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H2 Especial SEGUNDA-FEIRA, 17 DE SETEMBRO DE 2012 O ESTADO DE S. PAULO MARCELO PERRUPATO SECRETÁRIO DO MINISTÉRIO DOS TRANSPORTES “Este pacote (para rodovias e ferrovias) de R$ 133 bilhões tem forte concentração nos cinco primeiros anos. Ai está o desafio, porque eles se estendem por 20 e 25 anos, mas os investimentos posteriores vão se ajustar ao custo médio de demanda, à expansão de capacidade, aos custos de manutenção e operacionais.” Fóruns Estadão BRASIL COMPETITIVO O governo elabora um pacote “substancial” de concessões de portos e aeroportos, revelou o se- cretário de Política Nacional do Ministério dos Transportes, Marcelo Perrupato, sem estipu- lar um valor. De acordo com ele, trata-se de um plano parecido com o que o governo lançou re- centemente para rodovias e fer- rovias. “Não chega a ser tão gran- dioso como o rodoviário e ferro- viário, mas é substancial”, disse. O setor portuário brasileiro poderá receber investimentos da ordem de R$ 44 bilhões no pe- ríodo entre cinco e dez anos. O levantamento foi realizado pela Associação Brasileira dos Termi- nais Portuários (ABTP), a pedi- do do governo federal, com da- dos de 84 associados. “Esse in- vestimento poderá ser ainda maior dependendo da reforma portuária”, disse o presidente da ABTP, Wilen Manteli. Para o executivo, hoje são dois os principais problemas enfren- tados pelo setor portuário do País: o marco regulatório e a ges- tão dos portos. “Há muita inter- ferência política. O atual mode- lo não funciona. E esperamos que esses problemas sejam efeti- vamente enfrentados no paco- te”, disse, prevendo que o anún- cio deverá ocorrer até o fim de setembro. A ABTP avisa ainda que deverá entrar na Justiça, caso os contra- tos dos terminais arrendados à iniciativa privada antes da Lei 8.630/93, a Lei dos Portos, não sejam renovados. Segundo Man- teli, há cerca de 50 terminais ho- je nessa situação, com contratos já vencidos ou com vencimento até 2013. A Associação Brasileira da In- fraestrutura e Indústrias de Base (Abdib) acredita que o interesse de investidores em projetos de aeroportos e portos será grande. Novas concessões nessas áreas já devem apresentar uma mode- lagem distinta das primeiras ope- rações organizadas pelo gover- no federal e, para o presidente da entidade, Paulo Godoy, seria bom se não houvesse nelas uma posição majoritária de empresas estatais. O presidente do Conselho Te- mático Permanente de Infraes- trutura (Coinfra) da Confedera- ção Nacional da Indústria (CNI), José de Freitas Mascare- nhas, concorda. “Quando se co- loca o governo dentro (do proje- to), isso inibe a criatividade do empresário”, afirmou. A primei- ra rodada de concessões na área de aeroportos contou com a par- ticipação da Infraero, mas de for- ma minoritária, de até 49%. Mascarenhas espera que o pla- no federal para portos e aeropor- tos, a ser anunciado, elimine as barreiras à modernização desses setores, incluindo questões legis- lativas. “Temos, por exemplo, uma lei que introduz o conceito de porto para ser utilizado com carga própria, o que é um impedi- tivo para o desenvolvimento do setor no Brasil.” / A. M., F.C.A. e F.G. JOSÉ DE FREITAS MASCARENHAS PRESIDENTE DO COINFRA DA CNI “O fato é que até agora o investimento em infraestrutura era resultado de políticas públicas e o governo não tem condições de fazer o investimento necessário. Mas iniciamos um processo de unir todas as forças possíveis para realizar os investimentos que o Brasil precisa. Por isso, dizemos que estamos marchando para uma velocidade de cruzeiro.” WILEN MANTELI PRESIDENTE DA ABTP “O governo quer retirar os obstáculos que existem para a construção dos portos e ao investimento no Brasil. Há dinheiro privado para investir nos portos, há necessidade de investimento nos portos, mas essa legislação não permite que isso ocorra. É preciso fazer com que o sistema funcione. Há uma grande expectativa e esperamos que o governo federal anuncie a terceira reforma dos portos.” LUCIANO COUTINHO PRESIDENTE DO BNDES “Para a presidenta, processos de concessão devem ser uma ferramenta indutora de investimentos substanciais, que criam estruturas novas e resultam na eficácia da alocação de capital e de recursos públicos ao atrair a iniciativa privada. Essa é a filosofia. A concessão é uma ferramenta da estratégia de promover um grande ciclo de investimentos. A privatização não está na orientação da presidenta." PAULO GODOY PRESIDENTE DA ABDIB “Se tivermos um bom seguro garantia, com regras claras e uma apólice que seja realmente cobrável, o próprio mercado selecionará os que merecem crédito e tenham condições de cumprir obrigações contratuais. Defendemos, inclusive, que ele seja vinculado às etapas dos contratos de concessão. Queremos que o modelo seja estável para o investidor e seguro para o poder concedente." GESNER DE OLIVEIRA PRESIDENTE DA GO ASSOCIADOS “O salto do investimento é fundamental para o crescimento sustentável e o déficit da infraestrutura é um dos maiores responsáveis pelo custo Brasil. Estamos vendo com muito otimismo as ações do governo, mas chamamos a atenção para cinco vetores: o ambiente macroeconômico, a redução do risco regulatório, a desoneração tributária, as PPPs e os novos mecanismos de financiamento.Pacote ‘substancial’ para portos e aeroportos Infraestrutura busca soluções e investimentos Transporte espera aporte de R$ 430 bilhões nos próximos 16 anos, e saneamento é considerado o mais problemático HÉLVIO ROMERO/AE Solução à vista Para Wilen Manteli, da ABTP, “há muita interferência política e o atual modelo não funciona. Esperamos que estes problemas sejam enfrentados no pacote” Valores ainda não estão acertados, mas setor de portos calcula que receberá R$ 44 bilhões entre cinco e dez anos André Magnabosco Fernanda Guimarães Francisco Carlos de Assis O Brasil precisa investir mais em infraestrutura. Durante pa- lestra em seminário da série Fóruns Estadão – Brasil Com- petitivo, organizado pelo Gru- po Estado em parceria com a Confederação Nacional da In- dústria (CNI), o presidente da Associação Brasileira da In- fraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), Paulo Godoy de- fendeu que os investimentos na infraestrutura nacional sal- tem dos atuais 2,4% do Produ- to Interno Bruto (PIB) para 3,9% em 2016. Considerada por Godoy como “factível”, a meta prevê que os investimentos nas áreas de trans- porte, energia elétrica, sanea- mento e telecomunicações se- jam elevadas de um patamar de cerca de R$ 100 bilhões ao ano para R$ 165 bilhões. No setor de transportes, o Bra- sil deve investir R$ 430 bilhões em 16 anos, segundo o secretário de Política Nacional do Ministé- rio dos Transportes, Marcelo Perrupato. Ele reconheceu que o País sem- pre investiu pouco na área. O secretário lembrou que, em 2005, o governo começou a res- gatar estratégias de investimen- tos no setor e a prospectar as de- mandas dos transportes. Hoje, a pasta tem visão de como o Brasil estará em 2040. “O que deixa- mos de fazer no passado atrapa- lhou muito a infraestrutura”, la- mentou. Godoy lembrou ainda que, quando considerados também os investimentos em petróleo e gás, a necessidade de aportes no Brasil sobe para 6% do PIB, ante patamar atual de 4,18% ao ano. Com a área de petróleo, os inves- timentos nacionais sobem para R$ 173,2 bilhões ao ano. Menos custo. Ex-presidente da Sabesp, Gesner de Oliveira, atual presidente da GO Associa- dos, afirmou que um salto nos investimentos é necessário para o crescimento sustentável da economia e que o déficit da in- fraestrutura constituiu uma das fontes do “custo Brasil”. Ele ressaltou que no mês pas- sado o governo anunciou o maior pacote para concessões em rodovias e ferrovias já feito no País, no valor de R$ 133 bi- lhões, que é positivo, mas ainda carece de complementos. O Programa de Investimen- tos em Logística tem potencial para dar origem a uma nova rea- lidade no setor de infraestrutu- ra brasileira, de acordo com o presidente do Conselho Temá- tico Permanente de Infraestru- tura (Coinfra) da CNI, José de Freitas Mascarenhas. “O Brasil marcha para alcançar uma velo- cidade de cruzeiro nessa área”, disse, mencionando um estágio intermediário em um universo de três cenários apresentados pela entidade. Os outros dois são um ambiente no qual o Bra- sil “patina na infraestrutura” e o melhor deles, o de “céu de bri- gadeiro”. “Marchamos para a velocida- de de cruzeiro e depois disso precisaremos analisar como es- se sistema se comporta, para en- tão verificarmos como ele deve ser melhorado”, afirmou Mas- carenhas, após destacar a parti- cipação da iniciativa privada no plano apresentado pelo gover- no federal. O projeto para rodo- vias e ferrovias incorporou algu- mas das propostas defendidas pela CNI, incluindo o maior in- vestimento privado e a criação de uma empresa de planejamen- to logístico, a EPL. De acordo com estudo elabo- rado pela Abdib, os investimen- tos do Brasil na área de infraes- trutura somaram mais de R$ 1 trilhão entre 2003 e 2011, dos quais 60% referentes ao poder público e 40% à iniciativa priva- da. Mas o Brasil precisa focar não apenas em projetos, mas também em bons projetos. “Te- mos deficiência na elaboração de projetos em obras mais com- plexas”, ponderou Godoy. Na percepção de Oliveira, o setor de saneamento é hoje no Brasil o mais problemático. “É um setor que exige capital físi- co e que tem impacto sobre o capital humano e sobre a capaci- dade de crescimento sustentá- vel”, disse. Citou, ainda, que ho- je mais de metade da população brasileira não conta com coleta de esgoto. Para fortalecer o modelo de concessões no País, uma das propostas apresentadas no se- minário foi a de aperfeiçoamen- to do mecanismo de seguro-ga- rantia, pela Abdib. “Se tiver- mos um bom seguro-garantia, com regras claras e uma apóli- ce que seja realmente cobrável, o próprio mercado selecionará aqueles que merecem crédito para ter apólice de seguro e te- nham condições de cumprir as obrigações contratuais”, afir- mou Godoy. O seguro-garantia poderia ser vinculado a etapas dos compro- missos estabelecidos no contra- to de concessão e também deve- ria ser exigido de empresas esta- tais que venham eventualmente a participar do processo. A pro- posta já foi apresentada pela enti- dade ao governo federal e, segun- do Godoy, teve boa aceitação. Mais investimentos AS OPINIÕES DOS DEBATEDORES 3,9% do PIB seria o ideal para a infraestrutura, diz Paulo Godoy, da Abdid. Hoje, os investimentos são da ordem de 2,4%. R$ 173,2 bi é o valor dos aportes necessá- rios para a infraestrutura, se for levada em conta a área de petróleo. R$ 44 bi é quanto o setor de portos espera ter investidos nos próximos cinco a dez anos Custo Brasil- Déficit da infraestrutura exige um salto nos investimentos

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H2 Especial SEGUNDA-FEIRA, 17 DE SETEMBRO DE 2012 O ESTADO DE S. PAULO

MARCELOPERRUPATOSECRETÁRIO DO MINISTÉRIODOS TRANSPORTES“Este pacote (para rodovias eferrovias) de R$ 133 bilhões temforte concentração nos cincoprimeiros anos. Ai está o desafio,porque eles se estendem por20 e 25 anos, mas osinvestimentos posteriores vãose ajustar ao custo médio dedemanda, à expansão decapacidade, aos custos demanutenção e operacionais.”

Fóruns Estadão BRASIL COMPETITIVO

O governo elabora um pacote“substancial” de concessões deportos e aeroportos, revelou o se-cretário de Política Nacional doMinistério dos Transportes,Marcelo Perrupato, sem estipu-lar um valor. De acordo com ele,trata-se de um plano parecidocom o que o governo lançou re-

centemente para rodovias e fer-rovias. “Não chega a ser tão gran-dioso como o rodoviário e ferro-viário, mas é substancial”, disse.

O setor portuário brasileiropoderá receber investimentosda ordem de R$ 44 bilhões no pe-ríodo entre cinco e dez anos. Olevantamento foi realizado pelaAssociação Brasileira dos Termi-nais Portuários (ABTP), a pedi-do do governo federal, com da-dos de 84 associados. “Esse in-vestimento poderá ser aindamaior dependendo da reformaportuária”, disse o presidente daABTP, Wilen Manteli.

Para o executivo, hoje são doisos principais problemas enfren-tados pelo setor portuário doPaís: o marco regulatório e a ges-tão dos portos. “Há muita inter-ferência política. O atual mode-lo não funciona. E esperamosque esses problemas sejam efeti-vamente enfrentados no paco-te”, disse, prevendo que o anún-cio deverá ocorrer até o fim desetembro.

A ABTP avisa ainda que deveráentrar na Justiça, caso os contra-tos dos terminais arrendados àiniciativa privada antes da Lei8.630/93, a Lei dos Portos, nãosejam renovados. Segundo Man-teli, há cerca de 50 terminais ho-je nessa situação, com contratosjá vencidos ou com vencimentoaté 2013.

A Associação Brasileira da In-

fraestrutura e Indústrias de Base(Abdib) acredita que o interessede investidores em projetos deaeroportos e portos será grande.Novas concessões nessas áreasjá devem apresentar uma mode-lagem distinta das primeiras ope-rações organizadas pelo gover-no federal e, para o presidente daentidade, Paulo Godoy, seriabom se não houvesse nelas umaposição majoritária de empresasestatais.

O presidente do Conselho Te-

mático Permanente de Infraes-trutura (Coinfra) da Confedera-ção Nacional da Indústria(CNI), José de Freitas Mascare-nhas, concorda. “Quando se co-loca o governo dentro (do proje-to), isso inibe a criatividade doempresário”, afirmou. A primei-ra rodada de concessões na áreade aeroportos contou com a par-ticipação da Infraero, mas de for-ma minoritária, de até 49%.

Mascarenhas espera que o pla-no federal para portos e aeropor-tos, a ser anunciado, elimine asbarreiras à modernização dessessetores, incluindo questões legis-lativas. “Temos, por exemplo,uma lei que introduz o conceitode porto para ser utilizado comcarga própria, o que é um impedi-tivo para o desenvolvimento dosetor no Brasil.” / A. M., F.C.A. e F.G.

JOSÉ DE FREITASMASCARENHASPRESIDENTE DO COINFRA DA CNI“O fato é que até agora oinvestimento em infraestruturaera resultado de políticaspúblicas e o governo não temcondições de fazer oinvestimento necessário. Masiniciamos um processo de unirtodas as forças possíveis pararealizar os investimentos que oBrasil precisa. Por isso, dizemosque estamos marchando parauma velocidade de cruzeiro.”

WILEN MANTELIPRESIDENTE DA ABTP“O governo quer retirar osobstáculos que existem para aconstrução dos portos e aoinvestimento no Brasil. Hádinheiro privado para investir nosportos, há necessidade deinvestimento nos portos, masessa legislação não permite queisso ocorra. É preciso fazer comque o sistema funcione. Há umagrande expectativa e esperamosque o governo federal anuncie aterceira reforma dos portos.”

LUCIANO COUTINHOPRESIDENTE DO BNDES“Para a presidenta, processos deconcessão devem ser umaferramenta indutora deinvestimentos substanciais, quecriam estruturas novas eresultam na eficácia da alocaçãode capital e de recursos públicosao atrair a iniciativa privada. Essaé a filosofia. A concessão é umaferramenta da estratégia depromover um grande ciclo deinvestimentos. A privatização nãoestá na orientação da presidenta."

PAULO GODOYPRESIDENTE DA ABDIB“Se tivermos um bom segurogarantia, com regras claras euma apólice que seja realmentecobrável, o próprio mercadoselecionará os que merecemcrédito e tenham condições decumprir obrigações contratuais.Defendemos, inclusive, que eleseja vinculado às etapas doscontratos de concessão.Queremos que o modelo sejaestável para o investidor eseguro para o poder concedente."

GESNER DE OLIVEIRAPRESIDENTE DA GO ASSOCIADOS“O salto do investimento éfundamental para o crescimentosustentável e o déficit dainfraestrutura é um dos maioresresponsáveis pelo custo Brasil.Estamos vendo com muitootimismo as ações do governo,mas chamamos a atenção paracinco vetores: o ambientemacroeconômico, a redução dorisco regulatório, a desoneraçãotributária, as PPPs e os novosmecanismos de financiamento.”

Pacote ‘substancial’ paraportos e aeroportos

Infraestruturabusca soluções einvestimentosTransporte espera aporte de R$ 430 bilhões nos próximos16 anos, e saneamento é considerado o mais problemático

HÉLVIO ROMERO/AE

● Solução à vistaPara Wilen Manteli, da ABTP, “hámuita interferência política e oatual modelo não funciona.Esperamos que estes problemassejam enfrentados no pacote”

Valores ainda não estãoacertados, mas setor deportos calcula quereceberá R$ 44 bilhõesentre cinco e dez anos

André MagnaboscoFernanda GuimarãesFrancisco Carlos de Assis

O Brasil precisa investir maisem infraestrutura. Durante pa-lestra em seminário da sérieFóruns Estadão – Brasil Com-petitivo, organizado pelo Gru-po Estado em parceria com aConfederação Nacional da In-dústria (CNI), o presidente daAssociação Brasileira da In-fraestrutura e Indústrias deBase (Abdib), Paulo Godoy de-

fendeu que os investimentosna infraestrutura nacional sal-tem dos atuais 2,4% do Produ-to Interno Bruto (PIB) para3,9% em 2016.

Considerada por Godoy como“factível”, a meta prevê que osinvestimentos nas áreas de trans-porte, energia elétrica, sanea-mento e telecomunicações se-jam elevadas de um patamar decerca de R$ 100 bilhões ao anopara R$ 165 bilhões.

No setor de transportes, o Bra-sil deve investir R$ 430 bilhões

em 16 anos, segundo o secretáriode Política Nacional do Ministé-rio dos Transportes, MarceloPerrupato.

Ele reconheceu que o País sem-pre investiu pouco na área.

O secretário lembrou que, em2005, o governo começou a res-gatar estratégias de investimen-tos no setor e a prospectar as de-mandas dos transportes. Hoje, apasta tem visão de como o Brasilestará em 2040. “O que deixa-mos de fazer no passado atrapa-lhou muito a infraestrutura”, la-

mentou.Godoy lembrou ainda que,

quando considerados tambémos investimentos em petróleo egás, a necessidade de aportes noBrasil sobe para 6% do PIB, antepatamar atual de 4,18% ao ano.Com a área de petróleo, os inves-timentos nacionais sobem paraR$ 173,2 bilhões ao ano.

Menos custo. Ex-presidente daSabesp, Gesner de Oliveira,atual presidente da GO Associa-dos, afirmou que um salto nosinvestimentos é necessário parao crescimento sustentável daeconomia e que o déficit da in-fraestrutura constituiu uma dasfontes do “custo Brasil”.

Ele ressaltou que no mês pas-sado o governo anunciou omaior pacote para concessõesem rodovias e ferrovias já feitono País, no valor de R$ 133 bi-lhões, que é positivo, mas aindacarece de complementos.

O Programa de Investimen-tos em Logística tem potencialpara dar origem a uma nova rea-lidade no setor de infraestrutu-ra brasileira, de acordo com opresidente do Conselho Temá-tico Permanente de Infraestru-tura (Coinfra) da CNI, José deFreitas Mascarenhas. “O Brasil

marcha para alcançar uma velo-cidade de cruzeiro nessa área”,disse, mencionando um estágiointermediário em um universode três cenários apresentadospela entidade. Os outros doissão um ambiente no qual o Bra-sil “patina na infraestrutura” eo melhor deles, o de “céu de bri-gadeiro”.

“Marchamos para a velocida-de de cruzeiro e depois dissoprecisaremos analisar como es-

se sistema se comporta, para en-tão verificarmos como ele deveser melhorado”, afirmou Mas-carenhas, após destacar a parti-cipação da iniciativa privada noplano apresentado pelo gover-no federal. O projeto para rodo-vias e ferrovias incorporou algu-mas das propostas defendidaspela CNI, incluindo o maior in-vestimento privado e a criaçãode uma empresa de planejamen-to logístico, a EPL.

De acordo com estudo elabo-rado pela Abdib, os investimen-tos do Brasil na área de infraes-trutura somaram mais de R$ 1trilhão entre 2003 e 2011, dosquais 60% referentes ao poderpúblico e 40% à iniciativa priva-da. Mas o Brasil precisa focarnão apenas em projetos, mastambém em bons projetos. “Te-mos deficiência na elaboraçãode projetos em obras mais com-plexas”, ponderou Godoy.

Na percepção de Oliveira, osetor de saneamento é hoje noBrasil o mais problemático. “Éum setor que exige capital físi-co e que tem impacto sobre ocapital humano e sobre a capaci-dade de crescimento sustentá-vel”, disse. Citou, ainda, que ho-je mais de metade da populaçãobrasileira não conta com coletade esgoto.

Para fortalecer o modelo deconcessões no País, uma daspropostas apresentadas no se-minário foi a de aperfeiçoamen-to do mecanismo de seguro-ga-rantia, pela Abdib. “Se tiver-mos um bom seguro-garantia,com regras claras e uma apóli-ce que seja realmente cobrável,o próprio mercado selecionaráaqueles que merecem créditopara ter apólice de seguro e te-nham condições de cumprir asobrigações contratuais”, afir-mou Godoy.

O seguro-garantia poderia servinculado a etapas dos compro-missos estabelecidos no contra-to de concessão e também deve-ria ser exigido de empresas esta-tais que venham eventualmentea participar do processo. A pro-posta já foi apresentada pela enti-dade ao governo federal e, segun-do Godoy, teve boa aceitação.

● Mais investimentos

AS OPINIÕES DOS DEBATEDORES

3,9%do PIB seria o ideal para ainfraestrutura, diz Paulo Godoy,da Abdid. Hoje, os investimentossão da ordem de 2,4%.

R$ 173,2 bié o valor dos aportes necessá-rios para a infraestrutura, sefor levada em conta a área depetróleo.

R$ 44 bié quanto o setor de portosespera ter investidos nospróximos cinco a dez anos

Custo Brasil-Déficit da

infraestruturaexige umsalto nos

investimentos