Heidegger e a Produção Técnica e Artística Da Natureza

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  • 8/18/2019 Heidegger e a Produção Técnica e Artística Da Natureza

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    Heidegger e a produção técnica e artística da natureza

     

    Marco Aurélio Werle1

     

    RESUMO

    O artigo exaina coo Heidegger pensa! a partir da natureza! o "produzir"técnico e artístico! tendo coo re#er$ncia certas noç%es centrais da &ist'riado pensaento! desde o registro inaugural dos teros gregos tec&né!

    poiesis e p&(sis! e seus desdo)raentos por eio da tradução latina! atéseu reordenaento na eta#ísica da época oderna*

    +ala,ras-c&a,e. Heidegger! arte! técnica! produção! natureza

    A/S0RA0

     0&e article exaines &o2 Heidegger! )( loo3ing at nature! considers t&etec&nical and artistic 4act o# production4 5Stellen6 regarding certain crucialnotions in t&e &istor( o# t&oug&t! #ro t&e #oundational 7ree3 ters astec&né! poíesis and p&(sis! and its e8ui,alent in 9atin translation! to itsrearrangeent in odern etap&(sics*

    :e(2ords. Heidegger! art! tec&ni8ue! production! nature

     

    ;ntrodução

    rios aspectos e e seu car>ter de ,erdade* O odode produção não se restringe então a u pro)lea especi?caenteecon@ico! as reete a ua atitude #undaental do ser &uano! deaplitude &ist'rica! diante do Ser e do ser do ente*

    Esse 8uestionaento de Heidegger pode ser acopan&ado na exploração8ue realiza das ,>rias nuanças do ,er)o aleão stellen. "p@r" ou "colocar"!nos ensaios A orige da o)ra de arte! A 8uestão da técnica! A época daiage de undo!

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    produção no sentido ais usual! a Her-,or-)ringung! o "trazer B #rente" ou o"le,ar B #rente"! as principalente pelo odo coo é conCugado o ,er)ostellen! o "p@r" ou "colocar"! co seus pre?xos e su)stanti,os* O stellenest> na )ase da #ora artística coo 7estalt e da categoria central daeta#ísica da odernidade! a representação! Dorstellung! e suadeterinação coo "aração" técnica. 7e-stell*

    acopan&aresses desdo)raentos do stellen! na o)ra de Heidegger* +rieiraente!#arei u exae do tipo de "p@r" 8ue surge no )ito da o)ra de arte! para!depois! a,ançar na caracterização &eideggeriana da ess$ncia da técnicaoderna coo aração e e sua #undaentação eta#ísica coorepresentação* oncluirei co ponderaç%es so)re a possi)ilidade de ureencontro origin>rio e natural entre arte e técnica! a partir da poiesis cooorige cou de a)as*

    1 A produção no doínio artístico

    oeço situando a a?ração &eideggeriana! e A orige da o)ra de arte5do ano de 1FGIGJ6! de 8ue a o)ra de arte consiste nua clareiraK9ic&tungL! u deterinado lugar 8ue se a?ra coo centro irradiador eeio ao aconteciento do ente coo u todo. "K***L e eio ao ente coou todo se apresenta K2estL u lugar a)erto Koene StelleL" 5HE;NE77ER!PPGa! p* GF-QP6*

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    odo da p&(sis! na o)ra de arte! e é lançada no undo! coo u undo!de odo 8ue esse irroper e o ser lançado gera u co)ate*

     0a)é essa noção de co)ate iplica u reaneCaento da estéticatradicional! pois a o)ra é copreendida para alé da concepção tradicionalde &aronia e e8uilí)rio ou até eso da categoria 3antiana e sc&illerianade Cogo* 0apouco o co)ate é a expressão de ua apar$ncia! contudo! da,erdade apreendida para alé da estrutura do enunciado* A ,erdade é! eHeidegger! o desco)riento e o enco)riento! segundo o tero 8ue osgregos epregara para dizer a ,erdade. alét&eia! antes do surgiento daeta#ísica coo o discurso do ser do ente*

    Esse posicionaento terreno e undano da o)ra de arte se consolida naedida e 8ue encontra ua 7estalt! ua #ora coo su)stanti,ação eacoodação do stellen 8ue assuiu ua con?guração sensí,el*O),iaente! o processo da ?guração artística não ser> tran8uilo! por8ue!coo resultado de u co)ate! iporta 8ue a o)ra de arte anten&a ,i,a

    a luta de terra e undo! no interior de ua di#erença ontol'gica* E issosoente poder> acontecer caso! nesse co)ate! pulse ua certa tensãoentre contr>rios ou até eso ua "ruptura"! 8ue Heidegger exprie poreio do tero Riss! "rasgo" ou "traço"! situado entre os doisposicionaentos*

    o isso! a o)ra de arte alcança u coplexo processo de posicionaento*Reproduzo! e aleão! u trec&o central do ensaio de Heidegger! 8ueindica ,>rios parentescos conceituais do stellen. "Ner in den Riss ge)rac&teund so in die Erde zurc3gestellte und dait #estgestellte Streit ist die7estalt* 7esc&aensein des Wer3es &eisst. Testgestelltsein der Wa&r&eit indie 7estalt" 5HE;NE77ER! PPGa! p* 16* 0raduzindo! teos. "A #ora é a

    luta conduzida para dentro do rasgo e assi reconduzida para a terra esolidaente esta)elecida* Ser criada a o)ra signi?ca. estar a ,erdadesolidaente esta)elecida na #ora"*

    A produção técnica antiga e oderna

    Ora! diante desse processo de "posicionaento" da arte! na 8ual o &oe écon,idado a toar ua posição diante da natureza e do undo! poder-se-ia

     Custaente perguntar coo se coloca a atitude &uana! &oCe corri8ueira edoinante! a sa)er! a 8ue #oi deterinada na época oderna 5dos ltios8uin&entos anos6 por u outro tipo de experi$ncia! isto é! pela técnica

    oderna! exainada por Heidegger principalente e seu ensaio A8uestão da técnica! de 1FG* 0al coo a o)ra de arte! a técnica oderna oua tecnologia ta)é opera ua "posição"! s' 8ue sui generis! e 8ueHeidegger designa pelo tero 7e-stell! ua "aração" coo ua espéciede posicionaento no 8ual se re,ela ua atitude não solícita! as i-positi,a da su)Ceti,idade oderna* Se! na arte! o &oe se ex-p%e B terra eao undo! na técnica! ele pretende antes se i-por! e)ora aca)eine,ita,elente ta)é se ex-pondo! as de ua aneira )astanteperigosa! pois a técnica! Cuntaente co a ci$ncia! consiste nu )lo8ueio enua 8ue)ra da irrupção da p&(sis e nua agressão B natureza* E Vue éeta#ísica! Heidegger eprega o tero Ein)ruc&! 8ue se pode traduzir por"in,asão" ou por "assalto"! para indicar ua das arcas características da

    ci$ncia oderna 5HE;NE77ER! 1FX! p* 1P6*

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     0oda,ia! o 8ue signi?ca! e teros &eideggerianos! a téc&ne! a técnica esentido origin>rio

    esta,a ,indo B presença* 5HE;NE77ER! PPa! p* 6*

    9ogo a seguir! nesse eso ensaio! Heidegger situa o início da estéticaco +latão e Arist'teles coo u certo des,io de rota do sentido origin>rioda tec&né! ua ,ez 8ue a esa aca)ou sendo su)etida ao discurso?los'?co inaugural de +latão* O sa)er da tec&né! e consonncia co ap&(sis! #oi su)Cugado B a?ração da ideia coo eidos! o "aspecto"! cuCoconceito esta)eleceu pela prieira ,ez a interpretação do ser coo ser doente* Se! antes! o ente era no ser! a partir de agora predoinar> o ser doente! co o 8ue se inaugura a onto-teo-logia! o discurso 8ue ,ai e )uscado ente superior a deterinar! a cada oento! a entidade do ente*

    tica&uana 5c#* HE;NE77ER! PPa! p* J6*

    O eso arguento so)re a pro,eni$ncia do par conceitual atéria e

    #ora é desen,ol,ido por Heidegger! no ensaio A orige da o)ra de arte!onde esse par expressa a concepção doinante da "coisidade da coisa"! erelação Bs outras duas concepç%es! respecti,aente de orige antiga! dacoisa coo su)stncia co acidentes 5Arist'teles6! e de orige oderna!da coisa coo u ltiplo dado Bs sensaç%es 5:ant6* "Os tr$s odosindicados da deterinação da coisidade KNing&eitL apreendera a coisacoo o suporte de características! coo a unidade de ua ultiplicidadesensorial e coo atéria en#orada" 5HE;NE77ER! PPGa! p* 16*

    Essa $n#ase na tec&né origin>ria dos gregos coo u sa)er e! portanto! nãocoo u #azer! não coo algo "técnico"! tal coo se consolidou essaexpressão na tradição ocidental! constitui o arguento central de

    Heidegger! e A 8uestão da técnica! para di#erenciar a técnica antiga datécnica oderna* Reinterpretando a doutrina das 8uatro causas de

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    Arist'teles! Heidegger retoa o sentido grego de aitia! causa e lati! eostra 8ue as c&aadas 8uatro "causas" - o eidos 5#ora6! a lé 5atéria6!o telos 5?6 e légein 5causa e?ciente6 - estão essencialente orientadas poru desco)riento do ente 8ue anté conser,ado o enco)riento* Nessa#ora! torna-se 8uestion>,el o predoínio 8ue! na tradição ocidental!aca)ou rece)endo a causa e?ciente so)re as deais causas! a sa)er. ascausas #oral! aterial e ?nal* co osroanos! interpretou o nexo de coproetiento e de cuplicidadeinterna das 8uatro causas so) o registro da presença do 8ue se apresenta eda ati,idade &uana de deterinação dessa presença* o isso! a causae?ciente passou a se destacar e trans#orou-se no principal critério da

    realidade de tudo o 8ue é* ! ais tarde! na copreensão do realcoo o)Ceto*

    A época oderna se a#asta da ,isão grega! ao pensar o le,ar B #rente5deterinado entre os gregos pela poiesis6 coo u desa?o da natureza5HE;NE77ER! PP)! p* GX16* Esse desa?o não se contenta apenas co uaextração oentnea da natureza! poré! o)Ceti,a ua reser,a e u

    arazenaento! para 8ue a natureza possa estar a todo o oento e ais#acilente disponí,el* O desa?o! a extração! a exploração! oarazenaento! a encoenda e a distri)uição da natureza! )e coo arepetição constante desse ciclo! #ora u sistea e signi?ca a "aração"K7e-stellL! coo "K***L in,ocação desa?adora 8ue rene o &oe a re8uerero 8ue se desco)re en8uanto su)sist$ncia" 5HE;NE77ER! PP)! p* GXQ6* Arelação agora se in,erte. não é o &oe 8ue aguarda o 8ue a natureza tea l&e o#erecer! as exige e disp%e a natureza coo u o)Ceto*

    A prop'sito! coo se coloca o &oe nesse es8uea de pensaento Neinício! con,é a#astar a ideia ing$nua de 8ue o &oe controla a aração!

    ua ,ez 8ue ele eso est> inserido no capo do desa?o da natureza!coo u elo da cadeia da "aração"* +or estar dentro da cadeia! nãodepende do &oe! en8uanto indi,íduo! coo se d> o desco)riento doente! eso 8ue ele ten&a a pretensão de deterin>-lo*

    E)ora dependa de u desta8ue dado ao "#azer"! a técnica oderna nãopode ser pensada coo u ero #azer 8ue se esgota no doínio da ação&uana! as reete a ua ess$ncia ais apla! a ua atitude 8ueantecede a operação técnica! 8ue é Custaente o 8ue designa a "aração"!a 7e-stell! coo a reunião do p@r desa?ante da realidade* Ainda 8ue o p@rda aração se asseel&e B poiesis coo odo de desa)rigar e "in,entar" oente! ele é su)stancialente di#erente dela! pois! no interior da aração! o

    &oe não encontra ais a sua ess$ncia* +or eio da aração! aodernidade perdeu o controle do princípio da su)Ceti,idade! se é 8ue

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    algu dia se pode considerar 8ue a trans#oração do &oe e suCeitol&e outorgou a posição de "controlador"*

    Heidegger! C> 8ue iplica a intenção de ordenaro undo de ua nica aneira! de explorar a natureza tendo e ,ista ua

    nica ,ia e! co isso! regular a ,ida dos &oens con#ore essa ,ia* Aess$ncia da técnica estende-se para o capo das atitudes &uanas!acarreta u coportaento! principalente de separação da natureza* Aterra é su)etida ao undo e deixa de &a,er o co)ate! o 8ual na o)ra dearte ainda se anté ,i,o* A arte! toada coo poiesis KNic&tungL! é! aocontr>rio! u lugar onde a aproxiação Kdic&tetL da terra e do undo aindaperanece coo ua possi)ilidade* +or isso! Heidegger dir> 8ue

    K***L a pala,ra 4p@r4 designa no título aração não soente o desa?ar* Masela de,e iediataente guardar a ressonncia de u outro 4p@r4 da 8ualpro,é! a sa)er! guardar a ressonncia da8uele produzir e expor 8ue nosentido da poiesis deixa ,ir B #rente no desco)riento o 8ue est> presente*

    5HE;NE77ER! P! p* GX6*

    A técnica pretende esta)elecer coo os &oens de,e se p@r no undo* 0rata-se de u p@r 8ue disp%e con#ore ua nora exterior e a)strata* [> aarte! antes de ser apenas u setor da ,ida &uana! ua era ati,idade do&oe 5de u pe8ueno grupo de artistas ou dos aantes da arte6!constitui ua possi)ilidade di#erente para o &oe de estar no undo*"+oeticaente &a)ita o &oe so)re esta terra"! ressalta o ,erso de u#ragento de H\lderlin! o 8ual Heidegger cita uitas ,ezes e seus textos*Ou seCa! o 8ue est> e Cogo na noção de poesia e de técnica 5pensadadesde sua orige coo poesia6 é a possi)ilidade de ua #ora de

    exist$ncia*E! assi! teos u #orte contraste entre dois tipos de procedientos eatitudes. ua situação é constituída pela terra coo &er-stellen e o undocoo au#-stellen! 8ue estão e co)ate KStreitL na o)ra de arte e periteo traço KRissL en8uanto #ora K7estaltL* Outra situação é o ipulsodesa?ador! extrati,ista e arazenador da técnica oderna coo araçãoK7e-stellL*

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    pois se encontra coproetida co u outro tipo de posicionaento! 8ueé o da su)Ceti,idade coo representação KDor-stellungL* Resta-nos agoraexainar a noção de Dorstellung! 8ue est> B )ase da 7estell*

    G A deterinação eta#ísica da representação coo aração

    Heidegger a?ra! no início do ensaio so)re a técnica! 8ue "K***L a técnicanão é nada de técnico" e distingue a técnica da ess$ncia da técnica* Uacoisa é pensar a técnica tal coo se ostra iediataente aos nossosol&os! segundo a relação instruental coo u eio para ?ns! outra coisaé pensar a técnica pelo odo coo ela se apresentou! de acordo co a suaess$ncia &ist'rica! en8uanto ua atitude decidida antes eso 8ue atécnica se re,elasse na exist$ncia* A pala,ra ess$ncia é então toadasegundo o ,er)o 2esen e a pergunta pela ess$ncia da técnica é a perguntapelo odo de se apresentar ou de se essencializar da técnica! e seu rasgo#undaental*

    Nisso decorre u #ato siples. a ess$ncia da técnica não reside no odo desurgiento da técnica industrial e de >8uinas! no século ]D;;;! coo algoposterior ao surgiento das ci$ncias ate>ticas! as 8uais se ipuseraco #orça! no século ]D;;! dando a ilusão de 8ue a técnica seCa ci$nciaaplicada* ;sso ,ale no )ito da concepção instruental da técnica! asnão 8uando se trata de sua ess$ncia! a 8ual est> coproetida antes coa eta#ísica da época oderna*

    A época oderna! por sua ,ez! é situada no coeço de A época da iagede undo! texto de 1FGX! a partir de cinco características! 8ue exprie oprop'sito de o &oe penetrar e doinar a natureza coo suCeito* 8uinas* Esta! coo C> en#atizaos! não de,e sercopreendida coo era aplicação da ci$ncia! pois iplica uatrans#oração especí?ca da pr>xis e da atitude &uana! cuCa orige é aeta#ísica oderna*

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    se trans#orou e certeza do representar* na eta#ísica de Nescartes 8ueo ente é! pela prieira ,ez! deterinado coo o)Ceti,idade do representar!e a ,erdade coo certeza do representar* 5HE;NE77ER! 1FFX! p* 1PF-11P6*

    preciso ressaltar! nessa trans#oração! o #ato de 8ue o &oe se tornasuCeito! o 8ue signi?ca 8ue ele se torna a )ase! o po3eienon! a partir do8ual a ,erdade se deterina* A identi?cação do suCeito co u "eu" é uaconse8u$ncia dessa trans#oração! as não sua orige prieira! pois C>nos gregos se trata,a de u ego*

    Heidegger considera 8ue até Nescartes - e isso no interior da eta#ísicaesta)elecida desde os antigos - todo ente era nele eso u su)-Cectu!u po3eienon! "K***L algo su)Cacente por si eso! 8ue! en8uanto tal!est> ao eso tepo na )ase das suas propriedades peranentes e dosseus estados 8ue uda" 5HE;NE77ER! 1FFX! p* 1G16* coo li)ertação do &oe cooautodeterinação de si eso e coo u su)-Cectu destacado por si

    eso e relati,aente a todas as outras perspecti,as! a todos os outrosentes! inclusi,e diante de Neus* Heidegger então pergunta* "O 8ue é estealgo certo 8ue #ora o #undaento e d> #undaento O ego cogito 5ergo6su" 5HE;NE77ER! 1FFX! p* 1GG6* A perspecti,a do pensaento 8ue!siultaneaente! pressup%e ua exist$ncia! u ser! perite o desta8ue dacategoria da representação! 8ue exprie a proCeção do &oe coopensaento diante dos entes*

    ontudo! a representação não signi?ca siplesente p@r algo diante do&oe! "representar algo"! nua atitude passi,a de 8ue algo 8ue aindanão existe é então representado pelo &oe e se torna u o)Ceto* +elocontr>rio! o representar te o car>cter do coagitatio! no sentido de 8ue

    coporta u representar 8ue é! ao eso tepo! u deterinadoproCetar &uano e! so)retudo! ua pretensão de controle desse proCetar* Orepresentar apenas aparenteente é ua apreensão do 8ue est> B #rente e8ue se orienta por algo 8ue ,e B #rente! B presença*

    O representar C> não é o p@r-se-a-desco)erto para K***L! as o agarrar econce)er de K***L não é o 8ue-est>-presente 8ue ,igora! as o ata8ue 8uedoina* O representar é agora! de acordo co a no,a li)erdade! ua,ançar! a partir de si! para a >rea ainda por assegurar do 8ue est> seguro*O ente C> não é o 8ue-est>-presente! as s' o 8ue est> posto e #rente norepresentar! 8ue é o)-Ceti,o K7egen-st^ndigeL* Re-presentar é o)-Ceti,ação

    8ue a,ança! 8ue doa* O representar epurra tudo para dentro da unidadedo 8ue é assi o)Ceti,o* O representar é coagitatio* 5HE;NE77ER! 1FFX! p*1GG6*

    +ode-se dizer 8ue o processo de representação é siultaneaente duplo. étanto a colocação de algo diante de si 8uanto a reissão do 8ue é posto aua relação de coação de 8ue p@s* "Re-presentar signi?ca a8ui trazerpara diante de si o 8ue-est>-perante en8uanto algo contraposto! reet$-lo asi! ao 8ue representa! e! nesta re#er$ncia! epurr>-lo para si coo o )itoparadig>tico" 5HE;NE77ER! 1FFX! p* 11Q6*

    Essa apreensão do &oe coo suCeito pela representação! 8ue possui o

    car>cter de coação signi?ca 8ue o representar é! a partir de agora!acopan&ado pelo car>ter da certeza #undaental do suCeito! 8ue a cada

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    representação se encontra na )ase coo orientação representadora ourepresentati,a* "En8uanto su)Cectu! o &oe é co-agitatio do ego* O&oe #unda-se a si eso coo edida para todas as escalas co as8uais se ede 5se calcula6 a8uilo 8ue pode ,aler coo certo! isto é! coo,erdadeiro! coo algo 8ue é" 5HE;NE77ER! 1FFX! p* 1G6*

    Se retornaros no,aente B 8uestão da aração! da 7e-stell! pode-seconsiderar 8ue ela é a e#eti,ação plena da representação su)Ceti,a! naedida e 8ue a,ança na organização do undo* A 7e-stell surge coo aexpressão da atitude organizacional! ,oliti,a e de coação da Dorstellung! ouseCa! coo a ani#estação da representação coo ,ontade no doínio daci$ncia e da ,ida* O),iaente! esse traço #undaental da su)Ceti,idadecoo ,ontade apenas ser> le,ado B luz pelo pensaento de se encontra na )ase da eta#ísica oderna cartesiana*

    A aração pode ta)é ser pensada no &orizonte da trans#oração darepresentação e iage e e sistea! ua ,ez 8ue a ess$ncia daodernidade consiste no #ato de 8ue o undo se torna iage* "Tazer-seiage de algo 8uer dizer p@r o ente eso! no odo coo est> no seuestado! diante de si! e! en8uanto posto desta #ora! t$-lo constanteentediante de si" 5HE;NE77ER! 1FFX! p* 116* E Heidegger acrescenta! aisadiante. "K***L é onde o undo se torna iage 8ue o sistea c&ega aodoínio" 5HE;NE77ER! 1FFX! p* 16* A noção de sistea! e)ora ten&aencontrado sua expressão ais clara no capo do pensaento! iplicaua estruturação da o)Ceti,idade do ente ao ser representado* cada ,ez ais #orte e "dra>tica"! na época da consuação daeta#ísica! no &orizonte da relação entre representação e ,ontade e

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    o perigo de a aração cooess$ncia da técnica oderna ipedir a experi$ncia do desa)rigar coo tal!ipedir ao &oe a experi$ncia da relati,idade desse odo dedesco)riento e assi ,islu)rar u outro tipo de relação co o ente5HE;NE77ER! PP)! p* GFP6*

     [ustaente por isso e por ais paradoxal 8ue possa parecer! Heideggerconsidera 8ue a técnica! e sua ess$ncia original! não é u perigo! e sisoente é perigoso o o#uscaento e a cegueira pro,ocados pela atençãoexclusi,a B deterinação instruental da técnica oderna* Nito de outroodo! o perigo da técnica não est> nos resultados técnicos e nos o)Cetos

    técnicos 8ue nos cerca e 8ue parece assustadores! as o )lo8ueiogerado pela ess$ncia oderna da técnica! 8ue repousa na aração* nas >8uinas! toda,ia! no sisteade pensaento 8ue as alicerça*

    A estrutura da técnica oderna é tal 8ue ela nos #az es8uecer 8ue! naorige da esa! est> ua decisão &uana* Ela nos ipede de pensar8ue ua outra #ora de desocultação ta)é é possí,el* O re8uerer! aco)rança e a segurança 8ue deterina a aração a#asta o &oe deexperientar outras #oras de desco)riento de si e do undo! )e coode di#erentes odos de a)rigar e desa)rigar! en?! de oradia so)re essaterra* "A técnica não é o 8ue &> de perigoso* rio! existe o istério de sua ess$ncia* A ess$ncia datécnica! en8uanto u destino do desa)rigar! é o perigo" 5HE;NE77ER!PP)! p* GFP6*

    Segundo Heidegger! nunca ireos ter ua noção da técnica ou de uaoutra possi)ilidade de conduzir nossa exist$ncia! en8uanto nos ati,erosapenas ao ní,el instruental da técnica* Realizar reuni%es ou de)atestécnicos so)re a técnica é o eso 8ue )lo8uear u acesso ,erdadeiro Btécnica* A atitude 8ue se coloca no interior da técnica! si)olizada! porexeplo! no ?le 0epos odernos! de &arles &aplin! do oper>rio 8ueapenas ,i,e e #unção de apertar os para#usos! ipede a percepção da

    >8uina coo u todo* preciso antes u distanciaento diante datécnica - e isso signi?ca en#rent>-la co so)riedade* Vuando #or #eito isso! atécnica deixar> de ser algo assustador! as se re,elar> a partir de suaorige poiética* E a8ui! de algua #ora! poderão reencontrar-se a técnicae a arte! o produzir artístico e o produzir técnico*

    H\lderlin. intuição e intiidade

     

    H\lderlin. intuition and intiac(

     

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    Marco Aurélio Werle_

    Nepartaento de Tiloso?a da Uni,ersidade de São +aulo US+

    Endereço para correspond$ncia

     

    RESUMO

    ter dialético da o)ra de H\lderlin! 8ueopera co ua série de oposiç%es. entre o ser e a consci$ncia 5Cuízo6! osdeuses e os &oens! os antigos e os odernos! o todo e a parte! a razão e a

    sensi)ilidade! a naturezae a arte! a in#ncia e a ,el&ice! a pria,era e oin,erno etc* rias pouco nos aCuda para situ>-lo! pois H\lderlin de,eser toado pela ?gura "deslocada"Z 8ue #oi. tanto rontico 8uantoidealista! )e coo classicista e anticlassicista*

    Sua o)ra não é apenas u dos aiores onuentos poéticos da língua

    aleã! as possui u lugar de desta8ue na Tiloso?a! #ato este 8ue apenas#oi recon&ecido no século ]]! co a pu)licação! e 1FJ1! de u

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    ipressionante #ragento de duas p>ginas! intitulado "[uízo e ser"Z* Esse#ragento explora a g$nese da su)Ceti,idade e aponta para os liites daconsci$ncia* 0odo Cuízo ou Culgaento! considera H\lderlin! iplica uapartição! e aleão Ur-teil! partição da orige ou partição origin>ria* Aconsci$ncia ou o suCeito soente nasce 8uando se instaura ua separaçãoentre o &oe e o undo* O Ser! e sua plenitude! ao contr>rio! est> naorige da relação entre suCeito e o)Ceto! sendo! portanto! inatingí,el pelopensaento l'gico e racional*

    O Ser pode ser toado ta)é coo o "iediato"Z! 8ue H\lderlin considerainatingí,el tanto para os ortais 8uanto para os iortais! e seuscoent>rios Bs traduç%es de #ragentos de &inos de +índaro! entre 1XPP e1XP! as apenas pu)licados no século ]]! ais precisaente! e 1F1P*Niz H\lderlin.

    O iediato! toado e sentido rigoroso! é ipossí,el para os ortais!assi coo para os iortaisZ o Neus precisa distinguir di#erentes undos!

    de acordo co a sua natureza! pois a )ondade celestial de,e ser sagradapor causa de si esa! não isturada* O &oe! coo con&ecedor! de,eta)é distinguir di#erentes undos! por8ue o con&eciento é apenaspossí,el por eio da oposição* 5H\lderlin! 1FQ)! p* GPF6

    A noção de u todo pleno e da es#era &uana coo separação se anunciata)é nu #ragento do período da loucura! intitulado Tigura e espírito."0udo é íntioI;sso separaIAssi guarda o poeta"Z1* Essas re=ex%esaparenteente siples encontra-se na )ase da dialética de Hegel! 8uecertaente não teria tido a esa en,ergadura e aplitude se não #osse acontri)uição de H\lderlin*

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    E nessa #unção H\lderlin ta)é con&eceu sua nica e tr>gica experi$nciaaorosa* Seu noe é Susette 7ontard! ãe de u de seus alunos e esposade u in=uente )an8ueiro de Tran3#urt* Susette aca)ou tornando-se a"Niotia"Z dos poeas de H\lderlin. a personage de inspiração plat@nica5do di>logo O )an8uete6 8ue personi?ca o ingresso ao undo ideal e&aronioso do aor e da )eleza* H\lderlin en,iou-l&e u exeplar doroance Hipérion ou o ereita na 7récia!co a dedicat'ria. "A 8ue aissenão a ti"Z 5We sonst als Nir6*

    Mas! o #ato ais decisi,o na ,ida de H\lderlin #oi a loucura 8ue o tragou por,olta dos GP anos de idade* Entre 1XP e 1XQG! ano de sua orte! isto é! por8uase 8uarenta anos! H\lderlin ?cou con?nado e ua torre e 0)ingen!aos cuidados de u arceneiro c&aado `ier* Nurante todo esseperíodo se ante,e sepre uito calo e recepti,o 5su)ser,iente6 co8ue o ,isita,a e continuou copondo poeas! e geral curtos e riados!uitos deles tratando das estaç%es do ano! principalente da pria,era5der Tr&ling6* Alguns deles #ora assinados co o pseud@nio Scardanelli!

    8ue! segundo o linguista Roan [a3o)son 51FFP6! seria ua ,ariante dopr'prio noe de H\lderlin*

    Os c&aados "poeas de loucura"Z contrasta co o período criati,o e"lcido"Z do poeta! 8uando raraente eprega,a rias* A loucura ou o"deslocaento"Z parece ter realizado o 8ue o pr'prio H\lderlin e ,>riosoentos teatizou coo sendo a ",ocação do poeta"Z 5da ode de esotítulo. Nic&ter)eru#6. a8uele 8ue! tal coo u seideus 5do &ino O Reno6!rece)e o #ogo di,ino e! co a "ca)eça desco)erta"Z 5do &ino oo e diade #eriado6! reen,ia ou transite solícito a ensage do alto ao po,o*

    Se o)ser,aros o todo da ,ida de H\lderlin! tendo e ,ista 8ue #oi

    declarado louco e 1XPJ! 8uando tin&a GJ anos! e 8ue ,i,eu ais G anos!até de Cun&o de 1XQG! copletando G anos! sua ,ida realizaestran&aente o 8ue é dito e "Metade da ,ida"Z 5H^l#te des 9e)ens6! uacoposição de 1XP-PG e 8ue integra o grupo 8ue H\lderlin esointitulou de "anç%es noturnas"Z 5 #rio! as =ores! e ondeO clarão do solE as so)ras da terra+ersiste os uros

    blgidos! eudecidos!E ao #rio ,ento

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    Ringe cata,entos*

     

    * A atitude poética situada entre deuses e &oens

    A atitude do poeta! na tare#a 8ue l&e ca)e! de,e ser! so)retudo! de espera ede recepti,idade! ele te de estar co "o peito aig>,el"Z 5coo leos naode Docação de poeta! de 1XPP-P16* O di,ino não pode ser siplesenteutilizado e zo)ado.

    +or tepo deais ?cou B erc$ tudo o 8ue é di,inoE todas as #orças celestiais #ora zo)adas! os )ondososTora desperdiçados! por puro prazer! co ingratidão!+or u corpo esperto e 8ue ainda iagina 8ue pode con&ec$-los*5H\lderlin! 1FQa! Dol* ! p* QX6

    E no &ino O Reno leos so)re a ess$ncia do 8ue ,e do alto.

    U eniga é o 8ue decorre puraente* 0a)éO canto pode uito pouco desocult>-lo*5H\lderlin! 1FQa! Dol* ! p* 1P6

    E no &ino oo e dia de #eriado os poetas! e sintonia co a natureza!no sentido da p&(sis dos gregos 5coo interpretou Heidegger! 1FX1! p* J6!aguarda o tepo propício para expriir o sagrado* Assi coo anatureza! eles parece estar descansando! as sepre estão ati,os! pois"no canto sopra seu espírito"Z5H\lderlin! 1FQa! Dol* ! p* 1G6*

     0anto na poesia 8uanto na ?loso?a! H\lderlin se o,e nua região 8uetranscende situaç%es e #atos do cotidiano e se aproxia de u uni,ersoarcado pela experi$ncia do di,ino e do sagrado* Otto Maria arpeaux5PP! p* X6 inicia seu ensaio "A ensage de H\lderlin"Z dizendo.",aos apresentar-,os o ais solene dos poetas"Z* Esse car>ter solene sede,e a u contato co teas a)stratos! as ta)é decorre de H\lderlinter sido u poeta não de ocasião ou 8ue se dedicasse a teas prosaicos!as! si! algué 8ue! coo diz 5Heidegger! 1FX1! p* GQ6! poetiza,a apr'pria poesia! ou seCa! 8uestiona,a o pr'prio sentido e posição do poeta noundo* Nesse odo! ele pode ser c&aado de "poeta dos poetas"Z5expressão cun&ada ta)é pela leitura de Heidegger6*

    Se d,ida! a poesia de H\lderlin não é deste undo! pois &a)ita opanteíso! o "u e tudo"Z 5e grego. en 3ai pan6* O panteíso! introduzidona ?loso?a aleã da época por eio de ua recepção de Espinosa! #eitapor [aco)i! e 8ue inclusi,e instaurou a "8uerela do panteíso"Z! rece)e eH\lderlin ua reorientação na direção da teatização da orige! 8ue étanto o todo 8uanto a parte! isto é! a)riga nela esa a di#erença. aplenitude do di,ino 5o todo6 contrasta co as car$ncias e liitaç%es da?nitude &uana 5a parte6* clito*

    A grandiosa #rase de Her>clito! &n diap&éron &eaut@i 5o uno di#erente e sieso6 s' poderia ser encontrada por u grego! pois é a ess$ncia da

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    )eleza e! antes de ter sido encontrada! não &a,ia ?loso?a algua* A partirdaí pode-se de?nir! o todo esta,a l>* A =or &a,ia aadurecidoZ era possí,el!então! despedaç>-la* Anunciou-se! então! o oento da )eleza entre os&oens* Esta,a ali! e ,ida e espírito! o uno in?nito* 5H\lderlin! PPG! p* X6

    Nesse odo! o topos da totalidade se articula pela parcialidade ou pelaunidade 8ue coporta nela esa a di#erença* Esse tea é recorrente e,>rias coposiç%es poéticas de H\lderlin! principalente na8uele 8ue étal,ez o ais con&ecido de seus poeas. o anto do destino de Hipérion! de1F-FX! na traduçãodo nosso grande poeta Manuel /andeira.

    gua! de u pen&ascoA outro ipelida!9> soe le,adosAo descon&ecido*

    gua! Cogado de u pen&asco aoutro! nu percurso de 8ueda contínua ao descon&ecido*

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    Acrescente-se a8ui a concepção de H\lderlin acerca da car$ncia 8ue osdi,inos t$ dos &oens* Os deuses apenas ad8uire exist$ncia por eiodos &oens! por eio de u outro 8ue so#re por eles* o 8ue leos naoita,a estro#e de O Reno 51XP16.

    +or8ueOs )e-a,enturados nada sente sozin&os!Ne,e! se tal coisa é peritido dizer!E noe dos deuses! toando parte!Sentir u outro* Eles precisa dele*5H\lderlin! 1FQa! Dol* ! p* 16

    gua! ela exprie na ode A ,oz do po,o! de1FX! o o,iento dos rios ruo ao ar e si)oliza algo 8ue acopan&a opercurso &uano e dos po,os e direção ao todo e ao a)iso* rio da tend$ncia &uana de! e eio aos proCetos undanos!aleCar ua r>pida ,olta ao seio ou ao nin&o do todo! os rios são ua >gua

    8ue corre segura! indi#erente B insta)ilidade do sa)er &uano* So)re osrios! 8ue e O ;stro! #ragento poético de 1XPG! são os 8ue "torna&a)it>,el a terra"Z5H\lderlin! 1FQa! Dol* ! p* 1FF6J! nos diz H\lderlin e A,oz do po,o.

    Vue tu és a ,oz de Neus C> o disse outrora ,ão ruo do oceano!

    Tluindo tão ricos de pressentientos!gua 8ue não é u leito de rio! asdispersa e desordenada.

    Vue se es8uece de si! 8ue pronto atende

    Aos deseCos dos deuses! esse escol&e!Mortal 8ue le,a os ol&os )e a)ertosguia.

    Assi coo a >guia! o pai! [oga os ?l&otes paraTora do nin&o! para 8ue )us8ue

    +resas no capo!

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    Na esa #ora! sorrindo!Os deuses nos ipulsiona adiante*5H\lderlin! 1FQa! Dol* ! p* 16

     

    G* Tiloso?a e idealiso aleão

    r,ore e &oenage B li)erdade! con?antesnua reno,ação cultural 8ue! segundo eles! seria ine,it>,el e não tardaria ac&egar* O idealiso aleão! do 8ual H\lderlin participou ati,aente e seunasciento! nada ais é do 8ue a tradução e pensaento do espírito

    re,olucion>rio 8ue ,in&a da Trança*

    E! assi! no #ragento O ais antigo sistea do idealiso aleão! de1FJ! os tr$s aigos de 0)ingen proclaa a necessidade de 8ue a ideiade li)erdade! a partir da autonoia do suCeito! perpasse tanto a oral e aética 8uanto a política e a religião* Alé disso! e,oca ainda ua no,aorde! na 8ual a ?loso?a! a arte e a religião esti,esse iranadas pelapoesia e pela itologia*

    Esse es8uea de pensaento est> no centro do roance Hipérion ou oereita na 7récia* prenuncia atend$ncia intelectual e re=exi,a da época oderna*

    Ua das nossas aiores car$ncias diante dos antigos é 8ue não soosais capazes de alcançar a8uele "Ceito"Z ou "&a)ilidade"Z pr'prio de 8ue,i,e so) o signo do destino* +erdeos a8uela 0reic&3eit. "capacidade deacertar o al,o"Z! 8ue deterinou a "excel$ncia"Z 5Dortreic&3eit6 do odode ,ida e do sa)er do po,o ateniense*

    trios 5relati,os B p>tria

    de H\lderlin! a Alean&a6! é denunciada a nossa #ra8ueza diante dosgregos! o d(soron! a aus$ncia de destino! 8ue nos le,a Custaente atentar e ,ão procurar ua destreza! procurar a todo custo atingir algo5H\lderlin! PPX! p* FP6*

     

    Q* +roxiidade do espírito da 7récia

    Essa proposta de reno,ação cultural da época oderna! e consonnciaco os ideais da li)erdade! da igualdade e da #raternidade! le,ou H\lderlina ua aproxiação cada ,ez aior do espírito da 7récia antiga*

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    Mas! o 8ue é 8ue tanto e prendes costas antigas e )e-a,enturadas!Vue as ao ais do 8ue a in&a p>tria5H\lderlin! 1FQa! Dol* ! p* 1J16

    o e#eito! toda a o)ra poética de H\lderlin é pro#undaente arcada pelapresença da 7récia antiga! desde suas prieiras criaç%es! o roanceHipérion ou o ereita na 7récia e a tragédia inaca)ada A orte deEpédocles! até o ciclo dos grandes &inos! posteriores a 1XPP! )e cooas traduç%es 8ue epreendeu das tragédias de S'#ocles! Antígona e dipoRei* oo poucos! H\lderlin se dedicou intensaente ao odo de ser do&oe grego e acol&eu essa perspecti,a inicialente so) u registro tantonost>lgico 8uanto entusi>stico* Mas! aos poucos! #oi penetrando no ladooculto! isterioso e oriental dos gregos e! a partir disso! p@de reinterpretaro pr'prio destino de toda a cultura ocidental*

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    +ão e ,in&o coeça.

    1* Apresentando ua situação de repouso depois de u dia cansati,o detra)al&o* 8uando o undo descansa e surge a noite 8ue se apresenta ooento propício do ele,ado! por exeplo! da lua e do canto acopan&adoda lira nu Cardi onde Corra as #ontes* O eleento do alto despertadiante do térino da agitação &uana e terrena* Esse traço est> presentee Dolta ao lar e ta)é e oo e dia de #eriado! 8uando ucapon$s cain&a pelo capo depois de ua agitada noite de c&u,a e!então! se re,ela reno,ada a natureza*

    * Essa ele,ação ao di,ino reete B recordação da 7récia! do undo dauni?cação! do tepo do ,in&o! da presença di,ina* . "e para 8ue poetase tepo de indig$ncia"Z*

     [> O ar8uipélago! segundo a an>lise #eita por Vuintela! no ,olue e 8uetraduziu poeas de H\lderlin 51FQQ! p* 1JJ-1P6! en,ol,e tr$s oti,oscapitais. 16 o undo dos deuses nas 8uatro estro#es de entradaZ 6 a 7réciae sua &ist'ria espel&ada nos destinos de Atenas! iediataente antes dasguerras pérsicas 5seis estro#es seguintes6Z e G6 o regresso B ,ida real da

    atualidade do poeta 5tr$s ltias estro#es6! 8ue constitui a parte,erdadeiraente elegíaca do poea*

     

    * H\lderlin e o lassiciso de Weiar

    Essa no,a percepção da 7récia! 8ue nos é delineada e porenores nessasduas coposiç%es re#eridas! e! por conseguinte! a leitura da época odernadela depreendida! #ez co 8ue H\lderlin se a#astasse gradualente de7oet&e e de Sc&iller! os grandes representantes da poesia aleã da época*

    ,el para o inseguro H\lderlin* +araAnt@nio Medina Rodrigues 51FFQ6! a lírica de H\lderlin era irreconcili>,elco a ,isão de undo de 7oet&e* Ao contr>rio de 7oet&e! 8ue e seupoea de Cu,entude! intitulado +roeteu! rope co o undo di,ino eesta)elece o &oe no centro do uni,erso! H\lderlin procurou antes daru passo atr>s e sua recepção da itologia grega* +rocurou explorar uaes#era anterior aos deuses olípicos e reatar co o undo in#ore dos

     0itãs e das #orças da natureza*

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    +or não copreender ou por não aceitar esse recuo! 7oet&e c&egou!inclusi,e! a sugerir 8ue H\lderlin ?zesse poeas curtos e )re,es e não seentregasse tanto aos arrou)os da iaginação e aos longos ,ersosalexandrinos* Ou seCa! 7oet&e se enganou copletaente co o espírito8ue pulsa,a na ala de H\lderlin e a necessidade 8ue este possuía de nãose #urtar Bs contradiç%es da época oderna e aos cain&os da &uanidadena época "dos deuses suidos"Z*

    Ao contr>rio do lassiciso! 8ue de algua aneira lida,a co a ideia deua itologia 8ue aparasse a ati,idade poética e l&e desse sentido!H\lderlin se instala diretaente no centro da situação oderna esa daaus$ncia de deuses e das conse8u$ncias 8ue isso traz para a ati,idadepoética*

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    ;sso o le,ou! nos derradeiros anos de sua produção "lcida"Z! B #orulaçãode u pensaento di#ícil de ser apreendido! a sa)er! de ua "in?delidadedi,ina"Z e de u "retorno categorial"Z* Segundo esse pensaento! os deusesestaria separados dos &oens e ca)eria B poesia expriir não a plenitudeda totalidade! as! si! as ineras di?culdades da ,ida &uana entreguea si esa e se deuses*

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    seu térino*5H\lderlin! 1FQa! Dol* 1! p* QF6

    O 8ue iporta é o exercício da exist$ncia poética coo passage nica poressa ,ida e preparação para a orte en8uanto u ser-para-a-orte nocanto* O sagrado encontra-se! então! trans#erido para a pr'pria exist$ncia* isso 8ue parece expriir o #aoso s parcas! de 1FX.

    Nai-e! +otestades! ais u ,erão apenas!Apenas u outono de aduro canto!Vue de )o grado! o coração C> #artoNo sua,e Cogo! orrerei então*

    A ala 8ue e ,ida nunca des#rutou os seusNireitos di,inos ne no Orco ac&a repousoZMas se eu lograr o 8ue é sagrado! o 8ue

     0rago e eu coração! a +oesia!

    Ser>s )e-,inda então! paz do undo das so)rasontente ?carei! eso 8ue a in&a liratica da

    ess$ncia da poesia nu undo se deuses! podeos dizer 8ue RainerMaria Ril3e #oi u poeta 8ue! ce anos depois! extraiu alguas dasconse8u$ncias desse no,o tepo regido pela pergunta da sétia estro#e de+ão e ,in&o. "+ara 8ue poetas e tepo de indig$ncia"Z* Ril3e! ao dizer noterceiro soneto dos Sonetos a Or#eu 8ue "cantar é existir"Z! parece tercontinuado onde H\lderlin terinou! parece ter radicalizado a experi$nciaoderna de isolaento e solidão 8ue arca a poesia e a exist$ncia&uana* Ouçaos o soneto de Ril3e na tradução de Augusto de apos5PP1! p* 116.

    U deus pode* Mas coo erguer do sol!

    na estreita lira! o canto de ua ,idaSentir é doisZ no )eco se saídados coraç%es não &> teplos de Apolo*

    oo ensinas! cantar não é a ,aidadede ir ao ? da eta co)içada*antar é ser* Aos deuses! 8uase nada*Mas n's! 8uando é 8ue soos E 8ue idadenos de,ol,e a terra e as estrelas

    Aar! Co,e! é pouco! e ainda 8ue doaas pala,ras nos l>)ios! ao diz$-las!

    es8uece os teus cantares* [> não soa*

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    antar é ais* antar é u outro alento*Ar para nada* Ar#ar e deus* U ,ento*

    E! assi! a ensage legada por H\lderlin! segundo as interpretaç%es deHeidegger 51FX1! p* GG6! é dupla. ela nos le)ra 8ue "poeticaente &a)itao &oe so)re esta terra"Z 5do #ragento E aeno azul K;nlie)lic&er/l^ueL6 e "o 8ue peranece! #unda os poetas"Z 5RecordarKAnden3enL6*