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GUIA DE BOAS PR Á TICAS AMBIENTAIS PARA OS MUNICÍPIOS DO RIO GRANDE DO SUL As ações possíveis para reduzir a poluição do ar e mitigar as mudanças climáticas no meu município Porto Alegre 2013

Guia

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    GUIA DE BOAS PRTICAS AMBIENTAIS PARAOS MUNICPIOS DO RIO GRANDE DO SUL

    As aes possveis para reduzir a poluio do ar e mitigar as

    mudanas climticas no meu municpio

    Porto Alegre

    2013

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    SECRETARIA DO MEIO AMBIENTE DO RIO GRANDE DO SUL

    Secretrio de Estado do Meio Ambiente:Neio Lcio Fraga Pereira

    Secretrio de Estado Adjunto do Meio Ambiente:Luis Fernando Perell

    Diretor Presidente da FEPAM:Nilvo Alves da Silva

    AGNCIA FRANCESA DO MEIO AMBIENTE E DA GESTO DA ENERGIA

    Presidente:Franois Loos

    Diretor de Assuntos Internacionais:Dominique Campana

    Gesto de Projetos com o Brasil:Ccile Martin-Phipps

    EnvirOconsult

    Diretor Presidente:Olivier Decherf

    Diretor tcnico:Lo GeninCoordenao Brasil:Charlotte Raymond

    Ilustrao:Edgar Vasques

    Editorao:Lilian Lopes Martins

    Dados Tcnicos:Maria Helena Bueno Gargioni

    Impresso:CORAG - Companhia Rio-grandense de Artes Grcas

    G943 Guia de Boas Prticas Ambientais para os Municpios do Rio Grande doSul: as aes possveis para reduzir a poluio do ar e mitigar asmudanas climticas no meu municpio / SEMA / ADEME /ENVIROCONSULT. Porto Alegre: Companhia Rio-grandensede Artes Grcas (CORAG), 2013.

    200 p. - ISBN: 978-85-7770-214-5 1. Meio ambiente Rio Grande do Sul. 2. Qualidade do ar. 3. Poluioatmosfrica. 4. Meio ambiente Ar-clima-energia Planejamento. 5. Impactoambiental - Reduo I. Secretaria do Meio Ambiente do Rio Grande do Sul.

    CDU504504(816.5)(036)

    Catalogao elaborada pela Biblioteca da Secretaria da Administrao e dos RecursosHumanos/SARH. Bibliotecria responsvel: Adriana Arruda Flores, CRB10-1285.

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    7.2. PRESERVAR E RECOMPOR A COBERTURA VEGETAL DO MUNICPIO .............................................................. 164

    7.3. OTIMIZAR A GESTO DA BIODIVERSIDADE E DOS ESPAOS NATURAIS ....................................................... 172

    CAPTULO 3 - EXPERINCIAS LOCAIS: INICIATIVAS DE BOAS PRTICAS NO RIO GRANDE DO

    SUL E NO BRASIL...................................................................................................................................................................178

    INSPIRAR-SE NOS OUTROS MUNICPIOS....................................................................... ...................................................... 1781. PORTO ALEGRE............................................................................ ................................................................................ .............. 179

    2. SO LEOPOLDO .........................................................................................................................................................................181

    3. NOVA HARTZ ...............................................................................................................................................................................183

    4. BELO HORIZONTE......................................................................................................................................................................185

    5. SOROCABA ...................................................................................................................................................................................188

    6. NOVO XINGU ...............................................................................................................................................................................190

    CONCLUSO: TABELAS RECAPITULATIVAS DAS BOAS PRTICAS........................................................................... ...193

    JOS LUTZENBERGER ...................................................................................................................................................................198

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    Figura 23- Unidade de compostagem (Fonte: Engebio) .................................................................................... .............135

    Figura 24- Fotos de um sistema silvipastoril e de um sistema agrossilvipastoril(Fonte: Principais sistemas agroorestais no Rio Grande do Sul, EMATER/RS Ascar) .............................................144

    Figura 25- Foto do biodigestor de Chapec (Santa Catarina), instalado pelo projeto Alto Uruguai,

    com capacidade para produzir 27.623 KW de energia por ano. (Fonte: Projeto Alto Uruguai,

    www.projetoaltouruguai.com.br/index.fp ) ............................................................................. .............................................148

    Figura 26- Exemplo de arborizao urbana (Porto Alegre) ............................................................... .............................165

    Figura 27- Desmatamento no bioma Mata Atlntica (Fonte: Site Ecodebate,

    http://www.ecodebate.com.br) ..............................................................................................................................169

    Figura 28- Painis solares da Zonal Centro (Fonte: CRER) ............................................................................... ................179

    Figura 29- O Estatuto do Pedestre participou do concurso da America Latina Cidades ativas,

    Cidades saudveis , que recompensa as iniciativas ambientais municipais inovadoras e ambiciosas. .........183

    Figura 30- Instalao de Aquecedores Solares em Conjunto Habitacional em BH (Fonte : ICLEI, 2010) ............ 185

    Figura 31- Segunda edio do Mega Plantio (Fonte : Sorocaba, 2012) .....................................................................188

    Figura 32- Usina do CONILIXO (Fonte: CONILIXO) ............................................................................ .................................190

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    BREEAMBuilding Research Establishment EnvironmentalAssessment Method

    FSC Florest Stewardship CouncilGES Gases de Efeito Estufa

    GNV Gs Natural Veicular

    HQE Alta Qualidade Ambiental

    I/M Inspeo & Manuteno

    ICMSImposto sobre as Operaes Relativas Circulao dasMercadorias e Prestaes de Servios de TransporteInterestadual, Intermunicipal e de Comunicao

    IPTU Imposto Predial e Territorial Urbano

    ISSQN Imposto sobre Servios de Qualquer Natureza

    LED Diodos Emissores de luzLEED Leadership in Energy and Environmental Design

    LEZ Low Emisso Zone

    REDDReduo das emisses do desmatamento edegradao florestal

    RT Regulamentao Trmica

    TeqCO2 Tonelada equivalente CO2

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    INTRODUO

    As questes ambientais so um dos principais desaos do sculo 21. A presso exercida pelasatividades humanas na Terra e nos seus recursos tm consequncias sobre o equilbrio do planeta e aqualidade de vida dos seus habitantes. A tomada de conscincia mundial acerca dos riscos ambientaisassociados ao nosso desenvolvimento econmico leva cada vez mais cidados a modicarem os seuscomportamentos no sentido de um maior respeito natureza. Paralelamente, os responsveis polticos

    so obrigados a integrarem estas questes na sua agenda poltica.Vocs, responsveis municipais, desempenham um papel particularmente importante, especial-mente na qualidade de contratantes pblicos para vrios setores que impactam o meio ambiente. Pro-teger o meio ambiente uma opo poltica com mltiplos benefcios, cujos efeitos econmicos, sociaise ambientais permitem garantir a qualidade de vida dos habitantes, a solidariedade entre as geraes ea coeso social. Trata-se de aumentar a atratividade do territrio em longo prazo e fomentar um desen-volvimento em harmonia com modos de produo e de consumo responsveis.

    A proteo do meio ambiente um tema global que envolve uma multiplicidade de desaos re-lativos qualidade e disponibilidade de nossos recursos hdricos; poluio do ar que respiramos; degradao dos solos resultante de usos antrpicos; preservao da natureza e da biodiversidade queela abriga; ao esgotamento dos recursos fsseis do planeta; e, mais recentemente, ao desequilbrio cli-mtico global causado pelas atividades humanas.

    Este guia volta-se particularmente para a questo das emisses (poluentes atmosfricos e gases de

    efeito estufa) e dos seus impactos nos recursos atmosfricos, ou seja, a poluio atmosfrica e as mudan-as climticas. A energia sendo uma das principais fontes de emisses, a valorizao da energia limpa um tema central ao longo do Guia. Todavia, as solues apresentadas neste Guia tm impactos positivossobre os outros desaos associados proteo do meio ambiente.

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    EU TENHO UMA RESPONSABILIDADE LOCAL,

    ENTO ESTE GUIA ME INTERESSA!

    Para a SEMA, a ADEME e os seus parceiros, trata-se de ajudar os municpios do Rio Grande do Sule do Brasil a implementarem aes coerentes e ecazes para reduzir a poluio atmosfrica e a atuaremno combate contra as mudanas climticas. Nenhum objetivo relativo a essas temticas poder efetiva-mente ser alcanado sem um comprometimento das autoridades locais.

    Para fomentar essa ao, os autores do Guia enviaro esta publicao s autoridades municipaisdo Rio Grande do Sul. O objetivo desta publicao consiste em oferecer um panorama aos municpios am de ajud-los a:

    Melhor compreender as necessidades de agir em prol do ar e do clima ao nvel local; Identicar, sistematizar e valorizar as suas aes j existentes em benefcio da qualidade do ar

    e do clima;

    Assumir objetivos e implementar novas aes, organizadas no mbito de uma estratgia localvoltada para a energia; Integrar um componente arclima-energia nas diferentes aes setoriais e de planejamento

    do municpio; Mobilizar os diferentes atores do territrio para uma ao conjunta em favor da qualidade do

    ar e do clima; Acessar os documentos e ferramentas j existentes.*1

    Este Guia visa criar uma ponte entre as polticas nacionais e as iniciativas locais, e estimular os ges-tores polticos e tcnicos a atuarem, oferecendo-lhes diretrizes de melhoria. Assim, o uso que espe-ramos ser o mais amplo possvel que vocs faro do Guia que comprovar a relevncia deste objetivo.

    Voc Prefeito ou Diretor de uma estrutura pblica local.Voc Secretrio Municipal responsvel pelo setor de transporte, infraestruturas, abastecimento

    * Um plano climtico escala territorial Guia ADEME, Ministrio da Ecologia e do Desenvolvimento Sustentvel

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    de gua e saneamento, resduos, habitao, economia, energia, meio ambiente, recursos orestais, edu-cao, sade.

    Voc Diretor de uma secretria ou departamento municipal, responsvel por projetos ou ferra-mentas de planejamento.

    Voc dirige uma associao de autoridades locais, de consumidores, de usurios, de proteo domeio ambiente, voc est em contato com as empresas e os artesos da sua localidade.

    Voc pretende envolver-se ainda mais em uma estratgia local de desenvolvimento sustentvel doseu territrio

    ESTE GUIA FOI FEITOPARA VOC!

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    PREFCIO

    MENSAGEM DA SECRETARIA DO MEIO AMBIENTE (SEMA) EDA FUNDAO ESTADUAL DE PROTEO AMBIENTAL

    HENRIQUE LUIZ ROESSLER (FEPAM)

    O Guia de Boas Prticas Ambientais para os Municpios Gachos resultado de uma parceria muito

    importante para o Rio Grande do Sul. Foi atravs do acordo estabelecido com a Agncia Francesa do MeioAmbiente e da Gesto da Energia da Frana (ADEME) que o Estado desenvolveu o Plano Clima, Ar e Ener-gia (PACE-RS), um convnio de cooperao indito entre a Frana e o Brasil que teve incio em maro de2010. O resultado um estudo que auxilia os rgos ambientais na elaborao de uma estratgia territo-rial global e integrada de gesto da qualidade do ar e reduo da emisso de gases de efeito estufa no RS.

    O PACE-RS gerou uma srie de orientaes, entre elas o Plano de Comunicao e de Sensibilizao

    sobre as Mudanas Climticas e Qualidade do Ar que indicou a necessidade deste Guia, uma ferramentade desenvolvimento de solues concretas para aes ambientais nos municpios.Pea prtica onde o governo possa efetivar, atravs da Secretaria do Meio Ambiente (Sema) e da

    Fepam, uma das principais responsabilidades dos rgos ambientais: mobilizar a sociedade e orientartecnicamente sobre as questes relacionadas ao meio ambiente.

    Enm, esperamos que essa obra, com uma linguagem simples e objetiva, sensibilize os prefeitos esecretrios municipais sobre o tema das mudanas climticas, da poluio atmosfrica e da boa gesto

    de energia. Que as boas prticas para reduzir as emisses de gases sejam teis e que os casos de sucessoj implantados em solo gacho e no Brasil que esto destacados aqui possam continuar inspirando osgestores de forma comprometida e responsvel.

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    MENSAGEM DA AGNCIA FRANCESA DO MEIO AMBIENTE E DA GESTO

    DA ENERGIA (ADEME)Para enfrentar os desaos do desenvolvimento sustentvel, necessrio transformar o nosso mo-

    delo urbano atual. De acordo com o ICLEI (Conselho Internacional para as Iniciativas Ecolgicas Locais),em 2050, as cidades representaro 90% da economia global, dois teros da populao mundial e con-sumiro entre 80% e 90% da energia disponvel. O papel dos territrios mostra-se ainda mais essencial medida que a economia se globaliza. A cidade sustentvel ser aquela que conseguir se organizar de

    forma harmoniosa em funo do seu meio ambiente, das evolues demogrcas, das mutaes sociais,dos fatores culturais dos seus habitantes. A cidade sustentvel ser concebida de modo global. Ar, ener-gia, resduos, poluio sonora os territrios devem se mobilizar em todas as frentes.

    Institudo pelo Plano Clima Nacional e tornado obrigatrio para todas as coletividades com mais de50 mil habitantes pelas Leis Ambientais Grenelle de 2010, o Plano Clima Energia Territorial (PCET) equivalea um enquadramento legal que permite s cidades estarem menos vulnerveis s mudanas climticas

    e limitarem as suas emisses de gases de efeito estufa (GEE), segundo o objetivo do Fator 4 que prevuma diviso por 4 das emisses de GEE at 2050. Mais de 500 PCETs foram institudos na Frana dentreos quais mais de um tero em fase de implementao , cerca de 2 mil pessoas foram capacitadas pelaADEME desde 2010 e mais de 180 cargas de responsveis PCET foram criadas, conanciadas pela ADEME:as coletividades comprovam o seu compromisso para a reduo do impacto do territrio no clima.

    Concretamente, quatro etapas so essenciais para construir um PCET. Primeiramente, imperativo

    organizar-se internamente, denir o projeto, iniciar a concertao. Em seguida, necessrio diagnosti-car o perl clima-energia do territrio e mobilizar os atores para lanar a co-construo. A terceira faseconsiste em construir o PCET com objetivos numricos e em elaborar o plano de aes. A ltima etapaconsiste na implementao do plano de aes.

    A ADEME acompanha as coletividades locais francesas por intermdio de um centro de recursos(www.pcet-ademe.fr), de um observatrio nacional sobre os PCET, de ferramentas e de um dispositivode capacitao.

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    Projetos exemplares desse tipo so crescentes na Frana e tambm alm das fronteiras francesas,respondendo s necessidades dos nossos parceiros estrangeiros.

    assim que a ADEME presta apoio ao Brasil no mbito da adaptao e da implementao do Pla-no Ar-Clima-Energia (PACE) do Estado do Rio Grande do Sul, facilitando o desenvolvimento de parce-rias econmicas e industriais. Lanado em 2010, em cooperao com a Secretaria de Estado do MeioAmbiente do Rio Grande do Sul (SEMA), o PACE diretamente inspirado nas metodologias francesasoriundas do PCET e do Plano Diretor Clima, Ar e Energia, duas metodologias implantadas nas regiesadministrativas do pas.

    Mostrar que mudanas esto em curso, reunir todas as energias e aprender em conjunto. Essesso os fundamentos para encarar os vinte prximos anos com perspectivas sustentveis. Esta a razopela qual a ADEME associa-se SEMA na elaborao deste Guia de boas prticas, a m de propor aosmunicpios gachos um plano estrutural localmente adaptado para implementar, nos diferentes setoresmunicipais, um plano de aes para reduzir as emisses de GEE e de poluentes atmosfricos, aumentara ecincia energtica e desenvolver as energias renovveis.

    Esperamos que este Guia d origem ao comprometimento do maior nmero de municpios ga-chos, pois ao nvel local que o Rio Grande do Sul de amanh se constri.

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    APRESENTAO DOS PARCEIROS

    A EQUIPE DO PROJETO: SEMA, ADEME E ENVIROCONSULT

    Este Guia foi conanciado pela Secretaria do Meio Ambiente do Rio Grande do Sul (SEMA-RS), pelaAgncia Francesa do Meio Ambiente e da Gesto da Energia (ADEME) e pela empresa de consultoriaambiental EnvirOconsult.

    A SEMA e a ADEME, as duas instituies de referncia para a gesto do meio ambiente no RioGrande do Sul e na Frana, fortalecem assim uma colaborao iniciada em maro de 2010, por ocasiodo incio da elaborao do Plano Ar, Clima e Energia do Rio Grande do Sul (PACE-RS).

    A EnvirOconsult, membro do Clube ADEME Internacional (rede francesa de ecoempresas inovado-ras de mbito internacional), uma empresa de consultoria especializada na gesto da qualidade do ar

    e das problemticas associadas s mudanas climticas. A EnvirOconsult j havia coordenado a elabora-o do PACE-RS, em 2010-2011.

    A elaborao do Guia foi coordenada pela EnvirOconsult e realizada pela sua equipe de consul-tores especializados, em estreita colaborao com os responsveis e os tcnicos da SEMA/FEPAM e daADEME, alm dos outros parceiros apresentados nos pargrafos seguintes.

    SEMA: www.sema.rs.gov.brADEME: www.ademe.frEnvirOconsult: www.enviroconsult.fr/br

    Ar , Cl im a e Me io Am bi en te , de ol ho no pl an et a

    consult

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    ENGEBIO ENGENHARIA E MEIO AMBIENTE

    A equipe responsvel pelo projeto trabalhou em estreita colaborao com a empre-sa Engebio Engenharia e Meio Ambiente. Por intermdio do seu escritrio de estudos,especializado em gesto ambiental nos setores de saneamento, indstria e imobilirio, aEngebio participou da equipe de coordenao com apoio tcnico e na gesto ao longo detodo o projeto.

    Engebio: www.engebio.net.

    FAMURS

    A Federao das Associaes de Municpios do Rio Grande do Sul(FAMURS) a instituio querepresenta e defende os interesses dos 497 municpios do RS e das 27 associaes de municpios que acompem. A sua rea de atuao simultaneamente institucional, poltica e tcnica.

    A FAMURS intervm para o fortalecimento das capacidades dos municpios e dos seus agentes

    pblicos. Ela assessora as diferentes prefeituras em suas misses locais.Enquanto entidade de referncia na representao dos municpios do RS, a FAMURS surgiu comoum parceiro natural para a elaborao do presente Guia. A Federao prestou apoio equipe desde aprpria concepo do projeto at a sua concluso, fornecendo aos consultores elementos essenciaisreferentes s competncias municipais e s diculdades encontradas pelos gestores locais, alm de ofe-recer uma ajuda no desprezvel na divulgao deste estudo.

    FAMURS: www.famurs.com.br

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    ISCA E FUNDAO GAIA

    O Instituto Saberes e Cuidados Ambientais(ISCA) uma ONG do Rio Grande do Sul que desen-

    volve projetos interinstitucionais visando sensibilizar e oferecer informaes acerca das principais tem-ticas ambientais. A ISCA desenvolveu o personagem cartum LUTZ em parceria com a Fundao Gaia,uma ONG instituda pelo ambientalista Jos Lutzenberger em 1987 e, atualmente, presidida por sua lha,Lara. A Fundao Gaia visa contribuir atravs de atividades diversas de sensibilizao e educao para aconstituio de uma cultura cidad sustentvel, que promova a qualidade de vida em consonncia coma preservao ambiental e da diversidade cultural.

    A ISCA e a Fundao Gaia tm apoiado o projeto deste Guia desde a sua elaborao. Alm de apoiologstico e assessoria por parte da ISCA, o projeto tambm contou com a parceria da Fundao Gaia queautorizou o uso da imagem e a caricatura de Jos Lutzenberger neste Guia, cuja ilustrao foi realizadapelo artista Edgar Vasques.

    Fundao Gaia: www.fgaia.org.brISCA: [email protected]

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    COMIT TCNICO

    Para a elaborao deste Guia, a equipe de projeto mobilizou um Comit Tcnico composto por ins-tituies de referncia nas diferentes reas do estudo. Essas instituies aceitaram validar as propostastcnicas da equipe e complementaram o estudo.

    O Comit Tcnico composto pelas seguintes instituies:

    A SEMA, Secretaria Estadual do Meio Ambiente, o principal benecirio do estudo e um parcei-

    ro tcnico fundamental. Os seus tcnicos acompanharam o trabalho dos consultores no projeto. Cabenotar a participao do Programa RS Biodiversidadesobre as questes ligadas biodiversidade e aosecossistemas locais. Deve-se destacar tambm a participao especial do DEFAP(Departamento de Flo-restas e reas Protegidas) nas questes associadas biodiversidade e aos ecossistemas locais.

    A FEPAM, Fundao Estadual de Proteo Ambiental Henrique Luiz Roessler do Rio Grande do Sul,

    uma parceira tcnica de primeira ordem. Os seus tcnicos acompanharam a elaborao das recomen-daes deste Guia.FEPAM: www.fepam.rs.gov.br

    A Engebio outra parceira essencial do Comit Tcnico deste projeto, tendo acompanhado a ela-borao do conjunto das recomendaes deste Guia.

    A EMBARQ Brasil uma organizao internacional que presta apoio aosgovernos e empresas no desenvolvimento e implementao de solues sus-tentveis para os problemas de transporte e de mobilidade urbana nas cidadesbrasileiras. Criada em 2005, integra a Rede EMBARQ, que tem sua sede mundial em Washington D.C.(EUA), dentro do WRI (World Resources Institute). Essa renomada organizao acompanhou o trabalhodos consultores referente s boas prticas relativas ao setor de transporte e urbanismo.

    EMBARQ Brasil: www.embarqbrasil.org- www.thecityxbrasil.com

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    O SINDUSCON-RS o Sindicato da Indstria da Construo Civil do Estado do RS.Sua organizao conta com 300 empresas associadas e cerca de 4.000 empresas regis-

    tradas. Esse reconhecido sindicato tem como misso representar e informar o setor daconstruo civil, visto que dispe de elevada capacitao tcnica acerca das questesligadas ao setor da construo civil e conhecimentos sobre as oportunidades e dicul-dades do setor. O SINDUSCON-RS acompanhou o trabalho dos consultores para as boas prticas relativasao setor da construo civil.

    SINDUSCON RS: www.sinduscon-rs.com.br

    A ABES-RS, Associao Brasileira de Engenharia Sanitria e Ambientaldo Estado do RS, uma referncia na regio e no Brasil. Os seus membros sotcnicos reconhecidos sobre as questes ambientais e realizam reexes internas sobre os grandesdesaos e programas ambientais. Instituio de referncia, sua expertise auxiliou o trabalho dos con-sultores sobre as boas prticas relativas ao setor dos resduos e do saneamento.

    ABES: www.abes-rs.org.br

    EMATER-RS a representante no Rio Grande do Sul da Empresade Assistncia Tcnica e Extenso Rural. A EMATER-RS oferece apoio ins-titucional e tcnico agricultura familiar gacha atravs de mais de 2 mil agentes e representaes emtodos os municpios do Estado. A misso da EMATER-RS a promoo do desenvolvimento rural susten-tvel, por intermdio de aes educativas e participativas para o fortalecimento da agricultura familiar. A

    instituio acompanhou o trabalho dos consultores para as boas prticas na agropecuria.EMATER/RS: www.emater.tche.br

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    AGRADECIMENTOS

    A equipe de consultores da EnvirOconsult gostaria de expressar o seu reconhecimento a todos osatores brasileiros e, antes de tudo, aos gachos, que colaboraram para a realizao do estudo e permi-tiram o sucesso deste trabalho.

    Agradecemos ao principal benecirio do Guia, a Secretaria do Meio Ambiente do Rio Grande doSul (SEMA), pelo seu acolhimento, pelo apoio oferecido na elaborao do projeto e pelo seu compro-metimento com o estudo. A equipe agradece a todos os tcnicos da SEMA, incluindo os servidores doDEFAP e do programa RS Biodiversidade, e da FEPAM que colaboraram com este Guia.

    Agradecemos tambm Agncia Francesa do Meio Ambiente e da Gesto da Energia (ADEME)pelo seu apoio tcnico, institucional e nanceiro.

    A equipe gostaria de agradecer ao Comit Tcnico responsvel pelo projeto que acompanhou osconsultores na elaborao das recomendaes deste Guia e na validao do estudo, incluindo FAMURS,ABES, Engebio, EMBARQ Brasil, SINDUSCON e EMATER-RS.

    A equipe agradece tambm ONG ISCA e Fundao Gaia pelo seu apoio ao longo do projeto epela sua parceria na ilustrao deste Guia.

    Finalmente, a equipe agradece aos municpios que cooperaram na elaborao do Captulo 3 desteGuia, que disponibilizaram suas experincias e expertisesatravs de entrevistas e materiais:

    Porto Alegre - Equipe de Controle e Combate Poluio Hdrica e Atmosfrica da Secretaria Muni-cipal do Meio Ambiente (SMAM);

    So Leopoldo - Secretaria Municipal do Meio Ambiente;Nova Hartz - Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana e Cmara Municipal;Belo Horizonte - Comit Municipal para as Mudanas Climticas e para a Ecincia Energtica da

    Secretaria Municipal do Meio Ambiente;Novo Xingu - Prefeitura;Sorocaba - Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Departamento de Educao Ambiental e De-

    partamento de Gesto Ambiental.

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    CAPTULO 1

    QUALIDADE DO AR, MUDANAS CLIMTICAS E ENERGIA:QUAIS DESAFIOS E QUAIS ARTICULAES?

    O QUE A POLUIO ATMOSFRICA?

    A poluio atmosfrica composta de dois aspectos bem distintos:A poluio da baixa atmosfera,visvel no cotidiano, afeta diretamente a nossa sade em nvel lo-

    cal. O ar que respiramos majoritariamente composto por nitrognio (aproximadamente 78%) e oxig-nio (aproximadamente 21%). O 1% restante composto por vrios gases e por poluentes atmosfricosgerados, na sua maioria, pelas atividades humanas, por exemplo, a indstria e o transporte. Do nvel deconcentrao desses poluentes na atmosfera depende a qualidade do arque respiramos no dia-a-dia. Aluta contra essa poluio intensicou-se ao longo do sculo 20 e a sua integrao nas polticas pblicasest em crescimento.

    Apoluio responsvel pelas mudanas climticas age ao nvel da alta atmosfera e afeta o equi-lbrio do planeta, mas tem consequncias locais. Essa poluio devida s emisses antrpicas de gases

    de efeito estufa(GEE) que provocam um excesso da concentrao desses gases na atmosfera. As emis-ses so majoritariamente oriundas da combusto para gerao de energia, utilizada na queima doscombustveis dos veculos ou na produo de eletricidade, alm da poluio causada pelas atividadesagrcolas e pelo uso dos solos.A problemtica das mudanas climticas uma preocupao mais re-cente do que a poluio atmosfrica. Porm, ganhou rapidamente amplitude internacional. A tomada deconscincia crescente e as respostas locaispara este novo desao se multiplicam.

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    O presente Captulo apresenta informaes tcnicas e institucionais sobre as questes relativass mudanas climticas, poluio atmosfrica e gesto da energia. Aps uma breve apresentaodo perl dos municpios gachos, aos quais dedicada esta publicao, sero abordados os impactosdessas questes ambientais, os setores essenciais para as aes ambientais e as ferramentas nacionais e

    internacionais disponveis para a atuao do poder local.

    Figura 1 - Esquema dos desaos ligados qualidade do ar e smudanas climticas (Fonte: Elaborao EnvirOconsult)

    Figura 2 - Lista dos principais poluentes atmosfricos e principaisgases de efeito estufa (Fonte: Elaborao EnvirOconsult)

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    PERFIL DOS MUNICPIOS NO RIO GRANDE DO SUL

    O presente guia principalmente voltado aos responsveis polticos e tcnicos dos municpios doRio Grande do Sul. As boas prticas propostas baseiam-se nas atribuies da administrao municipal.Por outro lado, as aes da administrao municipal podero ter impacto no territrio municipal e nosoutros atores envolvidos.

    O Estado do Rio Grande do Sul composto por497 municpios, com uma populao absoluta deaproximadamente 10.695.532 habitantes (ano base 2010), com sua distribuio demogrca apresenta-da na Figura 3.

    Existe uma heterogeneidade no territrioem termos de tamanho dos municpios, muitomais extensos na poro Sul/Sudoeste do Esta-do. Da mesma forma, a populao est divididade modo desigual no territrio, estando majo-

    ritariamente concentrada nas grandes regiesmetropolitanas, especialmente em Porto Ale-gre, Caxias do Sul e Rio Grande.

    A grande maioria destes municpios sode tamanho pequeno. Aproximadamente97% tm menos de 100 mil habitantes e 50%

    da populao est concentrada em 3% dos mu-nicpios. No total, 85% dos gachos vivem emmeio urbano.1

    1 Atlas Socioeconmico do RS, SEPLAG, 2007

    Figura 3 - A populao do Rio Grande do Sul em 2010, por municpio(Fonte: Atlas Socioeconmico do RS, SEPLAG, 2007)

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    Figura 4 - A diviso dos municpios do Rio Grande do Sulpor nmero de habitantes (Fonte: FAMURS, 31/08/2011)

    Figura 5 - Taxa de urbanizao dos municpios no Rio Grande do Sul,em 2010 (Fonte: Atlas Socioeconmico do RS, SEPLAG, 2007)

    A maioria dos municpios do Rio Grande do Sul rural. Mais da metade dos pequenos municpios(com menos de 10 mil habitantes) tm taxa de urbanizao inferior a 50%. Somente 4 municpios no

    possuem zona rural no seu territrio: Porto Alegre, Canoas, Alvorada e Cachoeirinha. A urbanizao dosmunicpios gachos ilustrada na gura abaixo.

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    1. POR QUE INTERVIR?

    1.1. PORQUE A POLUIO ATMOSFRICAAMEAA A SADE DA MINHA POPULAO

    Os fenmenos de urbanizao destas lti-mas dcadas tm multiplicado as fontes de emis-ses de poluentes: a deteriorao generalizada

    da qualidade do ar tem graves impactos sobre asade das populaes, tais como complicaesrespiratrias e cardacas.

    Por conseguinte, a poluio atmosfrica antes de tudo um desao de sade pblica,atingindo tanto os pases desenvolvidos quantoos pases emergentes ou em desenvolvimento.Sabemos que o impacto sanitrio da poluioem termos humanos e econmico muito ele-vado. A Organizao Mundial da Sade (OMS)estima que a poluio atmosfrica em meio ur-bano responsvel por 1,3 milho de mortes nomundo por ano.2

    A sade respiratria e cardiovasculardoscidados da sua cidade depende diretamente donvel de poluio atmosfrica. A exposio ocorreao ar livre, mas existe tambm no interior das edicaes. Nos ambientes internos, os poluentes vindosda rua somam-se aos emitidos nos espaos fechados. Assim, a concentrao dos poluentes atmosfricos

    2 http://www.who.int/mediacentre/fatsheets/fs313/fr/index.html

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    e sua toxicidade so frequentemente mais elevadas nos ambientes internos do que ao ar livre.A poluio atmosfrica um desao local cujo impacto sentido pela populao do municpio e

    pelas cidades prximas.

    Entretanto, a exposio aos poluentes atmosfricos escapa em grande parte ao con-trole individual e requer que as autoridades pblicas tomem medidas nos nveis federal,estadual e local. A esfera municipal privilegiada quando se trata de lanar medidas adap-

    tadas reduo dessa poluio.

    VOC SABIA?

    A poluio atmosfrica provoca perturbaes importantes nofuncionamento natural dos ecossistemas e na produtividade agrcola,inclusive quando esto longes das fontes de emisses:

    As concentraes atmosfricasde cidos desequilibram os meiosnaturais;

    O ozniocausa a queda de rendimento das orestas e plantaes;

    As poeiras e partculastransportam substncias txicas capazesde se xarem na superfcie dos vegetais, gerando forte risco de contami-nao para o homem e o animal em caso de consumo.

    Finalmente, a poluio atmosfrica deteriora o patrimnio (mu-dana e perda da colorao das edicaes, sujeira e ainda a perda de

    matria).

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    1.2. PORQUE AS MUDANAS CLIMTICAS IMPACTAM DIRETAMENTE O MEUMUNICPIO

    O efeito estufa um fenmeno naturalindispensvel vida na Terra. Vrios gases, os gases deefeito estufa(GEE), formam uma barreira natural em torno do planeta que captura a calor das radiaessolares na atmosfera. Sem o efeito estufa, a temperatura mdia do nosso planeta seria de -18C. Sua pre-sena mantm uma temperatura mdia de +15Ce garante a vida na Terra.

    Desde a Revoluo Industrial ocorrida na Europa Ocidental (1850), as atividades humanas emitem GEEadicionais que se acumulam na atmosfera e retm mais calor que em uma congurao natural. Esse efeitoestufa antrpico provoca um aquecimento anormal da atmosfera e desregula o nosso clima a uma velocidadesem precedentes na Histria da humanidade, gerando graves consequncias no planeta e nas populaes.

    A temperatura mundial aumentou em mdia 0,74Cnos ltimos 100 anos. O nvel do mar causa-do por este aquecimento e o derretimento das calotas polares elevou-se em 17cm, em ritmo acelerado

    desde 1993 (+3 mm/ano).

    Figura 6 - Representao esquemtica do fenmeno do efeito estufa

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    Atualmente, urgente intervir.

    Nesse contexto de urgncia, as autoridades pblicas podem implementar aes para a mitiga-o e a adaptaodas mudanas climticas. A longo prazo, a mitigao tem como objetivo reduzir ascausas das mudanas climticas, reduzindo as fontes emissoras de GEE. A adaptao visa preparar aspopulaes para as consequnciasimediatas das alteraes do clima.

    1.2.1. QUAIS SO AS MUDANAS CLIMTICAS NO RIO GRANDE DO SUL?

    Alteraes climticas j foram observadas no Rio Grande do Sulao longo dos cem ltimos anos. Os peritos preveem que esses impactossero intensicados durante o sculo 21:3

    Aumento das temperaturas entre 1C e 4C, de hoje ato ano 2100 [INPE, IF] e reduo do nmeros de dias frios intenso [EM-

    BRAPA]. Aumento das precipitaes vericado desde 1960 [GIEC],

    com elevao prevista entre 5% e 10%, de hoje at o ano 2050 [INPE, IF]. Aumento dos eventos climticos de carter extremo, da

    ocorrncia de chuva intensa e do nmero de dias secos consecutivos,vericados desde 1950 [GIEC], intensicao no futuro.

    importante ressaltar aqui que o quinto relatrio do Painel Inter-governamental sobre Mudanas Climticas (IPCC, na sigla em ingls), da Organizao das Na-es Unidas (ONU), refora essas tendncias. O documento indica que a probabilidade de con-rmao das pesquisas realizadas at hoje, apontando a inuncia da atividade humana como principalcausa do aquecimento global, de 95%. O IPCC uma entidade cientca aberta a todos os pases inte-grantes da ONU. O quinto relatrio contou com o trabalho de 259 pesquisadores-autores de 39 naes e

    3 Relatrio de diagnstico do Plano Ar-Clima-Energia do Rio Grande do Sul, Frana/SEMA/FEPAM, EnvirOconsult , Engebio, Voltalia, Junho de 2010

    Figura 7 - Aumento da temperaturaprevista para o perodo compreen-dido entre 2071-2100 (Fonte: INPE,

    Marengo, 2008)

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    foi divulgado em setembro de 2013 duranteconferncia da qual participaram 195 pases.

    O Rio Grande do Sul um dos Estados brasi-leiros mais afetados pelas mudanas climticas, com348 desastres naturaisregistrados desde 2008.4

    Aumento da vazo dos cursos dguade20% a 40%, entre 1970 e 2000, e aumento previsto de30% a 40%, entre 2041 e 2060 [INPE].

    Aumento do nvel do mar de 4mm/anonos ltimos 50 anos [INPE].

    VOC SABIA?

    O preo a pagar pelos impactos das mudanas cli-mticas bem superior que o preo de se evit-las

    O Relatrio Stern (estudo encomendado pelo governo britnico sobre os efeitosdas mudanas climticas na economia mundial) estima que o PIB mundial poderia sofreruma reduo anual de 5% a 20%, decorrente dos impactos econmicos das mudanas

    climticas. Em contrapartida, reduzir desde j as emisses de GEE no custaria nada almde 1% do PIB por ano.No Rio Grande do Sul, o custo das mudanas climticas j muito elevado!

    4 Relatrio de diagnstico do Plano Ar-Clima-Energia do Rio Grande do Sul, op.cit.

    Figura 8 - Tendncia de fortes chuvas na Amrica Latina(1951-2000) (Fonte: INPE, Marengo, 2008)

    Observaes R10mm

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    1.2.2. QUAIS SO AS CONSEQUNCIAS FUTURAS DAS ALTERAES DO CLIMA NO MEUMUNICPIO?

    AMEAAS AOS RECURSOS HDRICOSFalta de gua e conitos de uso devidos intensidade das secas e aos desaos ligados ao abaste-

    cimento da populao, da agricultura e da indstria tendem a se intensicar.

    ECOSSISTEMAS FRAGILIZADOS: BIOMAS PAMPAS, MATA ATLNTICA E ZONAS COSTEIRASPerda e redistribuio de habitats e de espcies, invaso de espcies oportunistas, mudanas nas

    caratersticas dos solos, na siologia das espcies e na produtividade dos ecossistemas.

    CUSTO ECONMICO ELEVADOA ttulo de exemplo, o impacto socioeconmico dos eventos de carter extremo no Rio Grande do

    Sul, entre novembro de 2009 e janeiro de 2010, foi estimado em R$ 3,7 milhes.Entre 1985 e 2005, as secas causaram a perda de 37,2 milhes de toneladas de soja e de milho no

    Rio Grande do Sul. Em janeiro de 2012, a EMATER estimou que a seca do ms de dezembro de 2011 haviacausado uma perda de R$ 2 bilhes para a agricultura gacha em relao safra de 2010-2011.

    Figura 9: Impactos socioeconmicos dos eventos extremos no

    RS (Fonte: Defesa Civil)

    Situao Nov-Dez 2009 Jan-2010

    Municpios atingidos 244 82

    Populao afetada 1.413.273 356.155

    Danos materiais R$ 904.517 R$ 254.008

    Danos ambientais R$ 92.020 R$ 30.586

    Prejuzos econmicos R$ 1.887.873 R$ 428.062

    Prejuzos sociais R$ 142.621 R$ 20.093

    Danos + Prejuzos R$ 3.020.878 R$ 732.750

    Total do trimestre R$ 3.753.629

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    CUSTO SOCIAL ELEVADOEm 2009, 1,1 milho de pessoas foram afetadas pelas secas, 80 mil pelas tempestades, 72 milpelas

    inundaes e 67 mil pelo granizo [INPE]. Ainda, as mudanas climticas so geradoras de desigualdadessociais: as reas de pobreza e de precariedade sofrem mais com os impactos das alteraes climticas.5

    As mudanas climticas so um problema global, associado ao desequilbrio doplaneta. Por conseguinte, as respostas locais, tanto em termos de reduo das emisses

    quanto de adaptao aos impactos j inevitveis das mudanas climticas so uma neces-sidade para cada municpio.

    1.3. PORQUE O NOSSO MODELO ENERGTICO NO VIVEL

    85% do consumo primrio de energia mun-dial de origem fssil(petrleo, gs, carvo), umrecurso nito, em vias de esgotamento e cada vezmais caro. Em um ano, ns consumimos o que a Ter-ra levou um milho de anos para estocar [AIE]. Essasreservas no se reconstituem na escala temporal dohomem.

    Portanto, o nosso desenvolvimento depen-dente das quantidades disponveis de recursos fs-seis e do preo desses recursos, fortemente indexa-do pela sua raridade. As descobertas de reservas depetrleo, em reduo constante j h 20 anos, no

    5

    Relatrio de diagnstico do Plano Ar-Clima-Energia do Rio Grande do Sul, op.cit.

    Figura 10 - Evoluo da cotao do barril de petrleo em dlares,entre 1970 e 2011 (Fonte: http://france-ination.com/graph_oil)

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    possibilitam compensar o aumento regular do consumo de energia. No Brasil, as necessidades energti-cas apresentam um crescimento particularmente forte.

    Estamos entrando em um mundo energtico muito vulnervelem relao a vrios riscos: paz,desenvolvimento, crescimento, emprego, coeso social, qualidade de vida, abastecimento etc. Por outrolado, esta rarefao gera um aumento contnuo do preo da energia, revelando a forte vulnerabilidadeeconmica das nossas cidades e pases.

    O consumo de combustveis fsseis a principal fonte de emisses de gases, tanto poluentes at-mosfricos quanto GEE. Dessa forma, a energia uma problemtica transversal e uma ferramenta privi-

    legiada para reduzir a poluio do ar e mitigar as mudanas climticas.

    Economizar a energia e utilizar as energias renovveis so aes que fomentam aproteo do clima e a melhoria da qualidade do ar no seu municpio. Trata-se das chavespara um futuro sustentvel, constituem o centro das aes que voc pode implementar emnvel local.

    VOC SABIA?

    A inteligncia energtica a servio das preocupaes locaisConsumir melhor e utilizar menos energia tambm

    Garantir o desenvolvimentoeconmico local e o emprego, pela substi-

    tuio da energia importada pela inteligncia humana Lutar contra a insucinciaenergtica

    Reduzir a poluio atmosfrica e as emisses de GEE Reduzir a vulnerabilidadeenergtica e climtica do seu territrio, prote-

    gendo os habitantes contra os imprevistos Atuar desde j para preparar o futuro

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    1.4. PARA INSERIR-SE NA DINMICA INTERNACIONAL

    1.4.1. A POLUIO ATMOSFRICA: A OMS COMO REFERNCIA MUNDIAL

    A Organizao Mundial da Sade (OMS) a referncia internacional para osimpactos sanitrios dos poluentes atmosfricos. Responsvel pela realizao depesquisas sobre as relaes existentes entre poluio e sade, fornece informaesacerca deste problema e estabelece critrios para a qualidade do ar.

    As diretrizes da OMS 2005, relativas qualidade do ar, fornecem orientaesmundiais fundamentadas na avaliao dos atuais dados cientcos compilados pelosespecialistas. O objetivo da organizao reduzir as consequncias da poluio atmosfrica na sade. 6

    A OMS recomenda, em especial, valores mdios de concentraopara os seguintes poluentes:partculas em suspenso, oznio, dixido de nitrognio e dixido de enxofre.

    1.4.2. AS MUDANAS CLIMTICAS: PROBLEMA GLOBAL, RESPOSTA INTERNACIONAL

    Em face de um fenmeno to complexo quanto s mudanas clim-ticas, a comunidade internacional mobiliza-se desde 1988, a m de criar oGrupo Intergovernamental de Especialistas sobre a Evoluo do Cli-ma(GIEC). A tarefa do grupo analisar e sintetizar os trabalhos de pesqui-

    sa publicados no mbito da climatologia e das diversas disciplinas que fornecem informaes sobre as

    causas e consequncias da evoluo climtica.O primeiro relatrio do GIEC, em 1990, foi o sinal de alerta lanado pela comunidade cientca

    para colocar em evidncia o crescimento da concentrao de GEE na atmosfera. Aps esse relatrio, aCpula da Terra, realizada no Rio de Janeiro em 1992, foi a oportunidade para estabelecer o texto daConveno-Quadro das Naes Unidas sobre as Mudanas do Clima (UNFCCC).

    6

    OMS: http://www.who.int/mediacentre/fatsheets/fs313/en/index.html

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    Os pases signatrios da Conveno assumiram, entre outros compromissos, a apresentao anualdas suas emisses de GEE (inventrios carbono). Os mesmos devem preparar (e comunicar) programas

    nacionais para mitigar as mudanas climticas e elaborar estratgias de adaptao aos efeitos dessasmudanas.

    O Brasil signatrio da Conveno.O ano de 1997 representou um marco na ao internacional de combate contra as mudanas cli-

    mticas: foi criado o Protocolo de Kyoto, acordo jurdico que obriga os Estados a alcanarem objetivosquanticados de reduo de emisso de GEE, xados aps uma negociao multilateral.

    1.5. PORQUE O ESTADO FEDERAL ESTABELECEU OBJETIVOS EM RELAO SQUESTES AR, CLIMA E ENERGIA

    1.5.1. NORMAS NACIONAIS PARA CONTROLAR A POLUIO ATMOSFRICA

    O Programa Nacional de Controle da Poluio do Ar (PRONAR) o texto chave para o controleda poluio em nvel federal (Resoluo CONAMA n05, 1989).7

    A QUALIDADE DO AR AMBIENTEA Resoluo CONAMA 03/19908 regulamenta o PRONAR, xando valores limite para as concentra-

    es no ar ambiente dos principais poluentes atmosfricos, bem como os limites extremos para a poluio.

    AS EMISSES INDUSTRIAISA Resoluo CONAMA 382, datada de 2006,9estabelece limites de emisses de poluentes atmos-

    fricos para as indstrias e outras instalaes poluentes.

    7 Resoluo CONAMA n005, de 15 junho de 1989, http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/resolucao_conama_n_005_pronar.pdf8 Resoluo CONAMA n003, de 28 de junho de 1990, http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res90/res0390.html9

    Resoluo CONAMA n382, de 26 de dezembro de 2006 http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/conama_382_substituicao_do_diesel.pdf

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    AS EMISSES VEICULARES

    O Governo Federal controla h vrios anos a qualidade dos combustveis veiculares. Porm, a pol-

    tica nacional sobre emisses nos transportes recente. Em 2010, o Ministrio do Meio Ambiente publi-cou o 1oInventrio Nacional das Emissesde poluentes atmosfricos dos veculos rodovirios.10Por

    outro lado, os Estados tm a obrigao de publicar os seus Planos Estaduais de Controle da Poluio

    Veicular (PCPV). O controle das emisses e a gesto da rede de monitoramento da qualidade do ar so

    tambm uma responsabilidade dos Estados da Federao.

    1.5.2. UM DINAMISMO COMPROVADO NA MITIGAO DAS MUDANAS CLIMTICAS

    Na qualidade de pas signatrio do Protocolo de Kyoto e como membro do Anexo II, o Brasil no

    est submetido a obrigaes quanticadas de reduo ou de controle das suas emisses de GEE. En-

    tretanto, o Brasil aparece como um pas fundamental sobre a questo climtica, em nvel nacional e

    internacional.

    O marco regulatrio brasileiro referente s mudanas climticas articula-se em torno de dois tex-tos fundamentais:

    O Plano Nacional sobre Mudana do Clima.11

    A Lei sobre a Poltica Nacional de Mudanas Climticas, (Lei 12.187, 2009)

    Essa Lei estabelece uma meta nacional particularmente ambiciosa: reduzir entre 36,1% e 38,9% a

    tendncia de aumento das emisses de GEE no Brasil at 2020.12

    Por outro lado, a Lei 12.114 de 2009, criou o Fundo Nacional sobre Mudana do Clima13 cujo

    oramento para 2011 alcanou 226 milhes de reais.

    10 Primeiro inventrio nacional das emisses atmosfricas dos veculos rodovirio, Ministrio do Meio Ambiente, junho de 2011, http://www.mma.gov.br/estruturas/163/_p-

    blicoacao/163_pblicoacao27072011055200.pdf11 Plano Nacional sobre Mudana do Clim, Governo Federal, Braslia, dezembro de 2008, http://www.dialogue4s.de/_media/Brazil_Nacional_Climate_Change_Plan.pdf12 Lei instaurando a Poltica Nacional de Mudanas Climticas, de 29 de dezembro de 2009 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei/l12187.htm13

    Lei de criao do Fundo Nacional sobre Mudana do Clima, de 9 de dezembro de 2009, http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12114.htm

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    A Poltica Nacional sobre Mudana do Clima desdobrou-se em vrios Estados que colocaram em

    prtica polticas e programas a m de contriburem com os objetivos federais. Trata-se, por exemplo, do

    caso do Rio Grande do Sul que elaborou a Poltica Gacha sobre Mudanas Climticas.

    1.5.3. UMA POLTICA ENERGTICA CENTRALIZADA

    O Brasil caracterizado por uma forte centralizao do

    planejamento energtico a nvel federal e pela reduzida au-

    tonomia dos Estadosno gerenciamento da sua matriz ener-gtica. Esta congurao particularmente devida integra-

    o nacional da rede energtica, bem como aos desaos da

    interligao energtica com os pases vizinhos e situao especca de determinadas zonas fronteirias.

    Assim sendo, a maioria dos documentos regulamentares referentes ao planejamento energ-

    tico elaborada em nvel federal. Os principais documentos existentes so: o Plano Decenal de Expanso

    de Energia 2019; o Plano Nacional de Energia 2030; o Plano Nacional de Ecincia Energtica; o Plano

    Nacional de Agroenergia; o Programa Nacional de Produo e Uso de Biodiesel; o Programa de Incentivo

    s Fontes Alternativas de Energia Eltrica.

    Esta centralizao reduz as possibilidades de interveno dos Estados e dos municpios na pol-

    tica energtica, inclusive na esfera ambiental. No existe, por exemplo, documento de planejamento

    da matriz energticado Rio Grande do Sul, a contribuio sobre o tema no Estado est em torno daspublicaes anuais do Balano Energtico pela CEEE. O Frum Nacional das Secretarias de Estado de

    Energia (FNSE), criado em 1995, prope uma descentralizao deste planejamento e uma maior partici-

    pao dos Estados no processo poltico.14

    14

    Descentralizao e Participao, Planejamento e Gesto do Setor Energtico Brasileiro, FNSE, Agosto de 2010

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    Em contrapartida, o municpio pode desenvolver fontes de energia limpas implantando instala-

    es descentralizadas de energia renovvel. As energias renovveis constituem um eixo determinante

    para as boas prticas identicadas na segunda parte deste manual.

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    1.6. PORQUE O ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL EST SE ESTRUTURANDOSOBRE ESSAS QUESTES AMBIENTAIS

    1.6.1. O CONTROLE DA POLUIO ATMOSFRICA, ATRIBUIO HISTRICA DO ESTADO

    A Fundao Estadual de Proteo Ambiental do Rio Grande do Sul (FEPAM) o rgo responsvelpelo controle das concentraes de poluentes atmosfricosno ar ambiente, atravs da sua rede deestaes de monitoramento da qualidade do ar. Para tanto, segue os critrios estabelecidos pela resolu-

    o federal CONAMA 03/1990.Um ndice de qualidade do ar calculado pela FEPAM e divulgado atravs de um boletim dirio.O ndice se degrada quando ao menos um poluente ultrapassa o limite.

    A FEPAM o rgo responsvel pelo controle das emisses industriais por chamins, efetuadoprincipalmente durante o processo de entrega dos licenciamentos ambientais e pelo acompanhamentodos compromissos ambientais.

    O controle da poluio veicular um novo desao que o Estado do Rio Grande do Sul deveenfrentar. Duas resolues CONAMA, de 1994 e 1995, preveem a implementao do PCPV pelos rgosambientais locais, a m de enquadrar os programas de inspeo e de manuteno (I/M) dos veculos.Nesse contexto, o Estado elaborou em 2010 o seu prprio PCPV. Concebido conjuntamente pela FEPAMe pelo DETRAN, o PCPV/RS contm um Inventrio das Emissesde poluentes de fontes mveis no Es-tado, estabelecendo as etapas de execuo do Programa I/M.

    1.6.2. A NOVA POLTICA GACHA SOBRE MUDANAS CLIMTICAS

    Em 30 de dezembro de 2010, a Assembleia Legislativa gacha votou a Lei n 13.594, instaurandoa Poltica Gacha sobre Mudanas Climticas(PGMC), em vias de regulamentao pelo SEMA.

    A PGMC prev, no seu artigo 30, a implantao obrigatria no Estado de instrumentos, especial-mente:

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    A elaborao de uma metodologia de Inventrio de GEE para as empresas e administraes,bem como a publicao dos resultados;

    A elaborao do Plano Estadual sobre Mudanas Climticas; A criao do Frum Gacho de Mudanas Climticas. O Plano Estadual de Mudanas Climticas dever incluir metas estaduais de reduo das

    emisses, assim como objetivos setoriais.

    1.6.3. O PLANO AR-CLIMA-ENERGIA PACE/RS: UMA ORIGINALIDADE GACHA

    Entre maro de 2010 e junho de 2011, a Secretaria de Estado doMeio Ambiente do Rio Grande do Sul (SEMA) e a FEPAM elaboraram oPACE, em cooperao com o governo francs e com a sua Agncia doMeio Ambiente e da Gesto da Energia (ADEME).

    Projeto de cooperao indito entre a Frana e o Brasil, ele seinscreve em um contexto particularmente dinmico, propondo a

    transposio do novo marco regulatrio francs, promovendo umtratamento integrado das temticas Ar-Clima-Energia nas polticas deplanejamento e de desenvolvimento territorial.

    O PACE um documento de planejamento ambiental estrat-gicobaseado em um diagnstico que inclui um inventrio das emis-ses de GEE do RS, uma anlise das vulnerabilidades do territrio s

    mudanas climticas, uma auditoria da rede de monitoramento daqualidade do ar da FEPAM, assim como estudos de potencial de de-senvolvimento das energias renovveis no territrio.

    O PACE prope 54 recomendaes de aes ambientaisparaas autoridades estaduais, por grande setor de atividade (energia,transporte, agropecuria, resduos e saneamento, orestas e biodiversidade, atividades econmicas). Es-

    tas recomendaes devem permitir, no Rio Grande do Sul, a reduo e o controle das emisses estaduais

    Figura 11 - Relatrio final do PACE, disponvelpara download nos sites da SEMA e da FEPAM,

    Junho de 2011 (Fonte: Enviroconsult)

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    de poluentes atmosfricos e de GEE, alm de uma melhor gesto da energia e a adaptao do territrioestadual s mudanas climticas.

    Essa ferramenta de diagnstico e planejamento uma base para alcanar o desenvolvimento sus-tentvel no Estado do Rio Grande do Sul. uma caixa de ferramentas de boas prticasde planejamen-

    to, voltada para as coletividades locais. importante que os responsveis locais tomem conhecimentodas aes identicadas no PACE, para inspirar-se das recomendaes e implementar polticas coerentescom as aspiraes estaduais.15

    15 Plano Ar-Clima-Energia do Rio Grande do Sul-PACE/RS, SEMA-FEPAM/Frana Enviroconsult, Voltalia, Engebio, Julho de 2011,http://www.fepam.rs.gov.br/Documentoos_e_

    PDFs/RELATORIO_PACE_FINAL.pdf

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    1.7. PORQUE EU TENHO UMA RESPONSABILIDADE LOCAL

    1.7.1. OS MUNICPIOS SO UMA PARTE DO PROBLEMA

    Os municpios gachos contribuem, juntamente com o Estado, para a administrao e o plane-jamento territorial, para o seu desenvolvimento econmico, social, sanitrio, cultural e cientco, bemcomo para a melhoria da qualidade de vida e para a proteo ambiental. Na esfera das atribuies muni-cipais, as decises e aestm impactos sobre o aumento ou a reduo do efeito estufa e da poluioatmosfrica.

    Grande parte dos GEE e dos poluentes atmosfricos so emitidos pelas cidades, em razo dasatividades cotidianas, tais como, a produo de energia, o transporte, a gesto dos resduos, a utili-zao das edicaes, o consumo de energia nas indstrias locais etc. As reas urbanas concentrama maior parte da populao e das atividades econmicas e so, por outro lado, muito vulnerveis smudanas climticas.

    As atividades sob a responsabilidade do municpio nos seus limites territoriais so fontes de emis-

    so: o caso da gesto dos recursos hdricos e dos resduos, da iluminao pblica, do uso das edica-es pblicas, da frota municipal etc. Estima-se que em uma cidade mdia, a administrao pblica sejaresponsvel por aproximadamente 10% das emisses totaisda cidade.16

    O territrio municipal no se restringe zona urbana stricto sensu. Inclui tambm as reas indus-triais, as reas de natureza e de biodiversidade e as terras agrcolas, entre outras. Essas reas extraurbanasesto tambm estreitamente ligadas gesto ambiental, e tm um impacto signicativo nas emisses.

    Essas reas incluem zonas sob a autoridade municipal e reas sob a autoridade privada. No caso do setorprivado, o municpio pode e deve inuenciar os atores privados na direo de uma melhor gesto am-biental. No Rio Grande do Sul, que h uma grande superfcie agrcola e extensas reas de biodiversidade,essa interveno municipal ainda mais fundamental.

    16

    Mudanas climticas e desenvolvimento limpo: oportunidades para os governos locais, ICLEI

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    1.7.2. OS MUNICPIOS SO UMA PARTE DA SOLUO E BENEFICIAM-SE DAS AESAMBIENTAIS

    A participao de todos no esforo para reduzir as emisses essencial. Esse trabalho necessitauma estratgia global nos diferentes nveis de deciso: internacional, nacional e estadual. No entanto,uma abordagem localdessas questes, por intermdio de solues municipais, vai garantir a ecinciada mitigao das mudanas climticas e a reduo da poluio.

    O trabalho de reduo das emisses de GEE e de poluentes em nvel municipal, alm de contribuirnesse esforo ambiental global, fonte de inmeros benefcios para o municpio, por exemplo:

    Economias nanceiras, resultado da ecincia energtica e da racionalizao do uso dos com-bustveis;

    Preservao das reas verdes; Desenvolvimento econmico local e criao de empregos, atravs das obras destinadas e-

    cincia e dos novos sistemas energticos;

    Reduo da poluio atmosfrica local e dos custos associados sade pblica; Melhoria da mobilidade urbana e do trfego rodovirio; Elevao da qualidade de vida geral da populao.

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    2. EM QUAIS SETORES ATUAR?

    2.1. ATUAR ONDE EXERCIDO UMIMPACTO NA QUALIDADE DO AR

    A qualidade do ar que respiramos dependeespecialmente do nvel das emisses de poluen-tes atmosfricos em nosso territrio. A proximi-

    dadedos habitantes em relao s fontes de po-luio ter impacto em sua sade.

    As principais fontes de poluio atmosfri-ca presentes no territrio do Rio Grande do Sulso:

    2.1.1. O TRANSPORTE RODOVIRIO

    Em 2009, as emisses de xidos de nitrog-nio provenientes do transporte rodovirio foramestimadas em 64.380 toneladas, as emisses demonxido de carbono em 430.830 toneladas e asemisses de partculas em 2.400 toneladas.17

    O transporte considerado como a 1afon-te de poluio no RS.A repartio territorial dessas emisses muito desequilibrada, como ilustra omapa na pgina ao lado. A Regio Metropolitana de Porto Alegre concentra, sozinha, cerca de 40% dasemisses veiculares do Rio Grande do Sul.

    17 Plano de Controle da Poluio Veicular, 2010, FEPAM, p44

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    2.1.2. AS ATIVIDADES INDUSTRIAIS

    A contribuio industrial poluio atmosfrica no Estado est particularmente ligada a uma predo-minncia das centrais de carvo, renarias, petroqumicas e produtores de celulose.Outras atividades industriais presentes no territrio tambm so fontes de poluio: fabricao

    de fertilizantes, produo de tinta e verniz, indstria automotiva, indstria do cimento e do clnquer,enriquecimento e secagem de gros, centrais termeltricas movidas a leo combustvel, centrais terme-ltricas movidas biomassa, fundio, siderurgia, indstria da borracha, indstria caladista e metalurgiamecnica.

    2.1.3. A COMBUSTO DE MADEIRA

    Embora incertezas subsistam em relao aoconsumo exato de madeira como energia no RioGrande do Sul, esse setor aparenta ser o terceiro

    emissor de dixido de nitrognio (depois da inds-tria e do transporte) e um dos principais emissoresde monxido de carbono e partculas no territrio.18

    2.2. ATUAR ONDE EXERCIDO UMIMPACTO NAS MUDANAS CLIMTICAS

    Cada territrio contribui com as suas emissesao fenmeno global das mudanas climticas. Asemisses de GEE no Rio Grande do Sul foram estima-

    18 Relatrio Intermedirio do PACE-RS, Setembro 2010, SEMA-FEPAM/Frana Enviroconsult, Voltalia, Engebio, p110.

    Figura 12 - A contribuio das microrregies gachas no to-tal da poluio veicular do RS (Fonte: elaborado com base no

    PCPV-RS, 2010)

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    das em 59 milhes de teqCO2(toneladas equivalente CO

    2) para

    o ano de 2005,19ou seja, 5.60 teqCO2por habitante.

    As principais fontes de emisso de GEE no territrio doRio Grande do Sul so:

    2.2.1. O SETOR DA AGROPECURIA

    Este setor representa 67,8%das emisses do Estado, ex-cluindo-se o consumo energtico do setor. Aproximadamente48% das emisses deste setor so devidas fermentao ent-rica do rebanho bovino. Evidentemente, este resultado devi-do importncia da atividade agrcola no Estado. Solues parareduzir este impacto existem e podem, de forma signicativa,resultar em benefcios econmicos.

    2.2.2. O SETOR ENERGTICO

    Representando 27,2%das emisses do Estado, trata-sede um setor transversal que envolve o impacto do consumoenergtico em todos os setores de atividade, incluindo a in-dstria e a agricultura. 63% das emisses do setor energtico

    so devidas ao setor de transporte. O transporte rodovirioapresenta-se como a fonte maior de poluio atmosfrica e deemisses de GEE. Aes inteligentes nesse setor tero, portan-to, efeito multiplicador.

    19 Inventrio de gases do efeito estufa do Plano Ar, Clima e Energia do RS, FEPAM/Frana EnvirOcon-

    sult, Voltalia, Engebio, 2010

    Figura 13- Emisses de GEE por setor no RS.(Fonte: Inventrio GEE do RS, Plano Ar Clima

    Energia (PACE), Frana/FEPAM, 2010)(OBS: o inventrio de GEE RS no leva em contaas emisses e captaes de CO2 originadas nosetor orestal e do uso do solo, por falta de da-

    dos no perodo da sua elaborao)

    Figura 14 - As emisses de GEE do Brasil em2005 por setor - (Fonte: Inventrio GEE do Brasil,

    Relatrios de referncia do MCT, 2010)

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    2.2.3. OS OUTROS SETORES

    Os processos industriais e a gesto dos resduos slidos e lquidos so tambm fontes de emissesde GEE no Estado, indo alm do seu impacto em termos de consumo de energia. Embora a sua contri-buio nas emisses totais seja menor, so setores cujos meios de ao so numerosos e causam efeitosmultiplicadores positivos, tais como economias de energia na indstria ou uma melhor situao sanitriapara o setor dos resduos.

    2.2.4. COMO O RIO GRANDE DO SUL SE SITUA EM RELAO AO BRASIL E AO RESTANTE DOMUNDO?

    Em 2005, o Brasil emitia 1,27 bilho de teqCO2, incluindo o setor Floresta e uso do solo. Esse setor,

    e mais particularmente o desmatamento, representava 61% das emisses. Portanto, excluindo-se esse

    setor e usando um permetro similar ao Inventrio do Rio Grande do Sul, chegamos emisso de aproxi-

    madamente 871 milhes de teqCO2para o Brasil, ou seja, 4,71 teqCO

    2por habitante. Nesse cenrio, as

    emisses do RS por habitante so, por conseguinte, superiores s emisses nacionais.

    Para o mesmo ano, as emisses de Minas Geraisalcanavam 123 milhes de teqCO2, ou seja, 6,4

    teqCO2 por habitante.20A congurao das emisses do Estado de MG comparvel a do Rio Grande do

    Sul, com 51% emitidas pela agropecuria e 37% provenientes do setor energtico. O Estado do Rio de Ja-

    neiro, por outro lado, com 69,6 milhes de teqCO2 emitidas em 2005, tem muito mais emisses devidas

    ao setor energtico (62%) e indstria (15%), por ser um Estado mais urbano e industrial.

    20 Inventrio das emisses de GEE do Estado de Minas Gerais, SEMA/FEAM/Centro Clima, Belo Horizonte, 2008

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    VOC SABIA?

    Entre 1990 e 2005, as emisses anuais mundiais de CO2 aumenta-ram em 45%!Os pases desenvolvidos tm uma responsabilidade histrica. No entan-

    to, h alguns anos, os pases emergentes, tais como o Brasil, contribuem demodo crescente s emisses de GEE na atmosfera.

    Em 2005, as emisses mundiais eram da ordem de 44,153 bilhes de te-qCO2, de origem majoritariamente energtica (66%).

    (Fonte: Long term trend in global CO2 Emissions, 2011 report, JRC European Commis-

    sion, PBL Netherlands Environmental Assessment Agency e World Resources Institute)

    2.3. TRATAR CONJUNTAMENTE A QUALIDADE DO AR, AS MUDANASCLIMTICAS E A ENERGIA

    A melhoria da qualidade do ar e a mitigao das mudanas climticas devem, prioritariamente,passar pela reduo das emisses de poluentes. Algumas fontes de poluio so completamente dis-tintas e uma ao de reduo que traga benefcios em uma das dimenses ser relativamente neutrana outra. Porm, determinadas aes visando a reduo dos poluentes atmosfricos podem agravar asemisses de GEE, e vice-versa.

    ExemplosPromoo da energia da madeira: positiva do ponto de vista dos GEE (sem emisses), mas emisso-

    ra de partculas nas.Utilizao do combustvel Diesel: menos emissor de GEE que a gasolina, mas os gases de escapa-

    mento so mais nocivos ao nvel da sade.21

    21 OMS, junho de 2012

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    O l f i GEE d d d i j i d T

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    Os poluentes atmosfricos e os GEE devem ser tratados de maneira conjunta e integrada. Tantoos poluentes atmosfricos quanto os GEE so majoritariamente provenientes da mesma fonte: a com-

    busto de energia fssil (petrleo, carvo e gs natural). Toda estratgia visando reduzir o uso doscombustveis fsseis trar co-benefcios importantes para os dois temas.

    Esses elementos justicam a importncia de atuar na base de uma poltica local inte-grada para reduzir a poluio atmosfrica, mitigar as mudanas climticas e desenvolver aecincia energtica e as energias renovveis.

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    3 COM QUAIS MEIOS ATUAR?

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    3. COM QUAIS MEIOS ATUAR?

    3.1. UTILIZANDO ASFERRAMENTAS DE COOPERAO NADEFESA DA AO MUNICIPAL

    O artigo 4 da lei federal comple-mentar 14022 prev para o municpio umconjunto de ferramentas de cooperaopara facilitar a gesto da poltica ambien-tal: consrcios pblicosentre municpios,acordos de cooperao tcnica e instru-mentos similares com entidades ou rgospblicos, comisso tripartite nacional (re-presentantes dos executivos da Unio, dos

    Estados e dos municpios), fundos pbli-cos e privados, delegao da execuo deaes administrativas.23

    22 Lei complementar n140 de 8 de dezembro de 2011, que xa as

    normas [] para a cooperao entre a Unio, os Estados, o Distrito

    Federal e os Municpios nas aes administrativas decorrentes do

    exerccio da competncia comum relativa proteo das paisagens

    naturais notveis, proteo do meio ambiente, ao combate po-

    luio em qualquer de suas formas e preservao das orestas, da

    fauna e da ora [].23 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/Lcp140.htm

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    3 1 1 AS PARCERIAS INTERMUNICIPAIS

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    3.1.1. AS PARCERIAS INTERMUNICIPAIS

    A cooperao tcnica nacional e internacional uma ferramenta particularmente interessantepara atuar sobre a qualidade do ar e as mudanas climticas.

    O JUMELAGE24ENTRE CIDADES BRASILEIRAS

    A parceria entre cidades consiste no estabelecimentode relaes privilegiadas entre duas cidades ou municpios

    geogracamente distantes e politicamente distintas, a mde promover contatos humanos, laos culturais, trocas deconhecimentos e experincias.

    Vrios termos designam esta relao entre cidades:cidades-irms, jumelage, cooperao internacional munici-pal, cooperao entre cidades, cooperao descentralizada

    etc. Esse conceito privilegia um tipo de parceria mutuamen-te vantajosa, uma colaborao, de forma que as duas partesconjuguem os seus recursos para melhorias recprocas.

    Para solues ambientais, as parcerias entre cidades podem permitir, a custos reduzidos, o aportede conhecimentos e experincias para o municpio que no teria facilmente, de outra forma, a possibi-lidade de capacitar-se. Portanto, a cooperao tcnica uma soluo privilegiada para atuar ao nvel

    municipal sobre a poluio atmosfrica, as mudanas climticas e as energias renovveis.Em nvel nacional, a cooperao tcnica com cidades brasileiras que esto em um estgio avanado nes-sas questes, tais como o Rio de Janeiro, So Paulo ou Belo Horizonte, ou com municpios menores que tenhamimplementado projetos inovadores, pode trazer muitos benefcios para um municpio pouco capacitado.

    24 NT.:Jumelagede Cidades: costume que consiste em declarar gmeas duas cidades situadas em dois pases ou estados distintos, a m de suscitar intercmbios entre elas

    (de jumeau: gmeo).

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    OS JUMELAGES INTERNACIONAIS

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    OS JUMELAGES INTERNACIONAIS

    Em nvel internacional, as parcerias municipais so particularmente pertinentes a m que se tireproveito localmente dos conhecimentos e experincias j implementadas em municpios europeus ououtros. Os municpios brasileiros interessados nestas cooperaes devero passar pelos mecanismosde cooperao tcnica internacional desenvolvidos pela Agncia Brasileira de Cooperao (ABC), e po-dero se apoiar no seus recursos tcnicos25. A ABC serve como intermedirio em cooperaes com assuas agncias parceiras: BID, agncias ligadas ONU, OMS, UE (multilateral) e os seus pases parceiros:Alemanha (GIZ), Canad (CIDA), Espanha (AECID), Frana (IRD, CIRAD), Itlia (DGCS), Japo (JICA), ReinoUnido (DFID) (bilateral).

    VOC SABIA?

    Voc pode utilizar a cooperao franco-brasileira e o jumelage nos seus pro-jetos ambientais!

    No incio de 2009, o Estado de So Paulo e a Regio Provence Alpes Ctes dAzurassinaram um acordo de cooperao ambiental e de desenvolvimento sustentvel, de-dicado preservao de unidades de conservao brasileiras.

    AS REDES INTERNACIONAIS DE CIDADESEsta experincia bilateral pode ser conduzida em escala mais ampla, reunindo mais de uma cidade,

    com o objetivo de transferir conhecimentos e compartilhar experincias.Em nvel mundial, os eleitos de vrias grandes cidades se reuniram no Conselho Mundial de Pre-

    feitos sobre Mudanas Climticas (World Council Mayor on Climate Change)26 representando uma vasta

    rede de governos locais que trabalham em conjunto para a reduo das emisses de GEE. Essa iniciativa,

    25 ABC: http://www.abc.gov.br26 World Council Mayor on Climate Change: http://www.worldmayorscouncil.org/

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    conduzida pelo movimento Governos Locais pela Sustentabilidade (ICLEI) ser detalhada mais adian-

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    conduzida pelo movimento Governos Locais pela Sustentabilidade(ICLEI), ser detalhada mais adian

    te, na parte nanciamento.

    A Unio Europeia est tambm ativa na operacionalizao de iniciativas que renam diversas auto-ridades locais. Dentre as mais importantes iniciativas, podemos citar a Conveno dos Prefeitos (Pacto de

    Autarcas),27principal movimento europeu reunindo as autoridades locais e regionais para o desenvolvi-

    mento da ecincia energtica e das energias renovveis, alm de redes como EnergyCities28e Eurocities,29

    as quais aceitam, mediante algumas condies, pases no europeus como membros da associao.

    Outra iniciativa a destacar a rede URB-AL,30programa de cooperao regional entre a Amrica La-

    tina e a Europa, atualmente suspenso, mas que permitiu a implantao de projetos que reuniram vriosmunicpios dos dois continentes, com o objetivo de divulgar as boas prticas em matria de desenvolvi-

    mento local europeu e latino-americano, respeitando as especicidades locais.

    Finalmente, existe uma rede de cooperao prpria na Amrica Latina: a rede Mercocidades que re-

    ne governos locais dos pases integrantes do Mercosul e dos pases associados (Argentina, Brasil, Paraguai,

    Uruguai, Venezuela, Bolvia, Chile e Peru),31tratando de diversas problemticas locais. A unidade temtica

    Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentvel aborda especialmente a questo da poluio atmosfrica.

    OS CONSRCIOS PBLICOSO consrcio pblico uma pessoa jurdica exclusivamente formada por entidades da Federao

    (Unio, Distrito Federal, Estados e municpios) cujo objetivo consiste em estabelecer relaes de coope-

    rao para a realizao de objetivos comuns [Decreto 6.017 de 2007]. Em um contexto de multiplicao

    das atribuies municipais, o consrcio pblico tornou-se uma ferramenta fundamental na gesto am-

    biental nos municpios. Trata-se de uma soluo particularmente pertinente e ecaz para as questes

    ambientais.

    27 Pato das Autarcas: http://www.patodeautarcas.eu/index_pt.html28 Energycities: http://www.energy-cities.eu29 Eurocities: http://www.eurocities.eu30 URB-AL: http://ec.europa.eu/europaaid/where/latin-america/regional-cooperao/urbal/index_en.htm31 Rede Mercocidades: paradiplomacia das cidades do Mercosul

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    O consrcio pblico pode particularmente intervir nos seguintes setores: gesto dos resduos, ha-

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    O consrcio pblico pode particularmente intervir nos seguintes setores: gesto dos resduos, habitat, desenvolvimento econmico, desenvolvimento urbano, sade pblica, educao pblica, trans-

    porte. Todos esses setores so objeto das aes de boas prticas apresentadas neste guia.Em 2011, a Caixa Econmica (em parceria com a Secretaria de Relaes Internacionais da Presi-dncia) publicou um Guia completo sobre os consrcios pblicos, orientando os gestores municipais nacriao e operacionalizao de consrcios.32

    3.2. BASEANDO-ME NAS COMPETNCIAS MUNICIPAIS

    Segundo a Constituio brasileira de 1988, a proteo da sade pblica, do meio ambiente, e ocombate contra todas as formas de poluio so de competncia comum da Unio, dos Estados e dosmunicpios [Artigo 23].

    32 Guia de consrcios pblicos, Caixa Econmica, Braslia, 2011 (disponveis para download na Internet)

    Figura 15: O nmero de consrcios pblicos intermunicipais por setor e em funo da populao brasileira em 2005 (Fonte: Guia deconsrcios pblicos Caderno 1, Caixa Econmica, Braslia, 2011)

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    A competncia especca dos municpios abrange os seguintes servios: transporte coletivo, edu-

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    p p p g g p ,cao, sade, planejamento territorial [Artigo 30]. Em todas essas reas da poltica pblica, o municpio

    implementa aes que trazem grandes benefcios ambientais.

    VOC SABIA?A gesto ambiental municipal no deve se restringir ao licenciamento!A reduo das emisses pode ser alcanada em todos os setores de atividade

    econmica. Portanto, o desenvolvimento sustentvel deve ser concebido como umdesao transversal, no qual o municpio pode atuar atravs de todos os seus departa-

    mentos e de todas as suas polticas pblicas.Por conseguinte, o municpio tem sua disposio umamplo leque de ferra-

    mentas para reduzir as suas emisses!

    A Resoluo CONSEMA 102, de 2005, reforma o sistema de licenciamento ambiental no RS, de-

    legando esta competncia aos municpios para as atividades poluentes ditas de impacto local, sob

    reserva que o municpio possua um rgoambiental constitudo para esta tarefa. As

    licenas so unicamente um instrumento

    dentre outros para a gesto municipal do

    meio ambiente.

    Publicada em 9 de dezembro de 2011,

    a Lei Federal complementar n140orienta

    a ao municipal em relao s questes am-

    bientais, redenindo as misses administrati-

    vas dos municpios.

    No mbito municipal, o municpio dis-

    pe de dois tipos de ferramentas: 1) as aes

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    diretas nas atividades municipais de sua competncia; 2) as aes indiretas nas atividades que no so

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    p p q

    de competncia municipal, mas que so exercidas no territrio municipal. Os dois tipos de ferramentas

    sero abordados no Captulo 2 deste Guia, que detalha aes diretas e indiretas do municpio para cadaum dos diferentes setores de atividade.

    3.2.1. AS AES DIRETAS DO MUNICPIO (PATRIMNIO E SERVIOS)

    A prefeitura e as suas secretarias podem atuar para reduzir as emisses de GEE/poluentes e melho-

    rar a gesto energtica nas prprias atividades e nos prprios servios do municpio: Capacitao e fortalecimento dos conhecimentos do municpio sobre as questes ligadas ao

    Ar, ao Clima e Energia;

    Planicao do uso do solo e do urbanismo, poltica urbana;

    Modicao/modernizao da frota municipal para minimizar as emisses;

    Melhoria das infraestruturas virias e de transporte, inuenciando nas escolhas do transporte

    pblico, de combustveis consumidos e dos trajetos efetuados; Modernizao dos prdios e equipamentos pblicos: administrao-geral, ensino, atividades

    esportivas, atividades culturais, prdios de carter sanitrio e social, iluminao pblica;

    Gesto dos euentes e resduos domsticos: produo, coleta, destinao nal e valorizao

    energtica;

    Gesto dos espaos naturais, espaos verdes e da biodiversidade;

    Desenvolvimento das energias renovveis descentralizadas; Gesto transversal do Ar, do Clima e da Energia.

    3.2.2. AS AES INDIRETAS DO MUNICPIO (TERRITRIO)

    To fundamentais quanto as aes diretas, as aes indiretas do municpio so as medidas que o

    gestor municipal pode tomar para inuenciar os outros atores do municpio, os quais tenham uma ativi-

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    dade no territrio municipal sem, contudo, fazerem parte do corpo administrativo.

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    Essas aes indiretas so principalmente medidas de informao, de incentivos, de sensibilizao

    ou imposies regulamentares. Operacionalizao e incentivos boas prticas nos transportes; Cdigos de construo civil e legislao especca para as construes residenciais e comer-

    ciais;

    Legislao especca e licenas ambientais para as atividades industriais e agrcolas;

    Treinamento e sensibilizao sobre a agricultura de baixo carbono, aes junto aos agricultores;

    Informao e sensibilizao dos cidados, educao ambiental.

    Para reduzir a poluio atmosfrica, as mudanas climticas e melhorar a gesto ener-gtica, o municpio pode utilizar todo esse leque de competncias. O meio ambiente umvalor agregado que deve ser somado ao conjunto das aes polticas locais. Este guia ilus-tra que oportunidades de ao municipal esto presentes em todos os setores de atividade.Aes especcas que podem ser implementadas pelo municpio nesses diferentes setores

    sero o objeto do Captulo 2.

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    3.3. BASEANDO-ME EM SOLUES DE FINANCIAMENTO NACIONAIS E

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    INTERNACIONAIS

    Para implementar as diferentes aes identicadas anteriormente, os municpios brasileiros po-dem recorrer a vrias solues de nanciamento.

    Dois sites listam e apresentam as principais fontes de nanciamento voltadas para as questesambientais: Terra Viva Grants33e Climate Funds Update.34Alguns exemplos de instituies de refernciaso apresentados nos pargrafos seguintes.

    3.3.1. SOLUES NACIONAIS

    Alm do suporte especco que os municpios podem ir buscar junto aos ministrios setoriais fede-

    rais, existem fundos gerais que abrangem vrias temticas ambientais evocadas neste guia.O Fundo Clima,35gerenciado pelo Ministrio das Minas e Energia e apoiado

    pelo BNDES, oferece fundos reembolsveis e no reembolsveis para apoiar os

    projetos e pesquisas que tm como objetivo a mitigao das mudanas climti-cas, especialmente os projetos de energias renovveis, de redes de transportesurbanos e de ecincia energtica.

    Note-se que a Poltica Gacha sobre Mudanas Climticas prev a criao de um Fundo Gachopara nanciar projetos relativos mitigao das mudanas climticas.

    O Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA),36criado pelo Ministrio

    do Meio Ambiente em 1989, o mais antigo fundo ambiental da Amrica La-tina e contribui para o nanciamento de iniciativas de conservao e de usosustentvel dos recursos naturais. Os municpios podem se candidatarem de

    33 http://www.terravivagrants.org/34 http://www.climatefundsupdate.org/35 Fundo Clima: http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/bndes/bndes_pt/Institucional/Apoio_Financeiro/Programas_e_Fundos/Fundo_Clima36 FNMA: http://www.mma.gov.br/fundo-nacional-do-meio-ambiente

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    modo espontneo ou responderem a convocaes para contribuies visando uma temtica ou regio

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    especca.Note-se tambm que a Caixa Econmica Federal coloca disposio dos municpios vrias solu-

    es para o saneamento e a gesto dos euentes e dos resduos, tais como os projetos Brasil Joga Limpo,Resduos Slidos Urbanos, Saneamento Ambiental Urbano, Drenagem Urbana Sustentvel.

    3.3.2. OS ORGANISMOS INTERNACIONAIS

    O ICLEI (Governos Locais pela Sustentabilidade)37 um ator-chave na divulgao dos conhe-

    cimentos relativos ao desenvolvimento sustentvel municipal. Alm de oferecer assistncia tcnica etreinamento, o ICLEI coloca disposio subsdios para projetos que visam a melhoria das condiesambientais urbanas. Dentre as aes desenvolvidas pelo ICLEI, as temticas voltadas para a mudanaclimtica, para a ecomobilidade e para a ecoecincia das cidades tem um papel central. Betim, Niteri ePorto Alegre fazem parte das cidades brasileiras que j se beneciaram desta soluo.

    A Parceria das Energias Renovveis e da Ecincia Energtica(REEEP)38colabora com os mu-

    nicpios para nanciar iniciativas voltadas para as energias renovveis e para a ecincia energtica. Umdos programas implantados no Brasil interessou-se especialmente pela ecincia energtica da ilumina-o pblica em Minas Gerais. O REEEP lana convocaes para projetos a cada perodo de 18 a 24 meses.

    O Fundo Mundial para o Meio Ambiente(Global Environment Facility)39, organizao nanceiraindependente que recebe nanciamentos de vrias instituies de crdito, especializado no acompa-nhamento de projetos ambientais. Esta organizao coordena, alm do seu Fundo Global para o MeioAmbiente, diversos fundos temticos, tais como o Fundo Especial para a Mudana Climtica(SCCF)40

    e o Fundo para a Adaptao(AF).41O Programa de Assistncia Tcnica Subnacional (SNTA) do Public-Private Infrastructure Advisory

    37 ICLEI: www.iclei.org38 REEEP: http://www.reeep.org/124/get-funded.htm39 GEF: http://www.thegef.org/gef/project_tipos40 SSCF: http://www.thegef.org/gef/SCCF41 AF: http://www.adaptao-fund.org/

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    Facility (PPIAF),42do Banco Mundial, implementa parcerias pblicas-privadas a m de fortalecer o papeld i i d l i l d b d i

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    dos municpios no desenvolvimento sustentvel dos espaos urbanos, promovendo como eixo estrat-

    gico o combate s mudanas climticas.

    VOC SABIA?

    Voc pode utilizar os recursos internacionais para os seus projetosambientais!

    Em 2010, o Banco Mundial destinou 8.5 milhes de dlares s cidades de So

    Paulo, Belo Horizonte e Curitiba, atravs do Fundo Mundial para o Meio Ambiente,voltado para projetos relativos ao transporte sustentvel e reduo da poluio at-mosfrica.

    A Comisso Europeiadispe de diferentes linhas de nanciamento s quais os municpios brasi-leiros podem se candidatar: o Programa Meio Ambiente e Gesto Sustentvel dos Recursos Naturais, dentre

    os quais a energia (ENRTP)43e o programa de pesquisa (Seventh Framework Programa-FP7)44desen-volvem alguns eixos temticos em torno das energias, do meio ambiente, da mudana climtica e dassolues de ecotransportes. Esses fundos, acessveis mediante convite apresentao de propostas, vi-sam, por um lado, uma melhor integrao do meio ambiente e da questo energtica s polticas e aoplanejamento do desenvolvimento e, por outro lado, orientam-se para o fortalecimento das capacidadesinstitucionais, de pesquisa e de inovao.

    Note-se que outros grandes organismos internacionais, especializados no apoio ao desenvolvi-mento, oferecem linhas temticas especcas para as aes detalhadas neste guia. O Banco Interame-ricano de Desenvolvimentodesenvolve um Programa de Energia Sustentvel e de Mudana Climtica

    42 PPIAF: http://www.ppiaf.org/page/strategic-themes/urbanizao-SNTA43 http://ec.europa.eu/europaaid/how/nance/dci/environment_en.htm44 http://cordis.europa.eu/fp7/home_en.html

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    (SECCI).45 O Banco de Desenvolvimento da Amrica Latina (CAF)46 desenvolve, em parceria com oB d D l i t Al KfW l ti d li ti

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    Banco de Desenvolvimento Alemo KfW, um programa relativo mudana climtica.Os municpios devem se informar acerca das modalidades de acesso ao nanciamento junto a

    estas organizaes.

    3.3.3. OS FINANCIAMENTOS BILATERAIS

    Vrios pases dispem de instituiesque permitem o nanciamento de projetos

    sustentveis em municpios parceiros, atravsde fundos reembolsveis ou no reembols-veis.

    A Agncia Francesa para o Desenvol-vimento (AFD) acompanha os municpios emsua poltica de desenvolvimento sustentvel.47

    O Reino Unido destina fundos no reem-bolsveis a alguns municpios selecionadosmediante convite apresentao de propos-tas, atravs do Prosperity Fund.48Os projetosdesenvolvidos devem ser ligados questo damudana climtica ou das energias renovveis.

    A Alemanha est tambm muito presente no Brasil: o Banco de Desenvolvimento Alemo (KfW)oferece vrias solues de nanciamento. Note-se a Iniciativa Internacional para o Clima(ICI)49que

    45 http://www.iadb.org/en/topics/climatechange/secci,1449.html46 http://www.kfwentwicklungsbank.de/ebank/EN_Home/About_Us/News/News_2012/20120323_41746.jsp47 AFD: http://www.afd.fr/48 KfW: http://ukinb