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Guia de Treinamento - 2012-2013 (2)

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GUIA DO TREINAMENTOPOLICIAL BÁSICO

6º Biênio2012 - 2013

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IDENTIDADE ORGANIZACIONAL DA PMMG(Plano Estratégico 2012-2015)

MISSÃOPromover segurança pública por intermédio da polícia ostensiva, com respeito aos direitos humanos e participação social, para a preservação da ordem pública em Minas Gerais.

VISÃOSermos reconhecidos como padrão de referência na produção de segurança pública, contribuindo para a construção de um ambi-ente seguro em Minas Gerais.

VALORESÉticaRespeito RepresentatividadeJustiçaDisciplinaCivismo

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GUIA DO TREINAMENTOPOLICIAL BÁSICO

6º Biênio2012 - 2013

Belo Horizonte2012

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Direitos exclusivos da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG)Reprodução proibida – circulação restrita

Comandante Geral da PMMG: Cel Márcio Martins Sant’anaChefe do Estado-Maior: Cel PM Divino Pereira de BritoChefe do Gabinete Militar do Governador: Cel PM Luiz Carlos Dias MartinsComandante da Academia de Polícia Militar: Cel PM Sérgio Augusto Veloso BrasilChefe do Centro de Treinamento Policial: Maj PM Márvio Cristo Moreira

Coordenação e revisão:Maj PM Alberto Nunes Borges 2º Sgt PM Sandro Gonçalves Maia (revisão

orto-Cap PM Rommel Trevenzoli gráfica e gramatical)Cap QOS Fabrizia Lopes Brandão Pereira Professora Isabel Cristina P. M. Nazareth

Conteúdo:Maj PM Alfredo José Alves Veloso 1º. Ten PM José Onézio da Costa JúniorMaj PM Márvio Cristo Moreira 1º. Ten PM Luciana do C. S. NominatoMaj PM Alberto Nunes Borges 1º. Ten PM Jorge Aparecido GomesMaj PM Edson Gonçalves 1º. Ten PM Molise Zimerman F. de SouzaMaj QOS Denise Marques de Assis 1º. Ten PM Gilber Martins MoraesCap PM Arnaldo Affonso 1º. Ten QOS Lourenço César M. SantosCap PM Wellington Leal Abreu 1º. Sgt PM Gielvane Celso de MirandaCap PM Ricardo Gonçalves Pessoa Leite 2º. Sgt PM Robson Matos CalixtoCap PM Helvécio Fraga dos Santos 3º. Sgt PM Nadja Alves de SouzaCap PM Anderson Luis de Oliveira 3º. Sgt PM Antônio Henrique de Faria1º. Ten PM Rodrigo Saldanha

M663g MINAS GERAIS, Polícia Militar. Guia do treinamento policial básico. Belo Horizonte: Academia de Polícia Militar, 2012.238 p. Il.Ref. ao 6º. Biênio: 2012/20131. Técnica policial militar. 2. Prontossocorrismo. 3. Defesa pessoal poli-cial. 4. Treinamento com arma de fogo. 5. Treinamento físico. 6. Dou-trina e atualização. I. Academia de Polícia Militar. Centro de Treina-mento Policial. II. Borges, Alberto Nunes (Coord.) III. Título.

CDU: 355.231CDD: 355.5

Ficha catalográfica: Rita Lúcia de Almeida Costa – CRB – 6ª Reg. n. 1730

ADMINISTRAÇÃO:Centro de Treinamento PolicialRua Diábase, 320 – PradoBelo Horizonte – MGCEP 30.410-440Tel: (0xx31) 2123.9430Fax: (0xx31) 2123.9423e-mail: [email protected]

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SUMÁRIOTÉCNICA POLICIAL MILITAR

1 INTERVENÇÃO POLICIAL (CD1)................................................. 19

1.1 PREPARO MENTAL......................................................................... 19

1.1.1 Estados de prontidão................................................................................ 19

1.1.2 Classificação dos estados de prontidão.................................................... 20

1.2 AVALIAÇÃO DE RISCOS....................................................................... 21

1.2.1 Metodologia de avaliação de riscos.......................................................... 21

1.2.2 Aplicação................................................................................................... 22

1.3 PENSAMENTO TÁTICO........................................................................... 22

1.3.1 Quarteto do pensamento tático............................................................... 22

1.3.2 Processo mental da agressão................................................................... 25

1.4 NÍVEIS DE INTERVENÇÃO POLICIAL.................................................... 27

1.5 USO DE FORÇA...................................................................................... 28

1.5.1 Uso diferenciado de força......................................................................... 28

1.5.2 Responsabilidade pelo uso de força......................................................... 31

1.5.3 Uso ou emprego da arma de fogo............................................................ 31

1.5.4 Atirar ou disparar arma de fogo............................................................... 33

1.5.5 Relatórios sobre o uso de força e arma de fogo....................................... 33

1.5.6 Roteiro básico de apuração referente ao uso de força e arma de fogo..... 34

2 TÉCNICA E TÁTICA POLICIAL BÁSICAS (CD 2)......................... 37

2.1 DESLOCAMENTOS TÁTICOS.................................................................. 37

2.1.1 Uso de cobertas e abrigos......................................................................... 37

2.1.2 Tipos de deslocamentos a pé.................................................................... 37

2.1.3 Deslocamento por rastejo.......................................................................... 38

2.1.4 Técnicas de uso do escudo balístico.......................................................... 38

2.1.5 Disciplina de luz e som............................................................................. 39

2.2 COMUNICAÇÃO POR GESTOS................................................................ 39

2.3 TÉCNICAS DE USO DE LANTERNA........................................................ 40

2.4 TÉCNICAS DE VARREDURA................................................................... 41

2.5 POSTURAS ADOTADAS PELO POLICIAL NA ABORDAGEM A PESSO-AS …........................................................................................ 44

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SUMÁRIO2.5.1 Ângulos de aproximação......................................................................... 45

2.5.2 Posturas de abordagem com as mãos livres........................................... 45

2.6 TÉCNICA DE APROXIMAÇÃO (TAT).................................................... 47

2.7 ABORDAGEM A PESSOAS..................................................................... 52

2.7.1 Uso diferenciado de força nas intervenções policiais................................ 52

2.7.2 Níveis de intervenção................................................................................ 53

2.7.3 Técnicas e táticas de abordagem a pessoas.............................................. 54

2.7.4 Modelos de abordagem.............................................................................. 55

2.7.5 Busca pessoal............................................................................................ 55

2.8 PROCEDIMENTOS POLICIAIS EM SITUAÇÕES ESPECÍFICAS.............. 58

2.8.1 Mulher....................................................................................................... 58

2.8.2 Diversidade sexual.................................................................................... 59

2.8.3 Portadores de necessidades especiais...................................................... 61

2.8.4 Idosos........................................................................................................ 65

2.8.5 População em situação de rua.................................................................. 65

2.8.6 Minorias...................................................................................................... 67

2.8.7 Pessoas em surto de drogas...................................................................... 69

2.9 TRATAMENTO ÀS VÍTIMAS................................................................ 71

2.10 LOCAL DE CRIME.................................................................................. 72

2.10.1 Classificação do local de crime e conceitos correlatos............................ 72

2.10.2 Prova....................................................................................................... 73

2.10.3 Procedimentos no local de crime............................................................... 74

3 INSTRUMENTOS DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO (IMPO). 77

3.1 INTRODUÇÃO........................................................................................... 77

3.2 EMPREGO................................................................................................. 77

3.3 TIPOS........................................................................................................ 78

3.3.1 Espargidores............................................................................................... 78

3.3.2 Pistolas TASER de emissão de impulsos elétricos.................................... 81

3.3.3 Munições de impacto controlado - balas de borracha............................... 85

4 DOCUMENTOSCOPIA.................................................................. 90

4.1 CONCEITOS............................................................................................... 90

4.2 IDENTIFICAÇÃO........................................................................................ 91

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SUMÁRIO4.2.1 Identificação criminal............................................................................... 91

4.2.2 Identificação datiloscópica....................................................................... 92

4.2.3 Identificação biométrica........................................................................... 92

4.3 DOCUMENTOS NACIONAIS................................................................... 92

4.3.1 Cédula de Identidade (RG)...................................................................... 93

4.3.2 Cadastro de Pessoa Física (CPF).............................................................. 93

4.3.3 Carteira Nacional de Habilitação (CNH)................................................... 94

4.3.4 Certificado de Registro e Licenciamento Veicular................................... 95

4.3.5 Passaporte................................................................................................ 95

4.3.6 Porte de arma de fogo.............................................................................. 96

4.3.7 Registro de arma de fogo.......................................................................... 97

4.3.8 Autorização para viagem de menores....................................................... 98

4.3.9 Livramento Condicional.............................................................................. 99

4.3.10 Cédula de dinheiro..................................................................................... 100

4.3.11 Documento de Autorização para Transporte de Produto Florestal.............. 101

4.4 DOCUMENTOS ESTRANGEIROS............................................................. 102

4.4.1 Registro Nacional de Estrangeiro (RNE).................................................... 103

4.4.2 Cédula de Identidade de Estrangeiro (CIE).............................................. 103

4.4.3 Passaporte para Estrangeiros.................................................................... 103

4.4.4 Laissez-Passer........................................................................................... 104

4.4.5 Tipos de visto............................................................................................ 104

4.4.6 Dispensa de passaporte e visto................................................................ 105

4.5 FISCALIZAÇÃO DE DOCUMENTOS DE PORTE OBRIGATÓRIO........... 106

4.5.1 Elementos de segurança.......................................................................... 106

4.5.2 Uso da lanterna ultra violeta..................................................................... 106

4.5.3 Manuseio de passaportes......................................................................... 107

4.5.4 Consultas aos sites Prado e Keesing......................................................... 108

ÉTICA, DOUTRINA E ATUALIZAÇÃO

5 INTELIGÊNCIA DE SEGURANÇA PÚBLICA................................ 113

5.1 IMPORTÂNCIA DA ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA DE SEGURANÇA PÚBLICA.................................................................................. 113

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SUMÁRIO

5.2 CONCEITO E CARACTERIZAÇÃO DA INTELIGÊNCIA DE SEGURANÇA PÚBLICA.................................................................................................. 114

5.2.1 O ciclo da produção de conhecimentos................................................... 115

5.2.2 Diferenças entre atividade de inteligência e policiamento velado............ 116

5.2.3 Diferenças entre inteligência de segurança pública e investigação polici-al.............................................................................................................. 117

5.2.4 A participação da inteligência de segurança pública na repressão qualifi-cada........................................................................................................... 120

5.3 SISTEMAS DE INTELIGÊNCIA DE SEGURANÇA PÚBLICA.................... 122

5.3.1 O Subsistema de Inteligência de Segurança Pública.............................. 122

5.3.2A criação do Sistema Estadual de Inteligência de Segurança Pública de Minas Gerais (SEISP)................................................................................ 123

5.3.3 O Sistema de Inteligência da Polícia Militar.............................................. 123

5.3.4 Papel do Sistema de Inteligência da Polícia Militar................................... 124

5.3.5 Estrutura do Sistema de Inteligência da Polícia Militar............................. 124

5.4 POLÍCIA ORIENTADA PELA INTELIGÊNCIA DE SEGURANÇA PÚBLI-CA.............................................................................................................. 126

5.4.1 Concepção e função................................................................................. 127

5.4.2 Polícia Orientada pela Inteligência de Segurança Pública como estratégia para potencializar os serviços da PMMG.................................................. 127

5.5 FERRAMENTAS TECNOLÓGICAS DA INTELIGÊNCIA DE SEGURANÇA PÚBLICA NA PMMG............................................................................... 129

6 GESTÃO ESTRATÉGICA PARA RESULTADOS............................. 130

6.1 CONTEXTO HISTÓRICO......................................................................... 130

6.2 VISÃO DE FUTURO................................................................................. 133

6.3 A ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO............................................... 137

6.3.1 Organização da estratégia em redes de desenvolvimento integrado........ 137

6.3.2 Rede de defesa e segurança.................................................................... 140

6.3.3 Objetivos estratégicos.............................................................................. 143

6.3.4 Indicadores e metas para a rede de Defesa e Segurança......................... 143

6.3.5 Estratégias................................................................................................ 144

6.3.6 Acordo de resultados............................................................................... 145

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SUMÁRIO6 O DESDOBRAMENTO DA ESTRATÉGIA GOVERNAMENTAL PELA

PMMG........................................................................................................ 145

7 SEGURANÇA PÚBLICA ORIENTADA AO TURISMO................... 147

7.1 RECOMENDAÇÕES DE SEGURANÇA PARA O TURISMO (OMT).......... 147

7.1.1 Medidas preventivas................................................................................ 148

7.1.2 Medidas facilitadoras para assistência ao turista...................................... 149

7.1.3 Dimensões do conceito de segurança turística......................................... 149

7.1.4 O comportamento do turista em relação à segurança.............................. 150

7.2 INFORMAÇÕES TURÍSTICAS E HOSPITALIDADE................................. 152

7.2.1 O policial militar como agente de informações turísticas.......................... 153

7.2.2 A importância da hospitalidade no atendimento policial-militar................ 154

7.3 ESTRATÉGIAS PARA ATENDIMENTO AO TURISTA DURANTEA REALIZAÇÃO DE GRANDES EVENTOS............................................ 156

7.3.1 Planejamento da segurança voltada ao turismo...................................... 156

7.3.2 Resolução de problemas envolvendo turistas.......................................... 157

7.3.3 A importância da capacitação especializada............................................ 159

PRONTOSSOCORRISMO

8 PRONTOSSOCORRISMO............................................................. 164

8.1 HEMORRAGIA E CHOQUE...................................................................... 164

8.2 VÍTIMA ÚNICA......................................................................................... 165

8.3 CATÁSTROFES E ACIDENTES COM MÚLTIPLAS VÍTIMAS.................. 166

8.3.1 Classificações............................................................................................ 166

8.3.2 Procedimentos iniciais e instalação do Sistema de Comando de Operações (SCO)............................................. 167

8.3.3 Triagem, tratamento e transporte............................................................ 168

8.3.4 Detalhamento da técnica START................................................................ 169

8.4 REANIMAÇÃO CÁRDIO-PULMONAR-CEREBRAL................................... 171

8.4.1 Atualização em reanimação cardiopulmonar (RCP) – Diretrizes................ 172

8.4.2 Desfibrilador Externo Automático (DEA)................................................... 174

DEFESA PESSOAL POLICIAL

9 DEFESA PESSOAL POLICIAL....................................................... 180

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SUMÁRIO9.1 INTRODUÇÃO.......................................................................................... 180

9.1.1 Pontos vulneráveis do corpo humano....................................................... 180

9.1.2 Postura...................................................................................................... 181

9.1.3 Esquivas.................................................................................................... 184

9.2 FUNDAMENTOS........................................................................................ 185

9.2.1 Soco.......................................................................................................... 186

9.2.2 Chute......................................................................................................... 187

9.3 TÉCNICAS DE CONDUÇÃO DE SUSPEITOS........................................... 189

9.3.1 Condução por três policiais....................................................................... 189

9.3.2 Condução por dois policiais....................................................................... 192

TREINAMENTO COM ARMA DE FOGO

10 TREINAMENTO COM ARMA DE FOGO...................................... 197

10.1 CONCEITOS E TÉCNICAS PARA O TIRO POLICIAL............................... 197

10.1.1 Posições de arma..................................................................................... 197

10.1.2 Posturas................................................................................................... 200

10.1.3 Empunhadura............................................................................................ 205

10.1.4 Pontaria..................................................................................................... 206

10.1.5 Acionamento do gatilho........................................................................... 207

10.1.6 Respiração................................................................................................. 207

10.1.7 Concentração mental................................................................................ 207

10.2 PROCEDIMENTOS DE SEGURANÇA COM ARMAS DE FOGO............... 208

10.3 TCAF – ESTAÇÃO DE TREINAMENTO.................................................. 209

10.3.1 Saque e recondução da arma ao coldre.................................................... 209

10.3.2 Inspeção de munições............................................................................... 209

10.3.3 Recargas.................................................................................................... 210

TREINAMENTO E TESTE DE AVALIAÇÃO FÍSICA

11 TREINAMENTO E TESTE DE AVALIAÇÃO FÍSICA...................... 216

11.1 CONCEITOS BÁSICOS............................................................................. 216

11.1.1 Princípios do treinamento esportivo........................................................... 216

11.1.2 Zona alvo ou zona de treinamento............................................................ 216

11.1.3 Cálculo do índice de massa corporal (IMC)................................................ 218

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SUMÁRIO11.1.4 Cálculo da relação cintura/quadril............................................................. 219

11.2 TREINAMENTO ESPORTIVO................................................................... 220

11.2.1 Treinamento para barra fixa....................................................................... 220

11.2.2 Treinamento para flexão abdominal........................................................... 221

11.2.3 Treinamento para a corrida de 200 metros................................................ 222

11.2.4 Treinamento para a corrida em 2400 metros............................................ 223

11.2.5 Treinamento geral...................................................................................... 224

11.3 TABELAS DO TESTE DE AVALIAÇÃO FÍSICA......................................... 226

11.3.1 Abdominais................................................................................................ 226

11.3.2 Corrida de 2400 metros............................................................................ 227

11.3.3 Corrida de 200 metros............................................................................... 228

11.3.4 Barra fixa................................................................................................... 229

REFERÊNCIAS 244

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                                     TÉCNICA POLICIAL MILITAR

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TÉCNICA POLICIAL MILITAR

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Biênio 2012-2013

APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA

Recentemente, a Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) publicou um conjunto de cadernos doutrinários que atualizam a doutrina operacional, buscando um alinhamento às normas internacionais de Direitos Humanos, oriundas da Organização das Nações Unidas (ONU) e à legislação nacional vigente, destacando-se a Portaria Interministerial n. 4.226, de 31 de dezembro de 2.010, que estabelece diretrizes sobre o Uso da Força pelos agentes de Segurança Pública.

No conteúdo programático do TPB – 6º biênio, foram incluídos os assuntos tratados nos Cadernos Doutrinários 1 – Intervenção Policial, verbalização e uso de força (CD 1) e 2 – Tática policial, abordagem a pessoas e atendimento às vítimas (CD 2), objetivando retomar a temática do uso de força e o emprego de técnicas e táticas policiais, principalmente, nas abordagens a pessoas, de forma a reforçar a padronização de procedimentos no cotidiano policial-militar. Além disso, esses cadernos doutrinários trazem um conjunto de inovações que precisa ser difundido junto à tropa, tais como: metodologia de avaliação de riscos e etapas da intervenção policial; novas terminologias, princípios e modelo do uso diferenciado da força; relatórios de uso de força que subsidiarão os estudos sobre letalidade; tratamento às vitimas e local de crime; e procedimentos em situações específicas (mulheres, diversidade sexual, portadores de necessidades especiais, idosos, população de rua, minorias e pessoas em surto de drogas).

Ainda, nesse contexto de atualização doutrinária, inovação e alinhamento à legislação vigente, a disciplina Técnica Policial Militar traz, de forma introdutória, informações sobre o uso, manejo e emprego de alguns dos instrumentos de menor potencial ofensivo (IMPO), traduzindo uma preocupação institucional com o emprego de recursos e equipamentos que resultem em menor dano às pessoas envolvidas e reforçando, desta forma, a importância da valorização da vida e da segurança nas intervenções policiais. Embora alguns dos IMPO discutidos no presente treinamento não sejam recentes na PMMG, pairam, ainda, muitas dúvidas sobre a utilização, eficiência, situações de uso e emprego. Desta forma, o TPB proporciona espaço para a atualização de competências relativas ao emprego de espargidores de agente de pimenta (aerosol, gel e espuma), munições de impacto controlado (balas de borracha) e armas de impulso elétrico (TASER).

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Guia do Treinamento Policial Básico

Por fim, diante de uma antiga demanda da Tropa e da constatação de uma lacuna de referências e orientações sobre os procedimentos referentes à fiscalização de documentos de porte obrigatório, o conteúdo 'Documentoscopia' foi incluído na disciplina Técnica Policial Militar, acrescentando conhecimentos técnicos necessários para a realização de abordagens a pessoas. Parte deste conteúdo, até então, foi apresentado aos policiais de forma restrita a determinados documentos em cursos de formação ou de treinamento. Resultado de uma ampla pesquisa, respaldadas na legislação vigente e na interlocução com outras instituições de segurança pública, o TPB oferece, ao longo deste conteúdo, informações consolidadas e atualizadas para a identificação e verificação da autenticidade não só sobre documentos nacionais, quanto internacionais, pois foi desenvolvido considerando a proximidade de realização de grandes eventos que resultaram em grande circulação de pessoas no Estado de Minas Gerais e, dentre elas, turistas estrangeiros.

A introdução deste conteúdo na disciplina técnica e tática policial contribuirá para a prevenção e redução de crimes ligados a fraudes documentais, falsificações, descumprimentos de ordens judiciais e, até mesmo, a prostituição infantil, bem como aprimorará o desfecho das intervenções policiais.

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Biênio 2012-2013

1 INTERVENÇÃO POLICIAL1

1.1 PREPARO MENTAL

Cada intervenção é singular, exigindo que o policial seja versátil e capaz de adaptar-se às peculiaridades de cada situação do cotidiano operacional. Nesse contexto, a segurança do policial, na execução das suas tarefas, está diretamente relacionada ao seu preparo mental.

Preparo mental é o processo de pré-visualizar e ensaiar mentalmente os prováveis problemas a serem encontrados em cada tipo de intervenção policial e as possibilidades de respostas. Essa antecipação desencadeia um conjunto de alterações fisiológicas e psicológicas, colocando o policial num estado de prontidão que ampliará sua capacidade de resposta a cada situação.

Visualizar as situações e respostas possíveis prepara o policial para a tomada de decisões. Mesmo em circunstâncias adversas (por exemplo, ferido ou sob estresse), o policial bem treinado terá como responder adequadamente, dentro dos padrões técnicos, legais e éticos.

LEMBRE-SE:

Ao desenvolver o preparo mental, o policial antecipa-se, fazendo uma avaliação preliminar das ameaças e considerando possibilidades de

atuação.

1.1.1 Estados de prontidão

Os estados de prontidão dependem de fatores subjetivos, tais como experiências anteriores, domínio técnico e relacionamento com a equipe de trabalho, que influenciam no modo como cada policial percebe e responde a um mesmo estímulo.

Os estados de prontidão são definidos pelo conjunto de alterações fisiológicas (frequência cardíaca, respiratória, dentre outros) e das funções mentais (concentração, atenção, pensamento, percepção, emotividade) que influenciam na capacidade de reagir às situações de perigo.

1 Este texto foi elaborado com base no Caderno Doutrinário 1: Intervenção Policial, verba-lização e uso de força (MINAS GERAIS, 2010). Para melhor aprofundamento, sugere-se consulta a essa obra.

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Guia do Treinamento Policial Básico

1.1.2 Classificação dos estados de prontidão

O QUADRO 1 traz, de forma sintética, os estados de prontidão e suas características.

QUADRO 1Características dos estados de prontidão.

ESTADO CARACTERÍSTICAS

Relaxado (branco)- não indicado para o policial em serviço ou em deslocamento fardado.

Distração em relação ao que está acontecendo ao redor, pelo pensamento disperso e pelo relaxamento do policial. Pode ser ocasionado por crença na ausência de perigo ou mesmo por cansaço.

Atenção (amarelo)- patrulhamento ordinário, com prioridade para identificação de possíveis riscos. - policial fardado em deslocamento.- pode ser mantido sem sobrecarga física ou mental.

O policial está atento, precavido, mas não está tenso. Apresenta calma, porém, mantém constante vigilância das pessoas, dos lugares, das coisas e ações ao seu redor por meio de uma observação multidirecional e da atenção difusa (em 360º).

Alerta (laranja)- não deve ser mantido por longos períodos;- vigilância;- localizar possíveis abrigos;- verificar necessidade de apoio.

O policial detecta um problema e está ciente de que um confronto é provável. Embora ainda não haja necessidade imediata de reação, o policial se mantém vigilante, identifica se há alguém que possa representar uma ameaça que exija uso de força, e calcula o nível de resposta adequado conforme modelo de uso diferenciado de força.

Alarme (vermelho)- não deve ser mantido por longos períodos;- foco na ameaça;- intervenção conforme situação exigir.

O risco é real e uma resposta da polícia é necessária. Importante focalizar a ameaça (atenção concentrada no problema) e ter em mente a ação adequada para controlá-la, com intervenção verbal, uso de técnicas de menor potencial ofensivo ou força potencialmente letal, conforme as circunstâncias exigirem.

Pânico (preto)- reação desproporcional e ineficaz;- não deve ser mantido.

O policial se depara com uma ameaça para a qual não está preparado ou quando se mantém num estado de tensão por um período de tempo muito prolongado; seu organismo entra num processo de sobrecarga física e emocional.

Fonte: Minas Gerais, 2010, p. 18 a 20.

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Biênio 2012-2013

1.2 AVALIAÇÃO DE RISCOS

Toda intervenção envolve algum tipo de risco potencial que deverá ser considerado pelo policial. O risco é a probabilidade de concretização de uma ameaça contra pessoa e bens; é incerto, mas previsível. Cada situação exigirá que ele se mantenha no estado de prontidão compatível com a gravidade dos riscos que identificar. Uma ponderação prévia irá orientar o policial sobre a necessidade e o momento de iniciar a intervenção, escolhendo a melhor maneira para fazê-lo.

IMPORTANTE!

O policial deverá ter em mente que, em qualquer processo de tomada de decisão em ambiente operacional, a polícia tem o dever funcional

de servir e proteger a sociedade, preservar a ordem pública e a incolumidade das pessoas e do patrimônio, garantindo a vida, a

dignidade e a integridade de todos.

1.2.1 Metodologia de avaliação de riscos

Esta metodologia compreende cinco etapas, sendo elas:

• Etapa 1 – identificação de direitos e garantias sob ameaça• Etapa 2 – avaliação das ameaças• Etapa 3 – classificação de risco:

risco nível I: caracterizado pela reduzida possibilidade de ocorrer e ameaças que comprometem a segurança;

risco nível II: caracterizado pela real possibilidade de ocorrerem ameaças que comprometem a segurança;

risco nível III: caracterizado pela concretização do dano ou pelo grau de extensão da ameaça;

• Etapa 4 – análise das vulnerabilidades;• Etapa 5 – avaliação de possíveis resultados.

IMPORTANTE!

Ao fazer a avaliação de risco, o policial tem subsídios para avaliar a oportunidade e a conveniência de uma intervenção e decidir sobre a ação e o nível de força adequado para controlar a ameaça, seja por meio da verbalização, força física ou mesmo a força potencialmente letal, conforme as circunstâncias assim exigirem. (MINAS GERAIS, 2010, Seção 7).

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Guia do Treinamento Policial Básico

1.2.2 Aplicação

Para cada nível de risco determinado, haverá uma conduta operacional estabelecida como referência para a ação policial, cabendo-lhe selecionar os procedimentos mais adequados a cada situação. Cada atuação da polícia é cercada de particularidades.

LEMBRE-SE:

Não é possível afastar completamente o risco em uma intervenção policial, mas o preparo mental, o treinamento e a obediência às normas técnicas garantem uma probabilidade maior de sucesso.

1.3 PENSAMENTO TÁTICO

Pensamento tático é o processo de análise do cenário da intervenção policial (leitura do ambiente). Consiste em mapear as diferentes áreas do “teatro de operações” em função dos riscos avaliados, identificar perímetros de segurança para atuação, priorizar os pontos que exijam maior atenção e tentar interferir no processo mental do agressor.

AVALIAÇÃO DE RISCOS + PENSAMENTO TÁTICO

DIAGNÓSTICO DA INTERVENÇÃO

1.3.1 Quarteto do pensamento tático

O pensamento tático é norteado pelo quarteto: área de segurança, área de risco, ponto de foco e ponto quente.

Os conceitos apresentados no QUADRO 2 devem ser entendidos de maneira ampla e sistêmica, sendo adaptáveis às diversas situações operacionais.

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Biênio 2012-2013

QUADRO 2Quarteto do pensamento tático

PENSAMENTO TÁTICO

a) Área de segurança

Na qual as forças policiais têm o domínio da situação, não havendo, presumidamente, riscos à integridade física e à segurança dos envolvidos. É o espaço onde o policial deve, primeiramente, se colocar durante a intervenção, evitando se expor a perigos desnecessários.

Exemplo: arredores de uma residência onde, no seu interior, se encontra o suspeito da prática de um delito.

b) Área de risco

Espaço físico delimitado, onde podem existir ameaças, potenciais ou reais, que ponham em perigo a integridade física e a segurança dos envolvidos. É a área na qual o policial não detém o domínio da situação, por ainda não ter realizado buscas, sendo, portanto, uma fonte de perigo para ele ou terceiros, e por isso requer que os riscos envolvidos sejam rigorosamente avaliados (ver Avaliação de Riscos – item 2 deste texto).

Exemplo: a residência onde se encontram suspeitos da prática de um delito.ATENÇÃO! O policial somente deverá transpor a área de segurança e adentrar na área de risco, depois de certificar-se de que tem o controle das fontes de perigo que lá se encontram.

c) Ponto de foco

São partes dentro da área de risco que requerem monitoramento específico uma vez que representam risco à segurança dos envolvidos. Portas, janelas, escadas, corredores, veículos, obstáculos físicos, escavações, uma pessoa, ou qualquer outro elemento no local de atuação que possa oferecer ameaça, mesmo que não imediatamente visível ou conhecida, podem ser considerados como pontos de foco.

Seguindo o exemplo do item “b) Área de Risco”, os pontos de focos poderão ser as janelas da residência onde se encontram suspeitos da prática de um delito.

d) Ponto quente

Os pontos quentes são partes do ponto de foco que possuem um maior potencial de se tornarem fontes reais de agressão e que, por isso, devem ser cautelosamente monitorados para garantir a segurança de todos os envolvidos. O policial direcionará sua atenção, energia e habilidade para essas fontes a fim de responder adequadamente, considerando os princípios e as regras para o uso de força.

Seguindo o exemplo do item “c) Ponto de Foco”, o ponto quente será o suspeito da prática de um delito, que está posicionado numa das janelas da residência.

Fonte: Minas Gerais, 2010, p. 33 a 36.É necessário compreender que a definição do que será ponto de foco e ponto quente ocorre de maneira contínua e dinâmica, decorrente da avaliação de riscos. Isso permite ao policial reclassificá-los à medida que os locais de onde podem partir as ameaças vão sendo identificados e/ou controlados, mais especificamente.a) Leitura do ambiente

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Guia do Treinamento Policial Básico

Existem três questões-chave para uma correta leitura do ambiente, que levam à identificação dos riscos presentes numa intervenção policial:

1ª - Onde estão os riscos potenciais nesta situação?2ª - Esses riscos estão controlados?3ª - Se esses riscos não estão controlados, como fazê-lo?

LEMBRE-SE:

Ao se colocar num estado de prontidão adequado, passando do estado de atenção (amarelo) para o estado de alerta (laranja) ou para o

estado de alarme (vermelho), quando necessário, o policial estará melhor preparado para identificar os pontos de foco e seus pontos

quentes.

b) Alinhamento do estado de prontidão

É possível alinhar os conceitos do pensamento tático com o estado de prontidão. Ao chegar ao local de intervenção, é necessário avaliar a área de risco, procedendo à identificação dos pontos de foco e seus pontos quentes.

LEMBRE-SE:

O objetivo do policial em uma ocorrência é, de modo geral, impedir o agravamento de qualquer situação e solucionar os problemas. Quando

o policial não se expõe a perigos desnecessários e trabalha sem invadir a área de risco, identificando e controlando os pontos de foco, ele possui mais chances de evitar confronto direto e terá mais tempo

e maior segurança para decidir quando e como agir.

Em situações em que há mais de um policial, é possível dividir os pontos de foco de uma área de risco. A quantidade de policiais empregados em uma intervenção deve ser, sempre que possível, capaz de proporcionar o controle de todos os pontos de foco e seus pontos quentes. Todos os pontos de foco devem estar sob vigilância e, para isso, deverá ocorrer uma ação coordenada por parte dos policiais. Jamais um ponto de foco pode ser desconsiderado.O policial que verbaliza manterá contato visual com o abordado, sempre olhando para ele. Isso interferirá no processo mental do agressor, reduzindo sua capacidade de reação.

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Biênio 2012-2013

NÃO DISPERSAR E NÃO DIVIDIR A ATENÇÃO.

NÃO CONFUNDIR ATENÇÃO CONCENTRADA COM “VISÃO EM TÚNEL”.

Em uma situação de risco iminente, o policial deve concentrar toda a sua força e energia para controlar a ameaça o mais rápido possível. Por outro lado, a “visão em túnel” ocorre quando o policial fixa seu olhar e sua atenção em apenas um ponto, perdendo a capacidade de percepção do que se encontra à sua volta. Como consequência, poderá eleger um objetivo incorreto ou um conjunto de ações inadequadas para atingi-lo.

O policial, na sua prática operacional diária, deve lidar com a probabilidade de riscos, preparando-se para enfrentar ameaças onde quer que elas possam ocorrer. Não é possível eliminar todos os riscos da sua atividade, mas, usando corretamente os princípios do pensamento tático, haverá uma redução substancial do perigo.

1.3.2 Processo mental da agressão

Consiste nas etapas percorridas por uma pessoa que intenciona agredir o policial e ocorre da seguinte maneira:

IDENTIFICAR: captar o estímulo por meio da visão, dos sons, da intuição ou de outra forma de perceber a presença do policial.

DECIDIR: definir o que fazer, isto é, preparar-se para o ataque ou ocultar-se.

AGIR: colocar em prática aquilo que decidiu.

Importante salientar que, usualmente, as etapas do processo mental da agressão percorridas pelo suspeito ocorrem nesta sequência. Porém, ocasionalmente, podem não ocorrer nesta ordem. Exemplo: o suspeito pode estar com a arma pronta para disparar, apontada para a esquina de um beco em um aglomerado urbano, antes mesmo de identificar um alvo.

Qualquer que seja a ordem, um provável agressor tem apenas esse processo de pensamento para percorrer. Isso coloca o policial em desvantagem, pois, enquanto o agressor passa por TRÊS passos para executar o ataque, o policial terá, necessariamente, QUATRO fases, a fim de responder a ameaça:

IDENTIFICAR – CERTIFICAR – DECIDIR – AGIR

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Guia do Treinamento Policial Básico

Após identificar a provável agressão, o policial terá, obrigatoriamente, que se certificar de que o agressor está, de fato, iniciando um ataque, para depois decidir e agir em consonância com os princípios do uso de força (legalidade, necessidade, proporcionalidade, moderação e conveniência), e com os parâmetros éticos.

Sabendo que o tempo para reagir é curto, a melhor maneira do policial trabalhar com essa desvantagem é alongar e manipular o processo mental do agressor.

Para tanto, cinco condições são necessárias:

1º - Ocultação: se o agressor não sabe exatamente onde o policial está, ele terá dificuldades em IDENTIFICÁ-LO para um ataque.2º - Surpresa: evitar que o agressor possa antecipar suas ações. Surpresa, por definição, anda lado a lado com a ocultação. É, em outras palavras, agir sem ser percebido diminuindo as possibilidades de ser agredido. Se o policial pode ocultar-se ou mover-se de modo imperceptível, diminuirá a possibilidade de ser identificado e sofrer a ação decorrente de um plano de ataque.3º - Distância: o policial deverá manter-se a uma distância que dificulte qualquer tipo de ação por parte do abordado. Quanto mais próximo de um agressor, maiores são as chances do policial ser atingido. O policial deverá utilizar-se de um abrigo.4º - Autocontrole: na ânsia de ver o êxito de suas atuações, os policiais, frequentemente, abreviam boas táticas ou se lançam dentro da área de risco na presença de um suspeito potencialmente hostil. Por outro lado, se o policial faz com que ele venha até a área de segurança, que está sob seu controle, estará provavelmente interferindo em todo o processo de pensamento do agressor, desarticulando, desse modo, suas ações.5º - Proteção: este princípio é, sem dúvida, o mais importante entre todos. Se o policial pode posicionar-se atrás de algo que verdadeiramente o proteja dos tiros e, ao movimentar-se utilizar abrigos, um agressor terá muita dificuldade em atacá-lo com sucesso. O abrigo também lhe dará mais tempo para identificar qualquer outra ameaça que se apresente.

ATENÇÃO!

O policial deve adentrar a área de risco somente depois de se certificar de que detém o controle de todas as ameaças que ela possa

oferecer, transformando-a em uma área de segurança.

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1.4 NÍVEIS DE INTERVENÇÃO POLICIAL

A intervenção policial é a ação ou a operação que emprega técnicas e táticas policiais, em eventos de defesa social, tendo como objetivo prio-ritário a promoção e a defesa dos direitos fundamentais da pessoa. O QUADRO 3 traz a classificação dos níveis de intervenção e sua relação com os níveis de risco.

QUADRO 3Correlação entre os níveis de risco, níveis de abordagem e posturas táticas recomenda-

das(Continua)

NIVEIS DE RISCO NÍVEIS DE ABORDAGEM POSTURAS TÁTICAS

Risco Nível I:caracterizado pela reduzida possibilidade de ocorrerem ameaças que comprometem a segurança. Este nível de risco está presente em situações rotineiras do patrulhamento e intervenções de caráter educativo e assistencial.

Abordagem Nível 1:adotada nas situações de assistência e orientação. A finalidade das ações policiais neste nível é de orientar e/ou educar e, dificilmente implicam em realizar buscas em pessoas ou bens. É o tipo de intervenção na qual o caráter preventivo predomina.

Estado de Prontidão (amarelo)

Posturas corporais:aberta, de prontidão e postura defensiva

Posição da Arma: no coldre ou usada na posição 1 - arma localizada

Risco Nível II:caracterizado pela real possibilidade de ocorrerem ameaças que comprometem a segurança. São situações nas quais o risco é conhecido, mas que a intervenção policial ainda é de caráter preventivo.

Abordagem Nível 2: adotada nas situações em que haja a necessidade de verificação preventiva. A avaliação de risco indica que existe algum indício de ameaça à segurança (do policial ou de terceiros), mas ainda não há a necessidade imediata de uma resposta.

Estado de Prontidão (laranja)

Posturas corporais: aberta, de prontidão e postura defensiva

Posição da Arma1 - Arma localizada2 - Guarda Baixa

Risco Nível III:caracterizado pela concretização do dano ou pelo grau de extensão da ameaça. São situações nas quais a intervenção policial é de caráter repressivo.

Abordagem Nível 3: adotada nas situações de fundada suspeita ou certeza do cometimento de delito, caracterizando ações repres-sivas. Neste caso, a avalia-ção de riscos indica a imi-nência de algum tipo de agressão. Os policiais deve-rão estar prontos para o em-prego de força.

Estado de Alarme (verme-lho)

Posturas corporais: aberta, de prontidão e postura defensiva

Posição da Arma3 - Guarda Alta4 – Pronta Resposta

Fonte: Minas Gerais, 2011, p. 58.

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1.5 USO DE FORÇA

A força, no âmbito policial, é definida como sendo o meio pelo qual a polícia controla uma situação que ameaça a ordem pública, a dignidade, a integridade ou a vida das pessoas. Sua utilização deve estar condicionada à observância dos limites do ordenamento jurídico e ao exame constante das questões de natureza ética2.

O uso de força é um tema que engloba muitas variáveis e possibilidades de ação. De acordo com as circunstâncias, sua intensidade pode variar desde a simples presença policial até o emprego de força potencialmente letal como o disparo da arma de fogo contra pessoa, sendo, neste caso, considerado como o último recurso e de medida extrema de uma intervenção policial. A força aplicada por um policial é um ato discricionário, legal, legítimo e profissional. Pode e deve ser usada no cotidiano operacional, sem receio das consequências advindas de seu emprego, desde que o policial cumpra com os princípios éticos e legais que regem sua profissão.

LEMBRE-SE:

O uso de força não se confunde com violência3 haja vista que esta última é uma ação arbitrária, ilegal, ilegítima e não profissional. O uso

excessivo de força configura ato de violência e abuso de poder (Ver Código de Conduta para os Encarregados pela Aplicação da Lei, CD 1,

p. 75).

1.5.1 Uso diferenciado de força

Caracteriza-se pelo uso de força de maneira seletiva. Trata-se de um processo dinâmico, no qual o nível de força pode aumentar ou diminuir, em função de uma escolha consciente do policial, de acordo com as circunstâncias presentes em uma determinada intervenção. É o

2 Interpretação institucional, pela PMMG, do primeiro princípio para a Utilização da Força e de Armas de Fogo por Policiais (UNITED NATIONS, 1990).

3 “Uso de Força e a Ostensividade na Ação Policial”, de Jacqueline Muniz, Domício Proença Junior e Eugênio Diniz, artigo publicado no periódico Conjuntura Política. Boletim de Análise - Departamento de Ciência Política da UFMG, BELO HORIZONTE, p. 22-26, 20 de abril de 1999.

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resultado escalonado das possibilidades da ação policial, diante de uma potencial ameaça a ser controlada.

IMPORTANTE!

Na ação policial é inadequada a utilização da expressão “uso progressivo de força”, pois remete à ideia, somente, de escalada,

subida, atitude ascensional obrigatória. Em muitos casos, a regressão, ou a aplicação de um nível de força imediato, sem que passe por outro

nível, inferior ou superior, será necessário.

Para sua proteção, todo policial deve utilizar equipamentos de proteção individual (EPI) específicos para sua atuação, além de alternativas de armamentos e tecnologias, inclusive os de menor potencial ofensivo (IMPO) para propiciar opções de uso diferenciado de força. Não portar tais materiais no momento oportuno, muitas vezes, por negligência do policial, pode levá-lo a fazer uso de técnicas que contrariam os princípios do uso de força4.

O emprego de todos os níveis de força nem sempre será necessário em uma intervenção. É fundamental que o policial mantenha-se atento quanto às mudanças dos níveis de resistência do abordado, para que selecione corretamente o nível de força a ser empregado.

A decisão entre as alternativas de força se baseará na avaliação de riscos e é importante considerar a relevância da formação e do treinamento de cada policial para o desenvolvimento de tal competência. O QUADRO 5, na página seguinte, mostra a classificação dos níveis para o adequado uso diferenciado de força.

QUADRO 5Alternativas de força e formas de atuação do policial militar

(Continua)

ALTERNATIVAS DE FORÇA

Nível primário

(a) Presença policial

Demonstração ostensiva de autoridade; o efetivo policial corretamente uniformizado, armado, equipado, em postura e atitude diligente, geralmente inibe o cometimento de infração ou delito naquele local.

(b) Verbalização Uso da comunicação oral (falas e comandos) com a

4 Interpretação institucional da PMMG do segundo princípio básico para o uso da força e das armas de fogo por policiais. (UNITED NATIONS, 2011a)

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entonação apropriada e o emprego de termos adequados que sejam facilmente compreendidos pelo abordado; deve ser empregada em todos os demais níveis de uso de força.

QUADRO 5Alternativas de força e formas de atuação do policial militar

(Conclusão)

ALTERNATIVAS DE FORÇA

Nível secundário - técnicas de menor potencial ofensivo

(a) Controles de contato

Emprego de técnicas de defesa pessoal policial, aplicadas no abordado resistente passivo (não agride o policial) para que ele obedeça às ordens; técnicas de mãos livres poderão ser utilizadas (ver Posturas Táticas – Caderno Doutrinário 2).

(b) Controle físico

Emprego das técnicas de defesa pessoal policial, com um maior potencial de submissão, para fazer com que o abordado resistente ativo (agressivo) seja controlado, sem o emprego de instrumentos. Visa a sua imobilização e condução, evitando, sempre que possível, que resulte lesões do uso de força.

(c) Controle com instrumentos de menor potencial ofensivo (IMPO)

Emprego de instrumentos de menor potencial ofensivo (IMPO), para controlar o abordado resistente ativo (agressivo). Visa a sua imobilização e condução, evitando, sempre que possível, que resulte em lesões decorrentes do uso de força. Neste nível, o policial recorrerá aos instrumentos disponíveis, tais como: bastão tonfa, gás/agentes químicos, algemas, elastômeros (munições de impacto controlado), “stingers” (armas de impulso elétrico), entre outros, com o fim de anular ou controlar o nível de resistência.

(d) Uso dissuasivo de arma de fogo

Opções de posicionamento que o policial poderá adotar com sua arma, para criar um efeito que remova qualquer intenção indevida do abordado e, ao mesmo tempo, estar em condições de dar uma resposta rápida, caso necessário, sem, contudo, dispará-la. As posições adotadas implicam percepções diferentes pelo abordado, quanto ao nível de força utilizado pelo policial. A ostensividade da arma de fogo tem um reflexo sobre o abordado que pode ter sua ação cessada pelo seu impacto psicológico, que a arma provocar. Exemplo: localizar a arma de fogo no coldre, empunhá-la fora do coldre ou apontá-la na direção da pessoa correspondem a uma demonstração direta de níveis diferentes de força que tem forte efeito no controle do abordado (ver Caderno Doutrinário 2).

Nível terciário - força potencialmente letal

Consiste na aplicação de técnicas de defesa pessoal policial, com ou sem o uso de equipamentos, direcionados a regiões vitais do corpo do agressor, ou no disparo de arma de fogo efetuado pelo policial contra um agressor. Devem ser

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empregadas somente em situações extremas, que envolvam risco iminente de morte ou lesões graves para o policial ou para terceiros, com o objetivo imediato de fazer cessar a ameaça.Fonte: Minas Gerais, 2010a, p. 82 a 85.

ATENÇÃO! Considere que, quando utilizar o IMPO, o risco de morte ou de graves

lesões continua existindo, mas em um nível significativamente inferior, quando comparado ao emprego de nível de força potencialmente letal.

LEMBRE-SE:Antes de empregar as técnicas previstas, sempre que possível e desde que não coloque em risco a segurança, o policial deve:

(a) identificar-se como policial;(b) advertir o agressor quanto à possibilidade ou o emprego de uso

de força, proporcionando-lhe tempo suficiente para que entenda e desista da agressão acatando as ordens policiais.

Essas regras serão aplicadas quando:* disparar munição de impacto controlado ou de impulso elétrico (controle de IMPO);* disparar arma de fogo (força potencialmente letal).

1.5.2 Responsabilidade pelo uso de força

A responsabilidade direta pelo uso de força será:

• do autor: é individual e recai sobre o policial que a empregou. O cumprimento de ordem superior não será causa de

justificação pelo erro do autor quando essa, ao determinar o uso de força ou arma de fogo, tiver sido manifestamente ilegal e, no momento, o policial teve oportunidade razoável de se recusar a cumpri-la. No segundo caso, a responsabilidade caberá, também, ao superior que a tiver dado;

• dos superiores hierárquicos: serão responsabilizados, também, quando deixarem de adotar as medidas disponíveis para impedir, fazer cessar ou comunicar o excesso de força praticado por policiais sob suas ordens;

• da equipe de policiais: qualquer policial que suspeite que outro policial esteja fazendo ou tenha feito o uso da violência, deve adotar todas as providências ao seu alcance, para prevenir ou opor-se, rigorosamente, a tal ato. Na primeira oportunidade que tenha, deve informar o fato aos seus superiores e, se necessário, a qualquer outra autoridade com competência para investigar os fatos.

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Guia do Treinamento Policial Básico

1.5.3 Uso ou emprego da arma de fogo

Na atividade operacional de polícia, a ação de usar ou empregar armas de fogo tem um entendimento prático específico que a diferencia, em termos de nível de força aplicado, da ação de disparar ou atirar. Os verbos usar ou empregar arma de fogo devem ser entendidos como sinônimos e correspondem às ações do policial, de empunhar e/ou apontar sua arma na direção da pessoa abordada (com efeito dissuasivo), sem, contudo, dispará-la. Soma-se nesse caso, um fator de autoproteção, uma vez que ele estará com sua arma em condição de disparo, se precisar.

As posições adotadas com a arma correspondem a níveis diferentes de percepções de uso de força pelo abordado. Exemplo: localizar, empunhar e apontar a arma de fogo. O policial, no seu cotidiano operacional, poderá empregar a sua arma, com o objetivo de preservar a ordem pública e a incolumidade das pessoas e do patrimônio, no exercício pleno do seu poder de polícia.

ATENÇÃO!

O fato de o policial somente portar a arma no coldre, como parte do seu equipamento profissional, ou conduzir armas longas, em posição

de bandoleira não será considerado como ação de “uso” ou “emprego” de arma de fogo.

Possibilidades de uso ou emprego de armas de fogo5:

• Posição 1 - arma localizada.

• Posição 2 - arma em guarda baixa.

• Posição 3 - arma em guarda alta.

• Posição 4 - arma em pronta resposta.

O policial deve se preocupar em não banalizar o uso da posição 4 - arma em pronta resposta durante a abordagem e, logo que possível, conforme a evolução da situação, deverá retornar à posição 2 ou 3, mantendo ativa a verbalização e o controle do abordado. Sempre que o critério de segurança indicar, deve evitar iniciar a abordagem com a

5 Esse assunto será tratado de forma mais detalhada na disciplina Treinamento com Arma de Fogo (TCAF e PPCAF).

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arma na posição 4, porque além de demonstrar agressividade, não há flexibilidade de evolução para um nível superior de força que não seja efetuar o disparo, correndo ainda o risco de disparo acidental com graves consequências.

MUITO IMPORTANTE!

PARA O EMPREGO DE ARMA DE FOGO(SEGURANÇA A 200%)

Mantenha, SEMPRE, o dedo fora do gatilho enquanto empunharsua arma, até que o disparo seja necessário.

Preocupe-se, SEMPRE, em manter o cano de sua armavoltado para uma direção segura.

1.5.4 Atirar ou disparar arma de fogo

Os verbos atirar ou disparar arma de fogo devem ser entendidos como sinônimos e correspondem ao efetivo disparo feito pelo policial na direção da pessoa abordada. Ele disparará (atirará) contra essa pessoa, como último recurso, em caso de legítima defesa própria ou de terceiros, contra perigo iminente de morte ou lesões graves.

1.5.5 Relatórios sobre o uso de força e arma de fogo confeccionados pelo policial

a) Situações de uso de força: nos casos em que houver emprego de força, o policial lavrará o Relatório de Eventos de Defesa Social (REDS) ou o Boletim de Ocorrência (BO) e o respectivo Auto de Resistência (AR), constando todos os fatos e as providências:

• tipo de força, equipamento ou armamento utilizado;• motivação e justificativa para a utilização do tipo de força;• tipo de resistência oferecida pelo abordado;• meios que o policial dispunha para o emprego da força;• providências adotadas pelo policial após a prisão do abordado;• dados da equipe policial presente no momento da ação;• lesões produzidas;• detalhes do evento;

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• no caso de armas de fogo: distância de utilização e quantidade de munição empregada e a região do corpo atingida.

b) Situações de uso de força potencialmente letal – disparo de arma de fogo: quando o policial disparar, no desempenho de suas funções (havendo ou não pessoas atingidas) lavrará o Relatório de Eventos de Defesa Social (REDS) ou o Boletim de Ocorrência (BO) e o respectivo Auto de Resistência (AR), constando todos os fatos e as providências:

• as circunstâncias que o levaram a disparar a arma de fogo: intensidade e perigo da agressão, forma de agir do agressor – descrever as ameaças e as vulnerabilidades vivenciadas pelo policial;

• quem disparou (policiais/agressores) e as respectivas quantidades de tiros;

• quais foram os policiais participantes do fato (independentemente de terem efetuado ou não disparos), suas Unidades e viaturas policiais, se for o caso;

• que tipos de armas de fogo (identificação) e munições foram disparadas pelos policiais e agressores (quando possível);

• quais medidas foram tentadas pelos policiais, antes de dispararem suas armas;

• se foram feitas advertências, antes de disparar e quais foram elas;

• quem era a pessoa protegida pelos disparos realizados pelo policial;

• a quantidade de pessoas feridas, mortas e os danos materiais, em decorrência dos disparos;

• as ações adotadas para o imediato socorro e a assistência médica às pessoas atingidas;

• as ações realizadas para comunicar o fato ocorrido oportunamente às famílias das pessoas atingidas (policias e agressores).

1.5.6 Roteiro básico de apuração referente ao uso de força e arma de fogo

a) Situações de uso de força

Sempre que o uso de força pelo policial causar lesões, morte de pessoas e danos patrimoniais, seu superior imediato deve determinar uma investigação, objetivando verificar se os princípios essenciais foram respeitados. O roteiro a seguir facilitará o trabalho de apuração sobre esses tipos de intervenção policial.

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• Ao ser abordado, o agressor foi cooperativo? O uso de força foi necessário? Qual foi a motivação da intervenção policial que resultou em uso de força? O objetivo pretendido tinha embasamento legal? Qual a gravidade do delito cometido pelo agressor?

• Houve pessoas feridas ou danos ao patrimônio?• Os policiais realizaram alguma ação, ou adotaram alguma atitude

a qual teria contribuído para provocar o uso de força? A falta de treinamento do policial, ou o emprego de técnicas inadequadas poderiam ter sido as causas do uso de força?

• A ação policial foi influenciada, de alguma forma, por atitudes preconceituosas relacionadas à cor, orientação sexual, religião, antecedente criminal e condição social do agressor ou outros relacionados às minorias?

• Era possível atingir o objetivo da intervenção usando outros meios que não o emprego de força? Foram consideradas todas as opções? Foram tentadas outras opções, antes do uso de força? Quais? O uso de força foi a última opção utilizada?

• Os policiais advertiram o agressor quanto ao uso de força, antes de empregar a técnica? Caso negativo, porque não o fizeram?

• O uso de força foi proporcional ao nível de resistência do agressor? A avaliação de risco e a decisão quanto ao tipo de intervenção realizada pelo policial foram adequadas? No caso de resposta negativa, foi devido à falta de treinamento, treinamento inadequado ou por outra razão? Qual era o nível de força necessário para cessar aquela ameaça? As lesões causadas no agressor estão compatíveis com o nível de força empregado e o tipo de resistência oferecida?

• Houve uso excessivo de força? Os policiais cessaram o uso de força no momento em que a resistência do agressor foi controlada?

• Os policiais prestaram socorro imediato e adequado para os feridos? Os policiais tiveram a preocupação de diminuir os danos causados durante a intervenção?

• Os policiais fizeram relatório pormenorizado com todas as informações sobre o uso de força?

• As famílias das pessoas atingidas foram cientificadas do resultado da intervenção policial?

b) Situações de uso de força potencialmente letal – disparo de arma de fogo:

• Quantos e quais policiais dispararam as suas armas? Quantos disparos foram realizados pelos policiais (individualizado)?

• Houve pessoas feridas ou danos ao patrimônio?

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Guia do Treinamento Policial Básico

• Qual tipo de arma foi utilizado pelo agressor? Quantos e quais agressores dispararam as suas armas? Quantos disparos foram realizados por cada um dos agressores?

• Os policiais dispararam a que distância do agressor? Para onde foram direcionados os disparos efetuados pelos policiais?

• Os disparos foram realizados em defesa da própria vida ou de terceiros? Citar de quem. O risco contra a vida era atual e iminente? Por quê?

• Os policiais ou terceiros estavam expostos desnecessariamente ao risco, em decorrência de técnicas ou táticas policiais indevidas?

• Havia outras opções de defesa da vida que não o disparo de arma de fogo?

• Antes de disparar, os policiais se preocuparam com a sua própria proteção e das pessoas envolvidas?

• Os policiais advertiram o agressor quanto ao uso de força potencialmente letal, antes de efetuar o disparo? Caso negativo, porque não fizeram?

• As armas utilizadas pelos policiais pertenciam à carga da corporação?

ATENÇÃO!Quando for devidamente constatado que a intervenção policial foi

realmente necessária, e esta foi justificada para a proteção da vida contra injusta agressão, a ação será considerada ação policial

legítima. Para saber mais sobre aspectos legais do uso de força consulte a Portaria Interministerial nº. 4.226, de 31 de dezembro de

2010.

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2 TÉCNICA E TÁTICA POLICIAL BÁSICAS6

Entende-se por técnica policial o conjunto dos métodos e procedimentos utilizados na execução da atividade policial. O estabelecimento de técnicas visa alcançar os princípios da eficiência, segurança e legalidade.

Entende-se por tática policial a forma de se aplicar com eficácia os recursos técnicos que se dispõe, ou de se explorar as condições favoráveis para se atingir os objetivos desejados. A disciplina tática consiste na obediência de todos os policiais, quando atuando em grupo, ao exercer suas ações (o quê e quando fazer?), no exato local (onde fazer?) definido no planejamento de cada atividade.

2.1 DESLOCAMENTOS TÁTICOS

Correspondem às movimentações, realizadas por policiais, com o objetivo de progredir, aproximar e abordar pessoas, adotando técnicas específicas que lhes permitam agir com rapidez, surpresa e segurança.

2.1.1 Uso de cobertas e abrigos

As cobertas são usadas como ocultação. Não têm a capacidade de deter projéteis disparados contra o policial. Exemplos: portas em madeira, arbustos, fumaça, entre outros. Os abrigos são usados como proteção, e são anteparos que, por suas características e dimensões, são capazes de proteger o policial contra disparos de arma de fogo e arremesso de objetos. Exemplos: postes, muros, paredes, parte frontal de veículos, entre outros. Para maximizar a proteção nos deslocamentos e nas abordagens deve-se, sempre que possível, conjugar a coberta com o abrigo.

2.1.2 Tipos de deslocamentos a pé

a) Deslocamento lento: é o passo com velocidade moderada, que permite ao policial observar todos os pontos de foco e pontos quentes antes de progredir.b) Deslocamento normal: é o passo natural, com compostura, em que o policial deverá estar no estado de alerta (laranja) ou de alarme (vermelho), com a arma no coldre, observando o que acontece à sua volta.6 Este texto foi elaborado com base no Caderno Doutrinário 2 (Tática Policial, Abordagem a Pessoas e Tratamento às Vítimas). Para melhor aprofundamento, essa obra deverá ser consultada.

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Guia do Treinamento Policial Básico

c) Deslocamento rápido: é o passo com velocidade acelerada que permite ao policial alcançar o objetivo com rapidez.

2.1.3 Deslocamentos por rastejo

• 1º Processo: o policial apoia seu corpo sobre seus joelhos e antebraços.

• 2º Processo: deitado de bruços, o policial move suas mãos à frente da cabeça, mas mantém seus cotovelos no chão.

• 3º Processo: o policial apoia seu corpo sobre suas pernas e cotovelos.

2.1.4 Técnicas de uso do escudo balístico

O escudo balístico é um equipamento que visa proteger a pessoa que o conduz. Contudo, com a técnica adequada, sua capacidade de proteção poderá se estender aos demais policiais da equipe durante o processo de deslocamento. Existem duas formas de efetuar a progressão. Em ambos os casos, o policial deve conduzir o armamento lateralmente ao escudo, de modo que a armação encoste-se ao equipamento e apenas o cano fique exposto.

a) Segurança Mínima

O escudo é conduzido pelo 1° policial, na posição de pé, conforme mostra a FIG. 1.

FIGURA 1 – Uso de escudo balístico (segurança mínima)

Fonte: Minas Gerais, 2011, p. 26.

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Biênio 2012-2013

b) Segurança Máxima

O escudo é utilizado pelo 1° policial, que deslocará com a silhueta reduzida, com o escudo bem próximo ao solo. Em caso de disparo contra a guarnição, o primeiro policial interrompe o deslocamento e fica na posição de joelhos (FIG. 2).

FIGURA 2 – Uso de escudo balístico (segurança máxima)

Fonte: Minas Gerais, 2011, p. 26.

2.1.5 Disciplina de luz e som

A disciplina de luz e som é o conjunto de recomendações que pode ser empregado para reduzir ou eliminar a emissão de ruídos e de luminosidade que possam denunciar o posicionamento do policial, tais como: ocultar o visor do celular; jamais acender cigarro; evitar expor objetos cromados e fazer uso da lanterna de acordo com as técnicas descritas no CD 2, subseção 2.4. Para mais detalhes, ver também a subseção 2.2 do mesmo CD.

2.2 COMUNICAÇÃO POR GESTOS

A comunicação por gestos é uma técnica utilizada nos deslocamentos. Trata-se de comunicação não verbal, executada por intermédio de sinais convencionados, que objetivam intermediar mensagens entre os policiais de forma silenciosa. Propicia a aproximação cautelosa e discreta. Os gestos mais utilizados nas intervenções são os demonstrados na FIG. 3.

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Guia do Treinamento Policial Básico

FIGURA 3 – Comunicação por gestos

Fonte: Minas Gerais, 2011, p. 30.

2.3 TÉCNICAS DE USO DE LANTERNA

A lanterna é um recurso eficaz para ambientes de baixa luminosidade. Suas principais utilidades são: iluminação do ambiente; identificação de pessoas ou objetos; auxílio na realização da pontaria; ofuscamento da visão do abordado; sinalização.

A lanterna deve ser utilizada com acionamentos intermitentes, para que a posição do policial e dos demais integrantes da equipe não seja denunciada. Além disso, o acionamento de lanterna, atrás de outro policial deve ser evitado.

As posições de empunhadura da lanterna são as seguintes:

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a) Posição 1: o policial apoiará a lanterna lateralmente na armação da arma, segurando-a com o dedo polegar e o indicador. É apropriada para lanternas com botão de acionamento conforme FIG. 4.

FIGURA 4 – Técnica de uso da lanterna “posição 1”

Fonte: Minas Gerais, 2011, p. 32.

b) Posição 2: o policial coloca a mão que está com a lanterna abaixo da mão que segura a arma. As costas das mãos se apoiam para dar estabilidade ao conjunto, conforme ilustra a FIG. 5.

FIGURA 5 – Técnica de uso da lanterna “posição 2”

Fonte: Minas Gerais, 2011, p. 33.

2.4 TÉCNICAS DE VARREDURA

A varredura consiste na verificação visual feita pelo policial, de um determinado espaço físico localizado em uma área de risco. Para realizá-la, os policiais poderão utilizar três técnicas básicas denominadas: tomada de ângulo, olhada rápida e uso do espelho.

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Guia do Treinamento Policial Básico

a) Tomada de ângulo

Conhecida também como fatiamento, permite checar o ambiente por segmentos. Será feita até que se tenha o controle visual total do ambiente ou visualize partes do corpo do abordado, momento em que recorrerá à verbalização e às técnicas de abordagem. Com a arma na posição 3 – guarda alta, o policial manterá os cotovelos recolhidos, para evitar a visualização de sua sombra e de peças do fardamento (FIG. 6, a e b).

FIGURA 6 – Técnica de tomada de ângulo (a) Visão do policial (b) Visão do abordado (a) (b)

Fonte: Minas Gerais, 2011, p. 34.

b) Olhada rápida

Esta técnica tem por objetivo propiciar a visualização instantânea de um suspeito, sem ser visto por ele. Para realizá-la, o policial deve expor a cabeça lateralmente, observar a área de risco, e retornar à posição abrigada, o mais rápido possível.

Se a repetição do movimento for necessária, o policial deverá alternar o ponto de observação. Durante sua execução, a arma deverá estar no coldre ou em uma das mãos, devendo, o policial, atentar para o controle da direção do cano (FIG 7, a e b).

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FIGURA 7 – Técnica de olhada rápida (a) Ponto de vista do policial (b) Ponto de vista do abordado

(a) (b)

Fonte: Minas Gerais, 2011, p. 35 e 36.

c) Uso do espelho

O uso do espelho é uma técnica que contribui para aumentar a segurança do policial. A varredura será realizada com o espelho de baixo para cima ou vice-versa, cautelosamente e devagar, observando todos os ângulos (FIG. 8).FIGURA 8 – Técnica de uso do espelho

Fonte: Minas Gerais, 2011, p. 37.

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Guia do Treinamento Policial Básico

2.5 POSTURAS ADOTADAS PELO POLICIAL NA ABORDAGEM A PESSOAS

Também conhecidas como “posturas táticas”, são técnicas que definem o posicionamento do corpo e da arma do policial, que o possibilitam aproximar-se e verbalizar com o abordado de maneira segura, potencializando sua capacidade de autodefesa e viabilizando o uso diferenciado de força. A posição/postura do policial durante uma abordagem influencia diretamente no processo mental de agressão do abordado retardando a etapa de decisão. Por isso, em toda abordagem, este deve empregar a metodologia de avaliação de risco para decidir a melhor técnica a ser utilizada. Antes de estabelecer as posições/posturas, é necessário definir os ângulos de aproximação entre o policial e o abordado.

2.5.1 Ângulos de aproximação

Nas abordagens e buscas pessoais, os policiais deverão atentar para a segurança. Para tanto, foram estabelecidos ângulos de aproximação ao abordado. O policial procurará não se aproximar do espaço compreendido entre os braços do abordado, porque poderá ser atingido com maior facilidade em caso de uma possível agressão física. Os demais ângulos descritos na FIG. 9 permitem uma aproximação segura, sendo que o ângulo 3 oferece maior segurança, e o ângulo 1, menor.

FIGURA 9 – Ângulos de aproximação para abordagem e busca

Fonte: Minas Gerais, 2010b, p. 77.

11

22

3 2 ½

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2.5.2 Posturas de abordagem com as mãos livres

São técnicas em que o policial faz a intervenção sem recorrer a quaisquer armamentos, instrumentos ou equipamentos. Estando preliminarmente com as mãos livres e visíveis, o policial transmitirá ao abordado a mensagem de que deseja dialogar ou resolver pacificamente o conflito. Para todas as posturas com as mãos livres, o policial deverá adotar a posição de “base”, utilizada nas artes marciais, variando-se apenas a posição das mãos e braços.

a) Postura Aberta

O policial se aproximará do abordado, preferencialmente pelo ângulo 1 (FIG. 9), e permanecerá a uma distância de aproximadamente 3 metros, o que permitirá ao policial agir em autodefesa e monitorar os pontos quentes (cabeça, mãos e pernas). Os braços do policial permanecerão naturalmente abaixados, com as palmas das mãos voltadas para frente, manifestando, gestualmente, uma mensagem de receptividade, conforme ilustra a FIG. 10.

FIGURA 10 – Postura aberta – mãos livres

Fonte: Minas Gerais, 2011, p. 40.

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b) Postura de Prontidão

Deverá ser utilizada nas intervenções em que o abordado não estiver aparentemente portando armas e apresentar comportamento de resistência passiva. Com um dos braços elevados e mãos abertas, conforme FIG. 11, permite ao policial o emprego mais eficiente das técnicas de controle de contato, além de transmitir uma mensagem gestual de contenção do conflito, não agressividade e intenção de resolução pacífica.

FIGURA 11 – Postura de prontidão

Fonte: Minas Gerais, 2011, p. 40.

c) Postura Defensiva

O policial deverá manter a cabeça ereta na posição natural, com as mãos abertas próximas ao rosto, e os cotovelos projetados na linha das costelas, a fim de protegê-las, permanecendo assim em melhores condições de emprego das técnicas de controle físico e com maiores chances de defesa contra golpes (FIG. 12).

A postura defensiva com as mãos livres deverá ser utilizada nos seguintes casos:

• abordado aparentemente desarmado que apresenta resistência passiva continuada, e

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• abordado aparentemente desarmado que apresenta resistência ativa.

FIGURA 12 – Postura defensiva

Fonte: Minas Gerais, 2011, p. 41.

2.6 TÉCNICA DE APROXIMAÇÃO (TAT)

Nesta técnica, conforme FIG. 13, dois policiais e o abordado ficarão dispostos de maneira que formem um triângulo. É considerada a forma mais segura e eficiente de aproximação policial. A distância recomendada entre os policiais será de aproximadamente 4 metros, o que dificulta o controle visual simultâneo da ação dos dois policiais por parte do abordado. A distância dos policiais em relação ao suspeito será de aproximadamente 3 metros, para proporcionar segurança à guarnição em caso de repentina agressão.

A área de contenção corresponderá ao espaço de abrangência da ocorrência, em que os policiais manterão monitoramento mais constante, com objetivo de conter os abordados e isolar o local de interferência de terceiros.

O setor de busca corresponde ao local onde se realizará a busca pes-soal e será definido pelos policiais após análise da área e da avaliação de risco. Se possível, o setor deve possuir características que privilegi-em a segurança tanto dos policiais quanto dos abordados.

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O setor de custódia corresponderá a um local dentro da área de con-tenção, com as mesmas características do setor de busca, definido pela guarnição, onde os demais suspeitos aguardam a busca pessoal e ou-tros procedimentos necessários (consulta de dados, checagem de obje-tos, outros).

FIGURA 13 – Técnica de aproximação triangular e área de contenção

Fonte: Minas Gerais, 2011, p. 47.

Numa abordagem a pessoas, os policiais exercerão as seguintes funções:

• verbalizador: aquele que verbaliza com o abordado;

• segurança: responsável pela segurança da equipe;

• revistador: encarregado de revistar o abordado e seus pertences (busca).

Um único policial poderá exercer mais de uma função, dependendo do esquema tático adotado:

a) dois policiais e um abordado (FIG. 14);

b) dois policiais e dois abordados (FIG. 15);

c) dois policiais e três abordados (FIG. 16);

d) três policiais e um abordado (FIG. 17);

e) três policiais e vários abordados (FIG. 18);

f) quatro policiais e quatro abordados (FIG. 19).

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a) Dois policiais e um abordado

FIGURA 14 – Esquema tático de aproximação com 2 policiais e 1 abordado

Fonte: Minas Gerais, 2011, p. 49.

b) Dois policiais e dois abordados

FIGURA 15 – Esquema tático de aproximação com 2 policiais e 2 abordados

Fonte: Minas Gerais, 2011, p. 49.

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Guia do Treinamento Policial Básico

c) Dois policiais e três abordados

FIGURA 16 – Esquema tático de aproximação com 2 policiais e 3 abordados.

Fonte: Minas Gerais, 2011, p. 50.

d) Três policiais e um abordado

FIGURA 17 – Esquema tático de aproximação com 3 policiais e 1 abordado

Fonte: Minas Gerais, 2011, p. 50.

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e) Três policiais e vários abordados

FIGURA 18 – Esquema tático de aproximação com 3 policiais e vários abordados

Fonte: Minas Gerais, 2011, p. 51.

f) Quatro policiais e quatro abordados

FIGURA 19 – Esquema tático de aproximação com 4 policiais e 4 abordados

Fonte: Minas Gerais, 2011, p. 51.

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2.7 ABORDAGEM A PESSOAS

A abordagem policial é o conjunto ordenado de ações policiais para aproximar-se de uma ou mais pessoas, veículos ou edificações. Tem por objetivo resolver demandas do policiamento ostensivo, como orientações, assistências, identificações, advertências de pessoas, verificações, realização de buscas e detenções. Em cada abordagem realizada, o policial deverá utilizar técnicas, táticas e recursos apropriados ao público-alvo desta intervenção policial, seja a pessoa suspeita ou não.

A ação de abordar uma pessoa é um ato administrativo, discricionário, auto-executório e coercitivo. Significa dizer que a abordagem policial é realizada de ofício.

O ato de abordar é discricionário, e jamais poderá ser ilegal, sob pena de não atingir sua finalidade precípua, que é o bem comum. É imprescindível também que, durante as abordagens, a pessoa receba um tratamento respeitoso.

Como explorado no Caderno Doutrinário 1, a abordagem é uma intervenção policial, rotineira, que se procede por meio de técnicas, táticas, uso de equipamentos e níveis de força proporcionais aos níveis de riscos.

2.7.1 Uso diferenciado de força nas intervenções policiais

Durante a atuação policial, caso haja resistências e agressões em variadas formas e graus de intensidade, o policial terá que adequar sua reação a essas circunstâncias, estabelecendo formas de controlar e direcionar o abordado, a fim de dominá-lo. Para lidar com esses diversos graus de intensidade, foram definidos os níveis do uso de força.

A compreensão das atitudes do abordado, no que diz respeito à relação de causa e efeito, será determinante para a avaliação de riscos e a tomada de decisões seguras sobre o nível de força mais adequado para fazer cessar a agressão.

O QUADRO 6 traz detalhamento sobre o modelo de uso de força, em relação ao comportamento do abordado.

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Biênio 2012-2013

QUADRO 6Modelo Diferenciado do Uso de Força

FONTE: Minas Gerais, 2010a.

2.7.2 Níveis de Intervenção

A abordagem policial à pessoa também é classificada em três níveis (1, 2 e 3) tendo como referência os níveis de intervenção policial, conforme definidos pelo Caderno Doutrinário 1. O QUADRO 7 mostra a relação entre os níveis de risco e de intervenção, e de força, bem como os estados de prontidão decorrentes

QUADRO 7Correlação entre os níveis de risco, comportamento do abordado, níveis de intervenção,

estados de prontidão e níveis de força recomendados

NIVEIS DE RISCOCOMPORTAMENT

ODO ABORDADO

NÍVEIS DE INTERVENÇÃ

O

ESTADO DE

PRONTIDÃO

NÍVEIS DE FORÇA

Risco Nível I CooperativoIntervençã

o Nível IAtenção(Amarelo)

1 Presença policial

2 Verbalização

Risco Nível IIResistente

passivoIntervenção Nível II

Alerta(Laranja)

Controle de contato

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Guia do Treinamento Policial Básico

NIVEIS DE RISCOCOMPORTAMENT

ODO ABORDADO

NÍVEIS DE INTERVENÇÃ

O

ESTADO DE

PRONTIDÃO

NÍVEIS DE FORÇA

Risco nível III

Resistente ativo (agressão

não letal) Interven-ção Nível

III

Alarme(Vermelho

)

1 Controle físico2 Controle com

IMPO3 Uso dissuasivo de arma de fogo

Resistente ati-vo (agressão le-

tal)

1 Golpes de defesa em re-giões vitais2 Disparo de arma de fogo

FONTE: Minas Gerais, 2010.

2.7.3 Técnicas e táticas de abordagem a pessoas

Ao iniciar uma abordagem, a guarnição policial deverá realizá-la com segurança. Se for realizada especificamente a uma pessoa em atitude suspeita, é necessário que haja supremacia de força, que é uma vantagem tática do policial em relação ao abordado para uma atuação segura. Esta vantagem é medida de forma qualitativa e quantitativa, podendo estar relacionada ao número de policiais, ao uso de força, à posse de instrumentos, equipamentos e armamentos por parte da guarnição.

É importante saber que, em qualquer nível de intervenção, o policial deverá adotar os seguintes procedimentos:

• auto-identificação: demonstrar clareza, falando nome e posto ou graduação. Atitude que reforça os valores institucionais da ética, trans-parência, representatividade institucional e disciplina. O policial deve saber que sua identidade deve ser pública diante da função revestida pelo Estado;

• tratamento respeitoso para com as pessoas: tratar os abordados com respeito, cordialidade, urbanidade, solicitude e dignidade;

• esclarecimentos sobre o motivo de uma abordagem: esclarecer às partes interessadas sobre a motivação e o desdobramento da ação po-licial, a qual se submete o abordado. Com essa medida, fortalecerá o respeito, a cortesia e a credibilidade no trabalho da Polícia Militar;

• relacionamento adequado com a imprensa: é responsabilidade do policial preservar a pessoa quanto à veiculação de sua imagem, quan-do estiver sob sua custódia.

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2.7.4 Modelos de abordagem

De acordo com os níveis de intervenção, serão apresentados modelos que exemplificam a aplicação das técnicas e táticas policiais, de maneira integrada, para a abordagem a pessoas:

a) Intervenção nível 1 (assistência e orientação)

Esta intervenção está alinhada com o conceito de Prevenção Ativa, definido como as ações desenvolvidas visando ao provimento de servi-ços públicos à população, destinadas à prevenção da criminalidade. A aproximação dos policiais, junto ao abordado, será direta e natural, de-vendo, entretanto, serem adotadas posições e posturas corporais específicas. A arma permanecerá no coldre ou poderá ser utilizada na posição 1 (arma localizada), mediante a possibilidade de ameaças, o que implicará numa nova avaliação de riscos.

b) Intervenção nível 2 (verificação preventiva)

A avaliação de riscos demonstra que há indício de ameaça à segurança (do policial ou de terceiros), mas ainda não há, aparentemente, a necessidade imediata de uma intervenção policial de nível mais elevado. Neste tipo de intervenção, podem ser realizadas buscas em pessoas ou em seus pertences, pois as equipes envolvidas iniciam suas ações com algum risco conhecido (fundada suspeita) e o policial deverá estar pronto para enfrentá-lo.

c) Intervenção nível 3 (verificação repressiva)

Neste caso, a avaliação de riscos indica a iminência de algum tipo de delito (risco nível III). Os policiais deverão estar prontos para se defen-derem, sempre com segurança, observados os princípios básicos do uso de força (legalidade, necessidade, proporcionalidade, moderação e conveniência), A posição de arma adequada é a posição 4 (pronta-res-posta).

O CD 2 traz, em seu subitem 3.3, as frases para a verbalização em cada nível de abordagem.

2.7.5 Busca pessoal

É uma técnica policial utilizada para fins preventivos ou repressivos, que visa à procura de produtos de crime, objetos ilícitos ou lícitos que possam ser utilizados para a prática de delitos que estejam de posse da pessoa abordada em situação de suspeição. Será realizada no

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corpo, nas vestes e pertences do abordado, observando-se todos os aspectos legais, técnicos e éticos necessários.

a) Aspectos legais da busca pessoal

O poder discricionário inerente à ação de abordar e efetuar a busca pessoal está condicionado à existência de elementos que configurem fundada suspeita, requisito essencial e indispensável para a realização do procedimento. O Código de Processo Penal Brasileiro (CPP) assim prevê:

Art. 244 - A busca pessoal independerá de mandado, no caso de prisão ou quando houver fundada suspeita de que a pes-soa esteja na posse de arma proibida ou de objetos ou pa-péis que constituam corpo de delito, ou quando a medida for determinada no curso de busca domiciliar.

Certifica o artigo 292 do CPP que caberá ao abordado cumprir as ordens emanadas pelo policial, sob pena de incorrer em crime de desobediência, previsto no artigo 330 do Código Penal (CP). Quando o abordado se opuser, mediante violência ou ameaça, à submissão da busca pessoal, estará incurso no crime de resistência, previsto no artigo 329 do CP. Neste caso, o policial usará a força adequada para vencer a resistência ou se defender, conforme previsão legal.

No Código de Processo Penal Militar (CPPM) a busca pessoal (ou revista pessoal) é tratada nos seguintes artigos:

Art. 180. A busca pessoal consistirá na procura material feita nas vestes, pastas, malas e outros objetos que estejam com a pessoa revistada e, quando necessário, no próprio corpo. Art. 181. Proceder-se-á à revista, quando houver fundada suspeita de que alguém oculte consigo: a) instrumento ou produto do crime; b) elementos de prova. Art. 182. A revista independe de mandado: a) quando feita no ato da captura de pessoa que deve ser presa; b) quando determinada no curso da busca domiciliar; c) quando ocorrer o caso previsto na alínea “a” do artigo anterior; d) quando houver fundada suspeita de que o revistando traz consigo objetos ou papéis que constituam corpo de delito; e) quando feita na presença da autoridade judiciária ou do presidente do inquérito.

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LEMBRE-SE:Não existe pessoa suspeita, mas pessoa em situação suspeita.

Ninguém se torna suspeito por suas características pessoais (classe social, raça, opção sexual, forma de se vestir, traços físicos ou outras

características). Não existem rótulos ou estereótipos que motivem uma abordagem, pois os infratores podem apresentar todo tipo de

característica. Cabe ao policial a avaliação da suspeição, levando-se em conta as variáveis da situação (horário e local da abordagem, clima, características da região, comportamento do cidadão, fatos

ocorridos, dentre outros).

b) Tipos de Busca Pessoal

Há três tipos: a busca ligeira, a busca minuciosa e a completa. Embora realizadas sob mesmo fundamento legal, cada qual cumprirá objetivos e técnicas específicas, com a finalidade de minorar os riscos na ação policial.

• Busca Ligeira

É uma revista rápida procedida nos abordados, comumente realizada nas entradas de casas de espetáculos, shows, estádios e estabelecimentos afins, para verificar a posse de armas ou objetos perigosos, comuns na prática de delitos.

• Busca Minuciosa

Será realizada sempre que o policial suspeitar que o abordado está portando objetos ilícitos, dificilmente detectados na inspeção visual ou na busca ligeira. Preferencialmente será feita pelas costas da pessoa abordada. A busca minuciosa pode variar conforme as posições de contenção:

posição de contenção 1: abordado em pé, sem apoio; posição de contenção 2: abordado em pé, com apoio; posição de contenção 3: abordado ajoelhado; posição de contenção 4: abordado deitado.

• Busca Completa

É a verificação detalhada do corpo do abordado, que se despirá e entregará suas vestes ao policial. Cada peça de roupa deverá ser examinada. Além dos procedimentos feitos na busca minuciosa, deverá ser verificado o interior das cavidades do corpo.

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Guia do Treinamento Policial Básico

ATENÇÃO!Caso não se confirme a suspeição, os policiais farão a liberação do

abordado, agradecendo e explicando a importância da busca pessoal na prevenção criminal. Caso seja confirmada a suspeição, fará a

prisão do autor.

2.8 PROCEDIMENTOS POLICIAIS EM SITUAÇÕES ESPECÍFICAS

2.8.1 Atuação policial no atendimento à mulher

Entende-se por discriminação contra mulheres qualquer distinção, exclusão ou restrição baseada no sexo, e que tenha por objetivo ou efeito, comprometer ou destruir o reconhecimento, o gozo ou o exercício de seus Direitos Humanos e garantias fundamentais, em qualquer estado social em que se encontrem, e em todos os campos da atividade humana (político, econômico, social, cultural).

Contudo, as especificidades femininas exigem um tratamento próprio com as mulheres de forma a respeitar as suas características de sexo, e o policial deve realizar uma busca pessoal de forma profissional e eficiente.

Recomendações:

• a abordagem de mulheres pode ser feita por qualquer policial militar, independentemente do sexo, devendo a busca pessoal ser efetivada conforme determina a legislação nacional7, que prescreve que a busca em mulher será feita por outra mulher, “se não importar em retardamento ou prejuízo da diligência”;

• as mulheres, quando capturadas, serão mantidas separadas dos homens capturados (sempre quando houver condições logísticas e de segurança).8

• a busca pessoal em mulheres suspeitas de portarem objetos ilícitos deverá ser realizada, preferencialmente, por outra mulher profissional de polícia ou encarregada de fazer cumprir a lei. Em momento algum, poderão ser convocadas pessoas leigas ou civis para realizarem buscas em caso de suspeição, pois, isto colocará em risco a segurança e a integridade física destas pessoas.

• não havendo a disponibilidade no grupo que realiza a abordagem, a guarnição poderá recorrer à rede-rádio, solicitando apoio de policial

7 Conforme artigo 249 do Código de Processo Penal/1969.8 Conforme 8º item das Regras Mínimas Para Tratamento de Prisioneiros, ONU, 1955.

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Biênio 2012-2013

feminina que possa comparecer ao local e suprir as necessidades da ocorrência;

• a busca pessoal feita por homens em mulheres é uma excepcionalidade. Não deve ser realizada em situações operacionais ordinárias, principalmente em relação à busca completa;

• procedimentos mais simples, como solicitar que a própria pessoa abra sua bolsa, retire os sapatos, mostre a região da cintura e levante os cabelos, diminuirá a exposição da mulher;

• se, em casos extremos, o policial precisar realizar uma busca em uma mulher, esta deverá ser feita com respeito e profissionalismo, em local discreto e, sempre que possível, na presença de testemunhas, preferencialmente, do sexo feminino. O policial deve evitar o contato físico com a abordada, principalmente nas partes íntimas, procurando limitar-se a orientá-la quanto aos procedimentos a serem adotados.

2.8.2 Atuação policial no atendimento à diversidade sexual

A diversidade sexual pode ser entendida como o termo usado para designar as várias formas de expressão da sexualidade humana. O cidadão, muitas vezes, tem seus direitos desrespeitados pelo fato de ter orientação sexual diversificada. O policial, como promotor de direitos humanos, deve lidar com o cidadão, de forma a respeitar sua sexualidade e a lhe fornecer a devida atenção9.

A heterossexualidade define os indivíduos que têm atração por uma pessoa do sexo oposto. Por sua vez, a homossexualidade pode ser definida como a atração afetiva e sexual por uma pessoa do mesmo sexo. Homossexuais podem ser masculinos, afeminados ou não; femininos, masculinizados ou não.

Na sociedade encontramos as seguintes definições:

a) lésbicas: são mulheres, não necessariamente masculinizadas, que se relacionam afetiva e sexualmente com outras mulheres;

b) gays: são homens que se relacionam afetiva e sexualmente com pessoas do mesmo sexo;

c) bissexuais: são indivíduos que se relacionam sexual e afetivamente com pessoas de ambos os sexos;

9 Conforme disposto nos arts. 1° e 2° do Código de Conduta para Policiais.

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d) travestis: pessoa que apresenta sua identidade de gênero oposta ao sexo designado no nascimento. Ela se diferencia da pessoa transexual, por não ter se submetido à cirurgia de readequação sexual;

e) transexuais: pessoa que apresenta sua identidade de gênero oposta ao sexo designado no nascimento, e que submeteu-se à cirurgia de readequação sexual.

No caso das lésbicas, a busca será procedida seguindo as mesmas recomendações para mulheres. Procedimento idêntico também será dado no caso das transexuais com comprovada retificação de registro civil (nome feminino).

Em relação aos gays e travestis, o policial masculino fará a busca pessoal, evitando, sempre que possível, situações de constrangimento.

Recomendações:

• o cidadão homossexual deve receber tratamento respeitoso durante as providências policiais, minimizando possíveis constrangimentos. Ao abordar um homossexual deve-se evitar a reprodução de preconceitos sociais, como exemplo, proferindo a leitura do seu nome de registro, constante na carteira de identidade, em voz alta, para outros policiais e público presente, ridicularizando-o;

• o policial não deverá coibir manifestações de afeto entre homossexuais (mãos dadas, beijo na boca), uma vez que estes atos não configuram ações ilícitas e ainda, configuram atos privados da vida do cidadão, nos quais não deve haver interferência;

• é importante balizar a conduta policial, relembrando a diferença fundamental entre o delito caracterizado por ocorrência de ato sexual em via pública e a manifestação afetiva entre pessoas. As providências policiais caberão apenas no primeiro caso, independentemente da orientação sexual;no Doutrinário2

• o BO/REDS deve ser redigido com o nome de registro da pessoa e o tratamento verbal deve ser feito pelo nome social (nome pelo qual a pessoa quer ser chamada). Uma vez constatado que o fato que gerou a intervenção policial, se deu por motivo de intolerância, discriminação ou por homofobia, esse detalhe deverá ser constado no histórico do BO/REDS, informando também a orientação sexual ou identidade de gênero da vítima (lésbica, gay, bissexual, travesti ou transexual) afim de que se possa futuramente possibilitar pesquisas e diagnósticos de vitimização por seguimento.

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2.8.3 Atuação policial no atendimento a pessoas portadoras de necessidades especiais

O policial se aterá aos procedimentos específicos em ocorrências que envolvam portadores de deficiência física e com sofrimento mental, oferecendo-lhes encaminhamento adequado para a solução de suas questões.

Alguns conceitos técnicos, relacionados a esse público, precisam ser conhecidos, pois auxiliarão o posicionamento policial na ocorrência:

a) deficiência: é toda perda ou anormalidade de uma estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica, podendo ser auditiva, visual, mental, física, neurológica (paralisia cerebral) ou múltipla (tetraplegia, cegueira e surdez);

b) doença: manifestações de falta ou de perturbações da saúde, moléstia, mal, enfermidade, que podem ser temporárias (tuberculose e pneumonia) ou definitivas (hanseníase e AIDS);

c) incapacidade: inclui toda restrição, inaptidão, inabilidade ou falta (devido a uma deficiência) de capacidade para realizar uma atividade, na forma ou na medida em que se considera normal para um ser humano;

d) impedimento: situação desvantajosa para um determinado indivíduo, em consequência de uma deficiência ou de uma incapacidade, que limita ou impede o desempenho de determinado papel, levando em conta circunstâncias como idade, sexo, fatores sociais e culturais.

Recomendações gerais:

• durante as abordagens, o policial se manterá atento às questões da segurança, jamais subestimando a capacidade individual do deficiente ou o seu envolvimento com outras pessoas na ocorrência;ÁTICA POLICIAL BÁSICA

• deve-se evitar gracejos ou situações que possam ridicularizar as expressões da pessoa abordada, causando-lhe constrangimento ou exposição desnecessária;

• o abordado deverá ser avisado antes de receber a busca pessoal, momento em que também será orientado a manter-se calmo, tendo em vista que lhe serão assegurados todos os seus direitos. Assim, enquanto um policial verbaliza e executa a busca, os demais cuidarão da segurança.

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Guia do Treinamento Policial Básico

Recomendações específicas:

• pessoa com deficiência auditiva:

verificar se a pessoa abordada consegue se comunicar e compreender o que lhe foi dito. Prestar atenção nos lábios, gestos, movimentos e nas expressões faciais e corporais da pessoa com quem o diálogo está sendo mantido;

enquanto estiverem conversando, é prudente que o policial se mantenha em contato visual com o deficiente auditivo. Ao desviar seu olhar para outras direções, o policial poderá emitir uma mensagem ao deficiente, no sentido de que a conversa terminará;

caso o policial tenha dificuldade para entender o que o deficiente auditivo está falando, poderá pedir que escreva o que deseja falar;

não se deve iniciar o diálogo sem captar a atenção visual da pessoa. A forma de comunicação também não deverá ser mudada repentinamente;

como os deficientes auditivos não podem ouvir as mudanças sutis do tom de voz, indicando posturas, como sarcasmo ou seriedade, a maioria deles lerá as expressões faciais, os gestos e movimentos corporais para entender o que o policial deseja comunicar.

• pessoa com deficiência visual:

ao guiar uma pessoa cega, o policial deixará que ela segure em seu braço, devendo orientá-la quanto à presença de obstáculos no trajeto, como degraus, escadas, calçadas e bueiros, dentre outros;

estando o policial na presença de um deficiente visual, em ambientes fechados ou não, na iminência de se retirar, deverá informá-lo. Esta é uma atitude cortês que evitará a sensação desagradável de se falar para o vazio e demonstrará respeito pela condição humana do interlocutor;

o policial não deve se constranger ao usar palavras como cego, olhar ou veja bem, pois tratam-se de vocábulos coloquiais que fazem parte, inclusive, da linguagem habitual dos deficientes visuais;

as indicações de direção devem ser claras e específicas, abrangendo inclusive os obstáculos. Como algumas pessoas cegas não têm memória visual, deve-se, ainda, indicar as distâncias em metros, com expressões do tipo “a uns vinte metros para frente, para a direita, esquerda”.

• pessoa com deficiência física:Por questões humanitárias e profissionais, o policial não deve

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subestimar a capacidade dessas pessoas, principalmente quanto à manifestação intelectiva que mantém nos processos decisórios da vida em sociedade. Motivado pela necessidade de atuação, o policial conciliará em sua abordagem os elementos da técnica policial, regida pela segurança, pelo respeito e pela solidariedade.

Abordagem e busca a deficientes físicos com restrição de locomoção: ao conversar com um cadeirante (portador de necessidade especial que utiliza cadeira de rodas), em virtude da divergência de altura entre os interlocutores e do desconforto que causa no cidadão olhar por tempo prolongado para cima, o policial, quando possível, se postará de maneira mais equânime, de forma a tornar mais confortável e diligente a conversa, usando, inclusive, recursos como distanciar-se ou abaixar-se; caso ofereça ajuda ao cadeirante, o policial não deverá insistir na assistência. Se a pessoa aceitá-la, ele próprio informará o que deseja que seja feito a seu favor; o cadeirante deverá ser conduzido em “marcha a ré”, quando auxiliado a descer rampas ou a subir degraus. A conduta evitará que seu corpo seja projetado para frente e venha a cair; o policial somente deverá tocar na cadeira de rodas, quando seu objetivo for procedimentos de busca ou assistência. na busca pessoal, a vistoria deverá abranger, além do corpo, os pertences e a cadeira de rodas; diante de fundada suspeita, se necessário, o abordado poderá ser retirado da cadeira, podendo ser colocado assentado no banco da viatura. A revista da cadeira de rodas compreenderá toda a sua estrutura, incluindo forros e o interior de sua estrutura metálica. Somente após a vistoria na cadeira, o cadeirante, já abordado, será nela recolocado; se o abordado utilizar muletas ou bengala, o policial seguirá os mesmos procedimentos previstos para a abordagem em pessoa sem deficiência, adaptando as técnicas de acordo com a limitação motora e tomando cuidado com possíveis golpes que ele poderá efetuar, com a própria muleta. Há possibilidade de se ocultar objetos (drogas, instrumentos, perfurocortantes, armas de fogo), no interior das muletas.

é importante que o policial não permita que as muletas sejam apontadas na direção das pessoas envolvidas na abordagem ou próximas à intervenção.

• pessoa com deficiência mental:A deficiência mental caracteriza-se por um funcionamento intelectual

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significativamente abaixo da média, com limitações associadas a duas ou mais áreas da conduta humana, como comunicação, cuidados pessoais, habilidades sociais, independência na locomoção, dentre outras. Exemplo: síndrome de Down, oligofrenia, autismo, algumas psicoses. Existem deficiências mentais que provocam sinais de agitação no indivíduo: não consegue se comunicar, não tem noção de perigo e pode se comportar de maneira agressiva. Por isso, é necessária uma avaliação de risco cautelosa.

Recomendações:

a condução deverá ser feita com muita cautela e preparo. Antecipadamente, o policial se certificará da disposição dos recursos humanos e materiais necessários à contenção do deficiente, precavendo-se de situações em que ele possa se machucar ou provocar acidentes, agravando, inclusive, a ocorrência;

sempre que possível, a guarnição solicitará a presença de equipe técnica da área médica, como enfermeiros ou médicos do Serviço de Atendimento Médico de Urgência (SAMU), que possuem melhor treinamento e condições técnicas para lidarem com pessoas nessa situação;

mesmo com a utilização de força física, proporcional ao agravo, pode ser que o doente não recue ou não sinta dores, devido ao seu estado clínico, tornando-se ainda mais agressivo. Se o abordado estiver agitado ou nervoso, o policial, sempre que possível, aguardará que ele se acalme, antes de iniciar a intervenção;

ao fazer a condução a pé, o policial redobrará os cuidados com a travessia de locais que ofereçam risco ao doente, como escadas, rampas, pontes e ruas, para evitar que o indivíduo se lance aos obstáculos ou à frente de veículos em movimento.

• pessoa com paralisia cerebral:

A pessoa com paralisia cerebral anda com dificuldade ou simplesmente não anda, podendo, também, apresentar problemas de fala. Seus movimentos podem ser descontrolados. Pode, involuntariamente, apresentar gestos faciais incomuns (contrações do rosto).

Recomendações:

em caso extremo se o policial tiver que realizar uma busca em uma pessoa com paralisia cerebral, no caso de suspeita dela ter sido usada para ocultar algum objeto ilícito, esse deverá agir no ritmo da pessoa abordada, demonstrar tranquilidade e evitar ações bruscas, e seguir as orientações à pessoa responsável pelo abordado;

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caso não compreenda o que a pessoa diz, o policial pedirá para repetir, sem constrangimentos.

2.8.4 Atuação policial no atendimento à pessoa idosa

O Estatuto do Idoso define como pessoa idosa, aquela com idade igual ou superior a 60 anos. Nele se encontram estabelecidos, com prioridade absoluta, as medidas protetivas ao idoso. A norma prevê novos direitos e estabelece vários mecanismos específicos de proteção, que vão desde a melhoria das condições de vida até a inviolabilidade física, psíquica e moral dos idosos. Nesse enfoque, o Estatuto do Idoso também estabelece como obrigação da família, da sociedade e do Poder Público, a efetivação de direitos fundamentais da pessoa idosa, como o direito à saúde, ao lazer, à cidadania, à vivência com dignidade, incluída aí, principalmente, a convivência familiar.PRÁTICA POLICIAL BÁSICARecomendações:

• nas intervenções em razão de suspeita de prática de delito, o policial observará a idade e as condições de saúde do idoso, e os demais procedimentos técnicos, previstos neste Guia;

• sempre que possível, deve-se promover o acompanhamento do idoso por algum membro familiar ou pessoa indicada por ele;

• quando houver necessidade da busca pessoal, o policial a executará de modo a evitar constrangimentos desnecessários;

• prestar informações necessárias ao idoso, a respeito de sua condução (local, providências).

2.8.5 Atuação policial frente à população em situação de rua

Por intermédio do Decreto Federal nº 7.053, de 23 de dezembro de 2.009, a população em situação de rua foi oficialmente reconhecida para fins de implementação de políticas públicas que lhe garanta, sobretudo, a sobrevivência e o desenvolvimento.

As diretrizes da Política Nacional para a população em situação de rua dizem respeito à promoção de direitos civis, políticos, econômicos, sociais, culturais e ambientais, bem como o direito dos cidadãos, nessa condição, a terem atendimento humanizado e universalizado, em face da não referência de moradia.A população de rua é bastante heterogênea: misturam-se famílias, homens, mulheres, crianças e adolescentes, formando diferentes combinações sociais. O que todos têm em comum é a luta pela

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sobrevivência, a carência ou a precariedade de habitação, além de laços familiares fragilizados ou interrompidos.

As ruas e avenidas são os lugares utilizados por este público como dormitório, bem como para realizar as tarefas afetas ao interior de uma residência. A pessoa que utiliza o espaço público para pernoite costuma sofrer violência também de seus pares, em virtude de disputas de territorialidade, de estigma de grupo ou conflitos individuais, de envolvimento com as drogas, dentre outros fatores, dada a dimensão do contexto de rua. Dormir em grupo, portanto, representa determinado nível de segurança; uma proteção coletiva em relação às enormes adversidades que enfrenta pela sua inclusão.Caderno Doutrinário2Estar em situação de rua não implica necessariamente estar envolvido com práticas ilegais. O policial deve promover os direitos humanos dessas pessoas, principalmente em razão do isolamento social, do descrédito e do sentimento de abandono que adquirem por viverem nas ruas.

Recomendações:

• agir com equilíbrio e bom senso, sobretudo nos momentos em que as demandas decorrentes da aplicação da lei exigirem condutas mais firmes. O policial deverá ter a consciência de que uma pessoa que vive em condições sociais extremamente precárias apresenta debilidades (deficiência linguística, invisibilidade social, falta de higiene corporal), que inclusive podem funcionar como barreiras para que recebam tratamento adequado;

• tratar a população em situação de rua com devido respeito e profissionalismo;

• deverá atender e orientar as pessoas desse grupo a buscarem auxílio, junto aos órgãos competentes de assistência social;

• lembrar que, de acordo com a Constituição Federal, ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei. As pessoas em situação de rua não podem ser obrigadas a praticar atos que não sejam exigidos por lei e são livres para estarem em qualquer local, sem que as suas presenças signifiquem desrespeito à lei;

• nos atendimentos, o policial não permitirá o tratamento desumano ou degradante a esses cidadãos, por quem quer que seja;

• ter o cuidado no trato com os objetos pessoais e com os abrigos improvisados do cidadão abordado, quando a revista for necessária.

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2.8.6 Atuação policial frente aos grupos minoritários (minorias)

As minorias são grupos de cidadãos, sem posição dominante, dotados de características étnicas, religiosas ou linguísticas, que os diferem da maioria da população.

Essas pessoas têm o direito de desfrutar de sua própria cultura, de professar e praticar sua religião, de fazer uso de seu idioma em ambientes privados ou públicos, livremente e sem interferência de quaisquer formas de discriminação.

A discriminação é uma conduta (ação ou omissão) que objetiva separar ou isolar as minorias do seio de uma sociedade. Pelo fato do racismo e da segregação social ainda existirem na sociedade, foram necessárias diretrizes legais que disciplinassem a matéria.

A lei nº 9.459, de 13/05/1997, que alterou a Lei Federal nº 7.716, de 05 de janeiro de 1989, define os crimes resultantes de preconceito e tipifica o crime de racismo, adotando três verbos principais: obstar, recusar e impedir, no sentido de que ninguém seja privado de seus direitos em decorrência da cor, da religião, da etnia, da língua ou da procedência nacional.

Prevendo uma natural aproximação entre a injúria preconceituosa e o racismo, o policial deve ter extremo cuidado para que não se equivoque quanto ao enquadramento legal do crime. Na injúria preconceituosa (racial), o agente pratica o crime quando atribui qualidades negativas a alguém, promovendo xingamentos e ações dessa natureza, com base nos elementos de raça, cor, etnia, religião, idade, ou condição física do ofendido.

O racismo, por sua vez, atende diretamente a vontade do ofensor em segregar socialmente o ofendido, obstando-lhe os direitos. É um crime imprescritível, inafiançável, cuja ação pública é incondicionada, e que atinge diretamente a dignidade da pessoa humana.

O policial deverá estar certo do alcance e do poder de ofensividade de ambos os crimes, cujas condutas, indubitavelmente negativas e reprováveis, atingem, com frequência, as minorias.

No que se refere a outras comunidades tradicionais como ciganos e povos indígenas, reconhecido seu organismo social (língua, costumes, religião, crenças e tradições), deve-se considerar que

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também eles gozam de direitos fundamentais e, em igual importância, históricos, a contar a ocupação dos espaços territoriais que tradicionalmente os tornou legítimos donos; bens hoje reconhecidos, demarcados e protegidos pela União.

Recomendações:

Em ocorrências que envolvam pessoas ou grupos que se caracterizam por identidade étnica, religiosos ou linguísticos, resguardados os aspectos de fundada suspeita e os respectivos fundamentos da abordagem, sempre que possível o policial deverá:

• agir com profissionalismo e bom senso, ao lidar com situações em que uma pessoa se sinta discriminada, demonstrando respeito por suas características;

• considerar que a etnia da pessoa (negra, cigana, indígena) não determina a suspeição. A condição étnica das pessoas não se confunde com índole criminosa e não poderá determinar pré-julgamentos.

Religiões de Matriz Africana:

A CF/88 informa: “é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias”. Estão inclusas as religiões de matriz africana, como o candomblé, umbanda ou outras de manifestação afro-católica, como o congado. Elas são assim designadas devido a sua origem, trazidas para o Brasil pelos negros vindos do continente africano, desde o início da colonização portuguesa. Estas religiões têm sofrido através dos séculos intolerâncias e discriminações de todo gênero.

Por serem de matriz africana, se tornam referências para a cultura do racismo. O Brasil, constitucionalmente, é um país laico (não tem religião oficial), por isto, todos têm diretos a praticar seus cultos religiosos, manifestações ideológicas, políticas e culturais, sem intervenções de caráter repressivo, discriminatório ou jocoso.

A liberdade de crença religiosa é um direito e o Estado tem por obrigação garanti-lo e punir suas violações. Não há espaço, em um país democrático, para prática de violência e discriminações por motivação religiosa.

Atualmente, o senso popular ainda associa os símbolos, práticas e ritos sagrados destas religiões a coisas demoníacas, como possessões de

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“espíritos malignos”, e causas determinantes de tragédias pessoais. Neste contexto, as instituições de segurança pública devem estar preparadas para lidar com estes diversos conflitos, principalmente os originados da ação discriminatória e preconceituosa de outros grupos radicais.

Recomendações:

• se uma viatura policial é acionada para deter pessoas que fazem suas oferendas, conhecidas como “despachos”, em uma encruzilhada, o solicitante deve ser informado que, por força constitucional, estas pessoas têm direito a livremente praticar sua religião e a fazer suas oferendas;

• a intervenção policial, durante uma reunião pública, deve ser feita com cautela, para não haver constrangimento aos presentes e também para que • o policial não incorra no delito de perturbação de culto religioso;

• o policial deverá verificar antes o que está realmente acontecendo, se inteirando dos fatos perante todos na região, sem proferir juízo de valor. Se for apurado perante a própria população local que não está ocorrendo delito, a operação deve ser encerrada para evitar constrangimentos, comunicando-se o fato, discretamente, ao denunciante, se identificado;

• em caso de denúncia, a intervenção policial, dentro do terreiro, deverá ocorrer de maneira tranquila e, se possível, sem a utilização de farda. O dirigente do terreiro deverá, se possível e no momento adequado, ser cientificado dos fatos. O contato com o dirigente deverá ser em local reservado, longe das demais pessoas; • Algumas denúncias são relacionadas a barulho, com incômodos aos vizinhos. Também há denúncias de supostos sacrifícios de animais no terreiro, ou ainda que há agressões físicas entre os participantes. O policial deverá avaliar se deve intervir ou não, verificando se há motivos preconceituosos na denúncia.

2.8.7 Pessoas em surto de drogas

O funcionamento do organismo humano pode ser alterado em razão da interação com substâncias capazes de provocar alterações fisiológicas ou comportamentais. Essas modificações variam de acordo com cada pessoa, com o tipo de droga, o ambiente de consumo, a via de administração e a dose da substância ingerida, com a expectativa almejada pelo usuário, dentre outros fatores.

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Graus de intoxicação elevados, em regra, possibilitam perturbações do nível de consciência, da capacidade cognitiva, da percepção, do juízo crítico, do afeto, do comportamento ou de outras funções e reações psicofisiológicas, elementos essenciais a serem considerados quando da abordagem policial ao consumidor de drogas, pois interferem na avaliação de risco e uso diferenciado de força. Nesse sentido, evidências científicas indicam que a ingestão de drogas perturbadoras, depressoras ou estimulantes, como o álcool e os derivados da cocaína, podem desencadear atos ilícitos.

Recomendações:• compreender que o consumo de drogas pode provocar alterações

na percepção do mundo: o tempo e o espaço passam a ter uma dimensão diferente, estímulos visuais e auditivos são criados (alucinações) ou se apresentam de maneira distinta;

• colher o máximo de informações referentes ao histórico pessoal do consumidor de drogas, caso possível, com os familiares e/ou conhecidos, no que se refere aos surtos do abordado;

• avaliar o grau de consciência e o potencial de agressividade. Ao identificar a pessoa a ser abordada, ela pode se apresentar com a fala, os pensamentos, emoções e percepções confusas. Demonstram desorientação e desvinculação com o mundo externo, como se estivessem psiquicamente ausentes. O estado emocional pode, ainda, mudar bruscamente;

• observar a fala do abordado. O primeiro indicativo de interação com substâncias psicoativas e de que pode haver uma reação inesperada, se relaciona à fala da pessoa. Há necessidade de que as perguntas sejam repetidas várias vezes pelo policial, em razão da dispersão da atenção do abordado. Pode ser muito difícil engajar o usuário numa conversação normal;

• tenha em mente que a instabilidade emocional pode ser frequente, com apresentação de choro e risos imotivados. Além disso, pode se apresentar alheio à realidade e com pouca, ou nenhuma sensibilidade, mostrando-se como uma pessoa fria. Por vezes, o abordado terá um olhar perdido, sem fixação em pontos, ou a demonstração de que está assustado ou desconfiado;L BÁSICA

• alertar para o fato de que a maioria das paranoias decorrentes do consumo de drogas acarreta a necessidade do uso de força;

• compreender que as técnicas de imobilização policial, na maioria das vezes, não funcionam, devido ao seu rebaixamento da crítica e do efeito anestésico da droga, momento em que não esboça reação de dor e não atende às ordens emanadas, podendo precipitar uma reação agressiva, quando da tentativa de controle físico.

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2.9 TRATAMENTO ÀS VÍTIMAS

Durante as operações e ações policiais, as vítimas não podem ser desconsideradas. É necessária a conscientização de que o tratamento inadequado pode gerar a violação e o desrespeito aos Direitos Humanos, o que resultaria em uma nova violência.

É comum que, devido à prioridade que é dada à captura de um autor de delito, a vítima seja colocada em segundo plano pelo policial, ficando sem apoio, informações ou esclarecimentos. Nesse sentido, um atendimento adequado e atencioso poderá minimizar os efeitos violentos decorrentes do crime e facilitará, significativamente, a administração da ocorrência.

No ambiente de intervenção, o policial deve tranquilizar a vítima e demonstrar preocupação com sua situação física e psicológica, por meio de verbalização adequada (ver MINAS GERAIS, 2011, p. 119).

Na audição da vítima, que se encontra sob forte impacto psicológico, decorrente de fato violento, o policial deve permitir que ela fale livremente sobre o evento que ensejou a intervenção policial evitando-se, quando possível, tratar de detalhes que possam aumentar o constrangimento. A vítima deve ser ouvida de maneira cuidadosa e com respeito aos seus limites, inclusive em sua dificuldade de relatar fatos e sentimentos.

Deve-se resguardar a vítima dos populares, da imprensa, como forma de preservá-la diante do acontecido. Sempre que possível, a medida de localização e prisão dos infratores deverá ser tomada por outra equipe de serviço, utilizando-se de informações obtidas pela vítima, por solicitantes, testemunhas ou denunciantes.

LEMBRE-SE:

Nos casos em que houver necessidade de socorro médico às vítimas, este deve ser priorizado em relação a qualquer outro procedimento

policial!

Durante a identificação de possíveis autores do delito, o policial atentará para que a vítima não seja exposta, evitando que autor e vítima tenham contato, devendo o reconhecimento ser feito de maneira reservada e em momento oportuno.

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ATENÇÃO!

Policiais femininos podem ter mais acessibilidade às vítimas mulheres ou crianças, o que as tranquilizará de forma mais imediata e facilitará

a aproximação e o atendimento policial!

Para mais orientações, consultar o CD nº 2, páginas 120 e 121.

O Núcleo de Atendimento as Vítimas de Crimes Violentos (NAVCV), por meio de um programa federal e estadual, presta apoio jurídico, psicológico e social, gratuito, aos familiares e às vítimas de homicídio, de latrocínio e crimes sexuais. O CD 2, em sua página 122, detalha os órgãos que podem oferecer cooperação nesses casos e comenta sobre as suas atividades.

2.10 LOCAL DE CRIME

É o espaço onde tenha ocorrido um ato que, presumidamente, configura uma infração penal e que exige as providências legais por parte da polícia. Compreende, além do ponto onde foi constatado o fato, todos os lugares em que, aparentemente, os atos materiais, preliminares ou posteriores à consumação do delito, tenham sido praticados. O local de crime é fundamental para a investigação criminal. Ele fornece elementos relevantes para concretizar a materialidade do delito e chegar à autoria.

2.10.1 Classificação do local de crime e conceitos correlatos

a) Consoante à natureza: pode ser de homicídio, infanticídio, suicídio, atropelamento, incêndio, afogamento, furto, roubo, arrombamento, dentre outros.

b) Consoante ao lugar do fato:

• local interno: área compreendida por ambiente fechado, que preserva os vestígios da ação dos fenômenos da natureza.

• local externo: área não restrita, e que não preserva os vestígios da ação dos fenômenos da natureza.

• local imediato: é a área exata onde ocorreu o fato ou o crime.

• local mediato: são as adjacências; os pontos e áreas de acesso ao local do crime.

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• locais relacionados: são as áreas que podem apresentar conexão com o fato criminoso e, por isso, oferecer pontos comuns de contato (vestígios) a serem observados.

c) Consoante ao exame

• Local idôneo: é aquele que não foi violado, que não sofreu nenhuma alteração desde a ocorrência do fato. O artigo 169 do CPP discorre sobre as providências policiais a serem tomadas, imediatamente, no local de crime.

Art. 169 – Para o efeito de exame do local onde houver sido praticada a infração, a autoridade providenciará imediatamente para que não se altere o estado das coisas até a chegada dos Peritos, que poderão instruir seus laudos com fotografias, desenhos ou esquemas elucidativos.Parágrafo Único. Os Peritos registrarão no Laudo, as alterações do estado das coisas e discutirão no relatório, as consequências dessas alterações na dinâmica dos fatos.

• Local inidôneo: é aquele que foi violado, que sofreu alguma alteração após a ocorrência dos fatos delituosos.

2.10.2 Prova

Tudo que demonstra a veracidade de uma proposição ou a realidade de um fato. Na criminalística, existem as provas objetivas e as subjetivas.

a) Prova Objetiva

Tem por base os vestígios encontrados nos locais de crime, que são interpretados pelos peritos, por meio dos exames. Exemplo: laudo pericial.

b) Prova Subjetiva

Tem por base as informações colhidas da vítima, das testemunhas ou de qualquer pessoa relacionada com o fato. Exemplo: boletim de ocorrência (BO/REDS), expedido pela Polícia Militar.O exame de corpo de delito é outro instrumento de coleta de provas, imprescindível para a elucidação dos fatos. É importante distinguir os seguintes elementos:

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• vestígio: é todo objeto ou material bruto, suspeito ou não, encontrado no local de crime e que deve ser recolhido e resguardado para exames posteriores. (veja os exemplos de vestígios no CD 2, p. 128);

• evidência: é o vestígio que, após analisado pela perícia técnica e científica, possui relação com o crime;

• indício: é todo vestígio cuja relação com a vítima ou com o suspeito, com a testemunha ou com o fato, foi estabelecida. É o vestígio classificado e interpretado, que passa a significar uma prova judiciária.

ATENÇÃO!De acordo com o artigo 167 do CPP, se, no local do crime não forem

encontrados vestígios, a descrição dos fatos pelas testemunhas arroladas no boletim de ocorrência poderá ser a única prova do ato

delituoso.

Antes de adotar os procedimentos no local de crime o policial deverá diferenciar isolamento de proteção:

• isolamento: é a delimitação da área física, interna e externa do local de crime, por meio de recursos visíveis, tais como cordas, fitas zebradas e outros, cuja finalidade é proibir a entrada de pessoas não credenciadas no local de crime;

• proteção: consiste em impedir que se altere o estado das coisas, visando à inalterabilidade das provas.

2.10.3 Procedimentos no local de crime

Os policiais, ao serem acionados para atuarem em um local de crime, obedecerão às etapas da intervenção policial, razão pela qual é necessário, inicialmente, fazer um diagnóstico para elaborar um plano de ação e, só então, efetuar o isolamento do local (execução).

A avaliação é pertinente em qualquer tipo de intervenção. O policial, ao chegar, deve dar atenção a tudo que estiver presente no local de crime, sem fazer qualquer juízo de valor. A preservação deverá ser realizada por meio do isolamento e proteção de forma efetiva para que as pessoas não tenham acesso a ele, evitando-se que vestígios sejam modificados ou destruídos, antes de seu reconhecimento. Em princípio, tudo que estiver no local é importante.Ao chegar ao LOCAL DE CRIME, o policial deverá:

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• saber que o público normalmente desconhece a importância da preservação dos vestígios no local de crime, e poderá tê-lo alterado;

• adentrar em linha reta, ou pelo menor trajeto possível, enquanto os demais policiais cuidarão da segurança. Somente quando se tratar de área de risco, poderá e será necessária a entrada de mais de um ao mesmo tempo;

• verificar os sinais vitais da vítima;

• priorizar o socorro da vítima;

• em caso de óbito, evitar mexer na vítima (tocar, remover, mudar sua posição original, revirar bolsos, tentar identificá-la). A identificação é responsabilidade da perícia criminal, salvo se houver a efetiva necessidade da guarnição de preservar materialmente a vítima ou seus documentos em caso de mudança de tempo (chuva, enchente), com possibilidade de lavagem de manchas e arrasto do corpo, ocorrência de incêndio, ou outras ações que possam fugir do controle dos policiais;

• realizar constantemente a observação e o controle visual, para verificar se há segurança na atuação policial;

• quando necessário, retornar lentamente, pelo mesmo trajeto feito na entrada, observando outros detalhes dentro daquela área;

• prender o criminoso. Caso não seja possível, coletar informações sobre o autor e divulgá-las para os demais policiais de serviço;

• observar todas as imediações para definir os limites de isolamento, podendo abranger trechos de ruas, ou quarteirões (quadras) e estabelecimentos comerciais que tenham relação direta com o crime;

• isolar a área, onde se deu os acontecimentos, usando fitas zebradas. Na ausência desse material, poderão ser utilizados materiais alternativos, como arames, cavaletes, cones, cordas, cabos de aço ou outros meios disponíveis, sendo que ninguém poderá se deslocar dentro da área isolada, antes dos trabalhos periciais;

• afastar as pessoas, sinalizar, desviar e controlar o trânsito de veículos e de pedestres;

• fazer anotações e croquis para facilitar a redação do texto do boletim de ocorrência (BO/REDS);

• arrolar testemunhas do delito;

• preservar armas ou outros instrumentos vinculados ao crime;

• impedir que a posição dos objetos ou de coisas seja modificada. Tratando-se de locais fechados, manter portas, janelas, mobiliários, eletrodomésticos, utensílios, como foram encontrados. Evitar, por

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Guia do Treinamento Policial Básico

exemplo, abrir/fechar, ligar/desligar quaisquer objetos; usar aparelhos de telefonia (fixa ou móvel), sanitários ou lavatórios, e demais recursos disponíveis no local), salvo o estritamente necessário para conter riscos;

• posicionar-se fora da área isolada, prosseguir com a vigilância, preservando os vestígios até a chegada dos peritos criminais;

• transmitir as informações já obtidas à equipe de Polícia Judiciária ou a quem for pertinente, procurando interagir com os diversos órgãos que compõem o Sistema de Defesa Social;

• em caso de suspeita de alteração do local de crime, identificar o(s) possível(eis) causador(es), registrar tal situação no BO/REDS e avisar aos peritos que comparecerem ao local;

• acompanhar os trabalhos dos peritos, anotando e conferindo o material apreendido, visando constar todos os dados no Boletim de Ocorrência (BO/REDS);

• avisar ao responsável pelo exame pericial sobre possíveis vestígios deixados por terceiros que adentraram ao local de crime (por necessidade ou equivocadamente), para que os peritos não percam tempo analisando vestígios ilusórios;

• proibir que repórteres e fotógrafos acessem o local de crime, antes da realização dos trabalhos periciais, explicando-lhes a necessidade de manter os vestígios preservados e que será garantida a liberdade de imprensa após resguardada a prioridade do serviço pericial;

• prestar informações à imprensa de forma objetiva sobre os fatos;• caso a perícia não seja realizada proceder à apreensão dos

materiais encontrados, na presença de testemunhas, relacionando-os no BO/REDS, para encaminhamento ao delegado de polícia, (Cadeia de Custódia de Vestígios – Ver item 7.4 do Caderno Doutrinário nº 2);

• liberar o local após encerrados todos os trabalhos periciais, e na ausência da perícia, somente após o recolhimento dos objetos;

• dar atenção especial aos familiares em casos de vítimas fatais, que poderão reagir de forma agressiva ou tentar invadir o local de crime. Esta reação decorre do estado emocional pela perda de uma pessoa querida. Os policiais deverão assisti-los de forma profissional, sensibilizando-se sobre o momento por que estão passando.

ATENÇÃO!A ordem dos procedimentos poderá ser alterada, dependendo da prioridade

observada no momento da intervenção policial. Exemplo: em alguns acidentes de trânsito, a prioridade é sinalizar a via para evitar agravamento da

ocorrência ou o surgimento de novas vítimas e, somente após resguardar a segurança, procede-se à assistência necessária aos envolvidos e o isolamento.

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3 INSTRUMENTOS DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO (IMPO)

3.1 INTRODUÇÃO

Nas relações entre Estado e cidadãos, os poderes de coerção e os meios de constrição a que a autoridade está legitimamente autorizada a exercer e utilizar só se justificam, se voltados para a garantia da paz social e do exercício dos direitos e garantias fundamentais. O exercício do poder está limitado pela lei e não deve, de maneira alguma, violar, agredir ou negar a dignidade da pessoa humana.

Sob esse foco, os Instrumentos de Menor Potencial Ofensivo (IMPO) reforçam-se como alternativas no que diz respeito ao uso diferenciado de força, proporcionando ao policial a opção pelas tecnologias, sem colocar-se em risco, bem como a aqueles que deve defender. Busca-se assim, numa tentativa explícita, garantir ao policial o poder discricionário do uso diferenciado de força, mas com o foco na preservação da vida.

Constituindo um penúltimo esforço dentre os escalões do uso de força, o emprego dos IMPO (munições químicas, projéteis de impacto controlado e armas de impulso elétrico) pressupõe capacidade técnica a ser adquirida em refinado treinamento pelo policial que irá empregá-la, e, ao mesmo tempo, ponderado senso crítico do comandante que determinar o seu uso.

3.2 EMPREGO

O emprego policial de IMPO para a contenção de infratores configura-se como opção de instrumentos que visam à preservação da vida e a minimização dos danos à integridade física das pessoas envolvidas em incidentes de natureza policial. Em razão disso essa tecnologia é efetiva nos casos em que os objetivos são:

• dispersar multidões em manifestações públicas ilegais e legais, sendo que, neste caso, sua utilização se dará quando não haja acatamento às determinações legais dadas pelos policiais, com manifestação de resistência, desobediência e investida contra a força

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policial10;• controlar, dominar e conter infratores ou suspeitos que invistam

contra o policial na tentativa de agredi-lo;• restabelecer a ordem durante rebeliões em estabelecimentos

prisionais; • isolar áreas que devam ser retomadas ou ocupadas por forças

policiais, em razão da vulnerabilidade do ponto, por questões estratégicas, ou em cumprimento a determinações judiciais, e

• outras que, após avaliação e classificação dos riscos para o caso concreto, sejam consideradas, pelo comandante da tropa, a melhor opção de emprego, do ponto de vista da segurança dos policiais e da preservação da vida e da integridade física dos infratores ou cidadãos envolvidos11.

3.3 TIPOS

3.3.1 Espargidores

Os espargidores são recursos de autodefesa, contra pessoa ou grupo de pessoas. São destinados ao controle de pequenos distúrbios e saturação de ambientes, pela característica do agente químico contido em sua fórmula. Podem ser encontrados em forma líquida, espuma ou gel pressurizados em tubo spray.

• Líquido Pressurizado: em forma de um líquido transparente, cuja dispersão cônica do jato em spray, permite atingir o indivíduo, grupo de indivíduos e ambientes, dependendo do modelo de espargidor utilizado.

• Espuma: caracterizado por uma forma de espuma branca e densa, semelhante a uma espuma de barbear. Neste caso, o jato atinge apenas a pessoa para quem foi direcionado.

• Gel: apresenta uma aparência de gel viscoso e transparente (dissimulação). Quando atinge o alvo, apresenta a formação de pequenas bolhas.

Considera-se que o espargidor, em espuma ou gel, produz o melhor direcionamento no momento do seu espargimento evitando a dispersão cônica e a ação do vento (que ocorre no caso do líquido pressurizado) o que leva à concentração de seus efeitos somente na pessoa e local atingidos.

10 Princípio 13 para o uso da força e das armas de fogo por policiais (UNITED NATIONS, 2011).11 Princípio 3, 5 (alíneas a e b) e 13 para o uso da força e das armas de fogo por policiais (UNITED NATIONS, 2011).

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Os efeitos fisiológicos resultantes do uso de espargidores estarão diretamente ligados ao tipo de agente contido no seu interior. Atualmente, na Polícia Militar de Minas Gerais, o agente químico usado em maior escala nos espargidores é o Oleoresim Capscum – OC, ou “Agente Pimenta”. A FIG. 21 mostra modelos e tamanhos de espargidores OC disponíveis na PMMG.

FIGURA 21 – Modelos de espargidores OC disponíveis na PMMG (à esquerda, com rótulo azul, espargidor de pimenta em gel).

Fonte: Flickr, 2011.

a) Composição e efeitos Fisiológicos do “Agente Pimenta”

O agente pimenta é obtido a partir da mistura do princípio ativo natural da pimenta, a capsaicina ou capsicum, com uma espécie de óleo sintético, para dificultar a retirada do produto. A eficiência do agente de pimenta é imediata. A capsaicina é a substância responsável pelo efeito fisiológico que causa o ardor.

Após o contato com o composto, ocorre o fechamento involuntário dos olhos e intensa sensação de queimadura, lacrimejamento e dor. Os efeitos também são percebidos nas mucosas do nariz e da boca, causando irritação, ardor, tosse, vômito e sensação de pânico. Essa debilidade momentânea do indivíduo afetado permite a abertura de uma “janela de tempo” que servirá ao policial como espaço para emprego de “técnicas combinadas” – técnicas de contenção por meio do controle físico - para conter e dominar o agressor. A extensão dos efeitos depende da quantidade disparada, mas a média de tempo é de cerca de 40 minutos, com ligeiros efeitos inquietantes aproximadamente por 1 (uma) hora.

A irritação das vias respiratórias é consideravelmente menor, o que indica sua utilização para ambientes fechados e especialmente em locais nos quais a contaminação de pessoas não envolvidas seja altamente indesejável. O design dos espargidores, seja de líquido

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pressurizado, gel ou espuma, é o mesmo, havendo diferença somente nos tamanhos, inscrições e na cor do rótulo de identificação, conforme FIG. 21.

b) Manejo e Emprego

O manejo de espargidores caracteriza-se por sua extrema facilidade, pois funcionam como um tubo de desodorante aerosol ou um inseticida. Os procedimentos para sua utilização são os seguintes:

• com o espargidor na posição vertical, observada a direção do vento, direcionar o espargidor à altura do peito ou da face da pessoa (no caso de espargidores spray líquido pressurizado) a ser contida;

• pressione o botão atuador pelo tempo de 0,5 a 1 segundo;

ATENÇÃO!

Os espargidores spray de líquido pressurizado podem ser direcionados para o peito uma vez que o líquido ao atingir o alvo,

além de produzir parte de seus efeitos na pele, passará a evaporar lentamente. Assim os vapores subirão, atingindo as vias aéreas e,

consequentemente, produzirão os efeitos fisiológicos.

• no caso de espargidores de gel e espuma, o jato deve ser direcionado para a face da pessoa a ser atingida. Não há diferença em relação ao pressionamento do botão atuador que deverá ser pressionado pelo mesmo tempo, ou seja, de 0,5 a 1 segundo;

• a obediência ao tempo de pressionamento do botão atuador, em todos os casos, é fundamental para a utilização técnica do equipamento. O acionamento da válvula por tempo superior ao citado pode levar a concentração que cause riscos ao atingido pelo agente químico. Se necessária maior quantidade de agente químico no ambiente, para fins de concentração eficiente, a operação deverá ser repetida;

• somente é autorizado ao policial militar o uso de espargidores da carga da PMMG sendo vedado o uso de material de outra origem.

IMPORTANTE!O policial deverá cuidar para que os agentes químicos não se misturem. Uma vez que o OC é espargido em determinado ambiente não se deve

operar neste mesmo local com o CS e vice-versa. A mistura dos agentes pode causar consequências desconhecidas, logo, resultados graves e al-

tamente lesivos poderão ocorrer.

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3.3.2 Pistolas TASER de Emissão de Impulsos Elétricos

A tecnologia TASER foi desenvolvida na década de sessenta, nos Estados Unidos da América, por uma empresa norte-americana com o nome fantasia TASER International. Porém, somente na década de 90, mais precisamente em 1996, passou a ser utilizada pelos departamentos de polícia dos estados norte-americanos, e, desde então, vem sendo empregada e utilizada em mais de 100 países, tendo seu marco de chegada ao Brasil no ano de 2002. O modelo disponível na PMMG é o TASER M 26.

Os impulsos elétricos emitidos na forma de ondas (ondas T) têm o mesmo formato das ondas cerebrais. Ao utilizar esta arma, objetiva-se a incapacitação temporária do indivíduo atingido, por meio da interrupção da comunicação do cérebro com o corpo. Por isso, o instrumento não se baseia na dor para subjugar o suspeito. Ao ser atingido pela arma, o corpo humano interpreta a energia emitida pela pistola como se fosse uma ordem do cérebro.

a) Apresentação Visual

As pistolas TASER possuem certas semelhanças com as pistolas convencionais e devem ser consideradas como armas. Por isso mesmo, o policial precisa dispensar, SEMPRE, o mesmo cuidado que se dispensa a uma arma de fogo, no quesito segurança. Nesse sentido, deve manter o controle da direção da arma e o dedo fora do gatilho, salvo quando se decidir por utilizá-la. A FIG. 22 detalha a pistola utilizada pela PMMG.

FIGURA 22 – Taser M26 (coloração amarela)

Fonte: <http://www.bmcruzalta.com.br/blog/wp-content/uploads/2011/08/teiser.jpg>. Aces-so em 10 jan. 2012 (adaptação).

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b) Efeitos fisiológicos

As armas de emissão de impulsos elétricos agem no sistema nervoso sensorial e sistema nervoso motor, fazendo com que o cérebro pare momentaneamente de controlar os músculos e, consequentemente, os movimentos do corpo. Isto só é possível porque há uma interrupção da comunicação do cérebro com o corpo. O indivíduo fica paralisado imediatamente e cai, caso esteja em pé.

Tal processo se difere dos aparelhos de choque elétrico que atuam somente no Sistema Nervoso Sensorial, ocasionando apenas dor para a incapacitação. A FIG. 23 traz uma comparação da abrangência dos efeitos da Pistola TASER em relação a outros instrumentos.

FIGURA 23 – Zonas efetivas de ação – comparação entre TASER, sprays e armas de fogo

Fonte: ABILITYBR, 2011.

Armas de fogoSpray de pimenta

Arma de Impulso Elétrico

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Basta lembrar que o sistema nervoso humano comunica-se por intermédio de impulsos elétricos ou ondas cerebrais. O armamento emite impulsos elétricos similares às ondas cerebrais, denominadas ondas “T”.

c) Manejo e Emprego

As armas de impulso elétrico têm os seguintes dispositivos:

• aparelho de pontaria (alça e massa de mira);• gatilho;• trava de segurança (este sistema é inverso ao sistema da maioria

das armas de fogo, ou seja, na posição para baixo trava o gatilho e na posição horizontal está em condições de disparo);

• cartucho energizado (varia de acordo com alcance),

Os procedimentos de operação se assemelham aos de uma arma de fogo convencional (pistola) o que facilita o uso, de certa forma, por parte do operador:

• ao acionar a trava de segurança para cima (em condições de disparo), o led indicador de energia, na parte posterior da arma, e a “mira laser” (situada abaixo do local de encaixe dos cartuchos) serão ligados automaticamente. Isso indica que a arma está em condições de disparar os dardos que serão energizados após acionamento do interruptor (gatilho); Caso ocorra falha de acionamento do cartucho, a arma poderá ser usada como “arma de contato” ou seja, para que o infrator seja submetido às ondas “T”, o operador deverá tocar com os eletrodos ou com o cartucho da arma qualquer parte do corpo do infrator, submetendo-o ao impulso elétrico; ou com a substituição do cartucho danificado, utilizar novo cartucho; consequentemente, ao pressionar a trava para baixo, serão ao mesmo tempo desligados o led indicador de energia e a “mira laser”, travando a arma e impedindo qualquer disparo;

• apesar de a arma possuir uma “mira laser”, o operador poderá utilizar o aparelho de pontaria convencional da arma (alça e massa) para maior precisão do disparo;

• o gatilho da arma, ao contrário das armas convencionais, não é mecânico e sim eletrônico, funcionando ao modo semelhante de um interruptor de luz (interruptor elétrico);

• a cada acionamento do gatilho, a arma gerará um ciclo (disparo) de 05 (cinco) segundos; qualquer novo acionamento do gatilho, nesse intervalo de 05 (cinco) segundos, não influenciará no ciclo da arma; no entanto, se o operador mantiver o gatilho acionado continuamente, o

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tempo do ciclo corresponderá ao tempo exato em que se mantiver pressionado o dispositivo, cessando imediatamente, com a retirada do dedo do gatilho;

• para interromper imediatamente qualquer ciclo da arma, em qualquer situação, basta que o operador mova a trava de segurança para a posição “travada” (para baixo);

• a arma só deverá ser destravada quando for iminente a sua utilização, ou seja, apontada para o suspeito ou para um lugar seguro (parede, chão, caixa de areia, quando dos testes de centelha – que é o teste que permite verificar as condições de carga das pilhas que estão na arma);

• no interior do punho da arma são acondicionadas as pilhas que geram a energia elétrica necessária para o funcionamento das armas; essas pilhas, num total de oito, são colocadas no interior da arma por meio de uma bandeja (carregador)12, que tem posição única de entrada na arma, com o trilho/ressalto voltado para a parte posterior da arma, onde há, no punho, um entalhe de encaixe próprio para a bandeja com os eletrodos voltados para cima.

As armas de emissão de impulsos elétricos utilizam cartuchos energizados que contêm dois dardos (medindo 3,81 cm), dardos estes que são lançados a uma velocidade média de 60 metros por segundo, quando do acionamento do gatilho da pistola pelo operador (FIG. 24, 25 e 26).

FIGURA 24 – Modelos de cartuchos e seus alcances.

Fonte: ABILITYBR, 2011b.FIGURA 25 – Vista interna de um cartucho utilizado nas armas

TASER

12 O dispositivo que comporta as pilhas utilizadas para fazer funcionar a arma TASER as-semelha-se a um carregador de pistola convencional. Contudo é chamado de bandeja.

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Fonte: ABILITY BR, 2011b.

FIGURA 26 – Cartucho TASER no momento do disparo.

Fonte: ABILITY BR, 2011c.

3.3.3 Munições de Impacto Controlado – Balas de Borracha

As munições de impacto controlado (balas de borracha) são constituídas, na sua maioria, por projéteis de elastômero macio e destinam-se ao disparo direto contra pessoas, como alternativa tática para a ação policial, quando não há risco de morte para si ou para terceiros. De uma forma geral, destinam-se como alternativa técnica e

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estratégica, pois, aliadas a outros recursos de IMPO, contribuem para otimizar a ação policial. Tais munições objetivam a dispersão de pessoas, por meio da restrição física, ou ao controle de pequenos grupos, conforme a quantidade de projéteis existentes no cartucho.

Embora existam cartuchos de balas de borracha em diversos calibres tais como 37/38.1 e 40 mm, será estudado, nesta disciplina, apenas o cartucho no calibre 12.

a) Apresentação Visual

As munições de bala de borracha, no calibre 12, possuem a cápsula em plástico transparente ou branco e o culote metálico com espoleta de percussão central. Trazem carga propelente, assim como as munições letais, porém em quantidade menor que aquelas. A mais comumente usada é a munição denominada Precision (FIG. 28), caracterizada por um único projétil de elastômero, na cor amarela e que tem formato aerodinâmico e “saia” estabilizadora, que conferem muita precisão do tiro.

Também são comuns os cartuchos Monoimpact (FIG. 27), caracterizado por um único “tarugo” de borracha, e os “Trimpact” (FIG. 29), que possuem como componentes do cartucho, três projéteis esféricos de borracha, na cor preta.

FIGURA 27 – Cartucho calibre 12 com projétil único de elastômero

Fonte: Condor, 2008.

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FIGURA 28 – Cartucho calibre 12 com projétil único de elastômero “Precision”, com vista de corte lateral

Fonte: Condor, 2008b.

FIGURA 29 – Cartucho calibre 12 com 3 projéteis esféricos de elastômero com vista de corte lateral

Fonte: Condor, 2008c.

b) Efeitos Fisiológicos

Os projéteis de elastômero provocam dor intensa e hematomas na região atingida. Em condições corretas de emprego (observadas as regras técnicas) os resultados do impacto e energia transmitidos não são letais.

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FIGURA 30 – Ferimentos ocasionados pelo uso de munição de impacto controlado – bala de borracha

Fonte: Guerreiros da Segurança Privada, 2011.

c) Manejo e Emprego

As munições de impacto controlado, no calibre 12, são eficientes quando utilizadas para a contenção de pessoas isoladas ou em grupos menores. Elas causam efeito psicológico pela visualização da arma, bem como pelo manejo da bomba e fisiológico, desencadeado pela dor causada pelo impacto dos projéteis de elastômero.

Regras devem ser observadas e aplicadas para a sua utilização, quais sejam:

• observar a distância mínima de 20 metros do alvo para se evitar lesões graves e até letais;

• os disparos devem ser feitos, SEMPRE, direcionados para as pernas, evitando-se o tronco e a cabeça, por se tratar de regiões altamente vascularizadas e macias (olhos, boca, pescoço e têmporas), bem como onde estão localizados os órgãos vitais, no caso do tronco;

• deve ser evitado o disparo direcionado ao solo, visto que o ricochete causará a perda do direcionamento dos projéteis, podendo atingir alvos indesejáveis;

• as munições podem ser utilizadas nos projetores calibre 12, disponíveis na Corporação, ou, caso indisponíveis, nas espingardas e rifles de mesmo calibre.

As munições de impacto controlado devem ser empregadas observadas as seguintes condições e circunstâncias:

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• operações policiais de controle de distúrbios civis (grupos reduzidos de manifestantes) e de controle de rebeliões em estabelecimentos prisionais;

• em ocorrências policiais nas quais, dentro do uso diferenciado de força, seja necessário uso de estratégias e instrumentos de menor potencial ofensivo para reduzir o nível de resistência e a capacidade agressora do infrator;

• em operações de reintegração de posse.

Seu emprego tem por objetivo, além dos já citados, manter controle da distância entre os infratores/manifestantes e os policiais, bem como reduzir sua capacidade agressora para que a abordagem possa ser realizada com segurança.

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4 DOCUMENTOSCOPIA4.1 CONCEITOS

Ao longo da intervenção, o policial militar deverá aplicar seus conhecimentos teóricos e empregar corretamente técnicas e táticas para que não fuja dos princípios constitucionais da legalidade, impessoalidade e eficiência, aumentando a segurança dos envolvidos e diminuindo, consideravelmente, a necessidade do uso de força em níveis mais elevados.

Ao analisar o escopo doutrinário da Polícia Militar de Minas Gerais, observa-se que, em muitos casos, nos procedimentos recomendados em vários tipos de intervenções policiais, há referências sobre a exigência de documentos de porte obrigatório, seja durante uma operação de blitz policial, em um policiamento de grande evento, em operação de atividade de meio ambiente ou quando a ocorrência envolve estrangeiros. Pelo exposto, visando garantir a eficiência, profissionalismo e uma atuação embasada nas leis vigentes no Brasil, torna-se necessário oferecer aos policiais militares conhecimentos acerca dos documentos a serem exigidos, em seus momentos necessários à prática de algum ato ou direito da vida social, a fim de subsidiar uma análise técnica do material apresentado pela pessoa abordada.

É importante ainda ressaltar a importância do desfecho das demais etapas de uma intervenção policial eficiente levando em conta, inclusive, os grandes eventos internacionais a serem realizados no Brasil nos próximos anos. Por isso, estão sendo apresentados os documentos de porte obrigatório, nacionais e estrangeiros e, principalmente, as técnicas para análise destes documentos para verificação da autenticidade.

A Documentoscopia é a parte da Criminalística que examina os documentos com o objetivo de verificar sua autenticidade e/ou determinar sua autoria. Este conceito foi desenvolvido pela Academia Nacional de Polícia em seu Manual de Criminalística.

A documentoscopia busca, por meio de variadas técnicas, descobrir, revelar, e demonstrar fatos ou vestígios presentes em um documento com o objetivo de esclarecer se ele é autêntico ou falso; revelar alterações de qualquer tipo; identificar ou eliminar pessoas como fonte de um manuscrito ou assinatura; e identificar ou eliminar equipamentos como fonte de alguma marca ou impressão. (DEPARTAMENTO DE POLÍCIA FEDERAL, 2010, p.76)

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Documento pode ser entendido, em sentido amplo, como qualquer material que contenha marcas, símbolos ou sinais que possuam algum significado ou transmitam alguma mensagem ou informação. (DEPARTAMENTO DE POLÍCIA FEDERAL, 2010, p.75)

4.2 IDENTIFICAÇÃO

Antes de apresentar as principais características dos documentos propriamente ditos, o policial militar deve conhecer os tipos de identificação existentes para então analisar e compreender qual será o mais recomendável, dependendo das particularidades de cada situação e contexto.

Identificação é o ato ou efeito de provar ou reconhecer a circunstância de um indivíduo ser aquele que diz ser ou aquele que outrem presume que ele seja.

As principais formas de identificação são: criminal e civil

4.2.1 Identificação civil

A Lei nº. 12.037, de 1º de outubro de 2009, especifica os documentos para identificação civil:

Art. 2º A identificação civil é atestada por qualquer dos se-guintes documentos:I – carteira de identidade;II – carteira de trabalho;III – carteira profissional;IV – passaporte;V – carteira de identificação funcional;VI – outro documento público que permita a identificação do indiciado.Parágrafo único. Para as finalidades desta Lei, equiparam-se aos documentos de identificação civis os documentos de identificação militares.

4.2.2 Identificação criminal

A identificação criminal está disposta na Lei nº 12.037, de 1º de outubro de 2009, que regulamentou o art. 5º, inciso LVIII, da Constituição Federal. O art. 3º dessa lei define que a identificação criminal ocorrerá quando:

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• o documento apresentar rasura ou tiver indício de falsificação;• o documento apresentado for insuficiente para identificar

cabalmente o indiciado;• o indiciado ou abordado portar documentos de identidade

distintos, com informações conflitantes entre si;• constarem registros policiais de uso de outros nomes pelo

abordado, ou diferentes qualificações.

Esta identificação compreende os processos datiloscópico e o fotográfico, devendo o agente de polícia evitar o constrangimento do identificado.

4.2.2.1 Identificação fotográfica

O termo datiloscopia foi cunhado por Francisco Latzina, em 1894, que sugeriu o nome datiloscopia, constituído por elementos gregos (da´Kty-los = dedos) e (skopêin = examinar).

A datiloscopia consiste no processo de identificação humana por meio das impressões digitais. Trata-se de uma das áreas da papiloscopia, que abrange ainda: a quiroscopia (identificação das impressões palmares), a podoscopia (identificação das impressões plantares), a poroscopia (identificação dos poros) e a critascopia (identificação das cristas papilares).

4.2.2.2 Identificação fotográfica

Conforme a Lei 12.037/2009:

Art. 5º A identificação criminal incluirá o processo datiloscópico e o fotográfico, que serão juntados aos autos da comunicação da prisão em flagrante, ou do inquérito policial ou outra forma de investigação.”

A identificação fotográfica consiste no processo de identificação humana por meio de fotografia da face e/ou das marcas singulares, cicatrizes ou tatuagens, de cada pessoa.

4.3 DOCUMENTOS NACIONAIS

Os documentos de identificação nacionais são importantes para o exercício dos direitos e deveres do brasileiro nato ou naturalizado. No Brasil, para o exercício de determinados atos da vida civil ou militar, existe uma gama de documentos.

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Dentre esses, os adotados para identificação civil13 de uma pessoa são: a carteira de identidade, a carteira de trabalho, a carteira profissional, o passaporte e a carteira de identificação funcional (civil ou militar). Outros documentos públicos também podem ser utilizados, desde que permitam tal identificação, a exemplo da carteira nacional de habilitação (CNH).

Documentos, mesmo públicos, que dependam da apresentação de um dos documentos de identificação específicos citados acima, não são documentos que se prestem à identificação civil (título de eleitor, porte ou registro de arma de fogo, cartão de CPF, registro e porte de arma de fogo, certificado de registro e licenciamento veicular, dentre outros). Servem, tão somente, para identificar situações de registro, cadastro, direitos e deveres legais, objetos, bens, posse e propriedade, dentre outras condições.

4.3.1 Cédula de Identidade (RG)

A cédula de identidade, também conhecida popularmente por carteira de identidade, ou Registro Geral (RG), é o documento nacional de identificação civil no Brasil. Ela contém o nome, data de nascimento, data da emissão, filiação, foto, assinatura e impressão digital do polegar direito do titular.

A emissão é de responsabilidade dos governos estaduais, entretanto, a cédula de identidade tem validade em todo território nacional.

Em 2008, o Governo Federal anunciou um projeto visando à criação de um novo sistema de identificação civil unificado, o Registro de Identidade Civil (RIC), o que evitaria a multiplicidade de cédulas de identidade solicitada por um cidadão em diversos estados da Federação. O documento usará tecnologia smart card, similar a um cartão de crédito com chip. Neste novo documento serão reunidos os dados da cédula de identidade atual, CPF e título de eleitor, dentre outros, sendo integrado, ainda, com sistema informatizado de identificação de impressões digitais, o AFIS (Automated Fingerprint Identification System - Sistema de Identificação Automatizada de Impressões Digitais).

4.3.2 Cadastro de Pessoa Física (CPF)

O Cadastro de Pessoa Física é um banco de dados gerenciado pela Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) que armazena

13 Lei nº 12.037, de 1º/10/2009.

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informações cadastrais de contribuintes obrigados à inscrição no CPF, ou de cidadãos que se inscreveram voluntariamente. A inscrição só pode ser feita uma vez e não é permitido trocar o número do CPF.

É necessário para a maior parte das operações financeiras. Há diversos casos em que o CPF pode ser cancelado, como por exemplo, quando não há a declaração do imposto de renda por dois anos consecutivos. O CPF somente será cancelado, ainda, em caso de óbito, multiplicidade de número de inscrição, por decisão administrativa ou por determinação judicial.

Um meio interessante para a conferência do número do CPF é identifi-car o Estado em que foi emitido. Esse número corresponde ao último al-garismo anterior aos dois dígitos de controle. No exemplo CPF nº 000.000.008-00, o número 8 mostra que esse documento foi emitido no estado de São Paulo.

Veja a tabela de códigos correspondentes aos estados brasileiros:

- 1 - Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul e Tocantins;- 2 - Pará, Amazonas, Acre, Amapá, Rondônia e Roraima;- 3 - Ceará, Maranhão e Piauí;- 4 - Pernambuco, Rio Grande do Norte, Paraíba e Alagoas;- 5 - Bahia e Sergipe;- 6 - Minas Gerais;- 7 - Rio de Janeiro e Espírito Santo;- 8 - São Paulo;- 9 - Paraná e Santa Catarina;- 0 - Rio Grande do Sul.

Uma forma de se fazer uma consulta sobre determinado CPF é entran-do no site da Receita Federal ou do SERASA e pesquisando a situação cadastral dele.

4.3.3 Carteira Nacional de Habilitação (CNH)

A Carteira Nacional de Habilitação (CNH) é o documento oficial que, no Brasil, atesta a aptidão de um cidadão para conduzir veículos automotores terrestres. Portanto, seu porte é obrigatório ao condutor de qualquer veículo desse tipo. A CNH atual contém fotografia, os números dos principais documentos do condutor, entre outras informações (como a necessidade de uso de lentes corretivas, por exemplo), podendo ser utilizada como documentos de identidade no Brasil.

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De acordo com o Código de Trânsito Brasileiro, compete ao DENATRAN expedir a Carteira Nacional de Habilitação. No entanto, compete aos órgaos executivos estaduais, o DETRAN, aferir através de exames se o candidato está ou não habilitado a conduzir.

4.3.4 Certificado de Registro e Licenciamento Veicular

O Certificado de Registro do Veículo (CRV) é o documento emitido pelo órgão executivo de trânsito quando o veículo é registrado, servindo para comprovar a propriedade e as características deste. Quando do primeiro emplacamento, é emitido juntamente com o Certificado de Licenciamento Anual (CLA).

O Certificado de Licenciamento Anual (CLA) é o documento emitido para o veículo devidamente licenciado, o que ocorre quando estão “quitados os débitos relativos a tributos, encargos e multas de trânsito e ambientais, vinculados ao veículo, independentemente da responsabilidade pelas infrações cometidas” (Código de Trânsito Brasileiro, Lei 9.503/1997, art. 131, §2º).

É emitido anualmente, assim com a tabela com a data para sua exigência em fiscalizações de trânsito, e seu porte é obrigatório. O CRV comprova que, naquele exercício (ano) de sua emissão, o veículo atende ao disposto na legislação.

O CRV e o CLA são expedidos, exclusivamente, pelos DETRAN em papel de segurança branco, contendo em sua massa, fibras coloridas nas cores azul, verde e vermelha, cujo comprimento varia entre 3 e 5 mm, as quais são distribuídas alternadamente no papel, na proporção de 5 a 7 fibras por centímetro quadrado.

4.3.5 Passaporte

O artigo 2º, do Decreto nº 5.978, de 2006, conceitua passaporte:

É o documento de identificação, de propriedade da União, exigível de todos os que pretendem realizar viagem internacional, salvo nos casos previstos em tratados, acordos e outros atos internacionais. (BRASIL, 2006b)

O passaporte é o documento oficial de viagem, emitido pelo Departamento de Polícia Federal (DPF) no Brasil, que identifica um determinado cidadão perante as autoridades de outros países, permitindo a anotação de entrada e saída pelos portos, aeroportos e

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Guia do Treinamento Policial Básico

vias de acesso internacionais. Permite também conter os vistos de autorização de entrada.

Nos países do Mercosul não é necessária a apresentação de passaporte devido a reciprocidade dos países envolvidos. Além da Argentina, Uruguai, Paraguai e Brasil, temos a Bolívia, Chile, Colômbia e Peru que aderiram ao tratado. Nestes locais, é necessário apenas uma cédula de identidade, em bom estado de conservação, emitida pelas Secretarias de Segurança Pública das unidades da federação, não sendo aceitos documentos de identidade emitidos por outros órgãos e repartições, mesmo que esses documentos tenham validade no Brasil.

O passaporte é documento de viagem pessoal e intransferível. Existem os seguintes tipos de passaportes nacionais, diferenciados pela cor da capa do documento:

•AZUL : passaporte comum;

•VERDE: passaporte oficial de serviço;

•VERMELHO : diplomático;

•MARROM : denominado laissez-passer, para viagens ao Brasil de cidadãos de países que não possuem relações diplomáticas com o Brasil;

•AMARELO : para estrangeiros legalmente registrados no Brasil e que necessitem deixar o território nacional e a ele retornar; para estrangeiros refugiados, sem nacionalidade ou asilados no Brasil;

•AZUL-CELESTE : passaporte de emergência.

Os passaportes diplomáticos e oficiais serão emitidos pelo Ministério das Relações Exteriores e os demais serão expedidos pelo Departamento de Polícia Federal.

4.3.6 Porte de Arma de Fogo

É o documento, com validade de 5 anos, que autoriza o cidadão a portar, transportar e trazer consigo uma arma de fogo, de forma discreta, fora das dependências de sua residência ou local de trabalho. Portanto, quando estiver portando alguma arma de fogo, a pessoa deverá portar o devido documento emitido pela Polícia Federal que o autoriza, além do Certificado de Registro e Arma de Fogo (CRAF) da arma que estiver portando.

Para a pessoa adquirir o Porte de Arma de Fogo é necessária idade mínima de 25 anos, além de apresentar os seguintes documentos e condições:

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a) cópias autenticadas ou original e cópia do RG, CPF e comprovante de residência;

b) declaração escrita da efetiva necessidade, expondo fatos e circunstâncias que justifiquem o pedido, principalmente no tocante ao exercício de atividade profissional de risco ou de ameaça à sua integridade física;

c) comprovação de idoneidade, com a apresentação de certidões negativas de antecedentes criminais fornecidas pela Justiça Federal, Estadual, Militar e Eleitoral e de não estar respondendo a inquérito policial ou a processo criminal, que poderão ser fornecidas por meios eletrônicos;

d) apresentação de documento comprobatório de ocupação lícita e de residência certa;

e) comprovação de capacidade técnica e de aptidão psicológica para o manuseio de arma de fogo;

f) cópia do certificado de registro de arma de fogo.

O art. 6º, da Lei 10.826/03, dispõe que o porte de arma de fogo é proibido em todo o território nacional, salvo em casos excepcionais. Portanto, excepcionalmente, a Polícia Federal poderá conceder porte de arma de fogo, desde que o requerente demonstre a sua efetiva necessidade por exercício de atividade profissional de risco ou de ameaça à sua integridade física, além de atender as demais exigências do art. 10 da referida Lei.

Os estrangeiros que estiverem em situação de responsável pela segurança de cidadãos estrangeiros em visita ou sediados no Brasil, deverão providenciar a autorização do Ministério da Justiça para portar arma de fogo.

Art. 9o Compete ao Ministério da Justiça a autorização do porte de arma para os responsáveis pela segurança de cidadãos estrangeiros em visita ou sediados no Brasil e, ao Comando do Exército, nos termos do regulamento desta Lei, o registro e a concessão de porte de trânsito de arma de fogo para colecionadores, atiradores e caçadores e de representantes estrangeiros em competição internacional oficial de tiro realizada no território nacional (Lei 10.826/2003).

4.3.7 Registro de Arma de FogoO Certificado de Registro de Arma de Fogo (CRAF), documento com

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validade de 3 anos e em todo o território nacional, autoriza o seu proprietário a manter a arma de fogo exclusivamente no interior de sua residência ou domicílio, ou dependência desses, ou, ainda, no seu local de trabalho, desde que seja ele o titular ou o responsável legal pelo estabelecimento ou empresa.

O registro é o documento da arma, devendo conter todos os dados relativos à identificação da arma e de seu proprietário. Esses dados deverão ser cadastrados no SINARM (Polícia Federal), quando a arma for de uso permitido, ou no SIGMA (Comando do Exército), quando a arma for de uso restrito. Esses são os órgãos competentes para o registro, inexistindo registro estadual de armas de fogo.

A Portaria Normativa nº 1.369, de 25/11/2004, do Ministério da Defesa, esclarece que o CRAF deve ser impresso em papel-moeda fabricado pela Casa da Moeda do Brasil.

4.3.8 Autorização para Viagem de Menores

Visando o princípio da prevenção no policiamento ostensivo e para evi-tarmos os possíveis tráficos de crianças e adolescentes, pedofilia e prostituição infantil durante o período em que teremos uma grande mo-vimentação de pessoas estrangeiras no território brasileiro, é importan-te que o policial militar conheça quais são os documentos necessários para autorização de viagem de menores.

A proibição de a criança viajar para fora da comarca de onde reside de-sacompanhada dos pais ou responsáveis, sem expressa autorização ju-dicial é prevista no Estatuto da Criança e Adolescente, Lei 8.069/ 1990, em seu art. 83.

Da Autorização para ViajarArt. 83. Nenhuma criança poderá viajar para fora da co-marca onde reside, desacompanhada dos pais ou respon-sável, sem expressa autorização judicial.§ 1º A autorização não será exigida quando:a) tratar-se de comarca contígua à da residência da crian-ça, se na mesma unidade da Federação, ou incluída na mesma região metropolitana;b) a criança estiver acompanhada:1) de ascendente ou colateral maior, até o terceiro grau, comprovado documentalmente o parentesco;2) de pessoa maior, expressamente autorizada pelo pai, mãe ou responsável.

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§ 2º A autoridade judiciária poderá, a pedido dos pais ou responsável, conceder autorização válida por dois anos.(...)

No Brasil, nenhuma criança ou adolescente nascido no território nacio-nal poderá sair do País em companhia de estrangeiro residente ou do-miciliado no exterior, conforme prevê o artigo 85 do Estatuto da Crian-ça e Adolescente, Lei 8.069/ 1990.

Da Autorização para Viajar(...)Art. 85. Sem prévia e expressa autorização judicial, nenhu-ma criança ou adolescente nascido em território nacional poderá sair do País em companhia de estrangeiro residen-te ou domiciliado no exterior.”

Quando houver viagem ao exterior, a autorização é dispensável em al-guns casos como está previsto no artigo 84, do Estatuto da Criança e Adolescente, lei 8.069/ 1990.

Da Autorização para Viajar(...)Art. 84. Quando se tratar de viagem ao exterior, a autori-zação é dispensável, se a criança ou adolescente:I - estiver acompanhado de ambos os pais ou responsável;II - viajar na companhia de um dos pais, autorizado expres-samente pelo outro através de documento com firma reco-nhecida.(...)

4.3.9 Livramento Condicional

Este assunto está previsto na Lei de Execução Penal – LEP.

Casos envolvendo pessoas que estão em situação de livramento condi-cional já é uma rotina nas abordagens policiais, contudo, esta pessoa abordada ainda tem que obedecer a algumas exigências necessárias, conforme prevê o artigo 138, da Lei 7.210/ 1984.

Art. 138. Ao sair o liberado do estabelecimento penal, ser-lhe-á entregue, além do saldo de seu pecúlio e do que lhe pertencer, uma caderneta, que exibirá à autoridade judici-ária ou administrativa, sempre que lhe for exigida.§ 1º A caderneta conterá:a) a identificação do liberado;b) o texto impresso do presente Capítulo;

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c) as condições impostas.§ 2º Na falta de caderneta, será entregue ao liberado um salvo-conduto, em que constem as condições do livramen-to, podendo substituir-se a ficha de identificação ou o seu retrato pela descrição dos sinais que possam identificá-lo.§ 3º Na caderneta e no salvo-conduto deverá haver espaço para consignar-se o cumprimento das condições referidas no artigo 132 desta Lei.

Art. 132. Deferido o pedido, o Juiz especificará as condi-ções a que fica subordinado o livramento.§ 1º Serão sempre impostas ao liberado condicional as obrigações seguintes:a) obter ocupação lícita, dentro de prazo razoável se for

apto para o trabalho;b) comunicar periodicamente ao Juiz sua ocupação;c) não mudar do território da comarca do Juízo da execu-

ção, sem prévia autorização deste.§ 2º Poderão ainda ser impostas ao liberado condicional, entre outras obrigações, as seguintes:a) não mudar de residência sem comunicação ao Juiz e à

autoridade incumbida da observação cautelar e de proteção;

b) recolher-se à habitação em hora fixada;c) não frequentar determinados lugares.

4.3.10 Cédula de dinheiro

A temática da atual família de cédulas – efígie da República nos anversos e animais da fauna brasileira nos reversos – foi mantida, porém os elementos gráficos foram redesenhados, de forma a agregar segurança e facilitar a verificação da autenticidade pela população. A nova família mantém a diferenciação por cores predominantes, aspecto que facilita a rápida identificação dos valores nas transações cotidianas, inclusive por pessoas com visão subnormal.

As novas cédulas do Real passaram a atender a uma grande demanda dos deficientes visuais que, até então, enfrentavam dificuldades em reconhecer os valores das notas. Com tamanhos diferenciados e marcas táteis em relevo aprimoradas em relação às atuais, a nova família de cédulas veio para facilitar a vida dessa importante parcela da população. Dotadas de recursos gráficos mais sofisticados, as notas ficaram mais protegidas contra as falsificações.

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4.3.11 Documento de Autorização para Transporte de Produto Florestal (ATPF)

A autorização para transporte de produto florestal (ATPF) é regulamentada pela Portaria do IBAMA de nº 44-N, de 06 de abril de 1993.

A ATPF representa a licença indispensável para o transporte de produto florestal de origem nativa, inclusive o carvão vegetal nativo, como previsto no parágrafo primeiro, do artigo terceiro, da Portaria do IBAMA de nº 44-N, de 06 de abril de 1993.

Art. 3º - ...§ 1º - A 1ª via de ATPF acompanha obrigatoriamente o produto florestal nativo e carvão florestal nativo da origem ao destino nela consignado por meio de transporte individual, quer seja rodoviário, aéreo, ferroviário, fluvial ou marítimo.

O entendimento de produto florestal é dado no parágrafo primeiro, do artigo primeiro da Portaria do IBAMA de nº 44-N, de 06 de abril de 1993.

Art. 1º (...)§ 1º - Entende-se por produto florestal aquele que se encontra no seu estado bruto ou in natura, abaixo relacionado:a) madeira em toras;b) toretes;c) postes não imunizados;d) escoramentos;e) palanques roliços;f) dormentes nas fases de extração/fornecimento;g) mourões ou moirões;h) achas e lascas;i) pranchões desdobrados com moto-serra;j) lenha;l) palmito;m) xaxim;n) óleos essenciais.o) bloco ou filé, tora em formato poligonal, obtida a partir da retirada de costaneiras.

O prazo de validade da ATPF é de 90 dias com exceção da madeira em tora transportada em jangadas que poder ser de até 120 dias, conforme previsto no § 1º do artigo 4º da Portaria do IBAMA de nº 44-N, de 06 de abril de 1993.

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Art. 4º -...§ 1º - A ATPF será fornecida com validade especificada no campo 21, compatível com o período necessário ao transporte, sendo o prazo máximo de até 90 (noventa) dias, exceto para o transporte de madeira em tora em jangadas, quando o prazo poderá ser de até 120 (cento e vinte dias).

A dispensa do uso da ATPF é prevista quando do uso próprio e doméstico de lenha, como previsto no artigo quinto da Portaria do IBAMA de nº 44-N, de 06 de abril de 1993.

Art. 5º - Ficam dispensadas do uso da ATPF as remessas de lenha para uso próprio e doméstico em quantidade inferior a 1 (um) estéreo e todo material lenhoso proveniente da erradicação de culturas, pomares ou de poda de arborização urbana.

4.4 DOCUMENTOS ESTRANGEIROS

O estrangeiro, após ingressar no território nacional, fica sujeito às nor-mas de controle interno, previstas na Lei º 6.815, de 19 de agosto de 1980 (Estatuto do Estrangeiro) a qual, em seu Título X, dispõe que o estrangeiro deverá exibir o documento comprobatório de sua estada legal no país sempre que a autoridade exigir.

O Departamento de Polícia Federal unificou os registros de estrangeiros com a criação do Sistema Nacional de Cadastro e Registro de Estrangei-ros (SINCRE). Atualmente, o registro dos estrangeiros e a emissão dos respectivos documentos de identificação são de responsabilidade da Polícia Federal.

São obrigados a se registrar no SINCRE as seguintes categorias de es-trangeiros: permanentes, temporários, provisórios, asilados, refugiados, fronteiriços.

O estrangeiro tem a obrigação de se registrar comparecendo à unidade da Polícia Federal, no prazo de 30 dias a contar de seu ingresso no terri-tório nacional. No caso do asilado, o prazo se iniciará da data publica-ção da concessão do asilo pelo Ministério da Justiça no Diário Oficial da União. O refugiado também deverá se registrar após o reconhecimento definitivo de sua condição pelo Conselho Nacional de Refugiados (CO-NARE).

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O estrangeiro que se registrar receberá a Cédula de Identidade de Es-trangeiro (CIE). O número aposto na CIE denomina-se Registro Nacional de Estrangeiro (RNE) e é alfanumérico.

Estrangeiros não são obrigados a comprovar a filiação. Nesse caso, o passaporte pode ser utilizado como documento de identificação.

Em Porturgal, o equivalente ao Registro Nacional de Estrangeiros recebe o nome de título de residência e em Moçambique, o equivalente chama-se Documento de Identificação e Residência de Estrangeiros, mais conhecido pela sigla DIRE.

4.4.1 Registro Nacional de Estrangeiro (RNE)

O Registro Nacional de Estrangeiros é o número aposto na Carteira de Identidade de Estrangeiro que, no Brasil, atesta a identidade de indivíduos não brasileiros, com residência temporária ou permanente no território da federação. Ele é expedido pelo Departamento de Polícia Federal.

Os cidadãos portugueses são amparados pelo Estatuto de Igualdade e, neste caso, emite-se uma cédula de identidade igual à dos cidadãos brasileiros.

4.4.2 Cédula de Identidade de Estrangeiro (CIE)

É o documento de identidade do estrangeiro, previsto na Lei º 6.815/80.

Pode ser considerado documento de viagem para o ingresso de brasileiros e estrangeiros residentes no Brasil nos demais países do Mercosul (Argentina, Paraguai e Uruguai) e países associados (Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela).

4.4.3 Passaporte para Estrangeiros

É um documento de viagem pessoal e intransferível concedido para as pessoas estrangeiras. Sua concessão é regulada pelo Estatuto do Estrangeiro, Lei nº 6.815/80, e pelo Decreto 5.978/2006 que trata de documentos de viagem.

Não terá validade o passaporte que contiver emendas ou rasuras, ou ainda, sem o preenchimento do campo assinatura na forma disciplinada pelo órgão concedente.

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4.4.4 Laissez-Passer

O Manual de Polícia de Imigração da Academia Nacional de Polícia desenvolveu o seguinte conceito para Laissez-Passer:

Documento de viagem concedido ao estrangeiro portador de documento de viagem não reconhecido pelo governo brasileiro ou que não seja válido para o Brasil, expedido por países com os quais não se mantém relação diplomática. (DEPARTAMENTO DE POLÍCIA FEDERAL, 2010b, p. 26)

Um Laissez-Passer (do francês “deixai passar”) é um documento de viagem para estrangeiro, normalmente usado para viagens de ida para o país expedidor, não sendo válido para outros trechos.

Alguns países emitem como Laissez-Passers, passaportes de emergên-cia, enquanto alguns outros o emitem também para apátridas.

O art. 14 do Decreto 5.978, especifica que o Laissez-Passer é documen-to de propriedade da União concedido pelo Departamento de Polícia Fe-deral ao estrangeiro portador de documento de viagem não reconheci-do pelo governo brasileiro ou que não seja válido para o Brasil.

4.4.5 Tipos de vistos

A admissão do estrangeiro no território nacional far-se-á mediante a concessão dos seguintes vistos:

a) trânsito: quando um estrangeiro necessita chegar a outro país e precisa entrar no território nacional para alcançar seu objetivo de viagem. O prazo é de até 10 dias improrrogáveis e para uma só entrada;

b) turista: quando um estrangeiro vem ao Brasil em caráter recreativo ou de visita, não podendo haver atividade remunerada ou finalidade imigratória. Tem o prazo de 90 dias, podendo ser prorrogado por igual período. Os países que derem, mediante acordo internacional, tratamento idêntico ao brasileiro, poderão ser dispensados de apresentação do visto de turista. A relação de países com acordo internacional com o Brasil será divulgada pelo Ministério das Relações do Exterior;

c) temporário: quando um estrangeiro vem ao Brasil em viagem cultural ou em missão de estudos, a negócios, como desportista, artista, estudante, jornalista correspondente, na condição de cientista

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ou professor a serviço do Brasil ou ainda na condição de ministro de confissão religiosa. Os prazos são variáveis conforme a condição da viagem. Para a viagem cultural, cientista ou professor a serviço do Brasil, será até 02 anos. Para Viagem a negócios, de artistas ou desportistas será até 90 dias. Para Estudante e religiosos, será até 01 ano. Para jornalista correspondente será até 04 anos. Os prazos poderão ser prorrogados na mesma categoria que o visto foi classificado, ressalvando apenas o visto para viagem a negócios que não poderá ultrapassar 180 dias no ano. Os estrangeiros com o visto temporário deverão se registrar no Ministério das Relações Exteriores, no prazo máximo de 30 dias, exceto para os casos de viagem a negócios e para desportistas ou artistas;

d) permanente: esse visto pressupõe que o estrangeiro tem interesse em fixar definitivamente no território nacional. O Estatuto estipula o prazo não superior a cinco anos, sob condição de exercício de atividade certa que será anotada pela autoridade consular ao lado do visto. Todo estrangeiro com este visto deverá se registrar no DPF no prazo máximo de trinta dias;

e) cortesia, oficial, diplomático (art.4º da Lei nº 6.815/80): esses vistos são de concessão, prorrogação ou dispensa estritamente do Ministério das Relações Exteriores. Caso o prazo seja superior a 90 dias, o estrangeiro deverá se registrar no MRE. O serviçal de quem possuir um destes vistos, somente poderá exercer atividade particular para estes, caso contrário, está infração será punida com a deportação.

4.4.6 Dispensa de passaporte e visto

A dispensa do passaporte e do visto, como documentos de viagem, é aplicada aos países que compõem o Mercosul e demais países que assi-naram acordos bilaterais com o Brasil. Assim, é permitida a entrada no território nacional mediante a apresentação de carteira de identidade válida, emitida por autoridade competente do país pertencente ao blo-co.

O estrangeiro de país limítrofe que reside em cidade contígua ao terri-tório nacional poderá frequentar estabelecimento de ensino e também exercer atividade remunerada. Para estes casos, o fronteiriço deverá se cadastrar numa Unidade da Polícia Federal, respeitados os interesses de segurança nacional.

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4.5 FISCALIZAÇÃO DE DOCUMENTOS DE PORTE OBRIGATÓRIO

O policial militar deverá exigir todos os documentos, de acordo com a situação de exigibilidade para cada caso em questão. A exigência dos documentos necessários para determinado exercício de direito das pessoas não pode ser considerado o desfecho de uma ocorrência, pois, a partir daí, começa um procedimento técnico de análise dos documentos apresentados que deve ser padrão na Instituição.

4.5.1 Elementos de segurança

Antes de falarmos de Elementos de Segurança, temos que desenvolver o conceito de Documentos de Segurança, ou seja, aquele documento que apresenta algum valor e que despertam, por este motivo, a possibilidade de uma ação fraudulenta.

Tais documentos de segurança são especiais e incorporam os elementos de segurança que tornam mais difícil a sua falsificação, tendo sua produção e distribuição controlada e nível de segurança determinando pela quantidade, qualidade e adequabilidade dos elementos incorporados.

De modo geral os níveis podem ser classificados em:

• 1º nível – público em geral, não requer treinamento e nem equipamentos;

• 2º nível – pessoas treinadas e com equipamentos simples;• 3º nível – peritos treinados e com equipamentos especializados.

Os elementos de segurança podem ser incorporados ao papel durante a fabricação com a finalidade de conferir mais proteção contra as fraudes. Os principais são: marca d'água ou filigrana, fibras de segurança, fio de segurança, hi-lites e papel reativo ou reagente (principais: dispositivo opticamente variável – DOV, laminados de segurança e laminado retro-refletor).

4.5.2 Uso da lanterna ultra violeta

Os documentos de segurança atuais, bem como os papéis-moedas em geral, apresentam elementos de segurança confeccionados ou impressos com alta tecnologia e que requerem, para sua identificação, exames físicos específicos, tais como a luz ultravioleta.

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Uma forma de se utilizar a lanterna de luz ultra violeta é colocando o suporte (material a ser analisado), em um lugar de baixa luminosidade e aplicar diretamente sobre ele a uma distância suficiente para se verificar os elementos de segurança que possuem a tinta invisível reagente à luz ultravioleta.

Este mecanismo de análise é bastante eficiente nos papéis-moeda, passaportes e identidades.

4.5.3 Manuseio de passaportes

As mudanças implementadas nos atuais passaportes no mundo foram feitas pelas normas internacionais de segurança estabelecidas pela organização de Aviação Civil Internacional (ICAO).

Os passaportes possuem condições gerais válidas a todos no mundo. Algumas delas são importantes para uma análise segura antes da verificação dos elementos de segurança: não poderão ser utilizados sem a assinatura do titular, são documentos de viagem de propriedade da União, tem caráter pessoal e intransferível e não têm validade os passaportes que contiverem emendas ou rasuras.

O militar que tiver em mãos um passaporte deverá, após analisar o contido no parágrafo anterior, identificar a qual país pertence o documento olhando na capa externa o nome do país de origem.

Logo em seguida, deverá correlacionar a pessoa que apresentou o documento com a pessoa na foto contida no interior do passaporte.

Após esta verificação inicial, o policial deverá verificar a autenticidade do passaporte analisando os elementos de segurança contidos no papel de segurança.

Qualquer dúvida surgida ou até mesmo dificuldade para análise dos elementos de segurança, o policial deverá fazer contato com o Centro Integrado de Comunicações Operacionais (CICOp.) para que ele faça pesquisa, nos sites recomendados, da numeração contida no passaporte.

Se ao final de todas as tentativas de verificação da autenticidade do passaporte, ainda sim, permanecer dúvidas contundendes, o policial militar deverá se deslocar até ao Departamento de Polícia Federal mais próximo para que um perito possa fazer uma análise de terceiro nível.

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4.5.4 Consultas aos sites Prado e Keesing

Ambos os sites sugeridos como fonte de pesquisa são utilizados pelo Departamento de Polícia Federal.

O site Prado é de pesquisa livre e gratuita, contudo possui informações dos passaportes da União Européia. O endereço é http://prado.consilium.europa. eu/pt/homelndex.html.

Já o site Keesing é de pesquisa mais ampla e depende de pagamento anual, conforme o nível de pesquisa, para acesso à informações de passaportes de todos os países no mundo. O endereço do site é http://www.documentcheck er.com/.

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ÉTICA, DOUTRINA E ATUALI-ZAÇÃO

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Biênio 2012-2013

APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA

As políticas e estratégias de governo fundamentam-se na administração gerencial com foco em resultados, orientada pela transparência, responsabilidade social, avaliação de desempenho, ética, inovação e participação. Inserida nesse ambiente, a Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG), comprometida com a eficiência na prestação de seus serviços, busca o aperfeiçoamento da administração de seus recursos, processos e resultados. Nesse contexto, o TPB, no 6º biênio apresenta dois conteúdos na disciplina Ética, Doutrina e Atualização que contribuirão para que o policial militar compreenda os motivos e impactos de cada uma de suas ações nesse cenário, ampliando, assim, o significado que atribui à própria atividade profissional.

O primeiro desses conteúdos refere-se à inteligência de segurança pública (ISP). Atualmente, nos diversos níveis de governo, há um esforço para o estabelecimento de uma doutrina de inteligência de segurança pública baseada na necessidade de integração nacional de conhecimentos sobre crime, criminosos e outras questões afetas à segurança pública, objetivando padronização na produção e compartilhamento de informações e conhecimentos. Torna-se essencial, portanto, que todo policial militar conheça o Sistema de Inteligência de Segurança Pública (SISP) e entenda a conjuntura na qual está inserida a ISP nos níveis federal, estadual e municipal. Espera-se, desta forma, conscientizar cada profissional sobre o seu papel no ciclo de produção do conhecimento e, assim, contribuir para a garantia da cientificidade no planejamento e na gestão das intervenções policiais.

O segundo conteúdo aborda a gestão estratégica para resultados, possibilitando ao policial militar maior compreensão sobre o atual modelo da administração pública – o Estado aberto e em rede e acordo de resultados - que tem como um de seus princípios o compartilhamento de responsabilidade, resultando numa relação de interdependência entre os objetivos e estratégias da PMMG com os objetivos e estratégias do governo estadual, agregando valores para a sociedade. Ao promover uma reflexão sobre o papel da Corporação nesse cenário, espera-se promover uma conscientização em cada policial militar sobre a própria participação nesse contexto, seja na área operacional ou administrativa, enquanto elemento fundamental para o alcance da visão: tornar Minas Gerais o melhor estado para viver.

Por fim, considerando o potencial turístico do Estado de Minas Gerais e, principalmente, o advento dos grandes eventos esportivos que serão realizados no país - Copa das Confederações em 2013, além da Copa

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do Mundo de 2014 e das Olimpíadas em 2016 - a disciplina Ética apresenta, ainda, um terceiro conteúdo: segurança pública orientada ao turismo, contribuindo para a promoção da cidadania ao oportunizar aos alunos conhecer as principais características do comportamento do turista; compreender a importância e os conceitos básicos de hospitalidade e informações turísticas, que serão utilizados diuturnamente no serviço policial militar. Espera-se, assim, capacitar os policiais militares para receber bem, acolher com satisfação e servir com excelência tanto os turistas quanto os cidadãos mineiros que residem no Estado de Minas Gerais.

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5 INTELIGÊNCIA DE SEGURANÇA PÚBLICA

5.1 IMPORTÂNCIA DA ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA DE SEGURANÇA PÚBLICA

O desejo e a necessidade de conhecimento são inerentes à natureza humana. Informar-se é fundamental, sobretudo quando se trata de obter um conhecimento antecipado, que proporcione uma visão do que está por acontecer, permitindo prever comportamentos.

As informações, como conhecimento necessário à sobrevivência do homem, são tão antigas quanto ele próprio. Os erros cometidos em função da falta ou desuso de informações também são conhecidos. Infere-se, então, que as pessoas dificilmente podem estar em segurança sem as informações.

Como coletar as informações da melhor forma? Como transformar aqueles dados em conhecimentos úteis para a Corporação? Há métodos próprios para que a busca de dados tenha melhor resultado? Qual é a qualificação técnica necessária para a escolha de um bom policial para trabalhar na atividade de inteligência de segurança pública? Quais são as medidas adequadas para proteger informações de caráter sigiloso?

As organizações contemporâneas, dentro desse contexto a PMMG, cujas políticas e estratégias são fundamentadas em adequado planejamento, não desprezam o uso e a utilidade do conhecimento, o mais amplo, objetivo e oportuno possível.

Os aspectos conjunturais, nos âmbitos estadual, nacional e internacional, requerem uma constante busca de novos e complementares conhecimentos, para que os dirigentes possam formular políticas e estabelecer suas estratégias institucionais. Assim, a sedimentação da Inteligência em segurança pública (ISP) como fator preponderante na estratégia organizacional dos órgãos de segurança pública passa pela consolidação de uma doutrina forte, disseminada e aplicada em todas as agências de uma instituição de segurança pública.

Este é o primeiro e mais importante caminho a ser percorrido em relação à atividade de ISP. No contexto nacional, a Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP) aprovou a Doutrina Nacional de Inteligência de Segurança Pública (DNISP), no dia 22 de julho de 2009,

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com o objetivo de buscar a padronização nas diversas agências de inteligência dos órgãos de segurança pública, que precisam interagir em diferentes circunstâncias.

No contexto estadual, com foco na prevenção e repressão qualificada no Estado, foi criado o Sistema Estadual de Inteligência de Segurança Pública (SEISP), através da Lei Delegada nº 180, de 20 de janeiro de 2011, norma que estabelece o Colegiado Integrado, formado pelos gestores das forças de segurança pública do Estado com atuação conjunta na deliberação das estratégias da atividade de ISP.

5.2 CONCEITO E CARACTERIZAÇÃO DA INTELIGÊNCIA DE SEGURANÇA PÚBLICA (ISP)

A atividade de inteligência, numa concepção genérica, é exercida por agentes públicos para captar, produzir e difundir informações e conhecimentos amplos e oportunos, para subsidiar o processo decisório, de maneira precisa, confiável e tempestiva.

Atualmente existem várias vertentes de inteligência, tais como: segurança pública, previdenciária, financeira, fiscal, militar, ministerial, todas elas derivadas de uma célula mater, denominada de “inteligência clássica” ou “inteligência de Estado”, cujas aplicações mais conhecidas são aquelas voltadas para a defesa do Estado.

Conceitualmente, a atividade de ISP é definida pela Doutrina Nacional de Segurança Pública (DNISP), como sendo:

[...] o exercício permanente e sistemático de ações especializadas para a identificação, acompanhamento e avaliação de ameaças reais ou potenciais na esfera de segurança pública, basicamente orientadas para produção e salvaguarda de conhecimentos necessários para subsidiar os governos federal e estaduais na tomada de decisões, para o planejamento e a execução de uma política de Segurança Pública e das ações para prever, prevenir, neutralizar e reprimir atos criminosos de qualquer natureza ou atentatórios à ordem pública. (BRASIL, 2009, grifos nosso).

A atividade de ISP desdobra-se em dois grandes ramos intrinsecamente ligados:

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a) inteligência: é o ramo da ISP que se destina à obtenção e análise de dados e informações e à produção e difusão de conhecimentos de interesse da segurança pública;

b) contra-inteligência: é o ramo da ISP que se destina a produzir conhecimentos para prevenir, detectar, obstruir e neutralizar a inteligência adversa e ações de qualquer natureza que constituam ameaça à salvaguarda de dados, informações e conhecimentos de interesse da segurança da sociedade e do Estado.

Por intermédio da ISP, as instituições buscam obter o conhecimento antecipado dos problemas de segurança pública.

A aplicação da ISP é cada vez mais demandada para o controle de atividades ilícitas ameaçadoras da lei e da ordem, incluindo o terrorismo, as organizações criminosas e o narcotráfico, em particular, bem como os crimes genericamente considerados, da chamada “criminalidade de massa”.

Desse modo, verifica-se que a finalidade principal da ISP é fornecer subsídios informacionais aos respectivos comandantes, diretores e chefes da Polícia Militar na tomada de decisões no campo da segurança pública, mediante a obtenção, processamento e difusão de informações e conhecimentos.

Para que possa produzir conhecimentos com uma visão prospectiva, a ISP tem a finalidade de obter respostas para as seguintes questões:

• Qual é o problema?• Quem é e o que faz o criminoso para cometer o delito? • Quais são seus vínculos?• O quê, onde, quando e como ele age? • Por que é bem sucedido?• Quais são seus pontos fortes e fracos?• Quais serão suas próximas ações (intenções)? • Quais são as deficiências do Estado perante o criminoso?• Qual é a melhor maneira de enfrentá-lo?

5.2.1 O Ciclo da Produção de Conhecimentos

Para subsidiar o processo decisório, a obtenção e estudo de fatos e situações devem seguir uma metodologia específica denominada Ciclo de Produção de Conhecimentos (CPC).

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De acordo com a DNISP, o CPC é composto por quatro fases: planejamento, reunião, processamento (avaliação, análise, integração

FIGURA 31 – Fases do Ciclo da Produção de Conhecimentos

Fonte: Adaptado a partir da DNISP (BRASIL, 2009, p. 19-26).

Essa metodologia detalha todas as ações a serem desenvolvidas e fornece o caminho para o tratamento da informação, transformando os dados de interesse da segurança pública em conhecimentos de ISP.

Nesse aspecto, seguir a metodologia do CPC significa estar de acordo com os fundamentos doutrinários de inteligência, observando-se os procedimentos dessa atividade e em especial os princípios:

a) amplitude: consiste em alcançar os mais completos resultados possíveis nos trabalhos desenvolvidos;

b) oportunidade: orienta a produção de conhecimentos, a qual deve realizar-se em prazo que permita seu aproveitamento;

c) precisão: objetiva orientar a produção do conhecimento verdadeiro, avaliação da veracidade e do significado, completo e útil.

Desse modo, é interessante conhecer a distinção entre ISP e Investigação Policial.

5.2.2 Diferenças entre a atividade de Inteligência de Segurança Pública e Policiamento Velado.

O policiamento velado é uma atividade de preservação da ordem pública, em apoio ao policiamento ostensivo, que emprega militares em trajes civis e que possui características, variáveis e princípios próprios. Desenvolve-se através de ações ou operações de caráter preventivo/repressivo, por meio de planejamento prévio, em determinado espaço físico, coletando dados que se transformarão em subsídios básicos para as atuações ostensivas.O policiamento velado é mais uma técnica policial militar, voltada

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para a busca de informações operacionais, procurando localizar e avaliar focos de risco a que estão sujeitas as comunidades e possibilitar o emprego racional do policiamento fardado. Entende-se como informação operacional tudo aquilo que interesse ou possa vir interessar para a preservação da ordem pública. Da mesma forma será útil para a Polícia militar saber onde ocorre distribuição ou fornecimento ilícito de drogas ou onde são preparadas, produzidas ou guardadas ilicitamente, substâncias tóxicas e entorpecentes e os nomes das pessoas que distribuem ou produzem drogas ilegalmente.

Em resumo, todos aqueles fatos relacionados com atividades ilícitas devem ser objeto de atenção do militar do Policiamento Velado. No QUADRO 10 estão sintetizadas as principais diferenças entre atividade de inteligência de segurança pública e o policiamento velado.

QUADRO 10Principais diferenças entre a Atividade de Inteligência de

Segurança Pública e o Policiamento VeladoDISTINÇÕES ENTRE MILITARES EMPREGADOS NA AI E NO PV

ASPECTO AI PV

Grau hierárquicoOficiais ou praças – masc. ou fem.

Somente praças.

Efetivo A critério do cmt (DDQOD)10% efetivo lançado (por turno).

Vinculação/Instrução

Ch OI – P2 – exclusivamente Ch OI – P2 e Cmt fração.

Valor da fração Até pelotão PM. Até pelotão PM.

Periodicidade Permanente.

12 meses, podendo retornar após cumprir, no mínimo, o mesmo tempo no policiamento ostensivo fardado.

Forma de atuação Sistêmica – anônima – sigilosa. Eventual – ostensiva – sigilosa.

Missão principal

Obtenção de dado ou conhecimento de interesse da ISP ou da seg. interna. da Corporação.

Produção de informações imediatas para o comandante da fração.

Missão secundáriaLevantamentos de interesse de órgãos externos à Corporação. Dado negado – apoio.

Atuação policiamento ordinário. Realizar prisões em flagrante ou prestar socorro.

Formulário utilizado

Relatório de Agente. BOS – relatório complementar

Fonte: PMMG5.2.3 Diferenças entre Inteligência de Segurança Pública e Investigação Policial

A diferença entre a atividade de inteligência de segurança pública e a

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investigação policial (criminal) está no campo de atuação e no propósito de cada um dos conceitos. Essa distinção é, em regra, mais teórica do que prática, uma vez que ambas lidam, invariavelmente, com os mesmos objetos: crime, criminosos, criminalidade e questões conexas.

Enquanto a investigação policial tem como propósito direto instrumentar a persecução penal, a inteligência policial é um suporte básico para a execução das atividades de segurança pública, em seu esforço investigativo, inclusive.

Assim, a inteligência é produção de conhecimento para auxiliar a decisão, não sendo uma instância executora. Levanta dados, informações, produz um conhecimento e pára. Alguém, em nível mais elevado de hierarquia, tomará, ou não, determinada decisão ou ação, com base nesse conhecimento. Ela possui um ciclo próprio: demanda – planejamento – reunião – coleta – busca – análise – avaliação – produção – difusão – feedback. Pode haver variações deste ciclo, que pode ser entendido, grosso modo, como:

a) demanda – o decisor quer saber algo; b) busca – a Inteligência vai atrás da informação; c) produção – a Inteligência transforma a informação em conhecimento; e; d) feedback – o decisor diz se o conhecimento é suficiente para a sua decisão ou se necessita de um maior aprofundamento ou mesmo de redirecionamento.A investigação é o levantamento de indícios e provas que levem ao esclarecimento de um fato delituoso. Tem a sua atuação restrita a um único evento criminal (ou a mais de um evento se houver crimes relacionados), independe da vontade do administrador, pois está voltada para um fato consumado. Poder-se-ia propor um ciclo para a investigação:

a) delito – a autoridade sabe de algo; b) levantamento – os investigadores buscam indícios, provas, testemunhos; c) análise – a autoridade avalia quais levantamentos são pertinentes ao caso; d) captura – os investigadores prendem os suspeitos ou infratores; e; e) produção – a autoridade produz peça acusatória.

O ciclo da inteligência é linear; o ciclo da investigação pode sofrer variação de etapas, podendo, por exemplo, a 'captura' ocorrer em

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qualquer das fases. A inteligência visa antecipar-se ao fato, agindo sobre elementos que possam estar contidos no futuro. Já a investigação, surge após o fato, agindo sobre elementos que possam dizer sobre o passado.

Em relação ao desenvolvimento das ações, na atividade de inteligência há clara distinção entre o trabalho do decisor e o trabalho do operador de inteligência. O decisor tem uma posição inteiramente passiva durante o processo. Na investigação, a autoridade policial e os agentes precisam estar, constantemente, em interação durante todo o processo.

A inteligência criminal ou policial deve ser entendida como “toda a ação pró-ativa da polícia”. Todo o trabalho que ela desenvolve, ou que deveria desenvolver, deve ser no sentido de antecipar-se ao delito para que possa impedi-lo. Em tese, não se pode afirmar que a inteligência está contida na investigação, porque a inteligência é o “fim” e a investigação é o “meio”. Pode-se afirmar, ainda, que a inteligência criminal é espécie do gênero inteligência. A inteligência, vista desta forma teórica, conceitual, servirá para quase todo o tipo de atividade humana, enquanto que a investigação tem a sua área de atuação restrita à apuração de irregularidades. No QUADRO 11 são apresentadas as principais diferenças entre Atividade de Inteligência de Segurança Pública e a Investigação Policial.

QUADRO 11Principais diferenças entre a atividade de Inteligência de Segurança Pública

e a Investigação Policial

ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA DE SE-GURANÇA PÚBLICA

INVESTIGAÇÃO POLICIAL

É regida por normas de Direito Administra-tivo e Constitucional.

É regida por normas de Direito Processual Penal (Comum e Militar) e Constitucional.

É realizada por Órgãos de Inteligência (OI)É realizada por órgãos de Polícia Judiciária (Comum e Militar).

Objetiva produzir conhecimento de segu-rança pública.

Objetiva produzir provas sobre um fato e a sua autoria.

Visa prevenir e reprimir atos delituosos.Não tem condão preventivo, visa à repres-são do fato já ocorrido.

Assessora a autoridade.Auxilia o Poder Judiciário e o Ministério Pú-blico na persecução penal.

A autoridade demandante não participa dos trabalhos, apenas demanda e recebe o conhecimento produzido.

Em regra, a autoridade policial participa e coordena os trabalhos investigatórios e re-passa as provas e elementos de convicção obtidos para a análise do MP e do Poder Ju-diciário

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Fonte: Adaptação de DANTAS e SOUZA, 2011.Nota-se que, enquanto a investigação policial está orientada pelo modelo de persecução penal, tendo como objetivo a obtenção de evidências, indícios e provas da materialidade e autoria de fato delituoso já ocorrido, a ISP visa a produção de informações e conhecimentos, através de metodologia própria, para auxílio na tomada de decisão e voltado para a antecipação de fatos e situações, e apenas eventualmente, subsidia a produção de provas. Dessa forma, é primordial a participação da ISP na repressão qualificada.

5.2.4 A participação da Inteligência de Segurança Pública na repressão qualificada

A investigação da criminalidade ou investigação policial-preventiva, exercida pelo SIPOM, move-se na direção de produzir conhecimentos, com cientificidade, que permita a adoção de políticas, estratégias, planejamento do emprego do efetivo e meios, realizando ações e operações com vistas a prever, prevenir e reprimir o delito.

Dessa forma, a ISP tem a finalidade de coletar e buscar dados, produzindo conhecimentos estratégicos, táticos e operacionais com vistas a antecipar a eclosão do delito, possibilitando a repressão qualificada.

Define-se a repressão qualificada como um conjunto de medidas adotadas por órgãos policiais com o objetivo de prevenir e reprimir crimes de forma focalizada, mediante a utilização da análise criminal e da Inteligência de Segurança Pública na produção de conhecimentos, visando resultados pontuais, objetivos e eficientes.

A Análise Criminal, prioritariamente, tem por objetivo processar e avaliar as informações espaciais e temporais, normalmente decorrentes das consequências do ato delitivo. E a Análise de Inteligência busca agregar qualidade aos dados quantitativos com vistas a identificar as causas, atores e fatores conexos que possuem relação com o fenômeno criminal, complementando a análise criminal, e possibilitando a prevenção e repressão qualificada e a produção de conhecimentos prospectivos.

O emprego científico dos recursos institucionais passa pela avaliação das incidências criminais com a utilização das informações quantitativas – geoprocessamento e estatística criminal – contendo as informações espaciais e temporais. Nesta fase, em regra, procura-se

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responder aos seguintes questionamentos sobre o delito: o quê, onde e quando.Assim, conforme representado na FIG. 32, na página seguinte, a repressão qualificada dos delitos é precedida por ações integradas da Análise Criminal e da Análise de Inteligência.

FIGURA 32 – Quadro de emprego da Análise Criminal e Análise de Inteligência

Fonte: Adaptação a partir DANTAS e SOUZA, 2011.

Diante das informações produzidas, é possível à polícia ostensiva planejar operações, massificar policiamento. Nesta fase soluciona-se parcialmente um problema de segurança pública, já que muitas vezes há a estagnação e/ou migração do crime, reiniciando o ciclo.

Todo esse trabalho envolve um alto custo e não estabelece uma solução duradoura para o problema, apenas dá-se resposta à determinada comunidade em razão de uma incidência localizada, podendo-se indagar se a polícia está sendo eficaz e efetiva.

Até então, não se pode afirmar que o emprego da Polícia está sendo científico na sua plenitude. A partir das informações anteriores, inicia-se outro tipo de trabalho, mais complexo e com aplicação de metodologia própria da atividade de inteligência – Ciclo da Produção do Conhecimento – no sentido de buscar respostas para outros questionamentos – quem, como, com que meios e por quê? – que são

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as informações qualitativas que permitirão intervenções focalizadas e a repressão qualificada com as vantagens do menor custo e de menor impacto para a sociedade e que alcançará resultados mais efetivos.

Para acompanhamento de todos esses procedimentos na atividade de ISP, são necessárias efetivas ações de coordenação e controle, atribuições do sistema de inteligência de cada Estado ou organização. Esse assunto será tratado no item seguinte.

5.3 SISTEMAS DE INTELIGÊNCIA DE SEGURANÇA PÚBLICA

Em razão da gravidade da situação da criminalidade e da violência, e da necessidade de uma resposta adequada e coordenada das diversas esferas de poder estatal, os sistemas de ISP foram criados para estabelecer políticas e meios de divulgação imediata das informações e conhecimentos imprescindíveis à consecução da missão constitucional das polícias de preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio.

5.3.1 O Subsistema de Inteligência de Segurança Pública

O Decreto 3.695/2000 criou o Subsistema de Inteligência de Segurança Pública (SISP), estabelecendo como seu órgão central a Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP). O SISP é um subsistema por ser parte do Sistema Brasileiro de Inteligência (SISBIN). Compõem o SISP, além da SENASP, os Ministérios da Justiça, da Fazenda, da Defesa e da Integração Nacional e o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República. Também podem integrar o SISP, mediante convênio, os órgãos de inteligência de Segurança Pública dos Estados e do Distrito Federal.

O SISP foi regulamentado pela Resolução nº 01, de 15 de julho de 2009, tendo como fundamentos a preservação e a defesa da sociedade e do Estado, das instituições, a responsabilidade social e ambiental, a dignidade da pessoa humana, a promoção dos direitos e garantias individuais e do Estado de Democrático de Direito.

A citada regulamentação traz como atribuição prioritária das Agências de Inteligência (AI) planejar, executar, coordenar, supervisionar e controlar a atividade de inteligência de segurança pública da área respectiva, obedecidas a política e as diretrizes superiores, e captar e difundir as informações de interesse, observando-se o seguinte:

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a) Foco principal - Segurança Pública: crime organizado, tráfico de drogas, armas e explosivos, terrorismo, tráfico de seres humanos e de órgãos, homicídios, quando envolver ações de grupos de extermínio, encontro de cadáver, furto e roubo de veículos, roubo e furto de cargas, sequestros, crimes contra os meios de comunicação e transportes, fluxo migratório de infratores, movimentação em unidades prisionais, rebelião em unidades prisionais; roubo a banco, lavagem de dinheiro, corrupção, desvio de conduta policial e as ações criminosas que envolvam a participação de quadrilhas e bando, grupos, facções, seitas ou similares, seja no nível local ou em amplo espectro, além de outros assuntos de interesse da atividade de ISP considerados úteis.b) Foco secundário - Segurança Interna: integrada na Segurança Nacional, acompanhando os fatos relativos à dinâmica social e monitorando os antagonismos ou pressões, de qualquer origem, forma ou natureza que se manifestem ou produzam efeitos no âmbito interno do Estado.c) Foco político e administrativo: fatos relativos à demanda social (políticas públicas, movimentos sociais, outros) do Estado que necessite de acompanhamento do órgão de Inteligência.

Em razão da necessidade de se coordenar o desenvolvimento da atividade de ISP no Estado, o Governador de Minas Gerais criou, em 2011, o Sistema Estadual de Inteligência de Segurança Pública do Estado.

5.3.2 A criação do Sistema Estadual de Inteligência de Segurança Pública de Minas Gerais (SEISP)

Em 20 de janeiro de 2011, com a edição da Lei Delegada nº 180/2011, foi criado o Sistema Estadual de Inteligência de Segurança Pública de Minas Gerais (SEISP/MG), coordenado por um Conselho Gestor, composto por representantes da Secretaria de Defesa Social, Corpo de Bombeiros, Polícia Civil e Polícia Militar.

Em termos consultivos, poderão ser convidadas a participar do SEISP as Secretarias de Estado, Advocacia-Geral do Estado e demais órgãos, agências e entidades da Administração Pública Federal, Estadual e Municipal, que, direta ou indiretamente, possam produzir conhecimentos de interesse.

5.3.3 O Sistema de Inteligência da Polícia MilitarO Sistema de Inteligência da Polícia Militar (SIPOM) é constituído pelo conjunto de órgãos da C orporação que tem como objetivo a

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execução da Atividade de Inteligência na Polícia Militar, para manutenção permanente do fluxo de conhecimentos entre os integrantes do sistema, visando ao assessoramento dos diversos níveis de comando, no processo decisório.

Assim, ao SIPOM compete conhecer e acompanhar a situação criminal, identificar e monitorar as ações e conexões dos criminosos, realizar operações de busca de dados negados, enfim, produzir conhecimentos que possam auxiliar e orientar a atividade-fim da Corporação.

5.3.4 Papel do Sistema de Inteligência da Polícia Militar

A Polícia Militar, em razão de seu porte e de suas diversificadas missões, envolve-se em quase todas as atividades da Administração Pública e relacionamento com a sociedade, além dos fatos e situações que afetam a harmonia e a paz sociais.

Compete ao SIPOM, por meio do acompanhamento e análise da evolução da conjuntura, a produção e a difusão de informações e conhecimentos de ISP, visando:

a) o assessoramento aos diversos níveis de Comando, para os quais deverão convergir os conhecimentos e estudos produzidos, com o objetivo de contribuir para o planejamento de ações e operações voltadas para a prevenção criminal e a repressão qualificada, em observância aos preceitos da polícia ostensiva orientada pela Inteligência;b) identificar e avaliar ameaças reais ou potenciais na esfera da segurança pública com vistas ao planejamento e execução de políticas e ações para prevenir, neutralizar e reprimir atos criminosos de qualquer natureza;c) o atendimento das necessidades dos órgãos de segurança e Inteligência externos, nos assuntos concernentes à Segurança Pública e, quando for o caso, à Defesa Interna e Territorial.

Observa-se que o SIPOM, através de seus órgãos, procura acompanhar todos os fatores adversos que possam refletir na segurança, afetando a preservação da ordem pública no Estado.

5.3.5 Estrutura do Sistema de Inteligência da Polícia Militar

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O SIPOM encontra-se organizado nos níveis estratégico, tático e operacional. A figura seguinte representa a distribuição das Agências de Inteligência do SIPOM conforme sua estrutura organizacional (FIG. 33).

FIGURA 33 – Organização do Sistema de Inteligência da Polícia Militar - 2011

Fonte: Polícia Militar de Minas Gerais. Diretoria de Inteligência.

Estruturalmente, o SIPOM está assim dividido:

a) Agência Central (AC/DInt) - A Diretoria de Inteligência (DInt) é a Agência Central (AC) do SIPOM estando diretamente subordinada ao Comando-Geral. Desenvolve a Inteligência tática, produzindo e salvaguardando informações e conhecimentos, em observância às diretrizes do Comando-Geral, subsidiando o planejamento e a execução de ações para prever, prevenir, neutralizar e reprimir atos criminosos de qualquer natureza ou atentatórios à ordem pública.

b) Agência de Inteligência Estratégica (AIE) - Agência de Inteligência de nível estratégico pertencente à estrutura do Estado-Maior da PMMG (EMPM2). Tem como missão a produção de conhecimentos estratégicos de Segurança Pública voltadas para a prospecção de cenários futuros de longo prazo de interesse para a PMMG. Trabalha ainda com a elaboração e atualização doutrinária de Inteligência e projetos de estruturação e reaparelhamento do SIPOM.

c) Agência de Inteligência Tática (AR e ARE) – As Agências

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Regionais (AR) compreendem as 2ª Seções (P/2) das Regiões da Polícia Militar (RPM) e, a Agência Regional Especial (ARE) ao Comando de Policiamento Especializado (CPE).

d) Agência de Inteligência Operacional (AA) - Compreendem as 2ª Seções (P/2) das Unidades de Execução Operacional, compreendendo todas as Unidades de área e especializadas da PMMG.

e) Agência Especial (AE) - Compreendem as 2ª Seções d as Unidades Especializadas e de apoio, como Batalhão ROTAM, RCAT, GATE, APM e Corregedoria.

f) Subagência de Inteligência (SI) - Compreendem as estruturas de Inteligência instaladas nas companhias destacadas e descentralizadas.

g) Núcleo de Agência (NA) - Compreendem as estruturas de Inteligência instaladas nos pelotões PM destacados ou descentralizados.

h) Núcleo Especial de Busca (NEB) - Compreendem as estruturas de Inteligência que podem ser constituídas pelo Comando-Geral e instaladas/coordenadas pela DInt, em qualquer parte do estado, para missões especiais, quando a situação exigir.

i) Núcleo Regional de Busca (NRB) - Compreendem as estruturas de Inteligência que podem, excepcionalmente, ser constituídas e instaladas pelo Comandante da RPM, em qualquer parte da respectiva região, envolvendo recursos de mais de uma unidade operacional, num período de até 30 (trinta) dias, com ciência prévia à DInt. Os NRB serão preponderantemente operacionais e dissolvidos tão logo cumpram a missão para a qual foram instituídos.

Com o advento do desenvolvimento da ISP nos últimos anos, a PMMG iniciou uma reformulação de conceitos, metodologias e processos focados no desenvolvimento da atividade de inteligência em subsídio ao emprego da “Polícia Orientada pela Inteligência de Segurança Pública”.

5.4 POLÍCIA ORIENTADA PELA INTELIGÊNCIA DE SEGURANÇA PÚBLICA

O crescimento e a evolução do fenômeno da criminalidade e violência

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levaram os governantes a procurar uma solução para esse problema.

Desse modo, a inteligência passou a ser evidenciada como a chave e a estratégia para a efetividade dos esforços voltados para a minimização da ocorrência delitiva e para a desestruturação das organizações e facções criminosas. Assim surgiu o “Policiamento Orientado pela Inteligência”, cuja concepção, função e apresentação como método direcionador das ações e operações policiais serão tratadas neste item.

5.4.1 Concepção e função

O “Policiamento orientado pela Inteligência”, traduzido da expressão inglesa “Intelligence-Led Policing”, trata-se de um novo modelo de atividade policial, que teve suas origens no Reino Unido, na década de 90, como resposta ao aumento dos crimes contra o patrimônio na cidade, principalmente, os crimes de furto e de roubo de veículos. Para a polícia britânica havia a crença de que um pequeno número de criminosos seria responsável por um grande número desses delitos, construindo-se a ideia de focar as ações policiais nesses criminosos específicos, através de um trabalho de inteligência criminal.

Por conseguinte, considerando que o referido conceito está baseado na moderna premissa da gestão policial de que a principal tarefa da polícia é prevenir e detectar a criminalidade, em lugar de apenas reagir às ocorrências deste fenômeno social; e que a gestão da segurança pública, no mundo inteiro, vem lidando com óbices cada vez maiores no que diz respeito à criminalidade e à violência, vários países como Austrália, Canadá e Estados Unidos da América, passaram a adotá-lo.

O novo modelo de atuação policial caracteriza-se pela coleta, busca e análise de informações para elaboração de um produto final denominado “conhecimento”, com a função de assessorar o processo decisório na gestão policial, de forma a antecipar os fatores criminais, agindo como fator preventivo e não somente reativo, sendo, portanto, uma estratégia para potencializar os serviços policiais.

5.4.2 Polícia Orientada pela Inteligência de Segurança Pública como estratégia para potencializar os serviços da PMMG

O modelo “Polícia orientada pela Inteligência de Segurança Pública” é uma estratégia que procura direcionar os serviços policiais. Assim, a produção de informações e conhecimentos deve ter foco na criminalidade e na violência, de forma a possibilitar a prevenção criminal.

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Guia do Treinamento Policial Básico

A prevenção à criminalidade é possível quanto há antecipação do crime e/ou da violência. Esse novo conceito de se fazer polícia, desenvolvido pelo criminalista Australiano Jerry Ratcliffe, é baseado em análise de informações que atuam sobre o ambiente criminal e das atividades das pessoas envolvidas nesse ambiente. Ele o denomina de Modelo dos 3i: INTERPRETAR, INFLUENCIAR e IMPACTAR. Esses três aspectos estão interligados de forma que a Inteligência tem o papel de interpretar o ambiente criminal, fornecendo subsídios para o tomador de decisão, que por sua vez definirá ações que deverão trazer impactos no ambiente criminal (FIG. 34).

FIGURA 33 – Organização do Sistema de Inteligência da Polícia Militar - 2011

Fonte: Ratcliffe, 2008.

Como forma de compreender o “Policiamento Orientado pela Inteligência”, ressalta-se que a denominação fala por si só e que os seus objetivos orbitam nas prioridades táticas de cada organização, no caso da precursora Polícia britânica, concentrou-se no:

• direcionamento do foco para os criminosos (especialmente para a segmentação destes) através de ações preventivas e encobertas;

• gestão das zonas quentes de criminalidade e na desordem; investigação de crimes e incidentes;

• aplicação de medidas preventivas, incluindo o trabalho com parcerias locais para reduzir a criminalidade e a desordem.

Entretanto, para isso, esse modelo baseia-se numa filosofia centrada no respeito aos direitos humanos, no policiamento orientado para o problema e no policiamento comunitário, direciona os esforços

ImpactarInterpretar

Ambiente Criminal

Inteligência DecisorInfluenciar

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institucionais para que a efetividade seja consubstanciada na prestação de serviços pela organização.Os direitos humanos buscam adequar o desempenho dos encarregados da aplicação da lei com base nos dos preceitos humanitários internacionais, trazendo novas técnicas e táticas, e adaptando as existentes para cumprimento adequado de suas funções.

O policiamento orientado para o problema (POP), tendo como base a análise criminal, permite o emprego lógico dos meios e reforça as ações de prevenção nos locais de maior incidência de crimes, infração de trânsito, etc., ou seja, produz informações e conhecimentos amplos, oportunos e precisos, possibilitando a prevenção da criminalidade e da violência.

O policiamento comunitário se associa ao POP, amplia a percepção da realidade apresentada pelas estatísticas, identifica aquilo que incomoda as comunidades, coloca a instituição em contato direto com a sociedade destinatária de seus serviços, num trabalho conjunto para a solução dos problemas no campo da segurança pública.

Para isso, a estratégia “Polícia orientada pela ISP” veio para incentivar a prevenção qualificada em relação aos criminosos, somar forças com outros esforços preventivos e buscar minimizar o estigma que se criou de que a inteligência está contra os policiais militares, promovendo rotulações e isolamento dos integrantes do SIPOM, em face da visão deturpada que foi construída por aqueles que possuíam objetivos escusos na Instituição.

Nesse novo momento, o SIPOM, com seu foco direcionado para a inteligência de segurança pública, reafirma o seu compromisso de produzir e difundir informações e conhecimentos capazes de orientar as ações e operações policiais, de maneira a possibilitar a potencialização dos serviços da PMMG e, consequentemente, garantir o atendimento aos legítimos anseios coletivos por segurança e tranquilidade pública.

5.5 FERRAMENTAS TECNOLÓGICAS DA INTELIGÊNCIA DE SEGURANÇA PÚBLICA DA PMMG

As principais ferramentas tecnológicas disponibilizadas e utilizadas pelo Policiamento Ostensivo na PMMG são as seguintes:

• Cadastro de Vínculos Criminais (CVC);

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• Sistema Nacional de Integração de Informações em Justiça e Segurança Pública (INFOSEG);

• Informações de Segurança Pública (ISP);• Registro de Eventos de Defesa Social (REDS).

6 GESTÃO ESTRATÉGICA PARA RESULTADOS

6.1 CONTEXTO HISTÓRICO

O Brasil e Minas Gerais têm passado por um significativo processo de mudança nos últimos 16 anos. Muitos foram os desafios superados e conquistas obtidas para possibilitar a transição econômica e social pela qual o País e o Estado estão atravessando. O desafio de assegurar o crescimento acelerado, ambientalmente ajustado e com prosperidade melhor distribuída cabe a toda a sociedade, embora se reconheça que é sobre o Estado que recaem as principais responsabilidades e as maiores incertezas.

Minas Gerais fez uma opção, especialmente nos últimos oito anos, pelo compromisso com o desenvolvimento, ancorado no binômio ajuste fiscal e melhorias inovadoras na gestão pública. Enfatizou o planejamento, a visão estratégica e a seletividade para promover mudanças na sociedade e no governo, sendo que este processo foi acompanhado e também implementado, no que cabe, pela Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG).

Em 2003, quando foi implantado o Choque de Gestão, Minas Gerais encontrava-se em uma situação delicada do ponto de vista fiscal e de sua capacidade de investimentos, que era muito baixa. Nesta época, o grande desafio era a recuperação do equilíbrio nas contas públicas e a retomada da capacidade de investimento do Estado. Nesse sentido, duas agendas foram postas em prática: uma centrada no ajuste fiscal; e outra na construção de uma agenda de desenvolvimento, de médio e longo prazos, relacionada à construção de um futuro melhor para Mi-nas.

Com a situação fiscal equilibrada foi possível a realização de um esfor-ço vigoroso de investimento e de melhoria do gasto, visando assegurar aos cidadãos o acesso a serviços públicos de maior qualidade e com menor custo. Este novo modelo de gestão pública apresentou avanços importantes e estabeleceu as condições para a recuperação do papel do Estado. Neste período, a PMMG viu sua credibilidade junto a fornece-

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dores ser retomada a partir da quitação dos débitos pendentes e da re-tomada da capacidade de investimentos.

A evolução do Choque de Gestão deu lugar, em 2007, ao Estado para Resultados, que visava consolidar e aprimorar o processo de transformação em curso e garantir sua irreversibilidade. Buscou-se melhorar ainda mais a aplicação de recursos, por meio da priorização de metas e da consolidação de uma carteira de projetos estruturadores orientada para resultados. Neste momento, prioridades e metas foram revistas em sintonia com as estratégias e orientações traçadas no Plano Mineiro de Desenvolvimento Integrado (PMDI) 2007-2023. Os resultados obtidos, revelados pela evolução positiva dos indicadores econômicos e sociais, demonstram como o modelo de gestão implantado propiciou a recuperação do papel do governo, além de produzir avanços importantes no atendimento às demandas da sociedade mineira.

No período do Estado para Resultados, a PMMG aumentou significativamente seu recrutamento, o que colaborou para o aumento do efetivo; ampliou sua capilaridade no território mineiro, com a implantação de diversas Regiões e Batalhões; implementou o projeto de terceirização da frota; renovou e ampliou o armamento, dentre outros resultados que colaboraram para o alcance de resultados expressivos no cumprimento dos indicadores de segurança pública, alinhados com a Visão do Estado.

Os últimos anos têm colocado Minas Gerais frente a novos desafios. A posição central que a economia mineira ocupa no Brasil, bem como a diversidade das suas regiões e sua grande extensão territorial continuam a requerer inovações na forma de governar. Se de um lado foram alcançados muitos progressos na oferta de serviços públicos em geral, de outro, ainda persistem problemas relacionados à redução da pobreza, à desigualdade social, à diversificação da economia, os serviços públicos de saúde, de educação e de segurança, dentre outros.

Neste momento, o desafio de tornar permanentes e contínuas todas as conquistas atingidas divide espaço com o compromisso do Governo em intensificar a evolução da trajetória de modernização da gestão pública e do desenvolvimento do Estado.

Para alcançar a visão de futuro de Tornar Minas Gerais o melhor Estado para Viver é preciso fazer muito mais e é com esse espírito e entusiasmo que o Plano Mineiro de Desenvolvimento – PMDI foi elaborado. Com o objetivo de dar mais um passo na direção de uma

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Guia do Treinamento Policial Básico

Minas Gerais mais próspera, sustentável, com mais qualidade de vida e cidadania. O compartilhamento de responsabilidades e a corresponsabilidade legalmente regulada encontram-se no centro dos novos desafios dos Estados contemporâneos e constitui-se em um dos elementos centrais da revisão da estratégia de desenvolvimento de Minas Gerais. Neste sentido, o Governo adota o conceito de Estado Aberto e em Rede, que atua com outras esferas da sociedade, sem perder a sua força de regular a organização social e as atividades econômicas. Um Estado que opera em parceria e incorpora como pilar a Gestão para Cidadania, sem negligenciar o equilíbrio fiscal e a busca por maior produtividade e qualidade do gasto público, ambos visando à produção de mais e melhores resultados para a população. Os cidadãos, antes considerados apenas destinatários das políticas públicas implementadas pelo Estado, agora passam a ocupar também a posição de protagonistas na definição das estratégias governamentais.

Assim, alinhados com a perspectiva da Gestão para a Cidadania, a PMMG está em um intenso processo de potencialização dos serviços que executa em rede, destacando estratégias como os Conselhos Comunitários de Segurança Pública (CONSEP); as Redes de Vizinhos Protegidos; o Programa Educacional de Resistência às Drogas (PROERD); o Policiamento de Proteção Integral (POPI); o Programa Jovens Construindo a Cidadania (JCC); o Serviço de Prevenção à Violência Doméstica; a Setorização dos serviços, e, em caráter inovador, o Projeto Polícia e Família.

A Gestão para a Cidadania incorpora como principal desafio para o Governo de Minas Gerais, e também para a PMMG, a participação da sociedade civil organizada na priorização e acompanhamento da implementação da estratégia governamental. Se o Governo de Minas Gerais já conseguiu demonstrar para a sociedade mineira e para o Brasil que a gestão pública é muito importante, agora é a hora de demonstrar que a participação da sociedade nas questões de governo e de interesse público, inclusive na segurança pública, é igualmente relevante. A implantação da Gestão para a Cidadania está ancorada em quatro princípios: transparência, prioridades claras, engajamento da sociedade civil e participação com qualidade.

É nesta direção que se organiza a estratégia de desenvolvimento para os próximos 20 anos, explicitada no Plano Mineiro de Desenvolvimento Integrado 2011-2030, que estabelece 11 Redes de Desenvolvimento Integrado - criadas com o objetivo de proporcionar um comportamento cooperativo e integrado entre agentes e instituições

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em torno de grandes escolhas para o futuro de Minas, de acordo com a capacidade de integração das ações de governo e de agregação de valor para a sociedade. Tais Redes focalizam metas síntese e as desdobram em objetivos, estratégias e indicadores e metas de desempenho para produzir e medir as transformações desejadas em cada uma delas.

É por esses resultados, medidos pelos indicadores específicos, que todos os órgãos do Estado, inclusive a PMMG, serão cobrados e deverão se estruturar para produzir resultados satisfatórios.

Evolução recente da Defesa Social no Estado de Minas Gerais

O Estado de Minas Gerais ocupa lugar de destaque no cenário nacional em vários quesitos estruturais: detém a segunda maior população brasileira, ocupa o quarto lugar em área territorial e, além disso, possui a terceira maior economia. Acresce que seu histórico protagonismo na área da defesa social o coloca como referência no contexto nacional.

Mas são os avanços recentes verificados nos campos econômico, social e ambiental, que contribuem para consolidar a posição de Minas Gerais como um ator de grande relevância para o desenvolvimento do país.

No campo social, o Estado de Minas Gerais vem obtendo conquistas expressivas em várias esferas, com a melhoria dos indicadores na educação, saúde, segurança, pobreza e desigualdade. Quando se considera a defesa social, a estratégia adotada no estado nos últimos anos vem apresentando resultados positivos. Após a escalada da violência nos anos 90, os índices vêm registrando melhoras consecutivas após 2003. Houve redução de 47% na taxa de crimes violentos contra o patrimônio, que passou de 445,5 para 238 por 100.000 habitantes, entre 2005 e 200914. Já a taxa de homicídios por 100 mil habitantes diminuiu de 20,4 para 17,2, no mesmo período. Com isso, Minas Gerais deixou de ocupar a posição de 13º colocado, em 2005, para ser o estado com a 5ª menor taxa de homicídios entre as 27 Unidades da Federação, em 200815.

6.2 VISÃO DE FUTURO

Visão de Futuro - Minas Gerais 2030

14 Dados do NESP-FJP.15 WAISELFISZ, 2011.

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TORNAR MINAS O MELHOR ESTADO PARA VIVER

Esta é a Visão de Futuro que os mineiros desejam para Minas Gerais – construída durante o PMDI, em 2003, projetada para 2023 e afirmada novamente para 2030. Alcançá-la será uma conquista estratégica que repercutirá sobre a vida de todos os cidadãos – mineiros e brasileiros.

Esta visão é o ponto de partida para a construção da agenda de iniciativas estratégicas que contribuirá para que Minas Gerais empreenda uma trajetória de desenvolvimento ainda mais pujante nos próximos anos

No que se refere à Polícia Militar de Minas Gerais, esta visão foi adequada às peculiaridades do papel da PMMG, expressa no Plano Estratégico 2009-2011 e replicada no Plano Estratégico 2012-2015 da seguinte forma: “Sermos excelentes na promoção das liberdades e dos direitos fundamentais, motivo de orgulho do povo mineiro.”

Assim, as visões do Estado e da PMMG devem nortear o desenvolvimento de todas as ações institucionais, de forma que os resultados desejados e alcançados pela PM representem parcela do desempenho estatal rumo à consolidação da visão desejada para Minas Gerais.

O melhor lugar para viver incorpora quatro atributos fundamentais, que deverão nortear as estratégias e ações da PMMG, bem como de cada policial no Estado, sendo elas: prosperidade, qualidade de vida, cidadania e sustentabilidade.

a) prosperidade: representa a aspiração de um ambiente socioeconômico desenvolvido, com forte empreendedorismo, elevada produtividade da economia, mais e melhores oportunidades de trabalho, educação e alto padrão de bem-estar da população. Uma economia dinâmica, competitiva, com forte base tecnológica, inclusiva e diversificada, que pressupõe infraestrutura adequada, incorpora novas formas de organização da produção, adota inovação permanente, fortalece sua identidade e insere Minas Gerais, cada vez mais, nos mercados globais e na economia do conhecimento;

b) qualidade de vida: exprime o compromisso com a melhoria das condições vividas pela população, conjugando oportunidades de trabalho com acesso a serviços públicos de qualidade, em especial educação, saúde e segurança. Busca a ampliação permanente das capacidades individuais e coletivas, da autonomia e da emancipação social;

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c) cidadania: consiste na garantia dos direitos fundamentais a toda a população mineira, ao mesmo tempo que reconhece e valoriza o indiví-duo como protagonista no processo de desenvolvimento. Busca o aces-so equânime às oportunidades em todas as regiões do estado e possibi-lita a participação do cidadão na formulação e no monitoramento de políticas públicas e nas questões de interesse público;

d) sustentabilidade: promove o caráter duradouro e harmônico do desenvolvimento ao longo do tempo, com novos modelos de financia-mento e uso racional dos recursos, vislumbrando as gerações futuras. Incorpora e harmoniza as dimensões ambiental, política, econômica e social. Pressupõe transparência e austeridade, proporcionando um am-biente seguro e confiável, propício à atração e retenção de investi-mentos. A realização desta Visão de Futuro requer a superação, pela sociedade mineira, de dez DESAFIOS E TRANSFORMAÇÕES ao longo das próximas duas décadas (FIG. 35). Estes desafios e transformações representam focos prioritários, de alta relevância e de elevado potenci-al de impacto, no desenvolvimento de Minas Gerais.

FIGURA 35 – Minas Gerais 2030 - Visão integrada dos desafios e transformações

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Guia do Treinamento Policial Básico

Entre os desafios e transformações necessários à realização da Visão de Futuro de Minas Gerais, embora todos pensados de forma interdependente, logo, requerendo a contribuição de todos os órgãos do Estado, cabe, mais diretamente à Polícia Militar de Minas Gerais, especial atenção a dois deles, como se segue:a) Aumentar a segurança e a sensação de segurança: na perspectiva da complementaridade e do trabalho em rede entre os vários órgãos do Estado, deve se considerar que não há possibilidade de construção de um futuro com um ambiente de negócios atrativo, tampouco de atingir padrões aceitáveis de saúde e educação, se não existir um ambiente público seguro para os cidadãos e para as empresas. Aumentar a segurança e a sensação de segurança é essencial para o futuro do Estado. Isso passa pela redução da incidência de violência, de criminalidade e de desastres nas áreas urbanas e rurais e pela adoção de medidas para atuação mais intensiva nas áreas de risco e de alta vulnerabilidade social - assim como sua integração aos outros espaços das cidades. A criminalidade tem caído desde 2003, mas apesar dessa redução, a sensação de segurança não tem aumentado nos mesmos níveis. Uma sociedade amedrontada acaba por paralisar-se, impactando negativamente a ocupação dos espaços públicos e piorando a convivência entre os cidadãos. O índice de homicídios entre os mais jovens é o mais alto, o que requer uma preocupação especial com essa faixa etária, notadamente por conta dos efeitos devastadores do consumo e do tráfico de drogas. A violência no trânsito também é preocupante e exige ação imediata do governo e da sociedade.

b) Assegurar os direitos fundamentais e fomentar a participação cidadã: esse desfio também está diretamente relacionado à Policia Militar de Minas Gerais, principalmente considerando as decisões sobre as políticas públicas no Estado. É preciso resgatar e garantir os princípios fundamentais, previstos na Constituição Federal, de que todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos mineiros e aos residentes em Minas a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade. Promover os direitos humanos dos grupos historicamente discriminados, e ampliar e efetivar o sistema de garantias de direitos da criança e do adolescente devem ser tratados como prioridades estratégicas para superação deste desafio.

A superação dos desafios para Minas Gerais até 2030 passa por valorizar o conceito de fim público, não estatal, ampliar o campo de

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cooperação entre a Sociedade, o Estado e sua polícia, para promover o engajamento e a participação do cidadão, ampliando a transparência e o controle social das ações de governo. O compartilhamento de responsabilidades, a corresponsabilidade legalmente regulada, está no centro dos novos desafios do Estado contemporâneo, e, por via de consequência, da polícia contemporânea. Adota-se, em Minas Gerais e na Polícia Militar, o conceito de Estado/Polícia Aberto(a), que atua com outras esferas da sociedade, sem perder a sua força de regular a organização social e promover um ambiente seguro e com elevados níveis de qualidade de vida. Assim, busca-se consolidar um Estado e uma polícia que operam em parceria e adotam como pilares a gestão para a cidadania, o equilíbrio fiscal e a busca por maior produtividade e qualidade do gasto público, agregando, no caso específico da PMMG, os pilares da Hierarquia e da Disciplina, para produzir mais e melhores resultados para a população.

Nesse contexto, a eficácia da Polícia será ainda maior com a mobilização da criatividade e da capacidade empreendedora da sociedade, do setor privado e da classe política. E as novas tecnologias da informação devem ser amplamente utilizadas para levar os serviços para mais perto dos cidadãos e facilitar sua vida. Orientada pelo objetivo final de consolidar um padrão de desenvolvimento com prosperidade qualidade de vida, cidadania e sustentabilidade, a estratégia estatal para os próximos 20 anos está organizada em onze Redes de Desenvolvimento Integrado, dentre as quais, a Rede de Defesa e Segurança, que será detalhada na seção seguinte.

6.3 A ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO

6.3.1 Organização da estratégia em redes de desenvolvimento integrado

A sociedade tornou-se mais complexa e exigente nos últimos anos levando as organizações públicas e privadas a se redesenharem e pensarem em formas alternativas de organização e gestão. Não é mais suficiente ofertar um serviço com qualidade, é preciso fazê-lo de forma mais integrada, com mais eficiência e dentro dos novos padrões de tempo impostos pela dinâmica do mundo moderno. Uma das soluções que vem sendo adotada em escala crescente é a gestão em rede16. A

16 De forma simples, rede significa um conjunto de objetos e pessoas interligados entre si. Segundo Nohria (Introduction: is a network perspective a useful way for studying orga-nizations?, 1992:4) é um “conjunto de pontos de intercessão (pessoas, organizações), li-gados por um conjunto de relacionamentos sociais (amizades, transferência de fundos, participação) de um tipo específico”.

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percepção das mudanças no contexto social e a necessidade de agir em rede começam nas empresas e, em seguida, transbordam para as organizações governamentais.

A introdução da noção de rede na gestão pública visa superar dois problemas centrais de governança: a setorização (fragmentação) e a ineficiência na obtenção de resultados. Sua superação pressupõe a integração de perspectivas heterogêneas, em arranjos que otimizem esforços para fins comuns, ou seja; a organização em redes dos atores inseridos direta ou indiretamente na atividade governamental, potencializa os esforços e conhecimentos de cada um, de forma cooperativa e integrada, em prol de um mesmo objetivo. Em rede, o Estado e a Polícia passam a atuar de forma transversal, estabelecendo laços com diferentes setores da sociedade, no sentido de responder às demandas, resolver problemas e propor estratégias customizadas para aumentar a sensação de segurança, diminuir a violência e a criminalidade. Quatro são os eixos da gestão pública em rede, preocupada com a obtenção de resultados.

O primeiro é o da melhoria da compreensão da realidade em que a polícia está inserida, particularmente da dinâmica social e das demandas dos cidadãos. A ação em rede, na medida em que envolve um amplo leque de atores, ajuda na compreensão da diversidade, heterogeneidade e singularidade da sociedade, superando, em alguns aspectos, a uniformização e a padronização que não correspondem à complexidade do real. Dessa forma, proporciona a melhoria da qualidade dos diagnósticos e permite a compreensão mais sistêmica dos problemas a serem enfrentados, pela conjunção de olhares, percepções e informações de fontes diversas.

O segundo eixo reside na formulação das ações. Integrando em rede as áreas e os parceiros concernidos pelo problema a ser enfrentado, a possibilidade de melhoria das formulações cresce, na medida em que a polícia mobiliza os conhecimentos produzidos pelas distintas entidades da sociedade sobre as diversas temáticas que impactam a qualidade de vida da população, canalizando-as para uma resposta mais eficaz no que se refere às demandas relacionadas à defesa social.

O terceiro eixo encontra-se na execução das ações. A organização dos esforços em rede permite o compartilhamento das informações concernentes à operacionalização, contribuindo, assim, para a redução do sobretrabalho, do desperdício de recursos e do setorialismo, muitas vezes, nocivo. A existência de um duplo fluxo de informações (horizontal e vertical) permite a articulação integrada entre os atores

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envolvidos, assegurando a resposta customizada, conservando as prioridades e racionalizando recursos. O compartilhamento de objetivos, perspectivas e conceitos inerentes ao conjunto de estratégias é condição para que todos os profissionais envolvidos estejam empenhados no alcance dos mesmos resultados. O quarto eixo remete ao monitoramento e avaliação das ações, realizadas em parceria com a sociedade, permitindo uma compreensão melhor do alcance dos resultados e uma correção em tempo hábil dos equívocos. Em Minas Gerais, a nova articulação institucional proposta realiza-se a partir da organização da estratégia e do funcionamento do Estado em Redes. As Redes de Desenvolvimento Integrado, previstas em lei, nas quais estão organizados os objetivos e estratégias, buscam, portanto, integrar as ações do governo estadual nas diferentes áreas e, ao mesmo tempo, proporcionar um comportamento cooperativo com os outros níveis de governo e outras instituições, públicas e privadas, para maior agregação de valor para a sociedade mineira. Não se trata, portanto, de estruturas institucionais formais, mas sim de formas de organização e conjunção de esforços em torno de grandes escolhas e prioridades. A estratégia de desenvolvimento do Estado pode ser representada graficamente conforme a FIG. 36.

FIGURA 36 – Minas Gerais 2030 - Visão integrada da Estratégia.TORNAR MINAS O MELHOR ESTADO PARA VIVER

1. PROSPERIDADE

2. SUSTENTABILIDADE

3. CIDADANIA 4. QUALIDADE DE VIDA

DESENVOLVIMENTO SOCIAL E PROTEÇÃOMinas sem pobreza e com baixa desigualdade social

DEFESA E SEGURANÇA

Minas com alta sensação de

segurança, menos violência e

criminalidade

EDUCAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DO CAPITAL HUMANO

População com amplo acesso à educação de qualidade e com maior

empregabilidade

ATENDIMENTO À SAÚDE

População com maior qualidade e

expectativa de vida

DESENVOLVIMENTO RURALMais produção e qualidade na agricultura familiar e no agronegócio de Minas Gerais

IDENTIDADE MINEIRAMinas singular, diversa e criativa na

cultura, no esporte e no turismoDESENVOLVIMENTO ECONÔMICO SUSTENTÁVEL

Economia dinâmica, mais diversificada, competitiva, com crescimento sustentável e inclusivo

CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INVOVAÇÃO

Para o desenvolvimento e

INFRAESTRUTURAAdequada, proporcionando

mais competitividade e

CIDADESCom mais qualidade de

vida e ordenamento

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cidadania qualidade de vida territorial

GOVERNO INTEGRADO, EFICIENTE E EFICAZGestão pública efetiva e próxima

QUALIDADE E PRODUTIVIDADE

DO GASTO

GESTÃO PARA RESULTADOS

GESTÃO PARA CIDADANIA

Essas redes incorporam-se à organização da estratégia de atuação do Estado e se desdobram no funcionamento da administração pública estadual. O Estado em Rede viabiliza a reestruturação do governo de Minas a partir da incorporação de um modelo de gestão transversal do desenvolvimento, buscando a intersetorialidade das políticas públicas e a articulação dos atores responsáveis pelo sucesso de sua implementação ressaltando a participação da sociedade civil organizada como ator ativo e imprescindível nesta trajetória.

Neste sentido, foram definidas 11 REDES DE DESENVOLVIMENTO IN-TEGRADO como base para organização da estratégia de desenvolvi-mento do Estado. Cada uma se desdobra em meta síntese, dados e fa-tos situacionais, objetivos estratégicos, indicadores e metas para 2015, 2022 e 2030 e estratégias.

6.3.2 Rede de Defesa e Segurança

Situação

A garantia de segurança é tarefa multidimensional que envolve a atuação de vários órgãos e entidades – não apenas aqueles relacionados diretamente à segurança – assim como exige o envolvimento de toda a sociedade.

Minas Gerais tem a quinta menor taxa de homicídios do país, uma posição conquistada recentemente.17 Em 2005, o estado tinha a 15ª

17 WAISELFISZ, 2011.

Minas com alta sensação de segurança, menos violência e criminalidade

Meta Síntese

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Biênio 2012-2013

maior taxa de homicídios entre as 27 Unidades da Federação, e desde então o estado tem registrado quedas contínuas neste indicador (GRÁF. 1). Porém, as conquistas ainda não foram suficientes para retornar ao patamar anterior à escalada da violência do final dos anos 90 e começo da década de 2000.

1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Taxa de homicídio por 100 mil habitantes

0

5

10

15

20

25

Gráfico 1 – Evolução da taxa de homicídios por 100 mil habitantes em Minas Gerais (1986 – 2010)Fonte: Núcleo de Estudos em Segurança Pública da Fundação João Pinheiro (NESP-FJP)

No caso das taxas de crimes violentos e contra o patrimônio a redução foi ainda mais acentuada.18 Os crimes violentos passaram de 521,0 por 100 mil habitantes, em 2005, para 296,1, em 2010, enquanto os crimes contra o patrimônio passaram de 445,5 por 100 mil habitantes para 238,0 no mesmo período.

A despeito dos avanços nos índices de criminalidade do estado, a percepção de segurança ainda pode ser considerada baixa uma vez que 51,3% da população sente medo de se tornar vítima de algum ato de violência.19 Embora este percentual tenha declinado em relação ao ano anterior (2008), o fato de mais da metade da população mineira ter medo de vitimização impacta diretamente a qualidade de vida e o comportamento das pessoas.

É importante notar que a evolução da criminalidade não tem ocorrido de modo uniforme em todo o estado. Um terço dos crimes violentos do estado está na RMBH, embora aqui a tendência recente aporte para sua redução. Belo Horizonte e Contagem, regiões responsáveis pela metade dos crimes violentos no estado, registraram as maiores quedas

18 NESP-FJP 2010.19 CRISP/UFMG 2009.

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(59% e 57% entre 2003 e 2009, respectivamente). Em contrapartida, os crimes violentos cresceram em outras localidades, particularmente nas cidades médias. Além da RMBH, a criminalidade concentra-se no Triângulo Mineiro, no Nordeste e no Noroeste do Estado (GRÁF. 2).

Gráfico 1 – Evolução dos crimes violentos em Minas Gerais, por Região Integrada de Segurança Pública (RISP) - taxa de crescimento em % (2003-2009)Fonte: Núcleo de Estudos em Segurança Pública da Fundação João Pinheiro (NESP-FJP)

Entre as cidades, além de Belo Horizonte, que no segundo trimestre de 2010 apresentou a mais elevada taxas média mensal de criminalidade (60,74 ocorrências por 100 mil habitantes), também se destacam pelas taxas elevadas: Uberaba (46,28), Montes Claros (37,08), Uberlândia (36,71), Governador Valadares (32,72).20

Em Belo Horizonte, os homicídios estão concentrados em áreas consideradas de risco: aglomerados Morro das Pedras, Morro do Papagaio, Cabana de Pai Tomas, Pedreira Prado Lopes e Cafezal destacam-se pelas suas altas taxas de criminalidade. Programas de prevenção, como o Fica Vivo, vêm obtendo sucesso em reduzir o número de crimes violentos nessas regiões, mas ainda precisam ser expandidos. É importante ainda reforçar a política antidrogas: os centros socioeducativos vêm apresentando um bom desempenho, porém ainda é necessário implementar políticas preventivas, em especial para o controle do uso do crack, que tem relação direta com a criminalidade.

20 NESP/FJP 2010.

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Biênio 2012-2013

A sustentabilidade do processo de redução da criminalidade no estado, iniciado em 2003, depende da combinação das políticas de segurança – como a integração das atividades de todos os órgãos voltados para a defesa social – com medidas de prevenção, investimentos sociais nas áreas de risco, melhoria da qualidade do espaço urbano e geração de oportunidades de trabalho e renda.6.3.3 Objetivos Estratégicos

Com base no cenário descrito, e com o propósito de cumprir a Meta Síntese (“6.3.2”) definida para a rede de Defesa e Segurança, foram estabelecidos cinco objetivos estratégicos, os quais deverão ser atingidos para se consolidar a Visão de Futuro de Minas Gerais.

São objetivos estratégicos da rede de defesa e segurança:

• reduzir as incidências de violência, de criminalidade e de desastres nas áreas urbanas e rurais;

• ampliar a segurança e a sensação de segurança;• integrar as áreas de risco à dinâmica das cidades, principalmente

na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH);• combater o consumo e o tráfico de drogas;• reduzir a violência no trânsito.

Para acompanhar o desempenho das instituições do Sistema de Defesa Social, diretamente responsáveis pelo cumprimento dos objetivos definidos, permitindo um monitoramento contínuo e uma gestão eficaz, formulou-se nove indicadores e a cada um deles foram associadas metas quadrienais, de forma tal que, ao final do período, pretende-se construir condições adequadas de qualidade de vida para a população mineira, consolidando o propósito de tornar Minas o melhor Estado para viver.

6.3.4 Indicadores e metas para a rede de Defesa e Segurança(Continua)

INDICADOR FONTESITUAÇÃO ATUAL

2015 2022 2030

1. Taxa de crimes violentos (por 100 mil habitantes) FJP/NESP

296,1*(2010) 244 197 161

2. Taxa de homicídios(por 100 mil habitantes)

FJP/NESP 15,9*(2010)

12 9,7 8,2

3. Taxa de mortalidade por acidentes de trânsito(por 100 mil habitantes)

DATASUS 19,3 (2009)

17,2 14,3 12,7

4. Percentual de pessoas que afirmam ter medo de

CRISP/UFMG 51,2% (2009)

48,8% 46,2% 44,2%

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Guia do Treinamento Policial Básico

vitimização5. Taxa de mortalidade por

uso de drogas (por 100 mil habitantes)

DATASUS6,2

(2010) 5,5 3,5 2,8

6. Índice de qualidade do serviço prestado (PM, PC, CBM)

SEDS 71,6(2009)

73,5 76 80

(Conclusão)

INDICADOR FONTESITUAÇÃO ATUAL

2015 2022 2030

7. Grau de confiança no atendimento policial e corpo de bombeiros (% de pessoas que confiam e confiam muito)

SEDS 68%(2009)

72% 75% 80%

8. Taxa de homicídios entre jovens de 15 a 24 anos (por 100 mil habitantes)

DATASUS38,9

(2009) 26,0 20,0 16,0

*Estimativa preliminar.

6.3.5 Estratégias

Para que os objetivos estratégicos da Rede de Defesa e Segurança sejam alcançados, todos os órgãos do Governo, em especial os integrantes da Rede de Defesa e Segurança e a Sociedade deverão concentrar os seus melhores esforços e recursos na execução das seguintes estratégias prioritárias:

• consolidar a integração das ações das Polícias Militar e Civil, Defensoria Pública, Sistema Prisional e Socioeducativo e Corpo de Bom-beiros Militar, compartilhando formação e qualificação continuada, ban-cos de dados, métodos de gestão, informações e conhecimentos;

• modernizar as técnicas de gestão e aumentar a integração dos sistemas socioeducativo e prisional, de forma a romper com ciclo vicioso da criminalidade juvenil e garantir saúde, educação e tra-balho ao preso, tendo em vista a sua reintegração social;

• consolidar e disseminar projetos focados na prevenção da vio-lência e dos sinistros no meio urbano, particularmente nas áreas de maior risco e vulnerabilidade social;

• aumentar a efetividade das políticas sobre drogas, com ên-fase na intervenção dos espaços urbanos propícios ao tráfico e ao con-sumo;

• promover atividades de educação, conscientização, fiscalização e prevenção de acidentes no trânsito.

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Biênio 2012-2013

Em complemento as estratégias prioritárias, outras estratégias também devem ser objeto de atenção especial para o alcance dos objetivos estratégicos. São elas:

• expandir a atuação preventiva dos órgãos do sistema de defesa social, intensificando a implantação de programas de proteção nas áre-as rurais, com a participação ativa das Polícias Militar, Civil e Corpo de Bombeiros Militar;

• investir em inteligência de segurança pública, centralizando os sis-temas de informação e comunicação e ampliando o quadro técnico de profissionais das áreas de estatística e de análise criminal;

• modernizar a Polícia Civil para ampliar a sua capacidade de identi-ficação e esclarecimento de crimes. Adotar a perspectiva de mediação de conflitos na investigação criminal. Ampliar a articulação com a esfe-ra pública federal, em especial nos temas relacionados ao crime organi-zado;

• fortalecer as ações das Corregedorias e das Ouvidorias de polícia e criar núcleos de avaliação e controle da qualidade das instituições do sistema de defesa.

6.3.6 Acordo de resultados

Com vistas a compartilhar responsabilidades e envolver todos os órgãos do Estado no compromisso com a visão de futuro para Minas Gerais, estabeleceu-se uma metodologia de pactuação de compromissos, denominada “Acordo de Resultados”, a fim de se cumprir as metas definidas, por meio das estratégias propostas.

O “Acordo de Resultados” é um instrumento de pactuação de metas e compromissos que mensura, por meio de indicadores, o desempenho dos órgãos e entidades do Poder Executivo Estadual perante a estratégia governamental.

Em contrapartida, são concedidas aos órgãos participantes do acordo, autonomias gerenciais para desenvolverem ações no sentido de cumprirem as metas pactuadas e, caso o desempenho do órgão seja satisfatório, paga-se o prêmio de produtividade aos servidores, como meio de incentivo à continuidade da busca pela qualidade na prestação de serviços.

6.4 O DESDOBRAMENTO DA ESTRATÉGIA GOVERNA-MENTAL PELA PMMG

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Guia do Treinamento Policial Básico

Visando ao alinhamento das diretrizes governamentais e a efetividade das ações desenvolvidas no âmbito interno, a PMMG publicou em 2009, seu Plano Estratégico, com vigência entre o período de 2009 a 2011 e recentemente atualizado, de acordo com a proposta do Estado em Rede, na versão 2012-2015.

Por meio do Plano Estratégico, a PMMG desdobra a estratégia do Esta-do e emite uma orientação institucional ampla, definindo prioridades, objetivos, metas e ações para todas as áreas institucionais, permitindo um alinhamento entre as ações de todos os profissionais e otimizando os resultados a serem alcançados.

Outro instrumento para a orientação do desempenho institucional é o Sistema de Gestão Estratégica da PMMG, que consiste na combinação de recursos, processos, procedimentos e práticas utilizados na organização para implementar suas políticas de gestão, com vistas a ser mais eficiente na consecução dos objetivos estratégicos.

O Sistema de Gestão compreende o esforço conjunto de partes interligadas para atingir um objetivo especifico - produzir resultados - traduzindo a estratégia em operação. O objetivo é buscar a melhoria contínua dos processos gerenciais da organização, com o intuito de maximizar os níveis de serviços prestados e a satisfação de seus clientes/usuários, colaboradores e parceiros.

Para que o sistema de gestão seja implementado, as pessoas que compõem a Instituição devem estar capacitadas e satisfeitas, atuando em um ambiente propício a consolidação da cultura de produtividade e excelência. Essas pessoas têm o papel de executar e gerenciar adequadamente os processos, com vistas a produção de segurança pública, tendo como destinatário a população mineira.

Assim, de acordo com os princípios da administração gerencial, direcio-nada pela busca por resultados e tendo o cidadão/cliente como foco principal, a PMMG também replica a dinâmica estatal e define, de for-ma colegiada, com ampla participação dos setores institucionais, indi-cadores finalísticos para seus macro processos, permitindo o acompa-nhamento do desempenho administrativo e operacional, com vistas a promover sinergia e complementaridade na busca de resultados, sendo essencial, que todos conheçam e apliquem à sua realidade, as diretri-zes propostas no Plano Estratégico 2012-2015, no Sistema de Gestão Estratégica da PMMG e no Caderno de Indicadores.

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7 SEGURANÇA PÚBLICA ORIENTADA AO TURISMO

7.1 RECOMENDAÇÕES DE SEGURANÇA PARA OTURISMO – OMT

Preocupado com a crescente violência envolvendo turistas no mundo inteiro, a Organização Mundial do Turismo (OMT), através da Assembléia Geral, ocorrida em Buenos Aires, em 1991, expediu uma carta com “Medidas Recomendadas para a Segurança no Turismo”. Essas medidas foram baseadas nos seguintes aspectos:

• consciência de que a segurança é uma necessidade básica em to-das as esferas da atividade humana, incluindo o turismo;

• garantia da segurança nesta atividade fundamentada na noção tradicional da hospitalidade;

• a segurança no turismo contribui para o alcance dos objetivos soci-ais e culturais do mesmo, bem como o respeito e a observância de to-dos os direitos humanos e as liberdades fundamentais;

• convencimento de que a segurança no turismo fomenta o planeja-mento e a promoção;

• o turismo de massa contemporâneo exige a definição de uma série de medidas básicas que devem ser observadas para o seu desenvolvi-mento mais estável e harmonioso para todos os viajantes, prestadores de serviços turísticos, bem como a proteção das comunidades recepto-ras;

• os turistas estão especialmente expostos à riscos em suas viagens ao exterior e, por isso, medidas de segurança turística são mutuamente benéficas para todos os países, tanto receptores como emissores;

• crença de que estas medidas produzirão uma cooperação e uma solidariedade internacional, com vistas, em particular, a ajudar países menos desenvolvidos a alcançar normas de segurança turística ade-quadas;

• necessidade de um exame periódico dessas medidas.

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Guia do Treinamento Policial Básico

As “medidas recomendadas para a segurança no turismo” dividem-se em quatro tópicos: campo de aplicação, medidas preventivas, facilitação da assistência aos turistas e a cooperação internacional. Os tópicos que interessam diretamente a esta disciplina são as medidas preventivas e a facilitação da assistência aos turistas.

7.1.1 Medidas preventivas

Segundo a OMT, todos os estados devem avaliar os riscos para a vida, a saúde, os bens e os interesses econômicos do turista em seu território e estabelecer uma política nacional de segurança turística de proporção necessária para prevenir tais riscos. Desta forma, todos os países deveriam, então, adotar as seguintes medidas:

a) especificar os potenciais riscos afetos às atividades turísticas das localidades;

b) instaurar normas e práticas de segurança nos estabelecimentos e pontos turísticos e observar o cumprimento por parte das empresas que exploram esta atividade;

c) elaborar diretrizes destinadas aos funcionários de empresas do ramo turístico para caso de atos ilícitos contra a segurança pessoal e as instalações;

d) assegurar que os lugares e as instalações de interesse recebam a proteção adequada das forças policiais para prevenir e reprimir delitos contra turistas;

e) proporcionar ao público informações adequadas sobre a segurança no turismo, principalmente no que concerne aos seguintes aspectos:

• regulamentação básica;• práticas corretas de segurança em relação a centros de transporte;• advertência sobre possíveis pontos de risco;• os possíveis riscos para a saúde e medidas de auto-proteção; • os serviços disponíveis para o turista no caso de necessidade de

assistência.

f) proteger os turistas contra o tráfico de drogas;

g) verificar se as pessoas que trabalham em estabelecimentos e serviços afins estão devidamente instruídas para repassar orientações quanto à segurança;

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h) fomentar o desenvolvimento do seguro de assistência em viagens;

i) fomentar a elaboração de normas de responsabilidade civil para empresas turísticas e assegurar que estas normas sejam repassadas aos turistas.7.1.2 Medidas facilitadoras para assistência ao turista

• procedimentos penais contra autores de danos a pessoas e a bens dos turistas;

• proteção ao consumidor e a solução judicial de conflitos entre tu-ristas e prestadores de serviços turísticos;

• assistência médica de urgência aos turistas;• acesso fácil dos turistas estrangeiros às representações diplomáti-

cas e consulares de seus países.

7.1.3 Dimensões do conceito de segurança turística

O tratamento da segurança turística é uma questão complexa que deve envolver vários segmentos da gestão do turismo (administradores públicos, empresários do setor, órgãos de segurança, empregados, comunidade em geral e o próprio turista). Deve-se trabalhar efetivamente no sentido de buscar uma consciência local em termos de segurança, onde cada segmento ou pessoa envolvida entenda seu papel e sua importância no contexto maior. Um grande desafio é, sem dúvida, buscar soluções para as situações de riscos e minimizar os efeitos gerados pela sensação de insegurança. Problemas, perigos, riscos atinentes à atividade turística, por óbvio, sempre existirão.

A percepção ou a sensação de segurança, na ótica do turista, costuma estar associada a fatores como estabilidade social, política e econômi-ca, a oferta de um produto turístico atrativo, uma estrutura receptiva adequada envolvendo limpeza urbana, equipamentos e sinalização. Este conjunto de fatores influenciará na sua decisão de viajar.

O consumidor turista busca cada vez mais experimentar situações no-vas que contrastem com o seu cotidiano, além da auto-realização, equi-líbrio, enriquecimento pessoal e destinos (locais escolhidos para visitar) que preservam a harmonia e tranquilidade. Nesse contexto, os destinos podem ser divididos e percebidos como “seguros ou refúgios” ou perce-bidos como “menos seguros”.

Na abordagem quanto à caracterização dos destinos seguros ideais, considera-se o seguinte:

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Guia do Treinamento Policial Básico

• o compartilhamento das responsabilidades, deve estar bem defini-do e assumido nas diversas áreas de competência e atuação (setores público e privado);

• o cumprimento e adoção de padrões e medidas práticas de segu-rança por parte dos equipamentos e instalações turísticas, observando: a prevenção de incêndios, a segurança sanitária, incluindo o cuidado com os alimentos e controles de ingresso;

• a implementação de uma política transparente de informação e programas de capacitação visando uma comunicação clara e objetiva a todos os interessados quanto aos problemas de segurança, a identifica-ção e controle dos possíveis riscos inerentes às diversas práticas de tu-rismo (esportes radicais e aventura) e informações sobre a oferta de serviços de apoio em casos de emergência, incluindo os serviços ofere-cidos pela polícia;

• forças de segurança (pública e privada) preparadas para atender e solucionar os problemas locais e dos visitantes.

7.1.4 O comportamento do turista em relação à segurança

Pelo fato de apresentarem características comuns de comportamento, os turistas podem se tornar alvo de delitos. Dependendo da atividade escolhida no destino, poderão também estar sujeitos a riscos ou perigos que comprometam sua integridade física.

Ao priorizarem o lazer, o descanso e deslocarem o foco de suas atenções para outros atrativos, acabam, na maioria das vezes, desconsiderando determinados cuidados necessários ou orientações, transformando-se em vítimas potenciais. Para George (apud MINAS GERAIS, 2007) os turistas eventualmente podem estar no lugar errado e na hora errada, apresentando-se como “presas” fáceis para criminosos. Naturalmente, que a incidência maior ou menor destes delitos irá influenciar nos níveis de percepção da segurança que o lugar oferece.

Ao analisarem fatores ligados ao comportamento ou conduta do turista no destino, como vítimas desproporcionais de crimes, alguns autores, dentre eles Tarlow e Fujii (apud MINAS GERAIS, 2007, p. 137), listaram as seguintes características:

a) são alvos tentadores (carregam grandes somas de dinheiro e outros objetos de valor);b) estão envolvidos em comportamento de risco (frequentam clubes noturnos e bares tarde da noite, viajam para locais afastados e desconhecidos, aventuram-se em áreas “inseguras”, consomem álcool e drogas) e

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não conhecem a língua/dialeto, sinalização, nem recursos locais; e,c) trazem idéias sobre a segurança e o papel das instituições de aplicação da lei baseadas em sua experiência nos locais onde moram.

Tarlow (apud MINAS GERAIS, 2007) realizou um estudo multicêntrico sobre fatores de risco e proteção para o desenvolvimento turístico que foi realizado envolvendo três cidades norte-americanas e três brasileiras. As cidades escolhidas como cenário foram Detroit e São Paulo, como exemplos de grandes cidades industriais que desejam converter-se em emergentes cidades turísticas:

a) Las Vegas e Salvador, como exemplos de importantes cidades turísticas eb) Virgínia Beach e Balneário Camboriú, como exemplos de dois destinos litorais regionais, que se encontram próximas a grandes centros.

Essas cidades, segundo os autores, foram escolhidas por serem considerados "destinos turísticos" com diferentes níveis de desenvolvimento, apresentarem diferentes produtos turísticos e terem experimentado os efeitos de questões relacionadas com a segurança turística. O fator “segurança” foi considerado nas seis cidades como sendo condição importante para atrair turistas. Assim, Tarlow (apud MINAS GERAIS, 2007) sustenta que as implicações negativas dos aspectos relacionados com a segurança podem comprometer severamente o destino turístico e apontam cinco sugestões para serem consideradas na gestão da segurança em destinos turísticos:

1. a segurança turística encontra melhores níveis de resultados quando existe cooperação entre os setores envolvidos. Os órgãos de polícia das cidades estudadas não contam com efetivo suficiente para desenvolver suas atividades e não apresentam à indústria turística uma assistência devida;2. a polícia turística necessita de elevados níveis de formação e aperfeiçoamento, destacando-se: o conhecimento de idiomas estrangeiros, atenção ao cliente, a compreensão dos fatores econômicos e sociais que envolvem a presença de uma população efêmera.3. a segurança turística requer a presença física dos policiais nos pontos considerados importantes;4. a presença física dos policiais deve ser complementada por viaturas e meios eletrônicos;5. os setores policiais mais bem sucedidos em suas funções são os que contemplem os meios disponíveis e desenvolvem ações antes dos fatos ocorrerem (atitudes de

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cunho preventivo), em vez de executá-las depois.

Portanto, descuidos na administração ou gerenciamento dos fatores que possam comprometer a segurança do turista, podem trazer sérias consequências para a imagem dos lugares e influenciar o movimento da demanda turística. Para Cavlek (apud MINAS GERAIS, 2007), a paz e a segurança são condições básicas para o desenvolvimento e crescimento do turismo. Sem essas, os destinos, ainda que dediquem esforços em campanhas publicitárias e de marketing, não conseguiram abrir novas chances ou competirem no mercado com sucesso.

7.2 INFORMAÇÕES TURÍSTICAS E HOSPITALIDADE

Turismo é o conjunto de ações, relações e fenômenos resultantes da vi-agem e estadia de pessoas, independente do motivo que a tenha de-terminado, desde que esta estadia seja temporária.

Hospitalidade é uma palavra originária do latim hospitalitate e significa o ato de hospedar; a qualidade de quem é hospitaleiro; a liberalidade que se pratica, alojando gratuitamente alguém; e por extensão acolhi-mento afetuoso.

No turismo, ser hospitaleiro é receber bem os turistas, termo que mui-tas vezes é confundido com hotelaria.

Um conceito que merece ser tratado é o do turismo sustentável que é um modelo de desenvolvimento econômico que foi concebido para:

• assegurar a qualidade de vida da comunidade;• proporcionar satisfação ao turista;• manter a qualidade do ambiente do qual dependem tanto a comu-

nidade como o turista.

Nesse contexto, os atrativos turísticos que são alvos desse modelo são os recursos naturais e culturais que a localidade possui e que podem ser colocados à disposição dos turistas. Alguns exemplos de atrativos turísticos:

• naturais: praias, cachoeiras, montanhas, rios, lagos, parques, gru-tas, etc.

• histórico-culturais: monumentos arquitetônicos, sítios históricos e científicos, bibliotecas, museus.

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• manifestações tradicionais e populares: festas, gastronomia, arte-sanato.

• realizações técnicas e científicas: Jardins Botânicos, áreas de mine-ração, zoológicos, estações experimentais, barragens.

• acontecimentos programados: feiras, congressos, eventos despor-tivos, etc.7.2.1 O policial militar como agente de informações turísticas

O policial militar é primeiramente um comunicador. Todo o serviço que desempenha envolve o processo de comunicação, que influencia total-mente no desempenho do seu trabalho e na satisfação do público a que atende, seja um turista que o procura para obter informações ou um cidadão local durante o atendimento de uma ocorrência.

A ostensividade do serviço policial-militar, a qualquer hora do dia ou da noite e em todos os municípios do Estado, proporciona maior contato e interação dos policias militares com a sociedade, gerando cada vez mais uma aproximação capaz de torná-los referências sociais facilmen-te encontradas.

Por ser o policial considerado uma referência para as pessoas e procu-rado frequentemente por quem tem dúvidas acerca de questões bási-cas, sobretudo informações relativas à segurança e área geográfica da cidade, a sociedade sempre presume que o policial militar entende tudo sobre o papel que desempenha e conhece muito bem a área onde atua, tornando-se um agente de informações.

Diferentemente dos demais profissionais que trabalham como agentes de informação, o policial militar não recebe treinamento específico para prestar informações à sociedade. Contudo é frequentemente solicitado pela população para tal finalidade e em hipótese alguma deve deixar de atender bem o público dentro dos princípios básicos que norteiam as filosofias de direitos humanos e polícia comunitária.

É importante que cada policial esteja ciente de sua participação no con-texto social como agente de informações e busque desenvolver a capa-cidade pessoal de identificar os anseios do cidadão que o procura, an-tecipando-se às suas necessidades e resolvendo os problemas de ma-neira que as expectativas do cidadão sejam atingidas.

O ato de ser, frequentemente, procurado por um cidadão/turista que solicita auxílio ou informações, demonstra uma relação de confiança no

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trabalho desempenhado pelos militares. Cada policial tem por obriga-ção a manutenção desta relação, que se dará por meio de um atendi-mento correto e pautado nos princípios expressos nos vértices triângulo da hospitalidade recebendo o público bem, atendendo com satisfação e servindo com excelência (FIG. 37).

Por se configurar como um agente de informações é importante que o policial militar internalize e coloque em prática alguns pressupostos bá-sicos do bom atendimento ao turista, delineados a partir da percepção daquilo que o público espera de um profissional que irá atendê-lo nas diversas situações que possam surgir. Para tanto, ele deve adotar as seguintes posturas:

• perceber-se dentro do perfil profissional requerido pela instituição para atuar no policiamento turístico;

• apresentar-se segundo os padrões de postura, boa apresentação, higiene pessoal e educação, específicos da ocupação;

• comunicar-se transmitindo confiança às pessoas;• ouvir com atenção; • apresentar comportamentos éticos, estabelecendo relações de

confiança;• identificar as necessidades do público através da linguagem verbal

e não-verbal;• atuar em situações que envolvam as pessoas (turistas) e a

instituição de acordo com padrões éticos; • expressar-se oralmente de forma objetiva e empática; • acolher o turista, demonstrando cordialidade com naturalidade; • recepcionar bem as pessoas, atendendo as suas necessidades e

expectativas; • adotar as normas e procedimentos da instituição, assegurando os

padrões de qualidade;• desenvolver ações para promover a satisfação do cidadão; e,• avaliar e acompanhar a qualidade em seu atendimento.

7.2.2 A importância da hospitalidade no atendimento policial-militar

Algumas explicações acerca do tema 'hospitalidade' remetem à palavra filoxenia que, em seu entendimento mais profundo, significa “generosidade de espírito”, uma bondosa alegria transmitida no momento em que alguém recebe ou atende uma pessoa.

Analisando o tema 'hospitalidade' sob a égide da segurança pública pode-se dizer que, conceitualmente, constitui-se em uma forma de

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interação social humanizada, em que o policial militar deve transmitir a essência de bem-estar e segurança às pessoas no ambiente onde exerce atividades. A hospitalidade, dentro deste contexto, está voltada para uma abordagem caracterizada por um bom relacionamento entre os profissionais do ramo e as pessoas envolvidas com o aparato turístico.A hospitalidade se constitui num patrimônio histórico e cultural intangível e peculiar ao povo mineiro, traduzida em seu modo acolhedor e na facilidade com que demonstra a satisfação em receber bem as pessoas, o que torna imprescindível a existência desta característica no atendimento do policial militar de Minas Gerais. Buscando entender melhor a aplicação prática deste conceito, têm-se nos vértices do “triângulo da hospitalidade” os princípios básicos que devem estar presentes em todo atendimento prestado pelo policial militar, visando acolher bem as pessoas, atender às suas necessidades e surpreendê-las indo além das expectativas.

FIGURA 37 – Triângulo da hospitalidade – 2011

Fonte: Diretriz para policiamento turístico no Estado de Minas Gerais (em produção).

RECEBER BEM O PÚBLICO – compreende todos os esforços despendidos pelo policial militar em demonstrar interesse e atenção pelo bem estar das pessoas da localidade e visitantes, acolhendo-os com cordialidade, empatia e prestando informações que contribuam para a ambientação no local. É importante que cada policial militar demonstre que está preparado para receber as pessoas, comunicando-se com eficiência e dentro dos padrões de boa educação esperados por quem o procura.ATENDER COM SATISFAÇÃO – O policial militar é tido como pessoa de referência em meio à sociedade e, por isso, é constantemente solicitado a prestar vários tipos de informações. O que se espera é

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sempre uma resposta capaz de sanar as dúvidas e problemas que motivaram tal procura. O “atender com satisfação” significa atingir as expectativas geradas nas pessoas no momento em que decidiram procurar o policial militar e deixar sempre a boa imagem de que o policial é uma pessoa qualificada para atender bem e resolver problemas.SERVIR COM EXCELÊNCIA – É fato que as pessoas sempre esperam um padrão de qualidade e bom atendimento nas formas com que são tratadas, contudo podem ser facilmente surpreendidas quando o policial vai além das expectativas preliminares de atendimento. Simples ações que extrapolam a normalidade são capazes de proporcionar um fraterno sentimento no público. Atingir o padrão de excelência no atendimento é surpreender o público com atitudes, muitas vezes consideradas simples, mas que demonstram que o policial militar está empenhado em atender bem as pessoas. Um dos principais fatores capazes de criar esta imagem na mente das pessoas é a iniciativa, pois a ajuda é sempre bem vinda e quando oferecida em momento oportuno, provoca a inesperada surpresa.

7.3 ESTRATÉGIAS PARA ATENDIMENTO AO TURISTA DURANTE A REALIZAÇÃO DE GRANDES EVENTOS.

7.3.1 Planejamento da segurança voltada ao turismo

O emprego da Polícia Militar, fundamentado na Constituição Federal, prima-se pelo aspecto preventivo. Em destinos turísticos, o emprego não pode e nem deve ser feito de forma repressiva. Conforme visto, as forças policiais devem observar uma série de preceitos e fundamentos para garantir ao turista e à comunidade local, a segurança objetiva e subjetiva tão almejada.

Devido a sua especificidade, o policiamento orientado ao turismo, tem que ser planejado buscando todas as variáveis de um destino turístico, como por exemplo:

• acesso (sinalização, tipo de pavimento, condições das vias, meio de transporte);

• destino turístico (rede hoteleira, rede bancária, infraestrutura de alimentação;

• comércio, serviços turísticos disponíveis, inventário turístico, serviço de saúde, serviços de telefonia fixa e móvel);

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• ponto turístico (acessibilidade, distância, infraestrutura, caracterís-tica de frequência, dados estatísticos de ocorrência, comunidade local, sinalização).O emprego da segurança pública orientada ao turismo, não deve ser baseado em um plano específico, mas sim em um plano de intervenção mais estratégico.

O planejamento estratégico consiste num instrumento altamente valio-so para a organização policial-militar, por direcionar o caminho a ser seguido e estabelecer o ponto aonde se quer chegar, no horizonte de tempo previamente estipulado, e tem o condão de trazer, para as for-ças policiais, os seguintes benefícios:

• aumento da capacidade de respostas às mudanças do ambiente;• minimização do impacto das turbulências;• conhecimento aprimorado das condições e recursos da organiza-

ção;• facilidade para integração das equipes de trabalho;• melhoria da aplicação dos recursos, na coordenação de esforços e

na comunicação interinstitucional;• estabelecimento de um rumo a ser seguido;• fortalecimento da competência gerencial;• aumento da eficiência, e• melhoria do desempenho organizacional.

Assim, o planejamento estratégico possibilita o exercício pleno da pre-venção, enquanto missão constitucional da Polícia Militar.

7.3.2 Resolução de problemas envolvendo turistas

a) Considerações gerais para uma estratégia eficaz

• Trabalhar com a indústria do turismo para identificar os ti-pos de crimes que ocorrem neste setor. Os representantes das po-lícias devem participar em reuniões/discussões do setor turístico e tra-balhar com hotel/motel, convenção, e departamentos dos visitantes para compreender problemas e interesses relacionados com o turismo, para desenvolver programas comuns de prevenção do crime. As forças policiais devem repassar informações sobre a criminalidade local para as pessoas ligadas ao turismo.

• Policiais treinados, bem como os operadores de serviços

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Guia do Treinamento Policial Básico

turísticos. As polícias e a equipe de funcionários devem saber que tipo de crime afeta os turistas da sua comunidade específica, bem como os recursos estão disponíveis e, como alcançar estes recursos (serviços de informações turísticas, delegacias, serviço de emergência e serviços so-ciais, hospitais).

b) Respostas específicas para reduzir crimes de encontro aos turistas.

Hotéis e motéis devem ser incentivados a adotar práticas que reduzirão a vitimização dos turistas, a saber:

• solicitar aos turistas que mostrem a identificação antes de acessa-rem ao estabelecimento;

• instalação de trancas eletrônicas nos quartos que são mudadas depois que cada turista deixa o hotel;

• fornecimento de cofres para os hóspedes;• instalação de câmeras de segurança, e• emprego de seguranças 24 horas.

Pode-se, também, incentivar aos hotéis e motéis que forneçam dicas de segurança através da internet e de canais a cabo interno.

Outro fator importante é a informação ao turista para reduzir seu risco de vitimização. As polícias em áreas turísticas devem desenvolver uma disposição dos métodos para educar turistas sobre a prevenção do cri-me, dentre os quais, destacam os seguintes.

• Criar um web site com um menu turístico dedicado que: forneça dicas de segurança em tópicos como o aluguel e o uso

de máquinas de caixa automatizadas, cartões de crédito, e outros ins-trumentos financeiros;

números de telefone de emergência; atualização regularmente de estatísticas criminais, e fornecimento de informações sobre todas as polícias turísticas

especializadas ou o auxiliar patrulha.

• Equipar os policiais que atuam no turismo de um telefone celular funcional que pode rapidamente alcançar a informação, os serviços de tradução, ou o outro auxílio para turistas.

• Divulgação na mídia de informações turísticas e informações de segurança.

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Biênio 2012-2013

• Produção de um vídeo que forneça a informação sobre a área turís-tica, o plano de emprego do policiamento turístico, dicas de segurança para ser transmitido em hotéis, aeroportos e pontos turísticos.

c) Dicas de segurança que devem ser repassadas particularmente aos turistas

• Faça um planejamento de rota, ao invés de alugar um veículo e sair sem destino certo.

• Evite viajar em veículos que são facilmente reconhecidos como de locadoras.

• Esteja sempre alerta ao seu redor e evite pessoas suspeitas.• Sempre desloque acompanhado.• Remova os artigos de valor dos carros e evite utilizar peças valio-

sas no corpo.• Trave janelas e portas nos quartos ao sair.

d) Outras orientações

• Toda a informação turística deve estar disponível nas línguas mais faladas naquele destino turístico.

• O uniforme das forças policiais turísticas devem ser diferenciados e de fácil visualização. As patrulhas altamente visíveis inibem a ação de criminosos.

• Durante alta temporada, deve haver utilização de patrulhas de pessoas civis devidamente treinados para orientar turistas quanto aos aspectos de segurança.

• Em contato com os órgãos públicos locais, deve haver investimen-to na sinalização turística, pois evita acontecimentos de natureza deli-tuosa.

7.3.3 A importância da capacitação especializada

Ao longo dos anos, a segurança pública do país vem mudando seu per-fil, em especial as polícias, fazendo emergir a importância do engaja-mento de todos os segmentos sociais no esforço da segurança para o bem estar coletivo. Essa postura pressupõe quebra de paradigma a ser fomentada por ações governamentais, capacitar e qualificar os policiais para que eles possam desenvolver suas atividades laborais satisfatoria-mente, com respaldo nos princípios de direitos humanos e polícia co-munitária.

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Guia do Treinamento Policial Básico

No tocante à formação e à capacitação na atividade turística, a PMMG deve acompanhar as solicitações de um mercado turístico em cresci-mento sustentado. Esta circunstância resulta da importância do turis-mo, enquanto atividade econômica de referência, tanto em espaços ur-banos como em espaços rurais.Por isso, é importante formar profissio-nais voltados para área de turismo que possam conhecer os “territóri-os”, tenham consciência da importância do desenvolvimento turístico sustentado, tenham uma visão humanista do patrimônio material e imaterial; em síntese, que tenham uma dimensão holística do fenôme-no e da atividade turística.Hoje em dia, é indiscutível que a excelência no atendimento ao cliente é um dos maiores diferenciais competitivos do mercado e o fator princi-pal para o crescimento das vendas e a evolução das empresas. Não existe empresa estabilizada que prospere e conquiste mercado sem cli-entes satisfeitos. Ainda assim, organizações de todos os portes, persis-tem em atendê-los com desatenção. Consumidores mais maduros e exigentes, somada a uma concorrência a cada dia mais acirrada, é uma equação devastadora para as empresas que negligenciam o “atender bem”. Portanto, a maneira como uma empresa atende o seu cliente pode ser a diferença entre obter sucesso ou fracasso nos negócios.

Da mesma forma, proporcionar um serviço de qualidade ao cidadão é muito mais do que zelar pelas suas necessidades ou encaminhar suas reclamações. Superar suas expectativas e encantá-lo requer uma pre-paração prévia. Um ótimo atendimento passa pela antecipação dos pro-blemas dos cidadãos.

Vários destinos turísticos tradicionais, tanto nacionais como estrangei-ros, decidiram apoiar e incentivar a criação de polícias turísticas, com vistas a melhorar os serviços prestados aos visitantes. Os turistas cos-tumam observar e privilegiar os destinos que demonstram medidas e ações voltadas para a segurança e bem estar. É uma tendência natural das pessoas sempre voltarem aos lugares onde foram bem tratadas.

Desta forma, os gestores do turismo e os encarregados dos órgãos de segurança pública instalados nos destinos, reconhecem que os agentes envolvidos devem estar aptos a prestar informações e auxílios requeri-dos pelos turistas.

Com base no que foi dito até o momento, o produto turístico possui particularidades próprias e, consequentemente, a capacitação do pro-fissional de segurança pública deve estar baseada em competências que atendam as necessidades e expectativas do turista, tais como:

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Biênio 2012-2013

• noções básicas de hospitalidade;• informações turísticas;• conscientização ambiental;• noções de língua estrangeira;• prontossocorrismo;• legislação de turismo, e• disseminação das filosofias de direitos humanos e de polícia comu-

nitária.

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Guia do Treinamento Policial Básico

PRONTOSSOCORRISMO

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APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA

O prontossocorrismo, como é hoje concebido, tem sua origem nas Grandes Guerras, quando um ferido ocasionava o desvio de combatentes na proporção de 1:3, tornando-se necessária a criação de uma estrutura específica de socorro para otimização do efetivo.

Atualmente, os procedimentos relativos à atividade de prontossocorrismo são estruturados de maneira a otimizar o atendimento às vítimas sem desconsiderar a segurança do profissional e das pessoas no local. Para tanto, antes de iniciar o atendimento, o socorrismo deve analisar a cena e o local onde ocorreu um sinistro, verificar a segurança do local e identificar situações de risco.

Se o local não for seguro, deve providenciar para que seja, sinalizando e isolando (com triângulo, galhos de árvores, fazendo barreira com a viatura, com cones, fitas de isolamento), fazendo o desvio do trânsito e, caso não seja possível, deverá, então, remover o paciente para um local seguro.

O policial deve, ainda, fazer uma leitura do ambiente, observando as pessoas que circundam a vítima, pois, dentre estas pessoas, podem estar as testemunhas do fato, bem como o agressor. Deve levantar as hipóteses a respeito do fator que vitimou a pessoa: um trauma, uma agressão ou apenas um mal súbito e, em qualquer situação, o serviço de emergência deverá ser acionado: 193 (Corpo de Bombeiros) ou 192 (SAMU).

No TPB 6º biênio, alguns procedimentos específicos da atividade de prontossocorrismo serão revisados e atualizados, como por exemplo, a reanimação cardiorrespiratória em função das novas Diretrizes de RCP. Considerando o contexto da realização de grandes eventos, será incluído um novo conteúdo: acidente com múltiplas vítimas, articulando esse novo conteúdo com conhecimentos adquiridos no biênio anterior sobre Sistema de Comando de Operações (SCO).

Vale lembrar que todo o material apresentado é fruto de pesquisas internacionais e é mundialmente padronizado.

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Biênio 2012-2013

8 PRONTOSSOCORRISMO

8.1 HEMORRAGIA E CHOQUE21

Hemorragia é a perda aguda de sangue. Em casos de perda maciça de sangue, a vítima pode entrar em estado de choque e, se não tratada adequadamente, pode vir a falecer em poucos minutos.

O estado de choque ocorre quando a perda de sangue é tão significativa que o organismo já não consegue manter a circulação de forma eficaz. Os sinais e sintomas, que podem estar presentes isoladamente ou em conjunto, são:

• pele pálida, úmida e fria;

• pulso fraco e rápido (usualmente acima de 100);

• respiração curta e rápida;

• tontura e desmaio;

• sede;

• tremor;

• agitação.

Quando tal situação ocorrer, o socorrista só deverá tocar na vítima após calçar luvas (segurança) e adotar os seguintes procedimentos:

• não tentar limpar o ferimento (pode aumentar a hemorragia);

• não tentar retirar objetos empalados;

• proteger com gaze ou pano limpo;

• exercer compressão local suficiente para cessar o sangramento;

• se o ferimento for em membros, elevá-lo(s) e, caso não haja controle do sangramento, pressione os pontos arteriais (braquial e femoral).

21 National Association of Emergency Medical Technicians, 2004.

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FIGURA 38 – Procedimentos para estancar o sangramento (a) Compressão local (b) Elevação do membro

(a) (b)

Fonte: Disponível em: <http://www.resgate2005.tripod.com/hemorragia.htm>. Acesso: em 16Jan. 2012.

8.2 VÍTIMA ÚNICA

Em situações de vítima única, o primeiro passo é a análise do nível de consciência. Se a vítima estiver inconsciente, acionar o sistema de resgate. Se a vítima apresentar parada cardiorrespiratória (PCR), iniciar os procedimentos de reanimação.

LEMBRE-SE:

Toda vítima em PCR deve ser reanimada, exceto se houver os chamados “sinais óbvios de morte para o leigo”, que são:

(a) carbonização;(b) putrefação;(c) rigidez cadavérica;(d) esmagamento maciço;(e) decapitação.

Com relação às vítimas de trauma que não apresentem parada cardiorrespiratória, o policial pode se deparar com duas situações:

a) trauma por arma branca ou de fogo: nestes casos, o transporte, normalmente, não requer cuidados especiais de imobilização e pode ser feito em viatura comum. Além disso, o tempo é fator essencial para a recuperação destas vítimas, e deve-se adotar a estratégia de “pegar e levar“ para o centro de trauma mais próximo;

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Biênio 2012-2013

b) vítimas de acidentes, com politrauma (acidentes de trânsito, queda de altura, desabamentos, entre outros similares): estas vítimas, potencialmente, têm traumas em vários locais e o transporte inadequado pode piorar o seu estado de saúde, motivo pelo qual ela deve ser imobilizada de forma adequada e transportada em ambulâncias de resgate. Exemplo: as vítimas com trauma em coluna cervical que, ao serem manipuladas de maneira errada, podem ficar paraplégicas ou evoluir para o óbito. Por isso, deve-se aguardar o Resgate no local.

8.3 CATÁSTROFES E ACIDENTES COM MÚLTIPLAS VÍTIMAS

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), catástrofe é um fenômeno súbito, de magnitude suficiente para gerar a necessidade de ajuda externa.

No âmbito do atendimento pré-hospitalar, catástrofe é aquela situação em que a necessidade de atendimento excede os recursos materiais e humanos imediatamente disponíveis, havendo necessidade de medidas extraordinárias e coordenadas para se manter a qualidade básica ou mínima de atendimento. Mesmo nesta condição, é possível oferecer um atendimento eficaz às vítimas, com base em protocolos operacionais.

Como parâmetro de magnitude, considera-se acidente com múltiplas vítimas aqueles eventos súbitos com mais de cinco vítimas graves ao mesmo tempo.

8.3.1 Classificações

a) Origem• Naturais: enchentes, deslizamentos, terremotos.

• Humanas: acidentes de transporte, ações de guerra, atos terroristas, entre outros.

• Mista: quando coexistem as duas situações.

A principal causa de catástrofe natural no mundo são as enchentes, com danos predominantemente materiais. As catástrofes provocadas pelo homem são as que mais geram necessidade de atendimento pré-hospitalar.

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b) Fases da catástrofe• Antes: prevenção, alerta e preparação.

• Durante: atenção às normas e integração das equipes.

• Depois: reconstrução e reabilitação.

c) Níveis da catástrofe• Nível I: controlável com recursos locais já disponíveis.

• Nível II: envolve acionamento multijurisdicional.

• Nível III: envolve forças superiores (estadual e/ou federal).

d) Zonas de risco• Quente: local das vítimas frente ao agente agressor; acesso aos

triagistas e bombeiros.• Morna: área intermediária, destinada ao trânsito das equipes de

triagem e bombeiros.• Fria: local de atuação do Posto Médico Avançado, onde se faz o

controle emergencial do agravo à vida.

8.3.2 Procedimentos iniciais e instalação do Sistema de Comando de Operações (SCO)

Pelo exposto, conclui-se que há necessidade de uma rotina operacional nestas situações. O conceito de 'melhor esforço', ou seja, 'o melhor atendimento para a vítima mais grave', deve dar lugar ao conceito de:

O melhor atendimento para o maior número possível de vítimas,no momento que elas mais precisam, e no menor tempo possível.

Ressalta-se, também, que a prioridade imediata das primeiras unidades que chegam a uma situação de catástrofe (frequentemente viaturas policiais) não é o socorro imediato das vítimas, mas a avaliação da cena, o que inclui:

a) o que aconteceu: relato conciso dos fatos. Possibilidade do envolvimento de produtos perigosos, riscos adicionais, etc;

b) definição de quais recursos são necessários: tipos de unidades de resgate, ambulâncias, segurança e apoio de outras instituições;

c) explicitação do local onde aconteceu o acidente: localização

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Biênio 2012-2013

precisa, com pontos de referência;d) explicitação da quantidade de vítimas: estimativa do número real e potencial de vítimas.

IMPORTANTE!

A guarnição não deve se esquecer de avaliar a segurança do local, pois uma cena insegura pode vitimar o próprio socorrista.

Após a análise inicial, são desencadeados os três princípios básicos nesta situação: triagem, tratamento e transporte.

Para que estes princípios sejam atendidos, são necessários o comando, a comunicação e o controle.

É necessário que haja, junto a um posto de comando, um comandante da área no local um coordenador médico para chefiar as atividades médicas locais e um coordenador operacional para as atividades de salvamento. Esta é uma condição em que se deve estabelecer o chamado Sistema de Comando de Operações para a coordenação de todas as atividades.

O primeiro objetivo do comandante da área é congelar a área mediante o controle total do acidente limitando sua extensão, organizar ações e medidas efetivas de segurança, proteção e atendimento pré-hospitalar a todas as vítimas envolvidas, no menor tempo possível. O objetivo maior, portanto, é evitar três grandes transtornos:

• ocorrência de novos acidentes;• tratamento e transporte inadequado das vítimas aos hospitais;• que o caos local seja transferido ao hospital mais próximo.

8.3.3 Triagem, tratamento e transporte

Triagem é o processo de classificação das vítimas em graus de prioridade, para que se salve a maior quantidade possível de vítimas.

A triagem inicial deverá ser feita pela primeira guarnição que chega ao local, após a análise da cena. É um processo dinâmico, visto que o estado de saúde das vítimas pode se alterar, e deve durar, no máximo, 60 a 90 segundos por vítima.

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A técnica a ser utilizada é a chamada START (Simple Triage and Rapid Treatment), do Corpo de Bombeiros de New Port Beach, California, USA. Esta técnica é de fácil utilização e utiliza como critérios a respiração, o enchimento capilar e a alteração do nível de consciência. Após a triagem inicial, são utilizados quatro cartões coloridos para definir cada uma das prioridades:

a) Cartão vermelho: vítimas com risco imediato de morte apresentam respiração apenas após manobras de abertura de vias aéreas, ou a frequência respiratória é superior a 30 por minuto e necessitam de algum tratamento médico antes do transporte ao hospital, ou de cirurgia de urgência.b) Cartão amarelo: Sem risco imediato para a vida, mas pode requerer algum tratamento no local, antes do transporte ao hospital.c) Cartão verde: vítimas com capacidade para andar e/ou que apresentam lesões sem risco de morte.d) Cartão preto: vítimas em óbito ou que não tenham chance de sobreviver; não respiram, mesmo após manobras simples de abertura de vias aéreas.

8.3.4. Detalhamento da técnica START

Os procedimentos para a aplicação da técnica são realizados a partir dos seguintes itens.

a) Respiração:• avaliar a frequência respiratória e a qualidade da respiração da

vítima; • se a vítima não respira, checar a presença de corpos estranhos

causando obstrução de vias aéreas;• se, após a desobstrução de vias aéreas, a vítima respirar, aplica-se

o procedimento do cartão vermelho; se não, o do cartão cinza. Também recebem cartão vermelho as vítimas com mais de 30 movimentos respiratórios por minuto.

b) Perfusão: será avaliada por meio do enchimento capilar. Deve-se pressionar a ponta dos dedos ou os lábios, e soltar; a cor deve retornar em 2 segundos. Se demorar acima deste tempo, é sinal de perfusão inadequada e aplica-se o procedimento do cartão vermelho.

c) Nível de consciência: é verificado quando as vítimas estão com respiração e perfusão adequadas. O socorrista deve tentar verbalizar com a vítima, utilizando expressões simples e de fácil compreensão,

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como por exemplo: ”feche os olhos”, “aperte minha mão”. Se a vítima obedecer a estes comandos, aplica-se o procedimento do cartão amarelo; se não, o do cartão vermelho.

A FIG. 39 apresenta o Fluxograma START, que esquematiza a técnica.

FIGURA 39 - Fluxograma START

Fonte: http://www.profandretta.blogspot.com/2007_11_01_archive.html.

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a) Rotina operacional

Para o desenvolvimento da rotina operacional deve-se definir uma área segura para a coleta das vítimas (zona fria) e as quatro áreas de prioridades, demarcá-las com lonas coloridas e determinar os responsáveis pelas áreas. Em cada uma destas áreas, deverá haver equipes de médicos, enfermeiros e socorristas que irão estabilizar e identificar os pacientes, anotando os dados em um cartão que deve ficar preso em cada uma das vítimas, preparando-as para o transporte. As vítimas mortas devem ser afastadas do contato visual das demais vítimas.

Ressalta-se que a remoção de uma vítima sem que seja feito seu registro é prejudicial a toda organização do evento, pois pode manter uma equipe de buscas de forma desnecessária no local. Também é essencial o conhecimento dos hospitais de referência daquela área, com comunicação prévia ao encaminhamento das vítimas. É importante não transferir o caos da catástrofe para o hospital, pois nenhum hospital é capaz de receber uma grande quantidade de vítimas graves simultaneamente. O coordenador operacional deverá estruturar a chegada e saída de ambulâncias, organizar o tráfego local e coordenar o isolamento, o combate a incêndio e a proteção às vítimas.

b) Hospitais de referência e atendimento a urgências e emergências

HOSPITAL DE PRONTO SOCORRO JOÃO XXIIIAv. Prof. Alfredo Balena, 400, bro. Santa Efigênia, Belo HorizonTe 3239-9200.HOSPITAL ODILON BEHRENS R. Formiga, 50, bro. São Cristovão, Belo Horizonte, 3277 –6205.HOSPITAL RISOLETA NEVESR. das Gabirobas, 01, Vila Clóvis, Belo Horizonte, 3459-3200.HOSPITAL JÚLIA KUBITCHEKR. Dr. Cristiano Resende, 2745, bro. Araguaia, Belo Horizonte, 3389-7805.

8.4 REANIMAÇÃO CÁRDIO-PULMONAR-CEREBRAL

A parada cardiorrespiratória é a emergência médica mais dramática que existe, porque exige atendimento imediato e eficaz, normalmente por leigos, em especial no ambiente extra-hospitalar. Esta característica torna essencial o treinamento da tropa, pois, com frequência, é o policial militar que irá prestar o primeiro atendimento,

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até a chegada do sistema de resgate.8.4.1 Atualização em reanimação cardiopulmonar (RCP) – Diretrizes

As atuais Diretrizes de RCP (AMERICAN HEART ASSOCIATION, 2011b) apresentam algumas diferenças em relação ao material apresentado no 5º biênio do Treinamento Policial Básico, e tais pontos serão destacados nesta disciplina. Vale lembrar que todo o material apresentado é fruto de pesquisas internacionais, e é mundialmente padronizado.

As alterações descritas nas Diretrizes têm como finalidade simplificar os procedimentos de reanimação, assim como proporcionar que um maior número de vítimas receba compressões torácicas eficazes.

a) Sequência de procedimentos de Suporte Básico de Vida (C-B-A)

O Suporte Básico de Vida, normalmente, é descrito como uma sequência de ações. A maioria dos socorristas trabalha em equipe e os procedimentos podem ser feitos simultaneamente. Entretanto, os procedimentos são válidos para o socorrista que atua sozinho.

As diretrizes atuais recomendam uma alteração na sequência de procedimentos de Suporte Básico de Vida de A-B-C (via aérea, respiração, compressões torácicas) para C-A-B (compressões torácicas, via aérea, respiração) em adultos, crianças e bebês.

Tal alteração se justifica pelo fato de que a maioria das vítimas de PCR extra-hospitalar não recebe nenhuma manobra de RCP por parte das pessoas presentes no local onde ocorre. Existem, provavelmente, muitas razões para isso, mas a mais provável é a de que a sequência A-B-C começa com os procedimentos que os socorristas acham mais difíceis (a abertura da via aérea e a aplicação de ventilações). Por outro lado, começar com compressões torácicas pode encorajar mais socorristas a iniciar a RCP..

b) Ênfase permanente em RCP de alta qualidade

As Diretrizes enfatizam, mais uma vez, a necessidade de RCP de alta qualidade, incluindo:

• frequência de compressão: mínima de 100/min (em vez de, “aproximadamente”, 100/min, como antes);

• profundidade de compressão: mínima de 5 cm em adultos e de, no mínimo, um terço do diâmetro ântero-posterior do tórax em

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bebês e crianças.c) Ênfase em compressões torácicas

No biênio passado, foi enfatizada a importância das compressões torácicas eficazes. Todos os socorristas leigos devem, no mínimo, aplicar compressões torácicas em vítimas de PCR, visto que a RCP, somente com as mãos (somente compressões), é mais fácil de ser executada por um socorrista leigo. Além disso, as taxas de sobrevivência às PCR de causa cardíaca são similares para RCP somente com as mãos e a para a RCP com compressões e ventilação de resgate.

IMPORTANTE!

Todos os esforços devem ser feitos para que se minimizem as interrupções nas compressões torácicas.

d) Eliminação do procedimento “ver, ouvir e sentir se há respiração”

Com a nova sequência na qual deve ocorrer primeiramente as compressões torácicas, a RCP será executada se o adulto não estiver respondendo ou respirando (ou com respiração agônica).

A sequência da RCP começa, como já explicitado em “8.4.1”, “a)” com compressões (sequência C-A-B). No caso dos socorristas profissionais, após realizado um ciclo de 30 compressões, a via aérea é aberta e são aplicadas duas ventilações. A FIG. 40, na página seguinte, apresenta o Algoritmo do Suporte Básico à Vida, em adultos.

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Biênio 2012-2013

FIGURA 40 – Algoritmo SBV em adultos

Fonte: Disponível em: <http://portalgeat.com.br/visualizarNoticias.php?id=19>. Acesso em: 18/01/2012.

8.4.2 Desfibrilador Externo Automático (DEA)

O emprego do DEA por socorristas leigos continua recomendado como forma de aumentar as taxas de sobrevivência em PCR extra- hospitalar. A obrigatoriedade de seu uso é regulada pela Lei Estadual 15.778, de 26 de outubro de 2005 (MINAS GERAIS, 2005).

Os DEA devem ser utilizados tão logo estejam disponíveis, com o devido cuidado para a minimização da interrupção das compressões

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torácicas. As compressões só devem ser interrompidas para a colocação das pás, devendo ser reiniciadas após o choque (se indicado), ou após a mensagem da sua não-indicação. A FIG. 41 apresenta um modelo de desfibrilador.

FIGURA 41 – Desfibrilador externo automático

Fonte: Centro de Treinamento Policial – PMMG

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DEFESA PESSOAL POLICIAL

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Biênio 2012-2013

APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA

As polícias modernas têm sua atuação pautada em princípios fundamentais como respeito e obediências às leis, à dignidade humana e proteção dos direitos humanos. A observação rigorosa desses princípios não limita a atuação policial, mas a regula, fazendo uma distinção clara entre o uso legítimo de força e violência policial. Como representante do Estado, que detém o monopólio do uso de força, o policial, ao intervir em qualquer situação que afete a ordem pública, a sua segurança ou a de terceiros, deve discernir o que fazer, quando e como fazer, ciente a todo o momento das questões de natureza ética envolvidas na sua atuação. Por ser um ato discricionário, o uso de força carece um embasamento doutrinário, que proporcione sustentação para as ações policiais.

Considerando o modelo de uso diferenciado da força, o policial deve estar apto a utilizar as técnicas de defesa pessoal, que objetivam levar o abordado resistente, passivo ou ativo, a obedecer à ordem dada, ser controlado, imobilizado ou conduzido, se possível, sem provocar lesões no abordado ou policial. Desta forma, o treinamento e aprimoramento dessas técnicas devem fazer parte da rotina do policial militar que, aliadas às técnicas de verbalização, podem evitar, em muitas situações, o uso da arma de fogo ou de outros instrumentos de menor potencial ofensivo. O bom nível de condicionamento físico e mental, juntamente com o treinamento constante das técnicas de DPP, interferirão no sucesso da intervenção.

Cabe ressaltar que não basta que o policial conheça as técnicas de DPP, mas é preciso que ele seja apto e capaz de aplicá-las de forma rápida e instintiva, atitudes estas possíveis somente através do treinamento constante e ininterrupto das diversas técnicas. É crucial que durante uma abordagem, o policial desenvolva um processo mental de avaliar os riscos e as possibilidades de uma possível reação de resistência, fuga ou agressão por parte do suspeito.

No 6º biênio, a disciplina DPP objetiva capacitar o policial militar para aplicação de técnicas para defesa, imobilização, domínio e contenção do cidadão infrator, principalmente o que apresenta comportamento resistente, observando–se os princípios básicos do uso da força, da não letalidade e lesão corporal, nos casos em que se faça necessário e inevitável, com observância da integridade do policial e demais envolvidos na ação policial. Ressalta-se, por fim, que os conteúdos constantes neste material são um extrato do Manual de Defesa Pessoal da PMMG.

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Guia do Treinamento Policial Básico

9 DEFESA PESSOAL POLICIAL

9.1 FUNDAMENTOS

Os fundamentos desta disciplina consistem nos conhecimentos básicos necessários ao condicionamento e ao desenvolvimento de habilidades mais elaboradas para a aplicação das técnicas de DPP. Convém lembrar sempre que a perfeita aplicação das técnicas de DPP está condicionada ao treinamento e à automatização dos movimentos. Assim, os procedimentos básicos como as posturas, esquivas, técnicas de rolamento, amortecimento de quedas e técnicas de liberação de pulsos devem ser automatizadas de forma a se tornarem reações instintivas do policial quando atacado por um agressor desarmado, tendo-se em mente que elas são o alicerce para a efetividade das técnicas DPP.

9.1.1 Pontos vulneráveis do corpo humano

Considerando os princípios fundamentais para uso de força (legalidade, necessidade, moderação, conveniência, proporcionalidade), há restrições quanto aos pontos do corpo humano que podem ser golpeados. É a avaliação de risco de cada situação que vai determinar essas restrições. Entretanto, o militar deve priorizar golpes nos pontos vulneráveis que possibilitem máxima eficiência na proteção do policial e de terceiros, mas que provoquem mínimas lesões no agressor. Seguindo essa lógica, podem-se classificar as zonas de impacto de um golpe no corpo humano, conforme a lesão que provoca. Essas zonas de impacto são (FIG. 42 e 43):

a) Zonas verdes (primeira prioridade): são as partes do corpo humano que, atingidas por golpes, sofrem lesões leves e com efeitos temporários. As zonas de primeira prioridade são: os braços, os antebraços, os punhos, as mãos, as pernas, os pés e os tornozelos.

b) Zonas amarelas (segunda prioridade): são aquelas partes do corpo que, atingidas por golpes, sofrem lesões relativamente mais graves, entretanto, sem risco à vida do agressor. Compreendem as articulações dos joelhos, dos cotovelos, dos ombros, as clavículas, a região da cintura (osso ilíaco), os órgãos genitais e as costelas.

c) Zonas vermelhas (terceira prioridade): são regiões em que golpes podem provocar lesões graves, com risco de morte, a saber: a cabeça, a nuca, o pescoço, a porção central do tórax, os rins, a coluna vertebral

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Biênio 2012-2013

e os pulmões.As zonas verdes e amarelas são aquelas em que o policial deve priorizar os contra-ataques.

Para aplicar golpes nas zonas vermelhas, o policial deve ter em mente que, nessas regiões do corpo humano, estes golpes podem causar um efeito traumático muito grande e que isso pode, dependendo do caso, extrapolar a força que seria necessária para neutralizar o agressor, ferindo os princípios para uso de força. Logo, toda vez que o policial se vir obrigado a golpear um ponto incluído nas zonas de terceira prioridade deve avaliar o uso diferenciado da força e as consequências desse golpe. Em caso de dúvida, sugere-se que adapte o golpe e procure atingir as zonas de primeira e segunda prioridade.

FIGURA 42 – Pontos vulneráveis do corpo humano – zonas de impacto (a) frente (b) costas

(a) (b)

Fonte: Minas Gerais, 2011c.

9.1.2 Postura

A postura é a posição marcial na qual o policial sente-se confortável, seguro, equilibrado e pronto para agir com precisão, se necessário.

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Guia do Treinamento Policial Básico

a) Postura natural: pés apoiados ao solo, abertura das pernas na largura dos quadris, braços estendidos à lateral do corpo, tronco ereto e olhar atento na direção do horizonte (FIG 43).

FIGURA 43 – Postura natural

Fonte: Minas Gerais, 2011c.

b) Postura aberta: na posição natural, porém com as mãos abertas à altura dos quadris, sendo que as palmas das mãos devem estar voltadas para o policial (FIG. 44).

FIGURA 44 – Postura aberta

Fonte: Minas Gerais, 2011c.c) Postura de prontidão: na posição natural, porém com uma das mãos aberta à altura da cintura e a palma voltada para o policial e outra mão aberta à altura do peito com a palma da mão voltada para o suspeito (FIG. 45).

FIGURA 45 – Postura de prontidão

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Biênio 2012-2013

Fonte: Minas Gerais, 2011c.

d) Postura defensiva: é a posição que o policial adota diante de uma agressão por parte do suspeito. Na postura defensiva, as mãos do policial devem estar abertas e elevadas na altura do rosto, com as palmas voltadas para o suspeito. A perna esquerda deve estar ligeiramente flexionada à frente e a perna direita esticada à retaguarda. Durante uma intervenção na qual seja necessário o uso das técnicas de DPP, é possível ao policial defender-se de agressões contendo um possível ataque (FIG. 46).

FIGURA 46 – Postura defensiva

Fonte: Minas Gerais, 2011c.9.1.3 Esquivas

A esquiva tem por finalidade evitar que o policial seja atingido pelo agressor. Quando bem realizada, além de evitar o ataque, facilita a aplicação de uma técnica de contragolpe.

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Guia do Treinamento Policial Básico

A experiência mostra que o uniforme, os armamentos e os equipamentos utilizados pelo policial limitam significativamente a mobilidade. Por conseguinte, as técnicas básicas de esquiva que aqui são apresentadas foram selecionadas levando-se em consideração essas particularidades e características da atuação policial-militar.

As técnicas de esquiva mais simples e eficientes para a atividade policial podem ser entendidas com base na representação gráfica das FIGURAS 47 e 48. O ponto central representa o centro de gravidade de um policial na postura defensiva; a linha pontilhada mostra o alcance de sua técnica de esquiva. Partindo do centro de gravidade, o policial pode se esquivar de um ataque.

FIGURA 47 – Representação gráfica da esquiva

Fonte: Minas Gerais, 2011c.

FIGURA 48 – Esquiva lateral

Avançando meio passo

Em diagonal à esquerda

Avançando meio passo

Em diagonal à direita

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Biênio 2012-2013

Fonte: Minas Gerais, 2011c.

9.2 TÉCNICAS DE SOCOS, CHUTES E DEFESA

A utilização de técnicas de socos e chutes se destina hoje, não só ao ataque, mas também a defesa por tratar-se de um método eficiente e seguro de bloqueios e contra-ataques. Estas técnicas serão utilizadas para estes fins, no caso do cidadão abordado desobedecer a uma ordem legal do policial, oferecer resistência à prisão, em caso de tentativa de fuga ou qualquer ameaça à vida.

IMPORTANTE!

A utilização dessas técnicas objetiva quebrar a resistência ou criar uma situação oportuna de aproximação do agressor.

O uso dos socos e chutes em DPP não tem como objetivo provocar sofrimento ou criar lesões propositais no infrator.

9.2.1 Soco

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Guia do Treinamento Policial Básico

Para desferir um soco corretamente é muito importante observar a rotação do punho, a coordenação entre braço direito e braço esquerdo e rotação dos quadris. Os movimentos naturais das mãos devem ser mantidos, assim como uma correta noção de distância do agressor. As pernas devem estar afastas uma da outra, mantendo sempre a base firme, o tronco reto voltado para frente e os ombros relaxados.

Deve-se fechar os quatro dedos, dobrados na 1ª e 2ª falanges, virar o polegar para dentro, em cima dos quatro dedos, pressionando firmemente. Centralizar a 1ª falange dos dedos indicador e médio concentrando a força no punho. Os cotovelos devem estar flexionados, mãos devem estar fechadas em guarda alta, na altura do rosto. Ao desferir o golpe:

• o braço deve estender-se; • o pulso deve estar alinhado com a mão; • as primeiras juntas dos dedos indicador e médio tocam no

agressor; • no momento em que o golpe é desferido, o quadril acompanha o

movimento do braço (FIG. 49).

Para todos os tipos de socos, utiliza-se esta técnica. Os socos podem ser desferidos no rosto, peito ou barriga.

FIGURA 49 – Técnica de soco

Fonte: Minas Gerais, 2011c.

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Biênio 2012-2013

O soco direto compreende um soco na direção da linha central: rosto, externo ou abdômen (FIG. 50).

FIGURA 50 – Posição inicial e soco direto

Fonte: Minas Gerais, 2011c.

9.2.2 Chute

O chute é uma técnica de ataque ou defesa utilizada em vários estilos de artes marciais, sendo mais poderoso que o soco. Quando aplicado de maneira correta, tem a finalidade de bloquear e derrubar o oponen-te.

Inicia-se na posição frontal; é aconselhável tomar a posição da base do “arqueiro”, onde a perna fraca fica flexionada à frente e a perna forte esticada à retaguarda. As mãos devem manter-se fechadas, com os braços flexionados na posição defensiva, à altura do rosto. Eleva-se a perna de trás, flexionando o joelho e formando um ângulo de 90º com a linha da cintura. Elevam-se os dedos dos pés para cima e estica-se a perna na direção do agressor, batendo e ao mesmo tempo empurran-do-o para trás.

No momento do chute, o pé de apoio deve estar totalmente apoiado e firme no chão. O calcanhar não deve ser levantado, pois, sendo grande o movimento do golpe, poderá haver um desequilíbrio. Ao chutar, não se deve deixar que o tronco incline para frente. A perna que chuta de-verá ser puxada imediatamente após o chute, evitando, assim, que o adversário a segure e o derrube.

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Guia do Treinamento Policial Básico

Este chute não deve ultrapassar a linha da cintura atingindo preferenci-almente abdômen e membros inferiores do agressor.Para aplicar o chute frontal, o policial deve:

• levantar, dobrando, o joelho até a altura do quadril, flexionando devidamente a perna de apoio;• levantar a planta do pé, puxando o calcanhar o máximo possível e virar os dedos para cima mantendo firme o tornozelo; • preparar a articulação do joelho para chutar, relaxando-a e mantendo a flexibilidade; • direcionar a ponta do joelho e a ponta do pé para o objeto de ataque;• desferir o chute e puxar, imediata e rapidamente, a perna de volta para a posição inicial.

Esse chute é desferido de frente, com parte anterior da sola do pé; os dedos dos pés devem estar voltados para cima. O golpe deve ser des-ferido da linha de cintura para baixo (FIG. 51).

FIGURA 51 – Sequência de posições para desferir o chute

Fonte: Minas Gerais, 2011c.

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Biênio 2012-2013

9.3 TÉCNICAS DE CONDUÇÃO DE SUSPEITOS

Nas conduções onde há a participação de mais de um policial, é importante que todos conheçam a técnica e, previamente, tenham combinado a função de cada um a fim de que não ocorram atropelos.

9.3.1 Condução por três policiais

Na condução por três policiais, o primeiro policial ficará à diagonal esquerda do abordado, e a todo tempo estará verbalizando com ele para tirar sua atenção. O segundo policial ficará à retaguarda do lado direito do cidadão e, no momento oportuno, fará a imobilização de seu braço direito. Neste mesmo instante, o primeiro policial, que estava verbalizando, aproxima-se e ajuda o segundo policial, fazendo a imobilização no braço esquerdo do infrator.

O terceiro policial também ficará à retaguarda do cidadão e, após a atuação do primeiro e do segundo policial, se aproxima e segura suas pernas erguendo-as do chão (FIG. 52).

FIGURA 52 – Formação de um triângulo em volta do infrator

Fonte: Minas Gerais, 2011c.

Para a aplicação da técnica, o primeiro e o segundo policial avançarão contra o abordado e, cada um, com uma das mãos, leva os punhos do infrator em direção à suas costas (o policial que está à esquerda pega o punho esquerdo do infrator e o policial que está à direita, o punho direito) e, simultaneamente, com a outra mão puxa os braços do abordado na altura dos cotovelos, forçando-o a dobrar o braço para trás e fornecendo assim o ângulo para a torção (FIG. 53).

FIGURA 53 – Os dois policiais da lateral imobilizam o braço do infrator

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Guia do Treinamento Policial Básico

Fonte: Minas Gerais, 2011c.

A mão do policial que direcionou o punho do abordado desliza pelas costas até chegar ao ombro (utilizando a pegada de quatro dedos para travar o ombro). Com a outra mão, segura o cotovelo fazendo pequena inclinação para baixo de forma que o suspeito fique com o tronco inclinado para baixo para quebrar possível resistência.

Em seguida, o terceiro policial aproxima pela lateral do cidadão já dominado e abraçará firmemente suas pernas na altura das coxas erguendo-as do chão (FIG. 54).

FIGURA 54 – Levantando o abordado do chão

Fonte: Minas Gerais, 2011c.

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Biênio 2012-2013

O corpo do agressor é colocado sobre o solo. O policial da retaguarda aplica uma chave de perna de maneira que o suspeito fique com as pernas travadas e o policial com as mãos livres para auxiliar na algemação, se for o caso (FIG. 55).

FIGURA 55 – Algemação com o infrator ao solo

Fonte: Minas Gerais, 2011c.

Técnica de imobilização de perna: para imobilizar a perna direita do cidadão, passe sua perna direita sobre a perna direita dele, pegue o seu pé direito, segure-o firmemente, gire de frente para o cidadão e ajoelhe sobre suas pernas. Para que ele sinta a torção, force o seu tronco para frente empurrando o pé dele (FIG. 56).

FIGURA 56 – Imobilização de perna

Fonte: Minas Gerais, 2011c.

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Guia do Treinamento Policial Básico

9.3.2 Condução por dois policiais

Para a imobilização de pessoa abordada por com dois policiais, usa-se a mesma técnica anterior (item 9.3.1), sem a presença do terceiro policial e, no momento da projeção, um dos policiais deve apoiar os pés na articulação posterior do suspeito, forçando-o a ficar de joelho e em seguida force o seu tronco para baixo, jogando-o ao chão (FIG. 57).

FIGURA 57 – Imobilização com dois policiais

Fonte: Minas Gerais, 2011c.

LEMBRE-SE!

Numa abordagem a pessoas em atitude suspeita, o policial deve pri-mar pelo diálogo, evitando-se a utilização desnecessária da arma de fogo ou da algema, ou seja, empregando o mínimo de força necessá-

ria, para obtenção de sua ação legítima.

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TREINAMENTO COMARMA DE FOGO

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Biênio 2012-2013

APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA

No cumprimento da missão constitucional, a atuação do policial militar em uma ocorrência pode se apresentar de várias maneiras, desde sua simples presença no local, até o extremo da utilização potencialmente letal de sua arma de fogo para repelir injusta agressão com risco contra sua própria vida ou contra a de terceiros.

Um treinamento de tiro simplista por demais, desvinculado das situações que podem ser encontradas na atividade operacional, não é suficiente para criar nesse profissional o condicionamento necessário para que utilize, com segurança, sua arma de fogo, principalmente se tiver que dispará-la.

Nesse sentido, para que tenha êxito em sua ação, exige-se que seja dotado de aprimorado domínio técnico e elevado preparo psicológico decorrente de sua qualificação profissional. Nessa premissa e de forma muito mais ampla, para que se mantenha nesse nível de desempenho, a Instituição deve lhe proporcionar treinamento constante e adequado à realidade, treinamento esse que lhe induza a aquisição de competências, de modo a permitir que reaja as mais inesperadas situações, adotando, de maneira condicionada, procedimentos específicos que já estejam internalizados em sua memória e na memória de seus gestos. Esse treinamento denomina-se “Tiro Policial’’.

Apesar de já ter recebido uma carga teórica em sua formação profissional, todo treinamento de tiro policial deve ser iniciado com explanações sobre sua importância, sobre fundamentos de tiro e sobre a dinâmica da aplicação desses fundamentos, tanto em nível básico, como avançado. Tais explanações devem ser acompanhadas, inalienavelmente, da aplicação prática de ações de manejo e controle da arma (saque, recargas e solução de panes, dentre outras), da aplicação de técnicas de tiro e de condutas táticas em ambientes de confronto, o que inclui o processo de decisão entre atirar ou abortar o disparo.

Nesse mister, os fundamentos de tiro devem ser sempre lembrados, bem como destacadas as diferenças entre o tiro policial e o tiro de precisão22, e a necessidade de adaptações imediatas, de ordem física e

22 Tiro de precisão: espécie de tiro onde não se encontram presentes as condições obser-vadas em um confronto policial. Normalmente praticado em competições esportivas, ou na fase básica da formação profissional.

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Guia do Treinamento Policial Básico

psicológica, que envolvem o confronto com armas de fogo.O policial deve estar ciente, ainda, de que sua arma é um instrumento de preservação da vida. Sendo assim, o disparo potencialmente letal só será justificável quando estiver em jogo esse bem juridicamente tutelado e, para tanto, no cumprimento de seu dever, deve estar em condições de discernir, de imediato, sobre a presença dessa ameaça no ambiente da ocorrência.

Ao disparar sua arma, o policial militar deve considerar, primordialmente, a obrigatoriedade legal e moral de se preocupar em preservar, além da sua vida, a de terceiros, buscando evitar que estes possam ser atingidos por “balas perdidas”, partidas inclusive de sua própria arma, por erro de precisão.

Além disso, a intenção do policial, ao disparar sua arma de fogo contra um agressor, jamais deve ser a morte, mas sim a defesa da vida ameaçada, mesmo que essa possibilidade esteja potencialmente presente.

O treinamento do tiro policial deve ser suficiente para induzir esse sentimento e essa percepção, para que o profissional tenha tais princípios arraigados em sua mente. E deve, ainda, conduzi-lo ao condicionamento de seus reflexos para que esteja apto a responder, ou antecipar-se, à agressão, da forma mais adequada.

Decidindo por atirar, deve saber que não há padrão que defina ou limite a quantidade de disparos necessários a cessar uma ação agressora contra a vida, mas certo é que ele deve estar muito bem preparado para que resolva a situação com o menor número de disparos possível.

Dominar e aplicar, com efetividade, os fundamentos do tiro policial e as táticas empregadas, pode fazer a diferença entre o sucesso e o fracasso em uma situação de confronto real, o que deve representar uma menor exposição ao risco para as pessoas envolvidas, com uma ótima capacidade de resposta.

A ARMA DE FOGO DO POLICIAL É“INSTRUMENTO DE PRESERVAÇÃO DA VIDA.”

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Biênio 2012-2013

10 TREINAMENTO COM ARMA DE FOGO

10.1 CONCEITOS E TÉCNICAS PARA O TIRO POLICIAL AVANÇADO

As subseções a seguir tratam das técnicas avançadas voltadas para o tiro policial. Didaticamente, são descritas uma a uma: postura, empunhadura, respiração, pontaria e acionamento do gatilho. Porém, a efetividade da precisão em disparos rápidos depende de sua aplicação de forma conjunta.

10.1.1 Posições de arma

Antes de descrever os procedimentos técnicos para o tiro, é importante que o policial militar conheça os conceitos e saiba empregar, corretamente, as quatro posições de arma definidas como padrões na PMMG.

a) Posição 1 – arma localizada: posição em que a arma é mantida no coldre, mas é empunhada pelo policial, objetivando facilitar seu em-prego em caso de necessidade. O coldre é desabotoado e/ou destrava-do, dependendo do modelo, e a arma é empunhada com a “mão forte” (FIG. 58).

FIGURA 58 – Policial de pé ado-tando a posição 1

Fonte: Minas Gerais, 2011d.

b) Posição 2 - arma em guarda baixa: fora do coldre e já empunhada com as duas mãos, a arma é posicionada na altura do tórax, com o cano dirigido para baixo em um ângulo de 45 graus. Os dois braços apoiam-se nas laterais do abdômen. Deve-se atentar para

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Guia do Treinamento Policial Básico

que o cano da arma não esteja voltado para o próprio corpo do policial, nem para outro que, porventura, esteja à sua frente. Neste caso, a arma deverá estar voltada para um dos lados, dependendo do momento tático (FIG. 59).

FIGURA 59 – Policial de pé com arma na posição 2

Fonte: Minas Gerais, 2011d.

c) Posição 3 – arma em guarda alta: fora do coldre e já empunhada com as duas mãos, a arma é posicionada na altura do queixo, com o cano dirigido para frente, em ângulo de 30 graus abaixo da linha horizontal (FIG. 60). A arma já estará devidamente empunhada, o permite rapidez caso seja necessário efetuar disparos.

FIGURA 60 – Policial de pé com arma na posição 2

Fonte: Minas Gerais, 2011d.

As posições 2 e 3 são denominadas posturas de retenção, e são intermediárias entre as posições de arma em coldre e pronta resposta. A principal finalidade das posturas de retenção é permitir o uso rápido da arma de fogo com plena segurança, sem a necessidade de apontá-la

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Biênio 2012-2013

para pessoas prematuramente. Atendem ao objetivo tático e possuem 5 (cinco) finalidades comuns:

• reduzir o constrangimento, em caso de abordagem a simples suspeitos (sem confirmação de autoria);

• aumentar a segurança contra disparos acidentais, pois, até que o disparo seja necessário, a arma do policial militar não deverá ser apontada para o abordado;

• ampliar o campo de visão em deslocamentos táticos e nas tomadas de ângulo;

• reduzir o espaço entre o policial e a arma durante a transposição de passagens estreitas;

• evitar, quando da entrada em ambientes fechados ou da tomada de ângulo, que a arma seja tomada pelo infrator.

Quando em postura de retenção, o policial mantém os dois olhos abertos, e olha sempre à frente, com atenção para todo o seu campo visual, sem olhar para a arma. Havendo necessidade de disparar, aponta a arma assumindo a posição de pronta resposta, com um ou os dois olhos abertos (vide o item pontaria). Nesse momento, deve abrigar-se imediatamente, procurando manter sua atenção focada no local de onde parte a ação agressora.

d) Posição 4 – arma em pronta resposta: fora do coldre, apontada para objetivo (FIG. 61). ATENÇÃO: o policial não deve permanecer com a arma em punho durante o seu turno de trabalho; somente quando se fizer realmente necessário.

FIGURA 61 – Policial de pé com arma na posição 4

10.1.2 Posturas

Como regra fundamental, visando à melhor precisão nos disparos, o

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Guia do Treinamento Policial Básico

operador de uma arma de fogo (policial, atirador, civil ou militar) deve adotar uma postura que exija o mínimo possível de esforço dos grupos musculares envolvidos nos gestos do tiro. Desta forma, as essências desse fundamento devem ser estabilidade e conforto muscular.

Mas, durante o combate policial, na maioria das vezes, o policial não conseguirá adotar postura totalmente estável e confortável, como as adotadas, eventualmente, em uma prática de tiro no estande, onde, normalmente, não estão presentes as características de uma situação real.

A obtenção do máximo dessas condições só será plenamente possível quando a execução do tiro não estiver permeada dos riscos e do estresse inerentes a um confronto real, o que dependerá, sempre, da situação em que se deseja ou se necessita realizar o disparo.

Fatores como a presença do risco letal, o tipo de terreno, a presença, ou não, de obstáculos e abrigos disponíveis, o envolvimento ou a proximidade de cidadãos de bem, a necessidade de o policial se manter em uma área de segurança, e o tempo de exposição segura possível, influenciam, sobremaneira, no posicionamento adequado do corpo para o tiro. Desta forma, obviamente, a postura possível não será a mais desejada, mas deve superar, ou, pelo menos, minimizar a ação de tais variáveis.

Contudo, para que consiga fazê-lo da melhor forma, não basta que o policial saiba essa informação. Procedimentos em situações que simulem o estresse real devem ser treinados exaustivamente.

a) De pé

Considerações técnicas – base de pernas e direção e inclinação do torso

Para maximizar o desempenho durante a execução de tiros rápidos e precisos, necessários durante um confronto, estando de pé, é importante uma boa base de pernas, tal como as adotadas em posturas defensivas de defesa pessoal:

pés paralelos, afastados lateralmente, aproximadamente na largura dos ombros; com as pontas voltadas para frente; um dos pés poderá estar em posição mais avançada, mas nunca em uma linha atrás do outro pé, para que não perca o equilíbrio e, consequentemente a estabilidade.

joelhos ligeiramente flexionados (postura de

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Biênio 2012-2013

espera/antecipação à ação ou reação);

torso totalmente voltado para frente (o que evita exposição das partes não cobertas pelo colete à prova de balas, na proximidade dos ombros e abaixo das axilas), com inclinação da parte superior (minimiza a ação do recuo sobre o corpo durante os disparos).

FIGURA 62 – Postura de pé, em pronta resposta, com arma de porte, pés lateralizados

Fonte: Minas Gerais, 2011d.

FIGURA 63 – Postura de pé, em pronta resposta, com arma portátil, pé esquerdo avançado

Fonte: Minas Gerais, 2011d.b) De joelhos

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Guia do Treinamento Policial Básico

Se a posição for de joelhos, apenas um dos joelhos deverá ser apoiado no solo, em substituição a um dos pés. A colocação dos dois joelhos, a não ser que seja estritamente necessária, é desaconselhável, pois minimiza a amplitude e a velocidade dos gestos quando das mudanças de posição, direção, ou necessidade de deslocamento rápido.

FIGURA 64 – Postura de joelhos, em pronta resposta, coma arma de porte, joelho direito no solo

Fonte: Minas Gerais, 2011d.

FIGURA 65 – Postura de joelhos, em pronta resposta, com arma portátil, joelho direito no solo

Fonte: Minas Gerais, 2011d.

c) Deitado

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Biênio 2012-2013

Para o tiro deitado, várias posturas podem ser adotadas, desde o decúbito ventral, passando por posturas laterais, até o decúbito dorsal. Especificamente com arma de porte, em decúbito ventral, que é a mais comum, um giro do corpo na direção do braço que empunha a arma é requerido, bem como a flexão da perna do lado contrário ao lado que empunha a arma, isto para estabilidade e impulso se for necessário (FIG. 66). Nessa postura, o rosto deverá estar apoiado sobre o braço que empunha a arma, com o olho rente a esse membro.

FIGURA 66 – Postura deitado, pronta resposta, em decúbito ventral, com arma de porte

Fonte: Minas Gerais, 2011d.

FIGURA 67 – Postura deitado, pronta resposta, em decúbito dorsal, com arma de porte

Fonte: Minas Gerais, 2011d.

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Guia do Treinamento Policial Básico

FIGURA 68 – Postura deitado, pronta resposta, lado direito, com arma de porte, com uso de abrigo

Fonte: Minas Gerais, 2011d.

FIGURA 69 – Postura deitado, pronta resposta, lado direito, com arma de porte, com uso de abrigo

Fonte: Minas Gerais, 2011d.

Em todas as posturas, o braço que empunha a arma deverá estar quase estendido, apenas com leve flexão do cotovelo.

10.1.3 Empunhadura

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A empunhadura da arma varia de acordo com a postura de tiro adotada no momento.

a) Empunhadura nas posições de pé e de joelhos

• Com arma de porte: os braços deverão estar voltados para a direção do objetivo, com ligeira flexão de cotovelos, os quais deverão ser projetados para baixo e aduzidos (forçados na direção do plano sagital23 médio do corpo). Isso minimiza a movimentação involuntária da mão para baixo, que ocorre, por ansiedade, no momento imediato que antecede a cada disparo, e permite tiros rápidos e mais precisos (FIG. 64). A posição das mãos na empunhadura da arma deve obedecer ao representado na FIG. 70, a seguir, sem forçar os polegares contra a arma. A mão de apoio segura o punho da arma e os três dedos da mão forte (que empunha a arma), abaixo do guarda-mato, utilizando a região hipotenar em oposição de esforços aos quatro dedos restantes.

FIGURA 70 - Tomada da empunhadura com arma de portea) b)

c) d)

Fonte: Minas Gerais, 2011d.

• Com arma portátil: uma das mãos deverá segurar o delgado ou o punho da arma, e a outra, o guarda mão ou telha. A flexão de cotovelos dependerá da distância entre essas estruturas, mas esses deverão ser projetados para baixo e aduzidos (forçados na direção do plano sagital médio). Isso minimiza os efeitos da movimentação

23 Plano sagital médio: plano referencial imaginário que divide o corpo humano em suas metades esquerda e direita.

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Guia do Treinamento Policial Básico

involuntária da mão para baixo e permite disparos rápidos mais precisos (FIGURAS 63 e 65).

b) Empunhadura na posição deitado

Para o tiro deitado, a empunhadura é semelhante à adotada nas demais posições (FIGURAS 66 a 69), diferenciando-se, apenas, pelo apoio dos braços sobre o solo que permite menor oscilação e maior precisão.

c) Acionamento do gatilho x empunhadura

No momento do acionamento do gatilho com armas de porte, a força na mão que empunha a arma deve representar, somente, 20% de toda a força na empunhadura, e deve servir, basicamente, apenas para acionar o gatilho. Cerca de 80% da força na empunhadura deve se concentrar na mão de apoio.

Com armas portáteis, para disparos rápidos mais precisos, a mão que empunha o guarda-mão ou telha deve forçar a arma para trás, na direção do apoio da coronha no corpo.

10.1.4 Pontaria

Esse é um dos fatores mais polêmicos quando o assunto é o tiro policial. Alguns especialistas citam com mais efetiva a pontaria feita com os dois olhos abertos, com foco visual no objetivo. Outros, da pontaria monocular, com utilização do aparelho de pontaria e foco na massa de mira.

Entende-se que todas as duas formas só serão efetivas se treinadas à exaustão, em condições estressantes, e taticamente semelhantes às do confronto real. Se as condições de treinamento não tiverem sido ideais, ou seja, se o policial não tiver sido condicionado de forma realista, as chances de errar os disparos serão iguais, seja utilizando a pontaria binocular, seja a monocular.

Um detalhe importantíssimo deve ser observado quando da utilização de arma portátil: ao utilizar a pontaria binocular com esse tipo de arma, ela deve ser apoiada no ombro correspondente ao lado do olho diretor. Se do contrário for, uma falsa impressão de pontaria correta fará com que o disparo atinja à direita (olho diretor direito e arma no lado esquerdo), ou à esquerda (olho diretor esquerdo e arma no lado direito) do ponto visado no objetivo. E quanto maior a distância, maior o erro. O operador de arma portátil deverá treinar e se adaptar à sua condição fisiológica.

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10.1.5 Acionamento do gatilho

Ao acionar o gatilho para disparos rápidos sequenciais, o policial deverá treinar para que não dê arrancos no gatilho. O aumento da pressão no gatilho é semelhante ao feito durante o tiro de precisão. A diferença é que este é realizado de maneira mais rápida, agregando-se os detalhes técnicos de empunhadura citados em 10.1.2, para minimizar possíveis movimentações das mãos, que são normais de ocorrerem quando a velocidade nos disparos é requerida.

10.1.6 Respiração

Diferentemente do tiro de precisão, a respiração durante um confronto com armas de fogo não permite apneia. Os fatores de estresse que envolvem esse tipo de ação (surpresa, susto, medo, esforço físico, dentre outros) exige oxigenação constante do corpo e do cérebro, para que as reações e reflexos do policial não sejam prejudicados pelos efeitos decorrentes da baixa pressão desse gás contra a elevação da pressão do CO. O treinamento deve permitir que o operador da arma de fogo consiga dispará-la, com precisão, suprindo seu débito respiratório por meio de hiperventilação.

10.1.7 Concentração mental

Para que seja eficiente no tiro, o policial deve ser condicionado a atingir uma condição que, na arte marcial japonesa, é conhecida pelo termo kime24: a energia do corpo para o disparo deve partir de todos os segmentos do corpo, desde a cabeça até os pés, e se direcionar para os braços e para as mãos, como se o desejo do operador fosse lançá-la na direção do objetivo (oponente ou alvo de treinamento), como um golpe. Isso implica em dizer, em termos práticos, que a força do corpo, durante uma sequência de tiros rápidos, deve se concentrar nos braços e nas mãos.

10.2 PROCEDIMENTOS DE SEGURANÇA COM ARMAS DE FOGO E MUNIÇÕES

a) Mantenha, sempre, o dedo fora do gatilho e fora do guarda-mato, estendido e apoiado na armação, a não ser que o disparo seja

24 Kime: termo japonês (pronuncia-se “kimê”) usado em artes marciais para identificar o “foco”, a “concentração”, da força e dos gestos físicos no momento exato da aplicação da técnica. Esse foco depende, normalmente, das forças musculares requeridas e do objeti-vo do gesto.

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Guia do Treinamento Policial Básico

necessário;

b) Preocupe-se, sempre, com o direcionamento do cano de sua arma, evitando que seja apontada para algo que você não queira ou não possa atingir: pessoas, animais, objetos, ou coisas;

c) Em serviço, utilize armas de fogo e munições pertencentes à carga da PMMG, disponíveis nas respectivas reservas de material bélico, e definidas no Manual de Armamento Convencional da PMMG;

d) Não utilize munições recarregadas em serviço ou em defesa própria;

e) As armas de fogo e munições utilizadas não devem causar danos ou lesões desnecessárias;

f) Não altere as condições originais de armas e munições;

g) Somente utilize armas de fogo para as quais tenha sido treinado e habilitado;

h) Leia cuidadosamente todas as instruções e recomendações de segurança de cada arma ou munição a ser utilizada;

i) Considere e manuseie, a todo momento, qualquer arma de fogo, como se estivesse carregada;

j) Ao receber uma arma de fogo, tenha como rotina verificar se ela está em perfeitas condições de funcionamento;

k) Direcione o cano da arma de fogo para a “caixa com areia”, ou outra direção segura, durante o manejo;

l) Armas de fogo devem ser guardadas descarregadas e em locais seguros, não sendo permitido o acesso de pessoas sem autorização.

10.3 ORIENTAÇÕES PARA TCAF - ESTAÇÃO DE TREINAMENTO

10.3.1 Saque e recondução da arma ao coldre

Como regra, o policial deve evitar a necessidade do saque de última

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hora, antecipando-se às ações de um eventual oponente. A melhor escolha é sacar a arma no caminho para o local onde um confronto seja iminente, deixando a arma em condições de uso, e já previamente empunhada.

Diante da surpresa do confronto, o saque deve ser dinâmico, ágil e exato, aumentando as chances de impossibilitar ou reduzir o impacto da ação do agressor. Para tal, é necessário observar e treinar uma sequência de fases técnicas.

Para localizar a arma, o policial deverá utilizar o polegar como orientador; após tê-la localizado, deverá fazer força no sentido do coldre e abraçar o punho da arma, a fim de que haja uma perfeita empunhadura.

Deve ser treinado sempre em conjunto com o destravamento, caso a arma esteja no coldre nessa condição. Alvos devem ser utilizados para esse treinamento, de modo que o policial, após sacar e empunhar a arma, imediatamente faça a pontaria.

A ser coldreada, o policial deverá estar condicionado a não olhar para a arma ou para o coldre, procurando manter sua atenção voltada para uma possível ameaça. Também não deve auxiliar o coldreamento com a mão fraca (abrir o coldre com a mão fraca), para que não aponte a arma para sua mão.

10.3.2 A importância de uma boa inspeção da munição

Munição defeituosa pode comprometer, sobremaneira, o funcionamento da arma, principalmente se esta for automática ou semi-automática. Sabendo disso, é fundamental que o policial faça a inspeção em todos os cartuchos, verificando quanto à presença dos seguintes defeitos:

• estojo amassado, rachado ou com mossas;• virola deformada;• projétil ensacado (afundado no estojo);• projétil solto ou deformado;• munição com características diferentes da munição real.

10.3.3 Recargas

Recarga é o ato de realimentar e recarregar a arma quando a quantidade de munição se reduz perigosamente, ou se esgota totalmente no carregador inserido na arma (pistola, carabina, espingarda, submetralhadora ou fuzil) ou, no caso do revólver, em seu

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Guia do Treinamento Policial Básico

tambor. Há duas possibilidades de recarga durante um enfrentamento policial, tratadas nos itens a seguir.

a) Recarga rápida com pistolas semiautomáticas

É utilizada quando a munição na arma se esgota durante o confronto, devendo ser recompletada de imediato. Constatado o esgotamento (FIG. 71a), o carregador vazio deve ser liberado com pressão sobre seu retém.

Após o acionamento do retém do carregador, esse será liberado por ação da gravidade, ao mesmo tempo em que outro carregador será retirado do porta-carregador do cinto de guarnição. O dedo indicador deve ser mantido estendido ao longo do carregador (FIG. 71b).

FIGURA 71 - Sequência de uma recarga rápida com pistola semi-automática (a) arma vazia (b) liberação do carregador vazio e retirada do carregador municiado do porta-carregador

a) b)

Fonte: Minas Gerais, 2011d.

A arma é trazida para próximo do corpo, sendo mantida, aproximadamente, na altura do rosto, e girada levemente na direção do carregador que será inserido. No momento de inserir o novo carregador, com a arma nessa posição, o policial consegue visualizar sua arma sem perder o foco na ameaça. (FIGURA 72 a, b e c).

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FIGURA 72 - Sequência de uma recarga rápida com pistola semi-automática (a) carregador municiado sendo levado (b) carregador municiado sendo inserido (c) arma fechada e carregada

a) b)

c)

Fonte: Minas Gerais, 2011d.

b) Recarga tática

É realizada quando, em determinado momento do enfrentamento, após ter sido disparada, a arma está carregada e possui cartuchos no carregador, mas ainda existe a possibilidade de novo enfrentamento. Sendo assim, é necessária a realimentação com um carregador cheio.

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Guia do Treinamento Policial Básico

Para tanto, o policial deve estar abrigado. Deve, primeiramente, retirar o carregador cheio de seu compartimento, no cinto de guarnição e mantê-lo seguro pelos dedos. Logo após, acionar o retém do carregador e retirar o carregador vazio, segurando-o pela palma da mão (FIG. 73 a e b).

Após um pequeno giro, o carregador cheio é inserido na arma (FIG. 73 c e d). Para evitar equívoco em uma eventual nova recarga, o carregador retirado NÃO volta para o porta-carregador. Este é colocado no bolso, na cintura ou dentro da camisa.

FIGURA 73 - Sequência de uma recarga tática com pistola (a) retirada do carregador (b) retirada do carregador (c) giro da mão (d) inserção do carregador cheio

a) b)

c) d)

Fonte: Minas Gerais, 2011d.

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TREINAMENTO ETESTE DE AVALIAÇÃO FÍSICA

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Biênio 2012-2013

APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA

Uma tendência dominante no campo da Educação Física estabelece uma relação entre a prática da atividade física e a conduta saudável. Nesse sentido, Matsudo e Matsudo (2002) relatam que os principais be-nefícios à saúde, advindos da prática de atividade física, referem-se aos aspectos de boa qualidade de vida (social, sexual, psicológico) melho-rando, ainda, o sistema cardiorrespiratório, circulatório e digestório.

O exercício da profissão policial-militar requer, em todos os seus aspectos, sejam operacionais ou administrativos, higidez e condicionamento físicos capazes de conferir ao policial resistência a fadiga e capacidade de atuação em situações adversas. O policial bem condicionado tende a produzir mais, com menos desgaste, relação esta que conduz a maiores níveis de satisfação pessoal e profissional.

A atuação da PMMG nos grandes eventos, no caso esportivos, remete à reflexão sobre o condicionamento físico, não só pela natureza do evento, como também pela importância deste condicionamento na vida profissional e pessoal. Nesse sentido, e considerando todo o sistema de Treinamento da PMMG, torna-se fundamental oportunizar aos policiais militares o contato com procedimentos relativos ao condicionamento físico assim como avaliar o condicionamento físico dos policiais militares do Estado, não pela simples avaliação, mas para favorecer um diagnóstico sobre o papel de cada Unidade da PM, na continuidade do treinamento de Educação Física. Além disso a disciplina permite incentivar, cada policial a perceber a necessidade de se manter bem condicionado, consciente dos reflexos deste treinamento também em sua qualidade de vida.

No TPB o biênio, além da aplicação de um Teste de Avaliação Física (TAF), o conteúdo da disciplina objetiva oferecer ao policial militar ori-entações para um treinamento físico eficiente, o qual deve ser realiza-do com o acompanhamento e monitoramento do Oficial de Educação Física da sua unidade, bem como conscientizá-lo da importância da prática de atividade física para a qualidade de vida.

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Guia do Treinamento Policial Básico

11 TREINAMENTO E TESTE DE AVALIAÇÃO FÍSICA

11.1 CONCEITOS BÁSICOS

Antes de iniciar as técnicas do treinamento para o Treinamento para Avaliação Física (TAF) é necessário conhecer alguns conceitos básicos do treinamento físico.

11.1.1 Princípios do treinamento esportivo

a) Individualidade biológica: particularidade de resposta de cada indivíduo ao treinamento.

b) Adaptação: condições do meio ambiente e acomodação à atividade física.

c) Sobrecarga: força superior àquela que se encontra regularmente na vida cotidiana.

d) Continuidade: sequência no treinamento.

e) Volume e intensidade: tempo de duração do treino e maior trabalho por unidade de tempo.

f) Especificidade: exercício específico.

11.1.2 Zona alvo ou zona de treinamento

A zona alvo é o intervalo ideal de frequência cardíaca em que uma pessoa poderá realizar exercícios físicos dentro de uma condição segura, confortável e controlada sem riscos para a saúde. Por isso, é importante não deixar de realizar o treinamento dentro da zona alvo. Caso surja dúvida em calcular a zona alvo, o militar poderá procurar o responsável pela Educação Física da sua Unidade.

Para calcular a zona alvo de treinamento, é preciso, inicialmente, calcular a frequência de repouso e a frequência cardíaca máxima. A frequência cardíaca é o principal apontador de fadiga muscular, exaustão na atividade física e uma possível indicadora de acidentes cardiovasculares, podendo ser medida através do pulso nas artérias temporal, carótida e radial, ou através de monitor de frequência cardíaca.

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Para calcular a frequência de repouso basta localizar o batimento de uma das artérias, contar durante 15 segundos e multiplicar por 4. Exemplo: em 15 segundos, uma pessoa conta 20 batimentos. Ao multiplicar esse valor por 4, tem-se o resultado da frequência de repouso dessa pessoal igual a 80 batimentos por minuto.

A fórmula para calcular a frequência cardíaca máxima é:

Frequência cardíaca máxima (Fc Max) = 220 – idadeExemplo: a frequência máxima cardíaca de um militar com 20 anos de idade é igual a 220 – 20 = 200 bpm.

Para o cálculo da zona alvo, é necessário utilizar o percentual da frequência cardíaca indicada para cada nível de condicionamento conforme QUADRO 12.

QUADRO 12Intervalo de Zona Alvo de Treinamento

Intervalo da zona alvo a ser trabalhada Nível de condicionamento60% a 70% Sedentário70% a 80% Fisicamente ativo80% a 90% Atleta

Fonte: ACMS.

Utilizando a frequência cardíaca, cada militar poderá calcular sua zona alvo, conforme fórmula abaixo:

Zona Alvo = (Frequência cardíaca máxima – Frequência cardíaca de repouso) x (% da zona Alvo a ser trabalhada) +

Frequência de repousoA título de exemplo, segue o cálculo da zona alvo de uma pessoa sedentária, de 25 anos de idade:

Fc Max = 195 (220 – 25 = 195 bpm)Fc Repouso = 75 bpm Zona alvo = (195 – 75) x 0,60 + 75Zona alvo = 120 x 0,6 + 75Zona alvo (intervalo inferior) = 147 bpm (batimentos por minuto)Zona alvo= (195 – 75) x 0,70 + 75Zona alvo = 120 x 0,70 + 75 Zona alvo (intervalo superior) = 159 bpm

onde:Fc Max = frequência cardíaca máxima e Bpm = batimento por minuto.

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Guia do Treinamento Policial Básico

Logo, a zona alvo desta pessoa está entre 147 a 159 bpm, ou seja, para garantir segurança e controle de seu treinamento, ela poderá exercitar de forma que seus batimentos cardíacos fiquem entre 147 a 159 bpm.

11.1.3 Cálculo do índice de massa corporal (IMC)

O Índice de Massa Corporal é uma medida do grau de obesidade de uma pessoa, permitindo saber se alguém está acima ou abaixo dos parâmetros ideais de peso para sua estatura. A fórmula para cálculo do IMC é a seguinte:

IMC = kg/h² (Quilograma dividido por altura ao quadrado).

A título de exemplo, segue o cálculo de IMC para um militar que pesa 70 Kg e tem uma altura de 1,70.IMC = 70/1,7², se 1,7 x 1,7 =2,89IMC = 70/2,89

IMC =24,2

De acordo com a QUADRO 13 ele esta na classificação 'Aceitável'.

QUADRO 13Índice de Massa Corporal

TABELA DO I.M.C.

CLASSIFICAÇÃO I.M.C.

BAIXO Menos de 18,5ACEITÁVEL OU IDEAL De 18,5 a 24,9

OBESIDADE LEVE De 25,0 a 29,9OBESIDADE MODERADA De 30,0 a 39,9

OBESIDADE SEVERA 40,0 ou maisFonte: Organização Mundial de Saúde.

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11.1.4 Cálculo da relação cintura/quadril

A relação cintura/quadril é um indicador de concentração de gordura na região abdominal que implica em risco de problemas coronarianos, hipertensão arterial, diabetes, entre outras doenças crônico degenerativo. Para calcular, basta medir com uma fita métrica os valores da cintura e quadril e, em seguida, dividir o valor da medida da cintura pelo valor da medida do quadril. Exemplo: um militar de 39 anos de idade mediu sua cintura e encontrou o valor de 90 cm e seu quadril 100 cm. Logo: IMC = 90/100 = 0,90. De acordo com o QUADRO 14, seu risco é moderado para problemas coronarianos e outros.

QUADRO 14Relação Cintura-Quadril

(Continua)TABELA CINTURA QUADRIL

Relação entre a cintura e o quadril

IDADERISCO

BAIXO MODERADO ALTO MUITO ALTO

HOMENS20 a 29 < 0,83 0,83 a 0,88 0,89 a 0,94 > 0,9430 a 39 < 0,84 0,84 a 0,91 0,92 a 0,96 > 0,9640 a 49 < 0,88 0,88 a 0,95 0,96 a 1,00 > 1,0050 a 59 < 0,90 0,90 a 0,96 0,97 a 1,02 > 1,0260 a 69 < 0,91 0,91 a 0,98 0,99 a 1,03 > 1,03

QUADRO 14Relação Cintura-Quadril

(Conclusão)TABELA CINTURA QUADRIL

Relação entre a cintura e o quadril

IDADERISCO

BAIXO MODERADO ALTO MUITO ALTO

MULHERES20 a 29 < 0,71 0,71 a 0,77 0,76 a 0,83 > 0,8230 a 39 < 0,72 0,72 a 0,78 0,79 a 0,84 > 0,8440 a 49 < 0,73 0,73 a 0,79 0,80 a 0,87 > 0,8750 a 59 < 0,74 0,74 a 0,81 0,82 a 0,88 > 0,8860 a 69 < 0,76 0,76 a 0,83 0,84 a 0,90 > 0,90

Fonte: <http://www.portaldaatividadefisica.com.br>. Acesso em: 6 dez. 2011.

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Guia do Treinamento Policial Básico

11.2 TREINAMENTO ESPORTIVO

11.2.1 Treinamento para barra fixa

A técnica mais utilizada é a famosa “roubada”, que consiste em um militar executar o movimento de subida na barra, tendo, neste momento, a ajuda de uma segunda pessoa, que o auxiliará empurrando-o pelas costas, e, o movimento de descida, o militar realiza-o sozinho.

Esta técnica justifica-se pelo fato de que existem fases do movimento para recrutar unidades motoras: as fases concêntricas, excêntricas e isométricas. Quando temos uma ajuda para fazer a força, seria a fase concêntrica e, ao retornarmos sozinho, teremos maior recrutamento de unidades motoras fase excêntrica, ou seja, a volta provoca muito mais estímulo ao músculo.

O militar também poderá realizar alguns treinamentos de musculação que ajudam a fortalecer a musculatura utilizada na execução destes movimentos. Os aparelhos de musculação recomendados são: Gravitron, Remada Baixa e Pulley. O QUADRO 15 apresenta um programa de treinamento para barra fixa.

QUADRO 15Treinamento para a prova de barra fixa

Dia da Seman

a

Primeiro Mês Segundo Mês Terceiro Mês

1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª 8ª 9ª 10ª

11ª

12ª

Seg F F G G H H H GH GH GH GH GHQuar F F G G H H H GH GH GH GH GHSexta F F G G H H H PT GH GH GH PT

Legenda:F = Flexão na barra fixa, 3 séries de 3 repetições com ajuda. Intervalo de descanso de 1min.G = Flexão na barra fixa, 3 séries de 3 repetições a primeira sem ajuda e o restante com ajuda com intervalo de descanso de 1min. H = Barra sem leve: 02x04 repetições (02 min descanso) e Barra com leve: 02 x 06 repetições (02 min descanso). GH = Barra sem leve: 02 x 06 repetições (02 min descanso) e barra com leve: 02 x 08 repetições (02 min descanso). PT= Pré-teste de barra fixa.Tempo estimado: 10 min.

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11.2.2 Treinamento para flexão abdominal

A melhor técnica é a “roubada”, executando repetições até chegar à fadiga. O militar na posição de abdominal executa o movimento de subida com ajuda de uma pessoa e o movimento de descida é executado sozinho. Desta maneira, será possível uma boa sobrecarga e o aumento do número das unidades motoras.

Aumentado a resistência à fadiga, aumenta-se o número de repetições e, quanto mais lento o movimento for executado, maior será a força. O QUADRO 16 apresenta um programa de treinamento para flexão abdominal.

QUADRO 16Treinamento para a prova de abdominais

Dia da Seman

a

Primeiro Mês Segundo Mês Terceiro Mês

1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª 8ª 9ª 10ª 11ª 12ª

Segunda

I I J J L L K K K M M PT

Quarta I I J J L L K K K M M M

Sexta I I J J L L K PT K M M MLegenda: I = Abdominal reto: 03x20 repetições (01 min de descanso).J = Abdominal reto: 03x25 repetições (01 min de descanso).L = Abdominal reto: 03x30 repetições (01 min de descanso).K = Abdominal Máx. em 01minuto: 02 sériesx01 min de descanso.M = Abdominal Máx. em 01minuto: 03 sériesx01 min de descanso.PT = Pré-teste de abdominal.Tempo estimado: 10 min.

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Guia do Treinamento Policial Básico

11.2.3 Treinamento para a corrida de 200 metros

É necessário, primeiramente, melhorar as técnicas de movimentos de braços e pernas durante a corrida (aplicativos). Existem alguns exercícios que auxiliam nesta melhora. Um deles é o movimento de braço para frente e para trás, posicionando o braço colado ao corpo e fazendo um angulo de 90º com o antebraço. Ressalta-se que o movimento com os braços devem ser feitos em linha reta, ou seja, de forma que um braço não cruze o outro. O outro é o movimento das pernas. Elevam-se as pernas sucessivamente à frente formando um ângulo de 90º, similar a um movimento de marcha. Outra forma seria elevar os calcanhares quase à altura do glúteo e o corpo inclinado para frente. É preciso que os movimentos com os braços deverão ser realizados simultâneos aos das pernas que estarão em deslocamento.

Após melhoria das técnicas de movimentos, realiza-se o treinamento propriamente dito. Inicia-se realizando pequenos tiros de 40 m, 50 m, 100 m, 150 m, até chegar a 200 m em torno de 10 tiros para cada sessão de treino, com intervalo de até 3 minutos entre os tiros. Para cada metragem o treinamento deverá ser repetido num intervalo de, pelo menos, 2 semanas e, no mínimo, 3 vezes por semana.

A tática é exigir em torno de 80 a 90% da capacidade máxima (frequência cardíaca máxima), de forma a não haver um grande acúmulo de lactato (hormônio de pouca produção de energia) e, no final, evitando a não contração muscular. O QUADRO 17 apresenta um programa de treinamento para a corrida de 200 metros.

QUADRO 17Treinamento para a prova de corrida de 200 m

Dia da Seman

a

Primeiro Mês Segundo Mês Terceiro Mês

1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª 8ª 9ª 10ª

11ª

12ª

Seg N N O O Q Q R R PT S T T

Quar N N O O Q Q R R Q S T T

Sexta N N O O Q Q R PT S S T PTLegenda (Continua):N = 03 aplicativos para técnica e velocidade (movimento de braço, corrida com elevação de joelho, corrida com calcanhares no glúteo, alta intensidade) e 07 arrancadas.O= 03 aplicativos para técnica e velocidade (movimento de braço, corrida com aumento da passada, alta intensidade) e 04 tiros de 50 m com 100% FC Max.Q = 03 aplicativos para técnica e velocidade (corrida lateral, corrida com flexão da perna, alta intensidade) e treinamento em escada.R = 03 aplicativos para técnica e velocidade (movimento de braço, corrida com aumento

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Biênio 2012-2013

da passada, alta intensidade) e 03 tiros de 100 m com 100% FC Max.Legenda – Quadro 17 (Conclusão):S = 03 aplicativos para técnica e velocidade (movimento de braço, corrida com elevação do joelho, alta intensidade) e 02 tiros de 200 m com 100% FC Max.T = 04 tiros de 200 m com 80 a 90% FC Max.PT = Pré-teste de 200 m.Tempo estimado: 10 min.

11.2.4 Treinamento para a corrida em 2400 metros

Existem vários métodos, destacando-se:

a) Método Contínuo: sem interrupção, ou seja, correr 2.400 metros em um só ritmo; ritmo cadenciado (60 a 80% Fc Max).

b) Método Contínuo Variado: com intensidade variada (70 a 85% Fc Max). Correr variando a velocidade.

c) Método Fracionado Repetitivo: exercícios com intensidade máxima ou próxima da máxima (tiros 400 m, 800 m com recuperação de 3 a 5 min.); melhora o desempenho na corrida em 2400 metros (90% a 100% Fc Max).

d) Fracionado Intervalado: grande volume e baixa intensidade de trabalho (intervalos incompletos de recuperação); tiros de 800 e 1200m com intervalo de até 8 min. (80 a 90 % Fc Max).

e) Fartlek: Brincar de correr – a intensidade do treinamento é determinado pelo atleta, variando o ritmo da corrida de acordo com sua percepção, ou seja, correr subindo e descendo morros.

f) Polimento: manutenção.

Para todo treinamento, o mínimo de sessões semanais é de três vezes por semana. O QUADRO 18 apresenta um programa de treinamento para a corrida de 2400 metros e o QUADRO 19 um programa geral.

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Guia do Treinamento Policial Básico

QUADRO 18Treinamento para a Prova dos 2.400 m

Dia da Seman

a

Primeiro Mês Segundo Mês Terceiro Mês

1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª 8ª 9ª 10ª

11ª

12ª

Segunda

A A B B C C D D E E E P

Quarta A A B B C C D D E E E P

Sexta A A B B C C D PT E E E PTLegenda (Continua): A = 30 minutos de corrida contínua (60 a 80% FC Max).B = 30 minutos de corrida contínua variada (70 a 85% FC Max).Legenda – Quadro 18 (Conclusão):C = 30 minutos de fartlek (70% a 85% FC Max).D = Treinamento Intervalado: 03 séries de 400 m de corrida com 80% a 90% FC Max com 02 minutos de descanso.E = Treinamento fracionado repetitivo: 06 séries de 400 m com 90% a 100% FC Max com 03 a 05 minutos de descanso.P = Polimento: 15 minutos de corrida a 70% a 80% FC Max.PT = Pré-teste de 2400 m.Tempo estimado: 30 min.

11.2.5 Treinamento geral

QUADRO 19Treinamento Geral

Dias da Seman

a

Primeiro Mês Segundo Mês Terceiro Mês

1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª 8ª 9ª 10ª 11ª

12ª

Segunda

A A B B C C D D E F F G

Quarta A A B B C C D D E F F G

Sexta A A B B C C D PT1 E F F PT2Legenda: A = Pulley Costas e Rem.: 03x15 repetições (50% 1RM, 40 seg de descanso) e Barra c/ Leve: 03x03 repetições (01min de descanso), Abdominal reto: 03x20 repetições (01 min de descanso), 03 aplicativos para técnica e velocidade (movimento de braço e perna, corrida com elevação de joelho, alta intensidade) e 07 arrancadas, 30 minutos de corrida contínua (60% a 70% FC Max).B = Pulley Costas e Rem. Baixa: 03x15 repetições (60% 1RM, 40 seg de descanso) e Barra c/ Leve: 03x04repetições (01min de descanso), Abdominal reto: 03x25 repetições (01 min de descanso), 03 aplicativos para técnica e velocidade (movimento de braço e perna, corrida com aumento da passada, alta intensidade) e 04 tiros de 50 m com 100% FC Max, 30 minutos de corrida contínua variada (70% a 85% FC Max).C = Pulley Frente e Graviton: 03x10 repetições (70% 1RM, c/ 1 min. descanso) e Barra c/ Leve: 03x06 repetições (01 min de descanso), Abdominal reto: 03x30 repetições (01 min

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Biênio 2012-2013

de descanso), 03 aplicativos para técnica e velocidade (corrida lateral, corrida com flexão da perna, alta intensidade) e treinamento em escada, 30 minutos de fartlek (70% a 85% FC Max).D = Pulley Frente e Graviton: 03x10 repetições (80% 1RM, c/ 1 Min. descanso) e Barra c/ Leve: 03x08 repetições (01 min de descanso), Abdominal Máx em 01minuto: 02 sériesx1 min de descanso, 03 aplicativos para técnica e velocidade (movimento de braço e perna, corrida com aumento da passada, alta intensidade) e 03 tiros de 100 m com 100% FC Max, Treinamento Intervalado: 06 séries de 400 m de corrida com 80% a 90% FC Max com 02 minutos de descanso.E = Barra sem leve: 02x08 repetições (02 min descanso) e Barra com leve: 02 x 10 repetições (02 min descanso), Abdominal Máx em 01minuto: 02 sériesx1 min de descanso, 3 aplicativos para técnica e velocidade (corrida lateral, corrida com flexão da perna, alta intensidade) e treinamento em escada, treinamento Repetitivo: 06 séries de 400 m com 90% a 100% FC Max com 03 minutos de descanso.F = Barra sem leve: 02x08 repetições (02 min descanso) e Barra com leve: 02 x 08 repetições (02 min descanso), Abdominal Máx em 01minuto: 03 sériesx1 min de descanso, 03 aplicativos para técnica e velocidade (movimento de braço, corrida com elevação do joelho, alta intensidade) e 02 tiros de 200 m com 100% FC Max, Repetitivo: 06 séries de 400 m com 90% a 100% FC Max com 03 minutos de descanso.Legenda – Quadro 19 (Conclusão):G = Barra sem leve: 02x08 repetições (02 min descanso) e Barra com leve: 02 x 10 repetições (02 min descanso), Abdominal Máx em 01minuto: 03 sériesx01 min de descanso, 04 tiros de 50 m com 100% FC Max, Polimento: 15 minutos de corrida a 80% a 90% FC Max.PT1 = Pré-teste de abdominal e 200 m.PT2 = Pré-teste de barra fixa e 2400 m.Tempo estimado: 01 hora.

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228

Guia do Treinamento Policial Básico

11.3TABELAS DO TESTE DE AVALIAÇÃO FÍSICARESOLUÇÃO Nº 3.321/1996

11.3.1 Abdominais

TABELA 1FORÇA MUSCULAR DE ABDÔMEM – FLEXÃO ABDOMINAL (MASCULINO)

FAIXA ETÁRIAAté 20 21/25 26/30 31/35 36/40 41/45 46/50 51/55

CLASSIF.A 55 53 51 49 47 45 43 40B 47 a 54 45 a 52 43 a 50 41 a 48 39 a 46 37 a 44 35 a 42 32 a 39C 40 a 46 38 a 44 36 a 42 34 a 40 32 a 38 30 a 36 26 a 34 23 a 31D 35 a 39 33 a 37 31 a 35 28 a 33 26 a 31 24 a 29 22 a 25 18 a 22E Até 34 Até 32 Até 30 Até 27 Até 25 Até 23 Até 21 Até 17

Legenda: A = Excelente; B = Boa; C = Média; D = Fraca; E = Muito Fraca

TABELA 2FORÇA MUSCULAR DE ABDÔMEM – FLEXÃO ABDOMINAL (FEMININO)

FAIXA ETÁRIAAté 20 21/25 26/30 31/35 36/40 41/45 46/50 51/55

CLASSIF.A 50 48 46 44 42 40 38 35B 42 a 49 40 a 47 38 a 45 36 a 43 34 a 41 32 a 39 30 a 37 27 a 34C 35 a 41 33 a 39 31 a 37 39 a 35 27 a 33 25 a 31 21 a 29 19 a 26D 30 a 34 28 a 32 26 a 30 23 a 28 21 a 26 19 a 24 17 a 20 13 a 18E Até 29 Até 27 Até 25 Até 23 Até 20 Até 18 Até 16 Até 12

Legenda: A = Excelente; B = Boa; C = Média; D = Fraca; E = Muito Fraca

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229

Biênio 2012-2013

11.3.2 Corrida de 2.400 metros

TABELA 3CORRIDA DE 2.400 METROS (MASCULINO)

FAIXA ETÁRIAAté 20 21/25 26/30 31/35 36/40 41/45 46/50 Acima

CLASSIF.A 09’00” 09’20” 09’40” 10’00” 10’20” 10’50” 11’20” 11’50”

B09’00”

a10’20”

09’21”a

10’40”

09’41”a

10’50”

10’01”a

11’20”

10’21”a

12’10”

10’51”a

13’00”

11’21”a

13’30”

11’51”a

13’50”

C10’21”

a11’20”

10’41”a

11’50”

10’51”a

12’00”

11’21”a

12’30”

12’11”a

13’20”

13’01”a

14’50”

13’31”a

16’00”

13’51”a

16’20”

D11’21”

a12’29”

11’51”a

12’59”

12’01”a

13’29”

12’31”a

13’59”

13’21”a

14’29”

14’51”a

15’29”

16’01”a

16’59”

16’21”a

17’59”E 12’30” 13’00” 13’30” 14’00” 14’30” 15’30” 17’00” 18’00”

Legenda: A = Excelente; B = Boa; C = Média; D = Fraca; E = Muito Fraca.

TABELA 4CORRIDA DE 2400 METROS (FEMININO)

FAIXA ETÁRIAAté 20 21/25 26/30 31/35 36/40 41/45 46/50 Acima

CLASSIF.A 11’50” 12’00” 12’30” 13’00” 13’30” 14’00” 14’30” 15’00”

B11’51”

a13’30”

12’01”a

14’40”

12’31”a

15’00”

13’01”a

16’00”

13’31”a

16’30”

14:01”a

17:00”

14’31”a

17’30”

15’01”a

18’00”

C13’31”

a14’40”

14’41”a

15’40”

15’01”a

16’00”

16’01”a”

17’20

16’31”a

17’50”

17’01”a

18’20”

17’31 a

18’50”

18’01”a

19’20”

D14’41”

a16’29”

15’41”a

16’59”

16’01”a

17’29”

17’21”a

17’59”

17’51”a

18’29”

18’21”a

18’59”

18’51a

19’29”

19’21”a

20’59”E 16’30” 17’00” 17’30” 18’00” 18’30” 19’00” 19’30” 21’00”

Legenda: A = Excelente; B = Boa; C = Média; D = Fraca; E = Muito Fraca.

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230

Guia do Treinamento Policial Básico

11.3.3 Corrida de 200 metros

TABELA 5CORRIDA DE 200 METROS (MASCULINO)

FAIXA ETÁRIAAté 20 21/25 26/30 31/35

CLASSIF.A 23”85 24”66 25”44 25”92

B23”86

a25”96

24”67a

27”94

25”45a

28”45

25”93a

29”93

C25”97

a27”36

27”95a

30”11

28”46a

30”44

29”94a

32”55

D27”37

a30”94

30”12a

35”65

30”45a

36”30

32”56a

37”26E 30”95 35”66 36”31 37”27

Legenda: A = Excelente; B = Boa; C = Média; D = Fraca; E = Muito Fraca.

TABELA 6CORRIDA DE 200 METROS (FEMININO)

FAIXA ETÁRIAAté 20 21/25 26/30 31/35

CLASSIF.A 32”60 33”66 34”23 35”34

B32”61

a34”88

33”66a

35”39

34”24a

36”13

35”35a

37”43

C34”89

a38”10

35”40a

38”21

36”14a

39”21

37”44a

40”81

D38”11

a39”40

38”22a

39”68

39”22a

40”82

40”82a

42”50E 39”41 39”69 40”83 42”51

Legenda: A = Excelente; B = Boa; C = Média; D = Fraca; E = Muito Fraca.

Page 231: Guia de Treinamento - 2012-2013 (2)

231

Biênio 2012-2013

11.3.4 Barra fixa

TABELA 7FORÇA MUSCULAR DE MEMBROS SUPERIORES – BARRA FIXA (MASCULINO)

FAIXA ETÁRIAAté 20 21/25 26/30 31/35

CLASSIF.A 11 10 9 8B 9 a 10 8 a 9 7 a 8 6 a 7C 5 a 8 4 a 7 3 a 6 2 a 5D 4 3 2 1E Até 3 Até 2 Até 1 00

Legenda: A = Excelente; B = Boa; C = Média; D = Fraca; E = Muito Fraca.

TABELA 8FORÇA MUSCULAR DE MEMBROS SUPERIORES – BARRA FIXA (FEMININO)

FAIXA ETÁRIAAté 20 21 / 25 26 / 30 31 / 35

CLASSIF.A 22”01 20”01 18”01 16”01

B16”00

a22”00

14”00a

20”00

12”00a

18”00

10”00a

16”00

C09”00

a15”99

08”00a

13”99

07”00a

11”99

06”00a

09”99

D06”00

a08”99

05”00a

07”99

04”00a

06”99

03”00a

05”99

E05”99

a00”00

04”99a

00”00

03”99a

00”00

02”99a

00”00Legenda: A = Excelente; B = Boa; C = Média; D = Fraca; E = Muito Fraca.

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REFERÊNCIAS

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