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FACULDADE DE ESTUDOS SOCIAIS DO ESPÍRITO SANTO – PIO XII CURSO DE GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS DERILDA FURLAN JUSTI ROCHA HARMONIZAÇÃO INTERNACIONAL DAS PRÁTICAS CONTÁBEIS – UMA NECESSIDADE DO MUNDO GLOBALIZADO Cariacica Outubro/2006

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FACULDADE DE ESTUDOS SOCIAIS DO ESPÍRITO SANTO – PIO XII

CURSO DE GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS

DERILDA FURLAN JUSTI ROCHA

HARMONIZAÇÃO INTERNACIONAL DAS PRÁTICAS CONTÁBEIS – UMA NECESSIDADE DO MUNDO GLOBALIZADO

Cariacica Outubro/2006

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DERILDA FURLAN JUSTI ROCHA

HARMONIZAÇÃO INTERNACIONAL DAS PRÁTICAS CONTÁBEIS – UMA NECESSIDADE DO MUNDO GLOBALIZADO

Trabalho Acadêmico apresentado ao Curso de Graduação em Ciências Contábeis da Faculdade de Estudos Sociais do Espírito Santo, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Ciências Contábeis. Orientador: Prof. Gilson Daniel Batista

Cariacica Outubro/2006

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i

DERILDA FURLAN JUSTI ROCHA

HARMONIZAÇÃO INTERNACIONAL DAS PRÁTICAS CONTÁBEIS – UMANECESSIDADE DO MUNDO GLOBALIZADO

Trabalho acadêmico apresentado à Faculdade de Estudos Sociais do Espírito Sa

como requisito obrigatório da disciplina de Metodologia da Pesquisa Científica.

Aprovado em 19 de outubro de 20

COMISSÃO EXAMINADORA

________________________________________ Prof. Gilson Daniel Batista Faculdade de Estudos Sociais do Espírito Santo Orientador

________________________________________ Prof. Milton Ribeiro Pereira Faculdade de Estudos Sociais do Espírito Santo Examinador

i

nto,

06.

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iii

Dedico essa conquista a todos que me apoiaram e me incentivaram nesses quatro

anos de muita luta e dedicação.

A minha mãe e irmãos pelo carinho e amizade.

Ao meu marido, por toda compreensão e paciência, e por ter me acompanhado

durante toda minha jornada acadêmica.

E a todos que torceram pela minha vitória.

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iv

“A confiança em si mesmo é o primeiro segredo do sucesso”. (Ralph Emerson – poeta e filósofo americano)

“Recolha as pedras no seu caminho, faça uma escada e suba.

Mas não derrube seus inimigos para que eles

possam assistir de pé o seu sucesso”. (autor desconhecido)

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v

AGRADECIMENTOS

Agradeço em primeiro lugar a Deus, que me deu saúde e a oportunidade de

continuar com os meus estudos.

Aos meus pais, por toda dedicação e pelos ensinamentos recebidos. A minha mãe

em especial por ter ficado do meu lado sempre, me ajudando no que eu precisasse.

Ao meu pai, que não está mais entre nós, mas tenho certeza que esta feliz por mim.

Ao meu amor, pelo incentivo de voltar a estudar depois de tanto tempo, pela

compreensão nos momentos difíceis e por estar sempre ao meu lado.

Amo muito a todos...

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vi

SUMÁRIO LISTA DE TABELAS .............................................................................................. viiiLISTA DE GRÁFICOS …………………………………………………………………. ixLISTA DE QUADROS ………..………………………………………………………… x LISTA DE SIGLAS ……………………………………………………………………… xiLISTA DE DEFINIÇÃO DE TERMOS ………………………………………………... xiiiRESUMO ………………………………………………………………………………… 14 INTRODUÇÃO .......................................................................................................

15

1 – REVISÃO DA LITERATURA ...........................................................................

19

1.1 – FINALIDADES DA CONTABILIDADE ........................................................... 191.2 – A CONTABILIDADE NO MUNDO GLOBALIZADO ...................................... 211.3 – A HARMONIZAÇÃO CONTÁBIL: UMA VISÃO GERAL ............................... 221.3.1 – Por que Harmonizar ................................................................................... 231.3.2 – Harmonização x Padronização .................................................................. 241.4 – FATOS IMPORTANTES DA HISTÓRIA DA HARMONIZAÇÃO CONTÁBIL ................................................................................................................................

25

1.5 – VANTAGENS E DESVANTAGENS DA HARMONIZAÇÃO CONTÁBIL ....... 281.6 – PRINCIPAIS ÓRGÃOS INTERNCAIONAS .................................................. 301.6.1 – ISAR / UNCTAD / ONU – Grupo de Trabalho Intergovernamental de Notáveis em Normas Internacionais de Contabilidade e Apresentação de Informes..................................................................................................................

30

1.6.2 – OECD – Organização para Desenvolvimento e Cooperação Econômica................................................................................................................................

32

1.6.3 – IASB – Conselho Internacional de Normas Contábeis ............................ 331.6.4 – EEC – Comunidade Econômica Européia / UE - União Européia ........... 341.6.5 – IFAC – Federação Internacional de Contadores ...................................... 351.6.6 – IOSCO – Organização Internacional das Comissões de Valores Mobiliários ..............................................................................................................

36

1.6.7 – Mercosul – Mercado Comum do Sul ........................................................ 371.6.8 – BIS – Comitê de Supervisão Bancária do Banco de Compensações Internacionais .........................................................................................................

38

1.6.9 – CAPA – Confederação de Contadores da Ásia e do Pacífico ................. 381.6.10 – AIC – Associação Interamericana de Contabilidade ................................ 391.6.11 – FEE – Federação dos Especialistas Contábeis da Europa ..................... 391.6.12 – FASB – Conselho de Normas Contábeis ................................................. 391.6.13 – SEC – Comissão de Valores Mobiliários …….…………………………….. 40

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vii

2 – MODELOS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE ..................................

41

2.1 – US GAAP (United States Generally Accepted Accounting Principles) …….. 412.2 – IFRS (International Financial Reporting Standards) …………………………. 422.2.1 – Adoção das Normas Internacionais ………………………………………….. 432.3 – PRINCÍPIOS CONTÁBEIS ............................................................................ 442.3.1 – Princípios Contábeis no Brasil ................................................................... 452.3.1.1 – Segundo o CFC ...................................................................................... 452.3.1.2 – Segundo o IBRACON ............................................................................. 452.3.2 – Princípios Contábeis Segundo o IASB ...................................................... 462.3.3 – Princípios Contábeis Segundo o US GAAP ............................................... 462.4 – COMPARATIVO DAS PRINCIPAIS PRÁTICAS CONTÁBEIS ..................... 47 3 – METODOLOGIA ..............................................................................................

51

3.1 – TIPO DE PESQUISA .................................................................................... 513.2 – COLETA DE DADOS .................................................................................... 513.3 – UNIVERSO DA AMOSTRA ........................................................................... 523.4 – ANÁLISE DOS DADOS ................................................................................ 523.5 – CONTEXTO DAS EMPRESAS ANALISADAS ............................................. 533.5.1 – Companhia Nipo-Brasileira de Pelotização – NIBRASCO ......................... 533.5.2 – Companhia Coreano Brasileira de Pelotização – KOBRASCO ................. 543.5.3 – Companhia Ítalo-Brasileira de Pelotização – ITABRASCO ....................... 543.5.4 – Companhia Hispano-Brasileira de Pelotização – HISPANOBRAS ............ 55 4 – ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS ...............................................

56

4.1 – ANÁLISE DOS DADOS ENTRE BR GAAP E US GAAP .............................. 574.2 – ANÁLISE DOS DADOS ENTRE BR GAAP E IFRS ...................................... 65 5 – CONCLUSÃO ..................................................................................................

67

6 – SUGESTÕES PARA NOVAS PESQUISAS.....................................................

69

7 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...............................................................

70

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viii

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Análise do PL da Nibrasco 2005 (BR GAAP x US GAAP) ....................

57

Tabela 2: Análise do PL da Kobrasco 2005 (BR GAAP x US GAAP) ...................

57

Tabela 3: Análise do PL da Itabrasco 2005 (BR GAAP x US GAAP) ....................

58

Tabela 4: Análise do PL da Hispanobras 2005 (BR GAAP x US GAAP) ..............

58

Tabela 5: Resumo dos valores apurados do PL das empresas (BR GAAP x US GAAP) ....................................................................................................................

60

Tabela 6: Análise do PL da Hispanobras 2005 (BR GAAP x IFRS) ......................

65

Tabela 7: Resumo dos valores apurados do PL da Hispanobras (BR GAAP x IFRS) ......................................................................................................................

65

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ix

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: PL Nibrasco 2005 (BR GAAP x US GAAP) ...........................................

61

Gráfico 2: PL Kobrasco 2005 (BR GAAP x US GAAP) ..........................................

61

Gráfico 3: PL Itabrasco 2005 (BR GAAP x US GAAP) ..........................................

62

Gráfico 4: PL Hispanobras 2005 (BR GAAP x US GAAP) .....................................

63

Gráfico 5: Variação do CTA ...................................................................................

64

Gráfico 6: PL Hispanobras 2005 (BR GAAP x IFRS) .............................................

66

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x

LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Divisão dos Modelos de Sistemas Contábeis .......................................

23

Quadro 2: Comparativo das Práticas Contábeis ……............................................

47

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xi

LISTA DE SIGLAS

AIC – (Asociación Interamericana de Contabilidad) - Associação Interamericana de

Contabilidade

AICPA – Accounting Interpretations and Implementation Guide

AISG – (Accountants International Study Group) - Grupo de Estudos Internacional de

Contadores

BIS – (Banking Supervision Committee) - Comitê de Supervisão Bancária do Banco

de Compensações Internacionais

BP – Balanço Patrimonial

BR GAAP – (Generally Accepted Accounting Principles) - Princípios Contábeis

Geralmente Aceitos no Brasil

CAPA – (The Confederation of Asian and Pacific Accountants) - Confederação de

Contadores da Ásia e do Pacífico

CFC – Conselho Federal de Contabilidade

CVM – Comissão de Valores Mobiliários

CVRD – Companhia Vale do Rio Doce

ECOSOC – Conselho Econômico e Social das Nações Unidas

EEC – (European Economic Community) – Comunidade Econômica Européia

EITF – (Emerging Issues Task Force) - Força Tarefa sobre Assuntos Emergentes

EUA – Estado Unidos da América

FASB – (Financial Accounting Standards Board) - Conselho de Normas de

Contabilidade Financeira

FEE – (Federation des Experts Comptables Européens) - Federação dos

Especialistas Contábeis da Europa

GAAP’s – (Generally Accepted Accounting Principles) – Princípios Contábeis

Geramente Aceitos

IAS – (International Accounting Standards) – Normas Internacionais de

Contabilidade

IASB – (International Accounting Standards Board) - Conselho Internacional de

Normas Contábeis

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IASC – (International Accounting Standards Committee) - Comitê de Normas

Internacionais de Contabilidade

xii

IBRACOM - Instituto Brasileiro de Contadores

IFAC – (International Federation of Accountants) - Federação Internacional de

Contadores

IFRS – (International Financial Reporting Standards) - Normas Internacional de

Contabilidade

ISAR – Intergovernmental Working Group of Experts on International Standards of

Accounting and Reporting

IOSCO – (The International Organization of Securities Commission) - Organização

Internacional das Comissões de Valores Mobiliários

Mercosul – Mercado Comum do Sul

NBCT – Norma Brasileira de Contabilidade

NE – Notas Explicativas

OCDE – (Organization for Economic Cooperation and Development) - Organização

para Desenvolvimento e Cooperação Econômica

ONU – Organização das Nações Unidas

PL – Patrimônio Líquido

SAB’s – (Staff Accounting Bulletins) – Boletins de Assessoria Contábil

SAS – (Statement Audinting Standard) – Demonstração das Normas de Auditoria

SEC – (Securities and Exchange Commission) – Comissão de Valores Mobiliários

EU – União Européia

UNCTAD – United Nations Conference on Trade and Development

US GAAP – (Generally Accepted Accounting Principles) - Princípios Contábeis

Geralmente Aceitos nos Estados Unidos

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xiii

LISTA DE DEFINIÇÃO DE TERMOS

Business Combinations – união de empresas separadas em uma única entidade

econômica (fusão, incorporação ou aquisição de controle)

Core standards – regra central Corporations – sociedades

Critérios Consentâneos – critérios apropriados

Estadunidenses – habitante ou natural dos Estados Unidos da América

Feeling – percepção, intuição Financial reporting – relatório financeiro Força motriz – força que dá movimento Hispanobras – Companhia Hispano-Brasileira de Pelotização

International Education Standards – Normas Internacionais de Educação International Standards of Auditing – Normas Internacionais de Auditoria Interpretação Viesada – interpretar de maneira distorcida uma informação Itabrasco – Companhia Ítalo-Brasileira de Pelotização

Joint ventures – Contrato em conta de participação Kobrasco – Companhia Coreano Brasileira de Pelotização

Nibrasco – Companhia Nipo-Brasiliera de Pelotização

Reporting - relatórios

Status – posição social, prestígio

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14

RESUMO

O mundo dos negócios, na atualidade, está sendo regido pela globalização da

economia, e a contabilidade se tornou uma ferramenta essencial para o mundo dos

negócios, com isso, a harmonização das normas contábeis a nível internacional é

um processo que visa atender ainda mais o usuário da contabilidade, principalmente

no processo decisório. O presente estudo visa demonstrar como a não

harmonização das normas contábeis pode interferir nos resultados apurados nas

demonstrações, e conseqüentemente na interpretação desses resultados por seus

usuários, podendo acarretar dificuldades na tomada de decisão. O estudo focado no

Patrimônio Líquido de quatro empresas, coligadas do grupo CVRD (Companhia Vale

do Rio Doce), que tem suas demonstrações elaboradas segundo os critérios das

Normas Brasileiras (BR GAAP), Americanas (US GAAP) e Internacionais (IFRS).

Essas empresas foram escolhidas por possuírem características semelhantes, tanto

operacionais como administrativas. Analisando os dados levantados pela pesquisa,

observa-se que existem fatores que causam distorções, na comparação dos

diferentes métodos analisados, isso nos leva a constatação que o processo de

harmonização deve ser estudado em um nível macroeconômico, pois afetará a

maioria das empresas em diversos países. Barreiras relacionadas, principalmente,

com a situação sócio-econômica e política de cada país, deve ser um grande desafio

para se chegar a uma efetiva harmonização das normas contábeis a nível mundial.

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15 INTRODUÇÃO

A contabilidade é uma ciência tão antiga como o próprio homem. Alguns

historiadores e teóricos acreditam que a contabilidade existe há pelo menos 4.000

(quatro mil) anos a.C. No início definiam como sua única função a de avaliar a

riqueza patrimonial do homem. A evolução da história nos mostra que a ciência da

contabilidade ultrapassa, e muito, essa barreira.

Passado o período das grandes descobertas e, após o grande impulso

econômico a nível mundial, a contabilidade se consolida como a ciência que

conhecemos atualmente. Por volta do ano de 1494, o frei Luca Pacioli escreveu a

primeira literatura sobre o método das partidas dobradas, método este utilizado até

hoje, fortalecendo ainda mais o sistema contábil, principalmente na Itália. Surgia a

partir daí a chamada Escola Contábil Italiana. Neste momento da história, todas as

atenções se voltavam para a Europa, que era considerada o centro do mundo.

Foi quando uma grande ascensão econômica e o surgimento das gigantescas

“Corporations”, a partir de 1920, que o mundo passou a voltar suas atenções para os

Estados Unidos da América (EUA), dando início, neste momento, a Escola Contábil

Norte-Americana. Com isso, pode–se dizer que começava a queda da Escola

Contábil Italiana.

Nos últimos anos, o que se vê é uma economia cada vez mais globalizada,

com empresas multinacionais prosperando a cada dia, e outras empresas menores

que começam a ousar vôos mais altos, em busca de mercados externos. Com tanta

evolução dos mercados internacionais, a contabilidade também evolui de forma a

acompanhar a globalização. Conforme Iudícibus (2002, p. 44) “(...) o grau de avanço

da Contabilidade está diretamente associado ao grau de progresso econômico,

social e institucional de cada sociedade”.

O próximo passo para essa evolução da contabilidade é o desafio da

Harmonização das Normas Contábeis a nível mundial. Características como,

confiabilidade, relevância, neutralidade e comparabilidade devem fazer parte das

informações fornecidas pela contabilidade aos seus usuários, como sendo uma de

suas funções primordiais.

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16

A globalização dos mercados, no que diz respeito ao desenvolvimento do mercado de capitais internacional, ao crescimento dos investimentos diretos estrangeiros e à formação de blocos econômicos, traz consigo a necessidade de se ter um conjunto de normas contábeis internacionais que viabilizem a comparação de informações entre companhias de um mesmo grupo ou de grupos distintos (BUENO; LOPES, 2005e, p. 22).

Alguns estudos mostram que a harmonização dos princípios contábeis está

próxima, mas com muitos desafios ainda a enfrentar, principalmente diferenças

econômicas e culturais entre os países. Alguns órgãos mundiais foram criados com

a finalidade de estudar sobre o processo de harmonização da contabilidade, que se

faz cada vez mais necessário, em atendimentos aos usuários como investidores e

gestores de uma maneira geral.

Este trabalho focou seu estudo nas razões pelas quais se busca a

harmonização contábil, listou os principais órgãos, a nível mundial, envolvidos neste

processo e por fim realizou uma pesquisa que demonstra como os diferentes

métodos adotados para elaboração das demonstrações contábeis podem interferir

nos resultados finais. Os métodos estudados foram os princípios contábeis

geralmente aceitos, os chamados GAAP’s – Generally Accepted Accounting

Principles, no Brasil (BR GAAP), nos Estados Unidos (US GAAP) e as normas

internacionais de contabilidade, adotados pelos países da União Européia (UE), os

IFRS – International Financial Reporting Standards.

O objetivo geral deste estudo é demonstrar de uma maneira geral as

dificuldades encontradas no processo de harmonização internacional da

contabilidade, como este processo está se fazendo necessário para o mundo

economicamente globalizado e analisar as principais divergências encontradas nos

Balanços Patrimoniais pesquisados, seguindo os critérios do BR GAAP, US GAAP e

IFRS. Este estudo segue uma tendência atual de globalização da economia.

Para uma melhor compreensão do objetivo geral, os objetivos específicos

envolvidos neste trabalho, são:

abordar as vantagens e desvantagens da harmonização contábil

internacional;

identificar os principais princípios contábeis geralmente aceitos, adotados

no Brasil (BR GAAP), Estados Unidos (US GAAP) e União Européia

(IFRS), segundo seus principais órgãos reguladores;

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identificar os principais órgãos reguladores das normas contábeis a nível

mundial;

17

apresentar as principais características dos US GAAP e IFRS;

demonstrar como as diferenças desses princípios podem modificar os

valores de um balanço patrimonial convertido de acordo com cada

sistema internacional. Este trabalho se justifica por se tratar de uma nova tendência no mundo dos

negócios, que é o processo de harmonização internacional das normas contábeis. É

um assunto que está sendo debatido por grandes professores e pesquisadores e

que vem mostrando sua importância no mundo economicamente globalizado.

A globalização é um fenômeno que afeta não só a economia, mas também

todas as áreas da sociedade. Conforme Oliveira, Ponte e Ribeiro (2003, p. 3) “Junto

com a globalização, surgiu a necessidade de harmonização de normas e práticas,

em diversos sentidos, tendo como base a adoção de algumas regras em âmbito

mundial”.

Essas regras trariam alguns benefícios importantes para diversas empresas,

um deles seria a redução do custo na elaboração de relatórios contábeis. Segundo o

presidente do conselho consultivo do IASB - International Accounting Standards

Board (Conselho Internacional de Normas Contábeis), o brasileiro Nelson Carvalho,

em uma entrevista ao jornal Gazeta Mercantil, afirma que com a harmonização as

grandes corporações internacionais deixarão de gastar centenas de milhares de

dólares na publicação de seus relatórios contábeis para atender as exigências da lei

de cada país onde estão situadas.

A contabilidade é considerada atualmente, segundo Niyama (2005, p. 38) “a

principal linguagem dos negócios”, e uma importante ferramenta no processo

decisório. A harmonização de suas práticas, em um contexto geral, proporciona aos

sócios, investidores, gestores e administradores de forma geral, uma melhor

comparabilidade das informações, obtendo assim informações mais concisas e

confiáveis para a tomada de decisões.

Além disso, este trabalho baseia-se no estudo das divergências encontradas

no Balanço Patrimonial, mais especificamente no Patrimônio Líquido das empresas

analisadas. As empresas foram escolhidas por possuírem características

operacionais e administrativas semelhantes e por elaborarem suas demonstrações

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pelos métodos do BR GAAP, US GAAP e IFRS, que é o foco de pesquisa deste

trabalho.

18

Este trabalho se justifica pela grande relevância de seu tema na atualidade,

demonstrando o quanto é importante uma contabilidade que seja de fácil

entendimento ao seu usuário final, e pelo aperfeiçoamento acadêmico e profissional. Descobrir os problemas que o tema envolve, identificar as dificuldades que ele sugere, formular perguntas ou levantar hipóteses significa abrir a porta, através da qual o pesquisador pode penetrar no terreno do conhecimento científico (CERVO; BERVIAN, 2002, p. 84).

Esta pesquisa tem o propósito de responder a seguinte pergunta:

Quais as dificuldades encontradas no processo de harmonização a nível

internacional das práticas contábeis para as empresas em geral?

Este tema já foi base para muitos estudos e debates de grandes

pesquisadores e estudiosos sobre o assunto. Este trabalho se propõe a entrar um

pouco mais neste assunto, que é de extrema importância para a classe contábil, e

que será o próximo grande passo da escala evolutiva da contabilidade.

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19

1 - REVISÃO DA LITERATURA

1.1 - FINALIDADES DA CONTABILIDADE

O primeiro objetivo da contabilidade foi o de conhecer e controlar o

patrimônio de cada homem e suas variações, passando em seguida para o controle

do patrimônio das entidades. Depois do advento do comércio e da revolução

industrial, a contabilidade assumiu um novo papel dentro das organizações, que é o

de prestar informações sobre a situação financeira da empresa, possibilitando assim

um melhor controle patrimonial. A contabilidade é mantida para as entidades, logo, sua função é atender às necessidades destas. E a primeira necessidade de uma entidade é se manter viva, em pleno funcionamento. Assim a contabilidade deve existir para administrar o patrimônio da entidade com o objetivo de mantê-la viva e prosperando (SOUZA, 2004, p. 4).

A busca pela informação perfeita para cada tipo de usuário faz da

contabilidade uma ciência social que continua evoluindo, através de novos

regulamentos e normas, de diversos órgãos de diversos países. Mas, apesar de toda

a evolução, a contabilidade mantém sua finalidade básica. Segundo Iudícibus (2000,

p. 20) “sua finalidade é prover os usuários dos demonstrativos financeiros com

informações que os ajudarão tomar decisões”.

De acordo com o CFC (Conselho Federal de Contabilidade), em sua NBCT 1

(Norma Brasileira de Contabilidade Técnica), referente as características da

informação contábil, determina que: 1.1.2 – As informações geradas pela Contabilidade devem propiciar, aos seus usuários, base segura às suas decisões, pela compreensão do estado em que se encontra a entidade, seu desempenho, sua evolução, riscos e oportunidades que oferece.

A contabilidade pode ser considerada também como sendo: (...) “arquivo básico de informação contábil”, que possa ser utilizado, de forma flexível, por vários usuários, cada um com ênfases diferentes neste ou naquele tipo de informação, neste ou naquele princípio de avaliação (...) (IUDÍCIBUS, 2000, p.19, grifo do autor).

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Assim, a contabilidade é uma ciência social que deve estar voltada para todo

tipo de usuário. Basicamente, os usuários da contabilidade tanto podem ser internos,

como externos, sendo necessário gerar informações diversificadas para ambos. 20

(...) as informações geradas pela Entidade devem ser amplas e fidedignas e, pelo menos, suficientes para a avaliação da sua situação patrimonial e das mutações sofridas pelo seu patrimônio, permitindo a realização de inferências sobre o seu futuro (IUDÍCIBUS; MARTINS; GELBEKE, 2003, p.75).

O FASB (Financial Accounting Standards Board) considera que os principais

usuários da contabilidade são os acionistas, outros investidores e credores, ou seja,

usuários externos. Segundo Hendriksen e Breda (1999, p.94), o FASB declara que: Os objetivos decorrem primordialmente das necessidades informacionais de usuários externos que carecem de autoridade para ordenar a produção da informação financeira que desejam de uma empresa e, portanto, são forçados a utilizar a informação que a administração divulga.

Conforme Iudícibus e Marion (2002, p. 34) “O que toda história tem mostrado

é que a Contabilidade torna-se importante à medida que há desenvolvimento

econômico”. Ela se tornou o grande instrumento que auxilia a administração da

empresa a tomar decisões. A experiência e o feeling do administrador não são mais fatores decisivos no quadro atual; exige-se um elenco de informações reais, que norteiam tais decisões. E essas informações estão contidas nos relatórios elaborados pela Contabilidade (IUDÍCIBUS; MARION, 2002, p.42).

É certo afirmar que a contabilidade é uma das áreas que se encontram em

constante mudança, motivada pelo crescimento econômico e pela globalização. A

contabilidade está passando por um processo de transformação, onde deixa de ser

apenas uma forma de controle burocrático da empresa para se tornar um importante

parceiro da entidade, principalmente no processo decisório (STAVIS; VEIGA, 2004). Uma vez que a tomada de decisão nas empresas está sempre fundamentada nos relatórios contábeis e estes demonstram, ou pelo menos procuram demonstrar, a real situação patrimonial das mesmas em determinado momento, a fim de orientar planejamentos e estratégias de ação empresarial, é impraticável um processo decisório afastado da contabilidade, ou, uma contabilidade afastada do processo decisório dentro das empresas (SOUZA, 2004, p.02).

A necessidade cada vez maior de informações precisas e corretas, faz da

contabilidade uma realidade em quase todas às empresas de praticamente todos os

países do mundo. Com isso a contabilidade sofre diversas influencias.

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21

1.2 - A CONTABILIDADE NO MUNDO GLOBALIZADO

Nos últimos anos, a globalização da economia está evoluindo a passos

largos, o que pode ser percebida por todos os níveis da sociedade. Essa transformação tem sido tão grande e intensa, que alterou praticamente todos os aspectos da sociedade mundial, redefinindo completamente o conceito de propriedade e riqueza, erguendo novos países e derrubando antigas potências (BUENO; LOPES, 2005e, p. 23).

Como reflexo dessa globalização econômica, mais e mais empresas locais

estão tendo acesso ao mercado internacional, sendo no âmbito financeiro, como

tomada de empréstimos ou lançamentos de títulos em bolsa de valores do mundo,

ou no âmbito comercial, como se estabelecer em outros países através de

aquisições de empresas locais ou na abertura de subsidiárias ou coligadas

(FEITOSA, 2002). Como resultado dessa realidade surge para a Contabilidade a necessidade de superar as barreiras da linguagem, moeda e, principalmente, das diferenças existentes entre as práticas contábeis adotadas em cada país, de modo a possibilitar a compreensão e interpretação das demonstrações contábeis por investidores e pela matriz estrangeira (FEITOSA, 2002, p. 1).

O cenário econômico atual vem mostrando um aumento da competitividade

entre as empresas, estimulando assim que muitas delas decidam estrategicamente

por algum tipo de associação, coligação, fusão, incorporação ou qualquer outro tipo

de transformação. Com isso, a contabilidade se mostra mais uma vez fundamental

no processo de tomada de decisão, e sua harmonização uma realidade a ser

colocada em prática. Diante das novas condições do mercado, surgem novos desafios para os estudiosos e profissionais da contabilidade. A abertura da economia, decorrente do processo de globalização, acirrou a concorrência e aumentou as operações de business combinations (HAJJ; LISBOA, 2001, p. 34).

Atualmente, os principais agentes econômicos buscam informações na

contabilidade, mas existem barreiras a serem quebradas. A moeda e o idioma são

exemplos dessas barreiras.

Uma outra barreira importante a ser derrubada é a falta de uma linguagem

internacional dos negócios, ou seja, a falta de um conjunto de normas, regras e

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procedimentos internacionais que permitam comparações entre empresas de países

diferentes. Segundo Niyama (2005, p. 15) “A linguagem não é uniforme porque cada

país tem critérios próprios e diferentes para reconhecer e mensurar cada transação”.

22

O crescimento global da economia, juntamente com o aumento das grandes

corporações, exige da contabilidade informações que possam ser vistas e

entendidas internacionalmente. Para tanto, vários órgãos internacionais estão

empenhados na busca por um conjunto de normas contábeis de alto nível, que

possam atender a todos os usuários.

A contabilidade se mostra eficaz no processo decisório a partir do momento

que passa a gerar informações corretas e precisas aos seus usuários, não se

preocupando com sua nacionalidade. É importante que o contador esteja preparado

para assumir um papel fundamental dentro da entidade, principalmente sobre os

aspectos da harmonização das práticas contábeis. Não há como a contabilidade continuar sendo útil para as entidades, oferecendo informações para tomada de decisões, sem se engajar efetivamente com a internacionalização do capital (...) e harmonização de normas contábeis para melhor se adequar à realidade da informação globalizada (RAMOS; et al, 2003, p.14).

A comparabilidade é uma característica qualitativa da contabilidade, através

do qual seus usuários tem condições de comparar as demonstrações contábeis de

diversas entidades, a fim de avaliar sua situação patrimonial e financeira.

Para que a contabilidade possa atingir um grau esperado de

comparabilidade, ela precisa ter uniformidade em seus princípios. (...) esta qualidade em particular precisa do uso uniforme de princípios e práticas contábeis, independentemente dos desejos do produtor da informação para que não se confunda a interpretação de seu usuário e este não venha a tomar decisões viesadas por conta disto (BUENO; LOPES, 2005a, p. 4).

1.3 - A HARMONIZAÇÃO CONTÁBIL: UMA VISÃO GERAL

Tentando minimizar a questão das diferenças internacionais, várias

entidades profissionais e instituições de ensino são favoráveis a uma harmonização

que facilite a comunicação e reduza as diferenças internacionais. Com a internacionalização cada vez maior dos capitais, com a expansão cada vez mais efetiva das multinacionais, com a formação dos mercados internacionais cada vez mais definidos, surgiu a necessidade imperiosa de harmonizar contabilmente (SÁ; SÁ, 1994, p.236).

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A harmonização busca homogeneizar, em termos internacionais, os

princípios da contabilidade, fazendo com que a linguagem dos negócios se torne

uniforme, facilitando em muito o processo de tomada de decisão dentro das

empresas. Segundo Niyama (2005, p. 15) “A busca de critérios consentâneos é o

processo de harmonização contábil internacional, visando proporcionar uma

compreensão dessa linguagem e sua comparabilidade”.

23

Grandes autores e pesquisadores, destacam dois grandes grupos de

sistemas contábeis no mundo: o modelo Anglo-Saxão e o modelo Continental.

Segundo Niyama, basicamente, as características principais desses dois modelos

são:

Modelo ANGLO-SAXÃO

Modelo CONTINENTAL

a) profissão contábil forte e atuante; a) profissão contábil fraca e pouco atuante;

b) tem como fonte de captação de recursos um mercado de capitais sólido;

b) sua fonte de captação de recurso vem principalmente dos bancos e instituições financeiras, inclusive governamentais.

c) pouca interferência do governo na definição de práticas contábeis; e

c) o governo interfere de forma significativa no estabelecimento de padrões contábeis;

d) suas demonstrações financeiras buscam atender, em especial, os investidores.

d) suas demonstrações financeiras atendem primeiramente aos credores e ao governo;

Quadro 1: Divisão dos Modelos de Sistemas Contábeis

Essa divisão dos sistemas contábeis que existe de forma mundial, aliada ao

conjunto de leis, regras, filosofias, procedimentos e objetivos que cada país possui,

tornam a comparabilidade das informações contábeis ainda mais difícil de ser

alcançada com sucesso, principalmente no processo decisório. Neste sentido, a

contabilidade caminha para uma harmonização de suas normas e procedimentos, a

fim de proporcionar aos usuários de modo geral um melhor entendimento das

demonstrações financeiras.

1.3.1 - Por que Harmonizar?

Diversos fatores favoreceram o crescimento do comércio internacional nos

últimos anos, como por exemplo, o grande desenvolvimento tecnológico nas áreas

de comunicação e o grande avanço dos meios de transportes. Este crescimento

também é conhecido por todos como globalização da economia.

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Para muitas empresas, a globalização da economia contribuiu e muito para o

seu crescimento econômico e financeiro, porém, alguns novos problemas surg m,

como a falta de práticas contábeis harmonizadas internacionalmente, o que dif

a comunicação contábil entre empresa, investidores, sócios, banqueiros, etc.

4

A contabilidade, como ciência, deve estar sempre atenta para acompa

essa globalização, para que, cada vez mais, forneça informações que possam

vistas e entendidas internacionalmente. Para tanto, vários órgãos internaci

estão empenhados na busca por um conjunto de normas contábeis de alto níve

possam atender a todos os usuários. A economia global em pleno crescimento e as pressões do mercado econduzindo à exigência de um conjunto de normas transparentes e derelatórios contábeis comparáveis (...) de alta qualidade, de acordo comnormas internacionais (BUENO; LOPES, 2005e, p. 40).

Existe um consenso por parte de empresas, entidades profissio

instituições de ensino e grandes pesquisadores, que é preciso ter

harmonização dos padrões contábeis, para facilitar a comunicação entre tod

envolvidos no processo contábil, a fim de se reduzir às diferenças internaciona

financial reporting, proporcionando uma melhor interpretação das informa

contábeis apresentadas.

1.3.2 - Harmonização x Padronização

Em um primeiro momento deve se ter o cuidado quando definimos o q

harmonização, para que não seja confundida com padronização.

Para Weffort (2005, p.21), “a harmonização pode ser entendida com

processo por meio do qual diferenças nas práticas contábeis entre os paíse

reduzidas”.

Conforme Niyama (2005, p. 38), a harmonização pode ser considerada

processo que busca preservar as particularidades inerentes a cada país, mas

permita reconciliar os sistemas contábeis com outros países”.

Já para Bueno e Lopes (2005a, p.14) “a harmonização contábil é a

processo que procurar diminuir a variedade de práticas contábeis existente

registro de eventos por parte, principalmente, de empresas”.

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Três conceitos distintos, mas com uma única idéia, que a harmonização não

pretende acabar com as características de cada país, mas sim tornar melhor e mais

fácil a compreensão e análise dos relatórios contábeis.

25

A harmonização dos padrões contábeis visa alcançar uma das finalidades

primordiais da contabilidade, que é suprir os usuários com informações confiáveis e

que proporcione a correta tomada de decisões.

Deve sempre existir o cuidado de diferenciar harmonização de padronização.

Algumas vezes esses dois termos se confundem.

De acordo com Weffort (2005, p.62) a padronização se difere da

harmonização, essencialmente, por sua finalidade. Enquanto a padronização busca

uniformizar, a harmonização tenta aproximar.

Conforme Niyama (2005, p.38) “(...) padronização é um processo de

uniformização de critérios, não admitindo flexibilidade”.

Segundo Tay e Parker apud Weffort (2005, p. 62), “(...) a padronização

consiste em um movimento na direção da uniformidade, enquanto a harmonização é

um movimento para se distanciar da total diversidade” (grifo do autor).

A padronização é um termo forte que será muito difícil de ser colocado em

prática, em se tratando de normas contábeis, pois para que houvesse uma

padronização, seria necessário tornar obrigatório o uso de padrões contábeis iguais

para todos os países, o que nos tempos atuais se torna praticamente impossível de

acontecer.

É importante manter um certo distanciamento entre os termos harmonização

e padronização. A confusão entre os dois conceitos pode prejudicar as conquistas já

alcançadas no empenho de aproximação entre os modelos contábeis dos países,

criando expectativas irreais nos envolvidos no processo de harmonização, que tem

sido apontada, por pesquisadores, como sendo mais facilmente alcançada do que a

padronização.

1.4 – FATOS IMPORTANTES DA HISTÓRIA DA HARMONIZAÇÃO CONTÁBIL

Ao longo do tempo, vários foram os esforços organizados na busca pela

harmonização contábil. Desde 1904, com a realização do primeiro Congresso

Internacional de Contabilidade em Saint Louis nos EUA, a atenção dos

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pesquisadores está cada vez mais voltada para as diferenças entre os div

sistemas contábeis.

6

Em 1966, com a união de três países, Canadá, EUA e Reino Unido, su

Grupo de Estudos Internacional de Contadores – AISG (Accountants Interna

Study Group), que tinha por objetivo principal, instituir estudos comparativos so

contabilidade formal e práticas dos países participantes.

Mas foi em 1972, no 10º Congresso Internacional de Contabili

realizado em Sidnei na Austrália, que as primeiras propostas sobre a harmoniz

foram apresentadas e aceitas pelos participantes. A partir daí, a evolução

estudos sobre a harmonização contábil foi clara, com o surgimento de import

órgãos e publicações.

Conforme Weffort, os aspectos mais relevantes aconteceram entre os

de 1973 a 2002, podendo ser dividido em cinco fases distintas.

A primeira fase compreende entre os anos de 1973 a 1974, e destaca-s

ser o período de estruturação do IASC (International Accounting Stan

Committee):

1973 – criação do IASC e formalização da intenção de busca

conjunto de padrões para as normas contábeis. Neste mesmo an

formado nos EUA o FASB (Financial Accounting Standards Board);

A segunda fase corresponde o período entre os anos de 1975 e

período este de expansão, ainda tímida, do IASC e criação do IFCA (Interna

Federation of Accountants), foi também o início da busca por apoio de organi

internacionais:

1975 – entra em vigor o primeiro pronunciamento do IASC;

a partir de 1981 – o IASC começa uma série de visitas aos ó

nacionais responsáveis pela elaboração dos padrões contábe

formado o grupo consultivo do IASC. Todos os países integrante

IFCA se tornaram membros também do IASC, inclusive o Brasil, at

do IBRACON (Instituto dos Auditores Independentes do Brasil).

A terceira fase compreende o período entre 1985 a 1994, e se carac

por ser o período de expansão mais agressiva do IASC. Foi neste período

ocorreu a publicação do IAS (International Accounting Standards), coincidindo c

crescente número de discussões sobre a harmonização contábil, tanto no

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profissional quanto no meio acadêmico. No Brasil, é constituído os Princípios

Fundamentais da Contabilidade: 27

1987 – publicação do primeiro volume do IASC com os IAS;

1988 – no Brasil, o IBRACON publica a primeira tradução para o

português do IAS, mas não sendo considerada oficial;

1993 – conclusão do projeto de comparabilidade e melhorias, com

aprovação de 10 (dez) IAS revisados. Neste mesmo ano, no Brasil, o

CFC (Conselho Federal de Contabilidade), através de sua Resolução nº

750/93, constitui os Princípios Fundamentais de Contabilidade, entrando

em vigor em todo o território nacional a partir de 01 de janeiro de 1994.

A quarta fase corresponde ao período de 1995 a 1998, e destaca-se pelo

esforço do IASC na revisão das Normas Internacionais de Contabilidade (IAS), e na

elaboração de novas normas, com o objetivo de obter apoio da IOSCO (International

Organization of Securities Commission):

1995 – na busca de incentivar a globalização dos mercados, a IOSCO,

solicita junto ao IASC, reformulação ou preparo de 12 (doze) padrões

fundamentais, os chamados “core standards”. Neste mesmo ano, a

Comissão Européia aprova o acordo entre o IASC e a IOSCO, com isso

os padrões fundamentais ganharam legitimidade, fazendo com que as

multinacionais da União Européia passassem a utilizar as normas do IAS;

Na quinta fase, entre os anos de 1999 a 2002, ocorreu uma reestruturação

do IASC / IASB (International Accounting Standards Board):

1999 – os 12 (doze) padrões fundamentais são revisados pela IOSCO;

2000 – começa a reestruturação do IASC, com uma nova constituição e

com o fim do acordo entre IASC/IFAC, tornando os membros de um

automaticamente membros do outro;

2001 – inicio dos trabalhos do IASB, que neste momento assume

padrões estipulados pelo IASC, tendo uma transformação radical em seu

funcionamento, tais como: seus membros passariam a ser 14 (quatorze),

sendo 12 (doze) com dedicação exclusiva ao IASB, não podendo em

hipótese nenhuma possuir vínculos com quaisquer outras empresas ou

instituições de ensino e nem aceitar outros benefícios que não do IASB;

2001 – a Comissão Européia determina o uso dos padrões para todas as

companhias listadas a partir de 2005;

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2002 – no Brasil é publicada a primeira tradução oficial para o português

dos IAS.

28

É certo afirmar que um longo caminho já foi percorrido em direção a

harmonização das normas contábeis, mas é certo afirmar também que as

dificuldades ainda são muitas, pois existem muitos conflitos de interesses entre os

participantes. De um lado estão os pesquisadores e contadores que efetivamente

poderão aplicar os padrões contábeis, e do outro a vontade política, que nem

sempre procura maximizar o bem-estar econômico ou social dos participantes.

Segundo Arpan e Radebaugt apud Weffort (2005, p. 68) “Nacionalismo, egoísmo e

orgulho também podem impedir o progresso da harmonização internacional”.

1.5 – VANTAGENS E DESVANTAGENS DA HARMONIZAÇÃO CONTÁBIL

Em busca de sua finalidade primordial, que é de fornecer aos seus usuários

suporte suficiente para o processo de tomada de decisões, a contabilidade, muitas

vezes, sofre com a falta de comparabilidade de suas informações.

A harmonização contábil das normas internacionais vem sendo vista como

um processo que procura diminuir a variedade de práticas contábeis existentes,

buscando a comparabilidade das informações entre empresas de diversos países,

mas existe divergência de opiniões entre pesquisadores, sobre quais são as

vantagens e desvantagens de se ter um padrão contábil internacional, adotado por

boa parte das empresas mundiais.

Para Bueno e Lopes (2005a, p. 15-16) as vantagens podem ser assim

definidas:

possibilidade que investidores e analistas entendam as demonstrações

contábeis de empresas estrangeiras, as quais estariam interessados em

investir, eliminando barreiras que dificultam os fluxos monetários de

circularem com maior fluidez pelo mundo, sendo eles de investimentos ou

financiamentos;

o não aumento de custos de elaboração de demonstrações financeiras

adaptadas às práticas contábeis do país, no qual a empresa deseja

buscar financiamentos;

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simplificação das tarefas relacionadas à consolidação de demonstrações

contábeis de filiais espalhadas por diversos países, tornando assim, seus

gestores muito mais homogêneos;

29

simplificação e melhora dos trabalhos de auditoria;

facilita os trabalhos dos fiscos nacionais, com relação as empresas

estrangeiras, através da uniformização da mensuração dos lucros

tributáveis (reconhecimento de receitas e despesas);

comparabilidade da situação competitiva de uma empresa no âmbito

internacional, uma vez que seria mais simples a identificação da posição

estratégica que ocupa em seu setor econômico;

existência de um sistema contábil homogêneo a nível internacional que

serviria como base para o desenvolvimento de sistemas contábeis

nacionais próprios àqueles países que ainda não têm um sistema contábil

desenvolvido.

Apesar de muitos pontos favoráveis, as críticas também existem, e vem

contestando, principalmente, a possibilidade de implementação na prática e seu

custo-benefício para os usuários e preparadores das demonstrações contábeis.

Para Weffort (2005, p. 67-68) as desvantagens são as seguintes:

a adoção das normas internacionais localmente pode não resultar em

harmonização efetiva das práticas contábeis dos países, especialmente

porque são desconsideradas as diferenças nacionais como sistemas

jurídicos, estágio de desenvolvimento econômico e aspectos culturais,

entre outros;

sempre há um custo para os países, decorrentes de adoção das normas

internacionais;

pode servir como um meio de imposição da vontade dos países

economicamente desenvolvidos sobre aqueles em desenvolvimento.

Para Cabedo e Benau apud Bueno e Lopes (2005a, p. 17-19), podem ser

consideradas desvantagens também:

trata-se de um processo que não é nem prático, nem fielmente avaliável,

considerando que tanto investidores quanto emissores de títulos são

capazes de tomar decisões sem necessidade de disporem de normas

contábeis comuns a nível internacional;

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trata-se de um processo político, cuja função primordial reside em

harmonizar os interesses das partes afetadas; 30

a resistência à perda da soberania nacional em matéria contábil;

excesso de flexibilidade ou exceções em temas controversos,

especialmente entre os países líderes.

Um ponto importante deve ser levado em conta, quanto à busca da

harmonização contábil em termos mundiais, o de currículos básicos de cursos de

ciências contábeis. O IFAC (International Federation of Accountants) juntamente

com outros órgãos regionais, já discutem esse assunto de maneira mais

aprofundada, pois é necessário uma mudança neste sentido para que contadores e

auditores possam ter credenciamento para aturem em outros países, facilitando

assim um intercâmbio técnico-profissional.

Existe um outro problema de natureza mais complexa, que pode impedir o

avanço do processo de harmonização em alguns países, principalmente em países

emergentes. Nesses países a contabilidade é fortemente atrelada ao fisco, ou seja,

as normas fiscais ditam critérios de avaliação, apropriação e classificação contábil.

Uma possibilidade viável seria, conforme Niyama (2005, p. 39), uma mudança de

sistema legal, tirando a autoridade do fisco de emitir normas contábeis, o que não é

muito esperado que aconteça.

A questão do nacionalismo exacerbado é levantada por alguns autores como

sendo mais um problema a ser enfrentado para se alcançar à harmonização contábil.

Um exemplo disto é o fato de que se um país adotar os padrões contábeis de outro,

pode parecer que ele perdeu sua soberania ou autoridade, tornando um fator político.

1.6 – PRINCIPAIS ÓRGÃOS INTERNACIONAIS

Diversos órgãos internacionais estão envolvidos de forma direta ou

indiretamente, em iniciativas e esforços em busca de uma harmonização contábil

internacional. A seguir serão descritos os principais órgãos envolvidos neste

processo.

1.6.1 – ISAR / UNCTAD / ONU – Grupo de Trabalho Intergovernamental de Notáveis

em Normas Internacionais de Contabilidade e Apresentação de Informes

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31

No início da década de 70, a ONU (Organização das Nações Unidas),

analisando o impacto que empresas multinacionais causavam na economia em nível

mundial, despertou para a importância da contabilidade e seus relatórios financeiros,

com isso, em 1976, foi criado a UNCTAD (United Nations Conference on Trade and

Development), que volta suas atenções para o desenvolvimento do comércio

internacional, tendo em seu departamento de finanças um programa chamado de

Reformas Contábeis.

Em 1982 a ECOSOC (Conselho Econômico e Social das Nações Unidas)

criou o ISAR (Intergovernmental Working Group of Experts on International

Standards of Accounting and Reporting), subordinado ao UNCTAD, que tem como

premissa, segundo Bueno e Lopes (2005a, p.22): (...)“uma vez alcançada a harmonização, as demonstrações contábeis conterão informações financeiras confiáveis, comparáveis e transparentes que serão necessárias para o eficiente funcionamento dos mercados de capitais, bancos e investimentos estrangeiros” (grifo do autor).

Os trabalhos do grupo não deslancharam como se esperava, pois muitos

países questionavam se caberia a ONU definir tais padrões para a contabilidade

internacional, sendo mais correto que, organismos ou entidades de natureza privada,

ligados à profissão contábil, desenvolvessem tal tarefa.

Outro problema enfrentado foi a não participação dos Estados Unidos nas

reuniões do ISAR a partir de 1986. Os americanos acreditavam que discussões

sobre contabilidade e demonstrações financeiras caberiam ao IASC (atual IASB),

enquanto harmonização de padrões contábeis, ficaria a cargo de grupos como

OECD.

O ISAR é composto por 34 (trinta e quatro) Estados-membros mais

convidados, que se reúnem anualmente em Genebra na Suíça. As cadeiras são

divididas regionalmente, sendo uma delas ocupada pelo Brasil até o ano de 2006.

Os temas que mais tem merecido sua atenção são, além da harmonização,

as demonstrações contábeis sob efeitos de altas taxas de inflação, a contabilização

de fundos de pensão, a contabilização de participações societárias, as privatizações,

as doações, subvenções e outras ajudas oficiais, os arrendamentos mercantis, os

novos instrumentos financeiros (derivativos) e a contabilidade ambiental.

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32

1.6.2 – OECD – Organização para Desenvolvimento e Cooperação Econômica

A OECD (Organization for Economic Cooperation and Development) foi

criada em 1960, com a adesão de 20 (vinte) países-membros, sendo conhecido

também como o Clube dos Ricos.

Atualmente são 30 (trinta) países-membros, entretanto qualquer país é bem-

vindo, desde que comprometido com práticas democráticas e economia de mercado.

Suas publicações abrangem questões como macroeconomia, comércio, educação e

ciência.

Segundo Belkaoui apud Niyama (2005, p. 47), em 1976 foi publicado um

trabalho denominado “Guia para Empresas Multinacionais” (grifo do autor),

sugerindo que as empresas multinacionais deveriam publicar, no mínimo, as

seguintes informações:

publicar, no mínimo anualmente, demonstrações contábeis e outras

informações pertinentes, relacionadas com as atividades da empresa,

bem como sua estrutura, principais afiliadas (subsidiárias), percentual de

participação direta e indireta;

áreas geográficas, onde as operações são realizadas e as principais

atividades praticadas, e os resultados das operações de vendas por área

geográfica e a receita operacional bruta da empresa como um todo, bem

como novos investimentos de capital relevantes, também por área

geográfica;

demonstração de origens e aplicação de recursos da empresa, gastos

com pesquisa e desenvolvimento da empresa como um todo e número

médio de empregados por área geográfica;

políticas adotadas pela empresa como preço de transferência intragrupos

e as políticas contábeis, principalmente relacionadas com a consolidação

das demonstrações contábeis.

Atualmente a OECD é mais conhecida por sua atuação na área de

tributação e outros acordos bilaterais.

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1.6.3 – IASB - Conselho Internacional de Normas Contábeis

O IASB (International Accounting Standards Board) surgiu no ano de 1973

em Londres, tendo como seu antecessor o IASC (Comitê de Normas Internacionais

de Contabilidade). O IASC, por sua vez, surgiu da união de profissionais de nove

países, e tinha como objetivo principal fazer frente ao início das demandas por

harmonização dos sistemas contábeis.

O IASB é um órgão independente do setor privado que se destina ao estudo

de padrões contábeis. É constituído por representantes de mais de 140 (cento e

quarenta) entidades profissionais de todo o mundo, tendo o IBRACON (Instituto

Brasileiro de Contadores) e o CFC (Conselho Federal de Contabilidade) como

representantes brasileiros no IASB.

Conforme, Niyama (2005, p. 40-41), o IASB tem os seguintes objetivos, de

acordo com sua constituição:

desenvolver, no interesse público, um único conjunto de normas

contábeis globais de alta qualidade, inteligíveis, exeqüíveis, que exijam

informações de alta qualidade, transparentes e comparáveis nas

demonstrações contábeis e em outros relatórios financeiros, para ajudar

os participantes de mercado de capital e outros usuários em todo o

mundo a tomar decisões econômicas;

promover o uso e a aplicação rigorosa dessas normas;

promover a convergência entre as normas contábeis locais e as Normas

Internacionais de Contabilidade de alta qualidade.

Um ponto importante de ser lembrado é que os pronunciamentos técnicos do

IASB, não assumem um caráter de compulsoriedade, no entanto são considerados

como uma referência técnica facultativa, facilitando a interpretação mais

harmonizada das informações contábeis.

Viabilizar a comparabilidade das informações contábeis produzidas por

empresas situadas em países distintos e geradas por entidades de diferentes

economias e tradições, permitindo, assim, a compreensão e interpretação desses

dados, é um dos principais benefícios que o IASB espera alcançar.

Questões sobre a soberania nacional, politização da contabilidade e

sobrecarga de normas, foram algumas críticas levantadas sobre os pronunciamentos

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do IASB. Partindo desse raciocínio, a UE (União Européia), aprovou decisão no

sentido de que todas as empresas sediadas nos países-membros deverão, a partir

de 2005, apresentar suas demonstrações contábeis consolidadas com bases nas

normas internacionais do IASB.

1.6.4 – EEC – Comunidade Econômica Européia / UE - União Européia

A EEC (European Economic Community), atual União Européia, tem sua

origem na década de 50, após a destruição parcial da Europa, provocada pelas duas

grandes guerras mundiais. Neste momento, a Europa via a necessidade de unir suas

forças, tanto na área econômica como na área política, se tornando um bloco único,

para fazer frente ao grande poderio econômico cada vez maior dos Estados Unidos.

Um dos trabalhos da Comissão Européia é a busca de uma contabilidade de

qualidade, com comparabilidade e transparência crescente, na tentativa de

assegurar a compatibilidade entre suas próprias diretivas contábeis e os IFRS.

Em 2004, diante dos escândalos em grandes empresas norte-americanas,

que também resvalou em empresas da Europa, a Comissão sugeriu algumas

alterações em suas diretivas, com o intuito de fortalecer a confiabilidade das

demonstrações contábeis das empresas européias.

De acordo com Bueno e Lopes (2005a, p. 30-31), as modificações sugeridas

foram:

os conselheiros são responsáveis por informações contábeis, financeiras

e outras, que são tornadas públicas;

todas as transações com partes relacionadas, de empresas abertas ou

não, devem ter esclarecimentos quanto às transações com familiares,

gestores, etc.;

instrumentos financeiros, que por sua vez envolvam empresas de fins

específicos, que são muitas vezes localizadas em paraísos fiscais, e

assim não registradas nas demonstrações contábeis, a partir dessas

mudanças, se torna obrigatório a divulgação dos impactos causados em

suas demonstrações contábeis anuais e consolidadas;

divulgar uma demonstração de governança coorporativa.

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Em votação unânime, a comissão aprovou, em seu regulamento 1725/2003,

a adoção das normas internacionais de contabilidade expedidas pelo IASB, com isso,

cerca de sete mil companhias abertas européias, incluindo instituições financeiras e

companhias seguradoras, deverão elaborar, a partir de 2005, suas demonstrações

contábeis segundo as novas orientações.

35

1.6.5 – IFAC – Federação Internacional de Contadores

O IFAC (International Federation of Accountants) é uma organização, de

natureza não governamental, não política e sem fins lucrativos, que representa

mundialmente a profissão contábil. Foi criado em 1977, e sua sede fica em Nova

York, Estados Unidos. Conta com a participação de 157 (cento e cinqüenta e sete)

membros, representando 118 (cento e dezoito) países e quase 2,5 milhões de

contadores. O Brasil está representado pelo IBRACON e pelo CFC.

Segundo Niyama (2005, p. 43), a missão do IFAC é de estreitar o

relacionamento da profissão contábil em nível mundial. Com isso, vários outros

aspectos seriam possíveis, como o aumento do desenvolvimento da economia

internacional, elevar a qualidade técnica dos padrões profissionais, buscando

convergência desses padrões e representar, de maneira firme, a profissão contábil

em assuntos de interesse público.

O IFAC publica padrões profissionais e guias de recomendações por

intermédio de seus comitês, sendo eles:

Comitê de Padrões de Auditoria – sua finalidade é normatizar padrões de

auditoria e de outros serviços correlatos ao trabalho de auditoria. Sua

publicação mais importante foi o International Standards of Auditing, que

vem servindo de modelo para diversos países, no estabelecimento de

procedimentos de auditoria;

Comitê de Educação – sua finalidade é aperfeiçoar a educação na área

contábil, utilizando de programas ou estabelecendo padrões de

recomendação. Para isso, atua como um agente catalizador em países

desenvolvidos ou em desenvolvimento. Sua publicação mais importante

foi o International Education Standards, que busca estabelecer elementos

essenciais para o ensino da contabilidade;

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Comitê de Ética – tem por finalidade estabelecer um código de ética

contadores a nível mundial, que servirá de base para que órgão

profissionais de classe, possam editar seus próprios códigos de ética

Comitê de Contadores Profissionais para o Gerenciamento dos Neg

– sua finalidade é orientar profissionais em matéria de gerenciamen

atividades, como por exemplo: Balanced Scorecard, orçam

governança corporativa, dentre outros;

Comitê do Setor Público – tem sua responsabilidade voltada para e

dos padrões contábeis internacionais do setor público, incluindo asp

de auditoria para os governos locais, regionais e nacionais. Pod

considerado um dos únicos órgãos voltados especificamente para a

pública;

Comitê de Auditores Transnacionais – é um comitê executivo,

dedica-se a identificar problemas nas práticas de auditoria, como co

de qualidade, práticas de auditoria, independência, treinamen

desenvolvimento. Atua de forma interativa entre as empresas de aud

multinacionais e reguladores internacionais, com relação à qualidad

trabalhos de auditoria e transparência dos atos.

1.6.6 – IOSCO – Organização Internacional das Comissões de Valores Mobiliá

A IOSCO (The International Organization of Securities Commission), na

em 1983, e hoje conta com a participação de mais de 115 (cento e quinze) ó

reguladores, semelhantes a nossa CVM (Comissão de Valores Mobiliários). N

exatamente um órgão que volta suas atenções para questões contábeis, ma

para o mercado de capitais.

Seus principais objetivos são:

cooperação em favor de altos padrões de regulamentação pa

mercado de capitais, tornando os mercados mais justos, eficien

sadios;

assistência mútua para integração dos mercados de capitais e

padronização, através de troca de informações ou outras experiência

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7

combater a “lavagem de dinheiro”, através de um cons

monitoramento das transações internacionais;

promover a integridade do mercado, mediante uma rigorosa aplicaç

padrões regulatórios.

Em resumo aos objetivos acima mencionados, a IOSCO utiliza-s

instrumentos como a contabilidade e a evidenciação de informações, para mon

o mercado de capitais, fazendo com isso, que ele atue de forma cada vez mais

eficiente e íntegro.

Em 1995, durante sua reunião anual em Tókio no Japão, a IOSCO endo

a obrigatoriedade de adoção das normas internacionais de contabilidade edi

pelo IASB pelas empresas que circulam no mercado de capitais. Esta medida a

muitas empresas que pretendiam entrar no mercado norte-americano, ond

Bolsas de Valores já exigiam as demonstrações contábeis elaboradas segund

normas do US GAAP.

1.6.7 – Mercosul – Mercado Comum do Sul

Com natural atraso em relação à União Européia, o Mercosul, criad

1991 com o Tratado de Assunção, ainda está engatinhando no que se ref

harmonização contábil.

A maior parte das iniciativas de discutir o assunto, são de autoria

próprias entidades profissionais locais, como por exemplo:

no Brasil – CFC e IBRACON;

na Argentina – Federación Argentina de Consejos Profesionale

Ciências Econômicas e Consejo Profesional de la Ciudad Autônom

Buenos Aires;

no Paraguai – Colegio de Contadores de Paraguay;

no Uruguai – Colegio de Contadores y Economistas do Uruguay.

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1.6.8 – BIS – Comitê de Supervisão Bancária do Banco de Compensações

Internacionais

O BIS (Banking Supervision Committee), não é um órgão voltado para

regulamentar normas contábeis, mas sim de estabelecer padrões mínimos de capital

e patrimônio líquido para os bancos que operam no mercado internacional. Ele

funciona como um “Banco Central” para os Banco Centrais de todos os países.

Conforme Niyama (2005, p. 51), os principais objetivos do BIS são:

minimizar os riscos de insucesso bancário que possam afetar o cenário

internacional;

manter níveis razoáveis de solvência e liquidez do sistema financeiro

internacional;

uniformizar as normas aplicáveis às instituições financeiras em seus

respectivos países.

As normas do BIS não são obrigatórias, entretanto, se um banco de um

determinado país quiser abrir uma agência ou subsidiária em outro, deverá este

banco estar em harmonia com as normas do BIS, considerando o atual cenário de

mercado globalizado.

1.6.9 – CAPA – Confederação de Contadores da Ásia e do Pacífico

A CAPA (The Confederation of Asian and Pacific Accountants) foi criada em

1976, e tem como missão principal o desenvolvimento, aperfeiçoamento e

coordenação da profissão contábil na região da Ásia e do Pacífico, capacitando a

profissão no oferecimento de serviços de alta qualidade e de interesse público.

Atualmente a CAPA congrega 31 (trinta e uma) entidades contábeis de 21 (vinte e

um) países.

Os principais objetivos da CAPA são:

aperfeiçoar padrões na busca de harmonização com pronunciamentos do

IFAC e IASB;

proporcionar assistência para formação e desenvolvimento de

organizações nacionais e regionais, que sejam de interesse da profissão

contábil;

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atuar no estimulo de uma profissão coesa e forte, sob coordenação com

o IFAC.

1.6.10 – AIC – Associação Interamericana de Contabilidade

O AIC (Asociación Interamericana de Contabilidad) foi criado em 1949, com

o objetivo de integrar os contadores do continente americano e assumir a

representação da profissão. É uma organização regional das Américas do Norte,

Central e do Sul.

Tem a missão de alcançar uma profissão forte e coerente, no âmbito dos

contadores das Américas, cumprindo suas responsabilidades perante a sociedade e

mantendo um real intercâmbio.

1.6.11 – FEE – Federação dos Especialistas Contábeis da Europa

O FEE (Federation des Experts Comptables Européens) é uma organização

de contadores europeus, cujo objetivo é analisar e discutir divergências

internacionais no âmbito contábil, de auditoria e de tributação. Suas propostas,

quando aprovadas, são levadas a apreciação da União Européia.

1.6.12 – FASB – Conselho de Normas Contábeis

O FASB (Financial Accounting Standards Board) foi criado em 1973 com

status de autoridade contábil. É uma entidade privada, que acaba influenciando as

práticas contábeis de praticamente o mundo todo, dada a importância do mercado

financeiro dos Estados Unidos.

Suas normas são monitoradas e corroboradas pela comissão de valores

mobiliários estadunidenses – SEC (Securities and Exchange Commission) através

dos SAB’s (staff accounting bulletins), que acabaram por dar origem aos princípios

contábeis geralmente aceitos, os GAAP’s (generally accepted accounting principles).

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As companhias de capital aberto devem seguir as normas expedida

FASB, ao contrário, terão seu registro de companhia aberta e negociação d

títulos recusados pela SEC.

1.6.13 – SEC – Comissão de Valores Mobiliários

A SEC (Securities Exchange Commission) é um órgão governamenta

função de supervisionar o mercado de capitais e também os princípios co

geralmente aceitos nos EUA. Este órgão é equivalente a Comissão de V

Mobiliários brasileira.

De acordo com Bueno e Lopes (2005d, p. 11), suas principais atrib

são:

regulamentar as transações nas bolsas de valores;

revisar documentos de registro ou oferta de ações;

punir empresas abertas que não seguem o US GAAP ou não evid

informações relevantes.

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2 – MODELOS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE

2.1 – US GAAP (United States Generally Accepted Accounting Principles)

Conhecida mundialmente como os princípios contábeis geralmente aceitos

nos EUA, a expressão US GAAP tem um significado mais amplo que isso. Abrange

também convenções, regras e procedimentos necessários para definir práticas

aceitas, partindo para o detalhamento, não se limitando a ser meramente um guia de

aplicação dessas práticas. Os US GAAP são elaborados pelo FASB que é o

Conselho de Normas Contábeis, sendo este uma entidade privada que desde 1973

tem status de autoridade contábil nos EUA.

O FASB é auxiliado por órgãos americanos no intuito de melhorar ainda

mais as normas e procedimentos adotados. São eles:

SEC (Securities and Exchange Commission) - órgão governamental com

a função de supervisionar as normas e pronunciamentos emitidos pelo

FASB;

EITF (Emerging Issues Task Force) Força Tarefa sobre Assuntos

Emergentes - assiste ao FASB na melhoria dos informes contábeis, sem

a necessidade de intervenção do próprio;

AICPA (American Institute of Certified Public Accountants) Instituto dos

Contadores Norte-Americanos – promove a fiscalização das firmas de

auditoria estadunidenses.

Conforme Niyama (2005, p. 92) o SAS n.º 69 (Statement Audinting

Standard), do AICPA, divide, em ordem decrescente de importância, os seguintes

US GAAP:

Na categoria A, os princípios contábeis autorizados mais importantes são

promulgados pelos órgãos designados pela AICPA Council.

A categoria B determina que, quando um tratamento contábil de uma

transação ou evento não for especificado na categoria A, os contadores devem

considerar os pronunciamentos de órgãos compostos por contadores especialistas,

que sigam um devido processo do estabelecimento de princípios contábeis ou

descrição de práticas existentes, que são geralmente aceitas.

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Na categoria C, estão incluídos os órgãos compostos de contadores

especialistas, quando na interpretação e estabelecimento de princípios contábeis ou

descrição das práticas contábeis existentes.

Na categoria D, encontram-se as práticas e procedimentos, que são

amplamente reconhecidos como geralmente aceitos.

Em resumo, a categoria A, especificada pelo SAS 69, constitui-se em

princípios obrigatórios, enquanto os pronunciamentos enquadrados nas categorias B,

C e D representam, preferencialmente, pontos de vista que servem como orientação.

Os US GAAP, estão consubstanciados em mais de 150 (cento e cinqüenta)

pronunciamentos FASB Statements, 31 (trinta e um) APB Opinions, 51 (cinqüenta e

um) ARB (Boletins de Estudos Contábeis) e 46 (quarenta e seis) Interpretações

FASB.

Sabe-se que as normas internacionais de contabilidade – IFRS, editadas

pelo IASB já são adotadas por diversas empresas em diversos países da Europa e

Ásia, o que falta agora é ampliar essa aceitação também para as empresas norte-

americanas.

Atualmente a SEC aceita a publicação de demonstrações contábeis segundo

os princípios e práticas do IASB, desde que reconciliadas com as normas segundo o

US GAAP, o que gera confusão entre investidores e custos adicionais.

2.2 - IFRS (International Financial Reporting Standards)

As IFRS são Normas Internacionais de Contabilidade elaboradas pelo IASB,

com a responsabilidade de harmonizar as normas contábeis a nível mundial. Em 18

de julho de 2002, foi aprovado na União Européia a regulamentação CE n. º

1.606/2002 que determina que a partir de 2005, de uma forma geral, todas as

empresas listadas nas diversas bolsas de valores do mundo, ou seja, cerca de 7.000

empresas em 92 países, devem apresentar suas demonstrações financeiras

consolidadas de acordo com as IFRS.

De acordo com Bueno e Lopes (2005c, p. 5): A adoção de regras de reporting contábil comuns, uniformes e de elevada qualidade nos mercados de capitais da União Européia, irá ter como conseqüência direta à melhoria da eficiência e da eficácia dos mercados, uma melhor comparabilidade das demonstrações financeiras e,

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necessariamente, a redução dos custos de emissão de capital das empresas.

O impacto desta regulamentação é sentido a nível mundial, pois as IFRS

auxiliam as empresas a terem acesso ao mercado de capitais internacional, assim

essas empresas passaram a fazer parte da economia globalizada dos dias atuais,

podendo ainda, serem identificadas com mais credibilidade e confiança perante os

investidores.

Antes de serem adotadas de forma geral as normas das IFRS, as empresas

passaram por um período de transição de suas demonstrações, seguindo o primeiro

pronunciamento, o IFRS 1. Este pronunciamento determina que as empresas

listadas, com fechamento contábil em 31 de dezembro de 2005, deveriam incluir um

comparativo com data em 31 de dezembro de 2004, tendo como ponto de partida

um balanço de abertura em IFRS em 01 de janeiro de 2004.

Junto a este comparativo, as empresas deverão apresentar também, uma

reconciliação dos efeitos adotados pelas IFRS nos resultados líquidos e de capitais

próprios, para que os acionistas tenham total conhecimento da situação patrimonial

da empresa à luz das IFRS, no momento que deverão aprovar em assembléia geral,

as contas de 2004.

2.2.1 - A adoção das Normas Internacionais

O IASB é o órgão responsável pela emissão das Normas Internacionais de

Contabilidade e seus pronunciamentos, as IFRS. Observando a necessidade de

adoção das Normas Internacionais pelas empresas, o IASB publica em 2004 a

“plataforma estável”, que são instruções para o fechamento das demonstrações em

31 de dezembro de 2005, destacando novos pronunciamentos e revisão de vários

outros. Ao todo foram 22 (vinte e duas) normas novas ou revisadas e mais 14

(quatorze) que foram mantidas com o texto original.

O passo final para aprovação das IFRS na Europa foi à aprovação das 36

(trinta e seis) normas pela Comissão Européia, o que ocorreu em 2004. Houve

apenas um ponto de divergência referente ao IAS 39, que foi solicitado, pela

comissão, a exclusão de dois itens da sua redação original. Este pronunciamento

trata de Instrumentos Financeiros - Reconhecimento e Mensuração.

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Partindo deste ponto, com a aprovação pela comissão do IAS 39 modificado,

as empresas listadas na União Européia ficam obrigadas a aplicar a versão

modificada da norma em suas demonstrações contábeis.

Para empresas brasileiras é recomendado que avaliem a possibilidade de,

em um futuro próximo, oferecer ao mercado informações financeiras em IFRS.

Segundo Bueno e Lopes (2005c, p. 26) o ritmo de adoção dessas normas pelas

empresas européias e asiáticas, e o comprometimento dos Estados Unidos quanto à

harmonização das normas, faz com que empresas que não se adequarem às novas

normas, comprometam sua competitividade nos mercado de capitais internacionais.

É importante que os administradores se conscientizem que de é necessário planejar

e implementar os projetos de elaboração de informações segundo as normas

internacionais, sendo vital para o sucesso da empresa a nível mundial.

Um grande passo será dado ao processo de harmonização internacional das

práticas contábeis, quando os princípios norte-americanos sofrerem as alterações

necessárias no sentido de eliminar as diferenças existentes em relação as IFRS.

2.3 – PRINCÍPIOS CONTÁBEIS

Como bem descreve Iudícibus e Marion (2002, p.87), os princípios contábeis

podem ser assim definidos como “(...) conceitos básicos que constituem o núcleo

essencial que deve guiar a profissão na consecução dos objetivos da Contabilidade,

que consistem em apresentar informação estruturada para os usuários”.

De acordo com a Resolução nº 750/93 do Conselho Federal de

Contabilidade – CFC, em seu artigo 2º: Art.2º Os Princípios Fundamentais de Contabilidade representam a essência das doutrinas e teorias relativas à Ciências da Contabilidade, consoante o entendimento predominante nos universos científico e profissional de nosso País. Consernem, pois, á Contabilidade no seu entendimento mais amplo de ciência social, cujo objeto é o patrimônio das entidades.

Pode-se concluir que os princípios são como guias para o melhor

entendimento da matéria contábil, utilizados para chegar aos objetivos da

contabilidade que é gerar informações confiáveis aos seus usuários.

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2.3.1 - Princípios Contábeis no Brasil

No Brasil não existe um único órgão responsável pela normatização contábil.

Podemos destacar como principais regentes das práticas contábeis no país:

Lei das Sociedades Anônimas nº 6.404/1976;

Comissão de Valores Mobiliários – CVM;

Conselho Federal de Contabilidade – CFC;

Instituto dos Auditores Independentes do Brasil – IBRACON.

2.3.1.1 - Segundo o CFC

O CFC reconhece como princípios contábeis àqueles constantes do artigo 3º

da Resolução 750/1993.

Art. 3º São princípios Fundamentais de Contabilidade:

I. o da ENTIDADE;

II. o da CONTINUIDADE;

III. o da OPORTUNIDADE;

IV. o do REGISTRO PELO VALOR ORIGINAL;

V. o da ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA;

VI. o da COMPETÊMCIA; e

VII. o da PRUDÊNCIA.

Alguns autores consideram os princípios da Entidade e da Continuidade

como Postulados Ambientais da Contabilidade, por considerarem esses dois

princípios a base de todos os outros.

2.3.1.2 - Segundo o IBRACON

Para o IBRACON, as empresas devem atender às normas do próprio

Instituto, bem como aquelas do CFC e demais outros órgãos desde que consistentes

com as normas dos dois primeiros.

Segundo Bueno e Lopes (2005b, p. 28), os princípios adotados pelo

IBRACON são fortemente baseados nos princípios emanados pelo IASB. São eles:

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I. a Continuidade Operacional;

II. o Regime de Competência;

III. a Uniformidade da Apresentação;

IV. a Relevância e Agregação;

V. a (não) Compensação;

VI. a Comparabilidade.

2.3.2 - Princípios Contábeis Segundo o IASB

Conforme Bueno e Lopes (2005b, p. 30) o IASB destaca seus princípios

contábeis em sua primeira norma, o IAS 1 de 1994, sendo revisada em 1997 e 2003.

São eles:

I. a Continuidade Operacional (on a going concem basis);

II. o Regime de Competência (accrual basis of accounting);

III. a Consistência da Apresentação (presentation and classification);

IV. a Relevância e Agregação (material class);

V. a (não) Compensação (not offset);

VI. as Informações Comparativas (comparative information).

Em sua estrutura conceitual para a elaboração e apresentação das

demonstrações contábeis, de 1989, são realçados como pressupostos básicos, o

regime de competência e a continuidade.

2.3.3 - Princípios Contábeis Segundo o US GAAP

Como ocorre no Brasil, nos EUA o poder normatizador também não se

concentra em uma única entidade, mas num amplo grupo de órgãos governamentais

e profissionais.

O FASB – Conselho de Normas Contábeis, o mais influente de todos;

O AICPA – Instituto dos Contadores Norte-Americanos;

A SEC, equivalente à nossa CVM;

A IRS, equivalente à nossa Secretaria da Receita Federal.

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Segundo Niyama (2005, p. 94), podemos listar os seguintes princípios

segundo o US GAAP:

I. Objetividade;

II. Entidade;

III. Custo como base de valor;

IV. Continuidade;

V. Reconhecimento da receita (realização);

VI. Independência de exercícios;

VII. Confrontação com a despesa;

VIII. Materialidade

IX. Evidenciação;

X. Consistência;

XI. Conservadorismo.

2.4 – COMPARATIVO DAS PRINCIPAIS PRÁTICAS CONTÁBEIS

Mesmo com os esforços do FASB e do IASB em prol da harmonização

contábil, ainda são muitas as diferenças encontradas entre os IFRS e os US GAAP,

maiores ainda quando comparadas com os BR GAAP.

A seguir será demonstrado um quadro com algumas dessa divergências

entre ao IFRS, US GAAP e BR GAAP.

Práticas Contábeis Internacionais (IFRS)

Práticas Contábeis Americanas

(US GAAP)

Práticas Contábeis Brasileiras

(BR GAAP)

1) Base de Valor Contábil.

Utiliza o custo histórico, mas os ativos intangíveis, o ativo permanente e as propriedades para investimento podem ser reavaliados a valor justo.

Reavaliações não são permitidas, exceto no caso de instrumentos financeiros derivativos, e alguns outros instrumentos financeiros que devem ou podem ser avaliados ao valor justo.

Utiliza o custo histórico, mas itens do ativo imobilizado podem ser reavaliados.

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2) Componentes das Demonstrações. Balanço patrimonial, demonstrações do resultado, dos fluxos de caixas e das mutações do patrimônio líquido de, no mínimo, dois anos. Também devem ser apresentadas as políticas contábeis adotadas pela empresa e as notas explicativas contendo detalhes para melhor entendimento das demonstrações financeiras.

Semelhantes às IFRS, porém, para as empresas registradas na SEC, são exigidos três anos de todas as demonstrações, exceto o balanço patrimonial.

Semelhantes às IFRS, com exceção da apresentação da demonstração das origens e aplicações dos recursos no lugar da demonstração dos fluxos de caixa.

3) Demonstração de outros ganhos e perdas reconhecidos. Requerem uma demonstração em separado dos outros ganhos e perdas reconhecidos em nota explicativa ou de forma destacada na demonstração das mutações do patrimônio líquido.

Exigem a divulgação do valor total e do valor acumulado de outros ganhos e perdas reconhecidos, na forma de demonstração financeira em separado ou de forma combinada com a demonstração do resultado ou com a demonstração das mutações do patrimônio líquido.

Não prevêem especificamente a existência desta demonstração. Na prática, tais ganhos e perdas são tratados de maneira similar aos itens extraordinários.

4) Demonstração dos fluxos de caixa – formato e método. Exigem classificação em contas padrão, mas são flexíveis quanto ao conteúdo das contas. Permitem a utilização dos métodos direto ou indireto.

Requerem classificação em contas de categorias similares em relação às IFRS, mas dão orientação mais específica quanto à classificação em cada categoria. Também permitem a utilização dos métodos direto ou indireto.

Não requerem a apresentação. Quando voluntariamente apresentadas, as regras são semelhantes às IFRS.

5) Correção de erros. Exigem a correção das informações comparativas.

Semelhantes às IFRS. São tratadas como ajuste do saldo inicial dos lucros ou prejuízos acumulados do ano corrente. Não há correção ou reapresentação de informações comparativas.

6) Definição de coligada. Com base em influência significativa: Presume-se que haja influência significativa quando há 20% ou mais de participação no capital ou nos negócios da empresa.

Semelhantes às IFRS. Com base em 10% ou mais de participação direta ou indireta no capital votante da empresa, sem controla-la. Para aplicação do método de equivalência patrimonial, os critérios são similares aos das IFRS.

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49

7) Apresentação de “ joint-ventures”. Permitem a utilização dos métodos de consolidação proporcional ou equivalência patrimonial.

O método de equivalência patrimonial é requerido, exceto em circunstâncias específicas. Consolidação proporcional não é aceita.

Requerem a consolidação proporcional.

8) Pagamento Contingente. Quando possível, é estimado na aquisição e posteriormente corrigido com ajuste ao valor do ágio.

Não é reconhecido até que a contingência seja resolvida ou o valor seja determinável.

Não tratam do assunto.

9) Ágio e ativos intangíveis – tratamento subseqüente à aquisição. Ágio e ativos intangíveis com vida indefinida não são amortizados, mas têm seu valor de recuperação calculado anualmente e comparado ao valor contábil. Sempre que o valor de recuperação for inferior ao valor contábil, uma perda deve ser reconhecida no resultado do exercício.

Semelhantes às IFRS. Ágio é amortizado em prazo não superior a 10 anos, exceto quando decorrente de aquisição do direito de exploração, concessão ou permissão delegada pelo poder público. Nesses casos, deve ser amortizado com base no prazo de vigência da respectiva concessão ou permissão pública.

10) Reconhecimento de Receitas. Baseado em vários critérios, que exigem o reconhecimento da receita quando os riscos e recompensas decorrentes da propriedade tiverem sido transferidos a terceiros (comprador) e a receita puder ser medida de maneira confiável.

Baseado em quatro critérios-chave. Em princípio, semelhantes às IFRS. Apresentam orientação detalhada e extensiva para transações específicas.

Semelhantes às IFRS, porém menor nível de orientação pode resultar em diferenças práticas.

11) Ativos intangíveis adquiridos de terceiros. Requerem a capitalização se os critérios de reconhecimento são atendidos. Ativos intangíveis devem ser amortizados considerando sua vida útil. Reavaliações são permitidas em raríssimas circunstâncias.

Semelhantes às IFRS, porém reavaliações não são permitidas.

Geralmente são classificadas no grupo de ativo imobilizado ou diferido e amortizados de acordo com a sua vida útil. Não são permitidas reavaliações de intangíveis.

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50

12) Ativo permanente. Permitem o uso do custo histórico ou reavaliações a valor justo como base de valor contábil. Os ganhos ou perdas apurados na venda ou baixa dos ativos são registrados como despesas operacionais.

Não são permitidas reavaliações. Em linhas gerais, semelhantes às IFRS, com algumas divergências, por exemplo:

• Os ganhos ou perdas apurados na venda ou baixa dos ativos são registrados como despesas não-operacionais.

13) Estoques. São reconhecidos pelo menor valor entre o custo e o valor líquido realizável. Tanto o método FIFO ou da média ponderada podem ser utilizados para determinar o custo. O método LIFO é proibido. Reversão de perdas para redução ao valor recuperável originalmente registradas é requerida sempre que houver mudanças nas circunstâncias que a determinaram.

Semelhantes às IFRS ; entretanto, o uso do LIFO é permitido. Reversão de perdas para redução ao valor recuperável não é aceita.

Semelhantes às IFRS.

14) Provisões – geral. Exigem o registro de provisões quando houver uma obrigação presente, decorrente de evento passado para a qual um desembolso de recursos seja provável e possa ser estimado de maneira confiável.

Semelhantes às IFRS, com regras para situações específicas (custos de demissão de empregados, passivos ambientais, passivos contingentes, etc.).

Semelhantes às IFRS.

Quadro 2: Comparativo das Praticas Contábeis

Fonte: PricewaterhouseCoopers

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1

3 - METODOLOGIA

Para desenvolver um bom trabalho, é essencial uma boa pesquisa, seg

uma metodologia que proporcione o desenvolvimento de todo o trabalho. Seg

as palavras de Cervo e Bervian (2002, p. 64) “O interesse e a curiosidade do ho

pelo saber levam-no a investigar a realidade sob os mais diversificados aspec

dimensões”.

3.1 – TIPO DE PESQUISA

A base deste trabalho foi feita através de uma pesquisa bibliográfica.

pesquisa foi realizada através de livros, revistas técnicas e redes eletrôn

buscando informações sobre harmonização das práticas contábeis, diversas no

internacionais de regulamentação, bem como seus respectivos órgãos, alé

outras informações necessárias, para o desenvolvimento teórico desse trabalh

pesquisa.

A pesquisa bibliográfica, segundo Barros e Lehfeld (1986, p. 28) “(...

pesquisa exploratória que os alunos realizam para obter conhecimentos, procur

encontrar informações publicadas em livros e documentos (...)”.

Já para Cervo e Bervian (2002, p. 66) “A pesquisa bibliográfica é me

formação por excelência e constitui o procedimento básico para os es

monográficos, pelos quais se busca o domínio do estado da arte sobre determ

tema” (grifo do autor).

Fez parte deste trabalho também uma pesquisa descritiva documental

o propósito de colher informações reais, que servirão como base de comparaç

dados. Conforme Cervo e Bervian (2002, p. 66) “A pesquisa descritiva obs

registra, analisa e correlaciona fatos ou fenômenos (variáveis) sem manipulá-los

3.2 – COLETA DE DADOS

A coleta de dados é considerada por Cervo e Bervian (2002, p. 44)

fase intermediária da pesquisa descritiva”.

5

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52

Ainda segundo Cervo e Bervian (2002, p. 44) “A coleta de dados ocorre após

a escolha e delimitação do assunto, a revisão bibliográfica, a definição dos objetivos,

a formulação do problema e das hipóteses e a identificação das variáveis”.

Para a pesquisa bibliográfica deste trabalho foram coletados dados em livros,

revistas técnicas e redes eletrônicas de informação.

Já para a pesquisa descritiva documental, foram utilizados os dados

referentes aos Balanços Patrimoniais e Notas Explicativas do ano de 2005 das

empresas: Nibrasco, Kobrasco, Itabrasco e Hispanobras. Esses dados foram

coletados através do site da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD).

3.3 – UNIVERSO DA AMOSTRA

A amostra é definida, segundo Selltiz apud Cervo e Bervian (2002, p. 73)

como sendo “a coleta de dados de uma parte da população, selecionada segundo

critérios que garantam sua representatividade”.

No universo da amostra foram pesquisadas as 4 (quatro) empresas

coligadas do grupo CVRD (Companhia Vale do Rio Doce). Sendo elas descritas

abaixo:

NIBRASCO – Companhia Nipo-Brasileira de Pelotização;

KOBRASCO – Companhia Coreano Brasileira de Pelotização;

ITABRASCO – Companhia Ítalo-Brasileira de Pelotização;

HISPANOBRAS – Companhia Hispano-Brasileira de Pelotização.

Essas empresas têm em comum a participação de capital estrangeiro e

fazem suas demonstrações contábeis seguindo os padrões brasileiros e

internacionais.

3.4 – ANÁLISE DOS DADOS

A análise, a partir da classificação ordenada dos dados, do confronto dos resultados das tabelas (...) procura verificar a comprovação ou não das hipóteses de estudo (CERVO; BERVIAN, 2002, p. 74).

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53

Para análise dos dados coletados, foram elaborados tabelas para uma

melhor comparação dos valores das demonstrações analisadas.

3.5 – CONTEXTO DAS EMPRESAS ANALISADAS

A Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), é uma das maiores mineradoras e

exportadoras de minério de ferro e pelotas de minério de ferro do mundo.A produção

das pelotas de minério de ferro foi implementada para um melhor aproveitamento

econômico dos finos de minério de ferro, ou seja, um minério de ferro de segunda

categoria, gerados na exploração das minas do Sistema Sul.

O Sistema Sul é composto por quatro complexos mineradores: Itabira,

Mariana, Minas Centrais e Minas do Oeste, que englobam mais de 15 (quinze)

minas, localizadas no Quadrilátero Ferrífero, em Minas Gerais.

A CVRD iniciou, no final da década de 60, a instalação de um complexo de

usinas de pelotização em Vitória (ES), atualmente constituído por sete usinas. Duas

usinas pertencem exclusivamente à CVRD e as demais foram implementadas em

regime de coligadas ou joint ventures com grupos siderúrgicos do Japão

(NIBRASCO), Coréia do Sul (KOBRASCO), Itália (ITABRASCO) e Espanha

(HISPANOBRAS).

3.5.1 – Companhia Nipo-Brasileira de Pelotização – NIBRASCO

A Companhia é uma sociedade anônima de direito privado, constituída em

1974, sendo controlada por uma associação da CVRD com um grupo de cinco

siderúrgicas japonesas e a Sojitz Corporation. Suas principais atividades

compreendem a produção e comercialização de pelotas de minério de ferro com os

acionistas e a produção por encomenda. Tem sua sede industrial no Complexo de

Tubarão, em Vitória – ES.

A Nibrasco é uma empresa coligada da CVRD, tendo seu capital social

formado por 51% de capital nacional e 49% de capital estrangeiro.

Atualmente, de acordo com o Ranking das 150 maiores Empresas do Estado

do ES, referente ao exercício de 2005, a Nibrasco está na 12ª posição com relação à

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Receita Operacional Bruta e em 15º colocação com relação ao Lucro Líquido. Dentre

as empresas de pelotização e siderurgia, ela ocupa a 4ª colocação, no que diz

respeito a Receita Operacional Bruta.

3.5.2 - Companhia Coreano Brasileira de Pelotização – KOBRASCO

A Companhia, com sede e planta industrial no Complexo de Tubarão, em

Vitória – ES, foi constituída mediante associação da CVRD e da Pohang Iron and

Steel Co., Ltd. – POSCO. Seu objetivo social é a fabricação de pelotas de minério de

ferro, cuja produção foi iniciada em outubro de 1998.

A Kobrasco é uma empresa coligada da CVRD, tendo seu capital social

formado por 50% de capital nacional e 50% de capital estrangeiro.

Atualmente, de acordo com o Ranking das 150 maiores Empresas do Estado

do ES, referente ao exercício de 2005, a Kobrasco está na 6ª posição com relação à

Receita Operacional Bruta das empresas de pelotização e siderurgia.

3.5.3 - Companhia Ítalo-Brasileira de Pelotização – ITABRASCO

A Companhia é uma sociedade anônima de direito privado, constituída em

1973 mediante a associação da CVRD e da Ilva International S/A. Suas atividades

compreendem a produção e comercialização de pelotas de minério de ferro, cujas

vendas são destinadas aos acionistas. Tem sua sede industrial no Complexo de

Tubarão, em Vitória – ES.

A Itabrasco é uma empresa coligada da CVRD, tendo seu capital social

formado por 50,90% de capital nacional e 49,10% de capital estrangeiro.

Atualmente, de acordo com o Ranking das 150 maiores Empresas do Estado

do ES, referente ao exercício de 2005, a Itabrasco está na 8ª posição com relação à

Receita Operacional Bruta das empresas de pelotização e siderurgia.

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3.5.4 - Companhia Hispano-Brasileira de Pelotização – HISBANOBRAS

A Companhia é uma sociedade anônima de direito privado, constituída em

1974 mediante a associação da CVRD e da Aceralia Corporación Siderúrgica S/A

(Grupo Arcelor). Suas atividades compreendem a produção e comercialização de

pelotas de minério de ferro, cujas vendas são destinadas aos acionistas. Tem sua

sede industrial no Complexo de Tubarão, em Vitória – ES.

A Hispanobras é uma empresa coligada da CVRD, tendo seu capital social

formado por 51% de capital nacional e 49% de capital estrangeiro.

Atualmente, de acordo com o Ranking das 150 maiores Empresas do Estado

do ES, referente ao exercício de 2005, a Hispanobras está na 7ª posição com

relação à Receita Operacional Bruta das empresas de pelotização e siderurgia.

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4 – ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS

A pesquisa foi realizada com base nas Demonstrações Contábeis das

empresas NIBRASCO, KOBRASCO, ITABRASCO e HISPANOBRAS, referente ao

ano de 2005. Estas demonstrações estão apresentadas pelos diferentes métodos de

elaboração (BR GAAP, US GAAP e IFRS), que é o foco principal desta pesquisa.

Todas as empresas analisadas nesta pesquisa apresentam suas

demonstrações contábeis em moeda local, o Real (R$) e também em Dólar dos EUA

(US$), como moeda funcional, e em Euro da União Européia, por considerar que o

Dólar e o Euro são moedas que melhor refletem o cenário econômico mundial na

atualidade e também para apresentação aos sócios estrangeiros. Além disso,

grande parte de suas vendas destina-se ao mercado internacional, onde, toda

transação, inclusive o preço determinado de venda dos produtos, é cotado em Dólar

americano.

Pela análise feita nas demonstrações contábeis a taxa utilizada para

conversão dos valores de Reais para Dólar americano e Euro, foi feita a partir do

resultado da taxa cambial média, divulgada pelo Banco Central do Brasil no final de

cada exercício. A taxa média referente ao exercício 2005 foi de:

para dólar americano = 2,3407; e

para euro = 2,7691.

O período analisado foi o ano de 2005, sendo o enfoque principal deste

trabalho o Patrimônio Líquido (PL) de cada empresa. Para o nosso estudo, foi

excluído o montante referente a diferenças de conversão de moeda (R$ para US$)

sobre o Capital Social, por não ser o foco principal deste trabalho, que são apenas

as contas que interferem no saldo do PL a nível de reclassificação.

As empresas Nibrasco, Kobrasco e Itabrasco apresentam suas

demonstrações convertidas pelos princípios e normas Brasileiras (BR GAAP) e

Americanas (US GAAP), já a Hispanobras, apresenta suas demonstrações, além

dos métodos citados acima, também conforme as normas Internacionais do IFRS.

Em um primeiro momento, serão demonstradas as empresas que apresentam suas

demonstrações em US GAAP, e depois a empresa que também apresenta suas

demonstrações em IFRS.

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4.1 – ANÁLISE DOS DADOS ENTRE BR GAAP E US GAAP

Nas análises feitas, foram verificadas quais as contas que trazem

diferenciação, enquanto a reclassificação, entre o BP em BR GAAP e US GAAP,

chegando ao resultado encontrado demonstrado nas tabelas abaixo. Os valores

dispostos abaixo estão demonstrados em milhares de Reais.

Companhia Nipo-Brasileira de Pelotização - NIBRASCO Composição da diferença constatada entre PL em BR GAAP e US GAAP 2005:

Saldo inicial do Patrimônio Líquido em R$ - BR GAAP .......................... 177.171 Contas que trazem diferenças de reclassificação: Dividendos propostos .................................................................................. 91.593 Provisão para manutenção de usina ........................................................... 9.991 CTA (Cumulative Translation Adjustment) ...............................……............ (85.836)Ajuste Acumulado de Tradução Saldo do Patrimônio Líquido em R$ - US GAAP .................................... 192.919 TABELA 1 – Análise do PL da Nibrasco 2005 (BR GAAP x US GAAP)

Companhia Coreano Brasileira de Pelotização - KOBRASCO Composição da diferença constatada entre PL em BR GAAP e US GAAP 2005:

Saldo inicial do Patrimônio Líquido em R$ - BR GAAP .......................... 91.708 Contas que trazem diferenças de reclassificação: Dividendos propostos ................................................................................... 96.774 Provisão para manutenção de usina ............................................................ 6.644 Reserva de Capital (ágio na subscrição de ações)....................................... (7.098)CTA (Cumulative Translation Adjustment) ....................……........................ (61.397)Ajuste Acumulado de Tradução Permanente diferido .................................................................................... (2.925) Saldo do Patrimônio Líquido em R$ - US GAAP .................................... 123.706 TABELA 2 – Análise do PL da Kobrasco 2005 (BR GAAP x US GAAP)

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Companhia Ítalo-Brasileira de Pelotização - ITABRASCO Composição da diferença constatada entre PL em BR GAAP e US GAAP 2005:

Saldo inicial do Patrimônio Líquido em R$ - BR GAAP ......................... 101.702 Contas que trazem diferenças de reclassificação: Dividendos propostos .................................................................................. 50.000 Provisão para manutenção de usina ........................................................... 1.068 Reserva de Lucros - para Investimentos...................................................... (34.144)CTA (Cumulative Translation Adjustment) ................................................. (52.663)Ajuste Acumulado de Tradução Permanente diferido ................................................................................... (1.018) Saldo do Patrimônio Líquido em R$ - US GAAP .................................... 64.945 TABELA 3 – Análise do PL da Itabrasco 2005 (BR GAAP x US GAAP)

Companhia Hispano-Brasileira de Pelotização - HISPANOBRAS Composição da diferença constatada entre PL em BR GAAP e US GAAP 2005:

Saldo inicial do Patrimônio Líquido em R$ - BR GAAP ......................... 111.868 Contas que trazem diferenças de reclassificação: Dividendos propostos .................................................................................. 58.854 Provisão para manutenção de usina ........................................................... 554 Reserva de Capital ...................................................................................... (1.578)CTA (Cumulative Translation Adjustment) .................................................. (83.872)Ajuste Acumulado de Tradução Permanente diferido ................................................................................... (1.321) ** Saldo do Patrimônio Líquido em R$ - US GAAP ................................ 84.505 TABELA 4 – Análise do PL da Hispanobras 2005 (BR GAAP x US GAAP)

Como pode ser observado nas tabelas anteriores as contas que apresentam

diferenciação nas análises entre os PL’s em BR GAAP e US GAAP se repetem na

maioria das empresas analisadas, por isso, será demonstrado abaixo as

características gerais dessas contas.

Dividendos propostos - representa os dividendos que serão distribuídos

aos sócios no próximo exercício (2006), referente a lucros auferidos no

exercício atual, que no caso estudado é o ano de 2005, conforme análise

feita nas notas explicativas das empresas. A diferenciação ocorre em

virtude de que, no BP em BR GAAP, este valor já está provisionado no

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Passivo Circulante (PC), enquanto que no BP em US GAAP, o valor dos

dividendos continua a fazer parte do PL, na conta de Lucros a distribuir.

Provisão para manutenção de usina - esta conta significa a provisão de

uma perda que a empresa poderá ter no exercício seguinte, referente a

uma parada na produção de suas usinas para eventual manutenção.

Essa diferença ocorre em virtude de que, esta provisão é permitida pelas

normas brasileiras, enquanto que pelas normas americanas do US GAAP

ela não é válida.

Reserva de capital – por definição, a reserva de capital é a soma de

valores recebidos pela companhia que não transitam pelo resultado como

receitas, por se referirem a valores destinados a reforço de capital. Este

tipo de procedimento é totalmente válido pelas normas brasileiras, o que

não acontece com as normas americanas.

Reserva de lucros para investimento – também por definição, a reserva

de lucros representa os lucros obtidos pela companhia, retidos para uma

finalidade específica, que no caso em questão, para investimentos

futuros dentro da própria companhia. A retenção desta reserva deve ser

devidamente justificada e aprovada pela assembléia geral da companhia.

Permanente diferido – no caso estudado, o saldo desta conta refere-se a

pesquisa e desenvolvimento. Neste caso, pelas normas brasileiras, o

procedimento está correto, mas, pelas normas americanas, este tipo de

gasto, deve ser contabilizado diretamente no resultado do exercício.

CTA (Cumulative Translation Adjustment) Ajuste Acumulado de Tradução

- esta conta, representa todas as perdas que a nossa moeda local (Real)

vem sofrendo ao longo do tempo com relação ao dólar americano. Essas

perdas são conseqüência de vários fatores, podemos citar como os

principais: inflação elevada, instabilidade político-econômico, interferência

do governo nas taxas cambiais e desvalorização da moeda local perante

o dólar americano. Um grande problema que ocorreu no Brasil foram os

diversos planos econômicos de troca de moeda, que também interferiram

para que ocorressem tais perdas.

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Conforme Martins (2003), em estudo realizado no final de 2002 e inicio de

2003, mostrou que após o Real, o cenário brasileiro perante ao dólar americano vem

se recuperando gradativamente, com isso o Brasil volta a ser um mercado atraente

para os investidores internacionais. Atualmente as taxas cambiais são livremente

negociadas, com uma mínima interferência do governo, nossa moeda está

valorizada perante as moedas estrangeiras e nossa inflação está em patamares

aceitáveis, com isso, o CTA, que acumulava valores negativos ao longo dos anos, já

começa a aumentar, podendo inclusive expressar valores positivos.

A tabela a seguir é um resumo das tabelas anteriores, onde estão dispostos

os totais apurados em moeda corrente do país (Real), bem como seus respectivos

percentuais para uma melhor análise. Foi considerado o valor em BR GAAP como

100%.

Patrimônio Líquido - Ano 2005

R$ (milhares) % NIBRASCO BR GAAP 177.171 100,0 US GAAP 192.919 108,9 KOBRASCO BR GAAP 91.708 100,0 US GAAP 123.706 134,9 ITABRASCO BR GAAP 101.702 100,0 US GAAP 64.945 63,9 HISPANOBRAS BR GAAP 111.868 100,0 US GAAP 84.505 75,5 TABELA 5 – Resumo dos valores apurados do PL das empresas (BR GAAP x US GAAP)

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Analisando os dados da Nibrasco, observa-se que seu PL pelas normas

brasileiras teve um aumento de 8,9%, comparado com as normas americanas, como

pode ser observado no gráfico abaixo.

PL NIBRASCO

100,0

108,9

95,0

100,0

105,0

110,0

Brasileiras Americanas

Normas

%

GRÁFICO 1 – PL Nibrasco (BR GAAP x US GAAP)

Conforme análise das contas que proporcionam diferenças entre as normas

americanas e brasileiras, a conta de “Dividendos propostos”, trás uma alteração no

PL de 51,7%, este vaor representa todo o dividendo a ser distribuído aos sócios no

próximo exercício, conforme demonstrado em suas Notas Explicativas (NE). A conta

de “Provisão para manutenção da usina”, tem uma alteração de 5,6% e o CTA

representa uma alteração de (48,4%), totalizando a diferença apurada que foi de

8,9%.

A Kobrasco, comparando as normas brasileiras com as normas americanas,

teve seu PL aumentado em 34,9%. O gráfico abaixo mostra com clareza essa

diferença.

PL KOBRASCO

100,0

134,9

50,0

75,0

100,0

125,0

150,0

Brasileiras Americanas

Normas

%

GRÁFICO 2 – PL Kobrasco (BR GAAP x US GAAP)

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Segundo análises feitas, constatou-se que a conta de “Dividendos

propostos”, trouxe uma alteração no PL de 105,5%, ou seja, a parte do lucro a ser

distribuído superou o valor total do PL, tornando uma diferença bem expressiva em

nossa análise. O valor desta conta representa todo o dividendo a ser distribuído aos

sócios no próximo exercício, conforme demonstrado em suas NE. A conta de

“Provisão para manutenção da usina”, tem uma alteração de 7,2%, já a conta de

“Reserva de capital” representou uma alteração de (7,7%). A conta do “Permanente

diferido”, altera o PL em (3,2%) e o CTA representa uma alteração de (66,9%),

totalizando a diferença apurada que foi de 34,9%. A conta do CTA também

representou uma diferença bem expressiva em nossa análise.

Em análise feita no BP da Itabrasco, observou uma diminuição do seu PL

em 36,1%. Este percentual representa a diferença encontrada na comparação das

normas brasileiras com as normas americanas, conforme demonstrado no gráfico

abaixo.

PL ITABRASCO

100,0

63,9

30,0

60,0

90,0

120,0

Brasileiras Americanas

Normas

%

GRÁFICO 3 – PL Itabrasco (BR GAAP x US GAAP)

Perante as análises feitas, constatou-se que a alteração representada no PL

pela conta de “Dividendos propostos”, foi de 49,2%. Este valor foi menor que o valor

encontrado nas outras empresas analisadas até o momento, a Nibrasco e a

Kobrasco. Isto se deve pelo fato que na Itabrasco houve em uma antecipação do

pagamento de parte dos dividendos dentro do próprio exercício de 2005, conforme

verificado em suas NE, ficando para o próximo exercício o pagamento do restante

dos dividendos apurados.

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A conta de “Provisão para manutenção da usina”, tem uma alteração muito

pequena, apenas 1,1%, já a conta de “Reserva de lucros para investimento”

representou uma alteração de (33,6%). A conta do “Permanente diferido”, também

altera pouco o PL, somente (1,0%) e o CTA representa pouco mais da metade da

diferença apurada, cerca de (51,8%), totalizando a diferença encontrada de (36,1%).

Pode-se observar nesta análise que, em virtude do pagamento antecipado

de parte dos dividendos propostos e da alta reserva de lucros para investimento, a

diferença encontrada na Itabrasco foi negativa.

Analisando o BP da Hispanobras, observou que ocorreu uma diminuição no

seu PL de 24,5%, comparando as normas brasileiras com as normas americanas,

conforme representado no gráfico abaixo.

PL HISPANOBRAS

100,0

75,5

-

20,0

40,0

60,0

80,0

100,0

120,0

Brasileiras Americanas

Normas

%

GRÁFICO 4 – PL Hispanobras (BR GAAP x US GAAP)

Nas análises feitas no PL da Hispanobras, observou-se que a conta de

“Dividendos propostos”, representou uma alteração de 52,6%, pouco mais da

metade da diferença total encontrada. A Hispanobras, assim como a Itabrasco,

também antecipou o pagamento de parte de seus dividendos dentro do próprio

exercício de 2005, conforme verificado em suas NE.

A conta de “Provisão para manutenção da usina”, tem uma representação

muito pequena na diferença total, apenas 0,5%, assim como a conta de “Reserva de

capital”, que representou uma alteração de apenas (1,4%) e também a conta do

“Permanente diferido”, que representou uma pequena alteração na diferença do PL,

somente (1,2%). A conta do CTA foi a que mais representou diferença no montante

apurado, cerca de (75,0%), totalizando a diferença encontrada de (24,5%).

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Nesta empresa em específico, a conta do CTA representou uma fatia muito

grande da diferença apurada, com isso conclui-se que a Hispanobras teve ao longo

dos anos, perdas significativas, com relação a desvalorização do Real perante ao

Dólar americano, proporcionando um valor tão expressivo nesta conta.

Podemos verificar, nas análises feitas nos PL’s das quatro empresas, que a

conta do CTA interfere de forma significativa em todas elas. Nesta pequena amostra

de dados, observamos uma oscilação do CTA entre 48,4% até 75,0%, conforme

podemos visualizar no gráfico abaixo.

Variação do CTA

48,4

66,9

51,8

75,0

0,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

60,0

70,0

80,0

Empresas Analisadas

%

NibrascoKobrascoItabrascoHispanobras

GRÁFICO 5 – Variação do CTA

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4.2 – ANÁLISE DOS DADOS ENTRE BR GAAP E IFRS

Dentro da amostra proposta para estudo desta pesquisa, apenas a empresa

Hispanobras tem seu Balanço Patrimonial convertido também para as normas

internacionais do IFRS. Abaixo está demonstrada uma tabela para melhor

visualização das diferenças encontradas entre os dois critérios analisados. Os

valores estão demonstrados em milhares de Reais.

Companhia Hispano-Brasileira de Pelotização - HISPANOBRAS

Composição da diferença constatada entre PL em BR GAAP e IFRS 2005: Saldo inicial do Patrimônio Líquido em R$ - BR GAAP ...................... 111.868 Contas que trazem diferenças de reclassificação: Dividendos propostos ............................................................................... 58.854 Provisão para manutenção de usina ........................................................ 554 Reserva de capital ................................................................................... (1.578)Reserva de lucros - (para investimentos e legal)...................................... (55.145)Permanente diferido ................................................................................. (1.321)CTA (Cumulative Translation Adjustment) ............................................... (50.290)Ajuste Acumulado de Tradução Saldo do Patrimônio Líquido em R$ - IFRS ..................................... 62.942 TABELA 6 – Análise do PL da Hispanobras 2005 (BR GAAP x IFRS)

Como pode ser observado, as contas que alteram o PL também pelas

normas internacionais do IFRS, se equivalem as contas que alteram o PL pelas

normas do US GAAP. A tabela a seguir mostra um resumo da tabela anterior, onde

estão dispostos os totais apurados em moeda corrente do país (Real), bem como

seus respectivos percentuais para uma melhor análise.

Patrimônio Líquido - Ano 2005 R$ (milhares) % HISPANOBRAS Brasil 111.868 100,0 IFRS 62.942 56,3 TABELA 7 – Resumo dos valores apurados do PL da Hispanobras (BR GAAP x IFRS)

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Em análise feita no BP da Hipanobras, foi observado que ocorreu uma

diminuição no seu PL de 43,7%, comparando as normas brasileiras com as normas

internacionais, conforme representado no gráfico abaixo.

PL HISPANOBRAS - IFRS

100,0

56,3

-

20,0

40,0

60,0

80,0

100,0

120,0

Brasileiras Internacionais

Normas

%

GRÁFICO 6 - PL Hispanobras (BR GAAP x IFRS)

Nas análises feitas no PL da Hispanobras, assim como nas análises feitas

nos dados em US GAAP, os IFRS registram diferenças semelhantes. As contas de

“Dividendos propostos”, “Provisão para manutenção da usina”, “Reserva de capital”

e “Permanente diferido”, não alteram seus percentuais que são, respectivamente:

52,6%, 0,5%, (1,4%) e (1,2%).

A conta de “Reserva de lucros para investimento e legal”, representou quase

metade da diferença apurada, (49,3%) do total, enquanto a conta do CTA

representou um pouco menos, cerca de (45,0%) da diferença total, que foi no

montante de (43,7%).

O CTA, neste caso, representou bem menos do que o valor encontrado nos

dados em US GAAP, o que significa, que o Real perante ao Euro teve uma menor

desvalorização, talvez por ser o Euro uma moeda nova no cenário mundial, pois

quando ela surgiu, o Brasil já possuía uma economia estável e uma inflação

controlada, conseqüentemente, uma moeda bem mais estável, a nível mundial.

Após todas essas análises, e considerando que a amostra analisada é

consideravelmente pequena, podemos concluir que as normas brasileiras ainda são

mais conservadoras que as normas americanas e internacionais, e que também,

devemos partir em breve para uma harmonização das normas contábeis, para

melhor facilitar aos usuários da informação contábil uma melhor análise das

informações, sem ter a necessidade de se fazer tantas conversões ou modificações

para que as demonstrações contábeis sejam entendidas.

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5 – CONCLUSÃO

O objetivo geral desta pesquisa foi o de demonstrar a importância da

harmonização das práticas contábeis no mundo globalizado economicamente que

vivenciamos na atualidade, e como estão caminhando os diversos estudos sobre o

assunto.

A harmonização contábil está se fazendo necessária, principalmente, para

atendimento aos diversos usuários, que precisam ter informações precisas e

confiáveis para uma melhor análise das demonstrações contábeis,

conseqüentemente, para o processo de tomada de decisões.

Esta pesquisa baseou-se em um estudo bibliográfico sobre o assunto e uma

análise descritiva sobre as diferenças encontradas em Balanços Patrimoniais, mas

especificamente no Patrimônio Líquido, de quatro empresas referentes ao ano de

2005. Estas empresas foram escolhidas por possuírem características semelhantes,

tanto na parte operacional como na parte administrativa. São elas: NIBRASCO,

KOBRASCO, ITABRASCO e HISPANOBRAS.

A pesquisa descritiva teve como base de estudo os Balanços Patrimoniais

apresentados pelos métodos contábeis do BR GAAP, US GAAP e IFRS, métodos

estes que fizeram parte da pesquisa bibliográfica deste trabalho.

Foram feitas comparações dos valores que causam algum tipo de

diferenciação entre esses três métodos. As diferenças encontradas foram

claramente explicadas no capítulo 5 desta pesquisa, sendo demonstrada ainda

através de gráficos para melhor visualização.

Chegou-se a conclusão que as diferenças encontradas não eram

consideravelmente grandes, mas que mesmo assim, podem trazer algum tipo de

divergência no momento da tomada de decisão. O que pôde ser constatado também,

é que a contabilidade elaborada pelo método do BR GAAP, mostrou ser um pouco

mais conservadora que a dos outros métodos analisados (US GAAP e IFRS).

Um ponto importante levantado durante a análise dos dados, é que o efeito

que a conta que representa as divergências monetárias de moeda entre os métodos

analisados ainda é muito grande. Esta conta é chamada de CTA e demonstra em

seu saldo todas as diferenças de conversão de moeda entre o BR GAAP do Brasil e

os US GAAP e IFRS dos Estados Unidos e União Européia.

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O resultado desta pesquisa limita-se a uma amostra consideravelmente

pequena, mas mesmo assim, é possível visualizar que as diferenças entre os

métodos do BR GAAP, US GAAP e IFRS, trazem interferência nos resultados finais.

O processo de harmonização contábil deve se levado adiante. Sua

importância se mostra bem significativa, principalmente em uma economia

globalizada como está atualmente, e crescendo cada dia mais. Grandes desafios

ainda serão encontrados durante o caminho da harmonização das práticas contábeis,

principalmente no aspecto econômico, social e político de cada país, o que torna

certas práticas quase impossíveis de serem aplicadas em todos os países, mas será

um passo grande quando, os países desenvolvidos e os em desenvolvimento, como

o Brasil, puderem apresentar de uma mesma forma suas demonstrações contábeis.

69 6 – SUGESTÕES PARA NOVAS PESQUISAS

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Esta pesquisa teve como objetivo principal analisar o patrimônio líquido de

quatro empresas identificando os principais pontos de divergência entre os métodos

pesquisados (BR GAAP, US GAAP e IFRS), por isso, alguns assuntos ligados ao

tema não foram amplamente aprofundados nesta pesquisa.

Como é um assunto novo e ainda pouco explorado, sugerimos como

possíveis assuntos para novas pesquisas:

Qual o grau de mudanças que o Projeto de Lei n º 3.741/2000, ainda em

trâmite no Congresso Nacional, pode trazer para as Normas Contábeis

Brasileiras;

Analisar o SFAS n º 52, que é o Pronunciamento de Normas de

Contabilidade Financeira emitido pelo FASB americano referente ao US

GAAP;

Um estudo de como a Governança Corporativa pode influenciar a

Harmonização Contábil.

0 7 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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