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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE MATERIAIS
TERMODINÂMICA DOS SÓLIDOS
DIAGRAMAS DE ELLINGHAM
Victor Gabriel Spósito RA 321419
Leonnardo Bonnard Gomes da Costa RA 321168
Lucas Rocha Ferron RA 296171
Sumário
1. Introdução.......................................................................................................3
2. Histórico..........................................................................................................3
3. Definições.......................................................................................................4
4. Construção de um Diagrama de Ellingham.....................................................5
1. Fundamento teórico.....................................................................5
2. Determinação Experimental.........................................................6
5. Facilidade de redução...................................................................................10
6. Pressão parcial de equilíbrio do oxigênio......................................................10
7. Proporção de CO/CO2 necessária para redução..........................................11
8. Bibliografia....................................................................................................12
2
1. Introdução
Metais diferentes de ouro e platina costumam se apresentar na natureza
de formas combinadas sendo elas óxidos, sulfetos, carbonetos, entre outras
que requerem operações de redução para a obtenção do metal em si, que se
tem interesse.
Essas operações de redução química de uma classe particular de
composto como óxidos, por exemplo, são muito diferentes de um metal para o
outro, dependendo de variáveis como afinidade do metal pelo oxigênio ou a
estabilidade do óxido que é formado. Quanto maior a estabilidade do óxido
formado, maior a temperatura necessária e maior a dificuldade de separa os
elementos em uma atmosfera de carbono, sendo muitas vezes mais prático e
econômico realizar a redução por reação em atmosferas com outros metais,
com uma afinidade ainda maior com o oxigênio, ou ainda por eletrólise.
Neste contexto, Harold Thomas Johann Ellingham usou um fato já
conhecido em sua época, demonstrou de forma mais clara criando diagramas,
que levam seu nome, que combinavam energia livre padrão em relação a
temperatura para a formação de óxidos (mais comum entre os diagramas),
sulfetos, carbonetos, cloretos e etc.
Os diagramas de Ellingham eram acessíveis e se tornaram uma
ferramenta para indústria, ajudando em processos de fabricação de aços (ferro
gusa), tratamentos térmicos entre outros fatos.
2. Histórico
Harold Johann Thomas Ellingham (1897-1975) foi um físico químico
britânico, mais conhecido pelos Diagramas de Ellingham, que resumem uma
grande quantidade de informações sobre metalurgia extrativa.
Ellingham estudou no Royal College of Science de 1914 a 1916. Ele se
tornou um demonstrador (pessoa que mostra como uma determinada peça de
equipamento funciona ou como uma habilidade ou ofício é realizada) no próprio
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College em 1919 e reader em físico-química em 1937. Foi secretário do Royal
College of Science de 1940 a 1944 e do Royal Institute of Chemistry.
Ellingham é mais conhecido pelos seus diagramas que relacionam a
variação de energia de Gibbs com a temperatura, para reações do tipo:
2xyM+O2=
2yM xO y
Normalizando as funções termodinâmicas para a reação com 1 mol de
oxigênio, Ellingham foi capaz de comparar a estabilidade térmica de diferentes
óxidos no mesmo diagrama. Em particular, ele pôde mostrar graficamente que
o carbono se torna um forte agende redutor conforme a temperatura aumenta.
O motivo do aumento do poder redutor com a temperatura e uma
variação positiva de entropia para a reação 2C+O2↔2CO, em oposição a
variação negativa de entropia para a formação dos óxidos metálicos. A redução
dos óxidos metálicos por carbono (ou monóxido de carbono) para formar os
metais puros tem grande importância indústria (e.g., produção de ferro gusa em
um alto forno) e os diagramas de Ellingham mostram a temperatura mais baixa
em que a reação pode ocorrer para cada metal.
3. Definições
A energia livre de Gibbs (∆G) de uma reação é uma medida da força
motriz para que uma reação ocorra. Um valor negativo de ∆G indica que a
reação ocorre espontaneamente sem fatores externos, enquanto que, um valor
positivo indica que a reação não ocorre espontaneamente. A equação para a
energia livre de Gibbs é:
∆G=∆ H−T ∆ S
onde ∆ H é a variação de entalpia, T é a temperatura absoluta, e ∆ S é a
variação de entropia.
A entalpia é uma medida da energia que é liberada quando a reação
ocorre (calor de reação). Se for negativa, então a reação libera energia,
enquanto que, se for positiva a reação absorve energia.
4
A entropia é uma medida da mudança da probabilidade de desordem
dos produtos em comparação com os reagentes. Por exemplo, se um sólido
(um estado ordenado) reage com um liquido (um estado menos ordenado) para
formar um gas (um estado muito desordenado), então teremos normalmente
uma grande mudança positiva na entropia da reação.
4. Construção de um Diagrama de Ellingham
1. Fundamento teórico
Um diagrama de Ellingham é um gráfico de ∆G versus temperatura.
Como ∆ H e ∆ S são essencialmente constantes com a temperatura, a não ser
que uma mudança de fase ocorra, o gráfico pode ser reconhecido como uma
série de retas, onde ∆ S é o coeficiente angular da reta e ∆ H é o coeficiente
linear. A inclinação da reta muda quando qualquer um dos materiais envolvidos
se funde ou vaporiza.
A energia livre de formação é negativa para a maioria dos óxidos
metálicos, assim, no diagrama, ∆G=0 é plotado na parte superior do diagrama
e os valores de ∆G mostram somente valores negativos. As temperaturas onde
o metal ou o óxido se funde ou vaporiza são sinalizados no diagrama.
A forma mais difundida do diagrama de Ellingham e que usamos como
referência neste trabalho é o de metais reagindo para formar óxidos, no
entando, como já comentamos, diagramas similares podem ser obtidos para
metais reagindo para formar sulfetos, cloretos, etc.. A pressão parcial de
oxigênio é tomada como sendo 1 atmosfera e todas as reações são
normalizadas para consumir 1 mol de oxigênio, por conveniência.
A maioria das linhas tem inclinação positiva porque ambos, metal e
óxido, estão presentes como fases condensadas (sólida ou líquida). As
reações, portanto, reagem um gás com uma fase condensada para criar outra
fase condensada, o que causa redução da entropia. Uma exceção notável para
isso é a oxidação do carbono sólido. A reta para a reação
5
C+O2→CO2
É um sólido reagindo com um mol de gás para produzir um mol de gás,
então há uma pequena variação na entropia e a linha é praticamente
horizontal.
Para a reação
2C+O2→2CO
Tem-se um sólido reagindo com um gás para produzir dois moles de
gás, então há um aumento substancial na entropia e a reta tem uma inclinação
bastante acentuada para baixo. Um comportamento similar pode ser observado
para certas partes das retas que descrevem o chumbo e o lítio, os quais tem
óxidos que tem ebulição à temperaturas ligeiramente mais baixas que os
metais puros.
2. Determinação Experimental
O método experimental mais utilizado para determinação de entalpia e
calor específico em altas temperaturas é o método de misturas.
O método consiste em aquecer uma quantidade conhecida do metal a
ser estudado até certa temperatura Tm e mergulhá-lo em um certo volume de
uma substância (água, gelo, ou bloco metálico) a temperatura Tw, dentro de um
calorímetro. A mistura é agitada até que entre em equilíbrio térmico em Te.
Sabemos que a energia associada à variação de temperatura pode ser
descrita por:
ΔQ=MCΔT
A energia térmica perdida pelo metal será igual à energia térmica
recebida pelo conjunto água-termômetro-calorímetro-agitador, permitindo,
assim, o cálculo do calor específico do metal:
MmCm (T mi−T E )=MwCw (T E−T w i)+M cC c (T E−T w i)+M sC s (T e−T w i)+αV t (T E−T w i )
6
Onde
Mm,w ,c ,s = massa do metal analisado, água, copo calorímetro e agitador
utilizados, respectivamente.
Cm,w , c ,s = calor específico dos componentes citados.
T mi= temperatura inicial do metal
T w i= temperatura inicial do conjunto água, calorímetro, agitador e
termômetro
T E = temperatura de equilíbrio da mistura
α = constante
O método de misturas não é muito indicado para realizar medições em
regiões de transição, especialmente se a entalpia de transição for muito baixa.
Caso o metal analisado sofra alguma mudança de fase durante o aquecimento,
porém não retorne ao seu estado original durante o resfriamento, há
necessidade de medidas adicionais para se corrigir a entalpia do estado de
maior energia.
Por outro lado, o método é simples, direto e razoavelmente rápido,
apresentando resultados precisos em condições normais.
Valores de entalpia, capacidade calorífica e entropia de gases simples
sob altas temperaturas podem ser calculados estatisticamente através de
dados espectroscópicos; ou seja, através das informações de nível de energia
das moléculas dos gases e da lei de distribuição de Maxwell-Boltzmann.
Conhecendo as energias e as probabilidades de todos os níveis de energia
ocupados pelas moléculas, é possível obter as equações:
H 0−H 00=52RT+N (∑i pi ϵ i
❑e−ei/ kT
∑i
pi e−ϵi /kT )
E
7
C p=52R+
N
k T 2 [∑i p iϵ i2 e−ϵi/ kT∑i
p i e−ϵi/ kT −(∑i pi ϵi
❑e−ei / kT
∑i
p i e−ϵi/ kT )
2
]Casos em que não há dados completos sobre níveis de energia é
possível calcular certas propriedades termodinâmicas conhecendo-se a
configuração molecular e as frequências fundamentais de vibração
interatômica.
Por fim, é importante salientar que há três usos principais para os
diagramas de Ellingham:
8
Figura 1. Diagrama de Ellingham para óxidos.
1. Determinar a facilidade relativa de redução de um
determinado óxido metálico para o seu metal;
2. Determinar a pressão parcial de oxigênio que está em
equilíbrio com um óxido metálico para uma determinada temperatura;
e
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3. Determinar a proporção de monóxido de carbono em
dióxido de carbono que irá ser capaz de reduzir um óxido metálico
em determinada temperatura.
5. Facilidade de redução
A posição da reta para uma determinada reação no diagrama de
Ellingham mostra a estabilidade do óxido como função da temperatura.
Reações próximas ao limite superior do diagrama são de metais nobres (como
ouro e platina), sendo seus óxidos são instáveis e facilmente reduzidos.
Conforme avançamos para a parte inferior do diagrama, os metais@ tornam-se
progressivamente mais reativos e seus óxidos se tornam mais difíceis de
reduzir.
Um determinado metal pode reduzir os óxidos de todos os outros metais
cujas respectivas retas estão acima da sua no diagrama. Por exemplo, a reta
da reação 2Mg+O2→2MgO está abaixo da reta da reaçãoTi+O2→TiO2, então
o magnésio pode reduzir o óxido de titânio para titânio metálico.
Uma vez que a reta 2C+O2→2CO tem inclinação negativa, ela
atravessa as retas de vários outros metais. Isso torna o carbono
extraordinariamente útil como um agente de redução, porque logo que a reta
de oxidação do carbono fica abaixo da reta de oxidação de um metal, o
carbono pode reduzir o óxido metálico para o metal. Assim, por exemplo,
carbono sólido pode reduzir óxido de cromo uma vez que a temperatura
exceder aproximadamente 1225°C, e pode até mesmo reduzir compostos
altamente estáveis como o dióxido de silício e dióxido de titânio a temperaturas
acima de 1620°C e 1650°C, respectivamente. Para óxidos menos estáveis, o
monóxido de carbono é frequentemente um agente redutor adequado.
6. Pressão parcial de equilíbrio do oxigênio
A escala à direita do diagrama nomeada pO2 é usada para determinar
qual a pressão parcial de oxigênio que estará em equilíbrio com o metal e o
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óxido metálico em uma determinada temperatura. O significado disso é que, se
a pressão parcial de oxigênio é maior que o valor de equilíbrio, o metal será
oxidado, e se for menor do que o valor de equilíbrio então o óxido será
reduzido.
Para usar essa escala é necessária uma régua. Primeiro, encontre a
temperatura em que você está interessado, então encontre o ponto em que a
linha da reação de oxidação de interesse cruza essa temperatura. Então alinha
a régua com ambos os pontos, e com o ponto marcado como “0” no cantor
superior esquerdo do diagrama. Agora, com a régua sobre esses dois pontos,
observe onde a régua cruza a escala de pO2, então essa será a pressão
parcial de equilíbrio do oxigênio.
É possível alcançar a pressão parcial de equilíbrio de oxigênio usando
vácuo, injetando um gás inerte para substituir o oxigênio, ou usando alguma
espécie química que consuma o oxigênio.
7. Proporção de CO/CO2 necessária para redução
Quando usamos carbono como agente redutor, haverá uma proporção
mínima de CO para CO2 que será capaz de reduzir determinado óxido. Quanto
mais difícil é a redução do óxido, maior é a proporção de CO necessária na
atmosfera redutora.
Para determinar a proporção de COCO2
necessária para reduzir um óxido
metálico em uma temperatura particular, use o mesmo procedimento utilizado
para determinar a pressão parcial de oxigênio, só que alinhando a régua com o
ponto “C”, no centro do limite esquerdo do diagrama, e observe onde a régua
cruza a escala marcada como COCO2
.
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8. Bibliografia
- ELLINGHAM, H. J. T. Reducibility of oxides and sulphides in
metallurgical process. Journal of the society of cheamical industry; Transactions
and Communications, maio de 1944.
- MIT. Site institucional; disponível em
<http://web.mit.edu/2.813/www/readings/Ellingham_diagrams.pdf> acessado
dia 24 de junho de 2014.
- KELLEY, K. K. High temperature heat content, heat capacity , and
entropy data for the elements and inorganic compounds. Contributions to the
data on theorical metallurgy. U.S. Departament of interior, 3 de março de 1949
- STEMPO, M. J. Utilizando o diagrama de Ellingham na solução de
problemas de atomosferas em trtamento térmico.
<http://d27vj430nutdmd.cloudfront.net/11623/121275/134427958116685-
36.pdf> acessado em 26 de junho de 2014.
- Wikipédia. <http://en.wikipedia.org/wiki/Ellingham_diagram> acessado
em 20 de junho de 2014.
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