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Há mais de seis séculos que a sociedade explicou e tratou os transtornos comportamentais de diferentes maneiras, em diferentes momentos. O modo como as

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Há mais de seis séculos que a sociedade explicou e tratou os transtornos comportamentais de diferentes maneiras, em diferentes momentos.

O modo como as sociedades reagem ao que estabelecem como anormalidade, depende de seus valores e suposições sobre as ações humanas.

Retorno à História

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Desde os tempos mais antigos a ‘anormalidade’ era frequentemente atribuída a causa sobrenaturais.

Retorno à História

Por exemplo, acreditava-se que as pessoas que apresentavam comportamentos incomuns, estivessem possuídas por espíritos ou demônios malignos.

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Durante a Idade Média a religião tornou-se a força dominante, disseminando a crença de que os transtornos comportamentais eram causados por forças sobrenaturais, que assumiam o controle do corpo e da mente.

Demonologia

O tratamento típico para expulsar os demônios eram usar encantamentos, preces ou poções para persuadi-los a irem embora.

Também diversas formas de punição físicas, como, apedrejar ou açoitar, eram defendidas como um meio de forçar os demônios para fora do corpo de uma pessoa possuída.

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Malleus Maleficaram

As pessoas perturbadas, eram ainda acusadas de serem agentes do demônio e não meramente suas vítimas e, portanto rotuladas de bruxas.

Em conseqüência, o comportamento incomum foi submetido ao exorcismo preconizado peloMalleus Maleficaram (martelo das bruxas) que era o manual de caça às bruxas utilizadas pelos religiosos como guia técnico de exorcismo.

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Malleus Maleficaram

Assim, o manual igualava o comportamento incomum com possessão demoníaca e, supunha-se que as pessoas possuídas fossem bruxas. Para expulsar o demônio, as bruxas tinham que ser mortas, muitas vezes, queimadas vivas.

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A História da Loucura de Foucault

Michel Foucault em seu livro estabelece as condições históricas dos discursos e das práticas que dizem respeito ao louco transformado em doente mental.

Demonstra que a psiquiatria é uma ciência recente: a doença mental não tem mesmoduzentos anos, que a intervenção da medicina, com relação ao louco, em vez de ser atemporal é, historicamente datada. Os fatos:

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A História da Loucura de Foucault

Por força da segregação dos leprosos e, portanto, do contágio, a lepra regride e os leprosários esvaziam-se: os loucos assumirá uma espécie de herdeiros da lepra.

O confinamento tem sido utilizado desde a Idade Média.

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A Nau dos LoucosO espaço da loucura era a nau dos loucos, um estranho barco que deslizava ao longo dos rios e levava a carga insana de uma cidade para outra. Isto ocorreu no final da Idade Média até meados do século XVII.

Os loucos eram escorraçados para fora dos muros das cidades e confiados aos barqueiros.

A nau dos loucos já assinala a exclusão da loucura que, deixada sem destino, vaga em busca da razão. É a ambigüidade do período que ora exclui os loucos e ora acolhe-os em seus portos.

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O Hospital Geral

Na Idade Clássica, a loucura será vista de forma diferente, passando a ser administrada a partir de uma instituição que surge com o decreto que fundou em Paris, o Hospital Geral, assinado por Luiz XIV em 27 de abril de 1656.

É o momento da grande internação, onde a loucura é isolada e reduzida ao silêncio.

O internamento dos loucos expressa a ruptura com o Renascimento e o surgimento de uma nova forma de percepção da loucura, própria da Idade Clássica: a impossibilidade do pensar, ou seja a desrazão!

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A Dúvida Cartesiana...“porque eu, que penso, não posso estar louco” que tem em Descarte o grande marco filosófico: o momento em que a loucura vai ser excluída da razão, pois a loucura é, justamente, a condição de impossibilidade do pensamento.

Os hospitais gerais é a resposta a qualquer tipo social que possa significar problemas para a sociedade.

É o submundo moral da desrazão enquanto desordens de costumes e negatividade do pensamento.

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A desrazão

O renascimento inventou a segregação dos leprosos e o classicismo inventou o internamento.

A grande internação tem motivos políticos, sociais, econômicos, religiosos e morais.

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A desrazão

A igreja junta-se ao poder real e a burguesia participando do movimento.

Sob esse gesto, vão encontrar-se atrás dos muros dos hospitais gerais, os pobres, os devassos, os suicidas, os assassinos, os homossexuais... e os loucos. Em outras palavras ‘a desrazão’.

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O Interior dos Grandes Hospitais

Os hospitais gerais não se baseiam em nenhuma prática médica. Trata-se de uma estrutura semi-jurídica, uma espécie de entidade administrativa que aos lado dos poderes já constituídos e além dos tribunais decide, julga e condena.

Os internos constituem a categoria dos inúteis sociais legitimando, assim, a sua exclusão, os associais.

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O Interior dos Grandes Hospitais

Há todo um jogo de poder que cria a desrazão, que a isola e exerce tutela sobre ela. A desrazão é desarmada, localizada e constituída como personagem – a outra coisa.

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Os Quatro Tipos Sociais

O primeiro agrupamento é constituído pelas condutas morais, éticas ou socialmente condenadas. Em sua grande maioria diz respeito à sexualidade!

A homossexualidade, a doença venérea, a prostituição etc., constituem-se nas relações que se instauram entre o amor e a desrazão.

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Os Quatro Tipos Sociais

Tudo o que possa ameaçar a família deve ser internado. Desse modo, a ética estabeleceu a distinção entre o que passou ser considerado racional e o seu oposto.

Entre o normal e o anormal; entre a saúde e a doença!

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O Segundo Agrupamento

Comportamentos considerados pela igreja como profanadoras do sagrado: os que praticam a feitiçaria que enganam os mais fracos, pessoas maléficas e, por esse motivo, internadas!

Há também a visão religiosa da pobreza! Os pobres são percebidos como vagabundos e como tal, internados.

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O Segundo Agrupamento

A religião tem valor ético e moral! Se as pessoas abandonassem os sacramentos, designava um comportamento imoral e, portanto seriam condenadas pela ética da religião e internadas!

O suicida, um profanador, que indica desordem da alma; os hereges que escrevem contra a religião.

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A libertinagem

O terceiro agrupamento que irá compor o hospital geral é o da libertinagem!

São aqueles que sujeitam-se aos desejos do coração! Um conjunto de pessoas que não sabem e não podem utilizar a razão ou que a utilizam erroneamente.

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A libertinagem

Colocam-se a serviço de um coração desregrado e apresentam os desregramentos da imoralidade!

São aqueles que não ligam sua liberdade à ética e, dessa forma, comportam-se como libertinos!

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O Quarto Agrupamento: OS LOUCOS

A revolução moral descobriu um denominador comum: os loucos! A loucura era considerada como incapacidade do indivíduo contrair obrigações ou contratos sociais.

Não há margem para tratar a loucura humanamente, pois ele é, de pleno direito inumana! É o escândalo da condição humana!

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O Quarto Agrupamento: OS LOUCOS

A percepção social da loucura, produzida por diversas instituições, como a polícia, a justiça, a família e a igreja indicará o louco para o internamento a partir das transgressões às leis da razão e da moral.

O internamento unifica os quatro grupos, que em si mesmo opõem-se e não possuem nada em comum a não ser o enunciado: a desrazão!

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O Fim dos Hospitais Gerais

Em 1780, espalha-se uma epidemia por Paris: atribuía-se sua origem à infecção do Hospital Geral que se transforma em símbolo do horror e causador de problemas para a sociedade.

A critica interna, vem do próprio interior do hospital, onde o louco começa a ser isolado pelo perigo que podia representar. Os demais internos percebiam-se diferentes dos loucos.

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O Fim dos Hospitais Gerais

A crítica externa é econômica! Os pobres adquire uma importância básica para o capitalismo nascente. O pobre é reintroduzido na sociedade.

O capitalismo transforma a população pobre, ociosa, vagabunda e desempregada em força de trabalho produtiva, consumidora e matéria prima para o trabalho e riqueza.

Assim, todas as figuras da desrazão foram afastadas a exceção de uma: os loucos!

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O que fazer com a Loucura?

A loucura começa a aparecer como um problema de difícil solução. Os loucos são remetidos as suas famílias, porém essas se mostram incapazes de resolver o problema.

Diante da resistências das famílias e da rejeição dos mesmos pela sociedade permanece a questão: o que fazer com os loucos?

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O que fazer com a Loucura?

No final do século XVIII, a medicina e a prática do internamento aproximam-se como objetivo de uma primeira convergência.

Uma coisa é certa: a loucura encontra-se na mesma situação dos prisioneiros e condenados.

Se aos pobres prescreviam-se o trabalho, estava fora de cogitação deixar os loucos se misturar à sociedade.

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A Loucura como Alienação

O internamento ganha o status de instituição curativa na medida que se propõe a conduzir a loucura à razão, ou seja, quando de passa a perceber a loucura como alienação.

E da nova forma de perceber a loucura como alienação dar-se-á a ruptura definitiva com o modelo do hospital geral e o passo essencial para o surgimento de um espaço destinado aos loucos: os asilos!

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A Loucura como Alienação

A loucura individualiza-se no plano do conhecimento e muda de figura no plano da percepção, dando lugar a uma nova forma de internamento sob os poderes de uma nova especialidade da medicina!

E assim, nasce a PSIQUIATRIA! Nasce um saber!

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Tratamentos da AtualidadeHOSPITAIS DO CORPO

* Mais de mil anos de história;

* Imune à critica de qualquer natureza;

* Seleção pelas conseqüências;

* Status interativo cultural;

* Neste contexto, as variáveis psicológicas são ignoradas ou medicalizadas;

* Medicina: eficaz para tratar as doenças do corpo, mas ineficaz para tratar os transtornos comportamentais.

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Tratamentos da AtualidadeHOSPITAIS DA MENTE

* Nascidos por édito do rei: Paris em 17 de abril de 1657.

* Ocupado por pessoas que compunham a desrazão.

* Nova ruptura: os asilos.

* A loucura como alienação.

* As transformações: loucura, desrazão, alienação e hoje doença mental.

* Psiquiatria: herdeira das práticas de segregação e isolamento.

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