64
GUIA PARA A REABILITAÇÃO PROJETO “Cooperar para Reabilitar” da InovaDomus ACÚSTICO compartimentação interior, fachadas, coberturas e instalações técnicas CONDICIONAMENTO

GUIA PARA A REABILITAÇÃO CONDICIONAMENTO ACÚSTICO · a construir de raiz. A avaliação acústica, essencial na procura das anomalias existentes nos edifícios ou partes ... simples

Embed Size (px)

Citation preview

GUIA PARA A REABILITAÇÃO

PROJETO “Cooperar para Reabilitar” da InovaDomus

ACÚSTICOcompartimentação interior, fachadas, coberturas e instalações técnicas

CONDICIONAMENTO

ColaboraçãoCelsa Vieira: CONTRARUIDO - Acústica e Controlo de Ruído, Lda Romeu Vicente: Departamento de Engenharia Civil, Universidade de Aveiro

ConsultoriaCONTRARUIDO - Acústica e Controlo de Ruído, Lda

Autoria do Relatório Diogo Mateus

Índice0. Preâmbulo 5

1. Anomalias em Elementos de Compartimentação Interior 7

1.1 Insuficiência de isolamento sonoro entre habitações de pisos adjacentes 7

1.2 Insuficiência de isolamento sonoro entre habitações do mesmo piso 17

1.3 Insuficiência de isolamento sonoro entre zona comum e quartos ou zonas

de estar 22

1.4 Insuficiência de isolamento sonoro entre espaços de comércio ou serviços

e habitações 26

2. Anomalias em Fachadas 35

2.1 Insuficiência de isolamento sonoro em vãos de janelas e portas 36

2.2 Insuficiência de isolamento sonoro generalizado dos elementos de fachada

(em fachadas leves) 43

3. Anomalias em Coberturas 46

3.1 Insuficiência de isolamento em coberturas aligeiradas 46

3.2 Insuficiência de isolamento em vãos de cobertura ou noutros pontos singulares 49

4. Excesso de Ruído Provocado pelo Funcionamento de Equipamentos Coletivos 51

4.1 Insuficiência de isolamento em relação a equipamentos mecânicos 52

4.2 Ruído com origem em instalações de águas, esgotos e ventilação 56

Acrónimos 60

Glossário 61

Bibliografia 63

índice

5

0. PREÂMBULO

Com a evolução tecnológica ocorrida nos últimos anos e o aumento dos níveis de ruído, especialmente em meios urbanos e suburbanos, associada à crescente necessidade de conforto, a proteção acústica dos edifícios, como forma de garantir um adequado conforto acústico no seu interior, assume uma importância cada vez maior nos dias de hoje [1, 2]. De um modo geral, esta proteção acústica, pode ser concretizada através da atuação ar-ticulada segundo quatro vertentes da acústica [3, 4, 5]: o isolamento a sons aéreos, quer entre espaços interiores, quer entre o exterior e o interior dos edifícios; o isolamento de ruídos de percussão, transmitidos por via sólida, provenientes essencialmente do interior dos edifícios; o condicionamento acústico interior; e a minimização do ruído e vibrações produzidos por equipamentos mecânicos do edifício.

O isolamento acústico, a sons aéreos, entre dois compartimentos, depende não só do ele-mento de separação direto, em compartimentos contíguos, como da restante envolvente de cada compartimento. O aumento de isolamento pode ser conseguido, entre outras formas, através do aumento da massa e/ou da criação de elementos com duas ou mais camadas, sem ligação rígida entre si.

A transmissão de sons de percussão depende das transmissões diretas (no caso de trans-missão descendente, entre compartimentos adjacentes), bem como das transmissões marginais, através dos elementos adjacentes [6]. De uma forma geral, a minimização do ruído transmitido por esta via pode ser conseguida, de forma bastante eficaz, através da utilização de revestimentos de piso flexíveis ou de pavimentos flutuantes aplicados sobre camada resiliente.

O estudo do condicionamento acústico interior, de um espaço fechado, depende sobretu-do da geometria do espaço, do tipo de revestimentos interiores e do recheio (mobiliário e ocupação), e visa a obtenção de um ambiente acústico adequado ao seu volume e às suas funções e/ou o controlo de ruído no seu interior [7]. No âmbito do presente guia, voltado para a reabilitação de edifícios habitacionais, esta área acaba por ser menos relevante que as anteriores.

A minimização do ruído e vibrações produzidos por equipamentos mecânicos, do próprio edifício onde se encontram locais recetores a proteger, acaba por estar muito dependente das vertentes anteriormente indicadas, no entanto, é muitas vezes prioritária a minimiza-ção da transmissão de vibrações por via estrutural e o controlo da transmissão ruído por via aérea, através de condutas ou através do meio exterior [8]. A minimização das vibra-ções, à semelhança do isolamento de ruídos de percussão, pode ser conseguida através da aplicação de elementos resilientes e/ou de plataformas flutuantes sob os equipamentos,

6

mas, neste caso, com necessidade de aplicação de espessuras muito superiores às utiliza-das para controlar a transmissão de ruídos de percussão (da ordem de 10 vezes superior). O controlo do ruído transmitido por via aérea diretamente através de condutas ou pelo ex-terior, pode ser concretizado através da aplicação respetivamente de atenuadores sonoros, em condutas, e de barreiras acústicas fonoabsorventes, na envolvente das fontes de ruído (equipamentos).

Neste contexto, são apresentados e discutidos no presente guia conjuntos de soluções construtivas de reabilitação acústica que poderão ser implementadas em edifícios habita-cionais, com vista a responder às vertentes da acústica, anteriormente realçadas [9, 10, 11]. Interessa no entanto realçar que estas soluções de reabilitação, em muitos casos, constituem apenas ideias e esquemas de princípio das possíveis soluções a adotar, e que, na generalidade dos casos, é necessário uma avaliação acústica detalhada, por técnicos que dominem a área, com uma maior pormenorização e adaptação das soluções a imple-mentar. Refira-se que, a obtenção de condições acústicas adequadas passa pela adoção de soluções construtivas apropriadas, no entanto, a compatibilização com as condicionantes existentes e a correta execução em obra são normalmente decisivas [12]. Uma solução de previsível elevado desempenho acústico pode resultar num fracasso, se forem cometidos erros de execução, mesmo que de pequeníssima dimensão. Refira-se que, muitas das so-luções construtivas apresentadas neste guia podem também ser executadas em edifícios a construir de raiz.

A avaliação acústica, essencial na procura das anomalias existentes nos edifícios ou partes de edifícios a reabilitar, exige muitas vezes um complemento experimental em loco, atra-vés de medições acústicas. Efetivamente, para a generalidade dos casos, só é possível uma correta avaliação das insuficiências acústicas e a posterior escolha da solução de reabili-tação mais adequada, após a realização de medições acústicas, que hoje em dia acabam por não constituir grande entrave, uma vez que é elevado o número de laboratórios de medição existentes no país, sendo o custo relativamente reduzido. Chama-se no entanto à atenção, para a necessidade de uma criteriosa escolha dos técnicos e/ou das empresas a envolver neste processo de avaliação e de resolução de insuficiências acústicas, uma vez que se trata de uma área complexa e onde a formação dos técnicos que prestam serviços nesta área é muitas vezes insuficiente.

índice

7

1. ANOMALIAS EM ELEMENTOS DE COMPAR-TIMENTAÇÃO INTERIOR

A deteção de anomalias ou de insuficiências acústicas no interior dos edifícios habitacio-nais, depois destes se encontrarem em utilização, pode ser realizada pelos próprios mora-dores e depois eventualmente interpretada e avaliada de forma mais detalhada por técnico desta área. Contudo, e conforme referido no Preâmbulo, a correta avaliação, para posterior correção das insuficiências acústicas, exige muitas vezes o recurso a medições acústicas (geralmente de ruído e/ou de isolamento a sons aéreos e de percussão), e em alguns ca-sos, nomeadamente quando existem pontos fracos de isolamento, exige ainda condições de ensaio muito específicas, por vezes não normalizadas, e que devem ser acompanhadas por técnicos devidamente habilitados para o efeito.

Nas avaliações efetuadas com recurso a medições acústicas é frequente detetar-se incum-primento face aos requisitos legais atualmente aplicáveis [1, 2], nos índices de isolamento a sons aéreos e a sons de percussão entre habitações e entre espaços comuns e habita-ções. Quando existe uma política de boa vizinhança, estas insuficiências são muitas vezes atenuadas por cuidados acrescidos por parte dos utilizadores (por exemplo, utilizando cal-çado que minimiza a produção de ruído, como chinelos ou pantufas, e evitando a produção de ruído quando sabem que podem incomodar o vizinho). No entanto, nem sempre se ve-rifica este uso cuidado das habitações, surgindo frequentemente reclamações a este nível, que na maioria das vezes tem fundamento e são consequência das insuficiências referidas.

1.1 Insuficiência de isolamento sonoro entre habitações de pisos adjacentes

1.1.1 Descrição/formas de manifestação

• Insuficiências de isolamento a sons aéreos: audição por vezes perfeita, de conversas ou de aparelhos de televisão ou rádio, bem como de outros ruídos produzidos no interior da habitação.

• Insuficiências de isolamento a sons de percussão: sons produzidos pelo arrastar de mobiliário, pela queda de objetos sobre o pavimento, pelo caminhar de pessoas (em particular com calçado de saltos altos) ou animais, pelo varrer de uma vassoura, pelo ligar e desligar de interruptores (neste caso a forma mais simples de resolução passa por alterar as condições de fixação dos interruptores).

8

Observações: Existem contudo situações em que fortes insuficiências de isolamen-to a sons aéreos podem originar um agravamento dos problemas relacionados com a transmissão de ruídos de percussão.

1.1.2 Causas comuns

Insuficiências de isolamento a sons aéreos:

• Reduzida massa das lajes de piso, particularmente quando estas possuem ele-mentos de aligeiramento embutidos, como acontece nas lajes de vigotas pré--esforçadas com aligeiramento através de abobadilhas (solução muito comum em edifícios construídos na segunda metade do século passado);

• Existência de atravessamentos da laje, através de chaminés, em salas, ou de coretes (por vezes não visíveis), para ventilação ou passagem de cablagem, condutas e tubos de queda.

Insuficiências de isolamento a sons de percussão:

• Utilização de revestimentos de piso rígidos (em pedra, cerâmicos ou madeira) rigidamente ligados à laje de piso (sem a existência de uma camada resiliente a fazer a separação), que acontece na generalidade dos edifícios construídos sensivelmente até meados da primeira década deste século.

Observações: Em edifícios construídos recentemente, grande parte das betonilhas de enchimento de piso já foram executadas com uma camada resiliente entre a laje e a betonilha de enchimento (vulgarmente designada de tela acústica), mas é muito frequente a existência de pequenos defeitos de execução, que acabam por eliminar quase por completo a contribuição da camada resiliente [12].

1.1.3 Soluções de reabilitação

Insuficiências de isolamento a sons aéreos:

• Decorrentes essencialmente das insuficiências da laje de piso: intervenção so-bre a laje de piso, recorrendo às soluções indicadas em 1.1.3.2 ou em 1.1.3.3; intervenção sob a laje de piso, através da execução de tetos falsos, recorrendo às soluções indicadas em 1.1.3.4; intervenção integral nos vários elementos que constituem as partições do compartimento através solução indicada em 1.1.3.5 (a recorrer quando se pretende um isolamento muito elevado, em particular quando os níveis de ruído gerados por vizinhos são muito elevados);

• Decorrentes de pontos fracos de isolamento: execução das soluções indicadas em 1.1.3.6.

índice

9

Insuficiências de isolamento a sons de percussão:

• Reforço de isolamento apenas relativo a sons de percussão: aplicação de um revestimento de piso de elevada redução sonora, no pavimento da fração de habitação do piso superior (solução mais eficaz), podendo optar-se por uma das soluções indicadas em 1.1.3.1.

• Reforço conjunto de isolamento a sons de percussão e sons aéreos: execução das soluções indicadas em 1.1.3.2 ou em 1.1.3.3.

• Reforço conjunto de isolamento a sons de percussão e sons aéreos, na inviabili-dade de intervenção no piso superior: reforço a executar no teto do piso inferior (recetor): execução da solução b) indicada em 1.1.3.4. Refira-se, no entanto, que neste caso as melhorias são geralmente muito limitadas, uma vez que a transmissão se faz, não só por via direta, mas também por via marginal através das ligações entre as paredes e as lajes [6], e nestas últimas a transmissão di-ficilmente será impedida (a não ser que a opção fosse a criação de um espaço recetor específico, onde se adotasse a solução indicada em 1.1.3.5).

1.1.3.1 Aplicação de revestimento de piso de elevada redução sonora

Para situações onde seja apenas necessário o reforço de isolamento a sons de per-cussão, de um determinado pavimento para compartimentos vizinhos, em particular para o piso inferior, a solução a aplicar poderá passar por uma das três soluções indicadas na Figura 1.

Aplicação

• Revestimento de piso flexível, em vinílico “acústico”, ou ladrilhos em aglomerado de cortiça, ou de cortiça e borracha (Figura 1-a);

• Ladrilhos em madeira ou derivados com base flexível em aglomerado de cortiça e/ou de borracha (Figura 1-b);

• Parquet flutuante, em madeira, derivados ou em painéis sintéticos, aplicado sobre membrana resiliente, em fibras têxteis, aglomerado de cortiça e/ou borra-cha, ou em polietileno extrudido (Figura 1-c).

10

Figura 1 – Esquemas de princípio de soluções de revestimentos de piso de elevada redução sonora (para reforço de isolamento a sons de percussão).

Nas situações em que exista uma laje em betão, maciça ou aligeirada, com beto-nilha de enchimento de piso e eventualmente revestida a material cerâmico, e não se pretenda retirar os revestimentos existentes, o revestimento e respetiva base a aplicar poderão ser aplicados diretamente sobre o revestimento existente. Para situações com revestimento a madeira diretamente colada ao pavimento, recomen-da-se a sua retirada. As soluções a) e b) serão fixas à base através de colagem, enquanto que na solução c) a membrana resiliente fica simplesmente apoiada sobre a base e o parquet flutuante assente sobre a camada resiliente.

Na solução b), em alternativa ao revestimento em madeira ou derivados, poderá optar-se por ladrilhos cerâmicos ou em pedra, com base flexível em aglomerado de cortiça e/ou de borracha, igualmente com espessura não inferior a 4mm (de prefe-rência com colagem em fábrica). Contudo, neste caso, não poderão ser usados as habituais colas ou cimentos colas, mas sim colas flexíveis adequadas, compatíveis com as deformações impostas durante a utilização dos pisos (com assentamentos da ordem de 0,5 mm), que se deverão estender também às juntas entre ladrilhos.

Ressalva-se que na solução c), a membrana resiliente poderá ser de diversos tipos, mas se for em fibras têxteis (ou eventualmente em aglomerado de cortiça e/ou bor-racha), permitirá minimizar os níveis de “ruído de tambor” no próprio espaço emissor.

1.1.3.2 Execução de sistema de piso flutuante aligeirado

Para situações onde seja necessário, para além do reforço de isolamento a sons de

a)

b)

c)

Laje em betão existente (maciça ou aligeirada), incluindo betonilha de enchimento de piso (e eventualmente revesti-mento cerâmico, caso se pretenda manter).

Revestimento de piso flexível (por exemplo em vinílico"acústico"com ∆Lw=15dB ou ladrilhos em aglomerado de cortiça, ou de cortiça e borracha, com espessura não inferior a 5mm).

Revestimento em ladrilhos de madeira ou derivados com base flexível em aglomerado de cortiça e/ou de borracha de espessura não inferior a 4mm.

Laje em betão, incluindo betonilha de enchimento de piso.

Membrana resiliente, em fibras têxteis, aglomerado de cortiça e/ou borracha ou em polietileno extrudido, com espessura não inferior a 3 mm.

Parquet flutuante, em madeira, derivados ou em painéis sintéticos.

Laje em betão, incluindo betonilha de enchimento de piso.

índice

11

percussão, referido no ponto 1.1.3.1, um reforço de isolamento a sons aéreos rela-tivamente ao piso inferior, ainda que geralmente menos eficaz que o reforço de teto através da solução indicada no ponto 1.1.3.4, a solução a aplicar poderá passar por uma das duas soluções indicadas na Figura 2.

Aplicação

O reforço consiste na execução de:

• Soalho tradicional com espessura não inferior a 20mm pregado a réguas de fixação (sarrafos) estabilizadas, sobre membrana resiliente (Figura 2-a). Entre réguas, no espaço entre a membrana e o soalho de revestimento será colocado material fonoabsorvente;

• Parquet flutuante (em madeira, derivados ou em painéis sintéticos, sobre mem-brana resiliente) ou revestimento vinílico, aplicado sobre placas de contraplaca-do ou OSB, de espessura não inferior a 16 mm, fixas a réguas antivibratórias com cerca de 30 a 50 mm de espessura (coladas ao suporte existente). Entre réguas será colocado material fonoabsorvente (Figura 2-b).

Qualquer uma destas soluções poderá ser aplicada sobre a laje ou betonilha de enchimen-to, ou até sobre os próprios revestimentos existentes, no caso de revestimentos cerâmicos.

Figura 2 – Esquemas de princípio com soluções de sistemas de piso flutuante aligeirado (para reforço de isolamento a sons aéreos e de percussão).

a)

b)

Material fonoabsorvente (lã mineral de baixa densidadeligeiramente compactada).

Membrana resiliente, em aglomerado de borracha ou decortiça e borracha, com espessura não inferior a 4 mm.

Réguas de fixação do soalho (eventualmente com pregos nahorizontar, para aumentar a aderência da argamassa).

Soalho (esp. = 20 mm).

Laje em betão, incluindo betonilha de enchimento de piso.

Material fonoabsorvente (lã mineral de baixa densidadeligeiramente compactada).

Contraplacado ou OSB (com encaixe macho-fêmea ou meia madeira), de espessura não inferior a 16 mm.

Parquet flutuante (em madeira, derivados ou em painéissintéticos, sobre membrana resiliente) ou revestimento vinílico.

Régua antivibratória com cerca de 30 a 50 mm (com sinoblocosantivibratórios, de espessura não inferior a 20 mm colados a réguas metálicas ou de madeira), colada ao suporte.

Laje em betão, incluindo betonilha de enchimento de piso.

12

Na solução b) poderá eventualmente minimizar-se a espessura da caixa de ar colan-do diretamente os sinoblocos antivibratórios (com espessura não inferior a 20 mm, e com afastamento da ordem de 40 cm) aos painéis de contraplacado ou de OSB, mas neste caso a espessura destes painéis não deverá ser inferior a 20 mm.

1.1.3.3 Execução de sistema de piso flutuante pesado

Em alternativa ao sistema de reforço aligeirado indicado em 1.1.3.2, igualmente com o objetivo de melhorar o isolamento a sons aéreos e de percussão, poderá optar-se por um sistema pesado, que poderá ser revestido por qualquer tipo de acabamento, incluindo pedra e cerâmicos, conforme indicado na Figura 3. A solução b) corresponde, no entanto, a uma solução de desempenho substancialmente supe-rior (correspondendo a uma solução com um índice L’nT,w de valor inferior) ao da solução a) e aos das soluções detalhadas da Figura 2.

Aplicação

O reforço de isolamento pesado consiste na execução de:

• Revestimento de piso diretamente colado sobre betonilha flutuante em micro-betão, executada sobre membrana resiliente, aplicada sobre o piso existente (Figura 3-a), devendo esta membrana impedir qualquer ligação rígida entre o piso de base, bem como dos elementos verticais (paredes e pilares);

• Revestimento de piso diretamente colado sobre betonilha flutuante em micro-betão, executada sobre placa em aglomerado de espuma de poliuretano flexível (Figura 3-b), devendo na execução ser igualmente impedida qualquer ligação rígida para o piso de base e para os elementos verticais.

Qualquer uma destas soluções poderá ser aplicada sobre a laje ou betonilha de en-chimento existente, ou até sobre os próprios revestimentos existentes.

índice

13

a)

b)

Betonilha flutuante em microbetão (com armadura de malha apertada), com espessura não inferior a 4 cm.

Revestimento de piso (cerâmicos, pedras ou madeiras).

Laje em betão (maciça ou aligeirada), incluindo enchimento de piso.

Membrana resiliente, em aglomerado de borracha ou de cortiça e borracha, com espessura não inferior a 4 mm (com dobra em todo o contorno de paredes ou pilares, de forma a garantir que todos os elementos acima desta membrana ficam rigidamente desligados das paredes e laje).

Betonilha flutuante em microbetão (armada com malhasol), com espessura não inferior a 6 cm.

Revestimento de piso (cerâmicos, pedras ou madeiras).

Laje em betão (maciça ou aligeirada), incluindo ench.imento de piso.

Placa resiliente, em aglomerado de espuma de poliuretanoflexível com massa volúmica próxima de 150 kg/m3, comespessura entre 20 a 40 mm (com dobra, eventualmente demenor espessura, em todo o contorno de paredes ou pilares, de forma a garantir que todos os elementos acima desta membrana ficam rigidamente desligados das paredes e laje).

Membrana de polietileno (plástico), para evitar a infiltração dos fluidos da betonilha na placa resiliente.

Figura 3 – Esquemas de princípio com soluções de sistemas de piso flutuante pesado (para reforço de isolamento a sons aéreos e de percussão).

Na solução a), caso se pretenda melhorar o desempenho acústico, em particular no isolamento a sons aéreos, poderá aumentar-se a espessura da membrana resiliente, optando-se, por exemplo, por uma membrana de espessura variável em aglomera-do de borracha ou de cortiça e borracha, com espessura total não inferior a 10 mm.

1.1.3.4 Execução de teto falso

Para situações simples, onde se pretenda um reforço de isolamento a sons aéreos (ainda que limitado), relativamente aos compartimentos do piso superior, a solução a aplicar poderá passar pela execução de um teto falso simples.

Caso se pretenda um reforço de isolamento mais acentuado, permitindo ainda uma melhoria na minimização da transmissão de ruídos de percussão do piso superior (ainda que geralmente muito limitado, devido às transmissões marginais), reco-menda-se uma solução melhorada.

14

Aplicação

Teto falso simples (Figura 4-a)

O reforço consiste na execução de teto falso em gesso cartonado, com uma placa de 12,5mm de espessura, fixa a perfis metálicos suspensos com suspensão rígida, atra-vés de varão roscado, sobre a qual deve ser aplicado um material fonoabsorvente.

Teto falso – solução melhorada (Figura 4-b)

O reforço consiste na execução de teto falso gesso cartonado, com 2 painéis de gesso cartonado (12,5 + 12,5 mm), com juntas desencontradas (eventualmente melhorado com membrana elastómera autoadesiva entre painéis), fixos a perfis metálicos suspensos, com apoio de suspensão antivibratório, sobre os quais deve ser aplicado um material fonoabsorvente.

Laje de teto em betão (maciça ou aligeirada).

Perfis de teto falso suspensos c/ suspensão rígida, através de varão roscado.

Material fonoabsorvente (em lã mineral ou em aglomerado de espuma de poliuretano flexível com massa volúmica entre 40 a 80 kg/m3).

Gesso cartonado (12,5 mm).

Laje de teto em betão (maciça ou aligeirada).

Perfis de teto falso (com suspensão antivibratória).

Material fonoabsorvente (em lã mineral ou em aglomeradode espuma de poliuretano flexível com massa volúmica entre 40 a 80 kg/m3).

2 painéis de gesso cartonado (12,5 + 12,5 mm), com juntas desencontradas (eventualmente melhorado com membrana elastómera autoadesiva entre painéis).

Apoio de suspensão antivibratório.

a)

b)

Figura 4 – Esquemas de princípio com soluções de reforço através de teto falso: a) para aumento de isola-mento a sons aéreos; b) para um reforço mais acentuado no isolamento a sons aéreos e uma minimização das transmissões por percussão do piso superior).

Nas soluções anteriormente indicadas, e em particular na solução b), não deverão ser embutidos luminárias ou grelhas de ventilação, ou elementos, que fragilizem o reforço de isolamento. Nestes casos, estes elementos devem ficar abaixo das placas de gesso.

índice

15

1.1.3.5 Reforço de isolamento integral no espaço recetor

Para situações limites, com elevadas necessidades quer de isolamento a sons aére-os, quer de isolamento a sons de percussão, em particular quando os níveis de ruído gerados em compartimentos vizinhos são muito elevados, poderá mesmo justificar--se o reforço integral de todo o espaço recetor, com reforço de piso, de paredes e de teto, (Figura 5).

Aplicação

O reforço de isolamento integral poderá ser implementado através da sequência:

• Execução de teto falso de reforço, suspenso com apoios antivibratórios, confor-me especificado em 1.1.3.4 (Figura 4-b);

• Execução do reforço de todas as paredes envolventes do compartimento, e even-tualmente de pilares se existirem, através do procedimento indicado, adiante, no ponto 1.2.3.1 (Figura 7-b), devendo a solução ser montada sobre calço an-tivibrátil de suporte da calha de fixação dos montantes metálicos, exceto nas situações em que se opte no piso pela solução da Figura 3-b, podendo neste caso dispensar-se aquele apoio e fixar diretamente a calha dos montantes à betonilha flutuante;

• Execução de um sistema de piso flutuante, de acordo com o sistema indicado na Figura 2-b ou eventualmente na Figura 3-b.

Este tipo de solução pode ainda ser mais eficaz, se em vez de ser aplicado no re-cetor, for aplicado no compartimento emissor onde a produção de ruído é elevada, por exemplo, na fração de alguém que pretende instalar um estúdio de ensaios de música, na própria habitação.

16

Figura 5 – Esquema de princípio com soluções de reforço de isolamento integral de todo o compartimento (de modo a garantir um aumento substancial de isolamento, quer para ruídos de percussão, quer para ruídos aéreos, independentemente da localização da emissão).

Laje de teto em betão (maciça ou aligeirada).

Perfis de teto falso (com suspensão antivibratória).

Material fonoabsorvente (em lã mineral ou em aglomerado de espuma de poliuretano flexível com massavolúmicaentre 40 a 80 kg/m3).

2 painéis de gesso cartonado (12,5 + 12,5 mm), comjuntas desencontradas (eventualmente melhorado commembrana elastómera autoadesiva entre painéis).

Apoio de suspensão antivibratório.

Sistema de piso flutuante aligeirado, executado deacordo com o indicado na Figura 2-b, ou em alternativaum sistema pesado, conforme Figura 3-b.

Laje em betão (maciça ou aligeirada), incluindoenchimento de piso.

Sistema de reforço de parede, executado de acordo com o indicado na Figura 7-b.

Calço antivibrátil de suporte da calha de fixação dosmontantes metálicos (caso se opte no piso pela soluçãoindicada na Figura 3-b, poderá dispensar-se este apoio e fixar diretamente a calha dos montantes à betonilhaflutuante).

À semelhança do ponto 1.1.3.4, mas aqui com maior relevância, o embutimento de caixas ou de outros elementos que fragilizem o reforço de isolamento, pode com-prometer quase por completo o desempenho da presente solução de reabilitação.

Para além da envolvente opaca, nestes casos é também geralmente necessário a dupli-cação de janelas e a substituição de portas, com uma nova porta fixa ao reforço interior.

O processo construtivo, que na generalidade das soluções indicadas no presente guia é muito relevante, neste caso é ainda mais relevante, obrigando a mão de obra muito especializada e/ou a um maior acompanhamento da execução dos trabalhos.

1.1.3.6 Reforço de isolamento de pontos singulares de fraco isolamento (coretes)

Para situações onde se verifiquem quebras acentuadas de isolamento provocadas por “pontos fracos”, como acontece com o atravessamento de coretes, habitualmen-te em cozinhas e em casas de banho, deverá proceder-se ao reforço destes pontos fracos. No caso de coretes, este reforço poderá passar pelo preenchimento do inte-

índice

17

rior da corete com material fonoabsorvente (Figura 6).

Aplicação

Para o efeito deverá proceder-se à execução de abertura para acesso ao interior da corete (a fechar posteriormente no mesmo tipo de material existente) e à criação de “rolhão” em lã de rocha de baixa densidade, mas compactada, entre o exterior dos tubos e/ou colunas e as faces interiores da corete, no mínimo numa extensão de 1 m junto ao teto e 1 m junto ao piso (ou de preferência em toda a altura de cada piso).

Abertura de "buraco" para acesso ao interior dacourete (a fechar posteriormente no mesmo tipode material existente).

Tubos de queda e/ou colunas de ventilação(existentes).

Criação de "rolhão" em lã de rocha de baixadensidade, mas compactada, entre o exteriordos tubos e/ou colunas e as faces interiores dacourete, no mínimo numa extensão de 1m juntoao teto e 1 m junto ao piso (ou de preferênciaem toda a altura de cada piso).

Figura 6 – Esquema de princípio com solução de reforço de coretes (de modo a minimizar quebras de isola-mento a sons aéreos, originados pelo atravessamento de condutas ou tubos).

1.2 Insuficiência de isolamento sonoro entre habitações do mesmo piso

1.2.1 Descrição/formas de manifestação

• Insuficiências de isolamento a sons aéreos: audição por vezes perfeita, de conversas ou de aparelhos de televisão ou rádio, bem como de outros ruídos produzidos no interior da fração de habitação.

• Insuficiências de isolamento a sons de percussão: audição do arrastar de mobiliário, da queda de objetos e do caminhar sobre o pavimento, mas geralmente menos relevante que as insuficiências de isolamento a sons aéreos, uma vez que, neste caso, a sua transmissão se faz por via indireta, através das lajes de piso.

18

1.2.2 Causas comuns

• Insuficiências de isolamento a sons aéreos: fraco desempenho acústico da pa-rede de separação entre habitações, em particular quando se tratam de paredes sim-ples em alvenaria de tijolo, podendo apresentar zonas específicas onde o isolamento é menor (por exemplo, no atravessamento de tubos de queda, condutas ou coretes).

Observações: No caso de edifícios de construção recente, com menos de 10 anos, estas paredes de separação são geralmente duplas, mas, em muitos ca-sos, o seu desempenho é muito inferior ao espetável, devido sobretudo a al-guns erros de execução, nomeadamente a falta de preenchimento de juntas de assentamento, a pequena espessura de reboco e a não existência de material fonoabsorvente na caixa de ar, entre panos.

• Insuficiências de isolamento a sons de percussão: utilização de revesti-mentos de piso rígidos (em pedra, cerâmicos ou madeira) rigidamente ligados à laje de piso, que é geralmente contínua, entre compartimentos adjacentes.

Observações: No caso de habitações separadas com junta de dilatação, desde que executada corretamente, esta componente de transmissão por percussão é geralmente desprezável.

1.2.3 Soluções de reabilitação

Insuficiências de isolamento a sons aéreos:

• Situações de fraco desempenho do elemento separador: reforço da parede de separação, através das soluções indicadas em 1.2.3.1.

• Situações de elevado requisito de isolamento a sons aéreos (situações espe-ciais): reforço através da solução indicada em 1.2.3.3 (com maior eficácia nos resultados se em detrimento da aplicação no espaço recetor for aplicada no es-paço emissor, onde são produzidos os elevados níveis de ruído).

• Situações de existência de pontos fracos de isolamento: o reforço passa pela execução das soluções indicadas em 1.2.3.4.

Insuficiências de isolamento a sons de percussão: o reforço terá de ser execu-tado na habitação adjacente através da solução indicada em 1.2.3.2.

Observações: Neste último caso, se não for viável intervir na habitação adjacente, a correção será muito difícil, geralmente só viável através do reforço integral, indi-cado em 1.2.3.3, para um compartimento específico.

1.2.3.1 Reforço da parede de separação

Para situações correntes, onde se pretenda um reforço de isolamento a sons aéreos

índice

19

entre compartimentos do mesmo piso, a solução a aplicar poderá passar por manter a parede de separação existente e pelo reforço, de um dos lados, através de um elemento aligeirado, montado em forma de sanduíche. Para o efeito poderão ser executados dois tipos de soluções, uma mais simples, com menor desempenho, e outra com maior espessura, prevendo-se um maior desempenho.

Aplicação

Solução simples (Figura 7-a)

O reforço consiste na colagem direta à parede existente, de painel sanduíche de lã mineral ou de aglomerado de espuma de poliuretano flexível e de gesso cartonado (com espessura não inferior a 12,5 mm), que funcionará como revestimento final.

Solução de melhor desempenho (Figura 7-b)

O reforço consiste na aplicação de dois painéis em gesso cartonado (12,5 + 12,5 mm), fixos a montantes verticais, cujo contato com a parede de base, se necessá-rio, deverá ser efetuado através de apoio antivibratório de parede. Entre os montan-tes de fixação dos painéis deverá ser colocado material fonoabsorvente.

As soluções anteriores implicam o aumento de espessura da parede de separação (pelo menos em cerca de 50 mm, no primeiro tipo de reforço, ou cerca de 80 mm, no segundo tipo de reforço), e o consequente desvio de tomadas e rodapés.

Situações de inviabilidade do aumento de espessura da parede (Figura 8)

Nas situações em que a parede de separação seja dupla, a solução alternativa po-derá passar pela demolição de um dos panos de alvenaria e a posterior execução de uma solução do tipo “sanduíche”, de forma a manter a espessura original, através do seguinte procedimento:

• Demolição de um dos panos da parede de separação;

• Execução de reboco do pano de parede a manter, do lado da caixa de ar, com espessura não inferior a 20 mm;

• Colocação de uma camada de material fonoabsorvente;

• Colocação posterior de um elemento do tipo sanduíche composto por, uma placa de gesso cartonado de 12,5 mm, com barramento nas juntas, fixa a montantes (apoiados no pavimento e no teto) entre os quais será colocada uma segunda camada de material fonoabsorvente, sendo esta fechada com duas placas de gesso cartonado sobrepostas (12,5 + 12,5 mm), fixas aos referidos montantes, com juntas desencontradas e totalmente calafetadas com barramento.

20

Parede de alvenaria existente (representada como simples, mas pode ser dupla).

Painel sanduíche de lã mineral ou de aglomerado de espuma de poliuretano flexível, com cerca de 90 kg/m3 e cerca de 40 mm de espessura, com gesso cartonado (com espessura não inferior a 12,5 mm).

a)

Parede de alvenaria existente (representada como simples, mas pode ser dupla).

b) Material fonoabsorvente (em lã mineral ou em aglomerado de espuma de poliuretano flexível) com massa volúmica entre 40 a 80 kg/m3, entre montantes de fixação dos painéis de gesso.

Apoio antivibratório de parede ou simplesmente montante desligado da parede (fixo apenas no piso e no teto).

2 painéis de gesso cartonado (12,5 + 12,5 mm).

Material fonoabsorvente (em lã mineral ou emaglomerado de espuma de poliuretano flexível)com massa volúmica entre 40 a 80 kg/m3.

2 painéis de gesso cartonado (12,5 + 12,5 mm).

Esp. existente Manter esp.existente

Placa de gesso cartonado de 12,5 mm,fixa pelo lado interior do montante (e com barramento nas juntas, do lado interior do montante).

Reboco do pano de parede existente, com espessura não inferior a 2 cm.

Figura 7 – Esquemas de princípio com soluções de reforço de paredes de separação entre habitações (para reforço de isolamento a sons aéreos).

Figura 8 – Esquema de princípio com solução de reforço, com parcial demolição do existente, em paredes de separação entre habitações (para reforço de isolamento a sons aéreos).

índice

21

1.2.3.2 Execução de pavimento flutuante ou revestimento flexível

Situações com possibilidade de intervenção no local emissor

Para situações onde seja necessário apenas o reforço de isolamento a sons de per-cussão, de um determinado pavimento para compartimentos vizinhos adjacentes do mesmo piso, a execução de pavimento flutuante ou revestimento de piso flexível é uma solução simples e eficaz na minimização da transmissão de ruído de percussão, se for aplicada no pavimento do local onde é produzida a percussão (Figura-1).

O procedimento a adotar deverá estar em conformidade com o ponto 1.1.3.1.

Situações de inviabilidade de intervenção no local emissor (habitação adjacente)

A minimização da transmissão de ruído de percussão, para estas situações é compli-cada, passando geralmente pelo reforço integral do compartimento recetor (Figura 5).

O procedimento a adotar deverá estar em conformidade com o ponto 1.1.3.5.

Observações: Sendo a componente de transmissão por percussão geralmente muito menos relevante que a componente de transmissão aérea, a execução de um reforço apenas ao nível da parede de separação, executado conforme indicado no ponto 1.2.3.1, acaba por ser satisfatória, para muitas das situações.

1.2.3.3 Reforço de isolamento integral no espaço recetor

Em situações limites com elevadas necessidades de isolamento sonoro, quer a sons aéreos, quer a sons de percussão, em particular quando os níveis de ruído gerados em compartimentos vizinhos são muito elevados, poderá justificar-se o reforço in-tegral de todo o espaço recetor, com reforço de pavimento, de paredes e de teto (Figura 5).

O procedimento a adotar deverá estar em conformidade com o ponto 1.1.3.5.

1.2.3.4 Reforço de isolamento de pontos singulares de fraco isolamento (coretes)

Para situações que apresentem pontos singulares de fraco isolamento motivados pela interrup-ção do elemento constituinte de paredes (como passagem de tubagem de esgoto, ventilação, etc.), deverá proceder-se ao reforço das zonas de parede onde aqueles ocorrem (Figura 9).

Aplicação

O reforço poderá ser efetuado através da aplicação de elemento sanduíche, cons-tituído por material fonoabsorvente e por duas placas de gesso cartonado sobre-postas (12,5 + 12,5 mm). O material fonoabsorvente poderá ser aplicado entre os montantes de fixação das placas de gesso cartonado.

22

No caso de coretes, de atravessamento entre pisos, mas com parcial ocupação da parede de separação entre habitações, poderá ser aplicada a solução esquematiza-da no ponto 1.1.3.6.

Para o caso de chaminés, com ocupação parcial da parede de separação entre ha-bitações, a solução é geralmente mais complicada, e pode passar pela demolição parcial da chaminé, pela reconstrução da parede de separação e ainda pela reposi-ção da ligação da chaminé.

Figura 9 – Esquema de princípio com solução de reforço de parede de separação parcialmente ocupada com atravessamentos de tubos de grande dimensão.

1.3 Insuficiência de isolamento sonoro entre zona comum e quartos ou zonas de estar

1.3.1 Descrição/formas de manifestação

• Insuficiências de isolamento a sons aéreos: audição, por vezes perfeita de conversas ou de outros ruídos aéreos, produzidos na zona de circulação comum.

• Insuficiências de isolamento a sons de percussão: sons produzidos pelo caminhar, pelo pousar de objetos sobre o pavimento, na zona de circulação.

1.3.2 Causas comuns

• Insuficiências de isolamento a sons aéreos: fraco isolamento acústico con-ferido pelas portas, que separam a zona de circulação comum do compartimen-to recetor, em particular quando existe apenas uma porta de separação (como acontece frequentemente em apartamentos de tipologia T0, ou em algumas

Material fonoabsorvente (em lã mineral ou em aglomerado de espuma de poliuretano flexível) com massa volúmica entre 40 a 80 kg/m3, entre montantes de fixação dos painéis de gesso.

2 painéis de gesso cartonado (12,5 + 12,5 mm).

Parede existente (geralmente em alvenaria dupla) atravessada por tubos ou colunas de grande diâmetro.

Este reforço deverá prolongar-se pelo menos 1 m para cada lado dos atravessamentos, de preferência a toda a parede (em especial se não se souber exatamente a posição dos atravessamentos).

índice

23

salas que não têm porta para o hall de entrada da habitação); insuficiência de isolamento da parede de separação (casos onde existe uma separação direta através de uma parede, entre a zona de circulação comum e o compartimento recetor (quarto ou sala), quando o caminho de transmissão através de portas não é relevante.

Observações: Nas situações em que existam duas portas, uma porta pesada e com frinchas de pequena dimensão na entrada da habitação, e outra aligeirada, razoavelmente calafetada, o caminho de transmissão através de portas geral-mente não é problemático. Refira-se que uma avaliação rigorosa, de modo a de-terminar o contributo de cada via de transmissão envolvida, normalmente exige a realização de medições acústicas, por vezes, em condições muito específicas.

• Insuficiências de isolamento a sons de percussão: utilização de revesti-mentos de piso rígidos (em pedra, cerâmicos ou outros) rigidamente ligados à laje de piso, com continuidade entre a zona de circulação comum e o comparti-mento recetor.

1.3.3 Soluções de reabilitação

Insuficiências de isolamento a sons aéreos:

• Decorrentes de insuficiência de isolamento de portas: reforço das portas de acesso à habitação, por exemplo através das soluções indicadas em 1.3.3.1 e 1.3.3.2.

• Decorrentes de insuficiência de isolamento da parede de separação: re-forço da parede de separação, através da solução indicada no ponto 1.3.3.3.

Insuficiências de isolamento a sons de percussão: aplicação de um revesti-mento de piso de elevada redução sonora, no pavimento da zona de circulação, por exemplo, com a solução esquematizada em 1.3.3.4.

1.3.3.1 Reforço de isolamento de portas existentes

Situação A (quando existem duas portas):

Para situações correntes, em que existem duas portas entre a circulação comum e o compartimento recetor a proteger (geralmente quarto ou sala), uma pesada (em madeira maciça ou em sanduíche, com massa não inferior a 15 kg/m2) na entrada da habitação e uma segunda porta aligeirada, entre o hall de entrada e o comparti-mento recetor, a vedação de frinchas das duas portas pode conduzir a um aumento significativo de isolamento sonoro.

Situação B (quando existe uma única porta):

Para os casos em que existe apenas uma única porta a separar a circulação comum do compartimento recetor a proteger, geralmente é mais eficaz a substituição da

24

porta por uma porta acústica, de duplo batente em todo o contorno e com junta de soleira de fecho automático. Em alternativa, também se pode recorrer à aplicação de uma segunda porta, criando uma antecâmara (hall) entre portas, conforme se apresenta no ponto 1.3.3.2.

Aplicação

Situação A (quando existem duas portas):

Aplicação de “bites” em borracha ou em EPDM em todo o contorno de cada porta. O problema com maior dificuldade de resolução corresponde normalmente à junta de soleira, onde a diminuição do tamanho da frincha pode comprometer a normal abertura e fecho da porta. Neste caso, se a frincha apresentar uma espessura su-perior a 7 ou 8 mm, recomenda-se a colagem de uma pequena faixa de “cordão” retangular de borracha na face inferior da porta, de modo a reduzir a frincha para uma espessura da ordem de 4 ou 5 mm (espessura mínima que normalmente ainda permite a abertura da porta).

Situação B (quando existe uma única porta):

Procedimento em conformidade com o ponto 1.3.3.2.

1.3.3.2 Substituição de portas ou criação de antecâmara e segunda porta

Em caso de substituição de porta:

Nas situações em que se revela necessária a substituição da porta de acesso à ha-bitação, a porta a aplicar deverá ser uma porta acústica (com Rw não inferior a 40 dB), conforme Figura 10.

Em caso de criação de antecâmara:

Nas situações em que se opta pela criação de uma antecâmara (hall) e de uma se-gunda porta, deve ser seguido o procedimento indicado no ponto 1.3.3.1.

Aplicação

Em caso de substituição de porta:

Aplicação de porta acústica composta por um elemento em sanduíche, constituído por dois painéis de contraplacado (com acabamento na face visível) com espessura não inferior a 15 mm, separados por um complexo fonoabsorvente e isolante, e apresentando duplo batente com vedante flexível em borracha ou neoprene em todo o contorno e dispositivo de vedação de soleira.

índice

25

Duplo batente (de preferência) com vedanteflexível em borracha ou neoprene.

Pormenor da vedação de soleira - Corte Vertical.

Dispositivo de vedação de soleira(que descai automaticamentecom o fecho da porta).

Contraplacado ou MDF comespessura não inferior a 15mm, por pano.

Complexo fonoabsorvente e isolante, por exemplo, com membrana elastómerae material fonoabsorvente, com espessura total não inferior a 25 mm (a preenchertotalmente a caixa de ar).

Pavimento

Figura 10 – Esquema de princípio com a constituição de uma porta acústica.

Apesar da porta e respetivo aro poderem ser produzidos de acordo com o esquema de princípio da Figura 10, em carpintaria, existem alguns detalhes construtivos, cuja inobservância pode conduzir a quebras acentuadas de isolamento, sendo por este facto mais seguro optar por adquirir uma porta acústica e respetivo aro, certificados (que garantam um índice Rw na ordem de 40 dB ou superior), para aplicação no local. Ainda assim, é essencial uma correta instalação, devendo o remate entre o contorno do vão da parede e o aro não ser preenchido com espuma de poliuretano, mas sim ser acabado a argamassa, de modo a minimizar as folgas de maior dimen-são, devendo as pequenas folgas ser rematadas com mástique.

Em caso de criação de antecâmara:

Para a porta existente deverá ser seguido o procedimento indicado no ponto 1.3.3.1. Na nova porta aligeirada a aplicar, deverá garantir-se uma razoável calafetação de frinchas na nova porta.

1.3.3.3 Reforço da parede de separação

Para situações onde seja necessário o reforço da parede de separação direta entre a zona comum e o compartimento recetor (quarto ou sala), este poderá ser con-cretizado pelo lado interior da habitação, através de uma das soluções indicadas no ponto 1.2.3.1 (Figura 7 ou Figura 8).

O procedimento a adotar deverá estar em conformidade com o ponto 1.2.3.1.

26

1.3.3.4 Execução de pavimento flutuante ou revestimento flexível na zona comum

Situações correntes (com possibilidade de reforço de isolamento no local emissor)

Para situações onde seja necessário o reforço de isolamento a sons de percussão, de um determinado pavimento de zona comum para compartimentos recetores (quar-tos ou salas) de uma habitação, a solução a aplicar poderá passar pela execução de pavimento flutuante ou revestimento de piso flexível, com uma das soluções indica-das no ponto 1.1.3.1 (Figura 1), aplicada na zona de circulação comum.

Situações de inviabilidade de intervenção no local emissor (zona comum)

A minimização da transmissão de ruído de percussão, para estas situações é com-plicada, passando geralmente pelo reforço integral do compartimento recetor em conformidade com o ponto 1.1.3.5 (Figura 5).

1.4 Insuficiência de isolamento sonoro entre espaços de comércio ou serviços e habitações

1.4.1 Descrição/formas de manifestação

• Insuficiências de isolamento a sons aéreos: audição, dos sons produzidos no interior do estabelecimento, sendo exemplos, o som de televisões, aparelha-gens sonoras, outros equipamentos e conversas.

• Insuficiências de isolamento a sons de percussão: arrastamento de cadei-ras e/ou mesas ou outro mobiliário, movimentação de pessoas, pancadas em bancadas fixas, queda de objetos sobre o pavimento ou sobre mobiliário fixo, funcionamento de alguns equipamentos em contacto com elementos estrutu-rais, etc.

1.4.2 Causas comuns

• Insuficiências de isolamento a sons aéreos: reduzida massa das lajes de teto do estabelecimento, particularmente quando são aligeiradas; insuficiência de isolamento em paredes de separação.

Observações: Em estabelecimentos comerciais é frequente a existência de teto falso sob a laje de teto, no entanto, na maioria das situações este teto não é adequado para contribuir para um aumento significativo de isolamento, encon-trando-se muitas vezes atravessado por armaduras de iluminação, grelhas de ventilação ou por outros elementos, que funcionam como “pontos fracos de iso-lamento”. Nos casos em que existem interrupções no teto, mesmo que a zona de teto falso seja teoricamente de elevado desempenho, o funcionamento conjunto

índice

27

compromete substancialmente o isolamento.

• Insuficiências de isolamento a ruídos de percussão: utilização de revesti-mentos de piso rígidos (em pedra, cerâmicos ou madeira) rigidamente ligados à laje de piso, que por sua vez fica rigidamente ligada aos elementos verticais (pilares e paredes), com ligação igualmente rígida aos elementos da envolvente dos compartimentos recetores a proteger.

Observações: Apesar de corresponder a uma via de transmissão indireta, de baixo para cima, em muitos estabelecimentos a solicitação de impactos sobre o pavimento e por vezes paredes e estrutura é grande, tornado esta via, a par com a via aérea, muito relevante e, por vezes, erradamente desprezada, aquando da implementação de soluções de reabilitação acústica. Nestes casos (separação entre comércio/serviços e habitação), é de extrema importância uma avaliação acústica detalhada, com base em medições acústicas, que permitam caracterizar corretamente as insuficiências de isolamento.

1.4.3 Soluções de reabilitação

Nas situações de separação entre comércio/serviços e habitação as soluções de reforço de isolamento deverão ter como base medições acústicas, servindo as solu-ções a seguir apontadas, apenas como exemplo de possibilidades de melhoria, em particular quando o estabelecimento se encontra sob a zona de habitação a proteger. Se o estabelecimento se encontrar sobre zona de habitação, que acontece pontualmen-te, geralmente em edifícios implantados em terreno muito acidentado com zona de habitação em caves, a necessidade de uma avaliação acústica rigorosa, com base em medições acústicas, é ainda maior, e as soluções a aplicar poderão ser mais complexas.

Situações mais simples (estabelecimentos com funcionamento apenas em perío-do diurno e com níveis não muito elevados) e com fraco isolamento sonoro (valores de DnT,w, resultante das medições, claramente abaixo de 55 dB):

• Isolamento a sons aéreos – situação com zona de habitação sobre estabeleci mento): reforço da laje de teto do estabelecimento, através de teto falso de ele-vado desempenho, conforme indicado em 1.4.3.1. Em situações onde existam coretes, condutas ou tubagem a atravessar a laje de teto do estabelecimento, é geralmente necessário o seu reforço, por exemplo, através das soluções indica-das em 1.4.3.4.

• Isolamento a sons aéreos – situação com zona de habitação adjacente (ao mes-mo nível) ao estabelecimento: reforço da parede de separação que, em situa-ções mais simples, poderá eventualmente corresponder a uma solução confor-me indicado na Figura 7-b, no ponto 1.2.3.1.

Observações: Contudo, em muitos casos esta solução não é suficiente, reco-mendando-se uma caracterização prévia da situação, através de medições acús-ticas e do levantamento dos elementos de construção existentes no local, e só

28

depois o estudo de soluções de reforço.

• Isolamento de ruídos de percussão - execução de revestimento de piso de ele-vada redução sonora, conforme indicado em 1.4.3.2.

Situações de estabelecimentos com funcionamento em período noturno ou com níveis sonoros muito elevados: reforço de isolamento em toda a envolven-te do estabelecimento (criando uma caixa em todo o estabelecimento rigidamente desligada do restante edifício), conforme se indica em 1.4.3.3.

1.4.3.1 Execução de tetos falsos de elevado desempenho

Para situações de maior simplicidade, do tipo estabelecimentos com funcionamento apenas em período diurno e com níveis não muito elevados a solução poderá passar pelo reforço de isolamento a sons aéreos, através de teto falso em forma de sandu-íche, acabado a gesso cartonado (Figura 11).

Aplicação

Situações correntes mais simples

O reforço consiste na execução de teto falso composto por dois painéis de gesso car-tonado (12,5 + 12,5mm), em sanduíche com membrana elastómera, entre placas, fixos a perfis metálicos suspensos, com apoio de suspensão antivibratória, sobre os quais deve ser aplicado um material fonoabsorvente.

Observações: No teto falso de reforço não deverão ser embutidas armaduras, con-dutas ou elementos que fragilizem o reforço de isolamento. Estes elementos devem ficar abaixo da cota de teto falso.

Situações de estabelecimentos com funcionamento em período noturno ou com níveis sonoros muito elevados

Após uma avaliação rigorosa das verdadeiras necessidades de reforço (com base em medições acústicas), poderá ser necessário o reforço integral de toda a envolvente, conforme indicado em 1.4.3.3.

índice

29

Laje de teto em betão (maciça ou aligeirada).

Perfis de teto falso (com suspensão antivibratória).

Material fonoabsorvente (em lã mineral ou em aglomeradode espuma de poliuretano flexível com massa volúmicaentre 40 a 80 kg/m3).

2 painéis de gesso cartonado (12,5 + 12,5 mm), com juntas desencontradas, com membrana elastómera autoadesiva entre painéis.

Apoio de suspensão antivibratório.

Figura 11 – Esquemas de princípio com soluções de reforço através de teto falso em sanduíche com 2 placas de gesso membrana elastómera.

1.4.3.2 Aplicação de revestimento de piso de elevada redução sonora

Para situações correntes, de comércio e/ou serviços situados sob zonas de habita-ção, ou eventualmente no mesmo piso, como solução de reforço de isolamento a sons de percussão entre o espaço comercial/serviços e os compartimentos vizinhos da habitação, poderá optar-se pela aplicação de um revestimento de piso flexível (Figura 12-a) ou de preferência, uma betonilha flutuante em microbetão (Figura 12-b). Sobre esta betonilha flutuante poderá ser aplicado o revestimento de piso desejado (habitualmente cerâmico ou em pedra).

Aplicação

• Aplicação de revestimento de piso flexível em vinílico “acústico” com ΔLw ≥ 15 dB (Figura 12-a).

• Execução de betonilha flutuante em microbetão com espessura não inferior a 50 mm executada sobre membrana resiliente, em aglomerado de borracha ou de cortiça e borracha, com espessura não inferior a 4mm, aplicada sobre o piso existente (Figura 12-b).

Observações: Nesta betonilha flutuante é essencial que a membrana resiliente dobre em todo o contorno de paredes e pilares, de forma a garantir que todos os elementos acima desta membrana ficam rigidamente desligados dos elementos verticais e da camada estrutural do piso (as sobras da membrana só deverão ser cortadas após a aplicação do revestimento final de piso, para evitar que o cimento cola crie uma ligação rígida no contorno, junto ao rodapé).

30

Revestimento de piso flexível (por exemplo em vinílico "acústico" com ∆Lw>14 dB) de elevada resistência ao desgaste e ao punçoamento.

Laje em betão existente (maciça ou aligeirada), incluindo enchimentode piso (e eventualmente revestimento cerâmico, caso se pretenda manter).

a)

b) Betonilha flutuante em microbetão (com armadura de malha apertada), com espessura não inferior a 5 cm.

Revestimento de piso (cerâmicos ou pedras).

Laje em betão (maciça ou aligeirada), incluindo enchimento de piso (pode incluir anterior revestimento de piso).

Membrana resiliente, em aglomerado de borracha ou de cortiça e borracha, com espessura não inferior a 4 mm (com dobra em todo o contorno de paredes ou pilares, de forma a garantir que todos os elementos acima desta membrana ficam rigidamente desligados das paredes e laje).

Figura 12 – Esquemas de soluções de revestimentos de piso de elevada redução sonora (a sons de per-cussão) para espaços comerciais e/ou de serviços.

1.4.3.3 Reforço de isolamento integral no espaço de comércio ou serviços

Para situações limites, com elevadas necessidades de isolamento acústico, nome-adamente para estabelecimentos com funcionamento em período noturno ou com níveis sonoros muito elevados, poderá justificar-se o reforço integral de toda a en-volvente do estabelecimento (Figura 13).

Aplicação

A título indicativo é apresentado na Figura 13 um esquema de princípio que poderá ser implementado, mas este só deverá ser aplicado depois de um estudo detalhado da situação. Na generalidade dos casos, para além do reforço das zonas opacas, conforme representado na Figura 13, deverá existir também uma duplicação dos vãos envidraçados, a criação de antecâmaras de acesso ao estabelecimento e o con-trolo de ruído de todas as entradas e saídas, incluindo eventuais condutas de ventilação.

índice

31

Laje de teto em betão (maciça ou aligeirada).

Perfis de teto falso (com suspensão antivibratória)

Material fonoabsorvente (em lã mineral ou em aglomeradode espuma de poliuretano flexível com massa volúmicaentre 40 a 80 kg/m3).

Apoio de suspensão antivibratório.

Laje em betão (maciça ou aligeirada), incluindoenchimento de piso.

Montante fixo apenas na base e no teto falso (e apoioantivibratório à parede), com material fonoabsorvente (em lãmineral ou em aglomerado de espuma de poliuretano flexível) com massa volúmica entre 40 a 80 kg/m3, entre montantes de fixação dos painéis de gesso.

2 painéis de gesso cartonado (12,5 + 12,5 mm), comjuntas desencontradas, com membrana elastómeraautoadesiva entre painéis.

Betonilha flutuante em microbetão (armada com malhasol),com espessura não inferior a 6 cm.

Revestimento de piso (cerâmicos, pedras ou madeiras).

Placa resiliente, em aglomerado de espuma de poliuretanoflexível com massa volúmica próxima de 150 kg/m3, comespessura entre 20 a 40 mm (com dobra em todo o contorno).

Membrana de polietileno (plástico), para evitar a infiltração dos fluidos da betonilha na placa resiliente.

2 painéis de gesso cartonado (12,5 + 12,5 mm).

Figura 13 – Esquema de princípio com exemplos de possíveis soluções de reforço de isolamento integral de todo o espaço de comércio e/ou serviços.

1.4.3.4 Reforço de isolamento de pontos singulares de fraco isolamento (coretes e atravessamento de condutas)

Zonas de atravessamento de condutas (tubos de queda e/ou ventilação) e coretes são frequentemente pontos de fraco isolamento onde se torna necessário intervir, pois são locais que podem comprometer outras ações suplementares que visam aumentar o isolamento. Por este motivo torna-se necessário o reforço de isolamento destas zonas (Figura 14 e Figura 15).

Aplicação

Implementação, para o caso de coretes verticais, das seguintes ações (Figura 14):

• Execução de abertura para acesso ao interior da corete;

• Criação de “rolhão” em lã de rocha de baixa densidade, mas compactada, entre o exterior dos tubos e/ou colunas e as faces interiores da corete, no mínimo numa extensão de 1m junto ao teto e 1m junto ao piso (ou de preferência em toda a altura de cada piso – em caso de viabilidade de aplicação);

32

• Fecho da abertura com o mesmo tipo de material existente;

• Reforço de isolamento dos elementos da corete através da aplicação de elemen-to composto por material fonoabsorvente, entre montantes de fixação que cons-tituem o suporte de dois painéis de gesso cartonado (12,5 + 12,5 mm), sobretudo relevante quando as paredes da corete possuem massa e espessura reduzida.

Figura 14 – Esquema de princípio com solução de reforço duplo de coretes (para minimização de quebras de isolamento a sons aéreos).

1º - Execução de abertura para acesso aointerior da courete (a fechar posteriormente nomesmo tipo de material existente).

Tubos de queda e/ou colunas de ventilação (existentes.)

2º - Criação de "rolhão" em lã de rocha de baixadensidade, mas compactada, entre o exterior dos tubos e/ou colunas e as faces interiores da courete, no mínimo numa extensão de 1m junto ao teto e 1 m junto ao piso (ou de preferência em toda a altura de cada piso).

3º - Material fonoabsorvente (em lã mineral ou emaglomerado de espuma de poliuretano flexível) commassa volúmica entre 40 a 80 kg/m3, entre montantesde fixação dos painéis de gesso.

4º - Aplicação de 2 painéis de gesso cartonado (12,5 + 12,5 mm).

Implementação, para o caso de tubagens com percurso horizontal (coletores), sobre tetos falsos, das seguintes ações (Figura 15):

• Criação de um rolhão na entrada da corete, na altura máxima possível;

• Envolvimento da conduta com material fonoabsorvente de baixa densidade, com cerca de 30 mm de espessura;

• Envolvimento da camada de material fonoabsorvente com membrana elastóme-ra autoadesiva, com uma espessura total não inferior a 5 mm;

• Remate da referida membrana às paredes da corete;

• Execução de teto falso de reforço (ver ponto 1.4.3.1) sob as condutas.

índice

33

Envolvimento da conduta com material fonoabsorvente debaixa densidade (em lã mineral ou em aglomerado de espumade poliuretano flexível, com massa volúmica entre 30 a 60kg/m3), com cerca de 3 cm de espessura.

Envolvimento da camada de material fonoabsorventecom membrna elastómera autoadesiva, com umaespessura total não inferior a 5 mm.

Teto falso de reforço (ver Figura 11).

Criação de um rolhão na entrada da curete, na altura máxima possível, com remate da membrana às paredes da corete.

Figura 15 – Esquema de princípio com solução de reforço de conduta ou coletor com traçado em tetos fal-sos de estabelecimentos de comércio e/ou serviços.

Observações: Na ligação direta entre condutas do estabelecimento do R/C e a co-rete comum ao edifício habitacional, poderá optar-se pelo reforço da conduta, con-forme indicado no esquema da Figura 15, mas poderá ser ainda necessária a apli-cação de um atenuador sonoro (silenciador), conforme indicado no ponto seguinte, para minimizar a transmissão de ruído pelo interior da conduta.

1.4.3.5 Condicionamento acústico e vibrático de equipamentos

Caso existam equipamentos mecânicos, com partes rotativas, no interior ou no exterior de áreas de comércio e/ou serviços, estas devem ser objeto de intervenção de modo a minimizar a propagação de ruído e vibrações.

Para equipamentos no interior, geralmente o condicionamento vibrático, através da aplicação de apoios antivibratórios em todos os pontos de fixação, é suficiente (um exemplo - Figura 17). Em alguns casos, como forma de estabilização do equipamen-to, em alternativa aos apoios pontuais antivibratórios, poderá optar-se por uma laje ou maciço flutuante (Figura 16).

Para equipamentos no exterior, rigidamente ligados ao edifício a proteger, é também geralmente fundamental o mesmo tipo de intervenção no condicionamento vibráti-co, mas, quando a emissão e/ou transmissão de ruído para o exterior é elevada, ge-ralmente é necessário também um controlo de ruído aéreo (Figura 17 e Figura 18).

Observações: Nas Figuras 17 e 18 são apresentadas imagens de exemplos de so-luções que poderão ser aplicadas. Salienta-se que se trata apenas de exemplos de soluções, que devem ser objeto de estudo detalhado, antes da sua implementação.

34

Aplicação

Para condicionamento vibrático de equipamentos, dependendo do tipo de equipa-mento e da necessidade ou não de fixação mecânica, poderá optar-se pelo levan-tamento do equipamento seguido da recolocação sobre apoios antivibratórios, em todos os pontos de apoio ou fixação (por exemplo com soluções semelhantes às ilustradas na Figura 17), ou sobre um maciço de inércia flutuante, conforme esque-matizado na Figura 16.

Para situações com necessidades de controlo de ruído aéreo, a concretização de solu-ções corretivas pode ser muito variável e complexa, devendo ser analisada caso a caso.

Betonilha flutuante em microbetão (armada com malhasol), com espessura não inferior a 6 cm.

Laje em betão, de suporte do equipamento.

Placa resiliente, em aglomerado de espuma de poliuretanoflexível com massa volúmica da ordem de 150 kg/m3 (ou umpouco superior para equipamentos de elevada massa), comespessura próxima de 40 mm (com dobra, eventualmente demenor espessura, em todo o contorno de paredes ou pilares,de forma a garantir que todos os elementos acima destamembrana ficam rigidamente desligados das paredes e laje).

Membrana de polietileno (pástico), para evitar a infiltração dos fluidos da betonilha na placa resiliente.

Equipamento com elevada produção de ruído e vibrações.

Figura 16 – Esquema de princípio com solução de laje ou maciço flutuante para apoio de equipamento mecânico (com elevada emissão de vibrações).

Observação: Esta laje flutuante (ou maciço de inércia) pode ocupar a área de todo o compartimento, mas, quando o objetivo é apenas reduzir a transmissão de vibra-ções, pode transformar-se num maciço flutuante de área ligeiramente superior à área da base do equipamento.

índice

35

Figura 17 – Exemplos de soluções construtivas para condicionamento vibrático, no suporte de equipamen-tos mecânicos, com partes rotativas [13, 14].

Figura 18 – Exemplos de soluções construtivas utilizadas para interposição em condutas de ventilação (si-lenciadores), para exterior (barreiras acústicas) e em aberturas para o exterior (grelhas acústicas).

2. ANOMALIAS EM FACHADAS

A deteção de insuficiências de isolamento acústico em relação ao exterior do edifício, em particular para ambientes exteriores ruidosos, pode ser realizada pelos próprios morado-res, mas deve ser depois interpretada e eventualmente avaliada de forma mais detalhada por técnico desta área, para evitar que a implementação de soluções corretivas ou de rea-bilitação, por vezes onerosas, possam conduzir ao fracasso. À semelhança com o indicado no ponto 1, a correta avaliação, para posterior correção das insuficiências acústicas, exige muitas vezes o recurso a medições acústicas e eventualmente um acompanhamento por técnicos devidamente habilitados para o efeito.

36

2.1 Insuficiência de isolamento sonoro em vãos de janelas e portas

2.1.1 Descrição/formas de manifestação

De uma forma geral, para fachadas em alvenaria de tijolo (simples ou duplas) de espessura total não inferior a 20 cm, como acontece na generalidade dos edifícios do nosso parque habitacional, as insuficiências de isolamento acústico em relação ao exterior são devidas sobretudo a insuficiências ao nível dos vãos envidraçados ou de portas, bem como dos seus elementos de contorno, como as caixas de estores. Para situações onde existem entradas ou saídas de ventilação, é também frequente a existência de insuficiências a este nível. Estas insuficiências de isolamento mani-festam-se pela audição de ruído do exterior, em particular o resultante de tráfego.

2.1.2 Causas comuns

• Fraco desempenho acústico dos envidraçados;

• Existência de frinchas aparentes na caixilharia;

• Fraco desempenho de caixas de estores, por vezes apresentando frinchas (nor-malmente na ranhura de passagem da fita do rolo de estores e na ligação entre a parte superior da caixilharia e a tampa da caixa de estores).

Observações: A deteção das frinchas é relativamente simples, em particular quan-do a temperatura exterior é reduzida e se consegue sentir, pelo tato, o ar frio a entrar por estas. Para averiguar, de modo expedito, se a caixa de estores constitui o principal problema, poderá recolher-se o estore completamente e preencher o res-tante espaço vazio da caixa com material isolante fibroso (eventualmente desperdí-cios de tecidos). Se com a tampa de estores devidamente fechada, se verificar um aumento de isolamento em relação ao ruído do exterior, então a caixa de estore tem grande responsabilidade na falta de isolamento de fachada. Salienta-se no entanto que as medições acústicas, com uma fonte de ruído estabilizada no exterior, e a me-dição dos níveis sonoros no interior, constituem uma avaliação de maior rigor. Nas situações em que se torna percetível um aumento de isolamento quando se fecha completamente os estores, geralmente as principais insuficiências encontram-se ao nível dos vidros ou das frinchas no contorno do caixilho.

2.1.3 Soluções de reabilitação

Insuficiências de isolamento acústico de fachada motivadas por:

• Má vedação janelas e/ou portas existentes: reforço de isolamento do contorno (frinchas) de janelas e portas, por exemplo através das soluções indicadas em 2.1.3.1.

índice

37

• Insuficiências nas caixas de estores: reforço da caixa de estores, por exemplo, através da solução indicada no ponto 2.1.3.2.

• Insuficiências de isolamento generalizadas pelos vidros e caixilharia: substitui-ção de janelas e/ou portas por outras elevado desempenho, conforme indicado em 2.1.3.3. Em situações limite, com níveis de ruído no exterior muito eleva-dos e/ou com elevadas necessidade de isolamento em relação ao exterior, ou quando se pretende manter a janela existente, a solução geralmente mais eficaz passa pela duplicação da caixilharia, conforme indicado em 2.1.3.4.

2.1.3.1 Reforço de isolamento de janelas e/ou portas existentes

Para situações correntes, com envidraçados em vidro duplo, com vidros de espessu-ras diferentes ou com panos de vidro superiores a 4 mm, em que as insuficiências de isolamento estão relacionadas sobretudo com a existência de frinchas, a vedação de frinchas pode conduzir a um aumento significativo de isolamento sonoro.

Aplicação

Aplicação de “bites” em borracha ou em EPDM em todo o contorno da caixilharia.

Em sistemas de abrir com batente ou de oscilobatente a aplicação destes “bites” é relativamente simples, passando em alguns casos, pela substituição dos vedantes existentes (quando se encontram com anomalias).

Em sistemas de correr, a resolução do problema, entre as folhas de correr e a parte fixa do caixilho, é geralmente mais complicada. Em alguns casos, a solução pode passar pela substituição das pelúcias por vedantes em EPDM, como já acontece para alguns tipos de modelos de caixilharias de correr mais recentes (mas esta substitui-ção dificulta geralmente a abertura e fecho da janela).

Para frinchas entre o contorno fixo da caixilharia e a tampa da caixa de estores, a solução pode passar pela simples aplicação de cordão de mástique a selar estas frin-chas (mas que pode ter de ser aplicado novamente, cada vez que se tem de retirar a tampa da caixa de estores).

Para frinchas ao nível da ranhura da passagem da fita do rolo de estores (quando o comando é manual), para não comprometer o seu funcionamento, geralmente a forma mais eficaz passa por aumentar a absorção sonora no interior da caixa de estores, conforme indicado em 2.1.3.2.

2.1.3.2 Reforço de isolamento de caixas de estores e/ou de grelhas

Caixas de estore em betão:

As insuficiências de isolamento acústico ao nível da caixa de estores podem ser fa-cilmente atenuadas no caso de caixas em betão, como acontece para a generalidade

38

das caixas aplicadas há mais de 10 anos, através do aumento de absorção sonora e eventual reforço da tampa de estores (Figura 19).

Caixas de estore em EPS ou XPS:

Para caixas de estores aligeiradas, por exemplo em EPS ou XPS, como acontece em construções recentes, a correção pode tornar-se complicada, uma vez que geral-mente estas caixas têm pouco espaço disponível no seu interior, para uma interven-ção do tipo da indicada na Figura 19, e por vezes toda a caixa acaba por apresentar um fraco isolamento acústico, devido à sua reduzida massa. Muitas vezes este tipo de caixas são comercializadas com o argumento de garantirem um elevado isola-mento térmico e acústico, mas normalmente o isolamento acústico é muito fraco, inferior ao das tradicionais caixas em betão (com paredes habitualmente da ordem dos 40 mm de espessura).

Observações: Refira-se que, se a caixa de estores ficar totalmente pelo exterior ou pelo interior (não intersetando a caixilharia), geralmente não faz sentido o seu reforço.

Caixa de estores existente (em betão).

Revestimento interior através de manta de aglomeradode espuma fonoabsorvente em poliuretano flexível, comcerca de 30 mm de espessura (ou inferior, se não existirespaço disponível).

Reforço da tampa da caixa de estores existente, comcamada de membrana elastómera autoadesiva (massanão inferior a 7 kg/m2), colada pelo interior da tampa.

Calafetação de frinchas no caixilho com material elastómerode elevada densidade (por exemplo em mástique).

Figura 19 – Esquema de princípio com reforço de isolamento acústico (e de atenuação sonora) de caixas de estores.

Grelhas de ventilação:

Do ponto de vista acústico, a elevada estanquidade dos vãos de fachada é essen-cial. Contudo, para garantir uma adequada qualidade do ar no interior e minimizar eventuais problemas associados a fenómenos de condensação, sem ter que abrir e fechar os vãos para ventilação frequentemente ao longo dia, justifica-se cada vez mais a incorporação de grelhas de ventilação na fachada, de preferência autorregu-

índice

39

láveis (mais abertas para situações de fraca pressão do vento, ou quase fechadas quando a pressão é muito elevada). Estas grelhas constituem habitualmente um ponto fraco de isolamento da fachada, sendo recomendável que possuam elevada atenuação sonora.

Para situações correntes, grelhas com um índice de isolamento Dn,e,w não inferior a 38 dB podem considerar-se adequadas (alguns fabricantes de grelhas, mas infe-lizmente poucos e geralmente do mercado externo, já apresentam este indicador). A alternativa a estas grelhas poderá passar pelas entradas de ar com condutas de atravessamento da parede de fachada, revestidas interiormente com material fono-absorvente (Figura 20).

Em situações com caixas de estores, poderá optar-se por fazer a entrada e/ou saída de ar através do atravessamento da tampa da caixa de estores (Figura 21).

Tubo em PVC em forma de Z (por exemplo com diâmetro de 90 ou 110 mm).

Grelha interior (que pode ser autoregulável).

Revestimento interior em aglomerado de espuma de poliuretano flexível, com cerca de 80kg/m3 e cerca de 20 mm de espessura.

Remate do tubo em argamassa.

Troço de tubo ligeiramente inclinado e sem revestimento na zona inferior (para escoamento de eventuais pequenas entradas de água pluvial).

Grelha exterior (com rede em PVC, para evitar a entrada de insetos).

Figura 20 – Esquema de princípio para entrada e/ou saída de ar em fachada, com atenuação sonora (para evitar quebras de isolamento sonoro).

40

Caixa de estores existente (em betão).

Revestimento interior através de manta de aglomerado de espuma fonoabsorvente em poliuretano flexível, com cerca de 30 mm de espessura (ou inferior, se não existir espaço disponível).

Reforço da tampa da caixa de estores existente, com camada de membrana elastómera autoadesiva (massa não inferior a 7 kg/m2), colada pelo interior da tampa.

Calafetação de frinchas no caixilho com material elastómerode elevada densidade (por exemplo em mástique).

Criação de abertura através de caixa em madeira (espessuranão inferior a 8 mm), em parte da tampa da caixa de estores,revestida inferioremente com aglomerado de espumafonoabsorvente em poliuretano flexível (10 mm de espessura).

Figura 21 – Esquema de princípio com atenuação sonora em caixas de estores e com adaptação de entrada e/ou saída de ar (com atenuação sonora).

2.1.3.3 Substituição de janelas e/ou portas por outras de elevado desempenho

Caixilharia

Quando existe insuficiência de isolamento generalizada pelos vidros, em vidros sim-ples ou duplos com os dois panos iguais e de pequena espessura (não superior a 5 mm) ou caixilharia de fraco desempenho, geralmente com frinchas aparentes, a solução normalmente mais eficaz passa pela substituição da caixilharia e dos vidros, por outros de elevado desempenho (com uma classe de permeabilidade ao ar não inferior a 3, mas de preferência da classe 4), com caixilharia com corte térmico, mista de alumínio e madeira ou eventualmente em PVC.

Portas Opacas

No caso especifico de portas opacas, as eventuais insuficiências são geralmente re-levantes para situações sem antecâmara e uma segunda porta, entre o exterior e o interior de quartos ou salas, o que geralmente não acontece. Mas se for este o caso, a solução pode passar por uma das soluções indicadas para a separação entre zonas de circulação comum e o interior das habitações, nos pontos 1.3.3.1 e 1.3.3.2.

Aplicação

Caixilharia

Montagem de sistemas de caixilharia de elevado desempenho, que estão normal-

índice

41

mente associados a caixilharias de batente (giratória, oscilobatente, basculante, deslizante osciloparalela ou sistemas mistos, incluindo painéis fixos), conforme es-quematizado na Figura 22.

Fixa

Caixilharia de batente (giratória, oscilobatente ou basculante) Caixilharia de batente deslizante(osciloparalela).

Figura 22 – Exemplos de janelas com sistema de abertura com batente (sistemas de elevado desempenho).

Vidros

O vidro deverá ser duplo, com panos de diferente espessura (por exemplo, vidros de 6+8 mm, eventualmente com um ou mesmo dois vidros laminados).

Portas opacas

Procedimento em conformidade com os pontos 1.3.3.1 e 1.3.3.2

Observações: Com a implementação de solução de elevada estanquidade, como anteriormente recomendado, a necessidade de inclusão de grelhas de ventilação pode tornar-se imprescindível, sendo, neste caso, recomendável a adoção de solu-ções de elevada atenuação sonora, conforme indicado no ponto 2.1.3.2.

2.1.3.4 Duplicação de janelas e/ou portas

Em alternativa à substituição de janelas, e em especial para situações com níveis de ruído no exterior muito elevados e/ou com elevadas necessidade de isolamento em relação ao exterior, poderá optar-se por manter a janela existente, aplicando uma segunda janela, afastada da existente em pelo menos 10 cm (Figura 23).

42

Aplicação

Duplicação da caixilharia, que deverá ser realizada com:

• Caixilharia de classe de permeabilidade ao ar não inferior a 3, preferencialmente da classe 4 (de preferência em janela de batente em todo o contorno).

• Vidro duplo, com panos de diferente espessura, por exemplo com vidros de 6+8 mm (no mínimo 6+4mm), ou eventualmente com um ou mesmo com os dois vidros laminados.

Observações: Esta segunda janela deve ficar localizada de forma a evitar eventu-ais quebras pontuais de isolamento. Por exemplo, se existir caixa de estores, esta segunda janela deve ficar preferencialmente pelo exterior da caixa (Figura 23), ou eventualmente à face interior da caixa de estores (se terminar na zona central da tampa da caixa de estores, dificilmente se conseguirão evitar quebras localizadas de isolamento através da caixa de estores). Refira-se, no entanto, que a aplicação de segunda caixilharia pelo exterior dos estores em fachadas de grande exposição solar de Verão, nomeadamente a Poente, pode originar temperaturas muito eleva-das entre os dois caixilhos, recomendando-se que esta fique parcialmente aberta, no Verão, durante os períodos do dia com maior exposição solar.

Aplicação de caixilharia de correr (classe de permeabilidade ao ar não inferior a A3), em alumínio ou, de preferência, em PVC, com vidro duplo, com panos de diferente espessura (por exemploem vidro de 8+6 mm).

Figura 23 – Esquema de princípio com possível localização de segunda janela, na opção de reforço de isolamento através de duplicação de janela.

índice

43

2.2 Insuficiência de isolamento sonoro generalizado dos elementos de fachada (em fachadas leves)

2.2.1 Descrição/formas de manifestação

As insuficiências de isolamento acústico em relação ao exterior são devidas sobretu-do a insuficiências ao nível dos vãos e elementos de contorno, não sendo relevante o reforço da zona opaca de parede. Contudo, para sistemas de fachadas aligeiradas (com massas geralmente inferiores a 100 kg/m2), as causas do reduzido isolamento acústico poderão estender-se também às zonas de parede opacas.

As insuficiências de isolamento manifestam-se pela audição de ruído do exterior, em particular do ruído de tráfego. Contudo, em muitos casos não é fácil distinguir quais os caminhos principais de transmissão (pelo vidro, pelo caixilho e frinchas, por outros elementos de contorno ou pela zona opaca de parede), mesmo recorrendo a medições acústicas normalizadas (em alguns casos é possível através de técnicas de medição de isolamento com sondas de intensidade).

2.2.2 Causas comuns

Quando para além dos vãos e eventuais grelhas de ventilação as insuficiências de isolamento acústico são também, em grande parte, devidas à zona corrente de fa-chada (geralmente só relevante para fachadas muito aligeiradas, pouco habituais no nosso parque habitacional). Sendo as causas mais comuns a existência de he-terogeneidades (vazios) e a falta de massa aliada a ligações rígidas entre camadas (em elementos múltiplos). Tal como referido, este tipo de anomalia é muito pouco frequente, mas se for necessário a sua correção é conveniente um estudo detalha-do, baseado em medições acústicas, realizadas em condições muito específicas, que permitam avaliar, ainda que de forma qualitativa, o peso relativo dos diferentes caminhos de transmissão de som.

2.2.3 Soluções de reabilitação

• Correção de insuficiências de isolamento acústico generalizado da facha-da: reforço integral de isolamento da fachada, pelo lado interior (mais simples de implementar), conforme indicado no ponto 2.2.3.1, ou pelo lado exterior, de acordo com o indicado no ponto 2.2.3.2.

• Correção de insuficiências de isolamento em relação aos vãos e elemen-tos de contorno: soluções a implementar do tipo das indicadas no ponto 2.1.3.

44

2.2.3.1 Duplicação aligeirada do elemento de fachada pelo interior e refor-ço dos vãos

Com vista ao aumento de isolamento acústico generalizado da fachada (relevante para fachadas aligeiradas), poderá proceder-se ao seu reforço, pelo lado interior (Figura 24).

Observações: Refira-se, no entanto, que este tipo de solução, na generalidade dos casos tem sobretudo vantagens ao nível do reforço de isolamento térmico. Do ponto de vista acústico este tipo de soluções só conduz a um aumento significativo de isolamento em fachadas aligeiradas (com massas inferiores a 100 kg/m2), se for constituído por várias camadas rigidamente desligadas entre si. No caso de soluções constituídas por múltiplas camadas, mas com ligação rígida entre elas, o funciona-mento do conjunto não é muito diferente do correspondente a um elemento simples com a mesma massa.

Parede a reforçar.

Material fonoabsorvente (em lã mineral ou em aglomerado de espuma de poliuretano flexível) com massa volúmica entre 40 a 80 kg/m3, entre montantes de fixação dos painéis de gesso.

Apoio antivibratório de parede.

2 painéis de gesso cartonado (12,5 + 12,5 mm).

Janela existente.

Duplicação de janela (com classe de permeabilidade ao ar não inferior a A3, por exemplo de oscilobatente).

Figura 24 – Esquema de princípio com possível solução de reforço de isolamento integral da fachada, com locali-zação de segunda janela na zona de reforço, realizada pelo interior do edifício.

2.2.3.2 Duplicação aligeirada do elemento de fachada pelo exterior e refor-ço dos vãos

Intervenção na fachada:

Com vista ao aumento de isolamento acústico generalizado da fachada, e em alter-nativa à solução indicada no ponto 2.2.3.1, poderá proceder-se ao reforço integral de isolamento da fachada, pelo lado exterior, através de uma solução em ETICs em

índice

45

que o isolamento térmico aplicado é simultaneamente fonoabsorvente (Figura 25).

Observações: Tal como no caso do reforço pelo interior, esta solução, para a gene-ralidade dos casos, é sobretudo vantajosa ao nível do reforço de isolamento térmico. Neste caso, se for necessário o reforço de isolamento ao nível dos vãos, a melhor solução passa pela substituição da caixilharia existente por caixilharia de melhor desempenho e do eventual reforço dos restantes elementos envolvidos, conforme indicado no ponto 2.1.3. Contudo, a localização da caixilharia e sua fixação ao con-torno do vão é muito importante, devendo ser analisada caso a caso. Do ponto de vista acústico, a solução de reforço pelo interior (2.2.3.1) é geralmente mais eficaz no aumento de isolamento acústico em relação aos ruídos provenientes do exterior, uma vez que permite resolver facilmente o reforço dos vãos. A opção por uma des-tas vias de reforço, muitas vezes tem de ser ponderada com outras necessidades de melhoria, nomeadamente de aumento de isolamento térmico.

Parede de suporte.

Argamassa de colagem.

Placa de isolamento em lã de rocha de alta densidade (>110kg/m3) ou em aglomerado de cortiça expandida.

Bucha de fixação mecânica da placa de isolamento.

1ª camada de argamassa de base.

Armadura em fibra de vidro.

2ª camada de argamassa de base.

Primário de regularização.

Acabamento colorido.

Figura 25 – Esquema de princípio com possível solução de reforço de isolamento da área opaca de fachada pelo exterior, com uma solução em ETICs, onde o material de isolamento térmico tem características fonoabsorventes.

Intervenção nos vãos e outros elementos da fachada:

Procedimento conforme o ponto 2.1.3.

46

3. ANOMALIAS EM COBERTURAS

A deteção de insuficiências de isolamento acústico, a sons aéreos, em relação ao exterior do edifício, através da cobertura, em particular para ambientes exteriores muito ruidosos, é na maioria das vezes efetuada pelos próprios moradores, sendo posteriormente interpre-tada e avaliada de forma detalhada por técnico com competência para o efeito. O excesso de transmissão de ruído com origem na percussão da chuva ou de granizo sobre a cober-tura constitui um problema, em que as soluções corretivas poderão ser substancialmente diferentes das recomendadas para insuficiências de isolamento de sons aéreos. Neste caso a uma avaliação rigorosa exige frequentemente o recurso a medições acústicas, sob con-dições específicas (geralmente através de métodos não normalizados) e um acompanha-mento por técnicos devidamente habilitados para o efeito

3.1 Insuficiência de isolamento em coberturas aligeiradas

3.1.1 Descrição/formas de manifestação

As insuficiências ao nível da zona corrente de cobertura verificam-se geralmente para coberturas aligeiradas (com massas inferiores a 100 kg/m2), habitualmente para situações sem laje de teto/cobertura em betão. Na generalidade das cobertu-ras dos edifícios do nosso parque habitacional as insuficiências de isolamento a sons aéreos através da cobertura, em relação ao exterior, são devidas sobretudo a insu-ficiências ao nível de eventuais vãos de cobertura ou de outros pontos singulares (pontos fracos), como chaminés e zonas de atravessamento de condutas.

• Insuficiências de isolamento a sons aéreos: audição do ruído de tráfego ou eventualmente de ruído/som emitido no exterior próximo da cobertura e geral-mente a uma cota superior.

• Insuficiências de isolamento a ruídos de percussão: audição do ruído pro-duzido pela queda de chuva intensa ou de granizo (quando a via de transmissão principal é por percussão, ou seja, quando não se verificam grandes insuficiên-cias de isolamento a sons aéreos).

Observações: A queda de chuva ou granizo pode originar transmissão por ambas as vias (aérea e percussão). Por exemplo, numa situação de cobertura, sem vãos horizontais nem outros pontos singulares, em laje de betão, com revestimento de cobertura em chapas metálicas fixas rigidamente à laje, em que é percetível o ruído provocado pela queda de chuva, nos compartimentos sob a cobertura, geralmente a via principal de transmissão é por percussão (via estrutural). No entanto quando

índice

47

neste tipo de cobertura existe uma janela de cobertura (ou quando existe janela “vol-tada” para a cobertura) de fraco desempenho acústico, a perceção intensa da queda da chuva ocorre normalmente também por via aérea (ou sobretudo por via aérea).

3.1.2 Causas comuns

• Insuficiências de isolamento acústico a sons aéreos: existência de vãos ou pontos singulares e/ou falta de massa do elementos de cobertura, geralmente aliada à existência de ligações rígidas entre as várias camadas (teto, estrutura de cobertura e revestimento de cobertura).

• Insuficiências de isolamento acústico a sons de percussão: para situações em que o revestimento de cobertura possui fraco amortecimento à percussão, como no caso de coberturas metálicas, e se encontra rigidamente ligado aos restantes elementos de cobertura, especialmente agravado quando não existe laje pesada de cobertura (em betão).

3.1.3 Soluções de reabilitação

Correção de insuficiências de isolamento acústico de coberturas (excluindo eventuais vãos ou pontos singulares): reforço de isolamento através de teto falso, eventualmente melhorado com uma substituição da cobertura (em especial quando apresenta anomalias a outros níveis), por exemplo em conformidade com as soluções indicadas em 3.1.3.1.

Para o caso de coberturas metálicas (com chapa simples ou mesmo em sanduíche com isolamento térmico rígido, nomeadamente, espuma de poliuretano rígido), e quando a componente de ruído gerado pela queda de chuva ou granizo é relevante, a solução poderá passar pela substituição da cobertura por solução em sanduíche de elevado amortecimento e com elevado isolamento a sons aéreos, por exemplo em conformidade com a solução indicada no ponto 3.1.3.2.

3.1.3.1 Execução de tetos falsos

Situação A - teto falso simples (Figura 26):

Para situações correntes, o reforço de isolamento a sons aéreos de uma cobertura poderá passar pela aplicação de um teto falso contínuo, em gesso cartonado, com a caixa de ar, no tardoz da placa, preenchida com material fonoabsorvente (Figura 26).

Observações: Se não existir um elemento de base sob o revestimento de cobertu-ra estanque, como a sub telha, este teto falso simples pode revelar-se insuficiente, sendo recomendável um reforço de isolamento (Situação B).

48

Situação B - teto falso melhorado:

Para situações com maior necessidade de isolamento, poderá ser necessária a exe-cução de um teto falso melhorado, por exemplo, com um primeiro teto falso simples (Figura 26), e uma segundo teto falso inferior, suspenso através de apoios antivi-bratórios com material fonoabsorvente na caixa de ar (de acordo com o indicado na Figura 4-b do ponto 1.1.3.4).

Revestimento de cobertura (telha cerâmica).

Sistema de sub telha.

Sistema de suporte (barrote ou viga pré-esforçada e ripa, em madeira ou betão).

Perfil de suporte do teto falso (perfil omegaou ripa de madeira).

Painel sanduíche de lã mineral ou de aglomerado de espuma de poliuretanoflexível, com cerca de 90 kg/m3 e cerca de40 mm de espessura, com gesso cartonado(com espessura não inferior a 12,5 mm).

Figura 26 – Esquema de princípio com possível solução de substituição de cobertura (com telha cerâmica e sub telha) e reforço de isolamento através de teto falso simples.

3.1.3.2 Substituição de cobertura por elemento com multicamadas

Em coberturas de baixa pendente, por exemplo, em chapa metálica ou em fibro-cimento, onde sejam evidentes as insuficiências de isolamento acústico e/ou onde seja incomodativo o ruído gerado pela percussão da cobertura, através da chuva ou granizo, por vezes a solução de melhoria mais eficaz passa pela substituição da cobertura por uma nova cobertura constituída por múltiplas camadas, intercaladas por materiais flexíveis e fonoabsorventes (Figura 27).

Observações: Em alternativa aos painéis sanduíche adjacentes ao revestimento exterior de cobertura, poderá optar-se por chapas de cobertura metálicas em san-duíche (inferior e superior) com lã de rocha (de massa volúmica da ordem de 100 kg/m2) entre chapas e por um teto falso inferior, igualmente com material fonoab-sorvente na caixa de ar. Contudo, a fixação, através de parafusos, destes painéis à estrutura, mesmo com a aplicação de anilhas elastómeras (recomendável para es-tes casos), constitui geralmente um ponto rígido, implicando um fraco desempenho no isolamento a ruídos de percussão. Pelo exposto esta opção deverá ser considera-da apenas nos casos em que existe uma laje de cobertura em betão (aligeirada ou maciça), e se pretende uma cobertura metálica.

índice

49

Revestimento exterior flexível em tela (plana oueventualmente com ondulação, em PVC ou constituídapor fibras vegetais impermeabilizadas com betume eprotegidas por resina, com pigmentação à cor pretendida).

Painel de lã de rocha com massa volúmica entre 130 e 160 kg/m3.

Membrana pára vapor.

Chapa metálica de suporte trapezoidal ou ondulada.

Teto falso em gesso cartonado ou em derivados demadeira com lã mineral ou aglomerado de espuma depoliuretano flexível na caixa de ar.

Figura 27 – Esquema de princípio com possível solução de substituição de cobertura por cobertura em sanduíche, de grande amortecimento, reforçada pelo interior (no isolamento a sons aéreos) com teto falso.

3.2 Insuficiência de isolamento em vãos de cobertura ou noutros pontos singulares

3.2.1 Descrição/formas de manifestação

De uma forma geral, para coberturas com laje em betão (maciça ou aligeirada), as insuficiências de isolamento acústico a existirem não dependem geralmente da zona corrente de cobertura, mas sim dos vãos de cobertura e de outros pontos sin-gulares da cobertura. Nestes casos, as insuficiências de isolamento manifestam-se geralmente pela audição do ruído de tráfego ou eventualmente de ruído/som, emi-tido no exterior próximo da cobertura e geralmente a uma cota superior.

Observações: Nas situações em que o ruído tem origem na queda de chuva ou granizo (por exemplo sobre superfícies metálicas), uma ligeira abertura de vãos da cobertura (ou localizados próximo), conduz geralmente a um aumento significativo de ruído no interior. Caso não se verifique diferença significativa de ruído no interior, e os níveis de ruído no interior se mantenham elevados, provavelmente a transmis-são está a ocorrer sobretudo por via estrutural. Neste caso, a resolução do problema pode passar pela substituição do revestimento de cobertura ou da sua forma de fixação à laje de suporte.

No caso de coberturas aligeiradas pode, por vezes, não ser fácil distinguir quais

50

os elementos relevantes na transmissão de ruído para o interior da habitação, sendo recomendável uma avaliação detalhada caso a caso, recorrendo a ensaios acústicos, que permitam identificar o peso relativo das diferentes vias de transmissão envolvidas.

3.2.2 Causas comuns

Em coberturas pesadas, com laje em betão (maciça ou aligeirada): fraco desempenho acústico dos vãos envidraçados da cobertura ou localizados na sua proximidade (com particular relevância quando existem zonas de habitação acima da cota da cobertura em causa); insuficiências de isolamento em pontos singulares, como chaminés, saídas de coretes para a cobertura ou de outros atravessamentos.

Observações: A deteção de insuficiências de isolamento ao nível dos vãos de co-bertura pode ser realizada de acordo com o indicado em 2.1.1. No caso de outros pontos singulares, com atravessamentos da cobertura, a deteção de insuficiências de isolamento poderá ser realizada fechando provisoriamente as zonas terminais destas aberturas, por exemplo, com um “rolhão”, de grande espessura, com restos de teci-dos compactados. Neste caso, se forem evidentes melhorias significativas na minimi-zação de ruído no interior, quando no exterior existem níveis de ruído elevados, tudo indica que estes pontos singulares constituem pontos de fraco isolamento, devendo ser corrigidos.

3.2.3 Soluções de reabilitação

• Insuficiências de isolamento acústico em vãos de cobertura, ou próximos da cobertura: reforço de isolamento dos vãos, conforme se descreve no ponto 3.2.3.1.

• Insuficiências de isolamento provocadas por pontos singulares (chami-nés, saídas de coretes ou outros atravessamentos): execução das solu-ções indicadas no ponto 3.2.3.2.

3.2.3.1 Reforço de isolamento acústico de vãos de cobertura

Para situações correntes de insuficiências de isolamento acústico em vãos de co-bertura, a melhoria de isolamento pode passar pela implementação das soluções indicadas no ponto 2.1.

Situação A – vedação de frinchas:

Em casos mais simples, quando existem frinchas aparentes (geralmente em vão verticais, não expostos diretamente à chuva), a solução poderá passar simplesmen-te pela melhoria da calafetação de frinchas (ponto 2.1.3.1).

Situações B – substituição da caixilharia:

Para situações com vidros simples ou duplos de espessuras iguais e de pequena

índice

51

espessura, ou quando o caixilho compromete de forma evidente o isolamento, a solução poderá passar pela substituição de caixilhos e envidraçados (ponto 2.1.3.3).

Situações C – reforço de isolamento suplementar:

Para situações limite, tal como no caso de fachadas, com níveis de ruído no exterior muito elevados e/ou com grandes necessidades de isolamento acústico, a solução poderá passar pela aplicação de uma segunda caixilharia (ponto 2.1.3.4).

3.2.3.2 Reforço de isolamento de pontos singulares na cobertura

Para correção de insuficiências de isolamento provocadas por pontos singulares na cobertura, como chaminés, saídas de coretes para a cobertura ou de outros atra-vessamentos, a solução deverá ser estudada caso a caso, uma vez que este tipo de insuficiência não é muito habitual, e é fortemente condicionado pelas condições específicas de execução e de localização face aos locais a proteger. Apontam-se de seguida apenas alguns exemplos de soluções gerais que podem ser executadas.

No caso de coretes, de passagem de tubos e/ou condutas, geralmente o reforço do interior da corete no troço correspondente ao último piso (imediatamente abaixo da cobertura) e eventualmente no troço que sai acima da cobertura, permite resolver o problema. O procedimento a adotar deverá estar em conformidade com o ponto 1.1.3.6.

Em chaminés, por exemplo, de lareiras em salas, geralmente o revestimento inte-rior do troço final da chaminé, com cerca de 1,5 m de comprimento, com material fonoabsorvente com espessura não inferior a 25 mm (neste caso de elevada re-sistência ao fogo) pode atenuar significativamente a transmissão de ruído através da chaminé. Para o efeito, o material fonoabsorvente poderá ser, por exemplo, em painel rígido de lã de rocha totalmente revestido com véu anti desagregante, de elevada resistência ao desgaste.

4. EXCESSO DE RUÍDO PROVOCADO PELO FUN-CIONAMENTO DE EQUIPAMENTOS COLETIVOS

O excesso de ruído provocado pelo funcionamento de equipamentos coletivos, pode ter inúmeras origens e formas de manifestação, sendo geralmente recomendável uma ava-liação detalhada, por técnico com competência para o efeito. No entanto, neste capítulo, são apresentados apenas alguns exemplos de possíveis correções a este nível, que são organizadas em duas áreas: para correção de insuficiência de isolamento em relação a equipamentos mecânicos; e para insuficiência de isolamento em relação a instalações de águas, esgotos e ventilação.

52

4.1 Insuficiência de isolamento em relação a equipamen-tos mecânicos

4.1.1 Descrição/formas de manifestação

As insuficiências de isolamento acústico em relação a zonas onde se encontram instalados equipamentos mecânicos são geralmente simples de detetar, bastando desligar todos os equipamentos, ligando um de cada vez. Aqueles que forem mais percetíveis serão os que necessitarão de uma correção prioritária.

Contudo, depois de identificados os equipamentos problemáticos, por vezes é difícil perceber qual a principal via de transmissão (via aérea; via estrutural). Quando o ruído aéreo no local onde se encontra o equipamento não é muito elevado e quando não existe separação direta entre o local de emissão e o compartimento a proteger (em geral quarto ou sala), geralmente a principal via de transmissão é estrutural. Noutras situações, ou em caso de dúvida, a forma mais simples de deteção do peso relativo destas vias passa pela realização de medições acústicas (cruzando informa-ção resultante de medições de ruído, de isolamento e de vibrações).

4.1.2 Causas comuns

• Insuficiências de isolamento a sons aéreos: reduzida massa dos elementos de separação, quando existe separação direta (através de parede ou de laje) entre o local de instalação dos equipamentos e o compartimento a proteger; ou existência de pontos singulares (pontos de fraco isolamento), nomeadamente caixas embutidas, atravessamento de coretes, de tubagem ou condutas.

• Insuficiências de isolamento de vibrações (por via estrutural): fixação ou apoio rígido ao suporte, entre o equipamento e a estrutura de suporte.

4.1.3 Soluções de reabilitação

Isolamento a sons aéreos:

• Existência de separação direta entre emissor e recetor: reforço de isola-mento apenas do elemento de separação direto, parede ou laje (ponto 4.1.3.2).

• Situações com níveis de ruído muito elevado: reforço integral de toda a envol-vente do espaço emissor, onde se encontra instalado o equipamento (ponto 4.1.3.2).

• Proteção do espaço recetor: reforço de isolamento em compartimentos rece-tores (4.1.3.3).

Observações: Esta é muitas vezes a solução para situações limite, onde seja difícil ou muito dispendioso o condicionamento acústico e vibrático em áreas téc-

índice

53

nicas, e exista apenas uma pequena zona a proteger (por exemplo um quarto).

Situações de transmissão através de vibrações: aplicação de apoios antivibratórios, apenas de compressão, ou também de elevada resistência à tração e ao corte (ponto 4.1.3.1).

4.1.3.1 Isolamento de vibrações de equipamentos

Apoios antivibratórios:

O isolamento de vibrações de equipamentos mecânicos, com partes rotativas, no interior ou no exterior do edifício, passa geralmente por desligar completamente to-dos os pontos rígidos de suporte e fixação dos equipamentos e aplicar no seu lugar apoios antivibratórios, que podem funcionar sobretudo por compressão, corte ou por tração, bem como funcionar simultaneamente nas três direções (ver exemplos na Figura 17, no ponto 1.4.3.5).

Base de inércia flutuante:

Em situações onde se justifica uma base de inércia para o equipamento, como forma de estabilização, em alternativa aos apoios pontuais antivibratórios, poderá optar--se por uma laje ou maciço flutuante (Figura 16, no ponto 1.4.3.5).

Observações: É essencial que para cada tipo de situação, em função do equipa-mento específico e da sua carga (estática e dinâmica), se proceda ao correto dimen-sionamento do apoio, antes da sua implementação. Para além dos equipamentos com partes rotativas, existem por vezes outros equipamentos e/ou mecanismos objeto de reclamações, nomeadamente portões coletivos de garagens. Nestes ca-sos, normalmente a solução passa por desligar também todo o mecanismo (motor e calhas) e por fixa-los apenas através de apoios antivibratórios, neste caso com resistência adequada à tração, corte e compressão.

4.1.3.2 Condicionamento acústico e vibrático em áreas técnicas

Para situações em que para além da resolução de eventuais componentes de vibra-ção, é necessário o reforço de isolamento a sons aéreos, é conveniente o reforço dos elementos envolventes ao espaço onde se encontra instalado o equipamento.

Isolamento a sons aéreos da partição comum (emissor/recetor):

Em situações simples, em que existe um fraco isolamento a sons aéreos e existe uma separação direta entre o local emissor e o local recetor, e quando não é ne-cessário atingir índices de isolamento sonoro a sons aéreos muito elevados, poderá optar-se apenas pelo reforço de isolamento do elemento de separação direto (pare-de ou laje). O procedimento a adotar deverá estar em conformidade com:

• Figura 7-b (ver 1.2.3.1), para o caso de paredes;

54

• Figura 3-b (ver 1.1.3.3), para o caso de pisos (melhorando também neste caso o isolamento de vibrações);

• Figura 4-b (ver 1.1.3.4), para o caso de lajes de teto.

Observações: Refira-se ainda que, no caso da separação direta ser uma laje de piso e se a opção no ponto 4.1.3.1 for a laje ou maciço de inércia, para aumentar também o isolamento a sons aéreos bastará geralmente que a solução seja esten-dida a todo o piso, garantindo, no entanto, que não existe qualquer ligação rígida no contorno.

Reforço integral do compartimento emissor:

Para situações em que os níveis de ruído na emissão são muito elevados e existem necessidades de isolamento sonoro muito elevado, é geralmente necessário um reforço integral de toda a envolvente do espaço onde se encontra instalado o equi-pamento. Neste caso, o procedimento a adotar deverá estar em conformidade com a Figura 28, mas excluindo o revestimento de teto fonoabsorvente.

Reforço integral do compartimento emissor e diminuição dos níveis sono-ros na emissão:

Para situações limites, onde para além do elevado isolamento sonoro é necessário baixar também os níveis de ruído no espaço emissor, a solução passa pelo reforço integral do compartimento recetor incluindo ainda um revestimento fonoabsorvente em tetos (de acordo com a Figura 28), ou eventualmente em paredes.

Observações: Existem no mercado muitos materiais de elevada absorção sonora que podem ser aplicados, mas atendendo ao custo e elevada resistência ao fogo, exigida para este tipo espaços técnicos, indica-se como exemplo o painel rígido de lã de rocha com véu anti desagregante de elevada resistência ao desgaste, com fita sobre juntas, para evitar a desagregação da lã de rocha.

índice

55

Laje em betão (maciça ou aligeirada)

Perfis de teto falso (com suspensão antivibratória).

Material fonoabsorvente (em lã mineral ou em aglomeradode espuma de poliuretano flexível com massa volúmicaentre 40 a 80 kg/m3).

2 painéis de gesso cartonado (12,5 + 12,5 mm), comjuntas desencontradas (eventualmente melhorado commembrana elastómera autoadesiva entre painéis).

Apoio de suspensão antivibratório

Calço antivibrátil de suporte da calha de fixação dosmontantes metálicos.

Revestimento de teto fonoabsorvente (por exemplo,com painéis rígidos de lã de rocha revestida com véuanti-desagregante).

Montante fixo apenas na base e no teto falso (e apoioantivibratório à parede), com material fonoabsorvente (em lã mineral ou em aglomerado de espuma de poliuretano flexível) com massa volúmica entre 40 a 80 kg/m3, entre montantes de fixação dos painéis de gesso.

Betonilha flutuante em microbetão (armada com malhasol),com espessura não inferior a 6 cm.

Placa resiliente, em aglomerado de espuma de poliuretano flexível com massa volúmica próxima de 150 kg/m3, com espessura próxima de 40 mm (com dobra em todo o contorno).

Membrana de polietileno (plástico), para evitar a infiltração dos fluidos da betonilha na placa resiliente.

2 painéis de gesso cartonado (12,5 + 12,5 mm).Suporte deequipamento

Laje em betão (maciça ou aligeirada)

Figura 28 – Esquema de princípio com exemplos de possíveis soluções de reforço isolamento integral de todo o espaço de instalação de equipamentos coletivos, incluindo revestimento de teto fonoabsorvente.

4.1.3.3 Reforço de isolamento em compartimentos recetores

Em situações limite, onde não seja viável o reforço integral da área técnica e/ou o condicionamento vibrático de alguns equipamentos, e exista apenas uma pequena zona a proteger (por exemplo um quarto), a solução poderá passar pela reforço de isolamento nos compartimentos recetores a proteger (Figura 5, no ponto 1.1.3.5). Refira-se, no entanto, que esta solução é geralmente menos eficaz que o reforço integral da área técnica (emissão).

56

4.2 Ruído com origem em instalações de águas, esgotos e ventilação

4.2.1 Descrição/formas de manifestação

O excesso de ruído provocado por instalações de distribuição de água, drenagem de esgotos e sistemas de ventilação, é geralmente fácil de detetar, particularmente nas redes de águas e de esgotos. A deteção de ruído com origem em sistemas de ventilação mecânica, também é relativamente simples, bastando desligar e voltar a ligar o equipamento, verificando se este é ou não percetível.

• Redes de distribuição de águas: ruídos agudos (reconhecido como o “chiar”), mais intensos em situações de maior consumo de água; funcionamento de con-tadores, quando estes se localizam próximo do local recetor.

• Redes de drenagem de esgotos: descarga de esgoto, em particular de sani-tas; chuvada intensa, no caso de redes de águas pluviais.

• Condutas ou tubos de ventilação: audição de equipamentos mecânicos de ventilação através das grelhas no interior dos espaços a proteger.

Observações: Para as situações de ventilação natural o problema põe-se geral-mente ao nível de quebras de isolamento (ponto 1.4.3.4).

4.2.2 Causas comuns

• Redes de distribuição de águas: velocidades de circulação excessivas da água, associadas a redes rugosas (como as de ferro galvanizado, em particular quando já se encontram em estado de corrosão avançada), e geralmente na proximidade de acessórios, que introduzem maior turbulência no escoamento; localização de contadores, com fixações rígidas em paredes de separação para quartos ou salas.

• Redes de drenagem de esgotos: fixações rígidas ao suporte; e em alguns casos falta de isolamento ao longo do traçado da rede.

• Condutas ou tubos de ventilação: instalação incorreta de equipamentos; fal-ta de isolamento entre o tubo ou conduta e os compartimentos a proteger.

4.2.3 Soluções de reabilitação

Com vista à minimização do ruído produzido por instalações de distribuição de águas e de drenagem de esgotos ou à minimização de quebras pontuais de isolamento, provocadas por condutas ou tubos de ventilação, existem muitas possibilidades de

índice

57

introdução de medidas de melhoria, mas estas são sobretudo aplicáveis em fase de construção do edifício, devendo ser devidamente estudadas em fase de projeto.

Para situações existentes, em que não se pretenda uma grande intervenção (ge-ralmente muito intrusiva), é muito difícil corrigir anomalias deste tipo. Nos pontos 4.2.3.1 a 4.2.3.3 são apresentados alguns exemplos de medidas de melhorias a este nível.

4.2.3.1 Minimização de ruído gerado por instalações de abastecimento de águas

A minimização de ruído gerado pela circulação de água pode ser muito complicada depois do edifício se encontrar já construído e acabado, uma vez que, em muitos ca-sos só a substituição da rede possibilitaria esta correção. Em situações onde tal seja viável e desejável, devem ser observados os requisitos indicados nesta secção. No caso específico de contadores, com produção de ruído incomodativo, a solução pas-sa geralmente por “quebrar” as ligações rígidas do contador e tubagem adjacente.

Aplicação

Nas redes de abastecimento de águas, recomenda-se:

• que a rede seja dimensionada para velocidades de escoamento não muito supe-riores a 1 m/s (exceto nas redes de PEX, em que se considera aceitável veloci-dades próximas de 2 m/s);

• que o traçado das redes seja regular, evitando ao máximo as irregularidades resultantes da introdução de acessórios;

• e que as tubagens sejam dessolidarizadas de pavimentos e paredes, com o re-curso a mangas flexíveis.

No caso da alimentação a autoclismos, que constitui habitualmente um dos princi-pais problemas, a solução pode passar simplesmente por acrescentar um pequeno troço de tubo no interior do autoclismo, que impeça que o afluxo de água seja des-carregado à superfície.

Na montagem de contadores, recomenda-se:

Aplicação de apoios antivibratórios (com possibilidade de fixação mecânica de am-bos os lados) no suporte do contador e envolvimento dos troços de tubagem embu-tidos na parede com mangas flexíveis, vulgarmente utilizadas no isolamento térmi-co de redes de água quente.

4.2.3.2 Minimização de ruído gerado por instalações de drenagem de esgo-tos (domésticos e pluviais)

A minimização de ruído provocado por drenagem de esgotos (domésticos e pluviais)

58

não é muito difícil de implementar na fase de construção do edifício, mas após con-clusão da construção pode tornar-se bastante complicada, obrigando geralmente à execução de obras muito intrusivas.

Transmissão por via estrutural:

Nos casos correntes a solução passa geralmente por não ligar rigidamente os cole-tores e tubagens ao edifício.

Transmissão por via aérea:

Para situações em que exista um fraco isolamento a sons aéreos entre a zona de atravessamento do coletor ou tubo e o compartimento a proteger, deverá existir simultaneamente um reforço de isolamento a sons aéreos.

Aplicação

Transmissão por via estrutural:

Envolvimento coletores e tubagens com espumas flexíveis, por exemplo, em polie-tileno expandido com cerca de 5 a 10 mm de espessura, eventualmente reforçado na zona das abraçadeiras de fixação à estrutura do edifício (por exemplo no traçado pelo interior de coretes).

Transmissão por via aérea

No caso do traçado em coretes, a solução poderá passar pelo preenchimento dos es-paços vazios no interior da corete com material fonoaborvente (ver ponto 1.1.3.6).

No traçado sobre tetos falsos, recomenda-se a “blindagem” do coletor em todo o comprimento (Figura 29).

índice

59

Figura 29 – Esquema de princípio com reforço de isolamento de coletores, com traçado em tetos falsos, através de uma primeira camada fonoabsorvente e flexível e uma segunda camada isolante.

Observação: A abraçadeira de fixação do coletor de esgoto deve ser aplicada sobre as camadas de envolvimento do coletor ou ser aplicada com faixa de aglomerado de borracha, com espessura não inferior a 10 mm, entre o coletor e a abraçadeira.

4.2.3.3 Reforço de isolamento em condutas de ventilação

Para correção de insuficiências acústicas relacionadas com condutas e tubagem de ventilação, que habitualmente têm como consequência a introdução de quebras pontuais de isolamento, nomeadamente em zonas de atravessamento, coretes e traçados através de tetos falsos, a solução passa geralmente pela “blindagem” dos tubos e condutas e/ou pelo reforço de coretes ou de tetos falsos. Para o efeito, as soluções a aplicar, que deverão ser estudadas em detalhe caso a caso em função das suas particularidades, poderão ser do tipo das indicadas nas Figuras 6, 9, 15 e 29.

Traçado em coretes:

Procedimento em conformidade com os pontos 1.1.3.6 e 1.2.3.4 (Figuras 6 e 9).

Traçado em tetos falsos:

Procedimento em conformidade com o ponto 1.4.3.4 (figura 15), quando o traçado está localizado em espaços com níveis de ruído elevados.

Procedimento em conformidade com a Figura 29, para situações correntes de traçados em tetos falsos simples (sem necessidade de elevado desempenho acústico).

Envolvimento da conduta com material fonoabsorvente debaixa densidade (em lã mineral ou em aglomerado de espumade poliuretano flexível, com massa volúmica entre 30 a 60kg/m3), com cerca de 3 cm de espessura.

Envolvimento da camada de material fonoabsorvente commembrna elastómera autoadesiva, com uma espessura totalnão inferior a 5 mm.

Teto falso em gesso cartonado, de preferência commaterial fonoabsorvente na caixa de ar

Criação de um rolhão na entrada da courete, naaltura máxima possível, com remate da membranaàs paredes da corete.

60

AcrónimosdB – É a unidade de medida utilizada em acústica, para quantificar a amplitude do som, numa escala logarítmica multiplicada por 10.

DnT,w – Índice de isolamento sonoro padronizado a sons de condução aérea, entre dois compartimentos, que poderá ser determinado experimentalmente através das normas NP EN ISO 140-4 e NP EN ISO 717-1.

Dn,e,w – Índice de isolamento acústico normalizado, relativo ao caminho de transmissão através de pontos singulares (pontos fracos) do elemento de separação, que poderá ser determinado experimentalmente através das normas ISO 10140-1,2,4 e NP EN ISO 717-1.

ΔLw – Índice de redução do nível de pressão sonora normalizado, para sons de percussão, proporcionado pelo revestimento do piso, que poderá ser determinado experimentalmente através das Normas ISO 10140-1,3,4 e NP EN ISO 717-2.

L’nT,w – Índice de isolamento sonoro padronizado para sons de percussão, entre um pavi-mento de um compartimento e outro compartimento, que poderá ser determinado experi-mentalmente através das normas NP EN ISO 140-7 e NP EN ISO 717-2. Apesar da desig-nação corresponder a um índice de isolamento, na realidade ele está sobretudo relacionado com um índice de transmissão, sento tanto mais favorável quanto menor for o seu valor.

Rw – Índice de redução sonora conferido por um determinado elemento de separação (considerando apenas a transmissão direta), que pode ser obtido experimentalmente em laboratório através das normas ISO 10140-1,2,4 e NP EN ISO 717-1.

índice

61

GlossárioAntivibratório (ou antivibrátil)

Sistema de suporte ou de fixação entre dois elementos, que permite manter uma ligação flexível (com amortecimento de vibrações) entre os dois elementos.

Corete

Espaço oco, tipo chaminé, por onde podem passar as tubagens. Esta palavra deriva da palavra francesa courette.

Elastómera

Que no presente documento aparece associada a membrana elastómera, corresponde a uma tela de elevada densidade (superior a 1600kg/m3) e com capacidade de amortecimento.

EPDM

Material tipo borracha com capacidade resistente a condições climatéricas exteriores, em Etileno Propileno Dieno Monômero.

EPS

Poliestireno expandido moldado (utilizado habitualmente para melhorar o isolamento tér-mico).

ETICs

Resulta da expressão inglesa “External Thermal Insulation Composite System”, que corres-ponde a um sistema de isolamento térmico pelo exterior.

Fonoabsorvente

Material ou sistema construtivo com elevada absorção sonora.

Flutuante

Sistema construtivo em que a camada superior (revestimento de pavimento, betonilha,

62

lajeta ou laje) é aplicada sobre camada resiliente, de forma a evitar qualquer ligação rígida entre a camada superior e a laje inferior de suporte.

Microbetão

Com os mesmos constituintes do betão (mistura devidamente proporcionada de agrega-dos, nomeadamente brita e areia, com um ligante hidráulico), mas com brita de baixa granulometria (geralmente inferior a 8mm).

OSB

Resulta da expressão inglesa “Oriented Strand Board”, que corresponde a um material derivado da madeira, composto por pequenas lascas de madeira orientadas segundo uma determinada direção, coladas e compactadas.

PVC

Material em policloreto de vinilo.

Silenciador

Caixa ou conduta de transmissão de ar com atenuação sonora, geralmente revestidas com materiais de elevada absorção sonora.

XPS

Poliestireno expandido extrudido (utilizado habitualmente para melhorar o isolamento térmico).

índice

63

Bibliografia[1] PORTUGAL, Leis, decretos-lei – Regulamento Geral do Ruído (RGR). Decreto-Lei nº 9/2007 de 17/01.

[2] PORTUGAL, Leis, decretos-lei – Regulamento dos Requisitos Acústicos dos Edifícios (RRAE). Decreto-Lei nº 129/2002 de 11/05, com a nova redação dada pelo Decreto-Lei nº 96/2008 de 09/06.

[3] Meisser, Mathias – “La Pratique de L’Acoustique dans le Batiment”, Centre D’Assistance Technique et de Documentation, S.D.T.B.T.P., Paris 1974.

[4] Bies, A. David; Hansen H. Colin - “Engineering Noise Control. Theory and Practice” Spon Press, Third Edition, London, 2003.

[5] MATEUS, D.; PEREIRA, A.; ABRANTES, V. – “Acoustics and Noise Control within School Buildings”, International Journal Building - Cadernos d’Obra (CdO), #3 Maio 2011, p. 066-075.

[6] CEN: “Building acoustics. Estimation of acoustic performance of buildings from the performance of elements. Part 1: Airborne sound insulation between rooms.” EN 12354-1, 2000. Part 2: Impact sound insulation between rooms”, EN 12354-2:2000.

[7] Isbert, A. Carrión - “Diseño Acústico de Espacios Arquitectónicos”, Edicions UPC – Uni-versitat Politécnica de Catalunya, 1998.

[8] Pujolle, Jean “La Pratique de L’Isolation Acoustique des Batiments”, 573 p., Ed. du Mo-niteus, Paris, 1978

[9] MATEUS, D. - “Reabilitação Acústica de Edifícios – Avaliação de Desempenho de Solu-ções Leves Versus Soluções Pesadas” – Congresso Construção 2012 - 4.º Congresso Nacio-nal, ID 221/p. 1-12, Universidade de Coimbra, 18 a 20 de Dezembro de 2012.

[10] ABRANTES, V.; Silva, J. A.; – “Simplified Method For Building Anomalies Analysis”, Livros d’Obra (LvO#01), GEQUALTEC – FEUP, Porto 2012.

[11] MATEUS, D. – Coluna Temática de Acústica da revista Construção Magazine, números 37, 38, 41, 43 e 45, entre Maio de 2010 e Setembro de 2011.

[12] MATEUS, D.; PEREIRA, A. – “Influência de pequenos erros de execução em obra no desempenho acústico de edifícios - Exemplos típicos” – TECNIACUSTICA 2011, Iberian En-counter on Acoustics - EAA Symposium, p. 1-8, Cáceres, 26 a 28 de Outubro 2011.

[13] AMC Mecanocaucho – Catálogo de produtos (http://www.amcsa.es/).

[14] CDM Portugal – Catálogo de produtos (http://www.cdmportugal.pt/).

Rua de Santo António, nº 583830 – 153 Ílhavo

Tel.: +351 234 425 662Fax: +351 234 425 664

[email protected]/inovadomus