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AFFONSO DE ARAÚJO E ALMEIDA Da Casa de Cultura de Limeira e União Brasileira de Escritores HEPTACORDO Prefácio de Altino Arantes da Academia Paulista de Letras São Paulo 1962

HEPTACORDO - memorialcacondense · Essa forma, dividi-a em duas partes: uma quintilha e um dístico, tornando-se, assim, uma composição poética, que tem a síntese do sonetilho,

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AFFONSO DE ARAÚJO E ALMEIDA

Da Casa de Cultura de Limeira e União Brasileira de Escritores

HEPTACORDO

Prefácio de Altino Arantes

da

Academia Paulista de Letras

São Paulo

1962

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AFFONSO DE ARAÚJO E ALMEIDA

Da Casa de Cultura de Limeira e União Brasileira de Escritores

Affonso de Araújo e Almeida nasceu em São José do Rio Pardo em 07 de julho

de 1882, mas viveu quase toda a sua vida na cidade de Caconde, com sua esposa Julieta de Araújo e Almeida e os filhos. Filho de José Maria de Almeida e Maria Barbara de Almeida, Affonso foi farmacêutico e poeta. Pertencia à antiga e famosa Casa de Cultura de Limeira e à União Brasileira de Escritores, tendo sido vencedor do Prêmio “Ciro Costa” de poesias clássicas. Publicou quatro livros Violino – versos, Ao luar – poemeto, Revelação – versos, e Heptacordo – versos (obra póstuma). Seu nome está incluindo na Enciclopédia de Literatura Brasileira e Literatura Luso-Brasileira. Faleceu aos 12 de junho de 1962, em Caconde. No seu túmulo está gravado no mármore seu poema intitulado “A Dor”, contido neste livro “Heptacordo”, que contém uma forma de metrificação poética e estilística criada pelo próprio autor. O livro “Revelação”, publicado em 1957, foi o livro de maior repercussão do autor e foi prefaciado por Affonso Penna Junior, membro da Academia Brasileira de Letras.

Túmulo do poeta no Cemitério Municipal de Caconde.

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PREFÁCIO

Porque – em oitenta e cinco anos de vida e apesar de ledor constante e de admirador entusiasta da poesia – nunca consegui fazer um só verso – julgo-me o menos credenciado para prefaciar um livro de versos...

Mas não houve como resistir ao pedido, para mim muito honroso, de membros ilustres da família do Sr. Afonso de Araújo e Almeida, que desejavam duas palavras minhas para introdução do livro “Heptacordo”, que ela resolvera publicar, em lembrança e homenagem ao seu chefe, na feliz ocorrência de seu octogésimo aniversário natalício.

E aqui estão a razão e a justificativa destas rápidas e desvaliosas linhas. Toda gente sabe que, até aos vinte anos, é possível escrever versos, sem ser

poeta; mas quem os escreve aos oitenta é, com certeza, um autêntico poeta. Demonstra-o e comprova-o o autor de “Heptacordo”, - precioso livro, em cujas páginas se sente viver e falar a própria alma do artista que o concebeu e compôs. Representa ele um contexto homogêneo e harmonioso de estâncias correntias, mas sempre maviosas, nas quais se nos deparam, admiravelmente conjugados, o estro, a métrica e a rima.

Abra-se ao acaso esta coletânea e, em cada uma das suas estrofes, sentir-se-á perpassar, sugestiva e atraente, a imaginação do vate, cujo pensamento paira nas regiões serenas do ideal e cujas rimas ressoam aos nossos ouvidos com a harmonia enternecedora daquele eterno, universal, altíssimo conto que, no dizer de Dante, sopra gli altri come aquila vola.

Entre as setenta quintilhas que compõem o “Heptacordo”, não há que escolher – pois todas elas são encantadoras na sua espontaneidade, na sua beleza e no seu “singelo feitio”.

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Mas, e apenas para exemplificar, “Sonho de poeta”, “Alma de poeta”, “Pão de Deus” e “Apoteose” bastariam, ao meu juízo, para inscrever o nome do seu Autor no glorioso elenco dos nossos mais populares e aplaudidos poetas. E nada mais se faz de mister, penso eu, para recomendar e encarecer a nova obra literária de Afonso de Araújo e Almeida – octogenário em cuja fronte encanecida perdura, vívida e rebrilhante, a centelha do talento e em cujas trovas se sente perpassar, perenemente moça e exuberante, a inspiração congênita, incoercível, de quem poeta nasceu e poeta há de morrer... para sobreviver na memória e aplauso da posteridade.

ALTINO ARANTES

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PREÂMBULO

“HEPTACORDO” é o nome que dei a esta forma lírica, distribuída em sete versos, sujeitos à rima, à cadência e a qualquer número de sílabas, sendo, entretanto, igual esse número de sílabas, em todos os versos. Essa forma, dividi-a em duas partes: uma quintilha e um dístico, tornando-se, assim, uma composição poética, que tem a síntese do sonetilho, do hai-cai e da trova.

Essa miniatura de poema pode resumir qualquer concepção estética do poeta: a sensibilidade de um caso passional ou místico, o romantismo, a ficção, o lirismo, a filosofia, o humorismo e qualquer pequena história cabível nesses versos.

Na quintilha, descreve-se a ideia concebida e, no dístico, que deve formar um sentido completo, reforçam-se ou se esclarecem os dizeres da quintilha. E, muitas vezes, devaneia-se o assunto nela delineado.

Esses versos devem ser numerados separadamente, com os algarismos romanos I e II. São, esses algarismos, certa distinção visual e fictícia do meu livro. Contudo, separam ideias e estabelecem paralelos.

A quintilha deve sempre rimar o primeiro verso com o segundo e o quarto; rimando o terceiro com o quinto. O dístico deve sempre ter, em cada verso, rimas diferentes, na parte que se refere à semântica. E tão somente poderá ser feito com as rimas da quintilha, quanto à sonância. E, sendo assim, como verá o leitor, não haverá triplicidade de valor sônico nessas rimas. O segundo verso do dístico deve, invariavelmente, rimar com o terceiro e o quinto da quintilha.

Jamais se deverá fazer “heptacordo” em versos brancos e sem métrica. Pois a métrica é a medida sonora e nobre do verso. É como o ritmo, na música. A rima é a

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alma musical do verso. Ela sonoriza o canto, como a harmonia sonoriza a música, que é a alma divina e criadora dos sons e das emoções.

Verso é música expressa pelas palavras. É o suavíssimo desenrolar dos sons e dos ritmos, na escala diatônica da linguagem. É o desenvolvimento melódico de poesia, de beleza, de arte e sentimento. Por isso, o verso deve ser melífluo e rico de inspiração.

A doçura do verso deve consistir na doçura da rima. Às vezes, por ênfase ou por enfonia, pode-se modificar o dístico, escrevendo-se

o segundo verso em lugar do primeiro, como se lê no poema “Minhas netinhas”. Diz Sainte-Beuve: “A rima é a única harmonia do verso”. Toedoro de Benville “esclarece-lhe ainda mais o valor, achando que a rima é

todo o verso, e a imaginação da rima é a principal qualidade do poeta”. Diz Alberto de Oliveira: - “O verso solto, ao menos entre nós, ainda desterrado

de todos os gêneros poéticos. Impera, triunfal, a rima”. Apesar dessas opiniões, há versos sem rima, cuja feitura é excelente e

eurrítimica. Tentei essa maneira de versejar-se, porque é simples, fácil e resumida. Aqui está o meu “HEPTACORDO”, no seu singelo feitio. Porque o verso é música de palavras, imaginei o “HEPTACORDO”, simbolizando

as sete notas musicais e as sete cordas da lira grega. O verso, que é o engaste imaginário da poesia, deve ser harmonioso, e a poesia

clara como a luz. Uma criação poética nem sempre agrada ao leitor. Contudo, aqui está o meu

livro de versos. Se o leitor achar uma poesia que lhe agrade, ficarei satisfeito por ter versejado

nas minhas horas de lazer. O AUTOR.

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FESTEJANDO OS OITENTA ANOS DE VIDA DO AUTOR, AOS 07 DE JULHO DE 1962, SEUS FILHOS, NORAS, GENROS, NETOS E BISNETOS, OFERECEM-LHE A EDIÇÃO DESTE SEU LIVRO DE VERSOS.

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O VERSO

I

Todo poeta, quando escreve, Burile o verso de leve, Bem de leve e delicado. Pois, para mim, ele deve Ser perfeito e burilado

II

Quanto anseio pela breve Feitura de um verso alado!

NOME DE MULHER

I

Para eu fazer de amor uma balada, Evoco a minha musa enamorada, Escrevo ao léu uma canção qualquer. Depois ela me foge, à madrugada, Dizendo um lindo nome de mulher.

II

Graças ao nome da mulher amada. Risonho, escrevo como a musa quer.

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UMA HISTÓRIA

I

Uma história delicada Que nem um conto de fada: Um sonho... Um beijo... Depois, O mundo cheio de nada, Sorrindo para nós dois.

II

Se essa história é mal contada, É por serdes vós que sois.

TEU SORRISO

I

Teu sorriso é doce e leve É do céu. Não se descreve Quando o sorriso é de amor. Se tem cor, é cor de neve. Muita vez é rosicor.

II

É fascinante, mas breve. Parece aroma de flor.

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PÃO DE CADA DIA

I

Que perfume! E que poesia! Obrigado. Que alegria O teu sorriso me trouxe: No meu pão de cada dia, Por encanto, transformou-se.

II

Pão de amor, que me extasia, Por ser tão leve e tão doce!

FILOSOFIA DE MULHER

I

Ó meu Deus, eu não sabia Da estranha filosofia Dessa mulher singular, Que, sofrendo, me sorria Para não ver-me chorar.

II

Vendo-a sorrir, que alegria! Pus-me, contente, a cantar.

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FUGA

I

A minha vida se biparte! Por que te vais, se a dor me parte O coração, ó meu amor? A vida é a mesma em toda parte: O mesmo sonho e a mesma dor.

II

Se fores tu, irei buscar-te No céu, no mar, seja onde for.

FLOR ENVENENADA

I

Lá vai o poeta pela estrada, A procurar a doce amada, Que se perdera nos trigais. E grita, ansioso: --- Ó delicada E linda flor, por onde andais?

II

Mulher é flor envenenada. Ó menestrel, por que a buscais?

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SAUDADE

I

Numa saudade o peito meu balança. E a saudade é o consolo da lembrança De tudo que alegrou a vida minha E coitadinha dela! Não se cansa De consolar a dor que me definha.

II

Se vivo de lembrar, uma esperança, Dentro em meu peito, cândida, se aninha.

VIVAMOS

I

Vivamos. Pois tudo passa Como a nuvem que se esgaça. Vivamos lá como for. Que será da tua graça? Que será do nosso amor?

II

Ah! Borboleta que esvoaça. Ah! Pobre do trovador.

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NARCOSE

I

Ó, dá-me um pouco de morfina, Um pouco de ópio ou cocaína, Dama gentil de áureo solar. E que do céu visão divina O sonho meu venha embalar.

II

Sonho contigo, ó peregrina. Por que do sonho hei de acordar?

FELICIDADE

I

Procurá-la que na há de, Ó doce felicidade! Por que me foge? Por que, Se vivo numa ansiedade À procura de você?

II

Se ela vem, logo se evade. E o trovador não na vê.

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O BEIJO

I

Beija-te o vento brando a rósea face E a mim, antes quisera te beijasse O meu sequioso lábio, anjo dileto. Diz João de Deus: A gente pede e dá-se, Na face, o beijo em nosso amor discreto.

II

O beijo é quente e doce, mas fugace: --- Revelador sutil do nosso afeto.

MELODIA DE FLAUTA

I

Porque certa alegria me alegrara, Toquei na minha flauta de taquara, A que tinha de Pã a melodia. E uma pastora de beleza rara, Ao som da minha flauta, me surgia.

II

Nós dois ficamos dentro da noite clara, À espera que chegasse a luz do dia.

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O SABIÁ

I

Lindo sabiá, fugindo ao bando, Que andais, dolente, ora cantando Um belo embalador, Vinde cantar, de quando em quando, No meu casal trovador.

II

O meu amor está chorando! Vinde alegrar o meu amor.

ESPERANÇA FALAZ

I

Nesta vida, tristemente, Por que vivo descontente De uma esperança falaz, Se a própria vida da gente É espuma que se desfaz?

II

Mas, descontente ou contente, Uma esperança me apraz.

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TEIA DE PENÉLOPE

I

Deu-me, Penélope, da teia E do seu canto de sereia, Para eu tecer a minha trama, Que é de saudade, a qual me anseia, E de carícia, que me inflama.

II

Entre essas duas balanceia A alma ditosa de quem ama.

FOLHA DE MALVA

I

Sabei, abelha do cardume: Da malva rórida o perfume, Evocador e delicado, Sabe um segredo, o qual resume Coisas de amor do meu passado.

II

E lembro agora o belo nome, Por quem andei enamorado.

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A CHUVA

I

Do sol o dia se enviúva, E, embaixo da ximbaúva, Fico soturno e sem graça Vendo a lágrima da chuva, Deslizando na vidraça.

II

Entaguece uma ave viúva, E a fria chuva não passa.

FLOR AGRESTE

I

À lapela me puseste Uma flor azul-celeste, Que depressa emurcheceu. A florzinha que me deste Era sombria como eu.

II

A esperança é flor agreste, Que entre espinhos floresceu.

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O INSETO LOURO

I

--- Como é bonito este aromal tesouro! Diria, se falasse, o inseto, louro, Pousando numa flor adormecida. E, vendo-o, airoso e belo, o verso douro E dourejo esta página florida.

II

E que áurea fantasia! O inseto de ouro Ilude o menestrel dentro da vida.

JANIRA

I

Ainda é noite no caminho, Onde nasce a flor do linho. E por que te vais embora? A rola só deixa o ninho Bem depois do vir da aurora.

II

Por que me deixas sozinho, Quando me alegras, agora?

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GLÓRIA

I

Trinam pássaros dos ramos Nos viridentes recamos, Nas horas do sol se pôr: É a canção dos gaturamos, À glória do nosso amor.

II

Tudo canta. E nós cantamos, Tristemente, a nossa dor.

CORAÇÃO DE POETA

I

Meu coração, que é tão frio, Ó meu amor, eu abri-o, E vi o que ele contém: Um desengano sombrio E uma saudade também.

II

Viver de poeta vadio, Ao léu da sorte que tem.

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À SUA ESPERA

I

A minha amada não sabia Que não floriu uma alegria No coração da primavera, Porque não foi, naquele dia, Quando eu estava à sua espera.

II

Oh! que letal melancolia De quem, ansioso, desespera.

CUIDADO!

I

Dura verdade! Um dia, morreremos. Que nos importa o mundo, se sabemos Que ele, apesar de belo, é enganador? E bem conforme à vida que vivemos, Dou a este mundo o seu real valor.

II

Tua vida é feliz? Glorifiquemos! Mas cuidado com ela, ó meu amor.

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BAILADO

I

Bailam as aves na planura, E as borboletas na espessura. Pois, neste mundo, é bom bailar. A gente esquece a desventura, Girando sem parar.

II

Meu coração, que se amargura, É um bailarino singular.

A DOR

I

A tarde vem. Anoitece. Dorme, sonha. Amor, esquece Esta verdade tão dura: A dor no berço aparece E morre na sepultura.

II

Se alguém, na dor, desfalece, A própria dor o depura.

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NÔMADE

I

Ó moço nômade e inexperto, Cujo caminho é tão incerto, Não sabes tu? A vida engana! Por que deixastes, no deserto, A tua linda caravana?

II

Rude poleá, que andas por perto, A vida ilude e desengana.

NOSTALGIA

I

Dentro da noite sombria. Do céu azul, mas tão fria Como as estrelas de prata, Há um canto de nostalgia, Que o coração me maltrata.

II

Ó troveiro, silencia Essa linda serenata!

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BATELEIRO

I

Foge ao perigo. E que loucura! Vogando assim, se me afigura Que vais morrer em pleno mar. Ó bateleiro! A vida é dura. O teu batel vai afundar.

II

Mas, sem temer essa aventura, Anda o marujo a navegar.

A VIDA

I

A vida corre. É mar bravio. É como o vento. É como o rio, Que vai correndo para o mar.. Deixa-a correr, bardo sombrio. Deixa-a correr, mas devagar.

II

A vida é fraca. É como o fio Que se rebenta de um colar.

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VIDA!

I

Ligeira como a fumaça, A vida é a noite que passa, A vida é o dia que vem, --- Dia azul, cheio de graça, E de surpresa também.

II

Vida! Glória à tua taça E à bebida que ela tem.

O MEU BARCO

I

Neste verso que componho, Lembro o barco do meu sonho Levado na maresia, Quando eu voava, tristonho, Procurando uma alegria.

II

Ai, marinheiro bisonho, Por que no remo confia?

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QUEIXA

I

Alma triste e combalida, Tens uma queixa sentida Desta vida vária e vã. Não chores. Pois tua vida Pode ser boa, amanhã.

II

Pode ser boa e querida. Pode ser bela e louçã.

A VIDA É PASSAGEIRA

I

Minha bela companheira, Quanta lida! E que canseira! Chega o outono. A rosa cai. Vai-se a flor da laranjeira, E o olor também se lhe esvai.

II

Por que a vida é passageira E dorida como um ai?

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O MUNDO

I

Este mundo é uma balança Da vida, que longo cansa. Pelo destino é aferida. E pesa a nossa esperança E o desengano da vida.

II

E a velha concha balança De tanto peso pendida.

DESALENTO

I

Bem te escuto junto da janela. Ó trovador, ritornela E deixa a corda vibrar. A tarde é triste, mas bela, E a noite vem devagar.

II

Que frio! A fonte congela, E pões-se o vento a chorar.

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HORTÊNSIA

I

A tua hortênsia não trescala. Mas, docemente, a brisa a embala, Quando um inseto pousa nela. Não tem olor para aromá-la, Embora seja airosa e bela.

II

Sem o sorriso, uma donzela É como a hortênsia cor de opala.

MOTIVO

I

Ando agora procurando Um motivo, alegre e brando Para encher meus madrigais: A água, que corre cantando, E a cantiga dos pardais.

II

Ó fonte e pardais em bando, Caminho por onde andais.

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NOIVOS

A Cecílio e Leonor. I

Como um casal de pássaros ridente, Voando e revoando, ao sol, airosamente, Vocês se vão alegres, vida afora. Ser noivo é ser feliz e sorridente, Sonhando ao rosicler da mesma aurora.

II

Chovam rosas do céu azulescente Na sua estrada, que floresce agora.

CANTILENA I

Ao som de flauta agreste ou de fanfarra Ou à voz de uma quérula guitarra, Trabalho e canto uma canção antiga. Pois tenho alguma coisa de cigarra, E alguma coisa rude de formiga.

II

Alegre, trabalhando, canto a parra E exalto o vinho meu nesta cantiga.

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O SINO I

Meu coração é como um sino, Tão velho, rude e pequenino, De velha torre a branquejar, Cujo sineiro, peregrino, O vai tangendo devagar.

II

Velho sineiro, sem destino, Por que meu sino anda a chorar?

CIBELE

I

A ti, por quem a Deus minha alma pede, Consagro o meu amor, que a tudo excede, Porque tu és o meu querido amor. E por seres gentil, Deus te concede A graça e a formosura de uma flor.

II

Que o teu caminho plácido se enrede De flores, de beleza e resplendor.

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MINHAS NETINHAS I

Glória e fulgor! E que magia No sonho meu, que refulgia Naquela noite, à beira-mar. Uma cantava. Outra sorria De uma maneira singular.

II

Que sonho bom! Quanta alegria. Naquela noite de encantar.

MARIA DE FÁTIMA

I

Tem um nome de santa, essa menina, --- Menina dos meus olhos, pequenina Como a figura ideal de um camafeu. Tem ela a graça, cândida e divina, Que, um dia, docemente, Deus lhe deu.

II

É bela como a rosa alabastrina, Que, à luz da Via láctea, floresceu.

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FÁTIMA E MARINÊS I

São duas belas meninas. Divinais e peregrinas Pinturas de Fragonard. E por serem assim divinas, Vem Jesus para as guiar.

II

Ide ver as pequeninas, Que têm candura no olhar.

OUTONO

I

Linda mulher de régio entono, O coração, no triste outono, É como um cálice sem vinho. É como um barco em abandono, Ao léu do pélago marinho.

II

É roseiral que não tem dono, Que, em vez de flor, dá tanto espinho.

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AFFONSO DE ARAÚJO E ALMEIDA

Da Casa de Cultura de Limeira e União Brasileira de Escritores

CANTO DE CISNE I

Setenta e seis velinhas (que virtude!) Iluminando a minha vida rude, Que é toda cheia de cabelos brancos. Olhai por mim, Senhor! Daí-me saúde E confortai-me os doloridos flancos.

II

Sou débil como o cisne, que se ilude, Filosofando à beira dos barrancos.

(7-7-1958 Do livro “Canto de Cisne”)

SONHO DE POETA

I

Teu sorriso é como o vinho. Porque sorriste, adivinho O sonho que vou sonhar: Sonho de poeta velhinho, Que se põe a suspirar.

II

Pisa bem devagarinho, Para a dor não acordar.

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Da Casa de Cultura de Limeira e União Brasileira de Escritores

A ALMA DO POETA I

A alma do poeta erradio, Sonhando em noite de frio, É como a aranha ligeira, Que tece, fio por fio, O sonho da vida inteira.

II

Sou qual tecelão sombrio Como a aranha tecedeira.

ENTARDECER

I

Dentro da tarde, que é sombria, O padre reza: --- Ave-Maria... E reza o povo à Virgem bela, Que é a mensageira da alegria E protetora da capela.

II

Agora o vento rodopia, E o céu aníleo se constela.

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NOSSA SENHORA APARECIDA

I

Uma alegria a minha fé me exorta. Pois hoje Ela passou por minha porta, No seu pequeno andor iluminado. E uma ilusão, que parecia morta, Me veio ao coração ensolarado.

II

D’Ela eu exalto o amor, que me transporta Da terra ao Céu de estrelas recamado.

A LÁGRIMA DE MARIA

I

Um brilho de ouro e jade, ao rosicler da [aurora,

Cinge, como num véu, a imácula Senhora, Que é a Mãe de Deus, cheia de graça e de

[magia. Ela, no céu, que desmaiado azul decora, Por este mundo abaixo, amargurada, espia.

II

Sondando, sente a dor que em nosso peito

[mora, E a lágrima deflui dos olhos de Maria.

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PARACLETO I

Há um tatalar de asas no meu peito, Imponderável, leve e de tal jeito, Que me suaviza o coração magoado: São os ruflos de um pássaro perfeito, Que vem dos anjos pela mão guiado.

II

Ó Divino, piedade! Pois é feito O peito meu de amor e de pecado.

VINHO DA GRAÇA

I

Sabei, minha alma enternecida: Vinho da graça é essa bebida Que vem das mãos do Criador, --- Bebida ideal que, bem bebida, Lava o pecado ao pecador,

II

Por ser do céu, alegra a vida. É o vinho mais consolador.

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PÃO DE DEUZ I

Flores do vale e do monte E cordeirinho alvo e insonte, O pão de Deus, que bendigo, É feito da água da fonte E da farinha de trigo.

II

Não é mister que eu vos conte: Trago-o no peito comigo.

GLÓRIA A DEUS

I

Glória à glória de Deus, que amável, das [alturas

Enche de graça hiperdivina as criaturas E veste as flores e alimenta os passarinhos. Hosana a Deus, que sara as nossas

[amarguras, E à rosa evita o fero golpe dos espinhos.

II

Sabei, ó pária, que a mais bela das venturas É andar com Deus nos nossos ásperos [caminhos.

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NOIVOS

I

Glória à glória das glórias peregrinas Que fulgem pelas amplidões divinas, Como apoteose ao Criador do mundo A Ti, Deus meu, que a orar sempre me [ensinas, Consagro o meu amor, o mais profundo.

II A minha alma é a menor das pequeninas; Na sua estrada, que floresce agora.

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AO LEITOR Tendo falecido o Autor aos 12 de junho de 1962, esta edição, que seria comemorativa do seu octogésimo aniversário aos 7 de julho de 1962, como está expresso no introito, passa a ser homenagem póstuma de sua família.

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Apreciações sobre o livro “REVELAÇÃO”

“REVELAÇÃO é um livro que nos infunde, de longo, a mais espontânea simpática

admirativa, um livro de contos líricos e puros, nascidos do coração de um homem que, apesar do inverno que se lhe aproxima, tem sempre o coração voltado para a Poesia e as coisas belas da vida. De Afonso de Araújo e Almeida, lendo-se lhe os versos, pode-se dele dizer o que se disse de Anatole: “ele nunca envelheceu, porque nunca deixou de amar”.

ADELMAR TAVARES

(Do discurso em que apresentou “Revelação” à Academia Brasileira de Letras

– “Jornal do Comércio”, de 23/06/1957).

“Pois o livro do Sr. Afonso de Araújo e Almeida... é, também e principalmente, o documento, eloquente e consolador, de que a poesia não se estiola, não se esgota, nem sequer se entibia, por obra da longitude existência...”

CORREA JÚNIOR

(“A Gazeta”, de 20/04/1957)

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“REVELAÇÃO” – um belo título a expressar uma bela revelação. O livro que o poeta

Afonso de Araújo e Almeida acaba de publicar, com prefácio de Afonso pena Júnior, é uma encantadora surpresa”.

JUDAS ISGOROGOTA

(“A Gazeta”, de 12/04/1957) “REVELAÇÃO, poesias de Afonso de Araújo e Almeida, com prefácio do Ministro

Afonso Pena Júnior, da Academia Brasileira de Letras. Numa primorosa apresentação, acaba de aparecer REVELAÇÃO, livro que, pelo nome, nos faz pensar, logo, em algum poeta adolescente, em alguma revelação no ‘strictu sensu’. Todavia, trata-se de autor já laureado e afeito, desde longos anos, ao trato com as Musas. Basta dizer que o Sr. Afonso de Araújo e Almeida pertence à tradicional e festejada Casa de Cultura de Limeira e foi, merecidamente galardoado com o Prêmio “Ciro Costa”, de Poesias Clássicas. Qual altaneiro e nodoso jequitibá, que reverdece todos os anos, numa perpétua primavera, o autor nos apresenta versos tão belos e delicados, tão impregnados de suave lirismo, demonstrando, à saciedade, que sua bela alma permanece sempre jovem, sempre esparzindo belezas, nesta época de “rok’en roll”, de materialismo, “de salve-se quem puder”.

JACOB PENTEADO

(Boletim da Fundação “Álvares Penteado”, n. 26, 1958)

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“O recente lançamento de ‘Revelação’- terceiro livro de poesias de Afonso de

Araújo e Almeida – vem de colocar diante de nós o problema da perman6encia do lirismo na poesia de todos os tempos. Isto porque sua poesia está toda impregnada de sopro lírico, mesmo quando se dispõe a descrever uma paisagem ou a narrar um fato que exorbita a dimensão poética”.

LUÍS WASHINGTON VITA (“Jornal Municipal”, de 01/04/1957)

“Lendo o livro de versos de Afonso de Araújo e Almeida – REVELAÇÃO, S.. Paulo,

1957 -, posso colher, no entrevero do metro bem cuidado e do ritmo afinadíssimo, momentos de autêntica poesia”.

ANTÔNIO D’ELIA (“Correio Paulistano”, de 07/07/1957)

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“O livro de poemas ‘REVELAÇÃO’, de Afonso de Araújo e Almeida, é o exemplo

típico da poesia aplicada como testemunho da vida, registro de sensação, colheita de horas e evocação de cenas vivenciais”.

MARIA DE LOURDES TEIXEIRA

(“Folha da Manhã”, de 03/04/1957).