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HEBRAICO
COMPENSATIVO
Autor: Josué Pires
Julho de 2016
O CURSO
Esta apostila foi elaborada como base das aulas presenciais, não para
substituí-as, uma vez que as aulas a desenvolvem, sendo o professor uma
espécie de personal trainer, nesse caso, criando situações para fixar o
conteúdo na mante do aluno, já que o cérebro não decora por decorar.
A nomenclatura “compensativo” foi a mais adequada que o autor deste material
encontrou para designar o estudo intensivo do hebraico bíblico em um curso de
duração curta, cuja didática é elaborada de modo que compense a falta do
tempo mais apropriado para aprender o idioma. Em um curso de teologia, isso
não significa perda de tempo, visto que o meio acadêmico teológico, nos
nossos dias, conta com um rico acervo de material linguístico que auxiliam o
estudante da Bíblia, tornando possível a exegese apenas com o conhecimento
instrumental da língua bíblica que, no caso do hebraico, se limita a
alfabetização e gramática elementar.
Em um curso intensivo, o professor deve evitar, o quanto possível, ocupar o
tempo de aula com regras gramaticais e informações que o aluno poderá obter
por si mesmo na internet e, ou, em material impresso que não exija o seu
auxílio. Assim, o estudante poderá, sendo aplicado, concluir o curso, no
mínimo, alfabetizado para fazer uso de dicionários a fim de adquirir vocabulário
para ler o texto sagrado com bom aproveitamento.
O melhor proveito teológico a partir desse curso terá o estudante que já tem
familiaridade com a Bíblia através de sua leitura, especialmente, dos livros
históricos. Assim como não é comum uma pessoa gostar de outra sem
conhecer a sua personalidade, a apreciação pelos idiomas nos quais foi escrita
a Bíblia não é comum em alguém que distante da Bíblia, a não ser que haja
motivos seculares. Portanto, ter o hábito de ler a Bíblia é não apenas uma
característica cristã, mas também um requisito para iniciar os estudos
teológicos.
DIDÁTICA
A minha didática presencial usa o tempo da aula de forma segmentada na
sequência: ensino-exercitação-descanso.
Representação: _________ - - - - - - - t
Uma matéria como o hebraico precisa dessas etapas, com poucos minutos
cada até o fim da aula, pois assim a mente consegue fixar o aprendizado. O
descanso pode ser feito com alguma descontração, e o aluno precisa
compreender isso sem desrespeitar o professor, não sendo proibido se soltar,
rir, desde que seja coerente com o contexto da descontração, não de malícia.
O IDIOMA
O hebraico é um idioma sobrevivente tal como o povo judeu, seus falantes
originais, que ainda existem e, milagrosamente, vivem na mesma terra de
Canaã onde Deus os pôs em cumprimento da Sua promessa a Abraão e do
Seu propósito em relação as nações da Terra. (Gn 12.1; Sl 44); Infelizmente,
muitos crentes não sabem disso, uma informação preciosa que edifica a fé,
uma vez que o retorno dos judeus à terra prometida, a partir do século XVIII, é
cumprimento de profecias, tais como esta exposta abaixo:
“E há de ser que naquele dia o Senhor tornará a pôr a sua mão para adquirir outra vez o remanescente do seu povo, que for deixado, da Assíria, e do Egito, e de Patros, e da Etiópia, e de Elã, e de Sinar, e de Hamate, e das ilhas do mar.” Isaías 11:11
Os judeus que fugiram da perseguição romana, no século I, deixaram a terra
prometida falando o mesmo idioma falado pelos profetas, o hebraico. A
inscrição feita na cruz prova isso (João 19.19,20). Mas não temos apenas esse
testemunho, no Novo Testamento, do uso do hebraico, pois no livro dos Atos,
na altura do capítulo 22 (v 21), o apóstolo está falando em língua hebraica ao
uma turba de fariseus e saduceus.
De acordo com a profecia de Ezequiel 5.12, essa diáspora não significou uma
fuga dos judeus para um território estrangeiro específico, mas para todas as
partes do mundo, o que pode ser constatado mesmo hoje quando há
remanescentes em diversos países. Esse povo, que Deus chamou de “a
menina dos Seus olhos” (Zacarias 2.8), foi perseguido por onde passou, fatos
que podem ser lidos em registros históricos étnicos tradicionais e acadêmicos.
As maiores perseguições foram promovidas pela Inquisição (iniciada no século
XII, na França) e pelo nazismo de Hitler (na Alemanha da primeira metade do
século XX).
Já no século XIX, os judeus iniciaram o que chamaram de “movimento
sionista”, em referência ao monte Sião sobre o qual repousa Jerusalém. Esse
movimento objetivou o retorno do povo de Deus à terra prometida (Aliyah).
Muitos judeus, então, começaram a repovoar a terra natal, comprando posses
dos árabes, as quais passaram a administrar de forma socialista. Cada terra
foi denominada kibutz. Por volta de 1885, jornais em hebraico já circulavam
entre os judeus, na Rússia, o que evidencia como a língua hebraica fora
preservada no seio familiar ainda que de forma limitada. Isso bastava para
manter a tradição, mas, um jovem amante da literatura e do hebraico, Eliezer
Ben Yehuda, quis mais, ele incentivou os sionistas a fazerem do hebraico a
língua oficial em um novo Estado Judeu. Em 1903, Ben Yehuda já estava com
os sionistas de volta à terra prometida e lá publicou um pequeno dicionário
hebraico, dando, assim, subsídio para as primeiras escolas de hebraico locais
(RABIN, Pequena História da Língua Hebraica, pp. 36-39).
HISTÓRIA
O hebraico nasceu do aramaico, um idioma semítico (dos descendentes de
Sem, filho de Noé), originário de Arã, onde Abraão morava quando Deus o
chamou (Gn 12). As emigrações de pessoas daquela região que partiram em
direção ao Oriente Próximo levaram o idioma para as costas orientais do
Mediterrâneo, incluindo Canaã. Quando se estabeleceu na terra da promessa,
Abraão teve Isaque, este gerou Jacó, e este teve doze filhos, entre os quais,
José, que foi levado como escravo para o Egito, onde Deus o fez príncipe. José
mandou que buscassem sua família para viver no Egito. Com o tempo, após a
morte de José, um faraó fez da sua família, que já era numerosa, mão de obra
escrava por quatro séculos. No Egito, eles foram chamados de hebreus, que
quer dizer “atravessadores/nômades”, e seu idioma, hebraico.
O hebraico, então, é o aramaico modificado, tal como a diferença entre
português e castelhano, que têm como raiz comum o latim. Isso explica a razão
de os hebreus/judeus conseguiram se comunicar com os povos de Canaã,
entre outros, depois que foram libertos da escravidão no Egito.
Dando um salto na história, depois que o povo foi inserido na terra prometida,
viveu nela por longo tempo, pecou muito contra Deus, e foi levado a dois exílios
pelos inimigos, tendo retornado desses exílios, entra em cena a figura de
Esdras ensinado a esse povo a lei do Senhor para fim ds restauração do culto
em Israel. Quando ensinava a lei, o texto diz que os ajudantes de Esdras liam
explicando o seu sentido (Neemias 8.8), mas não se fala em tradução, pois o
contexto anterior deixa claro que aquele público entendia o que era lido. O
sentido teológico do texto é que era, portanto, esclarecido. Ainda que houvesse
uma influência do aramaico sobre o hebraico, nessa época, não era a ponto de
os judeus que retornaram dos exílios não compreenderem sua língua materna.
Uma Aliyah de 1047 Aliyah para ingresso no IDF - 2015
PREILINARES
1. ALFABETO
O alfabeto hebraico é formado por consoantes. As línguas mais antigas
não são tão evoluídas na representação fonética. Seria como se
escrevêssemos assim: vc st bm? (você está bem?). Note que a frase
está sem as vogais, contudo, podemos, perfeitamente, entendê-la. As
vogais só foram inventadas por volta do século X, por escribas da escola
de Tiberíades. Eles desenvolveram um sistema de pontuação e vogais
que ficou conhecido como “massorético”, por isso foram chamados de
massoretas. Essa pontuação não foi adotada nos textos comuns, mas
apenas no texto sagrado, pois intenção daqueles escribas era tomar
medidas para que nenhuma pronúncia das palavras da bíblia Hebraica
(o Antigo Testamento) se perdesse, afinal, as palavras do AT também
formam a base da língua falada.
2. REGRAS
As regras gramaticais do hebraico são cheias de exceções, o que
dificulta o aprendizado, mas não é como estudar matérias científicas
como química e matemática, o hebraico não é um idioma de tanta
complexidade, mesmo porque há uma limitação numérica nos elementos
que a constitui.
3. Raiz
Enquanto no português, o verbo se acha no dicionário na forma do
infinitivo, no hebraico o verbo deve ser procurado na forma da terceira
pessoa do masculino singular no pretérito (ex. fez, ensinou, casou).
Essa forma apresenta o verbo na sua raiz, estando o mesmo na sua
forma simples (qal).
4. LEITURA
O hebraico, diferente do inglês, pronuncia-se com se lê. A leitura é feita
da direita para a esquerda, sempre na sequência consoante-vogal.
FONÉTICA
.consoante muda. Seu papel é melhor entendido na aula presencial א
B cujo som pode variar para o som de V ב
”G sempre soando duro (ex.gi = gui) sem precisar de “u ג
equivale à nossa D ד
..soa como a H inglesa em have, mas no final de palavra é muda ה
equivale à nossa V ו
equivale à nossa Z ז
é raspada na garganta ח
equivale à nossa T ט
equivale à nossa Y י
tem som de k, mas em algumas palavras soa raspada no palato כ
K em final de palavras sempre soando como raspada no palato ך
equivale à nossa L ל
equivale à nossa M מ
M em final de palavras ם
equivale à nossa N נ
N em final de palavras ן
equivale à nossa S ס
consoante muda. Seu papel é melhor entendido na aula presencial ע
soa como a nossa P, podendo soar como F פ
P em final de palavras sempre com som de F ף
soa como a junção TZ צ
TZ em final de palavras ץ
”equivale à nossa Q sem precisar do acompanhamento de “u ק
soa como a nossa R (mas, o do gaúcho) ר
soa como SH, podendo variar para S ש
soa como a nossa T. Antigamente soava como a T inglesa em think ת
Vogais:
Nota histórica: As vogais não existiam, elas foram criadas no século X
por escribas de Tiberíades O judeu sempre lia como se escrevêssemos
assim: vc st bm? (você está bem?). Hoje, apenas o texto sagrado e
algumas outras literaturas estão vocalizados.
Atenção: o vocabulário é adquirido em sala de aula na exercitação com
as letras hebraicas.
MATERIAL DO HEBRAICO MODERNO
Dicionário de hebraico de Abraham e Shoshana Hatzamri da ed.
Sêfer
Português-hebraico: Google Tradutor
Jornal Haaretz
Leitura sobre cultura no site oficial do judaísmo: Morash.com.br
O aluno tem a permissão de reproduzir este material com a devida
referenciação do mesmo, pois este faz parte de um projeto de livro.