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INTERAÇÕES DIGITAIS USOS SOCIAIS DA INTERNET EM PERSPECTIVA ETNOGRÁFICA Aluna: R e bec a H e rval Ori e ntadora: Adriana Braga R esumo: A dinâmica comunicacional estabelecida nos ambientes interacionais das redes sociais foi analisada. Em particular, buscamos discutir as formas específicas com as quais arranjos interacionais se organizam, e como as relações de pertença e reconhecimento se estabelecem. Os dados são oriundos das interações no âmbito dos ambientes digitais, de encontros presenciais, entrevistas pessoais e gravações em vídeo de interações entre participantes e a tecnologia comunicacional em situações de uso. A perspectiva da Ecologia das Mídias e a aplicação de conceitos da Análise do Discurso, das teorias da Interação Social e da Etnometodologia, possibilitam identificar categorias interacionais e discursivas, descritas e analisadas. Introdução O foco teórico desta pesquisa centra-se no estudo da interação ocorrente no ambiente da Internet, desde uma perspectiva ecológica da mídia. O termo ecologia da mídia (media ecology) foi originalmente definido por Neil Postman em 1970 ( apud Strate, 2003, p. 19) como “o estudo da mídia como ambientes.” 1 Walter Ong (2002) destaca que, com a explosão de informação que marca a época atual, a consciência das inter-relações de todas as coisas da vida e das estruturas do mundo em torno de nós tornou possível o estabelecimento de relações precisas e elaboradas entre realidades e particularidades específicas com outras realidades no universo e ambiente humanos. Esse autor considera que, dado o intensivo e detalhado conhecimento atual do universo interconectado e sua história evolutiva, vivemos no que poderia ser chamado de “era ecológica.” Logan (2002) credita o início da perspectiva ecológica da mídia às acepçõe s mcluhanianas, pioneiras na preocupação com o papel dinâmico da mídia e da tecnologia 1 Tradução pessoal. No original, “...t he study of media as environments .

(HERVAL, Rebecca) Interações Sociais Na Era Da Internet

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Este estudo buscou investigar as interações ocorrentes a partir dosambientes de Internet estabelecido em torno das redes sociais. O objetivo centralconsiste em descrever e analisar aspectos da dinâmica interacional estabelecida nestesambientes. Em termos mais específicos, pretendo discutir as formas particulares com asquais arranjos interacionais se organizam, bem como as relações de pertença ereconhecimento entre participantes, à luz de teorias da enunciação e da interação social.A partir da noção de sociabilidade, que poderia ser definida brevemente como umaforma autônoma, estética e lúdica da sociação (Simmel, 1983), procurei caracterizar esteambiente de mídia como locus privilegiado do encontro entre cultura midiática, práticassociais e tecnologia computacional.

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  • IN T E R A ES DI G I T A IS USOS SO C I A IS D A IN T E RN E T E M

    PE RSPE C T I V A E T N O G R F I C A

    Aluna: Rebeca Herval O r ientadora: Adr iana Braga

    Resumo: A dinmica comunicacional estabelecida nos ambientes interacionais das redes sociais foi analisada. Em particular, buscamos discutir as formas especficas com as quais arranjos interacionais se organizam, e como as relaes de pertena e reconhecimento se estabelecem. Os dados so oriundos das interaes no mbito dos ambientes digitais, de encontros presenciais, entrevistas pessoais e gravaes em vdeo de interaes entre participantes e a tecnologia comunicacional em situaes de uso. A perspectiva da Ecologia das Mdias e a aplicao de conceitos da Anlise do Discurso, das teorias da Interao Social e da Etnometodologia, possibilitam identificar categorias interacionais e discursivas, descritas e analisadas.

    Introduo

    O foco terico desta pesquisa centra-se no estudo da interao ocorrente no

    ambiente da Internet, desde uma perspectiva ecolgica da mdia. O termo ecologia da

    mdia (media ecology) foi originalmente definido por Neil Postman em 1970 (apud

    Strate, 2003, p. 19) como o estudo da mdia como ambientes.1 Walter Ong (2002)

    destaca que, com a exploso de informao que marca a poca atual, a conscincia das

    inter-relaes de todas as coisas da vida e das estruturas do mundo em torno de ns

    tornou possvel o estabelecimento de relaes precisas e elaboradas entre realidades e

    particularidades especficas com outras realidades no universo e ambiente humanos.

    Esse autor considera que, dado o intensivo e detalhado conhecimento atual do universo

    interconectado e sua histria evolutiva, vivemos no que poderia ser chamado de era

    ecolgica.Logan(2002)creditaoinciodaperspectivaecolgicadamdiasacepes

    mcluhanianas, pioneiras na preocupao com o papel dinmico da mdia e da tecnologia

    1 Traduo pessoal. Nooriginal,...the study of media as environments.

  • nos ambientes econmico, poltico, social e cultural.2 Nesse sentido, a perspectiva

    ecolgica da mdia agrega como aspectos da comunicao os estudos da mdia, da

    tecnologia e da linguagem, e a interao entre esses trs domnios, entendidos como um

    ecossistema (Logan, 2002).

    Este estudo buscou investigar as interaes ocorrentes a partir dos

    ambientes de Internet estabelecido em torno das redes sociais. O objetivo central

    consiste em descrever e analisar aspectos da dinmica interacional estabelecida nestes

    ambientes. Em termos mais especficos, pretendo discutir as formas particulares com as

    quais arranjos interacionais se organizam, bem como as relaes de pertena e

    reconhecimento entre participantes, luz de teorias da enunciao e da interao social.

    A partir da noo de sociabilidade, que poderia ser definida brevemente como uma

    forma autnoma, esttica e ldica da sociao (Simmel, 1983), procurei caracterizar este

    ambiente de mdia como locus privilegiado do encontro entre cultura miditica, prticas

    sociais e tecnologia computacional.3

    Ambientes Digitais e Identidades: j ustificativa

    A problemtica que norteia este estudo parte da compreenso das redes

    sociais, fenmeno miditico expressivo surgido na ltima dcada, como ambientes

    especficos possibilitados pelo suporte tcnico e seus usos, que originam prticas sociais

    peculiares. Acredito que essas interaes verbais tecnologicamente mediadas podem ser

    pensadas como um interessante ponto de partida para investigar a relao entre

    tecnologias da informao e interao social na contemporaneidade.4

    As fontes de sentido da vida social so diversas, originadas de campos

    sociais distintos. As mdias, tomadas como uma dessas fontes, realizam uma ao

    significante nos processos identitrios nos nossos dias. As mdias, entendidas como

    importantesdispositivosdesocializao,deintegraosocialedereproduocultural

    (Esteves, 2000, p. 26) podem ser consideradas agentes ativas no processo de

    constituio das identidades sociais. 2 Entretanto, McLuhan recebeu crticas severas por propor uma teoria miditica incapaz de articular satisfatoriamente a relao entre mdia, poder e comrcio. 3 Peculiaridades diversas da sociao online tm sido objeto de pesquisas recentes no campo da Comunicao, como as de Gomes (2001), Lemos (1998) e Martins (2003), entre outros. 4 Sobre a relao entre tecnologia e gnero, ver Paglia (1992).

  • Os grupos pesquisados so compostos na sua maioria por pessoas de classe

    mdia, que lidam com o computador diariamente, usurios/as leigos dessa tecnologia.

    As possibilidades proporcionadas por essas tecnologias delineiam um fenmeno

    histrico emergente que assinala uma tendncia, e que demanda compreenso. A

    considerar a implementao constante de programas e campanhas de alfabetizao,

    escolaridade, busca de soluo para a problemtica de acesso, incluso digital nas

    escolas e periferias, as prticas sociais realizadas pelos grupos observados apontam para

    uma perspectiva de crescimento exponencial, mesmo que hoje essas pessoas ainda

    possam ser tomadas como uma elite privilegiada.

    Objeto e Problema de Pesquisa

    O fenmeno que este estudo se prope a investigar se refere a uma

    atualizao contempornea especfica, o uso social das tecnologias computacionais

    recentes por grupos em interao.

    As atividades on-line esto inseridas em condies prticas de uso,

    utilizando-se de recursos de outros contextos interacionais em combinaes especficas

    de acordo com a demanda do caso de uso em questo. Tais atividades no parecem

    substituir atividades tradicionais, mas funcionar como seus complementos ou

    transformaes. Vrios aspectos da conversao oral-auditiva podem ser identificados

    na CMC; entretanto, outros modelos podem compor essa atividade especfica, como

    escritura de cartas, telefonema, conversao presencial, etc. Nesse sentido, o material

    em exame aponta para a necessidade de observao do modo peculiar de expresso

    verbal nesses ambientes, buscando compreender a especificidade dessa cultura

    comunicacional feita de textos escritos a partir do modo pelo qual participantes

    interagem.

    A forte dimenso interacional do fenmeno observado aponta para a

    necessidade de complementar a anlise do discurso de participantes com uma

    abordagem de cunho etnogrfico, visando a compor um aparato que possa captar com

    maior preciso e abrangncia a complexa a relao interacional estabelecida. Assim,

    sero examinadas transcries de entrevistas realizadas com informantes

    selecionados/as, anotaes feitas a partir da participao nos encontros promovidos

  • periodicamente por participantes, interaes verbais encontradas nas mais variadas

    redes sociais, e ainda, o contedo de um dirio de campo etnogrfico.

    Quadro Terico de Referncia Especificidades da atividade on-line

    Buscando lidar com um objeto de natureza tecnolgica, preciso evitar

    tanto a tentao do determinismo quanto da negao que este tipo de objeto suscita. A

    abordagem de Ong (1998) apresenta um meio termo sensato, que, a partir de uma

    perspectiva histrica, realoca a oralidade no lugar de originadora da cultura escrita. A

    escrita, considerada como tecnologizao da palavra, por estar to incorporada ao

    prprio pensamento humano, tem sua forma e organizao tomadas como bvias,

    dadas.5 As semelhanas e diferenas entre oralidade e escrita, entretanto, apontam

    aspectos interessantes de subculturas de sociedades de cultura escrita de alto grau como

    a nossa, onde fragmentos de oralidade podem ser identificados, revelando aspectos de

    grande interesse de estudo. Na passagem da fala para a escrita, opera-se um desvio do

    universo sonoro para o espao visual (Ong, 1998, p. 135). Nesse sentido, observa-se no

    LV um modo frequente e curioso de expresso, registros por escrito com ritmo e

    expressividade caractersticos de formas basicamente orais.

    Este uso subversivo da lngua culta aquela dos documentos formais

    reitera o distanciamento eletivo do mundo do trabalho, e a consequente adeso ao

    descompromisso prprio da sociabilidade. Uma distino importante ressaltada por

    Ong com relao escrita e oralidade, e parece se aplicar aos dados de campo:

    A escrita e a leitura diferem da oralidade, em termos de ausncia: o leitor est normalmente ausente quando o escritor escreve, e o escritor est normalmente ausente quando o leitor l, ao passo que, na comunicao oral, fal ante e ouvinte esto presentes, um diante do outro (Ong, 1998, p. 191).

    Para Ong, uma das diferenas operadas pelo surgimento da escrita com

    relao cultura oral foi a introduo de um tipo de reflexo analtica at ento

    inexistente. Livre da obrigatoriedade da presena fsica do outro e da concomitante

    necessidade do improviso demandado pela cultura oral, a cultura escrita permite tempo

    para reflexo, para escolher as melhores palavras. Com isso, ganha-se em preciso

    5 Entretanto, a experincia proporcionada pelos meios de comunicao tem influenciado a auto-identidade e a organizao das relaes sociais desde a primeira experincia da escrita (Giddens, 2002, p. 12).

  • verbal, mas perde-se um pouco em espontaneidade. Em nossa poca de oralidade

    secundria oralidade ps-tecnologia da escrita , a promoo da espontaneidade se d

    atravs da reflexo analtica operada pela escrita: decide-se que conveniente ser

    espontneo (Ong, 1998, p. 155).

    Assim, a introduo de uma nova tecnologia em dada cultura implica uma

    reorganizao desta nos mais diversos nveis, promovendo novo repertrio de palavras,

    novas prticas sociais, novos protocolos de interao, nova viso de mundo. A partir

    disso, no se tem a cultura mais a nova tecnologia, mas outra cultura. Nos termos de

    NeilPostman,amudanatecnolgicanonemaditivanemsubtrativa.ecolgica.

    Refiro-meaecolgicanomesmosentidoemqueapalavrausadapeloscientistasdo

    meio ambiente. Uma mudana significativageraumamudana total (Postman,1994,

    p. 27).6

    O computador pode ser usado como ferramenta, quando realiza tarefas

    como processamento de texto, gerenciamento de base de dados, bem como meio de

    comunicao, quando usado para a comunicao interpessoal atravs da rede de

    computadores. Enquanto a tecnologia mera mquina, na medida em que utilizada

    para o uso de um cdigo simblico e estabelece-se em certo espao social, torna-se

    meio, isto , um ambiente social e intelectual criado pela mquina (Postman, 1985). A

    interao estabelecida entre usurios/as cria o ambiente de mdia, esse novo espao

    intelectual e social denominado ciberespao.

    A ideia de usar computadores como meio de comunicao foi introduzida

    por J.C.R. Licklider e Robert Taylor, em 1968 (Barnes, 2003), e forneciam as ideias

    conceituais para o desenvolvimento da Internet: i) redes de comunicao so mais que

    enviar e receber informao de um ponto a outro, os agentes so participantes ativos que

    tm papel central no processo comunicativo; ii) comunicao um processo de reforo

    mtuo, que envolve criatividade; iii) o computador digital um meio flexvel, interativo

    que pode ser utilizado para a comunicao humana cooperativa; iv) a comunicao

    baseada em computadores exige um enquadramento comum da situao.

    A tecnologia digital, em rede, permite que as pessoas distribuam mensagens

    rapidamente pelo mundo, estendendo o alcance da comunicao humana. Nesse

    6 Como exemplos, pode-se pensar nas alteraes promovidas na cultura com a introduo da escrita, da imprensa e do telefone.

  • movimento, amplia-se o espao de acolhimento e visibilidade da expresso individual

    ou interesses de grupos especficos. Entretanto, importante ressaltar que este mesmo

    movimento, que promove a democratizao deste espao, entendido como espao

    pblico, tem como para-efeito uma banalizao e desconfiana com relao a grande

    parte do volume dos contedos publicados nestes ambientes. Pginas na web so criadas

    por uma variedade de indivduos e organizaes, tornando indispensvel uma avaliao

    das informaes veiculadas quanto exatido, autoridade, objetividade, segurana e

    atualidade por parte de quem as utiliza. Se a informao ali livre, tambm duvidosa.

    possvel observar em vrias instncias da Internet a utilizao deste espao apenas

    como uma possvel via de acesso s mdias tradicionais, que possuem a legitimidade

    pretendida pelos/as autores/as.

    Em 1999, o lanamento de sistemas de criao e hospedagem gratuita de

    pginas pessoais baseadas na web, possibilitou que usurios/as que no dominavam o

    script HTML (hipertext markup language), recurso bsico para a criao de websites,

    criassem seus blogs, fenmeno que registra crescimento exponencial.

    O blog um website pessoal ou coletivo, na maioria dos casos, sem fins

    comerciais, que mantm arquivos de registros datados e atualizados regularmente. Os

    blogs veiculam contedos que expressam a opinio dos/as autores/as sobre os temas

    tratados em ordem retrospectiva, baseia-se em independncia e partilhamento,

    geralmente, com livre acesso. A maioria dos blogs disponibiliza um espao de

    interao, de debate, de arena pblica, onde visitantes podem deixar seus

    comentrios, criticar, interagir com o/a blogueiro/a, e com os/as demais visitantes. Os

    blogs geralmente oferecem uma lista de indicao com l inks internos e externos que

    apontam para posts de arquivo, outros blogs recomendados e contedos que guardam

    afinidade com o tema de interesse do grupo.

    Interao Social e Apresentao do Self na C ibercultur a

    Desde a criao de interfaces simplificadas para veiculao de contedos

    on-line, os ambientes de Internet passaram a ser largamente utilizados por usurios/as

    no especializados/as como meio de expresso individual e coletiva, operando como um

    espao social para apresentaes do se lf, onde so veiculadas representaes de

  • identidade e de individualidade, em uma dinmica anloga ao que Goffman (1998)

    denominagerenciamentodaimpresso(impression management).

    Os indivduos se agregam a partir de interesses e necessidades que definem

    contedos especficos. Mas para alm desses contedos, o fato de se sentirem sociados

    provoca satisfao em seus membros, a formao daquela sociedade como tal em si

    um valor. O puro processo de sociao, a forma desse processo , assim, um valor

    esttico socialmente apreciado. Sendo assim, a sociabilidade (Simmel, 1983) evita

    atritos com a realidade, de modo que os motivos da sociao, implicados na vida

    prtica, no tm importncia neste contexto interacional. Ponto semelhante

    desenvolvido por Goffman, para quem a maior parte da interao social cotidiana

    possibilitada pelo engajamento comum e voluntrio dos participantes no que ele chama

    deconsensooperacional(Goffman,1998),umaespciedeconcordnciasuperficial,

    onde cada participante abstrai suas posies pessoais em prol de uma definio da

    situao compartilhada por todos:

    A conservao desta concordncia superficial faci litada pelo fato de cada participante ocultar seus prprios desejos por trs de afirmaes que apiam valores aos quais todos os presentes se sentem obrigados a prestar falsa homenagem. (...) Os participantes, em conjunto, contribuem para uma nica definio geral da situao, que implica no tanto num acordo real quanto s pretenses de qual pessoa, referentes a quais questes, sero temporariamente acatadas, haver tambm um acordo real quanto convenincia de se evitar um conflito aberto de definies da situao. Referir-me-ei a este nvel de acordocomoumconsensooperacional(Goffman,1998,pp.18-19).

    Mesmo com toda a mediao tecnolgica, a interao no LV parece no

    prescindir do encontro presencial. Por vezes, frequentadoras efetivamente promovem

    encontros presenciais, mais aos moldes da sociabilidade descrita por Simmel. Os

    encontros so concebidos, planejados e comentados no ambiente dos blogs, e

    documentados por participantes. Nesse caso, as relaes mediadas pelas tecnologias

    participam do contexto da interao, e a propsito dela: blog + bar + e-mail + MSN +

    celular + fotografia digital + fotolog + lista de discusso restrita + Orkut + Facebook +

    Twitter. Esta espcie de interao, assemelhada de um clube, associao de interesses

    compartilhados, utiliza as mdias disponveis de modo complementar, a servio da

    interao.

    Se por um lado, a teorizao de Goffman sobre a ordem da interao face a

    face parece se aplicar muito bem ao objeto sob investigao, por outro, os dados

  • apontam tambm diferenas importantes. Goffman considera que h duas espcies de

    expressividade do indivduo, atividades radicalmente diferentes e igualmente

    significativas: a expresso transmitida, ligada linguagem verbal e

    intencionalidade, e a expresso emitida, que inclui os gestos, olhares, suores, sorrisos

    ou expresses faciais, permitindo inferncias nem sempre controladas pelo indivduo.

    No caso do weblog, h menos elementos de emisso de expresso, somente aqueles

    veiculveis por forma verbal erros de portugus, por exemplo havendo uma

    preponderncia da informao deliberadamente transmitida. Isso traz conseqncias ao

    tipo de interao que se estabelece. Relativamente livres da expressividade via emisso,

    os sujeitos encontram menos obstculos ou obstculos de outra ordem em tentar

    manejar a impresso causada nos outros atravs de pseudnimos, nicknames, tentativas

    de controle com relao informao fornecida.

    Segundo Goffman (1998), um indivduo, ao se apresentar diante de outros,

    pode agir de vrias maneiras com relao ao que esses outros esperam dele. O processo

    de apresentao de si no contexto dos blogs se d de diversas maneiras; no obstante,

    alguns padres podem ser identificados. A temtica proposta pelo blog geralmente

    participa do contedo das mensagens de entrada em cena no ambiente, mas no

    necessariamente. O elemento que garante reconhecimento e pertencimento ao grupo o

    elogio, padro de entrada mais recorrentemente encontrado. O elogio ao espao e

    iniciativa geralmente bem recebido e respondido pelo grupo. Entretanto, outros

    padres se observam, os quais denominei no-elogio e crtica (Braga, A., 2005) O

    no-elogio, que pode ser um pedido de informao, uma dica ou comentrio, geralmente

    respondido com hospitalidade ou simplesmente no respondido. As crticas tm como

    resposta o ostracismo, a ironia ou a agressividade.

    O ambiente dos blogs tambm apresenta caractersticas de interao

    diferenciadas daquelas apresentadas pela sociabilidade, deixando perceber o

    desenvolvimento de outra forma de sociao, o conflito. A importncia sociolgica do

    conflito (kampf) problematizada por Simmel (1983) de forma original. Enquanto

    admite-se que o conflito modifique ou at produza grupos de interesse, o autor se

    pergunta se o conflito, independente de qualquer fenmeno do qual resulte ou

    acompanhe, , em si mesmo, uma forma de sociao. Apesar do conflito ser motivado

    por fatores de dissociao, tambm um modo de se conseguir algum tipo de unidade.

    Assim, o conflito pode ser visto como algo positivo, na medida em que ambas as formas

  • de relao, a divergente ou a convergente, se diferenciam fundamentalmente da

    indiferena entre indivduos ou grupos, que seria nesse sentido puramente negativa.

    da divergncia de nimos e direes de pensamentos que fluem a estrutura orgnica e a

    vitalidade do grupo. Ao contrrio do que pode parecer, unidade e discordncia so tipos

    de interao que no se anulam, mas se somam; e mesmo que a discordncia possa ser

    destrutiva em relaes particulares, no tem necessariamente o mesmo efeito no

    relacionamento total do grupo, podendo at ter um papel inteiramente positivo nesse

    quadro mais abrangente. As hostilidades preservam limites no interior dos grupos e

    muitas vezes garantem suas condies de sobrevivncia. O direito e o poder de rebeldia

    contra tiranias, arbitrariedades, mau-humor contribui para a manuteno da relao com

    pessoas cujo temperamento no poderia ser suportado de outra forma.

    Entre os pontos caractersticos da sociabilidade, Simmel destaca tambm

    sua natureza democrtica, uma espcie de toma l, d c, onde cada participante

    oferece valores sociais ao ambiente (alegria, realce) na mesma proporo com que

    recebe. Eliminado o que pessoal e objetivo, a sociabilidade cria um mundo

    sociolgicoideal(Simmel,1983,p.172),ondeoprazerdoindivduoestimplicadono

    prazer dos outros. Esta espcie de clube criado a partir desta interao especfica, que se

    manifesta como um campo finito de significao (Schutz, 1962), desvinculado dos

    assuntos srios e objetivos, aparece frequentemente nos materiais do LV.

    Desta maneira, na sociabilidade, a conversa o propsito em si, a conversa

    a realizao de uma relao ldica, que s quer ser relao. Enfim, talvez seja

    interessante para justificar a investigao sobre esse tipo de material, a aproximao que

    Simmel fazda sociabilidade,exatamentepor suadistnciade suarealidadeimediata,

    pode revelar a natureza mais profunda desta realidade, de maneira mais completa,

    consistente e realista que qualquer tentativa de apreend-lamaisdiretamente(Simmel,

    1983, p. 180). A considerar o relaxamento dos papis formais desempenhados em outras

    situaes interacionais, os momentos de sociabilidade tornam-se mais propensos ao

    fluxo de contedos espontneos, ntimos ou inconscientes, informaes talvez mais

    facilmente protegidas em situaes srias.

    Mtodo

  • Neste momento busco situar os conceitos citados acima visando apontar a

    pertinncia da articulao entre eles para o objeto de pesquisa e objetivos deste estudo.

    Na construo terica e metodolgica para a anlise, alguns conceitos

    procedentes de contextos e escolas diferentes, tornam-se operacionais para guiarem a

    investigao. Para os fins deste estudo, considero que dois destes conceitos esto

    intimamente articulados, a saber, interao social (Goffman, 1999) e enunciao

    (Benveniste, 1989). Estes conceitos foram produzidos em contextos bem distintos. A

    noo de interao social foi pensada no mbito da Escola de Chicago, visando a dar

    conta dos processos de trocas simblicas entre os/as participantes de uma situao

    social; o conceito de enunciao refere-se a uma dimenso descritiva dos modos atravs

    dos quais se elaboram discursos.

    Por sobre os elementos mais palpveis do blog os posts, links, layout e

    espao de comentrios possvelperceberoquepoderiaserchamadodeumateoria

    do grupo, um conjunto de princpios, valores e interpretaes sobre os eventos.

    Negociaes de sentido realizadas por interaes de modo dinmico, que negociam os

    termos a partir de perspectivas e mtodos prticos de enfrentamento de situaes

    concretas e posicionamentos das/os participantes da interao. Estas perspectivas e

    posies so afirmadas e registradas atravs de discursos que se materializam em textos

    escritos.Ostrabalhossobreosdiscursospressupemqueestesjtrazememsimarcas

    que revelam aspectos do funcionamento do sistema social e da cultura dentro da qual

    foram gerados, ainda que, muitas vezes, o/a enunciador/a no o pretenda (Fausto Neto,

    1991).

    Assim, fragmentos de definies de situao aparecem como tpicos de

    debate nos discursos, seguidos de outros posicionamentos relativos, estruturando o que

    chamei de thread (termo tomado da metodologia desenvolvida por Rutter & Smith,

    2002, que se refere a um conjunto de comentrios motivados por dado assunto em

    interaes on-line), unidade de anlise descrita abaixo. O thread, assim, se mostra como

    resultante de um duplo ordenamento: sujeito ordem do discurso (na sua dimenso

    poltica de negociao de significados), e ordem da interao (na sua dinmica de

    apresentao do self das/os participantes). Desta maneira, acredito que a articulao

    entre enunciao e interao social resulta produtiva para operacionalizar a leitura do

    complexo processo interacional sob exame.

  • O contexto discursivo das redes sociais pode ser pensado como um front de

    lutas por definies de realidade, e nessa transao de falas (Mouillaud, 1997) que

    produz os sentidos, significados de toda ordem disputam espao de legitimidade. No

    entrecruzamento de pressupostos, cultura de consumo, saberes tradicionais, ideais de

    movimentos sociais organizados e relaes histricas de poder, definies de situao

    so propostas, negociadas e transformadas no mbito da constituio desses discursos.

    Este tipo de operao discursiva constitui um dos aspectos a ser analisado neste estudo.

    Netnografia: possibilidades e limites da observao no-part icipante7

    Nas relaes interpessoais face a face, por telefone e assim por diante, as

    pessoas sabem como agir visando determinada impresso no interior de seu grupo de

    convivncia cotidiana. Mesmo que nenhuma regra esteja formalmente codificada, existe

    uma regulao tcita que cria expectativas de prticas sociais entre os indivduos. A

    CMC, por sua incipincia, demanda dos/as participantes das interaes neste contexto

    certa improvisao diante de situaes no vividas. Sendo assim, adapta-se modelos de

    outros contextos de interao para experimentar e ao mesmo tempo criar as regras para

    as relaes ocorrentes neste ambiente especfico. Assim, os padres de expresso

    praticados nesses ambientes no deixam de estar submetidos ao controle social das/os

    participantes da interao. A possibilidade do anonimato, por exemplo, pode funcionar

    simultaneamente como estmulo para vnculos de amizade e intimidade, bem como para

    a agressividade e desrespeito ao outro.

    Para o exame das trocas sociais ocorrentes no ambiente digital, uma

    aproximao caso a caso busca o refinamento da reflexo sobre os objetos

    comunicacionais emergentes a partir de sua natureza prtica mais que terica. Ao se

    afastar das prticas interativas vividas pelos sujeitos, corre-se o risco de produzir uma

    teoria estipulativa que se baseia na potencialidade oferecida pela tecnologia disponvel

    na Internet como meio de comunicao e no em seus usos concretos.

    O neologismo netnografia (nethnography = net + ethnography) foi

    originalmente cunhado por um grupo de pesquisadores/as norte americanos/as, Bishop,

    Star, Neumann, Ignacio, Sandusky & Schatz, em 1995, para descrever um desafio

    7 Uma verso preliminar deste tpico foi publicada na UNIrevista, v. 1, n. 3 (Braga, 2006)

  • metodolgico no trato com esses materiais: preservar os detalhes ricos da observao e

    campoetnogrficousandoomeioeletrnicoparaseguirosatores.

    No clssico livro A Interpretao das Culturas, de 1973, Geertz se posiciona

    entre aqueles que se preocupam com a limitao, com a especificao do conceito de

    cultura, visando reduzi-lo a uma dimenso justa que garanta a continuao de sua

    pertinncia. Para substituir a teorizao de seus antecessores que concebiam inmeras e

    amplas definies para o conceito, o autor defende um conceito de cultura semitico.

    Partindo da proposio de Max Weber, segundo a qual o homem um animal

    amarrado a teiasdesignificadosqueelemesmoteceu,aculturaseriaessasteiasesua

    anlise(Geertz,1978,p.15),demandandoassimumacinciainterpretativaembusca

    do significado.

    A tcnica etnogrfica foi concebida e historicamente aplicada a grupos

    sociais em interao face a face com o/a etngrafo/a, que fazia da sua experincia uma

    fonte de dados. O modo peculiar de interao ocorrente na CMC de alguma forma

    uma novidade, que traz desafios metodolgicos aplicao desta tradicional tcnica de

    pesquisa, tornando necessrio ajustar alguns pressupostos da etnografia a esse novo

    objeto, de que somos testemunhas e agentes em sua confeco.

    Em termos metodolgicos, a etnografia se funda na noo de observao

    participante, visto ser impossvel, em situaes face a face, uma observao no-

    participante. Ora, os ambientes interacionais da CMC caracterizam-se pela ausncia

    fsica das/os visitantes, sendo possvel tornar-se invisvel.8 Sendo assim, possvel

    apreender a cultura de um grupo somente observando? possvelumaobservaono-

    participante?

    A condio que possibilita o ofcio do/a etngrafo/a a imerso e a

    experincia da efetiva participao no ambiente pesquisado. Este ofcio inclui participar,

    observar, descrever: categorias que formam a unidade do fazer etnogrfico. Ento,

    lurking participao? Essa especificidade o objeto central desse questionamento

    metodolgico. A observao participante on-line uma participao peculiar, na medida

    8 Tal prtica denominada lurking, literalmente, ficar espreita.

  • em que, em termos de presena/ausncia, a informao acerca da presena do/a

    observador/a no sett ing no est disponvel s/aos demais participantes.9

    A partir de uma problematizao em torno das particularidades da interao

    em um ambiente baseado em texto, o newsgroup RumCom.local, dois pesquisadores

    ingleses, tendo optado pelo mtodo etnogrfico, relacionam as vantagens da sua

    aplicao ao ambiente on-line.

    E tnografia online certamente um sonho do pesquisador. Ela no implica em deixar o conforto de seu escritrio; no h complexos privilgios de acesso para negociar; dados de campo podem ser facilmente gravados e salvos para anlise posterior; um grande montante de informao pode ser coletado rapidamente e sem custos10 (Rutter & Smith, 2002a , p. 3).

    Os autores alertam para a importncia de o/a pesquisador/a estar atento a

    respeito de onde estamos estudando como etngrafos eletrnicos, na medida em que,

    como em uma ligao telefnica, as relaes estabelecidas na rede so definidas por

    atos de interao e comunicao, considerando que no h um lugar no universo

    virtual para alm da metfora (2002a, p. 4).

    No estudo das aes sociais, a etnometodologia (Greiffenhagen & Watson,

    2005) trata do seu sentido como sendo situado e prtico, ou seja, envolvendo um mbito

    de consideraes prticas para o uso, o que Schutz (1962) chama de atitude da vida

    cotidiana.Taisatividadessocaracterizadasmaisporsuanaturezaprtica que terica.

    Assim, recomenda-se proceder atravs de anlise emprica adequada, baseada caso a

    caso.

    Em termos metodolgicos, esta vertente da Sociologia trabalha com a noo

    de exigncia singular de adequao,11 uma competncia exigida do/a analista na

    atividade concernida. A competncia comum na atividade sob exame pode evitar que

    o/a analista descreva as atividades dos/as pesquisados/as de forma estipulativa ou

    focalize nas vicissitudes do/a novato/a. Ou seja, o que pode ser familiar para os/as

    9 importante ressaltar que a presena de lurkers possa ser inferida atravs da discrepncia entre o nmero de acessos em relao ao nmero de comentrios registrados, bem como pela possibilidade de identificao dos provedores de origem dos comentrios oferecida pelos contadores do website. Ou seja, esteja ou no presente, o/a observador/a annimo/a sempre uma possibilidade. 10 Traduopessoal.Nooriginal:onlineethnographyissurelyaresesearchersdream.Itdoesnotinvolveleavingthe conforts of your office desk; there are no complex access privi leges to negotiate; fields data can be easi ly recorded and saved for later analysis; large amounts of information can be collected quickly and inexpensively. 11 Traduo pessoal. Nooriginal:unique adequacy requirement .

  • participantes de uma interao especfica pode parecer estranho para um/a

    observador/a pouco competente no campo do fenmeno.

    Os logfiles, produzidos atravs da prpria tecnologia da CMC, muito

    freqentemente so tomados como os dados da pesquisa, facilitando os problemas de

    coleta de material para anlise (Miller, 1995). Entretanto, h muitos perigos nesta opo

    metodolgica. Os logfiles apresentam uma vista area da interao geral, ou seja, um

    ponto de vista tpico do/a analista, no do/a participante da CMC, uma instncia

    corrente, em processo, alm de perder a possibilidade de capturar como os/as

    participantes estabelecem aquela interao ao longo do tempo. O uso do computador

    est implicado em atividades mais amplas da vida cotidiana, a comunicao

    estabelecida por esse meio pode ter outro objetivo alm da comunicao em si, desta

    forma a dependncia exclusiva dos logfiles envolve uma descontextualizao que

    arrisca no permitir que o fenmeno seja percebido propriamente. Assim, h uma

    tentao de tratar os logfiles como independentes e priorizar apenas os seus contedos,

    removendo as especificidades da CMC. Nesse sentido, analistas que tomam os logfiles

    como nica fonte de dados poderiam ser caracterizados como o que Roy Turner chamou

    dearquelogos/as por opo,analistasqueoptamporconsiderarapenasfragmentose

    traos de uma sociedade em suas anlises, quando a prpria sociedade ainda est

    disponvel (Greiffenhagen & Watson, 2005).

    As possibilidades e limitaes das abordagens apontadas acima evidenciam

    a necessidade de, a cada pesquisa, desenvolver uma composio de tcnicas que resulta,

    em cada caso, num aparato metodolgico especfico naquilo que Becker (1993)

    denomina multimtodo. Como dito acima, os/as participantes da CMC conduzem

    suas atividades tendo como modelo recursos de vrias prticas comunicacionais

    anteriores, sendo uma delas a escrita em geral, concretizadas em enunciados passveis

    de ser analisados pelo aporte terico fornecido pela Anlise do Discurso a

    complementar o trabalho etnogrfico.

    Se por um lado, o arquivo disponibilizado pela tecnologia da Internet em

    logfiles parece oferecer tudo o que se passa nas atividades da CMC, o que parece

    minimizar os problemas de coleta de dados, por outro, a utilizao deste recurso como

    nica fonte de dados pode tirar a oportunidade do/a analista de perceber os sentidos

    intersubjetivamente partilhados pelo grupo em exame.

  • Sistematizao dos Dados e Procedimentos Analt icos

    O ambiente disponibilizado pela Internet no ocupado de forma

    homognea, h muitas estruturas distintas. Das muitas aplicaes disponveis, algumas

    se estabelecem e permanecem, enquanto que outras formas de uso dos recursos tcnicos

    proporcionados caem em desuso. Entre os formatos que parecem ter se estabelecido

    com vigor, pode-se destacar o e-mail meio de comunicao em geral pessoal e privado

    , o website institucional e pblico , e, mais recentemente, o instant messenger

    pessoal, privado e sincrnico , e o blog, pblico e pessoal, ou seja, espao pblico, mas

    comdono.

    O ponto de partida para a operacionalizao deste estudo consiste em uma

    coleo dos comentrios publicados nas redes sociais. A estes dados, acrescentam-se

    entrevistas presenciais, por telefone e instant messenger com blogueiros/as e alguns

    participantes, alm de observao participante em encontros presenciais, experincias

    registradas sistematicamente em um dirio de campo etnogrfico. Estas opes visam a

    ampliar a base emprica de dados para a compreenso do fenmeno investigado em sua

    complexidade, evitando os perigos de ter como nica fonte de dados os registros

    disponveis nos logfiles, como abordado acima.

    O uso da mdia eletrnica como contexto para a apresentao do self parece

    acrescentar novas caractersticas e recursos para esta atividade. A interao on-line

    permite que a apresentao do self ocorra de vrias maneiras diferentes. Para o exame

    das representaes do self encontradas nesses ambientes, alguns elementos se

    apresentam como profcuos: descries pessoais, informao para contato, l inks, letra de

    msica, citaes, sinais de afiliao, testemunhos pessoais, informaes correlatas e

    ainda a chegada ao ambiente social sob investigao, matria da primeira impresso

    disponvel aos/s participantes da interao. Assim, a coleta dos comentrios permite

    analisar a formao e o processo de configurao de diferentes aspectos desses espaos

    interacionais, como os protocolos de entrada em cena de novos/as participantes,

    critrios de incluso/excluso/ostracismo de visitantes, princpios formativos de

    circuitos interacionais, alm do tratamento dado a temas convergentes com a situao

    social na contemporaneidade.

  • A unidade bsica de anlise para lidar com os numerosos dados

    provenientes dos registros disponveis na rede consiste no thread, um conjunto de

    comentrios relativos a um mesmo tema, fenmeno interacional/verbal tpico da

    interao social na Internet, descrito por Rutter e Smith (2002a; 2002b). Em um thread,

    as/os participantes alternam comentrios datados e numerados, em uma espcie de

    radicalizaodadinmicadeturnosde fala(Schegloff,Sacks&Jefferson,1974)na

    conversao face a face, na qual no h corte ou sobreposio de falas, mas uma

    sequncia numericamente configurada.

    Assim, considero importante buscar, alm da diversidade dos contedos

    apresentados nos ambientes interacional da rede, os princpios estruturantes que

    fornecem ordem em meio ao fluxo(Smith,2004,p.51).Aestipulaodos threads, a

    observao de sua durao, frequncia e contedos para a organizao e exame desses

    dados em seu conjunto demonstram grande potencial analtico, uma vez que no

    confronto entre posies manifestas ao longo dos threads que a negociao social dos

    sentidos se realiza, tanto na ordem do discurso quanto na ordem da interao, os dois

    eixos principais desta investigao, visando a uma caracterizao profunda das

    modalidades de interao ocorrentes nesses ambientes.

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  • AN E X O

    Relatrio de atividades

    IN T E R A ES DI G I T AIS USOS SO C I AIS D A IN T E RN E T E M PE RSPE C T I V A E T N O GR F I C A

    Aluna: Rebeca Herval

    O r ientadora: Adr iana Braga

    Introduo

    Esse trabalho uma sntese da minha colaborao como estagiria da

    pesquisadora Adriana Braga. O tema base a organizao e as relaes dos arranjos

    interacionais nod ambientes das redes sociais. As informaes foram obtidas atravs de

    pesquisas bibliogrficas e nas redes sociais, onde os grupos pesquisados, compostos por

    pessoas de classe mdia, que usam o computador com frequncia, puderam participar. A

    base terica gira em torno da perspectiva da Interao Social, da Etnometodologia e a

    aplicao de conceitos da Anlise do Discurso.

    Objetivos

    O objetivo central desse projeto descrever e analisar aspectos da dinmica

    interacional estabelecida entre participantes do ambiente da Web 2.0. Durante seu

    estudo sobre blogs e ferramentas da web, como o Twitter, a orientadora Adriana Braga

    percebeu a necessidade de estudar as microcelebridades, annimos no mundo real,

    mas que so celebridades nos ambientes digitais. Estudou tambm como a internet vem

    mudando a recepo e consumo de informao por parte dos internautas quanto os

    Meios de Comunicao de Massa tradicionais.

    M etodologia

  • O mtodo utilizado nas pesquisas foi a netnografia (nethnography) - perspectiva

    terico-metodolgica adaptada por Adriana Braga a partir da tcnica etnogrfica

    tradicional da Antropologia para o estudo de ambientes digitais, cibercultura. Essa

    tcnica inclui o contato face a face entre pesquisador e pesquisado, mas aquele se insere

    no dia-a-dia do grupo a ser estudado.

    Personas M aterno-E letrnicas: feminilidade e interao no blog Mothern

    Nesse livro, que rendeu Adriana Braga apresentao no Congresso

    Internacional de Estudos Latino-Americanos, em Toronto, ela pode observar o

    desenvolvimento de duas publicitrias leigas quanto o blogs. O livro um estudo

    sobre como o Mothern foi planejado e realizado; narra a relao das blogueiras com os

    diferentes pblicos (outras blogueiras, pessoas como elas e, posteriormente, com o

    grande pblico, misto, com ideias e debates diversos das originais) e diante dos mais

    diferentes temas sobre maternidade, vida conjugal e domstica, na contemporaneidade.

    A imagem feminina foi relatada nas mais diversas sociedades, em todos os

    perodos histricos e em tecnologias tambm diversas. A pesquisadora defendeu que a

    possibilidade de mudana na representao feminina no esteja na tecnologia, mas na

    cultura que utiliza esta tecnologia para se expressar. Para ela, as mudanas ocorrem na

    cultura e a Internet forneceu um novo ambiente para as trocas sociais, a web mais um

    espao de expresso para a cultura j estabelecida pela sociedade.

    Foi possvel observar que o publico leitor do blog foi se modificando com o

    tempo. No primeiro momento, outras blogueiras visitavam e participavam do Mothern.

    Eram usurias acostumadas dinmica de manter um blog e, com isso, sabiam ousar

    nas temticas e sabiam argumentar, defender, os pontos de vista pessoais. O segundo

    momento foi datado quando o blog (e/ou as blogueiras) passou(ram) a ser citado(as) nas

    mdias de massa, como jornais e revistas. Tinham disposio para discutir questes de

    gnero e eram abertas a mudanas. Foi necessrio, criar uma lista de discusso privada,

    que no possibilita meios de localizao por sistemas de busca e oferece privacidade

    para, dentre outras coisas, discutir assuntos-tabu e polmicos. O ltimo grupo foi

    formado por pessoas originadas da mdia de massa mais ampla. A falta de afinidade das

    blogueiras com este pblico e a falta de atualizao frequente fizeram com que a relao

    leitora/blogueiras se aproximasse da de fs/dolos.

  • M icrocelebridades: entre meios digitais e massivos

    O artigo foi publicado no peridico Contracampo, da Universidade Federal

    Fluminense e levantou o debate sobre o fenmeno microcelebridades. Para esse

    estudo, Adriana Braga recorreu, dentre outros autores, a Joseph Walther, Susan Barnes e

    Willian Thomas ao abordar o assunto Personas digitais e discorreu sobre o termo criado

    porela:microcelebridades,ouseja,personagenscomunsnomundoreal,masqueso

    celebridades nas redes sociais, na Internet. A pesquisa se baseou no fato dessas

    microcelebridades sarem do universo online para aparecerem, com muita frequncia,

    os Meios de Comunicao de Massa tradicionais, em especial a televiso. Os objetos de

    estudo foram o blog Mothern, que foi reescrito para o formato de seriado televisivo,

    veiculado no canal de televiso cabo, GNT e a participao de uma twiteira no

    programa Big Brother Brasil 10, da Rede Globo. Para essa pesquisa, eu colaborei com a

    leitura da bibliografia e com a pesquisa de textos, imagens, udios e vdeos publicados

    por e sobre a Tesslia, antes, depois e durante a participao dela no programa BBB10.

    O problema principal desse estudo de Adriana Braga foi O que acontece

    quando as lgicas da produo miditica on-line se encontram com as lgicas da

    produomiditicademassa?.Epararesponder, ela recorreu, dentre outros autores, a

    Evering Goffman e sua analise sobre como uma pessoa age ao se apresentar. A

    pesquisadora trouxe essa questo de apresentao para os contextos digitais e focou no

    comportamento dos que se destacam no universo online, aqueles que tm seguidores em

    nmeros notveis e mantm sobre eles opinies valorizadas.

    Por ser um espao pblico, ainda h desconfiana com relao aos contedos

    publicados, j que no h critrio para as publicaes e toda e qualquer pessoa livre

    para produzir e veicular informao. por isso que fundamental uma avaliao de

    cada dado, principalmente quanto exatido, autoridade, objetividade, segurana e

    atualidade. Com isso, possvel ver o quanto a Internet permitiu certa relativizao do

    monoplio de produo de contedos.

    Goffman considera duas formas de expressividade do indivduo: a expresso

    transmitida, associada linguagem verbal e intencionalidade e a expresso emitida,

  • com fatores como gestos e expresses faciais, reaes espontneas, nem sempre

    controlveis. Adriana Braga destaca que nos ambientes digitais, h menos elementos de

    emisso de expresso, somente aqueles veiculveis por forma verbal. Essa dominao

    da expresso transmitida faz com que as pessoas tentam direcionar a impresso causada

    atravs de tentativas de controle com relao informao fornecida.

    Aoidentificarasmicrocelebridades,apesquisadoraidentificoualegitimao

    de contedos e autores/as dos ambientes digitais, sendo a legitimao pelo pblico,

    atravs do nmero de visitantes a acessar e comentar e a legitimao pelos pares,

    atravs de onde e quanto o perfil citado e linkado em outros espaos semelhantes. A

    base de estudo foi, uma vez legitimados neste domnio, os alguns/as autores/as que

    ganharam tanto destaque no mbito online entraram nos meios de comunicao de

    massa. A apario desses personagens nas mdias tradicionais, como o caso das

    publicitrias e blogueiras do Mothern eatwiteiraTessalia,quesaramdawebeforam

    parar nos jornais e na televiso, vista como um fator positivo, como um

    reconhecimento do valor que demonstraram ter na Internet.

    O fenmeno T witcam: Pode cada computador ser uma emissora?

    Publicado no jornal, na metade no ano passado, em 2010, Folha de So Paulo,

    Adriana Braga aborda uma mudana no acesso de pessoas ao processo de produo das

    mdias, atividade que antes do boom da Internet era um poder restrito a poucos. Os

    jovens, pela facilidade na linguagem tecnolgica, so dominantes nesse meio. A

    pesquisadora ressalta a quantidade de mensagens com teor sexual no ambiente virtual e

    tambm refletido no Twitcam. Ela pautou essa prtica com base na relao histrica, j

    que desde a Idade Antiga praticado, falou tambm da diferena da nova gerao com

    relao temtica sexual, mais livre de tabus.

    Mas o ambiente Twitcam usado tambm como uma ferramenta de expresso

    de sentimentos e pensamentos para uma grande de pessoas, como o exemplo citado pela

    pesquisadora, que citou o desabafo de Felipe Melo, ao ser culpado da desclassificao

    da seleo brasileira na Copa 2010. ainda um palco mais igualitrio, onde artistas

    annimos atingem grande parte do publico com suas performances ao vivo. um local

  • privilegiado para a expresso individual em diversas instancias, seja sexual, comercial

    ou humanista. O fato que algumas estruturas surgem e rapidamente desaparecem na

    internet enquanto outras se estabelecem solidamente, como no caso dos blogs.

    AdrianaBraga concluiuque: possibilidade tecnolgicaaberta peloTwitcam

    fantstica e revolucionria, na medida em que radicaliza a quebra de monoplio dos

    polos produtores centralizados, oferecendo recursos para que cada computador pessoal

    ligado internet do planeta se transforme em um local de veiculao de manifestaes

    expressivas, estticas, polticas, identitrias, jornalsticas e publicitrias. E ressalta a

    necessidade de uma legislao para os usos concretos da tecnologia.

    Var iaes sobre o uso do Skype na Pesquisa Empr ica em Comunicao

    Minha orientadora estudou a ferramenta Skype, em especial, o uso na rea de

    pesquisa. O ttulo desse estudo conversa com a obra de Variaes sobre a tcnica de

    gravador no registro da informao viva, de Maria Isaura Pereira de Queiroz (1991).

    Na dcada de 90, o gravador era uma promissora tecnologia, que estava mudando as

    rotinas dos pesquisadores, hoje, juntamente com outros provedores de tecnologia VoIP

    (Voice over Internet Protocol), o Skype vm redefinindo a noo de comunicao

    telefnica em todo o mundo. O uso do gravador possibilitou o desenvolvimento de uma

    importante vertente metodolgica da pesquisa em cincias humanas e sociais: as

    histrias de vida ou histria oral. J a introduo de um canal de vdeo em um meio de

    comunicao interpessoal traz uma srie de consequncias no apenas para a vida

    cotidiana de quem o utiliza, mas tambm para a pesquisa.

    O Skype um aplicativo para computadores que combina tecnologia VoIP com a

    organizao de uma base de dados de participantes. Atualmente, possvel fazer

    chamadas usando o microfone e as caixas de som de um computador, ligando tanto para

    outros computadores conectados quanto para telefones fixos e mveis do mundo todo a

    preos inferiores as operadoras convencionais. Alm da opo de mensagens

    instantneas, teleconferncias e videoconferncias. Diante de tantas alternativas que os

    pesquisadores levantaram como questo o contraste: as potencialidades tcnicas trazidas

    pela Internet so do conhecimento dos acadmicos, mas ainda no so exploradas de

    uma ampla forma na pesquisa cientfica, que se limita ao discurso essencialmente

    baseado em texto.

  • Diante do dilema de, atravs do Skype, ver a face uma da outra, sem

    compartilham o mesmo ambiente fsico, os pesquisadores recorreram ao autor Erving

    Goffman para a definio da interao face a face. Chegaram como concluso que os

    exemplos de materiais significantes em termos interacionais esto disponveis aos

    participantes de uma interao mediada por udio e vdeo, mas elementos

    interacionalmente significantes, como cheiros, no esto acessveis. Alem disso,

    considerando face como uma entidade alm do rosto, a maior parte dos elementos

    componentes do trabalho de face pode ser no apenas presenciada, mas tambm gravada

    e mediada por Skype.

    Os pesquisadores analisaram o Skype como objeto de investigao cientfica e

    puderam verificar a ampla gama de abordagens empricas, com uso de dados

    quantitativos e em perspectiva etnogrfica, vivel gravar vdeos das situaes naturais

    de uso do aplicativo. O mtodo no anula as tcnicas de pesquisa mais tradicionais, mas

    uma alternativa para ser usado em paralelo, como forma de enriquecer a pesquisa

    atravs de dados recolhidos. Conhecendo o potencial do meio, os pesquisadores vem

    como um retrocesso a existncia de pesquisas em Comunicao baseadas apenas em

    questionrios e trocas de e-mail, como principal fonte de dados, limitado ao texto.

  • Concluses

    Iniciei a leitura da bibliografia partindo do texto Personas Materno-Eletrnicas:

    feminilidade e interao no blog Mothern, de autoria da minha orientadora (Braga,

    2008), com o objetivo de compreender o universo estudado por ela e a proposta da

    pesquisa. Estudei o livro Variaes Sobre a Tcnica de Gravador no Registro da

    Informao Viva, de Maria Isaura Pereira de Queiroz, que em muito me acrescentou

    sobre o comportamento do pesquisar, seu dia-a-dia, os momentos de dificuldades e as

    vitorias, alm de me ensinou sobre as dinmicas de entrevistas.

    Tambm tive a oportunidade de assistir a algumas palestras do XIX Encontro da

    Comps,noanopassado,incluindooGTRecepo,UsoseConsumosMiditicoseo

    GT Comunicao e Cibercultura. Esse simpsio permitiu que eu ampliasse meu

    conhecimento sobre a minha rea de pesquisa, j que pude acompanhar a linha de

    raciocnio de diversos pesquisadores, das mais variadas faculdades do pas. Esse um ano

    de trabalho resultou Adriana Braga publicaes de artigos e captulos de livros no

    Brasil e no exterior e a mim, a oportunidade de acompanhar uma rotina de estudo e

    dedicao de uma pesquisadora, alm do acesso a bibliografias que foram muito alm

    da exigida em minha graduao.

  • Referncias

    1. BRAGA, Adriana. Personas M aterno-E letrnicas: feminilidade e interao

    no blog Mothern . Porto Alegre: Sulina, 2008.

    2. Queiroz, Maria Isaura Pereira. Variaes Sobre a Tcnica de G ravador no

    Registro da Informao Viva. So Paulo: So Paulo, 1991

    3. Twitcam: pode cada computador ser uma emissora? In: Jornal Folha de S. Paulo.

    (http://www1.folha.uol.com.br/tec/784560-twitcam-pode-cada-computador-ser-

    uma-emissora.shtml) acessado em 18 de julho de 2011.

    Publicaes no per odo

    Artigos completos publicados em per idicos

    1. BRAGA, Adriana A. A Comunicao no quadro das C incias: uma entrevista

    com Robert K. Logan. In: Revista E-Comps, v.1. Braslia, 2011 (no prelo).

    2. BRAGA, Adriana A. M icrocelebridades: entre meios digitais e massivos.

    Contracampo (UFF), v. 1, p. 39-54, 2010.

    Captulos de l ivros publicados

    1. BRAGA, Adriana A. Gender Blogging: Femininity and Communication

    Practices on the I nternet. In: Sarah Burcon; Melissa Ames. (Org.). Women and

    Language: Essays on Gendered Communication Across Media. 1 ed. Jefferson,

    North Carolina: McFarland Press & Company, 2011, v. , p. 215-229.

    2. BRAGA, Adriana A. ; GASTALDO, E. Perspectivas Naturalistas em

    Comunicao: uma angulao terico-metodolgica. In: Braga, J.L.; Lopes,

    M.I.V.; Martino, L.C.. (Org.). Pesquisa Emprica em Comunicao. So Paulo:

    Paulus, 2010, v., p. 87-108.

    Textos em jornais de notcias/revistas

  • 1. BRAGA, Adriana A. . O fenmono T witcam: Pode cada computador ser

    uma emissora?. Folha de S. Paulo, So Paulo, p. 5, 18 ago. 2010

    T rabalhos completos publicados em anais de congressos

    1. BRAGA, Adriana A. M icrocelebrities, the M edium and the M essage. In: 12th

    Media Ecology Association Annual Convention. Edmonton, Canada, 23-26

    junho, 2011

    2. BRAGA, Adriana A. ; GASTALDO, E. Variaes sobre o uso do Skype na

    Pesquisa Empr ica em Comunicao. In: XX Encontro Anual da COMPS,

    2011, Porto Alegre. Anais do XX Encontro Anual da Comps, 2011.

    3. BRAGA, Adriana A. M icrocelebridades: entre meios digitais e massivos. In:

    X I X Encontro Anual da C O M PS, 2010, Rio de Janeiro. CD ROM do XIX

    Encontro Anual da Comps. Rio de Janeiro: Editora PUC-Rio, 2010.

    4. BRAGA, Adriana A. M aternal-E lectronic Personae . In: XXIX International

    Congress of the Latin America Studies Association-LASA, 2010, Toronto.

    LASA 2010, 2010

    Apresentaes de T rabalho

    1. BRAGA, Adriana A. Being Brazilian: contemporary dimension of Brazil ian

    culture. 2011. (Apresentao de Trabalho/Conferncia ou palestra).

    2. BRAGA, Adriana A. ; GASTALDO, E. Variaes sobre o uso so Skype na

    Pesquisa Empr ica em Comunicao. 2011. (Apresentao de

    Trabalho/Congresso).

    3. BRAGA, Adriana A. M icrocelebridades: entre meios digitais e massivos.

    2010. (Apresentao de Trabalho/Congresso).

    4. BRAGA, Adriana A. ; GASTALDO, E. Razes tericas de uma perspectiva

    antropolgica da mdia: do pr agmatismo ordem da interao. 2010.

    (Apresentao de Trabalho/Congresso).

    5. BRAGA, Adriana A. ; STERNBERG, J. Ecologia das M dias: tecnologias e

    sociedade. 2010. (Apresentao de Trabalho/Conferncia ou palestra).

    6. BRAGA, Adriana A. M aternal-E lectronic Personae . 2010. (Apresentao de

    Trabalho/Congresso).