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GUIA DE PROJETO INTEGRADO PARA A CONSTRUÇÃO DE EDIFÍCIOS DE NECESSIDADES DE ENERGIA QUASE NULAS VERSÃO DRAFT

guia de projeto integrado para a construção de edifícios de

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GUIA DE PROJETO INTEGRADO 

PARA A CONSTRUÇÃO DE EDIFÍCIOS DE  

NECESSIDADES DE ENERGIA QUASE NULAS 

VERSÃO DRAFT 

 

 

 

 

 

 

   

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GUIA DE PROJETO INTEGRADO PARA A CONSTRUÇÃO DE EDIFÍCIOS DE  

NECESSIDADES DE ENERGIA QUASE NULAS  

 

VERSÃO DRAFT    2 de 32 

 

AUTORES 

Anne Sigrid Nordby e Per F. Jørgensen         Asplan, Noruega Klemens Leutgöb e StefanAmann         e7, Áustria; Salvatore Carlucci             eERG‐Polimi, Itália; Andy Sutton               BRE, Reino Unido Agris Kamenders             Ekodoma, Letónia  

 

 

TRADUÇÃO E ADAPTAÇÃO PARA A VERSÃO PORTUGUESA 

Carlos Laia Carlos Lisboa  

 

 

CONTACTO 

Carlos Laia CEEETA‐ECO, Consultores em Energia, Lda. Rua Dr. António Cândido, 10, 1º 1050‐076 Lisboa, PORTUGAL www.ceeeta‐eco.pt  

 

SÍTIO WEB DO PROJETO EUROPEU 

www.integrateddesign.eu 

 

 

  

O  projeto MaTrID  é  cofinanciado  pelo  Programa  Energia  Inteligente  para  a  Europa  da  Comissão  Europeia 

(Contrato nº: IEE/11/989/SI2.615952).  

 

O conteúdo deste documento é da inteira responsabilidade dos seus autores, não refletindo necessariamente 

a posição da União Europeia. Nem a EACI, nem a Comissão se responsabilizarão pelo uso da informação nela 

contida. 

   

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NECESSIDADES DE ENERGIA QUASE NULAS  

 

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PARTE 1 

 

Guia de projeto integrado 

Linhas de orientação para a implementação de um processo de projeto integrado de edifícios de elevado desempenho energético e ambiental 

 

 

 

 

   

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NECESSIDADES DE ENERGIA QUASE NULAS  

 

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O QUE É O PROJECTO ENERGÉTICO INTEGRADO? 

O  conceito  de  Projeto  Energético  Integrado  (em  inglês,  IED,  Integrated  Energy  Design)  tem  por 

objetivo a minimização das necessidades energéticas no projeto de um novo edifício ou na fase de 

reabilitação.  A  sua  implementação  baseia‐se  na  adoção  de  um  processo  de  projeto  integrado, 

multidisciplinar,  colaborativo  e  que  se  estende  ao  longo  de  todas  as  fases  do  processo  de 

construção,  em  particular  desde  as  fases  iniciais  da  conceção  da  intervenção  até  à  construção  e 

operação do edifício. 

Nos  últimos  anos,  as  políticas  europeias  têm  procurado  combater  os  efeitos  das  alterações 

climáticas através do estabelecimento de objetivos concretos de redução das emissões de gases com 

efeito de estufa. No sector da construção de edifícios, o objetivo europeu para o ano 2020 consiste 

em  exigir  que  os  novos  edifícios,  e  gradualmente  os  edifícios  reabilitados,  sejam  edifícios  com 

necessidades quase nulas de energia  (em  inglês nZEB – nearly Zero Energy Buildings). Um edifício 

com  necessidades  quase  nulas  de  energia  apresenta  um  desempenho  energético muito  elevado, 

devendo as necessidades de energia quase nulas ou muito pequenas ser cobertas em grande medida 

por energia proveniente de  fontes  renováveis,  incluindo energia proveniente de  fontes renováveis 

produzida no local ou nas proximidades. 

No entanto, se o desafio atual é o de enfrentar as ameaças das mudanças climáticas, é necessário 

tomar em consideração um conjunto de  fatores ambientais mais amplos, para além dos requisitos 

de eficiência energética dos edifícios. Portanto, o objetivo final do projeto de um edifício deve ser 

reduzir o impacto ambiental global, tendo em conta todos os fatores que participam na geração de 

gases com emissões de efeito de estufa.  

 

 

Figura 1: Jardim de infância KVAMSSTYKKET, Tromsø, Noruega; certificado PASSIVHAUS (voluntária).   

Projeto arquitetónico e paisagístico da Asplan Viak e Arkitekturverkstedet 

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NECESSIDADES DE ENERGIA QUASE NULAS  

 

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Uma maneira possível e útil para apoiar os projetistas neste complexo desafio pode ser a utilização 

de sistemas de avaliação de impacto ambiental, que normalmente permitem quantificar os impactos 

de  uma  construção  relacionados  com  a  sua  construção,  operação  e  desativação.  Alguns  dos 

indicadores  utilizados  em  esquemas  de  avaliação  ambiental  são  a  qualidade  do  ar  interior,  a 

prevenção do uso de  substâncias perigosas, o uso  responsável dos  recursos, a biodiversidade e o 

transporte  sustentável.  Como  exemplos mais  conhecidos  de  sistemas  de  avaliação  ambiental  de 

edifícios podem citar‐se o BREEAM, LEED ou SBTool, e em Portugal, o LiderA. Esses sistemas podem 

ajudar a definir os objetivos ambientais a atingir e traduzir as medidas redução de gases com efeito 

de estufa em metas claras e quantificáveis ao nível do projeto.  

A gestão da  complexidade dos diversos objetivos e a  sua  tradução em metas ao nível do projeto 

aponta  claramente  para  a  necessidade  de  uma  prática  de  Projeto  Integrado  e  uma  melhor 

abordagem multidisciplinar. Para além disso, a abordagem de projeto integrado é crucial não só para 

conceção e construção de edifícios com grandes ambições ambientais, mas para  lidar com muitos 

outros tipos de desafios.  

De facto, a conceção de edifícios modernos deve integrar um número crescente de novas exigências 

ou necessidades e para  lidar com este desafio torna‐se necessário o envolvimento de um número 

crescente  de  profissionais  com  muitos  e  diversas  competências.  Ao  mesmo  tempo,  uma 

identificação  clara dos objetivos e uma  comunicação eficaz entre  todos os agentes envolvidos no 

processo de construção dos edifícios tornam‐se cada vez mais importantes para evitar a construção 

de edifícios que não respondem otimamente às necessidades para as quais eles são criados. 

Deste modo, o termo mais geral Projeto  Integrado aplica‐se com mais propriedade do que projeto 

energético Integrado, pelo que será usado doravante.  

 

 

PORQUÊ RECORRER AO PROJECTO INTEGRADO? 

Projeto  Integrado  não  é  um  conceito novo.  Pelo  contrário,  é  o  próximo  estágio  da  evolução  das 

melhores práticas no moderno processo de projeto de um edifício, sendo cada vez mais complexo e 

desafiador  em  termos  de  requisitos  da  construção.  Este  conceito  baseia‐se  em  evidências  que 

mostram  que  é mais  fácil  e  de menor  custo  intervir  no  projeto  durante  os  estágios  iniciais  de 

planeamento, mas que  se  tornar  cada  vez mais difícil e perturbador à medida que o processo  se 

desenrola. 

Por exemplo, fazer alterações e melhorias ao projeto durante a construção de uma fundação de um 

edifício  ou mesmo  ainda  durante  a  fase  assinatura  de  contratos  pode  levar  a  uma  extensão  dos 

prazos  de  execução  e,  especialmente  um  aumento  de  custos.  Além  disso,  Além  disso,  pode‐se 

demonstrar  que  tentativas  de  melhorias  em  fases  tardias  resultam  provavelmente  em  apenas 

ganhos moderados no desempenho. (Figura 2). 

 

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NECESSIDADES DE ENERGIA QUASE NULAS  

 

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Figura 2: As fases iniciais do projeto oferecem uma oportunidade para proceder a alterações com grande impacto sobre o 

desempenho,  com  custos mais  baixos  e menores  interrupções  na  construção.  Assim,  concentrado  um maior 

esforço de trabalho e aprimoramento nas fases iniciais vai provavelmente ser vantajoso durante ciclo de vida do 

edifício. 

 

Assim,  o  desempenho de  edifícios  deve  ser  avaliado numa  perspetival  de  ciclo  de  vida,  quer  em 

temos ambientais (Análise do Ciclo de Vida), quer em termos de custos (Custo do Ciclo de Vida). O 

modelo de Projeto Integrado, sendo um processo colaborativo, coloca maior ênfase nas fases iniciais 

de  projeto,  pois  as  decisões  que  resultam  deste  tipo  de  ação  levam  a  resultados  com  retorno 

económico nas  fases posteriores ou quando se considera  todo o ciclo de vida de um edifício. Um 

planeamento bem organizado desde início pode levar a uma otimização dos recursos energéticos do 

edifício  e,  consequentemente,  a  uma  redução  dos  custos  operacionais,  como  com  um  aumento 

marginal nos custos de construção extras, se houver algum. 

Quando  se  considera  todo  o  ciclo  de  vida  de  um  edifício,  os  custos  operacionais  são 

significativamente mais elevados do que os custos de construção e conservação. Desta forma, torna‐

se óbvio que poupar recursos dedicados às fases  iniciais do processo de projeto é uma abordagem 

míope e  ineficaz. Dados resultantes de projetos de construção que usaram os princípios típicos de 

Projeto Integrado mostram que os custos de investimento podem ser 5% superiores, mas os custos 

operacionais anuais podem ser reduzidos entre 40 a 90% (Quadro 1). 

 

 

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NECESSIDADES DE ENERGIA QUASE NULAS  

 

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QUADRO 1 

Estimativas da variação de custos com o Projeto Integrado 

ACTIVIDADE  CUSTOS  COMENTÁRIOS 

Conceção e anteprojeto  Aumento de 5 a 10%  Baseado na experiência 

Projeto de execução  Aumento inferior 5% no 1º projeto 

Economia de 5 a 10 % nos projetos subsequentes 

Baseado na experiência – processo mais regular devido a um anteprojeto mas detalhado 

Construção  Aumento de 5 a 10%  3 a 6% para casas passivas 

Operação  Economia de 40 a 90%  Baseado na experiência 

Reparação de anomalias  Economia de 10 a 30%  Devido a melhor planeamento e melhor gestão e receção da obra 

 

 

Embora  se  reconheça  que  na  atividade  comercial  da  construção  de  edifícios  os  custos  de 

investimento  e  operacionais  são  inicialmente  suportados  por  diferentes  agentes,  quer  uns  quer 

outros são, em última análise, transferidos para a ocupação dos inquilinos, por exemplo, com custos 

relacionados com o arrendamento, com tarifas de serviços ou mecanismos similares. 

De  acordo  com o  relatório Business Case  for Green Buildings do World Green Building Council, o 

processo  de  Projeto  Integrado  desempenha  cada  vez mais  um  papel  fundamental  em  conter  os 

custos,  sem  comprometer  a  qualidade  da  construção.  A  conceção  e  construção  de  um  edifício 

sustentável não conduz necessariamente a um custo mais elevado, mas depende da estratégia e da 

abordagem  que  se  adota.  Uma  abordagem  de  projeto  integrado  de  edifício,  que  combina  uma 

estratégia passiva, uma envolvente termicamente cuidada, um desenho do espaço inteligente, como 

um primeiro passo para a redução das necessidades energética, combinado com sistemas ativos de 

elevada eficiência, consiste numa alternativa de baixo em comparação com os sistemas tradicionais 

instalados em edifícios com baixo desempenho.  

Além da redução a  longo prazo dos custos de operação e manutenção, tem sido demonstrado que 

os  edifícios  sustentáveis possuem um  valor  comercial mais  elevado  assim  como  contribuem para 

melhorar a produtividade dos trabalhadores e a saúde dos ocupantes. Na Figura 3 vemos as várias 

vantagens  de  edifícios  ambientalmente  sustentáveis,  de  acordo  com  os  pontos  de  vista  dos 

construtores, proprietários e inquilinos.  

 

 

 

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VERSÃO DRAFT    8 de 32 

 

Figura 3: A interação dos benefícios de um edifício sustentável para promotores, proprietários e inquilinos (WGBC 2013). 

 

 

QUAIS OS BENEFÍCIOS DO PROJECTO INTEGRADO? 

DESEMPENHO ENERGÉTICO SUPERIOR 

A otimização da  forma do edifício, a escolha da orientação correta e a composição adequada das 

fachadas  é  obtida  graças  a  um  confronto multidisciplinar  e  aberta  entre  todos  os membros  da 

equipa de projeto, especialistas nas várias disciplinas, em que se discute várias opções de projeto, 

após o que se tomam decisões conjuntas durante a fase inicial do projeto, necessárias para alcançar 

os objetivos ambientais projeto.  

 

DIMINUIÇÃO DA ENERGIA EMBEBIDA 

A prioridade à otimização da envolvente do edifício bem como à boa conceção dos sistemas reduz a 

necessidade ou a dimensão dos equipamentos ativos a  instalar no edifício. Pode diminuir‐se assim 

uma quantidade significativa de energia incorporada nos componentes da instalação. 

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OTIMIZAÇÃO DO AMBIENTE INTERIOR 

Os sistemas passivos e ativos do edifício contribuem, numa relação de simbiose, para garantir um 

ambiente  interior  confortável,  caracterizado  por  um  nível  suficiente  de  qualidade  do  ar  interior, 

garantindo condições térmicas satisfatórias, uma boa integração da luz natural e um controle efetivo 

dos ganhos solares. 

 

REDUÇÃO DOS CUSTOS OPERACIONAIS 

Sistemas  técnicos  simples  são  mais  vantajosos,  quer  em  termos  de  custo  de  investimento 

(equipamento e instalação), quer em termos de custos operacionais e de manutenção. 

 

REDUÇÃO DOS RISCOS E DEFEITOS DE CONSTRUÇÃO 

Um melhor planeamento e coordenação do processo de projeto conduzem a uma redução dos erros 

de construção, o que contribui para uma menor necessidade de ações corretivas e a uma redução de 

riscos de conflitos legais, obtendo‐se eventualmente uma economia de custos de construção.  

 

MAIOR ENVOLVIMENTO DO FUTURO UTENTE 

Envolver  os  futuros  utentes,  tendo  em  conta  as  suas  necessidades,  desde  as  primeiras  fases  de 

conceção, pode ser aumentar a sua satisfação e  também melhorar o desempenho operacional do 

edifício. 

 

MAIOR VALOR DE MERCADO PARA O EDIFÍCIO 

O  custo  de  arrendamento  de  um  edifício  de  elevado  desempenho  energético  é  tendencialmente 

maior  do que um  edifício  convencional, mas  seus  custos  energéticos  são  significativamente mais 

baixos.  Este  facto pode, portanto,  satisfazer  tanto o proprietário  como o  inquilino. Além disso, o 

valor comercial de um edifício de elevado desempenho energético é maior do que o de um edifício 

convencional. 

 

MELHOR IMAGEM AMBIENTAL 

Tanto  o  proprietário  como  o  inquilino  beneficiam  com  um  edifício  de  elevado  desempenho 

energético e ambiental, mostrando uma imagem “verde”. 

 

 

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NECESSIDADES DE ENERGIA QUASE NULAS  

 

VERSÃO DRAFT    10 de 32 

QUAIS OS OBSTÁCULOS AO PROJECTO INTEGRADO? 

A FORMA DE PENSAR TRADICIONAL 

A  indústria  da  construção  é  conhecida  pela  sua  lentidão  em  incorporar  novas  formas  de  fazer  e 

trabalhar.  O  Projeto  Integrado  baseia‐se  em  processos  de  decisão  e  métodos  inovadores,  que 

exigem excelentes capacidades de comunicação entre os diversos profissionais. Deste modo, todos 

os profissionais envolvidos devem estar comprometidos por uma postura de colaboração  franca e 

aberta, disponíveis para se adaptarem a novos contextos na sua atividade de projeto. 

 

PERCEPÇÃO DE CUSTO MAIS ELEVADO PARA O PROJECTO INTEGRADO 

Os promotores estão geralmente mais preocupados  com os  custos de  construção do que  com os 

custos  de  ciclo  de  vida  do  edifício.  No  entanto,  quando  são  tidos  em  consideração  os  custos 

energéticos  os  e  custos  de manutenção  numa  fase  prévia  do  projeto,  a  procura  e  desenho  de 

soluções  que  proporcionam  maior  desempenho  e  confiabilidade  tendem  a  merecer  maior 

investimento na fase de conceção. 

 

PRAZOS LIMITADOS DURANTE A FASE INICIAL DO PROJETO  

Os  promotores  subestimam  muitas  vezes  a  importância  de  um  projeto  cuidadoso  e,  portanto, 

esperam um prazo muito  curto para  a  conceptualização do edifício.  Seria muito útil, no entanto, 

convencê‐los da  importância da fase inicial e da necessidade de dedicar o tempo necessário para o 

desenvolvimento de várias iterações de projeto que levam a melhores resultados. 

 

"A TIRANIA DA COMPETÊNCIA"  

O Projeto  Integrado  requer uma profunda colaboração entre os diversos profissionais. Contudo, é 

frequente que estes prossigam objetivos diferentes, o que por vezes pode conduzir ao aparecimento 

de  conflitos  no  desenvolvimento  do  projeto.  Por  isso,  é  necessário  que  os  profissionais  não  se 

“fechem” na sua área de especialização, mas antes que se afoitem a trabalhar com uma abordagem 

holística e cooperante com outras especialidades. 

 

 

 

 

 

 

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NECESSIDADES DE ENERGIA QUASE NULAS  

 

VERSÃO DRAFT    11 de 32 

CASO DE ESTUDO 1 

Powerhouse Sandvika, Noruega 

Reabilitação  de  um  edifício  de  escritórios  de  1980  em  edifício  de  energia  positiva. O  projeto  da 

intervenção  foi  realizado  durante  2013  e  a  intervenção  foi  concluída  em  2014.  A  produção  de 

energia a partir de fontes renováveis irá equilibrar a energia necessária durante a fase operacional e 

energia incorporada avaliada em todo o ciclo de vida. http://powerhouse.no/en/kjorbo‐eng 

 

Projeto de Arquitetura: Snøhetta  

Consultor Energia: Asplan Viak 

  

«All of this is known technology. The secret is the way in which we worked and put things together. Because nobody can build a plus-house alone. The innovation lies in the collaboration» Skanska, líder do projeto (empreiteiro geral).

 

 

 

 

O QUE É O PROJECTO INTEGRADO? 

O Projeto  Integrado é uma abordagem que sintetiza o processo de projeto bem como as soluções 

físicas e  técnicas,  tendo por objetivo global otimizar os  resultados energético e ambientais de um 

edifício ao longo de todo o seu ciclo de vida.  

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NECESSIDADES DE ENERGIA QUASE NULAS  

 

VERSÃO DRAFT    12 de 32 

Em  primeiro  lugar,  a  fim  de  alcançar  um  elevado  desempenho  energético  e  ambiental  de  um 

edifício,  as  diferentes  opções  ao  nível  de  projeto  devem  ser  consideradas  e  discutidas  por  uma 

equipa multidisciplinar e cooperativa. O desenho integrado é baseado num processo de tomada de 

decisão  que  consiste  em  escolhas  informadas  com  base  nos  objetivos  do  projeto  e  da  avaliação 

sistemática  das  várias  opções.  Esta  abordagem  para  projeto  de  edifício  está  em  linha  com  os 

princípios  de  gestão  ambiental  estabelecida  pela  família  de  normas  internacionais  ISO  14000, 

segundo a qual a identificação e avaliação da prioridade dos objetivos e no desenvolvimento de um 

plano  de  avaliação  que  fornece  a  criação  de  oportunidades  para  a  verificação  são  aspetos 

fundamentais. 

 

 

Figura 4: Estudos sobre modelos simplificados de conceito de construção que podem ser muito úteis para a visualização e 

avaliação dos prós e contras de várias alternativas de projeto. Foto: NTNU / Ole Tolstad. 

 

Em  segundo  lugar, o Projeto  Integrado procura  inicialmente a otimização de  soluções de projeto, 

nomeadamente  da  envolvente  do  edifício  e  de  outras  características,  ficando  para  uma  fase 

posterior o estudo de  sistemas ativos adicionais. A qualidade do ar  interior, o conforto  térmico e 

visual,  as  necessidades  energéticas  para  aquecimento  e  arrefecimento  são  significativamente 

influenciadas pelas características passivas do edifício,  incluindo a sua geometria e as propriedades 

dos materiais usados. Num processo de Projeto  Integrado, devem ser atingidos níveis elevados de 

conforto e um reduzido consumo de energia através de medidas passivas, conduzindo assim a um 

edifício  equipado  com  poucos  (ou  de  menor  dimensão)  sistemas  ativos,  embora  de  elevada 

eficiência. As escolhas que se relacionam com a forma do edifício, a especificação da envolvente, a 

escolha de materiais, tanto quanto possível no sentido de prever soluções que utilizam energia solar, 

uso de ventilação natural, significam reduzir o consumo de energia durante o ciclo de vida. 

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NECESSIDADES DE ENERGIA QUASE NULAS  

 

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O Projeto Integrado pode ser definido como uma combinação de:  

1. Colaboração entre todos os  intervenientes no processo de construção  (cliente, arquiteto e 

outros projetistas e consultores, e, possivelmente, também ocupantes futuros)  já nas fases 

iniciais do projeto;  

2. Implementação  de  soluções  arquitetónicas  integradas  que  garantam  um  elevado 

desempenho energético e ambiental, privilegiando em primeiro  lugar o recurso a soluções 

passivas. 

 

Este guia concentra‐se principalmente no primeiro ponto, isto é, como implementar um processo de 

Projeto  Integrado.  Embora  cada  orientação  para  Projeto  Integrado  tenha  a  necessidade  de  ser 

contextualizada  relativamente  a  uma  situação  específica,  pode‐se  ainda  assim  identificar  as 

características estruturais que podem ser identificadas. A figura 5 mostra as principais etapas de um 

processo de Projeto Integrado. 

 

 

Figura 5: Visão esquemática do processo de Projeto Integrado. O processo criativo de resolução de problemas (2) ocorre 

paralelamente ao acompanhamento dos progressos em relação aos objetivos (3). Muitas vezes este processo não 

é  linear,  e  esta  fase  tem que  se manter  por  tanto  tempo  quanto necessário  garantir  que  toda  a  informação 

relevante pode ser integrada no projeto. 

 

A natureza do Projeto Integrado depende da complexidade do projeto, do tipo de contrato e do grau 

de  desempenho  desejado.  A  identificação  de  objetivos  é  um  passo  fundamental  para  o 

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NECESSIDADES DE ENERGIA QUASE NULAS  

 

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desenvolvimento do projeto, pois o próprio projeto dependerá dos mesmos objectivos e como estes 

são  percebidos  como  uma  missão  conjunta  pelas  diferentes  equipas  de  projeto. Muitas  vezes, 

poderá  ser  útil  designar  um  "facilitador  do  processo  de  Projeto  Integrado"  que  coordenará 

efetivamente a organização do projeto. No entanto, deve notar‐se que o resultado final do projeto 

não depende da ação do facilitador; o cumprimento ou não dos objetivos propostos é o critério de 

avaliação fundamental. 

 

O PROJECTO INTEGRADO PASSO A PASSO 

PASSO 0 – DESENVOLVIMENTO DO PROJETO 

0.1. Avaliação  do  nível  de  ambição  do  projeto  e  discussão  dos  objetivos  do  cliente  (programa 

preliminar) 

Na  fase de definição do programa preliminar, as  intenções  iniciais do cliente devem ser discutidas 

com ele,  colocando eventualmente desafios mais ambiciosos. Os objetivos podem  incluir diversos 

itens, desde obter um determinado nível de  certificação  energética, ou o desejo de  alcançar um 

edifício  de  necessidades  de  energia  quase  nulas  ou  ainda  conseguir  um  determinado  certificado 

baseado num sistema de avaliação de sustentabilidade (por exemplo, LEED, BREEAM, Lider A).  

Será fundamental mostrar ao cliente os potenciais benefícios gerados no longo prazo por um edifício 

de  elevado  desempenho,  de modo  a  possibilitar  uma  decisão  informada. Uma  apresentação  dos 

custos calculados em todo o ciclo de vida de um edifício pode ser uma forma eficaz de transferir o 

foco do cliente da avaliação do modelo de negócio a curto prazo para o longo prazo.  

Exemplos  de  questões  que  podem  ser  colocados  ao  cliente,  ou,  eventualmente,  aos  futuros 

ocupantes,  para  tentar  orientar  o  desenvolvimento  do  Programa  Base  em  direção  a  soluções 

sustentáveis são: 

A sua organização adotou uma política ambiental?  

Qual é a imagem que edifício deve transmitir?  

Quais são os objetivos do negócio do cliente?  

Quais são os constrangimentos económicos para a escolha de soluções sustentáveis (tempo 

de recuperação dos investimentos, custos de investimento, etc.)?  

Quais são os requisitos para o ambiente interior (conforto térmico, luz, ruído e qualidade do 

ar interior)?  

Existem  prioridades  em  caso  de  objetivos  conflituantes  (por  exemplo,  custos,  prazos  de 

execução, qualidade)? 

 

0.2. Iniciar o Projeto Integrado e celebrar contratos de parceria 

Durante  a  fase  de  Programa  Preliminar  e  Programa  Base,  o  arquiteto  ou  consultores  envolvidos 

podem  apresentar  e  discutir  o  conceito  de  Projeto  Integrado.  Exemplos  de  projetos  de 

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NECESSIDADES DE ENERGIA QUASE NULAS  

 

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demonstração  podem  ser  utilizados  e  apoiar  eficazmente  esta  discussão.  A  implementação  dos 

princípios  do  Projeto  Integrado  a  nível  contratual  pode  ser  diferente  a  nível  nacional  ou  local, 

podendo exigir uma adaptação ao contexto em que é aplicado. 

Normalmente,  os  tipos  de  contratos  utilizados  para  contratar  arquitetos  e  engenheiros  não 

proporcionam  incentivos  vinculados  ao  desempenho  energético  alcançado  pelo  projeto  e  sua 

posterior  implementação  (contrato  de  desempenho  energético).  Com  efeito,  os  honorários  dos 

projetistas profissionais são calculados como percentagem do orçamento total, ou então com base 

uma  taxa  fixa  dependente  das  horas  de  trabalho  acordadas.  Ambas  as  formas  de  remuneração 

desencorajam  a  realização de qualquer  trabalho  adicional que  vise  a melhoraria do desempenho 

global do edifício. Além disso, os projetistas procuram evitar qualquer litígio causado pelas omissões 

de projeto e erros, incorrendo‐se por vezes em sobredimensionamento dos sistemas especificados, 

pois não há incentivo à consideração de soluções que visem a economia de energia  

Não  sendo  uma  abordagem  obrigatória,  o  Projeto  Integrado  pode  ser  incentivado  por  formas 

alternativas  de  contratação.  Estas  novas  formas  de  contratação  relativas  a  projetos  de  edifícios 

baseiam‐se  na  cooperação  das  equipas  de  projeto  por  forma  a  se  obter  as melhores  soluções 

técnicas e um processo de projeto otimizado. Uma destas novas formas é o modelo de contrato de 

parceria (partnering) que é uma abordagem de gestão de projeto estruturada que facilita o trabalho 

de  equipa  nos  limites  das  fronteiras  contratuais.  As  palavras‐chave  são:  objetivos  comuns 

consensualizados,  métodos  de  resolução  de  problemas  comuns  e  uma  busca  constante  para 

possíveis melhorias.  

Este  tipo de  contrato, em parceria, poderia  incluir uma  cláusula  sobre o desempenho do edifício 

estipulando que o  cliente paga para  as  equipas projetistas  com base nos  resultados obtidos. Por 

exemplo,  se  o  edifício  não  cumprir  integralmente  os  objetivos  do  projeto  (por  exemplo,  no  que 

respeita  ao  consumo  de  energia),  então  o  empreiteiro  ou  a  equipa  projetista  pode  sofrer  uma 

penalidade  (calculada em  função da diferença verifica até um valor máximo). Por outro  lado, se o 

desempenho do edifício for superior ao previsto nas metas estabelecidas, então o cliente pagará um 

bónus pré‐contratualizado ao empreiteiro ou equipa projetista. Obviamente, as metas a atingir pelo 

desempenho do edifício devem ser claramente estabelecidos, por forma a verificar posteriormente 

o seu cumprimento. 

 

PASSO 1 – PROJETO BASE 

1.1. Seleção de uma equipa projetista multidisciplinar, incluindo preferencialmente um facilitador 

de Projeto Integrado, motivada para trabalhar em cooperação e aberta à inovação 

A  equipa  projetista  deve  ser  formada  por  profissionais  especializados  nas  várias  disciplinas 

necessárias  para  o  projeto  em  causa, mas  porventura  ainda mais  importante,  estes  profissionais 

deverão  ser  genuinamente  capazes  de  trabalhar  em  estreita  cooperação  entre  eles.  Como  será 

descrito na Passo  2,  a  capacidade de  comunicação,  a disposição para  a  cooperação  e  abertura  à 

inovação  devem  ser  as  características  fundamentais  de  todos  os membros  da  equipa  projetista. 

Dependendo da complexidade do projeto e seus objetivos, pode haver necessidade de um ou mais 

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especialistas  específicos  incluídos  na  equipa  projetista  (por  exemplo,  no  campo  do  impacto 

ambiental, na engenharia de materiais, em iluminação, controles, etc.) e é aconselhável conhecer as 

expectativas  individuais de todos os diferentes  intervenientes no processo de construção desde as 

fases iniciais do projeto. 

A inclusão da figura de um “facilitador do processo de projeto” deve ser considerada, especialmente 

nos casos em que o projeto é complexo e quando os seus objetivos são particularmente ambiciosos. 

O  facilitador deve  ser  contratado pelo  cliente  separadamente do  resto da equipa projetista, para 

assegurar a coordenação e gestão eficaz do processo de Projeto Integrado e para evitar a eclosão de 

conflitos  de  interesse.  A  supervisão  e  o  acompanhamento  sistemático  da  evolução  do  projeto 

durante  todas  as  fases  devem  ser  realizados  pelo  facilitador  ou  por  outra  pessoa  que  tenha 

autoridade para desafiar o trabalho da equipa projetista e o cliente. O facilitador deve reportar ao 

cliente  qualquer  desvio  relativamente  aos  objetivos  inicialmente  definidos.  Se  os  objetivos 

ambientais  são  analisados  através  do  uso  de  um  sistema  de  avaliação  ambiental,  pode  ser 

aconselhável que o facilitador seja um profissional acreditado de acordo com o protocolo ambiental 

específico escolhido (BREEAM ou LEED Accredited Professional ‐AP). 

 

1.2. Analisar as condições‐fronteira 

Cada  projeto  de  construção  de  edifício  ou  de  planeamento  urbano  está  sujeito  a  uma  série  de 

condições‐fronteira e a um contexto específico que afetam os e o processo de projeto. As condições 

típicas  que  podem  afetar  o  projeto  são  o  local  da  construção, muitas  vezes  sem  possibilidade 

alteração e algumas características peculiares do sítio de natureza sociocultural, urbanística (Figura 

6) ou climática (Figura 7). Exemplos de tópicos para identificar e discutir são: 

Localização e terreno de implantação 

Integração no ambiente urbano (prédios vizinhos existentes e previstos), arquitetura local e 

paisagem envolvente;  

Orientação do terreno, acesso à radiação solar, velocidade e direção do vento;  

Disponibilidade de recursos naturais no  local; disponibilidade de energia solar, geotérmica, 

disponibilidade e acesso ao mar, rios ou lagos, etc.;  

Caracterização do tráfego, ruído, qualidade do ar;  

Presença de  infraestrutura de  transporte  e  fornecimento de  energia  (por  exemplo,  redes 

urbanas de aquecimento ou arrefecimento). 

Mercado e Tendências  

Qual é a rentabilidade pretendida sobre o investimento?  

Qual será a evolução dos preços de energia e das taxas de juros?  

Quais serão os futuros requisitos ambientais relativas a edifícios (taxas de carbono, sistemas 

de certificação e etiquetagem, regulamentação, etc.)  

Quais  serão  as  necessidades  futuras  dos  ocupantes  relacionados  com  desempenho  e 

qualidade ambiental dos edifícios?  

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Quais  serão  os  futuros  avanços  tecnológicos  que  terão  impacto  sobre  o  desempenho 

ambiental de um edifício? 

 

Figura 6: Local e implantação definem importantes condições‐fronteira para o projeto de edificios.   

Foto: Kirsten Sander, Sander architects, DK 

 

1.3. Definir os objetivos de projeto 

As  solicitações  iniciais  do  cliente,  por  vezes  imprecisas,  devem  ser  traduzidas  em  objetivos 

específicos  e  critérios  concretos  de  projeto  no  Programa  Base.  É  ainda  necessário  determinar  a 

ordem de prioridade dos objetivos, de modo a permitir à equipa projetista alocar recursos de forma 

eficaz. Obviamente que o cliente é fundamental para a definição dos objetivos e o seu compromisso 

em apoiar as soluções de elevado desempenho energético e ambiental é imperativo.  

Os  objetivos  devem  ser  funcionais  e  não  excessivamente  específicos.  Por  exemplo,  é  geralmente 

importante  requerer uma qualidade do ar  interior agradável e de elevado nível, o que  seria uma 

meta desejável, enquanto que a definição de exigências específicas sobre as taxas de renovação de 

ar e ou soluções técnicas específicas destinados a atingir o mesmo resultado, seria um objetivo não 

satisfatório. Deve  ser explicado aos  clientes que é preferível não  cristalizar  soluções em  torno de 

objetivos excessivamente específicos: requisitos funcionais concedem uma maior  liberdade na fase 

de projeto, permitindo soluções mais flexíveis que são vantajosas a longo prazo. Dito isto, objetivos 

funcionais  devem  ser  quantificáveis  sempre  que  razoavelmente  possível,  a  fim  de  facilitar  a 

demonstração de que eles tenham sido alcançados. 

Nesta fase (projeto base) devem‐se evitar soluções que conduzam a um esboço físico ou tecnológico 

para que o projeto não fique condicionado muito cedo a uma solução, ou a poucas alternativas. 

 

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Figura  7:  Análise  do  clima  local  em  Broset,  Trondheim  (Noruega).  O  mapa  mostra  a  radiação  solar,  os  ventos 

predominantes  no  verão  e  inverno,  as  áreas  de  acumulação  de  ar  frio,  a  presença  de  vegetação,  as  áreas 

ocupadas e poluídas. A análise  faz parte de um documento utilizado durante uma conferência organizada por 

ocasião de um concurso de arquitetura. 

 

 

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PASSO 2 – SOLUÇÃO ITERATIVA DO PROBLEMA 

2.1. Facilitar a cooperação entre os profissionais 

Pode‐se  melhorar  a  cooperação  entre  os  profissionais  através  da  realização  de  workshops 

programados durante o qual se podem discutir abertamente vários aspetos do projeto. No entanto, 

a fim de cooperar de forma mais eficaz, os arquitetos e engenheiros devem adaptar os seus métodos 

de  trabalho  e  o  tipo  de  comunicação  a  novos  contextos  (ver  caixa  "métodos  de  trabalho").  A 

competência  na  comunicação,  a  vontade  de  cooperar  e  abertura  à  inovação,  devem  ser 

características básicas de todos os membros da equipa projetista (Poel 2002; ”A Blueprint for a Kick‐

off Workshop”). 

A  realização  de  um  "kick‐off workshop”  na  fase  inicial  de  projeto  é  importante  para  explicar  os 

conceitos básicos de Projeto  Integrado e reforçar o espírito de equipa. O objetivo mais  importante 

deste  workshop  é  criar  um  entendimento  comum  numa  fase  inicial  do  processo  de  projeto 

relativamente à abordagem do Projeto  Integrado e uma atmosfera de uma estreita cooperação e 

abertura a todos os atores  intervenientes no processo. É muito  importante que os objetivos sejam 

compartilhados e que os projetistas estejam de acordo sobre a forma de alcançá‐los. 

Sugestões para a agenda do Workshop: 

1. Apresentação dos objetivos gerais estabelecidos pelo promotor;  

2. Introduzir o conceito de Projeto Integrado;  

3. Discutir como maximizar a contribuição de cada um dos membros da equipa projetista e como 

trabalhar em conjunto;  

4. Discutir os aspetos mais críticos do projeto e como resolvê‐los;  

5. Determinar os pontos‐chave do projeto e como a atingi‐los. 

 

No  final do workshop deve ser  feito um planeamento do  trabalho  subsequente,  listando  todas as 

ações  futuras  e  agendar  o  próximo  workshop.  Devem  também  ser  identificadas  questões  que 

exigem  uma  análise  mais  aprofundada  e  as  pessoas  responsáveis  para  realizar  as  tarefas 

especificadas. Isto deve ser implementado no «Plano de controlo de qualidade" (ver 3.2). 

Os tópicos abordados durante o workshop serão resumidos em relatórios a serem apresentados a 

todos os profissionais envolvidos no processo de projeto. Depois do  " kick‐off workshop' deve ser 

organizado um workshop de  início do projeto, que deve  contar  com a presença dos profissionais 

necessários, os quais deverão apresentar breves relatórios sobre os aspetos que pretendem chamar 

a  atenção  nesta  fase  e  sobre  a  sua  experiência  anterior  relevante  para  o  projeto  em 

desenvolvimento. Para projetos menos complexos, os dois workshops poderão fundir‐se num único 

workshop. No entanto, antes de começar o processo de projeto e avaliar soluções técnicas, devem 

ser estabelecidos os objetivos do projeto (ver. 1.3). É muito  importante chegar a um consenso tão 

amplo quanto possível sobre os objetivos para facilitar a tarefa de projetar. 

 

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MÉTODOS DE TRABALHO 

Planeamento Tradicional  

Os  arquitetos  e  engenheiros  usam  geralmente  diferentes métodos  de  trabalho.  Os  engenheiros 

estão  acostumados  a  trabalhar  em problemas  específicos que  enfrentam de  forma  analítica para 

identificar uma solução. Este processo é tipicamente linear e a necessidade de desenvolvimento de 

soluções  alternativas  é,  em  alguns  casos  negligenciável.  Os  arquitetos,  em  vez  disso,  estão 

habituados a dar uma perspetiva mais ampla e encontrar uma vasta gama de soluções para resolver 

o problema. O processo de resolução de problemas, neste caso, não procede de forma  linear, mas 

segue os movimentos circular e é mais criativo. O arquiteto elabora uma ideia preliminar com base 

em suas próprias experiências e aborda o problema e a solução ao mesmo tempo. 

 

Planeamento no processo de Projeto Integrado  

O projeto de um  edifício,  e  em particular o projeto de um  edifício  sustentável  com  enfoque nas 

soluções  passivas,  baseia‐se  na  conceptualização  de  importantes  parâmetros  de  projeto  que  são 

resumidas num conceito do edifício. A forma do edifício, a disposição dos espaços, a composição das 

fachadas  constituem  uma  síntese  que  supostamente  resolve  o  Programa  Base  (o  “problema”). 

Tradicionalmente,  o  arquiteto  adota  soluções  técnicas  e  ambientais,  especialmente  relacionadas 

com  a  envolvente  do  edifício,  de  um modo  lógico  e  visualmente  apelativo  e  que  responda  aos 

objetivos  funcionais  estabelecidos.  Ao mesmo  tempo,  o  engenheiro  executa  todo  o  processo  de 

conceber  as  análises  específicas  de  todos  os  problemas  técnicos,  a  fim  de  garantir  que  todas  as 

opções são baseadas em considerações, estimativas e previsões robustas e confiáveis.  

 

Mudanças necessárias  

A  fim de melhorar a cooperação, arquitetos e engenheiros deveriam adaptar os seus métodos de 

trabalho e mudar o modo como comunicam. Os arquitetos devem tentar  tornar mais explícitas as 

suas  ideias  conceptuais e explicá‐las aos engenheiros durante as  fases  críticas do projeto. Devem 

ainda ser mais abertos a receber comentários, sugestões e críticas de engenheiros e especialistas e 

esperar pela  sua  reação  antes de prosseguir  com o desenvolvimento do projeto. Os  engenheiros 

devem interagir de forma mais dinâmica com os arquitetos, simultaneamente avaliando e sugerindo 

ideias e soluções durante a evolução do processo de projeto. As suas  ideias e soluções devem ser 

apresentadas  de  uma  forma  simples,  sem  recurso  a  terminologias  específicas  ou  gráficos,  mas 

preferencialmente  ajudando  a  visualizar  as  consequências  das  suas  sugestões  ao  nível  global  do 

edifício. Na  fase  inicial  de  anteprojeto,  é  recomendável  que  o  engenheiro  recorra  a  ferramentas 

simples, de modo a dar um feedback imediato sobre as várias opções apresentadas, em vez de usar 

ferramentas  complexas  que  requerem  longos  prazos  de  computação.  Como  equipa,  arquitetos  e 

engenheiros têm que apresentar a sua proposta de soluções e os respetivos impactos ao cliente. 

 

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GUIA DE PROJETO INTEGRADO PARA A CONSTRUÇÃO DE EDIFÍCIOS DE  

NECESSIDADES DE ENERGIA QUASE NULAS  

 

VERSÃO DRAFT    21 de 32 

Durante  as  fases  seguintes  do  processo  de  projeto  deverão  ser  organizados  diversos workshops, 

mais  específicos  e  focalizados  entre diferentes profissionais. O  cliente deverá  ser  convidado para 

aqueles que envolvam a  tomada de decisões mais  importantes. As discussões podem  identificar a 

necessidade de contratar especialistas para fornecer apoio adicional especializado em alguma área 

específica,  que  podem  ser  convidados  para  os  workshops.  Idealmente,  a  equipa  projetista 

trabalharia  numa  base  de  cooperação  diária,  que  seria  facilitado  pela  proximidade  física  (por 

exemplo, mesmo edifício). Contudo, como isto nem sempre é possível na prática, processos simples 

de cooperação tais como emails e sistemas de partilha de  informação podem ser  importantes para 

pequenos projetos e em casos de prazos de execução muito apertados. 

 

AS PRINCIPAIS PREOCUPAÇÕES DO PROJETO AMBIENTAL 

 

Figura 7: Fases do processo de projeto; K. Steemers 2006/ I. Andresen 2009 (www.intendesign.com) 

 

Tópicos de Planeamento Urbano:  Estrutura  compacta  versus  aberta,  infraestrutura  de  energia  e potencias 

fontes  de  energia  renováveis,  radiação  solar  e  sombreamentos,  caracterização  dos  ventos  predominantes, 

ruído  e  suas  fontes,  poluição,  tráfego,  disponibilidade  e  acesso  a  águas  subterrâneas  ou  de  superfície, 

paisagem, cultivo de alimentos.  

Forma  e  disposição  do  edifício:  uso  eficiente  do  espaço,  densidade,  zoneamento  térmico  incluído  passo 

dentro  /  fora,  acesso  à  luz  solar,  as  estratégias  de  ventilação,  sistemas  de  aquecimento  e  arrefecimento 

passivo, distribuição, de ar, flexibilidade de uso e suscetibilidade a futuras alterações.  

Desenho  de  fachada:  superfície  envidraçada,  dimensão  dos  envidraçados  e  orientação,  proteção  solar, 

sistemas de  iluminação natural, aberturas ventilação,  isolamento  térmico e pontes  térmicas, estanquicidade 

do edifício.  

Envolvente do edifício: sistema de construção,  isolamento, utilização de  recursos e  impacto da produção, a 

durabilidade (técnica e estética) e facilidade de manutenção, a massa térmica, higroscopicidade, qualidade do 

ar interior / emissões de compostos orgânicos voláteis, gestão de resíduos e potencial de reciclagem. 

Instalações mecânicas: AVAC (Aquecimento, Ventilação e Ar Condicionado), estratégias de projeto de sistema 

de iluminação, sistemas de controlo e monitorização. 

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NECESSIDADES DE ENERGIA QUASE NULAS  

 

VERSÃO DRAFT    22 de 32 

2.2. Adotar regras para o pensamento analítico e criativo no processo de projeto 

O projeto pode  ser  considerado  como um processo  iterativo de procura de  solução, que  inclui  a 

identificação dos aspetos críticos do projeto, a recolha de dados, a análise de problemas, a criação 

de ideias e seleção das opções. Estes passos envolvem a adoção de um pensamento de tipo criativo 

e  também analítico, e  requerem a alternância entre a análise de um problema e a  sua  resolução 

subsequente. Além disso, o cliente e a equipa projetista devem estar cientes de que  raramente a 

primeira  proposta do  projeto  será  a  solução  ideal.  Pelo  contrário,  o projeto  de  construção  é  um 

processo cíclico que pode  levar várias  iterações que resultam da formulação de opções de projeto, 

avaliação, verificação e sucessivos ajustes.  

 

 

Figura  8:  Solução  de  problemas  de  forma  criativa.  Quer  o  pensamento  criativo  quer  o  pensamento  analítico  são 

necessários no processo de projeto. Guias e literatura especializada na solução de problemas de forma criativa 

podem ser ferramentas úteis em workshops tal como no subsequente processo de projeto (ver, por exemplo, 

www.creativeeducationfoundation.org/our‐process/what‐is‐cps 

 

2.3. Discutir e avaliar múltiplas opções 

Durante  esta  fase,  seria  conveniente  debater  abertamente  sobre  as  opções  conceptuais 

relativamente  aos  objetivos  e  prioridades,  os  custos  e  outras  implicações.  Deveria  também  ser 

discutido como as várias opções conceptuais podem ser ainda melhoradas no que diz  respeito ao 

desempenho energético e a outros objetivos, e que  implicações que estas melhorias  implicariam. 

Propor  e  avaliar  conceitos  alternativos  é  geralmente  parte  de  qualquer  processo  de  projeto, 

devendo esta  fase permanecer em aberto durante o  tempo  suficiente para que  todos os aspetos 

relevantes sejam considerados. 

 

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2.4. Finalizar a proposta de projeto  

Na última fase do processo da procura de solução, o cliente é geralmente envolvido na decisão da 

proposta a adotar. As várias propostas que  foram desenvolvidos pela equipa projetista devem ser 

apresentadas de forma clara, bem como a sua avaliação perante os objetivos gerais a atingir. Uma 

verificação final de cumprimento de metas, como por exemplo, o Custo do Ciclo de Vida, deve ser 

também  efetuada.  Se  vai  ser  medida  o  desempenho  do  edifício,  este  procedimento  deve  ser 

planeado nas fases subsequentes do projeto de execução. 

 

PASSO 3 – MONITORIZAÇÃO 

3.1. Usar metas como meio de medir o sucesso das propostas de projeto 

As  metas  estabelecidas  devem  ser  permanentemente  acompanhadas,  tanto  durante  a  fase  de 

conceção e durante a  fase de construção, para garantir que as decisões tomadas relativamente às 

opções  projeto  sejam  respeitados  e  efetivamente  implementadas.  Também  é  importante  que  se 

tenha consensualizado o método de avaliação de avaliação do desempenho do projeto de edifício. 

Alguns  sistemas  de  avaliação  energética  ou  ambiental  obrigam  a  manter  um  procedimento 

documental que contribui para salvaguardar a definição das metas estabelecidas. Porém, o uso de 

um destes esquemas não deve dissuadir o cliente e a equipa projetista de estabelecer e monitorizar 

outras metas que recaiam fora do referido esquema. 

 

3.2. Elabore um programa de controlo de qualidade 

O "Programa de Garantia de Qualidade" descreve os objetivos gerais do projeto. Trata‐se no fundo 

de  uma  versão  do  Programa  Preliminar  orientada  para  a  descrição  dos  objetivos  a  atingir. 

Representa os requisitos do cliente especificando as metas por cada requisito estabelecido. Poderá 

também  ser  útil  no  estabelecimento  de  prioridades  ou  na  ponderação  das  diversas metas.  É  de 

crucial importância que o Programa de Garantia de Qualidade esteja profundamente enraizado nos 

decisores do projeto, devendo merecer igual estatuto de importância que o orçamento e o prazo de 

execução. 

O  Programa  de  Garantia  de  Qualidade  deve  ser  seguido  por  um  “Programa  de  Controlo  da 

Qualidade”.  Este  Programa  é  uma  ferramenta  para  a  equipa  projetista,  tratando‐se  de  um 

documento que torna possível para o proprietário do edifício acompanhar e verificar o cumprimento 

das metas. O Programa de Controlo da Qualidade define metas e submetas, define pontos críticos 

durante  as  fases  de  projeto  e  construção  do  edifício,  e  especifica  qual  o  profissional  que  é 

responsável  por  cada  tarefa.  A  introdução  de  um  esquema  de  avaliação  ambiental,  como  seja  o 

BREEAM,  LEED,  Líder  A,  podem  ser  introduzido  como  um  Programa  de  Controlo  da Qualidade  e 

podem constituir uma ferramenta útil na avaliação e controlo da documentação. 

 

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3.3. Avalie o projeto e documente os resultados em momentos críticos 

Os objetivos devem ser monitorados durante todo o processo de procura de soluções. A transição 

de uma fase de projeto para outra pode ser considerada um ponto crítico, em que se deve avaliar a 

situação  atual  do  projeto,  se  devem  tomar  decisões  importantes  e  em  que  será  produzida 

documentação relevante. 

A documentação pode  incluir  atualizações do Programa de Garantia da Qualidade  e do Plano de 

Controle de Qualidade, informações sobre balanço de energia e especificações de desempenho. Se o 

projeto envolve a figura de um facilitador de Projeto Integrado, este será responsável por efetuar a 

supervisão. Em qualquer caso, com ou sem facilitador, é importante quer que seja o supervisor, ele 

tenha autoridade para desafiar a equipe projetista e o cliente, devendo ainda reportar ao cliente em 

tempo real sobre a evolução do projeto face aos objetivos inicialmente fixados. 

 

PASSO 4 – ENTREGA 

4.1. Assegurar que os objetivos estão bem definidos e comunicados no projeto de execução e nos 

documentos contratuais 

O  cliente  e  a  equipa projetista deverão  assegurar que o potencial  empreiteiro  geral  conheça  em 

profundidade o projeto proposto. O cliente deverá também assegurar que o empreiteiro geral toma 

a  responsabilidade  de  atingir  os  objetivos  do  projeto.  É  importante  que  os  níveis  de  qualidade 

estabelecidos durante a fase de projeto sejam observados na fase de construção do edifício. Durante 

esta fase é necessário ter em atenção que:  

Os documentos  relativos ao projeto de execução e ao contrato de atribuição de  trabalhos 

devem  especificar  o  papel  do  empreiteiro  geral  e  dos  subempreiteiros  nas  ações  de 

verificação e documentação dos objetivos que  se  relacionam  com o elevado desempenho 

energético e ambiental durante o processo de construção;  

A  cada  alteração  e  solução  alternativa  ou  a  utilização  de material  é  comparado  com  o 

conceito inicial para evitar soluções e detalhes inconsistentes;  

Os parâmetros  técnicos dos  componentes básicos devem  ser documentados por causa de 

sua influência sobre realização dos objetivos. 

 

4.2. Motivar e formar os trabalhadores da construção e aplicar testes de qualidade 

Deve ser assegurada a motivação e formação dos trabalhadores sobre as operações de construção 

mais  cruciais e  a utilização de materiais e  técnicas, nomeadamente no que diz  respeito a pontes 

térmicas,  estanquicidade  ao  ar,  utilizar materiais  de  baixo  impacto  ambiental  e  implementar  a 

recolha  seletiva  de  resíduos.  É  aconselhável  efetuar  controlos  aleatórios  e  testes  parciais  de 

qualidade, especialmente nos momentos cruciais da construção do edifício.  

 

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4.3. Redigir um manual de operação e manutenção para o utilizador do edifício 

Após  a  conclusão  da  construção  do  edifício,  os  dados  de  projeto  e  desempenho  e  todas  as 

informações sobre os componentes e materiais utilizados devem ser atualizados e recolhidos para 

fornecer a  informação  final que poderá ser utilizada pela  futura operação do edifício,  tipicamente 

através de  funções de Facilities Management  (FM)  internas ao proprietário ou  inquilino, ou então 

externamente contratadas. As peças desenhadas finais e o manual do utilizador para a operação do 

edifício devem ser entregues ao cliente ou proprietário no momento da entrega. Deve também ser 

incluído  a  informação dos objetivos  iniciais do projeto. O pessoal  técnico que  lidar  com a  gestão 

futura do edifício e/ou o utilizador final devem ser informados sobre o desempenho da construção e 

devem familiarizar‐se com os sistemas técnicos e tecnológicos instalados. 

Um programa de monitorização dos sistemas deve ser recomendado ao cliente ou proprietário, em 

particular  se  existem  partes  experimentais.  O  pessoal  que  opera  e  os  utilizadores  devem  ser 

informados e familiarizados com a operação dos sistemas. 

 

PASSO 5 – USO DO EDIFICIO 

5.1. Receção do edifício (commissioning) 

A  receção  do  edifício  (commissioning)  é  o  ato  final  da  construção  de  um  edifício  em  que  uma 

entidade competente considerar, após uma detalhada observação do edifício e dos seus sistemas e 

equipamentos, bem como a realização de inúmeros testes, que as obras foram executadas de forma 

profissional  e  de  acordo  com  as  especificações  do  projeto  e  das  regras  de  arte  aplicáveis,  as 

disposições contratuais e alterações aprovadas durante a fase de construção. A receção do edifício é 

obrigatória para as obras públicas.  

 

5.2. Monitorizar o desempenho do edifício 

A monitorização do desempenho do edifício é uma base para avaliação holística ao longo do tempo. 

A monitorização  deverá  ser  planeada  na  fase  de  conceção  e  iniciada  logo  após  a  conclusão  do 

edifício. De preferência, uma base alargada para a avaliação do desempenho do edifício deve  ser 

utilizada, e uma combinação de dados é frequentemente necessária para avaliar cabalmente se os 

objetivos foram atingidos. Por exemplo; é de pouca utilidade se um edifício apresenta um excelente 

desempenho ao nível do uso de energia, se os ocupantes estão insatisfeitos com ruído e com a má 

qualidade do ar interior e, como consequência, o edifício está abandonado.  

As  informações  sobre o  consumo  real  de  energia  são  de  grande  importância  quando  se  avalia  o 

impacto global das medidas escolhidas. Como uma série de relatórios relatam discrepâncias entre a 

energia  calculada  e  a  energia  efetivamente  consumida,  são  levantadas  questões  sobre  se  a 

modelização de  sistemas energéticos pode  refletir ou não  resultados esperados. Além disso, uma 

vez que o padrão de  elevado desempenho  energético  envolve  geralmente  volumes  alargados de 

materiais como isolamentos térmicos, bem como um aumento de instalações técnicas, os impactos 

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desses  investimentos  extras  pode  ser  avaliado  através  de  análises  do  ciclo  de  vida  (LCAs),  e 

comparados com ganhos reais. De fato, avaliações da construção de edifícios,  incluindo o acesso a 

dados de monitorização, combinados com as análises do ciclo de vida, pode dar um feed‐back sobre 

as políticas de construção e os códigos. 

   

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PARTE 2 

 

Guia de Projeto Integrado para o Cliente 

 

 

   

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VERSÃO DRAFT    28 de 32 

O QUE É O PROJECTO ENERGÉTICO INTEGRADO? 

O conceito de Projeto Integrado (em  inglês,  ID,  Integrated Design) tem por objetivo a a otimização 

dos  resultados  energético  e  ambientais  de  um  novo  edifício  ou  na  fase  de  reabilitação.  A  sua 

implementação  baseia‐se  na  adoção  de  um  processo  de  projeto  integrado,  multidisciplinar, 

colaborativo e que se estende ao longo de todas as fases do processo de construção, em particular 

desde as fases iniciais da conceção da intervenção até à construção e operação do edifício.  

O  Projeto  Integrado  proporciona  benefícios  de  redução  custos  e  de  riscos  para  os  clientes  que 

adotam esta abordagem, bem  como  como para os ocupantes dos edifícios. Este  resumo  tem por 

finalidade  apresentar  estes benefícios  e  encorajar  os  clientes  a  incorporar  ID  como  requisito nos 

documentos de seleção dos seus consultores no projeto de construção de edifícios. Esta abordagem 

está a ser promovida ao nível da União Europeia como um meio privilegiado de atingir as exigências 

dos edifícios de necessidades de energia quase nulas (nZEB).  

 

RESUMO  

O  processo  de  Projeto  Integrado  é  uma  evolução  das  melhores  práticas  atuais  para  o 

desenvolvimento de uma  conceção de  construção na  construção. O Projeto  Integrado promove o 

envolvimento  do  núcleo  principal  da  equipa  projetista  em  fases muito  iniciais,  desde  logo  para 

analisar e refinar a documentação do Programa Preliminar emitida pelo cliente. O cliente e a equipa 

do  núcleo  vão  então  explorar  várias  opções  de  conceito  que  satisfaçam  o  Programa  Preliminar 

através de um processo de projeto  interativo. O Projeto  Integrado  tem a  capacidade de oferecer 

uma  solução  de  projeto  de  construção mais  otimizada  comparativamente  com  os  processos  de 

projeto tradicional.  

 

CONTEXTO 

O  Projeto  Integrado  nasce  de  uma  combinação  lógica  de  dois  conceitos:  Sustentabilidade  e 

Parcerias.  

A propensão da União Europeia em  relação à adoção de soluções de construção sustentável e ao 

baixo  consumo  energético  está  bem  documentada  e  conduziu  à  criação  de  vários  sistemas  de 

avaliação do  impacto ambiental, seja à escala nacional ou  local, bem como a certas obrigações em 

termos de planeamento e de estímulo ao uso de fontes renováveis de energia. 

Esta  propensão  foi  formalizada  em maio  de  2010  pela  adoção  da  Diretiva  Europeia  relativa  ao 

desempenho  energético  dos  edifícios  (EPBD  recast),  que  introduziu  o  conceito  de  edifícios  de 

necessidades de energia quase nulas e que levará ao aparecimento em 2020 de edifícios de energia 

quase zero. 

A propensão para a Parceria e colaboração é muito  forte e é demonstrado pelos vários  relatórios 

que estudam a indústria da construção e que convidam a uma maior colaboração, a fim de diminuir 

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NECESSIDADES DE ENERGIA QUASE NULAS  

 

VERSÃO DRAFT    29 de 32 

a confrontação no sector dos edifícios. Durante décadas, esses relatórios permitiram  identificar os 

benefícios  que  todas  as  partes  podem  retirar  a  partir  de  uma  abordagem mais  cooperativa  no 

processo de conceção de um edifício. 

 

BENEFÍCIOS PARA O CLIENTE ‐ CAPITAL REDUÇÃO DE CUSTOS  

Com  a  adoção de uma  abordagem de  Projeto  Integrado pode‐se provar que  é possível  reduzir o 

custo  de  capital  total  do  projeto. No  entanto,  esta  redução  global  de  custos  é  obtida  em  fases 

posteriores do projeto, resultando as etapas  iniciais do trabalho de projeto em custos  ligeiramente 

mais  elevados  através  de  honorários  de  projetistas,  pois  o  núcleo  da  equipa  de  projeto  deve 

desenvolver o esquema de projeto otimizado. 

O  ligeiro  aumento  de  custos  de  projeto  relacionado  com  o  núcleo  da  equipa  projetista  é 

compensado através da melhoria da solução produzido através do Projeto  Integrado. Tipicamente, 

uma abordagem do tipo Projeto Integrado vai adicionar 0,2% aos custos de projeto antes da fase de 

planeamento, mas conduz a 3% de redução de custos do capital total investido.  

As  reduções  de  custos  são  conseguidas  através  de  uma maior  coordenação  e  racionalização  do 

processo de projeto que é melhor entendida pelo núcleo da equipa projetista,  com um potencial 

para  uma  melhor  interação  entre  a  envolvente  do  edifício  e  os  seus  sistemas,  produzindo 

frequentemente economia significativas. 

O processo de Projeto  Integrado pode também funcionar perfeitamente com a adoção do Building 

Information  Modelling  (BIM).  BIM  é  um  conjunto  organizado  de  dados  relativos  ao  projeto 

(frequentemente em 3D mas nem sempre) que é desenvolvido pela totalidade da equipa projetista 

e, assim, encaixa na abordagem colaborativa do Projeto Integrado. 

 

BENEFÍCIOS PARA O CLIENTE – REDUÇÃO DE RISCOS

A abordagem colaborativa que está implícita no processo de Projeto Integrado reduz o risco inerente 

aos processos de projeto e de construção de edifícios, através de uma melhor coordenação em fases 

inicias do desenvolvimento do projeto e a um melhor entendimento dos princípios assumidos pelos 

vários atores chave.

O risco pode ser demonstrado a partir de processos‐tentativa de Projeto Integrado em  igualar XX% 

do custo do projeto, ou estimado em ascender a YY% do programa de projeto. 

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GUIA DE PROJETO INTEGRADO PARA A CONSTRUÇÃO DE EDIFÍCIOS DE  

NECESSIDADES DE ENERGIA QUASE NULAS  

 

VERSÃO DRAFT    30 de 32 

PROJECTO INTEGRADO 

Não há requisitos obrigatórios acerca do processo de Projeto  Integrado e assim cada Cliente pode 

escolher a abordagem de Projeto Integrado que melhor se adapta aos seus objetivos e prioridades. 

No entanto, descreve‐se de seguida um enquadramento típico pata o Projeto Integrado que poderá 

ser adotado, enfatizando os passos e a informação adicional disponível. 

 

PASSO 1.1 – Constituição da equipa de projeto 

Na base do Projeto  Integrado, deve ser nomeada um núcleo da equipe projetista que é preparada 

desde o  início para  trabalhar em estreita  colaboração e em  ambiente de  franca  abertura, pronta 

para atender aos objetivos do cliente e ao mesmo tempo trabalha para garantir soluções ambientais 

e energéticas de elevado desempenho. Por esta  razão, o Cliente devem assim  formar o núcleo da 

equipe do projeto numa fase inicial do projeto. 

Recomendações especificas para alterações na documentação da designação no núcleo da equipa de 

projeto, pode ser encontradas em: 

http://www.integrateddesign.com/appointments 

 

PASSO 1.2‐ Análise do local 

Toda a informação disponível sobre os fatores ambientais que caracterizam local deve ser recolhida 

pela  equipa  projetista,  e  apresentada  num  formato  de  fácil  entendimento  a  todas  os  agentes 

envolvidos. O Cliente  deve  assim  assegurar que os questionários  adequados,  recolha de dados  e 

estudos são todos orçamentados para os desenvolvimentos  iniciais e rececionada tão cedo quanto 

possível. 

Mais informação pode ser encontrada em: http://www.intend.com/madeuplink 

 

PASSO 1.3‐ Refinar o Programa Preliminar e Metas 

Inevitavelmente,  o  Cliente  terá  expectativas  para  aquele  local  (especialmente  se  o  terreno  ou 

edifício já tenha sido adquirido ou já exista um potencial inquilino). Este passo formaliza o Programa 

Preliminar  e  permite  à  equipa  projetista  a  oportunidade  de  rever  aspetos  que  restringem  ou 

condicionam  a  otimização  de  projeto  ou  dos  custos.  Na  prática,  a  melhor  abordagem  é 

frequentemente  convocar  uma  reunião  aberta  ou  workshop,  tendo  o  Programa  Preliminar  do 

Cliente circulado previamente, informando desde logo que será solicitada uma opinião na reunião.O 

Cliente deverá assegurar que é alocado suficiente tempo de execução e orçamento para esta fase, e 

sempre que um futuro inquilino já exista, deve também ser convocado para este processo. 

 

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NECESSIDADES DE ENERGIA QUASE NULAS  

 

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A  segunda parte desta etapa é de  transferir o  consensualizado Programa Preliminar em objetivos 

claros  para  a  equipa  projetista  corresponder  durante  a  fase  de  projeto,  de  construção  e  com  o 

edifício  construído.  Estes  objetivos  constituem  indicações  chave  para  o  sucesso  do  processo  e 

fornecem  um meio  de  avaliar o  trabalho  produzido  pela  equipa  projetista.  Sempre  que  possível, 

estas metas claras devem ser incorporadas na contratação. Mais detalhes sobre este passo, incluído 

exemplos  de  partes  de  Programas  Preliminares  e  metas  podem  ser  encontrados  em: 

http://www.bre.co.uk/integrateddesign.co.uk 

 

PASSO 2.1 ‐ 2.3 ‐ Várias opções de projeto 

Uma diferença óbvia entre o Projeto  Integrado e o processo  tradicional de projeto é que, para o 

projeto de conceção, a equipa projetista deverá apresentar várias propostas alternativas. Isto ajuda 

a  reduzir  o  risco  de  um  único  projeto  de  se  tornar  eventualmente  “muito  precioso”,  enquanto 

permite que outras abordagens sejam exploradas. O Cliente deverá assegurar que qualquer Inquilino 

conhecido  estará  envolvido  neste  processo,  e  que  a  contratação  da  equipa  projetista  reflete  os 

requisitos, com tempos de execução e custos suficientes, para responder a esta abordagem. 

O  desenvolvimento  do  conceito  de  projeto  deverá  acontecer  a  um  nível  básico  (pouco mais  do 

considerar modelos  de massa).  Todos  os  conceitos  de  projeto  iniciais  devem  ser  avaliados  por 

modelos energéticos básicos, quer ao vivo durante um workshop, quer com resultados a discutir no 

próximo  workshop.  Simultaneamente  com  a modelização  energética  básica,  a  equipa  projetista 

deverá, em atitude de franca colaboração, discutir as vantagens e desvantagem de cada opção numa 

série de workshops. 

Um  conjunto  de  workshops,  juntamente  com  os  requisitos  de  avaliar  quer  analiticamente  quer 

criativamente os diversos conceitos de projeto em  fase  inicial,  são as diferenças  tangíveis de uma 

abordagem de Projeto Integrado.  

Mais detalhes em http:///www.website.eu/page 

 

PASSO 2.4 ‐ Finalização do projeto 

O workshop  final para a equipa de projeto e para o Cliente deve selecionar um projeto otimizado 

que  satisfaça o Programa Preliminar. O Cliente deve assegurar que o núcleo da equipa projetista 

apresente  toda  a  informação  necessária  a  esta  reunião,  e  que  qualquer  conhecido  Inquilino  ou 

utilizador  do  edifício  esteja  presente  para  contribuir  pata  a  seleção  final  da  opção  a  ser 

desenvolvida. 

 

PASSO 3.1 ‐ 3.3 – Monitorização  

Uma vez que o projeto final seja selecionado, o Programa Preliminar e metas devem ser atualizados 

para representar corretamente aquilo que é pretendido construir. Sempre que estiverem presentes 

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Inquilinos, estas atualizações serão também necessárias para requerer um Contrato de Empréstimo. 

O  Programa  Preliminar  atualizado  e  metas  associadas  podem  ser  usados  como  obrigações 

contratuais, pagamento de  incentivos, ou fornecimento de dados pata a equipa projetista e para o 

Cliente.  O  Programa  Preliminar  deverá  alimentar  diretamente  o  anteprojeto  e  o  projeto  de 

execução, sendo as metas específicas incluídas nesses documentos. 

Mais informação, incluindo exemplos de metas de Cliente para os várias fases do projeto podem ser 

encontradas em http://www.intergratedDesign.eu/targets 

 

PASSO 4.1 ‐ 4.3 – Entrega  

Tal como acontece com todos os projetos de construção verdadeiramente bem‐sucedidos, o Projeto 

Integrado  depende  da  comunicação  de  importantes  mensagens,  em  particular  o  Programa 

Preliminar e as metas, através da equipa associado ao processo de construção do edifício. Deve‐se 

incluir  os  objetivos  de  Projeto  Integrado  nos  documentos  de  projeto  de  execução  e  de 

contratualização  para  execução  dos  trabalho, mas  sem  esquecer  planos  de  comunicação  destes 

objetivos no local. 

Sempre  que  necessário,  considerar  a  formação  no  local  para  que  técnicas  importantes  sejam 

apreendidas. O Projeto  Integrado é  também dependente da comunicação dos métodos ótimos de 

utilização para os utilizadores finais do edifício. A este respeito, um Manual do Utilizador, ensaios de 

receção do edifício e o envolvimento atempado do pessoal de gestão do edifício é importante. Para 

mais informação, por favor ver: 

http://www.softlandings.co.uk/madeup 

http://www.bre.co.uk/sitesustainability 

http://www.integrateddesign.eu/userguide