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EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA EM PRÉDIOS PÚBLICOS Guia Prático para preparação de investimentos urbanos

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EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA EM PRÉDIOS PÚBLICOS

Guia Prático para preparação de

investimentos urbanos

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Elaborado por:

Autores: Eng. Pedro Paulo Fernandes Eng. Flávio KitaharaArq. Laisa Brianti Paulo FigueiredoLuisa Zucchi Rodolfo GomesArq. Rosane Fukuoka Dr. Gilberto JannuzziEng. Alexandre Schinazi (coordenador) Prof. Fabiano Perin Gasparin

Para: Ministério de Minas e Energia (MME)Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH

Coordenação: Carlos Alexandre Pires (MME) Timo Bollerhey (GIZ)Alexandra Albuquerque Maciel (MME) Gustavo Ribeiro (GIZ)Samira Sana Fernandes de Sousa Carmo (MME) Marco Schiewe (GIZ) Natalia Teixeira (GIZ) 1ª versão – Julho de 2020 São Paulo, SP, Brasil

Informações Legais:1. Todas as indicações, dados e resultados deste estudo foram compilados e cuidadosamente revisados pelo(s) autor(es). No entanto, erros com relação ao conteúdo não podem ser evitados.

Consequentemente, nem a GIZ ou o(s) autor(es) podem ser responsabilizados por qualquer reivindicação, perda ou prejuízo direto ou indireto resultante do uso ou confiança depositada sobre as informações contidas neste estudo, ou direta ou indiretamente resultante dos erros, imprecisões ou omissões de informações neste estudo.

2. A duplicação ou reprodução de todo ou partes do estudo (incluindo a transferência de dados para sistemas de armazenamento de mídia) e distribuição para fins não comerciais é permitida, desde que a GIZ seja citada como fonte da informação. Para outros usos comerciais, incluindo duplicação, reprodução ou distribuição de todo ou partes deste estudo, é necessário o consentimento escrito da GIZ.

EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA EM PRÉDIOS PÚBLICOS Guia Prático para a preparação de investimentos urbanos

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Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Conservação de EnergiaAnálise do Custo no Ciclo de VidaAgência Nacional de Energia ElétricaBanco Europeu de InvestimentoBanco Interamericano de DesenvolvimentoBanco Nacional de Desenvolvimento Econômico e SocialBuild, Operate and TransferBanco Regional de Desenvolvimento do Extremo SulBuild, Rehabilitate, Operate and TransferConselho Brasileiro de Construção SustentávelCustos do Ciclo de VidaChamada Pública de ProjetoDívida Consolidada LíquidaEficiência EnergéticaEtiqueta Nacional de Conservação de EnergiaEnergy Performance ContractingEmpresa de Pesquisa EnergéticaEmpresa de Serviços de Conservação de EnergiaFinancing Energy for Low-carbon Investment – Cities Advisory Facility

Facilities ManagementFundo Nacional de Desenvolvimento da EducaçãoFrente Nacional dos PrefeitosFundo de Participação dos MunicípiosFundação Universidade de Caxias do SulFotovoltaicoGeração DistribuídaGases de Efeito EstufaGestão Energética MunicipalDeutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbHGrupo de Trabalho IntersecretarialInstituto Brasileiro da Administração Municipal Índice Benefício CustoInternational Energy AgencyInstituto Nacional de Metrologia, Qualidade e TecnologiaInternational Performance Measurement and Verification ProtocolJapan International Cooperation AgencyKey Performance Indicators

SIGLAS

ABESCO

ACCV ANEEL BEI BID BNDES BOT BRDEBROT CBCS CCV CPP DCL EE ENCEEPC EPEESCO FELICITY

FM FNDEFNPFPM FUCSFVGDGEEGEMGIZ

GTIIBAMIBCIEAINMETROIPMVP

JICAKPI

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Levelized Cost of EnergyLinha de BaseLight Emitting DiodeLeadership in Energy and Environmental DesignMinistério de Ciência, Tecnologia, Inovações e ComunicaçãoMedição e VerificaçãoMinistério de Minas e EnergiaContribuição Nacionalmente DeterminadaOperação e ManutençãoOrganização das Nações UnidasPrograma Brasileiro de EtiquetagemPlano Decenal de Eficiência EnergéticaPrograma de Eficiência EnergéticaPlano de Gestão Ambiental e SocialPlano Municipal de Gestão de Energia ElétricaProtocolo Internacional de Medição e Verificação de PerformanceProject Implementation UnitPlano de Manutenção, Operação e Controle

Power Purchase AgreementParceria Público-PrivadaPrograma Nacional de Conservação de Energia ElétricaProcedimentos do Programa de Eficiência EnergéticaPedido de Verificação de Limites e Condições Regime Diferenciado de Contratações Rio Grande EnergiaSistema de Análise da Dívida Pública, Operações de Crédito e Garantias da União, Estados e MunicípiosSistema de Gestão de EnergiaSistema de Informação de EnergiaService Level AgreementsSociedade de Propósito Específico Secretaria do Tesouro NacionalTermo de Referência Taxa Interna de RetornoUnidade de Saúde da Família Valor Presente LíquidoVariable Refrigerant FlowVolume de Refrigerante Variável

LCOELdBLEDLEEDMCTIC

M&VMMENDCO&MONUPBEPDEfPEEPGASPLAMGEPIMVP

PIUPMOC

PPAPPPPROCELPROPEEPVLRDCRGESADIPEM

SGESIENSLASPESTNTdRTIRUSFVPLVRFVRV

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1. Benefícios da Eficiência Energética e da Energia Solar Fotovoltaica. Fonte: Adaptado de IEA, 2014...........................................02Figura 2. Ciclo de vida de um projeto de EE / Energia Solar FV. Fonte: Elaboração dos autores...............................................................................03Figura 3. Ciclo de vida de um projeto de EE / Energia Solar FV. Fonte: Elaboração dos autores...............................................................................10Figura 4. Fluxograma das principais etapas de um pré-dimensiona-mento de um sistema fotovoltaico..........................................................25Figura 5. Avaliação qualitativa dos telhados de uma escola. Fonte: Google Earth..................................................................................................27 Figura 6. Exemplo de edificação sombreada. Fonte: Google Earth..27Figura 7. Linhas criadas com a régua. Fonte: Google Earth................28Figura 8. Caixa de texto da régua. Fonte: Google Earth.......................29Figura 9. Tela do programa PVWatts.......................................................31Figura 10. Tela do programa PVWatts.....................................................32Figura 11. Principais legislações pertinentes a projetos de EE e Energia Solar FV. Fonte: Elaboração dos autores...................................................34Figura 12. Mecanismos de financiamento. Fonte: Adaptado de Guia Interativo de Eficiência Energética em Edificações, 2018...................82Figura 13. Fluxo financeiro envolvendo um fundo garantidor de cré-dito do tipo “Escrow”...................................................................................90

Figura 14. Esquema Contrato de Desempenho. Fonte: Guia Interativo de Eficiência Energética em Edificações, 2018......................................95Figura 15. Exemplificação de ganhos de eficiência energética de um contrato Chauffage......................................................................................97Figura 16. Resumo das etapas de Eficiência Energética ao longo da vida útil de um edifício. Fonte: Adaptado do Guia Interativo de Eficiência Energética em Edificações, 2018.........................................116Figura 17-18. Etiqueta ENCE e Selo Procel. Fonte: PROCEL.............125Figura 19. Creche Hassis. Fonte: Divulgação.......................................130Figura 20. Módulos fotovoltaicos Creche Hassis. Fonte: ENGIE......131Figura 21. Estratégias bioclimáticas - aspectos construtivos. Fonte: CBCS, 2018..................................................................................................133Figura 22-23. Centro de Saúde Pantanal. Fonte: CBCS, 2018 e PMF/Divulgação/ND...........................................................................................134Figura 24. Fluxograma do processo. Fonte: Adaptado de SCHNEIDER et al, 2017....................................................................................................136Figura 25. Hospital Geral. Fonte: Jornal Florence, 2019....................137

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ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1. Principais medidas de Eficiência Energética e Energia Solar Fotovoltaica para escolas e hospitais......................................................21Tabela 2. Estratégias relacionadas a Conforto Térmico......................23Tabela 3. Secretarias e suas responsabilidades...................................51Tabela 4. Medidas Licitatórias..................................................................77Tabela 5. Valor máximo para contratações por modalidade licitató-ria...................................................................................................................77Tabela 6. Comparação das Modalidades de Contratação referente as fases interna e externa...............................................................................79Tabela 7. Documentos necessários para obter o financiamento.....89Tabela 8. Riscos previstos para a execução de um contrato de desempenho.................................................................................................96Tabela 9. Análise dos Riscos Ambientais..............................................101Tabela 11. Análise de riscos....................................................................105Tabela 12. Medidas de EE e Energia Solar FV e realização de projeto básico e executivo ....................................................................................111Tabela 13. Especificações necessárias para substituição de equipa-mentos.........................................................................................................112Tabela 14. Custos do ciclo de vida do projeto....................................117Tabela 15. Indicadores a serem utilizados em projetos de EE e Energia Solar FV........................................................................................................123

Tabela 16. Atividades básicas de manutenção dos principais equi-pamentos consumidores de energia....................................................126Tabela 17. Atividades básicas de manutenção dos componentes de um sistema de geração de energia fotovoltaica.................................126Tabela 18. Dados painéis fotovoltaicos Creche Hassis. Fonte: ENGIE...........................................................................................................129Tabela 19. Identificação dos equipamentos existentes e propostos. Fonte: SCHNEIDER et al, 2017.................................................................136Tabela 20. Comparativo de demanda e consumo mensal antes e de-pois da implementação do projeto. Fonte: SCHNEIDER, 2017........136

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SUMÁRIO

1 IDENTIFICAÇÃO DA DEMANDA 1.1. PRÉ-DIAGNÓSTICO

1.2. DIAGNÓSTICO ENERGÉTICO

1.3. ANÁLISE DE MEDIDAS DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA

1.4. METODOLOGIA PARA VERIFICAÇÃO PRELIMINAR DO POTENCIAL FOTOVOLTAICO DE COBERTURAS DE EDIFICAÇÕES

AVALIAÇÃO DOS ASPECTOS FINANCEIROS E CONTRATUAIS 4.1. ASPECTOS FINANCEIROS

4.2. ASPECTOS LICITATÓRIOS

4.3. ACESSO AO FINANCIAMENTO

4.4. CONTRATAÇÃO

4

RESUMO EXECUTIVO

APRESENTAÇÃO

01

08

14

16

19

25

58

76

80

89

CONSIDERAÇÕES FINAIS

REFERÊNCIAS

ANEXO I: PLANILHAS PARA PRÉ-DIAGNÓSTICO DO EDIFÍCIO

ANEXO II: ESTRUTURA RELATÓRIO DIAGNÓSTICO ENERGÉTICO

143

144

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151

11

ARTICULAÇÃO COM OS INSTRUMENTOS LEGAIS2.1. ASPECTOS REGULATÓRIOS

2.1.1 PRINCIPAIS LEGISLAÇÕES FEDERAIS

2.1.2 PRINCIPAIS LEGISLAÇÕES MUNICIPAIS

2 35

36

43

33

FORMALIZAÇÃO DA GESTÃO DO PROJETO

3.1. GESTÃO DE ENERGIA

3.2. GOVERNANÇA DO PROJETO 3 47

50

46

57

5VIABILIZAÇÃO DA LICITAÇÃO5.1 MODELO DE NEGÓCIO

5.2 ANÁLISE DE RISCOS SOCIO-AMBIENTAIS

5.3 ANÁLISE DE RISCOS

5.4 BOAS PRÁTICAS PARA ELABORAÇÃO DE TERMOS DE REFERÊNCIA

5.5 DIMENSIONAMENTO TÉCNICO

93

99

105

109

111

92

ACOMPANHAMENTO DA EXECUÇÃO DO PROJETO 6.1. COMISSIONAMENTO

6.2. CUSTO DO CICLO DE VIDA PROJETOS6 116

117

115

MONITORAMENTO 7.1. MEDIÇÃO E VERIFICAÇÃO

7.2. INDICADORES DE DESEMPENHO ENERGÉTICO.

7.3. COMO GARANTIR A QUALIDADE E MELHORIA CONTÍNUA DOS PROJETOS

7 121

122

125

120

APRESENTAÇÃO DOS IMPACTOS DE PROJETOS 8.1. ESTUDOS DE SUCESSO

8.2. APRENDIZADOS COM PROJETOS DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA

8 128

138

127

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1GUIA PRÁTICO PARA A PREPARAÇÃO DE INVESTIMENTOS URBANOS

O consumo de energia nas edificações brasileiras representou 15,3% do consumo total de energia e 52% do consumo de eletri-cidade em 2019 (EPE, 2020), sendo que, deste total, o setor pú-blico foi responsável por 16%. A busca por eficiência energética e sustentabilidade nos prédios públicos tem, assim, um papel fun-damental como política pública, tanto como efeito demonstrativo quanto como indutor do mercado. No âmbito municipal, segundo dados da Frente Nacional dos Prefeitos (FNP), os gastos com energia elétrica são, em muitas pre-feituras, a segunda maior despesa, ficando atrás apenas dos gas-tos com o salário de seus funcionários públicos. Dentre o consumo de energia de um município, a iluminação pública e os prédios públicos são os setores que possuem o maior impacto (PROCEL, 2016).Este Guia tem como objetivo fornecer os principais aspectos que devem ser considerados na elaboração de projetos financiáveis de Eficiência Energética (EE) e Energia Solar Fotovoltaica em prédios públicos, dando ênfase a escolas e hospitais, a fim de pro-mover investimentos sustentáveis no Brasil. O grupo alvo do guia são prédios municipais, no entanto, aqui encontram-se informa-ções que são úteis também na esfera estadual e federal.As fases de preparação de projetos de ação climática em mu-nicípios, dentre eles os de EE e Energia Solar Fotovoltaica em

RESUMO EXECUTIVO

edificações, têm sido objetos de intensos estudos e análises por se tratar de um dos principais desafios para o avanço da agenda climática. De acordo com IEA (2020), investimentos em EE e tecno-logias limpas são um pilar essencial das estratégias de mitigação de impactos climáticos e são parte integral de programas de es-tímulos sustentáveis. Neste contexto, a preparação e o financia-mento de projetos de EE e Energia Solar Fotovoltaica estão alinha-dos aos planos e políticas nacionais, e aos objetivos firmados nas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDC) ao Acordo de Paris, dentre eles: (i) aumentar a participação para 45% de ener-gias renováveis na composição da matriz energética brasileira, e (ii) alcançar 10% de ganhos de eficiência no setor elétrico até 2030 (MMA, 2015). O Plano Decenal de Eficiência Energética (PDEf), ain-da em desenvolvimento, irá estabeler métricas e metas, que po-dem apoiar a elaboração de políticas públicas.A eficiência energética é definida pelo uso otimizado da energia, no qual requisitos relacionados ao conforto, segurança e saúde se-jam atendidos, possibilitando serviços com qualidade e utilizando a menor quantidade possível de recursos energéticos. Em edifica-ções, a EE deve ser tratada em todas as fases de seu ciclo de vida, não apenas na sua fase de operação. A geração distribuída (GD) é o emprego de tecnologias para gerar energia de forma descentralizada, realizada junto ou próximo aos

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2 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA EM PRÉDIOS PÚBLICOS

consumidores de energia. Há diversas tecnologias para geração de energia, entretanto, este Guia foca na energia elétrica produzida a partir da tecnologia com maior expoente de utilização no Brasil: o sistema fotovoltaico (FV), que aproveita a energia disponível na luz do Sol. Ambos projetos de EE e Energia Solar FV trazem inúmeros benefí-cios que vão além dos ganhos energéticos, podendo ser identifica-dos na Figura 1, e devem ser considerados conjuntamente.Atualmente há um grande potencial de atuação na área de EE e GD no setor público, através de retrofits ou construção de edifícios energeticamente eficientes, que contribuem para a redução do consumo de energia de edificações públicas, e, em consequência, para a redução de despesas e gastos públicos, além de mitigar as emissões de Gases do Efeito Estufa (GEE) que causam as mudan-ças climáticas em andamento. O Guia está estruturado através do ciclo de vida de um projeto de EE e Energia Solar FV, apresentado no diagrama da Figura 2.Todo processo começa com a intenção em realizar projetos de redução de gasto com energia e emissões de GEE. Esta intenção está associada ao escopo a ser definido do projeto, visto que no âmbito municipal existe um portfólio diverso de possibilidades de atuação, como iluminação pública, saneamento, mobilidade e edificações.

RESUMO EXECUTIVO

Benefícios da Eficiência Energética e

Energia Solar Fotovoltaica

Figura 1. Benefícios da Eficiência Energética e Energia Solar Fotovoltaica. Fonte: Adaptado de IEA, 2014.

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3GUIA PRÁTICO PARA A PREPARAÇÃO DE INVESTIMENTOS URBANOS

Figura 2. Ciclo de vida de um projeto de EE e/ou Energia Solar FV. Fonte: elaboração dos autores.

Focando em edificações, são apresentadas as principais etapas para transformar esta intenção em um projeto de investimento implementado com sucesso que gere novos empregos sustentá-veis. Os aspectos tratados neste guia estão resumidos a seguir.

1. Identificação da demandaA identificação da demanda se inicia com a avaliação dos poten-ciais projetos a serem realizados, ou seja, em um primeiro mo-mento, pode-se avaliar, através de um levantamento das faturas de energia, as unidades consumidoras de maior porte, que pos-suem alto potencial de melhoria. Outro caminho é a escolha de prédios padronizáveis, como escolas e unidades de saúde, nos

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4 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA EM PRÉDIOS PÚBLICOS

climatização e a carga de tomada de equipamentos específicos são as mais demandadas. Importante ressaltar que o conjunto de medidas devem possuir viabilidade técnica e econômica, exigindo a priorização de alter-nativas que gerem economias ou receitas ao longo do ciclo de vida do investimento.Após a seleção das tecnologias e da abrangência do projeto, é feito o dimensionamento técnico do projeto, com elaboração, quando necessário, de projetos básicos e executivos, ou o detalhamento e especificações necessários para uma implantação de sucesso.

2. Articulação com os instrumentos legaisUm próximo passo, que ocorre paralelo a formalização da equipe de projeto, é o reconhecimento das legislações que podem intera-gir com as ações do projeto. De forma a facilitar este processo, são apresentadas as principais legislações no âmbito federal e munici-pal. Entre os aspectos que as legislações regem, estão:• Modelos licitatórios, como a Lei nº 8.666, que define as re-

gras gerais de uma licitação, a Lei do Pregão, e a Lei do Regime Diferenciado de Contratações (RDC);

• Gestão Municipal, como a Lei de Responsabilidade Fiscal, abordando o limite de endividamento do município;

RESUMO EXECUTIVO

quais os projetos podem ser replicados e alcançar grandes impac-tos ao município.Após a escolha do(s) edifício(s), é necessário um diagnóstico ener-gético, isto é, um levantamento do consumo de energia e de pos-síveis medidas a serem aplicadas. Os diagnósticos devem seguir normas bem definidas e ser realizados por funcionários capacita-dos da Prefeitura, ou, idealmente, por um especialista contratado. Como resultado do diagnóstico energético, espera-se os seguintes produtos:• Identificação dos usos significativos de energia dos edifícios;• Quantificação do consumo e custos de energia dos usos

significativos;• Desenvolvimento da linha de base do consumo;• Comparação de desempenho com benchmarks;• Avaliação das práticas da atual gestão de energia;• Indicação de próximos passos recomendados.Assim, com o relatório do diagnóstico energético pronto, segue-se para a definição das medidas de Eficiência Energética e Energia Solar Fotovoltaica a serem implementadas. Destaca-se que elas variam de acordo com a tipologia da edificação, sendo que em escolas, a iluminação e carga de tomada de equipamentos são bastante atrativas, equanto para unidades de saúde, o sistema de

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5GUIA PRÁTICO PARA A PREPARAÇÃO DE INVESTIMENTOS URBANOS

• Aspectos de uso territorial, como o Plano Diretor, Lei de Uso e Ocupação, entre outras;

• Aspectos referente à Eficiência Energética e a Energia Solar Fotovoltaica, apontando diretrizes básicas que devem ser se-guidas na implementação dos projetos, práticas e medidas no uso de energia, e seu monitoramento. Também são colocadas normas específicas à Energia Solar Fotovoltaica, que determi-nam as relações entre consumidor e concessionária de ener-gia, e outras que estabelecem condições para o acesso de mi-cro e minigeração distribuída.

Pela centralidade dos aspectos abordados, esta fase deve acom-panhar todo o ciclo de vida do projeto.

3. Formalização da gestão do projetoA organização da equipe responsável pelo projeto dentro do mu-nicípio é de suma importância para seu sucesso. Deve haver uma Unidade de Gerenciamento do Projeto (UGP), multidisciplinar e multisecretaria, que consiga integrar e engajar as diferentes se-cretarias e departamentos. Para a UGP ter um desempenho bem sucedido, as funções devem ser bem definidas e deve existir uma alocação formal de tempo de seus participantes.A atuação da governança municipal se estende às demais fases

do projeto, como forma de garantia de qualidade, e comprome-timento com os prazos definidos no cronograma. Para financia-mentos internacionais é importante a presença de uma Unidade de Gerenciamento do Projeto.Deve-se apontar a necessidade de engajamento entre a unidade do projeto e as partes interessadas, que variam desde a distribuidora de energia, até diretores de escolas e hospitais, possibilitando que as medidas elencadas tenham sua implementação realizada com sucesso. Esta integração é importante, pois, por exemplo, o acesso a dados energéticos ou a realização de medições e diagnósticos devem ter a colaboração dos stakeholders envolvidos.

4. Avaliação dos aspectos financeiros e contratuaisEsta etapa é central, pois abrange a preparação necessária para que os potenciais de economia identificados se convertam em um projeto a ser financiado. Para a preparação do projeto é necessário observar os seguintes itens:• Aspectos financeiros: passo-a-passo da modelagem finan-

ceira para que os potenciais de economia sejam expressos em indicadores financeiros. São apresentados, também, as linhas de financiamento de bancos nacionais e multilaterais às quais os indicadores financeiros obtidos podem ser submetidos para

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6 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA EM PRÉDIOS PÚBLICOS

análise.• Aspectos licitatórios: indicadores financeiros favoráveis não

são suficientes para que projetos sejam aprovados nos órgãos públicos. Todo o estudo do projeto deve ser feito sob a luz de qual modalidade licitatória ele será futuramente contratado. Recomenda-se a elaboração de um plano de licitação, especi-ficando os contratos realizados, a estrutura, a modalidade de licitação para cada contrato, cronograma, entre outros.

• Contratação: apresenta quais documentos devem ser entre-gues para o pleito de financiamento à instituição de interesse.

O marco importante desta fase é a obtenção de um projeto pronto para o financiamento.

5. Viabilização da licitaçãoEsta fase normalmente se inicia após a definição da estratégia de implantação do projeto levando em consideração os custos de in-vestimento, o retorno financeiro do mesmo, a capacidade fiscal do município, as diretrizes de investimento da gestão, as modalida-des de contratação aplicáveis ao projeto e aceite do projeto junto à instituições financeiras.Entre os itens abordados, são apresentados os Modelos de Negócios que podem basear os estudos de como as empresas

contratadas irão ser remuneradas. A escolha do modelo de negó-cios adequado envolve a consideração de restrições do projeto, como a capacidade do município de fazer desembolsos, o prazo de financiamento, além das próprias prioridades políticas e restri-ções jurídicas do município. De modo geral, projetos de Eficiência Energética, remunera-se a empresa executora pelas economias de energia alcançadas pelo projeto. Já projetos de Energia Solar Fotovoltaica, a remuneração advém da energia gerada.Também são apontadas recomendações de boas práticas que podem ser seguidas para construir um edital de chamamento público para a contratação da empresa, garantindo a prestação de serviços de acordo com as expectativas. Em conjunto, desta-ca-se a necessidade da determinação de critérios técnicos para a avaliação das propostas e a análise de riscos aos projetos e suas possíveis medidas de mitigação, que envolvem desde aspectos de governança, licitatórios, financeiros, técnicos e ambientais.

6. Acompanhamento da execução do projetoNo aspecto de acompanhamento do projeto, a equipe responsável deve estabelecer e manter durante todo o seu ciclo de vida, um processo contínuo para identificar seus impactos e riscos seguin-do as informações apresentadas nesta etapa.

RESUMO EXECUTIVO

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7GUIA PRÁTICO PARA A PREPARAÇÃO DE INVESTIMENTOS URBANOS

Também é colocado neste capítulo uma análise dos custos do ci-clo de vida do projeto, destacando alternativas que trazem maio-res benefícios aos menores custos.

7. MonitoramentoPara a avaliação da qualidade do projeto, é necessário um pro-cesso de Medição e Verificação (M&V). É a partir desta tarefa que são aferidos os ganhos energéticos decorrentes do projeto, defi-nindo, por exemplo, a remuneração das empresas contratadas para executar serviços de energia. Uma metodologia de M&V con-solidada é o Protocolo Internacional de Medição e Verificação de Performance.A realização da Medição & Verificação é ainda mais importante caso o modelo de negócio selecionado seja contrato de desempe-nho ou parceria público-privada, nos quais as remunerações são diretamente atreladas às economias mensuradas.Existem diversos indicadores para avaliar o desempenho da edi-ficação, sendo necessário escolher o mais adequado para cada tipologia e situação. Plataformas de benchmarking, por exemplo, permitem a análise e comparação de resultados com prédios da mesma tipologia.Nesta etapa também são apresentados outros aspectos relevantes

para a garantia da qualidade contínua dos projetos, como a com-pra de equipamentos eficientes com etiqueta ENCE nível A e Selo Procel; e a criação de procedimentos formais de manutenção e uso de equipamentos.

8. Apresentação dos impactos de projetosPor fim, ao finalizar a implantação do projeto, benefícios além dos ganhos energéticos podem ser gerados, entre eles a mitigação das mudanças climáticas, o número de empregos criados e o aprendi-zado dos funcionários da prefeitura para replicação de projetos, além de aspectos educacionais para a população como um todo, que extrapolam o limite da edificação da implantação do projeto.São apresentados neste capítulo, estudos de caso, com diferentes projetos e formas de atuação nos municípios.

As etapas foram preparadas de maneira que o leitor possa seguir o Guia em qualquer parte desejada. Através das páginas, o leitor encontrará o mapeamento de outros materiais e guias para a am-pliação de conhecimentos específicos, tecendo uma conexão com diversos materiais já disponíveis.

Desejamos a todos uma boa leitura!

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8 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA EM PRÉDIOS PÚBLICOS

O Guia Prático para a preparação de investimentos urbanos foi desenvolvido no âmbito do Programa Financing Energy for Low-Carbon Investment – Cities Advisory Facility (FELICITY). O FELICITY é um programa global implementado pela GIZ1 em colaboração com o Banco Europeu de Investimento (BEI), financiado pelo Ministério do Meio Ambiente da Alemanha (BMU), e visa tornar projetos sus-tentáveis de infraestrutura de baixa emissão de carbono financei-ramente viáveis, fornecendo assistência técnica, especialmente para municípios. Mais informações estão disponíveis nos site do BEI2 e da GIZ3. Dentro desse contexto, este guia tem como prin-cipal objetivo apresentar as principais atividades do processo de preparação de projetos de Eficiência Energética (EE) e Energia Solar Fotovoltaica em prédios públicos a fim de promover investi-mentos sustentáveis que geram economia no Brasil, especialmen-te para municípios.Através de retrofits ou construção de edifícios energeticamente eficientes, há um grande potencial de atuação no setor público para projetos de EE e Energia Solar FV, contribuindo para a redução do consumo de energia de edificações públicas, e, consequentemente, para a redução de despesas operacionais e de emissões de gases do efeito estufa (GEE) que causam as mudanças

climáticas em andamento. O Guia foca em dois aspectos principais de preparação de projetos: na i) estrutura de governança e organização das equipes munici-pais durante o processo de preparação do pedido de investimento, e nos ii) estudos técnicos necessários para solicitar o financiamen-to às entidades financiadoras. Os projetos de EE e Energia Solar FV em edificações públicas municipais serão abordados sob os ângu-los jurídico, técnico e financeiro. O Guia irá ajudá-lo/a a:• Entender o passo a passo da preparação de projetos de EE e

Energia Solar Fotovoltaica, desde o pré-diagnóstico até a fase de monitoramento das medidas aplicadas;

• Conhecer os conceitos fundamentais para o desenvolvimento de projetos no poder público municipal e como apresentar um projeto financiável.

• Ter acesso às principais referências para maior aprofundamen-to nos temas;

• Aprender por meio de estudos de caso detalhados: projetos já elaborados ou implementados em municípios.

APRESENTAÇÃO

1 Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH2 https://www.eib.org/en/products/advisory-services/felicity.htm3 https://www.giz.de/en/worldwide/70577.html

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9GUIA PRÁTICO PARA A PREPARAÇÃO DE INVESTIMENTOS URBANOS

Tipologias abordadas

Prédios públicos municipais, com ênfase em:

• Unidades de Ensino (creches, escolas)• Unidades de Saúde (hospitais, centros de saúde)

Público alvo

Profissionais, técnicos e gestores das esferas públicas municipais e estaduais. Também é aplicável à atuação de outros órgãos do poder público, do setor privado e da sociedade civil envolvidos na operação e manutenção de edifícios públicos.

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A estrutura do Guia está organizada em 8 partes através do ciclo de vida de um projeto de EE e/ou Energia Solar FV:

Figura 3. Ciclo de vida de um projeto de EE e/ou Energia Solar FV. Fonte: Elaboração dos autores.

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1IDENTIFICAÇÃO DA DEMANDA

1.1. PRÉ-DIAGNÓSTICO

1.2. DIAGNÓSTICO ENERGÉTICO

1.3. ANÁLISE DE MEDIDAS DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA

1.4. METODOLOGIA PARA VERIFICAÇÃO PRELIMINAR DO POTENCIAL FOTOVOLTAICO DE COBERTURAS DE EDIFICAÇÕES

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12 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA EM PRÉDIOS PÚBLICOS

1. IDENTIFICAÇÃO DA DEMANDA

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Eficiência Energética (EE): uso otimizado da energia, no qual requisitos de conforto, segurança e saúde sejam atendidos, oferecendo os serviços com qualidade e utilizan-do a menor quantidade possível de recursos energéticos.

Energia Solar Fotovol-taica (Energia Solar FV): geração de energia elé-trica através de sistemas fotovoltaicos. Ocorre de forma descentralizada, realizada junto ou próxi-mo aos consumidores de energia.

No âmbito municipal, existem diversas ações que podem ser rea-lizadas com o objetivo de reduzir as emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE), o consumo de energia e, consequentemente, produ-zir economias aos cofres públicos.

Assim, o primeiro passo para a elaboração de projetos de Eficiência Energética e de Energia Solar Fotovoltaica é a identificação da demanda, ou seja, a avaliação de quais são os possíveis caminhos a serem seguidos e quais são os potenciais projetos a serem reali-zados. Alguns setores possíveis do município realizar projetos são:

Para a determinação de quais oportunidades podem ser analisadas no municí-pio, torna-se importante o estabelecimento de um Comitê de Sustentabilidade ou de Mudanças Climáticas da Prefeitura Municipal, possuindo objetivos am-plos de organizar e promover ações de sustentabilidade. Este ponto será deta-lhado no Capítulo 3.

A iluminação pública e os prédios públicos são os setores que mais impactam o consumo de energia de um município, com a ilumi-nação representando de 70% a 80% dos gastos, e o restante do consumo proveniente dos edifícios públicos, principalmente os

prédios de educação e saúde, como esco-las, crehces, hospitais e unidades de saú-de (PROCEL, 2016).Destaca-se que projetos de eficiência energética em edificações existentes e concepção de novos edifícios mais efi-cientes podem ajudar a diminuir o con-sumo de energia elétrica em edificações, que, atualmente, de acordo com dados da EPE (2020), corresponde a 52% do con-sumo total do Brasil.

Este Guia é focado em projetos de EE e Energia Solar FV em edifícios públicos. Portanto, estabelecido o escopo, segue--se nas etapas descritas nas próximas seções.

Iluminação pública

Saneamento Mobilidade urbana

Edificações

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13GUIA PRÁTICO PARA A PREPARAÇÃO DE INVESTIMENTOS URBANOS

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Prédios simples, numerosos e padronizáveis – tais como escolas ou postos de saúde – podem resultar em grandes economias finais devido à grande quan-tidade de edifícios. As medidas são mais simples, e o custo e a economia por prédio são menores, no en-tanto, o impacto social e ambiental agregado pode ser maior. Além destes benefícios, o processo de um prédio pode ser padronizado de modo a facilitar o processo nos demais prédios semelhantes.

Quantos prédios? Quais? Seriam prédios grandes e icônicos, como um grande hospital municipal, ou prédios pequenos e replicáveis, como uma rede de escolas municipais? Como escolher?

Unidades consumidoras de maior porte, como prédios administrativos e grandes hospitais, pos-suem alto potencial de melhoria, mesmo com a im-plantação de poucas medidas. A identificação des-tas unidades consumidoras é facilmente realizada a partir de um primeiro levantamento das faturas de energia, identificando, dentro do portfólio de edifí-cios administrados, as unidades com maiores con-sumos de energia anual.

Deve-se avaliar o custo-benefício de cada abordagem.A comparação dos custos e benefícios dos investimentos permite escolher os projetos que oferecem maior economia de energia e outros benefícios, de acordo com os princípios de economia, efi-ciência e eficácia.Definido o escopo do projeto, segue-se para o pré-diagnóstico.

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14 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA EM PRÉDIOS PÚBLICOS

1. IDENTIFICAÇÃO DA DEMANDA

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Após a escolha dos edifícios, torna-se necessário, portanto, anali-sar o desempenho da edificação e seus sistemas antes de definir um Plano de Implementação de Ações de Eficiência Energética. Na fase de pré-diagnóstico são coletadas as informações iniciais a respeito do funcionamento do edifício e dos sistemas consumi-dores de energia. Devem ser respondidas as seguintes perguntas:

• Quais são as características da edificação? (idade, tipologia, formato da edificação, área etc.)

• Quem são os responsáveis pela operação e manutenção da edificação?

• Existem restrições para a realização do projeto de eficiência energética?(cobertura em mal estado, sistema elétrico subdimensionado ou muito antigo etc.)

O primeiro preparo para o projeto de EE e/ou Energia Solar FV que será aplicado ocorre nesta etapa. Ao invés de realizar um estudo detalhado de apenas uma única medida, como troca de lâmpa-das, por exemplo, verifica-se, inicialmente, quais medidas podem ser aplicáveis e, se há alguma restrição para a sua execução. Esta verificação ocorre através do preenchimento de planilhas, com informações gerais da edificação e descrição dos sistemas con-sumidores de energia existentes. O Anexo I deste Guia apresenta exemplos de planilhas para a identificação dos dados do edifício. É muito importante nesta fase envolver os responsáveis pela ges-tão e operação da edificação, pois eles são os detentores da maior parte das informações necessárias ao pré-diagnóstico e ao diag-nóstico energético. Como produto do pré-diagnóstico, serão identificadas possíveis oportunidades de redução do consumo de energia de um pré-dio público, seja através de mudança de hábitos de consumo, alterações em horários de funcionamento de equipamentos,

1.1 PRÉ-DIAGNÓSTICO

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15GUIA PRÁTICO PARA A PREPARAÇÃO DE INVESTIMENTOS URBANOS

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manutenção preventiva ou realização de projetos mais robustos. Assim, o município terá uma boa noção de quais projetos ele quer desenvolver dentro da edificação, abrindo espaço para a fase de diagnóstico com a contratação de um especialista com o objetivo de propor soluções e verificar em detalhes os investimentos e eco-nomias referentes ao projeto a ser desenvolvido.

O Manual do Pré-Diagnóstico Energético: Autodiagnóstico na Área de Prédios Públicos apresenta uma metodologia

para a elaboração de um pré-diagnóstico.

Todo projeto começa com dados e um bom planejamento!Por isto, não se deve menosprezar a importância de organizar os dados energéti-cos e preencher as planilhas com informações verídicas a respeito do sistema do edifício. Dessa forma, um especialista de Eficiência Energética, ao conferir uma ta-bela corretamente preenchida, terá facilidade na avaliação de medidas aplicáveis para os edifícios e assim acelerar o processo de elaboração do projeto.

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16 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA EM PRÉDIOS PÚBLICOS

1. IDENTIFICAÇÃO DA DEMANDA

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Após a etapa de pré-diagnóstico, é realizado o diagnóstico ener-gético. Nele, são analisados os sistemas que consomem energia na edificação. A lista a seguir apresenta os principais pontos que devem ser abordados em um diagnóstico. Na elaboração de um Termo de Referência para contratação de um especialista para a realização de um diagnóstico, os itens a seguir podem auxiliar no desenho do escopo a ser contratado:

1. Análise das faturas de energia;2. Realização de visita técnica;3. Identificação dos usos significativos de energia do edifício;4. Quantificação do consumo e custos de energia dos usos

significativos;5. Desenvolvimento da linha de base do consumo, através

do histórico do consumo do edifício e suas variáveis de influência;

6. Identificação e quantificação das oportunidades de melhoria

do desempenho energético. 7. Comparação de desempenho com

benchmarks.8. Avaliação das práticas da atual ges-

tão de energia.9. Análise financeira;10. Indicação de próximos passos

recomendados. A equipe responsável pelo diagnóstico energético deve contar com competên-cias técnicas especializadas, podendo ser realizado por funcionários capacitados da prefeitura, ou por serviços de consul-toria especializados, com formação geral-mente relacionada a área de Engenharia (elétrica, ambiental, de energia, civil) e

1.2 DIAGNÓSTICO ENERGÉTICO

Diagnóstico energético: avaliação detalhada das oportunidades de EE e GD na edificação, com informações referentes à descrição das medidas e sua implementação, à economia de energia, à análise de viabilidade, ao investimento necessário e à estratégia de medição e verificação aderida.

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17GUIA PRÁTICO PARA A PREPARAÇÃO DE INVESTIMENTOS URBANOS

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A norma EN 16247-1:2012 apresenta informações e procedimentos que devem ser observados na coleta de dados. Algumas informações requeridas são:- Lista dos sistemas, processos e equipamentos que utilizam energia;- Características detalhadas da edificação auditada;- Dados históricos (consumo de energia, fatores de ajuste etc.);- Histórico operacional;- Documentos de projeto, operação e manutenção;- Auditorias energéticas anteriores;- Tarifa atual ou tarifa de referência e outros dados econômicos relevantes;- Sistema de gerenciamento de energia atual.

Arquitetura, com experiência comprovada na realização de diag-nósticos energéticos em edificações.Existem treinamentos sobre diagnósticos que podem ser contra-tados pela Prefeitura para seus funcionários. Importante também ressaltar a necessidade da formalização por parte de secretários municipais, atribuindo aos seus servidores a responsabilidade ofi-cial de realização de auditorias energéticas.Além disso, existem normas que indicam procedimentos a serem observados na coleta de dados, como a NBR ISO-50.002/2014 – Diagnósticos energéticos – Requisitos e a norma internacional EN 16247-1/2012.Alguns exemplos de medidas identificadas em diagnósticos ener-géticos são:

• Boas práticas de compra, operação e manutenção de sistemas;

• Otimização de operação de sistemas de iluminação e condi-cionamento de ar;

• Aproveitamento dos potenciais de iluminação e ventilação natural;

• Gestão de informações de consumo de energia para acom-panhamento de indicadores;

• Potencial de iluminação exterior com fonte solar fotovoltai-ca autonôma.

Ao final do diagnóstico, é feito um relatório, claro e objetivo, con-tendo todas as informações necessárias para a tomada de decisão sobre o desempenho energético do edifício. São apresentados o breakdown, as medidas de eficiência energética (com sua prioriza-ção) e uma análise financeira. O relatório do diagnóstico energético, além dos itens já mencio-nados, também deve transmitir as principais recomendações do auditor, além da descrição dos processos realizados e do estado atual e cálculos financeiros.No Anexo II deste Guia é apresentada uma estrutura modelo.

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18 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA EM PRÉDIOS PÚBLICOS

1. IDENTIFICAÇÃO DA DEMANDA

21 3 4 5 6 7 8

Para mais informações, acesse:- Guia Prático para

Realização de Diagnósticos Energéticos em Edificações - Guia Prático: Conceitos e Ferramentas de Gestão e

Auditoria Energéticas

Linha de Base

A linha de base é realizada através de uma equação que correlaciona o consumo histórico da edificação com variáveis que influenciam seu valor (em edificações, as mais utilizadas são temperatura e população). Para seu estabelecimento, pode ser utilizada a fatura de energia do edifício ou a realização de medições - depende se o prédio possui medidores, se a medição é em um espaço delimitado ou de toda edificação, entre outros fatores. O período da linha deve ser estabelecido com o objetivo de repre-sentar a edificação em todas as condições que possa operar.A equação da linha de base desenvolvida nesta fase será fundamental para a correta quantificação das economias após a implementação do projeto.

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19GUIA PRÁTICO PARA A PREPARAÇÃO DE INVESTIMENTOS URBANOS

8 7 6 5 4 3 2 1

Com os dados da edificação, segue-se para a próxima etapa que é a identificação e análise das Medidas de Eficiência Energética e Energia Solar Fotovoltaica que podem ser propostas.Convém destacar que as medidas mais interessantes variam de acordo com a tipologia escolhida para o projeto. Em municípios, as três principais tipologias são: escolas, unidades de saúde e prédios administrativos. Abaixo, são apresentados os principais sistemas consumidores de energia para as tipologias propostas, e na página seguinte, uma breve explicação sobre estes sistemas.

1.3 ANÁLISE DE MEDIDAS DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA

ESCOLAS

• iluminação • carga de tomada de equipamen-

tos, como geladeiras e freezers • carga de tomada de ventiladores

UNIDADES DE SAÚDE

• sistema de climatização • carga de tomada de equipamen-

tos específicos da Saúde

PRÉDIOS ADMINISTRATIVOS

• sistema de climatização• iluminação • carga de tomada de equipamen-

tos de escritório

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SISTEMAS CONSUMIDORES DE ENERGIA

Geração de EnergiaAlém dos equipamentos que consomem energia, os equipamentos que geram energia também afetam a fatura de energia elétrica. Por isto, eles devem ser considerados em um diagnóstico energético. Há diversas novas tecnologias de geração de energia, sendo muito comum a geração dis-tribuída de energia elétrica por meio sistemas fotovoltaicos e o aqueci-mento de água por meio de coleto-res solares.

Demais AplicaçõesOutros equipamentos consumidores de energia, como geladeiras, freezers, micro-ondas, televisores, computadores, ventiladores, equipamentos labo-ratoriais, projetores, elevadores, bombeamento de água e esgoto etc.

ClimatizaçãoSão equipamentos que consomem energia para manter o conforto térmico de ocupantes de um de-terminado ambiente interno. O mais comum é que estes equipamentos consumam energia elétrica, mas há no mercado equipamentos de climatização que consomem algum tipo de combustível, como gás natural, diesel ou Gás Liquefeito de Petróleo.Dentre os principais equipamentos de climatização estão:

Equipamentos de Pequeno PorteAr condicionado tipo split e tipo janela

Equipamentos de Grande PorteChillers e VRFs ou VRVs

IluminaçãoEquipamentos que consomem energia para permitir iluminação necessária para a realização de ativida-des internas e externas.Dentre os equipamentos de iluminação estão:

Iluminação ExternaLuminárias e Lâmpadas utilizadas nos

ambientes externos, como postes e refletores

Iluminação InternaLuminárias e Lâmpadas utilizadas nos ambientes internos

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21GUIA PRÁTICO PARA A PREPARAÇÃO DE INVESTIMENTOS URBANOS

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De maneira geral, os prédios públicos apresentam muitas oportu-nidades de redução de consumo de energia. Na Tabela 1 são apre-sentadas as principais medidas de eficiência energética e energia solar fotovoltaica que são aplicadas a escolas e hospitais.

Retrofit: serviço de moder-nização realizado com o objetivo de aumentar seu grau de eficiência.

Importante destacar que as medidas de eficiência energética são aliadas à altera-ção de hábitos de utilização e conscienti-zação dos usuários.

Tipo de medida Explicação Vale para:

Substituição de equipamentos

Troca de um equipamento com um desempenho considerado baixo por um equipamento com um melhor desempenho energético. Esta substituição pode abranger apenas um equipamento ou estar contida em um programa geral de retrofit, com a substituição de diversos equipamentos.

Redução do horário de operação de equipamentos

A redução do horário de funcionamento para equipamentos consumidores de energia pode ser feita de maneira manual ou automática, com a instalação de temporizadores (ou timers) que possuem a programação de desligar qualquer circuito elétrico em horários desejados.

Instalação de fotocélulas

Assim como a medida anterior, esta visa reduzir o horário de operação de equipamentos. A otimização baseia-se no funcionamento da iluminação apenas quando não há iluminação natural.

Aquecimento solarMedida de aquecimento de água, através da captação da energia solar e da sua conversão em energia térmica por meio dos coletores solares.

Tabela 1. Principais medidas de Eficiência Energética e Energia Solar Fotovoltaica para escolas e hospitais.

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22 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA EM PRÉDIOS PÚBLICOS

1. IDENTIFICAÇÃO DA DEMANDA

21 3 4 5 6 7 8

Tipo de medida Explicação Vale para:

Geração de energia fotovoltaica

Esta medida, diferente das anteriores, não visa reduzir o consumo de energia dos equipamentos, mas a instalação de sistemas com a função de gerar energia elétrica. Assim, ocorre o aproveitamento da radiação solar para geração de eletricidade, com a energia gerada pelo sistema fotovoltaico injetada e distribuída na rede elétrica interna da edificação pública. A eletricidade obtida dos sistemas fotovoltaicos é consumida no próprio local, e o excedente é exportado para a concessionária de energia, no caso de geração conectado à rede (on-grid), gerando créditos que podem depois ser descontados da fatura de energia.

Sistema de gerenciamento de

edifícios

Sistema de controle e monitoramento que pode ser utilizado para visualizar e gerenciar serviços de energia, como condicionamento de ar, bombeamento de água, elevadores, iluminação, entre outros. São monitoradas e medidas grandezas com o auxílio de medidores de energia, termostatos e sensores. Os valores medidos são comparados a valores de referência, com ações de controle, caso necessário.

Modernização das instalações elétricas

Grande parte dos prédios públicos são construções antigas, possuindo instalações que podem gerar perda de energia e também riscos. O momento de realizar um retrofit de Eficiência Energética pode ser uma boa oportunidade para fazer uma modernização das instalações elétricas das edificações adequando as instalações e equipamentos às normas técnicas e às novas demandas do usuário.

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23GUIA PRÁTICO PARA A PREPARAÇÃO DE INVESTIMENTOS URBANOS

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Medidas relacionadas ao conforto térmico também podem ser aplicadas. Sua inserção baseia-se que os edifícios entreguem ser-viços de qualidade aos usuários. Em escolas, por exemplo, a qua-lidade de ensino depende das condições de conforto dos alunos e professores. Assim, orientação geográfica, forma da edificação, uso de vidros, isolamentos térmicos, cores internas e externas, sombreamento e processo construtivo são algumas caracterís-ticas arquitetônicas que devem ser pensadas. Na Tabela 2, são

apresentadas algumas estratégias para novas construções e edifícios existentes, lembrando que muitas delas, em con-junto com projetos eficientes de ilumina-ção e condicionamento de ar, podem ser oportunidades significativas de ganhos de conforto ambiental e de eficiência energética nas edificações.

Aspectos Estratégias

Reduzir o ganho solar e a transmitância* térmica nas janelas

• Reduzir a área de vidro das edificações• Usar vidro com “controle solar” através de películas, vidros absorventes ou reflexivos• Utilizar brises (elementos verticais ou horizontais, colocados no exteriro de janelas) para bloquear parcialmente a

incidência solar nas superfícies de vidro

Reduzir a absortância** solar e transmitância térmica em paredes externas

• Usar cores claras e/ou tintas refletivas• Usar materiais com baixa condutividade térmica, por exemplo, isolamento térmico

Reduzir a absortância solar e transmitância térmica nas coberturas

• Usar cores claras e/ou tintas refletivas• Usar materiais com baixa condutividade térmica, por exemplo, isolamento térmico• Telhados verdes são uma possibilidade de proporcionar isolamento térmico

* Transmitância térmica: capacidade de um elemento de transmitir calor.**Absortância solar: característica que afeta a quantidade de energia incidente que será transmitida como calor para o ambiente.

Conforto térmico: condição que expressa satisfação da pessoa com o ambiente térmico ao seu redor.

Tabela 2. Estratégias relacionadas a Conforto Térmico.

O Guia Interativo de Eficiência Energética em Edificações apresenta outras medidas que podem ser aplicadas. O Guia de Eficiência Energética para Prédios Públicos do Governo do Estado do Rio de Janeiro também apresenta diversas medidas, classificadas em zero, baixo e médio-alto custo de implementação.

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24 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA EM PRÉDIOS PÚBLICOS

1. IDENTIFICAÇÃO DA DEMANDA

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Para avaliar a viabilidade das medidas destacadas, são utilizados os dados dis-poníveis nos diagnósticos. Uma medida que possui aspectos específicos é a micro e minigeração distribuída. Além dos as-pectos existentes nos diagnósticos, para a aplicação de um sistema solar fotovoltai-co devem ser destacados alguns pontos para avaliação, destacados ao lado:

O Guia é focado em edificações, portan-to será enfatizada a geração distribuída através do sistema fotovoltaico. Para ava-liar o potencial eólico e/ou de biomassa, por exemplo, outros aspectos podem ser necessários.

Após a avaliação da viabilidade técnica das medidas, é necessário a análise finan-ceira do projeto (Capítulo 4) e do dimen-sionamento técnico das medidas de EE e Energia Solar Fotovoltaica, que será deta-lhado no item 5.5 deste Guia.

• Localização: o posicionamento geográfico do edifício impacta no aproveitamento da energia solar.

• Orientação: a orientação do telhado também tem forte relação no aproveitamento da energia solar.

• Área de telhado: o número de placas fotovoltaicas que poderão ser instaladas têm dependência direta com a área do telhado.

• Entorno: o sombreamento (vegetação, prédios vizinhos) im-pacta na geração de energia.

• Tarifa de energia: quanto maior a tarifa de energia em (R$/kWh), mais interessante é o tempo de retorno do investimento (payback).

• Complexidade do sistema e adaptação do projeto, no caso de retrofits.

• Segurança estrutural: garantir que o local que receberá os mó-dulos fotovoltaicos - lajes, telhados ou coberturas, resiste ao peso das placas e sistema, e permite a realização da adequada manutenção.

A inclusão de estratégias de eficiência energética, junto com gera-ção distribuída, pode contribuir para melhorar o retorno financeiro do projeto como um todo.

Microgeração distribuída: central geradora de ener-gia elétrica cuja potência instalada é de até 75kW.

Minigeração distribuída: central geradora de ener-gia elétrica cuja potência instalada é superior a 75 kW e menor ou igual a 5MW.

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25GUIA PRÁTICO PARA A PREPARAÇÃO DE INVESTIMENTOS URBANOS

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A metodologia descrita nesta seção tem como objetivo auxiliar a equipe técnica das instituições a fazer um levantamen-to preliminar do potencial para ins-talação de sistemas fotovoltaicos nas coberturas dos prédios públicos. É impor-tante ressaltar que esta metodologia não substitui a visita técnica de uma empresa especializada e não é suficiente para con-ceber um projeto completo. Ela tem a fun-ção de obter resultados preliminares de produção de energia elétrica por meio de sistemas fotovoltaicos conectados à rede de distribuição, auxiliando o gestor públi-co em uma análise inicial de viabilidade de instalação destes sistemas de geração distribuída. A Figura 4 ilustra as principais

1.4. METODOLOGIA PARA VERIFICAÇÃO PRELIMINAR DO POTENCIAL FOTOVOLTAICO DE COBERTURAS DE EDIFICAÇÕES

Sistema fotovoltaico: conjunto de módulos, inversor, medidor e outros componentes, que converte energia solar em eletricidade.

Inversor: componente do sistema fotovoltaico que converte em corrente alternada a energia produ-zida em corrente contínua pelos módulos.

Identificação por imagem de satélite das coberturas viáveis para instalação de módulos fotovoltaicos.

Levantamento das dimensões aproximadas e orientação (ângulo de azimute) das coberturas por imagem de satélite.

Determinação da potência (kWp) do arranjo fotovoltaico compatível com a área da cobertura disponível.

Estimativa da energia elétrica (kWh) que o sistema fotovoltaico irá produzir ao longo de um ano e a economia estimada na fatura de energia.

1

2

3

4Figura 4. Fluxograma das principais etapas de um pré-dimensionamento de um sistema fotovoltaico.

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26 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA EM PRÉDIOS PÚBLICOS

1. IDENTIFICAÇÃO DA DEMANDA

21 3 4 5 6 7 8

etapas do pré-dimensionamento de um sistema fotovoltaico.As ferramentas necessárias para a análise preliminar são:• Google Earth Pro – versão desktop, para obtenção das medi-

das das coberturas das edificações;• Google Maps e Street View – visualização da edificação no ní-

vel da rua, caso necessário;• Programa de simulação do desempenho de sistemas fotovol-

taicos. A sugestão é o uso do PVWATTS a partir do site https://pvwatts.nrel.gov/. Este programa é relativamente simples e fornece resultados confiáveis para a análise inicial. Há outras ferramentas online disponíveis, geralmente vinculada a algu-ma empresa, que também podem ser utilizadas.

A primeira etapa é fazer uma verificação inicial de viabilidade do uso das coberturas das edificações para a instalação de módulos fotovoltaicos. Nesta etapa, os seguintes passos são indicados:

1. A partir do endereço da edificação, encontrar a imagem de saté-lite correspondente no Google Earth.

2. Confirmar o local correto da edificação no Google Earth.Em muitas situações, o endereço da fatura de energia elétrica não corresponde ao local no Google Earth. Esta confirmação pode ser realizada por meio de imagens do Street View e Google Maps, caso seja necessário.

3. Caso a última imagem disponível no Google Earth esteja com resolução baixa, pode-se buscar imagens de datas anteriores com melhor resolução.

4. Com a área da edificação identificada no Google Earth, verificar a existência de telhados apropriados para a instalação de módulos fotovoltaicos. A Figura 5 é um exemplo de uma imagem de satélite de uma escola pública com múltiplas edificações, com uma avalia-ção qualitativa dos telhados, destacando a orientação principal.

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27GUIA PRÁTICO PARA A PREPARAÇÃO DE INVESTIMENTOS URBANOS

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Para não haver dúvidas sobre a orientação medida a partir da ima-gem de satélite, recomenda-se sempre reposicionar o norte e a in-clinação após qualquer alteração na ampliação ou posicionamen-to da imagem, utilizando a ferramenta no menu do Google Earth: Visualizar → Redefinir → Inclinação e Bússola.No hemisfério sul, os telhados com orientação norte são os priori-tários para a instalação dos módulos fotovoltaicos, por receberem maior radiação solar ao longo do ano e produzirem mais energia

elétrica. Em outras orientações, esta análise deve ser feita caso a caso mediante estudo do impacto da perda de produtividade de-corrente da orientação não ideal. Telhados com orientação leste/oeste também são viáveis, embora a produtividade fotovoltaica seja menor do que a orientação norte, e os indicadores de viabili-dade devem ser avaliados caso a caso.

5. Verificar sombreamento evidente na cobertura por árvores ou prédios vizinhos, possíveis de serem identificados pela imagem de satélite. A Figura 6 ilustra um caso típico de uma edificação com sombreamentos, que indica a inviabilidade da instalação de siste-mas fotovoltaicos.

Figura 5. Avaliação qualitativa dos telhados de uma escola. Fonte: Google Earth.

Figura 6. Exemplo de edificação sombreada. Fonte: Google Earth.

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28 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA EM PRÉDIOS PÚBLICOS

1. IDENTIFICAÇÃO DA DEMANDA

21 3 4 5 6 7 8

A partir da execução dos passos anteriores, alguns critérios quali-tativos já podem ser aplicados para identificar a inviabilidade da instalação de sistemas fotovoltaicos:• Ausência de telhado com tamanho razoável e orientação pre-

ferencialmente norte ou leste/oeste.• Sombras evidentes provocadas por árvores e prédios vizinhos

que bloqueiam a incidência de radiação solar na cobertura.Nas edificações verificadas preliminarmente como viáveis, conti-nua-se a sequência de passos do dimensionamento:

6. Nos telhados considerados adequados, utiliza-se a ferramenta régua do Google Earth Pro para obter as principais dimensões. As dimensões precisas podem ser obtidas a partir de plantas arquite-tônicas ou visita técnica, porém o uso da imagem de satélite otimi-za o tempo na análise preliminar. Medir e anotar a largura da água de telhado (direção perpendicu-lar ao escoamento da água) e o comprimento da água de telhado

(direção do escoamento da água). A Figura 7 ilustra as linhas cria-das com a ferramenta régua no Google Earth para determinar as dimensões aproximadas do telhado.

IMPORTANTE: Verificar possíveis situações técnicas e não técnicas para a viabilidade da edificação receber sistemas fotovoltaicos, como por exemplo, sanidade estrutural do telhado, possíveis impedimentos legais (patrimônio histórico), rede elétrica da instalação precária, etc.

Para a determinação do ângulo de azimute do telhado (orientação em relação ao norte da projeção do plano do telhado), a medida deve ser feita a partir do cume do telhado até a borda. Esta me-dida é simultânea à medida do comprimento da água do telha-do. Verificar que ao apontar para cima, o ângulo está próximo a 0o

Figura 7. Linhas criadas com a régua. Fonte: Google Earth.

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29GUIA PRÁTICO PARA A PREPARAÇÃO DE INVESTIMENTOS URBANOS

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(norte) para a direita está próximo a 90o (leste), para baixo próximo a 180o (sul) e para a esquerda está próximo a 270o (oeste). A Figura 8 ilustra a caixa de texto que aparece na ferramenta régua na me-dida do comprimento e do ângulo de azimute (no software deno-minado título) do telhado.

Cada telhado com orientação diferente deve ser considerado um subsistema fotovoltaico com um inversor, para ser utilizado na si-mulação do PVWATTS.A quantidade precisa de módulos fotovoltaicos que podem ser instalados na cobertura depende de diversos fatores, como

dimensões do módulo, área útil para instalação, arranjo elétrico dos módulos e características elétricas dos inversores. Todas estas variáveis só podem ser compatibilizadas a partir de um projeto es-pecífico realizado por profissional especializado. Entretanto, para análise inicial de viabilidade, é possível chegar a resultados preli-minares a partir de algumas simplificações:• Considera-se uma ocupação por módulos fotovoltaicos de 60

a 70% da área total (comprimento x largura) da cobertura con-siderada viável. Este fator de ocupação considera imprecisões das medidas pela imagem de satélite, disposição dos módu-los, espaços para manutenção, etc.

• A partir da área ocupada, calcula-se a potência fotovoltaica considerando uma eficiência dos módulos fotovoltaicos de 17%. A inovação e evolução da tecnologia ocorrem rapidamen-te, levando à disponibilidade de módulos fotovoltaicos com eficiências maiores no mercado com o passar do tempo. Pode ser utilizado o valor de eficiência de acordo com os prinicpais equipamentos comercializados na época da análise.

Desta maneira, a potência fotovoltaica possível de ser instalada na área de cobertura é dada pela equação a seguir:

Potência (kWp) = Área total (m²) x fator de ocupação x eficiência dos módulos

Figura 8. Caixa de texto da régua. Fonte: Google Earth.

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30 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA EM PRÉDIOS PÚBLICOS

1. IDENTIFICAÇÃO DA DEMANDA

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Para utilizar o PVWATTS, os principais passos são apresentados a seguir:

1. Acessar a página https://pvwatts.nrel.gov/pvwatts.php

Substituindo valores típicos sugeridos (ocupação de 70 % e efici-ência do módulo fotovoltaico de 17%), a potência fotovoltaica es-timada para a cobertura é dada por:

Potência(kWp)=Área total (m2 )×0,70 ×0,17

Com a potência fotovoltaica determinada, o próximo passo é veri-ficar qual a produção esperada de energia elétrica por ano, obtida por meio de um modelo de desempenho de sistemas fotovoltaicos. Como sugestão de modelo disponível online, o PVWATTS do NREL (National Renewable Energy Laboratory), laboratório de energias renováveis dos Estados Unidos, fornece uma estimativa usando a base de dados de radiação solar do local mais próximo encontra-do. A falta de uma grande base de dados para o Brasil na platafor-ma impõe limitações, porém ainda assim é válido pela simplici-dade e rapidez com resultados confiáveis. Caso contrário, a busca por base de dados de radiação solar e os cálculos da produção de

energia elétrica irão depender de conhecimentos avançados, e es-tariam fora do escopo desta metodologia.

2. Digitar a localização desejada e clicar no botão Go>>. O progra-ma irá retornar a localização mais próxima com dados de radiação solar disponível no banco de dados. Verificar a distância da esta-ção mais próxima ao local desejado e ver a coerência do resultado encontrado. Confirmar pressionando “Go to system info”;

3. Na entrada dos dados necessários, ilustrada na Figura 9, digitar as características do sistema. Para detalhamento do significado de cada dado, o ícone de informações descreve o parâmetro.

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31GUIA PRÁTICO PARA A PREPARAÇÃO DE INVESTIMENTOS URBANOS

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Inserir a potência do sistema (KWp)

Deixar standard

Para telhado: fixed (roof mount)

Deixar os valores padrões

Ângulo de inclinação do telhado*

Ângulo de azimute do telhado**

*Tilt (deg): inserir a inclinação do telhado. Como este ângulo não pode ser determinado por imagem de satélite, a sugestão é inserir 15° ou 20o depen-dendo da inclinação estimada para o telhado. O ângulo com maior produtivi-dade é com valor próximo à latitude do local e não deve ser menor do que 10o para possibilitar a autolimpeza dos módulos pela água da chuva.

**Azimuth (deg): inserir o ângulo de orientação do sis-tema. Para uma cobertura orientada para o norte, o ân-gulo é de 0°. O valor padrão vem preenchido com 180°, que é a orientação Sul (padrão para o hemisfério nor-te). A determinação deste ângulo é realizada pela ima-gem de satélite e ferramenta régua do Google Earth. Havendo dificuldades em determinar o ângulo com a ferramenta régua, pode-se utilizar uma orientação aproximada do telhado, sendo norte: 0°, nordeste: 45 °, leste: 90°, sudeste: 135°, sul: 180 °, sudoeste: 225°, oes-te: 270°, noroeste: 315°. Lembrando que a instalação de sistemas fotovoltaicos com orientação sul apresen-ta produtividade reduzida e não são recomendados.Os parâmetros avançados podem ser deixados nos va-lores padrão para esta análise preliminar. É importan-te inserir o custo da energia elétrica com impostos no espaço adequado (Rate $/kWh), não esquecendo que o separador decimal é o ponto, como na Figura 10:

Figura 9. Tela do programa PVWatts.

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32 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA EM PRÉDIOS PÚBLICOS

1. IDENTIFICAÇÃO DA DEMANDA

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Após isto, é só clicar em “Go To PVWatts results” e a página irá calcular a ener-gia elétrica produzida mensalmente e o valor que ela representa. Há também a energia elétrica produzida anualmente, que é geralmente utilizada na aná-lise de viabilidade.Com estes passos é possível estimar rapidamente o potencial de geração de energia elétrica por sistemas fotovoltaicos para estudos preliminares de viabilidade. Uma vez vencida esta etapa, a contratação de uma consulto-ria especializada para elaboração de estudos abrangentes de viabilidade é recomendável.A solicitação de orçamento e visita técnica de uma empresa instaladora tam-bém é necessária para avançar na concepção do projeto e confirmar a viabili-dade técnica da instalação.

Escolher uma opção

Inserir o custo do kWh (valor com impostos)

Figura 10. Tela do programa PVWatts.

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2ARTICULAÇÃO COM OS INSTRUMENTOS LEGAIS

2.1 ASPECTOS REGULATÓRIOS

2.1.1 PRINCIPAIS LEGISLAÇÕES FEDERAIS

2.1.2 PRINCIPAIS LEGISLAÇÕES MUNICIPAIS

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2. ARTICULAÇÃO COM OS INSTRUMENTOS LEGAIS

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34 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA EM PRÉDIOS PÚBLICOS

Para viabilizar qualquer projeto de eficiência energética ou ener-gia solar fotovoltaica no setor público, há instrumentos legais que devem ser observados para garantir sua viabilidade, bem como na percepção de suas potencialidades e limitações. Um resumo das principais legislações pertinentes é apresentado abaixo.

A Constituição Federal é central e é a base de todos demais instru-mentos legais. O detalhamento destes instrumentos normativos e outros instrumentos considerados relevantes são apresentados nas subseções a seguir.

CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988

Lei da Responsabilidade Fiscal – Lei Complementar nº 101/2000.

Leis que estabelecem regras e modalidades de contratação pelo Poder Público:• Lei Geral das Licitações – Lei nº 8.666/1993.• Lei do Pregão – Lei nº 10.520/2002.• Lei do Regime Diferenciado de Contratações – Lei nº 12.462/2011.

Leis que estabelecem exceções para o regime de contratação:• Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte

– Lei Complementar nº 123/2006.

Legislação Estadual sobre Instrumentos contra Incêndio:• Plano de Prevenção e Proteção Contra Incêndio (PPCI).• Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB).

Leis e normativos de estímulo à EE e Energia Solar FV:• Lei da Eficiência energética - Lei nº 10.295/2001.• Resolução ANEEL nº 482/2012.• Instrução Normativa nº 2-SLTI/2014.

Estatuto das cidades

Leis de ordenamento territorial do município:• Lei que estabelece Plano Diretor.• Lei de uso e ocupação do Solo.• Lei de Parcelamento do Solo.

Plano Municipal de redução de gasto de energia• Plano Municipal de Gestão de Energia Elétrica.• Metas municipais de redução de gastos de energia elétrica.

legislação municipal

Figura 11. Principais legislações pertinentes a projetos de EE e Energia Solar FV. Fonte: elaboração dos autores.

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35GUIA PRÁTICO PARA A PREPARAÇÃO DE INVESTIMENTOS URBANOS

2.1 ASPECTOS REGULATÓRIOSNeste item são apresentados os principais aspectos regulatórios fundamentais para a elaboração de projetos de EE e Energia Solar FV:

Licitação é o conjunto de procedimentos administrativos para as compras ou serviços contratados pelos entes federativos. Simplificando, pode-se dizer que o governo deve comprar e con-tratar serviços seguindo as regras da lei. Assim, a licitação é um processo formal de contratações e compras na qual há a competi-ção entre as partes interessadas.Para participar de uma licitação é preciso conhecer as leis e verifi-car as legislações existentes para a licitação que vai participar, que na regra estarão citadas no edital da licitação e são de fácil acesso, na maioria das vezes em sites na Internet.Apresenta-se, a seguir, uma síntese das principais legislações rela-cionadas ao tema e uma breve explicação.

FINALIDADE DE UMA LICITAÇÃO

• Selecionar a proposta mais vantajosa (que nem sempre coincide com a de menor preço);

• Cumprir o princípio constitucional da isono-mia; e,

• Promover o desenvolvimento nacional sustentável.

QUEM DEVE EFETUAR LICITAÇÕES

O governo e suas unidades da administração pú-blica, tais como: Governo Federal, os 27 governos estaduais, incluindo o Distrito Federal, mais as Prefeituras e todas as suas secretarias, unidades, fundações, câmaras, estatais, autarquias etc.

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2. ARTICULAÇÃO COM OS INSTRUMENTOS LEGAIS

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36 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA EM PRÉDIOS PÚBLICOS

Constituição FederalA Base legal vigente para as licitações públicas no Brasil vem da Constituição de 1988, a qual contribuiu para a modernização dos processos licitatórios, garantindo a apli-cação dos princípios constitucionais nas contratações públicas. A Constituição de 1988 faz referência expressa à licitação em dois momentos: • No artigo 22, inciso XXVII, informa que é de competência privativa da União legislar sobre normas gerais de licitação e contratação, em todas as modalidades, para as admi-

nistrações públicas diretas, autárquicas e fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as empresas públicas e sociedades de economia mista, nos termos do art. 173, §1º, inciso III.

Portanto, o artigo 22 deixa claro que os demais entes federados não podem estabelecer regras gerais sobre procedimentos licitatórios, devendo seguir as Leis editadas pela União, que se aplicam a todas as partes integrantes da federação. Poderão, contudo, legislar sobre normas específicas relacionadas à licitação.O segundo momento em que a constituição fala sobre licitações enuncia o princípio da obrigatoriedade de licitar.• O Artigo 37 inciso XXI da constituição federal diz que “A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos

Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os concorren-tes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações”.

A regulamentação do inciso XXI do art. 37 da constituição federal de 1988 foi realizada através da edição da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, que institui normas para licitações e contratos da Administração Pública Federal, Estadual, Municipal e do Distrito Federal e dá outras providências.

2.1.1 PRINCIPAIS LEGISLAÇÕES FEDERAIS

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37GUIA PRÁTICO PARA A PREPARAÇÃO DE INVESTIMENTOS URBANOS

Lei no 8.666/1993 - Lei Geral das LicitaçõesO principal normativo regulador das licitações é a Lei no 8.666/1993, denominado Estatuto dos Contratos e Licitações ou Lei Geral das Licitações. A Lei no 8.666 é uma lei nacional, ou seja, deve ser observada pela União, Estados e Municípios.A Lei no 8.666/93 é a fonte legislativa primária disciplinadora das licitações, e, por esse motivo, estabeleceu vedações aos demais entes federados (Estados, Distrito Federal e Municípios) que não podem, por exemplo, alterar os limites de valor das modalidades licitatórias ou ampliar os casos de dispensa e inexigibilidade.Esta Lei define todos os procedimentos a serem realizados na licitação, desde a solicitação até sua homologação. Ela legisla sobre impugnação e esclarecimentos do ins-trumento convocatório, a Sessão Pública, a análise da documentação de habilitação, o julgamento das propostas e dos recursos. Estipula também as regras dos contratos e sua gestão e fiscalização, com advertências, multas e punições, mesmo após encerrada a licitação. Na pós licitação, principalmente, a Lei nº 8.666 atua subsidiariamente nas demais modalidades como o Pregão e o RDC.

Lei no 10.520/2002 - Lei do PregãoA Lei no 10.520/2002, editada quase dez anos após a Lei no 8.666/93, veio ao ordenamento jurídico para regular uma nova modalidade de licitação, o pregão. Isto porque as modalidades já estabelecidas na Lei no 8.666/93 (concorrência, tomada de preços, convite, concurso e leilão), em vários casos, não conseguiram imprimir rapidez e eficiên-cia à atividade administrativa de contratação.Pregão é uma modalidade de licitação para aquisição de bens e serviços comuns no âmbito da União, Estados, Municípios e Distrito Federal e possui o formato presencial ou eletrônico. Consideram-se bens e serviços comuns aqueles cujos padrões de desempenho e qualidade, possam ser objetivamente definidos pelo edital, por meio de especificações usuais no mercado.O pregão surgiu, com disciplina e procedimentos próprios, exatamente para tentar dar celeridade e eficiência aos processos de contratação da Administração Pública. Ressalte-se que a “lei do pregão” tem caráter especial diante da “lei de licitações e contratos - no 8.666”, visto que disciplina exclusivamente a já citada modalidade. Quando necessário, recorre-se à Lei no 8666 para assuntos que a Lei do Pregão não consegue responder.A forma eletrônica do Pregão está regulamentada pelo Decreto Federal nº 10.024, de 20 de setembro de 2019.

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2. ARTICULAÇÃO COM OS INSTRUMENTOS LEGAIS

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38 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA EM PRÉDIOS PÚBLICOS

Lei no 12.462/2011 – Regime Diferenciado de Contratações - RDCO Regime Diferenciado de Contratações Públicas - RDC foi instituído no ordenamento jurídico através da Lei nº 12.462/2011.Trata-se de um novo regime licitatório, que tem por objetivo tornar as licitações do Poder Público mais eficientes/céleres, sem afastar a transparência e o acompanhamento pelos órgãos de controle.O RDC foi inspirado nas regras de contratação da União Europeia, dos EUA e nas diretrizes da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico – OCDE, como também na legislação que disciplina no Brasil as contrações por meio do Pregão.O RDC criou, inicialmente, um regime licitatório e contratual específico para eventos esportivos de grande importância que seriam realizados no país a partir de 2013, a Copa das Confederações da FIFA, a Copa do Mundo FIFA em 2014 e os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos em 2016. No entanto, esta lei foi alterada com o passar do tempo para que outras ações, obras e serviços de engenharia pudessem ser contempladas com o novo regime.A Lei nº 8.666/1993 não terá aplicação subsidiária ao RDC, diferente do que ocorre no pregão.Uma das inovações do RDC que se aplica especialmente para projetos de eficiência energética é que ele aceita como critério de julgamento da licitação O MAIOR RETORNO ECONÔMICO. Este é o único critério que aceita remuneração variável conforme o desempenho do projeto. Em todos os outros critérios de julgamento da Lei no 8.666 ou do pregão o preço é fixo.

Lei Complementar no 123/2006 – Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno PorteEstabelece normas gerais relativas ao tratamento diferenciado e favorecido a ser dispensado às microempresas e empresas de pequeno porte no âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.Por esta lei, no Art. 44, assegura-se como critério de desempate, preferência de contratação para as microempresas e empresas de pequeno porte.• § 1o Entende-se por empate aquelas situações em que as propostas apresentadas pelas microempresas e empresas de pequeno porte sejam iguais ou até 10% (dez por

cento) superiores à proposta mais bem classificada.• § 2o Na modalidade de pregão, o intervalo percentual estabelecido no § 1o deste artigo será de até 5% (cinco por cento) superior ao melhor preço.

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39GUIA PRÁTICO PARA A PREPARAÇÃO DE INVESTIMENTOS URBANOS

Lei no 13.303/2016 – Lei das EstataisA Lei das Estatais nº 13.303 de junho de 2016 traz regras direcionadas para empresas públicas e sociedades de economia mista (exemplo: metrô, companhias de água e esgoto etc.) e de suas subsidiárias, em todos os níveis de governo: federal, estadual e municipal.Ela passou a disciplinar a realização de licitações e contratos no âmbito das empresas públicas e sociedades de economia mista, independentemente da natureza da ativi-dade desempenhada (prestadora de serviço ou exploradora de atividade econômica).Consequentemente, a Lei no 8.666/93 não se aplica mais diretamente a essas entidades, salvo nos casos expressamente descritos na própria Lei no 13.303 (normas penais e parte dos critérios de desempate). Por outro lado, o pregão, conforme disciplinado na Lei no 10.520/2002, será adotado preferencialmente, nas empresas públicas e sociedades de economia mista, para aquisição de bens e serviços comuns.Portanto, com a edição da Lei no 13.303/16, as estatais não utilizam mais as modalidades de licitação previstas na Lei no 8.666/93 (convite, concorrência, tomada de pre-ços, concurso e leilão), e sim os procedimentos previstos na Lei no 13.303, sendo que, para a aquisição de bens e serviços comuns, elas devem adotar preferencialmente o pregão.Interessante notar que a Lei no 13.303 incorporou muitos procedimentos do Regime Diferenciado de Contratações (RDC), tais como:• Orçamento com estimativa de preços em regra deve ser sigiloso, somente podendo ser divulgado mediante justificativa ou quando o julgamento for por maior desconto

(art. 34);• Inversão das fases de julgamento e habilitação (art. 51);• Modos de disputa aberto, com possibilidade de apresentação de lances, ou fechado, sem lances (art. 52);• Critérios de julgamento: menor preço, maior desconto, melhor combinação de técnica e preço, melhor técnica, melhor conteúdo artístico, maior oferta de preço, maior

retorno econômico e melhor destinação de bens alienados (art. 54);• Negociação com o primeiro colocado para obtenção de condições mais vantajosas, podendo ser extensível aos demais licitantes quando o preço do primeiro colocado,

mesmo após a negociação, permanecer acima do orçamento estimado (art. 57);• Fase recursal única, como regra (art. 59);• Regimes de contratação integrada ou semi-integrada (art. 42);• Duração dos contratos, como regra, de cinco anos, admitidas determinadas exceções (art. 71).

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2. ARTICULAÇÃO COM OS INSTRUMENTOS LEGAIS

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40 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA EM PRÉDIOS PÚBLICOS

Lei complementar no 101/2000 – Lei da Responsabilidade FiscalA LRF surgiu com o objetivo de dar mais transparência aos gastos públicos e para disciplinar o uso de recursos por parte dos governantes brasileiros, sendo um mecanismo legal que disciplina a utilização dos recursos públicos. Ela faz com que os estados, os municípios e a União controlem seus gastos, respeitando a capacidade de arrecadação por meio dos tributos. Para isso, foram introduzidos limites para as despesas e para o endividamento futuro, além de exigir que os governantes gastem apenas dentro das possibilidades do or-çamento. A lei determina que haja um planejamento de investimentos, com os gestores devendo estabelecer metas fiscais periódicas. Para cumpri-las, o governante deve planejar e controlar as receitas e despesas, assim como evitar e corrigir problemas que possam aparecer. Abaixo, os pontos principais da LRF:

PLANEJAMENTOO conceito principal da LRF é a necessidade da execução e vinculação do Plano Plurianual, da Lei de Diretrizes Orçamentárias e da Lei Orçamentária Anual. Com a LRF, ficou determinado que recursos vinculados a determinada finalidade não podem ser utilizados para outra. Essa é uma forma de evitar que verbas destinadas à Educação, por exemplo, tenham um fim diverso.

ENDIVIDAMENTO

A LRF não determina os limites de endividamento, nem a trajetória, ou mesmo o prazo máximo para que os entes atinjam os limites (15 anos), caben-do essas definições ao Senado Federal. De acordo com a Resolução do Senado Federal n° 40/20001, os entes públicos estarão sujeitos às seguintes normas para o tamanho da dívida pública: • ESTADOS: A dívida consolidada líquida (DCL) não pode ser maior do que 2 VEZES a Receita Corrente Líquida (RCL).• MUNICÍPIOS: a DCL não pode ser maior que 1,2 VEZES a Receita Corrente Líquida.

CONTRATAÇÃO DE OPERAÇÃO DE

CRÉDITO

Toda e qualquer operação de crédito pleiteada, por ente da Federação, inclusive empresas controladas, estará sujeita à verificação do cumpri-mento dos respectivos limites de endividamento, pelo Ministério da Fazenda, nos termos do art. 32 da LRF. Para tanto, a instituição credora deverá certificar-se de que o beneficiário da operação atende às exigências da lei. Além disso, toda e qualquer operação de crédito realizada por ente da Federação será registrada pelo Ministério da Fazenda, garantido o acesso público a essas informações.

DESPESAS

Outro ponto de destaque da LRF é o limite para a despesa com pagamentos de salário, levando em conta os gastos com servidores ativos, inativos, pensionistas. Os valores em relação ao total da arrecadação são os seguintes: • UNIÃO: 50%; • ESTADOS E MUNICÍPIOS: 60%.

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41GUIA PRÁTICO PARA A PREPARAÇÃO DE INVESTIMENTOS URBANOS

Para projetos que irão acessar financiamento internacional, a Lei no 8.666 apresenta esta possibilidade:

§ 5o Para a realização de obras, prestação de serviços ou aquisição de bens com recursos provenientes de financiamento ou doação oriundos de agência oficial de cooperação estrangeira ou organismo financeiro multilateral de que o Brasil seja parte, poderão ser admitidas, na respectiva licitação, as condições decorrentes de acordos, protocolos, convenções ou tratados internacionais aprovados pelo Congresso Nacional, bem como as normas e procedimentos daquelas entidades, inclusive quanto ao critério de seleção da proposta mais vantajosa para a administração, o qual poderá contemplar, além do preço, outros fatores de avaliação, desde que por elas exigidos para a obtenção do finan-ciamento ou da doação, e que também não conflitem com o princípio do julgamento objetivo e sejam objeto de despacho motivado do órgão executor do contrato, despacho esse ratificado pela autoridade imediatamente superior.

ACESSO A FINANCIAMENTO INTERNACIONAL

Por fim, torna-se importante destacar os princípios orientadores para as licitações públicas, que são relevantes também quando se trata de financiamento internacional. São eles:• Processos justos: oferecem oportunidades iguais a todos os participantes, não discriminando os candidatos, com ampla publicidade e sem vantagens para determi-

nados participantes, que deverão ser avaliados pela sua capacidade técnica.• Processos competitivos: baseados em critérios objetivos e transparentes, onde eventuais conflitos de interesse devem ser resolvidos de forma transparente e prefe-

rencialmente antes da licitação.• Processos abertos e transparentes: todas as informações são públicas e a participação atinge o máximo de participantes possíveis.Também é esperado:• Critérios de avaliação das propostas para decisão de adjudicação do contrato, que podem ser o preço mais baixo viável tecnicamente; ou a proposta mais vantajosa

economicamente, aplicando uma série de critérios: preço, condições de pagamento, período de construção/entrega, mérito técnico, características ambientais, custos operacionais, custos de manutenção, entre outros.*

• Os critérios de avaliação devem ser indicados no Edital e deve-se existir um relatório de avaliação de propostas.

*Adaptado de Guide to Procurement for projects financed by the EIB. Disponível em: https://www.eib.org/attachments/strategies/guide_to_procurement_en.pdf

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2. ARTICULAÇÃO COM OS INSTRUMENTOS LEGAIS

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42 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA EM PRÉDIOS PÚBLICOS

Referentes a Eficiência Energética e Sustentabilidade:

• Estatuto das Cidades (Lei no 10.257/2001): aponta algumas parce-rias para implantação de empreendimentos urbanísticos.

• Lei da Eficiência Energética (Lei no 10.295/2001): dispõe sobre a Política Nacional de Conservação e Uso Racional de Energia.

• Decreto Presidencial 1993: dispõe sobre a criação do Selo de Eficiência Energética.

• Decreto no 8.540/2015: estabelece, entre outros pontos, a imple-mentação de medidas que reduzam o consumo de energia.

• Instrução Normativa no 2-SLTI/2014: estabelece a obrigatoriedade de obtenção da Etiqueta Nacional de Conservação de Energia (ENCE) nível A nos projetos e respectivas edificações públicas federais novas ou que recebam retrofit.

• Portaria no 23-MPOG/2015: estabelece práticas imediatas e perma-nentes no uso de energia e água para prédios públicos federais e mo-nitoramento desses bens e serviços com o apoio de campanhas de conscientização presenciais ou eletrônicas.

Há também normas relacionadas à eficiência energética, como a NBR 5410 – instalações elétricas de baixa tensão; NBR 5413 – iluminância de interiores; e NBR 6401 – instalações elétricas de ar-condicionado.

Normativas que regulamentam a Energia Solar Fotovoltaica:

• Resolução Normativa ANEEL no 456/2000: estabelece as relações en-tre consumidor e concessionária de energia.

• Resolução Normativa ANEEL no 482/2012: estabelece as condições gerais para o acesso de microgeração e minigeração distribuída aos sis-temas de distribuição de energia elétrica.

• Resolução Normativa ANEEL no 687/2015: altera a Resolução Normativa no 482/2012.

• Resolução Normativa ANEEL no 786/2017: altera a Resolução Normativa no 482/2012.

Fique atento, existem outras

normas e programas

Federais

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43GUIA PRÁTICO PARA A PREPARAÇÃO DE INVESTIMENTOS URBANOS

Existem documentos municipais relevantes de conteúdo e pla-nejamento público para estruturação de projeto de EE e Energia Solar FV. São eles:

Plano DiretorO Plano diretor, instituído por lei, é o principal instrumento de ordenamen-to territorial de um município. Ele é o elo central que comunica os diferentes instrumentos que regem elementos específicos do tecido urbano.É o Plano Diretor que apresenta o ca-minho, ou objetivo, para o qual os esforços de desenvolvimento urbano estão direcionados.

Lei de Uso e Ocupação do SoloEste instrumento dá as diretrizes que re-gem as construções individualmente.

Lei de ParcelamentoLei que trata de diretrizes para a criação de lotea-mentos ao longo da cidade. Esta diretriz pode estar contida em uma lei de Parcelamento ou explícito di-retamente no plano diretor.

Código de Obras e EdificaçõesEste instrumento dá as diretrizes que regem as constru-ções individualmente. Contém normas técnicas para a execução de diversos tipos de construções, bem como define os procedimentos para aprovação de projetos e licenças para realização de obras.

2.1.2 PRINCIPAIS LEGISLAÇÕES MUNICIPAIS

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2. ARTICULAÇÃO COM OS INSTRUMENTOS LEGAIS

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44 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA EM PRÉDIOS PÚBLICOS

Estas leis de planejamento urbano impactam na interação das edificações com o meio, apesar de ter foco no conforto ambiental, têm efeito no desempenho energético de edificações. Os instru-mentos urbanos não cessam nos instrumentos de planejamento territorial, há, de fato, outros instrumentos ao alcance do gestor municipal que auxiliam diretamente na gestão do gasto de ener-gia dos prédios sob sua administração, como o Plano Municipal de Gestão de Energia Elétrica (PLAMGE). A metodologia do PLAMGE, concebida pela Eletrobrás em parceria com o Instituto Brasileiro da Administração Municipal (IBAM), foca na criação de procedimentos para a criação de uma governança voltada para a Gestão Energética Municipal (GEM). Entre as ações do PLAMGE estão: • Gestão das faturas de energia: verificação das faturas

dos edifícios sob administração da prefeitura, estimu-lando a conferência de multas pagas pelos edifícios, bem como reajuste da demanda contratada;

• Levantamento do consumo de energia dos prédios municipais;

• Estimativa de potencias de redução do consumo de energia.

Para auxiliar os gestores a percorrer as ações do PLAMGE, a metodologia conta com um software disponível na web,

o SIEN – Sistema de Informação de Energia.A integração das ações do PLAMGE através do SIEN garantem ao município um maior controle de suas contas, além de garantir um planejamento de médio prazo das ações de eficiência energética, deixando claro as variáveis técnico-econômicas que impactam na tomada de decisão de projetos municipais.

Gestão de Energia – Município de ArarasO município de Araras (SP) possui o PLAMGE ativo desde 2011. Inaugurado a partir da parceria do município com a concessionária local, a implementação e manutenção do PLAMGE tem trazidos benefícios para as contas municipais:• Readequação da tarifa de energia - já trouxe um retorno de R$ 200 mil só no ano de 2019, de acordo

com responsáveis pelo município. • Projetos de eficiência energética, educacional e de baixa renda aprovados junto à concessionária de

energia local.• Suporte técnico à secretaria de obras a implementar projetos mais eficientes.• Melhor controle de implementação de projetos: melhor auxílio tanto no suporte técnico para a imple-

mentação de projetos por parte da concessionária, como a fiscalização de equipamentos comprados via licitação.

• Suporte a empresas locais sobre questões envolvendo o suprimento de energia elétrica.Entre os fatores de sucesso apontados para a manutenção do PLAMGE é o forte respaldo político dado às ações da Unidade de Gestão de Energia Municipal junto com a manutenção da motivação dos técnicos de gestão de energia.

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45GUIA PRÁTICO PARA A PREPARAÇÃO DE INVESTIMENTOS URBANOS

De maneira alternativa ou complementar às ações de um Plano de Gestão Energética, muitos municípios estabelecem um Plano de Metas com prioridades no desenvolvimento urbano e no meio am-biente da cidade, alinhando-se aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU) a serem atingidos até 2030.Um exemplo é o Programa de Metas da Prefeitura Municipal de São Paulo que implementa um padrão racional de uso de água e eficiência energética em novos projetos de edificações.A cidade de Fortaleza também é adepta desta prática e assumiu, em 2016, o Plano Fortaleza 2040 que estabelece metas de longo prazo em diferentes aspectos da administração municipal. Para a área de eficiência energética, dentro do grande tema de Qualidade do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais, estabelece uma meta de 20% do ganho de eficiência energética para o município no ano de 2040.Outros planos relevantes são os Planos de Mudanças Climáticas, Planos de Sustentabilidade Ambiental e Planos de Mitigação. São documentos estratégicos que demonstram como o município

alinhará suas ações com os compromissos do Acordo de Paris.O município de Santos4 e a Grande ABC5 já possuem seus planos, enquanto São Paulo, Curitiba, Rio de Janeiro e Salvador estão na fase de desenvolvimento. Eles contam, para sua viabilização, de um grupo interdisciplinar de pessoas que debatem formula-ções em suas secretarias específicas. São o Grupo de Trabalho Intersecretarial (GTI) e, no exemplo de São Paulo, existe também o Comitê de Sustentabilidade Ambiental.

Referências sobre a relação do planejamento urbano e a efici-ência energética•Guia técnico do PROCEL Edifica sobre a “Elaboração e atualização do código de obras e edificações”.• Guia técnico do PROCEL Edifica sobre a “Planejamento e controle ambiental-urbano e a eficiência energética”.4 Plano de Mudança do Clima disponível em: https://www.santos.sp.gov.br/static/files_www/pmm-

cs_plano_municipal_de_mudanca_do_clima_de_santos_15-12-_2016_ii.pdf5 Plano de Ação de Enfrentamento às Mudanças Climática disponível em: http://consorcioabc.sp.gov.br/imagens/noticia/Plano%20de%20Acao%20de%20Enfrentamento%20as%20Mudancas%20Clima-ticas%20do%20Grande%20ABC.pdf

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3FORMALIZAÇÃO DA GESTÃO DO PROJETO

3.1 GESTÃO DE ENERGIA MUNICIPAL

3.2. GOVERNANÇA DO PROJETO

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47GUIA PRÁTICO PARA A PREPARAÇÃO DE INVESTIMENTOS URBANOS

É importante abordar, em um primeiro momento, a necessidade de capacitação interna ao município em duas linhas: • Treinamento de gestores de edifícios, para possibilitar a identi-

ficação e implementação de medidas de baixo e médio custo;• Sensibilização dos tomadores de decisão, para o entendimen-

to das possibilidades de melhoria e realização de um planeja-mento estratégico.

Recomenda-se que a prefeitura implemente um sistema de Gestão Energética, pois garante a continuidade dos resultados das ações de implementadas, inserindo os projetos em uma ampla e orga-nizada iniciativa municipal, com a proposta de diminuir de forma significativa e contínua os consumos e custos, além de estimular comportamentos e ações conscientes. Existem algumas metodologias que apoiam a criação de um Sistema de Gestão de Energia (SGE), com uma das mais conheci-das e usadas no mundo a ISO 50.001:2018 – Sistemas de Gestão

de Energia.A implementação de um SGE começa pela definição de uma política energética mu-nicipal, com metas de redução de consu-mo e responsabilidades. Deve ser criado um comitê permanente multidisciplinar, formado por profissionais de diversas secretarias, com o objetivo de desenvol-ver e organizar as iniciativas, mensurar e garantir os resultados de redução. As res-ponsabilidades devem ter apoio político da gestão de topo da Prefeitura, como o prefeito e os secretários.O SGE baseia-se no ciclo de “Planejar – Executar – Verificar – Agir” que visa a ma-nutenção da melhoria contínua através de ações que promovem a EE e o uso de

3.1 GESTÃO DE ENERGIA MUNICIPAL

Gestão Energética: conjunto de ações, cujo objetivo é a otimização dos resultados relacio-nados ao uso de energia e eficiência energética, através da organização de pessoas, informações, procedimentos e sistemas.

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48 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA EM PRÉDIOS PÚBLICOS

3. FORMALIZAÇÃO DA GESTÃO DO PROJETO

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ISO 50001:2011 - Sistema de Gestão de Energia

Estabelecimento de sistemas e processos para melhorar o desempenho energético, incluindo a eficiência energética, uso e consumo de energia. A implantação desta Norma se destina à redução nas emissões de GEE e outros impactos ambientais relacionados à energia, e os custos e econo-mia que esse sistema de gestão de energia pode promover. A implemen-tação bem sucedida depende do comprometimento de todos os níveis e funções da organização e, especialmente, da gestão de topo. Entre os ob-jetivos estão:• Desenvolvimento de uma política para o uso mais eficiente da energia;• Estabelecimento de metas e objetivos para atender a essa política;• Uso de dados para melhor compreesão e tomada de decisões sobre o

uso de energia;• Medição dos resultados;• Revisão da política;• Melhora contínua da gestão.

energias renováveis. A organização e a comunicação são componentes essen-ciais ao sistema, além da correta realiza-ção da medição e o desenvolvimento de indicadores de desempenho para moni-torar o consumo energético do município e verificar o sucesso das políticas e inicia-tivas implementadas. Para facilitar o ge-renciamento energético, pode-se utilizar softwares que facilitam a visualização de dados e a tomada de decisões.Por fim, é importante destacar o diálogo frequente e positivo que o município deve ter com a concessionária e os gestores das edificações, como diretores de escolas e hospitais, para garantir que as iniciativas sejam bem sucedidas e que haja partici-pação de todas as partes interessadas.

Indicador de Desempe-nho: medição de carac-terísticas da edificação utilizada para avaliar seu desempenho e acompa-nhar o progresso.

Unidade Consumidora: conjunto de instalações e equipamentos elétri-cos, cujo recebimento de energia elétrica ocorre em apenas um ponto de entrega, com medição individualizada.

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49GUIA PRÁTICO PARA A PREPARAÇÃO DE INVESTIMENTOS URBANOS

Para uma gestão eficiente, é necessário o engajamento tanto dos gestores públicos quanto dos usuários dos edifícios. Um planeja-mento estratégico deve pensar em medidas para transmitir o co-nhecimento e conscientizar sobre a importância das ações reali-zadas. O quadro ao lado indica algumas medidas que podem ser realizadas:

É fundamental pensar que um projeto específico pode ser replicado para outras tipologias e secre-tarias, com as devidas modificações. Torna-se recomendável uma rotina de treinamentos para a ma-nutenção e possível ampliação das melhorias implementadas por todo o município, principalmente a gestão de topo da Prefeitura, gestores prediais, técnicos, profissionais de licitações, contratos e compras, entre outros servidores chave.

Medidas recomendadas:

• Designar um gestor predial para o edifício, com apoio de uma equipe local de técnicos de manutenção;

• Conscientizar o gestor sobre a importância de realização de medidas de EE;

• Realizar trabalhos de conscientização para curto, médio e longo prazo com os usuários;

• Aplicar incentivos para as edificações que alcançarem as metas, como rankings das edificações mais eficientes e/ou utilização das economias para investimentos e me-lhorias na própria edificação.

• Informar periodicamente as ações e resultados alcança-dos com os projetos realizados.

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50 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA EM PRÉDIOS PÚBLICOS

3. FORMALIZAÇÃO DA GESTÃO DO PROJETO

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Para um projeto ser bem sucedido é necessário o alinhamento e participação de todas as partes interessadas. Seguindo as boas práticas da gestão pública municipal, propõe-se a criação de uma equipe capaz de liderar os processos na preparação dos projetos. Uma possibilidade é a criação de uma Unidade de Gerenciamento do Projeto – UGP, comitê multidisciplinar e multisecretaria que irá gerenciar a implementação do projeto do início até o fim. Importante destacar que a UGP pode ser para um projeto específi-co ou para um conjunto de projetos. A formalização da UGP pode ser feita por meio da publicação de decretos e portarias que irão regular a alocação de servidores das diferentes repartições para preparação e gestão do projeto.Deve-se definir um responsável para liderar o comitê, capaz de fa-cilitar a integração entre as diferentes secretarias e departamen-tos. Aspectos fundamentais para o sucesso da unidade do proje-to são engajamento, funções bem definidas e alocação formal de

3.2 GOVERNANÇA DO PROJETO

tempo ao projeto. É importante identificar pessoas chave capazes de fornecer carac-terísticas do edifício a receber o projeto, como dados dos equipa-mentos e sistemas consumidores de energia, além de determinar práticas e comportamentos operacionais dos usuários da edifica-ção. Um diretor também deve ser identificado para, por exemplo, assinar os relatórios de diagnóstico energético.Cada município possui uma estruturação e secretarias próprias. A Tabela 3 apresenta uma generalização, com o objetivo de auxiliar e nortear responsabilidades gerais possíveis e comuns. No entanto, as responsabilidades devem ser adequadas por cada município e cada projeto de Eficiência Energética e Energia Solar Fotovoltaica, visto que dependendo de seu porte e os projetos envolvidos, a es-trutura organizacional existente e necessária é diversa.

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51GUIA PRÁTICO PARA A PREPARAÇÃO DE INVESTIMENTOS URBANOS

Secretaria Responsabilidades

Gabinete do Prefeito

Um projeto de EE ou Energia Solar FV frequentemente é estratégico para o município, tanto em termos financeiros, quanto de imagem pú-blica e de cumprimento de compromissos. O envolvimento do Prefeito e de seu gabinete no projeto é essencial para que o projeto tenha o apoio e a alocação de recursos necessários para ser desenvolvido com sucesso.

• Acompanhar periodicamente o desenvolvimento do projeto• Aprovar e apoiar formalmente o projeto• Articular com secretários das secretarias envolvidas para que aloquem formalmente os recursos necessários ao bom desenvolvimento

do projeto• Promover o projeto publicamente

Gestão, Casa Civil, Governo

A secretaria responsável pela coordenação do projeto pode variar entre diferentes municípios, porém o importante é que seja uma secre-taria muito bem articulada com atuação transversal, pois deverá ter a capacidade de integrar e mobilizar com sucesso todas as demais secretarias importantes para o processo.

• Coordenação geral da Unidade de Implementação do Projeto• Integração e articulação entre Secretarias• Ponto focal de comunicação com a assistência técnica externa (caso haja)• Decisões estratégicas relativas ao projeto• Garantir e manter engajamento do Prefeito e de outros stakeholders chaves ao sucesso do projeto

Tabela 3. Secretarias envolvidas e suas responsabilidades.

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52 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA EM PRÉDIOS PÚBLICOS

3. FORMALIZAÇÃO DA GESTÃO DO PROJETO

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Secretaria Responsabilidades

Secretaria de Serviços Públicos

Secretaria de Obras Públicas

Estas secretarias devem estar informadas do andamento do projeto, pois podem ter papel chave no momento de sua execução.

• Participar das reuniões da PIU• Informar sobre impactos do projeto nos serviços públicos do município• Informar sobre potenciais desafios técnicos e legais do ponto de vista da implementação física do projeto• Caso o projeto seja executado, no todo ou em parte, por equipe interna da Prefeitura, capacitar e disponibilizar profissionais para exe-

cução da obra• Planejar aspectos operacionais da implementação do projeto• Facilitar a implementação física do projeto, removendo barreiras e obstáculos e promovendo comunicação com agentes necessários

para boa execução do projeto

Secretaria de Patrimônio, Compras e Logística

Esta secretaria costuma possuir o banco de dados de todas as edificações do município e reunir as informações disponíveis sobre elas. Dependendo do município, essas informações podem estar distribuídas entre diversas secretarias; neste caso, o projeto é uma boa oportu-nidade de revisar esse funcionamento, a fim de unificar e integrar as informações no banco de dados desta secretaria, o que trará múltiplos benefícios à Prefeitura.

• Fornecer informações disponíveis sobre as edificações participantes do projeto, tais como número identificador; endereço; área (m²), área de telhado e outras características físicas, bem consumo de energia (kWh/ano). As informações à disposição desta secretaria va-riam por município

• Caso o consumo de energia não esteja na base de dados desta secretaria, ela pode desempenhar o papel de reunir as informações com a secretaria que as tiver, e integrá-las na sua base de dados

• Facilitar o acesso aos dados necessários para os cálculos do projeto e também às edificações físicas, quando necessário• Informar sobre aspectos relativos a tombamento, patrimônio ou logística, relacionados às edificações participantes do projeto, e rea-

lizar os trâmites para vencer barreiras nesses aspectos• Dependendo do modelo de negócios e do porte dos sistemas sendo adquiridos no projeto, compra dos bens pode ser de responsabi-

lidade desta secretaria

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53GUIA PRÁTICO PARA A PREPARAÇÃO DE INVESTIMENTOS URBANOS

Secretaria Responsabilidades

Secretaria da Fazenda

Esta secretaria é chave para garantir o sucesso do projeto do ponto de vista financeiro. Ela deve trabalhar em proximidade com a área técnica do projeto. No fim, seu papel é garantir que o projeto terá os recursos monetários necessários para sua implementação, dentro da realidade e limitações do seu município.

• Avaliação da capacidade de endividamento do município• Acompanhamento ou realização, junto a consultoria ou à área técnica, de todos os passos de avaliação financeira do projeto, desde

avaliação preliminar de viabilidade até os cálculos finais• Definição de origem dos recursos do projeto, sejam eles internos ou externos• Alocação de orçamento para o projeto (quando houver recursos internos envolvidos)• Preparação das solicitações de financiamento para o projeto (quando houver recursos externos envolvidos)• Gestão dos recursos monetários do projeto

Departamento de Licitações e Contratos

A elaboração de um edital e termo de referência robustos é essencial para que o projeto saia do papel com o menor prazo e retrabalho pos-sível. Frequentemente, processos de contratação para projetos de EE e Energia Solar FV são cancelados ou extremamente morosos devido a imprecisões nos termos de referência que culminam em impugnações, recursos e desclassificações. O papel deste departamento – que, dependendo do município, pode ser uma secretaria à parte ou um departamento na Secretaria de Fazenda, Secretaria de Patrimônio, Compras e Logística, ou outra – é fundamental para que o projeto seja contratado dentro do cronograma estipulado e se torne um projeto concreto.

• Identificação dos modelos de contratação que podem ser utilizados para o projeto (ex. PPP, pregão eletrônico, RDC, BOT, etc.)• Apresentação das limitações do município para adoção de diferentes modelos, e os caminhos para ultrapassá-las, caso existem• Definição do modelo a ser utilizado, em conjunto com outros stakeholders, incluindo, frequentemente, o Prefeito• Apoio à secretaria demandante na elaboração do Edital e dos Termos de Referência para o projeto• Articulação com a área técnica para garantir que os Termos de Referência estejam robustos, específicos, correspondentes à realidade

e ao mercado, e garantindo a melhor qualidade da empresa a ser contratada

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54 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA EM PRÉDIOS PÚBLICOS

3. FORMALIZAÇÃO DA GESTÃO DO PROJETO

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Secretaria Responsabilidades

Secretaria do Meio Ambiente

Além de ter atuação transversal, garantindo a adesão de projetos em múltiplas frentes às políticas e valores de sustentabilidade do mu-nicípio, esta secretaria também tem a responsabilidade de velar pela minimização dos riscos e pela maximização dos impactos positivos ambientais, sociais, de saúde e de segurança do projeto. Em municípios com uma forte política de sustentabilidade, esta secretaria pode desempenhar um papel central e estratégico em projetos de EE e Energia Solar FV, influenciando decisões. Em outros municípios, sua atu-ação pode ser menor e mais burocrática, focada em licenciamento.

• Garantir alinhamento do projeto às políticas ambientais, de sustentabilidade ou de mitigação a mudanças climáticas do município• Identificar potenciais barreiras relativas a licenças ambientais, e orientar as partes quanto aos estudos e aprovações necessárias, pro-

vendo seu apoio no que for de seu alcance• Coordenar os estudos de impacto ambiental e de impacto social necessários, e fornecer todas as informações para que tais estudos

sejam realizados com sucesso• Conduzir estudos de análise de risco ambientais, sociais, de saúde e segurança, propondo e facilitando as medidas necessárias para

mitigar os riscos• Calcular e comunicar os benefícios ambientais do projeto, incluindo redução de emissões de GEE• Influenciar decisões de projeto para maximizar impactos positivos e redução de uso de recursos

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55GUIA PRÁTICO PARA A PREPARAÇÃO DE INVESTIMENTOS URBANOS

Secretaria Responsabilidades

Secretaria de SaúdeSecretaria de Educação

Outras secretarias específicas envolvidas diretamente no

projeto(“Secretaria demandante”)

A secretaria demandante do projeto tem papel fundamental em todo o processo e deve ter uma posição de liderança e autonomia. Dependendo das edificações selecionadas para o projeto, esta pode ser a Secretaria de Saúde (se em hospitais, clínicas, UPAs etc.); a Secretaria de Educação (se em escolas); ou outras secretarias, como de Cultura (se o projeto for em estádios, teatros etc.), por exemplo.

• Coordenação dos aspectos técnicos do projeto• Participação em todas as etapas do processo de elaboração e implementação do projeto• Integração e articulação plena com as demais secretarias envolvidas• Facilitação de visitas técnicas às edificações selecionadas• Articulação com equipes de assistência técnica e com empresas contratadas, nas áreas de consultoria, engenharia, projeto, implemen-

tação, operação e manutenção, entre outras• Facilitação, realização ou participação em diagnósticos energéticos nas edificações selecionadas• Fornecimento de todos os dados disponíveis sobre as edificações• Elaboração dos aspectos técnicos dos Termos de Referência do projeto• Condução do processo de licitação e contratação (dependendo do município, isso pode ser realizado pela secretaria demandante ou

pelo departamento de licitações, porém é muito comum que a secretaria demandante tenha um papel importante no processo de contratação)

• Planejamento de todos os aspectos técnicos, incluindo aqueles ligados à segurança, pertinentes ao projeto• Participação na definição do modelo de negócio mais adequado para o projeto• Insumos técnico para a Secretaria da Fazenda elaborar as análises financeiras do projeto• Responsabilidade final sobre a entrega do projeto, incluindo comissionamento• Operação e manutenção do projeto após sua implementação• Medição e verificação das economias energéticas alcançadas• Monitoramento e avaliação dos resultados gerais do projeto, junto com a secretaria responsável pela coordenação da UGP

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56 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA EM PRÉDIOS PÚBLICOS

3. FORMALIZAÇÃO DA GESTÃO DO PROJETO

21 3 4 5 6 7 8

Para alinhar os conhecimentos dos participantes da equipe mul-tidisciplinar, recomenda-se a organização de treinamentos e ofi-cinas para a apresentação de procedimentos, destacando a im-portância do papel de cada colaborador no processo, além de divulgar os benefícios decorrentes das ações de EE, focando em um engajamento do grupo.As metas da Unidade de Gerenciamento do Projeto, assim como a frequência de encontros devem ser previamente definidas. Recomenda-se elaborar uma estratégia efetiva de comunicação do projeto e, posteriormente, divulgação de seus resultados, in-ternamente na prefeitura, e externamente, à população em geral.

Com a estruturação da UGP, um importante passo a ser feito é a análise de riscos, levando em consideração aspectos de governan-ça, técnicos, licitatórios, financeiros e ambientais que serão tra-tados nas seções posteriores. Uma análise detalhada dos riscos é apresentada no item 5.3 deste Guia.

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4AVALIAÇÃO DOS ASPECTOS FINANCEIROS E CONTRATUAIS

4.1 ASPECTOS FINANCEIROS

4.2 ASPECTOS LICITATÓRIOS

4.3 ACESSO AO FINANCIAMENTO

4.4 CONTRATAÇÃO

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58 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA EM PRÉDIOS PÚBLICOS

4. AVALIAÇÃO DOS ASPECTOS FINANCEIROS E CONTRATUAIS

21 3 4 5 6 7 8

Para acessar recursos bancários para financiar um projeto, os mu-nicípios devem fazer um trabalho prévio para poder pleitear um financiamento bancário. No caso de projetos de eficiência energé-tica e energia solar fotovoltaica devem seguir os seguintes passos:

1. Efetuar um diagnóstico energético para estimar os benefícios a serem obtidos em termos de economia de energia e os benefícios ao meio ambiente.

2. Com base no diagnóstico energético, definir o escopo do proje-to a ser realizado e as motivações dele, ou seja, os benefícios que o mesmo trará.

3. A partir do projeto definido, efetuar orçamento estimativo, para poder estudar a viabilidade econômico financeira do mesmo.

4. Com o investimento do projeto (CAPEX) definido, efetuar o estu-do de viabilidade econômico financeira.

5. Para efetuar o estudo de viabilidade financeira, inicia-se esti-mando as receitas do projeto pelo prazo de vida útil estimado para a tecnologia utilizada. No caso de projetos de eficiência energéti-ca, as receitas são obtidas pela economia multiplicada pela tarifa. Exemplo: no caso de economia de energia, multiplica-se a energia economizada em kWh pela tarifa de energia paga em R$/kWh.

6. Em seguida devem ser estimados os custos de operação e ma-nutenção do projeto, se houver.

7. Após deduzir as despesas das receitas, chega-se ao fluxo de caixa livre do projeto, e a partir do mesmo, calcula-se os diversos

4.1 ASPECTOS FINANCEIROS

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59GUIA PRÁTICO PARA A PREPARAÇÃO DE INVESTIMENTOS URBANOS

indicadores financeiros que vão mostrar se o projeto é viável ou não, tais como:

TIR – TAXA INTERNA DE RETORNO• TIR (Taxa Interna de Retorno): representa a média de retorno anual que o projeto trará.Se a TIR > TMA, implica dizer que há maior retorno investindo no pro-jeto que aplicando os recursos à uma taxa praticada no mercado. Do contrário, não vale a pena investir no projeto. • Taxa Mínima de Atratividade (TMA): é a melhor taxa disponível no mercado para aplicação do capital, com o menor nível de risco possí-vel. É usada para o cálculo do Valor Presente Líquido (VPL).

VPL – VALOR PRESENTE LÍQUIDO • VPL (Valor Presente Líquido): parâmetro que analisa quanto o proje-to possui de valor na data da realização do investimento, trazendo o fluxo de caixa a valor presente. Se este valor for negativo, o projeto é inviável.

VPL= -Io + ∑FEj/(1+i)^j

Onde:– VPL = Valor Presente Líquido;– Io = Investimento Inicial;

– FE = Fluxo Esperado;– i = Taxa de Juros (TMA);

- j = Período de tempo.

PAYBACK SIMPLES• Payback Simples: representa o prazo de retorno do investimento, sem considerar que fluxos de caixa de anos à frente devem ser descontados a uma TMA.O Payback é um indicador de rentabilidade que apresenta o tempo de-corrido até que o lucro líquido de um investimento se iguale ao valor investido. É um indicador fácil de ser calculado e fornece uma ideia do grau de liquidez e de risco de um projeto.

PAYBACK DESCONTADO• Payback Descontado (Tempo de Recuperação do Investimento): re-presenta um prazo de retorno do investimento mais realista, pois seu cálculo considera que fluxos de caixa futuros devem ser trazidos a va-lor presente por uma TMA, para sua estimativa.Calcula-se o número de períodos necessários para que os fluxos de be-nefícios gerados, descontados por uma taxa de juros, superem o capi-tal inicial investido.

PB = -Io + ∑FEj/(1+i)^j

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60 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA EM PRÉDIOS PÚBLICOS

4. AVALIAÇÃO DOS ASPECTOS FINANCEIROS E CONTRATUAIS

21 3 4 5 6 7 8

Onde:– PB = Payback;– I0 = Investimento Inicial;– FE = Fluxo Esperado no tempo j;– i = Taxa de Juros.

O PB será o tempo j respectivo quando a diferença estabelecida na equação acima seja igual a zero. Será preferido aquele investimento que possua o menor prazo de retorno, porém, sempre deve-se obser-var as nuances de cada atividade produtiva.

LCOELCOE (Levelized Cost of Energy): indicador que é empregado como uma forma sensível de precificação do investimento, consistindo na avalia-ção do custo por kWh para o investimento ao longo de sua vida útil estimada. Aplicável para projetos de GD. Segue a fórmula abaixo:

LCOE (R$/kWh)= (VPL (investimentos em R$) )/(VPL (geração de energia- kWh))

LCCELCCE (Levelized Cost of Conserved Energy): indicador similar ao LCOE, no qual o investimento e as diferenças de custo de operação e manu-tenção de uma medida de EE em comparação com um cenário de linha de base são descontados e divididos pela economia anual de energia

descontada resultante da medida de economia de energia. A principal diferença no cálculo do LCOE é que aqui é necessário um cenário de linha de base.

LCCE (R$/kWh)= (VPL (investimentos em R$) )/(VPL (energia economizada- kWh))

IBCÍndice Benefício Custo (IBC): é a relação de quanto se espera ganhar para cada unidade de capital investido. Este índice é uma razão sim-ples entre o Fluxo Esperado de Benefícios de um projeto e o Fluxo Esperado de Investimentos necessários para realizá-lo. Portanto, deve ser calculado com a seguinte equação:

IBC = (Somatório do Valor Presente do Fluxo de Benefícios / Somatório do Valor Presente do Fluxo de Investimentos)

Se o IBC encontrado for maior do que 1, significa que o projeto deve continuar sendo analisado, pois gera alguma riqueza ao investidor. Caso contrário deve ser rejeitado, pois não gera valor.

Uma vez obtidos os indicadores, efetua-se a análise para verificar a viabilidade ou não do projeto.Caso seja viável, outra análise possível de ser feita é a de

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61GUIA PRÁTICO PARA A PREPARAÇÃO DE INVESTIMENTOS URBANOS

alavancagem do projeto, ou seja, do município tomar dívida para financiar parte do projeto.Neste caso, incluí-se os juros do financiamento do projeto no fluxo, bem como as amortizações do principal do empréstimo e calcula--se novamente os indicadores financeiros, só que agora calculan-do o retorno do município com a alavancagem financeira efetuada com banco.

8. Após o estudo de viabilidade econômico financeira o municí-pio deve montar um resumo do projeto para poder apresentar ao banco, explicando as motivações, os benefícios, anexando o diag-nóstico energético e o estudo de viabilidade econômico financei-ro, demonstrando assim o racional e a viabilidade do projeto para ser financiado.Importante lembrar que o banco para efetuar o financiamento precisa de todos os documentos do processo licitatório e respec-tivos contratos, para verificar se a licitação foi efetuada de acordo com a legislação.

9. O município deve também seguir o fluxo da lei de responsa-bilidade fiscal junto ao Ministério da Fazenda para poder obter o financiamento.

A partir de três projetos distintos: geração distribuída fotovoltaica, retrofit de siste-ma de climatização e retrofit de ilumina-ção pública, são apresentadas as análises financeiras dos projetos, com o cálculo de seu fluxo de caixa.

10. Em paralelo, o município deve proceder os trâmites internos para efetuar a licitação para a execução do projeto, começando por elaborar um projeto básico ou termo de referência, dependen-do da modalidade licitatória que pretenda fazer.

Fluxo de caixa de um projeto: o método mais utilizado para análise de investimentos é o fluxo de caixa descontado. Ele depende da projeção dos fluxos futuros de receitas e despesas e da determina-ção da taxa de desconto.A projeção do fluxo de caixa do projeto normal-mente se subdivide em: investimento inicial; e fase de operação do projeto que gera os fluxos de caixa líquido anuais.

EXEMPLOS DE ANÁLISES FINANCEIRAS

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62 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA EM PRÉDIOS PÚBLICOS

4. AVALIAÇÃO DOS ASPECTOS FINANCEIROS E CONTRATUAIS

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A análise finaneira de um projeto de geração distribuída através de uma usina fotovoltaica, ocorre a partir de um diagnóstico energé-tico, e se inicia com a elaboração de seu fluxo de caixa.Como exemplo, será utilizado um projeto fotovoltaico de um pré-dio público localizado na região Sudeste.Serão utilizados um total de 230 módulos de geração de energia, medindo 1,00m x 1,70m, fabricados com silício mono-cristalino, com potência de 320 W cada. A área total aproximada de telhado a ser utilizada será de 390 m². Serão instalados também 2 inversores de energia. São equipamentos de alta eficiência, controle do fator de potência, baixo nível de ruído e ajuste automático de energia.Para controle será instalado um sistema de monitoramento, que permitirá o gerenciamento via web, controle da produção diária, mensal e anual, geração acumulada de energia e gráficos de pro-dução e controle da geração.A implantação do sistema fotovoltaico permitirá uma produção de energia elétrica de 94,90 MWh/ano.

Dados do Projeto• Usina Fotovoltaica no local – microgeração distribuída• Investimento (CAPEX): R$ 560.476,64• Potência da Usina: 73,6 kW• Geração de Energia (MWh/ano): 94,9 MWh/ano• Tarifa (R$/KWh): 0,66543• Energia Economizada (R$): R$ 63.149,30• Vida Útil da usina: 25 anos• Vida útil dos inversores: 10 anos• Degradação anual das placas: 0,5% a.a.

PROJETO DE GERAÇÃO DISTRIBUÍDA FOTOVOLTAICA

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63GUIA PRÁTICO PARA A PREPARAÇÃO DE INVESTIMENTOS URBANOS

Fluxo de Caixa do Projeto (mil R$)

Ano 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25

Geração de Energia (mil kWh/ano) 95 94 94 93 93 93 92 92 91 91 90 90 89 89 88 88 88 87 87 86 86 85 85 85 84

(X) Tarifa média (R$/kWh) 0,67 0,69 0,71 0,74 0,76 0,79 0,82 0,85 0,88 0,88 0,94 0,97 1,01 1,04 1,08 1,11 1,15 1,19 1,24 1,28 1,32 1,37 1,42 1,47 1,52

(=) Economia total com energia (mil R$) 63 65 67 69 71 73 75 78 80 80 85 87 90 93 95 98 101 104 107 110 114 117 121 124 128

(-) Manutenção (mil R$) -6 -6 -6 -7 -7 -7 -7 -8 -8 -8 -8 -9 -9 -9 -10 -10 -10 -11 -11 -12 -12 -12 -13 -13 -14

(-) Financiamento (mil R$)

(-) Reinvestimento inversores (mil R$) -45 -45

Investimento (CAPEX) -560

(=) Fluxo de Caixa (mil R$) -560 57 59 61 62 64 66 68 70 72 74 31 78 81 83 86 88 91 93 96 99 57 105 108 111 114

A partir destes dados básicos do projeto, calcula-se o fluxo da ge-ração (economia) de energia por 25 anos, lembrando que ela cai 0,5% a.a. devido à degradação das placas.Com base nas economias anuais de energia em KWh/ano multipli-cando pela tarifa, elabora-se o fluxo de caixa do projeto.

Para tornar mais realista o fluxo, corrige-se a tarifa de energia anu-almente adotando que o reajuste seguirá a inflação estimada em 3,5% a.a. pelos próximos anos.Neste caso também incluíu-se uma despesa de operação e manu-tenção anual da usina e a troca de inversores a cada 10 anos.

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64 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA EM PRÉDIOS PÚBLICOS

4. AVALIAÇÃO DOS ASPECTOS FINANCEIROS E CONTRATUAIS

21 3 4 5 6 7 8

Para efetuar o cálculo do VPL e do Payback descontado, é neces-sário definir a taxa mínima de atratividade e para tal utiliza-se as seguintes premissas:• Inflação: 3,5% a.a.• Taxa real de juros: 3,26% a.a. (Base-Nota do Tesouro Nacional IPCA

+ 2035)• TMA = [(1+0,035) X (1+0,0326) -1] X 100 => TMA = 6,87%

Com base no fluxo de caixa efetua-se os cálculos dos indicadores financeiros do projeto conforme a tabela abaixo:

Investimento do Projeto (mil R$) R$560,50Investimento do Ente Público (%) 100%

Indicadores Financeiros do InvestimentoTIR (%a.a.) 11,4% a.a.VPL (mil R$) 289PAYBACK SIMPLES (anos) 8,74PAYBACK DESCONTADO (anos) 13,67LCOE (R$/kWh) 0,6452IBC 1,45

Assim obtêm-se os indicadores do projeto e verifica-se que ele é viável pois apresenta:• TIR maior que a TMA (Taxa Mínima de atratividade) - 11,4% > 6,87%• VPL >0• IBC >1Os paybacks apresentados também são compatíveis para o tipo de projeto.

O exercício realizado demonstrou a análise de viabilidade de um projeto no qual o ente público investe 100% dos seus recursos no projeto. No entanto, visando maximizar a rentabilidade do projeto e a utilização dos recursos públicos, o ente pode alavancar o pro-jeto com dívida bancária.

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65GUIA PRÁTICO PARA A PREPARAÇÃO DE INVESTIMENTOS URBANOS

ALAVANCANDO O PROJETO COM DÍVIDA BANCÁRIA

No exercício a seguir, será mostrado o efeito da alavancagem do projeto com 75% de dívida, com o poder público aportando ape-nas 25% do CAPEX do projeto.Para tal, será simulado o fluxo de caixa com um endividamento bancário.

Fluxo de Caixa do Projeto (mil R$)

Ano 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25

Geração de Energia (mil kWh/ano) 95 94 94 93 93 93 92 92 91 91 90 90 89 89 88 88 88 87 87 86 86 85 85 85 84

(X) Tarifa média (R$/kWh) 0,67 0,69 0,71 0,74 0,76 0,79 0,82 0,85 0,88 0,88 0,94 0,97 1,01 1,04 1,08 1,11 1,15 1,19 1,24 1,28 1,32 1,37 1,42 1,47 1,52

(=) Economia total com energia (mil R$) 63 65 67 69 71 73 75 78 80 80 85 87 90 93 95 98 101 104 107 110 114 117 121 124 128

(-) Manutenção (mil R$) -6 -6 -6 -7 -7 -7 -7 -8 -8 -8 -8 -9 -9 -9 -10 -10 -10 -11 -11 -12 -12 -12 -13 -13 -14

(-) Financiamento (mil R$) -21 -21 -52 -52 -52 -52 -52 -52 -52 -52 -52 -52 -9

(-) Reinvestimento inversores (mil R$) -45 -45

Investimento (CAPEX) -140,1

(=) Fluxo de Caixa (mil R$) -140,1 36 38 9 11 12 14 16 18 20 22 -20 27 81 83 86 88 91 93 96 99 57 105 108 111 114

Para esta simulação utilizou-se uma linha de financiamento in-ternacional a projetos de eficiência energética a fim de verificar o efeito da alavancagem com dívida num projeto público. Incorporando o financiamento (principal + juros) ao fluxo de caixa teremos:

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66 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA EM PRÉDIOS PÚBLICOS

4. AVALIAÇÃO DOS ASPECTOS FINANCEIROS E CONTRATUAIS

21 3 4 5 6 7 8

Importante observar que agora avalia-se o retorno do ente público com o projeto alavancado por 75% de dívida bancária, e por isto, o valor do investimento no fluxo é do valor a ser investido pelo ente público (25% do CAPEX) ou R$140,1 mil.Depois de ter o fluxo com o financiamento, calcula-se novamente os indicadores, conforme tabela abaixo.Nota-se que a alavancagem financeira melhora o retorno do ente público (TIR), aumenta o VPL e o IBC e diminui os paybacks de for-ma acentuada, e o índice de benefício custo aumenta, demons-trando, portanto, que a alavancagem maximiza o retorno do ente público e libera recursos para outros investimentos.

Investimento do Projeto (mil R$) R$140,10Investimento do Ente Público (%) 25%

Indicadores Financeiros do InvestimentoTIR (%a.a.) 19,8% a.a.VPL (mil R$) 353PAYBACK SIMPLES (anos) 7,16PAYBACK DESCONTADO (anos) 11,40LCOE (R$/kWh) 0,5862IBC 5,10

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67GUIA PRÁTICO PARA A PREPARAÇÃO DE INVESTIMENTOS URBANOS

A partir de um diagnóstico energético, efetua-se a análise finan-ceira de um projeto de eficiência energética, começando pelo seu fluxo de caixa.Para demonstrar como isto é feito, utiliza-se um projeto de retrofit de ar condicionado de um hospital público estadual da região Centro-Oeste.As ações de eficiência energética referem-se à substituição dos equipamentos individuais por sistema central VRF, conforme de-talhado na tabela abaixo:

Dados do Projeto• Retrofit Ar Condicionado de hospital público• Investimento (CAPEX): R$ 1.146.019,03• Economia de Energia (MWh/ano): 336,72 MWh/ano• Tarifa (R$/KWh): 0,51987• Energia Economizada (R$): R$ 175.050,62

• Vida Útil do sistema: 15 anos

Sistema Antes Sistemas Propostos16 equipamentos de Ar condicionado tipo Split9.000 BTU/h, COP: 2,50

5 Equipamentos VRF210.200 BTU/h

EER de 3,67

35 equipamentos de Ar condicionado tipo Split12.000 BTU/h, COP: 2,50

16 equipamentos de Ar condicionado tipo Split18.000 BTU/h, COP: 2,50

2 equipamentos de Ar condicionado tipo Split24.000 BTU/h, COP: 2,50

12 equipamentos de Ar condicionado tipo Split36.000 BTU/h, COP: 2,50

PROJETO DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA - RETROFIT DE AR CONDICIONADO

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68 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA EM PRÉDIOS PÚBLICOS

4. AVALIAÇÃO DOS ASPECTOS FINANCEIROS E CONTRATUAIS

21 3 4 5 6 7 8

Fluxo da Economia de Energia por Tecnologia (mil kWh/ano)

Ano 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15Economia de energia total (mil kWh/ano) 336,7 336,7 336,7 336,7 336,7 336,7 336,7 336,7 336,7 336,7 336,7 336,7 336,7 336,7 336,7

(X) Tarifa média (R$/kWh) 0,52 0,54 0,56 0,58 0,60 0,62 0,64 0,66 0,68 0,71 0,73 0,76 0,79 0,81 0,84

(=) Economia total com energia (mil R$) 175,1 181,2 187,5 194,1 200,9 207,9 215,2 222,7 230,5 238,6 247,0 256,0 265,0 274,0 283,0

(-) Financiamento (mil R$)

Investimento (CAPEX) -1.146

(=) Fluxo de Caixa (mil R$) -1.146 175,1 181,2 187,5 194,1 200,9 207,9 215,2 222,7 230,5 238,6 247,0 256,0 265,0 274,0 283,0

Com base nas economias anuais de energia em KWh/ano multipli-cando pela tarifa, realiza-se o fluxo de caixa do projeto.Para tornar mais realista o fluxo, corrige-se a tarifa de energia anu-almente adotando que o reajuste seguirá a inflação estimada em 3,5% a.a. pelos próximos anos.

A partir destes dados básicos do projeto, obtêm-se o fluxo da eco-nomia de energia por 15 anos do hospital.

Fluxo da Economia de Energia por Tecnologia (mil kWh/ano)

Ano 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15Ar condicionado 336,7 336,7 336,7 336,7 336,7 336,7 336,7 336,7 336,7 336,7 336,7 336,7 336,7 336,7 336,7

Total (mil kWh/ano) 336,7 336,7 336,7 336,7 336,7 336,7 336,7 336,7 336,7 336,7 336,7 336,7 336,7 336,7 336,7

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69GUIA PRÁTICO PARA A PREPARAÇÃO DE INVESTIMENTOS URBANOS

Para efetuar o cálculo do VPL e do Payback descontado, é neces-sário definir a taxa mínima de atratividade e para tal utiliza-se as seguintes premissas:• Inflação: 3,5% a.a.• Taxa real de juros: 3,26% a.a. (Base-Nota do Tesouro Nacional IPCA

+ 2035)• TMA= [(1+0,035) X (1+0,0326) -1] X 100 => TMA=6,87%

Com base no fluxo de caixa efetua-se os cálculos dos indicadores financeiros do projeto conforme a tabela abaixo:

Investimento do Projeto (mil R$) R$1.146Investimento do Ente Público (%) 100%

Indicadores Financeiros do InvestimentoTIR (%a.a.) 16,0% a.a.VPL (mil R$) 836TMA (%a.a.) 6,87%PAYBACK SIMPLES (anos) 6,00PAYBACK DESCONTADO (anos) 7,78LCOE (R$/kWh) 0,371IBC 1,729

Assim, obtêm-se os indicadores do projeto e verifica-se que ele é viável pois apresenta:• TIR maior que a TMA (Taxa Mínima de atratividade) - 16% > 6,87%• VPL >0• IBC >1Apresenta também paybacks compatíveis para o tipo de projeto.

O exercício demonstrou a análise de viabilidade de um projeto no qual o hospital público investe 100% dos seus recursos no projeto. No entanto, visando maximizar a rentabilidade do projeto e a uti-lização dos recursos públicos, o hospital pode alavancar o projeto com dívida bancária.

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70 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA EM PRÉDIOS PÚBLICOS

4. AVALIAÇÃO DOS ASPECTOS FINANCEIROS E CONTRATUAIS

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ALAVANCANDO O PROJETO COM DÍVIDA BANCÁRIA

No exercício a seguir será mostrado o efeito da alavancagem do projeto com 75% de dívida, com o hospital público (estado) apor-tando apenas 25% do Capex do projeto.Para tal, simula-se o fluxo de caixa com um endividamento bancá-rio contratado pelo hospital. A título de exemplo, utiliza-se uma linha de financiamento interna-cional a projetos de eficiência energética a fim de verificar o efeito da alavancagem com dívida num projeto público. Incorporando o financiamento (principal + juros) ao fluxo de caixa teremos:

Fluxo da Economia de Energia por Tecnologia (mil kWh/ano)

Ano 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15Economia de energia total (mil kWh/ano) 336,7 336,7 336,7 336,7 336,7 336,7 336,7 336,7 336,7 336,7 336,7 336,7 336,7 336,7 336,7

(X) Tarifa média (R$/kWh) 0,52 0,54 0,56 0,58 0,60 0,62 0,64 0,66 0,68 0,71 0,73 0,76 0,79 0,81 0,84

(=) Economia total com energia (mil R$) 175,1 181,2 187,5 194,1 200,9 207,9 215,2 222,7 230,5 238,6 247,0 256,0 265,0 274,0 283,0

(-) Financiamento (mil R$) -42 -42 -106 -106 -106 -106 -106 -106 -106 -106 -106 -106

Investimento (CAPEX) -287

(=) Fluxo de Caixa (mil R$) -287 133,0 139,2 81,8 88,3 95,1 102,2 109,4 117,0 124,8 132,8 141,0 150,0 265,0 274,0 283,0

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71GUIA PRÁTICO PARA A PREPARAÇÃO DE INVESTIMENTOS URBANOS

Avalia-se agora o retorno do hospital com o projeto alavancado por dívida bancária, por isto, o valor do investimento no fluxo é do valor a ser investido pelo hospital (25% do CAPEX) ou R$ 287 mil. Depois de ter o fluxo com o financiamento, calcula-se novamente os indicadores, conforme tabela abaixo.Assim, nota-se que a alavancagem financeira melhora o retorno do hospital (TIR), aumenta o VPL e diminui os paybacks de forma acentuada, demonstrando, portanto, que a alavancagem maximi-za o retorno do hospital e libera recursos para que possa investir em outros projetos.

Investimento do Projeto (mil R$) R$287Investimento do Ente Público (%) 25%

Indicadores Financeiros do InvestimentoTIR (%a.a.) 40,9% a.a.VPL (mil R$) 965TMA (%a.a.) 6,87%PAYBACK SIMPLES (anos) 2,18PAYBACK DESCONTADO (anos) 2,60LCOE (R$/kWh) 0,371IBC 1,729

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72 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA EM PRÉDIOS PÚBLICOS

4. AVALIAÇÃO DOS ASPECTOS FINANCEIROS E CONTRATUAIS

21 3 4 5 6 7 8

Este exemplo utiliza um projeto de iluminação pública de um mu-nicípio da região sudeste.O projeto foi elaborado considerando as estruturas físicas existen-tes no sistema de iluminação pública do município. Para o sistema de iluminação, foi proposto um retrofit, substituindo-se as luminá-rias com lâmpadas de descarga por conjuntos de luminárias inte-gradas LED, conforme detalhado na tabela ao lado:

Dados do Projeto

• Retrofit Iluminação Pública LED• Investimento (CAPEX): R$ 1.965.044,36• Economia de Energia (MWh/ano): 835,53• Tarifa (R$/kWh): 0,48559• Energia Economizada (R$): R$ 405.725,01

• Vida Útil dos LEDs: 10 anos

Quantidade Sistema anterior Sistema proposto

9 Luminárias tipo IP com lâmpada mista de 160W e reator eletromagnético

Conjunto luminária tipo IP integrada LED de 40W

29 Luminárias tipo IP com lâmpada a vapor de mercúrio de 80W e reator eletromagnético

Conjunto luminária tipo IP integrada LED de 40W

356 Lâmpada a vapor de mercúrio de 125W e reator eletromagnético

Conjunto luminária tipo IP integrada LED de 40W

22 Lâmpada a vapor de sódio de 70W e reator eletromagnético

Conjunto luminária tipo IP integrada LED de 40W

31 Lâmpada a vapor de sódio de 150W e reator eletromagnético

Conjunto luminária tipo IP integrada LED de 86W

72 Lâmpada a vapor de sódio de 250W e reator eletromagnético

Conjunto luminária tipo IP integrada LED de 120W

360 Lâmpada a vapor de sódio de 400W e reator eletromagnético

Conjunto luminária tipo IP integrada LED de 180W

210 Lâmpada a vapor de metálico de 400W e re-ator eletromagnético

Conjunto luminária tipo IP integrada LED de 180W

PROJETO DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA – ILUMINAÇÃO PÚBLICA

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73GUIA PRÁTICO PARA A PREPARAÇÃO DE INVESTIMENTOS URBANOS

A partir destes dados básicos do projeto, têm-se o fluxo da econo-mia de energia por 10 anos.

Fluxo da Economia de Energia por tecnologia (mil kWh/ano)

Ano 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10Iluminação Pública Retrofit 835,5 835,5 835,5 835,5 835,5 835,5 835,5 835,5 835,5 835,5TOTAL (mil kWh/ano) 835,5 835,5 835,5 835,5 835,5 835,5 835,5 835,5 835,5 835,5

Com base nas economias anuais de energia em kWh/ano, multipli-ca-se pela tarifa de energia, e então se obtém o fluxo de caixa do projeto.Para tornar mais realista o fluxo, corrigiu-se a tarifa de energia anualmente adotando que o reajuste seguirá a inflação estimada em 3,5% a.a. pelos próximos anos.

Fluxo de Caixa do Projeto (mil R$)

Ano 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10Economia de Energia total (mil kWh/ano) 835,5 835,5 835,5 835,5 835,5 835,5 835,5 835,5 835,5 835,5(X) Tarifa média (R$/kWh) 0,49 0,50 0,52 0,54 0,56 0,58 0,60 0,62 0,64 0,66(=) Economia total com energia (mil R$) 405,7 419,9 434,6 449,8 465,6 481,9 498,7 516,2 534,3 553,0(-) Financiamento (mil R$)

Investimento (CAPEX) -1.965

(=) Fluxo de Caixa (mil R$) -1.965 405,7 419,9 434,6 449,8 465,6 481,9 498,7 516,2 534,3 553,0

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74 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA EM PRÉDIOS PÚBLICOS

4. AVALIAÇÃO DOS ASPECTOS FINANCEIROS E CONTRATUAIS

21 3 4 5 6 7 8

Na linha do fluxo de caixa, têm-se o CAPEX (negativo) que é a en-trada do projeto e as saídas (economias em reais) dos anos 1 a 10. Para efetuar o cálculo do VPL e do Payback descontado é neces-sário definir a taxa mínima de atratividade e para tal utiliza-se as seguintes premissas:• Inflação: 3,5% a.a.• Taxa real de juros: 3,26% a.a. (Base-Nota do Tesouro Nacional IPCA + 2035)

• TMA= [(1+0,035) X (1+0,0326) -1] X 100 => TMA=6,87%

Com base no fluxo de caixa efetua-se os cálculos dos indicadores financeiros do projeto conforme a tabela abaixo:

Investimento do Projeto (mil R$) R$1.965Investimento do Ente Público (%) 100%

Indicadores Financeiros do InvestimentoTIR (%a.a.) 19,1% a.a.VPL (mil R$) 1.335TMA (%a.a.) 6,87%PAYBACK SIMPLES (anos) 4,55PAYBACK DESCONTADO (anos) 5,57LCOE (R$/kWh) 0,333

IBC 1,679

Assim, obtém-se os indicadores do projeto e se verifica que ele é viável, pois apresenta:• TIR maior que a TMA (Taxa Mínima de atratividade) - 19,1% > 6,87%• VPL >0

• IBC >1

Apresentatambém paybacks compatíveis para o tipo de projeto. O exercício demonstrou a análise de viabilidade de um projeto no qual o município investe 100% dos seus recursos no projeto. No entanto, visando maximizar a rentabilidade do projeto e a utiliza-ção dos recursos públicos, o município pode alavancar o projeto com dívida bancária.

ALAVANCANDO O PROJETO COM DÍVIDA BANCÁRIA

No exercício a seguir, mostra-se o efeito da alavancagem do pro-jeto com 75% de dívida, com o poder público aportando apenas 25% do CAPEX do projeto. Para tal, simula-se o fluxo de caixa com um endividamento bancário contratado pelo município. Uma linha de financiamento internacional a projetos de eficiência energética é utilizada a fim de verificar o efeito da alavancagem com dívida num projeto público. Incorporando o financiamento (principal + juros) ao fluxo de caixa obtêm-se:

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75GUIA PRÁTICO PARA A PREPARAÇÃO DE INVESTIMENTOS URBANOS

Fluxo de Caixa do Projeto (mil R$)

Ano 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10Economia de Energia total (mil kWh/ano) 835,5 835,5 835,5 835,5 835,5 835,5 835,5 835,5 835,5 835,5(X) Tarifa média (R$/kWh) 0,49 0,50 0,52 0,54 0,56 0,58 0,60 0,62 0,64 0,66(=) Economia total com energia (mil R$) 405,7 419,9 434,6 449,8 465,6 481,9 498,7 516,2 534,3 553,0(-) Financiamento (mil R$) -72 -72 -181 -181 -181 -181 -181 -181 -181 -181

Investimento (CAPEX) -491

(=) Fluxo de Caixa (mil R$) -491 333,7 347,9 253,3 268,5 284,3 300,5 317,4 334,9 352,9 371,6

Avalia-se agora o retorno do município com o projeto alavancado por dívida bancária, por isto, o valor do investimento no fluxo é do valor a ser investido pelo município (-R$ 491 mil).Depois de ter o fluxo com o financiamento calcula-se novamente os indicadores, conforme tabela ao lado.Assim, nota-se que a alavancagem financeira melhora o retorno do município (TIR), aumenta o VPL e o IBC e diminui os paybacks de forma acentuada, demonstrando, portanto, que a alavancagem maximiza o retorno do município e libera recursos para que ele possa investir em outros projetos de interesse público.

Investimento do Projeto (mil R$) R$491Investimento do Ente Público (%) 100%

Indicadores Financeiros do InvestimentoTIR (%a.a.) 63,6% a.a.VPL (mil R$) 1.557TMA (%a.a.) 6,87%PAYBACK SIMPLES (anos) 1,45PAYBACK DESCONTADO (anos) 1,59LCOE (R$/kWh) 0,333IBC 6,72

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76 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA EM PRÉDIOS PÚBLICOS

4. AVALIAÇÃO DOS ASPECTOS FINANCEIROS E CONTRATUAIS

21 3 4 5 6 7 8

4.2 ASPECTOS LICITATÓRIOSApós efetuar o diagnóstico energético e o respectivo estudo de viabilidade econômico financeiro, o município deve avaliar como licitar.O Brasil possui três legislações para licitações: a Lei no 8.666/1993, a Lei no 10.520/2002 que instituiu o pregão e a Lei no 12.462/2011 do RDC. O município deve escolher entre estas a mais adequada para o seu projeto. Atualmente o Pregão é a modalidade licitatória mais utilizada no Brasil, inclusive por incentivo da legislação que dá prioridade à mesma. O Decreto nº 10.024/2019 aponta que nas licitações para aquisição de bens e serviços comuns será obrigatória a modalidade pregão, sendo preferencial a sua utilização no formato eletrônico.Também colabora para isto a maior rapidez desta modalidade e a inversão de fases, ou seja, primeiro se verifica quem deu o me-lhor preço (julgamento) e depois é que se verifica se o vencedor

apresentou toda a documentação obrigatória adequadamente.A seguir as modalidades mais utilizadas são da Lei no 8.666, a to-mada de preços e concorrência. A tomada de preços tem limita-ção de valor e a concorrência é a modalidade mais utilizada para as grandes obras de engenharia.

O pregão pode ocorrer de forma presencial ou eletrônica. A diferença entre o pregão eletrônico e o pregão presencial, é que neste último, é necessário que o licitante (ou seu representante legal) esteja presente em uma seção de apresentação de propostas financeira, enquanto que, na forma eletrô-nica, a seleção da proposta ocorre virtualmente em um site de compras públicas.

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77GUIA PRÁTICO PARA A PREPARAÇÃO DE INVESTIMENTOS URBANOS

Medidas LicitatóriasLei Geral de Licitações - Lei no 8.666 RDC - Lei no 12.462 Pregão - Lei no 10.520

Convite

Não é modalidade e sim um novo REGIME PregãoTomada de Preços

ConcorrênciaLeilão

Concurso

Valor máximo para Contratações por Modalidade LicitatóriaModalidades Obras e Serviços de Engenharia Compras e demais Serviços Base Legal

Contratação direta R$33.000 R$17.600

Lei 8.666

Convite R$330.000 R$176.000Tomada de Preços R$3.300.000 R$1.430.000

Concorrência Sem limite de valor Sem limite de valorLeilão Sem limite de valor Sem limite de valor

Concurso Sem limite de valor Sem limite de valorRDC Sem limite de valor Sem limite de valor Lei 12.462

Pregão Sem limite de valor Sem limite de valor Lei 10.520

Tabela 4. Medidas licitatórias.

Tabela 5. Valor máximo para contratações por modalidade licitatória.

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78 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA EM PRÉDIOS PÚBLICOS

4. AVALIAÇÃO DOS ASPECTOS FINANCEIROS E CONTRATUAIS

21 3 4 5 6 7 8

Além disto existe também um outro regime licitatório, o RDC que possui uma abrangência mais restrita que as duas outras legisla-ções, porém tem um critério de julgamento, o MAIOR RETORNO ECONÔMICO, que possibilita que o vencedor da licitação receba um valor variável pelo seu serviço. Esta característica faz com que ele seja o mais adequado para projetos de eficiência energética, pois possibilita receber de acordo com a performance do projeto.

Uma nova lei de licitações, PL Nº 1292/95 foi aprovada em junho de 2019 na Câmara Federal e agora está tramitando no Senado. A nova lei unifica as atuais três legislações existentes e acaba com o RDC e as modalidades tomada de preços e convite e cria uma modalidade, o Diálogo Competitivo.Assim, de acordo com o texto, as modalidades licitatórias são:• Pregão (presencial ou eletrônico)• Concorrência• Leilão• Diálogo CompetitivoO texto atual prevê que os critérios de julgamento (tipos de licitação) são:• Menor preço• Melhor técnica ou conteúdo artístico• Técnica e preço• Maior retorno econômico• Maior desconto• Maior lance, no caso de leilões

As fases de licitação passarão a ser: preparatória, divulgação do edital, apresenta-ção de propostas e lances, julgamento, habilitação, recursal e homologação. Portanto, a nova legislação também propõe a inversão de fases, com o julgamento sendo feito primeiro e depois a habilitação, acabando com o maior gargalo que existia na Lei no 8.666.Apesar de haver previsão de fim do RDC, a modalidade concorrência da nova lei de licitações irá incluir atributos hoje incorporados à RDC, como o maior retorno econômico, e a contratação integrada.O texto também presume que as licitações devem ocorrer, preferivelmente, por meio eletrônico.Outra novidade presente no Projeto de Lei é a possibilidade de solicitar um segu-ro-garantia para obras, produtos e serviços.Espera-se que o Senado aprove com brevidade o projeto, pois facilitará os proce-dimentos licitatórios a unificação de legislações.

NOVA LEI DE LICITAÇÕES

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79GUIA PRÁTICO PARA A PREPARAÇÃO DE INVESTIMENTOS URBANOS

Lei no 8.666 Pregão RDC

Fase internaEscolha da modalidade de licitação; Elaboração do instrumento convocatório.

Elaboração do instrumento convocatório.

Elaboração do instrumento convocatório.

Fase externaPublicação do Edital, Habilitação, Recursal, Julgamento, Recursal, Homologação e Adjudicação.

Publicação do Edital, Julgamento e Classificação, Habilitação, Recursal, Adjudicação e Homologação.

Publicação do Edital, Julgamento e Classificação, Habilitação, Recursal e Encerramento.

Encerrado o processo licitatório, é assinado o contrato com o ven-cedor e começa a implementação do projeto.

Se a modalidade licitatória escolhida for o pregão, o município ne-cessitará ter o Termo de Referência do projeto.Se a modalidade for uma das contempladas pela Lei no 8.666 ou pelo RDC, o município deverá ter um projeto básico de engenharia.Após a definição da modalidade, o fluxo do processo licitatório é de amplo domínio do poder público, passando pela publicação do edital, do processo licitatório até a adjudicação e assinatura do contrato, conforme abaixo:

Tabela 6. Comparação das Modalidades de Contratação referente as fases interna e externa.

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80 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA EM PRÉDIOS PÚBLICOS

4. AVALIAÇÃO DOS ASPECTOS FINANCEIROS E CONTRATUAIS

21 3 4 5 6 7 8

Com os dados do diagnóstico, um plano de licitações e uma estru-tura municipal preparada, o município possui condições de soli-citar financiamento para execução dos projetos. Existem diversas fontes de financiamento que estão dedicadas à eficiência energé-tica e que podem viabilizar o projeto.Estados, Distrito Federal e Municípios podem contratar operações de crédito com instituições financeiras nacionais ou internacio-nais, respeitando os limites impostos pela LRF:• ESTADOS: A dívida consolidada líquida (DCL) não pode ser

maior do que 2 VEZES a Receita Corrente Líquida (RCL).• MUNICÍPIOS: a DCL não pode ser maior que 1,2 VEZES a Receita

Corrente Líquida.Para contratar um financiamento devem enviar ao Ministério da Economia, previamente à contratação, um Pedido de Verificação de Limites e Condições (PVL), nos termos do art. 32 da LRF e da Resolução do Senado Federal nº 43/2001.

A Secretaria do Tesouro Nacional (STN) realiza a análise do PVL e emite um parecer de deferimento, caso o ente se enquadre nos limites e condições legais cuja análise é de sua competência. Essa tramitação é registrada no Sistema de Análise da Dívida Pública, Operações de Crédito e Garantias da União, Estados e Municípios, o SADIPEM.Caso a operação de crédito seja externa, e ou necessite de aval da União, ela precisa ainda ser aprovada pelo Senado Federal.Todo este controle ao endividamento dos entes federados e trâmi-tes decorrentes do mesmo, acabaram afastando os bancos priva-dos destas operações, concentrando o financiamento a estados e municípios praticamente em bancos públicos nacionais, estaduais ou multilaterais para os empréstimos externos.Os principais bancos públicos atuantes no Brasil e internacionais são apontados na página a seguir, sendo que dependendo do pro-grama, haverá diferentes condições, como limite de crédito, taxas

4.3 ACESSO AO FINANCIAMENTO

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Principais instituições nacionais

• Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)

• Caixa Econômica Federal • Banco do Brasil• Banco Regional de Desenvolvimento

do Extremo Sul (BRDE)• Banco de Desenvolvimento de Minas

Gerais (BDMG)• Agências estaduais de fomento, como

a Desenvolve SP e a AgeRio.

Principais instituições internacionais

• Banco Europeu de Investimento (BEI)• Banco Interamericano de

Desenvolvimento (BID)• Corporação Andina de Fomento (CAF)• Japan International Cooperation

Agency (JICA)

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82 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA EM PRÉDIOS PÚBLICOS

4. AVALIAÇÃO DOS ASPECTOS FINANCEIROS E CONTRATUAIS

21 3 4 5 6 7 8

de juros e prazos de pagamento. Para acessar financiamentos para seus projetos, um município tem que ter um projeto con-sistente do ponto de vista técnico e financeiro e atender aos requisitos das instituições financeiras.O financiamento de projetos de Eficiência Energética é realizado com base em futuras economias de energia, e é garantido pela liquidez adicional através da economia de custos operacionais. Algumas considerações para um financiamento de sucesso são: garantir que os parâmetros estejam bem definidos e a abordagem de determinação de linha de base de consumo seja robusta; ga-rantir que as tecnologias implementadas sejam de alta qualidade e possuam garantias confiáveis; e avaliar os custos de energia, ní-veis de ocupação, etc.Uma vez definida a instituição financeira onde pleiteará o finan-ciamento do projeto, o município deve apresentar as motivações dele, o diagnóstico energético, o estudo de viabilidade econômi-co financeiro, o plano de licitações e respectivos contratos para poder negociar com o banco os termos do financiamento, como prazo e carência, taxa de juros e as garantias que pode ofertar ao banco. De forma geral, os mecanismos para obter financiamento por meio de uma instituição financeira são descritos na Figura 12.

1. Apresentação do projeto

2. Instituição financeira: análise de risco e de crédito

3. Proposta de mecanismos de financiamento, taxa de juros, prazos e condições

4. Solicitante de financiamento:preparação do projeto

Figura 12. Mecanismos de financiamento. Fonte: Adaptado de Guia Interativo de Eficiência Energética em Edificações, 2018.

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83GUIA PRÁTICO PARA A PREPARAÇÃO DE INVESTIMENTOS URBANOS

Salvo a garantia da União que é bastante difícil de obter, porque demanda aprovação do Senado, as garantias mais comuns de ope-racionalizar junto a estes bancos são o FPM (Fundo de Participação dos Municípios).

Para a aprovação de um financiamento, os bancos costumam ava-liar a qualificação do cliente, levantando o seu histórico de crédito, verificando a pontualidade e experiência passada, e a capacidade de gestão . Em seguida efetuam a análise do projeto, verificando as econo-mias a partir da linha de base e a própria credibilidade da linha de base, e a avaliação da implementação, se a tecnologia empregada é comprovada, se os fornecedores do projeto têm track record em projetos similares, se as máquinas e equipamentos utilizados são de fabricantes de primeira linha e os prazos de instalação. A ava-liação técnica também avalia os riscos e seus impactos no projeto.Em seguida, o banco efetua a análise financeira do projeto, os usos e fontes , fluxo de caixa do projeto e indicadores financeiros visan-do determinar a capacidade de pagamento do cliente e a viabili-dade do projeto, com suas economias e outros benefícios.

Importante neste processo também é o plano de licitação e contra-tação do projeto, demonstrando que todas as etapas licitatórias foram (ou estão) feitas de acordo com a legislação. Adicionalmente é necessário um estudo de impacto socioambiental, procurando verificar os impactos que o projeto trará á comunidade e ao meio ambiente. É fundamental ter um plano de descarte adequado dos materiais que serão trocados e é necessária a licença ambiental.Um outro ponto importante, após a decisão do financiamento, é o monitoramento do projeto, com a medição dos principais parâ-metros, revisão de economia de energia e comparação com dife-rentes cenários.

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84 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA EM PRÉDIOS PÚBLICOS

4. AVALIAÇÃO DOS ASPECTOS FINANCEIROS E CONTRATUAIS

21 3 4 5 6 7 8

Os principais financiadores do setor público do Brasil são o BNDES, a CEF e o Banco do Brasil. Além destes temos os bancos estaduais como o BRDE e o BDMG e as agências de fomento estaduais, como a Desenvolve SP, a AgeRio (RJ) entre outras.Abaixo algumas linhas destas instituições para referência:

BNDESBNDES Finem - Meio Ambiente - Eficiência Energética para Municípios

Financiamento a partir de R$ 10 milhões para projetos voltados à redução do consumo de energia e aumento da eficiência do sistema energético nacional.

DESENVOLVE SPLinha Economia Verde Municípios – Desenvolve SP

Objetivo: financiar investimento municipal destinado a projetos sustentáveis, que proporcionem redução na emissão de CO2 e reduzam o impacto ambiental nas ativi-dades da administração pública.Beneficiários: administração municipal direta, as autarquias e fundações instituídas ou mantidas, direta ou indiretamente, pelos municípios.

Itens financiáveis

Construção SustentávelTransporteSaneamento e ResíduosRecuperação FlorestalPlanejamento MunicipalParticipação

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85GUIA PRÁTICO PARA A PREPARAÇÃO DE INVESTIMENTOS URBANOS

BRDEBRDE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA PARA MUNICÍPIOS (REPASSE DO BNDES)

Beneficiários: Entidades e órgãos públicos.

Itens financiáveis

Podem ser financiados os seguintes empreendimentos: Eficientização energética de edificações, com foco em condicionamento de ar, iluminação, envoltória e geração distribuída, incluindo cogeração, para unidades novas ou já existentes (retrofit), conforme critérios definidos pelo BNDES; Iluminação pública; Eficientização energética de processos produtivos, com foco em cogeração, aproveitamento de gases de processo como fonte energética e outras intervenções priorizadas pelo BNDES; Repotenciação de usinas; Redes elétricas inteligentes.São financiáveis itens como: Estudos e projetos, inclusive diagnóstico energético; obras civis, montagens e instalações; aquisição de materiais permanentes; aquisição de máquinas e equipamentos novos credenciados no BNDES; aquisição de software nacional; desenvolvimento ou aquisição de softwares desenvolvidos no país e serviços correlatos, obedecidos os critérios estabelecidos no programa BNDES Prosoft – Comercialização; serviços técnicos especializados: consultorias e certificações; demais serviços técnicos especializados; e treinamento: capacitação técnica e gerencial.

BDMGBDMG SUSTENTABILIDADE

Itens financiáveis

A linha BDMG Sustentabilidade financia até 100% dos projetos nas áreas de:Eficiência energéticaCidades inteligentesGeração de energia renovável e limpa, incluindo geração distribuída (GD)Saneamento – água, esgoto, resíduos sólidos

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86 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA EM PRÉDIOS PÚBLICOS

4. AVALIAÇÃO DOS ASPECTOS FINANCEIROS E CONTRATUAIS

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AGERIOAGERIO MUNICÍPIOS MEIO AMBIENTEObjetivo: linha de crédito voltada para projetos sustentáveis, que preservam a natureza e seus recursos, visando à redução de emissão de CO2 e contribuindo com a formação de um mundo melhor.

Itens financiáveis

Construção, reforma e ampliação de galpões p/ coletaCentrais de triagemUsinas de reciclagemEstações de tratamento de água e esgotoEquipamentos e mobiliárioSoftwaresVeículosServiço técnico especializado

Banco Europeu de Investimentos (BEI)O Banco Europeu de Investimentos (BEI) é um dos maiores fornecedores multilaterais de financiamento do mundo para projetos de apoio à ação climática, e concede em-préstimos para entidades do setor público e privado. Os produtos financeiros em condições favoráveis estão disponíveis em todas as regiões de atividade do BEI. O banco faz monitoramento e pede relatórios dos projetos financiados. São necessários os seguintes requisitos para os projetos de EE, além dos elevados padrões socioambientais e licitatórios em todas as atividades do BEI: • Devem ser justificados economicamente com base em uma análise de custo-benefício, ou seja, o valor presente líquido (VPL) do custo do projeto ao longo de sua vida

útil deve ser menor que o VPL da energia economizada, incluindo externalidades. • Devem estimar a economia de energia através de auditoria energética, comparação entre o certificado de desempenho energético antes e após a implementação do

projeto, ou qualquer outro método transparente e aceitável para o Banco; além de estar de acordo com as normas nacionais de padrões de desempenho energético. • Devem demonstrar impacto na redução de emissão de gases do efeito estufa (GEE) na fase de implementação.

Em relação aos bancos internacionais, são apresentadas algumas informações:

*Para mais informações, acesse a Política de Financiamento Energético do BEI: https://www.eib.org/en/publications/eib-energy-lending-policy

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87GUIA PRÁTICO PARA A PREPARAÇÃO DE INVESTIMENTOS URBANOS

Banco Interamericano de desenvolvimento (BID)O BID oferece três tipos de empréstimos para o setor público:• Empréstimos de Investimento: este tipo de empréstimo apoia projetos de investimento do setor público e privado na América Latina e no Caribe.• Empréstimos com base em políticas públicas: estes empréstimos apoiam reformas institucionais e de políticas de âmbito setorial ou subsetorial, por meio de fundos

de desembolso rápido.• Linha de crédito contingente para o desenvolvimento sustentável (DSL): estabelecida como linha de crédito contingente. Os empréstimos individuais são aprovados

pela Diretoria Executiva e ajudam os países a lidar com choques econômicos externos.

a. Elegibilidade para financiamento do setor públicoAs seguintes entidades da região são elegíveis para financiamento público do BID:• Governos e instituições governamentais• Sociedade civil• Organizações sub-regionais• Intermediários financeiros

b. Solicitação de financiamentoQualquer agência governamental nacional, estadual ou municipal ou outra entidade pública que deseje solicitar financiamento do BID deve apresentar uma carta formal solicitando financiamento à Agência ou Ministério dentro do governo nacional desse país que coordena recursos externos para financiamento de projetos.

c. GarantiasO Instrumento de Garantia Flexível (FGI) é a política de garantia do BID para operações soberanas garantidas. O FGI é uma plataforma única que permite que países mem-bros, subnacionais e governos locais mutuários estruturem garantias parciais de crédito e garantias parciais de risco, tanto para projetos de investimento quanto para intervenções baseadas em políticas.

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88 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA EM PRÉDIOS PÚBLICOS

4. AVALIAÇÃO DOS ASPECTOS FINANCEIROS E CONTRATUAIS

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A questão da escala do projeto é um aspecto que merece ser ana-lisado para a solicitação de financiamento. A realização de inúmeros pequenos projetos por edificação identi-ficada aumenta os custos pertinentes à preparação da documen-tação necessária para o acesso ao financiamento. Uma estratégia para a redução dos custos gerais de transação é agrupar projetos em um programa estratégico de investimentos, aumentando a re-lação custo-benefício, através da escolha de edificações que ofe-reçam maior economia de energia e outros benefícios, ou menor payback, e também facilitando o processo de financiamento.Esses programas de investimento em larga escala podem ser fi-nanciados por bancos públicos (nacionais e/ou internacionais) e bancos privados, estes últimos tendem a cofinanciar projetos, ofe-rencendo prazos de empréstimos mais curtos, exigindo, portanto, paybacks mais rápidos.

Projeto de pequena escala

Projeto de grande escala

Projeto piloto, com custos de transação mais altos, e que pode ser replicado e

incluído em um grande projeto, diminuindo proporcionalmente o custo de transação

Visando uma melhor relação custo-benefício, com menor custo por unidade

de energia economizada

Cabe ressaltar que a combinação de medidas de sistemas ou tecnologias diferentes, tal como a junção de uma medida de retrofit de iluminação (payback rápido) com um projeto fotovoltaico (payback mais longo), pode resultar em um payback mais atrativo para os projetos de forma geral, já que a economia obtida com o retrofit pode influenciar na redução do payback final.

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89GUIA PRÁTICO PARA A PREPARAÇÃO DE INVESTIMENTOS URBANOS

Para contratar um financiamento, o ente público tem que apre-sentar ao banco o racional do projeto, o estudo técnico (diagnós-tico energético) e os estudos de viabilidade econômico financeira. Também deve informar ao banco quais garantias pode ofertar. A Tabela 7 apresenta os documentos que o ente público deve forne-cer ao banco.Com base nestas informações, o banco faz todas as avaliações destacadas no item anterior e aprova no comitê de crédito. Uma vez aprovada a operação, vem a fase de formalização do financia-mento e das garantias.

Documentação completa do processo licitatórioSolicitação de financiamento

Lei autorizativa para contratação do financiamento

Parecer Jurídico e técnico do projeto

Estudo de viabilidade econômico financeira

Avaliação dos padrões socioambientais

Licença Ambiental

Informações cadastrais do ente

Informes financeiros dos três últimos exercícios

Certidões de regularidade fiscal

Certidões de regularidade Trabalhista

Certidões de regularidade previdênciária

Contrato de Financiamento entre o Ente e o Banco

Instrumento de garantia entre o Ente e o Banco (penhor das cotas do FPM e FPE)

4.4 CONTRATAÇÃO

Tabela 7. Documentos necessários para obter o financiamento.

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90 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA EM PRÉDIOS PÚBLICOS

4. AVALIAÇÃO DOS ASPECTOS FINANCEIROS E CONTRATUAIS

21 3 4 5 6 7 8

Uma conta do tipo escrow é uma conta de passagem temporária mantida por instituições financeiras durante o processo de uma transação entre duas partes. Esta é uma conta temporária, pois opera até a conclusão de um processo de transação, que é imple-mentado após todas as condições entre o comprador e o vendedor serem liquidadas. Em energia, a conta escrow é abastecida com as economias financeiras provenientes da implantação de um proje-to. Ela é administrada por instituições financeiras até que o paga-mento da última parcela de dívida aconteça.

Instituição Financeira

Ente Público

FPMFPE

$ Financiamento

Garantias“Escrow”

$ P+J

Figura 13. Fluxo financeiro envolvendo um fundo garantidor de crédito do tipo “Escrow”.

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91GUIA PRÁTICO PARA A PREPARAÇÃO DE INVESTIMENTOS URBANOS

O Programa de Eficiência Energética (PEE), de acordo com a lei nº 9.991 da ANEEL, financia projetos através de taxas pagas pelas distribuido-ras de eletricidade no país. Os projetos são executados através de uma Chamada Pública de Projetos (CPP), realizada ao menos uma vez ao ano. As etapas de uma CPP são:1. Apresentar documentação conforme exigido no Edital e o pré-diag-

nóstico atendendo os pré-requisitos necessários: estimativa do investimento em ações de EE; cálculo de economia de energia e redução de demanda; estratégia de Medição e Verificação (M&V) pre-liminar; proposta de manufatura reversa dos equipamentos substi-tuídos, caso se aplique ao projeto; ações de treinamento e capacita-ção; cronogramas físico e financeiro preliminares.

2. Consolidação da avaliação apresentada no pré-diagnóstico energé-tico, contendo: descrição detalhada das ações de EE e sua implemen-tação; valor do investimento, economia de energia; análise de viabilidade; estratégia de M&V a ser adotada; cronogramas físico e financeiro.

Em alguns setores - residencial, baixa ren-da, gestão energética municipal, educação, iluminação pública, poder público e servi-ços públicos -, os projetos são financiados a fundo perdido, ou seja, não são reembolsá-veis. Em outros, os projetos são financiados e implementados através de Contratos de

Desempenho Energético, no qual a empre-sa estabelece um contrato com a distribuido-ra e fica responsável pela implementação do projeto, M&V e apresentação dos resultados das economias, com o valor do contrato sen-do pago à concessionária em pagamentos periódicos com valor fixo, sem incidência de juros.Importante destacar que a inclusão de fon-tes de geração de energia limpa, como foto-voltaica ou eólica, são permitidas no PEE da ANEEL desde que associadas à outras ações de Eficiência Energética.As propostas de projetos apresentadas na CPP deverão obedecer o documento PROPEE

- Procedimentos do Programa de Eficiência Energética, elaborado pela ANEEL.

Fundo Perdido: o benefi-ciário deve comprovar que exerce atividades sem fins lucrativos, sendo firmado um Termo de Cooperação Técnica, com o reembolso dos valores após conclusão de etapas do projeto.

Contrato de Desempenho: caso o beneficiário possua fins lucrativos, realiza-se o o reembolso de valores após conclusão de etapas do projeto e o retorno do inves-timento conforme economia de energia.

Programa de Eficiência Energética (PEE)

Para mais informa-ções sobre o PEE,

existe o Guia Prático de Chamadas Públicas para Proponentes.

PEE + Financiamento PrivadoIdentifica-se 2 oportunidades principais de combinar o financimeamento obtido pelo PEE com financia-mento privado:1. Utilização do financiamento privado como con-

trapartida de alguma etapa do projeto.2. Utilização do financiamento privado como com-

plementação do recurso obtido no PEE.

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5VIABILIZAÇÃO DA LICITAÇÃO

5.1 MODELO DE NEGÓCIO

5.2 ANÁLISE DE RISCOS SOCIOAMBIENTAIS

5.3 ANÁLISE DE RISCOS

5.4 BOAS PRÁTICAS PARA ELABORAÇÃO DE TERMOS DE REFERÊNCIA

5.5 DIMENSIONAMENTO TÉCNICO

5.5.1 PROJETO BÁSICO

5.5.2 PROJETO EXECUTIVO

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93GUIA PRÁTICO PARA A PREPARAÇÃO DE INVESTIMENTOS URBANOS

Dentro do limite orçamentário definido pela lei de responsabilida-de fiscal, os órgãos públicos municipais dispõem de certa liberda-de para buscar alternativas de financiamento, caso não tenham possibilidade de utilizar recursos próprios. Os Tribunais de Conta têm dado estímulo para a criação de modelos de negócios de con-tratação de serviços de energia, inclusive dando sugestões para melhoria de editais de chamamentos públicos neste sentido. A seguir estão apresentados brevemente alguns modelos de ne-gócios que podem embasar estudos jurídicos para a contratação de serviços de energia de interesse – seja de eficiência energética, seja de energia solar fotovoltaica.

5.1 MODELO DE NEGÓCIO

As ESCOS - Empresas de Serviços de Energia (do inglês, Energy Services Company)

As ESCOs têm papel central nos projetos de eficiência energética e ener-gia solar fotovoltaica, podendo ser contratadas para implementá-los. Além das etapas relacionadas com a concepção e realização do projeto, as ESCOs possuem as expertises necessárias para a Medição e Verificação (M&V) dos resultados, etapa necessária para a correta auferição das eco-nomias alcançadas. Para mais informações sobre ESCOs, acesse o site da ABESCO (Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Conservação de Energia).

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94 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA EM PRÉDIOS PÚBLICOS

5. VIABILIZAÇÃO DA LICITAÇÃO

21 3 4 5 6 7 8

pública, em que o critério de adjudicação seria o valor mínimo de contraprestação, para os candidatos pré-qualificados.Uma modelagem de PPP é o BOT (do inglês Build, Operate and Transfer). No BOT, uma parte, seja ela uma entidade pública ou privada (“Concedente”), concede à outra parte (“Empreendedor”) o direito de projetar, construir e operar um negócio em local de propriedade do Concedente por determinado prazo, sendo o nú-cleo operacional dessa relação um contrato de concessão ou um instrumento particular firmado entre as partes, conforme o caso. Entretanto, diferente da PPP, a modelagem do BOT deve prever um período ao fim do projeto, no qual a concessionária transfere novamente a gestão da unidade de volta para o setor público ou a estatal.Outra variante é a BROT (Build, Rehabilitate, Operate and Transfer), que prevê que uma concessionária privada crie um complemento para uma instalação existente ou conclua uma instalação parcial-mente construída, reabilitando os ativos existentes, depois opere e mantenha a instalação por seu próprio risco durante o período do contrato. Uma parte importante da viabilização de uma PPP é a parte de modelagem e estruturação do projeto, que pode durar até 2 anos, demandan-do altos custos de transação.

Guia de Boas Práticas em PPPs de Iluminação Pública

O modelo de PPP é caracterizado pela presença de uma conces-sionária, a qual o município ou um consórcio de municípios outor-ga responsabilidades mediante uma concessão administrativa. As PPPs possuem como foco fluxo de caixas futuros, o que alinha-se com toda a ideia de economia de energia, especialmente para in-vestimentos em EE em larga escala, como modernização da ilu-minação pública, como também para projetos de Energia Solar Fotovoltaica em áreas urbanas. As Parcerias Público-Privadas po-dem podem incluir a instalação, manutenção e operação do siste-ma por toda a duração do contrato. A vigência do contrato de uma PPP administrativa pode variar de 5 a 35 anos, e é válida apenas para grandes projetos, com um valor maior que R$ 10 milhões. A Lei que institui as normas gerais para licitação e contratação de uma PPP é a Lei no 11.076 de 2004.Normalmente, a concessionária é uma Sociedade (ou veículo) de Propósito Específico—SPE ou SPV—formada pelo consórcio ven-cedor, que pode incluir, entre outros, um operador, financiador e fabricante de equipamentos. A concessionária seria responsável por buscar financiamentos para cobrir os custos iniciais dos equi-pamentos, e o município o reembolsaria em contraprestações mensais. A seleção da concessionária seria objeto de licitação

a. PPP - Parcerias Públicas-Privadas

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95GUIA PRÁTICO PARA A PREPARAÇÃO DE INVESTIMENTOS URBANOS

O contrato de desempenho, também denominado contrato de performance ou Energy Performance Contracting (EPC), é um mo-delo de captação de investimento utilizado para financiar equipa-mentos e serviços de engenharia. Há diversos tipos de Contrato de Desempenho, sendo que a sua ideia central é a possibilidade de que as economias alcançadas por uma medida de EE ou Energia Solar FV pague o investimento feito para implantar a medida.No Contrato de Desempenho, a ESCO aasume o risco da perfor-mance do contrato, ou seja, ela é responsável em garantir os níveis de economia que foram previstos nos projetos. O risco financeiro, no entanto, pode ficar com o cliente ou com a ESCO dependen-do do Contrato de Desempenho celebrado. É comum a tomada de crédito com uma instituição financeira para a realização do proje-to, sendo ela responsável pela cobrança das parcelas devidas até o prazo final estipulado no contrato.Com a implementação das medidas e consequente redução de consumo, o cliente pagará menos pela energia e pagará mensal-mente a ESCO um valor (fixo ou variável), em função das econo-mias. O valor total pago mensalmente (custo de energia + parcela para ESCO como taxa) será mais baixo do que o valor pago an-tes da implementação das medidas, com a definição, através de

b. Contrato de Desempenho

Figura 14. Esquema Contrato de Desempenho. Fonte: Guia Interativo de Eficiência Energé-tica em Edificações, 2018.

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96 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA EM PRÉDIOS PÚBLICOS

5. VIABILIZAÇÃO DA LICITAÇÃO

21 3 4 5 6 7 8

contrato, da duração dos pagamentos a serem realizados. Em relação à definição de valores fixos ou variáveis, deve-se ressaltar os seguintes pontos: 1. As economias geradas pela imple-

mentação de medidas variam de acordo com a qualidade da instalação e o uso do edifício; e

2. A definição em valores fixos pode ser vantajosa para o cliente, no entanto transfere maior risco à ESCO; valores mensais, alterando conforme as eco-nomias alcançadas, necessitam de procedimentos de M&V, com o objeti-vo de apontar fielmente a economia alcançada.

Tipos de Risco Causas

Riscos na fase de preparação e execução do projeto

• Licitação do projeto exclusivamente com base em preço• Falta de dados confiáveis para estimativa de linha de base de consumo de

energia de um cliente• Certificação energética não confiável fornecida por uma empresa de auditoria

externa de energia

Riscos contratuais• Falta de uma explícita precificação dos riscos envolvidos• Má divisão de risco entre ESCO e Cliente

Riscos técnicos e operacionais• Operação inadequada do equipamento instalado pelo cliente• Verificação inadequada da economia de energia (abordagem/instrumentos)• Interrupções no fornecimento de energia

Riscos fianceiros• Fraca capacidade de investimento de uma ESCO• Atraso nos pagamentos das economias de energia por parte do cliente

Riscos humanos e comportamentais

• Falta de conhecimentos técnicos e de gestão• Desconfiança do cliente de uma ESCO

Riscos políticos e regulatórios• Base de legislação pobre e instável para projetos de EPC• Falta de isenções fiscais para EPC ou ESCO• Subvenção cruzada

Riscos de mercado

• Preços da energia imprevisíveis e flutuantes• Baixa demanda do mercado e falta de incentivos para investir em eficiência

energética• Altas taxas de juros para bancos ou terceiros

Tabela 8. Riscos previstos para a execução de um contrato de desempenho.

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97GUIA PRÁTICO PARA A PREPARAÇÃO DE INVESTIMENTOS URBANOS

Nos contratos de locação, paga-se uma mensalidade ao locador do equipamento, que é atribuída a responsabilidade de realizar a operação, manutenção e assistência técnica ao longo do contra-to de locação. O locatário usufrui da energia economizada ou da energia gerada ao longo do tempo de locação e não tem, como no caso do BOT, direito ao equipamento ao término do contrato. Para locação de geradores fotovoltaicos, sugere-se um período de locação superior a 10 anos.

O modelo Chauffage, também denominado Contrato de Função, gira em torno do princípio de que o cliente paga pelo serviço ener-gético ao invés do MWh de energia economizada através de uma ação de eficiência energética. Este serviço energético poder ser: a temperatura interna, o nível de iluminação ou a qualidade do ar, dentre outros. O serviço mais comumente encontrado neste tipo de contrato é manter um espaço condicionado a uma certa temperatura.Um contrato Chauffage é geralmente feito da maneira que a ESCO defina quanto que o cliente irá pagar para manter refrigerado um metro quadrado, a uma determinada temperatura. Embutido nes-te preço, há os custos de energia e de manutenção, pagos pela ESCO, que oferece ao cliente uma taxa fixa, menor do que o que ele paga atualmente. Se o cliente paga R$ 35,00 por metro qua-drado, um ano antes do contrato, pode pagar uma taxa fixa de R$ 30,00/m² após o contrato para manter o espaço refrigerado. Como o preço é fixo, o cliente não precisa se preocupar com situações anormais.

c. Chauffage

d. Modelo com locação

Figura 15. Exemplificação de ganhos de eficiência através de um contrato Chauffage.

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98 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA EM PRÉDIOS PÚBLICOS

5. VIABILIZAÇÃO DA LICITAÇÃO

21 3 4 5 6 7 8

Na modalidade de geração compartilhada, os consumidores de-vem se unir em um consórcio ou cooperativa, sendo proprietário ou locatário de uma cota da usina fotovoltaica. Assim, a energia excedente gerada por essa usina poderá compensar a energia con-sumida pelos integrantes (residenciais ou comerciais) desse con-sórcio ou cooperativa de acordo com as cotas que cada um detém.

No Power Purchase Agreement é realizado um contrato a longo prazo com um fornecedor responsável pela construção, operação e financiamento da instalação, que arca com os custos de inves-timento. Em contrapartida, é feito um acordo com o consumidor, para que este consuma a energia gerada sob um valor pré-deter-minado, o qual deve ser mais baixo do que a tarifa praticada pela

A Gestão de Facilities ou Facilities Management (FM) é a organiza-ção de várias tarefas necessárias ao funcionamento de um edifício, seja ele comercial ou não. O conceito central de um acordo de ges-tão de Facilities é contratar uma empresa especializada em gestão para que esta possa gerenciar uma atividade meio, de maneira que a empresa contratante possa se concentrar em sua atividade fim. Ela pode ser aplicada a uma ampla área de serviços, como, por exemplo, abastecimento, segurança, limpeza, dentre outros. Clientes do poder Público interessados em contratar empresas de gestão de Facilities podem incorporar a gestão da energia dentro dos serviços a serem administrados. A incorporação do serviço de energia pode, dentro do contrato de gestão, utilizar modelos de contratação de serviços de energia que sigam linhas já apresenta-das, como Chauffage ou modelos de locação.

e. Geração de energia compartilhada

f. PPA - Power Purchase Agreement

Lembre-se! Todo projeto que envolve geração de energia remota (geração e consumo em lo-cais separados), a usina e as unidades consumidoras devem estar sempre dentro da mesma área de concessão de uma distribuidora.

g. Gestão de Facilities

distribuidora de energia elétrica. A empresa que presta o serviço, por outro lado, obtém retorno do capital investido, por meio da cobrança tarifária. É importante lembrar que tais contratos não podem ter seus valores atrelados ao valor da energia produzida, como por exemplo, em R$/kWh.

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99GUIA PRÁTICO PARA A PREPARAÇÃO DE INVESTIMENTOS URBANOS

Apesar da maioria das legislações locais apontarem que projetos de eficiência energética e geração distribuída de pequeno porte estão dispensados dos documentos para licenciamento ambien-tal, é indispensável a realização de avaliação de riscos ambientais e sociais significativos decorrentes do projeto. Ao lado da legisla-ção ambiental, análises destes riscos também são requisitos da legislação nacional e local que versam sobre saúde e segurança, bem como prevenção de incêndios. Estas análises podem ser exi-gidas, também, em análises de projetos feitos por instituições financeiras.Os riscos socioambientais, como uma categoria de risco, podem ser definidos como a probabilidade de ocorrer um evento preju-dicial. Neste sentido, o perigo é definido como as condições que criam um potencial para que um evento danoso ocorra, o risco é a probabilidade de que o evento danoso ocorra. Estendendo este conceito para a esfera social e ambiental, os danos socioambien-tais podem ser definidos como a degradação adversa de recursos

naturais e da sociedade, no caso desta última, tanto recur-sos públicos como privados.A gestão dos possíveis riscos socioambientais de um proje-to deve ter como premissa a compreensão das interações possíveis entre as atividades que compõem o ciclo de vida de um empreendimento e os componentes dos recursos naturais e da sociedade. Estas interações devem considerar todas situações que as atividades se desenvolvem: normal, anormal (regime de funcionamento em um período curto, porém necessário devido à manutenção, por exemplo) e emergencial (cenários acidentais). A partir da identifi-cação de todas possibilidades de interação, o próximo passo para

5.2 ANÁLISES DE RISCOS SOCIOAMBIENTAIS

Potencial que cria condições para ocorrer um dano

socioambiental

Possibilidade de ocorrer um dano socioambiental

PE

RIG

O

RIS

CO

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100 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA EM PRÉDIOS PÚBLICOS

5. VIABILIZAÇÃO DA LICITAÇÃO

21 3 4 5 6 7 8

a avaliação de risco é estimar qual risco é mais significativo.A equipe responsável pelo Projeto deve estabelecer e manter du-rante todo o seu ciclo de vida, um processo contínuo para identi-ficar seus impactos e riscos ambientais e sociais, e esse processo considerará todos os impactos relevantes, bem como as partes in-teressadas que provavelmente serão afetadas pelo Projeto. Caso não haja capacidade na equipe interna da prefeitura de identificar e gerenciar riscos e impactos, bem como de propor e executar me-didas adequadas de prevenção e mitigação dos riscos, sugere-se que esta capacidade seja exigida mediante o processo licitatório que irá contratar o projeto. Como diretrizes para avaliar a capa-cidade técnica da equipe a ser contratada ou incentivar a criação de capacidades internas à equipe da prefeitura, apresenta-se na Tabela 9 os principais riscos de ordem socioambiental.Por fim, destaca-se a importância da realização de um descar-te correto dos equipamentos substituídos, seguindo a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei nº 12.305 / 2010).

DICAS PARA IDENTIFICAR RISCOS MAIS SIGNIFICATIVOSIndicar níveis que caracterizam um risco:• Frequência/Probabilidade do Risco: Baixa, Média ou Alta• Severidade (danos potenciais) do Risco: Baixa, Média ou AltaAssim, riscos de alta frequência e severidade podem ser considerados significativos.

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101GUIA PRÁTICO PARA A PREPARAÇÃO DE INVESTIMENTOS URBANOS

Fase do Projeto Tipo de Projeto* Atividade Riscos Social ou

Ambiental Mitigação

Descarte de equipamentos EE, GD

Acomodamento de equi-pamentos inutilizados em aterros sanitários

Poluição do ar e do solo com substância química

Social e Ambiental

Inclusão de equipamento em uma política de logística re-versa ou reciclagem de componentes de equipamentos. Há diversas empresas que realizam o adequado serviço de co-leta e reciclagem dos materiais.

Descarte de equipamentos EE Descarte de lâmpadas Poluição do ar e do solo

com metais pesadosSocial e

Ambiental

Realizar o correto armazenamento dos componentes no-civos e reciclar os materiais restantes, seguindo a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei nº 12.305 / 2010).

Descarte de equipamentos EE

Desinstalação de equipamentos de ar e refrigeração

Aquecimento global (gases fluorados com efeito de estufa)

Ambiental

Obedecer às especificações técnicas de recolhimento de fluidos refrigerantes ao desinstalar equipamentos de ar con-dicionado e refrigeração.

Descarte de equipamentos EE

Desinstalação de equipa-mentos de ar condiciona-do e refrigeração

Depleção da camada de Ozônio (clorofluorcarbonos)

Ambiental

Descarte de equipamentos EE

Desinstalação de equipa-mentos de ar condiciona-do e refrigeração

Intoxicação por inalação de fluido refrigerante Social

Descarte de equipamentos EE, GD Desinstalação de

equipamentos Choque elétrico Social Atividades realizadas sob respaldo da NR 10 - Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade.

Descarte de equipamentos EE, GD Desinstalação de

equipamentos Queda Social Atividades realizadas sob respaldo da NR 35 – Trabalho em altura.

Descarte de equipamentos EE, GD Levantamento de equipa-

mentos pesados Ergonômico Social Atividades realizadas sob respaldo da NR 17 - Ergonomia.

Tabela 9. Análise dos Riscos Ambientais.

*Aqui estão inclusos os Projetos de Eficiência Energética e de Geração Distribuída, especificamente os de Energia Solar Fotovoltaica.

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102 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA EM PRÉDIOS PÚBLICOS

5. VIABILIZAÇÃO DA LICITAÇÃO

21 3 4 5 6 7 8

Fase do Projeto Tipo de Projeto* Atividade Riscos Social ou

Ambiental Mitigação

Recomposição EE, GD Realização de obras civis Perda auditiva ocupacional Social Atividades realizadas sob respaldo da NR 07 - Programa de

Controle Médico de Saúde Ocupacional.

Recomposição EE, GD Realização de adequação de circuitos elétricos Choque elétrico Social Atividades realizadas sob respaldo da NR 10 - Segurança em

Instalações e Serviços em Eletricidade.

Recomposição EE, GD Realização de obras civis Queda Social Atividades realizadas sob respaldo da NR 35 – Trabalho em altura.

Recomposição EE, GD Levantamento de peças pesadas Ergonômico Social Atividades realizadas sob respaldo da NR 17 - Ergonomia.

Manuseio e distribuição do equipamento EE, GD

Transporte de Equipamentos em veículos

Acidentes de trânsito Social Garantia de seguridade social do trabalhador.

Manuseio e distribuição do equipamento EE, GD Levantamento de equipa-

mentos pesados Ergonômico Social Atividades realizadas sob respaldo da NR 17 - Ergonomia.

Instalação EE Instalação de equipamen-tos de ar condicionado Aquecimento global Ambiental

Obedecer às especificações técnicas de manuseio e injeção adequada de fluidos refrigerantes em equipamentos de ar condicionado.

Instalação EE Instalação de equipamen-tos de ar condicionado

Depleção da camada de Ozônio Ambiental

Instalação EE Instalação de equipamen-tos de ar condicionado

Intoxicação por fluido inalação de fluido refrigerante

Social

Instalação EE, GD Instalação de equipamentos Choque elétrico Social Atividades realizadas sob respaldo da NR 10 - Segurança em

Instalações e Serviços em Eletricidade.

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8 7 6 5 4 3 2 1

103GUIA PRÁTICO PARA A PREPARAÇÃO DE INVESTIMENTOS URBANOS

Fase do Projeto Tipo de Projeto* Atividade Riscos Social ou

Ambiental Mitigação

Instalação EE, GD Instalação de equipamentos Queda Social Atividades realizadas sob respaldo da NR 35 – Trabalho em

altura.Operação e Manutenção

(O&M) EE, GD Manutenção de equipamentos Choque elétrico Social Atividades realizadas sob respaldo da NR 10 - Segurança em

Instalações e Serviços em Eletricidade.Operação e Manutenção

(O&M) EE, GD Manutenção de equipamentos Queda Social Atividades realizadas sob respaldo da NR 35 – Trabalho em

altura.

Operação e Manutenção (O&M) GD

Operação anormal do sistema de geração fotovoltaica

Energização de partes me-tálicas de uma edificação Social

Manutenção adequada do sistema de geração fotovoltaica com identificação de possíveis pontos de fuga de corrente.Construção e manutenção de um SPDA - Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas.

Operação e Manutenção (O&M) GD

Operação normal do sistema de geração fotovoltaica

Desmoronamento de telhado Social Atestado de laudo de sanidade estrutural do telhado.

Operação e Manutenção (O&M) EE, GD Operação anormal do

sistema Incêndio Social e Ambiental

Manutenção adequada do equipamento e circuitos elétricos de alimentação.

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104 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA EM PRÉDIOS PÚBLICOS

5. VIABILIZAÇÃO DA LICITAÇÃO

21 3 4 5 6 7 8

Recomenda-se que, durante a licitação da empresa que for exe-cutar o projeto, dentre os requisitos e documentação a ser re-queridos dos proponentes, seja inserida a obrigação de propor e implementar um plano que trate da gestão dos possíveis riscos ambientais e sociais, como o Plano de Gestão Ambiental e Social (PGAS). Além do PGAS, prevê-se as seguintes medidas (mínimas) de mitigação a serem integradas nos Termos de Referência como responsabilidades da empresa fornecedora de equipamentos: • Assegurar que os equipamentos foram concebidos e fabrica-

dos para alta durabilidade, fácil desmontagem, remodelação e reciclagem;

• Assegurar a reparabilidade da instalação graças à acessibili-dade e permutabilidade dos componentes, por exemplo, con-densadores ou placas em inversores, ou os diodos de deriva-ção nas caixas de junção dos módulos;

• Garantir que foram implementadas ferramentas de inspeção e monitoramento in loco, evitando a ocorrência de falhas no sistema e para a detecção precoce de falhas.

• Assegurar que foram selecionados equipamentos já submeti-dos a testes de vida acelerada para demonstrar durabilidade e baixa degradação para a sua vida útil esperada no campo.

VIDA ÚTIL MÍNIMA DE EQUIPAMENTOS

Inversor fotovoltaico: 15 anos.Módulo Fotovoltaico: 25 anos.Geladeiras e Freezers: 10 anos.Equipamentos de ar condicionado de grande porte: 15 anosEquipamentos de ar condicionado de pequeno porte: 10 anos.Lâmpadas LED: 25.000 horas

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105GUIA PRÁTICO PARA A PREPARAÇÃO DE INVESTIMENTOS URBANOS

Conforme colocado no Capítulo 3, a analíse de riscos deve ser fei-ta no início do projeto, levando em consideração aspectos de go-vernança (Capítulo 3), aspectos técnicos (Capítulo 1 e Capítulo 5), aspectos financeiros (Capítulo 4) e aspectos licitatórios (Capítulo 2 e Capítulo 4). São apresentados na Tabela 11, uma lista não exaus-tiva de riscos e suas possíveis medidas de mitigação.

Categoria Risco Possível mitigação

GovernançaRisco do fator humano, o comportamento do usuário, que pode aumentar o consumo e encobrir as econo-mias, além de trazer consumos inesperados

Campanhas de conscientização e realização de treinamentos periodicamente ao usuário.

Governança Acontecimentos externos que tornem o projeto de EE/Energia Solar FV de baixa prioridade Inserção do projeto dentro de um contexto maior (ex. Plano de Mudanças Climáticas) com metas

e equipe bem definidas ajuda a manter o projeto em alto nível de prioridade e não ser “deixado de lado”.Governança Alterações de prioridades políticas que tornem o pro-

jeto de EE/Energia Solar FV de baixa prioridade

5.3 ANÁLISES DE RISCOS

Tabela 11. Análise de riscos.

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106 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA EM PRÉDIOS PÚBLICOS

5. VIABILIZAÇÃO DA LICITAÇÃO

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Categoria Risco Possível mitigação

Governança Mudanças de equipe envolvida no projeto. Pessoas chave do projeto que saem do projeto

Definir a UGP / Equipe do Projeto de forma oficial, por meio de decreto. Além disso, para cargos chaves do projeto, apontar servidores de carreira, ou seja, aqueles que têm muito menos chan-ces de sair da prefeitura.

Governança Falta de integração e comunicação entre secretarias e departamentos

Definir a UGP / Equipe do Projeto o quanto antes, com o envolvimento das secretarias e coopera-ção entre elas desde o início do processo.

Governança Atrasos no cronogramaOs prazos do setor público dependem de tramitação em diversas secretarias, assim é necessá-rio o envolvimento da alta hierarquia para definição de prioridade e aceleração da tramitação interna.

Técnico Padrão de consumo inesperado Construção de linha de base minimamente adequada.

Técnico Baixa qualidade de auditorias energéticasCapacitar membros da prefeitura para realizar diagnósticos desde cedo. Contratar profissional com ampla experiência para fornecer capacitação, ou contratar empresa especializada em EE para realizar as auditorias.

Técnico Dados técnicos não disponíveis para elaboração de diagnóstico ou de projetos

Identificar desde cedo os dados faltantes, e providenciá-los, seja por meio da contratação de empresa externa para tal ainda em fase inicial, ou por meio da definição oficial (por decreto) de responsável interno por gerar os dados faltantes.

Técnico Atrasos de cronograma devido a demoras na execu-ção de auditorias ou na elaboração de projetos

Assegurar alto nível de prioridade do projeto. Planejar bem as ações necessárias para garantir an-damento ágil, garantir capacitações para equipe desde cedo, contratar assessoria com empresas experientes e manter a equipe do projeto (UGP) estável e engajada.

Técnico Coletas de dados insuficienteDefinir bem o escopo do projeto de EE e elaborar fichas de coleta de dados que garantam os dados necessários para calcular e planejar tal projeto. Capacitar as equipes de coleta de dados de acordo.

Técnico Discrepância de dados nos estudos de EE e Energia Solar FV

Realizar os estudos de forma mais integrada, com modelagem financeira unificada e um crono-grama que facilite a implementação de ambos os projetos concomitantemente.

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107GUIA PRÁTICO PARA A PREPARAÇÃO DE INVESTIMENTOS URBANOS

Categoria Risco Possível mitigação

Técnico Projetos FV: Risco estrutural relacionado ao peso das placas sobre o telhado

Vistoria e laudo de sanidade estrutural realizados pela prefeitura ou incluídos obrigatoriamente no escopo do edital de contratação da empresa que realizará o trabalho.Faz-se necessária uma avaliação estrutural prévia com o objetivo de excluir do processo licitató-rio os telhados (e consequentemente as usinas fotovoltaicas) que seguramente não suportam a carga adicional de módulos fotovoltaicos, e de ter uma indicação mais precisa do real potencial de usinas que podem ser instaladas. Além disso, a análise prévia poderá fornecer bases para a analise estrutural definitiva, de responsabilidade de empresa instaladora.

Técnico Projetos FV: Risco de incêndioAssegurar que todos os edifícios estejam seguindo as normas referentes à proteção contra in-cêndio, com AVCB (Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros) e/ou PPCI (Plano de Prevenção e Proteção Contra Incêndio) aprovados.

Técnico Projetos FV: Baixa qualidade dos componentes do sistema

Garantir que os painéis fotovoltaicos e os componentes associados tenham sido projetados e fabricados para alta durabilidade, fácil desmontagem, reforma e reciclagem.

Técnico Projetos FV: Dificuldade na manutenção Garantir a reparabilidade da usina solar fotovoltaica graças à acessibilidade e troca dos componentes.

Técnico Projetos FV: Falhas no sistema Garantir que as ferramentas de inspeção e monitoramento de campo foram implementadas para evitar a ocorrência de falhas no sistema e para a detecção precoce de falhas.

Técnico Fraca concepção de projeto Contratação de empresa com experiência para elaboração de projetos.

LicitatórioRiscos de atrasos, excedentes de custos e baixo de-sempenho técnico devido a divisão do projeto em vá-rios contratos

A divisão do projeto em diferentes contratos deve ser feita de acordo com a natureza das obras e é considerada bastante complexa. Requer, geralmente, considerável experiência e capacidade interna para coordenar sua implementação.

Licitatório Empregar um modelo licitatório com que o município tem pouca familiaridade (ex. RDC)

Buscar capacitação e assessoria para modelagem da licitação; e buscar exemplos de outros ór-gãos públicos que empregaram o mesmo modelo e entrar em contato com eles.

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108 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA EM PRÉDIOS PÚBLICOS

5. VIABILIZAÇÃO DA LICITAÇÃO

21 3 4 5 6 7 8

Categoria Risco Possível mitigação

Licitatório Impugnação de edital

Buscar capacitação e assessoria para elaboração da licitação, além de buscar exemplos de ou-tros órgãos públicos que empregaram o mesmo modelo e entrar em contato com eles. Garantir que todos os dados, especificações técnicas e cálculos financeiros estejam específicos e de boa qualidade.

Licitatório Baixo nível de competitividade técnica Assegurar alto nível de competitividade na licitação e estrutura eficiente de contratação.

LicitatórioUtilizar modelo licitatório que avalia apenas menor preço, não permitindo o uso de critérios técnicos para avaliar e selecionar o vencedor

Inserir no edital critérios rígidos de habilitação técnica da empresa, baseados em comprovação de experiência prévia e conhecimento específico em EE ou Energia Solar FV, e de economias de energia já obtidas em projetos anteriores. Inserir no contrato multas pelo não cumprimento de determinados requisitos de qualidade, dentre os quais requisitos de desempenho energético, atrelando assim uma parte da remuneração ao desempenho do projeto.

Financeiro Projeto resultar em geração de energia ou economias menores do que o previsto

Inserir no contrato cláusulas que garantam um compartilhamento de risco entre prefeitura e con-tratada, por exemplo, multas pelo não cumprimento de determinados requisitos de qualidade, dentre os quais requisitos de desempenho energético, atrelando assim uma parte da remunera-ção ao desempenho do projeto. Inserir no edital critérios rígidos de habilitação técnica da em-presa, baseados em comprovação de experiência prévia e conhecimento específico em EE ou Energia Solar FV, e de economias de energia já obtidas em projetos anteriores. Calcular geração / economias previstas com rigor técnico.

Financeiro Inviabilização ou limitação da implantação do projeto devido a capacidade de tomada de financiamento Realizar uma pré-análise na capacidade de tomar financiamento do município.

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109GUIA PRÁTICO PARA A PREPARAÇÃO DE INVESTIMENTOS URBANOS

O Termo de Referência (TdR) é um documento que define o pro-jeto e contém elementos necessários para sua contratação e exe-cução ser realizada com sucesso. Os TdRs são utilizados nas lici-tações por pregão (tanto na forma presencial quanto eletrônica).As boas práticas aqui expostas se referem ao estabelecimento de critérios técnicos com o objetivo de garantir a qualidade no pro-cesso de licitação e contratação de equipamentos e serviços.Devem existir exigências nos editais que comprovem a qualifica-ção técnica do(s) fornecedor(es) a ser contratado. A avaliação des-tes requisitos deve ser feita por profissional dotado de conheci-mentos técnicos comprovados.Para a realização da contratação, recomenda-se que a empresa contratada possua experiência na realização de projetos do mes-mo tipo. Assim, uma recomendação é a inserção de critérios nos documentos de licitação exigindo que a empresa possua e seja capaz de comprovar suas qualificações técnicas. Alguns exemplos são:

• Experiência com a implementação de projetos similares ao da licitação;

• Experiência com a implementação de sistemas de gestão de energia em edifícios;

• Experiência com Medição e Verificação (M&V) de economias de energia, baseado no Protocolo Internacional de Medição e Verificação (IPMVP);

• Vínculo profissional com um Engenheiro Eletricista, Mecânico, Ambiental, entre outros que possua experiência com projetos similares.

5.4 BOAS PRÁTICAS PARA ELABORAÇÃO DE TERMOS DE REFERÊNCIA

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110 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA EM PRÉDIOS PÚBLICOS

5. VIABILIZAÇÃO DA LICITAÇÃO

21 3 4 5 6 7 8

Como forma de atendimento dos requisitos estabelecidos à con-tratada, e com o objetivo de garantir as economias de energia previstas e o nível de operação e manutenção (O&M) desejado, orienta-se que sejam criados padrões de desempenho mínimo, co-nhecidos como Acordos de Nível de Serviço (do inglês, Service Level Agreements - SLA). Esses são itens que obrigatoriamente devem ser atendidos, e que podem impactar na remuneração da empresa contratada, gerando ônus ou bônus conforme o seu atendimento.

A Fundação Escola Nacional de Administração Pública possui a Apostila Elaboração de Termo de

Referência e Projeto Básico

O que um TdR precisa conter, no mínimo?

• O objeto (o quê)• Justificativa (por quê)• Qualificações técnicas necessárias da contratada (quem)• Cronograma, prazos (quando)• Local de execução do serviço (onde)• Descrição dos serviços (como)• Precificação informativa [em pregão], previsão de custos

através de um projeto prévio (quanto)

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111GUIA PRÁTICO PARA A PREPARAÇÃO DE INVESTIMENTOS URBANOS

Para que os termos de contratação ou editais possam ser elabora-dos, é muito importante que contemplem um dimensionamento técnico da medida de EE / Energia Solar FV a ser implementada. O principal objetivo deste dimensionamento é garantir que os equi-pamentos e serviços contratados atendam critérios de qualidade e viabilidade técnica, econômica e ambiental definidos ao longo do processo de preparação do projeto. É interessante destacar que nem todas as medidas de eficiência energética requerem necessariamente o desenvolvimento de um projeto básico e/ou executivo. No caso de substituição de equipa-mentos mais simples, como geladeiras, por exemplo, um descriti-vo de especificações técnicas é suficiente para orientar a contrata-ção. No caso de iluminação, é necessário garantir o atendimento às normas aplicáveis, e isso pode ser realizado de maneira prescri-tiva ou de estudos luminotécnicos. No entanto, para projetos de Energia Solar Fotovoltaica é neces-sário seu dimensionamento técnico através de projeto básico e executivo.

5.5 DIMENSIONAMENTO TÉCNICO

Tipo de Medida Projeto Básico Projeto Executivo

Substituição de equipamentos

Avaliar a complexidade dos equipamentos

Excessão: Sistema de ar condicionado central

Redução do horário de operação de equipamentos - -

Instalação de fotocélulas x -

Aquecimento solar x x (exige revisão do projeto hidráulico)

Geração de energia fotovoltaica x x

Modernização das instalações elétricas x

Se for uma modernização geral, sim, caso for pontual não é

necessário.

Tabela 12. Medidas de EE / Energia Solar FV e realização de projeto básico e executivo.

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112 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA EM PRÉDIOS PÚBLICOS

5. VIABILIZAÇÃO DA LICITAÇÃO

21 3 4 5 6 7 8

A Tabela 12 apresenta uma generalização de medidas de EE e Energia Solar FV que requerem projeto básico e projeto executivo, lembrando que cada projeto deve ser avaliado à luz de suas pró-prias individualidades.Por fim, a Tabela 13 coloca algumas especificações importantes que projetos de substituição de equipamentos devem conter.

Equipamento elétrico Especificações importantes

Ar condicionado split

• Capacidade de Refrigeração• Existência de Modo Reverso• COP/EER/SEER - valor que representa a eficiência

do equipamento, quanto maior, mais eficiente é o equipamento.

Ar condicionado central

• Capacidade de refrigeração• Vazão de Água Gelada• Tipo de equipamento: Condensação a água ou con-

densação a ar• Potência elétrica

Iluminação

• Tecnologia da Lâmpada• Tipo de lâmpada - Bulbo ou Tubular (diâmetro da

lâmpada tubular)• Potência elétrica• Fluxo luminoso• Cor da Lâmpada - normalmente representado pela

temperatura de cor• Vida útil

Tabela 13. Especificações necessárias para substituição de equipamentos.

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113GUIA PRÁTICO PARA A PREPARAÇÃO DE INVESTIMENTOS URBANOS

Seguindo a etapa de preparação de projetos, chega à parte da ela-boração do projeto básico. O pré-diagnóstico pode ser realizado através de uma contratação individual, ou através de um contra-tação conjunta do diagnóstico energético com a elaboração do projeto básico, podendo incluir ainda o posterior monitoramento.O projeto básico é definido pelo conjunto de elementos que su-ficientemente caracterizam a obra, elaborado com base em in-formações e estudos preliminares. Deve assegurar a viabilidade técnica e também possibilitar a avaliação do custo e do prazo da execução.Tanto para o projeto básico quanto para o executivo são considera-dos, de acordo com a Lei no 8.666, os seguintes requisitos: seguran-ça; funcionalidade e adequação ao interesse público; economia na execução, conservação e operação; possibilidade de emprego de mão de obra, materiais, tecnologia e matérias-primas existentes no local; adoção das normas técnicas, de saúde e de segurança do trabalho adequadas; e impacto ambiental. Coloca-se aqui um exemplo de quais produtos devem ser apresen-tados em um projeto básico de sistema fotovoltaico.

PROJETO BÁSICO DE SISTEMA DE GERAÇÃO FOTOVOLTAICO*

Um projeto básico de micro ou minigeração de energia solar deve identificar seus elementos de forma precisa e considerar seus custos. Itens necessários são:• Dados gerais da usina;• Normas e legislações de referência;• Especificação dos serviços a serem executados;• Especificação dos materiais e equipamentos propostos, com definição de

quantidades e custos: - Módulos solares - Inversores - Cabeamento - Medidores de energia - Outros materiais• Projeto de cabeamento e especificação dos materiais;• Estrutura de suporte e montagem (considerar o custo do cálculo estrutural,

caso aplicável);• Projeto das instalações de conexão à rede e proteções;• Sistema de proteção de descargas atmosféricas – SPDA (caso aplicável), ou

conexão ao sistema existente;• Produção de energia elétrica – simulações de produção anual de energia,

incluindo as coordenadas geográficas da usina, estudos de sombreamento, e outros dados pertinentes ao projeto.

5.5.1 PROJETO BÁSICO

*Com base no Edital de Chamada Pública de Projetos 2017 da Concessionária Light.

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114 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA EM PRÉDIOS PÚBLICOS

5. VIABILIZAÇÃO DA LICITAÇÃO

21 3 4 5 6 7 8

O projeto executivo consiste no detalhamento das opções indica-das no projeto básico, considerando as condições de implementa-ção e interferências, especificações completas de equipamentos e sistemas, e os cronogramas de execução e de desembolsos.No âmbito energético, projetos executivos são necessários para sistemas de aquecimento de água, de mini e micro geração de energia, climatização de sistemas centrais, como chillers e refrige-ração de grande porte.Um projeto executivo contempla, por exemplo, indicações e deta-lhes construtivos para a instalação, montagem e execução de sis-temas fotovoltaicos, incluindo o cálculo estrutural. É importante nesta etapa a completa documentação de cada pro-jeto, pois é essencial para a manutenção e possíveis alterações.

5.5.2 PROJETO EXECUTIVOPROJETO EXECUTIVO DE SISTEMA DE GERAÇÃO FOTOVOLTAICO

Corresponde a plantas, cortes, vistas e quaisquer outros elementos gráficos ne-cessários para o correto entendimento do projeto e perfeita execução, contendo:• Layout de placas fotovoltaicas (localização, quantidade, percentual de in-

clinação) devidamente cotadas e identificadas;• Previsão de áreas de acesso e circulação para a manutenção do sistema;• Caminhamento das instalações elétricas ligadas as redes das instalações

elétricas;• Definição e detalhamento de quadros elétricos;• Indicação de todos os equipamentos necessários para o correto funciona-

mento do sistema;• Diagrama dos sistemas;• Detalhes executivos demonstrando a forma de instalação da solução

adotada;• Memoriais de cálculo e descritivos, mostrando sua obediência às condições

impostas, bem como sua compatibilidade com os demais projetos.

Dica: Sistemas fotovoltaicos são modulares, permitindo que seja instalado um sistema com capacidade menor, e futuramente possa ser ampliado.

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6ACOMPANHAMENTO DA EXECUÇÃO DO PROJETO

6.1 COMISSIONAMENTO

6.2 CUSTO DO CICLO DE VIDA DE PROJETOS

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116 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA EM PRÉDIOS PÚBLICOS

6. ACOMPANHAMENTO DA EXECUÇÃO DO PROJETO

21 3 4 5 6 7 8

O acompanhamento em todo o processo de projetos de EE e Energia Solar FV é fundamental. A governança do projeto deve es-tar ativa, acompanhando e discutindo os avanços realizados.Aqui torna-se relevante destacar o processo de comissionamen-to, que pode ser definido como a “prestação de serviços técnicos para definição de verificação e ajuste dos parâmetros de uso, ope-ração, manutenção, documentação e controle dos sistemas, com o objetivo de garantir que os edifícios possuam alta performance energética.” O comissionamento pode atuar em vários momentos do ciclo de

vida de um edifício, desde a fase de con-cepção do projeto, com o auxílio de defi-nições de premissas e requisitos de EE a serem adotados, até a fase de entrega da obra, de uso, operação e manutenção, re-trofits e fim da vida. A Figura 16 apresenta um resumo das etapas de EE ao longo da vida útil de uma edificação.

*O termo Retrocomissionamento é utilizado para edifícios existentes.

CONCEPÇÃO E ESTUDO DE VIABILIDADE

PROJETOS CONSTRUÇÃO E ENTREGA DA

OBRA

USO E OPERAÇÃO E

MANUTENÇÃO

REFORMAS E RETROFIT

FIM DE VIDA

PROJETO INTEGRADO

SIMULAÇÃO ENERGÉTICA

COMISSIONAMENTO

SISTEMAS DE GESTÃO DE ENERGIA

RETROCOMISSIONAMENTO*

Figura 16. Resumo das etapas de Eficiência Energética ao longo da vida útil de um edifício. Fonte: Adaptado do Guia Interativo de Eficiência Energética em Edificações, 2018.

O Guia Interativo de Eficiência Energética

em Edificações apresenta uma

seção dedicada ao comissionamento.

6.1 COMISSIONAMENTO

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117GUIA PRÁTICO PARA A PREPARAÇÃO DE INVESTIMENTOS URBANOS

O objetivo de uma Análise do Custo no Ciclo de Vida (ACCV) é esti-mar os custos gerais das alternativas do projeto e selecionar aque-le que garante os maiores benefícios a partir dos menores custos. A ACCV deve ser realizada no início do projeto, enquanto ainda há uma chance de refinar o produto a fim de garantir uma redução nos Custos do Ciclo De Vida (CCV). Destaca-se aqui também o LCCE (Custo de Energia Conservada), que permite uma comparação de

Tipo de Custo Explicação Principais variáveis que afetam a estimativa de custos

Descarte de equipamento

Destinação adequada de equipamentos que chegam ao final de sua vida útil ou que, mesmo não atingindo este tempo, são substituídos por outro motivo. Assim, envolve, inclusive o custo com descomissionamento (decomissioning) ao final do projeto.

• Quantidade de equipamentos a ser descartada.• Peso da carcaça de equipamentos.• Obrigatoriedade de incluir em um plano de logística reversa, como lâmpadas

fluorescentes.• Equipamento possui componentes com potencial de causar danos ambientais,

como os fluidos refrigerantes de equipamentos de ar condicionado.

6.2 CUSTOS DO CICLO DE VIDA DO PROJETO

investimentos em economia de energia e fornece uma metodologia para avaliar a lucratividade do investimento. Os CCV de um projeto compreendem, além dos cus-tos de compra de equipamentos, os cus-tos apresentados na Tabela 14.

Vida útil do projeto: reflete a vida econômica ou obsolescência dos equipamentos do projeto ou do serviço produzido.

Tabela 14. Custos do ciclo de vida do projeto.

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118 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA EM PRÉDIOS PÚBLICOS

6. ACOMPANHAMENTO DA EXECUÇÃO DO PROJETO

21 3 4 5 6 7 8

Tipo de Custo Explicação Principais variáveis que afetam a estimativa de custos

RecomposiçãoNecessidade de adequação de ordem elétrica ou civil para que a edificação ou parte dela possa suportar o novo equipamento.

• Necessidade de obras civis ou elétricas.

Gestão da obra/reforma Gestão necessária para o cumprimento das ações do projeto conforme cronograma.

• Complexidade do projeto.• Capacidade gerencial da equipe.

Manuseio e distribuição do equipamento

Ações relacionadas ao adequado deslocamento e/ou condicionamento dos equipamentos envolvidos no projeto.

• Necessidade de transporte.• Necessidade de condicionar equipamentos em algum local.

InstalaçãoMão-de-obra necessária para os procedimentos para instalar e configurar o equipamento respeitando as nor-mas e procedimentos aplicáveis.

• Nível técnico necessário para instalar equipamento.• Complexidade de instalação.

Operação e Manutenção (O&M) Custo de manutenção preventiva e corretiva

• Regime de funcionamentos de equipamentos.• Boa operação de equipamentos.• Realização de manutenções periodicamente.

Licença de Softwares Alguns equipamentos necessitam de softwares ou servi-ços de servidores virtuais para a sua utilização.

• Custo com licença de softwares.• Taxa de manutenção com serviço de hospedagem.

O levantamento de todos esses custos não é tarefa fácil para o ges-tor do projeto, principalmente, se ele conta com equipe do próprio edifício para suas atividades. Mesmo assim, ter esses custos iden-tificados e previstos no orçamento do projeto é importante para

evitar imprevistos financeiros ao longo da execução. Lembre-se que, de modo geral, o financiamento privado de projetos não in-clui custos além da aquisição e compra de equipamentos.

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119GUIA PRÁTICO PARA A PREPARAÇÃO DE INVESTIMENTOS URBANOS

Vale ressaltar que para projetos de retrofit de equipamentos con-sumidores de energia, espera-se que os custos de O&M do novo equipamento diminuam. Este impacto varia de acordo com a ca-racterística do projeto, mas, vias de regra:• Para troca de iluminação: equipamentos LED, por possuírem

uma maior vida útil, necessitam uma menor frequência de tro-ca, o que significa um menor custo de manutenção.

• Para troca de equipamentos de ar condicionado: como a manutenção destes é comumente realizada por uma equi-pe técnica contratada, espera-se que o custo do contrato de manutenção diminua após a entrada em operação do novo equipamento. Esta diminuição de custo é ainda mais evidente quando o contrato de manutenção inclui um equipamento de ar condicionado de grande porte.

A diminuição do custo de manutenção de equipamentos é também uma justificativa para o investimento em projetos de eficiência energética.

Recomenda-se que a periodicidade de limpeza dos módulos seja, no mí-nimo, de 6 meses e, no máximo, de 1 ano.

Já para equipamentos de geração distribuída, os custos de ope-ração e manutenção incluem o acompanhamento da geração de energia para averiguar alguma anomalia. Sugere-se, também, acompanhamento visual do sistema para identificar possíveis

danos ao sistema. Por fim, para garantir o desempenho do siste-ma, é necessária a limpeza periódica dos módulos de geração de energia solar.

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7MONITORAMENTO

7.1 MEDIÇÃO E VERIFICAÇÃO

7.2 INDICADORES DE DESEMPENHO ENERGÉTICO

7.3 COMO GARANTIR A QUALIDADE E MELHORIA CONTÍNUA DOS PROJETOS

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121GUIA PRÁTICO PARA A PREPARAÇÃO DE INVESTIMENTOS URBANOS

A Medição e Verificação (M&V) é um procedimento central no acompanhamento dos projetos, pois é a partir dela que são afe-ridos os ganhos energéticos provenientes do projeto. Através dos ganhos energéticos é que se define a remuneração das empresas contratadas para executar serviços de energia, como as ESCOs.O processo de Medição e Verificação é importante para a concep-ção do investimento, sendo que a metodologia deve ser definida antes da realização do investimento. Após o recebimento do financiamento, é recomendada a realiza-ção de M&V para quantificar de forma precisa os ganhos de EE com a implementação das medidas.O processo pode ser realizado por empresa contratada para execução de serviço, sendo suas especi-ficações inseridas nos documentos de licitação.Existem diversas metodologias de M&V para que seja estabeleci-do um equilíbrio dos custos de medição com os instrumentos e recursos humanos disponíveis para o projeto. Entre as metodolo-gias mais consolidadas está o Protocolo Internacional de Medição

e Verificação de Performance (PIMVP).A economia de energia é calculada comparando-se o consumo de energia medido antes e depois da execução do projeto. Como já mostrado no Capítulo 1, o estabelecimento de uma linha de base (ou baseline) serve como referência para a comparação da energia medida após a implementação.A escolha dos períodos de análise do consumo, antes e após a imple-mentação do projeto, é de extrema importância, com os períodos de re-ferência devendo representar todas as condições de funcionamento da edificação. Também deve-se definir uma duração mínima da análise do consumo após implementação, por exemplo, 2 anos.

7.1 MEDIÇÃO E VERIFICAÇÃO

O Guia para Eficiência Energética nas Edificações Públicas apresenta uma se-ção detalhada com opções de medição. O Guia de Eficiência Energética para Edifícios Públicos também apresenta uma seção para M&V.

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122 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA EM PRÉDIOS PÚBLICOS

7. MONITORAMENTO

21 3 4 5 6 7 8

O uso de indicadores é muito importante para auxiliar no proces-so de acompanhamento das metas, além de possibilitar mensurar as melhorias. Sua construção baseia-se nos dados coletados atra-vés de um adequado processo de M&V.O processo de definição dos indicadores, que deve ser encabeça-do por uma equipe técnica, inclui as seguintes etapas: 1. Definição dos objetivos principais do projeto;2. Entendimento das atividades que compõem o projeto;3. Busca por indicadores já desenvolvidos e utilizados no

benchmarking;4. Análise dos dados disponíveis;5. Criação dos indicadores de desempenho.A Tabela 15 apresenta possíveis indicadores que podem ser utili-zados em projetos de EE e Energia Solar FV. Para cada indicador, devem ser estabelecidas metas claras e medidas de acompa-nhamento, sendo possível mensurar e acompanhar o sucesso do

projeto de acordo com seu desempenho energético.Existem os Indicadores Chave de Desempenho (KPI, do inglês Key Performance Indicators) que podem ser determinados em fun-ção da realidade de cada edifício. A partir deles, são definidas me-tas, que podem ser variáveis no decorrer do projeto (por exemplo, para escolas, as metas nos meses de férias devem ser mais baixas).Para a análise dos ganhos climáticos, é necessário considerar o fa-tor de emissão médio anual do Brasil, fornecido pelo Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicação (MCTIC)6.

7.2 INDICADORES DE DESEMPENHO ENERGÉTICO

6 Mais informações em: https://www.mctic.gov.br/mctic/opencms/ciencia/SEPED/clima/textogeral/emissao_corporativos.html

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123GUIA PRÁTICO PARA A PREPARAÇÃO DE INVESTIMENTOS URBANOS

Indicador Unidade Fórmula de cálculo Objetivo

Economia energética anual kWh/anoDiferença entre a energia consumida ao longo de um ano após a implementação do projeto e a energia de linha de base.

Apresentar o impacto de redução de consumo de energia de uma determinada medida de eficiência energética.

Geração de energiakWh de energia gerada

Soma total da energia gerada ao longo de um mês.(nota: pode-se utilizar para fins de acompanhamento de gera-ção, períodos menores: semanas, dias etc.)

Monitorar o perfil típico de geração de energia a fim de verificar se existe alguma anomalia na geração.

Consumo anual específico pela área construída

kWh/m²/ano

Quociente entre o consumo de energia anual e a área cons-truída total de uma edificação.

Comparar o desempenho energético de diferentes edificações. Entretanto, este indicador só pode ser utilizado se a proporção de áreas condicionadas de diferentes edificações for semelhante. Para remover este viés, deve-se utilizar um indicador mais específico, o benchmark de energia.

Consumo anual específico por núme-ro de alunos (escolas) kWh/aluno

Quociente entre o consumo de energia e o número total de alunos matriculados.(nota: pode-se utilizar diferentes períodos de análise: mês, bi-mestre, período letivo etc.).

Comparação do desempenho energético de uma escola ou de diferentes escolas.

Consumo anual específico por salas de aula (escolas)

kWh/salas de aula

Quociente entre o consumo de energia e o número total de alunos matriculados.

Comparação do desempenho energético de diferentes escolas.

Consumo anual específico por leitos ocupados (escolas)

kWh/leitos ocupados

Quociente entre o consumo de energia mensal e o número de leitos ocupados. (nota: pode-se utilizar diferentes períodos de análise: mês, bi-mestre, meses onde houve surto de uma doença etc.).

Comparação do desempenho energético de um hospi-tal ou de diferentes hospitais.

Tabela 15. Indicadores a serem utilizados em projetos de EE e Energia Solar FV.

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124 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA EM PRÉDIOS PÚBLICOS

7. MONITORAMENTO

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Após a implementação do projeto, é indicado ter uma estrutura de medição adequada para avaliação do consumo e tomada de deci-sões, com a informação dos medidores constituindo a base dessa análise.A escolha dos pontos de medição e dos tipos de medidores deve corresponder a cada tipologia, seus sistemas e estratégias adota-das. Para auxiliar no dimensionamento e tipo de medidores, po-de-se perguntar: • O que é medido e monitorado?• Por que é medido?• Como é medido? • Quais valores e desvios são esperados?• Qual ação pode ser tomada em caso de desvio significativo?• Quem é o responsável pela coleta de dados e medições?Existem diversas abordagens para o monitoramento destes indi-cadores, sendo uma delas o sistema de gerenciamento energéti-co definido pela norma ISO 50001:2011, comentada no Capítulo 1 deste Guia.

Respostas para essas perguntas podem ser encontradas em plataformas de benchmarking. No Brasil, é possível acessar a plataforma de benchmarking de prédios públicos da Eletrobrás/PROCEL com o Conselho Brasileiro de Construção Sustentável (CBCS).7 Os benchmarks (bases de comparação) permitem a visualização de consumo es-pecífico dos edifícios, a avaliação do de-sempenho, a definição de metas de con-sumo de energia e a identificação de edifícios com melhor desempenho.

7.2.1 COMO FAZER O MONITORAMENTO DO DESEMPENHO ENERGÉTICO CORRETAMENTE?

7.2.2. QUANTO UMA ESCOLA E UM HOSPITAL CONSOMEM? QUANTO DEVERIA OU PODERIA CONSUMIR?

7 Disponível em: http://benchmarkingenergia.cbcs.org.br/

Ver Norma ABNT ISO 50.006:2016 – Sistemas de Gestão de Energia: medição do desempenho energético utilizando linhas de base energética (LBE) e indicadores de desempenho energético (IDE) – Princípios gerais e orientações.

Para mais informações, acesso o Guia Interativo de

Eficiência Energética em Edificações.

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125GUIA PRÁTICO PARA A PREPARAÇÃO DE INVESTIMENTOS URBANOS

É importante destacar que após o muni-cípio realizar um investimento para insta-lar equipamentos eficientes nos edifícios, posteriormente, os equipamentos pre-cisam ser mantidos para que o recurso empregado não seja desperdiçado. Desta forma, quando houver novas trocas de lâmpadas e outros equipamentos, é ne-cessário que sejam adquiridos produtos eficientes. Isso exige uma combinação de capacitação, estratégias de compartilha-mento de benefícios (incentivo financei-ro) e legislação (política de compras).Deve-se garantir altos padrões de quali-dade e durabilidade dos equipamentos que vão compor o sistema. A garantia destes padrões pode ser feita mediante

Existem duas certificações brasileiras relevantes: a Etiqueta Nacional de Conservação de Energia (ENCE) e o Selo PROCEL (Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica).

A ENCE é emitida pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (INMETRO) e classifica os aparelhos no nível de eficiência de “A” (mais eficiente) a “E” (menos eficiente). Os equipamentos etiquetados da ENCE podem ser consultado no site: http://www.inmetro.gov.br/consumidor/tabelas.asp

O Selo PROCEL de Economia de Energia indica quais produtos apresentam os melhores níveis de eficiência energética dentro de cada categoria. É concedido para:• Eletrodomésticos: refrigeradores, aparelhos de ar condicionado; • Iluminação: lâmpadas LED, reatores; • Bombas e motores;• Equipamentos solares: coletores, reservatórios térmicos, módulos fotovoltaicos.Os equipamentos etiquetados com o selo PROCEL podem ser consultados em: http://www.procelinfo.com.br/

7.3 COMO GARANTIR A QUALIDADE E MELHORIA CONTÍNUA DOS PROJETOS?

Figuras 17-18. Etiqueta ENCE e Selo Procel. Fonte: PROCEL.

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126 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA EM PRÉDIOS PÚBLICOS

7. MONITORAMENTO

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expressa exigência nos editais de contratação de fornecedores.Outro aspecto é a necessidade de procedimentos formais para horários de operação da iluminação e climatização. Os proce-dimentos devem ser consolidados em um documento, com atri-buição de responsáveis. Um exemplo de documento é o Plano de Manutenção, Operação e Controle (PMOC).Em 2018, foi legislada no Brasil a obrigatoriedade do PMOC em edifícios de uso público e coletivo para sistemas de climatização. A norma ABNT NBR 5.674 - Manutenção de Edificações estabelece os

Sistema/Equipamento Manutenção

Luminárias e lâmpadas Manter limpas para permitir a reflexão máxima da luz.Filtros de ar Manter os filtros limpos, garantindo a qualidade do ar e a eficiência energética do equipamento.Sensores Avaliar o estado de funcionamento.

Sistema/Equipamento Manutenção

Sistema fotovoltaico

• Monitorar a produção de energia (via inversor);• Realizar regularmente inspeção visual nos inversores;• Observar potenciais sombreamentos não previstos antes da instalação do sistema;• Realizar limpeza nos módulos fotovoltaicos.

requisitos para a gestão do sistema de manutenção, com o PMOC devendo fazer parte do Programa de Manutenção da edificação. Enquanto o PMOC considera os sistemas de climatização, o Programa de Manutenção deve considerar demais equipamentos da edificação. O conteúdo destes documentos apresenta os pro-cedimentos e períodos de manutenção dos equipamentos da edi-ficação. Nas Tabelas 16 e 17, são apontadas algumas ações que vi-sam garantir a qualidade e bom funcionamento de equipamentos e sistemas.

Tabela 17. Atividades básicas de manutenção dos componentes de um sistema de geração de energia fotovoltaica.

Tabela 16. Atividades básicas de manutenção dos principais equipamentos consumidores de energia.

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8APRESENTAÇÃO DOS IMPACTOS DO PROJETO

8.1 ESTUDOS DE SUCESSO

8.2 APRENDIZADOS COM PROJETOS DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA

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Aqui são apresentados projetos estudados e/ou já implementados em escolas e hospitais no Brasil. Os estudos colocados possuem diferentes abordagens e escalas, com distintos enfoques nas fases de implementação de projetos de EE e Energia Solar FV e formas de financiamento.

8.1 ESTUDOS DE SUCESSO

Creche HassisFlorianópolis, SC

Centro de Saúde Pantanal

Florianópolis, SC

Hospital GeralCaxias do Sul, RS

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129GUIA PRÁTICO PARA A PREPARAÇÃO DE INVESTIMENTOS URBANOS

A Creche Hassis, localizada em Florianópolis, Santa Catarina, é considerada um modelo de edifício educacional sustentável no Brasil. Construída em 2015 com 1.182m², foi a primeira creche no mundo e o primeiro edifício público brasileiro a receber a classi-ficação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design)8 (BARATTO, 2019).Durante a fase de projeto, foram realizadas análises de eficiência e sustentabilidade que apontaram que a certificação era possível. Assim, foram feitas algumas alterações pela equipe de projeto para garantir que os índices exigidos pelo LEED fossem alcançados (PIZZINI, 2019).As inovações no projeto incluem:• Geração de energia fotovoltaica: conta com 21kW de potên-

cia instalada em painéis fotovoltaicos, geração suficiente para suprir 100% da energia da creche. A eletricidade é provida por 146 módulos fotovoltaicos de silício amorfo, com o sistema de energia fotovoltaica interligado à rede elétrica pública, não

sendo necessário bancos de baterias. O excedente de energia gerada é injetado na rede elétrica como crédito para a prefeitu-ra utilizar em outras unidades escolares (ROSA, 2015).

• Aquecimento de água por energia solar: coletores solares instalados no telhado da creche aquecem água depositada em reservatório térmico.

• Lâmpadas com sensores de movimento e luminosidade.• Captação de água da chuva: cisterna armazena água da chu-

va para ser utilizada em jardins e vasos sanitários. • Piso drenante no estacionamento que absorve a água da

chuva.

8.1.1 CRECHE HASSISFLORIANÓPOLIS, SC

8 O LEED é um sistema internacional de certificação e orientação ambiental para edifica-ções.

Área painéis instalados (m²)

Geração média mensal (kWh)

Economia estimada anual (R$)

254 2.360 17.400

Tabela 18. Dados painéis fotovoltaicos Creche Hassis. Fonte: ENGIE.*

*Disponível em: https://www.engie.com.br/cases-de-solucoes/creche-municipal-hassis/

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130 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA EM PRÉDIOS PÚBLICOS

8. APRESENTAÇÃO DOS IMPACTOS DE PROJETOS

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131GUIA PRÁTICO PARA A PREPARAÇÃO DE INVESTIMENTOS URBANOS

• Vasos sanitários com dois acionamentos.• Aproveitamento da luz natural.• Conforto térmico através de ventilação natural com a utiliza-

ção de elementos vazados de concreto ao longo dos beirais, possibilitando a renovação e circulação do ar nos forros e áre-as de circulação.

• Mantas isolantes de subcobertura e forro acústico de lãs mine-rais biosolúveis garantem maior conforto térmico e acústico ao pátio central e circulação coberta.

A creche municipal ainda apresenta outros aspectos sustentáveis, como redução das ilhas de calor com adoção de alto índice de re-fletância solar na pavimentação do estacionamento, e a pintura do telhado de branco – o que diminui a temperatura interna.Construída com financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) e recursos próprios da prefeitura, a creche custou R$4.687.295,65 – valor 12% maior do que o previsto no or-çamento inicial, antes do projeto ser readequado visando o selo Platinum LEED (BARATTO, 2019).

Figura 19. Creche Hassis. Fonte: Divulgação. (na página anterior)(Disponível em: https://www.gazetadopovo.com.br/haus/arquitetura/creche-construida-no-bras-il-e-a-primeira-do-mundo-com-selo-maximo-de-construcao-sustentavel/)Figura 20. Módulos fotovoltaicos Creche Hassis. Fonte: ENGIE. (Disponível em: https://www.engie.com.br/cases-de-solucoes/creche-municipal-hassis/)

As informações aqui apresentadas são decorrentes de BARATTO, 2019 (https://www.archdaily.com.br/br/927009/creche-em-florianopolis-e-a-primeira-do-mundo-com-selo-maximo-de-arquitetura-sustentavel); PIZZINI, 2019 (https://www.gazetadopovo.com.br/haus/arquitetura/creche-construida-no-brasil-e-a-primeira-do-mundo-com-selo-maximo-de-construcao-sustentavel/); e ROSA, 2015 (https://ciclovivo.com.br/arq-urb/arquitetura/florianopolis-inaugura-primeira-creche-totalmente-sustentavel/)

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132 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA EM PRÉDIOS PÚBLICOS

8. APRESENTAÇÃO DOS IMPACTOS DE PROJETOS

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8.1.3 CENTRO DE SAÚDE PANTANAL

FLORIANÓPOLIS, SC

Por meio da participação em uma chamada pública nacional, Florianópolis foi uma das cidades piloto selecionadas que parti-ciparam do Projeto Cidades Eficientes do Conselho Brasileiro de Construções Sustentáveis (CBCS), recebendo assessoria técnica para promover ações efetivas de eficiência energética, uso racio-nal de água, mobilidade urbana de baixo carbono e geração distri-buída de energia (WILSON, 2018). O processo seletivo para a escolha das cidades participantes teve como critérios experiência comprovada na gestão de iniciativas públicas relacionadas à EE e hídrica de edificações e existência de equipe capacitada e mobilizada para implementar as atividades do projeto, dentre outros. Mais informações podem ser encontra-das no site do projeto.Dentre as ações de assessoria técnica, a equipe técnica do proje-to realizou um estudo no projeto do Centro de Saúde Pantanal,

dada a importância da tipologia de saúde para o município, com o objetivo de avaliar estratégias de eficiência energética, hídrica e conforto ambiental na edificação que podem servir de diretrizes para outros projetos da prefeitura. Assim, a equipe do CBCS visitou o centro de saúde e teve acesso a documentos de projeto para ava-liar o desempenho atual e orientar a equipe técnica do município. O Centro de Saúde Pantanal é um edifício de dois pavimentos, com ambientes voltados para atendimento médico. Foram propostas diversas ações visando a eficiência energética e de água, princi-palmente ações relacionadas à arquitetura bioclimática. Para as paredes e coberturas das edificações de saúde foi proposta a uti-lização de materiais mais resistentes à condução de calor, e siste-mas de fachada e forro ventilados, com uma camada de ar de 5cm. Outra medida indicada para paredes e coberturas foi a utilização de revestimentos de superfícies externas com menor absortância

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133GUIA PRÁTICO PARA A PREPARAÇÃO DE INVESTIMENTOS URBANOS

solar, evitando um aquecimento exagerado da edificação. A Figura 21 apresenta duas estratégias bioclimáticas elencadas no centro de saúde. Ainda na área de arquitetura bioclimática, foi sugerida uma otimi-zação de brises nas fachadas com maior incidência de sol, reali-zando-se um projeto de alto desempenho para estes elementos.9 Para a iluminação artificial, a proposta foi a troca de lâmpadas para equipamentos com eficiência superior a 100 lum/W, e subs-tituição das lâmpadas fluorescentes de 40 W por LED T5 de 20W. Outras propostas elencadas foram a instalação de timers e senso-res de presença, principalmente em banheiros, para desligamento automático das luzes; e também a divisão dos comandos de ilumi-nação, ou seja, cada ambiente possui pelo menos um dispositivo

de controle manual. Outras ações são a dimerização em ambien-tes com acesso à luz natural, e instalação de fotocélulas para acio-namento da iluminação em espaços externos. Com essas medidas foi estimada uma redução do consumo ener-gético de 8,01%, desconsiderando a divisão de circuitos. Para con-tribuir com a diminuição da demanda elétrica, foi proposta tam-bém a instalação de um coletor solar para aquecimento de água de chuveiros e torneiras, que atendeu 50% da demanda total de água do prédio. Estimou-se uma redução de 9,71% do consumo energético com essa medida. Com a aplicação de todas as medi-das indicadas, incluindo alterações na envoltória, a redução esti-mada é de 21,93%. As estimativas de redução de consumo foram realizadas através do aplicativo EDGE Buildings.

Figura 21. Estratégias bioclimáticas - aspectos construtivos. Fonte: CBCS, 2018.

9 O uso de elementos de sombreamento ajuda no controle de entrada de radiação solar nas edificações, evitando calor excessivo, que pode gerar desconforto aos usuários, e aumentar o consumo de energia

elétrica para condicionamento. Existem diversas ferramentas que podem auxiliar no desenho dos elementos de sombreamento, entre elas o Analysis SOL-AR, disponível em: http://www.labeee.ufsc.br/downloads/softwares/analysis-sol-ar (CBCS, 2018)

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134 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA EM PRÉDIOS PÚBLICOS

8. APRESENTAÇÃO DOS IMPACTOS DE PROJETOS

21 3 4 5 6 7 8

Por fim, recomendou-se também que todos os equipamentos de ar condicionado tenham o nível A de eficiência e selo Procel, bem como outros equipamentos consumidores de energia. No âmbito de uso racional de água, foram também sugeridas diver-sas ações, como fechamento automático de torneiras, uso de are-jadores, sanitários com descargas do tipo dual-flush, captação de águas da chuva, recuperação de águas cinzas para uso na edifica-ção ou jardins, e permeabilidade do solo.

As informações aqui apresentadas são decorrentes do arquivo CONSELHO BRASILEIRO DE CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL. Projeto Cidades Eficientes: Capacitação para Gestores Públicos Municipais – Florianópolis, SC. 2018. Disponível em: http://cidadeseficientes.cbcs.org.br/wp-content/uploads/pdf/Analise-Projeto_FLP.pdf; e de WILSON, 2018 (http://revistaarea.com.br/cbcs-inicia-visitas-tecnicas-nos-municipios-contemplados-pelo-projeto-cidades-eficientes/)

Figura 22 e 23. Centro de Saúde Pantanal. Fonte: CBCS, 2018 e PMF/Divulgação/ND.(Disponível em: http://cidadeseficientes.cbcs.org.br/wp-content/uploads/pdf/Analise-Projeto_FLP.pdf.)

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135GUIA PRÁTICO PARA A PREPARAÇÃO DE INVESTIMENTOS URBANOS

8.1.5 HOSPITAL GERAL

CAXIAS DO SUL, RS

O Hospital Geral de Caxias do Sul é um hospital de ensino, gerido pela Fundação Universidade de Caxias do Sul (FUCS) e patrimônio do Estado do Rio Grande do Sul. Possui uma área de 17.127m², dis-tribuída em diferentes serviços, como diagnóstico, atendimento clínico, cirúrgico e de apoio. Em 2016, o hospital submeteu uma proposta à chamada pública do PEE, através da concessionária Rio Grande Energia (RGE). No projeto, foi proposto o retrofit da iluminação do edifício, com a substituição das lâmpadas existentes por lâmpadas LED, com ob-jetivo de reduzir o consumo de energia, garantir maior vida útil e reduzir os custos. Inicialmente, para viabilizar o projeto, foram feitas análises nos ambientes do hospital, com levantamento das características do sistema existente, como:

• Estrutura dos ambientes;• Informações de luminárias, lâmpadas e reatores; e • Ciclo de operação do sistema de iluminação. Concluída a etapa de levantamento, realizou-se a análise de via-bilidade econômica. A Figura 32 indica o fluxograma do processo, com a identificação dos equipamentos descrita na Tabela 24.O tempo estimado de utilização foi identificado através de entre-vistas com os funcionários do hospital. Por fim, os relatórios finais encerraram formalmente o projeto. A economia no consumo de energia com a implementação da medida pode ser vista na Tabela 25.

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136 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA EM PRÉDIOS PÚBLICOS

8. APRESENTAÇÃO DOS IMPACTOS DE PROJETOS

21 3 4 5 6 7 8

Equipamentos Potência (W) Quantidade Horas de

utilização (h)Lâmpadas LED

(W)Lâmpadas fluorescentes 32 3.130 18 18

Lâmpadas fluorescentes 15 794 18 7

Reatores 3 1.524 18 -

Implementação do projeto Iluminação

% Iluminação no consumo total de

energia

Demandaantes 116,82kW 23,34

depois 61,9kW 12,38

Consumoantes 63.082,8kWh/mês 36,15

depois 33.426kWh/mês 19,16

Tabela 19. Identificação dos equipamentos existentes e propostos. Fonte: SCHNEIDER et al, 2017.*

Tabela 20. Comparativo de demanda e consumo mensal antes e depois da implementa-ção do projeto. Fonte: SCHNEIDER, 2017.*

Figura 24. Fluxograma do processo. Fonte: Adaptado de SCHNEIDER et al, 2017.*

*Disponível em: http://www.abes-rs.uni5.net/centraldeeventos/_arqTrabalhos/trab_2_5386_20171113205918.pdf

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137GUIA PRÁTICO PARA A PREPARAÇÃO DE INVESTIMENTOS URBANOS

A redução corresponde mensalmente a R$432,00 de demanda e R$16.015,00 de consumo. Considerando o período de um ano, esse valor passa para um total de R$197.360,00 e economia de 360,85 MWh/ano, com uma emissão evitada de 48,28 toneladas de CO2. O financiamento do projeto foi de R$399,5 mil (SCHNEIDER et al, 2017).Em conjunto com as melhorias técnicas, o Hospital Geral investiu também na conscientização de seus usuários e funcionários sobre o uso eficiente de energia elétrica, contribuindo para a mudança de hábitos e maior engajamento. Foram realizadas palestras expli-cativas sobre o projeto de eficientização, com o objetivo de capaci-tar as equipes técnicas e administrativas da edificação, focando na sensibilização sobre a importância da economia de energia.

As informações aqui apresentadas são decorrentes do artigo SCHNEIDER, V. E; MORALES, A. C; CARRA, S. H. Z; MORES, N. T. Projeto de Eficiência Energética em uma instituição de saúde: Estudo de caso do Hospital Geral da FUCS. In: VII Seminário sobre Tecnologias Limpas, 2017. Disponível em: http://www.abes-rs.uni5.net/centraldeeventos/_arqTrabalhos/trab_2_5386_20171113205918.pdf

Figura 25. Hospital Geral. Fonte: Jornal Florence, 2019.(Disponível em: https://www.jornaloflorense.com.br/noticia/geral/7/hospital-geral-de-caxias-do-sul-en-trega-revitalizacao-da-unidade-de-urgencia-e-emergencia/10518)

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138 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA EM PRÉDIOS PÚBLICOS

8. APRESENTAÇÃO DOS IMPACTOS DE PROJETOS

21 3 4 5 6 7 8

8.2 APRENDIZADOS COM PROJETOS DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA

Os benefícios de projetos de eficiência energética e de energia so-lar fotovoltaica não estão restritos aos edifícios públicos contem-plados pelo projeto. Nesta seção são apresentados outros ganhos indiretos os quais podem ser motivados pelos projetos realizados.Um dos benefícios é a replicação para outras tipologias dos apren-dizados conquistados, expandindo as ações para demais prédios públicos do município. Outro ponto relevante é a execução de po-líticas públicas, com o intuito de consolidar as iniciativas realiza-das. Como exemplos, pode-se citar:• Decretos definindo metas e ações de redução de consumo de

energia em diferentes tipologias de edifícios municipais e em serviços públicos, assim como a publicação de metas energéti-cas de cada secretaria e consumos de suas edificações;

• Política de compras sustentáveis; • Política de etiquetagem das edificações, através do Programa

Brasileiro de Etiquetagem - PBE Edifica;

8.2.1 EXPANSÃO DA EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA PARA ALÉM DO PODER PÚBLICO

Os projetos de EE e Energia Solar FV nos edifícios públicos são uma oportunidade para prefeituras se tornarem exemplos para a po-pulação do município em gerir seus próprios gastos com energia, com os benefícios podendo ir ainda mais longe.Uma maneira de potencializar e expandir os ganhos de diminui-ção do consumo de energia é a iniciativa de atualizar o Código de Obras da cidade com o objetivo de inserir exigências e diretrizes que assegurem o bom desempenho térmico das edificações, como a utilização de materiais construtivos com melhor desempenho térmico. Iniciativas como esta visam, na escala micro, a melhoria

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139GUIA PRÁTICO PARA A PREPARAÇÃO DE INVESTIMENTOS URBANOS

do conforto térmico dos cidadãos, mas podem colaborar, na escala macro, com a diminuição dos impactos climáticos da cidade.Além disso, uma política de transparên-cia de dados pode ser implementada, co-meçando pelos prédios públicos e sendo expandida para edificações comerciais e residenciais, exigindo que informem os dados de consumo de energia e água. Uma referência desse tipo de política é a Local Law (LL) 84, da cidade de Nova York, que alcan-çou economias expressivas apenas pelo fato de coletar e publicar os consumos energéticos das edificações de forma não-anônima.Outros exemplos colocados a seguir abarcam políticas de eficiên-cia energética e energia solar fotovoltaica para todo o município.

BERLIM, ALEMANHAA cidade de Berlim, por exemplo, adotou um plano para expandir a implantação de painéis solares nos telhados da cidade, com o objetivo de suprir cerca de 25% das necessidades de eletricidade com energia solar até 2050. O “Plano Diretor de Solarcidade”, par-te do plano de Berlim de se tornar neutra em carbono até 2050, foi desenvolvido pelo Instituto de Pesquisa Solar Fraunhofer ISE e por

Banco de dados dos materiais construtivos

mais utilizados na construção

brasileira podem ser identificados no site do

ProjetEEE.

outros atores de diferentes setores. Inclui 27 recomendações para acelerar a expansão solar em Berlim, incluindo educação e incen-tivos para proprietários e remoção de barreiras regulatórias para sistemas fotovoltaicos. A cidade já lançou um programa de subsídios para sistemas de ar-mazenamento solar, que cobre de 30 a 65% do custo dos sistemas instalados em combinação com um novo sistema fotovoltaico. (Texto extraído de WALDHOLZ, 2020)

STUTTGART, ALEMANHAStuttgart, também na Alemanha, reduz cerca de 7.200 toneladas de emissões de CO2 a cada ano, através de contratação interna, utilizando um fundo rotativo para financiar medidas de economia de energia e água. A cidade é capaz de reinvestir a economia dire-tamente em novas atividades, criando um ciclo de melhorias am-bientais e reduções de emissões.A contratação interna permite que os governos locais recuperem a economia de custos alcançada por essas medidas, pois o plane-jamento, o financiamento e a implementação não são realizados por terceiros, mas por unidades da administração municipal.

Para mais informações do projeto em Berlim: https://www.cleanenergywire.org/news/city-berlin-adopts-plan-reach-25-percent-solar-power-2050

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140 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA EM PRÉDIOS PÚBLICOS

8. APRESENTAÇÃO DOS IMPACTOS DE PROJETOS

21 3 4 5 6 7 8

As unidades da administração municipal financiam as medidas de economia de energia e água de outros departamentos, permitindo a implementação de projetos menores para os quais a contratação externa seria muito extensa. Assim, a economia de custos acaba liberando fundos para outros investimentos no município. Em Stuttgart, a contratação interna faz parte do Programa de Proteção Climática da cidade e é conduzida pelo Departamento de Proteção Ambiental e Finanças. O Programa possui três principais objetivos: modernização e reforma de edifícios; implementação de medidas de economia de energia e água por meio de contrata-ção interna; e atividades de conscientização. O pré-financiamento dos investimentos é feito pelo Departamento de Energia e as economias de custos de energia obtidas por meio de investimentos são devolvidas para o departamento de imple-mentação até que os custos sejam pagos. Após, a economia de energia é repassada ao próprio edifício. Isso significa que os pro-jetos de economia de energia podem ser realizados rapidamente, sem juros ou lucros privados, em pequena ou grande escala e com financiamento total ou parcial.Stuttgart utilizou a contratação interna com sucesso em uma am-pla variedade de instalações: usinas combinadas de calor e ener-gia para piscinas; recuperação de calor em sistemas de ventilação; torneiras com economia de água; controles de iluminação; entre

outros. Além disso, os cidadãos estão envolvidos com os projetos, aumen-tando a consciência e senso de responsabilidade.Em uma cidade típica, mais de 70% do consumo total de energia privada ocorre em edifícios. Com a adoção de medidas simples para atingir níveis mais altos de EE, Stuttgart pode gerar econo-mias de até 30%. (Texto extraído de C40, 2011)

PALMAS, BRASILOutro exemplo expressivo é o Programa Palmas Solar, realizado em Palmas, Tocantins e criado em 2016. Nele, a Prefeitura elabo-rou uma legislação específica com o intuito de tornar a cidade re-ferência na produção de energia solar como possibilidade susten-tável de consumo de energia e de fomento à economia local.O município estimula o aproveitamento do potencial solar na ge-ração de energia fotovoltaica em residências, comércios e indús-trias, e também possui um projeto de instalação de seu Parque Solar, com o objetivo de obter suficiência energética de todos os órgãos públicos municipais.O programa foi criado pela Lei Palmas Solar (Lei Complementar nº

Para mais informações do projeto em Stuttgart: https://www.c40.org/case_studies/stuttgart-uses-in-ternal-contracting-to-save-energy-and-water

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8 7 6 5 4 3 2 1

141GUIA PRÁTICO PARA A PREPARAÇÃO DE INVESTIMENTOS URBANOS

327/2015) e regulamentado pelo Decreto Municipal nº 1.220, de 28 de março de 2016. Através do Decreto Municipal no 1.553/2018, fica autorizado parcerias entre a Secretaria Extraordinária de Projetos, Captação de Recursos e Energias Renováveis (Secres) e demais pastas e autarquias municipais para desenvolvimento do projeto.Um dos requisitos do Palmas Solar é a contratação pelo proprietá-rio da edificação de prestadores de serviço locais, buscando assim estimular o barateamento e o crescimento da oferta de serviço es-pecializado no município. Entre os incentivos do Programa:• Desconto de até 80% do Imposto Predial e Territorial Urbano

(IPTU), proporcional ao índice de aproveitamento de energia solar, limitado em até cinco anos;

• Desconto de 80% do Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN), incidente sobre: projetos, obras e instala-ções destinadas à fabricação, comercialização e distribuição de componentes para os sistemas de energia solar; e serviços de instalação, operação e manutenção dos sistemas de ener-gia solar, pelo prazo de até 10 anos;

• Desconto de até 80% do Imposto de Transferência de Bens Imóveis (ITBI), proporcional ao índice de aproveitamento de energia solar.

Nos decretos, são apontados os critérios e procedimentos a serem utilizados para a obtenção dos incentivos, entre eles fórmulas de cálculo para definição da diferença entre a geração e o consumo médio mensal de energia, conseguindo estabelecer os percentuais de descontos.As edificações que se adequarem à geração fotovoltaica de acordo com os normativos e/ou for equipada com sistema de aquecimen-to de água por energia solar e comprovar seu índice de aproveita-mento de energia solar terão direito aos benefícios.Em 2018, o Programa Palmas Solar contava com 90 imóveis resi-denciais e comerciais gerando energia solar e 40 novas empresas especializadas atuando.Em maio de 2018, os beneficiados com incentivos fiscais pelo pro-grama geraram mais de 900 kilowatt pico (KWp).Em 2016, foram emitidos 18 selos do Palmas Solar e, em 2017, foram 36 selos para aqueles que aderiram ao programa. Existem linhas especiais de financiamentos do Governo Federal para a Região Norte, podendo ser utilizadas para projetos de sistemas fo-tovoltaicos em residências e empresas. Os financiamentos podem ser feitos por pessoas físicas e condomínios residenciais, e são ofe-recidos pelo Banco da Amazônia, Banco do Nordeste e Banco do Brasil.A meta do município é tornar autossuficientes todos os prédios

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142 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA EM PRÉDIOS PÚBLICOS

8. APRESENTAÇÃO DOS IMPACTOS DE PROJETOS

21 3 4 5 6 7 8

públicos, reavendo o investimento de R$ 50 milhões em até cinco anos.Além da redução nos custos com o pagamento da energia, o ex-cedente da energia gerada vira créditos para os próximos meses e reduz as emissões de GEE. (Texto extraído de IUC, 2018)

Com a realização de projetos, o aprendizado da equipe da Prefeitura é um grande benefício. Este aprendizado pode ser do-cumentado internamente de maneira a replicar as experiências, buscando a otimização dos processos e a busca contínua por pro-jetos que podem envolver outras tipologias de edificações.Além disto, projetos realizados em escolas, por exemplo, possuem grande potencial de alcance, podendo contribuir para ensinar seus professores, alunos e familiares, de forma participativa. Atividades como a realização de visitas técnicas às escolas que possuem pai-néis fotovoltaicos, explicando o funcionamento do sistema de for-ma prática e lúdica, além de aprendizados sobre equipamentos eficientes e ações do dia-a-dia podem contribuir para dissemina-ção de conhecimentos por toda a população do município.

8.2.2 BENEFÍCIOS NÃO ENERGÉTICOS

Para mais informações do projeto em Palmas: https://iuc.eu/fileadmin/user_upload/Regions/iuc_lac/user_upload/POR_Palmas__TO_-_Programa_Palmas_Solar.pdf

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143GUIA PRÁTICO PARA A PREPARAÇÃO DE INVESTIMENTOS URBANOS

CONSIDERAÇÕES FINAIS Encerrando o Guia, aponta-se a importância de projetos de Eficiência Energética e Energia Solar Fotovoltaica para o avanço da agenda climática em cidades e para uma recuperação susten-tável, destacando o importante papel que os municípios possuem em liderar e induzir seus moradores e o setor privado a aderir e implementar projetos. O escopo do projeto deve englobar não apenas a substituição e/ou inclusão de tecnologias, mas abranger melhorias em uso, gestão e operação das edificações. Um componente essencial dos projetos é a disseminação de conhecimentos em EE, ampliando o poder de transformação dos projetos.Um ponto a se destacar é a existência do efeito rebound, fenôme-no que explica efeitos reversos acarretados pela adoção de me-didas que aumentam as receitas dos edifícios, como a utilização desta receita para compra de mais equipamentos que consomem energia, adoção de hábitos menos eficientes de energia, etc. Para evitar este efeito pode-se adotar um protocolo interno de boas

práticas de consumo de energia e compra de equipamentos. A ma-nuteção e reinforço deste protocolo é um importante aspecto para prédios públicos se consolidarem como exemplos de busca de me-lhorias de energia.Por fim, espera-se que o Guia apoie os municípios na preparação de projetos financiáveis, assim como sua contratação e execução, trazendo múltiplos benefícios ao município, aos cofres públicos e à população como um todo, gerando alta qualidade de vida e em-pregos locais.

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144 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA EM PRÉDIOS PÚBLICOS

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BRASIL. Lei nº 12.833, de 20 de junho de 2013. Altera as Leis que dispõem sobre o Fundo de Desenvolvimento do Centro-Oeste – FDCO e constitui fonte adicional de recursos para ampliação de limites operacionais da Caixa Econômica Federal. Diário Oficial da União: Brasília, DF, 21 jun. 2013.

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146 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA EM PRÉDIOS PÚBLICOS

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149GUIA PRÁTICO PARA A PREPARAÇÃO DE INVESTIMENTOS URBANOS

ANEXO I: PLANILHAS PARA PRÉ-DIAGNÓSTICO DO EDIFÍCIO

TABELA - CARACTERIZAÇÃO DA INSTALAÇÃO

Tipologia

Hospital Escola Outro:____________

Características típicas de Funcionamento

Horário de entrada

Horário de saída

Número de funcionários fixos

Condicionamento Ambiental

Existe condicionamento ambiental?

Porcentagem da área com condicionamento

Tipo de condicionamento ambiental

Split

Ar condicionado central

VRF

Outro sistema: _____________

Iluminação

Tipos de lâmpada

Lâmpada Incandescente

Compacta

Lâmpada Fluorescente

Compacta Tubular

Lâmpada LED

Compacta Tubular

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150 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA EM PRÉDIOS PÚBLICOS

ANEXO I: PLANILHAS PARA PRÉ-DIAGNÓSTICO DO EDIFÍCIO

TABELA - INFORMAÇÕES GERAIS SOBRE A EDIFICAÇÃO

Nome do Edifício

Endereço

Características Gerais

Ano de Construção

Ano da última reforma

Área construída total

CNPJ

Razão Social

Vinculada à secretaria

Número de pavimentos

Número de elevadores

Possui estacionamento coberto? Sim Não

Responsável pelo edifício

Nome

Telefone de Contato

E-mail

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151GUIA PRÁTICO PARA A PREPARAÇÃO DE INVESTIMENTOS URBANOS

A estrutura modelo apresentada é proposta pela ASHRAE Procedures for Commercial Building Energy Audits, Second Edition.

Resumo Executivo • Contexto do projeto e escopo • Tabela resumo de MEEs • Gráfico de benchmarking

1. Informações Básicas • Informações de contato • Escopo da auditoria e metodologia usada • Descrição do local e do edifício • Histórico de consumo e gastos energéticos • Resultados detalhados do benchmarking • Resultados da análise de consumo por uso final

2. Descrição dos sistemas prediais • Dados de ocupação • Envoltória • Sistemas de iluminação • Sistemas mecânicos • Segurança, supervisão e operação • Fotografias

3. Medidas de eficiência energética • Medidas de zero e baixo custo • Medidas com investimentos significativos • Medidas sobre energias renováveis e geração distribuída • Medidas de operação e manutenção • Impactos externos sobre a viabilidade financeira

4. Informações adicionais • Análises • Dados de medições ou resultados de monitoramentos • Informações de fabricantes • Plantas e desenhos • Especificações e detalhes

ANEXO II: ESTRUTURA RELATÓRIO DIAGNÓSTICO ENERGÉTICO

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