL, 2015).

2.1. Diferenciação entre Refugiado, Migrante e Deslocado

De acordo com a Convenção Relativa ao Estatuto dos Refugiados (1951)1, refugiado é

aquele que “[...] temendo ser perseguida por motivos de raça, religião, nacionalidade, grupo

social ou opiniões políticas, se encontra fora do país de sua nacionalidade e que não pode ou,

em virtude desse temor, não quer valer-se da proteção desse país.” (ORGANIZAÇÃO DAS

NAÇÕES UNIDAS, 1951, p. 2). Mais recentemente, o termo “refugiado” passou a se referir

também aos indivíduos que se veem obrigados a deixarem seu país de origem por este se

encontrar em situação de conflito grave, ocorrendo violência generalizada e constante violação

dos direitos humanos. (ACNUR, [s/d]d). Sendo assim, ao se encontrarem sem a proteção de

seu próprio governo, seja porque este é, na verdade, a causa da perseguição, ou porque este

não possui condições de garantir a segurança dos cidadãos, os indivíduos deixam seus países

e solicitam a proteção de outro país. Cabe a este segundo país acolher ou não o pedido de

asilo, tendo como base princípios e normas internacionais e também a legislação interna de

cada Estado.

A Convenção Relativa ao Estatuto dos Refugiados (1951) é o documento que rege as

normas relacionadas aos direitos dos refugiados e às obrigações dos Estados em relação a

1 A Convenção Relativa ao Estatuto dos Refugiados (1951) poderá ser lida na íntegra através do seguinte endereço: http://goo.gl/CoFYhn.

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eles. Ela foi estabelecida em 1951 no âmbito da Assembleia Geral das Nações Unidas (AGNU),

e entrou em vigor em 1954. Possui como fundamentos:

[...] (i) princípio da proteção internacional da pessoa humana; (ii) princípios da cooperação e da solidariedade internacionais; (iii) princípio da não-devolução [...]; (iv) princípio da boa-fé; (v) princípio da supremacia do direito de refúgio; (vi) princípio da unidade familiar; e, por fim, (vii) princípio da não-discriminação. (PEREIRA, 2010, p. 69)

O princípio da proteção internacional da pessoa humana se baseia na Declaração

Universal dos Direitos Humanos (1948)2, especialmente em seu artigo 14, parágrafo 1, que

prevê o direito ao asilo: "Toda a pessoa sujeita a perseguição tem o direito de procurar e de

beneficiar de asilo em outros países." (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS, 2009, p. 8). Já

o princípio de non-refoulement, ou seja, da não devolução, é considerado "o núcleo central da

proteção internacional dos refugiados" (PEREIRA, 2010, p.70), e impede que os Estados

expulsem os refugiados que chegarem em seu território, e que os obrigue a voltar para o seu

país de origem, caso isto represente uma ameaça a sua vida. Este princípio se aplica ainda que

os países neguem a concessão de asilo, devendo realocar o indivíduo a um terceiro país, e não

devolvê-lo ao seu país natal. (PEREIRA, 2010).

O recebimento de refugiados acarreta vários desafios aos países que os acolhem, como

será abordado adiante, portanto uma solução importante são os chamados campos de

refugiados. Estes consistem em locais isolados, onde são distribuídas diversas barracas que

servirão de abrigo para os refugiados que ainda não foram alocados em algum país, e são

oferecidas as condições mínimas para sua sobrevivência. Os campos são criados e mantidos

por organizações internacionais e organizações não-governamentais (ONGs) e, para se

manterem, dependem de doação e do trabalho de voluntários. Essa é uma medida criada com o

intuito de ser provisória, abrigando os refugiados somente até que ele seja inserido em meio à

sociedade de um país, ou que obtenha condições de retornar para o seu próprio país. Todavia,

a falta de políticas públicas consistentes relativas ao acolhimento de refugiados na maioria dos

Estados, acaba por prolongar a permanência dos indivíduos nesses campos que, muitas vezes,

excedem sua capacidade de acolhimento. (MOREIRA, 2006).

Refugiados se diferenciam de migrantes econômicos e de deslocados internos. Os

migrantes saem de seus países em direção a algum outro com o objetivo de obterem melhores

condições de vida, maiores oportunidades de trabalho ou de educação, de estarem próximos de

2 A Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) poderá ser lida na íntegra através do seguinte endereço: <http://www.ohchr.org/EN/UDHR/Documents/UDHR_Translations/por.pdf>.

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suas famílias, dentre outros motivos, os quais não incluem ameaça à sua segurança. Além

disso, os migrantes continuam sob a proteção do governo de seu país natal, o que não

acontece com os refugiados. Já os deslocados internos são aqueles que, ao deixarem suas

casas em busca de segurança (o mesmo motivo dos refugiados), não ultrapassam as fronteiras

internacionais, se deslocando apenas dentro do próprio país e gozando da proteção do seu

próprio governo. (ACNUR, 2015c; ACNUR, [s/d]c).

2.2. A Crise de Refugiados

Até a metade do ano de 2015, o número de refugiados ao redor do mundo ultrapassou a

marca dos 20,2 milhões, sendo a primeira vez que este fato ocorre desde 1992. (GRAYNOR,

2015). Os refugiados são originários majoritariamente da Síria: aproximadamente 4,82 milhões

foram registrados pelo ACNUR até março de 2016. (SYRIA REGIONAL REFUGEE..., 2016).

Além da Síria, o Afeganistão, a Somália e o Sudão do Sul são os países que atualmente têm

causado a fuga do maior número de refugiados. Quanto àqueles que mais têm acolhido esses

refugiados, o principal deles é a Turquia (mais de 2 milhões), seguida pelo Paquistão (1.5

milhão), Líbano (1.15 milhão), Irã (982 mil), Etiópia (659 mil) e Jordânia (654 mil), como pode

ser visto na figura abaixo. (GLOBAL REFUGEE CRISIS..., 2015).

Figura 01 - Os dez países que mais recebem refugiados

Fonte: AMNESTY INTERNATIONAL, 2015.

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Além dos países apresentados no mapa, que são os mais procurados por serem

fronteiriços àqueles que mais originam refugiados, os países da União Europeia (UE) são

bastante procurados por aqueles que fogem em busca de segurança e melhores condições de

vida, sendo a Alemanha o país mais procurado. Esses indivíduos se arriscam em perigosas

travessias através do Mar Mediterrâneo por enxergarem na Europa uma esperança de

recuperar sua segurança e de suas famílias, e de voltarem a viver sem o temor constante que

os assola em seus países, em sua maioria localizados no Oriente Médio, devido às guerras

civis, e outros conflitos internos e ameaças. Entre janeiro de 2015 e fevereiro de 2016, mais de

1.1 milhão de pessoas, incluindo refugiados, deslocados ou migrantes, foram recebidos pela

Europa. (EUROPEAN COMISSION, 2016). O gráfico a seguir apresenta os 10 principais países

de origem das pessoas que solicitaram asilo na UE em 2015, sendo a imensa maioria originária

da Síria, seguida por Afeganistão, Iraque, Kosovo, Albânia, Paquistão, Eritreia, Nigéria, Irã e

Ucrânia. Pelo gráfico abaixo podemos perceber que os refugiados atualmente se originam

majoritariamente das regiões Oriente Médio, África Subsaariana e leste europeu.

Gráfico 01 - As 10 principais origens de pedidos de asilo na União Europeia

Fonte: Migrant crisis: Migration to Europe explained in seven charts, 2016

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A figura a seguir exibe um panorama das solicitações de asilo que foram feitas aos

países europeus. Pode-se perceber o destaque da Alemanha, Hungria, Suécia, Áustria, Itália e

França.

Figura 02 - Solicitações de asilo na Europa em 2015

Fonte: Migrant crisis: Migration to Europe explained in seven charts, 2016

A grande maioria dos refugiados que chegam à Europa, o fazem em pequenos botes por

meio dos quais atravessam o Mar Mediterrâneo. Apenas uma pequena parte faz a travessia por

terra. Segundo a Organização Internacional para Migrações (2016), 3.771 pessoas morreram

em 2015 durante a tentativa de atravessar o Mar Mediterrâneo em direção à Europa.

(INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR MIGRATION, 2016). O gráfico abaixo apresenta a

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comparação entre o número de mortes no Mar Mediterrâneo em 2014 e em 2015 (até o mês de

agosto), deixando bastante evidente o forte aumento do número de casos:

Gráfico 02 - Número de mortes de migrantes no mar Mediterrâneo por mês em 2014 e 2015

Fonte: Refugiados na Europa: a crise em mapas e gráficos (2015)

A morte de Aylan Kurdi, uma criança síria de três anos, em setembro de 2015, foi a que

mais chamou a atenção e causou comoção na mídia e nas pessoas em geral, levando a crise

de refugiados a conhecimento de todo o mundo. Desde a morte de Aylan, até fevereiro de 2016,

o ACNUR calcula que cerca de duas crianças morreram afogadas todos os dias durante as

travessias do Mar Mediterrâneo, o que representa mais de 340 crianças. Uma consideração

preocupante a ser feita é a de que crianças representam a metade do número atual de

refugiados. Essas crianças são, muitas vezes, privadas de sua infância, de educação e,

provavelmente terão suas vidas marcadas para sempre por conta da situação a que foram

submetidas ao serem obrigadas a deixarem seus lares para trás sem ao menos terem plena

consciência do motivo. (INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR MIGRATION, 2016;

PROCACCINI, 2016; ONU BRASIL, 2015).

O amplo número de refugiados que deixaram seus países tem sido um problema na

medida em que os países vizinhos não possuem condições de oferecer refúgio a todos eles, e

diversos países que dispõem da capacidade de abrigá-los oferecem resistência em fazê-lo, sob

a alegação de que não possuem condições financeiras, já que o recebimento de refugiados

implica gastos com diversos serviços, abrigos, criação de empregos, dentre outros, ou ainda por

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questões de segurança, alegando a possibilidade de existirem terroristas em meio aos

refugiados. Além disso, diversos campos de refugiados se encontram em estado de

superlotação, como é o caso do maior campo no Oriente Médio, Zaatari, na Jordânia, e também

o campo em Idomeni, na fronteira entre a Grécia e a Macedônia, e os que ali vivem, enfrentam

situações muitas vezes precárias, seja pela falta de assistência, pelo financiamento

internacional insuficiente, ou pela carência de políticas de inserção desses indivíduos na

sociedade. (BAJEKAL, 2015).

2.2.1 A situação da Síria

A atual conjuntura da Síria é marcada não só por uma guerra civil, como pela presença

do grupo terrorista Estado Islâmico3 e da Frente al-Nusra4, fatores que ajudam a explicar porque

a maioria absoluta dos refugiados possui origem síria. Desde que foi proclamada República, a

Síria enfrentou diversos golpes, sejam eles políticos ou militares. Foi por meio de um desses

golpes que, em 1971, Hafez al-Assad se tornou presidente, assim permanecendo até a sua

morte, 29 anos depois. A presidência síria foi imediatamente assumida por seu filho, Bashar al-

Assad, que ainda hoje permanece no poder, totalizando 44 anos de governo Assad.

(ZAHREDDINE, 2013).

A guerra civil na Síria teve seu início em 2011 quando, em meio à Primavera Árabe5,

alguns jovens que haviam escrito mensagens antigoverno pelos muros do país, foram

torturados, gerando revolta e uma forte onda de protestos que se estendeu rapidamente por

toda a Síria, e que tomou enormes proporções. Com esse episódio, a insatisfação dos

revoltosos com relação ao regime de Assad foi intensificada, exigindo sua retirada do poder, e

3 "O Estado Islâmico (EI), também referido como Islamic State of Iraq and Levant (ISIL) ou Islamic State

of Iraq and Syria (ISIS), é um grupo terrorista atualmente considerado como a maior ameaça à paz e a segurança internacional. O processo de formação do grupo se iniciou em 1999 [...]. O grupo faz uma releitura extremamente estrita e radical do Alcorão, livro sagrado para a religião islâmica [...].” (SOUZA e VILELA, 2015). Os principais objetivos do grupo são: “(…) reviver o Islã, retomando sua forma pura, unindo o mundo muçulmano sob um regime verdadeiramente islâmico, e, assim, restaurar a dignidade e a grandeza do seu povo ao cumprir as ordens de Deus.” (BARRETT apud SOUZA e VILELA, 2015).

4 A al-Nusra, a Frente para Defesa do Povo Sírio, é um grupo jihadista extremista ligado à organização terrorista al-Qaeda. Ele visa a criação de um Estado Islâmico da Síria, através da implementação da religião islâmica sunita no país, que seria regido pela lei islâmica sharia, e propõe a “salvação da Síria”, se opondo ao atual presidente Bashar al-Assad, que é pertence à etnia alauíta. A Frente é responsável por diversos ataques que ocorrem na Síria, principalmente atentados suicidas. (AL-QAEDA LEADER IN..., 2013; PROFILE: SYRIA´S AL-NUSRA..., 2013).

5 A "Primavera Árabe" foi uma onda de revoluções populares que ocorreram entre 2010 e 2011, tendo seu início na Tunísia e se espalhando por diversos países do Oriente Médio e norte da África. As revoltas tiveram como principais motivações "o autoritarismo, as políticas que deterioraram a economia, o desemprego, pobreza, repressão, corrupção, e falta de liberdades civis." (RAMOS, 2013).

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as manifestações, que antes eram de origem pacífica, se tornaram violentas. Com a rápida

escalada dos protestos, aumentou também a repressão por parte do governo que, além de

fazer uso de forte violência contra os manifestantes, aplicava penalidades como a suspensão

do abastecimento de água e energia para algumas regiões. Dois anos após o início das

hostilidades, o governo fez uso de armas químicas contra os civis, causando diversas mortes e

despertando revolta na comunidade internacional. (SANTOS, 2014; ZAHREDDINE, 2013).

Em meio à guerra civil, houve o surgimento de diversos grupos oposicionistas, que além

de lutarem contra o atual governo Assad, muitas vezes entram em conflito com outros grupos

também da oposição. Além disso, a conjuntura do país facilitou a disseminação em território

sírio do grupo terrorista Estado Islâmico do Iraque e da Síria. O grupo visa o estabelecimento de

um Estado puramente islâmico, criticando os países que relativizam o Alcorão (livro sagrado

para o Islamismo). O Estado Islâmico persegue os não praticantes do Islamismo, islâmicos que

não sejam de etnia sunita, e até mesmo sunitas moderados, que tenham se estabelecido nas

regiões em que eles visam se expandir como, por exemplo, os curdos no Iraque. Os povos

islâmicos que se rejeitam a apoiar a causa proposta pelos militantes do grupo terrorista também

são vítimas de perseguição. A presença do grupo no país torna sua realidade ainda pior, tendo

em vista que, além de serem alvo das perseguições e atentados do grupo, a Síria é alvo de

diversos países que visam exterminar o Estado Islâmico e, com isso, atacam o território sírio em

operações nas quais diversos civis são mortos. A Rússia e os Estados Unidos são os principais

promotores de ataques aéreos sob a prerrogativa de atingir membros do grupo, no que

denominam uma luta contra o terrorismo. (SOUZA e VILELA, 2015).

Outro aspecto da Síria que agrava os conflitos é a quantidade de grupos étnicos e

religiosos existentes no país. A Síria possui maioria árabe6 (90,3%), mas é composta também

por Curdos, Armênios e outros grupos étnicos. No quesito religião, a predominante é o

Islamismo, que se divide principalmente entre Sunitas (que representam 74% de sua

população) e Alauitas (religião a qual pertence o líder al Assad). Existem também outros

muçulmanos, além de cristãos, drusos e judeus na Síria. (THE WORLD FACTBOOK, [s/d]).

De acordo com Zahreddine (2013),

O impasse na resolução do dilema sírio é fruto desta multidimensionalidade do conflito. A retroalimentação das forças governamentais e oposicionistas por

6 O termo "árabe" diz respeito a uma identidade étnica, um povo, e é usado também para se referir à

língua falada por esse povo. Esse termo não se relaciona diretamente com a religião, sendo assim, nem todo árabe é adepto da religião islâmica, bem como nem todo muçulmano é árabe, havendo outros povos que praticam esta mesma religião. (OFFICE OF THE DEPUTY CHIEF OF STAFF FOR INTELLIGENCE, 2006).

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seus respectivos aliados sejam eles domésticos, regionais ou potências mundiais, não permite o fim das hostilidades. Ambas as partes não alcançam o poder necessário para fazer com que a outra ceda, gerando assim a estagnação do conflito, a manutenção da violência e o aumento da morte de civis. Além disto, aspectos religiosos, históricos e geográficos dificultam a solução do contencioso. (ZAHREDDINE, 2013).

Diante da situação apresentada e sem expectativa de término dos conflitos, mais de 4,8

milhões de sírios fugiram de seu país em busca de refúgio e, desde 2011, cerca de 200 mil

pessoas foram mortas na Síria. A estimativa é que o número de indivíduos mortos e obrigados a

fugirem de seus lares devido à guerra representa metade do que foi a população síria antes da

guerra eclodir. (SYRIA’S REFUGEE CRISIS..., 2016).

Os refugiados sírios estão distribuídos majoritariamente entre Turquia (2,5 milhões),

Líbano (1,1 milhão), Jordânia (635 mil), Iraque (245 mil) e Egito (117 mil). (SYRIA’S REFUGEE

CRISIS..., 2016). No gráfico a seguir, é possível identificar os principais países que concederam

asilo aos refugiados sírios entre 2011 e 2015.

Gráfico 03 - Registro de refugiados sírios por país de asilo, entre fevereiro de 2011 e setembro de 2015

Fonte: FOCUS ON SYRIANS, [s/d]

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Diversas negociações de paz têm sido realizadas entre representantes sírios e das

Nações Unidas em busca da interrupção da guerra civil síria, sendo que a mais recente delas

ocorreu em março de 2016, sob o comando do enviado especial da Organização das Nações

Unidas (ONU) para a Síria, Staffan de Mistura. O Grupo Internacional de Apoio à Síria (ISSG)

possui destaque nas operações de paz no país. O grupo, composto por Alemanha, Arábia

Saudita, China, Egito, Emirados Árabes Unidos, Estados Unidos, França, Irã, Iraque, Itália,

Jordânia, Líbano, Liga Árabe, Nações Unidas, Omã, Organização da Cooperação Islâmica

(OCI), Qatar, Reino Unido, Rússia, Turquia e UE, atua no apoio à implementação da Resolução

2254 do Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU) adotada em 18 de dezembro de

2015. (STATEMENT OF THE..., 2016; ONU BRASIL, 2016d). A Resolução 2254 consiste na

[...] primeira resolução voltada exclusivamente à obtenção de uma solução política para o conflito armado na Síria, que perdura desde 2011. Entre outras medidas, a Resolução 2254 solicita ao Secretário-Geral das Nações Unidas que promova negociações formais, a serem iniciadas em janeiro próximo, entre representantes do governo e da oposição com vistas a inaugurar, com a devida brevidade, um processo de transição política. (BRASIL, 2015, p. 1).

Além disso, o grupo promove o fornecimento de comboios de ajuda humanitária que

levam alimentos, água, e materiais de primeiros-socorros para atender a população síria que se

encontra em regiões isoladas, atua em prol da liberação de pessoas que tenham sido

arbitrariamente detidas, promove a luta contra o terrorismo e age pela criação e implementação

de acordos de cessar-fogo. Em 27 de fevereiro de 2016, como resultado das negociações

realizadas pelos Estados Unidos e pela Rússia, foi estabelecido um acordo de cessar-fogo na

Síria, o que representa um avanço em termos de uma possível resolução dos atuais conflitos

que permeiam o país. (ONU BRASIL, 2016c; GELBERT, 2016; STATEMENT OF THE..., 2016).

2.2.2 A Situação do Afeganistão

O Afeganistão é o país que origina o segundo maior número de refugiados atualmente, e

ocupou o primeiro lugar do ranking durante 30 anos, até a eclosão da guerra civil síria, em

2011. Até a metade do ano de 2015, haviam mais de 2,6 milhões de refugiados afegãos

espalhados ao redor do mundo, além dos quase 950 mil deslocados internos, o que se deve

aos diversos conflitos que ocorreram e ainda ocorrem no país. Os destinos da maioria dos

refugiados afegãos são o Irã e o Paquistão, o que se deve à proximidade desses países.

(UNHCR, 2015a; AFGHAN REFUGEES, 2015).

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Em meio à Guerra Fria, em dezembro de 1979, o Afeganistão foi invadido por milhares

de tropas da antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) que buscavam ajudar

na retirada do então governante afegão, Hafizullah Amin, do poder e no estabelecimento de um

regime socialista no país. Com o apoio soviético, o poder foi assumido por Barbrak Karmal,

causando a insatisfação de uma parcela da população que era contrária tanto ao governo,

como à intervenção soviética. Os revoltosos, chamados mujahedins, recebiam apoio militar e

financeiro de diversos países, como Estados Unidos, Arábia Saudita, Paquistão e Irã, o que

contribuiu para a rápida escalada dos conflitos no país, e acabou por culminar em uma guerra

civil. Sete anos depois, Karmal foi deposto, mas o poder permaneceu nas mãos de outro aliado

da URSS, Mohammad Najibullah, alimentando a insatisfação dos opositores ao governo. Em

1988, é assinado um acordo de paz. Essa estabelecia a retirada das tropas soviéticas do país,

e ainda por conta desse, um aliado dos mujahedins assume o poder, mas o conflito ainda

permanece internamente devido à bipolaridade entre as forças favoráveis e as opositoras ao

governo. (AFGHANISTAN PROFILE – TIMELINE, 2015).

Esse contexto conflituoso propiciou a ascensão da milícia Talibã, um grupo terrorista

oriundo do Paquistão. Esse interpreta os princípios do Islamismo de forma radical, e age em

conformidade com a interpretação fundamentalista que fazem do Alcorão, aplicando punições

àqueles que julgam não agir em conformidade com tais princípios. O grupo tomou o controle de

uma grande parte do território afegão em meados de 1997, chegando a ser reconhecido como

governo legítimo por alguns países. (AFGHANISTAN PROFILE – TIMELINE, 2015).

Em 1998, Osama bin Laden, líder do grupo al-Qaeda, aliado do Talibã, se tornou alvo

dos Estados Unidos por ser acusado pelo ataque às Embaixadas estadunidenses na África, o

que causou diversos ataques aéreos realizados pelo país norte-americano no Afeganistão. Em

11 de setembro de 2001, ocorreu o ataque ao World Trade Center, nos Estados Unidos, cuja

responsabilidade foi reivindicada pela al-Qaeda. Com esse episódio, a perseguição

estadunidense à Osama bin Laden foi extremamente intensificada, e consequentemente, os

bombardeios ao Afeganistão foram agravados. Neste mesmo ano, o país foi invadido pelos

Estados Unidos, na busca por Osama bin Laden e sob a prerrogativa de retirar o Talibã do

poder. Bin Laden foi encontrado e morto em 2011, e, apesar de muitas tropas estadunidenses

terem sido retiradas do Afeganistão, algumas ainda permanecem. (TALIBÃ É FRUTO..., 2009).

A atual situação do Afeganistão é de instabilidade, e a violência ainda rodeia o país. O

histórico de conflitos apresentados que envolveram o Afeganistão, aliados à presença de

grupos terroristas presentes no país, justificam a enorme quantidade de refugiados que se

viram, e se veem, obrigados a deixarem seu país em busca de segurança em outro lugar.

15

2.3 Desafios enfrentados com a concessão de refúgio

Os países que oferecem abrigo aos refugiados enfrentam diversos desafios,

especialmente frente ao intenso fluxo que existe atualmente. Além de necessitarem de uma

estrutura adequada para receber os solicitantes de asilo, os países devem criar condições para

que esses indivíduos sejam inseridos em sua sociedade, e tenham todos os seus direitos

garantidos. Um dos problemas causados pelo intenso fluxo de refugiados é a sua distribuição.

Existe uma grande concentração de refugiados em países como Hungria, Grécia, Alemanha e

Itália, que não possuem estrutura suficiente para abrigar todos os refugiados que adentraram

em seu território, e cujos centros de acolhimento se encontram em situação de superlotação.

Em contrapartida, alguns países que possuem condições de oferecer refúgio, como o Reino

Unido, não se demonstram dispostos a fazê-lo, ou acolhem um número muito pequeno em

relação à quantidade de indivíduos que necessitam de refúgio atualmente, o que se deve a

diversos motivos. (MIGRANT CRISIS: MIGRATION..., 2016).

A concessão de asilo por países pertencentes à UE tem como princípio a Regulação de

Dublin, em vigor desde janeiro de 2014, que prevê uma série de elementos que determinam

sobre qual país incidirá a responsabilidade de cada pedido de asilo feito. O primeiro fator a ser

analisado são os possíveis laços familiares que o solicitante tenha em algum dos países do

continente. O segundo critério seguido é que o responsável por examinar o pedido de asilo será

o primeiro país europeu no qual o refugiado adentrou. Essa regulação tem como justificativa

aumentar a eficiência do processo de concessão de asilo, garantir que os países não fujam de

suas responsabilidades e que não haja diversos pedidos de asilo advindos de um mesmo

solicitante. O fato é que os procedimentos especificados na Regulação acabam por prolongar o

prazo de análise dos pedidos de asilo e por sobrecarregar os países que se localizam nas

bordas do continente europeu, que são sempre os primeiros a serem adentrados e que, muitas

vezes, possuem condições econômicas e estruturais inferiores às dos países mais

desenvolvidos do continente. Esse é o caso, por exemplo, da Grécia que, devido à sua

localização geográfica, recebeu o maior número de refugiados sírios na Europa até o momento,

ainda que o país esteja ultrapassando uma situação de profunda crise econômica. (DUBLIN

REGULATION, [s/d]).

Outro obstáculo enfrentado na concessão de asilo é a necessidade de uma política

pública muito consistente para incorporar os refugiados na sociedade, sendo necessário

investimento financeiro em uma estrutura adequada para seu recebimento, como a construção

de abrigos, além do investimento em políticas de inserção desses indivíduos, garantindo-lhes

16

todos os direitos que lhes convém. Esse fator acaba por limitar o número de refugiados

recebidos por cada país, já que não basta recebê-los, é preciso que haja a implementação de

políticas satisfatórias e que investimentos sejam realizados. Desse modo, o recebimento de

refugiados representa um gasto a mais para o Governo que os acolhe, o que representa um

desafio ao próprio Governo e causa revolta popular em alguns países do mundo, como nos

Estados Unidos, onde uma parcela da população alega que o dinheiro a ser investido no apoio

aos refugiados, deveria ser aplicado em benefício dos próprios cidadãos do país.

(STUDEBACKER, 2015).

Além do que já foi mencionado, muitos países apresentam certa resistência em receber

refugiados sob a alegação de que sua segurança poderia ser comprometida. Essa preocupação

se deve, em partes, pelo fato de a maioria dos refugiados serem advindos de países da região

do Oriente Médio, onde a religião predominante, o islamismo, e a cultura se divergem

extremamente dos valores compartilhados no mundo ocidental, o que acaba por gerar

preconceito e discriminação, tanto por parte dos governantes quanto pela própria população.

Esse argumento é justificado pelos casos em que terroristas islâmicos praticaram atos contra

países ocidentais, e ganha força com a disseminação do Estado Islâmico e com o risco de que

militantes do grupo se infiltrem em meio aos refugiados como forma de facilitar sua entrada em

países que possam ser possíveis alvos do grupo. (BELLWARE, 2015; MIGRANT CRISIS:

MIGRATION..., 2015; TOGNOTTI, 2015).

3. APRESENTAÇÃO DO COMITÊ

O ACNUR consiste em uma organização humanitária, apolítica e social interna à ONU

que tem como objetivo proteger pessoas que sofrem com perseguições, garantir e defender

seus direitos humanos como um todo e criar soluções para que essas pessoas possam

reconstruir suas vidas. Foi criado em 14 de dezembro de 1950 pela Assembleia Geral das

Nações Unidas (AGNU) e, desde então, tem legitimidade e liberdade para empreender ações

que consistem na proteção e bem-estar de refugiados de todo o mundo. A ideia inicial dos

membros da ONU era de se criar um órgão que se mantivesse ativo em curto prazo, visando

solucionar os problemas do grande número de refugiados em um contexto pós II Guerra

Mundial. Mas, devido às dificuldades existentes na resolução de conflitos, o ACNUR estendeu

seu período de mandato que inicialmente fora pensado e segue ativo até os dias atuais.

(MOREIRA, 2006). O ACNUR atua em 126 países, e busca priorizar aqueles que passam por

situações de conflito ou que sofreram com catástrofes naturais. A ONU estima que cerca de 50

17

milhões de pessoas já receberam assistência do Alto Comissariado e outros 43 milhões estão

atualmente sob os seus cuidados. É preciso salientar que não só os refugiados, mas também

os solicitantes de asilo, apátridas, repatriados e deslocados, dependem da ajuda promovida

pelo ACNUR. (ACNUR, [s/d]b).7

A organização tem respaldo legal por meio da Convenção das Nações Unidas sobre o

Estatuto dos Refugiados, adotada em 28 de julho de 1951, e entrando em vigor em 22 de abril

de 1954. Ele contém os instrumentos internacionais através dos quais é possível compreender

e aplicar os direitos dos refugiados e estabelecer padrões de tratamento para com refugiados.

O direito internacional dos refugiados determina as ações do órgão e é o seu quadro normativo.

Com os crescentes conflitos afetando refugiados e o crescente fluxo de perseguidos, o

Protocolo relativo ao Estatuto dos Refugiados foi preparado e reconhecido pela Assembleia

Geral em 1967. Dessa forma, as determinações da Convenção de 1951 passaram a valer para

todos os Estados sem data, ou espaço limite. Esses instrumentos garantem que qualquer

pessoa sob as condições estabelecidas no Estatuto dos Refugiados tenham direito à proteção e

refúgio. Para cumprir o que está previsto na Convenção de 1951 e o Protocolo de 1967, o

ACNUR atua em conformidade e colaboração com os governos, organizações regionais e

internacionais e ONGs. (ACNUR, [s/d] b; ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS, 1951;

ACNUR, [s/d] a).

O órgão é mantido, principalmente, pelas doações realizadas pelo governo de cada

país, e recebe também doações advindas de empresas privadas e indivíduos. Seu orçamento

atual é de 3 bilhões de dólares anuais e uma de suas responsabilidades é promover ações para

recolhimento de recursos, já que sua verba é composta de doações. A existência do ACNUR

não ausenta os países de suas responsabilidades em relação ao oferecimento de proteção aos

seus indivíduos e àqueles que procuram refúgio, atuando de forma a auxiliar aos Estados e

buscando assegurar que estes, além de estarem cientes de seus deveres, os cumpram. O

ACNUR é um órgão recomendatório, ou seja, suas resoluções não possuem caráter obrigatório

ou vinculante. As decisões são tomadas seguindo o critério da maioria, sendo que todos os

membros possuem o mesmo poder de voto. (ACNUR, [s/d]d).

7 Para ter acesso a uma descrição detalhada do histórico do comitê, acesse: <http://www.acnur.org/t3/portugues/informacao-geral/breve-historico-do-acnur/>.

18

4. POSIÇÃO DOS PRINCIPAIS PAÍSES

Compreender o posicionamento de cada Estado em relação ao recebimento de

refugiados é de extrema importância. Apesar de o ACNUR recomendar o recebimento de todos

aqueles que necessitam de refúgio, nem todos os países se demonstram dispostos a recebê-

los. Nesta sessão destacaremos o posicionamento dos principais atores em relação a atual

crise de refugiados.

4.1. Alemanha

A Alemanha foi o país que obteve o maior número de solicitações de asilo na Europa em

2015, e acolheu mais de um milhão de refugiados neste mesmo ano, sendo a maioria advinda

da Síria e do Iraque. O país se mostrou bastante disposto em receber os refugiados em meio ao

intenso fluxo que chegava até a Europa, e a chanceler alemã Angela Merkel encorajou a ida de

refugiados para o país em vários de seus discursos. Além disso, a Alemanha criou diversos

centros de acolhimento e estabeleceu programas de inserção dos refugiados recebidos em

meio à sociedade. (GERMANY’S REFUGEE CRISIS, 2016; ALEMANHA RECEBEU UM...,

2015).

Segundo a Regulação de Dublin, cada migrante deverá solicitar asilo ao primeiro país da

UE em que adentrar, mas Alemanha estabeleceu uma exceção à norma, permitindo que

refugiados sírios se aplicassem no país, independentemente de pelo qual país chegou à

Europa. Devido ao intenso fluxo absorvido em 2015, o país passou a enfrentar certas

dificuldades de realocação dos refugiados recebidos, e diversas cidades se declararam sem

condições de continuar o recebimento, por já se encontrarem sobrecarregadas. Por esse

motivo, a Alemanha passou a adotar medidas para melhor lidar com a situação, sendo a

principal delas é a expulsão de migrantes econômicos, sendo permitida a permanência apenas

daqueles advindos de zonas em conflito. (ALEMANHA RECEBEU UM..., 2015; COMO

ALEMANHA SE..., 2015).

A postura acolhedora alemã causou a insatisfação de uma parcela da população que se

posiciona contrariamente ao recebimento de migrantes. Além disso, demais países europeus

manifestaram preocupação com a segurança do continente, que poderia ser afetada pelo

enorme fluxo de refugiados recebidos pela Alemanha. (COMO ALEMANHA SE..., 2015).

19

4.2 França

A França é um dos países que mais recebem refugiados na Europa. Até a metade de

2015, o país havia recebido quase 54 mil solicitações de asilo, e abrigava cerca de 265 mil

refugiados. (UNHCR, 2015c). Em discurso proclamado em 16 de setembro de 2015, o Primeiro

Ministro francês, Manuel Valls, ressaltou que

É a vocação da França acolher aquele ou aquele que é perseguido por suas ideias ou por esta em risco à sua integridade. O governo francês, quaisquer que sejam as circunstancias não abandonará, não abandonará jamais por causa do seu direito, que é sua honra e que é uma referência de liberdade por todos aqueles e aquelas que atravessam o mundo, sofrendo violência ou opressão. (GOUVERNEMENT DE LA FRANCE, 2015, tradução nossa).

8

A França se declara aberta ao recebimento de refugiados, mas apesar da promessa

feita pelo presidente François Hollande de receber 30 mil refugiados sírios, apenas 300 foram

legalmente acolhidos até o momento. Após o ataque terrorista ocorrido em Paris em novembro

de 2015, cuja responsabilidade foi reivindicada pelo grupo Estado Islâmico, a França redobrou

sua preocupação com a segurança, aumentando o controle das fronteiras. (FRANÇA QUER

RECEBER..., 2016).

4.3 Grécia

Devido à sua localização geográfica, e sendo um dos principais portões de entrada na

Europa, a Grécia recebeu um enorme fluxo de refugiados que chegaram ao território grego ao

atravessar o Mar Mediterrâneo. O país se viu em meio ao caos, pois já se encontrava em uma

crise interna, de cunho político e econômico. Muitos dos refugiados tinham como pretensão

seguir caminho rumo a outros países europeus signatários do Tratado de Schengen9, mas

encontraram problemas devido ao fechamento de muitas fronteiras. Desse modo, muitos se

viram obrigados a permanecerem na Grécia, tornando-se responsabilidade do governo grego. A

Grécia já gastou 350,6 milhões de euros com o auxílio aos refugiados, o que corresponde a

8 "Il est de la vocation de la France d’accueillir celui ou celle qui est persécuté pour ses idées ou exposé à

des risques pour son intégrité. Le gouvernement français, quelles que soient les circonstances, ne remettra pas, ne remettra jamais en cause ce droit, qui est son honneur et qui est une référence de liberté pour tous ceux, pour toutes celles qui, à travers le monde, subissent la violence ou l’oppression." (GOUVERNEMENT DE LA FRANCE, 2015).

9 Tratado inicialmente firmado entre estados-membros da União Europeia sobre a livre circulação de pessoas pelo território, desenvolvendo um conjunto de regras e procedimentos comuns quanto a vistos e asilos políticos. Em 1997, ele foi integrado no direito da UE a todos os países-membros da união. (LUZ, 2016).

20

0,18% do PIB do país. (SÁNCHEZ-VALLEJO, 2016). Desde o dia 01 de Janeiro de 2015

entraram pelo território grego um total de 1.000.357 de refugiados, envolvendo sírios em sua

maioria, afegãos e norte africanos. (ACNUR, 2016b). O governo grego clama por ajuda

internacional para que consiga lidar com a situação.

Após o fechamento da rota Balcânica, principal meio de acesso a outros países da zona

europeia, grande parte dos refugiados sírios se instalaram em solo grego, forçando o país a

encontrar medidas de acomodação. Algumas políticas adotadas pela Grécia foram a criação de

centros de amparo ao refugiado, a administração dos acampamentos, o policiamento das

fronteiras e a legalização, mesmo que temporária, daqueles que pediram asilo em seu território,

principalmente daqueles que são oriundos de países em conflito. Uma medida que pode ajudar

a atual situação grega foi o acordo firmado entra a UE e a Turquia em 20 de março de 2016,

que determina a volta de refugiados que chegarem a solo grego a partir desta data e que

vierem de países que não se encontram em conflito. (ACNUR, 2016b).

4.4 Hungria

A Hungria recebeu mais de 177 mil solicitações de asilo em 2015, sendo o segundo

maior número de pedidos de asilo em 2015, ficando atrás apenas da Alemanha. O país,

entretanto, demonstra um posicionamento bastante rígido em relação ao recebimento de

refugiados, e implementou diversas medidas restritivas para diminuir o fluxo de migrantes que

adentrava em seu território. Dentre elas, estão a instalação de cercas de arame farpado para

limitar suas fronteiras com a Sérvia e com a Croácia, e o intenso controle das mesmas,

chegando até mesmo a atirar canhões de água e gás lacrimogêneo para impedir a entrada de

migrantes. (ACNUR, 2015a; CAVALCANTE, 2015).

A Hungria declarou, em março de 2016, um estado de emergência e, sob a justificativa

de que houve o fechamento de fronteiras de países vizinhos, também fechou as suas, como

forma de evitar que o fluxo de refugiados em território húngaro aumentasse. Até esse momento,

o país já havia recebido mais de 380 mil migrantes. (HUNGARY SELLS OFF..., 2016;

REFUGIADOS NA EUROPA..., 2015; VINOGRAD, 2016).

O governo húngaro foi acusado de ser complacente com o xenofobismo da população

húngara com relação aos refugiados, e de permitir a disseminação de mensagens que incitem o

ódio em relação a eles, acusando-os, principalmente, de serem terroristas. Além disso, a

Hungria realizou a detenção de diversos migrantes que atravessaram suas fronteiras

21

ilegalmente, agindo contrariamente às normas de Direito Internacional para Refugiados.

(LETRA, 2015; MIGRANT CRISIS: MIGRATION..., 2015; SQUIRES, 2016).

4.5 Jordânia

A Jordânia é país que recebeu o segundo maior número de refugiados sírios, cerca de

630 mil, desde a eclosão da Guerra Civil na Síria, em 2011, ficando atrás apenas da Turquia.

Até fevereiro de 2016, se encontravam na Jordânia mais de 1.4 milhão de sírios. O intenso fluxo

de sírios para a Jordânia se explica pela divisão das fronteiras do norte do país com a Síria, o

que facilita muito a travessia. Além dos refugiados sírios e também devido à sua posição

geográfica, a Jordânia oferece asilo para um grande número de refugiados palestinos e também

iraquianos, sendo a maioria destes advinda da capital do Iraque, Bagdá. (JORDÂNIA ALERTA

QUE..., 2016; JORDAN, [s/d]; UNHCR, 2015b).

Apesar de não ser signatária da Convenção de Refugiados de 1951, a Jordânia se

demonstra bastante aberta ao recebimento destes refugiados, ainda que as atuais condições

socioeconômicas do país não sejam favoráveis. A Jordânia possui quatro campos de

refugiados, Al-Azraq, Zaatari, Marjeeb al-Fahood e Cyber City, que abrigam 20% dos refugiados

sírios do país, enquanto o restante se encontra nas áreas urbanas. Os campos se encontram

em situação de superlotação, e as pessoas que lá se abrigam enfrentam situações precárias, já

que a ajuda oferecida é insuficiente para satisfazer as necessidades de todos os que lá se

encontram. A situação daqueles que vivem nas áreas urbanas é ainda pior, já que desfrutam de

menor assistência e sua maioria se encontra abaixo da linha da pobreza. O campo em Zaatari,

inaugurado em 2012, é o maior em todo o Oriente Médio, e apresenta um estado de

superlotação, abrigando mais de 80 mil refugiados sírios, dos quais cerca de 40 mil são

crianças. (ACNUR, 2015b; JORDAN, [s/d]).

A Jordânia se compromete com a garantia da segurança dos campos de refugiados, além

de oferecer acesso aos serviços de saúde e às escolas jordanas para os abrigados. Além disso,

em fevereiro de 2016, o Rei da Jordânia, Abdullah II, em um de seus discursos, prometeu a

criação de empregos para 200 mil refugiados sírios, na tentativa de ajudá-los. Parte da

população jordana se demonstra resistente com relação ao recebimento de refugiados,

especialmente porque o fluxo para o país tem sido extremamente intenso, e eles se veem

obrigados a competirem por vagas em empregos, sendo que a taxa de desemprego no país já é

de 22%. O país solicita urgentemente e constantemente o auxílio dos demais países, devido a

sua capacidade de absorção de refugiados estar perto do fim. (JORDÂNIA ALERTA QUE...,

22

2016; SWEIS, 2016).

4.6 Turquia

A República da Turquia se mantém com um dos fortes membros da oposição ao

governo al-Assad desde o início da crise na Síria, pois defende que todos os países devem

eliminar lutas fratricidas e resolver os seus problemas pela via pacífica, segundo palavras do

primeiro ministro turco Ahmet Davutoglu, que ainda afirmou que a Turquia não tem nenhum

objetivo em ver a Síria destruída. Davutoglu deixou claro no dia 04 de março de 2016, durante

uma conferência de imprensa em Istambul, que a crise na Síria é produto do regime de Bashar

al-Assad e do apoio internacional conferido a ele e nada tem com a Turquia ou a EU, os que

estão sofrendo de fato com as suas consequências e custos. Segundo o primeiro ministro,

"Existem 2,7 milhões de irmãos sírios na Turquia. Centenas de milhares estão em um grande

esforço para atravessar para a Europa". (A TURQUIA NÃO..., 2016).

Em meados de 2015, já havia 2 milhões de refugiados na Turquia que chegaram ao país

desde o início da guerra civil na Síria, em 2011. Neste mesmo período, o gasto do governo

turco atingia os 6 bilhões de dólares com o atendimento e auxílio aos refugiados, contando com

apenas uma ajuda de custo externa de 350 mil dólares. (ABELLAN e PERÉZ, 2016).

Uma grande mudança para a Turquia e a crise de refugiados em geral foi tomada em

parceria com a UE no mês de março. Foi firmado um acordo que consiste na realocação e

devolução de refugiados sírios que cheguem às ilhas gregas via fronteira turca de forma ilegal a

partir do dia 20 de março. De acordo com um comunicado da UE, para cada sírio ilegal que

retorna da Grécia para a Turquia, “outro sírio será reassentado da Turquia para a UE.” (ONU

BRASIL, 2016a). O acordo só foi possível, pois condições turcas foram analisadas e aceitas

pelos 28 países-membros da UE, como uma ajuda de custo europeia de três bilhões de euros,

fim da necessidade de vistos para os turcos viajarem à países da UE e andamento do processo

para adesão da Turquia como mais um Estado-membro da união.

O processo já entrou em vigor, mas é questionado pelo ACNUR, pois há grande

preocupação com o tratamento dado aos refugiados. Segundo Melissa Fleming, porta voz do

ACNUR, o órgão “não se opõe ao envio de volta de pessoas sem necessidade de proteção e

que não tenham buscado asilo, desde que os direitos humanos sejam respeitados”. (ONU

BRASIL, 2016b, p. 2). O ACNUR ainda reitera que “os solicitantes de asilo só devem ser

devolvidos a um terceiro país se a responsabilidade pelo pedido de refúgio for assumida

substancialmente pelo terceiro país; se o solicitante for protegido da expulsão; e se o indivíduo

23

puder buscar asilo de acordo com os padrões internacionais, tendo acesso total e efetivo à

educação, trabalho, saúde e, se necessário, assistência social.” (ACNUR, 2016a, p. 2).

5. QUESTÕES RELEVANTES PARA AS DISCUSSÕES

1) Quais ações tomar perante a atual crise de refugiados para solucionar o problema a

curto e médio prazo?

2) As políticas adotadas pelos Estados condizem com o que está previsto na Convenção

Relativa ao Estatuto dos Refugiados?

3) Como garantir os direitos humanos de todos os refugiados em meio a uma crise

humanitária?

4) Quais as possíveis soluções para a alocação dos refugiados, em especial os sírios?

5) Quais seriam as medidas de segurança a serem tomadas para que todos os refugiados

sejam recebidos sem que a segurança dos países que os recebem seja posta em risco?

6) As normas estabelecidas pela UE relacionadas ao recebimento e distribuição dos

refugiados são as mais adequadas ou precisam ser reformadas?

7) Quais políticas deverão ser adotadas para que haja de fato uma inserção dos refugiados

em meio à sociedade?

8) Qual atitude tomar em relação às crianças, que representam mais da metade da

população de refugiados do mundo, e que são as mais frágeis psicológica e

fisicamente?

9) Quais medidas podem ser tomadas para colaborar com o fim dos conflitos nos países

que mais originam refugiados - Síria e Afeganistão?

24

REFERÊNCIAS

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TABELA DE DEMANDAS DAS REPRESENTAÇÕES

Na tabela a seguir cada representação do comitê é classificada quanto ao nível de

demanda que será exigido do delegado, numa escala de 1 a 3. Notem que não se trata de

uma classificação de importância ou nível de dificuldade, mas do quanto cada

representação será demandada a participar dos debates neste comitê. Esperamos que

essa relação sirva para auxiliar as delegações na alocação de seus membros, priorizando a

participação de delegados mais experientes nos comitês em que a representação do colégio for

mais demandada.

LEGENDA

Representações pontualmente demandadas a

tomar parte nas discussões

Representações medianamente demandadas

a tomar parte nas discussões

Representações frequentemente demandadas

a tomar parte nas discussões

REPRESENTAÇÕES DEMANDA

República Islâmica do Afeganistão

República da África do Sul

República Federal da Alemanha

República Argentina

Comunidade da Austrália

30

República da Áustria

Reino da Bélgica

República Federativa do Brasil

República da Bulgária

Canadá

República Popular da China

República do Chipre

República Democrática do Congo

República da Croácia

Reino da Dinamarca

República Árabe do Egito

Reino da Espanha

Estados Unidos da América

República da Finlândia

31

República Francesa

República Helênica (Grécia)

Hungria

República da Índia

República Islâmica do Irã

República do Iraque

República da Irlanda

Estado de Israel

República Italiana

Japão

Reino Hachemita da Jordânia

República Libanesa

Grão-Ducado do Luxemburgo

República da Macedônia

32

Reino da Noruega

Reino dos Países Baixos

República Islâmica do Paquistão

República Portuguesa

República do Quênia

Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do

Norte

Romênia

Federação Russa

República da Sérvia

República Árabe Síria

República Federal da Somália

República do Sudão do Sul

Reino da Suécia

Confederação Suíça

33

República da Turquia

República Oriental do Uruguai

República Bolivariana da Venezuela

Comissão Europeia

Comitê Internacional de Resgate

UNICEF