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O ESTADO DE S. PAULO SEGUNDA-FEIRA, 17 DE SETEMBRO DE 2012 Especial H3 1 RDC. O Regime Diferen- ciado de Contratações Públicas foi criado para agilizar os processos construtivos do Programa de Investimentos em Logística: Rodovias e Ferrovias, do gover- no federal. 2 Uso estendido. Des- tinado inicialmente à realização dos even- tos esportivos nos próximos anos, foi estendido para todas as obras do Progra- ma de Aceleração do Crescimen- to (PAC). 3 Prazos curtos. Em- bora concorde que os prazos são cursos, Marcelo Perrupato lembrou que os empreendimen- tos serão dados ao setor priva- do e não terão de passar por ór- gãos de controle, a não ser os que impliquem licenciamentos, o que vai agilizar o processo. Francisco Carlos de Assis O governo deverá utilizar o Regi- me Diferenciado de Contrata- ções Públicas (RDC) para agili- zar os processos construtivos no âmbito do Programa de Investi- mentos em Logística: rodovias e ferrovias, lançado em 15 de agos- to pela presidente Dilma Rous- seff. A afirmação é do secretário de Política Nacional do Ministé- rio dos Transportes, Marcelo Perrupato, durante participação no debate Os Nós da Infraestru- tura da série Fóruns Estadão - Brasil Competitivo. O RDC foi criado pela Lei 12.462/2011 e permite a flexibili- zação de licitações e contratos, exclusivamente destinados à rea- lização da Copa das Confedera- ções de 2013, da Copa do Mundo de Futebol de 2014 e dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016. Mas, no final de junho, o Senado estendeu o uso do regi- me para todas as obras do Progra- ma de Aceleração do Crescimen- to (PAC) do governo federal. Perrupato fez a afirmação após ser concordar que são cur- tos os prazos estipulados para a apresentação de projetos dos tre- chos que serão licitados pelo go- verno federal. No entanto, se- gundo ele, “como os empreendi- mentos vão ser dados ao setor privado, eles podem agilizar es- tes processos construtivos por- que não têm nem de passar por órgãos de controles a não ser aqueles que impliquem licencia- mentos”. Matriz ideal. Perrupato tam- bém disse que a matriz ideal de transportes para o País nos próxi- mos dez anos seria composta por uma participação de 35% de ferrovias e 29% de rodovias. De acordo com ele, esta é a composi- ção da matriz de transportes a que o Brasil deverá chegar até 2023, se for mantido o fluxo de investimentos programados. Isso significa dizer que nos dois modais principais, a ferro- via terá de crescer de uma partici- pação atual de 25% no total para 35% em 2023. As rodovias, que hoje beiram os 60%, deverão cair para 29% da matriz. O secretário destacou que boa parte dos investimentos previs- ta para as rodovias será destina- da a ampliação e duplicação da malha já existente e não só para a construção de mais estradas. Para ele, são equivocadas as críticas de que o Brasil é um país “rodovianista”. “É errado dize- rem isso porque, no Brasil, a ma- lha rodoviária não chega a 300 mil quilômetros se juntarmos to- das as jurisdições”, afirmou, lem- brando que nos Estados Unidos a malha rodoviária é de 1,5 mi- lhão de quilômetros. “Se compa- rar com o Brasil chega a ser ridí- culo”, afirmou. Estadualização de rodovias. Marcelo Ferrupato revelou-se partidário da estadualização da administração das rodovias fede- rais. “Sou partidário da manuten- ção das redes federais por meio de um repasse de verba para os Estados”, explicou, responden- do a uma pergunta da plateia. “Temos duplicidade de adminis- tração de estradas federais e esta- duais no mesmo espaço.” Lembrou que nos Estados Uni- dos a gestão de estradas federais pelos Estados já ocorre com su- cesso. “Acho que temos bons ór- gãos estaduais que podem assu- mir o processo”, ponderou, res- salvando que acredita ser ideal que isso se realize de forma gra- dual. “Sou a favor porque assim eu não precisaria de uma superin- tendência federal para gerir pe- daços de estradas que, muitas ve- zes, são menores do que a parte que o Estado já administra na sua jurisdição”, Fóruns Estadão BRASIL COMPETITIVO André Magnabosco Ricardo Leopoldo O ambiente é favorável para o mercado de debêntures de in- fraestrutura. O presidente da As- sociação Brasileira da Infraestru- tura e Indústrias de Base (Ab- dib), Paulo Godoy, projeta que o mercado de debêntures emiti- das para investimento em proje- tos de infraestrutura possa cap- tar R$ 50 bilhões por ano, dentro de seis ou sete anos. Godoy des- taca que a projeção depende de bons projetos e da criação de um mercado secundário mais efeti- vo, o que poderia atrair inclusive investidores estrangeiros. Essas debêntures são uma al- ternativa importante às necessi- dades de financiamento de lon- go prazo ao setor de infraestrutu- ra. “O BNDES sozinho não terá condições (de financiar os proje- tos), senão dependeremos de aportes do Tesouro”, afirma Go- doy. Outra alternativa em estu- do seria a criação de um mecanis- mo de emissão de fundos de in- vestimento em direitos creditó- rios (FDICs) de infraestrutura. No evento realizado pelo Gru- po Estado, o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, dis- se estar seguro que os investi- mentos no Brasil estão numa trajetória ascendente no tercei- ro e quarto trimestres deste ano, e confirmou que a poupan- ça doméstica será ampliada via mercado de capitais. “O BNDES pode participar de emis- sões de debêntures de infraes- trutura”, disse. Uma nova legislação que trata da regulação dessas debêntures, a ser sancionada pela presidente Dilma Rousseff, trará aperfeiçoa- mentos em relação ao perfil das empresas que poderão emitir o título - incluindo concessioná- rias e holdings - e maior clareza em relação às penalidades, afir- mou Godoy. “Há muitas debêntures repre- sadas, com emissões de mais cur- to prazo no aguardo de emissões de mais longo prazo. Alguns ban- cos já dizem que são capazes de emitir debêntures com dez a 12 anos de prazo”, revelou Godoy. Os bancos também estariam ana- lisando a possibilidade de criar fundos para comprar debêntu- res de infraestrutura e posterior- mente oferecer cotas no varejo. Segundo Gesner de Oliveira, entre os vetores que precisam ser abordados para destravar o setor de infraestrutura no Brasil, estão a promoção de um ambien- te macroeconômico mais favorá- vel ao investimento, a redução do risco regulatório, a desonera- ção, o uso das Parcerias Público- Privadas (PPP) e a criação e de- senvolvimento de novos meca- nismos de financiamento para a infraestrutura. “As debêntures de longo pra- zo são uma boa notícia”, desta- cou. “Ações nesses pontos po- dem garantir o sucesso das medi- das que foram tomadas.” Debêntures podem render R$ 50 bilhões Menos rodovias, mais ferrovias: esta é a matriz ideal Concessões estimulam crescimento Para presidente do BNDES, Luciano Coutinho, elas são “ferramenta indutora” para incentivar investimentos no País FOTOS HÉLVIO ROMERO/AE O QUE É O RDC Para Marcelo Perrupato, secretário de Política Nacional do Ministério dos Transportes, meta será atingida em 2023 Luciano Coutinho - “Seria fácil captar recursos no exterior. Mas não é sensato financiar infraestrutura em moeda estrangeira” Ricardo Leopoldo As concessões públicas são es- senciais como “ferramenta in- dutora” para estimular o au- mento da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) no País nos próximos anos, na visão da presidente Dilma Rousseff, afirmou o presidente do Ban- co Nacional de Desenvolvi- mento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho. Esse crescimento será impor- tante para que o Brasil supere o patamar de 20% do Produto Interno Bruto (PIB) da FBCF. “A combinação público priva- da é o caminho mais eficiente. Além disso, o governo tem como prioridade reduzir a tributação sobre o investimento”, afirmou, em palestra da série Fóruns Bra- sil Competitivo. De acordo com Coutinho, a carteira de investimentos do Bra- sil vai se expandir em maior velo- cidade nos próximos trimestres. “Temos 339 projetos com inves- timentos de R$ 263 bilhões. Des- te total, R$ 153 bilhões serão fi- nanciados pelo BNDES”, comen- tou. Segundo ele, o banco oficial fez investimentos em infraestru- tura que estão em processo de expansão: atingiram R$ 19 bi- lhões em 2011, devem alcançar R$ 23,4 bilhões neste ano e subir para R$ 30 bilhões em 2013. Para Coutinho, a expansão do financiamento de projetos de in- fraestrutura requer a ampliação da poupança interna do País. Ele ponderou que, embora os finan- ciamentos estrangeiros sejam bem vindos, o Brasil tem condi- ções de economizar recursos próprios a fim de viabilizar seu crescimento, sem colocar as con- tas externas numa situação vul- nerável. “Seria até uma tarefa fá- cil captar recursos para esses em- preendimentos no exterior. Mas não é sensato financiar infraes- trutura em moeda estrangeira”, destacou. Na avaliação de Luciano Couti- nho, o País precisa empregar duas alavancas para incremen- tar os investimentos em infraes- trutura no País: o sistema de cré- dito e o mercado de capitais. No sistema de crédito, ele mencionou que, embora o siste- ma financeiro seja robusto, é pre- ciso que seja adequado à nova realidade de juros básicos em pa- tamares mais próximos de ní- veis internacionais. Nesse senti- do, os bancos podem ser mais di- nâmicos, ao deixarem o confor- to de aplicar boa parte de seu cai- xa em títulos públicos e migrar para outros ativos de longo pra- zo, o que, segundo Coutinho, vão fortalecer o mercado de capi- tais no Brasil. Ajustes de cenário. Para Couti- nho, a economia do País tem con- dições plenas de crescer por um conjunto de virtudes, baseadas em dois vetores: boa situação ma- croeconômica e um vasto cam- po de expansão de projetos de infraestrutura. “O Brasil tem emprego formal que se sustenta no longo prazo e o sistema bancário é robusto e vai precisar se ajustar ao cenário de juros mais baixos”, comen- tou, referindo-se à opinião da presidente Dilma Rousseff, se- gundo a qual os bancos ainda es- tão tímidos na concessão de cré- dito para famílias e empresas. “O Brasil tem oportunidades rentáveis de investimentos, co- mo as que surgiram a partir da descoberta das reservas de petró- leo do pré-sal”, destacou Couti- nho. “Temos também oportuni- dades muito relevantes de inves- timentos em saneamento básico e na Copa do Mundo de 2014.” Para o presidente do BNDES, mudaram as perspectivas para o mercado de capitais no Brasil com a redução do patamar de ju- ros básicos da economia, que caiu de 12,50% para 7,50% ao ano desde agosto de 2011. Segundo Coutinho, outro fa- tor que estimula o setor, embora indiretamente, é que os segmen- tos industriais no País estão ago- ra com a “taxa de câmbio num patamar razoavelmente compe- titivo”. Coutinho, porém, não ci- tou um nível nominal da cotação do real ante o dólar. “Abriu-se espaço para investimentos em infraestrutura no País. Temos um regime macroeconômico mais favorável ao investimento produtivo”, disse. Perrupato. Favorável à estadualização das rodovias Expansão Entusiasmo Projeção do presidente da Abdib, Paulo Godoy, depende de bons projetos e da criação de um mercado secundário Luciano Coutinho Presidente do BNDES “O Brasil tem oportunidades rentáveis de investimentos, como as que surgiram a partir das descoberta de reservas de petróleo do pré-sal. Temos também oportunidades muito relevantes de investimentos em saneamento básico e na Copa do Mundo de 2014. Abriu-se um espaço de investimentos em infraestrutura no País” PAULO GODOY Presidente da Abdib “O BNDES sozinho não terá condições de financiar os projetos, senão dependeremos de aportes do Tesouro” GESNER DE OLIVEIRA Presidente da GO Associados “Aa debêntures de longo prazo são uma boa notícia. Ações nesses pontos podem garantir o sucesso das medidas”

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O ESTADO DE S. PAULO SEGUNDA-FEIRA, 17 DE SETEMBRO DE 2012 Especial H3

1 RDC. O Regime Diferen-ciado de ContrataçõesPúblicas foi criado paraagilizar os processos

construtivos do Programa deInvestimentos em Logística:Rodovias e Ferrovias, do gover-no federal.

2 Uso estendido. Des-tinado inicialmente àrealização dos even-tos esportivos nos

próximos anos, foi estendidopara todas as obras do Progra-ma de Aceleração do Crescimen-to (PAC).

3 Prazos curtos. Em-bora concorde que osprazos são cursos,Marcelo Perrupato

lembrou que os empreendimen-tos serão dados ao setor priva-do e não terão de passar por ór-gãos de controle, a não ser osque impliquem licenciamentos,o que vai agilizar o processo.

Francisco Carlos de Assis

O governo deverá utilizar o Regi-me Diferenciado de Contrata-ções Públicas (RDC) para agili-zar os processos construtivos noâmbito do Programa de Investi-mentos em Logística: rodovias eferrovias, lançado em 15 de agos-to pela presidente Dilma Rous-seff. A afirmação é do secretáriode Política Nacional do Ministé-rio dos Transportes, MarceloPerrupato, durante participaçãono debate Os Nós da Infraestru-

tura da série Fóruns Estadão -Brasil Competitivo.

O RDC foi criado pela Lei12.462/2011 e permite a flexibili-zação de licitações e contratos,exclusivamente destinados à rea-lização da Copa das Confedera-ções de 2013, da Copa do Mundode Futebol de 2014 e dos JogosOlímpicos e Paralímpicos de2016. Mas, no final de junho, oSenado estendeu o uso do regi-me para todas as obras do Progra-ma de Aceleração do Crescimen-to (PAC) do governo federal.

Perrupato fez a afirmaçãoapós ser concordar que são cur-tos os prazos estipulados para aapresentação de projetos dos tre-chos que serão licitados pelo go-verno federal. No entanto, se-gundo ele, “como os empreendi-mentos vão ser dados ao setor

privado, eles podem agilizar es-tes processos construtivos por-que não têm nem de passar porórgãos de controles a não seraqueles que impliquem licencia-mentos”.

Matriz ideal. Perrupato tam-bém disse que a matriz ideal detransportes para o País nos próxi-mos dez anos seria compostapor uma participação de 35% deferrovias e 29% de rodovias. Deacordo com ele, esta é a composi-ção da matriz de transportes aque o Brasil deverá chegar até2023, se for mantido o fluxo deinvestimentos programados.

Isso significa dizer que nosdois modais principais, a ferro-via terá de crescer de uma partici-pação atual de 25% no total para35% em 2023. As rodovias, quehoje beiram os 60%, deverão cairpara 29% da matriz.

O secretário destacou que boaparte dos investimentos previs-ta para as rodovias será destina-da a ampliação e duplicação damalha já existente e não só para aconstrução de mais estradas.

Para ele, são equivocadas ascríticas de que o Brasil é um país

“rodovianista”. “É errado dize-rem isso porque, no Brasil, a ma-lha rodoviária não chega a 300mil quilômetros se juntarmos to-das as jurisdições”, afirmou, lem-brando que nos Estados Unidosa malha rodoviária é de 1,5 mi-lhão de quilômetros. “Se compa-rar com o Brasil chega a ser ridí-culo”, afirmou.

Estadualização de rodovias.Marcelo Ferrupato revelou-separtidário da estadualização daadministração das rodovias fede-rais. “Sou partidário da manuten-ção das redes federais por meiode um repasse de verba para osEstados”, explicou, responden-

do a uma pergunta da plateia.“Temos duplicidade de adminis-tração de estradas federais e esta-duais no mesmo espaço.”

Lembrou que nos Estados Uni-dos a gestão de estradas federaispelos Estados já ocorre com su-cesso. “Acho que temos bons ór-gãos estaduais que podem assu-mir o processo”, ponderou, res-salvando que acredita ser idealque isso se realize de forma gra-dual. “Sou a favor porque assimeu não precisaria de uma superin-tendência federal para gerir pe-daços de estradas que, muitas ve-zes, são menores do que a parteque o Estado já administra nasua jurisdição”,

Fóruns Estadão BRASIL COMPETITIVO

André MagnaboscoRicardo Leopoldo

O ambiente é favorável para omercado de debêntures de in-fraestrutura. O presidente da As-sociação Brasileira da Infraestru-tura e Indústrias de Base (Ab-dib), Paulo Godoy, projeta que o

mercado de debêntures emiti-das para investimento em proje-tos de infraestrutura possa cap-tar R$ 50 bilhões por ano, dentrode seis ou sete anos. Godoy des-taca que a projeção depende debons projetos e da criação de ummercado secundário mais efeti-vo, o que poderia atrair inclusiveinvestidores estrangeiros.

Essas debêntures são uma al-ternativa importante às necessi-dades de financiamento de lon-go prazo ao setor de infraestrutu-ra. “O BNDES sozinho não terácondições (de financiar os proje-tos), senão dependeremos de

aportes do Tesouro”, afirma Go-doy. Outra alternativa em estu-do seria a criação de um mecanis-mo de emissão de fundos de in-vestimento em direitos creditó-rios (FDICs) de infraestrutura.

No evento realizado pelo Gru-po Estado, o presidente doBNDES, Luciano Coutinho, dis-se estar seguro que os investi-mentos no Brasil estão numatrajetória ascendente no tercei-ro e quarto trimestres desteano, e confirmou que a poupan-ça doméstica será ampliada viamercado de capitais. “OBNDES pode participar de emis-

sões de debêntures de infraes-trutura”, disse.

Uma nova legislação que tratada regulação dessas debêntures,a ser sancionada pela presidenteDilma Rousseff, trará aperfeiçoa-mentos em relação ao perfil dasempresas que poderão emitir otítulo - incluindo concessioná-rias e holdings - e maior clarezaem relação às penalidades, afir-mou Godoy.

“Há muitas debêntures repre-sadas, com emissões de mais cur-to prazo no aguardo de emissõesde mais longo prazo. Alguns ban-cos já dizem que são capazes deemitir debêntures com dez a 12anos de prazo”, revelou Godoy.Os bancos também estariam ana-lisando a possibilidade de criar

fundos para comprar debêntu-res de infraestrutura e posterior-mente oferecer cotas no varejo.

Segundo Gesner de Oliveira,entre os vetores que precisamser abordados para destravar osetor de infraestrutura no Brasil,estão a promoção de um ambien-te macroeconômico mais favorá-vel ao investimento, a reduçãodo risco regulatório, a desonera-ção, o uso das Parcerias Público-Privadas (PPP) e a criação e de-senvolvimento de novos meca-nismos de financiamento para ainfraestrutura.

“As debêntures de longo pra-zo são uma boa notícia”, desta-cou. “Ações nesses pontos po-dem garantir o sucesso das medi-das que foram tomadas.”

Debêntures podem render R$ 50 bilhões

Menos rodovias,mais ferrovias: esta éa matriz ideal

Concessões estimulam crescimentoPara presidente do BNDES, Luciano Coutinho, elas são “ferramenta indutora” para incentivar investimentos no País

FOTOS HÉLVIO ROMERO/AE

O QUE É O RDC

Para Marcelo Perrupato,secretário de PolíticaNacional do Ministériodos Transportes, metaserá atingida em 2023

Luciano Coutinho - “Seria fácil captar recursos no exterior. Mas não é sensato financiar infraestrutura em moeda estrangeira”

Ricardo Leopoldo

As concessões públicas são es-senciais como “ferramenta in-dutora” para estimular o au-mento da Formação Bruta deCapital Fixo (FBCF) no Paísnos próximos anos, na visãoda presidente Dilma Rousseff,afirmou o presidente do Ban-co Nacional de Desenvolvi-mento Econômico e Social(BNDES), Luciano Coutinho.Esse crescimento será impor-tante para que o Brasil supereo patamar de 20% do ProdutoInterno Bruto (PIB) da FBCF.

“A combinação público priva-da é o caminho mais eficiente.Além disso, o governo tem comoprioridade reduzir a tributaçãosobre o investimento”, afirmou,em palestra da série Fóruns Bra-sil Competitivo.

De acordo com Coutinho, acarteira de investimentos do Bra-sil vai se expandir em maior velo-cidade nos próximos trimestres.“Temos 339 projetos com inves-timentos de R$ 263 bilhões. Des-te total, R$ 153 bilhões serão fi-nanciados pelo BNDES”, comen-tou. Segundo ele, o banco oficialfez investimentos em infraestru-tura que estão em processo deexpansão: atingiram R$ 19 bi-lhões em 2011, devem alcançarR$ 23,4 bilhões neste ano e subirpara R$ 30 bilhões em 2013.

Para Coutinho, a expansão dofinanciamento de projetos de in-fraestrutura requer a ampliação

da poupança interna do País. Eleponderou que, embora os finan-ciamentos estrangeiros sejambem vindos, o Brasil tem condi-ções de economizar recursospróprios a fim de viabilizar seucrescimento, sem colocar as con-tas externas numa situação vul-nerável. “Seria até uma tarefa fá-cil captar recursos para esses em-preendimentos no exterior. Masnão é sensato financiar infraes-trutura em moeda estrangeira”,destacou.

Na avaliação de Luciano Couti-nho, o País precisa empregarduas alavancas para incremen-tar os investimentos em infraes-trutura no País: o sistema de cré-dito e o mercado de capitais.

No sistema de crédito, elemencionou que, embora o siste-ma financeiro seja robusto, é pre-ciso que seja adequado à novarealidade de juros básicos em pa-tamares mais próximos de ní-veis internacionais. Nesse senti-do, os bancos podem ser mais di-nâmicos, ao deixarem o confor-to de aplicar boa parte de seu cai-xa em títulos públicos e migrarpara outros ativos de longo pra-zo, o que, segundo Coutinho,vão fortalecer o mercado de capi-tais no Brasil.

Ajustes de cenário. Para Couti-nho, a economia do País tem con-dições plenas de crescer por umconjunto de virtudes, baseadasem dois vetores: boa situação ma-croeconômica e um vasto cam-po de expansão de projetos deinfraestrutura.

“O Brasil tem emprego formalque se sustenta no longo prazo eo sistema bancário é robusto evai precisar se ajustar ao cenáriode juros mais baixos”, comen-tou, referindo-se à opinião dapresidente Dilma Rousseff, se-gundo a qual os bancos ainda es-tão tímidos na concessão de cré-dito para famílias e empresas.

“O Brasil tem oportunidadesrentáveis de investimentos, co-mo as que surgiram a partir dadescoberta das reservas de petró-leo do pré-sal”, destacou Couti-nho. “Temos também oportuni-

dades muito relevantes de inves-timentos em saneamento básicoe na Copa do Mundo de 2014.”

Para o presidente do BNDES,mudaram as perspectivas para omercado de capitais no Brasil

com a redução do patamar de ju-ros básicos da economia, quecaiu de 12,50% para 7,50% ao anodesde agosto de 2011.

Segundo Coutinho, outro fa-tor que estimula o setor, embora

indiretamente, é que os segmen-tos industriais no País estão ago-ra com a “taxa de câmbio numpatamar razoavelmente compe-titivo”. Coutinho, porém, não ci-tou um nível nominal da cotação

do real ante o dólar. “Abriu-seespaço para investimentos eminfraestrutura no País. Temosum regime macroeconômicomais favorável ao investimentoprodutivo”, disse.

Perrupato. Favorável à estadualização das rodovias

● Expansão

● EntusiasmoProjeção do presidenteda Abdib, Paulo Godoy,depende de bons projetose da criação de ummercado secundário

Luciano CoutinhoPresidente do BNDES“O Brasil tem oportunidadesrentáveis de investimentos,como as que surgiram a partirdas descoberta de reservas depetróleo do pré-sal. Temostambém oportunidades muitorelevantes de investimentos emsaneamento básico e na Copa doMundo de 2014. Abriu-se umespaço de investimentos eminfraestrutura no País”

PAULO GODOYPresidente da Abdib“O BNDES sozinho não terácondições de financiar osprojetos, senão dependeremosde aportes do Tesouro”

GESNER DE OLIVEIRAPresidente da GO Associados“Aa debêntures de longo prazosão uma boa notícia. Açõesnesses pontos podem garantir osucesso das medidas”