242

Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Série História dos Bairros, 17 (1980)

Citation preview

Page 1: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem
Page 2: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

prefeitura do municipio de sao paulo

secretaria municipal de cultura

Page 3: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem
Page 4: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

maria eeel1ia naclerio homem

higien6polisgrandeza e decadencla de um bairro paulistano

departamento do patrimonio hist6rieo

, divisao do arquivo hist6rieo ,

,,,a U1VO 02() 03a .y ,

\

Q B~L;0~;C~%.. z-~ lSo

• . _ Q __/ _ - -

Sistema AlexandriaAL : 1375606Tombo : 2715

.~ 11III111111111111 1111111111111111111111111111

... -

•I •I •I •I •~

Page 5: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

9&1 . (,1

H 1"1:>5 "'­J). . j

Page 6: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

serie: historia dos bairros de sao paulo

volume 17: higienopolis

Page 7: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem
Page 8: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

HISTORIA DOS BAIRROS DE s Ao PAULO

Vol. Bairro .

1 Bras2 Pinheiros3 Penha4 Santo Amaro5 Jardim da Saude6 Santana7 Sao Miguel Paulista8 Vila Mariana9 Born Retire

10 S.11 Ibirapuera12 LUI13 Nossa Senhora do 614 Ipiranga15 Be ta Vista16 Uberdade17 Higienopolis

Page 9: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem
Page 10: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

PRIMEIRO PAt-MIO DO xu CONCURSO DE MONOGRAFIAS SOBRE A HISTORIA DOSBAIRROS DE sso PAULO , PROMOVIDO PELA DIVISAO DO ARQUIVO HISTORICO DODEPARTAMENTO DO PATRIMONIO HISTORICO DA SECRETARIA MUNICIPAL DECULTURA, OUTORGADO PELACOMISsAo JULGADORA, CONSTlTUiOA PELOS PRO·FESSQRES TITO uvio FERREIRA. MYRIAM ELLIS E NANCI LEONZO.

Page 11: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem
Page 12: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

a mem6ria deMode sto Naclerio Homem Netto,meu Pai

a zuce.rmnha Mae.

Page 13: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

Agradecimentos a

c ere Prado JuniorGustavo Neves da Rocha Fil hoRonei Bace lliperes sugest6es e pelo estimulo recebi dos.

Helolsa Harue Cardoso.pela coraooracao na pesq utsa de campo.

Ricardo Mende sCarlos Auggipera ccreooracao na parte totoqratica

Cteide Stan is MontanariMaria Cr istina Eca Maspe sque executa-am as plantas

Marly Solanowskique datilografou 0 texto

Bonei. Antonio, Tino, Paulac e Mar lypela monlagem do Irabalho

um agradec imento especial a todos os q ue ab ri­ram seus arqufvos cu fomeceram depolm entospara esra pesqulsa.

Page 14: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

iNDICE

lntrcducao 15

Cap itulo I

Aexpa nseo urbana de Sao Paulo no ult imo quarto do secure XIXeo Balrro de Hig ien6polis 19

Capitu lo II

o Bairra de Higien6poli s: antecedentes 33

Capitulo III

o Ba irra de Hig ien6polis 59o emoreend imento de Martinho Burchard eVictor Nothmann . 59A atuacao de PrefeituraMunicipaT em Higien6polis :..... 71Os pnmetros compradores 74Os anglo-sax6es e as prirneiras reside ncias 80A gente do cafe. novas resldencias e arq uitetos 84Mais urna vez a Rua Maranhao onde se ergueu a Igre ja de San-ta Terez inha do Menino Jesus 110c cocrosae 114

Capitulo IVo Bairro de Higien6potis e a "Belle Epoque" Pautista 117

Capitulo Vo Bairro de Higien6polis hole 145

Page 15: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

Q prime iro momento: de 1930 a 1949 150Q segundo momento: de 1950 ate nossos d ias 161

Conclusao 181

Bib liografia 185Fontes pnmanas 185Depolmentcs 185Mapas 193

ADENDQ - Plantas de quatro obras marcantes do Bairro: restdenciade D. Veridia na da Silva Prado, Antonio Alvares Pente­ado, Caio Prado e "Apartamentos Prudencta e Cap itali ­zacao ''.

Page 16: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

15

INTROOuCAo

Quem passa hole pela Avenid a Higien6po lis ou pelas ruas do Bai rredo mesma nome , pode ve t algu ns casar6es antigos coe xistindo aolad o d e mumeros arranba-ceus. Tats casaroes atestam 0 esp lendordoBairro e o tipo da crasse soc ial que 0 ocupou - paul istas abastadosda passagem do seculo e- e documentam toda uma epoca da hist6riado cafe q ue cc meca em fi nai s do Imper io e atravessa a " RepublicaVerna". Igua lmente evoca m uma etapa d e nossa evorucao urban a.quando a riqueza da bern sucedida cateicult ura propiciou 0 progressomater ia l de Sao Paulo. sua reccnstncac em pad roes d iferentes e aediucacac de seus primeiros monumentos de maier envergadura.conduzindo a capital da Provinc ia a Metr6pole do Cafe .

Ainda pode ser vista a casa que to! de D. Veridiana da Silva Prado,co nsrruld a em 1864 e ocupada alualmenle peta sede do Clube SaoPaulo. Foi um dos pr imeiros pa lacetes de Sao Paulo. Em fren te, fa­zendo par com a casa de O. Verid iana, ficava a "Vila Pentead o" de1902, antiqa resldencla do fazendei ro e industria l Anton io AlvaresPenteado . depots sede da Faculdade de Arquttetura e Urbanis mo daUniversidade de sao Paulo, abrigando hoje um setor de ssa Escol a. Degrandes prooorcces. em mete a vastos jard ins, oc upav a toda a quaeredel imitada pe la Avenida e pe las Ruas ttambe. Maranhao e Sabara..Ho]e esta escond ida , separad a da Aven ida Hig ien6polis par umabarreira de arranba-ceus. Ambas as residencies estavarn justamentelocal izadas na entrada do Bafrro. como a anunc rar ao vt sitante q uecheqava pela c cnscrecac ou subia a Rua Major Sert6rio, a opulenciados palacete s e 0 luxe dos nabitantes. Ao evancar por aquelas ruas, 0vtsitente se defrontava com um dos bai rros residenc lais mais bo nitos

Page 17: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

16

de Sao Paulo, orgul ho da cidade. tncrutoc nos guias turisticos comopasseio obrigat6rio e dos mats aprazlvels que a capital oferecia nos

.comec;os do sec ulo e ate mesma no per iod o de II Grande Guerra.

Mats ad tante vAem-se outros remane scente s de importancia co mo 0patacete que abr iga 0 Consulado da ltali a. anttqa casa do SenadorRod rigues Alve s; a casa de outro Importante tazendefrc de cafe. Car­los LeOncio Bapt ista de MagalMes. na esqutna com a Rua Albuquer­que Lins, hoje ocupada pela Secretaria de Sequranca Publi ca, e 0chale da familia Pereira Lima. de 0 .° 663. Na Rue Maranhao ainda seencontram 0 pate cete dos Nickelsburg s, a casa mats aotiga do lotee­mento de Martinho Burchard. e a vetha casa de Edgard de Souza.

Quante aos demats exemptare s de residencies. dtspersos .entre osed itic los. estac bastante d esceractenzedos. ocupados par instate­Coos ban carias. como a casa de Cassi e da Silva Prado projetada petearq uiteto Victor Dub ugra s, na Avenida Htqtenopotls, hole sede doBanco Prances e Italiano, au par escrit6rios comerciais. esccras eclfrucas medicas.

Agora a Avenida Higien6pali s atterou-se co mpletamente. Esta semprecongestionad a. Iransformad a em corredor. tal a transite que par aliescoa d ianamente. l igando a c coscra ca c a Ang elica. red uzi damesmo a" simples travessa da Angelica" como a lccati zam os "chauf-feurs" de tax i. .

Alvo da especulacao imobiliana mtensa. q ue veto cco rrendc na ci ­dade d urante todos estes anos, 0 Bairro transformou-se em tlo resta deconc reto armada , de e)evada co ncentracao demoqrauc a. As nova sconstrucoes procuraram beneticiar-se do ant igo pre stig io soc ial deq ue gozaram os prtmeircs moradores. para content " status" aclassemed ia alta que 0 ocupa atuatmente.

E. bem veroade q ue os arranba-c eus prouteraram par tod a a urbe.. denotando um novo pertodo economicc e sccio-cutturat da cicade. urn

novo modo de vida para os pa ulistas. Surg iu enta o uma nova etapaurbana para Sao Paulo, a do seu crescimento vertic al.

Da mes ma forma 0 Bairro evotuiu para uma area de tuncao escolarmtensa. a segunda maier de Sao Paulo depots da Cidade Umversita­ria . Alg umas dessas escctas ja extstlam desde a to-maca e d o Bairro.mas a maicna chegou instalando-se quer em velhas casas quer empred ios espec ialmente construidos.

Com este trabalho objetivamo s tracar a hist6 ria do Bairro de Hig ien6­potts. center. na med ida do posslvel. co mo e parque surgiu. como sevivia no Batrro. lugar de resldencta de persona lidades tmportantes deSao Paulo. da crasse dominante economica e polfticamente. Dese ja­mos ftxar urn tanto de sua memoria e da nossa tradlcao ameacadas deperda pelo esquecimento ou pel a sanha da especutacao imobi flana .

Page 18: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

17

com vistas a cheqar ale nossas ralze s e a nossa estrutura. Que elepossa contribui r para expli ca r um pouco do presente e tran smittr asvalores espirituais de qeracao para qeracao.

Higien6polis aqu i sera tornado como um setor urb ano qu e se de stacoupor deterrninadas caracterlsticas. por origens co muns e unidadeecon cmico-social. Esta situado a Oeste da cidade. nos uanc os doesplqao da Ave nida Paulisla entre Santa Cecil ia. Aven ida consoracaoe Pacaembu. Nasce u no lado impar da Aven id a Hig ien6polis paraerma de um loteamento co mposto de dezotto ruas. a rnaicrta da s q uaislevando top6ni mos nossos: ltambe. Sabara. Mato Grosso. ttacolo ml.Cubatao. Aracaju. Rio de Janeiro, Pernambu co, Manga beira, Gola s.Para, Serqipe. Alagoas, Piau! e Maranhao.

No lado par da dtta Avenida, cornple mentou-se com outros loteamen­tee. os quais obedeceram os mesmos obj envos. quais seiam; os deBairto exctusivamente reside ncial. classe A, com todo servtco deinfra-estrutura urbana, situacao que ainda hoje 0 torna privil egiado.

Entretanto. 0 conjunto nao coi ncide com nenhuma das divisoes quethe foram irnpostas. Do ponto de vista adrnintstratlvo . faz parte daAc mlnlstracao Regional da Se:do ponto de vista jud ic iario, pertence 0lado par ao Subdistrito de Santa Cecilia, e 0 impar ao Subdistrito daConsoracao: enqu anto que a Paroquia do Sagrad o ccracac de Mariaengloba 0 lado par e a de Santa Terezi nha do Meni no Jesus, o taooirnpar. Assim sendo, serao cons iderados por n6s, Bai ne de Hig ien6po­li s ambos os lados, par e lmpar da Avenida do mesmo nome, e 0conjunto de w as que compuseram 0 loteamento orig inal.

Da mesma forma, trataremos dos contornos enqua nto se reracronemcom 0 Bairro ou possa m explica r a sua formacao . pots que, peloespl rtto que os animou ou os anima, vern muitas vezes com por aunidade.

Page 19: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem
Page 20: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

CAPiTULO I

A EXPANSAO URBANA DE SAO PAULO NO ULTIMOOUARTO DO SECUlO XIX E 0BAIRRO DE HIGIENOPOLIS

" Hig ien6polis!... As Babil6nias dos meus oesejo s baixos..Casas nobres de esl ilo ... Enriqueceres em traqedtas ..Mas a noite e toea urn veu-oe -notva ao tuar!A preamar dos brnbos-oas mansoes.

»< 0 jazz-band da co r... 0 areo ir is dos perfumes...o dono dos cotres abarrotaoos de vidas ..Ombros nus, om bros nus, rabtos oesaoos de aoutterto ..E 0 rouge - cogumelo oas podrid6esExercito de cas acas eruditamente bern talha das ..- Cavalheiro... Sou conde ' - Perdew .Sabe Que exlste urn Bras , urn Born Retire?- Apre ! respi re... Pense! Que era peotoo.56 conheco Parisi"Tenho as pes c hagados nos esp inho s das carcedas...Hig ien6pol is!... As Babi l6nias dos meus desejos baixos...Casas nobres de est ilo... Enriq ueeeres em traqedias..Mas a norte e toda urn veu-de-noiva ao luar!

A preamar oos brilhos das mansoes..o jazz-band da co r... 0 erco-ms doe perfumes..o cl amor dos cot-es abarrotad os de vidas..Ombros nus, omoros nus, tebto s pesados de adulter io..E 0 rouge - coaomero das podr id6es...Exercit os oe easaea s eruditamente bern tarbaoas ..

19

Page 21: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

20

Sem crimes, sem roubo s 0 cernava t dos t ltulcs...Si nao lesse 0 ta lco ad eus sacos de tar tnha!Impiedo samente...

- Cavatheiro... - Sou Conde! - PeroaoSabe que existe um Braz. um Bom Ret iro?

- Apre! resp ire... Pense! que era pendo.56 conr ecc Paris!

- venne comigo entao. .Esqueca um pouco os brecos da vtsfnha...

- Percebeu, hein ! Dou-rne gorge la e care-se.o sultao tern del mu.; Mas eu sou conde!

- Ve? Estes paragen s treves de sttenclc...Nada de asas. nada de alegria ... A Lua..

A rua toea nua... As casas sem fuzes ..E a mirra des martirios inconsc ientes .

- Debe-me par 0 renee no nar izTenho lodos os perfume s de Paris!

- Mas cine. em ba ixo das portas. a escorre r...- Para as esgotos ! Para os 8590t05!- a escorrerum fie de lagrimas sem nome!... .

Mario de Andrade. Conoque Sentimental.PAULlCEIA DESVAIRADA sao Paulo, Livrana Alves, 1922. pag, 108.

Esse flagrante de Higien6poli s e de Sao Paulo nos versos de Mario deAndrade. alem de torternente imbuldos de cntica social. trace-nos 0perfil dos tipos que vivlarn em Higien6polis: a alta burguesia e as suaspreterenclas cutturals . vottadas para a Europa: a separacao de clas­ses em Sao Paulo e das zonas que compunham a cidade.

o ccmportamento da burguesia do qual se refere 0 autor e a diversifi­cacao urbana remontam ao ultimo quarto do secure passado, quando,qracas aexpansao cafeeira em nosso Estado, lem origem 0 processoque conduziria 0 pequeno burgo ainda de aspeclo colonial, ametro­pole do cafe das pr imeiras decadas oeste seculo.

As atividades cateelras tize ram da capital pauusta. em posicao pnvi ­leg iada, no entroncamentc de caminhos e reunindo as prerrogalivas decentro comercl at e sede adminlstrativa da Provinc ia. a grande subsi­d iaria de sua rtqueza. A terrovia. que tactntou otranspcrte do produto edeu aci dade a concncac de centro redistribui dor de cafe. a superpo­curaca o que 0 ouro verde atraiu . compreendendo a grande imigracaosubvencionada. e as demais obras de intra-estrutura. como luz, aqua .

Page 22: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

2 1

sistema de 8sgo105, etc., fize ram de Sao Paul o urna gran de cidade eprop iciartam tambern urna nova tunc ao - a industr ial.

Data de fins do seculo a transtormacac mats rad ical ocorrida nahist6ria de Sao Paulo quando a cidade passou de 28.000 habtte ntesem 1875 a 200 ,000 no lim iar do novo seculo. A mate ria dessa popula­CaD era composta de est rangei ros. ltallanos. espanh6is, portugueses,arernaes. ingleses. franceses, eslavos. etc. , entre as quais sobressalao elevado numero de ltall anos que servi riam de mao-de-obra nao 56para a lavoura como a industria nascente e transtormartam Sao Paulono principia do sec uto em "cidade de ltallanos".

A Abolicao da Escravatura em 1888, tlberara capitals e a nova Repu·tinea proporclonara autonomi a ao Estado, que pede . assim, ad minis­trar sua propria riq ueza. Asststtu-se entao ao progresso materia l doEstado e de sua capital que passou de oecimo para segundo lugar emirnportancta entre as oemare cidades brasileiras, somente superada tcere Rio de Janeiro, a Capital Federal.

A cidade recebeu uma ser!e de benteitorias: alem das ja menciona­das, foi arbortzada. foram fei tos passeios para pedestres . orga nizadossistemas de transportee coletivos (tftburis e bondes a tracao ani mal) ,suas ruas ala rgadas, surgindo novos ediflcios e novos bairros, rest­denciais e ope rartos. As tecntcas construtlvas foram alteradas e novosmate ria is introduzidos e vulqarizedos. 0 tijo!o substituiu a talpa. mate­rial construtlvo este costumei ro no Plana Ito ate fins do seculo. 0 tijo!cse fez acompanhar de cutros materia is: telha francesa, Pinho de Riga,aroosla. etc. , valendo-se a cidade. para tanto, da importaceo, ja quenossa industria ainda era inctpiente . nao produzindo nem material deconstrucao suficiente nem variado.

Chegaram a ser importadas est rutu rae inteiras de ferro, como a doviaduto do Cha que Ju les Martin, seu construtor, encomendou emDuisburgo, Ale manha, ou casas pre-tab rtcadas a exemplo do cnaleque 0 Dr. Domingos Jaguaribe importou e mandou montar na Rua D.Veridiana, ou ainda estacoes de ferro completas. A Estacao da Luz,par exemplo, q ue e de 1900, veto completa da lnqtaterra . desde asttjotos ate as paratusos.

Com os novas matertais. a Sao Paulo des anos 1860-1900 conheceunovos esti los , os mats vertaocs. que estavam em voqa na Europa pelomenos havia mei o secure.

o seculo XVIII va lorizara as rui nas da anttqufdade greco-romana que 0Romantismo manteve. e. por sua vez , colcccu em moda a vida naIdade Med ia, os seus castelos e catedrais. Os arquitetos procu rara mrestaurar os antigos castelos, conventos e igrejas, por onde ressusci­taram os chamados esti los hist6r ico s, surgin do as "neos" da Hist6r iada Arqultetura: 0 neoclassico. 0 neog6t ico, neoblzantino ou reqlonals .

Page 23: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

22

as quais, al iados aos novos materials e tecnicas da Bevolucao Ind us­trial, 0 ferro, a cristal , etc . consti tuf ram 0 chamado Ecletismo. Distintodo Rio de Janeiro q ue conheceu a neoclassicismo desde as inlcios doseculo anterior, trazido diretamente da Franca pete missao de LeBreton (e de onde se irradiou para cidades mais importantes comoSalvador e Recife), Sao Paulo apenas conheceu Qui ros estilos que naoo colonial portuques quando enriqueceu. Nos fins do secuto passoudtretamente das singelas ccnstrucoes de taipa para as modernasconst rucoes da Europa contemooranea. eete em pleno Ectetismc. Aexistencta lad e a lado de estilos di fe rentes de arquitetura au a cone i­uacao dos mesmas numa s6 obra toi possive! qracas a rmpo rtacao dematenais ate enteo desconhecidos entre n6s e a rrnrtacao da Europacontemooranea. nosso ideal de cultura.

Em 1870 Alfredo Moreira Pinto, que estudara na nossa Academia deDtreito. deixou Sao Paulo de volta a sua cldade. a Rio de Janeiro.Quando retornou, trtnta anos depcis. admirou-se de seu prog resso, enao mala reconheceu a ctdade. Era uma nova creede. que assirn adescreveu:

Sao Paulo, quem te vlu e quem te v~!

Naqueles tempos usavas calces de brim, paletct. saco echapeu de palha . hoje envergas casaca. usas cola rlnho aLuis XIV, gravata de settm branco, botinas de verniz e tens acabeca um vtstoso castor au debaixo do brace 0 anstoc ra­nco clague.Nao posso mais dar-te a tratamento de tu ; fidalga como es.mereces hoje a tratamento de excelencia.Esta V. Ex. campi etamente transtorrnada. com proporcoesagigantadas, possuindo opulentos e unorsstrros predios .pracas vastas e arbortzadas. ruas todas ca tceoas. percc r­ridas par centenas de pessoas, par faustosos e ricos trenstirades por soberbas paretnas de cavalos de raca e corta­das per diversas Hnhas de bondes; belas avenidas. como adenominada Paulista. encantadores arraba ldes como osCampos susecs.a Luz. Santa Cecilia, Santa Ifigllnia, Higie­nooous e conscracac. com uma ooouracao alegre e ani­mada, comercio ativ tsstmo, tuxucsos estabelectmentosbanca rtos. centenas de casas de neg6cios e as locomoti­vas soltando seus sib ilos prog ressistas , dirmnutndo as dis­tancias e estrettando em fraternal amplexo as povoacoesdo interior ". (1)

1) MOREIRA PINTO, Alfredo, A cidade de $30 Paulo em 1900. Col. Paunstica. SaoPaulo. Govem o do Eslado, v, XIV, 1979, p. 9-10

Page 24: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

23

Sera exatamente dentro desse processo de expan sao de Sao Paulo,cujos resultados lao bern desc reveu 0 autor, bauzaoo grosso modoperes Ires utti mas decadas do secut o passado. q ue nasceu 0 Bairro deHig len6pol is.

Ale entao. 0 pequeno nccreo ce ntral urbane ticara adstrito ell counahis tonca ern q ue se dera a tundacao da ci dade. li mitado pelos Vale sdo Tamand ualei e d o Anhangabau e separado por vanes outros pe­q uenos nucteos ou trequesia s. por q uit6metros de espacos vaz tos.

Ao redor do nuclec central ou dos demais, estav am d ispostos umaserie de chac aras. sitio s ou fazendas que se aco modavamatop ografiairreg ular do Planal to aprove itando-se dos aci dentes qeoqraficos paraa oemercacao dos seus limi tes. Nestes como no cent ro, resrotam astamiltas pau tl stas ma ts tmpo rta nte s. As chaca tas eram auto­sutic tentes. possuindo pomar, criacao e cuttivo de gene ros para asubsistencia dos moradores. Conforme demonstra 0 mapa da ctdadede 1881 (2) (vide mapa 1) e como [a 0 def inira Teocloro Sampaio (3). astenoenclas de expansao se norteavam peres antigo s caminhos tertes­Ires que arttcutava m 0 centro com aq ueles nucleos e conduztam ospauhstas para 0 mar e 0 sertao: Caminho do Mar que sara pela Liber­dade; a Leste da cidade. partia 0 camm ho chamado do Norte porque.conduzindo ao Vale do Paralb a. c ava passagem para 0 Nordeste; 0cammho do Sui de Minas chamado do Guare saia pela Luz e 0 dosGoiazes peta Lape. passando par Jund iai e Campinas; tmatmente.para Oeste e SuI. as Caminhos de Pmneiros e de Santo Amaro.

Ao longo desses caminhos. junto as saidas da cid ade. foram surgindovendas. armazens de beira de estraoa. pousos de tropas. igrejas echacaras. e. depots. casas poputares peq uenas. pais a povo. comod isse Carlos Lemos. vivta e viveu sempre na periteria de Sao Paulo,enquanto as abastados vivtam em sobrados do centro. (4). Aqueleselementos constituiam 0 embnao de muitcs de nossos ba irros maismode stos. como 0 Bras. Penna. Santana. Agua Branca, Lapa. Pinhei ­ros e tantos outros.

A exptosao demoqratica a part ir dos anos 1870 deterrru narta. assimcomo as novas atividades economicas. a comoertrrnentacao da ci­dade par funcces. Sao Paulo se desenvclvena na margem esquerdado Rio Tlete. ba lizada ceres varzeas. enquanto a Frequesta do 0 , dooutre lac e. permaneceria isalada. A Cidade expanotu-se sabre aschaceras que a circunc avam. surgindo novas bauros (consuftem-seos mapas 1. 2 e 3).

2) Cia Can lare,ra e Esgoto . teveotacc poor Henry B Joy ner t"t, l.3) SAMPAIO . Teodoro Silo Paulo no secure XIX, Rex,sta d oIHGSP. v. VI. 1900-1901 . p .

159-205,4) LEMOS. Carlos A, C 0 MIS e o s nccs. FQlha de sa o Paulo . 29-7-1977 . p. 3

Page 25: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

24

o antig o Ir iangu to central. representando hol e pe las ruas Dtretta . SaoBento e XV de Novembro. perdeu sua tuncao resld encta t e co nce ntrouas ativ idades de ccmercto. ad rmrustrativ as. relig iosa e de lazer. Ali seag lome raram bancos. roja s. cafes. restaurantes, hotels. teatros e ci ne­teatros, ao lado das antigas igrejas(lgreja do Ccleqlo. Se. S. Gonca!o.Sao Francisco. Santo Anton io, Miseric ordia. Rosar io, Sao Bento. BoaMorte, Carma) mal comportando tais roncces por se encontrar "e spre­mido no espaco acanhado que lhe reservaram as barrancos que 0cercam de tree lades. val-se alargando pelas erevecces tronteiras. dooutro lado daqueles ba rranco s, gracas afac il idade de acesso q ue Iheporporc lonaram as viadutos ja referidos 0 primeiro dos quais, 0 doCM, tel inaugurado em 1892." (5)

Os velhos sobrados onde residiam os grandes comerclantes e tazen­cetros de cafe ate 1880·90. se deter ioraram, ou toram transtormadosem casas correrc tats. ou cederam lugar a novas construcces.

Assistiu-se asaida do Barao de Souza Oueiroz. da Rua Sao Bento paraa Rua Sao Luis, ado Consethetrc Antcnio Pradoe de seu cunhado EliasChaves, que eram viz mhos na Rua Sao Bento, para rescecuvamente aChacara do Carvalho (1891·3) e 0 Palacio dos Campo s Ell secs (1898).enquanto 0 sobrado do Barao de Tatul era demolido para ceder lugarao novo Viaduto do CM ; 0 vetbc scbrado de talpa do Barao de Iguape.fora atugado para casa de ccrnercro na parte baixa e os altos para asucursar do Grande Hotel de Franca (1880). (6)A elite paulista ocuparia qradanvamente a zona Oeste da cidade .numa trajet6ria que inclulu Hig ien6polis. Este vlrla a ser exatamente 0primeiro degra u de sua ascensao rumo aAvenida Paulista. Primeira ­mente. desc eu do centro em di recao ao Norte, chegando ate a Estacaoda Luz. Ocu pou a Rua da Estacao (hoje Rua Maua) e outras ruas deSanta Ifigemia como Rua Alegre (atual Brigadeiro Tob ias), Rua Ttmbi­ras. Aurora, Horencio de Abreu. etc., onde se instatou em residenciesaristocrattcas jf! com torte tntluencia da modema arquitetura europeia .Caminhou sempre, sem ultrapassar os trilhos da estraoa de ferro.cneqando aos Campos EHseos ate a Barra Punda , onde 0 CcnselheiroAntonio Prado fez construir a Chacara do Carvalho (1891-3). Depots.evitando os terrenos de varzea do Rio Tfete. partiu nossa burguesiarumo ao Oeste. subi ndo pe las vertentes do espiqac mestre do macicocentral, em dtrecac ao Rio Ptnnetros. Enquanto mats pr6ximo docentro, no sope do espiqao. anti gas chaceras cediam lugar a bairrosmedics como a consoracao. Santa Cecilia. Vila Buarque e a Liber­dade, e no alto do espiqao. a Vila Mariana. Hiqienopotis surgi u na

5) PRADO J R , ca-o. 0 Iator geogra l,co na formacao e noceseovoivnneotc oe croac ede sao Paulo. Evolucao Politica do Brasil e oulros esludos 9 ' ec . Sao Paulo, aresr­l iense. 1975, p. 127,6) SOUZA, Pedro Luis Pereira de Casa Barao de Iguape. Sao Paulo, 1959, p. 14

Page 26: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

25

encosta do mesmo. numa sequenc ia dos Campos Eliseos, "8 procurade terre nos ma is altos e saudaveis. E sub indo sempre. as residenciesatcancaram 0 alia do espiqao. onde se instate. acompanhando-ouermente. a Aven id a Paulista. Ja entao a proqressao cateeira se inter­rompera, as novas tortunas saem da industria e do comercro quasetooo em mace de estranqeiros. imi grantes enriquec id os nesta Canaaamericana : a Avenida Paufista sera 0 bai rro resi denc iat dos mutona­nos de sta nova lase da econ omia paulista, eslrange iros ou de recenteorigem estrangeira quase todos. E a arqu itetura do bauro 0 di ra bemctaramente." (7)

Depots de 1910 outros batrros da burg uesia surgi ram, as denomina­d os "jard ins". Jard im Ameri ca , Jard im Paulista. Jardim Europa (esteba irro mats recente) nas encostas do esptq eo. na vertente do Pinhei­res. os q uais ia obede certam a um novo ttpo de tracado. d e tntlue nc taing lesa.

Quanto aos bairros ind ustriai s e operanos formaram-se nas terras maisbaixas. da s varzeas dos rios Tiete e Tamanduatel o que foi propiciadope te custc infe rior da s tetras e pete presence da s terrovias. as Quaispromoveram a orqa ntzacao do espacc neq ueta parte. de ctdade. As­sim . ao longo da s mesmas, surgiram os batrros seguint es : Pari, Bras,Mecca. Ip iran ga , Vita Prudente. este mar qeando a " Sao Paulo Rail­way" . Betenzmho e Penna. a Vila Gomes Cardim . ao longo da " saoPaulo-R io" (depois Estrada de Ferro Centra l do Bra si l). A Oe ste.constrtuhem-se as marge ns da " sao Paulo Railway " e da Estrada deFerro Soroc abana. 0 Born Bettro. a Barra Funda. a Ag ua Branca. a La ­pa. etc. Pmhetros. ant iga atdeia ind igena. na varzea do rio do mesmonome, transformou-se em ba irro protetano.

Grande parte des retertdos batrros Que surgiram nesse perfodo foramresultantes de urn novo procedimento. Que se pas sou a utilizar para aocuoacao do solo urbano - os loteamentos. Os loteamentos foramresultantes de uma nova mentalidade capital ista Que se formou noBrasil urbane. propic iados pete alto tnd ice demoqratico das c id ade s.o Que teve como ccnsec uencra . a varo rtzacao semp re cresc ente dosirnoveis.

Nessa epoca . forrnaram-se em Sao Paulo inumeras iniciativas particu­lares para procederem a lote amentos ou arruame ntos. Os pr6priosproprtetanos de chacara. ccnscientes da vetonzacao Que suas terrasatcancaram nas zonas urbanas, deram ml ci o a ta is atividades. cujaexecucao ocorreria sempre a seu bel-prazer de sarti culadas das de­mats atividade s no glmero ocorrid as paralelamente. mu itas das quaiseram ctanoestmas.

1) PRADO JR" Caio. op. CIt. p . 121.

Page 27: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

26

Hig ien6polis nasce u em fins do eecuto. merce da esoeco tacac imobi­liaria de urn grupo especialmente to-mace para tal lim. co mposto dedais atemaes. Mart inho Burchard eVictor Nothma nn. As glebas rece­bertam como moradores ern pr imeiro lugar. ancto-sexces que, comoBurchard e Nothmann eram as pr6speros ccmercl antes au proftssto­nais liberals que S8inc luia m entre as primeiros estrangeiros que SaoPaulo recebeu em meados do secure passado. A estes Sao Paulodevau a instatacao do primeiro ccenerctc de luxe que a cidade conhe­ceu, como as rcj as. Hvrartas. hotels. etette s de co stura. etc., slam degrandes casas importadoras.

o Bairto receberia, sobretudo. a gen te do cafe. verdadeiros empresa­nos que d tstr tbutam seu tempo entre as colhe itas de cafe nas fazendase as ci dades. onde mantinham restdencia e se oc upavam do comerciodo produto. de f inanc iamento au de casas bancanes. de terrovias. efundavam as prime iras irccemas. muitas surg ida s de atividades de ­correntes da cafetcuttura. Na s ci dades tarnbem exerceram importan­tes ruocoes pounces e admtnistrativas. Porem, a mator ta dos mcrado­res de destaq ue em Higien6pol is. como sera notado. haviarn deixadosuas fazend as para tras. isto e. esta s constituiam uma ocuoacaosecundaria para conferirem malor dedl cacao aos neg6cios urbanos,como a industria, a comerc io. a admmistracao, etc.

Seriam as pessoas de maier proiecec na Sao Paulo da epoca. pr6spe­ros ccmerc tantes estrangeiros. orcuestcners liberals. tazendeiros ecormssanos de cafe e os prtmetros grandes nomes da industria, adizer, a elite pautistana. que oc uparia Higien6poli s, E esta foi a suaprinc ipal caracterlstica: a de ter oc upado ccsrcac de ba irro ma tselegante da ci dade. Hig ien6polis serviu de cenenc para a etuacao defiguras que t fveram importante papel em nossa s6cio-cullura, e nessecenano sa sobressairam cuase Que excl usivamente as fam il ias Sil vaPrado e Alvares Penteado, e sua imensa parentela extenslva . como asPachecos e Chaves. Mendonces. Alves de Lima. Ramos. Uchoas. etc..o que teremos ocasiao de demonstrar.

Page 28: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

-

--

••

.....--.. -.. --.......-.."-""',;j.._-.. _ 6<.•..~ ~..• '''"-_ 1 .-.. ''-----'• __. 1'..~~ ._... 'r'J'".$~.. J".;-,o ..f_" .,..,. C~. _--.. .,.".._~--- ..._....._... ~--.. '_. 7..__....,...'- ...~_:;;z..T;::'-""'J ... r- _ _

._- '--.._ .to<11 ,_ .. ,_-

......:\ '

\ \\\

' ~-e.

'.."

-" 1'""\ \........- \\--. ._--.... \\- ----...::::~.__ ..._..-~

- -".- _.•.=::::-::::::::;;:.::.:.:.:::.:..:

•'.

-1881

ES GA LA

•- ~"

' ",.

- ~"•

-R!1ll\ f lllC LA J)os U lnc lOS PVBLlCO.s

-

PLANTA

LEVA!fTADA PELA

HEN RY B , JOY NER M,I. C,E,(PfGEHHElf! O [Ill CHU E

D.

'..- r _

.........-• f..~._s"....:~.. ".-..• l,. ...~_,~ _ I-. ".......-- ... ....-...- . (~,. - .,• _ ... f_

• __ • • f> ..._

.. .....,._ 4........_... ,..,.. • •1>_­... . (...~--"'­. ~ ... .-.. - ._...-~~ ... ..-n-" ,_," _--,.. .,.,.. ~.

COMPANHIA GANTAREIRA E ESGOTOS

.. ~,

CIDADE DE SAO PAULO

••••

I

','

-,-..'\" ..-,

',0

...//.'

,-;,'1;:::::::-.:.:::: -,::.-•

"i

,

.

"

Page 29: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

••

.I

• •

••

r

r•

·•

••

i

...

••

Page 30: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

1810

. ' .

P LAN T ADA C I DAD£

S.PAULO

\

lo-Wo ,..U('. [ol"'~'"

.. '"-rF,,,'....."'"

~ ,.. ) .. ..~=\ " :

,

, , ...-

.:. '- .~ .. f'":"-C""" ,,,,,• .Jf_ .. ...._ 1'""" ' _ ,.t .K_ -'- ....,..... d,..,..,. "' 1:l.:B. G... :I- . .. __

'"'- - - - - "' - -'-7--

C_ _ A$K.

,I : :

PA RY

. .

MOOCA

. .

..

•••

..i

.......Ij~

--

DE

•e s eus arrabaldes

',("'-/IAcm {, ,,/t"A:mdd ""

JULESJ\\ARTIN..'890

... . . ~ ;

PLANTADA

~£~~rr~~ ~® ~~M~

BELLA VISTA

CO~SOL\CA"O

Page 31: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

Page 32: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

s

O _=~~~_E

LEGENDA

.~., ."_.--

lSC1.l.A DE. J 20 000

- " 1891"'-

I'L\~TA GERALDA CAPITA L

SAO PULOrgdnlSdda soh a direcflio do Dr

G O .' \ ES CA RDIMlnr~ndC'me deObr8S

_ _ __' I

~

~k:-~ J l' I.Al'ITA--:r ~~AJ- .: -'2

doMuniclplOcia Ca pillli

.- \DE SAl) PAULO

--.\; : ;i!f ....::,;. '~I -' 1~ t.Jc~~JlYJOfX)

• o? !y'\l:Y o...,~= 1\ '" r-v~ . "".~ ~'l -V- ;;.. OJ .

>,... ~ 0=? 0--:; "

GI ·~r?- l ~ '. I\. ~. . J ki(.. . _ ..

2 "..{ l-_6~.(\'~ ~ 'r

, I '\ '" I "~

OONVEllfO!S

...

~~ , ;" ...." >S .

....... -..,...~

--. - "....,._ .,..... ",_._.­- - ..,.

Page 33: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem
Page 34: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

33

CAPiTULO II

o BAIRRO DE HIGIENOPOLiS, ANTECEDENTES

Antes de passarmos 8 0 Bairro de Hig ien6polis propriamente d ito,proc uraremos da r as primeiros elementos de ocupecac local e aq ua­les que ja nesse periodo de expansao urbana de fins do securepassado, concorreram para atra ir a atercao para a regiao. con sti­tuindo 0 processo resuttante nos loteamentos originais do Batrrc , quese dariam a part ir dos anos 1890-95.

a Bairro de Higien6polis nasceu em duas etapa s que sa pocIe preci­sar: a pr tmeira. dos altos de Santa Cecilia, ligado a tres names temini­nos: D. Maria Antonia da Silva Ramos. D. Verid iana Valeria da SilvaPrado e D. Maria Ange lica Souza Queiroz Ag uiar de Brros. cuja pre­senca eo evocaoa pelas ruas que levam seus names. A segun da parte,a mais alta, do lado impar da Avenid a Hig ien6polis para cim a. encon ­trando as Avenidas Peuli sta e Municipal (bole Avenida Dr. Amaldo),cujos terren os seriam toteados por Martinho Burchard e Victor Noth­mann.

Toda essa imensa area ja era oc upada por grandes propriedades deconhecidos membroa da socieda de paulista de fins do Imperio e detntclc da Rep ubl ica. Ouase conco mitantemente, aco rreram muitosestrangeiros. entre outros motives. em busca do clime da serra. dosmats sauda veis e secos. Sttuado em ponto mais alt o, nas encostas doespiqao da Aven ida Pauli sta na face Norte, 0 lugar era tido como desmais aqraoevets. Dal i se descortinava uma bela paisagem composta

Page 35: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

34

do cas ario esparso em rne!o a vecetecao. no Morro do CM, CamposEliseos e Santa Cecilia, bairros que apenas nasc tam. A Norte, dornt­neva majestoso. 0 Pica do Jaraqua.

Dadas as suas propriedades curnaucas. 0 local recebeu 0 nome deHig ien.6polis, que quer dlz er "cidade ou lugar de hig iene" .

A primei ra notrcra referente ao lugar apareceu exatamente vtnc utada aretertda elite ern 18M, comentando-se que 0 " Arrabalde do Pacaembuprosperava a otnos vistos pots que ali ja havre a propriedade de D.Maria Antonia" . (1) -

D. Maria Antonia da Silva Ramo s (1815-1902) era filha do Batao deAntcn ina (2). prcspero neg oc iante que chegou a Senador do Imperio.Fat casada com Q Tenente-Corone! Mariano Jose Ramos . EmestoMariano da Silva Ramos. urn dos fi lhos do casa l, loi Presidente d aCamara de Sao Paulo.A reler ida propriedade de D. Maria Antonia l icava entre as atuais Ruasda consctacao. Maria Antonia, Veridi ana e Major Serto rto. Resid ia naRua de Sao Joao. quase esqu ina com a Rua Ipi ranga (noie transto rma­das em avenidas) e usava aquetas terrae para pomar e pasta de seuscevalos. que eram levado s ate ali par seus escravos. (3) (Para acom­panner methor a lei tura deste capitulo vide mapa n.e 4).

Mas nao ha d uvid a de que , pr imeiramente, a " subida para a Serra",como tambem se dtz ta com reracaoa Higien6polis , loi propiciada pe1aextstencta de dai s antigos caminhos l icando Higien6pol is a certaaltura do angulo lormad o peres mesmos: 0 ant igo Caminho de Soro­caba ou Caminho de Ptnheircs (atuat Aven ica Ocnsoracao). e 0 Ca­min ho de Jundiai. deoois Estrad a de Campinas.

No Caminho de Ptnnetros tran sitavern as tropes de burros vi ndas deSorocaba. 0 Caminho de Sorocaba era des mats movimentados per­que nessa vila se realizavam as le iras de bestas de carga. onde eramvendidos os animai s provenie ntes d o Rio Grande do Sui e de 103 eramcist rlbuloos para 0 resto do Brasil .

Em fins do secure XVI, conforme Tecdoro Sampaio, era ~ " principalcaminho para 0 sertao". (4) Alfonso de Freitas assim especi fic a 0 seutrajeto: a atual Rua Dtretta. prtmetramente de Santo Antonio, depois da

1) Almanaqu e secue- para 0 ano 1880 ,2) Joao c e Silva MaChado (1782-1875). ae -ec de Antorena . 101oecocenre de trop as

em sao Paulo. Ja. pr6spero. rcrroo-se cr ete da leg lao Impe" al da Guarda Neetooatoecoreec Provinc ial pol" sao Paulo. Seoaoce0010 Parana. em 1854 FOl d"elor da RealFabl'lc a de Ferro Ipanema

3) Depo imento de Augusl0 Ramos de FreItas. seu msoeto. dOldo .!II aurora em janeiro19784) SAMPAIO. reoco c sao Paulo de Poralln'nga no l im do secure XVI, Rev'sla do

t.!::!!lSe v, IV. 1900-1901 . p . 257

Page 36: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

35

FOIO 1 - 0 Mar,a Anton,a oa S,lve Ramos (1815 -1902) Al'QuiYO e-re de sreitas

Page 37: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

36

Miser icordia. era 0 antigo Cam inho q ue do Cole gio dos Jesuitas con ­d uzia ao se rtao cera atual Ladeira Falcao. Ponte do Lorena. Largo doPiqu es, Consola cao e Pinheiros. (5).

o Caminho de Pinheiros foi reaberto pete engenhe iro mthta r Mal .Daniel Pedro Muller, em 1814, 0 qual foi tambe m remodelador doPiques e autor do obel isco Que ale hoje se encontra no loc al. (6)

Postenormente no mesma seculo. a aldeia de Pinheiros passara atcmecer legumes e ve rduras para a ca pita l. traz idos par carros de boise levados diretarnente ao Largo do Piques (atual Ladeira da Mem6r ia).Nesse Largo se concenl ravam as casas de neg6cios atacad istas e eramuito rrovtme ntac o oevtco as tropas que para 1fI aco rrtam de lodas aspart es da Provinc ia. 0 Cam inho de Pinheiros tamoem toi rota religiosaa exemolo do Cam inho da Penna. A Igreja da Oonsoracao recebia aimagern de N. S. do Monte Serrate da Capeta d e Ptnheiros. as peo ns­tas tinham grand e c evccao por essa imagem que vinha de Pinheirostrasladada em orocrssao. (7)

Pela saida de Sorocaba se expand iu parte da cidade antecedida haviamulto pela ca pela e depots Igreja da Consolacao (de 1853) e petec emnenc da c onsoracao (1854-8). Era do Caminho de Pinheiros.pouco antes de cheqa r ao Cem iterio. que se biturcava. a Rua doPacaembe de Cima (atu al Aven ida Hig ien6polis), estrada de terra quecortava os terrenos de D. Maria Antonia e coma em di recao ao Vale doRibeirao Pacaembv. chegando ateas Perd izes. Antes p6rem d e des­ce r para 0 Vale , encontrava a Estrada das Boiada s, atuat Rua Rio deJanei ro. Em breve 0 nome de sta senhora estendeu-se ao trecho q uepa ssava por sua chac ara. den ominand o-se Rua Maria Antonia.

Quant o ao Caminho de Jund tal . e representado hole pela Rua dasPalmeiras. Partia na altu ra do atual Larg o Santa Cecilia. em orrecac aAgua Branca onde navia uma cnacara e urn pouso d e tropas descr ttopor Saint-Hila ire em 1819.(8) a Irafego fora avofumaoo nesse Ca­minno. Em Jund iai. no secuto XVIII, eram prepa radas as exrecncoespara 0 Norte e aetas. Em mead os do secure passado cheqou a nao ter

5) FREITAS, All onso. Plan' Hist6ria da Cidad e de Sao PauI0 - 1800 · 1874 in ; Tradi~ .

lies e eerrumscenctas pautistanas . 2.' ec . Silo Paulo. Mart ins, 1955, p. 134· 135,6) 0 Mal. Pedro Muller e..ecuiou tambem as Pontes do Carma e 0 Campo dos Curros ,

Elabotou um mapa ccrccrence ca ceece de 1836, lOi aulor de EnsalOde um guadroestat,shco da Provinci a de SAo Paulo, 1837..:.

7) AntonIOEgyd io Martins laz retereneia a uma dessas vind as. Que se teria dado a 12de setembro de 1875, permanecendo a .mag em em SAo Paulo ale 7 de junho do anoseguinte in: MARTINS, Antonio Egyd lo, SAo Paulo anll90 1554· 1910. 5:10 Paulo. Oi8riOOl,ci al, 2.0 v., 1912.

8) SAINT-HILAIRE. Auguste de . Viagem it Provinci a de sao Paulo. sao Paulo, Marl Ins,p 213 e 215.

Page 38: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

37

Foto 2 - Rua D. venc nana na ultima decade do secure. ponto tinal de urna Imna deooooes puxados a burro. o a esqce rca para a c trena 0 arvo reoc da chacara de D.Veridiana e c asas teneas com co-eo. no ali nhamento c e rua. e cbate. Co tecao ascrncnoG, L. Burchard

condlcoes para dar vazeo ao " avultado numero de tropas q ue etettva­mente transttavam naq uela dlrecao." (9)

Per eSSB epoca, a safda para Jundtai atra!u morad ores e estes f izeramurn abaix o assinado aCamara de Sao Paulo. datada de 1860 para quecedesse terreno pa ra a construcao de uma ca pe!a com as oragos deSanta Cecili a e de Sao Jose, junto " a saida para Jundiat". " num largoalapetado de graminha." (10)

Com a expansao da cateicultura pe las terras roxas no Oe ste da entaoProvinc ia de Sao Paulo, 0 Cami nho de Jundiai passou a ser des ignadoEstrada de Campinas. Surg iram desde meados do secure pass adoinurneras chacaras na regi ao: Chac ara do Arouche que perte ncia aoMal. Toledo Rendon, Chacara das Palmetras. Cnacara do Cons. M ar­t im Franc isco II, do Dr, Domingos Jose Nogue ira Jaguaribe, etc.

9) Betetonc do Governo oa Provinc ia de 1852 in: BAUNO, Ernani oa Silva. co. cit., p.583.10) SOUZA, Everardo Vali m Pereira de. A Paulic eia ha 60 anos. Revista do ArquivoMuniCirl, v. e XI, 1946, o. 58 e ARROYO. l eonardo Igrejas de Sao Paulo 2.a ec . SiloPaulo, d , Nacio nat. c. 235 e 237.

Page 39: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

38

A Aua de Santa Cecilia expandia-se como um raia par tras da capelade Santa Cecil ia e atravessava aquetae cnacaras. Tude indica q ueesse Caminho tambem tivesse side util izad o em toncao da aquamineral de Santa Cecilia, explorada de sde 1867 per seus prop rtetartosq ue a vendtam em bar ns . ale que se organi zasse 0 sis tema da anttqaCanlareira . Depots de vendfda a prcpnedaoe. cessou 0 come rcio. qu eno entanto. semp re atra iu muitos doenles, amanda do s med icos deSao Paulo. Tornov-se propnetano do lugar, na de cade de 1880, 0 Dr.Dom ingos Jaguaribe que tar la anallsar a aqua em 1898, confi rmandosuas propnedades e reinlc iand o sua exorcracao com a nome deVital is.

A Rua do Pacaernbu de Cima, ou stmplesmente do Pacae mbu. erauma desiqnacao tradicional. Fazia parte do Baine do Pacae mbu ,Frequesia da consoracso (11), e certamente evocava a grande exten­sao de te rras Que integraram a ant iga Sesma na do Pacaembu EstaSesmarta. doada por Martim Afonso de Souza aos padres jesuuas em1561 (12), ticava a Oeste do pequeno nocreo urbane. no loca l denomi­nado Campo Largo. Em 1753, Quando os padres arrendaram aquelasterras a Joao Ferre ira Br aga, eram ass im espe citicados os seus Iirru­tes: " um sltio de terras no Pacaembu. comecanoo na estrada q ue va lpara os Pinheiros, a ente star com 0 ccrreoo do de tuntc Joao Dias(C6rrego Agua Bran ca) e para a parte do Cam inho do Mboacaba. ate aparagem do c6 rrego chamad o Pacaembu por prec o de 1.640$000cada ano..." (13)

Dessa forma a Sesmaria oc upava uma area imensa q ue se estendla doCaminho que levava a Ptnhetros. pe!o Caminho de Emboaceba. no altodo esptqao (14), (representedo pela Aven ida Dr. Arnald o) ate 0 co r­(ego Agua Bran ca e da r para ba ixo, abrangendo as terras banhadasceto Hibetrao Pacaernou. 0 q ual de u seu nome a Sesrnarla. Estacompreendia pois. a extenseo oc upada alua lmente pelos bairros da sPerd izes, Pacaembu e Hiqienooof!s .

11) cnaoe po r lei Provinc ial de 1870 e oesmembra oe de Santa Efigen ia. Penencram aFrequesra da Ccnsotacao as Parcqutas de Santa Cecil ia, Monte Serrate de Pinbeiros.Santa Cruz de N. S, da ccrcercec. de Perd izes e a Capela do c emueno Munic ipal.12) Ct. notic ia no Arquivo Aguirra, no Museu Pauli sta da USP.13) 1.0 de marco 1753. ct. c6pia do documento no arquivo cnaco.14) °Carrunhodo gmboacaba era uma biturcacao co Carninho de Pinheiros Taunay oacomo sencc um galho da via que levava a Parnaiba . "hoje a acompanhar terrenos doHospi tal do Isolamento e do cermteto do Araca. servia de seoaraceo das teras doPacaembu e do Mand ihy. propriedades des jescnes. oee do Embo acava. pe rtencente s­ao velho Afonso Sardinh a" . TAUNAY. Aftonso Escragnolle. Sao Paulo no seculo XVI.Tours, E. Arrault e Ore.. 1921, p . 214.Teodo ro Sampaio escrerece que Emboaca va era urn tone cu tranquena que se mandouconstruir para a cet eee oe cioaoe. no eecuto XVI as margens do Rio Tiete . p rcxnnc a SaoPaulo , na estrada do sertao. SAMPAIO, r eccoro. °tupi na geog ralia nacional, Bahia,1928,3.8 eo.. p. 198.

Page 40: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

39

A topoq rafta irregu lar e a grande extensao da Sesmana determmaramo seu de smembramento em Ires parte s: Pacae mbu de Ctma. de Baixoe do Mete. e co mo ta l loram arrendadas pelos padres.

Em 1767 a Fisco Real contiscou-a. assim como as demais be ns dos[esultas. expulscs de Portuga l e de suas colcnias . Vend ida ern hastapublica em 1779. aqueta dl visao toi manl ida e as partes arrematadasrespect ivamente por Gabr iel Antunes de Fonseca, Clemente JoseGomes Camponeses e Mance! Simoes. (15)

Foi ern parte da s terrae do Pacaembu de Cima que nasce u 0 Bairro deHig ien6polis. A principia. simpl es paragens de ind ios. junto ao rtbet­rae que se denominou Pacaemb u. nome composto de Paca - yemb6.que q uer dizer arroio das pacas. (16) No sec uto XVIII al i eram coloca­dos os esc-aves q ue navlam contraido variola. 0 Pacaembu de Cimapertenceu a varies proprietaries. entre os q uais 0 lend anc e tarmqe­rado Tomas de Moli na, espanhct rico e lidalgo de Granada. A sede desua casa ticava onoe esta hoje 0 Aslto Sampalo Viana, ant igo AsiloWanderley. (17) Em 1877 loi adq uirida por Joaq uim Ftcr tano Wander­ley. mante ndo-se em suas maos ale 1895. quando. vtndc a Ialecer . osherdetros do esp61io venoerarn uma parte para Martinho Burcha rdconst itu indo " grosse modo" . metade do Bairro de Hig ien6pol is.

As terras de H ona no Wanderley eram cc bertes de matas virge ns, rtcasem madeira de lei. Chegaram ate 0 Caminho de Pinheiros. onde selimitaram co m as do Batao de Ramalho. Em 1889 a Preteitura adq uiriuuma parte dos terrenos de wancetev para a amonacao do Cemitertoda coosorecao. (18)

A oesrqnacao Pacaembu permaneceu em reterencia s e em d ocumen­tos mesrno ap6s a ab ertura do Bairro de Hig ien6polis, perd urando ateinlcioa do secu!o x x . Em 1899 uma planta da Prefeitura retena-se aocruzamento das Ruas ttambe. D. Mar ia Antonia. Major Sert6rio e D.Verid iana como Enc ruzilhada do Paca ernbu. enq uanto a Avenida Hi­g ien6polis figurou como antiga Rua Pacaembu . nas esc rituras decompra e venda dos terrenos do novo Beirto.

15) Jornal do ccme-c:c. Rio de Janeiro , 12-3-1960.16) SAMPAIO, l eod oro . op . ci t., p. 27917) D, l omas de Molina lei pnrneno para a Argentina e, sobrevindo a independenciadeste pals. veic para SAoPaulo. Sua vida fora cheia de penpec ias. Dlzla-se que raptaraa noiva e que encontrara um tesouro. Morreu ou assassinad o por roubo au de tebreamarela. Tomits Molina resid iu e 10i propr ietario da Chacara do Ipi ranga (ond e se abr iu a

?Rua Vlscond e do Rio Branco). Almanaq lle de HO Estado de sao Paulo M

• 1940 , p. 193.Em ( l~comprou a Chacara do Pacaembu e veOdeu-a CInco anos depo is, ao Cal.

- Frari4s~o de Paula Maced o. Esteve ta.....bein em mecs de Ral ael Tobias de Aguiar,que apenhorou em 1833 , e ent re cctrcs. de Mariano Pires de Maced o (1837) e de D. LuisSimoes (1864).18) Ct. mapa revantaoo par C. Reis, de 12-11·1889. Arquivo Histcnc c Munic ipal"Washington Luiz".

Page 41: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

40

A pnmetra casa de Que t ivemos notlcta na RUB do Pac aembu de Cimato! a de Jolla Lucio, que em 1680 soticitava licence da Prefeitura para aconsnu cao da mesma. (19) Conforme coccrreorecao da Prefe ituraapareceu em 1889 novo pedido de construcao para a RUB do Pa-caembu . (20) .

Mas em 1884 vanes fatos importantes iriam concorrerpara a ocooecaodaquelas te rras : D. Veridiana Prado veto instalar-se nos altos de SantaCecilia q ue sa transformaria no lado par da Avenida Higien6polis, nasua Chacara "V ila Maria", enquanto a Santa Casa mudana da RUBGlorta para a R UB de Santa Cecilia.

Tai s iniciativ as torarn constderadas fora de oroocsuona epoca porq ueo lugar era lido como dos mats distantes do centro, 0 proprio pessoalda Santa Casa assim criticaria a dectseo do seg undo Batao de Ptracl­caba:

"-Onde ja se viu. diz iam etes . querervoce seu Rafael. mandar nossosdoentee .. la para Jundtal!''

" - Para la ja ternos trem , nao se assustem." (20) respondeu a CelRafael Tobias de Barros que adquiriu um terreno da Chacara do Dr.Rego Freitas, tazendc ooecao do mesmo a Santa Casa . 0 terreno to!ampliado med iante outra doacao do Dr. Rego Freitas .

Na reenoece. a escorha do local pa ra as novas instatacoes da SantaCasa causou mufta controversia e parece ter stoo telta com segundasintencoes. Ja havia side rencaoa a ped ra fundamental no antigo Be­xiqa. pelo proprio Imperador, e as mesanos ainda estavam a dtscutudas vantagens da ccnsnucao de um novo pred io para 0 hospital nostados de Santa Cecilia. Alguns ponderaram que 0 luga r oferecia maierespaco livre . outrosque os terrenos eram mats berates . etc . 0 Dr. RegoFreitas que, como sabemos. era 0 procrtetarto daquetas terras. arqu­mentou que a ida da Santa Casa para Itl " signil icaria a atraceo doprogresso para 0 Bairro." (22)

De tate. naquetes anos , as Hmttes da cidade mal tocavam os Largos doArouche e dos Guaian azes. ou apenas cheqavam ao ccnvento da Luz.aEstacao do Norte , Largo da Glcna para estancar na Rua Hiactwe! o.par tras da Academia de Dire ito (ver reprodu cao da Ptanta d a Cidadede Sao Paulo, Cia. Cantarei ra e Esgotos, 1881, mapa 1).

o ulti mo ponto de bonde a tracao animal era .em trente a Rua d a

19) Lwro de cores Particu lat es n,o 1 e 15, Arquivo Hrstcnco MunICIpal " WashmgtonLuiz".20) Id Ib Y . 2.E 1-1621) SOUZA. Eyerardo VaHim Pereira de cp. cu.. P 58Z2) Inlormal;Oesl omec idas por Larma Me sgra vls. actoee de A Sanla Casa de M,sefl c6r ·;Ii i de sao Paulo Cons Esladual de Ccltura. 1978

Page 42: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

41

Consotacao " como S8 as tiers e passageiros temessem enveredar petecaminho vermeth o e barrancoso qu e levava ao Cerntteno Municipal.(23) Este ftc ava fora da cidade, " no tlrn do munc o. abeira da Estradade Soroca ba. tade ada de ca pinzais e vacartas". (24) Parece. portanto.que a pre senc e do Cemiter!o da consoracao fo ra ale certo ponterepuls iva para 0 lugar.

" - Tao lange" disseram os amigos e parentes de D. Veridiana Pradoquando esta resclveu mandar con struir seu "petit chateau" (25) nosaltos da Santa Ceci lia, estimulada tafvez par sua ami ga D. Mar iaAnton ia. ou pete qosto das Inovacoes e dos novas habito s europe usque acompanhava 0 progresso da cidade .

Nao ha duvida nenhuma de que fai D. Verid iana Quem mats ccn tnbut upara a evidencia do local q racas nao s6 ao prestig io social de quegozava, mas tarnbern as suas inicjat iva~ e ao seu modo de vida.

Era f ilha de Antonio da Silva Prado, Barao de Iguape, pr6spero come r­crante de acoc ar e de tropas. 0 qual recebera do Governo Imperial 0d ireito da cob ranca de imposto s sobre as tropas de mutas. (26) D.Veridiana casou-se em 1838 com seu meio-t!o. Martinho da SilvaPrado , que se tornou imp ortante cafe icultor. 0 casal teve sets fltnos.quatro dos quais terlam grande atividade no mundo econcmtco epolitico: Antonio Prado, Mtmst ro da Agricu ltura, Comercio e ObrasPubricas do Imperador, em 1885-88, ap6s ter side sucessivamentevereador. deputado prov inc ial e nacion at; Ca!o da Silva Prado, ser iaPrestdente das Provlncias de Ala goas e Ceara (de 1887·89); enquantoMartinico Prado foi 0 pr tmetro Deputado republ icano em Sao Paulo(1878-89), importante lider polit ico, urn dos conven cionals de Itu eprinc ipa is promotores da Aboli cao e da Imiqracao subvencionada(27): Eduardo Prado, 0 IiIho cacuta, multo extravagante, era rnonar-

231 CARVALHO, Alons o Jose de, Sao Paulo antigo (1882-1886), Revisla do IHGSP, v,XU , 1942. P 47-64.24) SOUZA. E vamm Pereira de. oc cil. , p. 57.25) r eoooro Sampaio observou 0 fato com 0 significado do "pr imeiro passo dado navereda do progressoe m Que nao tartaram imi tadores" SAMPAIO, 'reccoro . Sao Paulo nosecure XIX. Revista do tHGSP. 1900- 1901, v. VI, p. 199.

'26) Antonio da Silva Prado (1790-1875), Banj o de Iguape, foi em deterrnmada ecocauma das figuras de proa em Sao Paulo, Foi 0 primeiro Presidente do Banco do Bras il.socursat de Sao Pauloe seu princ ipa l acio msta . Em 1858, cerca de metade das acces doBanco do Brasil estavam em maos de seus parentes. Amigo pa rticular dos Anc reoas ede D Pedro I, oequem cnec ou a ser confidente, tor em 1819 nomeado Capitacda Milic iade Sao Paulo e depots veread or em 1822. Em 1826tornou-se c ecnac-rcr ca c idade deSao Paulo e vlce-Presid ente da Prov inc ia de Sao Paulo em 1841.27) Anton io e MartiniCO oe Silva Prado to-am anvos cate tcuuores. Abriram mcmerastazeocas adculnd as com 0 pai: a Santa vencnane. a Guatapara e Sao Martmno. etccons.oeraoas estas duas as maicres fazendas de cafe em sua eooca . Com 0 temp o,vemos a lamil ia oeorcar-se aco nstruc ao de terrcvtas e a indus tria , Em 1867. Inccr pora-aa Cia pauusta de Vias serreas e Fluviais ester cenoo a rec e de Jooc -er ale a saaeooa.saota Veridiana. onde chegou em 1880.

Page 43: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

42

q uista e escritor de projecao. Tornou-se con hecido como amigo deEca de Ouetroz e personagem do romance desse escritor A Cidade eas Serras.

D, vertcn ana vinha de sua chacara na RUB da Consolacao. Morave nurnsobrado de talpa do sec u!o XVIII q ue ucava ao lade da Igreja. Achacara S8 estendta ate a allura da s atua!s Aven ida 9 de Julho e RUBAuqusta. Nessa casa vlvia desde 1848, e usava-a quando passa vatemporada em Sao Paulo au para dar a luz a seus tit hes. deixando aFazenda Campo Alto onde resid ia com 0 mar tdo.

Em 1877 separou-se do marid o e ticou ocupando a parte inferi ordaquela casa cesttnanoo ao mesm a a parte superior. No ano seguinteadqui riu a terreno de Santa Cec il ia onoe con strui ria em 1884, urnpalacete. formando a chacara Que de nominou "Vila Maria ". Trouxe aplanta da Europa, em estit o Pena scenca frances, a q ual toi co nst rutdape lo engenhe iro Lutz Liberal Pinto (28) com material todo importado.Trocara assi m seu sobrado de talpa pela nova residencia . Repet iaporem, a sistema de sua chacara da Consolacao. onde mantinha[ardl m. pomar e c nacao. ao mesmo tempo q ue dave contirwidade aohabito observado entre tamttlas abastadas em Sao Paulo , de restdtremem chacaras nas proximidades de um nucleo urbane. Esta forma demorar. como se notou,constitufa meio caminho entre a casa-grande defazenda e a cidade.

A casa de D. vertdtana, co mo uco u co nhecio a. ticava em rneto ajarotne espe cia lmenle desenhedos. entre bosques. lago e pomar. Parase chegar aos seus tund os. nos Hrnites com a tutura Avenida Ange lica.era precise atravessar urn mataqal. Tude leva a crer q ue se tratou daprtmetra casa no genera em Sao Paulo, com planta e matertats lrnpor­tados. inaug urando a sene de palacetes trnportantes que existiu nac idade na vlr ada do secuto. as q uais eram impl antados com ca racte­risticas de cnacaras.

A "Vila Maria" pode ser tambem constoeraoa um dosprimeiros exem­orares de residenc ia do Eclettsmo em Sao Paulo, once. mesmo asnovas predios publicos de matores prooorcces. como a Teatro SaoJose e 0 Gtnasto. a Real Gina stico Portuques. 0 Hospital da Benefi­ceocta a temple doe Protestantes e 0 Serrunano Episcopal . "nao sehaviam afaslado da arquilelura pesada e monotona. quase tosca, quea mae patrta nos ensinou''. conforme observacao de Junius, fAita em1882. (29)

28) tntormacao do hisioriador J F. de Almeida Prado (ou Van de Almeida Pfado j aautora.29) JUNIUS, OU DINIZ. Firmo de Albuquerque Notas de vlagem 2,a eo . CclecaoPaunstica. v, v. Govamo do Estado de Sao Paulo. 1978 p 56

Page 44: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

Fete 3 - 0 vendrana Valer ia (cu vares.aj da SIlva Prado (1826-1910 ).

43

Page 45: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

44

A cidade entao mal conh ecia 0 estito neocl assico vi gnolesco : a" Grande Hotel", pr imeiro ed iticio no estilo. era recente . Proie tado petearqutteto qermanico Von Puttkamer por iruciattva de outrcs dais ate­rnaes: Frederico Glette eVictor Nothmann, fora concluido em 1878. Eo ed ific io do Museu do Ip iranga, em neoclasslco itallanlzante. projetode Tomas Gaudenclo Bezzi, de 1881. somente seria construido em1885-95. pete arquiteto Luigi Pucci. Quanta a Ramos de Azevedo, 56iniciaria seus trabalhos os cid ade de Sao Paulo depots de , 886. anoassinalado co mo 0 de inlcto de carreira do [ovem arquitetc na capital,trazldc de Campinas pete Dr. Antonio de Queiroz Telles, Presid enteinterino de Provinc ia. (30)

Quanta as novas residencies. parecia predomina r entre as elegantesas de tipo achalesado. gosto lntroduzfdo peres ing leses nos anos1860, quando constru iram a Estrada de Ferro " Sao Paulo Railway" (31l,ou segundo mod a saida da Corte no Rio de Janeiro para as provincias(32), e desde entao se pronteraram pete cidade. Jun ius, em 1882retenu-se aos batrtos da ctdade como "omados de boas casas, algu­mas de construcao eleqante. a imitacao dos chales sulcos". (33)

Em pouco tempo nos bairros novos surgi ram pala cetes no genero dacasa de D. v eridi ana. muitos na mesma moda lidade france sa, comonos Campos Etlseos e no pr6pr io Batrrc de Hig ienopol is, enquanto semauqurava um sistema que se tomou cor rente entre as famil ias matsabastadas. a de tmoortacac de plantas da Europa. algumas catcadasem monumentos lamosos. Asstm, D. Maria Ange li ca de Barros. em1891. ao Iazer constnnr seu novo palacete na Avenida Ange lica es­quina com Alameda Barros, procurou reoucer 0 casteto de Charlot­lemburg. mediante pla nes. matertats e ate oecoracao encomendadospessoalmente na Alemanha.

Na decade sequi nte. a casa de D. Veri diana vir ia a tormar. com aChacara do Carva lho, a de D, Ange lica e 0 Palacete de EtlasChaves. 0conjunto de residencie s mats irnportantes da cidade.

A Chacara de D. ve ridiana ocupava uma grande area. delimilada pelaanliga Rua de Santa Cecilia ale a allura da atual Avenida Ange li ca. "vottaoa para Santa Cecilia, detron tava-se com a Chacara do Dr. Do­mingos Jose Nogueira Jaguaribe, da qua l se seoarava pela RuaTuyassu entre a atual Rua Mart inico Prado. once navia a Icnte de Santa

30) LOBO. Pelagio A. Franc isco de Paula Ramos de Azeved o in. Velhas f"ifuraSd e Saof1IL!2.. atouoreca de Academ ia Paunsta de t etras. v. 5. Silo Paulo, 1977. p . 25531) rntoernacao do h,slor lador Van de Alme ida Prado In: BRUNO, Ernan i da Silva , coCit, y, III. p . 45432) Como aind a sogere 0 pr6pno Van de Atmerda Prado m Arquitetcs de Silo Paulo em1880 Habitat 3. 1951. p. 5033) JUNIUS. au DINIZ. Firma de Albuq uerque OD Cit D 35

Page 46: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

45

F0104 - Casa de D, Verid ianada Silva Prado, na Rua da Consotacao. Sobrad o detetpado secujo XVIII. demo lido na oeceoe de 1940. Foto de Caio Prado Jr, de 1944,

Cecil ia e a Rua Marq ues de ttu. 0 portae de entrada dava para a AuaMarques de lIu , de forma q ue as t.moos tarn ter no Caminho doPacaembu .

Extremarnente refmaoa . vcttada para as moldes culturais europeus, emuito avancada com retecao a mulher de sua epoca. D. Veridianapromoveu em sua casa 0 primei ro satao cultural aberto que a cidadede Sao Paulo teve , once rece beu figuras de proa do mundo intelectuale artlstico nacional e est ranqei ro.

D. Veridiana exerceria papel marcante tanto com reracao a ocupacaode Higien6potis quanta 80 ti po de vida Que se oesenvcrveu nesseBatrro. Assumiu a Hderanca da vida social pau lista continuada perseus descendentes e parente la extensive ate oero menos a segundaqeracao. E essa lideranca lo i desenvolvioa em Hi qienopous. comoteremos ocastao de narrar.

D. vertdtana atnoa tarta construir as duas primeiras casas do lad ooposto da Aua de Santa Cecilia , na esquma com a Aua Marques de Itu.Encarregou 0 arqutteto Pucci do pro jeto e da construcao das mesmasap roveitando material Que sobrara da construcao do palacete. Naverdade eram quatro casas, pois Que cad a pred!o possufa duas ala sQue alugou e depois vendee a parentes .

Page 47: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

46

Foto 5 - Perecete de O. Veridi ana da Silva Prado. oa Rua 0 veoneoe. esauma comAvenid a Hig ienbpol is. Conslruidoem 1884 med iante planta e mater iais importad OS daFranca FOlo de lim de seco:c. mostrando os jardlns or'9,na'$ . scor e parte dos qua'sevenccu 8 RUB General Jardiffi . Arquivo de Maria Helena Prado games.

Page 48: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

47

D. vertdtana deu nome a duas rua s: a de Santa Cecil ia que em brevepassou a chamar-se Rua D. v endtana. Nessa epcce. co inc idindo como toteam ento da Chacara do Dr. Rego Freitas, a atua l Rua GeneralJard im tambem se chamou Rua D. Veridi ana tatve z porque fosse 0

caminho ideal para quem salsse do Largo do s Curros (hole Praca daRepubli ca) e q utsesse aling ir sua casa (34). Conq uanto, no futuro , aRua Marq ues de Itu assum iria a funcao de passagem para 0 centropara as moradores de Higien6polis.

Tudo indica que as tetras Que seg uiam pete tado par do Caminho doPacaembu tivessem pertencido a Jose Pedro Galvao de Moura La­cerda e a D. Maria Angeli ca Aguiar de Barros. As de D. Angelicavinham da Estrada de Campinas e subiarn pela atual Rua MartimFrancisco entestando com as do Or. Jag uaribe e de O. Ver idiana eseg uiam acima do lade esq uerd o da atuat Rua Veiga Fttho. ondeencontrariam as de Pedro Galvao. e dai conttn uavam a subi r ate 0

Cam inho do Pacaembu. A segu ir. de sciam peta hoie Rua ConselheiroBrotero.Essas terras tizeram parte da ant iga Cnacara das Palmeiras. A Cha­ca re d as Patmeir as tinha 25 atquetres e ate 1874 pete menos . quandoesteve em hasta pub lica, possuia casa grande. senzata. ccchelra.armazens e terra s c uttivadas com cba. pomar e mandloca . conformeas notlcias do ed tta t de praca.

Pertencera ao Brig. Franc isco Jose r.erte Perei ra da Gama Lobo edepois ao med ico Frederico Borghoff. 0 Or. Francisco Aguiar deBarros. casado com O. Angelica, arrematou-a em haste publica eproc urou ampuar seus limites para 30 alqueires.

O. Ang elica vtnha da Rua Sao Luis onde restd ia numa cbacara de seupai, 0 Barao de Souza Oue trcz . Nasceu em 1842. e casou-se em 1862.com 0 Or. Ag uiar de Barros q ue era fil ho dos Baroes de Il u. 0 casalab riu nos prtmetros tempos uma tazenda de cafe. Ao retornarem paraSao Paulo, e apreciando mu ito a vida de tazenda . D. Angelica quisresidir fora da cidao e.

Conta- nos seu netc . Paulo de Barros Ul hOa Cintra (35) q ue a ida da RuaSao Luis acha cara de D. Ange lica era urna verdadel ra viaqem tal 0mau estado dos caminhos e a tatta de rec ursos na eooce.

A fam il ia Barros co mposta de oez fi lhos, restdta na casa grande, detalpa. que ucava na altura da Alameda Barros (parte de ssa casaabriga a atua t sec e ca Casa Pia Sao Vicente de Paulo). Possuia um

34) Ato nc t 9 de 18 de dezembrc de 1894 "denomina Aua General Jardim, n8 Vilaaoercoe. a rua carerere a do MarQues de ltu. antes cenoennaoe Veridi ana par existiroutre com igual dencemnaceo".l'i) Depoimento a autora em 22 de junho de 1979.

Page 49: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

48

Fato 6 - Rua 0 , vertotaoa por volta de 1894, vendo-se as casas que D, venotanamandou construir. na esquina com Rua Gene ral Jardim, contorme projelo e constru caodo erqcneto L Pucci. Cclecao Escntc nc G, L. Burchard

renq ue de palme iras q ue tarn ate a Estrad a de Ca mp inas as qu aiscon tinuavam a ladear essa est rad a. de onde 0 nome da Rua da sPatmeira s. Par votta de 1893, D. Angelica deixou a casa grande pararesid ir no pat ecete da Avenida Angelica . do ando-a a reterfda CasaPia. (36)

Fronte tros a casa de D. Veridiana I lcavam as terrenos do Barao deRamalho. 0 lug ar denominava-se Campi nho. 0 q ual, fazendo f rentecom 0 Caminho do Pacaembu . subta na altu ra da atua l RUB ttambe.Hmitando-se ao Sui e a Oeste co m as lerras de Fforiano w anoertev. d osquais se separa va por um vale.

Joaq uim Ignacio Ramalho, nascido em Sao Paulo, em 1809, era ba­chare! em Cienctas Jurid icas e Socials cera Academia de Direito deSao Paulo, onde lecio nou d urante lon gos anos . Em 1845 lo i Presic enteda Provinc ia de Golas. tendo sroo memb ra do Conselho de S. Males­tade. Fo! casado com D. Paula da Costa Ramalho e de pots de rece berinumeroa titu los to! agraciad o com 0 de Barao de Aqua Branca e. em1887, co m 0 de Barao de Ramalho.

36) to. in.

Page 50: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

49

FOIO 7 - D. Maria Angel ica Souza Oueecz Aguiar de Barros (1642-1922). Arquivo Paulode Barros urroa Cinlr8

Page 51: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

50

'"

.... -;....~-T"_...a-_ ,._'1'10.\'" I" 'PI~$." ...ee

, 'PI '"' ,'Jr..'

,.

Foto a- Antiga sede da Chile ara das Palme iras. onde residiu D, Maria Ange li ca deBarros. doada aCasa Pia de S. Vicente de Peuresem 1894. Em parte oeste pred io deterce do secujc XVIII, func iOna ainda ho,e a sed e da Casa P,a. na Alameda Barros

- ­,

Feto 9 - Petecete de O. Mar ia Angelica Aguiar de Barros (1991-3). (inspi rado no Palaciode Chalottenburg . Alemanha) hoje oesecereco c. snceve-se n8 Avenida Angelica comAlamed a Barros . Arqu ivo Paulo de Barros urree Cintra

Page 52: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

51

Rarllo de RamalhoFete 10 - Joaq uim llla c io Ramalho (1809-1902)

Page 53: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

52

o Bat ao de Bamatho resto re na R UB da Consolacao em casa ter rea.com grande patio, Era uma chacara viainha a de D. Veridiana e deMartinho Prado . passuindo pomar e rruntas [abutlcabetras. Usava asterrenos do Pecaembu como pasta para seus cavatos.

Encravado nas terras de w anoertey. no Caminho do Pacaemb u (noatual Coleqio N, S. Sian), navta um chate em meio ao arvoredo . alu ­gada para 0 Hotel da Franca e ad mtntstrado pela Cia. Hig ien6polis.

o cttma apraztve! e 0 ar ameno das encoslas haviam motivado ainstatacao no chafe de um Hotel ou casa de repouso. den ominada,Sanatoria ou Holel Hig ienopolis.

Par volta de 1884, Gui lherme Lebe !s. prospero cornerctente alemao,80 adqui rir no centro, nos "Ouatro Cantos" (contl uencia da Rua Dtrettacom Rua Sao Bento) 0 Hotel de Franca . atuqou tambem aq uele chale.onoe os seus noeoeoes gostavam de passar 0 tnverno em busca docli ma mais ameno e do ar pure.

Conta Armand o Lebeis . neto de Gu ilherme (37), que durante a tempo­rada Hrtca apresentada no primeiro Teatro Sao Jose, que ticava atrasda velha catedra t da S8, os h6spe des satem de coc he para ass.stu asoperas. Ale m do cochetro. tarn em companhia de um empregadoarrnado. preparad o portanto para entrentar a verdaoeira aventura q uesiqnificava che qar ate 0 centro, a noite. Segundo lemb ra ArmandoLebeis. 0 trajeto q ue 0 coc he segu ia era: Ruas Pacaembu e MariaAntonia, depots Rua da Oonsotacao ate 0 Piq ues, de onde subiam peteLadeira de Sao Franci sco ate 0 Largo da Se.

Postertorrnente. no lugar d o Sanat6rio instalou-se uma escota - 0tnstttutc Braz il ia Buarq ue - em predios ba ixos de made ira. Era 0Instituto prep arator!o aEscota Normal. Seu mentor tot 0 Prof. Cyr tdiaoBuarq ue, rencmado ped agogo da antiga Escola Normal da Praca. 0Instituto levou 0 nome de sua mulher, D. Brazuta. tambern protessora.

Enq uanto se proc urava 0 lugar pe!o c li ma sa uc avel. os nort e­amencanos subiam as encostas para enqtr uma esccta . Iratava-sedos missionaries presbtterianos. Iiderados pete Beverendo GeorgeChamberlain, os quais pretend lam construi r uma sucursal para a Es­cola Ame rica na, que haviam fundad o em Sao Paulo em 1870.

Antes do clima aqracaver. 0 que esttrnulou a vinda des "yankees" foi aidoneidade dos tltulos das propriedades do lugar. Chamberlain sehavia antes voltado para os lade s da Liberdade , q uando pel a prtmetravez necessttou de local para Esco!a e a Igreja. Aq uele bairro, sttuadoem zona antiga da cidade, proximo a saida do Caminho do Mar e daterrovta. era multo procurado, estando suas terras por lsso. mats vulne-

37) Depo imento a autora em maio de 1979,

Page 54: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

53

Fatc 11 - Rua nambl! po r voila de 1894 Em pri meiro plano a l inha de boode a tr~lIo

animal que servia a Vil a Buarque A esq uerea, 0 Pr6diOMackenz ie em const~Ao e ospred ias mars antigos da f sco la Americana. arem de uma sebe de bambus. remanes­eente de prlm lliva cerca viva. A d ire ita a queo eaonde sene conslru lda a ""Vila Pentead o"e o cnete do Or. sa , cciecsc ESCfit6riO G L Eklrchard .

sctc 12 - Vista de Sanla Cec il ia e da Vil a BuarQue em 'I"S do secuio. No pr imeiro p lanoa Rua D. Verid ia"" e af'tlOl'edo da "vue M8ri 8 ~. ceiecee Escri16no G. l. Burchard .

Page 55: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

54

ravels a gr ilagem. Chamberla in de scob riu que nac erarn de boa pro­cedencta as tlt ulos reterentes aos terrenos pelos quais se interessara.vindo a perder aquantiaque adtantara como entrada do neg6c io. (38)

Sabedor do insuce sso de Chamberlain, 0 Prete tto Jolla Teodoroaconselbou-o a votter-se para a "cid ade nova" pois acred itava seremaquetas terras. ja que estavam Intacta s. em macs de genIe de grandefortuna, (39) De tate. fora Joao Teodoro 0 incentivador de expansao decidade para Oeste . Seu plano urbanlsttco de 1874, procurou estrmufaras proprietanos a lotearem suss chacaras . Para tanto. autonzara 0lit6grafo trances Jules Martin a proietar e a const ruir 0 Viaduto do Chaque unir ia ao velha centro 0 Morro d o eM ja oc upado por um nucleourban e. Este. porem. ccnttnuava separado do centro, pelo Vale doAnhangabau, lugar temido como mal assombrado por abrigar em suasmatas quilombos de esc ravos fugi dos. Anoite. os negros salam assal­lando hortas e quintals .

Chamberlain comprou 0 primeiro terrene para sua Escola e Igreja noloteamento da Cbaca ra do CM, na esquina da Rua de Sao Joac comRua Ipiranga . Em pouco tempo, aquele espaco tot tnsutict ente paraabrigar 0 numerc crescente de cnancas que procuravam estudar naEscola Americana dada a novidade do seu metodo. inteiramente vet­tado a pratica. aos esportes e a eoocacao mista. Desta vez necessi ­tava de espaco para tnsraracao do internato masculi no.

Chamberlain lembrou-se do consetnc do Preteit c Jcec Feoooro ed ir ig iu-se para a Consoracao. Mas the foi dif ic i t encontrar terrenosavutsos exatamente de vid o a existencta de grandes cnacaras. Perinfl ulmc ia do gramatico Eduardo Carlos Pereira, que tambem erapastor presbiteriano. O. Maria Antonia acab ou por doaraIg reja Presbt­teriana cerca de 27.000 m2, na esq uina da Rua Maria Antonia com Ruartambe . (40)

Na verdade ocor reu uma venda simb6lica, rsrc e. O. Maria Antoniarecebeu apenas 600 mil reis. quantia necessaria para abrir um valed lvisor io. em cui a extensao se ptantartam bambus. (41)Assim nascla 0embnec do futuro Mackenzie. Nessa area edi ticaram-se em 1850 0Predio "Couto de Maqat haes''. internato para meninos e, dez anosdepots. 0 Predio Mackenzie, na esq uina da Rua Maria Antonia .

Como vimos . durante os anos 1880,0 local em que nasceu 0 Bairro deHig ien6polis era ocupado por grand es chacaras pertencentes aelitepaulistana: uma dessas chacaras. de Joaquim Ftor tanc Wanderley

38) GARCEZ. Benedicta Ncvaes. 0 Mackenz ie. saoPaulo. Casa Edllora Presb nenana.1970. p. 56-57 .39) oc. CII.. 57.401 op. cn.. p. 78 e s41) Depoimento de Augusto de s-eues

Page 56: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

55

repreeentara a evotuca c d e antiga sesmaria do Pacaembu que deunomeaquetastetrase ao Batrrcdo Pacaembu. naFreguesiade Oonso­racao.As dema is formes de ocupacao eram 0 Hotel Higien6poli s e aspredios da Escola Americana. e toram motivada sau pete cli ma ou petaexistencla de grandes prcprtedades. e peta idoneidade dos titu los deposse des tetras. -

Page 57: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem
Page 58: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

MANCHAS DE OCUPACAO QUE ANTECEDE.RAM 0 BAIRRO DE HIGIENOPOLIS NOS

ANOS '.80

III IGREJA DA CONSOLA~Ao

ill IGREJA DE SANTA CECILIA

~ CIA HIGIENOPOLIS(HOTEL OU SANATORIO HIGIENOPOLIS)

~ VIR/DIANA PRADO

• MARIA ANGELICA QUEIROZ AGUIAR DE BARROS

• DR. DOMINGOS J.N. JAGUARIBE• FONTE SANTACEciu A

R TUYASSU,APOS R VITAlIS,OEF'OIS R MARTIMCO PRADO

~ PRESUMIVEL PROPRIEDADE DE~ JOSE PEDRO GALVAO DE MOURA LACERDA

LEGENDA

IIIAREA INICIAL DO CEMITERIO DA CON •SOLA~AO

~ MARIA ANTONIA DA SILVARAMOS

!li\'iil CHACARA ~O DR. REGO FREITAS~ ANTIGA CHACARA MARECHAL AROUCHE RENDON

• SANTA CASA

IIICONSELHEIRO MARTIM FRANCISCO_ . _._ ESTI'AO*-()£ CAM PI NA,S

••..... ..• CANI NHOS DO PACAEMBU_____ CAMINHO DE PINHEIROS E SOROCABA

BASEADO iliA PLAIIITA GERAL DACAPITAL. DE SAD PAULO (GOMESCARDIN' DO ANO OE 1897

Page 59: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

j -

I

I I,i I ,-

I&..

I ! I- I II

~j ,

IL

II

I!

,. j

f,

"

,"

'.

I

Page 60: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

59

CAPiTULO III

o BAIRRO DE HIGIENDPOLIS

1. 0 EMPREENDIMENTO DE MARTINHO BURCHARD EVICTOR NOTHMANN

o Bairro de Hig ien6pol is somente S8 to-marta na decade segu inte pa rImctanva de dois comercia ntes aremaes. M&.rtinho Burchard e VictorNothmann que lotearam a area que val do race impa r da Rua doPacaembu. para cima. em direcao a Avenida Paul ista. Consisliu nacompra e no roteamentc das duas glebas sem benfe itori a atq uma.localiz adas entre a Rua da Consolacao e 0 Vale do Ribeirao Pa­caembu . a saber: as te rrenos do Barao de Ramalho e uma oorc ao daanttqa propri edad e de Joaq uim Ffortano Wander ley.

As lerras do Barac de Ramalho foram adquirtdas par Burchard, em1890, em sociedade com Nothmann. A area media 360.611 m2,45 em. (1) Nolhmann adquiriu tambem uma area ao Sui entre a Conso­racao e a Estrada do Araca. em forma triangular. Em 1895 Burchardcomprou. sob a denlq nacao de Pacaemb u. 0 lerreno do esp61io deWander ley, que med ia 206,800 m2. (2)

1) sscntora cconceee 17 de setembro de 1890. 1.oTab. de SlIo Paulo. Elias Machad ode Oliveira. reg.strada sob n c 4 425. l ivro de nolas n,o 2 11s. 20

2) Escntera pUblica de 17 de junho de 1895. lendomelade dolerrenoemcomumcomAle_ander & Cia

Page 61: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

60

Burchard ja se navia assoc taco a Nothmann em outro ramo de corner­cia. Em 1890 apare ceu com parte da firma "V . Nolhmann e Cia.... quetot a prime ira firma importadora de tec idos d e Sao Paulo. fundada percpr6p rio Nothmann. em 1870.

Victor Nothmann terla comecaoo sua vida no Brasi l como maseate,protissao bastante utit izada pelos estrangei ros recem-cneqados. (3)Na decade de 1880. lancou-se no ramo imobillar!o. tornando-se scc!ode outro co merci ente alemao. Frederico Glette. Quanta aabertura doBairro dos Campos Ensecs. Gtette trvera a intc lativa de adquirir em1879. a Chaca ra do Campo Redondo (4) q ue foi loteada em 1886. Erauma grande area, Que ab rang ia parte da Luz, do Born Ret iro e da BarraFunda . Nela. as s6cios abri ram as Alame das Glette. Nothmann,Ribeiro da Silva, as Averud as Duque de Caxtas e General Osorio. e asRuas dos Gusmoes. des Andradas, Helvetia, etc .. constttuindo-sedessa forma , 0 Bairro dos Campo s Eli seos .

Glette e Nolhmann naviam qa stadc 100 COfltOS com a abertura dosCampos Eli seos, e apuraram 800 co ntos ! (5)

o ramo irno b i ti ar io to ma ra -s e pots um excetente ne g6c io .Orqanizaram-se inumeras iniciativas particulares vottadas nesse sen­l id o. Martins (6) oa como motive de interesse subito dos paufistas petaespec utacao Imobniana a quebra do Banco MaUB.. ocomdaem 1875, 0que ter ia ca usado panico entre os capita fistas. e 0 conseq uente receiode guardar d inhe iro em ca sas bancarias.

Raffard. que tambem se admtrou da tebre esoeccteuva que ocoma emSao Paulo em 1890 (7) , atr tbuiu -a aHberacao dos capitals do s tazen­oerros. ante s empregados na construcao de terrovia s. enq uanto mui­tas oestas red uztarn seus dlvidendos. assi m co mo ao temor de depre­cta cao da s propriedades agricolas e de q uaisquer outros titulos. emconsequencia da Abolica o da Escravatura e da Proclamacao da Re­publica.

Seja como for, a espe culacao imobiliaria se mostrava agora um neco­etc rendoso. pots a creede cresc te a olhos vts tos. Em 1875 a cidadepossula menos de 3,000 pred ios. Onze anos depots estava com mai s

3) OEFFONTAINES. Pierre., Mascates au pequencs negoc ianles amtetaotes do Brasil.Geograll a II. 1936. p . 1.

4) Tambem d~lnada Ch.iicara Maua e do Charpe peeteoceu ao Brspo 0 , linooeccerc RodrIQues de Carvalho. onde se msratara 0 corecc Ipi ranga. de Ferd inandacescrenstem e de Oaniel H , Ullma nn

5) MARTINS. A, Egyd iO. Sao Paulo antigo. 1554-19 10. Sao Paulo. Oiilrio Ol ic ial. 1912.If , 2. p . 14 e 15

6) op , ci t . p. 9 1.7) RAFFARD. Henr iQue, Alguns d ,as na ce onc e.e Relflstado lHGB . R,o de Jaoeeo . If ,

tv, 1892. p 159-258.

Page 62: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

61

de 7.000 . (8) Naq uete ana. uma casa no centro da cidade ainda naoval ia nada. Basta remora- q ue qua ndo a Barao de Iguape tale ceu(1875) sua neta Ana Brand ina da Silva Prado (conhecida co mo Chu­chute) . que se casou com Anton io Pereira Pinto Jr., a ccntraqosto dafamil ia, loi dese rdada med iante receccao da casa do avo. q ue ficavanos "Ouatro Cantos". tsto e. na Rua Sao Bento esquina com RuaDtretta. enquanto sua irma Anesia . neta predileta. to! contemptadacom uma cerrcca t Uma casa em Sao Paulo, portanto. chegou a varermenos do q ue um mover.

A pr6pr ia Preteitura estrmutava as propnetartos a rotearem suas tetrasisentando-os de impastos. 0 Consethetro Antonio Prado quan do Pre­teito de Sao Paulo (1899-19 10) , isentaria vartos deles de tats obriga­Coos durante os primei ros cin co ou sets anos . "exceto se torern vend i­dos os terren os ou passarem para rnaos de terceiros".

Vemos assim , a divtsao sucessiva de cnacaras em Sao Paulo. e emespecial a Oeste ca c jdaoe. Em 1899, loram isentas d e impostos peteretendo prazo. a Baronesa de Umetra que ao rta ruas em sua Chacarado ruacnuero (no prctonqamento da Rua de Sao Jo aoj e a familiaDulley, no Bom Retiro.

Aind a nos anos d e 1880. os beroeiros do Or. Rego Freitas vende ram asua Chacara a empresa constitulda pete Senador Rodoll o Nogueira daRocha Miranda e pelo engenheiro Manuel Buarq ue de Macedo . filhodo Conselheiro Buarque de Macedo (9) . que prcmoverarn 0 arrua­menlo da Vila Buarque.

Em 1890, Joaqu im Eugenio de Lima irnciou lotea mentc da CbacaraBell a Ctntra, que deu origem a Avenid a Pautis ta. aberta ao trateqc em1891. e as ruas paralelas e perpend iculares a mesma.

Em 1901. seriam isentas de Impostos O. Maria Angel ica de Barros e O.Veridiana Prado quanto ao arruamento respecnvamente. das Cha ce­ras das Patmeiras e da Con sotacao.

Tai s loteamentos e outros mats surg iram prattca mente nos utttmosanos do seculo passado. Basta comparar entre si os mapas de JulesMartin, de 1890 e 0 de Gomes Cardi m, de 1897 (mapas 2 e 3 de stetrab alho).

Neste ult imo mapa vemos a cl dade expanclr-se em qua se toda s asrnrecoes. A Leste, marg eando a terrovta do Norte, tci acrescida dolotea mento do Hip6d romo, da Quarta e Qui nta Parad es (esta ult imaVila Gomes Cardim) e da Vil a Bernard ino de Campos . Nas proxtmtda­de s da terrovia inglesa estac a Vila Prudente, empreendimento dos

8) MARTINS. Anlonio Egyd io, cp . cn.. p. 122.9) rntoemacces toneceras a 31Jlora cere hislorad or serg io Bcerq ue de Holl anda

Page 63: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

62

Irmaos Falchi e 0 loteamento do Bairro do Ip iranga. Mala ao sut.surgi ram as Vilas Mariana e Clementi ne.

o mapa de Gome s Card im jil inclui a Oeste . alem da Vi la CerqueiraCesar, 0 loteamento de Higien6polis. periodo em que Burchard eNothman n trabathavam em Qui ros empreendimentos. tambern presen­tes nesse map a: a da vereee do Salles. na Barra Funda. 0 da ChacaraCadette. nas Perd lzes. alem do Hip6dromo, acima reteno o.

As terrae onoe se desenvotvena a Bairro de Higien6pol is toram des­cobertas ao mesma tempo. FicQU na mem6r ia d es pauli stas a ca rridaque esses especutadores travaram para a aq uisicao dos terreno s doBatao de Ramalho, 0 qua l ainda ignorava 0 valdr dos mesmos.

o Barac viu as dais comprado res desfilarem em seu esc rttorto. emquestao de meta nora. Numa manhe . recebeu a visita de Burchard queIhe olereceu 200 contos , soma ccnslderada tabulosa na epoca. 0Barao aceitou a oterta. Iecbando 0 neg6cio na base da palavra. Poucodepois, para assombro do Batao chegou Nothmann oterecendo-t be250 contos.

"- Afinal de contas que tustcna e essa. os senhores descobri ram minade cu re naqceres past os? E sem esperar resposta. acresce ntou posi­nvo: " Mas nao ace ito a oterte. ja oet minha palavra e as terrenos estaovendidos." (10)

o loteamento de Hig ien6pol is foi consideradc em seu tempo a demaior exteneac territorial e de Importancia econbmica e soc ial.

A area fo i adquir ida e loteada para formacao de um bairro de classe A,exclusivamente reslcencial . Tratava-se da tercena area resld encialurbana de elite na cidade de Sao Paulo, antecipada , como dlssemos.pela Santa Efiglm ia e Campos Eltseos.

Para tanto, trataram Burchard e Nothmann de dota-la de tod a sorte debe ntettortas. de d ivid i- Ia em grandes lotes e de obter junto aCAmaraMunicipal regul amen to Que assegu rasse seu uso exc tusiva mente re­stdenclal, a exemplo do Que fora fei to com retacao aAvenida Paul ista .(11)

Assim , em 3 de junho de 1898, 0 Dr. Pedro A. Gomes Card im, Inten­dente de Obras da Camara Municipal , assrnou a le i n.c 355, segundo a

10) Esla hist6f ia e contada ainda hoje por antigos ceoneree. Pedro Luis Pere ira deSouza em seu livro Casa BarllodeI~e, Slio Paulo, 1959. p. 173-4, transcreve a versacdo Dr. Antonio C. Vicen te de Ai o. Este inclui Glette como acompanhante deNothmann. mas acnarros 0 lata impoSsivel vtstc que Glette . perc que pudemos apurar,la receu antes de 1890.11) Ouatro anos antes, Joaqu im Eugenio de Lima conseguira uma lei para a novaAvenida Pecusta. obrigando as luturas consnu cces a respe tterem urn recuo de 10m.com relaello ao alinhamento das calcadas, bern como de zm. lateralmenle,

Page 64: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

63

q ual eram obrigadas "as construcoes de casas nas Avenidas Higie­ncpclis e lIatiaia (atual Avenida Angelica) a respeitarern 6 metros entreo attnha mentc e a frente da casa , oero menos, para jard irn e arvoreoos.e bem assim, um espaco nao menor de 2 metros de cada lado''.

Essa lei siqnificava uma alteracao nos nabitos de viv er em Sao Paulo,Que se tornou multo mats complexo e sofis ticado : a libertacao da scasas e sobrados conslruidos sabre 0 alinhamenlo da s vias publicas esabre as Iimile s laterals dos terrenos, contorme traotcao colonia l por­tuguesa. Ao mesmo tempo que , conjugada com grandes 101es, poser­bntta r!a a tusao das chacaras reside nc iais com as sob rados urbanos.(12)

Subentendia-se ainda a re-europ eizacao de nossa cuttu ra, que bus­cava manter-se a par dos mode los europeus da epoca di tad os pelospalses mais progressistas, como a Franca. Ing laterra, A leman ha,Suica . Betqica. etc. Oeo rreria em Sao Paulo a vulqanzacao dos jard insa ponte de , tuturament e. toda easa que se prezasse ir ia ter seu jardi mtronteiro. Junius em 1882 , observou a g rande novroa oe . ou seia. 0gosto q ue se apoderou dos pauustas, pela "c ultura de flares e plantasexoncas." Continuava 0 autor: "Antigamente co nheeiam-se c ravos.roses. saudades . canes, perpetuas. jasmins e mais uma ou out ra muit oco mum". (13) Nessa mod a ineluia-se 0 c ultivc tanto de plantas euro­peres quanta exoticas e trcplcats.

o loteamento to! reanzado sob a desiqnacac de Boulevard s Burchard ,cor respondendo as duas areas que 0 co mpuseram: os terrenos quepertenceram ao Barao de Ramalho constituiam 0 Boulevard Burcha rdn.o I, bern co mo aq ueles co mp rados dos herdeiros de Joaqu im Wan­der ley, 0 Boulevard Burchard n.e II.o retathamento obedeceu ao tracado ueornetrtco de tabuleiro dexadrez, conforme tradicao latina proveniente do acampament o ro­mano, que os loteamentos procuraram segui r, embora acomodando­se a suas possi bi lidades topoqraticas. sempre trrequlares. Quanto aotracado de Hig ien6 poli s, adaptou-se para os lados do Hibeirao Pa­caembu as dificuldades do terreno que encontra os barrancos do Valedesse Rio, A c idade so conhece ria na decada de 1910 uma outra formade tracado urbane, at-aves do trabalho do urbanista ingles BarryParker , que veto co ntratado pel a Cia. City para prol etar as loteementosdos Batrros-Jardtns e do Pacaembu.

o lote amento de Hlqtenc polls ficou il hado com retacao as chacarasq ue 0 clrcundavam mesmo ap6s a abertura de outros batrros cujas

12) Vide a resceno : REIS FILHO, Nestor Goulart , Quadro de Arguitetura no Brasil , 4.8ec.. Sao Paulo, Pereoecuve. 1978.13} JUNI US, op, ci t., p. 35,

Page 65: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

64

ruas toram tracadas sem articutacao atquma entre cada conjunto,donde a alual descontinui dad e que se observe entre as mesmas,sem pre inte rrompidas - tate alias q ue S8 repetiu em loda ci dade q ueS8desenvolveu. a part ir de entao. estr ulurada em loleamentos de sarl i­culados prod uzidos par tntclatfv as partlc utares sucessivas sem obe­decer qualquer planejamento da Pretettura.

Nenhum emp reendi mento de Burchard e de Nothman n recebe u 0tratamento q ue dia penderam a este. Dotaram-no de todas as bentetto­nas urbanas: aq ua, esq oto. Humtnacao (8. gas), arbo rtzacac e linha debonde. Tais melhoramentos constttu fam uma aqutstca o recente . decertos bairros priv ileg iad os, encontrand o-se grande parte da ci dade aespera de mater conforto.

As novas ruas foram arborizada s com uma variedade de ttpos dearvores. A Avenida Hlqlenopctts recebeu platanos, especte recemIntroduzlda no Brasil , e Hcustres. A Rua Sahara era toda plantada demagnolias. Nas demais ruas. catalpas, carvalhos e licustres. Conse­gu iram junto a antiga Cia. vracao Pauflsta. uma linha de bondes atracao anima l que tazta 0 segu inte percurso: subta peta Rua MajorSertc r!c e dai para a Rua ttambe. entrano o pela Rua Maranhao. eretornava pela Avenida Hiqienopolis em toda sua extensao.

Alern dreso. beneficiaram- se da existencia de escolas pr6ximas. Atemdo Mackenzie, no antig o Sanat6rio Hig ienopolis tuncionava 0 Insti­tuto Brazilia Buarque. Como hospitals contariam alem da Santa c ase.com 0 Hosp ital Samaritano, existente desde 1892, no local onde aindahoje se encontra. na Rua Conselheiro Brotero. proximo a AvenidaHigienopolis. 0 Samaritano foi fundado com recursos deixados porJose Pereira Achau, de origem chinesa, que faleceu em 1884, del­xando seus bens para tats fins; 0 Hosp ital , construldo peta firma "Krug$ Filho''. resultou da tnlclatlva de d iversos homens de neg6cios, na­clonais e estranqe tros. entre os quais figuravam os pr6pr ios VictorNothmann e Burchard. unidos aos presbttertanos do Mackenzie, ao Dr.Horaclc Lane, a Henrique Schaurnann. Will iam Gordon Speers, wu­Ham A. Lee, Fernando Lee, etc., sobressaindo alnda nessa inic iativa 0

. nome de D. Maria Paes de Barros. Segund o costumava contar estasenhora, a Ideta de se fundar 0 Hospital Samaritano nasceu do fato deque nos hospitais paulistas era vedado aos pacientes protestante sexerceram sua retiqla o. (14)

De tais vantagens se prevaleciam os negoc iantes, aliados abele za dotuqar e ao c1 ima salubre , como se Ienum disc rete e pequeno anuncfode jornal conservado ainda hoje no Escr it6r io Germa ine Burchard (15):

14) Depoimento a Jovina Pessca. •15) Com vasto e precioso material rccocc-eucc reterente a abertura do Bairro.

Page 66: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

65

Foto 13 - Martinho Burchard (1851-1903), contorme 61eo assinado S, Paupt. 190 1ccre cac Escntono G: L Burchard.

Page 67: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

66

Pete 14 - V,tor Nothmann Reproducao de MOURA, Paulo Curs.no de saQ Paulo deOutrora Sao Paulo. Marl ins: 1943,

Page 68: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

67

Foto 15 - Abertura da Rua Para. em flnais do secuio. cestacanco-se Mannho Burchardmontado a ceveio. de chapeu e barbas c-eres ccrecec G. L Burchard ,Folo 20- Grupo

"Boulevard Burcha rdSao estes esorencrccs terrenos situaoos no ponto mats altoe mats saudave! c esta ctoa ce . com linha de bonde em todaAven ida Hig ien6po lis, servid o tambem pelos bondes quepercorrem a Rua D. Verid iana. bem como ja servio os comagua, gas e 85g0105.Ccnt em este aprazive l bairro 14 ruas tod as arborizadas.com urn aspecto de ltcio so.Ali se acharn situa oo s as coteqtos - qtnasios intantts. 0Gmas !o Americana (Cole qto Mackenzie) e em construcao.o Semtnario Sinoba l da Ig reja Presb iteriana de Sao Paulo,bem como em construcao diversos orecnosde muito posto.o q ue tuda va! caoa vez mats aumentando 0 valor aliasreccnhecio o daqueles terre nos.Peta ele vacao desses terrenos em uma boa altura ac ima dacidade, ve-se (sic) de todos as pontos os mais risonhas eencantadores panorama s.Ficam assim prevemo os as srs. capttaftstas de bom gostopara um bam emprego de capital.Para tntormacoes. tratar na A. S. Bento, 59,"

o loteamento to! reauzao o em dua s etapa s. comecando pete Boule­vard Burchard n.c l. tendo sloe este a prtmetra parte ocu pada . onoe serccanaaram as casas mais antigas,

o Bau ro estruturou- se em d uas artenas pnncipais. Avenida Higien6­polis q ue ligaria a c coscracao ao Pacaemou e Perdizes. e a Avernda

Page 69: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

68

,...,,,- - - ....,;.;.....1'010 16 - Avenida Hig ien6pol is (Boulevard Burchard ) recem-aberta e arbonzece .venc o-se em pnrnetro pla no 0 bcnde puxado a burro. aquadra onde seria erguida a "VilaPenteado" e a crec e ind icativa do Instituto Brasil ia Buerq ue. na esq uina com Rua D,venetana Ao l unda ja aparecem as pnmee as ccoswceee do banro Foto de fins dosecuic . Colec;:ao Escntonc G L. SuChard

Fete 17 - Abefl ura da Aven,da rtatiaia (Avenida Ang elica), em 1898.Coiecac EscntonoG L Buchaen

Page 70: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

69

ltatiata. que S8 tratava de parte da atual Aven ida Angelica. Aberta a 8de marco de 1889, a ttatiai a arti cularia a Avenida Hig ien6polis aAvenida Munici pal, hoje Aven ida Dr. Arnalda. A Hqaceo da Aveni daHig ien6polis com a rua das Palmeiras toi poster ior e recebeu primei­ramente, a nome de Avenida Circu lar. Esta mats a ttatiaia. constituframa future Aven ida Ange lica.

As ruas foram abertas a part ir de 1893, as expe nsas dos necoc tantes.com excecao da Aven ida Ci rc ular, que se realizou com a auxll io daPrefeitura . (16)

No loteamento nao constava local especlfico para igreja nem estavaprevista a Praca Bueno sAires. Esta s6 serta realizada muito depois. de1913 a 1916, por inici ativa da Prefeitura Municipa l. Quanta a Ig reja deSanta Tereztnha do Menino Jesus, atual parcqula do Bairro. sertatevantada apenas em 1926-28. Ate la, Hlq tenopotis dependeria daParoquia do tmaculado Coracao de Mar ia, ed ificada ern 1887, emtertas que pertenciam ao Or. Jag uaribe, na rua do mesmo nome,em substituicao a Ig reja do Paleo do Coleqio de rnctida em 1896. (17).

A Avenida Htqtenopotts unauzava com um belvedere que Burcharddenominou Ter race Germaine, de onoe se avtstavam as Bai rros dasPerd izes, Fregue sia do 6, Santana, e a Serra da Cantaretra. e, muitoprcxtmos. uma sene de morro s que se recostavam uns sabre os out ros.Eslava prevista tarnbem a Praca de Santa Lucia, na anliga Encruz i­Ihada do Pacaembu. a q ual, no enlanlo, nao foi executada. Ambos osnames Germaine e l uc ia foram inspirados no de sua filha qu e secbamava Germa ine Lucie, nasc fda e crtada na Franca , e de suasobrinha Lucia , filha de Hermann Burchard .

Nos mfc fos deste seculo.Hiqienopol!s lornara-se um dos lugares marsapraz tveis de Sao Paulo. Dessa forma reteriu -se Moreira Pinto aoBoulevard Burchard : "Esptendido. magnif ico , beHssimo, tars foram asexcramacces que irromperam dos meus Iab fos ao visilar esse boule­vard, creacao recente do infatiqavet Sr. Martinho Burchard . um teutopaulista. um empreendedor arrojado, um verdadeiro yankee." (18)

Com a morte de Burchard , ocorrida aos 42 anos, em 1903, to! destettopor sua filha e herdeira a soci edade com Victor Nolh mann, assim comoa que manteve com a firma " Alexander $ Cia. " , no tocanle ao Boule­vard Burchard n.c II. Germaine Burcha rd , sucesstvamente Condessade Gontanl-Biron e Princesa Sanguzko, passou a responder pete ad mi -

16) A lei 0,° 343. de 11 de marco de 1898. autonz eva a Prefeitura a otso enoer17'168$900 para "auxifiar Martinho Burchard a ligar a R nanete a R cas Paimetras." Domesmo modo . alguns reparos rtao eececmc ecce to-am renee na Av. Hig ien6polis asexpensas oa Preteitura17) ARROYO. Leonardc.torejas de Sao Paulo. Sao Paulo. Ed. Nac ional. 1966. p. 247-918) PINTCt. Alfredo Moreira.op crt.. p. 251.

Page 71: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

70

Foto 18 - Abertuta da Aua MaranM o. em l ,na,s do secujc cctecec Escrll6r io G LBurchard

r ete 19-Corte ca pnmerra quadre da Aua ltarnbe. em 1898.veeco-se os ueoaman oesMaf1 lnho BurChard aparece montado a cavato Ao tono c 0 cnere d o Or Sa CcrecaoESCfl16no G L. Burchard

Page 72: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

71

mstracao dos imoveis oeixados por seu oat no esc ntcno da Rua SaoBento, hoje em maos de seu viuvo. 0 Princ ipe Roman Sanguzko.

O s totes restantes do Baine de Hig ien6polis continuaram a ser vend i­dos pete Escr it6rio. Ate por vo lta de 1920. ainda se vendeu a maio riados terrenos das ruas superiores.

2. A ATUAC;AO OA PREFEITURA MUNICIPAL EM HIGIENOPOLIS

o nome Boulevard Burchard entretanto. nao vingou para a Batrro. Em1894. a propria Camara Muni cipal adotava Hig ien6poli s para especl­ncar as arrabaldes qu e li cavam junto a sexta secao urbana (19), asquais iruciavam alem da bifurcacao com as ruas ttambe. D. v erid iana.D. Mar ia Anto nia , Major Sert6rio e Avenida Hi gien6potis.

Quanta aavenfda princ ipa l, aberta com 0 nome pretenc toso de Boule­vard Martinho Burchard . passou . po r mdicacao de Jose Vic ente deAzevedo a cnamar-se Aven ida Hig ien6poli s. nome alias. que ja vinhasenc c unfi zado of ic iaimente pela Pretettura (conforme tambem se vena cuacao supra). Entret anto. 0 Antigo Cami nho do Pacae mbu co nhe­ceria mats uma destqnacao: Avenida Martinho Prado Jr.. dado petePretettura em 1906. em hom enagem ao Convenc tonat de ltu . recemfalecido. (20) Contu do. essa oenommacao sena per tempo breve. Em1913 toi restabelecida a anterior. segundo lei do pret eito RaimundoDup rat (21), a qual tambem oticiaftzava a Avenida Hig ienopolis. Nessemesmo ano. denominava Rua Dr. Martinico Prad o a Rua Vital is , situaoaproxima a divisa da antiga cnacara de D. venotaoa com a do Dr.Jaguaribe . (22)

No inlcio do secu!o 0 lotearnento ja se encontrava amerce da Prele i­tura. q ue se encarregaria do alinhamento e d o calcamento da s ruas, 0que so serta teitc pau latinamenle (com paraleteplpedos. como era 0ttabfto) . ao lange d e doze anc s. A prtmetra rua a ser calcada tel a RuaSergipe (1902). seguida da Rua Plau t, esta em cuas etapas (1906 e1912), a Averud a Ange lica , em varfas etapas (1907, tre cho Avenid aMart inho Prado Jr. - Rua Jag uaribe, e 1908, trecho Avenida Munic ipal- Rua Macei6) e dar per diante.

19) Coenpcnbam a 61 secac urbana Lgo. ca ccr ecrecac. R. ca Consctacao. R c eoPradc atee Cermtenc. em voltaoeste. R.nambe. R Ver id iana . 19o. santa c ecu.a.R da sPalme iras a AI. Glene ,20) lei n,o 906 de 4 de junho de 1906,21) lei n.o 1.134 de 25 de agoslode 1913. par iniciat,va dovereador Allred o Pentead o22} A 18 de seiemtso.

Page 73: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

72

As ruas do Bairro 56 senam oticiattzadas a partir de 1912. A prtmeira tot 'a R UB Rio de Janeiro (antiga Estrada da s Boiadas), (23) segu ida daAveruoa Hig ien6polis (1913). Em 1916 seriam oficiafizadas a ma ioriadas ruas do Bairro d e Higien6polis juntamente com ruas da V. Buarquee Santa Cec il ia. (24)

Da mesma forma a Prete itu ra se enca rregaria da de saproprtacac deterrae para benteitonas como alargamenlo de certas v ias etc.. alg u­mas vezes co m vistas aarticutacao entre antigos loteamentos. Assim,em 1912. desapropnou terrenos na Rua Rio de Janeiro, necessaries aconservacao da vista sabre 0 Vale do Pacaem bu e adqui riute rrenos doDr. Jag uaribe para a lig acao da Aven ida Martinho Prado Jr . co m a RuaAlbuquerq ue Lins e para 0 prolongamento da Rua Sabara ate a RuaAureliano Couttnho.

Nesse mesmo ano. comprou terrenos da herde ira de Martinho B'ur­chard, Germaine Luc ie Burchard, para construir uma area ajaro t­nada , entre as Ruas Ptaul. Ataqoas. Bahia e Avenida Angelica , com anome de Praca Hiqtenopotts. Somente a 18 de setembro de 1913 e querecebeu a oenommacac atual de Praca Buenos Aires. Esta praca loiterra segundo proietc do arquitetc paisagista frances Bouvard . que toiconvidado para proietar as jardins do Vale do Anhangabau e doParque D_Pedro II, na mesma epoca.

A Praca Buenos Aires possui uma erevacao central oooe se construiuum mirante . Na parte inferior junto a Avenida Angel ica recebeu umespetho c'aeoa bern como eram distribuida s vanas escutt uras peresjardm s. Em cad a esq uina da Avemda eocontram-se as esc ulturas embronze "veadc atacaoo'' e "reao atacado" executadas na Franca oetasronones d 'Art ou Val D'Cane . Na parte inferior, proxima a Rua Bahia,uma copia de "Hercules e a Leao" de S, suteocrs. levanoo a data de1682 e no centro do esoetnc d'aqua. a "escuttura do laqo". ambas ernconc reto. Em epoca mais recente tot coroca oo a nosic de FirmianoPinto, ex-preteito de Sao Paulo. Em 1945, ana do Centenanc de Riva­davra a colonia brasileira em Buenos Aires inaugurou 0 busto dopensador argen tino, colocado proximo a Rua Piaui.

A escuttura "Mae" de Caetano Fraccarof ede 1964. venceoora de urnconcurso nacional teito sab re esse tema, promovida peres Dia riesAssoc taoos. Estes pretend iam realizer na Praca Buenos Aires a lestaanual em homenagem as maes. A obra de Fraccarol i tot escolhidaentre 150 projetos do Brasiltooo. escu lpi da num s6 blocc de marrncre

23) Ate n O449 de 16 de tevererrc de 1912,24) Ato n 0972de za ee eccscee 1916. cnctatu ava as Auas Mace ,O. Araca)u. Serg lpeItaca lom i. Sabara. ttarnbe . P,aui Em Santa cecn.a as Ruas 0 Ver,d lana. CoosetbeecBrcteeo.Jagu ll robee Fortunato Na vrra Buatcue. as Ruas Mar,a AntOnia. Major Ser16r 'o eRego t-eee s

Page 74: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

73

soto 20 - A Pral;a aceecs A ires por veta de 1918 A capi tal pa ulista comemmorando 0ceot ena"o da lndependeflc,a sao Paulo Soc , Ed lndependenc,a. 1922

FOIO 21 - 0 mesmo local rore r otc oa auto-a

Page 75: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

74

que pesava 40 tone tadas. cte recido pelo Governo do Estado do Pa­rana. A escultura de pots de pronta , teve urn peso reduz ido para 24tonelada s. Segun do conta 0 artiste. 0 d ifi eil to i sairda ideia crassrca oa"Madana", tendo side idealiza da para 0 espelho d'agu8. (25)

A Praca Buenos Aires era toda cercada e foi inaugurada em 1916.Centro do mirante toi instalado um telesc6pio, constituindo-se d osprimeiros observat6rios da cidade. Fci uma inic iativa de Lucio MartinsRodrig ues. professor de Mecani ca Celeste da Escola Potit ecruc a. q ueo utitizava ern suas aulas curric utarea.

A Praca Buenos Aires, a parti r de entac. cons li tuiu 0 lugar pretendcpelas crtancas do Baine. que laiam br incar como ate hole 0 tazem. aoscutdados das babes ou patens. Cornpartil ha seus espacos desde1952 com a escola de 1.0 Grau da Preteltu ra. a Escola de EducacacInfantil "Monteiro Lobato", montada junto a rua Bahia, com 137 crtan­cas . Existe ainda uma area com br inq uedos lntantis. exclusive de seuspeq uenos usuaries.

A Praca Villaboim toi a oestc nacao que recebeu a conttuencla dasruas Ptaul. Aracaj u e naocus.Ao talecer 0 jurista e deputado ManuelPedro vutabctm, em 1937, a CAmara Munic ipal concedeu-Ihe a home­nagem (ate 1.298 de 9 de outubro de 1937).

No que d iz respetto ao t errace Germaine ou Saint Germa in , con he­cido popularmenle e depois designado Terrace Higien6po lis. seuajard inamento data de 1940, quando era pretetto Francisco PrestesMaia. Hoje, invadido pete rnato. encont ra-se reduz ido a verdadei romercado de trutas. abrigan do enorme banca que enccbre 0 busto doengenheiro Adolfo Augusto Pinto, ant igo chefe do esc rit6rio central daCia. Pautista d e Estradas de Ferro e da Sao Paulo Railway, e um d osprimei ros moradores da Avenida Hig ien6poli s.

o Bairro de Htqiencpous. para ete ttos de admimstracao. encontra-sed ividido entre as subd istritos d e Santa Cecilia e conscracac. sendo alinha demarcat6r ia a Aven ida Hig ien6polis (vide mapa 5). Essa d ivi­sao data de 1899, quando foi crtado 0 subd istrito de Santa Ceci lia.

3. OS PRIMEIROS COMPRADORES

AS primeiros compradores de terrenos do loteamento d e Burchard eNothmann foram competnotas sees ou descendentes eslim ulad os pe­los pr6prios negoc iantes, alem c os presbttertanoa da Escola Ameri­cana.

25} Depoimento de Caetano Fracc aroli .ll autora. em maio de 1978.

Page 76: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

•o

••,•

1/ • L A

I A N A

~

S A N T A

,,

c

•,

SAO PAULO

ZONA CENTRALESCALA -11 7.5 0 0

GUIA DE sAo PAULO

-=-------_._----•

NU8UAI .-JOU UN...-_.­' . :o:::o:.~_ _.. _ _

Page 77: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

"

••

I.I

\

"

.~.•

.,

r

.....~:

.•

'I-

. ...

"f.;

.'

'.,

'j•

•·,.,.

", )-

.~." .

'.

".-::

1;:;".l. • ~:c' -.,... , ,.... •'I. •,

,>

• .." .

»....

""

j ~t:-- ,"',~

1t . 0{ ~ ;...~ ..

.~.',.-.

"

..

,.

•'.

,, , ...I.

'.';;'.-,

-:,• , ">

" ~

.'. ''; .

" <.~

.., ",,' ,

j.r r;j;;;".~

. .•

" ,,

, ,I ..

I .,.I "~ ' ,.~"l' ,

r>

:l .'c . .

'*,:1 ......r, ,•

J,· ,

j•

Page 78: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

77

Os lotes mats pr6ximos aAvenida Higien6polis Ioram as primeiros aserem vendfdos bern como a area mais pr6xima a Oonsote ca o. 0 quecorresponderia ao Boulevard Burchard 0,° I. con forme e comprovadcpete mapa 6 (26), que devera acompan har a leltura do item 3.

Iais terrenos, q ue to-am adqu ir idos em 1890 it razao de 550 reis 0 m2,estavam no ftm da oecada vatendo por votta de 900$000 0 m2 nas ruassuperiores e 1.150$0000 m2, na Avenida Hig ien6poli s. Os lotes me­dram em media 35 m de 'rente x 47,50 m de fund ce, e as casas iamsendo implantadas com caracterlstic as de chacaras. em maio a jar.dins. pomares, horta s e logar para a criacao.

A RUB Maranhao loi a rua pretertda pelos anq lo-saxoes. as quaistamb em seriam as primeiros conslrutores e mcradores do Bairro. 0mapa citado fornece entre os propnetarios de lotes nessa rua nome scomo Henry wemetn. Julio B. Nicketsb urq. J. Thorn, A. Wagner, Er­nesto Steindel. Franz MOiler, H. Trost , A. Farwig , Charles thomkins,alem do proprio Martinho Burc hard e de uma area destinada ao Semi­nano Sinodal da Igreja Presbiteriana.

Na Avenida Higien6poli s, aparece meter numerc de names nacionais.Ao lado de lotes compradcs per Max Hehl, J. Maria SChaumann, Dr.SChulmann. Charles Walker, J. Gara Baumgardner, figuram comocompradores Antonio Alvares Penteado. Caio Prado. Paulo Machado.Mello e Sousa, Fernando Chaves, Antonio Pereira de Ouetrcz. PlinioPrado, Joaquim Mendonca Filho, Salvador Toledo Ptza. etc.

Com retacao aos presbiter tanos dofuturo Mackenzie. desde rntcroso adecade de 1890, adqulrtram terrenos de Burchard para amptt ar a areaconsttt uida nos anos antenores. Lauton Amnesley, sogro do Rev.Chamberlain, comprou 14.800 m2 na esquina das ruas rtambe e Plaut ,dos quais 7.300 m2 loram doados pelos seus herdeiros a EscotaAmericana. tica ndo os restantes para sua residen cla na consotacao.oeccrs Cbaca ra do med ico Horacio Lane. A area total que oc uparam,entre restdencia s partrcutare s e ceoeocencras escolares to!de 45.470m2 (27). alem do terreno da Rua Maranhao, destinado ao Semmano.Ja nos pnmeiros tempos, 0 Bairro era comentaoo tanto por suas quell ­dades paisaqlstt cas quanta par ser area pretertda oeros anglo-sax6es.Em 1893.0 Diario Pop ular oescreveu Hig ienopoli s "com sua atmosferade "cotaqe squares" inglesa. urn dos mats bonitos lugares da cidacee local prediletc dos ingleses e dos amertca ncs yankees". (28)

26) somecioo cere Escntonc "Germaine Luci e Burchard" .27) GARCEZ. Benedrcto Novees. cp. c it.28) 1.0 de abri l de 1893 in: MORSE, Richard, Forma8ao hist6ric a de SlIo Paulo: decomunidade a melr6pole , sao Paulo. DIFEL, 1970. p. 57.

Page 79: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

,

-

I

~

Q U

•~OJ

..

-

v

Page 80: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

LEGENDA DO MAPA 6 C V, N Bia nca lana e Cia.

At'lloni o Alvares Penleado 0 Wil lie Nie ss1-E Henry Wertheim5 - AF cete da Silva Prad oF Jul io Nick elsb urgBCO Max HehlG Emeslo SteidelG Joeq cfm Eug~nio do Amaral Pinto

F J. Mar ia SChaumann 6-A Seminario Sinodal da Ig reja Presb iter ianaE AnlOnl O Wagner B Jose Mart ins Fonle s

C Joaqurm Augusto de Souza10 - A J, ThennB He inri ch Trost 11 - AC Franz MOile rCO BO He inri Ch TrostE Max Heh l E A. FarwigF Jose Car los Machado de Ol iveira F Igna cia MesQuitaG Or, Paulo Machad o G Mart inho Burchard

16 - A Siegm lJl1d Nicke lsburgG -A Charles C. Thomk insBO-A Edilicado0 Or. Samuel Ma llatti

0 Or. Me llo e Souza B Caro lina BurchardE Max Hehl C Helena BurchardF Or, Samue l Mallatti 0 Hermann LevyH Charles Wa lke r

E - A Marguer ita MagnusA·A Or, Antonio Pereir a de Queiroz B Richard MagnusB PUnio Prado C Rod rig ues dos SantosC Or, JoaQuim d e Mendonca Fil ho

12 - A Lopes Figueira0 Salvador de Toledo Piza e Alme idaE Vic tor Nolhmann 13 - A ocecec ee MatemidadeB·A Or, Bento Barret o

Antonio Teixe iraB J, Krug T- AC·A Mart inho Burchard

S - Antonio Alvares Pentead oB GastAo NothmannC Al ice Ferre ira0 lucia Burchard G - Agnes Amateners ,•

2 - A JoaQuim Eugenio do Amaral Pinto~

B VictO( Nothman 14 - Danie l Berger '"

Page 81: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

80•

4. OS ANG LO·SAXOES E AS PRIMEIRAS RESIO~NCIAS

A primei ra casa do toteamento de q ue ttvemos notlcta to! a de FranzMuller, construida em 1895, seguida das de Henriq ue Trost, v iz inha dapr lmeira. e de Henr iq ue Schaumann, na Avenida Htqienopolis.(Acompanhe-se a leitura oos itens 4 e 5 com 0 mapa 7.)

MUlier e Trost eram socios. Possuiam urna casa irnportadora comerciatna Rua da Quitanda chamada " Mull e r and Trost" q ue vendta de tuoo.desde linhas ale ferragens e maquinar ia. Compraram d ais totes vtzl ­nhos na Rua Maranhao esquina com ltaco lomi tazendo fundos comRua Piaul. Conta Joaqu im Muller Canoba. neto de Franz Muller, q ue asc ot s as soc iados haviam acnaoc 0 local muito b onito eentusiasma ram-se acabando par comprar as totes. "- Naq ue!e tempotudo ali era pasta. d tztam. e q uand o chovia as canocoes atolavarn nobarro vermetho". Franz Muller residia antes. na Rua dos Bambus. atuatAvenida Rio Branco e 0 Largo Paissand u. Quand o ta inspec ionar asobras da casa nova avisava : " - Vamos subir a serra"

Em 1898 Muller sa iu do Batrro de Htq fencpol!s. para resid ir em Ameri­cana. onde adq uiftu uma tabn ca de tectoos (Carioba). A casa da RuaMaranhao aln da noi e la se encont ra, tend o sroo resio encia da famil iaNickelsbu rg d urante muttcs ancs.

Foi de Henriq ue Scnaumann. conceituado med ico de Sao Paulo e tilhod ofundadorda Boli ca Veado D'O uro. a prime ira casa do lado lmpar daAveruda Higien6poli s. Foi const rui da pete ana de 1897. de tendencianeoct assica. mas nesta nao residiu. pretertndo aluqa-ta

Ape sar de as ca sas de Muller e de Schaumarmterem stdo d e tenoen­ci a neoclassica. predo min aram os cnares entre as pnmeiras constru­cces do Bairro de Hig ien6polis. tendo sid e os arquttetos saxoes enorte-amertcanos. de prete renc !a. os primei ros protis sionais a cons­trulrern no Bairro. Ja em 1893. Oscar Kle inschmidt. projetou os prediosda Fac ulda de de Engenhar ia Mackenzie. na esqut na da Rua ttamb ecom Maria Anton ia.

a ano de 1897 parece ter marcaoo 0 tntc! o da s editicacoes ststernati­cas do Batrro. Nesse ana a Preteit ura recebeu pete menos ci ncopedi dos de nce nca para ccosnucces. a maiorta dos quais para chafes.

Entre estes contaram-se tres pedidos para a Aventd a Hrqienopol!s. 0da construcao da casa de Martinho Burch ard , projetada em "estuocampestre" no n.o 20 da Avenida. cere s arquitetos norte-amertcan osGu ilh erme e Jorge Krug, oetentcres da firma Krug & Filho. 0 do arqui­teto ale mao Maximil ian Heht. futuro autor do prorero da Catedrat deSao Paulo. para a construcac de uma casa com entre-sol para J.Machado de Oliveira. na esq uma co m Avenida Circ ular. enq uanto

Page 82: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

81

FOIO 22 - Casa de Franz Mij ller.na Aua Maranhao Folo da autora

FOIO 23 - Casa de Hen"Que Scnaumane. co ce y,veu a lamilla Phmo ce Silva Pradoi I897-1922) E ccosee-eoa a pflme,ra casa ca Aven'da Htg'en6po lis. lado impar.escu.oa ca Rua Itacolom. FOIO Paulo Plin,o da Suva seaoo. de 1913 ,

Page 83: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

82

Fete 24 - cnates de Marnono Burchard. na Avenida Hiqre nopohs. orojetaoos peloarq urteto Gui lherm e Krug $ Fithc em 1897. No tereaco. entre cot-es. Marti nho Burc hardFete de nns do secuio. Cclecao Fscntc no G L. Burchard

Foto 25 - A Rua Maranhao. porvolta de 1905. vendo-se casas ucc cnate II Brasile e ghItall ani Fanlulla 1907.

Page 84: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

83

Pcto 26 - Avenida Hig ,en6pohs nos comecos do secosc. Ad,fe,la ccce-se ver ospnmenos rerecetes nos terrenos que pertencra m illchaC8r8 -vua Mana ". II Bras ilee g liilaglianL sao Paulo. Fanlulla. 1907 .

Joao Lourenco Martins assmava como arquiteto soticitendo licencepara a construcao de urn chate para 0 Dr. Ad olfo Augusto Pinto, naAven ida Hig ien6poli s. 0 .0 19.

Gu ilherme Krug faria ainda urn chaf e para usa pr6prio e outro emterreno pertencente a Martinho Burchard. na RUB Aracaju co m fundospara 0 COh3g;O Braz tlla Buarq ue (antecessor do Coteqio N. S. Sian)para Antonio Prcost Rodovatho. Nessa mesma epoc a foi construicooutre chale para Burchard . na Avenida Htqienopctts. ao tado do pri­metro .

A construcao de chafes predominaria ainda entre as dema is nessef inal do secure, fettos sobretudo para os moraoores de origem anglo­qermenica e norte-americana. Em 1898 0 denttsta norte-amer icano Dr.T. G. Baumgardner encomendava a Guuherme Krug Filh o a constru­cao de uma casa em estno campestre na Avenida Htqtenopous. n.o22.e o Dr. Jose Weissohn, leria seu chale const ruld o na Avenida Higien6­polis n.o 15, com cccheira. per um rnestre-oe-obra ttafiano. CalloniAnmo. Ainda em fmats do secure. 0 medico Dr. Sa (29) construtu um

29} CI. Van de AlmeIda Prado aautora em 1974

Page 85: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

84

cnate na RUB Maranhao, esq uina com ltambe e frente a quadra dafutura "Vila Penteado" enqu anto na RUB D. Veridi ana era montado 0chate do Dr. Jagua ribe, importado da Suec ia.

Em 1901 , veri amos 0 pr6prio Ramos de Azevedo construi r um chale emHig ien6poli s para residencia do Dr. Car los Gomes Shatders . entre aRUB ltacoto mi e a ltatiaia. futuramentecomsaida paraa RUBMaranhao,enquan to Max Heht procu rou construir em estilo neoctasstco q uatrocasas geminadas, terreas com porao. na RUB Maranhao 0.° 10, e outracasa terrea com parae, hibrido, rnistu ra de neoclasstco e chafe. parao Dr. Hottinger, na RUB Maranhao, 24. (30)

Assim sendo. ate f ins do secuto 0 Bair ro de Higien6polis teve co momarorta de seus moradores as angl o-sax6es ou de scend entes. e pre­dominaram os chafes ao lado de algumas poucas resldenclas comelementos neoclassicos e de Iinhas severas, tendo side tam bem deorigem saxonica e norte-americana os primei ros arquitetos. Aquelesmoradores concentraram-se, de preterencia. na Aua Maranhao, mastambem houve os q ue se instataram na Ave nida Hig ien6poli s. Nesta,sobressala isotada que r pelo estilo quer pete espaco. a casa de D.ve rtd tana, ainda q ue voltada para Santa Cecilia. Quanto as dematsruas, conservavam-se totatmente vazlas.

5. A GENTE DO CAFE, NOVAS RESIDENCIAS E ARQUITETOS

o Batrro de Higien6potis s6 to ! tctatmente ocupado na pr imeira de­cada do sec ure. quando subiram os tazendetros de cafe e primeiroslndustriais. e quando tambem se desmemb ravam as chacaras dolade par da Aveni da Hig ien6poli s.

Bepetiam-se os estuos conhecidos da cldade: cha fes, casas neoct es­srcas. as te rreas com porao e ptatibandas (geralmente casas gem ina­d as e de atuguet ), e de Innuencta francesa (com tethados de ard osia. emansa rdas), ou a mistura destes na mesma obra. arem das q ue sepoderia dizer an6di nas, lermo qu e expressa multo be m as de estuoindef inido e que Alfredo Mesq uita usou para explicar aqueles sob ra­do s com escadtnha de rnarmores e marquise co m colunas de ferroptntadas. em ge rat. de prateado. Esse tipo de casa prouferou por SaoPaulo e ainda hoje se enccn tra facilmente . Mas surgi ria um outro esti!otraz ido pela nova ce recao. importado d ireta mente de Paris - 0 " artnouveau" - que , de Hiqienopofis se estendeu aos bairros viai nhos:

30) Livros de Obras Particutares da Prerettu ra, no Arquivo Hist6rico Munic ip al"Washington Luiz".

Page 86: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

85

Foto 27 - "Vi la Penleado", 0 grande vesuec to. II Brasi le e g li itaq tiam. sao Paulo,Fanlulla. 1907.

Vila Buarque. Santa Cecilia. etc. e oar a toea a cidade, embcra deforma impura. pais acabana per se mesclar aos anter iores.

Entre as pr tmetrcs moradorea nactonats do Bairro de Hig ien6polis,estavam membros da famil ia de D. Veridi ana q ue co mec aram a chegardesde fins do secu!o. as Silvas Prados e seus parentes se instalar iamde orererencra no Boulevard Burchard n.e I, a ponto de Hig ien6poti stran stcrmar-se. pouco depois, num reduto quase que exctusivo dosPrados e de sua imensa parentela . Apenas 0 ramo do ConselheiroAntonio Prado menteve-se na Chacera Carvalho. excecac teita a al­guns de seus utho s. que tarnbem moraram em Higien6polis. (3)

31) 0 ccoeerrenc AntoniO Prado resid iu na cnacere do Carvalho com unce. noras.genres . atem ca imensa criadagem. Chegaram a residi r na cbacera ce-ca de I SOpe ssoas de uma 56 vet:

Page 87: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

86

Fernando Pacheco e Chaves (32), ao que tudo indica, fol um dosprimeiros a sub ir. Em 1897. adquir iu a "Vil a Germaine" antigo chale deMartinho Burchard . e er permaneceu ate por volta de 1904 quando foiresid ir no Palac io dos Campos Eliseos, recem const rulco por seu pal .No chafe de Hig ien6polis nasceu 0 jomausta e escritor Elias ChavesNeto.

Ain da entre as primeiros Prados a resid irem no Baine figurou outro netode D. Veridiana. Ptlnio da Silva Prado (33), casado com sua primaLuctta Chaves. Em 1898 Henriq ue Schaumann eluqou-lhe a casa daAvenida Hig ien6polis na esqu ina com Rua ltacolomt, onde 0 casalviveu ate por volta de 1922. oc asiao em q ue a casa to i vendtda.

Outra parte da familia Prado residlu junto aAvenida Higienopoli s. naRua D. Veridiana. nas casa s geminadas construidas por essa senhora.na esq uina com Rua Marq ues de ttu. Desde pelo menos 1899 , sua netaLavin ia. casada com Alberto de Oliveira, morou numa das 4 alas.Outraala foi habi tada por Emesto Ramos (34) e sua mulher Marteta Pachecoe Chaves. Quando 0 verne Elias Chaves vendeu 0 Palac io dos Cam­pos Eli seos para 0 Governo do Estado, veto residi r na casa da esquma.Na segunda ala desta casa restdtram pr tmetro Eponina Chaves doAmaral e seu marido Dr. Erasmo do Amaral, e depots Artur Speng ler,casado com Albertina Prado de Oli veira, fi lha de Alberto de Ol ive ira.

Ainda resid iram numa dessas casas Corina Prado de Mendonca eJoaquim Mendonca. antes de construfrem a casa de Hig ien6polis doredo par. (35)

Em 1902 , deu-se um acontecimento que senaoe suma impc rtanciapara 0 prestig io do Bairro de Burchard. Subia para Hig ien6polis pro­venie nte de Santa lf igenia. Antonio Alvares Leite Penteado. tazen­cerrode cafe e indus trial ; oeteotor de uma das maiores to-tunas daepoca . Adquirtra a pr imeira quaere do lado impar da Avenida Hig ie­neoons onc e fez construir uma rica residencia. a "Vila Penteado".Esta, par suas proporcoe s. pelo luxe e oero prestiqic social de seusmoredcres. consntutu um dos patacete s exce pcionais da cidade e 0mala Impcrtante do loteamento de Burchard .

Antonio Alvares Leite Penteado era possuidor de uma das maioresfazendas de cafe, a Fazenda Patmares. que tormara em Santa Cruzda sPalme iras, e que chegou a ter 750.000 pes de cafe.

32) Neto de D. vencreoe.hlho cotezende.rc Elias c r-aves e de Anesia Prado Pacheco eChaves. ere rnesmo um des sccios oe taeeec a ce ca re-Santa Lid ia", em RibeirAo Prete .com 235.000 ceteeiros .33) Filho de Ma rflnho da Silya Prado34) oescereewe de D. Maria AntOnia35) Os cuccs esuenros a tamiha Q,ue alt residrram te-am 0 Indus trial Kowarick eFranc ISCO da Suva Telles

Page 88: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

87

Foto 28 - "Vila Penteaoc", sera de janter. II Brasile e g li ,Iagli ani. 5:10 Paulo, Fantulla .1907.

Fai plone lro de ind ustria de aniapens no Brasil, tendo fundado aFabrtca Penteadc em 1899. (36) Alvares Penteadc casou SUBS I resti lhas Antonieta, Stella e Eglantina com netos de D. v endlana: Cato.Martinho e Antonio Prado Jr. (37) as quais acabaram par resid ir noBairro . nas proxim idade s da "Vila Pentead o''. dando grande estlmulo asoc iedade local. .

Em 1901 , incumbiu 0 arqutteto sueco Carlos Ekman do proleto deconstrucao de um grande palacete em Higien6polis, a q ue chamarta" Vila Pentead o". Este palacete fal 0 lancador do estilo "art nouveau"em Sao Paulo, enq uanto Victor Dubugras constr uta no estilo. a casa de

36) Dados ecreseoteooe no artigo de nossa aulona A Vila Pentead o como res-ceoc taCalal~o Vila Penteado Secretana da Cullura. Cienc ia e Tecnolog ia do Estado. Facul­dad E" e ArQU,lPtura e ureemsrro da UniverSldade de sao Paulo. 1976. p. 70-7637) Os 60 ,s pnme trcs eram lilhos de Martlnico Preoo . e 0 tercenc. do Ccose the.roAnloniO Prado

Page 89: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

BB

Horacia Sabi no na Avenida Paulista. (38) Esl ivera 0 futu ro Conde deAlva res Penleado na Feira tntemaclona! de Paris, de 1900, ocasrao emqu e entrou em cantata com esse estilo. em grande vog a na Europa.Entusiasmado, escolhe u-o para a sua resldencia de Hig ien6polisonde co mprou atnd a terrene de Burchard , junto ao Pacaembu. no q ualhavia uma nascente q ue garanl ir ia 0 abasteci mento de aq ua de suaresidenc ta. Fez calca r a RUB Maria Antonia para tac ttttar 0 acesso a"Vila Penlead o", pois naque!e tempo a Avenida Hiqtencpol!s aindaestava par cal car, encontrand o-se cobe rta de satb ro.

A "Vila Pentead o" fic ava em terrene ligei ramente sobrancet ro a Ave­nida Htqienopcns. De grandes proporcoes co m dais and ares e poraoparecla metade palacio . metade chac ara. Situava -se em mete a jar­dins, horta, cochelras. comer . taqo artif ic ial e estuta com plantasexotica s. Junto a Aven id a Hiqiencpol! s um renq ue de [abuttc a­beiras levavam ate uma quadra de tenia construfda no Mgulo forma ­do com a Rua Sabara . Era tudo multo bem cu idado por criadagemestrange ira e verdadetro exercito de jardinei ros (cerca de dez), quemoravam numa casa especialmente co nstruida no terrene do Pa­caernbu.

o patacete possula dua s alas: na primei ra da esqu erda resid!a 0indu str ial com sua mulher Ana Lacerda Alvares Penteado e dois deseus tith es. Silvio e Armando Alvares Pentead o. Na ala d tretta. Eglan­ti na e Anton io Prado Jr.

Em 1903, sua f ilha Antonieta e Caio Prado toram reetdtr na "VilaAntoniet a''. no n.c 3 da Aventda Hig ien6p oli s, esquina com Rua Sa­bara. Essa casa, teita tambe m por Carlos Ekman, possuia forte ten­oencta " art nouveau" . Na "Vila Antcr ueta" nasceram 0 esc rito r CaioPrado Jr. e 0 pintor Carlo s Prado.

Dais anos depois 0 terreno ao lado da "Vila Antonieta" seria ocu padoper outra vila feila nos moroes da pr tmeira. pelo casal Stell a e Mart inhoda Silva Prado.

A part ir de cntao. 0 taco impar da Avenida Hig ien6p olis ticana estrutu­rado da seg uinte forma: entre as cas as d e Stella Penlead o e de PauloPtlnlo. 0 arquiteto Maximil ian Emiliano Hen! construru sua resid encia .mistura de castero med ieval, com ameias. e "art-nouveau". Essa arq ui­tetura com plicada motfvou ao palacete a exctamecao "Chateau deFrance",

No q uartetrao seguinle os terrenos subiam com mater acnve. Na es­qu ina da Rua ttacolcmt. Toledo Malta, comtesar!o de cafe, fez construi r

38) BRUAND. Yves, Architecture COnlemporaine au Bresi l. Lute. 1973, lese de couto­ramentc aoreseoteoa 11 UniverSldade de PariS, b , datllogra fado na Bib lioleca da FAU­USP.

Page 90: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

89

Pete 29 - "Vila Antometa'', na Avenida Higie n6po lis. antigo n.03. Projeto e conetrucaode Carlos Ekman. de 1903, para 0 casal Antoniela e c are da Silva Prado. Arquivo c erePrado Jr.

a ectetica e luxuosa "V ila Nina" nome dado em homenagem a suamulher, Nina Cerquinho Toled o Malta. Seguiam-se as casas de 3engenheiros, prote ssores da Escota Poutecntca . 0 chale de GomesShatders e duas casas geminadas de Ataliba Pereira do Valle e deFonseca Rodrigues. ond e hoje fun cionam respectivamente 0 ExternatoNuno de Andrad e e a Cullura Ing lese. Na esqutna com Avenida Anqe­lica res id iu em casa com torre, D. An inha Penteado e posterrormente 0jornalisla Julio Mesquita com a famil ia. Seu 809ro , Cerquei ra Cesar, ravisita-lo todas as lardes. Nes sa casa nasceu e passou parte de suainten cia Alfred o Mesquita, a qual co nta que a jornal ista acabou naocomprando a casa a consetno de Ramos de Azevedo, que afirmavanao vet futuro para 0 Ba irro de Hig ien6pol is.

Depois da Aven ida Angeli ca , as ca sas eram em geral de co nstrucaornals modesta. A primeira era a casa de um Siq ue lra. irrnao deJoaq uimMiguel Srquetra , Secretar!o da Aq rtcuttura do Govemo do Estado. Erauma casa simples com marq ui se, e co tunas de ferro e vidro tosco. Ao

. lado residtam os Mattos Barret oe em casa IEHrea co m pora o habttavel.A tercetra casa er a a de Fernando Chaves, habi tada a part ir de 1921par Mar ia Helena Prad o Ramos, casada co m Ed uard o d a Silv a Ramos.Ao lado, 0 oul ro chale de Burchard , a "Vila Olg a" que parece ter srdoconstru ld o pet e mesmo arq uiteto dada a g rande semetbanc a extst enteentre os d ois chales. Pertenc ia agora ao escntor Paulo Prad o, fi lho do

Page 91: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

90

Fete 30 - -vna Anlonieta", salade janlar. ArquiyoCaio Ptad o Jr.

Ccnselheiro. Nessa casa nasceu a ideia da Semana de 1922 e nerahospeoou-se 0 poeta fran ces Bla ise Cend rars. Vinha depois a casa deAymore Pereira Lima que arnda se encontra de oe. em estno senate­saoc. com escada e ter race tronte tros. em rneio a tarta veoetacao. Aseguir, ticava a pr imitiva restoenc ta de Jciaquim Mendonca. casadoco m Cornelia Prad o, sua pr ime ira mulher. Era mais uma das an6d inas.mas multo rica e Iicava em terrene erevaoo . Seu viz inho. AugustoMendonca ucnoa. irrnao de Flavia Mendonca ucnce . morave numchale. onde post eriormente resto tna a familia de Stnhaztnha Sall es.

Do outro raoo da Rua Aracaju, deools do chafe do dent ista norte­americana Baumgardner, vlnha 0 Coleqio N. S, do Sfon ergui do nosterrenos do antigo Hotel Hig ien6pol is, vend idos em 1902 pela Cia .Htqtencpotis as relig iosas de Sion. Per Inicia tlva da Irma Maria Ange­lina. nesse mesmo ano (39) Ramos de Azeved o adaplou 0 antigoorectc do Sanat6rio para acolher provisoriamente as relig iosas. No

39) Cl. se lie em pec .oo de ncence lel lo d o croc nc punho de Ramos de Azeved o. nolivro de Obras Partic uta-es da Pre!ellura. rete-erne a tetra H oeccere anc, no ArquivoHlsl6rico Munic ipal ·'Washington unz".

Page 92: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

91

Potc 31 - "Vila Antonieta". inter ior, Arquivo care Prado Jr.

ano seg uinte, 0 Escritono recmcc " Ramos de Azeved o" co nstruru 0orenc princi pal com 3 pavimentos mats sub so!o. que con st itui ocorpocentral do Coleq io. c ujo prcj eto eatribu ido ao arquiteto ital iano Domi­c iano Rossi, filiado ao Escr il6rio. (40)

Quanta asoema!s depend encras do Coteqt o. d atam d e 1910 e 1926, ea capeta de 1941. As relig iosas trataram de amptiar a area inicialadq uirindo as le rrenos q ue ucava m na esq ulna da Rua Rio de Janeiro ena Rua Maranhao. Eram as terrenos que Martinho Burchard doara aseus atuhac os Gastao Nothmann. Lucia Burchard d e Revoredo e AliceFerreira Cerquinho, alern de um terrene de sua ttlha. Germaine Bur­chard .

Enq uanto as terrenos se etevavam nos d ais utti mos q uarteiroes. dolado oposto afundavam em forte de clive, ond e se estendiam capinzaisverd e ang ola, em torno de casas ba txas. Em uma delas, d urante alg umtempo, uma vetha nobre belga arruinada , com 0 nome bem flamen gode vicq Cumpitch, cnava bicho da seda, na procura talv ez de me lhorar

«II SALMONI, A, e DEBENEDEITI. E. Arch,Uetura ,tali ana a $an Paolo, SlIo Paulo,Ins1JlulO Cultu ral narc-eeesneuo , 1955.

Page 93: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

92

a sua sorte. Plantara numerosas amoretras. origem da s que S8 esten­deram pelo Batrro. d isseminad as pelos [ardtneiros portugueses quetratevam dos iardins. (41) Em conttnuac ao. elevava-se a cas a desProc6pios e 0 cnale do engenheiro Adolfo Augusto Pinto, irmao doconstrutor da casa de O. Verfdiana. que foi diretor d a Cia. Paullsta deEstrada de Ferro. (42)

A ult ima casa da Aventda Higien6polis esquina da Rua ConselheiroBrotero era de aparencia rusttca e ficava em mete a vasta chac ara.Pertencia ao Ingles Dr. G. H. Ford , d iretor do London Bank of SouthAmeri ca, 0 qual cc stumava passear tooas as tardes a cavato. comseus tithes. pete de serto Pacaembu. Esta casa permaneceu fechad aper muito tempo. Oizia-se que nela tateceu um mortetico. razao pelaqual ninquem se interesscu em com pra-la. ate ser adquirida par JulioMesquita, que nao chegou a nela residi r, vendendo-a a Cassie Muniz.

Entretanto. boa parte do lade par da Avenida Hig ien6potis ainda sertapautati namente ccupada. permanecendo os totes vagos ocupadoscom chacaras de flores ou hortas.

Em 1901, ao tarecer 0 esc ritor Eduardo Prado, sua mae, D. Veridia naassum iu suas d lvidas. canoe tnlclo ao roteamentc de sua prcprtedade.realizado pela Casa Prado e Chaves. (43) Muitos totes toram cornpra­dos por membrc s de sua familia, inclui ndo os da parte de SantaCecil ia, onde houve 0 prolongamento das Ruas General Jard im eMarques de rtu ate a Rua Aurel iano Coutmho. que por sua vez passou aarticular-se com a Aven ida Hig ien6polis, de modo que nessa parteinferior aAvenida se constit uiu um apendice de Hig ien6polis. A partirde 19120 casal Cortna Prado e Joaqui m Mendonca construiram umareside ncia na esquina da Higien6pol is com Rua Sabara. 0 terrenoinferior, no angul0 formado pela s Ruas General Jard im e Marques d eItu to! adqu trido per Cato Prado que 0 ul il izou como pomar e horta parao abastectmentc de sua casa , aos cuidados de jard ineiros portugue­ses. Nete. quando cria nca . Caio Prado Jr., chegou a crlar gati nhas.Posterio rmenle, foi construld a nesse lote uma casa para Yolanda daSilva Prado que se casou com um prime. Flavio Uchoa Filho. Ao lad0,na Marques de ttu, Cicero Prado resid tu em casa que depots vendee aRoberto Simonsen.

Ainda na Rua D. Veridiana, D. Vitoria Ctnc lnato Alme ida Lima comproutree totes onde consl ruiu residencta para sr e duas f ilhas.

41) rntormacao do htstcna cor Van' de Almeida Prado a aurora em 1974,421 Adolfo Augusto Pinto escreveu entre outras obras: Hist6ria da vrecac ~ublica desao Paulo, em 1903, e Minha vida mem6rias de um en enheiro auli sta, tic Paulo,Conselho Estadual de ultura. rmorensa rcra do staoo. 143) Depoimenro de Maria Helena Prado Ramos a aurora em 1978.

Page 94: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

0 " _

- .. '". :o •"- -

d " 'gien6polis.I Aven i aMax irn il iano Heh . naaestoencra deFete 32 -

93

Page 95: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

94

Fote 33 - A Avenida Higi en6polis nos comecos do eecuto. veooo-se em primeiro planoa res.oencra de Toledo Malta e parte da racnaoa do oetacete de Joaquim MiguelSique ira Campos. Adrante. as terrenos rernanesc er aes da Chacara de 0 vencrenaPrado ainda ptan tadcs de eucanptcs. Ao fundo. urn bande eletnco. Fete de Paulo PUnioda Silva Prado.

Fotc 34 - Palacete de Ste l la e Martinho da Silva Prad o, na Avenida Hig ien6polis . Proj elodo erq uueto frances Joseph Gire e coostrucao do Escril6r io r ecnrcc Ramos de Azevedo.Fete de Paulo Plin io da Silva Prado.

Page 96: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

95

Foto 35 - Paracete de Stella e Mart inho da Suva Prad o: grande eecec e de marmo ra.Arqu ivo Alta da Silva Prado.

Fotc 36 - Petecete de Stella e Martinho ce Silva Prado : sala roxa . Arq uillQAlta de SilvaPrado.

Page 97: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

96

Na outra esq uina da Avenida Hig ien6poli s com Rua Sabara. AntonioAlves de Lima e sua mulhe r Julita da Silva Prado cc nstrulram casa emestno Luis XVI, ccnforme proieto d o arquiteto Dacio de Morae s. Ao ladodestes, Cassia da Silva Prad o, trmao de Caio. fez constnnr. ao quetude ind ica, a pr imeira casa de concreto da Avenid a Hiqiencpclis.proietaoa e con struica por victor Dubugra s. Mudo atterada . noieabriga as rnsraracces da aqenci a do Banco Frances e Italiano.

Ja pelos anos 1920, a famil ia de Joao Bapt ista Pereira de Almeidainstalou-se em casa terrea com porao babitavel. na esqutna com RuaMart im Francisco. antigo n.c 12 da Avenida Hig ien6polis. No raoooposto. alua l n.c 308 . era a casa do d elegado Rudge Ramos. de estnoanoomo. verc. a seguir, 0 patacete de Mart inho e Stel la Prado, const­de-ada a ca sa mats lux uosa da averuda, estno Lui s XVI mas comterrace f ronteiro. Plin io Prad o mand ou co nstrui-la la pel os anos 1910,de acoroc co m a ptanta que trouxe da Franca. de autona do arqu iletofrances Joseph Gire 0 mesmo q ue projetou 0 Hotel Esptanaoa em SaoPaulo e 0 Copa cabana Palace, do Rio de Janei ro. A coostrucao estevea cargo do Escntono Fecmco Ramos de Azeved o. que utttizou boaparte de materia l importado , de stacando-se a escadaria interna emmarmora de Car rara.

.Joaq utm Miguel Siqueira construiu a casa ao taco. atual n.c 370posteriormente ocupada pela lamil ia Barros Loureiro. Nesse local. seencontra hoje um orecro "neoclassico" de Adol lo Lindenberg . Osquatro ultirnos terrenos permane ceram 'lagos ate os anos 1920, plan­tados co m ali os eucauotos. remanescentes da Chaca ra de D. Veri­d iana, loc al qu e fora ocupado petas suas cavala ricas. A casa onceesta hoje 0 Consulado da ttaha . tot insp irada no " Petit Trianon" epertenceu it fami l ia Oscar Rodrigues A~v~s. filho do Preside nte. dena.minado 0 Princ ipe CacaoA pen utti ma Cf}{lstruc;:ao. onde se encontraatualmente 0 Banco Itau fo i de Raul Cunh a Bueno. Uma vil a ttorentinada familia de Alc ides Ribeiro de Barros, rico tazendeiro de cafe emJau. to ! a ulti ma easa da Aven ida Hig ien6polis esq uina com a AvenidaAngel ica. construlda por Ramos de Azeved o em 1927, e mobi l iadacom rnoveis teit os no Liceu de Arte s e Of fcios.

A part ir de entao. os pata cetes rareavam nesse lado . e vinham entre­meados de casas ge minadas de aluguer. Ainda podem ser vistasalgumas destas casas , asso bradadas ou terreas com po rao. ia co mtntluenct a "art nouveau" nas platibanda s e qradt s de ferro. de coradoscom Iinhas sinuosas. A pnmeira casa . de pretensoes neocolomais.que ainda ali se encontra, loi proietaoa pete engenheiro AlexandreMarcondes Machado, conhecido l tteranamente sob 0 pseud6nimo de"Juc Bananere". A segun da casa. propriedade do Banco Braoescoparece estar prestesa ser demolida Betm ha Sodre restdtu na ca sasegui nte. ao lao o de seu oat. Augusto RodrigUes. rico comerciante

Page 98: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

97

Fete 37 - Casa de ,nllu l!nc,a uo rantma na Avenid a AngelICa Foto Gustavo Neves daRocha Ftlho. Arquivo FAU-USP.

lt.

Foto 38 - Casa ca AveOida Ange lica, exemplar que reoete p' .uerea das casas que sernantem no ahnhamento das ruas ecresctcas de [aro.m re- sore Gustave Neves daRocha f l lho , Arquovo FAU-U$P .

Page 99: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

98

portuques. Vinha a segu ir uma serie d e quatro casas de aluguel , aprimeira das quais habltada por Joana Salles , cunhada do PresidenleCampos Salles.

o rico tazendeiro NhonhO Maqathaea viveu no 0 ,° 40. em casa sim­ples. ccnstrccac de Ra mos de Azevedo, ale fins da decade de 1920.Nessa eooce. adquirtu as totes da esq uina. e encar regou a firmaSicil iano e snvaca construcac do patacete de fnspiracao france sa noexterior e no interior portuguesa, com tetos e paredes de intl uenc iamanue lina. Hoje abriga as instatacoes da Secretana d a SequrancaPublica. Entretanto. 0 velho fazende iro idealista. que num dta de 1902cheqou a proclarnar a restauracac da monarquta no Brasil, nee veio aresid ir na nova casa. tendo falecido ern 1931. (44)

A fami lia Pinto Serva restdlu no lado opos to ao de NhonhOMagathaes.num sobrado com porao habi tavel. 0 terreno do tado permaneceusempre vaqo ale ser ocu pado recentemente por um arranha-ceu . Damesma forma. hcana vase 0 terreno onoe esta hcie a residencta de n.e870. que s6 foi const ruida em 1947·52 pete casal Cmtra Gord inho,amda inspi rada no "Pent Trianon". a qua l retornaremos no capitulocorrespondente a segunda fase do Bairro. asslm como a residenciaque Alfred o Mesquita construtu ao tac o.

Ap6s 0 patacete de Augusto de Otivetra Camargo (45) que pertenceagora aCuria Metropolitana. um dos unicos de acentuada tnftuenciaflorenl ina da Avenida. vin ham casas geminadas, substituidas hoiepelo Ediffcio Bretagne, ale chegar a casa meio "art nouveau" de MariaJunquelra. bern como depots desta ate 0 cnale da famili a Liberal Pintoe a casa de Mr. Ford.

Ainda nos tmais da decade de 1920, antes de termine r 0 per iodo" aureo" d o Bairro. a Avenfda Hiqienopotts serta em Sao Paulo uma daslancaooras do estilo "art deco ". trazido por uma nova geral;aO. 0 casalCa!o Prado mandou demolir a "Vila Antonieta" e fez edificar em seulugar uma residencia ao coste dos mooermsta s. a cargo da Cia .Comerc tal e Constr utora. e contorme orojeto do arq uiteto da firma,Ehsiar to Bahiana. Que foi tarnbem autor dos prcj etos do atuat Viadutodo CM. e da Casa Mappin, e de tantos outros de impor ta ncta.

Com reracao aRua ltatiata. em seu Irecho superi or. somente ccmecoua ser ocupado pete menos a partir do ano em que toi abert a. Tratava-se

44} Nhonh6 Magalhaes ou Carlo s t.ecoc.c aaonsta de Magalhaes era propfle tano eeFazencla Cambol. nos munlcip,os de Matao e Catanduv a. conac eraoa neste secuic ama.oelazenda c eca te d ::>E stad o vercec-a em 1922 a uma companrna IrlQlesa e monloua Usina de A~Uca r tteque-e . em Nova Europa Em 1902. com seu pa l, Carlos Baptista deMagalhaes. lund ador da Cia. Estrada de Perro Araraquarense, proc lamou a Mona' Qulano Bras" , a ceamec a "aevctuc ac de R,be lraoz lOho", em Santa Emesnne45) tntomacac tomecrda por Silvio Macedo

Page 100: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

99

Fete 39 - Vila "art nouveau" com terrace . restcencta de Mario Rodrigues Hoje demo­lida. Fe i proj elada e construlca per Victor Dubugras em 1903. e se rocanzava na RuaMaranhao esquina com Rua Sabara. Arquivo FAU-USP.

Fete 40 - Interior da resiceocta Mario Rodrigues, com m6veis "art nouveau ". ArquivoFAU-USP,

Page 101: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

100

co-ern . das chamadas casas de operarlos. tsto e. de planta cac-aocom apenas quarto, seta e cozinha. articufadcs por um corredor lateralestreito. Poram em maioria. casas construtdas por itallanos. como S8

pade ver nos pedidos de ticenca extstentes na Prefettura (46), que vernassinados par names como Slntscalco . Amico , Masetti , Monaco,Scardapana. Ottoftno. Mucc illo, etc . Eram terreas . com porao e lardimfronte iro , de mod o que a lei n.v 344 acabou sendc revogada (47) comretacao a Avenida ltattaia.

A primeira casa de matores orooorcces. nesse trecho, data de 1903,de Domingos Monica , possu indo cocheira . com salda pela RUB MinasGerais.

No trecho inferior, attemavam-se casas tEnre8s com ocrao no aftnha­mente da rua. com o a ronco grupo de c asas de propriedade deFerreira d a Rosa, no quartetrao que ia da Avenida Hiqienopolis ale RuaVeiga Filho, com alguns poucos palacetes como a de D. Angel ica , queposleriarmente teve sua vtsao lo lhida pete "castero storzesco'', queLupercto Camargo fez conslru ir, encomendado a Domlc lano Rossiap6s viagem que empreendeu a Ftorenca.

A Aven ida Itatiaia ainda permaneceria estrada de terra verrnetha ate1906, no trecho Rua Maranhao - Avenida Municipa l, par onde trans i­tavam as chamados "enterros de ttatianos'', em direcao ao Cemiteriodo Areca, precedidos de band as de mus ica e de patr tcios em gruposrumorosos, cujos berros e gargalhadas eram mantidos par copiosasparadas em botecos ao ronco do traieto tntctaoo na Barra Funda. (48)

Em 1907, Asdrubal do Nascimento. enteo v tce-Prefeito. oenominouAngelica a que va! da Rua das Palmeiras ale a Aven ida Municipal.termtnando em trente ao Hospital do Isolamento. A part ir desse ana,cobrtu-se de palacetes "achalesados''. de vilas uorentrnas inspiradasna arqultetura da Aven ida Paufista ou de casas neo-colomais . vel­tend o. ass im, a vigorar para a Aven ida Ange lica a lei n.c 355.

Com retacao as ruas supenores. foram ocupadas pela alta burguesiaou pela ctasse med ia ate por volta de 1920. as palaceles mist uraram ­se as pequenas casas de aluguel , algumas das qua is constitufarnsobrados no al inhamento das ruas . Nas Ruas Ptauf. ttacotom! e MatoGrosso ainda podem ser vistas carretras de sobrad os deste ttpo . NaRua Maranhao esqutna com Rua Sahara. Victor Dub ugras projetou econstruiu uma vila "art-nouveau" para Mar io Rodr ig ues, senad or. fa­zendeiro e Mtnistro da Agricu llura. Na Rua ttambe. Dubugras constnnuum sobrado " art nouveau" para Soares de Barros, uma casa para Did io

46} Livrcs de Obras Partic ulates do Arquivo Munic ipal "'Washing ton u l'1a.Q lJ l ~47) Lei n.v 587 de 6 de junho de 1902, )46} Bemmrscenc tas do histonador Van de Almeida Prado ,

Page 102: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

101

Poto 41 - Casa de Influ~ncia "art ceco". do casal Antcnieta e cere da Silva Prado naAvenida Hig ien6po li s esquina da Aua Sabare. Prcjet ac a pe te arquiteto Elisiario Sa­hiana, nos fins da cececa de 1920. para a Cia comercta t e Construtora. c crecac CaioPrado Jr.

Fcto 42 - A rnesma res.oeoc.e: satao ccrecac Care Prado Jr .

Page 103: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

102

Fete 43 - A mesma reeroencre: ccmumo das escadas. Colecao Caio Prado Jr.

Valiengo na Rua Pernambuco, e outra para Vic ente Dias na Rua Sa­bars .

Poucas plantas de restdenc ta permaneceram fie ls as tradicoes iberi­cas. Ric ard o Severo construiu em 1909 , urna casa para a famil ia deCrtstovao Buarque de Hollanda junto ao alinhamento da rua Piaul, n.e10 1. Passuia area interna para onde davam salas e Quartos. Nessacasa passou sua acolescencla 0 tustonador Serqio Buarque de Hot­tanc a e seus Irmaos Jaime e Cecil ia Buarque de Holl ands .

Page 104: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

Fato 44 - Idem: Quarto do cas al.ceiecac Caio Prado Jr.

Fate 45 - A rnes 'l residencia- urn dos eenneecs Cole~ao ce:c Prado Jr.

103

Page 105: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

104

~

~ . ."

Fete 46 - A cczmna Colel;:ao Caio Prado Jr

Page 106: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem
Page 107: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

J -

i"r

j

,p"' . .1

I

f 1

.,

fl

I

jiI:

. j

,

I

;

I

r

I-,

,.1

I ,.

I

Page 108: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

2-

2. -

4 ­

4. ­4. _6­8-

10 ­

12 ­14­

18 -

18

2022 ­24­

26 ­

28 ­

30 ­32-

34­38 ­

3844

46­48­so -

'07

LEGEND" 00 MAPA 7

AVENIDA HIG1EN¢POUS LADO PAR

"Vila Mar'a"D. vencta na Valer ia da Silva Prado IHermifl '8 da Silva Prado e Car los Monteiro de Barros IIFamil ia Pacheco Jordao IIIAnton io Prado Jr. IVJorge ce Silva Prado Vcrcce sao Paulo VI

Sobradona Rua D. Veridiana oode re senre mas lamilias Elias ChAves, Albertode Oliveira. Em esto Ramos. Corms da Si lv a Prad oe JoaQuim MendOOl;a. Noslundos da c asa d& esquina .os fi lhos d e E1'8SChaves. entre os quais 0 aviad orEdu Chaves. ccostnnram 0 MChale c os Apache s" , ooc e residiram, corn serc apara a Rua Marqu~s de uu.

Corina da suva Prado e Joaq uim Mendonca

Yolanda da Sil va Prado e Flavio ucnce

Cicero Prado IRoberto Simonsen II

Juli ta da Silva Prado e Antomc Alves de Lima

Amblia e ceeeic da Silva Prado 1Fernando Nooee II

Jolla Bapt ista PereIra de Almeida

Rudge Ramos

Stella e Martinho ca Silva Prado Jr.

Joaq uim Miguel Siqueira Campos IBarros Loure iro IIMancel Barros Loure iro III

Oscar Rodrigues Alves

Virgilio Rodrigues Alves

Raul Cunha Bueno

Familia Ribe iro de Barros

In ura e Franc isco de Camargo Uma

Casa de aluguel

eennre e Eurico Sodre

Augusto Rodrigues I (atual n.o 518)Clemenle Pinto II

Jeane e Alberto Campos saues

Vicq Cumpitch I - Colegio Maria Jose II

Sobtados de aluguel de inf luAncia " en-rccveau"

Famil ia BerTini Pacheco e Silva

Famil ia Bicudo

pnme.ra casa de NhonhO Maga lMes

Page 109: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

108

52­54 ­50

56

60-62

64-

66-

66-

70-74

7. _78-80

82­

84 -

, -3­5 -

7

9

11

13

15

17

"2'23 -

'ter reoc de Reynaldo Porchal

Segunda casa (da familia ) de Nhonh6 MagalM as (arusl fl.o 758)

Familia Pinto serve

CMeafa de noescasas tereas com pottlo

Casa terrea ISobfado Alfredo MeSQUita II (1946), atuat fl.O846

t e rrene onde sene conslruida a reserencra de Antoniela e AntoniO c -r uraGordinho (1947-52), atuer fl .O 870

Augusto de Oliveira Camargo IColeg io Santa Cruz nCuria Metropolitana III

Casas de aluguel cooe hoje seenco ntra 0 Condominia Ed'ific io Brelagne. atualn.O938

Maria Junque ira

Casas pequenas (atual Colegio Rio Branco . " .°996) uma cere see Maria Anlo­mete Fenez

Familia de Adollo Augusto Pinto

G H. Ford IJulio MeSQuita IICtIossiO Muniz III

AVENIOA HIGIENO PO lIS LAOO IMPAR

-vna Pemeeoo"Ana Lacerd a Atvares eeeteec c e Anlon lO Alvares Penlead oEglanl 1ll8 Alvares Penlead o e Anlonio Prado Jr., ala d ire,la'V ila Anlo mela" - Antoreeta Penleado da save Prado e ceo da Silva Prado

srena Penteaoo da Sllya Prado e Mar1lnho da Silva Prado JI.Flayio Mendonl;a Uchoa II

Ma~ im i l i an Emthanc Hehl

Luc ila Chaves e Plinio da Silva Prado IFamilia Viana IISampaio Viana III

"Vi la Nrna" - Toledo MalIa e Nma Cerquinho Malta

-vne Jacnata"Carlos Gomes Shalders IDaYld Ribe iro II

Eng. Pereira do Vale

Eng . Fonseca RocIflg ues

Julio Mesquita

Familia s.coeee

Famiha Ma"os Barreto

Page 110: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

25 -

27

29

3137

39­41-

43­45 ­47a53

" Vila Germaine"Fernando Chaves IMaria Helena Prado Ramos e Eduardo da Silva Ramos II

"Vi la O,gs " - Marinette e Paulo oe Silva Prado

eomore Pereira lima

Casas de enquer

Cornelia oa Silva Prado e Joaquim Mendonca

Evangelina da Silva Prado eAugusto Uchoa IStnhazinha senee II

J. G. Baumgardner

Colegio N. S. Sian

Terrenos de crccneoece de Germaine Burchard.e astao Nothmann. Ali ce Ferreira e Lucia Burchardadquiridos pe!o Colegio N S. Sian

109

RUA MARAN HAO LADOI MPAR

1

3

5-

7-

9 -

11 -

13 ­

15 -

Medico saFranz Muller (cepois Franz Muller Canoba)Alice Nicke lsburg II

He inriCh Trost IWisardt IISamuel Ribe iro III

Alfried w emstloq IAbraao Ribeiro II

Edgard de Souza IRichter II

Lourdes e Cicero Prado IPllmc Loure iro IIJorge c e Silva Prado III

19reja de Santa Terezin na do Menino Jesus

Supermtendencia da " sao Paulo Railway" .,

RUA MARANHAo - LADO PAR

2 - Vanhorden Shaw

4 _ Yan de Almeida Prado

Page 111: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

110

6. MAIS UMA VEZ A RUA MARANHAO. ONDE SE ERGUEU A IGREJADE SANTATEREZINHA DO MEN INO JESUS

Nos ccmecos do secure a Rua Maranhao cont inuaria recebenoo al­gun s names importantes da colcrua anqto-saxomca em Sao Paulo.Subslituiram as morad ores MOiler e Trost as familias Nicketsburq eWisardt , e Weinsf log rnstarou-se ao tac o.

Ao mesmo tempo. Edgard de Souza, presidente da Lig ht, veio resfdirnum dos patacetes mars entrees da rua . onde hapoucos enos taleceuo industrial Jorge Prado. Numa das casas que 0 engenheiro Max Hehledificou para renda , passou sua intancta 0 escntor Yan de Alme idaPrado.

Mats ad tante , oeoots d a Ave nida Ange l ica . em epoca bern posterior,serta ediftcado 0 Santuano de Santa I erezmhe.

A Igr eja de Santa Terezmha nasceu numa casa part icular , atuat n.c 617da Rua Maranhao e tol erguida as expenses de donatrvos dos paro­qulanos. Em 1924, os padres da Ordem dos Carmeutas Descelcosl iderados par Frei Seratim . Vigario Provinc ial, adquinram a casa d eCornel ia Jaffe Ribe iro, que toi adaptada para restdenc ta dos saceroo­tes . destmando- se uma sala para capeta. Nesta se cotocou a imagemda Santa.

As obras da reforma estiveram a cargo do enqenttei ro Fiorello Panetti eccnstdera-se oficia lmente como sua tundacao 0 o ta 13 de oezernbrode 1925, em que esteve presente 0 Bispo D. Duarte Leopotd o e Silva.

A construcac do templo se iniciou no ano segui nte. 0 projeto e deautona do arqurteto Antonio Vicente, que toi 0 autor d o projeto doSantuano da Santa no Rio de Janeiro, e as obras de construcaoestiveram a cargo do mesmo engenhei ro PanelIi. A ig reja da RuaMaranhao, pos sui planta relangular e Ires naves. Pcrem. sua o .socst­cao tntema esta a suger ir a cruz lati na. A imagem de Santa Tereainbaloi doada por Sofia Neves Torres que a mandou buscar em Lis ieux.Franca. enqua nto 0 Conde Franc isco Matarazzo farta 0 presente dosino, em 1927.

A ig reja toi inaugurada em 31 d e marc o de 1928, em rneio a festivida ­des sctenes. mas tol conctuica meses oepois . epoca em que setermfnaram os trabathos de revestimento Interne (maio) e foram col o­cadas as tree imagens de rna-mor e d e tacnada (setembro). () ac aba­menlo praticamente to t todo executado per artesaos rtauancs que tantoatuaram em sao Paulo a part ir de fins do secu lo passado.

Ao escut tor Attn!o Clenc! oe vem-se as retendas esc ulturas que repre­sentam sao Joac da Cruz, Santa Terezmna e Santo Elias. A CasaAlliegro executou os trabalhosde madeira: ootono. peravento. centes-

Page 112: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

111

_.. ._....

- --- -

-"--'-"'-

- ----~_.

.._y- -- ~_ .._.

- -'-- _.-----_._--- ­_._---­._ - --==-==,~- ~ ..-

sere 47 _ Repol'1agem score a maugu' C1 cao ce Ig'e,a do Sant uane de Santa Terez ,nhado Memno Jesus ccee.c Paunstaoo de t s ee ab nl de 1929, p. 7.

Page 113: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

112

Fete 48 - Aspecto atuat da Igreja de Santa Tereztnha do Menino Jesus. na RuaMaranhao. n.v 617. Foto da aurora.

Page 114: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

~RdQUIA SANTA TEREZINHAuo maronhdo, 617 - higienapolis - tone 51·4641

i//7• I.. .'c •

s S!! DE

A TIM A

SAO LUIS

B

Fro; Pau~na (

Vigorio

"

Page 115: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

114

sionanos e porta artlstica. Em fins daquete ano ffcararn prontos astrabalhos de marrnore. tais como as pitastras e colunas . e as moldurasdas portas . todas de autoria do artifice Angelo Tuntsl.

A lqreja to! acresc lda de urn editlcio para convento em 1958, e para 0Coleqio de Santa Tereztnha que ate entao funcionava na Rua Plaut.(49)

7. CONCLUSAo

Vimos , portanto. que a ocupacao do Baine de Htqienopofis. intciadaem fins do secu!o passado. se completou nas pnmetras decadas doatual. quando chegaram as nac ionats detentores de grandes tortuousdo cafe, da industria e do comercio . aos quais edev ido em maior partea prestlqio de que gozou a Batrro .

Os elementos da alta burg uesia paulista Instalaram-se em rtcas epretencfosas res.oeoc.as. em mete a tarta veqetacao. As casas emgeral eram implantadas em lotes qrandes. amaneira das chacaras.Nao hav!a sistema generalizado de abastectmento de trutas. verdurase cernes. de modo que as es pacos eram destinados nao s6 para osjarcnns como tambem para 0 cutttvo de hortalicas. arvores frutiferase criacao. Houve muitos casos em que tambem se utilizaram terrenosvazios mais proximos para esse lim tanto ceres particulates quantopelos chacareiros portugueses que 'aziarn 0 comerc!o desses produ­tos .o lugar preferido para moradta ocs nacionais fo i a Aven ida Hig ien6po­

-us. ficanoo as restd enc tas mars ric as na primeira parte da Averuda . notrecho Que segue ate a contluencta com a Avenida Ange lica. A partircal . eram mats escassas. e f icavam entremeadas com casas menoresde renda. Entre os moraoores da Aven ida predorn tnaram as tamlliasPrado e Penteado e sua imensa parentela extenstvaEncontramos no Baine uma verdade ira rmsceranea de estilos. expres­sao do Ecletismo vtqente . real izados peres arquttetos mais Importan­tes da c ldade. 0 conjunto era , porem. dos mats aqradaveis . tendo sidecomparad o a sim ilares europeus .

Depots da pr imeira decade do secu! o, Higien6pol is rfvauzou com aAven tca Paulista. Entretanto. embora esta ainoa nao esttvesse inte i­ramente ocupada, era multo mais longa e com maior numero depatacetes. portanto rnats requtarrnente constitu fda. Apesar da dtscre­pancia tambem extstente entre os estuos da Aven ida Paulista. 0 espi -

49) A Par6quia de Santa Terezmtta e nore das mais ncaa de Sao Paulo; -eauza obras deasststencia soc ial na pentena . j il tenoocoosuutoc com ccoenvosoos seus paroquranosce rca de cr-cueota e c ues casas de operanos em Vila Brasilan dra

Page 116: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

115

rotc 49 - Vista parc ial de Hig ien6po lis tirada da Prao;a Buenos Aires em 1922. Acaprterpaulisla ccmerroraoco 0 ceotenano da lodependencra. Sao Paulo. sccieoece EdIndependenc ia.1 922.

rtto era bern dtterente. A maiona possuta estilos ind icativos da origemdos seus mcreocres. antiq os irmqrantes. Eram vilas pompeta nas. neo­ctess fcos. uorentinas. bizantinas. etc . que ostentavam um luxe ex­ces sivo propr io do comporlamento dos novos rtcos.

Enquanto Gattre. em 1912, co mparava a Avenid a Paul ista a certasaverucas de Nova torq ue (SO), Erneslo Bertarell i retenu-se aAven idaHig ien6polis como podendo "competir com as mats betas vias pub ti­c as das cidad es eurooeras ''. (51) Alguns anos antes, Maria Wrightcescre vera Hiqienopoti s como local de "restd encias patacianas. cujoesp tenoor as grandes mansoes nao conseguiam uttrapassar". (52)

Partamente service pela rede de bond es eletricos - toi 0 segundobatrro paulislano a contar com esse uoc de velcutc (53) - Hig ienopo-

SO) GAFFRE, L A y ,s.onsdu BfeSIL Pans. Ailla ud. 1912 , In: BRUNO, Emani da Silva.co cit. c . 983,51) BERTARELLI, Emesto II Braslle Mend ionaie In: BRUNO. Ernani da Silva. op. en.p, 983 .52) WRIGHT, Marie Robinson, The New Brazi l Its resources and atlrac\lOns Hrsto­neat descr iptive and mdustnal. 2.8 eo meoeme. George Baffl e Sons, 190 7, p 21253) Aoos a mauqur acao ce unna oe Barra Funda. em 1900 , eram msteraoes as linhas caVila Buarque. Bom genre e Santo Amaro.A linha Vila Buarque foi lnaugur ada a 27 de maio daquere ano A pr inc ipio chega vaacenas ate a Rua Marqul1!s de ltu. mas, a 14 de seternbro comesmc ano. estendeu-se etea Rua Maranhao, oenon.oerco-se Maranhao, em 1901 . Saia oe Preca Antonio Prado epass ava ceres Ruas Silo aeotc e Duena. vra octc do Cha, Rua Xavier de Toled o,ccoecrecac. Mana Antonia, Avenida MartinhO Prado {Avenida Hig >en6polls ), Ruas daBciada (Rua R,o de Janeiro) e Maranhao sere aocs ceccrs toram cons tituidos osceutares n....meres 25 e 27 que tanam aq vele earetc em senne o rove-so. mctumdc SantaCeci lia via Ruas Mart,m FranCISCO e cas PatmeuasA Avenlda Ange ilca 56 con tou com as unnas de ccooee em 1912 . quando foraminaugurados os ceccre-es nUmeros 36 e 38. que tanem ° seraec mverso a Rua dasPanr euas. Avenlda Angelica e Ccosoracao. via Rua Mac916 In: STiEL Walde marccerea HistOr,a dos l ran~olet 'vos em sao PaulO sao Paulo. McGraw-Hill doBrasil L1da e EOUSP. 1978. p. 208-216

Page 117: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

116

lis integ rava 0 mteiro turistico recomendado peres guias. ao lado daAveni da Pautist a. Parque Antartica. Cantaret ra, Bosque d a Sauc e. VilaMonumento e Parq ue do Ipiranga, Represa Santo Amaro. Butanta.Hip6dromo, Jard im Acnmacso. etc .: "Elegante e arlstocratico bairroda c apital" co mo des crevia urn atmanaque da eooce. " proporciona aoexcursfonista a vista das mars rices e pttorescas vivendas. rodeadasde bel issimo s [ardtns. formando urn conjunto deticioso e ininterrupto.d o rnais variad o e apurado 90sl0 artl sttco l .;" Mais ad iante, d avaindicecao des bonde s que servla m a Bairro: ale m do 25 e do 27 quepassavarn pela Avenida Hig ien6polis e RUB Maranhao, ern sentidocontrarto. beneticiava-se dos circul ares 9, 11. 15. 17.36 e 36. (54)

" Ponto de reun tao do q ue a ci dac e e 0 Estado possuiam de mats rico ede mats d tstinto". diz Paul Walles, " notebttizava-se por elevadc nu­mere d e casas suntuosas, patacetes tuxuosos e cc ntortaveis. embcraalgunsdeles fossem d e um gosto duvidoso, pelo menos bizarre". (55)

Ao assumir a oo stcao de bairro mais elegante de Sao Paulo, a vida al .nao transcorreu de mod o drterente. como veremcs a seguir.

54) AlmanaQue de 0 Estado de Silo Paulo para 0 ano de 1916, pag 28055) WAlLE, Paul Au Bresi l - De L'Urug uay au AI() Silo Franc isco. Paris. Ed E.Guilmolo. 1910, p. 160

Page 118: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

117

CAPiTULO IV

o BAIRRO DE HIGIENOPOLIS E A " BELLE EPOQUE" PAULISTA

o Bairro d e Hiqiencp olis nasc eu no pe rtodoq ue S8pad e classifiear da" Belle epoque" de Sao Paulo, que S8 estendeu a partir dos ultim osanos do sec uto passad o ale a " I Gran de Guer ra" quand o as pa ullstasusufrui ram a riq ueza acumulada d o cafe. " Belle epoq ue" signifieaentre nos 0 ing ressode Sao Paulo na moderna civtltzacao europeia. daaevorucao Industrial, a rmoortac ao do prog resso e, co m ele. a im ila­9aO do modo de vida europeu . Com'0 c afe assistiu-se ao pr imeirogrande surto do progresso de Sao Paulo, c idade que nascera pobre ese mantive ra pobre ale me ad os do secu re XIX.

Ale a l 0 pa ulista sempre sarra para exercer SUBSativfdadea economl­cas e bel leas. a oc upar ou a povoar outras tetras. em detrimento d e suapr6pria vtle . ou cidade. qu e cn eqou . por vezes. a ucar ao abandono.Pesava-Ihe tambem 0 seu isola mento com relacao ao litorat, cujoacesso era dif ic ultado pelas esca rpa s abruotas da Serra do Mar.

a cafe, como l icou d ito anterio rmente.ttr ouxe nqu eza e ooootacao acapital e. com estes, ch eqavam novos equtpamentos e materials .novas formas de vive r. de morar, ou de ser. Tudo vinha de lora. Dtaia-seq ue em Sao Paulo importevam-se desde agulha ate locomotiva. Detaro, os trens da " Inglesa" oesc tam a Serra d o Mar levance cete evottavam trazendo. alem dos imigrantes europeus , maquinas para asnossas pouca s industnas. materiais de con strucao . livros, arte. moda,decoracao e glmeros atimentlcios. os quais iam desde beb idas at-

Page 119: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

118

co61icas ate mante iga . ja que quase nada produ ztamos aqui. 0 pau­lista tomava agua minera l "Vichy", cornia que ijo frances au surco ecozinhava com massa de toma te italiana.

Como consec uencra. as nabncs dos paul istas e sua cultura S8 attera­ram. A vida tomou-se mai s complexa, perdendo a stmpl icidade eauster idade que caracterizararn as familias paul istanas, para gan harem oreocupacao com a qualidade da vida, a viv er bern, a vestir-seeleqente. 0 ref inamento de manetras e d o esorrnc.

Oonstituiu -se assim . 0 "qra-tirusmo" em Sao Paulo, que teve a Francacomo seu princ ipal modele, per tradicao herdada dos portugueses ,dada a tmportancia potltica e cultural de que gozou em toda Europa nosecu lo XVII, estendendo-se culturalmente pelos sec utos XVIII e XIX.

o progresso chega ra: alteraram-se as plantas das cas as que, apesarde variad as contorme ob servac eo de Kidder na primeira metade dosec ure pa ssad o. possuiam ou uma area interna para arejar os dormit6­nos. ou 0 andar infer ior par a cornerc io e 0 superior para residencia.esta sempre co m seta de janlar e de vis ttas " entre as quais exis tem.invariavelmente, alc oves qu e servem d e dormitcnos." (1) Para asc lasses mais rice s amouou-se 0 numero de cbmodo s e de runcoes:surgiram salas de estar, satoes. satetas. co pas. seta de bilhar, qu artosde vestlr ao lade dos de dormir, escruorros. etc . Desapareceram osesc-avos que outrora faz iam os services c ornesucos. 0 negro, comoobservou Luc io Costa . faz ia as vezes de tornelra, do encanarnento. doesqoto . etc , Conslrulram-s e Instala coes hidrauticas. service d e esgo­tos. os banheiros, Hurnin acao a ga s e eletrica . e empreqou-se criada­gem estrange ira: governant es arema s e francesas que educaram asc rtancas. paiens. rnord omos. criado s de fibre . jard ineiros portuque­ses, alemaes e ital ianos.

A c id ade se remodelara em moldes europeus. Uma populacao co nsti­tuida na sua maioria de europ eus recem-cheqados co nstruiu comttjotos a Metr6p ole do Cafe. Esquecera-se a talpa. esquecera-se ainsp tracac local. 0 tracado da s avenidas. das pra cas e jard in s coon­cos , a arbor tzacao das rua s especies im portad as co mo porexemplo os platanos. as casas grandes e as cas as de operance. tud oera europeu.

A c id ade orocurava ainda segu ir 0 Velho Mundo quanto ao ens ino. asua admtnistracao otictat. medico-hospitala r e ate mutter. Aqu i tam­bern a Franca cc nttnuava a ser nossa pri nc ipal insp iradora. GeorgeClemenceau. q ue nos vis itou no come co do seculo. "chegou a afi rmarque a cidade de Sao Paulo era tao curiosamente francesa em alguns

1) KIDDER.Daniel P. ReminiscAncias devia ens e ermanencia no Brasil. BtouotecaHistonca ereeneea. Sao Paulo, arnns. 1 . v, v, a I .otecaj . p. 1 88~1 89 ,

Page 120: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

119

de seus aspectos que, no decorrer de tod a uma semana, esqueceu -seele de que S8 achava no eslrang eiro." (2)

o cafe crtou co ndicoes para a formacao de uma elite qu e proc urouretmar-se perc estudo e pete cultura, petas mane tras e pela modaconforme as modelos europeus. Importou govemanles d o estrangeiropara a educacao de seus tunes. esludou na Europa enos EstadosUmdos. nao 56 0 curse media quanta superior. A Sutce. a Franca. aAlemanha e tnqteterra eram as palses ideals para a educacao d esbrasueiros.

De forma que essa elite era tri liogue, fa land ocomo seg unda e tercenaling uas 0 Frances e 0 Aterneo. Eram receb idos Internecionatmente: emlodo s as palses por onde and avam. a alia sociedade e a anstoc rac iaabriam-Ihes as sarces. a exem plo des grandes industr ials ou cnete edegrupos econcmicos que hoie sao recebid os no mundo todo. Tanio queas noricias de jarnal sobre 0 tatec imento de Anton io Alvares Penteado,acorrid o em Paris em 1912, trazem entre os que comparec eram, no­mes c a ma tsalta nobrezada Franca.Da mes ma forma ,um ramo Prado,da Condessa Pereira Pinto , acabou por misturar-se anobreza de ssepais.

Eram . por sua vez . esses verda deiros europ eus que recebiam em SaoPaulo os visitantes de maier impo rtancl a. poli ticos e notxes. 0 Prin­c ipe Alberto d a Betq tca ficou nosoecaoo na Chacara d o Carvalho, aPrincesa Maria Pia, na "Vila Penteado" , onde tamb em se hospedou 0Presioe nte Jul io Roca da Argent ina, e assim por d iante.

. 0 qruoo trequentava. em Sao Paulo, 0 Automcvet Ctube. 0 CtubePaufistaro. as estacces de aqu as. etc . e teve prestig io suticiente paramtroc uztr novos bebitos e tanca r modas na cidade.

Higienop oli s, onde se encontrava essa el ite. ou a ma ior parte damesma. foi 0 palco ma is importante da " Belle epoque". onoe aspe rsonagens se movimentaram no sentido de introduzir a mod ernavida europeia e 0 "qra-tmis mo" em Sao Paulo.

D, vendlana oa Silva Prado toi talvez q uem mais co ncorreu pararenovar os verhos costumes paulistas. auxil iand o a chegada do pro­g resso de mod o entustasnco e bnthante. de sde Imais do Imperio,qu ando passou a atuar em Hig ien6poli s. Na "Vi la Maria" resld tu d u­rante vmte e cinco anos ded icados nesse sennco. no que foi proce­d ida da acmiracao d os paulistas, para as quais muite coisa atnca eranovrdace. Ebern verdade qu e Sao Paulo ja reun ia condicce s matertats

2) C1. sao Paylo e seus hOmens no CeoteOittrlQ v, 1. p. 67. Slo Paulo. Independ~ia

Editora. 1922 cu. ,n PETRONE. Pasquale, Silo Paulo no secutc XXm: AZEVEDO. Aroldoe cctros A eidade de Sao Paulo- evolUljaourbana Sao Paulo. Ed Nacional. v, II. 1958.P 113.

Page 121: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

120

e cutturais q ue olaziam apto a renovar-se. Mas o movimento soc ial foratardio e d ificil oevido ao acanhamento do meio. ao retraimentodc pavee a quietude da cid ade estirnutada perc fr io e pet a qaroa .

Ape sar do prestiq io polit ico da fam ilia Prado ler decaid o depots doImperio (3), do ponte de vista socio-cul tural 0 periodo mais interes­sante toi. a nosso vet , 0 des uttimos anos do Imperio avancando petosprtmei ros tempos da Rep ublica. quando D. Verid iana e d epois seusde scendentes ate pela menos sua segunda qeracao. assumiram atic eranca da vida elegante d e Sao Paulo. ob servando-se forte dose derebeic ta em alguns casoe.

Como 'limos no capitulo II. era f ilha do Batao de IQuape que tel umadas pr inc ipa is l iguras de proa de Sao Paulo de meados d o secutopassad o. tanto do ponto de vista econormco quanto politico. D. veri­diana era dotada de forte personatidade, esplrttc lndependente e d eimc tattva. Tod as as suas acoes foram voltadas no sent ido de traeerprogresso para Sao Paulo, em franco desco mpa sso com reraceo nomundo moderno europeu, preocupando-se co m as mats variadcs as·pectos . desde arte e tec nica ate aq ncuttura e pa isagismo .

Nasceu em 1825, e segun do uns. no sobraoo da Praca Patriarca. Emmenma nao estudara multo. tatvez par nao ser este 0 habito co mrerecac amuther. Frequentcu a Corte tevada por seu pat. onde, cum­prlnoc as boas manetras exig idas por sua educacao. 'era notada pe laMarquesa de Santos que a ela assim se retena: "- Gosto de ver eslamen ina rnesureir a." (4)

Em breve pc rem . demonstrou vertotana avidez em aprende r. Comvmte e sets anos e mae de cinco f ilhos, assts tta as aulas dos mesmos,pretexlando acompanha-ios. Nesse part icular , eram ebastecidos co mmestres estranqe tros. Possuiam tambem qovemantes e professoresde musica e de danca. Foi em sa o Paulo a primeira a contratarqovem ente estrange ira, " Mad emoiselle Eli zabeth" , que veto daFranca em 1854. (5)

Para se ter uma ldela de seu estorco e d e sua origi nalidade eprec isonolar a ambi enle em que viveu . pabre e aca nhado, com o qu at co ntras­tana e que foi de scrito por seu neto Luis Prado:

" A eequena c idade provmc iana de 1850, com pouco ma is de 30 milalmas e de aspecto colonial, era certamente tnste. lncontortavel e te ia.As suas rua s mal carcacas. sem escoamento de aguas. com pobre

3) LEVI. Darrell , A temtua Prado Sao Paulo. Culture 70. 1971.4) PINHO. Wanoerley. Saloes euames oo sec onoc aemec o. SlIo Paulo, Marl ins. 1942.5) Depormento de AnlOnleta Annos nos aponlamen los de Cerqueira Mendes score D,

veno.aoe. msututc de ssrccos Brasile iros da Univers idade de SAo Paulo.

Page 122: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

121

iluminecao a azette. serpenteavam entre casas baixas de largos bel­rats e janelas de rotutas. Atem da s iqreias. dos co nventos, de urn auoutre edific io publ ico, grandes casartos assobradados abrigaram aqente abas tada da lerra. Ao cai r da noite tudo mergulhava na garoapaulista e 0 suencro era some nte perturbado par serenatas de capa­ooctos au de algum estudante romantic o. No entanto, par detras desteaspecto severo e tr tste js exlsna uma inc ipi ente vida soc ial e mtelec­tuat bern apreciave! para lao pequ ena ci da de ..." (6)

Lui s Prado lembra que a existencia da Academia de Diretto foi aresponsave! nee 56 peta formacao d e grandes vultos do Imperio , maspel a vida intelectual a qu e se reter e. mars terti! e di spo sta a eclodi rquando se viu em condicces tavorave!s. isto e. quando as at ividadescareer -as propic iaram grandes tortunas e 0 co ntato direto dessa geniecom os grandes cen tros europeus. Por outro taco, desde meados dosecure Sao Paulo atraia pcputacao de fora. notando-se a presence deestrangeiros, protis stona!s Hberais . artesac s. co merc iantes, l ivretros.ja nos acenand o co m 0 progresso que ia la fora .

A el ite do cafe pa ssou a ler um profundo envolvimento com a culturaeurcpeia mooema. Comecaram as longas viagens para passelo ouestud os. e sempre para "tomar seu banho de c lvtttz acao'', como dl­ziam, ou " para de sp ir 0 [equismo."

Em breve os Prados adolaram esse r rebrto. que foi dos ma is constan­tes. Emendava-se uma esteca o a outra. Paris era a meta ou a Meca:" Paris! 0 resto epaisaqem !" Dtz !a 0 Conselhe iro Antonio Prad o. (7) Etaxavam de "caipiras" aqueles q ueassim oao proced iam . tormando-senftida distincao na soc fedade enlre estes e os europeizados que naose treq uentavam embora se conhecessem. Nos ccmeco s do secutoessa separacao tot bem assina lada pete exlstenc ia de dois crubes de

6) PRADO. Luis . Ensaio sobre D. Veridiana Valer ia da Silva Prado, C6pi a do manus­cntc no arquwo de Ana Candida Sampalo Ferraz.

7) Hevia 0 costume de se levar para a Europa toea a famili a. cnadaqem e ale animaiso consernetrc par exemplo, tevava tambem uma vaca leiteira. cc ntorme cc nte sua nete.Alice Pacheco Silva. seu medico part icular a mars dois amigos, Val de Oliveira e BentoCanabarro, este muito alegre e dfverndc . que terra 0 papel de "fou du ror'. A bagagemera «renee. levava-se as vezes uma camisa em caoa mala, cheia de pape is de sedapara nao amassar. Em Paris, 0 Consalheiro alugava um "hOtel parncuteier'' nos ChampsElyses.o vetro Elias Chaves tambem teveva tooa a fami l ia entre filhos, genres, noras e netos,arem de cria dos. Uma vez alugou um andar inleiro do Hole l Majestic para eccmooer atodos . _A presence de brasnetros na Europa era tao constants. once. d iziam, a vida era maisbereta do que no Brasil. Um pec uenc ecrsccrc uusteaa lac itidade com que se eocontre­vam bresiteiros. Antonio Prado estanec nas corneas de Derby em companhia de umaamigo . este desca rrou-se do Conselheiro em mete a multidao. MuilOaflit o d irig iu-se aonmetra pessoa que enconlrou : "- Onde esta 0 Ccnsetheiro?" "- Acaba de cceraraquete esquina", respcnderarn-lhe prontamente am portugu~s ,

Page 123: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

122

el ite em Sao Paulo, 0 Automovel Ctube. d os ref inados aeuropeia. e 0Clube Oomerctat. dos chamados "caip iras".

Em 1862 0 jovem Antonio Prado loi estudar Economia na Europa . De laescrevta para seus pa is cartas terteis em cbservacees. ora sabre agrande Exposic ao de Loncres. que vtsitou vanes vezes. peta qual naoescondeu seu entus iasmo (8), ora sobre as banes da Corte de Napo­teao Ill , no Palac io das Iutlteries. ou sabre as patmacce s no Lago do" Bois de Boutoqne" (9) , etc .

Essa correspondencia teria concorrido para motivar sua mae quepassou a visitar co m assiduidade 0 Velho Mundo, hebito a que deuInfclo ap6s separar-se do martdo. co m quem casa ra aos treze anos deidade. Mcuos d ao como sua pr imeira viagem 0 ano de 1884, mas ludoindica que tiv esse oco rrido antes , pais em 1882 ao regr essar a pintorAlmeida Junior de sua viagem a ltalla e a Franca ja vctteva com en­co menda que D. Veridiana Ihe Iizera para que pintasse a " piafond "circular do sateo de sua futura restdenc !a. (10) obra esta executada noana segu inte.

Em Paris. a pretexto de co ntrolar ce peno as extravaq anc ias ce seutnrccaccte Eduardo Prado. D, ve nd iana manteve urn satao trterano naRue de Rivc li, frequentad o per mterectoar s brasueuos e portuguesescomo Eca de Oueiroz. Ramalho Ortigao. 0 Barao do Rio Branco, Domi­etc da Gama. Joaquim Nabuco. etc. Que pese br ilhassem os tatentosde seu filho Eduardo e do seu neto Paulo Prado, D. Veridiana de ixouforte impressac em Eca de Ouetroz. ceusando-rre aqradavet surprese:" A D. Verid iana qu ts que eu [antasse co m eta tod os os d ias e muitocarinhosamente me tern nutr ido. Talvez mesmo too rich ly. porque hasempre scbremesas de magnifica s truta s. escolhidas par era (que egu losa) e eu nao reststc a entrar protusamente nesse verdade iropomar!" au: " A D. venotane e ainca mais esperta , e aqradavet . epitoresca. e fina do q ue nbs tmaqmavamos e to! pena nao a cu ltivarcom intimidade''. (11)

Eainda atraves de Eca que fic amos sabendo de mats alguns costumesseus na segunda cidade des Prados: "A D. Verid iana partiu ontem.Fui acompanha-la a Gare d'Orteans-c-o que me obrigou a levantar as 7da manha. la um imen so comboio cheio de Prados. A D. Veridiana atelevava caes de f ila em jau las. Cottada . fo! lavaca em lilgr imas" . (12)

B) LEVI, Darrell , op . cit.9) PRADO, Luis . oo. ci t.

10) SOLANOWSKY. Marly. Almeida Juniot :um eeeccc biograflco-iConogrill lCO RiOdeJaeeirc, MEe-INAP-FUNARTE. 1977 (,nectIIO).~r

11) E a de QuelrOl entre os seus. a resentado sua filha Cartas inhmas Porto eLisboa. e 0 e rmeo. , p .12) ClP· ci t. p . 356 ,

Page 124: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

123

Nao eo de admirer portanto. que tivesse Querid a abrtr uma par assimdizer. sucursal paulista da matnz pa naie nse. Sua nova residenc ia ernSao Paulo erg uia-se nos moldes de urn pequeno casterc frances doHenasc imento. Com Ires and ares ale m do subsolo. possuia uma senede c eoeoc eocre s. No andar terreo. " hall ", biblioteca. sel a de ...isitas .sara de [enter. " logg ia" , co pa. e w.e.No pnmeiro anda r, q uatro dormi­t6rios mats vestiarfo. rouparia. benheiro. bi btioteca . tanq ues e tenaco.No ultimo andar mais qualro qu artos. du as rouper las. banho, malelro ecozinha. No subsolo Iicava a area de service, outra co mm a. dt spensa.adeg a, sara de armoco e sani taria. (13) Na eooca em que nela viveuAnton io Prado Jr. havia elevado r.

No terre do teto de seu salao. uma alegoria leil a por Almeida Jun iorrepresenta 0 Sonho pa ra alguns, 0 Sono para outros. e ainda a Atvo­rada . A l igu rafe fTI inina teria side insp irada em Sinha Munhoz. amiga delamil ia que to! de rara be leza. Para outros 0 mode lo tot mesmo Mar iaLaura, o g rande amor do artista. dada as semelhancas que se ob servouex isti r entre esta e a aren ccte. med iante comperac ao com uma foto deMaria Laura. (14)

o interior da resroencta. ao ccntrarfo do q ue se tem esc nto. parece terside d os mats simples e ate mesmo austere. Con tam de scend entesseus q ue a que havia de mais precioso eram as loecas da Companhiacas Iocnas. heranca de familia. Prata nac as havta pais aq ueta s q ueestiveram na familia vieram postenormente. traz ida s por Mar ia Cata­rina da Costa Pinto, mulher do Consetheiro. Segundo cbservou LuisPrado, "0 interior da ca sa tmpressionava a tod os n6s, seus netos , peloseu aspec to grave e si lenc ioso. Nao navia cstentacao de riquezas.M6vei s simples. contortaveia e uma metrcutosrdec e ext rema quanto aordem e l impeza..." (15)

Externamente os jard ins eram dos mais belos e aq rad aveis. desenha­dos pelo pa isagista frances Gtazjou. que ve to ao Rio de Janeiro pararemodetar 0 Passeio Publico. Eduardo Prad o 0 conhecera no navio e 0ind icou a sua mae. A chacara estava ce rcada por euca uptos. arvoreque, co nforme se ccnta, fo i introdu zida por Inlciattva de D. Verid iana.(16 ).

Havia um pomar em que eram feitas excenencre s com esoec .es no­vas. um bosque de quapmvu. um espelh o de agua onde bucofica­mente nadavam c tsnes e alguns d iaposltfvcs que encerravam surpre-

13) As depeedencias c itadas nos loram torecc ee em planta da casa quando propne­dade de AntoniOPrado Jr. tafvez com alg umas ene-ecees Quanta as fl.m(;6es or ig ina is.peste Que este a mand ou retcemar em 192414) SOLANOWSKI, Marly. op . ci t , p . 40.15) PRADO. l uis. cp. CII., p. 11.16) PRADO. luis. op . c it P 11.

Page 125: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

124

sas para as visitantes. sabretude a cr rencaoa da famil ia e do bairroque vinha ai br inear. Luis Prado nos fornece tambem a descrtcao dosja rd tns: "0 seu nobre portae de entrada achava-se exatamente emtrente a atuat Rua Marqu es de ttu , que al terrmnava. Do portae at ing ia­S8 a casa por urns alamed a arbo rizada que margeava um pequenolago artificial onoe cis nes e marrecos dlstralam e aleg ravam a rneni­nada que ai vfnha obr igatoriamente ao beijar..mao da Av6." (17)

Eduardo Prado trouxe de uma de suss viagens um rel6g io solar que toiinstaladc oa Chacara. 0 q ual anunclava 0 meio d ia ao Ba irro tode comuma salve de tires de canhao. (18)

A Chacara c hamou-se "Vi la Mar ia" , nome dado em homenagem aMaria das Dares uma atithada prediteta sua que sempre lhe tez tacompanhia. (19) Entretanto. a Chacara tic ou conhec id a simplesmentecomo casa de D. v eridlana.

D. vend tana que jtt reatlzava saraus na ca sa da ccnsotacac. manteveem Hig ien6polis 0 primeiro satao intelec tua! de Sao Paulo. abrindo-o agente Hustrad a da epoca sem distincao de credo politico, de naciona­l idade ou de raca. Vinham monarqulstas. republicanos e positivistas.estranqet ros e negros nustres ebolfclontetas.

Antes pc rem. rece bera 0 Impe rador em sua ultima vis ita a Sao Paulo,em 1887. oterecendo-lbe recepcao esplend ida . Conta-se que nessaocasiao. alinhou seus netos na alameda pri nc ipal da casa para sauda ­rem 0 itustre visltante com petalas de rosas. No momento que suamajestade pa ssou por Martinho. recebeu em pleno rosto um mace depetetes. talvez de mod o proposital. Iatoque ter ia provocado a seguinteouservacao do Imperador: "- Tao pequeno e js com Instmtos revolu­cionarios como 0 pa l." Essa versao porem . era negada por Caio. irmacde Mart inho que co stumava attrmar que lal tncidente oco rteu durante avisita que 0 Imperador fez ao "Seminario". coteqio onde estudavam ostilhos de Martimco. Sua Majestade vinha assessorada pe lo Conse­Ihei ro Antonio Prad o que. ao ver seus scbr tnnc s. parou paraapresenta-los ao lmperador. Este pe rquntou-the:"- Filhos de quem?""- De Martinlco". resoonceu 0 Consel heiro. D. Pedro fez entac umacareta e atastou-se visivelmenle contrarlado. (20)

Em breve a Chacara de D. Veridiana tomou-se 0 ponte de reunfao davida social e tntelec tuat d e Sao Paulo. Conversava-se scbre counce.Hteratura e ciencla e abnam-se suas portas para amigos ou estrannosdesde que fossem de valor. Recebia regu larmente Teodoro Sampaio.

17} op . cit.18} Paolo Plimo da SlIva Prado II autora em junho de 197919} LEVI, Darrell . ep. cit. p . 98-9920) Dectaracee s do I'IISloriador Caio Prad o Jr. II aulora.

Page 126: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

125

as med icos pos ttivis tas Luis Pereira Barretto e Domingos NogueiraJag uaribe, 0 ge61090 norte-americana Orville Derby, 0 arquiteto ita­uano Luigi Pucci . 0 botantco Loefg reen, etc . alem dos abol icionistasnegros Jose do Patrocl nfo e Luis Gama, enquantc as f ilhos de D.Veridiana co nstitutam uma qe racao das mais ativas pounce e intetec­tuatmente: Antonio Prado como Min lstro do Governo Imperial e Oa!oco mo Preside nte da Prov incia do Ceara, enquanto Martinico eEduard o se rebelavam. cada um a seu modo. 0 prtmelro. trtbuno .incansavel e propagan d ista da Republ ica e da lmiqracao. corers­maya as hab itantes do Novo Mund o. "unicos povos livres" da terra, aouebrar as taco s que as uruam ao Velho Mund o, ucarcc sa o Paulocomo Hder desse movimento no Brasil." (21) Eduardo Prado era admi ­nistrador para a Europa, do Jornal do Comercio. Partic ipou de umaccte tanea teita na Franca sobre a suuecao do Brasil na transicao doImperio para a Republ ica , para a qual preparou estudo sobre a Imig ra­cac (22)

Em 1890 publ icou "Fastos da d itadura mil itar no Brasil" , coletanea deartigos ja publicados. once tazta severas entrees aos republ icanos eaos militares. Ires enos depots tancou a -nosac Americana" , ondequestionava os cresce ntes tacos da Republica do Brasi l com os Esta­dos Unid os. A obra causou 0 rec ruoesclmento da oersec urcao pollticade que 0 eseritor vinha sendo arvo devido a seus escritos panttetanos.A ocncra censurou este ultimo livro e expediu mandado de pnsaocontra Eduardo Prado que se vtu rcrcac o a fugir de Sao Paulo para aBahia e de la, para 0 exter ior. no que tot acompanhado de BentoCanabarrc .

Em mete it ondade .mttacaoce outros parses.questt onavem as Irmaosate que ponto se de vta acettar a transtormaca o das idetas e doscos tumes no pais sem prejui zo de nossa orrgina lidade, e dos costu­mes evoenqos. (23)

Frequentavam tamb em 0 setae de D. Veridiana [oven s da qeracacseguinte, como Diogo de Faria, Baptista Pereira, Navarro de Andrade,etc. A todos estava D. Verid iana sempre atenta. procura ndo inteirar-sedos assuntos tratados sobre os quais sabia emittr opi ni6es. t bernconhec ida a rmoressao que Hamalno Ortigao teve sobre D. Verid iana,expressa em carta que escreveu a Eduardo Prado ap6suma vis ita feitaa Chacara. em 1887: " A casa d e sua mae e urnaioia e sem ir mais longeal tern voce um bern singular tip o de mulher esperta. Que fina babili-

,21) LEVI. Darrell . cp. crt.. p. 151.22) Le Bres,l en 1889 Synchc at du COimle Franc:o-&esihen pour l"EJo:pos 'l!on Univer­sell a de Pans Pans, Lrbrame Charles Oelagrave, 1889 . cnapu re XVI, p. 473-50923) AntonIOPrado js em 1862 levantou essa Questao em sua eonespondlfficia in: LEVI,Darrell , op ctt. p. 141.

Page 127: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

126

dade na arte de ser amav eu Que natural perspic ecta na observacaodos hcmens e da s cousas : que quanl idade de id etas prec tsas e justasde ixadas 80 aeaso na convers acao mars simpl es, mas sem certmc nta!que suti l d iscern imento de certas nuance s e enfim, que perteito born90510 na escol ha dos movers e na escolha das palavras..."

Os resultados do satao de D. Veridi ana toram dos mars truttte rcs . 0 Dr.Jaguaribe ali introduz tu Capis trano de Abreu , seu particu lar amigo , 0qual costumava hospedar-se na Chacara Jaguarib e anualmente tra­zenda ind ios consigo. Desses con tatos surgiu a grande amizade queligou Capis trano de Abre u a Eduardo e a Paulo Prado, reg islrada emterti! correspcndenc! a trocad a entre as amigos.

Luis Pereira Barreto, estuc noso dos problemas agricol as entre nos. foiquem const atou as proprtedades que as terras da zona de RibeiraoPrete possuiam para a cafei tultura, e passou a ser 0 propag and istaentusiastico da reqi ao. Esse fato levou entre outros, Mart inico Pradopara aqueta zona, onde abrtu a Fazenda Guatapara que c heqou a serdas mars prcsperas. Pereira Barreto trouxe trambem dos EstadosUnidos as pr imeiras mudas de uva Niagara, que foram introduzidasem Sao Paulo, por iniciativa de D. v ertdtana e de seu jard ine iroitaliano, Franc isco Marengo. Este fez as pr imeiras experienc las com aespec ie na Ohacara "Vila Maria" . Bem sucedido D. Veridi ana passou aprod uzl-ta em larga escata numa chacara que possula em SantaEfigenia, enquanto Marengo levaria mudas para a sua chacara doTatuape que f icou famosa pela producao desse t ipo de uva. Assim,essa especie de uva acabou ucando ccnhec tda entre n6s com 0 nomede Marengo.

D. ve rto tana tarnbem real izou exoertenctas com outras frutas estran­geiras como 0 caqui. manqu stao. lit-ich i (uma fruta chinesa que nascedentro de uma capsula e que era muito do agrado da Imperatriz) eoutras que se divulgaram posteriormente adqu irindo Importancl a na­clonal. (24) Trabatnaram com eta lardtnei ros que se tornaram famososem Sao Paulo. Atem de Mareng o, estiveram a servtco de D. Verid iana,Die berger (toi 0 seu segundo emprego em Sao Paulo, recem chegadoda Alemanna) e 0 austriaco Etzel.

Avida de novidades D. Verid iana fez importar uma serte de apare lhosainda desconhecid os entre n6s. Dizem que mandou buscar a primeiramaquina de sorvete e que constitut a grande acontecimento ir tomarsorvete em suacasa. Teve 0 pr ime iro carro a rooas de borracha em SaoPaulo com 0 qua l passeava peres arredores. com um coc nerro scree.(25) tmitava a Rainha Vit6r ia, sua cc ntemooranee. Ccstumava saircom

24) PRADO. Luis . op. ci t.25} Anotacoes de Cerqueira Mendes sobre D. Veridiana Valeri a da Silva Prado. Arquivodo tnsntoto de Estudos Brasue.rc s da Universidade de sao Paulo.

Page 128: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

127

uma sombnnna de rend a pr eta. num land au com dais cccneiros arras eoutro na frente. (26)

A negrinha Rita acompanhava D. Veridiana em seus longo s pesset csque Inctularn a Chacara d o Carval ho. Rita tambem costumava cantarpa ra as con vida dos de D. Verid iana . 0 que tazia acompanhada demus fca d urante as rete tcoes. Entre as seus proteg id os co ntava umindio botocudo que exerc ta as tuncoes de qarco n. D. Veridi anarodeava-se de mumeras atnhadas ou protegidas, entre as quais, SinhaPereira Munhoz, anteriormente reteno a. e as f ilhas de Rubin o de Oli­ve ira.

As ativ idades de D. Veridi ana ainda toram variad as. Orqantzava expo­stcoes. testae beneticentes, vendendo trutas em lailao, pat roctnavacompanhias teatrais . proteg ia artistes. Mante ve grande interesse pe­los esportes q ue apenas comecavam entre n6s. lncentivou as corrid asde brct cretas e 0 " foot ball " , esportes d a al ta burguesia e dos estran­gei ros. Nesse sentido. mandou co nstnnr 0 Vel 6dromo em parte d e suaChacara da c cn sorecao. a primeira praca de esportes ao ar l ivre dopa is. com pista para cictistas nos motd es europeus. construida pn­melrc em terra e depoi s em concreto armado. Inaugurou-se 0 Ve!6 ­dromo em 1896, con forme proietc do arquiteto itatianc Tomas Gau­dencio Bezzi.

l: bern verd aoe que D. vertctana esca ndatizou. e 0 fez de formadetiberada. Constituiu uma reacac ao paorao de vida feminino lnsti­tuido por nossa sociedade. A mulher viv eu no Brasil colonial e noImperio sempre sob a autorid ad e au a tutela do homem. tanto d o pal.q uantc d o rnancc, ou de subst ituto na ausencia de ambos. Tratava-sede uma sociedade patnarcat nao s6 c rista roma ns. mas herdeira da snedrcees mediterraneas. Essa soc tecsce - fortemente bierarqui­zada, q ue separava 0 sexc forte do sexo trace . 0 pal d os f ilhos. 0senhor do esc-avo. op rimind o 0 mai.... fraco - reduzta a mulher areclu sao e ao subjugo. Eflmlnava-se de ssa forma, a co moeucac com 0homem, a quem ficavam as infclattvas econcmicas, polfticas e socials.Para a mulher, restavam as services e as artes ocmesncas. 0 contatocom as tithes. co m a parentela, as ame s, os velhos e os escravosdomesticos. Bestava-lhe, no dizer de Gilberto Freyre . a umnacac se­xual, parir e morrer de parto. (27)

Nos comecos do secure passado atnda era not6r ia a tatta de ecccecaoda mulher, destituid a dos recursos espintuais . da vida ao ar livre, d os

26) Inlormal;6es de Ana C.t.nd ida sampa io Ferraz .. autora.27) FREYRE. Gilbe rto de Mello. Sobtados e mocambos: decadltncia do !Tlriarcactorural e desen voJyimenlo do woeno. 21ea.RIO de JaneIro ,JOSli OlYmpIC. 19 • 1.0 v.• p.25'4.

Page 129: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

128

exerclc ios flsicos. (28) Dispend ia 0 seu tempo em se entetter ou ajogar. John Mawe, que vrsttou Sao Paulo nessa mesrna epoca . reg is­trou que a mulher das classes mais abastadas nao eparecia para 0vls ltante. Contentava-se em orna-te pelas frestas. Vivia rec lusa, ded i­cada accstura. a bordar e a tazer ttores. Sabia dancar ou tacava alguminstrumento musical.

No decorrer do secure. quando S8 intensttic ou a vida urbana a mulhercomecarja a romper com as quat ro parede s. Na c idade ela passou aotha as ruas, a trequ entar o l ealro, as ba iles de mascaras. As mats rtcase retiqio sas ded icaram-se as obras pia s. Alg umas aprenderarn a ler,l iam romance s, aprendiam Frances e pi ano.

Gilda de Mel lo e Souza observa que a d esenvolvimento da ind ustri al ibertara a mulher em geral de uma eerie de atividades produtivas ateentao caseiras, como 0 cao. 0 tecroo. a renda . 0 vestido fe ito, 0chapeu. etc ., orla ndo novos empregos que foram preench idos ceresmutheres d o novo proletariado. De um momento para 0 out re a rnul herburguesa viu-se sem ter 0 qu e tazer e seu "unfco obietivo - agora quenas classes medias e altas perdera 0 valo r economic o. transtormando­se em grupo depender rte - era casar. " (29)

Assim sendo , s6 Ihe restava tavorecer os recursce para 0 alc anc e deseus obletivos . tats co mo saber ag radar e enc antar. Dedicava-se aaprend izagem d e mustca e da s maneiras. ao interesse pe los vestidos.vivendo na expectativ e da chega da do mar ido.

Nos saloes dos dois rmnenos hcuve 0 br i lho esporadtcc de algumtalento femin ino. No entant o, a cernctoacao intel ectua l da muther to!minima nesse pertod o. Freyre obse rvou mesmo que, aos polit icos etntele ctuais brasileiros da era patr iarcal tattcu a coraooracao franca ed ireta d a mulher, observada nas sociedades de coront aacao inglesa.(30)

Em f ins do Imp erio surqia 0 interesse peta ed ucacao teminina e petepap el da mulher como ed ucadora. Vemos muitas exercendo 0 mag is­terto. Houve as que colaborassem na lrnprensa. mas q uase tod astrata ram da mod a. A maioria acabava per cas ar-se, abandonandoquatq uer lnfclativa tntelectual.

Pode-se portanto, avaliar 0 contraste entre 0 comporta mento de D.Veridiana Prado e dasociedade da epoca. Em meados do seculo XIX,na peq uena e aca nhada Sao Paulo, Interessava-se por c ultura, pelo

28) GRAHAM. Maria. Diane de uma viaqem ao Brasil e de uma estada nesse pa isdurante parte des anos de 1821 1822 e 1823, Sao Paulo. Ed. Nactona t. 1959.29) SOUZA. Gilda Rocha de Melio e. A moce no secuto XIX: ensaic de soc torocraestenca Sao Paulo, Separate da Hevista do Museu Paulista N, S. v:V, p. 4 1,30) FREYRE. Gilbe rto, oo c it. p. 277 e s

Page 130: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

129

.fr ­•

Foio 50- D. vend-ana Valeria da Silva Prad o entre utro s. genros e noras. Oa esq uerdapara a di reila: sentacas: Anesia Pacheco e Chaves, D. venotana e Alb ertina Pinto daSilva Prado. No segun do plano: Mart inho (Martini co) da Sil va Prado, totooe Antonio Ca iada Si lva Prado. Ana Brand ina (Chuc huta) Perei ra Pin to, Mar ia c atarin a da Costa Pi nto daSilva Prado e Maria Sophia Rudge da Silva Prado. Em ultimo pl ano: 0 consemetroAntonio Prad o, El ias Pachecoe Chaves e Eduard o Prado, Fete de cerc a de 1890. ArquillOc etc Prado Jr.

estudo , fazend o impc rtar uma governante francesa para seus filhos eera mesma assrstrnoo as aulas. Nos anos 1870 assumiu detiberada­mente a seoaracao de seu marido em troca da tndependenci a. quepassou a usutrul-ta da maneira que mai s Ihe aprouve.

Multo ativa e tnteressada nos neg6cios, nao sendo bonita mas lnte!l­gente, assumiu at itud e de matrlarca. Nucle o do cla dos Prados, estevesempre ao corrente das attvioades econ6mica s e dos problemas tami­Hares alem da grande ascendencia que possui u sobre seus fi lhos aosquais cneuou a escolher-Ihes os parceiros para os casamentos ou adetermtnar-thes a orotrssao. (31) Demonstrou, no entanto. ser cons-

31) Apoiou 0 casamento de sua filha, a Cond essa Pere ira Pinto , 0 q ue lhe valeu 0desgosto de seu mar ido e a separacac do rnesmo : o brigou seu lilho Eduardo a c asar- sec om sua prima Caro l ina da Si lva Prad o Para seu filho cere. usou de suas lntlu enc tespara arranjar- Ihe os oostos de Pres tc ente da Provincia de A lagoas e do Ceara,

Page 131: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

130

ciente da conc ncaofemin ina de dependencia d o homem. assim comoda profunda mcnncacao q ue ocorr ia no mund o em oposicao ao aca - .nharnento do me io pautista em que vivia.

Ao talecer em 1910. D. Ver idiana proveu generosamente em seu te s­tamento mutheres de sua familia e suas amiga s au proleg ida s dequantias razoave is ern d inbeiro. res salvando. por vezes. a cconcaode que nao parti lhassem tats bens co m eventuais mancos.

Tude rsso Ihe to! posslvel gracas ao code r econcmfco e soc ial quedennha. pais tratava-se da -"Mae dos Graces" no dtzer de ace deQue iroz . (32) Basta lembrar que 0 Imperador a vist tara. em 1887.

Porem D. v end lana. constitu indo uma reacao aos pad roe s terr unmosinstituidos por nossa soc tedaoe. escand atiz ou. Em seu testamentodemon stra uma vez mars ter ag id o de forma consciente: "A todas aspessoas a quem possa ter ofend ido ou escarceuzeoc. peco humilde­mente pe rdao." (33)

Entretanto, manteve naouosausteros. vestta-se sobriamente, d ispen­sava 0 tratam ento de Madame. Freq uentava a igreja , socorrendo obraspias au paroqula !s. Fez c cacces a Santa Casa de Miseric6rd ia, asIg rejas da Ccnsctacac. d e Santa Cecil ia, do Sag rado Coracao deMaria e do Corecac de Jesus. Ao tatecer . deixou ped id o um enterro desegund a cl as se.

Soube tambem ser severe e demon strou ce rta rig idez moral. Man­ti nha arruzade com a Marquesa de Santos mas nao a receb ia social­mente. Certa vez. encontrando-se em ptenos preparatives pa ra ofere­cer uma recep cao. no sobrado d a Consotacao. recebeu a vtslta daMarquesa de Santos q ue eslava de pa ssagem. Ja entao multo id osa ereparando as arranjosdos saloes. exclamou: " - Esta tudotac bern, fazrecordar os tempos do prime iro Imperio! " No entanto, D. Verid iana naoa convid ou. (34) a que demonstra que a sociedade pautista naorecebia a Marquesa. nao perdoando 0 retacionamentc flagrante man­tide com 0 lmperador. As honras de matriarca que recebera na Corte,q ue inc lui ram as mesuras da menina Veridi ana, duraram enq uantoDom itil a fora a tavcrtta de D. Ped ro I.

Transtcrmara-se. co ntudo. num mito. Ha quem d iga que possuia umtrona do qua l se d ir ig ia aos presentes. (39) Para a crtancada do Bairro.deixara marcada profund amente sua intancia. Assim 0 tot para osescritores Cand ido Motta Filho e Yan de Almeida Prad o que pa ssaramsua meninice na Vil a Buarq ue 0 prime ira, e 0 segundo na Rua Mara-

32) A expressaoce Eca de ocecce e coreect ca pottrad ic;ao oral na lamil ia Silv a Prado.33 ) cecre mar uecrue no erouwc de Ana CAnd id a Sampaio Feeraz.34) Pemimscencres d e ce:c Prado Jr.35) 0 Que nac e co nfirmado cor seus descendentes .

Page 132: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

, 31

Potc 51 - Barao de Silvio Alvares Perrteadc em Paris no inici o de secure. aparecendoSilv io e sua irma Antcmeta Arqujvo Hcncncc Alvares Penteedc.

Page 133: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

132

Foto 52 - Balao de Antor uc Prado Jr , em Pans. nos comecos do se­cure. Arquivo Maria Helena Prado Ramos

nhao. au para Lau ra Rodr igo Otavio. que viv eu na RUB General Jardim,as quais deixaram SUBS impress6es a esse respeito. Para esta a maieratracao dos jardins da Chacara era urn teeo de pedra que existiadentro de uma cr eta. Ao taoo do animal , estava escrita uma his toria"cornecanoo co m tetras grande s que, aos poucos, tarn diminulndo. d eforma que 0 le iter precisava aproximar-se para pod er decifrar a fina l, eeste era , nada mats nada menc s. do q ue uma d ucha de aqu a que satada boca do reao ! Para as cnances era urn divert imento sem nome . [antnquem ia ter. ra 56 procurer 0 ponte que taz ia [orrar a auua." (36)

Yan de Almeida Prado ternbra-se que bnncava na chacara. com asc nancas da familia Prad o e do aanro mas que a certa altura O.

36) OCTAVIO. l aura Olive ira Rodrigo_ EIQS de uma corrente RIO de Janeiro. Livr .s.acse. 1974. p ,J I-32.

Page 134: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

133

Poto 53 - Grupe de fami l ia, oenoo-se em segun do plano Aeman ;do Penleado . Antonio Prado Jr. e Alberto Santos Dumont, ArquivoMaria Helena Prado Ramos.

Veridiana protbtu as brincade iras na chacara . porque urn grupo deseus netos. (connectd os futuramente como "boror6s"), erarn muitoIravessos e quebravam tude. Entretantc nao teve ela muita pac ienciacom c riancas. cujo contato proc urava abrevtar ao maximo au resguar­dar seu sossego e int imidade mandando cercar as proxim idades dacasa para impedir a aproxirnacao das mesmas au dos estranhos aquem tambem costumava tranq uear as jardins aos dom ingo s. (37)

Para a pequeno Motta Filho fora D. Verid iana a pessoa mais poderosasabre a face da terra . Quando a Light inaugurou a pr ime ira linha debondes eremcos. to! com 0 pa i ver os novos velcufos que dispensavam

37} Deco.mente de Van de Alme ida Prado a aurora em 1974.

Page 135: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

134

a tracac animal. Quem seria eSSB Light? Entao "pooena eta mais qu eD.Veridiana? Pais D. Verid iana naottnha carrosde roda de borracha?'Pensou intrigado 0 qaroto. que perquntou ao pa i: "- Dig a. meu pal.quem e mais rica, O. Verid iana ou a Lig ht?" (38)

Tod oo apa rato montad o por D. Verid iana. aparentemente ostentatcno .carruagens. testes. salces. ctu bes. etc. encerrou uma ati tude cons­c tente com vistas a uma ecac c ivil izadora e ale revotuc ionana. emc ocsrcao a uma soc iedade acanhada e provmc tana.

Nos inlc ios d o novo secure, vernc s uma sequencia do comportamentosoc ial e progressista de D. v enotana. at-aves de seus oescenoentes eparentes em Hig ien6poli s. embera lalvez menos providos da rnesmarniencao de civiltzar e mals vcttados a arte de bem vlve r. co nformeatnda as uczes aprend idas no verne Continente.

Nao resta d uvid a de que eram a gente mats refinada e eteqante dac ic aoe. As mulheres eram multo bonitas e os homens dad os a espor­tes. No entanto. vivta m ilhados, constitu indo um g rupo aparte. Fizeramda Avenid a Hig ien6polis a Avenid a do Bois de Boulog ne paulista. Osencontros e passetos par essa via eram d tarfos e parece que tambemeram tettc s pete manna. (39) Salam as da mas com suas sombrinha s debordado ingles a caminhar pela Avemd a. ja cerceca de paralelepfpe ­dos par onde pas savam landaus ou cnarretes. d irigidas per moc aselegantes que vinham de outros bairros para usutrulrem d o ambrenteaq rad avel. Cheq avam tambem em carrinhos "tcnneaux" de vime.como uma jovem que vinha toda s as manhas dos Campos Eli seosdirig ind o a sua charrete. tendo atras um " groom" fardad o. (40)

As c nanca s eram inumeras. Somente d a famil ia Prad o. netos de Marti­nice. navia setenta e duas, qu e bnncavam co m as outros primos ouf ilhos da s famil ias vizinhas nas calcad as da avenid a. na casa de O.verto tana ou na Vi la Penteado. Peta man na lam mvanavetmente a peale 0 Terrace Germaine. co nhectdc slmplesmente como Terrace. lamacompanhadas das pa jens (brasueiraal ou ca s govern antes (estran­geiras) enquanto as cria ncas d o "povo'' ficavam conttnadas aPracaBuenos Aires. Do terrace. se pod ia descer para 0 Pacaembu. par umatri lha que co nd uzia ate as Perdizes. passand o pelo rnataqal que aindacobrla 0 Vale. Neste. uma vacaria romecta leite ordenhado na hora.

Anone as rua s eram Humlnac as a g as ape sar de ja haver Iuz etetr fcanas casas. 0 Bairro. trarcnuc e isotaco. Iicava enl regu e a vig iasnotum os portugu eses que Iez tam a ronda armad os de porretes.

38) MOnA FILHO. Candido. D Ver id iana e 0 maIo aldeao pa uhsta ManuscnlO decoeteeeocte no arq . de Ana C. sampa lo Ferr8Z,39) Oeooun ento de AlfredO MeSQuita a aulora em junho de 197940) io . ibidem,

Page 136: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

135

soto 54- Grupe de automobil ismo nurna excorsac da qua ! carttc tpou Antonio Prado Jr.Arquivo Maria Helena Prad o Ramos

Fete 55 - Maria Helena e seu par, Antonio Prado Jr. Saindo a passeio da "VilaPenteado''. oecece de 1920, Arquivo Maria Helena Prado Ramos.

Page 137: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

136

Passeava-se multo a cavaro pela Aven ida Hiqtenopol!s e dat pelaconsotaeao ou Angelica , iam ate a Avenida Paulista . Da mesma formao Bairre viu as bic fctetas e tric icl os entrarem em grande voga a partirde 1895, pr imeiro esporte que aqu i se vulgarizo u. u ma da s prlmetrasblcicletas de Sao Paulo foi a de Fortunato Camargo, enteado do Dr.Jaguaribe, que la a escota num dos mode los mais antigo s. de radafrcntetra imensa. A elite pautista. as tnqleses e rtauanos toram asprimeiros cic listas. As grandes comoettcoes eram feitas no velo­dram a.

Edgard da Conceicao Nogueira, Dr. Jaguaribe, Antonio Prado Jr.Pedro Luis Pereira de Souza. A E. Tanglel, A. Parangon tundaram 0

Veloce Club Ol impico Paul ista q.ue inaug urou 0 Vel6d romo no d ia 21de junho de 1896. Com 0 incremento do " foot ball" , do habito dejoga·lo, Antonio Prado Jr. funo ou 0 Ctube Atretrco Peuustano em 1900e dotou 0 Vel6dromo de um ca mpo aprcprtado. E este pa ssou a ser apr incipa l praca d e esportes em Sao Paulo, onde se faziam as compe­ucces entre os ctubes Ja existentes : 0 Sao Paulo Athletic Clu b, aAssoclacao Athlettca Macken zie, Esporte Clube Germania. EsporteCtube Internac ional eo Ctube Athl ettc o Paulfstano.

Os " matches" no Vel6dromo eram um grande acontec imento, nao s6esportivo como elegante, pretexto para a eoorcao de mode. Nessasoc asices. as Prad os lancavam mode los franceses. Sentavam-se emparte reservada que D. Verid iana de stinou a famil ia. Muitas mulhereslam mai s cede para tomar lug ar logo atras da d ivisao pertencente afamil ia Prado, com 0 objetivo excfusivode exam inar os trajes em todosos pormenores. (41)

Mas 0 mete de tran sporte dos paul istas erao bonde. Ja entao a Light osespalhara pela cidade toda. Cada linha possula seus motorneiros eco bradores que ja conhec iam os passage iros e os c umprimentavam.Os de Hig ien6potis aguardavam as damas sai rem de suas ca sas paratoma-le s. Eram os c riados que esperavam 0 bonde c heqar. paravam­nos e depots lam chamar as senhoras. 0 bonde retletia as ce ractertsti ­cas do bairro que servia. Havia bondes com reboq ues. de stinad osaosc peranoa cujas passagen s eram mais baratas. Estes nao lam paraHig ien6poli s. Uma cronic a apresentada no Dlarlo Nacionat co men­tava que 0 bonde de Higien6poli s era cbeiroso . de gente tina. bemeducada e asseada: 0 do Bras era de marcrtaoos. briguentos e rude sonde se ouv iam patavroes: Vila Buarque possula um bonde tri ste queia para a Santa Casa enquantc que os da c onsotacao e Pinhe iros eramtunebres devido ao Cem lterto. e 0 dos Campos Elfseos , brilhante erumoroso. (42)

41) Depoimento de Alfredo Mesquita a aulora em junho de 1979.42) Diario Naconar, 29 de janeiro de 1928. p. 7.

Page 138: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

137

Depois comecaram a chegar as autcmo veis e urn co rso diane passoua ser teito na Aven ida Hig ien6polis. Os carros tam e vottavam levanoog rupos de mOQ8S e rapazes. Poster iormenle 0 co rso d e Hiq tenopol!sloi deslocado para a Aven ida Paufi sta. pelos anos 1920,

Chegou a vez dos Penteados br ttharem ao tado dos Prados. oosDumont s e mars uma vez dos Pere iras de Souza. Antonio Prado Jr. eseus cunhados Silvio e Armand o Alvares Penteado eram aticcionadosaos esport es automobtnsticos e aereos. (43 ) Em Par is tinham urn apar­tamento perto do Saint-Cloud e chegaram a etetu ar varies voos embalces e aeroplanos. scores do Aeroctub da Franca . eles pr6p riosdesenhavam seus apare lhos que encomendavam a Lachambre, 0mesmo co nstrutor dos evloes de Santos Dumont Em 1908 , Armandoexec s com sucesso um de seus avioes na Expostc ao do Grand Patatsde Paris. Silvio econsiderado um dos primeiros homen s que viu SaoPaulo do alto. Em 1905 vagou durante tres horas sobre a ct oaoe numbatao esterico q ue to! descer em Mog i da s Cruzes. Anton io Prado Jr. eEglantina em Paris voaram num batao em cornpanhta de Santos Du­mont. que to! parer na Betqtca .

Esse mesmo qrupo toi pionetro do autornovel. Um dos prirneiros cartesque entrou em Sao Paulo veto co nduzido por Silvio e Antonio Prado Jr ..em companhia de am igos, em 1903. Ires anos de pots Silvio venceu 0

circuito de ltapecertca ao votante de um Fiat e em 1908, Antoniorepetiu a tacanha d irig ind o um " Delage" , e reattzou a tamos a excu rsaoa Santos. Em 1916, ele, Silvio. Arm and o, Santos Dumont. Lu is Fonsecae Pedro Luis Pereira de Souza faziam a viagem de auto a RibeiraoPreto.

As cochetras de Hiqiencpol!s toram aoaptaeas para receberem osautom6ve is mas os co upes e tllbur is resistir am por um born pe-Iooo detempo enquanto que 0 hablto de se fazer equ itacao pe las ruas d oBairro sobrevtverta ate ftnats da oecada 1920, Maria Helena Prad oRamos e seu pa l Antonio Prad o Jr. toda via satam a cavato da VilaPenteado nessa epoca. e da casa de D. Vertdiana onde Antonio PradoJr. residiu depots de 1922.·

o grupo mantlnha-se Isotado . mesmo da s famil ias pautistastradic io­nata. Cerquetra Cesar por exemplo. ou Alme ida Prado e Lara Campos,que eram tamltias tlpicas pauustas. nao possulam 0 prestig io socialdos Prados que, multo menos. se mlsturavam a outras ca tegoriassocials. 0 costume que D. Verid iana tevo de franq uear os seus jarotnsao publico e que tot seg uido pete Condessa Alvares Penteado naoca ssava dlsso. A caridade se tazia de preterenc ia, na Santa Casa qu e

43) A respeito. serac cuaoas Intormacces apresenladas no artigo de nossa autcna AVila Peraeaoo ccmo reeoercre in: cp . c it.

Page 139: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

138

recebia legades par herancas. assim como as Igrejas e ordens rel i­qlosas. As senhoras tricotavam 0 ano todo. preparando as roupasque distribuiriam na Santa Casa pel o Natal , com biscoitos e brin­quedos. oc asiao em que co ntavam com a assessor ia de suas filhase netas. enquanto as homens ocupavam cargos d irigentes e honorf­ucos. embora cste ult imo costume decalsse bastante com a Repu­bl ica .

Durante a I Grande Guerra mtensfticou-se a vid a social no Batrro e nac idade em qeral. porque os pau listas nac podiam ir aEuropa . Eassimque estecce s de aqua adqui riram urn novo impulso e 0 Guaruja surgi ucomo estacao batnearta de primeira grand eza, com jogo e 0 " GrandHotel de la Plage " ,adm inistrad o par gerente especlatmente trazldc daSulca .Htqlen cpotis como local mais eleqante e tuxuoso observou 0 habitc denospedar nas casas mais importantes os vtsttantes nustres que acidade acolhia. hospedagem essa muita s vezes solicitada pelo Go­verne que carecia de lugar adeq uado. A Vila Penteado, alem de lerrecebido 0 Genera l Jul io Rcca. em 1907 em melc a grandes festejos erecepcoes, recebeu tambem a Princesa Maria Pia de Bourb on eParma, muther de D. Luis de Orleans e Braqanca com seus dois f ilhos,D. Pedro e D. Luis. 0 Presidente Epttacfo Pessoa hospedou-se nopalac ete de Martinho e de Stella da Silva Prado, no lade par daAvenida Hiqiencpotis . quando acompanhou 0 Rei Alberto da Belqica,em sua vis ita a Sao Paulo, 0 quat per sua vez. se hospedou na Chacarado Carvalho. Em 1935, 0 General Justo,outro Presidenle da Argentina,hospedou-se tambem naquela resid encla.

o termtno da I Grande Guerra marcou tambem 0 final da "Belle epo­que" entre nos. Os Estados umoos. nacao vitortosa, emerg iam daguerra como a malor potencia. arvo da adm iracao do mundo tod o. Aheg emon ia economt ca da lng laterra ficou co mpromet id a parasempre. substituida pel a des Estado s Unido s que, simbolicamenlecheqaram a Sao Paulo em 1920, ano assinalado pela tnstaracao daCamara de Comercio Ameri can a. Culturalmente, qracas ao seuavanco tecn ol6g ico e avutqarizacao dos novos meios de cornunica­cac d e massa. os norte-americanos passaram a gozar tambem deprestiqio entre nos. Foi a vez da moda "charleston" , do vestido saco.da pite ira, do chapeu de abas c urtas enterrado na cabeca. Lembra- seAlice Pacheco que para subir de sua casa, na Rua Aurel iano Coutinhoale a esqulna da Avenida Hig ien6pol is em visfta aos Prados. punhachapeu e com ere ftcava 0 dia inteiro. Os mats [ovens principiavam atomar apentivos.

Contorme contam membros da familia Prado, a can ca "charleston"teria side tntroduz ida no Brasil pete grupo de Hiqiencp otis. em 1926.Caio Prado Jr. e Jo rge Pacheco voltavam de Paris, em c ujos "caba-

Page 140: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

139

rets'' const ituia 0 ultimo grito. Aochegarem ao Rio oancaram para asoc ledade carioc a que se intere ssou em aprende-lo imediatamente.Al ice Pacheco por sua vez . traz ta-o dos Estados Unid os e, com seulrmao Jorge, co nstitu iu em Sao Paulo, urn excelente par de cancar fnoaprimeiros vi rtuoses da nova dance. (44)

Ante s porem . do "c harleston" , fora a vez da valsa, do tango argentino,do " fox-trot" e do " rag-time". A jovem Yvonne Dommery, de origemtrancesa. dava aula s de viot ao e denca para a juventude do Batrrc . Emsua casa. na RUB Maranhao, esquina com a Avenida Angelica haviaum sarac adequado.

Quanta as moca s do Bairro. receb iam tnsnucao em casa rntnistradapar professores particulares ou estudavam no Coteqio N. S. do Sionpara onde eram co nduzidas pel as govern antes que ainda devtamaquard a-la s na saida da s aulas. Os rapazes, que tambem se faziamacompanhar da s qovemantes. estudavam no Coleqio Sao Luis. jaentao insta lado na Aven ida Paulista, ou no Coleqlo S. Bento. 0 Mac­kenzie , cujo c urse superior era mats importante doque 0 curse medic.ttnha a sua " Escola Americana" treq uentada per estranqetros na suamaior ia.

Visto ser 0 Sion um dos coleqios mais gra-finos de Sao Paulo , recebiaas [ovens vind as de outros ba irros. Algumas usavam 0 trole l comomeio de tran sporte. co nduzido por coc heiro de botas e potatnas. Osautomcveis ainda nao passavam de novidade. As irma s Cal fats foramdas prime iras a uti l izar 0 autom6vel como meio de rocomocao parafrequenter as aulas. Por volt a de 1918, chegavam ao Sion num Renaul tque as trazla da Avenid a Paul ista. (45)

Nesses mesmos anos ja se notava grande ansiedade por uma renova­cao tanto oounca quanto c ultural que se reflet iu na pr6pr ia burguesia.Sao Paulo era aroda a metropole do cafe mas tornara-se 0 maiorcentroindu strial da Amer ica Latina qracas ao impulso que a industrtalizacaorecebera, decorrente , sobretudo . da s necessidades ditadas pel aGuerra Mundia!. Estava com me io milhao de hab itantes e chegava aoCentenano da rnoeoenoaocta ma is do que nunca nac ionalista e chelade fe em seu progresso.

o pautista . cada vez mats ab scrvido pel o trabalho e apressado, iaalterando seus habitos de vida. Por outro lado a rnsattsracao e aans iedade por mudancas nas base s soc ials e potitr ca s era qerat . Eramind icadoras da tensao soc ial re fnante. as greves e lutas operana s. atundacao do Partido Comumsta, 0 Tenentlsmo e a Hevotucao de 1924,e a runoe cao do Part ido Democrattco.

44) Deooimentos de Al ice Pacheco e de care Prado Jr. a autora.45) Depoim entos de Jaime Buarque de Hollanaa a Butera, em r ovembrc de 1979.

Page 141: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

140

t: tempo tambem dos modern istas. As prime iras tentatlvas de renova­cao cultural foram as Iniciativa s do grupo "modemista''. compos to poruma el ite de intelecluais saldcs da burguesia do cafe e da c lassemed ia. Essa nao deixou de proporc ionar mecenato aco ncreuzacao deseus obietivos. Almejavam tod os a rupture dos compromissos assu­mid as com as academias ultrapassadas pete progres so do mundoccntemporaneo. Pcsterlormente. defin iram-se pel a busea de nossaidentidade c ultural, peta abertura as ralzes etnlcas e, com estas, aostemas poputeres.

Em Higien 6pol is se ccnstltuiu um novo sane cultural, par Iniciativa doescritor Paulo Prado. Ali se reuntam intelectuais e artistes conhecidoscomo "modernistas": Mario de Andrade, Oswald de Andrade, Di Ca­vetcanu. Grace Aranba. Tarsfta do Amaral, Anita Malfatti , 0 escrttorPaulo Duarte, etc. Era oferecido urn aimoco aos sabadoe que termin ouquando Paulo Prado ofic iali zou sua uniao com D. Marinette, propi­c iando entao a substttulcao d os amigos pela deseus parentes. (46)

Ja agora a ci dade contava com vartos salces. 0 d o Prof. Freitas Vailena Vila Mariana e de D. Ol ivia Guedes Penteado nos Camp os Eliseos,vottad os para 0 mesmo obje tivo do pr frnetro. No de Higi en6polis,porem . nasceu a ideia da Semana de 1922, atr ibuida por Paulo Duartee por outro s. a D. Mar inette.

A canctpacao de Paulo Prado fora das mai s at ivas no "modernismo"pault sta. Po!0 mecenas da Semana, pcis qraca sasua prod iga lidade atdeia foi levada avante , tend ofinanciadooaluguel do Teatro Munic ipa londe a mesma se realizou . Paulo Prado procurou tambem trazer daFranca figuras do interesse dos nossos lntetecfuais. como 0 poetaBlai se cenorars. que veto vanes vezes, as expenses daquele e sencsoeceva na casa de Hiqiencpot!s .

Do ponto de vista da arquttetura. surg iram no Bairro algumas ca sas" art oeco ''. como a ja mencronada de Anton ieta e Calc Prado que totum dos palacetes mats notavei s no estito em Sao Paulo. Projetada,como ja di ssemos anterio rmente. pel o arquiteto Elistarto Bahiana econstruida pela Cia. Comerc ial e Construtora, pete ano 1928·1929, aresidencia procurava internamente ser coerente com a fachad a, naos6 quanto ao tratamento do espaco como com retacao a o ecoraceo.Muitos mcvels. tapetes e oatners foram teitos no estilo. e assinados aoque tudo indica, pel o casal Gomide - Graz ou pete plntor Anton ioGomide .

o arquiteto Ja ime Pereira d o Valle tambem procurou retormar interna­mente a casa de sua intancta na Avenida Higien6po lis, hole CutturaInglesa, culo aaquac mantem ate agora elementos "a rt deco'', no

46) Depoime nto de Paulo Duarte a aurora em 1978

Page 142: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

141

tratamento q ue recebeu 0 pe direito . a esc adaria e 0 piso trab alhadoem marmore.

Quanta ao neocolonial , rancado praticamente na Avenida Pauttstacom a resioencia de Numa de Oliveira. projetada por Ricardo Severo,teve pouca repercussao no Balrro de Hig ien6polis. Lim itou-se it ca sada Avenida Hig ien6polis. cujo proieto to! de autcna d o engenhei roAlexandre Marcond es Machado e a algumas vilas na Avenida Ange­lica. .

Surg ido como reacao ao Ec let ismo, a neoco loni al encontrana materorigi nal idade e ccerenct a com seus obl etivos nac ionatistas nas obrasde Vic tor Dubuqras.

Em breve. porem. ocorreriam acontec imentos que afetariam a nossasocio-economia e nossa pol it ica . Grand es fortuna s do cafe e 0 prestl ­gio politi co dos paul istas ticaram abatados co m a crtse de 1929. e aaevcrucao de 1930.

Hiqtencp ous. entretanto. permaneceu ligada ell td eta do burgues tlplcode uma epoca. Tanto assim que aparece numa sene de ob ras de nossal iteralu ra como lug ar de resldencia do fazende iro d e cafe e proprteta­rio de industria no Bras (Amar, verbo intransit ivo de Mario de Andrade)(47), ou do comlssaric de cafe em Santos atingido senamente petecr tse d e 1929 (Raiz Amarg a d e Maria de Lourdes Teixeira) (48) etc . esobretudo nas duas obras exponenct ats da nossa titeratura mocer­nista: Mem6rias Sentimenta is de Joao Miramar, de Oswald de An­drade d e 1923 (49) e Macu naima de 1928, de Mario de Andrade (50),q uase todas irnbuidas de forte dose de crftica socia l.

Na obra de Oswald, que se passa em 1912, Joao Miramar eurn [ovemde vida boerma. possuidor de veleidades literanaa e l igado c ultural­mente ell Europa e aos Estados u ntoos. para once viaia constante­mente. Casa-se com uma prima rica. proprtetana de tazenda e residenum palacele de Higi en6p olis. Frequenta 0 Aulom 6vel Ctube. a Hl­pica . 0 Clube Paulistano. Santos e Guaruja.

Era na ult ima ca sa da Rua Maranhao, na "Noruega do Pacaembu" q uerestore vence srau Pietro Pietra. inimigo mortal de Macunaima. Mariofunde na pe rsonagem as caracterrettc as dos varies t ipos da burguesiapaul ista dos anos de 1920: " fazendei ro e baludo" , estrang eiro , era" g iganle comedo r de qente''. No seu palaclo ou "teiupar maravi lhoso ,

47) ANDRADE, Mario de , Amar, verbo inlransil ivo , Id i l io, 7a ec . Silo Paulo. Martins,1978.48) TEIXEIRA, Mafia de Lourde s. Rail amarca za. ed sao Paulo. Martins, 1961.49) ANDRADE. Oswald de , Mem6,.,as SenhmentalS de Joao Miramar e Seral lm PonleGrande Obras ccmcreras II. RIo de Janeiro. Civ. Brasi lelra. 1978.50) ANDRADE. MariOde Macuoaima 0 her6i sam nenhom car aler. 16a ed Silo Paulo.Marlins. 1978

Page 143: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

'42

rodeado de mato". entre estatuas de cera de camaeba. Pietro Pietraesco ndeu 0 muiraq uila perd ido por Macunaima. Na casa do g iganlevat Macunaima e al i se trava 0 co mtcc episod ic da d isputa pels pedra(51).

Mas a burguesia trad ic ional, jil na dec ade de 1920 dera mostras d eperda de pre stig io para as pr6speros com erciantes e mdustrtats d eorigem imigrante. Grandee fortunes pessoais havi am sido construldassurgi ndo uma nova burguesia.

A Avenida Paulista onde resldla a genIe ma ts expre ssive de ssa novaclas se fica va exatamente no tope do esptqa o. evidenciando a prete­rencta do paulista pelas colinas e petos esp ig6es para a instalacao d eseus bairros ma is f inos. A partir da I Guerra Mund isr as vanes daAvemda toram preenchidos e os palacetes qu e se construi ram signif i.caram a meta aspirada pete pequena burgue sia.

Na Avernda Paulista se passou a lazer 0 corso diario que reun ia d etarde as camadas mais altas da sociedade paulisla , incluindo 0 pes­soar de Hig ien6polis e os politicos de prestlqio.

Numa de ssas tardes. 0 jovem Caio Prad o Junior , ao avtstar Ju lioPrestes , entao Presidente do Estado e di sputando com Varga s a Presi­oencta da Republica , grilou um viva a Get ulio Vargas. Seu gesto, quecausou 0 espanto dos presentee. estava como que a anunctar a taten­ci a pr6xima das mstrnncoes ocuuces e socials da Republica verna .Pchticamente a autonomia de Sao Paulo se perdeu com a subida deVargas ao poder, sign ificando para mui tos 0 inco ntormtsmc dos pau­Hstee a Hevclucao de 1932.

o povo. cuj os direitos toram em parte atendidos pelo novo Govemo.passava a ser ccnstoeradc como a maier forma de poder no proc essoele itorat.

Consoli dado 0 poder economico da nova burguesia, esta procurartaaliar-se aantiga classe do cafe,quer por altencas cornerciats. quer porcasamentos. Soctatmente. porem. esta mantmha 0 maier prestig io,apesar da s tentativ as dos nc os-de -repente teitas para se prcietaremau para conseguirem um nivelemento.

Durante a decada de 1940, persi stia a distmcao entre os noes de. burgueses. Em 1945, Joe l Silveira. em memcrave! reportag em (52),

51) Os pl"oblemas de sobreviveoc ia da pequena burguesia eosteote na Avend a Ange­nee e grav itando ao redOtca poderosa burguesia Queire ucava proxima. aparecem nolamoso romance de Maria Jose Dupre. Eramos sets. zsa . ed., sao Paulo. Atica. 1978Para Plinio sercecc.num epis6dio de Cavalelro de Itarare, crOniea da vida brasileira 2aed., Rio de Janeiro, Jose Olymp io, 1937, Hig ien6polis e tralado como espu acac deeecensac social da pequena burguesia.52) SILVEIRA, Jose , Gra-l inos em sse Paulo in: Duemz es. 1945.

Page 144: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

143

retratou as d iterentes camadas que compunham a alta socie daoepautiste. as "qra-tinos''. Hevia. alem do grupe de Intelectuais lidera­dos por Alf redo Mesquita e Roberto Moreira, as pauli stas de quatro­centos anos. a gente do "ped ig ree": " em sao Paulo ser pauusta dequatrocentos anos ema is tmportante do Que ter uma estanra em pracapubl ica" , Constttu la 0 grupo da " reserve" a genie d o d inheiro. asindustrtets de origem imig rante. as quais tinham seus ctnos vottadospara 0 grupe do "pedi gree". Havla ainda aquetes que qravttavam emlorna da alta burguesia, as "penacbos'' ou "e stnbos''. Convem notarque as names c itados entre os p rimeiros grupos eram figuras co nheci ­das de Hig ien6pol is e da Avenida Paulisla .

A industria proplciara a cnverstncacaoce funcoes. Entre as atividadesau oosrcees lateral s. Istc e, entre 0 patrao e 0 operanc. cc nstitui a-seuma classe formada peres tecmccs e artesaos. de origem imig rante eque se tomara mais prospera. engrossando as fileiras des proussfo­nals liberals. d os tuncionanoa e dos comerc lantes. Iratava-se deeeoansac da crasse med ia. composta por camadas preoominante­mente urbanas, e agora. motivada pete con sumo e petas aspiracees aascensao soci al, procuraria segui r os caminhos dos mais bem suce­d idos. Nao se f ixaram num 56 bai rro mas partiram ao encalco tanto daespecu tacao imobiliarla quanta da aqu tsrcao de " status" ,

Seria essa cta sse med ia. cada vez mais beneticiada com os estimul osrecebidos pela industria, que pouco a pouco se volt ana para Hig ien6­polis acabando por instatar-se definitivamente no Bairro ap6s a IIGrande Guerra. A part ir de entao. e das consequencias que as gran­des alteracoes economicas da decada de 1920 trouxeram para 0urbanis mo. ucertam comprometidas as caracterlstic as d e ba irro ele~

gante e certos pr ivileqios de Hiqienc polis . Mot ivaram, mesmo,a prazonao multo longo a extraordin ana metamortose pela qual passana 0Bafrrc dos anos 1950 para ca .

Assim senc c. 1929 e 1930 podem sigruttcar 0 fim do periodo que seconsidera " aurea" de Hig ien6polis, bern como 0 inlcio de uma novaera que se vera a segu ir. quando a malone dos ba irros pautistancsconstituidos na I Republica comecaram a descaracterizar-se.

Page 145: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem
Page 146: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

145

CAPiTULO V

o BAIRRO DE HIGIENOPOLIS / HOJE

A eooca compreendid a entre 1930 e 1945 marcada pela II GrandeGuerra Mund is l const ituiu urna nova la se de progresso para sao Paulo.que taria fi nal mente jus ao "stoc an'' de Chicago Sui-Americana. em­bora preservando certcs aspectos de c idades europeias.

As revofucoes. crises e outras agnacces dos ancs entenores. berncomo a Bevolucao de 32. nao interromperam ocresc imento da capi tal,que sa processava ern rttmo cada vez ma is acelerado. Mantinha-se acldade como metropole cosmopolita, dada a vanedade de povoa quecompunham a populacao (1) e permanecia como metr6pole do cafe,ainda Que as interesses econentcos estivessem dirigidos nestesanos. para cul turas d iversas (atqodao, cana-oe-ecucar. etc .). Quanto arnoustrtatrzaeao ampuava-se a sua capac idade ded icada, todavia emtarqa escata. a orodocao de bens de consumo imed iato.

Em apena s dez anos duplicara a oooutacao pauli stana . Sao Pauloentrava na nova decade com um milhao de hab itantes . A intensrtica­cao do cresctmento dem oqratico ocorrido devido as crises suces slvasda lavoura, e a oferta d e trabatho representada pete capacidade deseu parq ue industrial, levaram agrande demanda de moradia e a uma

1) PETRONE, Pasquale 0 ecereceneotoca mega l6polis in FERNANDES. Floreslan etali i. Comun idade e Sociedade no Brasil. leituras basi cas de introd lio so eslud omacrO-SOCIOI6g iCO do f8Sll. 0 aulo. d, acional e • 1 • p . e s.

Page 147: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

146

nova expansao da malha urbana. Esta se deu pela ccooacao d osvazics cond uzinoc aconurberuzacao d es nucleos extemos antes iso­tac os. como Lapa. Penha, tpi ranga. Santo Amaro e Ptnhetros. OU percsurgimento de novos ba irros pentencos cujo ace sso era propiciadoceres tre ns e bondes, e agora tambem pet e cr ubus e pete autom6vel.

Nesse periodo notou- se que a area urbana S8 expand iu de uma super­Here de 130 km2 urban izad os para 420 km2, 270 km2 dos quaisf icaram amerce dos especutad ores. sem qualquer d tretnz e meta quenao 0 lucre. Dentro desse contexte presen ciou-se nao um cresc irnentoregular e oranmcaco de cidade, mas sim a ocorrenc ia de um " in­c haco" , provocad o pete tatta de infra-estrutura e de ptane jamen to.

A c idade permanecia desccnexa. corn partimentaoa por funcoes eclasses socials. pe la pre sence das ferrovtas e pelos obstaculos geo­graficos e sob retudo . pe las va rzeas . Urbanizados no ccmec o dosecu to 0 Vale do Anhangabau e a Varzea do Carm o (Parque D. Ped roII), partia-se para a conqutsta da s varzeas do Tiete. Eram teitos osprime iros services de returca cao deste rio. as cores d e drenagem de17 km de varzea (2) e aterramento. Enquanto a pop utacao operanaprocurava aqueles ba irros periter icos ou os suburbics. a alta burg ue­sla d ava seq uenc ia asua marcha para Oeste. Ja estavam ocu padososBatr rcs-Jard tns: Jard im America , Jard im Europa e oJard im Paullsta. 0Paca embU e 0 Alto da Lapa. enquanto Hiq tenopotis se encontravade tmitivamente scperado por estes e pela Av. Pautista .

Com excecao da alta burg uesia que vivia em ca sa prcprta. as ca saseram na ma loria de alugue l, resid indo as pobres em vil as operanas oucorti Cos. Dada a prcc ura de mo rad ia e nao navendc ccntrcre sabre asimpostos. a co nstrucac ci vi l tornar-se-ta neg6cio dos mal a rend osos.Esta sene agora receptora dos ca p tta ts Hberados da tavoura. da lndus- .tria e de outras formas de comercio. sobretudo os luc ros da guerradar iam g rande incremento aesoecutacao Imotntiana. constit utndo-senessa epoca a ind ustria de co nstnrcao em Sao Paulo.

Ao mesmo tempo, surg iram as primeiras formas d iferentes de rnorar. AIntroducao de out ras tecnicas d e construcao como 0 co ncreto armado,de c ite rentes matertats. e do uso do elevado r. a tnsuucfencta d ostransportes coletivos. que passava m obrig atori amente pete centrocongestionado , pode m explicar a expansao verttca' da ci d ade ao tadoda sua expan sao horizonta l. A c idad e entrava assim na era d o con ­creto armado. tendencla obse rvada na cecada anter ior no centro dacidade.

2) PETAONE, Pesccare. sao Paulo no seccie XX. in AZEVEDO. Aroldo et al ii . A cid adede 5:10Paulo Estud os de geog rali a urbana : EVOluli30 urbana 5:10 Paulo. Ed. Nac iona l.1958. 2.0 1/.• p. 152 e s.

Page 148: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

147

Feto 56 - Chale com terrace fronteiro que pertenceu a Ayrnore Pereira Lima. na Av.Hig ien6po lis. n.v 663. Fato da autora.

soto 57 - Hemanescentes de casas de aluquel. de intluenuia "art nou....eau", na Av.Higien6po lis. soto era aurora.

Page 149: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

148

Fotc 58 - Petecete de Antonieta cmue Gordinho (em oomeiro plano) e da CuriaMetropolilana Ao tcnoc 0 Condominia aretecoe. Fete da autora.

r ete 59 - Remanescente de res.cere.a da Av. Hig ,en6pol is Que oertencec a RaulCunha Bueno. Foto da actc ra

Page 150: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

149

Fate 60 - Antiga resjdencra de Nhonhc Magalhaes. hoje Secretana de SecurancePub lica, na Av. Hig ien6po li s. Fete da autcra

Fete 61 - Predic "D. Pedro II", 1938, 0 onmerro da Avenida Hig ien6po lis.

Page 151: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

150

Para a arqu itetura pauli sta a eooca tot denominada "t ase herofca".porque assistimos a luta travada por urn grupo de arqultetcs comvistas a tmptantacao da chamada arquttetura moderna ou tntema­clonal, contra 0 prec onceito da poputacao e da vetba qeracao deprofiss ionais .

o Bairrc de Higien6polis pode ser situado nessa realidade. Dada asua Iccauzecao. pr6xima a zona central. e ao ant igo prestlqio. sotrertao assecro da cl asse med ia. da especuracao imobil ia ria e dotrateqo. 0que aeabar ia por compro meter de forma trreversfvel a qual idade devida e 0 conjunto urbanlstico primitive e/ou sua pa isagem. Par issomesmo sera vista ap6s 1930 multo mai s do ponto de vista socio l6gicoe urbanlstico do que propriamente blstor tco.

Eposslve! situar a transtorma eao espa clal d o Baurc de Hig ien6pol isem dois momentos: de 1930 a 1949 e de 1950 ate nossos dias.

PRIMEIRO MOMENTQ, DE 1930 A 1949

Esse periodo pode ser ctassiticado como de "descaracterlzaceo" deHigi en6polis, pots que veriticamos 0 mlcio da perda d es traces quetoram pecul iares ao Bairro, rep resentantes de um estllo de vida mar­cante na cidade. Hiqlenop oll s perdeu 0 antigo prestig io para a Ave­nida Pauli sta , 0 Jardlm America e 0 Pacaemou.

Durante esse momento, deram mostras os prime iros sinais que atua­riam intensarnente ap6s 1950, conduzindo a exp ansao vertical e aperd a de sua exctuslvidade resldenctat. a saber: surgiram alg unspredios de apartamentos pioneircs e intensiucaram-se as anvidadesco merciais de prestacac de services.

Como con sequencia. comprometeu-se a homog eneidad e do conjuntourbane original, que apresentava um perteito eq uillbnc entre a areaconstruid a e os espaco s de stinad os aveoetecao.

Sob 0 aspecto de perda de qualidade de vida , se pode talar emdecadencla d o Bairto. me smo porque houve deterioracao de algumasareas. As mucancas reg istradas, no entanto. nao chegaram a eerfreq uentes. con siderando-se ainda qu e as cons truc ces dos ediffcioseram morosas. verenos qu e, em 1940, Higien6po lis ainda fazia jus acerto prestig io entre os batrtcs da alta burguesia paulistana .

Falec imentos de personalidad es importantes, sald as de algumas fa­milias par a ba irros mats afastad os. ou d ivisao de tortunas entre herdei­ros toram alguns d os acontec imentos q ue atteraram a vida d o Bairro eas roncoes de alguns palacetes que, quando nao permaneceramtechados por certo tempo, transt crmaram -se em escolas, censzes e

Page 152: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

151

ale em corticos. Outras pouca s restdencias foram derrubadas paracederem lugar aos primei ros precios. Notou -se tam bem que alguns100es toram retathados entre herdei ros e vendidos separadamente.

Nessas eneracees l icariam patentes as pr tmeieas tentat ivas de pene­tracao da ctasse media. ansiosa de usufruir d os lugares entao privati­vas da elite paulista . ca mada social esta que conhecia Pari s mas naoco nheci a Sao Paulo.

Foram prime iros sintomas de "descaractenzacao'' de Hig ien6polis atoncacac de escotas. forma nao aqressiva. tampouco ostensive decomercic e que. ao mesma tempo, encontrava clienteta dentrc dopropr io Bairro. Talvez se aproveitasse da tradicao escolar do Bairrosugerid a pela pre sence d o Mackenz ie e d o Sion. Ao que tudo ind ica aprimeira escora se formou no porac da "Vila Nina" por tnlciativa daviuva de Toledo Malta .

Na decada seguinle fo i a vez das resid encies des Perei ras do Vale edes Fonsecas Rodrigues, que se transform aram, respecti vamente , noColeqlo Nunc de Andrade e na Soc iedade de Cut tura Ing lesa. Atacnad a da segunda foi tota lmente atterada. porem seu interio r. aindaque adaptado para receber a escota. preservou 0 saquao 'art deco".

Alguns patacetes tren stormeram-se em pens6es. Anton io C1tndid o nosfala de uma pensao. si fuada naAvenida Angelica . n.0842, nos anos de1930. e da "Pensao Solans'' na Aven ida Higien6poli s, em frente a casede Paulo Prado, que pertenceu a um atemao. e ondeo [ovem estudantechegado de Minas Gerais tel vive r. Reg istramos tarnbem a said a dafamil ia de Franc isco Camargo lima do palacete de Higi en6polis e ainstatacao no mesmo de uma pensao. Essa casa , em 1949 foi adq ul­rida pelo Dr. Rube ns de Brito onde inatatou sua cllnica med ica, a q ualal e hoj e al i se encontra. Nesse perfodo. out ras casas da Rua Maranhaotambem abrigavam pensces.

Po. outre taco. ocorreu a construcao de novos paracetes. revelandotodos persistencia cultu ral.

Em 1931 ticou pronto 0 ultimo patecete do periodo "aureo" de Hiqle­nooous . situado na Avenida Hig ien6poli s, esqulna co m a Rua Albu­querque lins. Quem iniciou a sua co nstrucao fo i 0 rico tazendetrcNhonhO Magalhaes. que residia ao redo . numa ceca pequena editi­cada por Ramos de Aze vedo. 0 palacete foi construido num terrenovago acrescidode parte do terreno que pertenceu a Reynaldo Pcrchat.Externamente sotreu inuu encia d o neoclassic o e no seu interior, doestilo manuelino. ostentando uma prorosac de ornamentos em ma­deira, insp irados numa vis tta que 0 tazendeiro tizera a Portugal. Estetatece u antes d o terminoda nova casaque foi habitada por sua famili a.

o arq uite to frances Jacqu es Pil on, recebido scc tatmente pel a altaburgu esia do Bauro. marcou sua pre sence nao s6 reauz andc um dos

Page 153: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

152

p-enes pioneiros - 0 que veremos mats ad ianle - como proietou econstruiu residencies ou fez retormas lmportantes.

A casa de Anton io Prad o Jun ior. antiga "Vila Mari a" to! retorrnada porPiton em 1941, apes uma retorma sofrida em 1924, a cargo do Escrtto­rio Tecnico " Ramos de Azevedo". Oesta vez ia reeeber 0 casal Mari o­rie e Jorge d a Sil va Prado no andar terreo . e Antonio Prado Junior nosuperior.

Da is anos depots. Pil on co nstruta nos jarc nns da "Vila Penteado" umaca sa para Honoria Alvare s Penteado. Em 1947. insp irando-se no " PetitTrianon" , construiu a residencta do casa l Antonieta e Antonio CtntraGodinho. na Avenida Hiqienopo lis. n.c 870. A casa 56 ficou prontaquatro anos depots e 0 casal resldlu multo pouco tempo. de onde saiupara a Avenida Pauusta. 0 paracete permanece ate hoie tecnao o comparte de sua decoracao origi nal , apenas aberto esporadicamente. nasocasi6es em que D. Antonieta oterece seu satao para recitals benef i­centes. D. Antonieta pretende futuramente instalar na casa um museuhist6rico de sua familia.

Pilon rernanelerta para 0 neocrassrco nacto nal. em epoca mars re­ceote. a tachada do cbale rnats antigo d a Rua Maranhao, que perten­ceu a Lourdes e a Cicero Prado .

Em contraparnda. em 1946, Alfredo Mesquita retomou ao Batrro. co ns­truind o na Aven ida uma casa c ujo espir ito ev idenci a a busca dasralzes de uma arqurtetu ra genu inamente brasileira.

Portanto, de modo geral, continuou a haver preocup acao estetica e urntanto uniformtzante do Ecletismo quanto aconstrucao das casas, tantodas residenclas mars ncas quantc das "casas de aluquel''. Os quint alse jardins com suas[abottcabeiras. hortalicas e flares continuaram a tero seu lugar e os pcroes alt os e habitaveis ainca servlam de adegas oude refug io para a cr iancada quando esceoona da vig ilfmci a das go-­vernantes. Os poucos terrenos vanes. nao at ing idos pela especu ta­ceo. serviam de chacaras de flores.

A "Vila Penteado" alnda abria seus [ardms uma vez per semana paraas cnancas das redondezas br tncarem. A Condessa Penteado. D.Nicota, Ihes oferecia os brtnq uedos. Durante 0 Natal a familia con­servava 0 hab tto de d istribuir presentes e biscoitos aos paden­les da Santa Casa. Tais atitudes reflet iam resquicios de patnarcans­rno e de mental idade burguesa que caracterizou os habitantes doBair rc .

A Condessa. entretanto, vivta s6 no ca sarao . ce rcada de crtadaqemportuguesa. A cochelra d a " Vila Penteado" Iransformara-se em atel ierpara seu neto, a pintor Cartes Prado e depots em residencla e biblto­teca de Caio Prado Jr.

Page 154: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

153

J I. ~,...

~(.I, .-

t ~ '",

Foto 62 - 0 "Edrucio Ccndo rruenc Alaqoes". pnm etro predio do Bai rro de Hig ien6po lis.erguido em 1933, pa ra Abe l Drumond. cera Ccnstnnc ra "Barreto Xand i e Cia. na rua domesmc nom e. esc moe co m A~en ida Angel ica

A Condessa Pentead o tareceu em 1938 e a "Vila Penteaco" pe rmane­ceria lecha da d urante oez anos. A parti r de entao as jard ins nao toramma;s abertos as cuencas oas redondezas. mas tao somente aosdescendentes das antiga s famltias que ainda. imped id os pelas go­vem antes. nao oodiam mtstu rar-se aos meni nos que trequentavam aPraca Buenos Aires.

Page 155: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

154

No q ue S 8 retere aexpansac vertical, as primeiras tntct ativ as parli ramd os morad ores au dos prop netartos em Hiqienopolis, tanto visan do aexploracao par a rend a quanta para usa da s pr6prias tarnlttas. Ospred los para g randes famflias foram vartos e davam seq uenc ia aocos tume que se observava entre as mesmas de resid irem em tome daautori da de patrt arcal. constitui ndo-se verdaoetros ellis.

Enco ntrava-se a cidade em sua tercena lase do ponte de vista constru­tivo . a do concreto armada . Muitos oreo tos de ujotos do velho centro [ahavtarn cedido lugar aos predios com satas para escntortos que ser­viam aos fazendei ros de cafe, industria is, banquei ros e comerciantes .

o vet ho centro reunta lojas, igrejas. bancos. casas de modes. enosseus ento rnos ant igas resld encia s e out ros services. Nos anos 1930 ,vemos a cuatacao do velho centro estimulad a pete novo Viaduto doCha enquanto a tuncao reside ncial ao seu redor era exputsa para osbatrtos. Abr ia-se a Rua Marconi. amp liava-se a Barao de Itapetining aou se rernodetava a Praca da Repu blica, ccnstituindo 0 "centro novo"q ue se cobnu de predios de dez ou mats andares.

Ccncorrutantemente. nos batrtos contig uos ao centro apareceram ospr tmetros orecnos de apartamentos para resid enc tas. os q uais sotre­ram, no inicio, pre concett o da parte dos pauustas que os oenomina ­vam "cort ices de ouro''.

o prtmetro predlo de Hig ien6polis toi 0 Pred io Alagoas, erguido em1933, na esquina da rua do mesm o nome com a Aven ida Angel ica. anoem que surgi a 0 pr tmetro predio da Avenida Paullsta . na esqu ina daRua Fret Canec a. eo "Edific io Columbus" na Brfpadetro LUIs Anton io,este ult imo obra de Rino Levi.

o Ediflclo Condomin!o A lagoas como se denom tna hole. encontra-seIntetrarnente atte rad o com retecao ao projeto origi nal. Foi construfdopara Abel Drum ond , pe la firma "Barreto Xand i e Cia. ", e possuia ci ncoandares e duas teras no terre o. Lernbra 0 engenheiro Paulo de MattosBarreto (3) q ue esse predio tot 0 pr tmetrc em Sao Paulo a ter umapartament o por andar. co m quatro dormit orfos. tend o side atvo. co n­tudo, de entrees tei tas atraves da tmprensa. contrartas aconstrucao deed itl c los em ba irros restden clais . Porern. seu exito comerctal fOI ime­otato. os apartamentos logo tcram alug ados e uma da s loias oc upa dasnor um satao de cabeleireiros.

Pouco depots. Andre Matarazzo encarregava ri firma " Matarazzo ePilon" co nstttulda por seu tit ho. 0 engenheiro Franc isco MatarazzoNetto e 0 arquiteto france s Jacques Pilon, da construcao do "Pred to

3) Depcimento Ii eutora em dezembrc de 1979.

Page 156: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

155

Foto 63 - Os Predios "Santo And re" e 0 "Augusto Barreto" , na Avenida Ange lica ,respec uvameote segundo e terce iro editicros de Hig ien6po lis, 1935 e 1937.

Santo And re" na esqu tna da Avenid a Angeli ca com a Rua Plau t, junto aPraca Buenos A ires. Possu i sete andares e as apartamentos tarnberneram de luxe e fora m prontamente atuqados. No terreo havia urna lojaonde tunctonou de Imed tato urna bar bearta.

Dais anos depois, quando era co nstr ufdo o Ed iffc io Esther, na Praca daRepublica, era erguido 0 tercet ro ediftcfo do Baine de Hiqienopol!spor tmctativa de Augusto Barreto, tazend elro de cafe em Mococa e noMunicipio de Cambara. Sua famil ia resid ia na Avenida Angelica emdu as casas que ncavam viz inhas ao Predfo Santo And re. Seus ffthos .engenhei ros da fi rma " Barreto Xand i $ Cia. " loram os eonstrutores do"Augusto Barreto " , erguido para moradia do tazendet ro. e numerosadesce ndencta. Trata-se de um predio de interesse para a arquttetu tapaulista em puro estilo "art oeco''. que se conservou origi nal ate nossosd ias . Sig nil icativa e sua altu ra, dez andares, de ond e os mor adorespudera avistar 0 Zeppe li n em evotucce s sc ore 0 Campo d e Marte. Da lise v iam tambern 0 Pacaem bu e 0 Centro. (4)

4) A firma " Barreto xa nr n'' amda con struir ia mais um ediftcio, na esquina da RuaAracaju com a Avenida Hig ienopo lis_Em Iirtais da decade de 1930 surg ia 0 ed ific io" Angelica II"' em frente ao" Augusto Barreto" , Este constnura uma sequen c ia ao" Ange­l ica r'. erguido em 1935. na esqu.na da avemoa do rnesmo nome com a Peace Mal.Deodorc .

Page 157: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

156

Quanta a Avenida Hig ien6poli s 56 terra 0 seu prime iro orectc no anoseguinte, 0 "D. Pedro II" , com ape nas dois anderes. Prestes Mala .enteo Prefetto d a cidade negara ncenca para a ed tticacao de umpreo to mais alto. A intciativa partiu da famil ia de Nhonhc Maq athaesque fez demol ir a aol iga casa que possula na Avenida e encarregou afirma " Sic il iano e Silva" do proieto e da construcao.

Os preo fos continuariam a ser ed if icados esporadicamente na decadesequ inte. Surg iram de preterenci a nas proximidades da Praca BuenosAires e na Avenida Hig ienopol is.

Destetta a sociedade com Pilon. Franc isco Matarazzo Netto construiuem 1943, mats um edific io para a sua famil ia, a "Santa Amal ia" , ao ladodo " Santo Andre" , enquanto se erguia a Predio Hiqienopons. na ave­rnd a do mesmo nome,no lugar em queresid iu a lam ilia Alvesde Lima.

Mas a exp oente d as construcoes da decade to! 0 ediflcio "Prudencta eCapitatizacao''. de 1944. Projetado pete arquitetc Rino l evi, com jar­d ins d e Butte-Marx. econside rado um dos marcos da arquitetura emSao Paulo, e a ed ific io mais importante do Bai rro.

Mais urna vez se procu rava lever para os orenos 0 tuxo e 0 confortodas restdenc tas. com reracao as d imens6es e ao acab amento. Os" Apartarnentos Prudencia" foram do s primetros a oferecer aos mora­c ores opcao para a crqanizacao dos espacos e tnstetacac cen tral dear refrig erado com co ntrole indi vid ual. Os doze and ares do ed itlcioco mportam quat rc apartamentos par anda r e dots espec tais. nosultimos and ares com jardins. A garagem esemi-enterrada e 0 terteofica em "pilotis'' entre os [arum s e 0 " pray-ground ". (5)

Portanto. o Bairro de Hiqienopolis. "orgulho dos paufistas". c ertao devisitas da cidade. passeio obr igat6rio dos morad ores e vtsit antes deSao Paulo, possuino o um oos pontes panora micos mats belos. deonde se avistevam as mates do Pacaembu ate 0 Jaraqua. tornou-seexpressao de outre lase rernodetad ora da cidade . tend o side d ospr imeiros a romper com a horizontal idade paul istana e a entrar na erad o co ncreto armado.

Os pr imeiros apartamentos nac passavam de artigos de luxe. Seusaluqueis eram cadssimos. Enquanto uma casa grande em Hig ien6p o­lis se atuqava per oltocentos e cinquenta mil reis ao mes. a atuque ! deum apartamento nao vatta menos de um co nto de reis.

Higien6po lis .nos anos 1940 ainda era sene cc ncc rrente do Pacaembue do Jard im Amer ica, apesar de se encontrar abatado 0 seu antigoprestig io. Urna pesquisa reatizeda sob a cooroenacao de Donald

5) Amo l evi IntroduzlOne d l Roberto Berte Mar. e Nestor Gou lart Re,S F,lho MIlano.Ed lz ion, d l Comun,ta. c. 1974 'p 70-73

Page 158: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

157

Pete 64 - " Apartamentos Prudencia e Cap ttauzacao ". pro jetadcs per Rino Levi em1944. com jard ins de Burle-Marx. Aspectc atuat de entrada Pete da aurora.

Pierson (6) com para entre sf esses Ires bairros residenc lais ctasse A.Verificamosque Hiqtencoot!s. apesa r de estar perdendo sua primazia ,ainda mantem urn "status" elevadlssimo: em 25 casas de sua ctr­cunscricao sao manuoos 120 criados dornesticos. em contrapo nto a80 no Jardim America e 60 no Paca embu: em media havre vmtec6modos em cada residencia. cont ra dezessets no Jard im America equatorae no Pacaembu . Enquanto que . para se ter uma toeta do ac ir­ramento das desigualdades socials em Sao Paulo. observamos quenos bairros da Mecca. Bexiga e Canlnde a medi a de ccmooos porresioencta nao ullrapassava a c ifra de 2,3 a 5. Tooa via . co m reracaoaos Ires pr imeiros batrros. Hiqienopof!s sa! venced or com 206 movers.o Jard im Amer ica com 11 6 e 0 Pacaembu co m 95 : e co m 70 sanitariospara 57, no Jardirn America e 62 no Pacaembu. 0 que dernonstra 0elevado padrao de vida dos moradores de Htqienopoti s.

Os mores de transports tambem evidenciavam a enrtaacao que ainda aessa epoca oermeava 0 Bairro. 0 bond e continu ava a ser largamenteuti li zado lernbrenoo a observacao que Mario de And rad e fizera pou­cos anos antes. "Em Hiqienopous. os bondes passavam com bul ha

6) PIERSON, Donald aabrtacees de Sao Paulo Estudo comparatrvo. in: Re\lista do~ui\lo Mun i £!.£.~. \I . LXXXI, Sao Paulo. 1942.

Page 159: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

158

quase g rave soberbos a. macaquean do 0 bem-estar dos autos par ticu­lare s. E o mimetismo ar isco e ir6nico das co lsas c ttas tnantrnadas. Saobonde s que nem badaJam..." (7) De lato as "camaroes" e as bonde scom reboques seguiam ausentes de Htqienopolis. transitando apenaspel a Aven id a Ang el ic a. 0 cobrador ccnnec !a seus usuartos .cumprtmentava-os. t irava 0 chapeu assenhoras e se preocupava comas criancas que tarn para a escola e que tomavam a bonde andando.

No contingente de estrange iros em Hig ien6pol is peq ueno mas impor­tante. ainda era mats significativa a presence alema . pete que seoeoreenoe do episod ic a nos descrit o par Rene de Lima Yazaki.quando da pa ssagem par Sao Paulo do d irigivel Hindenburg . Este,ostentando a insignia suastica, foi entusiasticamente saudado pelosqermanicos do Bairro, que salram as ruas aos gritos de " Viva a Ale­manna" e "Viva Hitler",

Poucos nucle os comerciais loca liz aram-se no Bairro durante essec ertooo: apenas um arrnazern e uma tarrnac ia na Praca Buenos Aire s,tr uciativa d e um ccmercle nte portuq ues: mais um botequirn na Ave­nida Angel ica esqutna da Rua Sergipe , e uma sorveterta e contettartanesta ult ima rua podem ser presumfve!s da ult ima decad e. arem daslojas nos predios cftados.

A tentatfva de preservacao da cateqorla estrttamente resfdencta l deHig ien6polis determ inar ia a crtecao de pequenos nacleos de com er­cio satelites do Bairro. inserindo-se nesse quadro, as pequenas oncr­nas de artesanato pertencentes a imigrantes Italtanos. vindos ap6s a IGuerra Mund ial. Residentes nas circunbizinhancas dotrecho inicial daAvenida Ange lica, taztam ornamentos em gesso a serem ap licadosnee casas do Bairro, enquanto suas mulheres serviam de lavede lraspara a reqla o. Fe! igualmente desenvolvid o 0 comerc lo em SantaCeci l ia, notadamente na Rua sebasuao Pereira, tomeceno o artig os deluxe e pretexto para passeic aos co rnpradores. em sua rnatona resi­dentes em Hig ien6polis.

Manteve-se a tendencta a instataceo de escota s tambem nas redon­oezas. do que se beneficia riam enormemente os habttantes d o Bairro:a Fuodaca o Escola de Sociolog ia e Pctt trca de 1933, funciona ate hojena antiga casa da Rua General Jardim; 0 Coleqio Ctaretiano. insntu fdoem 1939, na Rua Jaguaribe , ao lado da lq rela d o Sagrado coracao deMaria, e 0 Coleqio Rio Branco, transterido da Vila Mariana para a RuaDr. Vila Nova, de onde se estenderta para a Rua Maria Anton ia.

Na Rua c atc Prado havia 0 Ooleqio "Des Oiseaux''. instalado na ant igaVila ucnca. onoe toi fundada a Faculdade de Fifosofia e Letras "SeoesSapientiae". Higien6pol is contava com a pr imeira btbttoteca escora r

7) ANDRADE, Mll rio de. Amar, verbo intransitivo. Idi l io Sao Paulo. Mart ins. 1978. p 9

Page 160: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

159

de vulto em Sao Paulo. pertencente ao Coteqto Mackenzie desde1876. Em 1935 era inaugurada na Vila Buarque a Biblioteca lntantit"Monteiro Lobato" . quando era Pretetto Fabio Prado. Editicou-se tam­bern. junto a mesma. 0 Teatra Leopolda Frees. ambos situados naquadra em que exlstiu 0 palacete do Senador Aodolfo Miranda .

A tnstatacac de uma esco ta de nlvel superior dentro do Bairro deHigien6polis, na casa mats imp ortante. a "vlta Pentead o''. pode signi.uc ar 0 marco final do primeiro memento. Em 1947, as jard ins da "Vila"toram div ididos enlre as herde iros . Os Irmaos Silvio e Armand o Alva­res Penteado adqulnram as partes relati vas ao predio. que cabtam aosdemais nerc e.ros. e ftzeram a ooacao d a casa a Universidade de SaoPaulo, com a ccndicao expressa de que nela funcfcnasse a Facul­dade de Arquitetura e Urbanismo, recem-tundada na Escola Potitecnf­ca . A FAU mudou-se para 0 patac ete em 1949 e os fundos do palace­te, que davam para a Rua Maranhao, pas saram a ser a frente da Es­cola.

Noque se retere aos jard ins da "Vil a Penteado" enquantc aguardavamnovo destino, sofreram abandono e 0 mato mvad iu a area. 0 parquetronteiro transtormou-se em terreno bald io onde havia um barracac demadeira, e a estuta. tambem aband onada , vtu-se invad id a pe la crtan­cada da viz inhanca da Rua Maranhao. Nesta, por sua vez. se haviamconstituldc corticoa. no irecho junto aRua ttambe .0 arqultetc GustavoNeves da Rocha Filho, entao estudante d a FAU. recorda que 0 grandechate dessa esqu ina, outrora pertencente ao Dr. Sa, transformara-seem ccrncc . assim como as duas casas vizm has. Pod iam ser vistas darua os quartos imensos d ivid idos por tabiques e um numero exce ssivede ocupantes.

Nessa mesma epoca a firma construtora " Artac ho Jurado" eomprava acasa de Antonieta da Silva Prado que ademol lu para construir no lugaro Edifici o "Brasil Republica" . Essa firma seria a tancadora dos gran­des conjuntos hab itacionais d e luxe no Balrrc . numa eocca em que segene ral izara 0 sistema de condomini o.

Mas os anos de 1940 f inaliz avam tambem com a ecstcacao de orecrosd e apartamentcs a preccs m6dicos, 0 " Rubayat" e 0 'Teresopotis"ambos na Avenida Hig ien6polis, iniciatfvas estes que prometia m umanova era para 0 Bairro.

A parti r de entao. serra frequents 0 exodo de element os da alta bur­quesia. os quais de ixavam seus pala eele s em busea de lugares maisaprazfvets. cedendo luga r aos arranha-ceu s. ao comerc io e. comestes, ac lasse media. Sobretudo na decade de 1960 se generalizar iaa utitizaceo do apartamento para reslde rc ta. ocastao em que Hig ie­n6polis estarta praticamente tran stormad a numa uoresta de concretoarmado.

Page 161: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

160

Exemptcs da transtcrrnacao de res-cencres

Foto 65 - Extemato Nuno de Andrade e Cuuuea Inglesa. na Av. Hig ien6polis . Foto daautora.

Potc 66 - 0 Pestaurante Roma e a Cant ina Piazza Colonna. na Aua Maranhao . Fotc daautcra.

Page 162: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

161

sore 67 - Remanes cente de resid encta na Av. Higien6polis. auncc Socre loi seuprimeiro me-ador. Foto da actora

Evidenciou-se , portanto. no per too o a q ue denominamos de "desc a­racte rtzacao" do Bair ro. a superposlcao de novos elementos em con­trapostcao ao estaqto anterior. iniciando-se 0 processo de interrupcaodo rnesmo . ora rente e qradativ o para prectpttar-se de forma intensa naetapa sequtn te.

SEGUNDO MOMENTO, DE 1950 AOS NOSSOS DIAS

Apes a II Grande Guerra. assis te-se a reviqorizacao da nossa indus ­tria. As d ivisas que S8 acum ularam d urante a guerra torarn utilizadasem parte para a imoonacao de matertas-p rirnas e 0 aperteicoamentodos bens de producao. Enquanlo tambem eram beneticiados as pre­cos do cafe, a producao industrial aumenlara 122%, de 1946 a 1-955.Sem d uvid a nenhum a amdusmeuaacao era prop ic iada pela ampua­cao do mercado interne. pots a ooouracao crescia numa percentag emde 3% ao ano. (8)

8) CANAORAVA. AP. Esbocc da hist6ria econcrmca de Sao Paulo in: BRUNO, E,S. atali i. Sao Paulo, ten a e povo, Porto Alegre , Grobe. p. 38 e e.

Page 163: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

162

Eleito em 1951, Getufic Vargas proc uraria dar maier eslimuto a.industria que permanecla vottada aproc ocac d os bens de co nsume.agora urn tanto mars complexes. incluindo produtos qufrmcc s. meta­lurgicos e aparethos etetrodonestlcc s.

Mas a industria rece beria 0 maier impulse no Governo de Jus­celina Kubitschek (1956-1961) q ue promoveu a rnstatacac da indus­tria automobilfstlca em Sao Paulo, a qual garanli ria a producac debans de capital no pais, ainda que com pesado Onus para as nossasd fvfsas.

A nova indus tria benef ic iou internamenle as industries paralelas emed ias bem como 0 cc merc ic. tavorecendo sempre a expansac dacl asse med ia e a tomacao de uma crasse constituid a por tecmcosbra sileiros.

o parque indu str ial paulista,excelente mereado de trabalh o, passou aatrair para a capital migrantes vindos em massa do Nordeste e deMinas Gerais. principalmente. Sao Paulo. no quart o centenario de suatundacao estava com 3.000 .000 de hab ttantes e assumia detinitiva­mente 0 aspecto das modernas cidades ind ustrials norte-americanas.Seu " slogan" tomou-se " a cidade que mais cresce no munco''. Perdiaseus mcnumentcs da civilizac;:ao do c afe e co bna-se de arranha-ceu s.Estes agora invad tam os bairros. como a Liberdade. Ccnsotacao.Santa Cecilia. Higien6poli s. Vila Buarque e a Avenida Pautiata. Ras­gada por avenidas e viadutos recem-construfdos. sugeri a uma"colcha de retalhos", conforme expressao de Pasqua le Petrone, talsua dfve rsfdade de aspectos e a fatta de harmonia ou entrosamento.(9)

As varzeas porem. permaneciam vazl as e amptiou-se 0 numero dasrod ovia s em cuj as margens se ins tal aram as industri es .aproveitando-se da fac ilidade do transporte. Nos antigo s bairros ope­ranos de imigrantes estrange iros aportaram os migrante s norde stinos,enquanto os menos pr ivileg iad os foram re sidi r na periferiaconstituindo-se as taveta s.

A rede urbana deu sequencia ao seu processode ouatecao.orteotaoonao s6 pela ferrovia como pe las rodovlas. Com excecao do Norte.onde encontra as contrafortes da Serra da Cantareira . continuou suamarcha expan sive em todas as d irecces. Ao SuI. eng lobou os munlcl­pios do ABC. Maua e Ribeirllo Pires; a Leste. ultrapassou sao MiguelPaulista c heqe ndo ate Moj i das Cruzes: a Oeste. Osasco. Caraptcuibae ltap evt. Os pr6ximos suburblos da Grande Sao Paulo serao Santos.Jundial e Sao Roque.

9) PETRONE, Pascuare. co. cit. c. 153 e s.

Page 164: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

163

Os bairros resldenciats cont inuaram rumo ao Oeste e saltaram 0 RioPtnhetrcs: tormou -se a Avenida Cidade .rarcnm.totecu-se 0 Morumbi; econstruiu-se a Cidad e Uruversitana.

o ritmo das ccnstrucoes cfvls tornou-se sempre mais intenso. Asestatlst fcas acusaram a construcao de uma casa em cada ano para amedia de 102 hab itantes. ao passe que em Buenos A ires , cc nstruta-seuma casa para 134, e em Nova York para 123 habitanles por ano. Em1954 havia 410.000 pred lcs na cidade. dos quais 90.000 toram cons­trufdos em apenas quatro anos. (10)

Generalizou-se 0 habito de residi r em casa ou apartamento pr6pri os.Com excecao do migrante ou do operarto que ate hoie constroi suapr6pria casa ou barraco, a c idade ficou a merce da especotacaoimobiliar!a. industria que se apoiou na classe media ou mesmo napequena burg uesia, as quai s pod iam adq uirir sua casa pr6pria pelosistema de Itnancia rnento a longo prazo au em prestacoes mensais.

Os especialistas bal izaram com a ana de 1954 0 inlci o do descontroledo urbanismo paufista. quando 0 luc ro individual dos imob il iaristassupla ntou as interesses da co letividade. (11)

Para Hlqtenopons 0 momenta e de renovacao no sentido de que seinic ia uma nova era construtfva. a d o concreto armada. e com estanovos morad ores: prof issiona is li berals . tecn lcos . funclonarlos . iu ­deus enriq uec idos do Born Retiro, diplomatas estrangeiros , comer­clantes e tndustrta!s. etc .

A industria Imobillarta vottou-se definit ivamente para Hiqienc polisdesfrutand o de certa s vantagen s oferec idas: lotes amptos, proxim ida­des com a centro. farta conducao. etc.

No entanto. sob dete rminados aspectos persistiu a decadencia doBatrro. Perderam-se as caracteristicas primitivas d o conjunto urbane,assim como 0 alto pad rao de vida que Higien6polis proporc ionou,evoluind o para a "saturacao'' tala numero de artanna-ceus que hojecobrem a area.

Perdeu-se ainda, sua exc lusividade residencial. ja que assistiu-se amaier oenetracao das atividades comerc iais e de prestacao de servi­cos. Como ccnsequencia temos um batrrc de alta densidade demo­graf ica, que nao va! alem de urn batrrc secundarlo de Sao Paulo,oeo rao crasse med ia. Apesar de que, everdade, sotreu methor sortese comparado a Santa Ef igenia e Campos anseos. par exemplo. os

10} ARROYO. Leonardo, Sao Paulo antigo e Sao Paulo mcd emo. sao Paulo. Melhora­mentes. 1953. s.o.11) SAIA, Luiz. Morada paulista, Colecao Debates. sao Paulo, Perspectiva, 1972, p .223

"

Page 165: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

164

quais S8 haviam deteriorado co moretamente. sofrendo a proximida dedos esoacos terroviarios. da varzea e dos batrrc s operarios como BornRetiro e Barra Funda , e hoje S8 renovaram co mo areas comerc iais .

A imag em artstocratica Que Hiqienopotis ostenlou seria usada pelasconstruloras co mo ch amariz para suas vend as atraves de uma propa­gan da exubera nte da s incorporacoes dos predfos de ac artamentos .Acenavam com a posstbitidade de que um maior numero de pessoaspoder ia residir num dos rna!s nobres pontes da cida de . As fac ili d adesproporcionad as pelos f inanc iamenlos a ronco prazo atrairiam mais d oque nunca uma classe em ascencao eco norr uca. c esejosa de aparen­la r. .

A sousncacao que se pro curou imprimir nee tacn aoas e entradas dospredios de apartamentos. co nstruid os em sua matorta com elementosneoc lassicos e de outros estuos tu stoncos. dar iam a procurada sensa­<;80 de opulenc !a aos compra oores: mesmo os apa rtamentos menosluxuosos ou espacosos. ja q ue situ ados em um bairro fino, foramcapazes de tornecer a imagem de prestigio buscada pelos novosrnoradores de Hlqlencpotts .

No inicio da decada de 1950, deram-se os grande s projetos comer­cta !s de conjuntos restoenc tais em forma de co ndominto. A pr ime iragrande lancado ra d esse tipo de empreend imento foi a "Construtora elrnobiliana Moncces". segundo a q ual os ed ific ios devem ter vidasoc ial propr ia e os apartament os, mats ampl os, co m areas de tazercomuns, 0 " Condominio Bretaqn e'' e 0 "Parque das l-lortensias". res­pect ivamente nas aver udas Hiqienopcu s e Angelica , ambos proieta­dos pela "J. Artacho Jurado Soctedade Tecn tca Ltda." e edi fic adospete "M oncoes''. co nstituem vivos exemplos dessa an-maceo. Pes­suem seroes de testes. de jogos e piscinas. depend enc tas e rnethora­mentos esses que supr iam os ansel os de apresentacao e de tazer deuma ctasse em franco progr esso fina nceiro.

Adollo Lindenberg co nstruiu um ed'ttcio "est ilo neoclassico" no lugarem que esteve 0 palace te de Mart inho Prado. 0 nome escolhido para 0predio - D. J080 V - denota a pretensao e aretacao dessa Jinha deemp reendimentos. Sucess ivamente vemos erquerem- se as "man­sees" nos terrenos dos antigos patacetes: Mensae "O rtandina RudgeRamos", " Mansao Verlai ne" , " Mansao Michelangelo" , etc.

Outras ant igas resid encie s passaram a escoras ou pensoes. Nessememento. as q ue escaparam d as ptcaretas tornaram-se pronto­soco rros. ctl rucas medicas. restaurantes e bancos. Pouca s persistiramcom sua tuncao resid encl al. Encontra-se em oem oucao 0 ult imo rema­nescente de chate da Avenida Hiqienopolis. onde acabou de talecerAymore Pereira Lima, com seus 97 anos . Alg uns palacetes, transfer­mados em sedes co nsutares atnda puderam abr ir seus satoes em eras

Page 166: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

165

de testes. A (mica casa que preserva sua funcao residenc ial na Ave­nida Hiqtencpolls e a de Alfredo Mesquita.

Dim inuiram as espacos dedicados aos [ard tns mas a arbortzacao d asruas. que tanto deslumbrava as pautlstas em suas caminhadas, semanteve. pr tvileq!c d entro de uma c idade cada vez mats ca renle deverde .

Urna tarta rede de transportes co'e tivoa continuou a servir 0 Balrro: em1952 foi acresc idodos trcletous. nome q ue recebeu 0 bnibu s mov ido aetetrtcidad e. DUBS tinnas serviam Hig ien6polis: a " Cardoso de Al­me ida ", que sara c ccemro para as Perdizes e a " Machado de Assis".articutando Higien6pol is co m a Acl imacao. Em 1966 os bondes eletri­cos foram retirados cedendo lugar aos automovets .

As Aven idas Hig ien6polis e Angelica transformaram-se em corred o­res de movtmento intenso. 0 cornerctc tomou -se cada vez mais d iver­siticado. surqindo na regiao supermercados. restaurantes, bares,acouques. lanchonetes. bout iques,tarmacias. tloricutturas. qulosquesde jornais e revistas. lojas nos terreos dos editlcios . attatetes. sapatei­ros, cabeteiretros etc . Os pequ enos services localizaram-se nas ruassuperlores. func ionando nos sob rado s enquanto a vizinha Vila Buar­qu e transtormou-se em zona do alto meretrtci o. co m ba res, hotels.boate s etc . de categoria luxo .

A atividade escorar no Bairro e nos arredores se intensif icou a ponto dese poder considerar a area e adjacenc ies. como sendo 0 segundocampus unl verslter io de sao Paulo .

Os c ots pnmetros eco ntecimentos impo rtantes nesse momento, doponto de vista cultural datam de 1950, com a instatacao da Faculdadede Filosofia, Ciencias e Letra s da U.S.P. na Rua Maria Antonia. noant igo pred io do Coleqio Rio Branco e a Pro-Arte que se organizounuma casa da Rua Sergipe, sem duvida um dos importantes ce ntrosd ivulgad ores da erte musi ca l, ao qual se de ve a renovacao do ensinoda musica no pais . Uma das figu ras exponenciais. 0 maestro H. J .Koell reutter, lecionou na Pro-Art e. introduzindo um metodo q ue te l 0responsaver pela formacao dos gra nde s nomes da nossa muslcaerudi ta modern a.

tnstelaram-se ainda nessa decada , os segu intes cursos auperfcres: aEsccla Paulista de Agrimensura (ate entao cu rso medlo). na Rua Ba­hia, em casa que pertenceu a Mar io Sedow e que foi adaptada paraescola; a Faculdade de Artes Plasticas "Armando Alvares Penteado "em predio proietaco por Armando Alvare s Penteado. na Rua Alagoas,903, ocupandoa d iretoria a casa da Rua Ceara. once restdiu o patrono.Hoje, a FAAP abr iga tambem 0 Museu de Arte Brasiteira. e seus cursossupenores de Engenharia, Admtn tsnacao de Empresas e de cement­caeoes.

Page 167: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

166

Em 1952 as padres ca nadenses de Santa Cruz fundaram 0 "CcleqloSanta Cruz" na anti ga residencia de Augusto Camargo. Nesse mesmoano to! co loc ada a pedra fundamenta l do Edttt cio Rotary, ne AvenidaHig ien6polis 0 .° 996, onde existi u a resl denc ta de Maria AntonietaFerraz. 0 projeto esteve a ca rgo do arqutteto Leand ro Dupre e 0ored lo terrninou em 1960. Jose Erminia de Moraes doou-o ao Cole­gi o Rio Branco que saiu da Rua Dr. Vila Nova para mstalar-se nesseeditlcl o.

Em 1970 a restdencta de lzabe! Maria de Lima ne Av. Angelica, foiadqutrida por Henrique Lip szyg e nel a se insta tou a Escola Panamerl­ca na de Arte. Interess ante notar que 0 predlo pra tlcam ente nac sofreureform as.

A Aven id a Ang el ica hoie rep leta de escolas, cursi nhos, ban cos, clini­cas , co ntou desde a decad e de 1940, em sua area de Santa Cecilia,co m escolas co mo 0 Ooleqio Piratininga e 0 Oswaldo Cruz.

Em 1963, ano da tcnoacao da Facu ldade de Medicina da Santa Casade Mi seri c6rd ia, as Instalacces do SESC toram inaugu radas na Rua Dr.Vi la Nova, 228, co mportando em suas depend enc tas diversos setoresde atend imento. recreecao. esportes e cuttura aos come rcrartos . Nomesmo predio. em 1967, to! inaugurado 0 Teat ro Anchieta, uma dasmelhores salas de espetaculo da ci dade. preenchend o em termos alacuna deixada pe la oem oncso do antigo Teatro Leop old o Fr6es,situado ao lade da Biblioteca Infantil " Montei ro Lobato", atual PracaRotary, cujas atividades foram inte rrompidas no tim da decade de1960 por total desca so e tatta de conservacao do predio.

Por Isso, na area se form ou amb iente tertii para uma sene de promo­cce s cu lturais, algu mas das quais se retletiram na nossa must oeerud ita e popu lar.

Os estudantes da Faculdade d e Arquftetura e Urbanismo da Un iversi­dade de Sao Paul o tran sformaram 0 precioso saq uao "art nouveau " daVila Penteado em sala de co nc ertos . Apresentararn-se orquestras sin­tc orcas e cc niuntos de earners e de jazz. 0 Mackenzie, por sua vez,serviu como di vul gador da recern-crtada bossa nova em finais dadecada de 1950. Rea liz ou espe tac ulos memoravels dos quais pe rticl­param as fig uras marcantes do novo rttmo. Poster iormente 0 Bairroamblentou a boemta dos estud antes, destacand o-se Chi co Buarquede f-iollanda e Antonio Carlos Man ini, elunos da FAU, que salem pelasdemais "escol as" e ceres bares da Rua Mar ia Antonia fazendo ouvlrsuas pr imeiras cc mocercces.

Em ccntrapartid a, a period a 1964-1968 consti tuiu pal co de lutas entreestudantes das diferentes entidades. Algumas dessas lutas cheg arama ser sangrentas ne sse ultimo ana, mot ivadas pelaa duerencas ideo-

Page 168: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

167

100icas. ac irradas com a viqoracao do Ata lnstnucional n.O 5. Esselato hist6r ico ter ta prec ipitado a saida da Faculdade de Filosotia.Ctencias e Letras da Rua Maria Antonia para a Cidade Unlvers fta­ria.

Na tentative de S8 exp lorar c ad a pedaco disponlve! d e terrene. Hig ie­nopotis tomou-se superpovoado. Hole. as edi tlcios ag lomeram-se emespacos reaproveitados. Ha casosde totes ncsquaisia se construiramIres edif.cacoes d iterentes . como par exemplo a terrene pertencenle aCaio Prad o onde loram erguidos sucesstvamente a "Vila Anton iela" , acasa "a rt-deco " e 0 "Editlc io Brasil Repub lica".

Algumas medi das recentes adotada s pete governo demonstraramque, embora tard iamenle, S8 adqui riu em Sao Paulo uma consc ienti­zacao do problema. A lei de zoneamento de 1972, e as leis de uso dosolo de 1977, as pnmeiras a atribuirem as areas urbanas uma ou varia stcncces . sao tentativaa de disciplinar a longo prazo as construcoes dacapital.

Aqueta le i divid iu Higien6polis em tres zonas di stintas: 4, 3 e 2, tendocomo denommad oe comum 0 uso misto. lsto e. residencia e comerc to.A zona 4, que vai da Avenida consoracao ate a Rua ttacotomi. des­cendo pela Rua Barao de Tatui ate a Avenida Sao Jose. chegou aadm tur a presence de inc ustrias: a zona 3 parte da Rua ttacotomi.inc lui a AvenidaAnqelica e Rua Sao Vicente de Paula ate a PracaMarechat Deodoro. adm itindo of ic inas sob con trcle espec ial. A zona 2.que engloba 0 trecbo adjacente ao Pacaembu. e predominantementeresidenciat . (12).

No decorrer da decada de 1970 0 Bairto. um dos poucos ainda arbon­zados e dotado de pracas . continua a ter grande procura para finsrestden cte!s. dada a sua boa rccauaecao e conf orto prop iciado pelobom alend imento dos meios de transportes cotet tvos e dtsponibul­d ad e de servtcos terci anos. Nesse momento, poucos sao os remanes­centes das antigas tamllias: a maioria da poputacao e de origemvariada, havendo grande inci dencia de mulheres desquitadas au d i­vorc lad as. Quanto aos judeus, e tao marcante a sua presence quepossuem sinagogas e escol as nas proximidades. e chegam mesmo ater um centro social e recr eative. 0 Circulo Macab i, na Avenlda Ange­l ica. Ha c asas atnda de resloencl as em estad o de abandono que setornaram cortices. (13)

12) Novo mapa de zoneamento ca co ace de Silo Paulo. Folha de Silo Paulo Edespec ial, novembro de 1912.13) Tres contos de Eliza Barreto, reunidos sob a desig nao;ao "Hlg,en6polls" , proc uramretretar a ceceeeecte ca burguesia trad ic iQnal do Bairro e seus ccntatcs co m uma l"IOIIareeu c ece. in: BARRETO, Eliza A Redoma RIO de janeIro, Catedra. 1974. p. 82·100.

Page 169: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

168

Fete 68 - '"LeM etacaeo". escultura da Prece Buenos Aues Foto ca autore. 1979

Page 170: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

169

Fete 69 - " Mae" . Monumento de Caetano st accarou de 1964 Fete da aurora. 1979.

Page 171: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

170

Foto 70 - t errace Germaine . aspecto alual. Fete da aulora .

Fete 71 - A Avenida Ange lica. hcje. Fete da auto-e.

Page 172: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

171

Foto 72 - Rua Maranhao boie Fore da aurora.

o tmprovisaoo . 0 pretensioso. a aoaotacao de velhasconstrucoes.VaGconsli tuir uma constante. As retormas de interiores e fachadas, alg u­mas visan co modemtzacao. outras buscan do e atenoo-se apenas aelementos Kitsch tats como estatuas. qarqulas. lcocs . nao passam dearremedo de urn passado ja longinquo e de retralo de urn imponentemau g0510, pr6prio de uma cul lu ra massificante.

Ternes atnda 0 exemplo das apenci as banearias que se rnsteraramnesses velhos palacetes nao alterando suas estruturas. mas vfole n­lando sua linguagem visual atraves do acresctmc de elemen tos comoletrei ros e cores contttt antes com seu estuo e epoca.

Os pr6pr ios logrado uros publicos sofrem da rnaoeooacao de aprovet­lamenlo do seu pa isagismo natural au mtcla l como fot a caso ocorttdo

Page 173: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

172

Fete 73 - Aspecto atuat oe Rua uamoe. escum a com Rua Veri­di ana, Foto ce aurora

na Praca Buenos A ires retativo ao monumento " Mae", de CaetanoFracc arott , transtormado mdevtdamente em obe lisco . Altam-se aindaa esses tatores a depredacao e 0 vanda l ismo da popu tacao que . parfalta de esclarecimento nao conse gue partictpar da sua propr ia htsto­ricioade.

Asslm. sem qualquer criteria au movimento de inici ativa governamen­tal ou popular, desapareceram sob as picaretas algumas obras arqui­let6n icas de valor inestim avel. como as do arquiteto Victo r Dubug ras ede Carlos Ekman,e oulras boas representantes doesti lo " art nouveau" ,"art-oec o" ou do ectettsmo. tatvez pete tate de se acreditar que tudeisso eproqresso. OU °q ue ja esta parctatmente deteriorado nao me­reca ma iores estorcos para tenta r se preservar ° que resta, e aind a

Page 174: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

173

porque as pe ssoas que hoje compram a sua reserve de verdeututa arn-se dos demais bairros co mo passagem.

Prob lemas como a pOJU iC;80 do ar, visual e sonora, bem co mo aprostituicao q ue, atraida pelo movimento de vias de acesso, da Ave­nida Consolacao penetrou pela Rua Malo Grosso e agora ja S8 en­con tra nos fins da Rua ttacofcm f. acarretaram uma desvalorizacao doim6vel residencia l; 0 futuro do 8airro fica pendente dos rumos que 0

sistema econ6mico e urban o venna a tomar.

Vemos assim neste ul timo momento a tntensttlcacao da pa ssagem deHig ien6poli s de area unifamil iar para pluritamular . co nstitu indo umazona de alladensidade oemocrattca de Sao Paulo. Porem uma area dereetoencte edas pr imeiras de cade s do seculo se mantem na Rua Bah iae proxtmidades. junto ao bairro do Pacaernbu. a espere talvez de urrranova fase especulativa.

Ho]e, ainda se mcorp ora em Hig ien6pol is, embora em menor qu anti­d ade do que nos anos anteriores. Porem a ind ustria tmobiliaria conti ­nua a explorer 0 ant igo "status". Por exernpro . acaba de ser incorpo­rado na Aven ida Hiqiencp olis . n.c 968, " no techado e aristocraticoBairro de Hig ien6p ol is, um eteq ante ed iffci o esti!o med tterraneo".tend o nas prox imidades "excelentes coteqlos e 0 verde encant o daPraca Buenos Aires". :: amda. essa situacao se extrapola . Bastad izer que se precede d um toteamento residencial com 0 nome de"Nova Hig ien6p olis", no km 28,5 da Rodovia Raposo Tavares. (14)

As pouca s residen cias que restam em Hig ien6poli s sao tnexpressivasem sua maiorla porque sao exatamente as que oc upararn loles meno­res e portanto sem grandes possibi lidades de transtormarem-se emarrarma-ceus. Milagrosamente os paracete s exponenciai s. a "Vila Ma­ria" e a "Vila Pentead o" sobrexis tem. A pnmetra, bastante atteradacom rerecao a ptan ta primitiv a, com dots anexos. 0 co rpo centralrnantern sua tac hada prtmitiva: enconl ra-se ainda ambtenteoa emmete a jard ins bern cuidado s e preservados co ntorme parte dos orig i­nate. muito embora tenham sotrldo a grande reoucao do co meeo doseculo. epoca em que a cb acara de D. Verid iana toi lotead a. Em 1955,nela faleceu Antonio Prado Jr . e seus herd eiros vend eram-na dois anosdep ots ao Clu be Sao Paulo.

A Vi la Pentead o, felizmente tombada pe lo Conselho de Deteaa doPatrim onio Hi stor lco do Estad o - COND EPHAAT - em 1978,encontra-se sem as jard ins primit ivos, sufoc ada entre as mumeroaeditic tos que a circundam. Todav!a. ambas ainda se de stacam peloseu valo r hist6r ico e arquitetcnico, pete que signific aram para a ci ­dad e e pelas reminiscencias que evocam.

14) Vide sene evorouve de reco rtes de Ioma-s score eococce nn ooutancs em Hig ien6­polis. inseridos no tinaI oeste capitulo .

Page 175: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

174

Foto 74 - Asoectc atuar ca casa de D. vencrana da Si lva Prado. Foto da aurora

Fato 7S - Aspec lo atual da casa de D. Verid ,ana da Silva Prado Falo oe aurora

Page 176: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

•. ....• • •• • • •~....•...I •• • • • ,..... ...

•• • •••... ....

J ' . ­I.'._.I.',.'. ",. '..",.". "... "" "

175

Foto 76 - A "Vila Penteaoc" note. Foto de Cristiano Mascaro Labora t6rio Fctoq raucoFAU-USP,

Page 177: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

500~

3 :.s<lO$oQo7: 500t000 1

8 :~00IJ

10 :000$00oIO :~'

IO :~!IO :~IS :llIJO$I,>:;l"!10 :soo$oooII :,;00$0001 2 :o:::ofooo12 :SOO$ooo14 :~

I "'~,IS:ooo$ooo I."

Page 178: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

...... ""* -"1": ~.=~~';'or:/~' ';:.'=.'~(~'G:;:;.1 ' ''". ...,.. " Ihll _" "" . ...la htol_... " _ 0. h .. I"0114 ,_. a•••,.. h •• ". 0 .• • •_ . PIoo • • f • • '" (4 '. Coo.... ,,.,.... f •. """'0_"~I wet9rl~'='OOO ..10T, ,-,.. J,...... UUtIdllu ~.< _ , ,PvoJ-. _ II .0.'_. I II .. D' '... . II H. II h_lo..'.'_ . 040 I "'_ ,,_....,-., "' ..•• .t ....• , C<l "' • •• F-., GIl F•• rtN" "'"'" .._ .I_W _ ''1l11....... ,.. .........._.,.. ....., .. 110 ..,. , D llO- 10 0 11.", , I ..,.. "' ..----.,. , ......, . ... , _ •• _, c r••~,_ .. tn! , ,,",_ . • O G&I.."""'s ,"' ....'" .. f1••_ IoCI".'.'I.OI'U _ '1011

-- 3 DORMS. (1 SUITE)

HIGIEnOPOLIINO MELHOR PONTO, A.'. VICENTE Of "AULA 417f ino t ,.,to,." _ ...., __,~.......... ".-lniQP-................dI~, ~ .. (I _ ~

PI'''''~'''''''''d.~ ,FINANCIAMENTQ "AOf'Aln 41£ eo MESU. SEM COM"AOV4CAQ OfRENDA.. fNTREG4 '11II£01.'4 EM EXPOS1C40 <.!'•• • , ( {1. 1' d (lr ,

'""AS!'!M!v~n~!!¥.'S~"~A .. ''''' I,,".eu 12 73 - Ion. ' 65.66\:12 262.6 371

1,1j

1

o n"OO ot l "U\O~ I'!" .: _'

'el. "12.....2." - ID"-aia.

EmHigien6polis com toeb avista do Vale do Pacaembu,4 donnil6rios (2 suites)2 W""com closet pI.....IM) pln uta denu,. JIIntlr. 3 &6 m' de 111I, «merottlmbutodos, 3 btnhetro5, COPH:OZ1MII, .... cae.lfn09Cl. ....de~,~ d,p,1I0'IIC"de empl'egacM. 208r~Olcon.uIIOl'1 d. LOPfSntH-,.re t _d,spoIl(;ao Pl.ntio d• ...-nei.1 no R\6I &It­~rd Etodood. Sow., 439.

,,~~_.••_~_ • ._t..... ,_ l- ...

\" ." ,1.,, '1'11 1\'1' I ' lI'RI'I "\ l)I\l r "\ 111'i 1"l ' llI l l , R Il l';; ,, 0\." 11 , ,,,.,,1." ,,,, I ... ,., I ," " , I ",. ,. I ~ ."" l.,r 1 , '. ' ,",', :

.' 1I 1 . '1 ~ ;". .'I"'·';I~ , . 11"" ::", .'11 ·1-.1"- < .' :1·:11'" ,I' ,U\j.dlamQ.tro

"""_UU"_I~ .1.-1.......,.. 1_ ,...1•• " .,., .._ , 4 ••Io U. ' ." " ••_ .••••••b... ...... c:. '••l"'••••. OIo o IR....'" .,""R, _ ."""'so..... l..n' 1oC1_"

1.0 . 11 _"OI~' 7.~~"".---

,I

I·L_ A,.I TAMI NTO' Y'N"'M·"

Higienopolis-4 dormitoriospreco total Cr$ 1.265.000,00.

Amplo living. lavabo. 2 banheiros com box de aluminio • arrnarios embutidosrsvestidos e todo acarpetado em nylon. garagem (2.3 opc ionall e 2.000 m2

de jardins e piscinas e gerador proprio. preco total: Cr$ 1.265.000.00• entrada de Cr$ 76.900 ,00 • poupanca amplamente facihtada •

Cr$ 829.876,40 (4.259,49 UPC) tmanciados atraves da CEFem 15anos• visite apartamento decorado • Rua Albuquerque l.ms, 992.

Page 179: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

178

1I~1I11116 ~nOpOlllA chance que tao cedo

nao se repetira:

11~1!116 ~n -POl II3 dorms. (1 suite)· pronto para morar.

Nem sempre 0 ~hado..e aristocWtjeg bajao de HjgjenOpolisnos d3 esta oportunidad e, mas alaaindaexlste: aptos. novas,emeleqanteedif.estilomediterraneoemplenaavenidaHigieno.polis, 968. AptO$.de3donns.(1suite), sala,2banh.sociais,cozi­oha, area de servlco, depend. de em r..ga~m. 0 edit. contaaindaclum . . .. . . e2J)(Xl rtrdandopara Olia:..- 1a e . Nasproxim.,jlxcelenfes cglegioseo yerde encanto da.praca Buenos Aires.SINAL: CRS60.000.CHAVES:CRS 60.000. MENSALIDADE:CRS 20.294.(E voce pod. usar 50u ,----::-- -,,----,,----,FundodeGarantia,alem denegociaro imovel de sua propriedade.)AV: HIG1ENOPOLlS, .968.• atil21 h. '- -'

"0 Estaco de Sao Paulo" de 29 de julho de 1979

Page 180: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

e"pmasXlminulosda Faria lima.e Infra..atNIUl'3 tcda pronta.eTodas IS rua.s asfa!tMIBs (oomguias

e sarjI:tas)..1Jll dememirio.• Rcdedc"potjYd.• PonariaCOllI vigi1Incia diae noite.eA.o IadodeFORSI Hills.e Em rrartt II) SJo FernandoGolf

Cfub.

P........ enlnlda e50 presta\iles a partirde

5.800

Page 181: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem
Page 182: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

181

CONCLusAo

A tomacao do Bairrc de Higien6pol is vincut a-se a 'urn per iodo danossa hist6ria do "cate''. quando as fazendeiros passaram a ocupar-sedas primeiras industries e do comercio. 0 Bairre surg iu quand o acidade S8 tornou a grande subsid iana da riqueza ceteeira. Data deentao 0 pr ime iro surta mats importante de expansao da rede urbanamotivada perc cresc tmentc oemoncenco e pete mstetecac de elemen­tos indicatives da chegada do progresso: terrcvta. uomtoacao . siste­mas hidrauticos. energla eletrica. bande a nacao animal e depois aelemcidade. etc.

A lnic latfva partua de um grupo de anqto-saxoes que se incfulam entreas primeiros estrangeiros aqu i radi cad os a pa rtir de mead os do secutopassado. Eram comerc tentee e profi ssional s liberals . que formaramuma nova ctasse recem enrlqu ectda nessas attvidades. Foram atraf­des pel as condrcces privilegiadas que 0 local oferec ia: tranquftidadee isotamento. em snoacao mais elevada , nas encostas do espiqaomestre do maci co. face Norte, tatores que Ihe conced iam um c1imamats ameno - de onde 0 nome Hiqienopotis.

Em breve, 0 empreend imento tot prestiqtado pela nova geracao daelite do cafe, e os outros elementos de projecao em Sao Paulo, quevieram lnstalar-se no Bairro, em cont inuidade a marcha que a bur­gues ia paultsta empreendeu pela cidade ao de scer a celina lustonca.marcha esse represenlada por seus bairrcs mais caracterlsticos:Santa Efig€mia e Campos Ell seos; e, depois de Hig ien6po tis e daAvenida Paullsta, 0 Jardim America e Jard im Europa, cheqandc.

. atualmente, ao Morumbi.

Page 183: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

182

Hig ien6polis to t revetado r de um momento de nossa europeizecaocuftu rat. em q ue se substttulrarn a msonacac local e nossas trac tccescolonials portuguesas petos modelos importados diretamente dasgrandes capi tais eurcpeias e cent res industrials . A Franca retomavacomo a g rande inspi radora cutturat enquanto a fnqtaterra. Atemanna eSutca. sobretudo a pr imeirs. tinham seu maior papel no setor econc­mica e tecmco. Chegavam alim entos. mate ria is de construcao. ti­vros. revista s. moda , tecr ncas cc nstrutrvas e estnos de arquitetura eate consnucoes compietas. Os velhas sobrados e c asas lerres s detalpa. passararn um a urn, a ser subs tttufdos petas construcces detiiotos.

A contiquracao do Ba irro denotar ia antes de mats nada a opulenci a deseus morad ores. bem como retletma a aneracao de nossos pad roes devid a cobrindo- se de patacetes nos mats vanados estuo s da arquiteturad aqueles parse s eurcpeu s. eooca q ue corresponoeu ao Ectetismo.Portanto, Higien6poli s rep resenla Sao Paul o europeizad o.

Foi essa elite do c afe da passagem do secure q ue promoveu 0 gra·tmismo em Sao Paulo e a vida eleg ante que a ci dade conhecta pel aprime ira vez. Hlqtenopcns servma. exatamente de cenanc para 0

desenvotvimento de sse period o de nossa Hist6ria Soc ial . Sua tnftuen­cia se estendena a certas ruas de Santa Ceci l ia e de Vila Buarque queconstttutram verdadetros eoeocnces de Hiqtenopotts.

Ap6s a I Guerra Mund ial, Hig ien6polis comecou a sotrer a concorren­ci a d a Avenida Pautista. cuios patacetes mats numerosos e de maie rluxe. atestavem a consoncacao de um novo poder econermco: a indus­

. tria, qua setod a em maos daq uetes imigrantes que prosperaram. Nessaepoca. perd e seu corso diaric para a Aven ida Paulista.

0 0 ponto de vista da ocooecao. a area nistoncamente liga-se a umada s formas mats antigas da posse da terra, isto e. a institulcao cassesmartas. Evohnu da d ivisao de uma prtmitiva sesmarta dos padr es[esultas. a co mecar por tres grandes extensoes. e sua subd fvtsaoposter ior em chacaras. para cheg ar a fase urbana.

Ao momento da to-macae do Ba irro de Higien6poli s denominamosperlod o vaureo" porq ue nete se evid enc taram as caracterlsticas de umdo s capi tulos rnais Importantes de nossa historia . quando Sao Paulolnlciava a traietorla que 0 tevaria de sua pobreza secular a Estado Uderd o pais, e sua capi tal , ao posta de pr ime ira c tdade em lmpcrtanci aecc nomtce. trajet6ria que teve no "ouro verde" sua mota mestra.

A part ir de 1930. ano assmareoc petos eteitos q ue 0 "crack" de 1929 setazta m sentir no Brasil e pe la aevoruca o. cujas ccnsequ enc ias foramprotu ndas na nossa socio-eccnomta e counce. teve mfctc uma se­gunda etapa da vida de Hiqiencpolis . em que a primazia de Baine d osmutonano s de Sao Paulo e dos mais eleqantes da cap ital toi perd ida

Page 184: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

183

detrmtivamente para a Avenida Pautista. as Bairros-jardins da zonaOeste eo PacaemM.Enquanto se expand ia a classe media e a c idade conhec ia novasformas de morar, deu-se inlcio ao processo q ue levaria a"d escaracte­riZ8l;:80" de Hig ien6pot is. a! compreendidas a chegada dos primeiroseleme ntos d essa crasse e as mar utestecoes pi onetras d e seu cresc i­mento vert ical. Nesse momento ficaria patente a dec adenc ia d oBairro. Sairam familias irnportantes. houve divisao de alguns totesentre herdeiros. muitos palacetes ficaram fechados. enquanto outrosse transformavam em escotas. pens6es ou ate em cortices. Perd ia-seaeslm a sua exclustvidad e residencial padrao A. Nessa epocacbservou-se destqnaceo " travessa da Angeli ca" para a Avenida Hi­gien6poli s.

Na etapa atual que pode se- balizada peres anos 1950 ale nossos d las.a eececoracac tmobitiarta vottou-se para 0 Batrro. usutrutndc de suatradtcao. Sign ifica a "renovaca o" para Hig ien6polis, 0 inlcio de umanova era de revalorizacao dos espaccs. Aquelas alteracoes obse rve­das no estaqto anterior, se precipitaram. 0 que determinou a metamor­tose sofrida pel o Bairro e tevcu asaturacao da area, ou sera. 0 espac oacabcu senc o ocupaoo per arranha-ceus. em prejuiz o de sua memo­ria, apenas esporadicamente evocada atraves de um ou outre rema­nescente residencial. Se. por um lad e. os privilegios de que eradetentor benettctam nos d ias de noie urn numero maier de rrcredcres.por outre deu-se a perda da quauc aoe de vida , tenoneno que , arias,se observou com reracao a toda a ctdade.

Page 185: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem
Page 186: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

185

BIBLIOGRAFIA

Fonte s pr imarias "aO publ icadas

- Arq uivos particulares

Ana Cand ida Ferraz SampalcEscrit6rio Germa ine Luc ie BurchardLalma Mesgravis

- Argu ivos publicos

Arqui vo Historfco Munic ipal "Washington Luiz":l ivros de obras partic ulates 1890- 1905Institute de Estudos Brasileiros. Universidade de sao Paulo:documentos e notas reun id as por Artur Cerq ueira Mendes em pastadesignada "0 . Veridiana Prado"Museu Pauhsta: arqufvc Agui rra

- Depoimentos:

Antonio Cand ida de Mello e SouzaArmando LebetsAlfredo MesquitaAlice Pacheco GuimaraesAna CAnd ida Ferraz Sampa ioAugusto Freitas (falec ido)Caetano Fraccarol iCalc Prado JuniorCiro de Freitas

Page 187: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

186

Calc RamosDanc a PradoGustavo Neves da Rocha FilhoJaime Buarque de Hottand aJoaqu im Muller CarfobaJovina PessaaMaria Helena Prado Ramos (fatectda)Maria Luc ia Marcondes de MattosOlg a Ekman SimoesPaulo DuartePaulo de Barros tnnoa CintraPaulo de Mattos BarretoPaulo Ptlnlo da Silva Prad oRene de Lima YazakiSerg io Buarque de Hona ndaJ. Fernando de Alme ida Prad o (au Yan de)

- Fontes prim arias publicadas

AYRES NETTO, Gabri el. C6digo de ob ras "Arthur Sabov a''. SaoPaulo , Ed. LEP ltd a. 1947.

ECA DE QUE1AOZ, Jose Maria de . Cartes int imas. Porto - Lisboa.1948.

Leis e aetas do Municip io de Sao Paulo do anode 1916. Sao Paulo.Casa vannorden. '917.

Leis e Resolucoes dB CAmara Munic ipal dB Capita l do Estado deSao Paulo, 1892-1915.

Estudos ge rais , espec iais e subs idiarios

AS'SABER, Azis Nac ib . A cidade de Sao Paulo: estudos de geografiaurbana. Sao Paulo, Ed . Nac ional . 1958.

ARROYO, Leonardo. Igrejas de Sao Paulo . Rio de Ja neiro, Jose Olym­pio, 1974.

AZEVEDO, Arold o et alii. A c idade de Sao Paulo: estudos de geografiaurbana. Sao Paulo, Ed . Nacional, 1958. 3 vol.

BARROS, Gil berto Leite. A ci dade e 0 planalto : processo de domtna n­c ia da c idade de Sao Paulo. $ao15aulo , Mart ins Fontes . 2 vol.

BAZZANELLE, Watdomiro . tndustriatiz acao e urbanlaacao no Brasil.America Lati na VI. 1. (jan-mar. 1963) p. 3.27, 2 vel.

BRUAND, Yves. Arc hitecture con tem orain e au Bresil. Tese de oouto­rament o apresenta a Universldad e de ans. Litle . 1973.

Page 188: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

187

BRUNO. Ernani Silva. Hist6r ia e tradicoes da cidad e de Sao Paulo.metr6 ole d o cafe 1872-1918 - sa o Paulo de a ora 1918­1 rcac especra so 0 patroctmc a ormssao 0 I en­tenano da cida de de sao Paulo, 2.a ed .• Rio de Janeiro. JoseOlymp ia. 1954, 3 vets .

BRUNO, Ernani Silva et al ii. Sao Paulo, terra e pova . Porto Aleg re.Gleba , 1967.

CAMARGO. Paulo Ftorencto da Silveira. A i~reja os hisl6ria de SaoPaulo. Sao Paulo, Instituto Paulista de Hlstona de Arte Refrqicsa .1952.

CANABRAVA Ali ce Pifler . As chacaras paul tstanas in. Anais d BAsso­ci acao dos Ge6grafos Brasileiros. (1949- 1950). Sao Paulo. 1953,vol. IV, I. l.

CARVALHO, Afonso Jose de. Sao Paulo anl ig o (1882-1886) . in: Revistado IHGSP. vol. XLI. Sao Paulo. 1942.

CHAVES. Pa...heco. Provinc ia de Sao Paulo. Betatcrtc apresentado aoExmo. Sr. Ptesidente d a Provinc ia de Sao Paulo peta ComissaoCultu ral Central de Estattstica composta peres srs.: Dr. Elias Anto­nio Pac heco e Chaves (Prestdente). Dr. Dom ingos Jose NogueiraJaguaribe Filho, sr. Jose Joaquim Viei ra de Carvalho, eng . AdolloAugusto Pinto . Ab Bio Aurelio da Silva Marques. Sao Paulo. r too­g ratia King . 1888.

DANON. Diana Dorathea e TOLEDO. Bened ito Lima de. sao Paulo:"Belle eocoue''. sao Paulo, Ed . Nac ional e EDUSP, 1974.

DEAN, Warren. A industrializ acao d e Sao Paulo (1880-1945). SaoPaulo, DIFEL. 1971.

DEFFONTAINES. Pierre. Mascat es ou pequencs negociantes ambu ­lantes do Brasil. Geografia II, 1936.

DELORENZO, A. Neto. 0 Municieio da capi tal de Sao Paulo e a reg iaometro~ol itan a A perspectlva da Grande Sao Paulo As~ectossociol gicos A re/orma politico -adm in istrativa . Traba has epesqutsas da Faculdade Munic ipal de Cienc las Economicas eAdmin istral ivas de Osasco. serte Estudos e Monografias n.c 2.Osasco, 1967.

DENNIS. Pierre. Le Bresil au XXe siec le. Paris, Li brairie Armand Colin,1911.

EGAS, Eugenio. A c idade de Sao Paulo in: Revista do IHGSP, vet. XIV,1909

ELLIS, Alfredo Jr. Ca~itulOs da hist6ri a social de Sao Paulo. Sao Paulo.Ed. Nac ional, 1 44.

Page 189: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

188

ELLIS. Myriam. Cafe , l iterature e historia. Sao Paulo. EOUSP, 1978.

FARIA, Terezinha Paiva et al i i. Decadelncia do cafe numB comunid adevate-Peratbana. Guaratmqueta. 1973.

FAU~;rO, Boris. Peguenos eossios dB hist6r ia dB Republi ca 1889­~. Sao Paulo. CEBRAP, 1972.

FERNANDES. Ftorestan . Folders e mudanr;8 social os cidade de SaoPaulo. Sao Paulo , Anhembi. 1961.

FERNANDES, Florestan et alii . Comunidade e soc iedade no Brasi l:leituras basicas para a introduIX8o 80 esludo macro-sociol6g icodo Brasil. Sao Paulo . Ed. Nacional e EDUSP, 1972.

FERREIRA, Mig uel A. de Barros . Meio seculo de Sao Paulo. Sao Paulo,Metnoramentos. 1945.

FREITAS, Affonso A. Trad~ao e remi niscencias paulistanas. 2.a ed. ,Sao Paulo, Martins, 1 55.

. FREYRE, Gilberte de Mello. Sobrados e mucambos: decadelncia dopatriarcado rural e desenvolv imento urbane. z.e ed.. Rio de Ja­nei ro, Jose Olympio , 3 vets .

GAFFRE, L. A. Visions du Bresil. Paris , Ed. Alhaud , Alves e Garc ia,1912.

GA RCEZ, Bened icto Novaes. 0 Mackenzie. Sao Paulo, Casa Ed. Pres­biteriana, 1970.

GRAHAM, Mar ia. Diarfo de uma viagem ao Brasi l e de uma estadanesle pais durante parte dos anos de 1821, 1822 e 1823. SaoPaulo, Ed. Nac ional, 1959.

GRAHAM, Ric hard . Gra-Bretanha e 0 infcio da modernizaCao no Bra­§.!!. Sao Paulo, Brasil iense, 1973.

JUNIUS, ou DINIZ, Firmo de Albuquerque. Notas de viagem. 2.a ed. ,cctecao Paullstic a. Gove rno do Estado de Sao Paulo, 1978, vet. V.

IGLt SIAS, Franc isco. Artesanato , manutatu ra e industria in: Anais doIII Simp6sio d e Professores Universi tarios de Historia. Sao Paulo,1967.

KIDDER , Daniel. Rem ini sc~nc i as de viagens e perman~ncia no Brasi l(1837-1844). Sao Paulo, Mart ins, 1940,2 vole.

KOSERITZ, Carl von . Imagens do Brasi l. Sao Paulo, Martins , 1943.

Le Bresil en 1889. Syndicat du Cornite Franco-Bresllten pour rexpost­ttc n Universe lle de Paris. Paris, Librair ie Charles Delagrave, 1889.

LAN GENBUCH, Jurgen Ric hard . Estruturacao da Grande Sao Paulo eestudo da geografia urbana. Rio de Janei ro, IBG E, Instituto Brasi-

Page 190: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

189

lei ro de Geografia, Departamento de Documentecac e Divulga­CaD Geoqrattca e cartccrauce. 1971.

LEMOS . Carlos A. C. 0 MIS eos ricos. Farha de Sao Paulo , 29-Q7-1977.

LEMOS. Carlos A. C. e LEFEVRE, A. Sao Paulo e sua arguitetura:Colo nia e Imper io . Sao Paulo, Ed . Nac ional e EDUSP, 1974.

lEVI, Darre ll. A famil ia Prado. Sao Paulo. Cultura 70,1977.

LOPES, J. Brandao. Desenvolvimento e mudanli8 soci al: forma~ao dasoc iedade urbano-industrial do Brasil. 2. ed., Sao Peu 0, Ed.Nac ional, 1971.

LOWRIE, S. Harm an . Ori gens da populacao da ci d ade de Sao Paulo eouerer ctacac das classes socials. Revista d o Arguivo Munic ipal,vel. XLI II, jan. 1938 , p. 195-212.

MARQUES, Gab riel. RUBs e tradi lio es de Sao Paulo: ums hist6ria emcada rua. Sao Paulo. Conselho Esladual de Cullura.

MARQUES, Manuel Eufras!o de Azevedo. Aponlamentos histonc os.eo rsl icos. bio rsl icos, eslatisticos e notlCIOSos da Provinc ia deao au o. I joteca 1St nca DU Isla. rmssao 0 lenten ­

rio da cidade de Silo Paulo, 1954, 2 vola.

MARTINS. Antonio Egyd io. sao Paulo anl igo 1554-1910. Sao Paulo.Diario Oficial. 1912.2 vols .

MONBEIG, Pierre. La croissance da la vill e de San Paulo. Grenoble.Institut et Revue de Geographie. 1953.

MOREIRA PINTO, Alfred o. A c idade de Sao Paulo em 1900. ColecaoPeuli stica . Governo do Estado de Sao Paulo. 1979.

MOURA, Paulo Cursino de. Sao Paulo de outrora: evocac6es da me­tr6pole . Sao Paulo , Martins, 1943.

MORSE. Richard . Formacao hiSl6rica de Sao Paulo: de comunidade ametr6pol e. Sao Paulo, DIFEL, 1970.

Sao Paulo, rafzes oltocenttstas da metropote in: Anais do MuseuPaul ista XIV, 1950, p. 453-87. •.

NAGLE, Jorge . EdUCt§lAO e sociedade na Primeira Republ ica . SaoPaulo, E.P.U. e E USP. 1974.

NEME. Mario. Nolas de revisao da histor ia de Sao Paulo . Sao Paulo.Anhembi . 1959.

NOGUEIRA, Almeida. A academia de Sao Paulo -trad icao e reminis­cenc ias. Sao Paulo, EdiCao comemorativa ao cinquentenario doCentro Acacermcc XI de Ag osto, 1953. 2 vots .

PEARSON, Donald . Habttacoes de Sao Paulo-estudoscomparativosin: Revisla do Argu i'to Munic ipa l LXXXI, Sao Paulo. 1942.

Page 191: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

190

PEREIRA, Jose Carlos . Estrutu ra e expansao dB ind ustria em SaoPaulo. Sao Paulo, Ed. Naci onal . 1969.

PETRONE. Pasqua le . Sao Paulo e seus homens no Centenarto. SaoPaulo, Ed. lndependEmcia, 1922.

PINHO, Wanderley. Sal6es e damas d o It Reinado. Sao Paulo, Marti ns,1942.

PINTO, Adolfo Aug usto. Minha vida - mem6rias de um en~enhe jrO

paulista. Sao Paulo, Conselheiro Estadual de Cultura, 1 79.

PINTO, Alfredo Moreira. A c idade de Sao Paulo em 1900. Rio deJa neiro, Imprensa Naci onal. 1900.

PRADO, J . Fernandode Almeida (Yan) . Sao Paulo antiqo e sua arquite­tura. llustracao Brasileira, Rio de Janeiro, setembro de 1929 .

Arquitetura de Sao Paulo em 1880. Habitat 3, 1951 , p. 50-55.

PRADO JA. Calc. 0 tater qeoqrafico na formacao e de senvolvimentoda ci d ade de Sao Paulo in: Evolu Cao Politic s e outros estudos.12.8 ed. Sao Paulo, Brasiliense. 1957.

Hist6ria economica do Bra sil. 12.8 ed .. Sao Paulo, Brasiliense.1970.

PRADO. Maria Ceci l ia Nacleri o H. et alii. Vi la Penteado. Sao Paulo,Sec retarta de Cienc ta e Cultura e Tecn oloqia, Faculdade de Ar­qu ltetura e Urbanismo da Unlv erstdade de Sao Paulo, 1976.

QUEIRO Z. Suel y R. R. Sao Paulo (18 75-1975), do cafe a industrializa­9aO.°Estado de Sao Paulo. Sao Paulo. 11..01 ..1975, SuplementoCultural do Centenario.

RAFFARD, Henrique. AI~uns d ias na Pauticela. Revista d o tHGB, vel.LV, II parte, Rio de anerro. 1892.

REIS FILHO, Nestor Goulart . Quadro de arguitetura no Brasi l. 4.8 ed .,Sao Paulo , Ed. Perspecttva . 1978.

RIBEIRO, Jose Jectntno. Cronolog ia paulista. Sao Paulo, 1899, 3 vets .

SAIA, Lu iz. Morada paulista . Colecao Debates. Sao Paulo, Perspe c­tlv a. 1972.

SAINT-HILAIRE, Aug uste. Se unoa Via em a Sao Paulo e uadrohist6rico da Provinc ia e ao au o. ao au 0 , artrns.

Via em aProvin ci a de Sao Paulo e resumo da s via ens ao Bra sil.rOVIOCla is latina e iss6es 0 ara uai . .8 ed . iblioteca

Hist rica Brasltelra. ac Paulo , artin s e USP. 1972.'

SALMONI, A. e DEBENEDETII, E. Arch ittetura ital iana a San Paolo. SaoPaulo, lnstttuto Cultura l ital o-Bra sileiro, 1955.

Page 192: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

191

SAMPAIO, Teod oro. Sao Paulo no seculo XIX. Revista do IHGSP, vel.VI,1900-1901.

· 0 tup, os geografia nac iona!. 3.8 ed., Bahia, 1938.

SILVEIRA, Joel. Gra-tinos em Sao Paulo, in: Diretrtzes. 1945.

SINGER Paul. Dese nvolvimento economico e evorucac urbana.Anal ise dB evol ucao eco nOmics de Sao Paulo. Blu menau. PortoAlegre, Beto Hor tzc nte e Rec ife. 2.a ed ., Sao Paulo, Ed . Nacional,1977.

· Urbanizaci6n y recursos humanos: 81 casa de SanPablo. Trabajo elabo rado para el grupo executive de la GrandeSao Paulo, 6rgano de la Sec retana de Economia e Planejamentode l Estado de San Pablo , Buenos Aires, edic fones SlAP, 1973.

SOLANOWSKI, Marl y. Almeida Ju nior: um esbo 0 b io raf ico-iconogrl)f ico . Rio de Janeiro , ME -INAP-FUNAR 1 me-dito).

SOUZA, Everardo Valli m Pereira. A Pauticeia ha 60 anos. Revista doArg uivo Municipal CX1. Sao Paulo, 1946, p. 53-65.

SOUZA, Gilda Rocha de Mello e. A moda no seculo XIX: ensaio desocio log ia estetica . Separala da Revlsta d o Museu Pautlsta. N.S.vot . V. p. 7-94 .

SOUZA. Ped ro Luis Pereira d e. Casa Barao de lquape . Sao Paulo,1959.

STIEL. Waldemar Correa. Historia dos transportes colet ivos em SaoPaulo. Mc Graw Hill do Brasil e EDUSP, 1978.

TAUNAY. Affonso Escragnoll e. Historia de Sao Paulo no seculo XVIII(173541765). Colecao do Departamento de Cultura. Sao Paulo,Divtsao do Arqu ivo Hist6rico, vet. XXXVI, 1949.

· Hist6ria da cidade de Sao Paulo no secu lo XIX 1801­1822). Sao au 0, rvreao a rqu ivo HIs1 rico.

TAUNAY, Affonso Esc ragnolle et ali i. Sao Paulo em quatro seculos:lem a sabre alguns aspectos da hisl6ria e da eo rat ia de Sao

au a e assuntos corre atos. ao au 0,

TSCHUDI. Jonan Jacob von. Via em aProvinci a do Riode Janei ro e deSao Paulo. Comissao do IV enteneno da Cidade d e ao Paulo,1953

VILL.A.RES, Henrique Dumont. Urbanismo e industria em Sao Paulo.Sao Paulo, 1946.

WALLE. Paul. L'Etat de Sao Paulo: au pays de I'or rouge. Paris, Augu s­tin ChaUamel Ed., 1921.

Page 193: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

192

· Au Bresil - de L'Uruguai au Rio San Francisco. Paris.Ed . E. Guilmolo, 1910.

WILLIAMS, Emil io. Ums vi la brasilei ra. Sao Paulo, DIFEL. 1961.

WILHE lM , Jorge . Sao Paul o Metr6pole 65 . Sao Paulo, DIFEL, 1955.

WRIGHT, Marie Rob inson . The New Brazil - its resources and attrac-tions historical desCrIptive and Indu stria l. 2.8 ed. PhIladelphia,George Barriel SOns, 1907.

ZALUAR, A. Emilio . Peregr inaf;8.0 pels Provinc ia de Sao Paulo 1860­~. Sao Paul o, Mart ins, 1953.

Publ icas:6es 8em ind icas:ao expressa de autor

- A Capital Pauli sta co memorando 0 Centenarlo da Independencla.Sao Paulo, Socledade Editora lndependencta, 1922.

- Almanaque Histonco-literario do Estado de Sao Paulo, 1896 e1903.

- Almanaque uustrao o de Sao Paul o, 1902 , 1903 e 1904.

- Almanaque de " 0 Estad o de Sao Paulo" , 1896 . 1916 e 1940.

- Almanaque do Estado de Sao Paulo de Jorge Seckler. Sao Paulo.Jo rge Seckler e Cia.. 1880 e 1890.

- Almanaque pautista ilustrado, 1896 .

- A Provinc ia de Sao Paulo, 19 10.

- Correia Paulistano, 2.° trimestre de 1908 e 1.0 trimestre 1926 .

- Impress6es do Bras il no secure XX. Londres etc. Lloyd 's GreaterBri tain Publish ing Company Ltda.. 19 13.

- Jornal do Comerc io. Rio de Janeiro, 02-03· 1960 .

Li teratura

ANDRADE. Mario de. Amar, verba intransitivo: idilio. 7.a ed. , SaoPaulo, Martin s, 1978 ,

· Contos novas . 8.a ed . Sao Paulo. Martin s, 1978.

· Macunaima, 0 her6i sem nenhum carater. 16.a ed . SaoPaulo. Mart ins. 1976.

· Pauli ceia de svairada. t .e ed.• Sao Paulo , Livrar ia Alves,1922.

ANDRADE, Oswald de. Obras compl etas II: MemMas sent imentais deJoao Miramar e Seraf im Ponte Grande. Rio de Janeiro, Civil izaCaoBrasileira. 1978 .

Page 194: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

193

BARRETO. Eliza . A (edema: contos. Rio de Janeiro. Cat edra. 1974 .

DUPRE. Maria Jose. I::ramos seis. 23.8 ed . sao Paulo. Ance. 1978.

OTAv ID . Laura Olive ira Rod rigo. Elos de urns co rrente. AiodeJane iro,Livr. Sao Jose, 1974.

SALGADO, Ptlruo . 0 cavaleiro de Itarare (cronies da vida bras ileira).2.8 ed . Rio de Janeiro, Jose Olymplo, 1937.

TEIXEIRA, Mar ia de Lourdes. Raiz amarg a. 2.8 eo . Sao Paulo, Mart ins.1961.

MAPAS

1 - PLANTA DA CIDADE DE sAo PAULOCia. Cantareir a e Esgotos . Henry B. Joyner. 1881.

2 - PLANTA DA CAPITAL DO ESTADO DE sAo PAULO E SEUSARRABALDESJules Mart in, 1890.

3 - PLANTA GERAL DA CAPITAL DE sAo PAULO,sob a direcac de Gomes Cardim, 1697 .

4 - MANCHAS DE OCUPACAo QUE ANTECEDERAM 0 BAIRRO DEHIGIENOPOllS, nos anos 1880 - da autora.

5 - PARTE DO MAPA NOVA SAO PAULOGeomapas. 1979.

6 - PLANTA DO BOULEVARD BURCHARDEscrit6rio Germa ine Luc ie Burchard .

7 - MANCHAS REFERENTE S As PRINCIPAlS RESID£NCIAS E OU­TROS ELEMENTOS DE OCUPACAO DA AVENIDA HIGIENQPO­LIS E PROXIMIDADE S ate 1930 - da autora.

8 - PARQQUlA SANTA TEREZINHAFonte: Igrej a de Santa Terezinb a.

Page 195: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem
Page 196: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

ADENDO

Tr~s residencies e um ed ilf cio como obras marcantes do Sairra

Colocamos em destaque as resfdenctas de D. Veridiana da SilvaPrado, de Antoni o Alvares Penteado e de Caia da Silva Prado, querepresentaram 0 periodo "aureo" do Baine de Hig ien6polis, bem comoo edfffcto "Apartamentos Prudencia e c apnauzaeac'', do perfodoatual. as quais tiveram seu papal denlro da Historta da Arquttetura.Nesses terrnos. apre senlam caracterlstices relativaa a uma seq uencianit ida: neoclassiamo. " art nouveau" e "art deco'', respect ivamente, earquttetura moderna .

Page 197: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem
Page 198: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

"VILA MARIA"

Avenida Higien6pol is, 18

Arqutvc FAU-USP.

Page 199: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem
Page 200: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

- '

-

..

Page 201: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

r,

- ....

,',"

t<l

I

"

.,"

"

' .

" ,

<,,•

" .',- ,

:t "..

l<,

'.,.:-'--\<-

"

,

."""\., "C'

.'

.J..

"""

;'I,'1$

y'"

r.~ ,

• ,, .~

'",

.. :,f

" , .;!

>

"' . , '

"

,."

- ...~..r'1'.,,

rr

'n",~.~..

"

:~

."

.;;.

A-"

-, .. -

•...

"

"f!'""1'11&

~),.j. -,

" ."

.,

.;::;, .";'r-'

', '~,.

",.

",:r

' .

"

;I,-»:

""

,"

,(.:~

J.~\

f. ,~.

. ,.i .

r-

"

".<

Page 202: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

oR. GENERAL JARDIM

..z..C

'"w>

AV HIGIENOPOLIS 18LOCALIZACAo

\'------' _ .

r l t u, ..

AV HIGIEHOPOLIS

Page 203: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

,I,I·I

,

> .

I+

""

.'

'.

'.

,.

f.I

.'

,.,

'.

'..'

..~

"

. '

,

II

."

1

~."

..'

'.'

'.

<

,

•. '.

'.

., ,,

.>...

..."

-,,

'.,' .

.,

.....,~ ,

)

:'

•' ..

~ " ''':':1 .~ _. M

" 1; ~ ~ "1

'.,•

,

~JI•j

. I•

"•

. ' .~ .,

I!

t,

:

,.

.,

.,

,

r

-,

.:.. ...

;.

:

,-.

"

fI

•, .

,,r.,

t-,.

)

Page 204: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

LO" '.

II

I AI( HIGIENOPOU S 18

Al'DAR TERREO

II Iru

,Q

II

I1>11J ..... ec I

~L- ~ KSi~ """,, ,.• • • L

o 0:

. ' L ' Of • • • • • •

CO ' •

I I

I

Page 205: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

I"t

i

,"

~" .

-.->!

" ,

"~ ,,.,

" ,

•,

"

', '.. .

1 '0'

,

•l

, "f~ .."".

I" .v ,", »

,~

,;"' ...

'~

, ,; ,...'

.~: ( .

,,

.. ~.,,

I

f,

tj

, ",

"

" ,

'f!': '" .

,;

':!' .

, ,

.,.

""" ,

", ,

e' ,-

~:

"

..".".

.,. . l... ·

~, ,

"

"

-,

,~'

"

; ..

.-~-)

"

'.,

".'",

" ,--

,

,

Page 206: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

1

AV HIGIENOPOLIS 18I ~ ANDAR

-

~IIICiII I

- \.........,

oo ".. " ou o

DO """O "'OH • l l

"uo

Page 207: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

.'

" '

"

,

"

i'

t

, ,.::... -.,

" ,

•"

:j,.J

1I

, ,.

. -I

,

"

..,~

, "I,

"' ~

.' \;,

r.

" -

"c" ,

',;" ,

"."

,,

..,.

",

•.-

.,

'"

, . )-

.... .

"." ," ,

; ,"

',!li'>!

, ,<"

"

,

'" ," '

I

",

;, '~.' ' ~" ~:i:'K.'~ •

"

';.' ,

.;~.'.

, ,

Page 208: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

- t----< -- - - _.

I, r-' II~ O UP . R I . ... ~ H O O uA ' T O Q u. R T O ~

]I r-

III II '1 rL -IIIII

1/ -> ~ I

" A l l• A ll" ,. . 0 ... . .. .. .. CO" .. ...

'" l' / 1, Lr----- I

D ,.......J I ' -". Ou'u /~""" L I L

• •

I .. .. l • $ o u " • T 0 ' •• " 0 O U '" TO

IIL II

F=-

AV HIGIENOPOi./S 182~ ANOAR

Page 209: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

"

t.- ~ ...

~" "',. ~..

- '"),"'t- .J.-..-- V-;"•

"

.,M.':",

"- e,.."

,:'>,' ~,

i: .,,

".:" ,

"1H,,I ' , , ~'

• .. •I ,~.",

••,,;f.• ..•

, " •"-"•f1

-~ •,

" ~ ~ ...'",. ,

,-,' ,

' ~

1

. ~~.

'~'

t ,

".'

" j

.'i';~~

S'<ii, , ,

"

~ ,

"

- "c -"

, ,•

I~

," ,t~·

",

"

, ..""~

~, " M~ ,

":.~

•" ,

, ,

t.

.. '.,

,.- ..•.." ::}J'F'!i•. .....~:~;ll ,~ ' ..

"

, ,

r

'" tl\ ,'1 , .--~-

Page 210: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

,,,,

1- ____ __,,_ L ri

C OS' ~ M . ~ . 0 [ G .

f-

I L..- a ' l •

II 0 - 0 - -'-I--

II 1I1I11--'/ _____1-

-r::: li'lCO . II [DO II

I .Il E a

I.. 0 - -'-

~U IlV I CO I ,17 J L ,.....J

-1··.. .... · ,0

- ' ..... ' T•• ' O

'--OI$ ' [ "S ... . ... L ... .. AL" Oc 0

,...- i=' =

.,

,rj'o H • • • .L f-f

'0

.,

, - ­,I

,--- - - ---_.

AV HIGIENOPOLISSUBSOLO

Page 211: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

•,

Page 212: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

"VILA PENTEADQ"

Rua Maranhao, n.c 68.

Levantamento:Alberto da Silva Prado

21 1

Page 213: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem
Page 214: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

I\

...

..

. - .

'\

. .. .

:;.... "

. C JJ:/ fC=:]1

-

Page 215: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

..

..

....-

..•

~. ,.

..

l ..•

•n • • ..

' , , , ,

II.MTiA1DiG , ..IWSSP7r' ia____._.a..

j

Page 216: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

,....'..I-t_ ..__.­.-S 1__...._..­f - ' _

' -00_.._.. ..-.0-_ .. ___IO ·L_ ..a. e...Is ·e.._... - -.,·Oeo '.-­If· f .._

,..,.....--­IIO-t _ _ ...-­u·_~""" ....._.._" --n·'_a · _ .. _IJ · e••• .e-_I.·t_ ._10 -0._

'1·_ ..­11'_"-_.. ...-o ' 11I.I.Cla·_

OCUPACOES

­._----..._.~,­----'- ­-----...-­e._ .... __.._.... _-f ...

....10---, ., ..--_ .._ _---­._-~.-­-

- • OS"­._--_.._.­_._..-_.._..­_.._..­_.._..-.-........._..._...-_._ ..-.... .. --n ••,,-....-'---,....-,_ ..-­_._-_.._...........<----.-.-

Page 217: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

..

/..

,

••

,,

..

..

.-~ -

••

..

..

••

. :..-..-

Page 218: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

"'IlIl"C,A . _

.. g.- • '­1----,._ .. -..._....­,._-.--,._ ...­,._ .. _.­' ·0•••,• •• _ ••_.00 ·_ .1 · 1_...I. · D_ ....­"._...­.­n'._" __...._.. _.......... .. ._-• -00_ ....._ .• . D•• • " . " .

n - '...._ ...- ..-n ·..._ .... _......-.­. ·Do, , .. _........-....-

OCUPACOES

------'H.~._.--_._..­----""'.. .. ­D• • _..._........ .._­..... .. _..lk _ .. _

c " _ ., ,..., 1...•• bC.__­.----....-. .. .._.. -_.:_.._..-_..- .. -

_....._._­___ c__.. _ ,.....------------_ -'-' --......--...._ ....---_.M..._ .. --'"_oo ..__._.- .-.­.----

..... ... ..".-m DII ID I .. CI .. " DDI

..

•o"'''' l DADf. · " "

Page 219: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

•I ' , . 1

'1_...LL

·'

••

I

I

PLANTAPORAO

, •

••

.-jI :i:! iii Ii ji

I

I

1

Page 220: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

~'tOE IICI" • 1910

1- ...d'Q .~ ·V.., t1. C. O5 -Y••tll .O.~

4 - O.pciolt.~- O""ol!o6-0. pooit.7-D.p"~.

ALTE RA COES....... '," ou'o F"'C ULO"'DE - 19 6 1

D HOdE - 1919

OCUPACOES".CUL O...OE - 1951

G. ' m••D• •".". d. " a, .,lal . do g. 'm lo0'."' ''0G•• ,le....1..... .. II.do"'1_ do. """'......'0. do Q"/rI''''U . ... . 0 d • • o" ,o

ALTURAS

•• ""'''0~ 1,0 0"

VaQ'

'"~V . ~ .

VaQ 'O. p<i.".Vo ••Y.~.

HOdE • 19 19

• ES1RU1U R... t OIiST AN1E D 2,8 0 ..

Page 221: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

e••

Page 222: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

"RESID~NCIA CAIO DA SILVA PRADO"

Avenida Higien6polis. n,c 3

Arquivo Calc Prado Jr.

221

Page 223: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem
Page 224: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

...•

- r,

•I ,

u

u · ... • .. . _

' .y

; : / ' ..,~" ; ! .-s- ", •.

l ' "l Il ' . I

JI ,

. .. . I II

'"'L-..- ,.__

O • • ' • • •• '- " 0 • • . ..

·I- - ,,. r-•, f

-=.r@'.:;-:P r-I . .: ~

. ,

r ~,,

• .r:· .

.; 'f ~ 1

I ".'1. 1 .r :1J!i

,. ".. ' ? l

',' 1' II'o . I • I· f • • ~t.- "t,

,· \

.:.

, ,

-

I, '~1

Ir-

.~'e

••

........ ....

,,

,.

l"EB] i'I' 'J (~H1I - 1 ' ....~

- ,I == .' 'c', "'-=-"1I • I

l•!

•,,s•--

o ,- ,· ." ..· , .... '!' ~.. ~ .:q :o . •s I ~" .o I:• •,

2•- ,· .· .:. ;:, .· ,• •

•,•• ·

,···• ·• ,,·· ·· • ,·

-

Page 225: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

o

' 1.... I

DC .·

·....·•..!:,.·

~~t

I ~::..It

III•l = c. .: . ..

~....-.. ...

• •.... l..•

OJ

.." ",,i !, I!·

--·.- .-

-~

- 71 :.:• •

. . .

~. _.- . -":· ..-

'lC

c),

. .

Page 226: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

• •

· .'· -

~ ::

,• •

r;:1( -~-]

~~

-D'~ :

0 ~.. ,.,.,'.., . , ~'.. ,. . • ".r ,.

ITTI m•• •• • ;..'

IT] m'" " ..... ., .- ...- ,-.., ..~~ ". ""... '-,•- z,.

~-

Page 227: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

,

- - -- --, .I :-t:l - i 1

~ ~• :1i E~- 'il••", " .-., .-1.1

"

r,,-.-:; :', . . '.. .

l ..I'---- .

[- -_.__ .­

D -

,.':

~~ i. :;

II,!

'.~•, =

rrf-'·_·",Ll. . __,

•--

Page 228: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

-.....__ ,~ , ., . ... ._..

"tt' ."1'7".......---_.._._.-_..-.......

,.,

.., .

'.... ' '' ~ '' ... . ~ . .. '''010• M .. . I)o ·

fT~TI"...... . . I' .hi '---.-. ....-..' . . 1 - -- . _ ••• • ._ - r- . _--_ . t _ .-

-I .." IJ·'4 ....- ~ j 'I'" .

..~ .. ~r..i~~• .~.,

I~..

<>

.- '-''' ,

o 0- .

..

..

Page 229: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

: t ~ ttll(. ' 1 ,~ , r . ~t.:, ~ t U (, , ' 0 " ;;" 1'" ' IU v '

'."" ." ...., .u.•" <1'' M" . I ~ '

C-·-.... ... .. : .... . ' ' ..

III: ' • .:... ..,. _ . , ~..

, !

::. .

...-.~. ",'

-

ti..··:l,' ~I :~ : :l " .- 'IIIIIi,I: L ~-

~r~ · . :~ ... , · .1• . : ;al"'". --..... .'- 'Il

... ....: ~ , .

--l ' ' .

." ,." •,., .......

Page 230: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

·u .\ u r ll( ll .0 [.I.~O :lll' Pl. ~ II O

. . ... . _" ~O IO" ~ - ) t,,,. ," ,

-'LO" " ... ,0).'-0-

I .I • .

qa

t,... " . I .

l. r-J i-J. ~

fA :l ll Vi H ID O 'H' ... .. .- .

.... '.

&Q ]

L• .-. -..•

• l •

••

•• •• ••

• •

r '~.~"· · · ~~

[

.....J. ,OM " • •

_ C " .

~ ' --'- - .

.".". ,.. ." " .-

"

.J

Page 231: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

,..."

:

- ,-- ---

......... ......

, "

, , , •

,.. - .........."

-

t,

- +-- -- --- - " f- -j- -

III-

"':'1I

. • .

... II I ,

Page 232: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

" APARTAMENTOS PRUD~NCIA E CAPITALlZA~AO·'

Avenida Higienopol is

Arquivo FAU-USP

231

Page 233: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem
Page 234: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

--­.."

__,. . 1-

Page 235: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

••

••11

1I,

..

I,', .; .

" .ffi_T,W

/~ - . ;/ - .....,-,-~ .

-

[ .,. ,, - ;

,-uI. II· f- ..

II.'.

~ "'"

-

•---

~ ....

I

I

I I

Page 236: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

•..

I•

51co

To

o ~co

co

--- _._--~-~---

N ---• ~ ....., C ;:

Page 237: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

12~

16

o17 17

10

EI.

£V

AI)

OR

ES

I·R

lsell

'.\I

SP.LEV

.\DORE.~

DE

SE

R,n

4;O

HA

I.L

.\iPR

IN'C

II"A

ISH

AJ.

I.s

DE

SE

R\'

I4;O

EN

TR

AD

AS

PR

INC

IPA

lSE

ST

RA

UA

SD

ES

ER

VIf

;OS

AlA

SD

ST

AR

BIB

UO

TE

CA

SW

W.

CC

,T

RR

RM

;OS

IAR

DIN

CO

RR

ED

OR

ES

1) "31 ".) .. 7)

81 "1

0)

II)

o17 17

pot n

rli5

12'"

15

11~~::..J~

';'~j~

-i4

63

Ia

D,..

..12 8

Dlt

CIM

OS

EG

UN

DO

PA

VIM

EN

TO

Page 238: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

ESTE NUMERO. DECIMO ssneo DA SEAlE HISTQAIA DOS BAIAAOSOf sso PAULO.FOI COMPQSTO E IMPRESSO PELA GRAFICA MUNICIPAL DE sAo PAULO PARA ADIVISAO DO AAQU IVO HISTQAICO DO DEPARTAMENTO DO PATRIMONIO HISTQ­RICO DA SECRETARIA MUNICIPAL DE CULTURA DA PREFEITURA DO MUNiCip IO DESAo PAULO. EM SETEMBRO DE HUM MIL NOVECENTOS E OITENTA. SENOQ PRE­FEITO 0 DR. REYNALDO EMYGDIO DE BARROS. SECRETARIO MUNICIPAL DE CUL­TURA 0 PROF. MARIO CHAMIE. DIRETOR DO DEPARTAMENTO DO PATRIMONIOHISTQRICQ 0 PROF. MURILLO MARX E DIRETOR DA DIVlsAo DO ARQUIVO HISTO­RICO 0 PROF. EDUARDO DE JESUS MORAES DO NASCIMENTO

Page 239: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem
Page 240: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem

PROGRAMACAO GRAFICA

Secac Tecnica de Divulgacao e PubticacoesCAPA: Avenida Higien6polisArte Final: Ronei Bacell i

Page 241: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem
Page 242: Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano, de Maria Cecília Naclério Homem