25
HÁ UMA VERDADE POR TRÁS DAS DIETAS? 08-03-2003 Dr. José Carlos Brasil Peixoto, Médico Homeopata Embora uma revista semanal tenha feita uma longa matéria dedicando-se a mostrar que aquilo que todo mundo acredita é, realmente, a verdade sobre as dietas, apesar de novas informações – por sinal, de boa procedência - em contrário, parece mais razoável admitir que a colocação do artigo definido no singular para “as dietas” é uma mutilação cognitiva. Se há uma verdade sobre as dietas, a única possível de ser dita sem temor de errar, é que são todas fraudulentas. A fraude começa pelo fato de que o início de uma dieta é geralmente feito a partir de uma premissa do tipo: “estou acima do meu peso, logo preciso comer menos!” É uma fraude colocar na alimentação a causa do aumento de peso ou do eventual surgimento de enfermidades. Ë como culpar o petróleo pela poluição ou os automóveis pelos engarrafamentos. É no mínimo um sofisma, um encurtamento do entendimento das perspectivas dessas situações. Não são feitas perguntas realmente mais apropriadas como: “porque estou comendo mais do que preciso?”, ou “estarei gastando minhas energias de forma saudável?” A obesidade, ou a diabetes, ou a hipertensão e outras doenças do coração, ou tantas outras, podem ser pioradas pela

Há uma verdade por trás das dietas - Dr José Carlos Brasil Peixoto, médico homeopata

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Há uma verdade por trás das dietas - Dr José Carlos Brasil Peixoto, médico homeopata

HÁ UMA VERDADE POR TRÁS DAS DIETAS? 08-03-2003

Dr. José Carlos Brasil Peixoto,Médico Homeopata 

Embora uma revista semanal tenha feita uma longa matéria dedicando-se a mostrar que aquilo que todo mundo acredita é, realmente, a verdade sobre as dietas, apesar de novas informações – por sinal, de boa procedência - em contrário, parece mais razoável admitir que a colocação do artigo definido no singular para “as dietas” é uma mutilação cognitiva. Se há uma verdade sobre as dietas, a única possível de ser dita sem temor de errar, é que são todas fraudulentas.

A fraude começa pelo fato de que o início de uma dieta é geralmente feito a partir de uma premissa do tipo: “estou acima do meu peso, logo preciso comer menos!” É uma fraude colocar na alimentação a causa do aumento de peso ou do eventual surgimento de enfermidades. Ë como culpar o petróleo pela poluição ou os automóveis pelos engarrafamentos. É no mínimo um sofisma, um encurtamento do entendimento das perspectivas dessas situações.

Não são feitas perguntas realmente mais apropriadas como: “porque estou comendo mais do que preciso?”, ou “estarei gastando minhas energias de forma saudável?” A obesidade, ou a diabetes, ou a hipertensão e outras doenças do coração, ou tantas outras, podem ser pioradas pela alimentação, ou podem ter muito pouco a ver com o que comemos, pois geralmente têm suas origens em processos humanos mais sutis, mais desafiadores para os olhos mecânicos da medicina moderna.

Tais processos envolvem vários aspectos do sofrimento humano, do seu afastamento de tradições milenares, da submissão a um estilo de vida ocidental compulsório, da negligência com cuidados afetivos, espirituais e de uma relação de dominação com os recursos ambientais, o que, na soma, acaba gerando alterações metabólicas e endócrinas, típicas da dificuldade adaptativa do “axis do estresse (1)” dentro do organismo animal dos seres humanos.

Page 2: Há uma verdade por trás das dietas - Dr José Carlos Brasil Peixoto, médico homeopata

 

As dietas e uma escolha Do ponto de vista antropológico, podemos entender a necessidade de se iniciar uma dieta como um dos mais malignos sintomas de nossa perversa relação como meio ambiente. Só faz dieta quem pode escolher. Em populações originais, que mantém uma relação melhor com o meio ambiente, há pouco o que escolher. E isso não significa qualquer prejuízo na qualidade alimentar ou nas conseqüências sobre a saúde.

Talvez fosse melhor até dizer: não há porque escolher! Sim, uma população que mantém uma relação de equilíbrio como seu meio ambiente, come o que ele lhe permite comer! Os povos coletor-caçadores são o melhor exemplo disso. É altamente improvável que um índio amazônico, ou um inuit da Groenlândia, ao tomar nas mãos um alimento, fique a se perguntar coisas tolas dos povos civilizados como: “Será que aqui tem boa quantidade de zinco?” “Será que vai faltar selênio na minha dieta?” “Será que faltam anti-oxidantes na minha alimentação?”

Povos altamente integrados com a natureza, capazes de suportar as mais extremas condições de vida fazem poucas perguntas sobre tais temas, pois levam consigo uma experiência com seus alimentos que atravessou gerações. Para o povo das cidades, civilizados, o passado foi apagado pela precisão do marketing sobre a inteligência, ou ingenuidade coletiva: os alimentos agora são medicamentos, portanto precisam de absoluto cuidado no que escolher.

Alimentos tremendamente alterados, travestidos pela indústria alimentar, são alternativas seguras, abalizadas pelos profissionais, que essa mesma sociedade de consumo formou, com a generosa certeza: nossos formandos universitários jamais vão trair a ciência do consumo, como fizeram tristes cientistas “traidores” do passado, como Copérnico e Galileu, que deixaram a sociedade, e o poder de seu tempo, fragilizado com suas ousadias subversivas.

Hoje em dia, a mesmisse do pensamento de médicos, nutricionistas e da mídia em geral é mais eficiente no sentido de evitar que pensamentos ousados demais possam trazer prejuízo para as indústrias de alimentos e medicamentos. 

Page 3: Há uma verdade por trás das dietas - Dr José Carlos Brasil Peixoto, médico homeopata

Dieta surpreendente, entendimentos convencionais Às vezes, as forças convencionais são tão abnegadas em defender um credo científico, que buscam respostas esdrúxulas para equacionar situações inesperadas, mas que podem falhar.

Nos anos 60 um pesquisador, George Mann, da Universidade de Vanderbilt (Nashville) montou um laboratório móvel no Quênia, para investigar o povo africano das tribos Masai. A idéia original era provar a idéia de que alimentos ricos em gordura, de origem animal, originavam problemas de colesterol, obesidade e doença do coração, fábula que a maioria das pessoas (incluindo profissionais da saúde) acredita piamente nos dias de hoje. Essas tribos alimentam-se exclusivamente de carne, sangue e leite.

Particularmente, o homem masai chega a ingerir meio galão (cerca de 2 litros) de leite, equivalendo a cerca de 230 gramas de nata, por dia! (Outra tribo Queniana, os Sumbarus ingerem o dobro). Além de ingerir quase 2 kg de carne ao dia. Nos dias de festas passam de 4,5 kg num dia! Os pastores quenianos criam um tipo de gado particularmente generoso na oferta de lipídios. A equipe de pesquisa estava eufórica em documentar com exames aquilo que lhes parecia óbvio: muitos indicadores de má saúde - alto colesterol, cardiopatia e obesidade.

Infelizmente, para a surpresa dos americanos, as taxas de colesterol da população pesquisada eram muito baixas! Quase 50% da média americana. Esses quenianos têm boa saúde cardíaca, e não têm excesso de peso. Não podemos esquecer que os quenianos têm os melhores atletas de corridas do mundo. Um outro pesquisador americano, dr. Bruce Taylor (Chicago) tentou explicar isso afirmando que esse povo estava muito bem adaptado à sua dieta.

A genética, sempre parceira das boas explicações, na falta de outras melhores, deveria ser a causa desse fenômeno. Logo, essas boas taxas de colesterol melhorariam, ainda mais, em um local com menos oferta de gordura alimentar. Mas os descendentes desses povos que habitam a capital, Nairoibi, traíram de novo os cientistas: num local mais civilizado e estressante as taxas eram piores que dos habitantes campesinos, onde as tradições milenares permaneciam mais intactas. A genética não foi a esperada boa parceira, aliás, raramente é.

Page 4: Há uma verdade por trás das dietas - Dr José Carlos Brasil Peixoto, médico homeopata

            A história da indústria das dietas            Do rei obeso ao diabetes

Há relatos antigos a respeito de dietas. Em 1087 é relatada a indignação de William, o conquistador, (que foi rei da Inglaterra, após a batalha de Hastings), com o fato de não poder montar cavalos pelo seu peso excessivo. Sua estratégia foi ingerir líquidos, na verdade etílicos, para perder peso. Deve ter tido algum resultado, visto que morreu num acidente de montaria.

Mas, sem dúvida, a dieta se transformou em algo popular no século XX. Três situações foram, majoritariamente, as popularizadoras das dietas: um melhor entendimento do diabetes, as pesquisas populacionais, como a de Framingham, e a moda.

Antes de qualquer coisa, não podemos esquecer que a palavra dieta diz respeito a um hábito alimentar. Do ponto de visto coloquial, a palavra ficou associada a uma prescrição médica. Uma dieta visa artificializar a postura de um indivíduo aos alimentos que costuma consumir: dieta hipo-calórica (com baixa caloria), dieta hipo-natrêmica (pouco sal), dieta hiper-calórica (quase um paradoxo para o comum das pessoas, mas há quem precise ganhar peso), dieta hipo-protêica (pouca proteína) etc. Ou seja: a expressão “dieta” ganhou um status de receituário terapêutico - mude a alimentação em função de alguma preocupação com a saúde, embora muitas vezes essa alteração seja fruto de futilidades estéticas ou proibições filosófico-religiosas, o que pode, ao invés de gerar saúde, gerar mais enfermidade.

Infelizmente isso começou a colocar nas pessoas idéias errôneas sobre as causas das doenças. Desafortunadamente há gente que culpe as proteínas pelo surgimento da “gota” (doença artrítica) ou o sal pela hipertensão arterial sistêmica. São doenças de sofisticadas causas metabólicas, mas dificilmente originadas pela alimentação!

A diabetes é uma doença interessante. Parece ser conhecida desde tempos pré-cristãos. Mas foi em função da guerra franco prussiana, por volta de 1870, que ficou associada pela primeira vez que uma dieta poderia beneficiar pacientes com diabetes. O médico francês, dr. Bouchardat, percebeu o desaparecimento da urina doce

Page 5: Há uma verdade por trás das dietas - Dr José Carlos Brasil Peixoto, médico homeopata

(glicosúria) nas pessoas diabéticas que se submeteram ao racionamento alimentar de Paris durante o período de guerra.

Somente em 1940 que essa doença foi relacionada a uma série de problemas crônicos de saúde (doenças renais e problemas oculares). A insulina foi descoberta em 1921, e isso rendeu um prêmio Nobel aos seus pesquisadores em 1923. Mas somente há pouco tempo a diabetes mais comum, tipo II, do adulto, grave problema de saúde pública em países como os Estados Unidos, ficou mais bem compreendida.

Esse tipo de enfermidade não é causado pela falta de insulina, mas por uma falta de resposta das células à esse hormônio. Essa situação é denominada de “resistência à insulina”. Tal fato ocorre pelo excesso de exposição celular à insulina, tendo em vista uma continua entrada de carboidratos de baixa qualidade pela alimentação.

Isso tem a ver com alterações estimuladas por órgão oficiais de saúde que criaram a clássica pirâmide alimentar, onde se sugere que a base nutricional das pessoas deva ser constituída por produtos derivados de cereais, farináceos, massas etc.

Associado à transição para o emprego de lipídeos de origem vegetal, de performance daninha ao organismo, combinado com alimentos processados substitutos de toda a sorte, temos os ingredientes comestíveis do diabetes, todos fornecidos pela indústria alimentar. (Alimentos “in natura” dificilmente fazem parte dessa problemática). Os outros ingredientes são o estresse, a vida sedentária, a obesidade, a falta de sono, e o sofrimento em geral das populações urbanas.             Os estudos populacionais e as estatísticas que interessam Vista por muitos como a pedra preciosa das políticas de intervenção na alimentação das pessoas, as pesquisas populacionais, que incluem a investigação de hábitos alimentares e enfermidades, ganharam notoriedade com a famosa Pesquisa dos Setes Países, a pesquisa com os habitantes de Framingham, (Massachussets) e o MRFIT, entre outras.

Um dos idealizadores foi o dr. Ancel Keys, pai do sofisma do colesterol. Ele publicou em 1953 um gráfico que relacionava seis

Page 6: Há uma verdade por trás das dietas - Dr José Carlos Brasil Peixoto, médico homeopata

países em dois quesitos: percentual de calorias provenientes de gordura e doença cardíaca (mortes por doença coronariana). Esse estudo foi publicado um ano mais tarde no jornal inglês “The lancet” e ganhou notoriedade mundial. Como normalmente as bases de dados não são revisadas pelas pessoas que se impressionam com os números das estatísticas, é importante que sejam feitas algumas “insolentes” perguntas a respeito desse trabalho.

Um dos aspectos mais intrigantes do gráfico apresentado pelo dr. Keys, é o seu próprio desenho. Trata-se de uma reta, quase perfeita, que se continuada em direção à intersecção dos eixos “x” e “y” poderia levar um ingênuo leitor a um impressionante resultado: quem consome zero quantia de gordura tem zero chance de ter doença cardíaca. A bem da verdade, nem o mais crédulo dos “dietocratas” conseguiria acreditar nessa burla.  Retas gráficas desse tipo são próprias das ciências exatas, mas improváveis em estudos biológicos.

Um aspecto pouco lisonjeiro do âmago dessa pesquisa diz respeito aos elementos que configuram o estudo.  O mais inquietante é saber que, na época da tabulação dos dados, o dr Keys poderia ter usado, com a mesma fidedignidade pelo menos 22 países. Para entendermos melhor, a pesquisa envolve as seguintes nações: EUA, Austrália, Japão, Itália, Canadá e Grã-Bretanha.

Mas se colocados nesse mesmo gráfico, mais os 16 países em que tais dados estavam bem documentados - Finlândia, França, Áustria, Grécia, Ceilão, México, Chile, Dinamarca, Portugal, Suíça, Nova Zelândia, Holanda, Alemanha Ocidental, Irlanda, Israel e Suécia - a figura perderia seu principal significado, porque num mesmo gráfico, a reta se dissolve! Desaparece a relação direta entre o consumo de gordura e a doença do coração, e resultados antipáticos resplandecem na singela verdade que a mãe natureza oferece: não parece haver relação direta entre gordura ingerida e doença coronária, e para a tristeza dos partidários da “dieta cardíaca”: há países em que se consome mais gordura e se tem menos doença do coração.

Nada pior que a frieza dos fatos para desalentar tão “honestos cientistas”. É bem verdade que a pesquisa tem outras graves fragilidades. A qualidade de informação das causas de mortes por atestados de óbitos e a exatidão do item “calorias provenientes de gorduras” poderiam ser bastante questionados.

Page 7: Há uma verdade por trás das dietas - Dr José Carlos Brasil Peixoto, médico homeopata

Assim, a primeira incriminação do consumo de gordura na geração de cardiopatias, envolve tantos erros de premissas que não pode ter sua validade celebrada nos dias de hoje, passados mais de meio século de sua publicação. Não é possível que médicos cuidadosos exaltem suas qualidades. Mas podemos ressaltar uma triste conseqüência, o terrível empobrecimento da compreensão das doenças cardíacas, e o surgimento de uma faixa por demais estreita da ação terapêutica sobre esse tipo de enfermidade. Fato que não trouxe qualquer prejuízo para as indústrias alimentar, das dietas e farmacêutica.

O dr Keys quis refinar suas impressões e chefia o chamado “Estudo dos Sete Países”. Nessa pesquisa dezesseis populações locais da Holanda, Iugoslávia, EUA, Finlândia, Grécia, Itália e Japão foram submetidas à investigação de todo e qualquer fator que pudesse demonstrar relação com doenças do coração. Dessa vez houve uma incriminação, não mais do total de gorduras ingeridas, mas somente das gorduras de origem animal. 

Entretanto, dentro de um mesmo país, houve grandes discrepâncias entre as localidades comparadas, ou seja, em uma única nação não se consegue fazer uma relação direta entre o tipo de dieta e as taxas de mortalidade cardíaca. Ao se divulgar os resultados, se os valores estatísticos dessem suporte à idéia que se procurava provar, tais resultados foram efetivamente divulgados e celebrados.

Se os resultados não fossem úteis para provar o que a pesquisa precisava demonstrar eles são omitidos ou sumarizados como “achados anormais”, irrelevantes ou que poderão ser explicados no futuro (ou nunca mais!)

Outras pesquisas populacionais como a de Framingham ou a pesquisa MRFIT utilizam essa tradicional estratégia estatística da publicação de números que exaltam o que quer ser provado e escondem os números que não precisam ser conhecidos. No primeiro caso, a divulgação dos dados, após trinta anos de acompanhamento, expõe as taxas de mortalidade em geral e as taxas de colesterol. Por incrível que pareça, nesse estudo não é sublinhado as reais taxas de mortalidade por enfermidade cardíaca! E ainda mais interessante: em mortes após os 47 anos não faz diferença a taxa de colesterol. Pessoas com colesterol alto ou baixo

Page 8: Há uma verdade por trás das dietas - Dr José Carlos Brasil Peixoto, médico homeopata

morrem em iguais proporções. Outro aspecto importante, esse estudo é somente com homens. (Obs.: sobre a pesquisa MRFIT veja o artigo “A mágica das estatísticas” nesse mesmo site.)

Com a aparente inutilidade, ou até mesmo pela temeridade que representa, o emprego de medicamentos que reduzem taxas de colesterol – como as idolatradas estatinas (2) – é mais um dos apelos da mídia terapêutica que carecem de compassividade genuína e respeito pelo ser humano. Num simpósio de 2000 foi declarado que possivelmente a metade da população americana deverá utilizar medicamentos que reduzam as taxas de colesterol.

Pior que os riscos que isso possa trazer, visto que as estatinas podem estar ligadas ao derrame cerebral, aumento do risco de suicídio, comportamento violento, e outros prejuízos ao sistema nervoso central, e vários outros efeitos nocivos à saúde, ainda pior que isso, é o fato de que a própria preocupação em reduzir as taxas de colesterol parece ser absolutamente desnecessária e potencialmente iatrogênica (enfermidades originadas por uma ação terapêutica). A dieta e a moda Apesar de parecer algo absolutamente natural, plenamente razoável, as dietas para emagrecer foram se popularizando nos EUA a partir dos anos 1950. Um fator fundamental para isso foi a mudança nos padrões de estética que foram se consolidando a partir dessa época. Nos anos e séculos anteriores a magreza estava longe de ser um sinal de boa saúde, beleza ou prosperidade. Se houvesse dieta recomendada por médicos, estas teriam o objetivo de ganhar peso, nunca de perder!

Nos anos 1920 surge a moda “flapper” – na realidade um estilo de vida, que expõe moças com saias mais curtas, novos cortes de cabelo e com novas maquiagens, elas ouvem jazz e abandonam condutas tidas como corretas – o que introduz modelos femininas mais magras como uma nova estética de vigor e jovialidade. Já nos 60 surge a modelo Twiggy, magra, ombros quadrados, pequeno busto e silhueta extremamente esguia. Esse modelo se repetirá anos mais tarde com outras modelos como Kate Moss.

Page 9: Há uma verdade por trás das dietas - Dr José Carlos Brasil Peixoto, médico homeopata

Para alcançar pesos tão encolhidos as mulheres fariam de tudo, até mesmo ingerirem vermes como a tênia solitária! Na medida em que as mulheres eram liberadas de seus empregos voltados para a segunda guerra mundial dos anos 50, a mídia de massa coloca seu foco num emergente mercado de profícuo futuro: a moda da magreza. Isso gerou milhares de publicações que se proporiam a oferecer estratégias de perda de peso. Em 2002 o catálogo literário listava 1412 títulos sobre dietas e 483 títulos sobre distúrbios alimentares.

O foco original nada tinha a ver com a saúde. A obsessão levaria à introdução de psicotrópicos, como as anfetaminas, como receituário banalizado. A sociedade em seguida vê a disseminação de enfermidades do tipo bulemia e anorexia nervosa acometendo principalmente adolescentes. Em 1990 a indústria da perda de peso envolve cifras astronômicas como 50 bilhões de dólares.

Em janeiro de 1960 surgem os primeiros grupos de auto-ajuda, tipo “alcoólicos anônimos”, os “Vigilantes do Peso”, para que pessoas ofereçam-se suporte mútuo para o controle de peso (Califórnia).Embora não existam dúvidas de que o sobrepeso é um aspecto extremamente comprometedor da saúde, é a estética o mais eficiente estímulo ao consumo de dietas. Com essa finalidade, um estado saudável acaba não sendo o resultado prático das mesmas. A obesidade e um novo personagem A fisiopatologia da obesidade é um dos maiores desafios da atualidade. Como todo o seu processo não está bem compreendido é muito árduo se estabelecer as mais eficientes formas de controle. Provavelmente qualquer estratégia passa pelo que convencionamos chamar de reeducação alimentar. Mas ela não um alvo fácil de ser mantido pela maioria das pessoas. Seja pela aparente lentidão de seus resultados, seja porque ela pode deixar o paciente exposto ao seu universo de dramas psicológicos sem boas alternativas, ou porque essa reeducação alimentar não funciona sozinha, sem outras “reeducações”.

Um dos possíveis objetivos de uma boa terapêutica não poderá se furtar de buscar a restauração do bom funcionamento de um hormônio conhecido há pouco tempo. Na opinião de estudiosos de vanguarda, como R. Rosadale, a obesidade passa por uma situação similar à resistência à insulina do diabete do adulto. A

Page 10: Há uma verdade por trás das dietas - Dr José Carlos Brasil Peixoto, médico homeopata

leptina é um hormônio produzido pelo tecido adiposo. Foi descoberto em 1994 por Jeffrey Friedmann quando estudava modelos de obesidade em ratos.

Sua liberação trabalha em locais específicos do cérebro e participa de forma primordial na sensação de saciedade bioquímica, que é a mais eficiente no controle do apetite. No entanto não é por falta de leptina que ficamos obesos. A leptina já foi tentada como terapêutica para a obesidade, mas não houve grande resposta. Simplesmente porque não há falta desse hormônio. O problema está na aparente resistência dos órgãos alvos em responder de forma apropriada a ele. A resistência à leptina pode ter como principal causa o excesso de ingestão de açúcares e carboidratos na alimentação cotidiana. A base da tradicional pirâmide alimentar (pães, massas, cereais etc.) pode ser o maior estímulo para a perda da aptidão fisiológica da leptina, e por conseqüência, para a obesidade.

Um fato que naturalmente nunca pode ser perdido de vista é que o aumento impressionante nas taxas de indivíduos, de todas as faixas etárias, com sobrepeso tem uma relação siamesa com o ufanístico progresso das sociedades urbanas! Ë bem provável, mesmo não gostando de admitir, que ambas as situações podem ter intensas relações de causa e efeito.  As dietas, a salvação ou a loucura total Uma pesquisa divulgada em outubro de 2005 aponta para números impressionantes sobre obesidade: nos EUA, cerca de 90% dos homens e 70% das mulheres terão excesso de peso.  Por incrível que pareça, as reais causas dessa pandemia nunca foram realmente combatidas.

Até o século XVIII não havia consumo de alimentos processados. Não havia preocupações específicas com os tipos de alimentos que deveriam ser evitados ou estimulados para consumo. O escorbuto da idade média não foi facilmente identificado como uma doença ligada a carências nutritivas, visto que os marinheiros não adoeciam da mesma forma e no mesmo tempo sob aparentes idênticas condições. Marinheiros excepcionais e mais antigos como os vikings, que usavam chucrute em conserva não conheceram o drama do escorbuto.

Page 11: Há uma verdade por trás das dietas - Dr José Carlos Brasil Peixoto, médico homeopata

A pelagra, doença causada pela falta de vitamina B foi uma das primeiras que estabeleceu uma relação entre a qualidade alimentar e a saúde. A rigor foi o processamento do arroz, que retirava a parte mais nobre desse alimento que introduziu essa moléstia. A indústria alimentar já demonstraria sua mais eficiente ação sobre as pessoas. Mesmo assim, a maioria dos consumidores ingere arroz polido nos “sabidos” tempos modernos.

As causas da obesidade envolvem fatores bem conhecidos. A falta de atividade física é promovida pelo estilo de vida dos sítios urbanos. Não é um mero fato do ocaso. Foi uma opção, foi uma escolha de vida! As pessoas saem do meio rural marginalizado pela mídia do conforto extremo e infinito! No fundo se propõe uma situação meio absurda! Não faça quaisquer esforços. Use controle remoto, vidro elétrico, direção hidráulica, elevadores, escadas rolantes, câmbio automático, tele entregas, carro para qualquer distância, máquinas para tudo que for necessário ser feito! A mídia do super-consumo é clara: reserve toda a sua energia para... ficar sentado vendo TV ou na frente de um computador.

Ao mesmo tempo as pessoas estão constantemente ocupadas com obrigações burocráticas, financeiras, estratégicas, competitivas, logísticas, formação intelectual etc. Existe um fenomenal estímulo à ansiedade, a solidão, ao afastamento humano, ao pouco carinho, ao medo, à insegurança, à desconfiança, à falta de amor e ao belicismo em geral. A compensação mais fácil é obtida pela boca.

Além disso há uma profunda mudança nos próprios produtos alimentares. Passam a ser produtos processados, embalados, modificados no sabor, textura, cor e odor. A finalidade é uma só: serem mais atrativos. Os alimentos ganham o status de produto de consumo, e caem na terrível e única lei de consumo. Bons produtos vendem bastante, mesmo para consumidores que nem precisariam comprá-los. Além disso, algumas porções ganham versões extragrandes.

Os resultados de pesquisas médicas, como as citadas anteriormente, patrocinam a utilização de substitutos às gorduras naturais, como a gordura vegetal hidrogenada, as gorduras “trans”, a produção de alimentos com quantias absurdas de ácidos graxos perigosos como o ômega-6, e a utilização de óleos vegetais para feitura de frituras, óleos que se oxidam no calor e inundam o organismo com radicais livres francamente patogênicos.

Page 12: Há uma verdade por trás das dietas - Dr José Carlos Brasil Peixoto, médico homeopata

Ninguém toma água. A maioria dos adolescentes toma refrigerantes carbonatados e cheios de açúcar ou adoçantes. As águas são aditivadas com flúor, mesmo que o consumidor descubra seus perigos e que desejasse mais não consumir esse mineral.

Mesmo com as taxas sempre crescentes de doenças cardíacas e do diabetes, continua a substituição de gordura animal e saturada, por óleos vegetais poliinsaturados. Os olhos das pessoas perderam definitivamente a capacidade de enxergar a realidade.

O emprego de complementos minerais se tornou popular. Isso é justificado por argumentos bizarros do tipo: nossos solos perderam nutrientes. É estranho que se esqueça que se há perda de nutrientes ela foi promovida pela irresponsável ação da indústria dos fertilizantes e agro-tóxicos (as mesmas que produzem medicamentos).

Se for verdade que já existam laranjas sem um miligrama de vitamina C, a culpa não é da natureza. É do homem e a da sociedade de consumo. Fraudando o paladar O apelo mais ardiloso da mídia sobre dietas é a construção do mito dos super alimentos. Todos os dias se descobrem novos maravilhosos predicados nos produtos alimentares, de maneira a fazer uma fruta, uma raiz, uma folha, um peixe a ganhar um status especial: o título honorífico de medicamento! A todo o momento ébrios arautos de pesquisas alimentares assolam nossos ouvidos com impressionantes relatos a respeito da mágica de bons e velhos conhecidos de nossas mesas.

Quem sabe um dia compraremos brócolis ou tomates nas farmácias e com receita! O bom senso é totalmente abandonado. Ao invés de sermos estimulados a manter uma natural tendência de comer de tudo um pouco, de acordo com as possibilidades, desejos e tradições alimentares, somos seqüestrados pela onda da salvação, ou até da mesma da purificação, pelo uso de alimentos excepcionais.

Mesmo que esses produtos nada tenham a ver com a natureza local. Mesmo que esses produtos possam até mesmo aniquilar um

Page 13: Há uma verdade por trás das dietas - Dr José Carlos Brasil Peixoto, médico homeopata

ecossistema, trocando populações de vegetais e animais nativos por verdadeiras pragas exóticas além mar!

Outras vezes as pessoas ficam tão extasiadas em saber que um alimento tem substâncias

potencialmente medicamentosas, que extraem tais substâncias desses alimentos e as embalam em pequenas pílulas. O furto da capacidade intelectual coletiva foi muito prodigioso: ninguém dá valor ao todo, ao integral, ao original.

Obviamente, isso é fundamental para que o consumo de alimentos transformados e mistificados por inúmeros recursos tecnológicos passasse a ser visto com absoluta condescendência! É um aliado importante da sobrepujante e inquestionável postura desconectada da natureza de nossa sociedade.

O uso de adoçantes é outro aspecto que ressalta o aspecto fraudulento das dietas. Se comer doçuras pode estar na raiz da diabete ou no âmago de seu tratamento, porque é necessário enganar o paladar? Que o indivíduo enfermo não coma doces, ou os restrinja para dar um ar de festividade (com algumas sobremesas) quando a enfermidade estiver sob controle. Inúmeros povos originais ingerem poucas quantias de doces, geralmente algumas frutas, disponíveis em certas épocas do ano.

Edulcorantes artificiais como o aspartame, o ciclamato e a sacarina, afora os eventuais riscos que representem para a saúde, são óbvios demonstrativos da malévola estratégia compensatória que os povos civilizados tentam impor aos seus cidadãos. “Não se preocupem com os danos que nossos alimentos artificiais lhes causem! Nós lhe adoecemos e lhe salvamos com nossos próprios produtos, gerados pela nossa infinita capacidade de arremedar a natureza e substituir o mundo real!”

E assim alimentos light e diet, originalmente concebidos para pessoas que não poderiam consumir açúcares ou calorias, passam a ser artigos comuns, adquiridos por indivíduos que, certamente, não precisariam desse tipo de (pseudo) alimento.

Não é a toa que a estratégia de compensações que a medicina tradicional adotou, a tornou, pelo menos nos EUA, na terceira causa

Page 14: Há uma verdade por trás das dietas - Dr José Carlos Brasil Peixoto, médico homeopata

de mortalidade (se já não for a primeira), atrás somente do câncer e das cardiopatias.

O FDA, órgão de controle dos alimentos e remédios dos EUA, endossa o uso de advertências positivas sobre virtudes de produtos alimentares que possam parecer favoráveis à saúde. Assim expressões incoerentes ou inverossímeis como “esse produto não contém colesterol” aplicadas em rótulos de produtos vegetais, são enxergadas sem qualquer pudor nas prateleiras dos supermercados.

Um aspecto que também não pode deixar de ser lembrado, é que existem pesquisas que indicam que os usos de produtos alimentares, com pouca caloria, parecem não serem realmente eficazes no objetivo de se perder peso. O comentário: “só vejo obesos tomando refrigerantes light” pode ser mais do que uma simples piada... (Não se deve esquecer que, no Brasil, produtos light são aqueles que têm pelo menos 25% de redução de todos os componentes calóricos, e produtos diet são aqueles que têm 99% de redução em um único componente específico, e sempre sem açúcar) Afinal, é a comida que gera a doença? Uma das perguntas que não quer calar é porque, a partir dos anos 50, foi implicada a comida como um dos fatores mais importantes para as doenças cardíacas e a saúde em geral? Quando são tabulados inúmeros fatores de risco, a alimentação não parece ser um fator muito mais responsável pelos ataques cardíacos do que uma série de outros que faz parte do estilo moderno de vida.

Não podemos esquecer que há inúmeros produtos e serviços que são inerentes, ofertados ou mantidos, pelo moderno estilo urbano de viver. Esses fatores não podem ser implicados em enfermidades, pois isso levantaria dúvidas sobre as virtudes, que não podem ser questionadas, da sociedade moderna. Sabemos que a tristeza e a ansiedade geral das pessoas é fundamental gerador da postura de consumo, e marca imperiosa das populações metropolitanas.

O único fator que pode ser incriminado, e que ao mesmo tempo pode gerar ainda mais vantagens para a sociedade de consumo é a alimentação. Para isso funcionar em sintonia com essa sociedade fascinada por sua capacidade de progredir, mesmo que o progresso

Page 15: Há uma verdade por trás das dietas - Dr José Carlos Brasil Peixoto, médico homeopata

não signifique mais felicidade, nem mesmo mais saúde, apenas uma longevidade que pode aumentar o tempo de vida dos consumidores, foi criada uma série de artimanhas, que alocaram indivíduos de ótima intenção (nutricionistas, terapeutas, naturalistas, médicos, meditadores etc.) como parceiros ingênuos da “medicalização” ou a desmoralização dos alimentos tradicionais! Qual será o futuro? A perspectiva alimentar parece sombria.

O estudo Women’s Healths Initiative mostrou que mudanças obedientes à “dietocracia” não revelaram qualquer vantagem na saúde final das mulheres que se submeteram às restrições alimentares tradicionais (baixo consumo de gordura animal, uso de lipídeos de origem vegetal, entre outras orientações convencionais).

Esse estudo é um dos empreendimentos mais sérios, e relativamente mais autônomo, em relação aos financiamentos privados. Foi o mesmo estudo que expôs para a opinião pública que a reposição hormonal tradicional (com hormônios artificiais, Premarin e Farlutal) como prejudicial à saúde da mulher.

É incrível, que uma vez que esse estudo comprometa a visão oficial das dietas, sugerindo que elas não sejam saudáveis ou úteis, apareçam vozes que, irresponsavelmente, denigrem-no, invalidem seus resultados, sem ao menos fazerem questionamentos razoáveis sobre os resultados práticos dos benefícios alcançados pela pirotecnia dietética em vigor, afora é claro, os benefícios econômicos!

Nos tempos atuais é muito mais fácil continuarmos com a insana abordagem compensatória moderna. Mutilamos a constituição mineral dos campos. Empobrecemos as qualidades nutritivas dos alimentos vegetais e animais. Utilizamos cada vez mais insumos químicos para suprir a cadeia produtiva de transformação de nossas comidas. Ficamos cada vez mais longe da natureza.

Todo aquele que acredita que o uso de suplementos alimentares seja a melhor solução para esse tipo de problema, provavelmente será lembrado no futuro como cúmplice da destruição cada vez mais ampla de nossos ecossistemas. A mídia que reforça esse percurso transgressor, em algum tempo, será ostensivamente

Page 16: Há uma verdade por trás das dietas - Dr José Carlos Brasil Peixoto, médico homeopata

responsabilizada pela insana destruição de nossos recursos alimentares naturais.

Os danos à ecologia, à saúde, ao homem e a todos os seres vivos têm como cúmplices aqueles que deveriam proteger nosso bem estar e salvaguardar nosso planeta! Reportagens com ambições de serem uma única verdade sobre as dietas fazem parte dessa sombria conspiração! (José Carlos Brasil Peixoto, 080306) 

Nota: A reportagem que foi inspiradora desse artigo foi: “A verdade sobre as dietas” da revista Veja de 15/02/2006. Muitos dos temas levantados são discutidos em outros artigos do site outravisao. Observações:

(1) “Axis do estresse” diz respeito ao conjunto de órgãos de um organismo envolvido com o equilíbrio de relação com o meio ambiente. Envolve partes específicas do cérebro, e praticamente todo o sistema imunológico e endócrino.

(2) Estatinas, grupo de medicamentos que reduzem as taxas sangüíneas de colesterol ao restringir o funcionamento normal do fígado. São exemplos a sinvastatina, a pravastatina entre outros, sob inúmeros nomes comerciais. 

Fontes de referência:

01)    Fallon, S & Enig, Mary – “Nourishing Traditions” (The cookbook that challenges Politicaly Correct Nutrition and the Diet Dictocrats) - 2nd ed.New Trend Pub, New York, 2001;

02)    Fallon, S & Enig, Mary – “The danger of statins drugs: what you haven’t been told about cholesterol-lower medication”;(a tradução desse artigo sera publicada em breve nesse site);

03)    Ranvskov, Uffe – “The  Cholesterol Myths” – New Trend Pub. New York – (em fase de revisão da tradução, por José C B Peixoto);

Page 17: Há uma verdade por trás das dietas - Dr José Carlos Brasil Peixoto, médico homeopata

04)    Dufty, William – “Sugar Blues”, Ed Ground, RJ, 1975;

05)    Site official do Women’s Health Iniative (www.whi.org), um estudo de longa duração, planejado para se estender por15 anos, que está envolvendo mais de 160.000 mulheres, entre 50 e 79, com foco em prevenção de doença cardíaca, câncer de mama, câncer coloretal, e fraturas.

06)    Outros sites da Internet:http://www.rosedalemetabolics.com/ – site do médico pesquisador, expert em medicina do metabolismo e alimentar Ron Rosedale, PhD;http://www.diabetes.ca/ – site da Associação Canadense da Diabetes;www.bookrags.com/history/popculture/dietshttp://shop.store.yahoo.com/carbsmart/historydiets.htmlhttp://www.naafa.org/press_room/history_obesity.html www.mercola.com/2000/jul/30/doctors_healths.html sobre um artigo publicado no Journal American Medical Association, July 26, 2000, 284(4): 483-5. (ver artigo nesse site: “Finalmente em primeiro lugar” que aborda esse tema)  

Fonte: http://www.umaoutravisao.com.br/verdadedietas.html