58

Heavyrama #2

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Revista Heavyrama - Revista digital goianiense

Citation preview

Page 1: Heavyrama #2
Page 2: Heavyrama #2

Editora-Chefe

Bia Cardin

Editora-Assistente

Neli Sousa

Editor de resenhas

Hugo O.

Colaboradores nesta edição

Arthur Almeida, Eduardo Paix-

ao Aires, Vitor Nunes, Thaís

Lôbo, Artur Dias, Jôder Filho,

Dimitri Kawada, Hugo O.

Revisão

Bia Cardin, Neli Sousa,

Hugo O.

Design e Webdesign

Neli Sousa

Fotográfos (as) nesta edição:

Hugo O., Aline Rodrigues,

Bia Cardin, Artur dias, Vitor

Nunes

Edição de Fotos

Bia Cardin, Neli sousa

Contatos:

[email protected]

[email protected]

O bagulho é nosso!

Olá,caros amigos headbangers! Esta é a nossa segunda edição e fazendo jus ao

mau hábito,tivemos outra demora no lançamento. Querendo ou não, a época de

férias deixou toda a equipe funcionando em ritmo de manivela, mas tentamos

fazer esta edição ficar ainda melhor que a primeira, acatando algumas sugestões

dos nossos leitores. E já posso adiantar que na próxima edição haverão novas

seções,que agradaram muitas pessoas, principalmente quem é das antigas.

Por agora, só quero agradecer pela excelente receptividade que todos tiveram

com a Revista Heavyrama, isso com certeza nos deu mais gás pra tornar este tra-

balho ainda melhor e quero agradecer também aos novos colaboradores que tor-

naram esta edição possível! Lembrando que,estamos sempre abertos à opiniões!

Errata: Na primeira edição foi dito que Sarcófago e Dark Ages eram influências

da banda Selvageria. Tais bandas são influências apenas do guitarrista Guilherme

Pitaluga.

E d i t o r i a l

Page 3: Heavyrama #2

Hypnotica 6

Warlikke 12

D.D.O. 16

Under Metal Fest 18

Entrevista - Wander Segundo 26

VI Tattoo Rock Fest 30

Apocalyptichaos 34

Freedom to Pezão 36

Monster Bus 40

Entrevista - João Pedro 42

Old Place 44

Resenha - Rising Cross 46

Resenha - Rest in Disgrace 47

Resenha - Alltorment 48

Crônica - Senão 50

Conto - Flores de Alice 52

Making Off 56

S u m á r i o

Page 4: Heavyrama #2

A g e n d a | I n d i c a ç õ e s

4 - H e a v y r a m a

Agenda

Indicações

03,04 e 05/09 - 16º Aniversário Alcateia Motoclube |

Chácara Primavera

04/09 - LET’S BEER | Delirous Pub

04 e 05/09 - Woodstock Caldas Novas | Caldas Novas

12/09 - VII KUKA MOTO & ROCK | Kuka Bar

16/09 - 9º Vaca Amarela | Estação Goiânia

18/09 - Switchfoot | Centro de Convenções

01/10 - Guitar Attack : Magic Slim, Carl Weatersky,

Larry McCray | Bolshoi Pub

08/10 - Show Black Metal/ Gräfenstein (Alemanha) | DCE-PUC

09/10 - Tatu Tock Istedi | Morrinhos - GO

16/10 - Requiem Vampire Fest | Clube Social Feminino

Para quem começou recentemente a se enveredar

pelos caminhos da música extrema, nesse quadro,

disponibilizaremos, separados por estilo, nomes do

metal nacional e mundial.

Black Metal

- Mork - Preposterous -

http://www.myspace.com/morkofficial

Brutal Death Metal

- Severed Savior – Servile Insurrection -

http://www.myspace.com/severedsavior

EXCURSÕES

11/09 - Porão do Rock (Brasília)

22/09 - Scorpions (Brasília)

06/10 - Bon Jovi (São Paulo)

08/10 - Rush (São Paulo)

Excursões realizadas pelo Under Metal Zine.Mais

informações: http://undermetalblog.blogspot.com/

Death Metal melodic

- Zonaria - http://www.myspace.com/zonaria

Power Metal

Nocturnal Rites – New World Messiah -

http://www.myspace.com/nocturnalrites

Doom/Death

- Isole – Silent Ruins - http://www.myspace.com/isole

Death/Black

- Belphegor – Walpurgis Rites -

http://www.myspace.com/belphegor

Page 5: Heavyrama #2

O p i n i ã o

H e a v y r a m a - 5

Emocore: Rock para gay?

Quase todos os dias vemos uma banda nova de

emocore (entre outros termos inventados),

surgir no Brasil. É NX Zero, Cine, Strike, etc. São

as boy bands que estão na cabeça da juventude de

nosso país. Muitos já se manifestaram chamando

os membros dessas bandas, e quem ouve, de “via-

dinhos”. Há algum tempo atrás surgiram muitos

vídeos no “youtube” contendo perseguições e vio-

lência contra os adeptos desse estilo musical.

Normalmente as canções não são muito traba-

lhadas e suas letras normalmente falam de situ-

ações vividas por um adolescente. Seu estilo de

vestir é colorido, cabelos lambidos, ou espetados,

também coloridos, muitos acessórios chamativos.

Nessas bandas, normalmente formada por garo-

tos, os mesmos são um tanto afeminados. As ga-

rotas adoram o jeito quase angelical dos meninos

de maquiagem e roupas justas no corpo. E quem

ouve ou faz emocore é taxado também de burro,

sem personalidade, degenerado.

Não gosto dos estilos. O som não me agrada, o

estilo de vestir tem seus alguns pontos positivos,

o jeito de agir também não me fascina. E ao con-

trário de antes, não me incomoda. De qualquer

Por Dimitri Kawada

forma porque iria me manifestar contra? Ah, tem

que chamar de viadinho. Homem que é homem

não pinta os lábios, não chora, e blá, blá, blá. Isso

se chama preconceito e opressão. Porque o que

nós usamos, ouvimos deve difinir alguma coisa so-

bre nós? Sendo assim quem ouvia o saudoso Fred-

die Mercury seria considerado um travesti. Quem,

quando crianças, ouvia Xuxa e Balão Mágico era

bicha ou idiota? E quem se veste de preto é co-

veiro, ou tá de luto?

Quem filmou e postou vídeos no youtube vio-

lentando garotos indefesos deveria ser preso e/ou

ser apontado na rua como criminoso. Mas o que

aconteceu com esse brutamontes? Eu não sei, mas

provavelmente não foram julgados pelo crime que

cometeram.

A maneira certa de “ajudar” esses jovens a

seguirem um caminho “certo” é dando bons e-

xemplos, respeitar as escolhas de cada um e não

recriminar. Sendo preconceituosos, opressores,

inflexíveis só pioramos o lado rebelde desse ge-

ração. Lutemos por um lugar mais pacífico e onde

possamos conviver juntos com as diferenças e ad-

mirá-las do jeito que elas são.

Ilustração: Dimitri Kawada

Page 6: Heavyrama #2

H y p n o t i c a

6 - H e a v y r a m a

A Hypnotica pode ser considerada uma ban-da nova diante de tantas outras que estão no

cenário há anos, mas a experiência de seus inte-grantes constroem um diferencial para o que vem a ser uma das bandas mais competentes da cena goianiense. Afinal,eles passaram por diversos gru-pos, que tiveram presença constante na maioria dos eventos que aconteciam em Goiânia. O vocalista Gabriel Torelli (ex-Nightsorrow e ex-Magnificência ) estava sem banda e à procura de outros integrantes que pudessem iniciar um novo projeto, foi quando ele conversou com o seu colega

de faculdade, Leonardo, para que criassem uma nova banda. Desta maneira, Leonardo, que era baix-ista da Vex Symphony na época, chamou os mes-mos integrantes da banda para se juntar ao projeto idealizado por Gabriel Torelli,mas por determina-das diferenças o guitarrista e o tecladista deixaram o grupo. Coincidentemente,a dupla de guitarristas Bruno Momisso (ex-Mortal Dread,ex-Devon) e Luan (ex-Deadly Curse) também estavam há procura de um vocalista, os projetos se uniram,formando o que viria a ser a Hypnotica. Assim, a formação da banda contava com Gabriel

Page 7: Heavyrama #2

H y p n o t i c a

H e a v y r a m a - 7

nos vocais, Bruno Momisso e Luan nas guitarras, Leonardo no baixo e Luiz na bateria. Foi então, que Gabriel surgiu com a ideia de chamar a banda de Hypnotica, uma referência às complexidades ade-rentes à mente humana, aos enigmas entrelaçados ao subconsciente, dentre os abismos e labirintos que circundam a mesma. Essa amplitude de signifi-cados se encaixou no objetivo desejado por eles e se tornou o nome fixo. Então,a banda começou a ensaiar intercalando músicas covers, como de Arch Enemy, Judas Priest, Job for a Cowboy, com as músicas próprias, que

desde o começo foram a prioridade da banda. As letras compostas por Gabriel, espelham as dores,os frutos do consciente e do subconsciente - passando pela solidão, desprezo ,melancolia e decadência alicerçada na melodia Heavy/Thrash/Death criada por Bruno Momisso e lapidadas pelo restante da banda. Desse modo, surgiram as primeiras letras: Wakening, Empty Faith e The Darkness Inside. A primeira oportunidade de show aconteceu no RTC (evento realizado no dia do trabalhador, que premia as bandas),após algum tempo,a Hypnotica sofreria a sua primeira alteração de membros. Luan se afasta da banda por questões de falta de tempo, deixando apenas Bruno Momisso como guitar-rista. Mesmo com o desfalque,a Hypnotica investe na gravação do seu primeiro EP nomeado de The Darkness inside,que conteria as três faixas tocadas nos shows,além da introdução Lucid Nightmare. No final de 2008, a banda decide inserir no-vamente uma segunda guitarra, e assim entra Arnozan(ex-Luxúria de Lillith, ex-Symphonic Trag-edy e atual integrante do Warlikke). Foi então que recomeçaram uma série de shows no Martin Cer-erê, no DCE-PUC, CETE,em Anápolis e fizeram o show de abertura para o Matanza em 2009. No começo deste ano a Hypnotica lançou no YouTube os Hypsodes, que são vídeos dos basti-dores das gravações das músicas que farão parte do novo material que será lançado. Este, será um CD que conterá dez músicas. Alguns títulos das faixas foram anunciados no Diário de Gravação da banda,como The Source Of All Fears, que já fora tocada em alguns shows e Cyberage Ares. É possível que no CD haja regravação de algu-ma música do primeiro EP The Darkness Inside. O novo CD promete uma brutalidade intensificada digna de ser ouvida. Mais detalhes sobre este material, vide a entrevista. www.myspace.com/hypnoticabr

Texto : Bia Cardin / Entrevista: Artur Dias / Fotos: Hugo O.

Page 8: Heavyrama #2

8 - H e a v y r a m a

Presentes no cenário desde 2007,a Hypnotica produz um Metal com nuâncias do Thrash,do Death e do Heavy. No seu primeiro EP eles puderam demonstrar um pouco do seu trabalho, porém agora planejam algo mais ousado e é sobre o processo de composição deste novo material e sobre a cena Goianiense que Gabriel Torelli e Bruno Momisso conversaram com a Revista Heavyrama.

HEAYRAMA - No começo a Hypnotica tinha de-

terminadas influências como Soilwork, In Flames e

Killswitch Engage, então houve uma alteração da

formação. Saiu o Luan, entrou o Arnozan, depois

o Leonardo saiu e o Felipe entrou na banda. Essa

mudança de formação mudou o direcionamento

musical?

GABRIEL- Com certeza. A gente queria mudar

e o Arnozan veio com a resposta que estávamos

procurando mesmo. Eu falei “Vamos fazer um

um lance mais pesado”, e tanto musicalmente

quanto liricamente o Arnozan ajudou demais e o

Felipe também,os dois compõem muito. Vieram

pra completar mesmo a banda,está dando tudo

certo!Agora talvez haja uma diferença no CD

novo, porque não tem nada a ver com antes. Acho

que vai ser um choque.

HEAVYRAMA - Como é o processo de composição

da banda?

GABRIEL - Um traz o esqueleto da música, então o

Momisso dá ideia,todo mundo dá ideia e assim va-

mos lapidando em cima, até conseguir o produto

final. O problema é que nunca estamos satisfeitos

(risos). Todo dia estamos mudando alguma coisa!

MOMISSO - Também usamos programas pra fazer

Page 9: Heavyrama #2

H y p n o t i c a

H e a v y r a m a - 9

um “pré” da música, pra ter uma prévia de como

que fica.

GABRIEL - A gente grava as guias e coloca a bate-

ria, e vemos o efeito que dá.

HEAVYRAMA - O EP de vocês foi lançado em for-

mato digital e disponibilizado gratuitamente pela

internet. Por que vocês escolheram fazer isso?

GABRIEL - Unimos o útil ao agradável. Pensamos

“Vamos lançar esse EP”, mas aí vimos quanto

que é o preço pra se prensar um EP,o tanto que

é caro!Então chegamos na conclusão “É um EP, é

o primeiro da banda,vamos fazer um web-single

mesmo”, assim colocamos no formato digital pra

galera.É até melhor pra divulgar mais e foi o que

aconteceu.

MOMISSO - O Gabriel colocou no torrent e a gen-

te teve uma resposta fudida. O primeiro dia que

colocamos as músicas no MySpace, deu quase

2.000 acessos. E no torrent colocamos todo o ma-

terial disponível: release, fotos, papel de parede

etc.

Gabriel - Um pacotão mesmo! Quando a galera

baixava, tinha tudo. Apesar do EP não ter ficado

muito do jeito que a gente queria,o que é um pon-

to importante também, mas era o primeiro.

HEAVYRAMA - Então os próximos serão no for-

mato convencional?

GABRIEL - Isso. Lançar mesmo!

MOMISSO - Esse novo CD também colocaremos

pra baixar, mas também já pensamos naquela coi-

sa de conseguir um retorno financeiro em cima.

E hoje em dia você precisa ter a sua porta de

entrada,você tem que mostrar o seu CD, mostrar o

seu negócio, o MySpace, o que seja.

GABRIEL - É algo hoje em dia que quase ninguém

compra,mas você tem que ter.

HEAVYRAMA - Com relação ao novo trabalho,tem

uma previsão de lançamento?

GABRIEL - Colocamos uma prévia no Youtube

com alguns pedaços, mas a previsão de terminar

as músicas é em torno de fevereiro do ano que

vem, por aí. O CD físico mesmo vai demorar um

pouco mais. Mas até lá vamos soltando as músi-

cas. Esse será um CD bem diferente - a nível de

Brasil,será diferente.Estamos bolando algo distinto

na arte,no encarte, algo bem agradável mesmo

pras pessoas poderem folhear. Estamos tendo toda

uma preocupação com isso,principalmente lirica-

mente porque esse CD é totalmente diversificado

em relação ao EP.

HEAVYRAMA - Esse novo trabalho segue a mesma

temática do trabalho anterior?

GABRIEL - Esse trabalho novo é uma história,um

álbum conceitual. Ele trata de um romance

cyberpunk,que foi infuenciado pela trilogia do

Sprawl de William Gibson. O CD não conta a

história do livro,ele foi apenas influenciado. Fil-

mes como Blade Runner, Os 12 Macacos, Sur-

rogates e Minority Report também influenciaram

bastante a parte lírica. A parte musical também

será bem diferente.

A própria literatura cyberpunk,é uma literatura

Page 10: Heavyrama #2

H y p n o t i c a

1 0 - H e a v y r a m a

muito obscura, decadente. Então vai ter o senti-

mento de dor, sofrimento,coisas que o EP The

Darkness Inside tinha também. Mas este CD é algo

mais futurista e envolvente do que a temática que

envolve dor e solidão como o primeiro EP, que é

algo bem genérico. Agora não!Agora tem história,

tem personagem.

MOMISSO - No instrumental, temos a preocu-

pação de seguir a proposta do tema, o clima, a

atsmofera,pra que o álbum soe mais completo!

HEAVYRAMA - Vocês já estão tocando as músicas

novas no show. Como está sendo a receptividade

da galera?

GABRIEL - O pessoal acha um pouco estranho

de começo. Apesar do EP The Darkness Inside

ter sido lançado há um bom tempo, só agora o

pessoal está começando a assimilar as músicas, a

galera começa a aprender cantar, outros vão no

show e falam “Pô, fui no show, mas vocês não to-

caram essa ou aquela”, mas nós sempre vamos to-

car aquelas músicas. Só que agora vamos dar ên-

fase pras novas, e a galera tá recebendo bem,eles

acham muito diferente. Acho que vamos ter uma

resposta maior quando essas músicas estiverem

no MySpace e o pessoal poder ouvir com cuidado

porque no show o povo fica meio perdido “Mas

isso é música do cara ou não é?”.

HEAYRAMA - A respeito do nosso cenário

musical,vemos nas redes sociais como o orkut,

uma série de críticas sobre a cena independente.

Qual a avaliação de vocês a respeito da cena un-

derground?

GABRIEL- Ótima pergunta.

MOMISSO - Falta um pouco de tudo, falta es-

trutura, falta apoio pras bandas, falta uma postura

profissional. Falta a galera apoiar, e como apoiar?

Ajudando a banda, um brother vendo o show do

outro, comprando o CD. Isso aí faz uma grande

diferença!

GABRIEL - Acho que o pessoal confunde muito

Underground com tosqueira, coisa que não tem

a ver. Mas isso tem mudado muito. Há sete anos

atrás, tinha shows que eram muito piores.Tem me-

lhorado demais, a galera anda meio descrente dos

shows, mas aos poucos eles estão voltando. Acho

que todo mundo tem uma culpa por essa falta

de fé no underground,tanto as bandas quanto o

público.

MOMISSO- O Underground lá fora é levado a

sério,são bandas que tem uma puta estrutura e

pertencem ao underground. Galera vai tocar lá

na Eslovênia pra 120 pessoas,e é assim no Mar-

tin Cererê que reúne até 300 pessoas. Também

tem a questão de equipamento,tem cara que toca

com a primeira guitarra que comprou e com corda

velha,não arranca um som, não investe na banda.

GABRIEL -É,um cara como esse não pode exi-

gir muita coisa. Então, acho que cada um tem

que fazer a sua parte porque ter uma banda não

é barato. Se você está com uma banda de Met-

al em Goiânia é porque você realmente gos-

ta de Metal e porque você gosta de tocar. Tudo

gasta dinheiro. Literalmente, você paga pra to-

car, ninguém vai pagar a sua palheta, nem a

Page 11: Heavyrama #2

H y p n o t i c a

H e a v y r a m a - 1 1

sua baqueta, nem seu ensaio. Você tem que

ter fé que vai tudo isso vai virar alguma coisa.

HEAVYRAMA - Pra encerrar, qual o recado pros

leitores da Heavyrama?

GABRIEL - Queria agradecer o pessoal da

produção por esse convite e falar pra galera aces-

sar o MySpace,ficar ligado. Tem uma canal nos-

so no Youtube,cheio de palhaçada, só não tem a

gente gravando(risos)!Mas, o resto tá tudo lá. Mas

é isso aí, pra galera acreditar mesmo nas bandas,

tem muita gente fazendo trabalho sério na cidade.

Vamos levantar essa cena porque é importante.

Goiás tem bandas que precisam demais de uma

força. Tem bandas que acabaram, que a galera

realmente acreditava e que foram vencidas pelo

cansaço. Acho isso muito triste,então não vamos

deixar ser vencidos pelo cansaço!Temos que ter

o apoio dos organizadores e principalmente do

público que frequenta os shows.

Passa o TronoA banda Hypnotica, indica:

Deadly Cursehttp://www.myspace.com/deadlycurse

Aurora Ruleshttp://www.myspace.com/aurorarules

Dynaheadhttp://www.myspace.com/dynahead

A Ultima Theoriahttp://www.myspace.com/aultimatheoria

All Sharks Massacrehttp://www.myspace.com/allsharksmassacre

Gabriel Torelli

Bruno Momissio

Felipe

Arnozan

Luiz

Page 12: Heavyrama #2

W a r l i k k e

1 2 - H e a v y r a m a

A primeira formação foi encabeçada por Hugo

e Roberto em 2003, inspirados por bandas

como Sepultura e Cannibal Corpse,ambos seriam

vocalistas da banda nomeada como Warlikke -

nome sugerido por Hugo. A palavra “Warlike”

retoma ao belial,que se refere à guerra ou a quem

é propenso à ela - menção que declararia a vio-

lência do Brutal Death Metal que eles estavam

propostos a fazer.

Ainda faltava a parte instrumental do projeto,

é aí que Roberto chama seu amigo da época de

ensino médio, Arnozan , para ser o guitarrista. Ele

ficou um tempo neste cargo,mas depois assumiu a

bateria após encontrarem um segundo candidato à

guitarra, Isaac. Pouco depois, Rafael foi chamado

para ser o baixista da Warlikke, ele já havia tocado

com Hugo na banda de New Metal Wise Way. Por

fim ,a banda decide chamar mais um guitarrista,

Texto : Bia Cardin / Fotos: Hugo O.

Veteranos de Guerra

Page 13: Heavyrama #2

W a r l i k k e

H e a v y r a m a - 1 3

Kennedy. Mas, essa formação não durou muito

tempo, logo o guitarrista Kennedy teve que deixar

a banda por motivos pessoais e no seu lugar en-

trou Renato,outro conhecido de ensino médio de

Arnozan.

Temporariamente estáveis nessa formação a

banda começou a fazer shows no DCE-UFG e ou-

tros shows menores que permeavam pela cidade,

foi neste ano que a Warlikke passou a ser mais

conhecida, por executar covers como do Canni-

bal Corpse etc. A banda também teve a chance

de mostrar músicas de sua autoria, onde as letras

compostas pelo vocalista Hugo refletiam temas

como a guerra, política, ateísmo e vertentes ,con-

duzidas pelo instrumental nervoso composto por

Arnozan e os outros integrantes.

Entretanto, em 2005 Arnozan deixa a banda

devido aos conflitos internos que estavam ocor-

rendo, assim Renato sai da guitarra para assumir

a bateria e a banda volta a ter apenas Isaac como

guitarrista. Foi nesta formação que a Warlikke teve

a oportunidade de tocar em grandes eventos como

o Brutal Fest 2006 ao lado de grandes bandas na-

cionais como o Claustrofobia e o Subtera. Todavia,

decidem acrescentar novamente mais uma gui-

tarra ao som da banda, é quando Fábio (também

atual guitarrista do Baba de Sheeva) é chamado

em 2006 para assumir a segunda guitarra.

A estabilidade não durou muito tempo, logo a

banda sofreria mais desfalques, ainda nesta época

o baixista Rafael não estava tendo muito tempo

para se dedicar ao Warlikke,então decide deixar

o grupo, acompanhado pelo guitarrista Isaac que

também sai da banda por motivos pessoais.

Page 14: Heavyrama #2

W a r l i k k e

1 4 - H e a v y r a m a

Devido à falta de integrantes a Warlikke deu uma

pausa nas atividades até 2007. Quando decidem

regressar a formação se altera mais uma vez,sem a

presença do antigo baterista, Renato. Assim, Arno-

zan retorna para a banda como guitarrista. Nesta

fase,eles decidem chamar um conhecido de longa

data que até então só havia passado por projetos

de punk/hardcore ao Heavy metal melódico,desta

maneira Diego se junta à banda como baixista.

Fábio continua como guitarrista e Roberto vai para

a bateria no lugar de Renato, mas continua acom-

panhando Hugo nos vocais.

Finalmente com uma formação concreta a banda

pôde trabalhar na sua agressividade e se concen-

trar em shows.No mesmo ano em que voltaram à

ativa participaram do Tattoo Rock Fest e nos anos

posteriores fizeram parte de eventos como Fratri-

bus Perversis(em 2008 e 2009), Brutal Fest 2008

e GO MOSH em 2008 junto com o Ressonância

Mórfica,Necropsy Room,Krisiun etc.

No momento a banda está compondo e gra-

vando um EP ainda sem título, produzido

pelo guitarrista e produtor Arnozan, que já

produziu bandas como Deadly Curse, Arni-

on, Luxúria de Lillith, Rising Cross e outros.

As músicas que farão parte do material são as

mesmas que acompanham a banda desde a antiga

formação, mas sofreram alguma alterações na sua

estrutura incorporando a influência de cada inte-

grante com doses vorazes de Behemoth,Cannibal

Corpse, Dying Fetus, entre outros nomes do Death

Metal. As musicas são: Damned Race, Trust, Loo-

king for Evil ,Darkness World e mais uma faixa que

está sendo concluída. O material será lançado até

o final deste ano. www.myspace.com/warlikke

Hugo

Fábio

Diego

Arnozan

Roberto

Page 15: Heavyrama #2

Roberto

Page 16: Heavyrama #2

D D O

1 6 - H e a v y r a m a

Roçacore: da fazenda ao HC

Amantes da cultura goiana os Discípulos de

Origem (D.D.O) misturam causos e guitarras

na composição de suas músicas. Regionalismo,

respeito às características que compõem o ser goi-

ano, como cachaçadas, pequi, carne seca, brigas

interioranas e artefatos rústicos, além da alusão a

personagens importantes da história do nosso es-

tado, tais como Geraldinho, Cora Coralina e Santa

Dica. Essa é a proposta da banda goianiense Dis-

cípulos de Origem, que mistura Metal, Hardcore,

Punk com moda de viola.

O D.D.O (como ficou conhecido popularmente)

faz shows para diversos públicos,daqueles que

gostam de sertanejo aos que admiram o bom e

Texto : Hugo O. / Fotos cedidas pela banda

Page 17: Heavyrama #2

D D O

H e a v y r a m a - 1 7

velho Heavy Metal. Uma proposta arriscada,mas

que costuma agradar a quem tem a oportunidade

de presenciar os shows do D.D.O.

A ideia de uma banda surgiu por acaso, quando

o vocalista Tiago Vieira foi convidado para tocar

no evento Máquina Rock mesmo sem banda.O or-

ganizador do evento pediu para que o vocalista ar-

ranjasse os integrantes, as letras e as músicas, con-

tudo o nome da banda seria Discípulos de Osama.

Desta forma,em julho de 2003, após compor

letras e músicas,Tiago convidou para fazer parte

da banda, Guilherme Vieira (Guitarra), Hudson

Figueiredo (Guitarra), Fernando “Goiano” Vieira

(Baixo) e Nanderf Ribeiro(Bateria). Assim nasceu

o D.D.O como Discípulos de Origem, cuja inten-

ção é, até os dias atuais,tratar de temáticas que

envolvam as experiências vivenciadas pelos inte-

grantes da banda no contexto rural e interiorano.

A banda tocou recentemente no Tattoo rock fest

no qual foi muito bem recebido, além de já ter pas-

sado por lugares como o Metropólis,Aro 16,Circo

Lahetô,Itaberaí(GO)e até mesmo em Palmas(TO).

Com nova formação desde novembro de 2009,

na qual Hudson e Goiano são substituídos por, re-

spectivamente, Ricardo Darin (guitarra) e Laysson

Mesquita (baixo), além da entrada de Griff Roney

(percussão), os Discípulos lançaram seu primeiro

EP intitulado Briga Na Zona. O disco, que possui

12 faixas de temáticas que permeiam causos, com-

portamento e política, tem seu som inspirado em

bandas como Slayer, Sepultura, Rage Against The

Machine, Raimundos, além de Tunico e Tinoco E

Tião Carreiro e Pardinho.A intenção do D.D.O é

direta: fazer as coisas do jeito deles, destacando

principalmente nas letras, as belezas presentes no

Estado de Goiás. www.myspace.com/ddogoias

Foto : Emerson Silva

Page 18: Heavyrama #2

U n d e r M e t a l F e s t

1 8 - H e a v y r a m a

Under Metal Fest, esse é o nome da primeira

edição do festival cultural realizado nos dias

16 e 17 de julho em prol de instituições de cari-

dade. Este ano a campanha foi em favor de duas

instituições divididas entre a organização do even-

to, uma delas é o Circo Laheto, situado ao lado

do Estádio Serra Dourada em Goiânia, que auxilia

jovens moradores de rua e em situação de risco. O

evento aconteceu na Estação Goiânia, local onde

também ocorreu o Tattoo Rock Fest, que é reali-

zado todos os anos na cidade.

Um grande espaço estava disponível ao público,

palco e iluminação bem estruturados, praça de ali-

mentação, área separada para palestras, banheiros

e uma organização do nível de um grande festi-

val, além de pulseiras identificando os pagantes,

organização, bandas e imprensa que foram dis-

tribuídas na entrada. O pessoal responsável pela

limpeza e segurança também estava atento, circu-

lando pelo lugar várias vezes durante os shows.

Foram dois dias com palestras, uma oficina e

atrações musicais. No primeiro deles, com cerca

de duas horas de atraso o festival inicia com a pa-

lestra do professor Fábio “Sabbath” Araújo sobre

os Movimentos de Contra Cultura sob o ponto de

vista interdisciplinar. O atraso, já esperado, pos-

sibilitou a lotação do ambiente com a chegada de

39 pessoas, possíveis alunos ou ex-alunos, para

assistir a aula do professor. Na palestra, Sabbath

fez uma retrospectiva, falando primeiramente dos

chamados Filhos do pós-guerra, movimentos Hip-

pie e Punk, Woodstock, permeando pela Geração

Beat até os dias atuais. Com uma hora de duração,

Fábio encerra a apresentação fazendo uma ho-

Texto : Hugo O., Arthur Almeida, Eduardo Paixao Aires / Fotos: Hugo O., Vitor Nunes, Artur Dias

Metal Solidário

Page 19: Heavyrama #2

U n d e r M e t a l F e s t

H e a v y r a m a - 1 9

menagem a Dio com um vídeo do Black Sabbath.

A conferência transmitiu para a comunidade que

aprecia o rock/metal a importância de utilizar a

música como veículo de conscientização e de

união.

A segunda palestra que estava prevista na pro-

gramação oficial não aconteceu, devido a atrasos,

que a essa altura já passava de duas horas do pre-

visto, mas para quem está acostumado aos even-

tos de rock/metal em Goiânia não foi nenhuma

surpresa, pois isso sempre acontece. Na oportu-

nidade, Murilo Ramos, um dos organizadores, e

que também faria esta segunda palestra, subiu ao

palco para explicar o problema ocorrido com a

banda Lluvia Funebre do Chile, que não tocaria

devido a dificuldades de embarque no aeroporto,

ocasionados por terremotos no país.

Após a palestra começam as apresentações mu-

sicais. Às 21h20 o vocalista Claúdio Geovane

anuncia a chegada de Skulls on Fire, a primeira

banda a assumir seu posto no estrado. O grupo,

chamado de última hora para compor o quadro de

apresentações do festival, tocou um Thrash Metal

com vocal característico do estilo e com muita

presença de palco. Por erro dos técnicos de som

as músicas pareciam “emboladas” e estridentes,

porém o público escasso, talvez pelo contraste em

relação às dimensões do local, batia cabeça ao

som dos solos e riffs bem-elaborados. A organi-

zação está de parabéns, pois o palco e iluminação

estavam ótimos, propiciando uma experiência

digna de grandes eventos. Skulls on Fire tocou sete

músicas, uma delas um cover de Sepultura, quase

irreconhecível devido ao volume ensurdecedor.

A segunda banda a se apresentar foi a Alltorment,

que trouxe para o público um Thrash Metal rápi-

do e pesado, com alternâncias de ritmo e partes

limpas nas músicas, além da influência do Heavy

em alguns riffs. Logo se abriu a roda de pogo e o

público entrou no clima da banda, que teve ainda

Skulls on Fire Alltorment

Page 20: Heavyrama #2

U n d e r M e t a l F e s t

2 0 - H e a v y r a m a

seu tempo reduzido por causa dos atrasos e só to-

caram quatro musicas.

Selvageria, a terceira banda da noite, consumiu

o tablado com um Thrash Metal tradicional, cujas

influências ficam claras ao primeiro som emitido

pelos instrumentos: Metallica e Pantera. A música

introdutória é cantada por um vocal que explora

o eco, limpo, mas que explorava um drive em al-

gumas partes. Os integrantes pareciam estátuas à

luz convulsiva, mas a segunda desloca a massa

de pessoas rumo ao palco com um som pesado,

rico em treble picking, riffs solados e contagiantes

alicerçados em Pantera. Como uma garantia de

influência, Creeping Death, do Metallica, foi a ter-

ceira canção apresentada, culminando em uma

roda de Hardcore. Mesmo sem presença de palco,

os músicos foram bem recebidos devido a quali-

dade musical apresentada.

A quarta atração da noite foi a Hypnotica, banda

que vem ganhando destaque na cena do metal e

está em estúdio gravando seu CD e que ainda dis-

ponibiliza vídeos das sessões de gravações na in-

ternet. A atenção do público se voltou totalmente

para o show, que foi bem aproveitado pela banda.

Utilizaram sua influência do Death Metal meló-

dico para imprimir um som autoral de qualidade e

alguns covers.

Necropsy Room, banda do baixista, e um dos or-

ganizadores do festival, Murilo Ramos foi a quinta

banda convocada para destruir o palco, substituin-

do a banda chilena Lluvia Funebre. A banda de

Death Metal goianiense conhecida por shows tos-

cos no passado se apresentou com uma qualidade

impressionante. A massa de pagantes chacoalhou

seus cérebros e costelas frente ao palco. As seis

músicas tocadas apresentavam riffs contagiantes,

blast beats e pedais duplos velozes, treble picking

e gutural como os apreciadores do estilo merecem.

A sexta e última banda da noite, Heaven’s Guar-

dian, uma das bandas mais tradicionais do cenário

Selvageria Hypnotica

Page 21: Heavyrama #2

U n d e r M e t a l F e s t

H e a v y r a m a - 2 1

metal goianiense, subiu ao palco com seus instru-

mentos ainda por afinar, demonstrando falta de

comprometimento e profissionalismo da banda.

Esse acontecimento deixou muito contrariado

quem aguardava ao show do Heaven’s Guardian.

Solucionado o problema, a banda recebeu muito

apoio da plateia ao vê-la cantando suas músicas.

Quem os acompanha há algum tempo percebeu

que a formação passou por uma reestruturação. O

novo line-up está entrosado e promete dar muito

certo.

No segundo dia de evento há novamente um

atraso de duas horas na programação, mas dessa

vez aconteceram todas as atrações previstas para o

evento. A primeira atração do dia foi a oficina de

Luis Maldonalle, guitarrista referência em Goiânia

e considerado um dos principais expoentes da

guitarra na região. Mesmo com o atraso, o públi-

co ainda não havia chegado e poucas pessoas

puderam assistir um músico completo demons-

trar diferentes influências, como o Rock, Fusion,

Metal, Blues, Pop e Progressivo. Entre uma música

e outra, Maldonalle abriu espaço para perguntas

e falou sobre seu equipamento, customização do

instrumento, profissionais no Metal e da estrutura

fornecida para os músicos, que em outros Países

contam com um apoio mais amplo nessa questão,

a qual influencia diretamente na qualidade do som

de sua apresentação. O guitarrista interagiu várias

vezes com o pouco público, cerca de 15 pessoas,

e fechou o workshop com dois covers instrumen-

tais, dando ainda no final CDs para as duas pes-

soas que fizeram mais perguntas.

Conhecido do meio Underground, o organiza-

dor de eventos, proprietário do selo Two Beers Or

Not Two Beers, formado em Filosofia pela UFG

Wander Segundo deu sequência a cadeia de even-

tos, apresentando a primeira palestra do segundo

dia do UMF, com certo nervosismo, cujo tema era

Conceitos e Princípios do Underground. Com um

Necropsy Room Heavens Guardian

Page 22: Heavyrama #2

U n d e r M e t a l F e s t

2 2 - H e a v y r a m a

público quieto e razoável em relação à quanti-

dade de pessoas, Wander citou autores renoma-

dos da Escola de Frankfurt. Usando sua tese de

Mestrado como base, Segundo explicou o Under-

ground como movimento contra-cultural que atua

em várias tendências que culminam em reações

ideológicas, ressaltando a liberdade artística.

Dizer que headbanger não se interessa por políti-

ca e movimentos sociais é um grande mito, prin-

cipalmente para nós brasileiros, que vivenciamos

um século de profundas transformações em nosso

País. Na segunda palestra do dia, o professor de

História Luiz Eduardo “Bacural” Fleury, abordou o

Anarquismo e a recente história política brasileira.

O professor iniciou sua apresentação explicando

o que é o movimento Anárquico, derrubando o

tradicional mito de que muitos pensam ser um

ato relacionado a desordem e ao caos, talvez por

sempre ser referenciado à luta de classes sociais,

contra opressões, e pelo sentimento de revolta e

mudança. No final da palestra, Bacural deixou um

recado dizendo que “a busca do conhecimento é

a melhor maneira para poder criticar”.

Márcio Júnior, um dos proprietários da gravadora

goianiense Monstro Discos, foi substituído por Léo

Bigode, diretor e um dos fundadores da gravadora,

que falou sobre o mercado de venda e produção

de musical em uma época em que as pessoas bai-

xam suas músicas gratuita e ilegalmente. Em sua

palestra, fez uma breve apresentação do que era e

o que é o atual mercado fonográfico, apresentou

alguns dados e falou sobre a área de atuação das

grandes redes varejistas na venda de discos. Leo

Bigode afirmou ainda da intenção da gravadora

Monstro em criar um selo exclusivo para bandas

de Heavy Metal, vendo que este é um mercado

com um potencial incrível, pois o fã do estilo é

mais fiel e tem mais interesse em adquirir o mate-

rial do seu artista favorito.

No segundo dia de shows, os amplificadores

foram trocados e também a ordem das apresen-

tações. Com 50 minutos de atraso a banda Rein-

force sobe ao palco para dar início às apresen-

tações do segundo dia, após passarem o som e

afinarem os instrumentos. A espera foi um tanto

decepcionante, já que o som da banda acusava

falta de prática instrumental como entrosamento

dos integrantes, talvez fosse tudo devido ao nervo-

Deadly Curse Hibria

Page 23: Heavyrama #2

U n d e r M e t a l F e s t

H e a v y r a m a - 2 3

sismo de uma das primeiras apresentações da ban-

da. As músicas apresentadas com muita presença

de palco e um vocal imaturo, mas com potencial,

eram recheadas de microfonia e desorganização.

Com visual glam a banda tocou canções pareci-

das, mas percebia-se que tinham uma influência

de Megadeth principalmente nos riffs de guitarra.

O grupo cometeu algumas gafes como a do bater-

ista ao tentar jogar uma das baquetas para o alto e

não conseguir apanhá-la.

A banda Dynahead de Brasília foi a segunda a

entrar no palco, e demonstraram um grande en-

trosamento entre os músicos. Boa parte do público

já havia chegado, e a partir da terceira musica, que

possui um clipe disponível na internet, as pessoas

entraram no clima da banda. Ao todo seis músicas

foram tocadas e ao final do show o vocalista de-

clarou que ano que vem haverá CD novo.

A banda Rhevange, também da capital federal,

foi a terceira a se apresentar, e contou com uma

iluminação bem trabalhada em cima do palco. A

galera da grade, como sempre, bem animada pôde

ouvir um clássico do Dio, Holy Diver, que não foi

bem aproveitado pela banda, já que o guitarrista

assumiu o vocal e a todo instante se abaixava para

ler a letra, o que não o impediu de errar em alguns

momentos. A quinta música foi um dos primeiros

trabalhos da banda, porém foi parada no meio por

um problema no pedal do baterista. Sete músicas

foram tocadas, e ao final do show ,o CD da banda

estava disponível a cinco reais para quem quisesse

comprar.

Todos sabem que Ressonância Mórfica (RM), a

quarta apresentação da noite, não é a banda mais

técnica e moderna do cenário Goiano, entretanto

a banda formada por Luiz Souza, Marcos Campos,

Bruno Lôbo e Gustavo Naves é sinônimo de simpa-

tia e conquistam o respeito e o apoio de toda cena

goianiense.Em mais uma apresentação, não fal-

tou a marcante presença de palco de Marcos, que

deixa o público insano. É de se observar que no

início todos estavam muito comportados perante

o palco durante um show do RM. Esse problema

logo foi resolvido, após a convocação, por parte

de Marcos, para realizar a balbúdia. Como pre-

sente pela participação positiva, o público presen-

ciou um cover, La Migra, da lendária banda mexi-

cana Brujeria. Rumo ao final da apresentação, a

Hibria Dynahead

Page 24: Heavyrama #2

banda conta com duas participações especiais em

duas de suas músicas. O destaque fica por conta

de Lorena Moraes, ex-vocalista da banda Erineyes,

que sobe ao palco para auxiliar o Marcão na úl-

tima canção da noite, “Plutocracia”, cantada tam-

bém por boa parte do público. Ao término fica evi-

dente o sentimento de que mais uma vez fizeram

um grande show.

A quinta banda da noite, Deadly Curse, subiu

ao palco mais uma vez para mostrar todo seu po-

tencial, confirmando que não vieram a passeio

para o UMF. Após o playback da faixa Intro do

EP Renegade, iniciam o show com a brutal “Self

Destruction”, um verdadeiro cartão de visitas da

banda, mostrando muito vigor. Deadly Curse vem

conquistando cada vez mais o público pelo seu

trabalho árduo em novas composições, que mes-

clam boas letras com uma música de qualidade. E

nessa oportunidade; tivemos o privilégio de ouvir

duas canções novas, seguindo a mesma fórmula

que vem dando certo. Claro, precisando corrigir

um detalhe aqui e outro ali, mas nada que o tempo

não dê jeito. Com o cover Dead Bury Their Dead,

do Arch Enemy, a banda estabelece o clímax da

apresentação. O público, formado em sua maioria

por pessoas de 20 a 35 anos ficou insano, podia-se

observar a participação dos bangers, que durante

U n d e r M e t a l F e s t

2 4 - H e a v y r a m a

o show cantavam as músicas dos “renegados”. No

fim de mais uma apresentação, os integrantes do

Deadly Curse foram ovacionados pelo público,

que pediu para que extrapolassem o setlist da

noite. Isso ainda não havia acontecido no UMF.

Dando continuidade ao festival a banda brasi-

liense Blazing Dog, penúltima do evento, sob ao

palco para apresentar seu trabalho. É a primeira

vez do grupo em palcos goianienses, porém es-

banjaram tranquilidade e um poder de concen-

tração incrível. O vestuário e o som não deixaram

Page 25: Heavyrama #2

U n d e r M e t a l F e s t

H e a v y r a m a - 2 5

dúvidas de que se tratava de uma banda de Heavy

metal tradicional. O grupo se mostrou interessado

em renovar o estilo, agregando elementos e uma

sonoridade mais moderna. Não bastando a com-

petência em fazer seu som, agitam os bangers com

sua empolgante presença de palco. O desempe-

nho de todos é um show a parte. Aos que deix-

aram de assistir a apresentação, perderam a opor-

tunidade de conhecer um trabalho de altíssima

qualidade e que merece todo nosso respeito.

Pela primeira vez em Goiânia, os gaúchos do

Hibria, última e mais esperada apresentação do

evento, sobem ao palco para mostrar um Heavy

metal veloz, de qualidade internacional e com

certas alusões à banda inglesa Judas Priest. Com

ótima técnica, entrosamento, volume e afinação

dos instrumentos, a apresentação mereceu a aglu-

tinação de todo o público, mesmo cansado após

horas de pé, em frente ao estrado. Tocaram as clás-

sicas e já conhecidas faixas Steel Lord On Wheels

e Tiger Punch. A iluminação e fumaça de gelo

seco intensificaram ainda mais o espetáculo en-

quanto o vocalista Iuri Sanson, vestido com uma

camisa cuja estampa dizia “metal maniac inside”

mostrava suas veias do pescoço ao tentar atingir

tons mais elevados. Entre a quarta e quinta música

Sanson agradece a organização do evento e elogia

as bandas que tocaram dizendo que “as bandas

são muito fodas! Isso quer dizer que o metal bra-

sileiro está cada vez mais forte”. O clímax da noite

foi quando tocaram Two Minutes To Midnight, do

Iron Maiden, que funcionou como levantadora de

defuntos, fazendo mesmo os mais cansados a con-

templarem o show. Após completar o setlist com

12 músicas, o vocalista Iuri Sanson diz que “essa

noite ficará por muito tempo em nossas memóri-

as”. Esperamos a próxima edição do Under Metal

Fest, a equipe está de parabéns.

Page 26: Heavyrama #2

HEAVYRAMA – Você organiza shows há mais de

dez anos. Como isso começou, teve ajuda de al-

guém?

WSEGUNDO – O primeiro show que eu organizei

na minha vida, foi aquele lance do “do it yourself”

mesmo. Tinha acabado de montar o Corja, no fi-

nalzinho de 1998, começo de 1999.

Nessa época eu tava com a banda e meu pai tin-

ha arrumado um lote ao lado da minha casa para

construir o escritório dele, aí veio a ideia: “cara,

rola de fazer um show aqui demais”. Assim, eu

encontrei com o pessoal das bandas, meus ami-

gos e cada um levou uma parte do equipamento

e a gente fez o show. Primeiro show foi isso , uma

casa em reforma, cheia de escombro, mas já tinha

energia, então um ambiente totalmente apropria-

do para um show de undergrond, e foi “na loca”:

Vamos fazer? Vamos.

HEAVYRAMA – Você tem algum parceiro que

sempre te ajudou tanto na organização de eventos

como na administração do selo TBONTB?

WSEGUNDO – Cara, tenho vários parceiros. Vou

falar dos mais antigos, tem o Natal, Bacural, o Den-

ny, que trabalha no selo e ajuda com tudo quanto

O organizador Wander Segundo, figura carimbada do cenário independente, responsável pelo selo Two Beers or Not Two Beers (TBONTB) e também integrante das bandas Corja, os Canalhas e Sociofobia, comenta sobre a cena underground - tema de seu Mestrado em Filosofia na UFG e analisa sobre a mesma dentro do cenário Goianiense

Entrevista exclusiva com Wander Segundo

2 6 - H e a v y r a m a

E n t r e v i s t a - S e g u n d o

Texto e Foto: Hugo O.

Page 27: Heavyrama #2

é coisa e é a pessoa que eu tenho um contato mais

direto, o pessoal do metal, do Under Metal Zine,

Ivanildo que fez um monte de edições do Brutal

Fest comigo, o pessoal da HicCuP e por aí vai. Isso

é bom, porque une a cena em vários aspectos.

HEAVYRAMA - Sob a perspectiva de sua tese de

mestrado, qual é a definição de underground?

WSEGUNDO – Daria pra escrever um livro so-

bre o que é Underground. Se for pra definir as-

sim de um jeito meio tosco, cara, é toda força

que vai contra a corrente dominante do sistema.

É um movimento político, sim, é um movimento,

sim, juntos. São duas coisas inseparáveis, pois se

as separarmos elas perdem o sentido. Se não tiver

um motivo de resistência, não há porquê resistir e,

como não vão fazer parte do mercado maior, um

monte de gente resolveu virar as costas pro mundo

e foda-se: “eu vou viver do jeito que eu quero, vou

ser do jeito que eu quero e foda-se.” Então, essas

pessoas vão se juntando e vão surgindo cenas em

toda parte do mundo. Mas apenas 1% da popu-

lação mundial nasceu com a pá virada para isso.

O Underground é uma aldeia global composta por

pessoas que não gostam do mundo do jeito que

ele é e que querem fazer algo para mudar essa

realidade.

HEAVYRAMA - Como era a cena underground há

uma década, quando você começou a produzir

shows?

WSEGUNDO – Cara, era muito diferente, tinha

muito menos gente envolvida na cena. Pra você

ter um show com 200 ou 300 pagantes que ve-

mos hoje em dia era coisa para se ter uma vez ao

ano e olhe lá. Antigamente a média de pessoas nos

shows era de 50, 60 e se desse 100, o organizador

saía no lucro. E era tudo muito tosco, não tinha

com quem alugar equipamento de som, era carís-

simo, então quando bandas underground tocavam

era com a junção de equipamentos de todo mun-

do. Não tinha internet, então, pra você conhecer

uma banda ou você comprava um CD ou pegava

emprestado com alguém que tinha o disco. Era

bem mais difícil, mas as pessoas eram bem mais

unidas. Se você passasse na porta da Hocus Pocus

você não via um, mas vários indivíduos trocando

informações e buscando conhecer coisas novas.

A galera saía, se encontrava para conversar sobre

música. Todo mundo que fazia parte da cena era

envolvido.

HEAVYRAMA – Com o surgimento e evolução de

veículos de comunicação em tempo real, como a

internet, a produção tanto mainstream, quanto un-

derground sofreu certa desvalorização , por que

isso?

WSEGUNDO – Eu acho que sim, mas não só isso,

porque houve um enfraquecimento da contra-

cultura na década passada. O movimento de con-

tra cultura mais recente foi o EMO que já começou

sendo ridicularizado de começo.

HEAVYRAMA – Antigamente, por volta dos anos

1970, o movimento Punk criou o lema “faça você

mesmo”,visando transformar os consumidores

passivos de música em produtores/artistas do

ramo. Assim também era a cena Underground há

uma década. Gostaria de saber como ela está a-

H e a v y r a m a - 2 7

E n t r e v i s t a - S e g u n d o

Page 28: Heavyrama #2

E n t r e v i s t a - S e g u n d o

2 8 - H e a v y r a m a

tualmente e se ainda segue esse modus operandi.

WSEGUNDO – Bom, eu luto com unhas e dentes

para que ela continue desse jeito, porque é o que

eu acredito. Enquanto existir pessoas com esse es-

pírito, que foi a fundo, procurou saber porque as

pessoas se sentiam daquele jeito, que leu a respei-

to, que pesquisou ou mesmo viveu esse momento,

esse futuro ficará garantido por mais um tempo.

Mas eu não sei a respeito dessa nova geração, pois

o pessoal não se aprofunda, então é difícil, mas

penso que sempre aparecerá um ou outro que dar

continuidade, fazendo assim a cena sobreviver.

HEAVYRAMA – Considerando toda a sua vivên-

cia no meio Underground, durante essa década e

meia que passou, quais são as perspectivas para o

Underground para os próximos dez anos?

WSEGUNDO – Eu espero que o pessoal volte a

acreditar no Underground clássico, que comecem

a reivindicar as coisas de uma forma séria e direta.

O Underground é um meio de vida que as pes-

soas podem aceitar ou não. Se não aceitarem, que

o respeitem, pois a música que escutamos hoje

tem suas origens no Underground. Então, sendo

otimista é isso, agora, sendo pessimista, vai chegar

um ponto em que tudo vai acabar. Vai ficar tão

grande, tão burocratizado e esquisito que as pes-

soas vão se desinteressar.

HEAVYRAMA – Há algum tempo, à exemplo do

Martim Cererê, os envolvidos na cena Under-

ground, tanto produtores de eventos e bandas

como o público, vem encontrando dificuldades

no sentido de encontrar lugares para se apreciar

a música extrema, além de problemas financeiros.

O que você acha disso e, em sua opinião, por que

isso está acontecendo?

WSEGUNDO – Isso está acontecendo por puro

preconceito. Os vizinhos do Martim Cererê

mandaram uma carta reclamando do barulho, o

Brandão que estava administrando bem saiu, dei-

xando o espaço sob influência direta do governo

e não é interessante para o governo fazer mais

shows de rock no Martim. Aí eles fizeram de tudo

para que não aconteçam. Eles perceberam que os

produtores não têm dinheiro, que o negócio fun-

cionava na camaradagem, que era o jeito que fun-

cionava com o Brandão, e começaram a colocar

empecilhos, foi uma coisa interna mesmo.

HEAVYRAMA – No Under Metal Fest, o que se

pode perceber é que a o pessoal underground está

se renovando aqui em Goiânia. O que você acha

dessa nova geração?

WSEGUNDO – Eu deposito toda a minha esperan-

ça neles. Eles vão ser poser até os 15, depois disso

uns vão deixar e outros vão falar “eu sou metal e

foda-se” e quando você ver o cara quarenta anos

depois ele vai estar cabeludo e com camiseta de

banda. É bom que tenha essa renovação, porque

tava demorando. A cena goianiense foi muito forte

até quatro anos atrás e, de repente, desapareceu.

Toda essa dificuldade que passamos hoje com fal-

ta de espaço e de outras coisas surgiu nessa época

porque o pessoal deixou de acreditar na cena.

HEAVYRAMA – Há reclamações por parte de ban-

das a respeito de ter que pagar para tocar ou to-

Page 29: Heavyrama #2

E n t r e v i s t a - S e g u n d o

H e a v y r a m a - 2 9

car gratuitamente nos eventos em contraste de um

suposto lucro por parte dos organizadores. O que

você acha disso?

WSEGUNDO – As pessoas que estão de fora não

percebem que o produtor cultural é o cara mais

desgraçado que existe. Porque ele é o que mais

acredita e o que menos ganha. Eu posso contar

nos dedos os shows que eu tive lucro. E assim, a

minha forma de poder equilibrar as coisas é o selo.

Posso te chamar para tocar e não pagar, mas quan-

do você for lançar um CD, eu pago. O dinheiro

deles vai aparecer quando o disco estiver pronto.

Eu pago metade dos discos, é como eu faço com

todo mundo.

HEAVYRANA – Brutalfest 2010 vai acontecer?

WSEGUNDO – Cara, a gente tá fazendo de tudo

pra rolar, só vou poder te dar uma resposta depois

de agosto. Não sou só eu. A gente criou uma co-

missão de seis integrantes. Tem gente do Warlikke,

Viscerastika, Selvageria, eu, do Corja e o Saulo. A

gente fez uma reunião para escolher as bandas,

que eu prefiro não revelar agora, mas uma banda

que é certeza que virá é o Krow, de Minas Gerais.

Ainda não definimos as bandas maiores, de fora,

fizemos contato com algumas, mas não tem nada

certo, por isso não posso divulgar.

HEAVYRAMA – Como começou o Brutalfest?

WSEGUNDO – O Brutalfest começou em 2004,

quem fez o Brutal pela primeira vez foi o Riva-

nildo. Na segunda edição eu estava na organi-

zação, a gente se uniu pra trazer o Subtera e ele

quis aproveitar o nome. Aí, como o nome pegou,

decidimos manter assim. No de 2008 eu não in-

vesti, mas eu fiz contatos, arrumei bandas para to-

car, então, apesar de não ter dado dinheiro, fiz um

trabalho de organização do festival. Em 2004, o

primeiro, foi no Templo, mas o que deu lucro foi

o de 2006, foram dois dias de festival, que, pra

mim, foi a maior vitória do selo, fazer um show

pra poder prensar inteirinho o CD de uma banda.

A edição de 2009 não saiu e vamos ver se con-

seguimos produzir o de 2010, mas se não rolar, ele

sai no início de 2011. O que tá pegando é o lugar,

mas em breve teremos uma resposta.

HEAVYRAMA – Se você pudesse mandar um re-

cado tanto pros iniciantes quanto para os vetera-

nos o que você diria?

WSEGUNDO – Falaria pra eles acreditarem no

que escutam, vocês não estão mexendo com isso

à toa. Para não desistirem, não trocar seus ideais

por promessas de dinheiro, pois no final das con-

tas, no final da sua vida você vai parar pra ava-

liar e vai se arrepender disso. Mesmo se você for

ganhar dinheiro, não esquece de onde você veio,

continue apoiando a cena. Continue com sua ban-

da, querendo ter sua banda. Não deixe isso morrer

como uma parte de sua adolescência que passou.

Continue sendo Metal, sendo Hardcore, sendo In-

die ou Emo, seja o que você quiser ser, mas seja.

É isso.

HEAVYRAMA – Nós da Heavyrama agradecemos

pela entrevista e até a próxima.

WSEGUNDO – Se precisarem, é só chamar.

Page 30: Heavyrama #2

Ta t t o o R o c k F e s t I V | 0 2 / 0 7

3 0 - H e a v y r a m a

Tatuagens, piercings, body art.Essas palavras

tão comuns ao público underground têm um

lugar certo em Goiânia. É o evento Tattoo Rock

Fest, que todo ano leva ao público goianiense

a tradicional convenção de tatuagem, além de

shows de rock e uma mostra da cultura alternativa

de nosso estado.

Este ano, o festival foi realizado nos dias 2,3 e

4 de julho, na Feira da Estação, e contou com 20

bandas de rock e Heavy Metal. Espalhados pela

feira, mais de 50 stands de moda underground,

skate e body art. O evento também contou com

a participação de 100 tatuadores de todo o país,

que não só tatuaram, mas também participaram

de oficinas e workshops. Além disso, havia ainda

pista de skate e fliperama para distrair a galera.

Outro destaque - ao menos para os headbangers

acostumados a toscos shows undergrounds - foi

a área de alimentação. No menu do Tattoo Rock

Fest não havia apenas os tradicionais espetinhos e

cachorros quentes. Pastéis, salgados, pizzas, lasa-

nhas, açaí, até yakisoba e strogonoff faziam parte

do farto cardápio do evento.

Entretanto, as bebidas alcoólicas – néctar alta-

mente apreciado pelos amantes do metal – não

receberam a mesma atenção. As míseras duas op-

ções de cerveja e doses (whisky e vodca) deixaram

muitos headbangers decepcionados.

A estrutura do evento era adequada, com um

Texto e Fotos: Thaís Lôbo

02 | Jul | sexta-feira

Page 31: Heavyrama #2

Ta t t o o R o c k F e s t I V | 0 2 / 0 7

H e a v y r a m a - 3 1

bom equipamento de som, palco e iluminação. O

espaço era amplo, com acesso a deficientes. Ha-

via também 30 banheiros químicos, além dos con-

vencionais (detalhe: tinha até papel higiênico!), o

que garantiu muito conforto ao público, principal-

mente o feminino.

A organização foi muito competente, esta-

belecendo um ambiente agradável e seguro. Uma

única briga ameaçou nublar o evento, mas foi logo

controlada pela equipe de seguranças no local. O

preço do ingresso, apesar de um pouco salgado

para os bolsos mais sensíveis (R$ 15 antecipado,

R$ 20 na hora) era compatível com a estrutura

oferecida.

OS SHOWS

A noite de sexta-feira começou muito bem.

Pontualmente, às 20h, a banda goianiense de

hard rock Devon sobe ao palco para interpretar

os grandes clássicos do eterno Ronnie James Dio.

Destaques para Children of the Sea, Holy Driver e

Long live rock’n’roll. Infelizmente, o público ainda

era pequeno (cerca de 150 pessoas) e poucos pu-

deram apreciar o impecável show da banda Devon.

Às 21h, é a vez dos brasilienses do xLost in Hate

mostrar o seu som, uma mistura de metal e hard-

core. Para quem não sabe, o prefixo x é usado para

bandas adeptas ao Straight Edge, um estilo ao qual

Freak show Necropsy Room

Page 32: Heavyrama #2

3 2 - H e a v y r a m a

Ta t t o o R o c k F e s t I V | 0 2 / 0 7

associa a música – punk/hadcore – a uma vida só-

bria, livre de drogas, sejam elas ilícitas ou não. O

som é extremo, bateria rápida, dois vocais (scream

e gutural), mas só para apreciadores do estilo. O

som agitou a galera, e as típicas rodas de punk,

hardcore ou pogo se formaram.

Em seguida, os goianos do D.D.O. sobem ao

palco para mandar seu rock regionalista, rechea-

do de palavrões e muito peso. O palco já tremia

quando soltaram os primeiros acordes da músi-

ca “O vendedor de Pequi”, sucesso da banda. A

originalidade, o humor e a energia desses garotos

ganharam o público que respondeu a altura, com

muita agitação.

Às 22h40 um som sombrio invade a feira da es-

tação. Posteriormente, um rapaz caminha sobre o

palco com uma mulher desacordada nos braços.

Ele a coloca no chão, retira um cateter de um

pequeno embrulho e o coloca em sua boca. A

partir daí, as batidas de música eletrônica se mis-

turam ao tenebroso sintetizador e o rapaz introduz

o cateter em seu braço. Ele retira e coloca nova-

mente a agulha nos braços, mãos, dedos, pés.O

freak show terminou com a entrada dos cortantes

riffs do Necropsy Room . Com o seu já conhecido

Death Thrash , eles movimentaram os fãs com os

grandes sucessos da banda. O que se via? Cabelei-

ras ao alto e rodas e mais rodas de pura violência

fraterna.

Uma hora depois, os lendários guardiões dos

céus voltam ao palco goiano. É o Heaven’s Guar-

dian, que além do seu tradicional Heavy Metal,

traz o carismático Izack Salvatierra (ex-Vougan)

nos vocais. A nova formação agradou,e o público,

sempre fiel a banda, cantou em coro os antigos

sucessos da banda como Fighters.

A meia noite e trinta minutos é a vez do Death

Metal do Spiritual Carnage transformar a feira da

estação no inferno. Talvez nem tanto, já que faltou

feder enxofre, mas o resto estava quente como o

demônio gosta. Apesar de ser uma das mais anti-

gas bandas do estado e ser uma das mais atuantes

Spiritual Carnage

Page 33: Heavyrama #2

H e a v y r a m a - 3 3

Ta t t o o R o c k F e s t I V | 0 2 / 0 7

em shows, a apresentação do Spiritual Carnage

contou com muita energia e brutalidade, fazendo

até mesmo os headbangers mais antigos da cena

agitar a cabeleira, ou o que sobrou dela.

Para encerrar a noite, os paulistas do Dr. Sin

subiram novamente ao palco goiano. Como sem-

pre, a banda contou com o seu público cativo que

cantou junto os grandes sucessos, com o seu Hard

Rock com influências de metal tradicional e pro-

gressivo.

A noite de sábado foi dedicada ao rock e a de

domingo o heavy metal foi representado pelos

brasilienses do Bruto. O Death Metal escrachado

do grupo agitou o pequeno público ali presente,

com músicas amáveis como “vai se fuder” e “puta

que pariu”, além do cover bem tocado de Amon

Amarth. Destaque para o bom baterista Sávio

Américo e para os indolores pescoços do baixista

Rodrigo e do guitarrista Renato Rocha, que não

paravam de rodar.

Apesar de ser um evento essencialmente basea-

do na cultura da tatuagem aliada ao rock, o 6º Tat-

too Rock Fest prestigiou o menosprezado Heavy

Metal goiano em uma noite única e de recorde de

público. Para se ter uma ideia, só na sexta-feira o

público que circulou pela feira foi estimado em

duas mil pessoas, com 100 tatuagens realizadas.

Não se tem uma estimativa do número de pes-

soas durante os shows, mas segundo o organiza-

dor da festa, Danilo Gonçalves, a noite do Heavy

Metal deu mais público que a tão superestimada

noite do rock, no sábado. Isso mostra que o metal,

independente da vertente, continua muito vivo na

cidade do “rock”, revela também que temos públi-

co para grandes eventos.

O que realmente falta, é a criatividade e coragem

de produtores e empresários para apoiar este

gênero que não pode mais ser mascarado com a

alcunha de “rock”. Embora todos vivam no mundo

underground, o Heavy Metal é outra praia, outra

turma, tem sua vida própria e merece eventos de-

dicados exclusivamente para o estilo.

Heavens Guardian

Page 34: Heavyrama #2

A p o c a l y p t i c h a o s

3 4 - H e a v y r a m a

Idealizada pelo vocalista e guitarrista Sandro Ra-

fael, juntamente com a vocalista Ellen Maris, a

banda Apocalyptichaos visa criar um som inspira-

do em estilos como Death e Doom, consagrados

pelo peso e pela densa atmosfera. Somadas às

experiências do baixista Sibelius Mendanha, do

guitarrista Luiz Souza , do baterista André Maia e

do tecladista Fabrício de Castro,não demorou para

começarem a se apresentar em eventos como Na-

tal Rock e Heavy Metal na Veia.

identidade do Doom/Death goianiense

Texto : Vitor Nunes / Fotos: Ellen Cavalcante

Page 35: Heavyrama #2

A p o c a l y p t i c h a o s

H e a v y r a m a - 3 5

Criada em 2009 suas influências passam por

bandas como Anathema, Paradise Lost, My Dy-

ing Bride, Candlemas, Katatonia, Hypocrisy, Amon

Amarth e Novembers Doom, do Metal britânico,

sueco e americano. Os temas abordados em suas

músicas são relacionados ao comportamento hu-

mano e suas possíveis consequências, seja no

plano psíquico ou social, que acabam por gerar

qualquer tipo de caos, traumas ou destruição,

dando a entender o nome da própria banda.

O currículo de seus integrantes faz jus ao im-

pacto que teve o surgimento da Apocalyptichaos.

Sandro iniciou seus projetos com a banda La-

muryan juntamente com Ellen e Sibelius em 2002,

depois fez parte da banda goiana de Folk Metal,

Valanya. Luiz, que participou de diversas bandas

entre elas Black Vomit e Hate, atualmente parti-

cipa da Ressonância Mórfica, Sevandija e Against.

André, ou “Kaju”, iniciou seus estudos em 1991

sob as influências de bateristas como Bill Ward,

Ian Pace e Mike Portnoy. Foi um dos fundadores

da banda Fate Cross e também fez parte da banda

HammerOn!. Fabrício começou seus projetos mu-

sicais aos 20 anos e fez parte da banda de Black

Metal, Cheol. Hoje com 34 anos é fundador da

banda Sanguínea na qual é responsável por parte

dos vocais e teclados. Sibelius participou das ban-

das Sentence Of Death, Painherit e teve uma breve

participação na Ressonância Mórfica em 2002.

Atualmente a banda está em estúdio preparando

seu primeiro trabalho e ocupada com a estrutu-

ração de velhas e novas músicas, pois com a en-

trada de Fabrício de Castro (teclado) e sua maneira

peculiar de compor e André Maia (bateria) com

as suas influências musicais, surgiu um leque de

novas ideias e possibilidades,que com certeza co-

laborarão com a evolução da banda.

O primeiro material oficial da Apocalyp-

tichaos será lançado em meados de setembro

de 2010. A respeito desse lançamento e outras

informações,estarão disponíveis no MySpace da

banda www.myspace.com/apocalyptichaos.

Page 36: Heavyrama #2

F r e e d o m t o P e z ã o

3 6 - H e a v y r a m a

Dia 7 de agosto, às 18h , horário em que o

evento Freedom to Pezão estava marcado no

DCE-UFG. Entrada, apenas cinco reais. O evento

foi produzido e organizado pelo Remanescentes

,em parceria com o Sebaoth e o projeto social

Methalegria. No horário marcado haviam poucas

pessoas em frente ao local, portões ainda fechados

e passagem de som - os poucos presentes no local

eram da banda ou acompanhantes.

Em torno das 18h35 chegaram mais pessoas que

iam se amontoando na entrada até a abertura dos

portões, o que não demorou muito. Um atraso

normal pra quem é acostumado a frequentar os

DCE’s que às vezes causam atrasos exorbitantes

de 3h. Passada às 19h, mais pessoas chegavam

e esperavam o começo do show, neste horário a

banda Skulls on Fire (antiga Warhead) passava o

som. O bar estava servindo água e refrigerantes

e a mesa de som foi montada no centro do gal-

pão, o que facilita para o responsável pelo equi-

pamento equalizar a altura dos instrumentos com

maior precisão,mas que em outra parte seria um

infortúnio pois os headbangers esbarravam nos

fios presos ao chão.

Em torno das 19h20 começa o show do Skulls on

Texto : Bia Cardin / Fotos: Aline Rodrigues e Bia Cardin

Skulls on Fire - Uma amostra do Old School

Page 37: Heavyrama #2

F r e e d o m t o P e z ã o

H e a v y r a m a - 3 7

Fire. É fato que a acústica de ambos DCE’s não são

as melhores e quando o equipamento é ruim, não

se ouve quase nada,contudo para a suspresa geral

o som estava bem regulado, sem saturação e mila-

grosamente podia-se ouvir todos os instrumentos!A

banda inicia o show com o cover do Sepultura,

Desperate Cry, muito bem executada e a energia

ficou por conta do vocalista Cláudio Geovane,

que envolveu o pequeno público na sua perfor-

mance. A banda tocou outras faixas de sua autoria

estruturadas no Thrash Metal oitentista.A música It

Self Destruction of Time abriu alas para o hardcore

,porém o destaque da banda é a música Cesium

137, que cadenciou um bate-cabeça raivoso.

No mais,a banda estava bem ensaiada e prepara-

da, mas a sonoridade no geral não oferece muitas

novidades,se encaixando no Old school tão pre-

sente na cidade. O número de pessoas dentro do

DCE variava de acordo com o grau de agrado das

músicas tanto no show do Skulls on Fire quanto na

banda seguinte, Alltorment.

Às 20h30 ,a Alltorment começa o show com uma

pequena introdução e luzes acesas. A primeira músi-

ca demonstra a influência Thrash,acompanhada

pelo vocal rasgado com entonação gutural do

vocalista e guitarrista,Nando,cuja postura lem-

bra bastante James Hetfield. Inclusive,as músicas

relembravam sutilmente o antigo Metallica, apoia-

das nos pedais duplos do baterista Weyner,todavia

o público ainda estava um pouco frio.

A banda estava bem preparada e é na terceira

música que as coisas esquentam um pouco mais.

Na faixa This Crime Doesn’t Need a Name, o

vocal furioso alicerçado nas rajadas do Thrash

oitentista,numa música bem trabalhada desen-

cadeou o hardcore, assim também foi a música

seguinte So Blind, no speed à la Motorhead que

empolgou o público ainda mais.Cada música ti-

Alltorment se apresenta com profissionalismo

Page 38: Heavyrama #2

F r e e d o m t o P e z ã o

3 8 - H e a v y r a m a

nha um destaque,mostrando influências tanto an-

tigas quanto mais recentes na sonoridade da All-

torment.

Passado algum tempo a banda de Power Metal

Virtus sobe ao palco as 21h30 sem a presença

do baixista Yuri. A primeira música executada é

Rising Force de Malmsteen, seja por falta de um

instrumento ou não,foi perceptível algumas percas

de tempo na música, mas os integrantes no geral

seguraram bem o desfalque. O vocalista Calebe

Alves, em vocal limpo inseriu umas doses de

drives e agudos. Os integrantes se mostraram bem

carismáticos,destacando as performances do gui-

tarrista João Pedro. O auge do show foi quando to-

caram Time to Awake, seu único single disponível

que atraiu o público – a música exala um Power

Metal bem tradicional em cima da bateria técnica

de Marlos. Depois executaram um cover de Angra

e do renomado Helloween, mas nestes covers a

banda ficou devendo sincronicidade e entonação.

O vocalista têm boas passagens em algumas técni-

cas, porém ainda precisa amadurecer vocalmente

para cantar no tom que as músicas exigem. A

banda cativou o público que cantou as músicas,

fez hardcore e bateu cabeça ,entretanto a diversão

parece ser mais vísivel do que profissionalismo na

banda Virtus.

Pra fechar a noite, o All Sharks Massacre ini-

ciou o show às 22h30 e pra quem espera um fi-

nal de show com um ou dois gatos pingados pres-

tigiando a banda, esse não foi o caso. A All Sharks

Massacre foi a banda que mais reuniu público e

surpreendeu com um Death Metal maduro inter-

calado com pitadas de Metalcore. A banda não

tão conhecida por nome,tem na sua formação o

baixista Felipe da Hypnotica e em conjunto fi-

A banda Virtus anima o público

Page 39: Heavyrama #2

F r e e d o m t o P e z ã o

H e a v y r a m a - 3 9

zeram com que o público causasse o caos, cri-

ando filas de bate-cabeça e incitando rodas de

pogo em todas as músicas.O vocalista mostrou-se

bem versátil, esbarrando no vocal limpo,rasgado,

gutural grave e agudo,e eles estavam muito bem

ensaiados,embasados numa frequência speed

contagiante. Algumas vezes a sonoridade lem-

brava bandas como Trivium. O ápice foi na faixa

autoral Traitor Law,em que boa parte do público

parecia conhecer e até cantaram juntos em alguns

momentos. Claro que, a banda segue a tendência

das atuais bandas de Goiânia voltadas ao Death/

Metalcore, mas estes executam o seu intuito com

precisão.

Certamente,tal energia tem sido escassa no públi-

co presente nos shows em Goiânia. Neste caso, o

som colaborou bastante,fato que tem sido raro de

se ver nas casas de shows voltadas ao Rock/Metal.

Outras duas bandas estavam programadas para

tocar no Freedom To Pezao, a Disaffection e a Au-

rora, porém por motivos externos não puderam re-

alizar o show.

Segundo um dos organizadores do evento ,a

AMMA não está liberando alvará para os DCE’s

funcionarem após meia-noite, por isso os shows

têm que começar mais cedo. Se todas as bandas

quiserem tocar, têm que comparecer no local no

horário definido pelos organizadores. Problema

que inclusive aconteceu neste caso, o atraso de

alguns integrantes desandou a programação de

todo o evento.

No final das contas, foi uma noite e tanto, o even-

to acabou em torno das 23h15 e a galera dissipou.

Shows como este, que se esforça pra ser bem or-

ganizado e bem estruturado com bom equipamento

de som se se fizessem mais presentes com certeza

reanimaria (aos poucos) tanto o público quanto as

bandas.

All Sharks Massacre supera as expectativas

Page 40: Heavyrama #2

M o n s t e r B u s

4 0 - H e a v y r a m a

Nem toda banda de Heavy Metal começa numa conversa de boteco como um bando

de adolescentes bêbados. Na verdade, a maioria das boas bandas fogem do clichê estabelecido pela indústria cultural. Elas surgem primeiro no mundo obscuro das ideias para depois tomar um corpo so-noro. Outras vezes, são fatos inesperados que nos fazem tomar um caminho antes não pensado. Foi isso que aconteceu com o Monster Bus. Com eles, a imagem veio antes da música. Tudo começou em 2004. Ao visitar um amigo nos arredores do terminal Novo Mundo, o advo-gado Waller ficou impactado com o que viu. Fazia anos que não passava pela Avenida Anhanguera, e a cidade agora não era a mesma de sua infância, nos idos anos 70. Goiânia havia se transformado em metrópole e o ônibus Eixo Anhanguera seria então “a espinha dorsal do transporte de massa”.

A primeira ideia foi fazer um documentário so-bre o transporte coletivo mais popular da cidade: o ônibus Eixo Anhanguera, que mais tarde recebeu a alcunha de “Monster Bus”. Mas sem orçamento e possibilidades de se fazer o áudio, Waller altera o projeto, e inicia as gravações do vídeo clipe sobre a famosa linha de ônibus. Para a trilha sonora, primeiramente escolhem Metallica. O ritmo combina com o clima pesado do ônibus monstro, mas a letra era bem diferente da realidade goianiense. Uma música própria era o mais ade-quado e assim Waller e o amigo Cézane iniciam a confecção da letra enquanto Moys se encarrega de fazer as linhas de guitarra. A música narra a trajetória do ônibus e de seus passageiros em sua rotina diária. Num tom sarcás-tico, o dia-a-dia do usuário do transporte cole-tivo é dissecado em situações comuns a muitos

Texto : Thaís Lôbo / Fotos cedidas pela banda

Luís Maldonalle Piruka

Page 41: Heavyrama #2

M o n s t e r B u s

H e a v y r a m a - 4 1

goianienses.A letra original foi diminuída para en-caixar melhor com a guitarra. Depois de editar a letra, música e vídeo é a vez do YouTube popu-larizar a banda. O clipe amador obteve mais de 40 mil acessos atualmente, o hit contabilizou uma marca histórica para este gênero musical no esta-do. Além disso, o “Monster Bus” foi o ganhador do prêmio de melhor vídeo caseiro no Festival de Ci-nema Brasileiro de Goiânia, o Festcine, em 2008. No final de 2007, Cézane deixa a banda por mo-tivos profissionais, mas ainda contribui para a es-trutura da letra “Flanelinha”. Assim, Waller assume os vocais e Moys continua na guitarra, enquanto Gustavo Vazquez e Luis Maldonalle, do estúdio Rocklab, se revezam no baixo. Em 2009 finalizam o EP e o DVD da “Trilogia do Trânsito” que ainda contou com a participação de Pedro Hiccup (bateria em Mad Traffic) e os backing vocals de Lu Singer, da escola Allegro. Após a finalização dos trabalhos o Monster Bus se

apresenta em grandes festivais em Goiânia como Tattoo Rock Fest ainda em 2009. Atualmente, a banda está na estrada com a mini-turnê “Monster Bus on the Road” visitando as cidades do interior do estado. Até agora houve três shows, nas cidades de Senador Canedo em março, Inhumas no mês de abril e na Cidade de Goiás, durante o XII Festi-val Internacional de Cinema Ambiental, FICA, em junho. Mas a banda não abandonou os estúdios. O Monster Bus já está preparando o próximo trabalho com uma nova formação: Waller (vocais), Maldo-nalle (guitarra), Rafa (baixo) e Piruka (bateria). Já em agosto deste ano o Monster Bus lançou um CD promocional da participação no programa Quadro a Quadro da Rádio Universitária. O CD contém as músicas do primeiro EP, além de entre-vistas e três músicas (Murder in a Angry Cow, Friend or Foe e Hard to learn) do próximo álbum o “Metal is our Biznis”. http://www.monsterbus.com.br/

Rafa Waller

Page 42: Heavyrama #2

E n t r e v i s t a - J o ã o P e d r o

4 2 - H e a v y r a m a

HEAVYRAMA - Como foi processo de gravação do EP Riding The Dragon?

J.P - Gravamos tudo em um mês,sendo que enquan-to estávamos gravando uma faixa eu estava fechan-do arranjos de outra e assim fez que o processo fosse mais rápido.Arranjar guitarra,voz,bateria,tive a ajuda do Arnozan em todas as etapas sendo que ele criou as linhas de teclado e produziu o EP.Eu sempre quis lançar algo que expusesse toda a fúria e velocidade do Metal, então basicamente o

EP não tem baladinha! (risos)

HEAVYRAMA - Recentemente você disponibi-lizou o primeiro single. Como está sendo a recep-ção das pessoas em relação ao trabalho?

J.P - Poxa,só tenho a agradecer a todos que estão baixando “In your mind” que é o nome do single ou me ajudando de alguma forma.Basicamente a receptividade do público é o que me motiva a tra-balhar cada vez mais com empenho!

O guitarrista João Pedro Costa, 21 anos,atual integrante da banda de Power Metal Virtus e ex-integrante da Narsillion, prepara o lançamento do seu primeiro EP solo RIDING THE DRAGON.

Entrevista exclusiva com Joáo Pedro

Texto : Bia Cardin / Foto: Aline Rodrigues

Page 43: Heavyrama #2

E n t r e v i s t a - J o ã o P e d r o

H e a v y r a m a - 4 3

HEAVYRAMA - Você pretende fazer shows como artista solo ou as músicas serão tocadas com a banda Virtus?

J.P - Este é um trabalho paralelo à Virtus,vou fazer isso simultaneamente com o trabalho que já existe da banda,sem desmerecer o que já vivi e aprendi com ela! Show faz parte da vida de um músico,”o que seria um artista sem plateia?!”.Tocar as músi-cas gravadas ao vivo não é só uma alegria pra mim mais também um desafio técnico!Porém no iní-cio eu queria simplesmente expor minhas ideias musicais e passar uma mensagem pro mundo,seja do rock ou não!Aos poucos o mundo foi se es-quecendo o valor de um grito “Libertem-se meu povo,LIBERTEM-SE!”,se livrem dessas algemas que te prendem das formas corretas ou não de pensar!Voltem a gritar que logo vamos poder alçar voo!(risos).

HEAVYRAMA - Aliás, você mesmo compôs as le-tras? Elas falam a respeito do quê?

J.P - Sim,exceto uma faixa que foi feita por meu amigo e vocalista da Virtus,Calebe Alves.Eu já criava melodias e arranjos vocais pra Virtus,mas nunca fiz realmente as letras.Nesse trabalho eu quis botar em teste minhas ideias de letras!Como compus as letras na medida em que os arranjos da música eram criados,quis passar a ideia de “liber-dade de escolha”,desafios que a vida te prega pra se vencer e as opções de enfrentá-los ou simples-mente fingir que não existem e seguir o caminho fácil,pois era o que eu estava vivendo no momento da composição.O sentimento,os gritos,as linhas melódicas,tudo é uma junção do que se passa quando se abre o coração.

HEAVYRAMA - O que te levou a iniciar uma car-reira solo?

J.P - O simples fato de que quando trabalha-mos sozinhos temos todas as decisões em nossas mãos,isso pode ser o abismo, ou não. Compor sozinho já era algo de mim há tempos,portanto essa foi a concretizaçao de um objetivo.

HEAVYRAMA - Quais são as suas maiores influên-cias?

J.P - O que mais me influencia é uma coca-co-la gelada,uma lasanha,ver bons filmes e às ve-zes gritar pra atormentar meus vizinhos!(risos).Musicalmente,independente do que eu ouça ou estude isso vai alterar minha parte técnica, porém sua mente estará presa aos padrões.Luca Turilli,Rafael bittercourt e Malmsteen são as mi-nhas influências,entre muitos outros que sempre descubro por aí,mas esses me fizeram seguir a vida como músico. No mais,espero que as músi-cas soem mais parecidas com o João Pedro!(risos)

HEAVYRAMA - João, quais seus atuais planos?

J.P - Lutar!Para que as portas se abram cada vez mais e pra que eu possa tocar duas,três,quatro,cinco vezes ao dia e consiga alcançar o máximo de pessoas possíveis com a minha música,e que isso toque ou sensibilize elas de alguma forma. No final das contas a gente ouve música com o coração!

HEAVYRAMA - Algum recado para os nossos lei-tores?

J.P - Preparem-se para voar:”www.myspace.com/joaopedrocosta”!

Page 44: Heavyrama #2

O l d P l a c e

4 4 - H e a v y r a m a

Inspirados por bandas como Exhorder, Lamb Of

God,Pantera e Metallica,o Old Place surgiu em

2009 por iniciativa do guitarrista Rafa Oliveira (ex-

integrante do Ampla Virtude e Breesna) e o bateris-

ta J.K, que já haviam tocado juntos em outros pro-

jetos. Não passou muito tempo para conseguirem

completar o line-up da banda, pois ainda na época

do colégio,conheceram o baixista David e o vo-

calista, Maikon.

Neste período os rapazes deram o nome Trítano

à banda,uma sugestão de J.K e da irmã de Rafa

Oliveira. Este nome fazia uma alusão ao Trítono,a

nota de tensão que marca o “diabo na música”,bem

presente no som do Black Sabbath,entre outras

bandas. Mas esta menção não marcava a verda-

deira identidade da banda,portanto,logo eles mo-

dificaram o nome para Old Place,que transmitia a

atmosfera “Southern” no qual tanto Rafa quanto

Maikon eram influenciados.

Com o nome definido,a banda estava concen-

trada em encontrar o seu som com pitadas de suas

influências.Eles já tinham músicas prontas como

Lies and more lies e Dream alone is illusion, com-

postas liricamente por Rafael,e instrumentalmente

criadas por toda a banda. Depois trabalharam nas

músicas,Set Back e Destroy the Walls - na preten-

são de focar em temas de questões sociais, con-

formismo, desconfiança, entre outros dilemas hu-

manos.

Com o setlist formado por músicas próprias, o

Old Place,conquistam espaço em “novos lugares”

Texto : Bia Cardin / Fotos cedidas pela banda

Page 45: Heavyrama #2

O l d P l a c e

H e a v y r a m a - 4 5

Old Place começou a fazer shows no DCE-PUC,

Remanescentes,além da participação em dois fes-

tivais realizados em Inhumas. Em 2009 tocaram no

RTC, um evento realizado em Goiânia no dia do

Trabalhador,com o intuito de promover a Cultura

e o Rock, que distribui diferentes premiações para

as bandas com melhores colocações, o Old Place

garantiu o 3º lugar, o que lhes deu o prêmio de

ensaiar gratuitamente - premiação esta, que eles

trocaram pela gravação de uma música, Setback,

que logo eles disponibilizaram no MySpace.

O estilo Thrash com passadas pelo Groove

Metal,marcaram a sonoridade da banda que con-

tinou fazendo show até abril deste ano, mês em

que o baterista J.K deixou a banda por motivos

pessoais. Após uma beve procura pelo novo in-

tegrante via orkut, Thales Braga (ex-Godheim) se

juntou ao Old Place em julho,e já começaram a

compor uma nova música,Blood on Hands.

No momento o Old Place está com um show

marcado para o final do ano,no evento In Rock

em Inhumas e planeja começar a gravação do

EP ainda sem nome, em novembro. As músi-

cas que farão parte deste material serão as

mesmas compostas e tocadas desde o início

da banda: Lies and more lies,Dream alone is

illusion,Setback,Destroy the walls e Blood on

Hands. E pode-se contar com novas composições,

recheadas de doses do velho Thrash/Groove Metal

com vestígios dos elementos do Metal moderno.

www.myspace.com/oldplacebr

Page 46: Heavyrama #2

R e s e n h a - R i s i n g C r o s s - G O

4 6 - H e a v y r a m a

A banda goianiense Rising Cross foi formada em

2000 e, apesar de já ter se estabelecido como uma

das boas bandas da região, lançou seu primeiro

trabalho apenas nove anos depois. Gravado no es-

túdio Fantom, o EP Trumpets of Victory conta com

uma introdução e mais três faixas de um Heavy

Metal cadenciado. Quanto à parte gráfica, tanto

a capa quanto o encarte mostram um trabalho ca-

prichado. A produção, que ficou a cargo de Geo-

vane Maia também merece destaque, dada a qua-

lidade e profissionalismo.

A introdução do álbum “Impetuous Wind” nos

leva diretamente a um cenário desolador, com

ventos uivantes e um clima bastante sombrio. Em

seguida vem a primeira faixa do disco, “Pente-

cost” que traz um Heavy Metal da velha escola.

Cavalgadas mais cadenciadas, licks de guitarra e

vocais agudos são frequentes nessa faixa e no EP

como um todo. As linhas de vocal merecem um

destaque. Paulo Melo demonstra muita competên-

cia e técnica em todas as músicas com seu vocal

marcante e afinado. Com bons solos de guitarra

e um teclado que cria uma “cama” nas canções,

a banda parece bastante segura do som que se

propõe a fazer.

Essa convicção transmitida faz com que o grupo

tropece em alguns dos clichês do Heavy Metal.

Não há nada de novo ou original no som da ban-

da. Nas duas primeiras músicas, Pentecost e Re-

velation XII a dinâmica é escassa, o que as tornou

repetitivas. Por esse motivo, a audição de todo o

disco se torna um pouco cansativa.

A música Victory, última do disco, encerra o tra-

balho e parece reunir as principais características

do grupo. Um pouco mais acelerada que as ou-

tras, ela apresenta uma linha de vocal empolgante.

Foram adicionados ainda alguns coros, que deram

um clima épico à faixa. Ela apresenta também riffs

de guitarra mais elaborados e linhas harmônicas

que se destacam em relação às demais músicas.

Finalizando, Trumpets of Victory traz um bom tra-

balho de uma banda experiente, que vai agradar

principalmente os fãs dos bons e velhos tempos.

Quem busca novidade não vai se identificar muito

com som, mas essa não parece ser a preocupação

do grupo, que faz o que faz por amor a camisa.

Line up:Paulo Melo - VocalClerio Murbach - BaixoDivino Lima - TecladoAlfredo Egito - GuitarraFelipe Roso - Bateria

www.myspace.com/risingspace

Tradição e esmero

Texto : Artur Dias

Page 47: Heavyrama #2

R e s e n h a - R e s t i n D i s g r a c e - P B

H e a v y r a m a - 4 7

Os paraíbanos do Rest In Desgrace,que atualmente estão na Alemanha, lançaram no primeiro semestre desse ano o EP intitulado “As beauty springs from mud” com sete faixas, gravado no AVH Estudios. Neste EP a banda buscou mesclar influências de Death Metal, presente no vocal de Rafael Basso com doses de Dark/Doom/Heavy Metal no instrumen-tal do baixista Márcio Quirino e do guitarrista João Pachá. O EP abre com a faixa instrumental Samsara ,boa ,mas sem nenhuma particularidade especial, seguida por Ascendance,que tem ótimas passagens de um riff para outro, entretanto a impressão dada é que a gui-tarra poderia variar mais,mas o refrão agrada bastante. O efeito de voz duplicada com o vocal gutural grave e o agudo utilizada tanto nessa faixa como nas outras, dá um bom resultado lembrando em alguns momen-tos o Nergal (Behemoth), em tempos do Demigod. Algo interessante neste trabalho é a temática do EP

Metal de Lotus

que possuí referências às entidades presentes no hin-duísmo e no budismo. Na terceira faixa,Veil of Maya, é clara a ausência de um instrumental impetuoso para exprimir a violência anunciada pelo vocalista.Contudo, o Heavy Metal é bem presente nesta faixa que possuí riffs bem marcados pra um bom bate-ca-beça, Em Dreaming há um cântico oriental,seguido pela guitarra que sai em fade (diminui aos poucos) para entrar Vanity, o riff é simples e o peso acompanhado pela bateria é agradável aos ouvidos, com a aclama-da fúria e speed em alguns trechos. Em seguida, entra o instrumental The Dying Lotus, que mais parece ter sido retirada de um CD de música clássica. É uma música com um instrumental belissímo e uma com-posição muito bem elaborada. Facilmente torna-se o destaque desse trabalho. Por fim,a música Umnamed Feeling/Descension de 12 minutos encerra o EP. Por ser demasiada longa, essa faixa tem umas mudanças de sessões,nas quais há um intervalo em pleno silêncio até que o instru-mental inicie novamente. Apesar da proposta soar interessante,essas diferentes melodias mais parecem pequenas faixas fragmentadas coladas uma na outra. No mais, o EP tem um intuito interessante,e o som sai um pouco da proliferação de bandas voltadas ao Thrash Metal/Metalcore, sem medo de fazer misturas que por muitas vezes dão errado. O EP dispensa ex-cesso de firulas e exprime uma conclusão simplória nas composições. Afinal,uma música não precisa ser complexa para ser boa.

Line-up:

Rafael Basso - Vocals

João Pachá - Guitarra

Márcio Quirino - Baixowww.myspace.com/restindisgrace

*Nota: Atualmente o Rest In Disgrace está com um baterista fixo,André Janssen.

Texto : Bia Cardin

Page 48: Heavyrama #2

R e s e n h a - A l l t o r m e n t - G O

4 8 - H e a v y r a m a

Foi lançado pelo selo Two Beers or Not Two Beers, o primeiro EP da banda Alltorment, intitulado de “The End of Peace Season”.Gravado no Phantom Studio, o traba-lho apresenta quatro músicas autorais: Redrum, Bring Me Peace, Covered Eyes e Vengeance. A primeira faixa é “Redrum” - aliás, o que percebe-mos no primeiro berro do vocalista Ernando Rodrigues - é uma profunda e irritante influência de Metallica. A música em si tem bateria marcante, riffs contagiantes e um bom refrão. O destaque fica para o solo brilhante de Allison Paulineli, muito bem encaixado nas bases de gui-tarra, misturando partes lentas e rápidas, cadenciadas no ritmo certo, sem soar repetitivo. Logo após é a vez de “Bring me peace”. As linhas de gui-tarra são simples e mais “modernas” , com alguns efeitos na voz e nas guitarras , mas o uso de recursos eletrônicos é discreto e produzem um “ar” mais moderno nas músi-cas. Na terceira música “Covered Eyes”,o início da faixa é alucinante, rápido e com uma boa pegada meio hard-core. Os vocais gritados em coro, intercalados com os

A nova geração do thrash metal goiano

agonizantes de Ernando, entram cheios de personalidade e surpreendem com o instrumental e bateria impecável. Mas quando chega o refrão... o ritmo alucinante é que-brado e a rima não é tão boa. Depois segue um bom solo e uma base de guitarra ma-tadora, mas novamente o ritmo quebra para a entrada de uma parte mais lenta.Ficou bom, mas dependendo da sensibilidade do seu ouvido pode soar repetitivo, princi-palmente porque não há nada de novo nessa parte - nem nas notas, nem no ritmo - é o mesmo som de centenas de outras bandas. E para fechar esse petardo a responsabilidade é da vio-lenta “Vengeance”. A faixa começa com uma breve in-trodução de sons desconexos e culmina numa colérica explosão de guturais e screams, com riffs cortantes e uma bateria matadora. O arranjo nessa música é bem mais complexo e é visível a influência das “novas bandas de Death Metal” . O aspecto lírico não traz muita novidade, entretanto dá certa unidade a este trabalho já que pro-gressivamente os sentimentos vão se tornando mais inten-sos. Primeiro a decepção e loucura em Redrum. Depois a sede de sangue em Bring Me Peace e a recusa ao “sis-tema” em Covered Eyes. Vengeance termina de vez com a temporada de paz e o reino do caos assim se inicia. No geral, a estrutura das músicas é eficiente.As letras carecem de mais imaginação, mas servem bem ao es-tilo. Apesar de ainda não conseguirem estabelecer uma identidade mais precisa, a banda levanta sua bandeira com muita competência. É inquestionável o mérito des-ses garotos que, com apenas dois anos de banda, con-seguem lançar um material com esta qualidade. Isso nos faz esperar muito mais do Alltorment futuramente, aliás, o caos está só começando.

Line Up:Ernando Rodrigues – Vocal/ Guitar.Allison Paulineli – Lead Guitar.Leonan Costa – Bass.Weyner Henrique – Drums.www.myspace.com/alltorment

Texto : Thaís Lôbo

Page 49: Heavyrama #2

H e a v y r a m a - 1 7Ilustração: Neli Sousa

Page 50: Heavyrama #2

C r ô n i c a - S e n ã o

5 0 - H e a v y r a m a

Há anos não me sentia daquele jeito, mas já aca-bou. As pernas tremiam, no coração, o sangue

parecia ter vida própria, pois o sentia dançar, os pensamentos todos nela, só nela. Às vezes, flagrava a mim mesmo com lágrimas nos olhos. Vocês sabem do que se trata, a emoção é muito forte.Saía da casa de um amigo às 8h, após uma noite de bebedeira com chopp gratuito, petiscos e sal-gadinhos em miniatura. Era uma formatura de um companheiro de faculdade que nem daqui é, quase provinciano. Nessa noite, bebi, conversei e me di-verti; cheguei até a jogar cartas, coisa que não me tem apreço. Não podia imaginar o que me esperava nessa manhã de quinta-feira, mas os velhos senti-mentos sempre voltam. A casa desse amigo era ao lado do local da festa, porém, a mesma terminou mais cedo do que esperá-vamos. Fomos a um bar, depois de uma boa camin-hada trocando as pernas e marcando território lá e cá. Alguns reclamam desse atentado ao pudor e à higiene, mas na hora de lutar por banheiros públi-cos, esses imbecis, todos eles, somem. No bar, pedimos uma garrafa de cerveja gelada e coletamos alguns cigarros da caixa para que eles acompanhassem a famosa loira. A conversa fluía em concordância sobre o bom e velho comunismo. Levantei-me e fui ao banheiro, normal depois de tantos copos de álcool. Lá um proxeneta me cha-mou a atenção. Perguntava se me conhecia de al-gum lugar, pois era “roqueiro”. O sujeito me encheu o saco durante a mijada a dizer que seu pai era o melhor baixista da cidade e me mostrou sua identi-dade que continha uma homenagem lusa e pobre ao Jimi Hendrix. O nome do infeliz era Jimi Peter.Mais além, voltei para mesa e retomamos a con-versa. Sentíamos-nos embriagados e sem vontade de beber mais. Pedimos copos de plástico para que levássemos a cerveja restante. Com eles, subimos a avenida em direção às camas, onde dormimos pro-fundamente até às 8h. Não falo nada. O sujeito tin-ha que trabalhar, porém ninguém, nem o mais po-

bre ou burro e feio do planeta merece acordar cedo. Entretanto, conformamo-nos e disparamos à rua. Nos separamos e eu fui para o ponto de ônibus. A condução não demorou e estava vazia, isso nunca acontece, talvez este tenha sido um sinal. Meu iti-nerário incluía dois terminais e três ônibus, porém uma só viagem para gastar. Desci do baú, como o ônibus é chamado pelos estudantes e logo entrei em outro, bem mais cheio e fui em pé.O segundo terminal demorou bem mais para che-gar, como se todo aparato de concreto, asfalto e fer-ros que caminhasse até mim. Lá é que começaram as estranhas sensações conhecidas por todos os in-divíduos realizados. Mãos suavam e era como eu pudesse sentir o vento e o sol de um modo diferente enquanto o suor era transformado em sebo por sua ação. Momentos de pseudo-alívio, quase mágicos, iam e vinham, mas eu tinha que encontrá-la, antes que fosse tarde demais. No ônibus, já a caminho de casa, me deu certo desespero, achei que não ia dar tempo; confiei, não tinha outro jeito. Consegui me sentar, fui na janela, admirando o caminho enquanto pensava. Quanto mais perto eu me aproximava mais insuportável era a sensação de perda e resolvi, depois de descer, me apressar. As pernas pareciam não responder aos meus comandos, só aceleravam, o suor escorria pela face, cabelos se arrepiavam ao sopro rebelde dos ventos; o caminho fazia-se mais longo que parecia.Quase, foi por pouco. Com maestria, velocidade e ferocidade abri o portão defeituoso com uma só mão e tranquei-o. Invadi a casa, quase que arrom-bando a porta e a vi de longe, cada vez mais perto. Corri para o seu encontro, ela estava lá branca e fria, mas pensei: foda-se, vou sentar nela mesmo assim, senão cago na roupa. Devia estar sentindo a dor que as mulheres sentem no parto, sentia ela se mexer e me chutar, como se fosse criar mãos e por se fora do canal de uma vez por todas. Cantos de choro recém-nascido ecoavam por todo o recinto e eu prostrado pairava morto sobre o trono. Deu até fome.

SenãoPor Hugo O.

Page 51: Heavyrama #2

C r ô n i c a - S e n ã o

H e a v y r a m a - 1 7Ilustração: Juliano Stefan | [email protected]

Page 52: Heavyrama #2

C o n t o - F l o r e s d e A l i c e

5 2 - H e a v y r a m a

Pela janela da sala os primeiros raios do Sol inva-diam o comodo imundo, expulsando as sombras

que haviam sido deixadas pela noite. Lentamente as baratas se dirigiam para os buracos nas paredes, escondendo-se do dia que nascia. Geralmente Alice já tinha se levantado, mas a casa estava estranha-mente quieta naquele dia. Cássio bateu mais forte na porta, pensando que sua namorada havia dur-mido até tarde. Não seria de se surpreender, afinal, eles ficaram conversando pelo telefone até as três horas da madrugada, tentando se acertar. Curiosa-mente, ele nem se lembrava o teor da briga. Era tão comuns as discussões entre os dois que ele ás vezes sentia falta delas. Colocou o buquê de rosas na mesa do corredor e se abaixou procurando a chave extra nas plantas. Na maioria das vezes, ela deixava a chave ali pra ele não incomodar os vizinhos quando chegava. O problema é que ela não sabia que ele iria esta manhã. Cássio havia planejado surpreendê-la com as flores e o pedido de casamento, mas ao encon-trar a chave na planta soube que algo estava errado. Ficou pouco mais de um minuto parado deixando o olhar vagando da chave para a porta e de volta para a chave. Tomando coragem ele colocou achave na fechadura e a girou o mais silenciosamente possivel. Entrou na sala notando a bagunça maior do que o normal tomando o lugar. Deixou as flores sobre o unico espaço onde não havia sujeira na mesa do centro. O resto estava debaixo do maior acúmulo de comida e lixo que Cássio já vira. Olhou em volta ainda tentando entender a causa de tudo aquilo. A-lice era bem desleixada ás vezes, mas aquilo beirava

o abandono. Ouviu um ruido vindo do fim do corre-dor, como algo raspando na madeira. Viu o enorme labrador de Alice raspando a pata dianteira na porta do quarto, no fim do corredor. Parou encarando a porta. O cão lambeu sua mão de leve, soltando um ganido baixo. Cássio girou a maçaneta, abriu a por-ta e a viu. Ela estava deitada seminua com as pernas retorcidas. Seu braço direito repousava sobre seu peito enquanto seu corpo escondia o esquerdo. Sua cabeça pendia para fora da cama de casal e uma poça de vomito havia se formado no piso ao lado da cama. Cássio levou alguns segundos para assimilar tudo, mas assim que entendeu a cena correu para junto de Alice.— ALICE, PELO AMOR DE DEUS O QUE HOUVE?! FALA COMIGO, AMOR!!!! – o corpo da moça per-manecia frio e inerte – ALICE, NÃO! POR FAVOR, NÃO! ACORDA, AMOR! ACORDA!!A ambulância chegou por volta das dez horas da manha. O tempo todo Cássio ficou ao lado do corpo de Alice. Ás vezes se lamentando por não ter estado lá, ás vezes lembrando dos momentos que tiveram. O CD player dela ficara tocando a noite inteira seus cds favoritos e agora tocava ‘’Nothing Else Matters’’ do Metallica. A banda favorita dos dois. Sempre ou-viam juntos quando podiam e Cássio adorava essa musica, mas, infelizmente, só agora entendia o real significado dela. ‘’So close no matter how far...’’ começava a musica, mas nesse exato momento um dos paramedicos desligou o som, arrastando Cássio de volta à sua triste realidade. Um policial parou à sua frente com um caderno de anotações e uma caneta de marca barata.

As flores de Alice – Parte UmPor Jôder Filho

Page 53: Heavyrama #2

C o n t o - F l o r e s d e A l i c e

H e a v y r a m a - 5 3

—Garoto, podemos conversar na sala, por gen-tileza? Você tem umas perguntas pra responder. – disse ele se encaminhando para a porta. Cássio se levantou e caminhou atrás do detetive sem tirar os olhos do corpo de sua namorada.Haviam seis ou sete policias na sala e todos se virar-am quando viram Cássio entrando. O detetive sen-tou-se no sofá e apontou a poltrona para que ele se sentasse. Cássio ficou de pé, de costas para a porta. Dois policiais se postavam na porta e ele notou que comentavam sobre ele. —Você era parente da vítima, garoto? – disse o dete-tive.— Noiv.....namorado. – ele conseguiu dizer.—Se quiser beber algo para relaxar, fique à vontade. – o detetive disse sem levantar a cabeça do bloco de anotações.—E adianta? – Cássio respondeu secamente. Aquilo podia ser rotina pra eles, mas não era para ele. – Não é um copo de uísque que vai traze-la de volta, certo? – ele completou encarando o detetive.A sala ficou em silencio por poucos segundos, mas foi o suficiente para Cássio ouvir o policial que es-tava a direita na porta de entrada cochichando para o outro. As unicas palavras que entendeu foram ‘’drogada’’ e ‘’morta’’, mas foi o suficiente pra fazê-lo agir. Num reflexo de furia ele se virou e agarrou o o policial pelo colarinho, seu antebraço empurran-do o queixo dele contra a porta. Todos na sala fi-caram paralisados exceto o outro tira da esquerda, que sacou a arma do coldre e agora a apontava para a cabeça de Cássio.—EU VOU TE MOSTRAR QUEM ERA DROGADA, SEU DESGRAÇADO! – Cássio berrava encarando o policial – EU VOU TE MATAR, SEU BOSTA!—Larga ele agora! – ordenou o policial sem abaixar a arma.

O detetive se levantou e caminhou até ficar entre Cássio e a arma do outro policial.—Solte-o, rapaz. Nós estamos aqui para ajudá-lo. Ele não quis dizer isso, não foi, Fontes? – ele disse encarando o policial perplexo que se limitou a agitar a cabeça apressadamente. – Agora solte-o e sente-se no sofá. Nenhum de nós teve a culpa do suicídio de sua namorada.Cássio soltou o policial e se virou para o detetive en-carando-o sem entender ainda o que ele havia dito.—Suicídio? É essa a teoria de vocês??—Não é teoria – respondeu o detetive sentando-se novamente – Uma grande quantidade de um medi-camento foi encontrado no sangue da sua namo-rada. As digitais dela estão na caixa e em alguns comprimidos que estavam espalhados. Agora, já sabemos seu nome, seu endereço e seu telefone graças aos seus documentos, mas ainda tem coisas a esclarescer. Como por exemplo..—Ela não se suicidou! – Cássio interrompeu en-carando o detetive – Alice jamais faria algo assim. Ela nem sequer usava drogas – seu olhar encontrou o do policial de relance.—Garoto, eu sei que é dificil aceitar, mas nós so-mos peritos. Lidamos com isso direto. Vai por mim, quanto mais cedo você aceitar, mais fácil fica de entender o motivo depois. Essa é a nossa linha de investigação, e é a ela que vamos seguir. – ele disse por fim.—Então pode pegar sua linha de investigação e ir se danar – disse isso saindo do apartamento. O cão de Alice pulou do canto onde estava e seguiu Cássio até o carro. Quando já estavam longe da casa Cás-sio teve o primeiro pensamento que o levaria à ruí-na. ‘’Isso não vai ficar assim. Eu vou descobrir quem fez isso com você Alice.’’ E com esse pensamento acelerou seu carro.

Page 54: Heavyrama #2

Ilustração: Dimitri Kawada

Page 55: Heavyrama #2

Ilustração: Neli Sousa

Page 56: Heavyrama #2
Page 57: Heavyrama #2
Page 58: Heavyrama #2