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t Jornalismo da Famecos 5 estrelas no Guia do Estudante hi per exto Porto Alegre, janeiro/fevereiro 2011, Ano 13 – Nº 84 Versão online: http://eusoufamecos.pucrs.br Eles seguem no páreo O refúgio da juventude nos verões de chumbo Em busca da liberdade, eles descobriram a Praia do Rosa na ditadura militar 36 anos atrás, jovens gaúchos descobriram a Praia do Rosa, a 70 quilômetros de Florianópolis. Era assim o Jardim do Éden Fotos Arquivo Pessoal/ Tonico Alvarez A garotada dos anos 70 esquecia a ditadura militar em uma prancha nas ondas do litoral catarinense durante o veraneio Uma missão na Vila Fátima Padre Rubem dos Santos Página 2 Júlia Ramos/ Hiper Turfe está esquecido da mídia Página 9 Hipódromo do Cristal fora dos holofotes Joana Barboza/ JM DESAFIO: como corrigir erros do Enem? Pág. 3 Samuel Maciel/ Hiper Página 6

Hipertexto Janeiro/Fevereiro 2011

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Edição de janeiro/fevereiro de 2011 do jornal Hipertexto, produzido pelos alunos de Jornalismo da Famecos (Faculdade de Comunicação Social - PUCRS).

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Page 1: Hipertexto Janeiro/Fevereiro 2011

t Jornalismo da Famecos5 estrelas no

Guia do Estudante

hiperexto

Porto Alegre, janeiro/fevereiro 2011, Ano 13 – Nº 84

Versão online: http://eusoufamecos.pucrs.br

Eles seguem no páreo

O refúgio da juventudenos verões de chumbo

Em busca da liberdade, eles descobriram a Praia do Rosa na ditadura militar

36 anos atrás, jovens gaúchos descobriram a Praia do Rosa, a 70 quilômetros de Florianópolis. Era assim o Jardim do Éden

Fotos Arquivo Pessoal/ Tonico Alvarez

A garotada dos anos 70 esquecia a ditadura militar em uma prancha nas ondas do litoral catarinense durante o veraneio

Uma missãona VilaFátima

Padre Rubem dos Santos

Página 2

Júlia Ramos/ Hiper

Turfe estáesquecidoda mídia

Página 9

Hipódromo doCristal forados holofotes

Joana Barboza/ JM

DESAFIO: como corrigir erros do Enem? Pág. 3

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Página 6

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abertura

2 Porto Alegre, janeiro-fevereiro 2011hiperextot

hipersider

Por Natália Otto

A Vila Fátima, localizada na zona leste de Porto Alegre, é assim chamada em homenagem à santa Nossa Senhora de Fátima, mas seu padroeiro tem outro nome. Desde sua chegada na região, em 1987, Rubem dos Santos é o padre da comunidade. Mas este é apenas um dos papéis que ele desempenha.

Em sua sala apertada e escura, o bageense de 72 anos recebe os moradores aflitos. Eles lhe pedem conselhos de todos os tipos, bênçãos que transcendem a religião. Sobre a mesa, santos cujos olhos se fecha-ram e retalhos de jornais antigos, páginas amareladas indicando tam-bém a cegueira do governo. “O go-verno nos abandonou”, lastima. Sua voz é sempre muito baixa, quase um sussurro, é preciso aproximar-se para ouvir o que tem a dizer.

Nascido em 18 de setembro de 1938, em Bagé, Rubem dos Santos veio para Porto Alegre aos 14 anos. O encontro da vocação foi tardio, entrou para o seminário apenas em 1978. Antes, estudou Economia e trabalhou no judiciário. “Mas sempre com o objetivo de ajudar a juventude”, ressalta. Com esta meta, Santos entrou para a Igreja e chegou a morar por um ano no Amazonas, na cidade de Altamires, à beira do rio Xingu. Apenas depois

de já ter feito a eucaristia é que o religioso veio para a Vila Fátima, onde encontrou um cenário de completo descaso.

A comunidade abriga aproxima-damente 200 mil pessoas. Tráfico, fome, falta de saneamento, luz e asfalto são alguns dos problemas enfrentados pelos moradores todos os dias, e combatidos há anos pelo padre. Da pequena igreja onde acontece a missa de sexta-feira à casinha de dois andares na qual atende os habitantes, quase todas as construções da área passaram pelas mãos do religioso. “Eu construí tudo isso”, conta, mas não há presunção em sua voz. O tudo a qual se refere ainda é muito pouco. “Antes, aqui não existia nada”.

Os feitos de Santos não passam despercebidos pela população local. Ninguém se esquece da odisséia do religioso pela Prefeitura de Porto Alegre, Câmara dos Vereadores e a Secretaria do Desenvolvimento, nos idos de 2002, para cobrar o asfaltamento das ruas. Depois de muita insistência, as exigências foram atendidas, mas do jeito torpe da política brasileira: a fim de economizar asfalto, as obras estreitaram as ruas. “Agora, não passam nem carros”, reclama San-tos, e conta que, às vezes, é preciso que crianças o guiem pelas ruelas estreitas da vila, para que ele chegue

ao endereço de determinados fiéis que aguardam seu auxílio.

Ao abrir a porta de ferro que leva à Casa da Criança, o padre é recebido com uma fila de abraços dos pequenos residentes. Todo agradecimento é pouco ao homem que carregou as tábuas de madeira responsáveis pela estrutura do local, considerada “a menina dos olhos da região”. A casa, construída com o dinheiro vindo de doações, acolhe jovens dos sete aos 14 anos no turno inverso da escola. “É a única maneira de mantê-las longe do tráfico”, confessa.

Hoje, o padre tem um novo projeto, construir uma Casa do Idoso, para abrigar os anciões da região. “Aqui, quem mais sofre são as crianças e os velhos. O resto se vira”, explica. “Os idosos ficam so-zinhos a maior parte do tempo, e na maioria das vezes têm dificuldades físicas e psicológicas e precisam de acompanhamento”. O plano, pronto há quatro anos, transita entre as secretarias da Capital, sem nunca ser posto em prática.

Mas ele não desiste. “Esse ano ainda sai”, acredita. E desce pelas ruelas que ele mesmo ajudou a pa-vimentar, em sua peregrinação não de santo, mas de homem – embora já não seja mais possível dizer ao certo, tão tênue tornou-se a linha divisora dos dois.

Camila premiada

A jornalista Camila Rodri-gues, 23 anos, formada pela Famecos em 2009, emplacou seu primeiro ano como repórter fotográfica do Correio do Povo de Porto Alegre com dois prêmios. Conquistou o primeiro lugar em fotografia, com o trabalho Sem Barreiras, no Prêmio Brasil de Esporte e Lazer, entregue pelo ministro dos Esportes, Orlando Silva, em Brasília, em 16 de dezembro. Três dias antes, em Porto Alegre, ela foi um dos ven-cedores da 12ª edição do Prêmio de Jornalismo Ministério Público do Rio Grande do Sul, com fotos que documentaram reportagem sobre apreensão de caça-níqueis, publicada no Correio em 15 de outubro.

Camila aprendeu fotografia como estagiária do Hipertexto desde a entrada da faculdade em 2005. Permaneceu no jornal até sua formatura, chegando ao cargo de editora de Fotografia. O professor Elson Sempé Pedroso balança de tanto orgulho e alegria.

Camila Rodrigues

Elson Sempé Pedroso/ Hiper

1) Travessia para Guaíba

Um barco Catamarã deverá estar disponível, em março ou abril, para fazer a travessia entre Porto Alegre e Guaíba. Será que o transporte hidro-viário de passageiros, agora, se concretizará entre as duas cidades? Nos últimos 30 anos, o assunto esteve em pauta inúmeras vezes com anúncios de planos e projetos sem que a opção de transporte fosse viabilizada. Uma nova tentativa avança, com licitação vencida pela empresa Ouro e Prata que já tem experiência também em transporte fluvial na Amazonia.

2) ... mas o preço

Mas o grande entrave mesmo é o custo. Apesar do tempo de viagem na via fluvial ser bem menor – 20 minutos contra 50 minutos via ro-doviária – o valor estimado da passagem é de R$ 7, enquanto a tarifa do ônibus comum é de R$ 3,05 e do ônibus direto está em R$ 6,50. A empresa promete uma tarifa inicial menor em torno de R$ 5.

Projeto Rondon

O Projeto Rondon já analisou as inscrições das universidades para atuação em julho de 2011 e a PUCRS foi contemplada com quatro equipes. Estará na Operação Arara Azul no município de Bodoquena, Mato Grosso do Sul, de 8 a 24 de julho: na Operação Oiapoque, no município de Oiapoque, Amapá, de 9 a 25 de julho, na Operação Peixe-boi, município de Manaquari, Amazonas, de 8 a 24 de julho, e na Operação Tuiuiú, no município de Glória d’Oeste, Mato Grosso, de 16 de julho a 1º de agosto.

Bem-vindos

Fique ligado: as aulas na PUCRS começam dia 1° de março, uma terça-feira. Para durante o Carnaval e recomeçam na Quarta-Feira de Cinzas. Complementação e recursos referentes à matrícula serão rece-bidos de 2 a 15 de março. Aproveitamento de disciplinas, de 2 a 21 de março. Inscrições ao Programa de Crédito Educativo da PUCRS, de 9 a 31 de março. Recepção especial aos calorouros, dias 16 e 17 de março. Bom retorno.

O padroeiro da Vila Fátima veio de Bagé

Padre desempenha missão social e evangelizadora

Rubem dos Santos, 72 anos, dá paz aos aflitos e apoia as reivindicações da comunidade

Júlia Ramos/ Hiper

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ensino

3Porto Alegre, janeiro-fevereiro 2011 hiperextot

Por Cairo Fontana e Walter Ferrera

O que deveria ser o portal do paraíso acabou se transformando em verdadeiro inferno para mais de 3 milhões de estudantes que se submeteram às provas do Enem 2010. Criado em 1998 com o ob-jetivo de avaliar a qualidade geral do ensino médio no país, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) tem suscitado polêmica desde que passou a ser adotado como refe-rência para o ingresso em univer-sidades públicas e privadas. Com erros que vão desde impressão e diagramação das provas até a apli-cação, a edição 2010 virou novela.

Foram identificados pelos es-tudantes problemas nos cadernos de provas e nos gabaritos. Um dos erros detectados foi a inversão dos cabeçalhos. No caderno de perguntas, as questões de 1 a 45 referiam-se à Ciências Humanas

e, do número 46 até 90, à Ciências da Natureza. Na folha destinada as respostas, os gabaritos esta-vam invertidos. De acordo com o Ministério da Educação (MEC), os estudantes foram alertados a tempo pelos fiscais, porém muitos deles davam informações desen-contradas, o que acabou por expor uma nova problemática: a falta de preparo para aplicação dos testes.

O treinamento realizado pelos aplicadores de provas se resumiu a uma hora de conversa, apenas uma hora antes do início da prova. Al-guns, por exemplo, desconheciam o preenchimento das atas onde de-veriam constar informações como o número de candidatos presentes.

Após uma avalanche de equí-vocos, a juíza Karla de Almeida Miranda Maia, da 7ª Vara Federal do Ceará, determinou a imediata suspensão do Enem 2010 em todo o Brasil. A alegação foi de que os

estudantes foram prejudicados pelo erro de impressão nas pro-vas. O MEC conseguiu derrubar a liminar e, com isso, o Ministério pôde divulgar o gabarito dia 12 de novembro, uma sexta-feira.

Para muitos educadores o pro-blema quanto a aplicação do Enem não se concentra unicamente em erros de origem técnica, mas tam-bém estrutural, devido a enorme diversidade da cultura brasileira. “A maior dificuldade do Enem não está no seu processo de aplicação, mas no próprio princípio que o determina: a uniformidade de ava-liação num mundo multicultural”, pondera Vera Rudge Werneck, doutora em Filosofia pela PUC-RJ .

Para Fernando Antunes, 33 anos, a prova não pode ser desme-recida apenas por falhas técnicas, suas vantagens ao ensino superior devem ser observadas com mais cuidado. “Mesmo os impactantes

incidentes que ocorreram nos dois últimos exames, o que tirou certa credibilidade da banca organizado-ra e demais segmentos que fazem parte da realização da prova, acho que estes problemas se devem a má administração de algumas autori-dades”, afirma. Porém, a repercus-são pode trazer benefícios, como a revisão e vigilância constantes sobre seus organizadores.

Durante o primeiro dia de provas, a presença de três fiscais, sendo um deles homem, era exi-gida pela coordenação, o que foi cumprido. No segundo dia, en-tretanto, muitos dos registrados para a função se ausentaram, o que causou a falta de um fiscal por sala e uma cooperação maior entre eles. Segundo Bárbara Zorzetto, aluna de História na FAPA e uma das fiscais, o treinamento dos voluntá-rios foi escassa. Trancados desde as 10 da manhã do dia da prova, eles

foram privados de alimentação e poucas instruções foram repassa-das quantos às diferenças nas ver-sões da prova. “Na minha sala não teve problema, a não ser a troca do título das questões na folha de res-postas, mas nos foi passado que era para responder desse jeito. Muitos colegas de outras comentaram que estavam faltando questões ou com questões trocadas”, confirma.

Apesar das discrepâncias e consequências da avaliação, é reconhecida a importância que o exame apresenta aos jovens de baixa renda e à população adulta de pouca instrução. “A economia do país avança e o governo deve expandir novas oportunidades aos brasileiros em todas as classes. Criar e incentivar meios para o acesso a educação de nível técnico e superior acelera a diminuição das diferenças sociais, culturais e eco-nômicas do povo”, diz Fernando.

A novela do Enem 2010

Samuel Maciel/ Hiper

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4 Porto Alegre, janeiro-fevereiro 2011hiperextot

Opinião

hiper extotJornal mensal dos alunos do Curso de Jornalismo da Faculdade de Comunicação Social (Famecos), da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).

Avenida Ipiranga 6681, Jardim Botânico, Porto Alegre, RS, Brasil. Site: http:// www.pucrs.br/ famecos/ hipertexto/ 045/ index.php

Reitor: Ir. Joaquim ClotetVice-reitor: Ir. Evilázio Teixeira

Diretora da Famecos: Mágda CunhaCoordenador de Jornalismo: Vitor NecchiProdução dos Laboratórios de Jornalismo Gráfico e de Fotografia.Professores Responsáveis: Celso Schröder, Elson Sempé Pedroso, Ivone Cassol, Juan Domingues, Luiz Adolfo Lino de Souza e Tibério Vargas Ramos.

Estagiários matriculados e voluntáriosEdição e diagramação: Fernanda Grabauska,

Leonardo Pietrowski, Luísa Silveira e Marja Camargo.Editores de Fotografia: Bolívar Abascal Oberto, Bruno Todeschini e Lívia Stumpf.Redação: André Vitor Pasquali, Bruna Suptitz, Brunna Weissheimer, Cairo Fontana, Clareana Ferreira, Daniela Boldrini, Fernanda Keller, Fernando Severo, Marco Antônio de Souza, Natália Otto, Pedro Henrique Tavares, Rafael Sanchez, Sabrina Ribas, Suzy Scarton e Walter Ferrera.Repórteres Fotográficos: Aya Kishimoto,

Bolívar Oberto, Bruno Todeschini, Camila Cunha, Daniela Grimberg, Daniela Kalicheski, Fábio Henrique Gonçalves, Felipe Dalla Valle, Gabriel Ludwig, Gabrielle Toson, Guilherme Santos, Isabella Sander, Jéssica Barbosa, Jonathan Heckler, Julia Ramos, Júlia Tarragó, Lívia Auler, Lívia Stumpf, Luiza Lorentz, Mariana Amaro, Mariana Fontoura, Mauricio Krahn, Maria Helena Sponchiado, Nicole Pandolfo, Pedro Sampaio, Raquel Damo, Samuel Maciel, Thiago Couto, Vanessa Freitas e Vivian Lengler.

Apoio cultural: Zero Hora. Impressão: Pioneiro, Caxias do Sul. Tiragem 5.000Versão online: http://eusoufamecos.pucrs.br

Por Fernando Soares

Ano novo, governantes novos. Envolvida pelas promessas eleitorais, a população renova sua expectativa de que velhos problemas serão solucio-nados ou, pelo menos, amortizados. Com os jornalistas não é diferente. A categoria entra 2011 com uma ponta de esperança de que a obrigatorie-dade do diploma para o exercício da profissão seja restituída.

O pesadelo da des-regulamentação da atividade jornalística iniciado em 17 de junho de 2009 pode chegar ao fim. Após a equivoca-da decisão do Superior Tribunal Federal (STF), o senador Antônio Car-los Valadares (PSB-PE) protocolou uma Propos-ta de Emenda à Cons-tituição Federal (PEC) que restabelecesse a necessidade da gradu-ação para os profissio-nais da área. Projeto semelhante, de autoria do deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS), criado à mesma época, foi aprovado em julho de 2010.

Um ano e meio de-pois da proposta de Valadares, enquanto deputados e senadores se mobilizam em tempo recorde para decidir o aumento dos próprios salários, a PEC 33/09 teve sua votação adiada várias vezes. Quando entrou na pauta do Senado, faltou quórum. A matéria segue sem data definida para apreciação. Situa-ção que, infelizmente, se repete com tantas outras decisões importantes para o país. As necessárias reformas política e tributária, por exemplo,

seguem intocadas por pura falta de vontade.

Outra questão relativa à comuni-cação que deve ganhar corpo nos pró-ximos 12 meses refere-se à elaboração dos Conselhos de Comunicação Social (CCS) nas esferas federal e estadual. Essa possibilidade suscita debates intensos nos últimos tempos.

É possível que o CCS torne-se um aliado à democracia, configurando-

se em um canal importante junto à população e apurando irregularidades cometidas por determinados veículos. Ao mesmo tempo, a intervenção do Estado, em alguns casos, pode ser apenas um eufemismo para restrição da liberdade de expressão. Basta ob-servarmos países vizinhos como Ar-gentina e, principalmente, Venezuela, onde a participação governamental pouco colaborou para a melhoria de qualidade do jornalismo.

Os oito anos de governo Lula pro-porcionaram conquistas importantes ao país, como a estabilização da eco-nomia e a ascensão social de milhões de brasileiros. Fatores que refletem os elevados índices de aprovação da gestão de Luiz Inácio Lula da Silva. No entanto, enquanto presidente, Lula, proferiu uma série de declarações in-felizes sobre o trabalho da imprensa, evidenciando, por vezes, uma faceta

agressiva pouco condizente com sua personalidade.

Postura distinta adotará sua su-cessora. Em seus discursos iniciais, a presidente Dilma Rousseff feliz-mente seguiu uma linha diferente de seu antecessor. Dilma, que lutou intensamente contra a opressão e censura, prometeu que não cerceará a liberdade dos jornalistas e destacou que prefere o barulho da imprensa ao silêncio das ditaduras. Ainda bem.

EDITORIAL

O Curso de Jorna-lismo da Famecos formou 55 profis-sionais no dia 18 de dezembro:

Turma da manhã:Joana Pretto Cavinatto (juramentista)Renata Lopes da SilvaThaís dos Santos Trapp Edmar Martins GomesKaroline Guedes Ber-nardo Thaís Monteiro Longa-ray de Moraes Marcia Gomes Dal-molin Gabrielle de Abreu Oli-veiraFlavia Pereira Ferreira Bibiana Hegele Bolson Giovanni Caprio NetoOtto Herok Neto (ora-dor) Fabricio dos Santos Lunardi Rafaella Batista Fraga Kellen Pacheco MoraesPaula Candiago So-prana Daniela Curtis do Lago Luiza Carmona Calhei-rosDanie la de Se ixas GrimbergLuana Duarte Fuen-tefria Carolina Tavaniello Pinto de MoraisGuilherme Dal Sasso Bernhard Friedrich Schlee Roberto Cabral Azam-buja Juarez Sant’Anna Neto Gabriela Rizek Boni Karine Carvalho Ta-vares

Camila Cardoso Soares Jenifer Remião Cae-tanoJuliano Fernandes So-aresLucas Melgar Braz (re-cebeu diploma do pai Luiz Braz, jornalista e vereador)Julia Gus Brofman

Turma da noite:Ana Cecília Bisso Nu-nesDenise Karina Ernest FrizzoClaudio Goldberg Ra-bin (orador)Mateus Correa FrizzoCamila Konrath PereiraLucas de Souza Car-dosoAuã Gill Gonçalves Andrea Lontra de Oli-veira (pai Paulo Boeira de Oliveira, jornalista, entregou diploma)Bruno Schmitz Felin Laila Rodrigues Gar-roniJessica Gustafson Cos-ta Alice Klein Silva Angela Miller da RosaGabriela RodriguesGabriela Pereira Car-pes Jamille Ariane Callai Anelise DonazzoloSimone Silveira Car-doso Ellen Doris Volff Dick Rafael NakatsuiFabiana BaldoGabrielle Degiampietro Vaz (recebeu diploma do pai João Bosco Vaz, jornalista e vereador)Luana Brasil Dias

Os formandosdo Jornalismo

2011, um ano decisivo

Renovam-se as esperanças com Dilma presidente e Tarso governador

Lívia Stumpf/ Hiper

Page 5: Hipertexto Janeiro/Fevereiro 2011

política

5Porto Alegre, janeiro-fevereiro 2011 hiperextot

Por Brunna Weissheimere Fernanda Keller

O ano de 2010 marca o meio do mandato dos vereadores esco-lhidos em 2008. Durante quatro anos, os eleitos fiscalizam os atos do poder Executivo e assumem o papel de mediadores das demandas da comunidade diante dos órgãos estaduais e federais. Nesse pe-ríodo, não existe uma quantidade mínima de projetos a serem apresentados por par-lamentar. A cargo da Câmara Municipal, podem ser realizadas sessões especiais em locais da cidade e ainda audiências públicas para o debate de questões de interesse da comunidade.

A atuação dos vereadores é, às vezes, muito criticada por causa de alguns projetos criados. Muitas pro-posições, nome técnico que identi-fica genericamente as iniciativas legislativas, não passam de trocas de nomes de rua ou homenagens e são consideradas irrelevantes pela população. Dados levantados pela reportagem apontam que de 129 projetos encaminhados ao Plenário Municipal para votação em 2010, 37 são homenagens e 35 aprovados são mudanças de nomes de ruas. Juntos, somam mais da metade das proposições. O detalhamento dos projetos pode ser conferidos no site da Câmara Municipal (www.camarapoa.rs.gov.br).

Para Luiz Afonso de Melo Peres, diretor legislativo da Câmara Mu-nicipal de Porto Alegre, “a questão acerca da relevância dos projetos apresentados remete a um juízo muito particular, porque às vezes aquilo que nos parece desimpor-tante, pode ser importante para uma determinada parcela ou setor da população”. O diretor exempli-fica com diversas ruas na capital denominadas por letras do alfabeto ou por apelidos que dificultam a en-trega de correspondências. Além de facilitar o funcionamento da cidade, receber um nome oficial para a rua faz o cidadão se sentir incluído na comunidade.

Walton Carpes, assessor par-lamentar do vereador João Carlos Nedel, defensor dos projetos que dão nomes às ruas, explica que Porto Alegre tem aproximadamente 17 mil ruas e mais de duas mil não possuem nome. Carpes mostra o material que comprova a grande

quantidade de ruas conhecidas por letras do alfabeto ou números. “É uma questão de cidadania. O vere-ador defende o direito do cidadão que precisa ter direito ao endere-ço. É um princípio de dignidade”, completa. “A própria imprensa, às vezes, menospreza essa história de dar nome as ruas, até porque não

sabem o que é não ter um endereço”, se defende Carpes.

Desde 2007, a Câ-mara Municipal res-tringe as homenagens, estabelecendo “quotas rígidas para cada ve-

reador propô-las”, esclarece Luiz Afonso de Melo Peres. Sofia Cave-don (PT) afirma que em 4 anos, o vereador pode criar um título de cidadão, um troféu e duas comen-das, ou seja, uma homenagem a cada ano. “O vereador tem a maior parte do seu trabalho na função de fiscalizar. A avaliação em relação a um ato de tramitação, função fis-calizadora, toma mais tempo, pois precisa, às vezes, de atendimentos a grupos, reuniões e essa função não é quantificada. Tem que relativizar, existem projetos bastante comple-xos, geram polêmicas e duram anos. O Plano Diretor tomou um ano inteiro. Resumindo, não dá para quantificar”, pondera a vereadora.

Tanto o chefe de gabinete de Juliana Brizola (PDT), Jucelino Rosa dos Santos, quanto a asses-sora parlamentar de Adeli Sell (PT), Leila Mattos, concordam que é importante a Câmara Municipal valorizar o trabalho de determina-da pessoa para sua comunidade, o que justificaria as homenagens realizadas. Além disso, por não gerar tantas discussões, esse tipo de projeto logo é aprovado. “Quando é sugerida uma homenagem, para pessoas ou instituições, é difícil algum vereador ir contra. Então, sua tramitação é acelerada e o Ple-nário aprova rápido”, diz Jucelino. A vereadora Fernanda Melchionna (PSOL) tem uma posição diferente. “Acho uma pena que a política, infelizmente, em grande medida, tenha se transformado na arte de valorizar projetos e interesses privados, muitas vezes alheios às necessidades da cidade”, diz Fernanda. “Não significa que não tenha de haver homenagens, mas a disparidade entre nomes de rua, homenagens e projetos que de fato vão melhorar a vida da população é gritante”, conclui.

O processo legislativo inicia quando o vereador protocola o projeto, que recebe um tratamento para adequação técnica da redação. “É necessário também um parecer prévio da Procuradoria da Câmara quanto aos aspectos de constitucio-nalidade e legalidade”, explica Luiz Afonso de Melo Peres, da Diretoria Legislativa da Câmara Municipal.

Na sequência, a proposição é lida em plenário e permanece du-rante duas sessões disponível para um debate preliminar. A seguir, o projeto é distribuído para receber o parecer das Comissões Perma-nentes da Casa, especializadas nas diversas áreas da administração

pública e em disposições legais, definidas nos âmbitos municipal, regional e federal.

A próxima fase é denominada “Ordem do Dia”. Nessa etapa, o projeto está em condições de ser votado em plenário. A escolha dos projetos a serem votados em cada sessão depende de acordo dos líde-res de bancada. Mas, para chegar à Ordem do Dia, a demora é de cerca de três a quatro meses. Melo Peres comenta ainda que “este prazo não é estanque, porque podem ocorrer incidentes durante a tramitação, como pedidos de diligência, des-tinados a buscar informações ex-ternas para melhor instrução do

processo, reuniões com setores da sociedade que vão ser atingidos pelo projeto, entre outros”. O diretor Legislativo acrescenta que há proje-tos de grande complexidade, como orçamentos e revisões do Plano Di-retor que demandam tempo maior até a sua conclusão.

A assessora Leila Mattos destaca que a principal função dos parla-mentares é fiscalizar e legislar sobre os projetos e ações do Executivo. Acrescenta que “claro que é bom que os vereadores tenham projetos importantes para a cidade. Tem alguns que utilizam suas cotas e não apresentam mais nada. Mas são os vereadores que nós elegemos.”

Nomes de rua e homenagens ocupama maioria da pauta dos vereadores

55% dos projetos aprovados da Câmara de Porto Alegre em 2010 têm esse conteúdo

Como tramitam os projetos na Câmara

“A imprensa menospreza

porque não sabe o que é não ter um endereço”

Tonico Alvarez/Divulgação Câmara

Plenário da Câmara Municipal de Porto Alegre muitas vezes enfrenta votações polêmicas

Page 6: Hipertexto Janeiro/Fevereiro 2011

6 Porto Alegre, janeiro-fevereiro 2011hiperextot

especial

Linhas do Tempo, Guilherme Santos

Esforço, Bruno Todeschini

Ponto de Vista, Lívia Stumpf

Pregação, Guilherme Santos

As imagens povoam a vida das pessoas. Desde que a fotografia caiu no gosto popular e teve seus instrumentos transformados em bens de consumo fácil, todo mundo virou fotógrafo. Mas há um campo dessa prática social, a foto-grafia, que tem uma preocupação especial com o significado dos registros e os trata a partir de códigos que acabam por constituir uma linguagem. O fotojornalismo é uma atividade comprometida com a realidade, embora esta seja sempre vista a partir do ponto de vista de quem empunha a câmera. Dentro do curso de Jornalismo, a fotografia representa apenas uma das diversas áreas de interesse, mas de grande poder.

A síntese oferecida pelo esforço de recorte e significação feito pelo fotógrafo possibilita ao leitor ver a informação de uma vez só, em um único lance de olhar, ao mesmo tempo em que permite a contemplação, um retorno reiterado sobre as informações visuais congeladas no

tempo. Mas para atingir o poder de síntese, o domínio da técnica e a proximidade ao “mo-mento decisivo” de Cartier-Bresson, é preciso muita dedicação, estudo e especial talento de percepção e abstração.

Neste caminho estão alguns alunos do cur-so de jornalismo da Famecos que aceitaram o desafio de construir discursos com imagens, de aprender o que parece fácil e natural, mas cuja eficácia está longe de ser facilmente obtida. Alguns resultados estão na Galeria dos Arcos, na Usina do Gasômetro, de janeiro a março, e nestas páginas, que registram o início de percursos brilhantes. Quem são eles? Prestem atenção nos créditos das fotografias. Logo eles estarão em letras miúdas coladas nas fotos dos grandes jornais da cidade e do país.

Por Elson Sempé Pedroso,professor de Fotojornalismo

O Pulo do Gato, Samuel Maciel

Ercy Thorma e Antônio Gonzalez, Bolívar Abascal Oberto

VISÕES DO MUNDOEM EXPOSIÇÃO

Page 7: Hipertexto Janeiro/Fevereiro 2011

hiperextotPorto Alegre, janeiro-fevereiro 2011 7

especial

Movimento mágico, Mariana Fontuoura

A Ferro e Fogo, Guilherme Santos

Brasil às Avessas , Jonathan Heckler

Celebração, Jonathan Heckler

Ouro Preto, Felipe Dalla Valle

Page 8: Hipertexto Janeiro/Fevereiro 2011

esporte

8 Porto Alegre, janeiro-fevereiro 2011hiperextot

Por Fernanda Meneghetti

Depois de 32 anos fora da pri-meira divisão do futebol gaúcho, o Cruzeiro de Porto Alegre, campeão gaúcho da temporada de 1929, está de volta ao convívio dos grandes. O azul e branco da Colina Melan-cólica, estádio acima do Olímpico, no meio dos cemitérios, entrou em agonia quando seu campo foi vendi-do, transformando-se no Cemitério João XXIII. Ficou combalido em sua nova casa, no Alto Petrópolis, mas não morreu. O primeiro time gaúcho a viajar para a Europa em 1953, voltando em 1960, se ergue das cinzas. Voltarão os clássicos da capital Inter-Cruz e Gre-Cruz que terminaram no fim dos anos 60.

Após realizar uma vitoriosa campanha na série B estadual de 2010, o estrelado conquistou a chance de retornar à elite. Os diri-gentes e funcionários avisam que ele pode surpreender os adversá-rios. O clube quer fazer uma boa campanha, se manter na primeira divisão, melhorar a estrutura e au-mentar o orçamento em 2011.

O Cruzeiro garantiu a vaga na primeira divisão antes do último duelo. No dia 16 de junho, o tradi-cional time de Porto Alegre derro-tou o Brasil de Farroupilha. Com

campo encharcado e arbitragem de Leonardo Gaciba, as duas equipes somaram cinco gols no Estrelão, na zona norte de Porto Alegre. No pri-meiro tempo da partida, o time da casa ensaiou uma goleada, fazendo 3 a 0. Mas os visitantes reagiram, marcaram dois gols e a partida se tornou dramática. “Quando aca-bou a partida, foi uma explosão de alegria”, comenta o presidente do clube Dirceu de Castro.

O dirigente afirma que o apoio do torcedor foi fundamental para a equipe superar as dificuldades e garantir a classificação. “Nos prepa-ramos muito bem. Viemos de uma derrota e sabíamos que a vitória nos daria a classificação. Era o jogo para entrar na história do clube. Havia uma mobilização total, mas o tempo não nos ajudou. Esperávamos mais pessoas, mas os mais de mil torce-dores contribuíram para empurrar o time”, disse.

O roupeiro Telmo Wonsik se orgulha de ter presenciado este momento do clube. “Sou o único que participou de 100% dos jogos. Estava muito apreensivo antes de conquistar a vaga. Acompanhei o time e posso garantir que não tinha clima de euforia antes de garantir a classificação. Depois, foi uma vibra-ção intensa”, relembrou.

No dia 26 de junho, a equipe do técnico Benhur Pereira conquistou mais uma alegria. Na última partida da competição, o time enfrentou o Lajeadense e fez 3 a 0 em pleno es-tádio Florestal, em Lageado, e con-firmou o título de Campeão Gaúcho da Série B 2010. Quando entraram em campo, ambas as equipes já haviam garantido o acesso à Série A. O Lajeadense tinha a vantagem de empatar sem gols, já que havia empatado em Porto Alegre por 1 a 1 e apresentava melhor campanha. Porém, o Cruzeiro, mesmo desfal-cado, obteve uma vitória expressiva no campo do adversário.

Logo após o jogo, os dirigentes começaram a fazer o planejamento para 2011. Para iniciar a prepara-ção, o técnico caxiense Joel Cor-nelli, 43 anos, foi contratado para comandar o time na Copa Ênio Cos-tamilan, que começou no dia 8 de agosto. “Poucos dias após a última partida já começamos a operação 2011. Analisamos os jogadores na Copa Ênio Costamilan. Nosso treinador avaliou o nosso plantel e para fazer uma seleção”, comentou. O novo treinador teve até o dia 24 de outubro para observar o elenco. Nessa data, o Pelotas venceu o Cruzeiro-PA por 1 a 0 e eliminou o time de Joel.

Cruzeiro de Porto Alegre volta à Primeira Divisão em 2011 com estrutura e time reforçados

O campeão de 1929 está de volta

Após um longo período afastado da primeira divisão, o presidente Dirceu de Castro garante que o Cruzeiro entra na disputa para surpreender, mas mantém os pés no chão. “Primeiro é brigar para não cair, essa é a nossa meta. Mas vamos formar um time competiti-vo, pois queremos surpreender”. Em outubro, a Federação Gaúcha de Futebol definiu que o Cruzeiro jogará contra a dupla Gre-Nal no estádio Passo D’Areia e contra os demais clubes no Estrelão.

A primeira partida está marcada para o dia 16 de janeiro, quando enfrenta o Internacional. Mesmo com um estreia complicada, a tor-cedora Bruna Selau está animada. “É empolgante ver o Cruzeiro na primeira divisão. Espero que a tor-cida compareça aos jogos. O clube é um dos mais tradicionais de Porto Alegre tenho certeza que fará um belo campeonato com o apoio do torcedor”, afirmou a estudante de educação física.

Para fazer uma boa campanha em 2011, o presidente pretende reforçar o time. Os custos com o plantel serão mais elevados, mas Dirceu afirma que o orçamento também vai crescer. Além dos pa-trocínios, o clube conta com a verba da televisão repassada pela Federa-ção Gaúcha de Futebol. “Muda os custos, mas as verbas melhoram. Tem o dinheiro da televisão e os patrocínios. São seis vezes mais orçamento. Estamos organizados para não fazer nenhuma loucura e dar alegrias aos torcedores”.

O roupeiro espera uma melhor condição de trabalho. Telmo Won-sik acredita que as mudanças serão significativas. “Muda muito. Na segunda divisão, se vai com o que tem. Na primeira, é promessa de melhorias. Acredito que teremos mais material. Antes, o time uti-lizava o mesmo uniforme, pois as vestimentas eram lavada. Agora, teremos um bom patrocínio, vamos ter mais uniformes”, imagina.

Presidente do estreladopromete surpreender

Cruzeiro da capital foi o primeiro clube gaúcho a viajar para a Europa, em 1953, e voltou em 1960. Caiu no ostracismo e agora se ergueu das cinzas

Fernanda Meneghetti/JM

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lazer

9Porto Alegre, janeiro-fevereiro 2011 hiperextot

Por Joana Barboza

Soa o primeiro alarme. É o sinal para os desavisados. Os cavalos, guiados por seus dimi-nutos jóqueis, são posicionados nos boxes. Os expectadores das arquibancadas correm para perto da pista. A sirene toca mais uma vez; é dada a largada. Esse mesmo ritual acontece hoje apenas uma vez por semana no Hipódromo do Cristal, na Zona Sul de Porto Alegre. Antes havia mais corridas, as noturnas e nos fins de semana, como em complexos maiores, como em São Paulo e no Rio de Janeiro, que acontecem páreos até quatro vezes por semana.

Na capital gaúcha, o hipódromo tem duas pistas em circuito oval, uma por fora, de areia, e outra por dento, de grama. Apesar de ser considerado mais apreciado pela elite, o turfe é até bem democráti-co. Na arquibancada, pelos rostos que torcem pelo cavalo escolhido, é possível observar desde pessoas humildes até donos de haras.

O presidente da comissão de

corridas do Jockey Clube da cidade de São Vicente, em São Paulo, Síl-vio Senna, vê uma explicação para o fascínio ainda causado nas pessoas as corridas de cavalo. “O turfe é emocionante, não só pela beleza da disputa de um dos animais mais harmoniosos da natureza, mas também porque representa um desafio para quem aposta”, afirma o também responsável pelo Blog do Senna.

No entanto, este esporte e lazer, um dos esportes mais tradicionais do mundo, luta para seguir no páreo. Pessoas continuam indo prestigiá-lo, porém não mais como antigamente. Em Porto Alegre, milhares adeptos lotavam o Hi-pódromo Cristal no Prêmio Bento Gonçalves e outros menos famosos. Hoje, apenas algumas centenas de pessoas ocupam as arquibancadas.

Embora a atividade de criação seja tradicionalmente exercida por pessoas de classes abastadas, pelos altíssimos custos que requer, as apostas são efetuadas por turfistas de todas as classes, mesmo com pequenas quantias.

Tipo de apostas mais co-muns:

- Vencedor: também co-nhecida como ponta, é a aposta direta no cavalo ganhador.

- Placê: vale se o cavalo apostado chegar em primeiro ou segundo lugar.

- Dupla: o apostador deve selecionar dois animais, sendo que um deles deve chegar em primeiro e o outro em segundo lugar, independente da ordem.

- Exata: também conhecida como dupla-exata, consiste em acertar o primeiro e o segundo colocados na ordem correta de chegada.

- Trifeta: são os três pri-meiros colocados na ordem correta. Pode-se fazer apostas simples

- Quadrifeta: são os quatro primeiros colocados na ordem correta. Pode-se fazer apostas simples.

MODALIDADESDE APOSTAS

Velho turfe ainda leva centenas de pessoas ao Hipódromo do Cristal

O esporte mais tradicionaldo mundo segue no páreo

O espetáculo oferecido pelos jóqueis clubes do Brasil passa por uma fase turbulenta em sua histó-ria. A falta de divulgação resultante da inexistência de marketing das próprias entidades organizadoras de corridas, somadas à redução paulatina de público leitor, afastou as grandes mídias impressas, o que por sua vez fez com que o esporte não seja mais tão noticiado.

Jornalista especializado, Sen-na acredita que essa crise dá-se,

também, devido “ao amadorismo da maioria dos gestores, do ad-vento de muitas modalidades de apostas (loterias, bingos) e da falta de renovação de público (hoje a frequência é majoritariamente de pessoas com mais de 50 anos).”

O proprietário Jornal do Turfe, Marcus Rizzon, afirma que o pú-blico só vai aos Grandes Prêmios. “O turfe decaiu nas últimas duas décadas, perdeu público, não teve renovação e perdeu espaço na

mídia aberta. Os criadores e pro-prietários resistem pela paixão. As pessoas confundem o esporte com jogo de azar. O que poucos sabem é que a promoção de corridas de cavalos e venda de apostas em território brasileiro é regida por lei federal”, destaca o jornalista que resiste contra a decadência dos jóqueis clubes, editando há 16 anos um semanário com tiragem de seis mil exemplares e distribui-ção gratuita.

A mídia esqueceu o jóquei clubeEles continuam fiéis ao esporte dos aristocratas

Hoje há corridas de cavalo apenas uma vez por semana no Hipódromo do Cristal, em Porto Alegre, quase sem nenhum registro na imprensa

Fotos Joana Barboza/ JM

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10 Porto Alegre, janeiro-fevereiro 2011hiperextot

férias

Por Pedro Henrique Tavares

Abençoado por Deus e bonito por natureza. Usar um clichê como esse trecho da letra de Jorge Ben Jor é o mais adequado para tradu-zir a beleza da Praia do Rosa, um verdadeiro paraíso que se conserva em meio a urbanização. A natureza desta praia catarinense, localizada a 70 quilômetros da capital, Floria-nópolis, respira alimentada por um povo de raízes bastante distintas do universo ecológico.

Esta história começou a ser escrita há 36 anos. De Porto Ale-gre, partiram os aventureiros que começaram a trilhar os caminhos para praia que hoje é considerada uma das 30 baías mais belas do mundo. Eram jovens em busca de ondas perfeitas, estudantes que pre-feriam se recolher à tranquilidade da natureza inexplorada, fugindo da dura repressão promovida pelos militares.

A nostalgia provocada pelos verões em Garopaba motivou novas descobertas. Nelson Soares, hoje dono de Pousada na Praia, relata

que depois que foi encontrada a Praia Vermelha, continuou-se em um caminho na busca de novos lugares. “Não tinha trilha nem nada, quando encontramos o Rosa foi paixão a primeira vista”, conta.

Surfadas as ondas do desbra-vamento, surgiram os primeiros empreendimentos. O jornalista Rogério Monteiro, formado pela Famecos, conta que uma das prin-cipais motivações para se adquirir um terreno na Praia do Rosa era a baixa valoração. “A terra era mui-to barata naquela época, eu, por exemplo, comprei esta terra onde hoje tenho minha pousada com a minha mesada”, relata o também atual dono de pousada.

No entanto, os pioneiros da praia não tiveram apenas con-templação e surfe. As dificuldades eram um desafio constante para quem quis se estabelecer no Rosa. Monteiro conta que, no início, não havia luz, nem água. “Foi um tempo difícil. A água vinha em carro de boi, armazenada em tonéis”, explica.

Hoje, o Rosa pertencente ao município de Imbituba e conta com

mais de 300 pousadas. Nos dias atuais em que grandes construções dominam as praias mais conheci-das do Sul do país, a Praia do Rosa impressiona pela preservação da natureza, resultante de uma cons-ciência ecológica que prosperou e resistiu até agora. Por exemplo, não é permitida a construção de casas em uma área acima de 30% do terreno e com mais de dois andares.

Monteiro e Soares contam que, nos primei-ros tempos, o Rosa era um local de plantadores de mandioca, que torna-va muitos locais descam-pados e sem arborização. Atualmente, andar pelas estradas de chão batido significa se maravilhar com a crescente quan-tidade de árvores que compõe a paisagem. “Di-ferente de outros lugares, as árvores têm crescido muito aqui nos últimos tempos, principalmente depois que pararam as plantações de mandioca”, relata Soares.

Praia do Rosa, a mais bela catarinense

A paixão pelo jornalismo nunca abandonou Rogério Monteiro. Antes de se estabelecer na Praia do Rosa, ele trabalhou nos jornais Folha da Tarde e Zero Hora. Apesar de morar no litoral catarinense, Monteiro decidiu que não iria largar a profissão. Assim surgiu a revista Rosa Shock.

Monteira relata que, no início, gostava apenas de escrever notas a respeito de assuntos pontuais em uma folha e deixava algumas cópias

pelos estabelecimentos da praia. Mais tarde, o negócio começou a tomar corpo quando lhe propuseram que transformasse a ini-ciativa em uma revista. “Um amigo deu a ideia de fazer uma revista. Pensei, por que não?”

Hoje a revista Rosa Shock conta com cerca de 200 anunciantes e com seu toque espe-cial de bom humor faz matérias a respeito do

cotidiano do Rosa, dando dicas para turistas, indicando os melhores res-taurantes e as pousadas. “Temos dois números por ano, durante o verão, porque é a época de maior movimento. A revista é de distribuição gratuita e tem repercussão bastante satisfatória”, relata Monteiro.

Gaúchos se refugiaram no litoral de Santa Catarina durante a ditadura

Jornalismo praiano

Os fundadores da Praia do Rosa nos anos 70

Foto Divulgação

Arquivo Pessoal

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férias

11Porto Alegre, janeiro-fevereiro 2010 hiperextot

Por Guilherme Bartz

Lembro-me da estréia do maestro Isaac Karab-tchevsky à frente da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (OSPA), no dia 14 de março de 2003. O teatro na Avenida Independência estava lotado e a expecta-tiva do público deixava o ar mais pesado. A primeira obra executada naquele concerto, em tom solene, foi o Hino Nacional, seguido da abertura O Guarani, de Carlos Gomes, outro “hino” representativo do Brasil. Após assistir a extensa apresentação, o público deixou o teatro satisfeito com a regência competente de Ka-rabtchevsky. Naquela noite de 2003, ficou claro para todos que a OSPA entrava numa nova era.

Mas, o que se ouviu também naquele concerto, além da excelente música, foram as palavras emocio-nadas do presidente da orquestra Ivo Nesralla, que exultou a vinda do maestro internacional e reforçou que, em breve, a OSPA ganharia sua nova sede. Os ouvintes mais antigos lembraram, naquela noite, que a história da sede inédita, na verdade, já vinha sendo contada há mais tempo... O fato está virando uma lenda urbana porto-alegrense.

De 2003 para cá, pouca coisa mudou. A cada

ano se promete para “o ano que vem” o novo teatro. Importantes questões ambientais e fatos esquisitos sempre surgem como empecilhos para a construção do empreendimento. Assim, há anos, a OSPA vem “improvisando”, para usar um termo musical. An-tes tocava no teatro da Independência: as audições sofriam intervenções de buzinas de automóveis que não afinavam com a música. Desde 2008, a orquestra evoluiu: ensaia romanticamente com os pombos numa sala provisória no Cais do Porto.

O fato é que uma sala de concertos construída especialmente para a OSPA faz muita falta. Não há como formar uma orquestra distinta sem uma sede apropriada. Um salto havia sido dado em 2003, com a vinda de Karabtchevsky. Os porto-alegrenses souberam reconhecer isso. Porém, parece que até o grande regente se entediou na espera pelo novo teatro. Agora, perdemos o maestro e sequer vislumbramos o primeiro tijolo do empreendimento. Espero que a vinda de Tiago Flores na função de diretor artístico traga mais renovação aos vários projetos da OSPA. Até quando ouviremos repetidamente “Nonas Sinfonias” e “Concertos de Brandemburgo” em salas eternamente provisórias?

Por Natália Otto e Marco Souza

O clima de férias não impediu que em 16 de dezembro, 15 jovens – em sua maioria recém formados no Ensino Médio – viessem à Faculda-de de Comunicação Social (Fame-cos) da PUCRS para as Oficinas de Verão. O evento teve como objetivo ambientar os calouros no local que frequentarão a partir de março de 2011. Os bixos conheceram professores, os futuros colegas, as instalações da Famecos e os alunos veteranos, além de realizarem ofici-nas práticas. “A transição do colégio para a faculdade é uma mudança muito grande”, explica o professor da Famecos, Fábian Chelkanoff. “A idéia é que os calouros passem por algumas experiências que eles vão enfrentar no futuro”.

O dia começou às 9h da manhã, quando os novos alunos foram recepcionados pelos professores Fábian Chelkanoff e Cristiane Mafacioli. “Quem faz parte deste dia volta em março diferente”, Chelkanoff diz aos calouros. “Já

conhece a Famecos, o estilo. En-fim, as coisas ficam mais fáceis”. Depois da introdução, na qual os professores falaram sobre o amor à Comunicação e o que é “ser Fame-cos”, a relações-públicas e ex-aluna Maíra Rolim conversou com os aprovados no vestibular de verão sobre mídias digitais, em especial as redes sociais.

Depois da palestra, os calouros seguiram para um tour pela facul-dade, visitando estúdios de vídeo e áudio, o saguão e, por fim, o bar. Após um intervalo para o almoço, os estudantes foram ao estúdio de TV para fazer a oficina de captação de vídeo com celular, com os pro-fessores Cláudio Mércio e Roberto Tietzmann. A seguir, os calouros se dirigiram ao estúdio de Fotografia Publicitária para realizar a oficina de Fotografia. A professora Cristi-na Lima apresentou aos alunos os principais equipamentos e técnicas da foto publicitária, enfocando também as demais áreas – Jornalis-mo, Relações Públicas e Produção Audiovisual.

A última oficina foi a de pro-dução de áudio, com o professor Ticiano Paludo. Os calouros foram convidados a montar um progra-ma de rádio sobre suas primeiras impressões sobre a Famecos. A satisfação foi unânime: “só tenho

mais vontade de vivenciar todas essas experiências”, comenta a bixo de Relações Públicas, Natália dos Reis Ferreiro.

Às 17h30min, as Oficinas de Verão terminaram com a entrega de certificados aos participantes

e muita expectativa por parte dos calouros. “Mal posso esperar para que as férias terminem e eu possa voltar”, diz Bruna Lauermann, ca-loura de Jornalismo. “Quero apro-veitar todas essas oportunidades”, comenta animada.

Felipe Dalla Valle/ Hiper

Oficinas de Verão para bixos na Famecos Aprovados no vestibular de verão

conheceram os estúdios da faculdade

Professores recepcionaram os calouros nas férias, foi um primeiro contato com a faculdade

OSPA sem KarabtchevskyARTIGO

Divulgação Ricardo Jaegger

Maestro Isaac Karabtchevsky à frente da OSPA

Page 12: Hipertexto Janeiro/Fevereiro 2011

Porto Alegre, janeiro-fevereiro 201112 ponto final hipertexto

Por Fernando Soares

Kabangu, Kaluyituka e Kidiaba. O torce-dor colorado jamais esquecerá esses nomes. Os três jogadores do Mazembe, da República Democrática do Congo, protagonizaram a derrota mais dolorosa da centenária história do Internacional. Ao perder na semifinal do Mundial para a equipe congolesa, por 2 a 0, o clube gaúcho viu o sonho do bicampeonato se esfacelar. Nem a conquista do terceiro lugar, após vitória sobre o Seongnam, da Coreia do Sul, atenuou o tamanho do fracasso.

Na noite de 14 de dezembro, o Interna-cional entrou em campo no Mohammed Bin Zayed Stadium, em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, objetivando dar o primeiro passo para a conquista de seu segundo tí-tulo mundial. O adversário era o campeão africano, o Mazembe, que havia derrotado o Pachuca, do México, na fase anterior. No entanto, o que era para ser o início de uma caminhada vitoriosa tornou-se um pesadelo.

Mesmo sem exibir o futebol vistoso que culminou no título da Libertadores, em agos-to, a equipe dominou as ações no primeiro tempo, mas todas as chances pararam nas mãos do goleiro Kidiaba. Os africanos, de-sordenados em campo, deixavam enormes brechas na defesa, perdiam todas as divididas aéreas e cometiam erros primários de mar-cação. A fragilidade do time congolês dava a impressão de era questão de tempo para o colorado tirar o zero do placar. Além disso, parecia que o time gaúcho estava jogando no Beira-Rio, pois contava com milhares de torcedores nas arquibancadas. Estima-se que cerca de 10 mil colorados viajaram ao Oriente Médio.

Antes do jogo contra o Inter, Lamine N’Diaye, técnico da equipe de Congo, anun-ciou que estava preparando uma surpresa para a equipe gaúcha. Celso Roth, coman-dante colorado, desdenhou e rebateu dizendo

que “quem muito anuncia, pouco faz”. E no segundo tempo N’Diaye pôs seu plano em prática. O Mazembe começou a explorar o lado direito da defesa do Internacional e propôs um jogo baseado na velocidade de seus jogadores.

Aos 7 minutos da etapa complementar, Kabangu recebeu a bola dentro da área, dominou-a e desferiu um chute indefensável no canto esquerdo de Renan. O Mazembe começava a construir uma vitória histórica. O tempo passava, o time desperdiçava chances, o nervosismo tomava conta dos jogadores colorados, o goleiro Kidiaba praticava milagres de-baixo das traves e a torcida se impacientava. O centroavante Alecsandro, alvo preferencial das vaias em Porto Alegre, foi apupado também em solo árabe.

Aos 38 minutos, novamente pelo flanco direito, Kaluyituka sepultou de vez qualquer chan-ce de reação do Internacional. O atacante marcou o segundo gol do Mazembe, após pedalar sobre Guiñazu e chutar no lado direto de Renan, que aceitou de longe. 2 a 0 Mazembe, para delírio do endiabrado Kidiaba, que quicava intensamente no gramado, imitando um jacaré, animal símbolo da equipe. Uma zebra histórica. Pela primeira vez, uma equipe sul-americana não jogaria a final da competi-ção. Chegou o tempo da África, como diz a música tema da Copa do Mundo da África do Sul cantada pela colombiana Shakira.

Na terra dos xeques, deu tudo errado para o Internacio-nal. A sonhada final contra a

Internazionale, de Milão, não se confirmou. Ainda havia a decisão do terceiro lugar para ser jogada. A melancolia tomou conta dos jogadores. Um dia depois do revés, o atacante Rafael Sóbis, aos prantos na beira da piscina do hotel, teve de ser consolado por torcedo-res. “O clima é de velório”, definiu o vice-presidente de futebol Fernando Carvalho. Os colorados afogaram as mágoas fazendo compras nos suntuosos shoppings árabes e aproveitaram a viagem para passear.

Na outra semifinal, a equipe italiana da

Inter confirmou o favoritismo e derrotou com facilidade o Seongnam, da Coreia do Sul. Na final, outro passeio contra o carrasco colorado, o Mazembre. em ambas partidas, vitórias por 3 a 0.

O Inter acabou a competição em terceiro lugar, com a vitória sobre os sul-coreanos, por 4 a 2. Alecsandro, duas vezes, Tinga e D’Alessandro, que foi considerado o terceiro melhor jogador da competição, marcaram para o colorado. Não serviu nem como con-solo.

Por Suzy Scarton

Férias é sinônimo de praia, ou para aqueles alunos que não moram na cidade onde estudam, é o momento de retorno à casa dos pais. Rever amigos, criar novas histórias. Os melhores momentos da vida acontecem durante as férias. A rotina é quebrada e tudo é completamente incerto, cada dia pode representar uma aventura diferente, um acontecimento novo e emo-cionante. O sentimento de liberdade que surge durante três meses de recesso não se compara a qualquer outro que exista no ano.

Janeiro e fevereiro trazem um novo começo, uma chance de mudar o que esteve errado, o que esteve fora de ordem no ano que passou. Quem nunca fez uma lista de resoluções de ano novo no dia primeiro de janeiro e a encontrou esquecida em uma gaveta, em meados de abril? Esses rituais de começo de ano, e ainda eventos como o Planeta Atlântida e o Carnaval, dão um sabor especial à época de veraneio, aos gloriosos meses de férias.

Entretanto, há um fator que faz muita diferença nessa exaltação das férias. Sa-bemos que é provisório. Sabemos que em março, as aulas estarão lá, nos esperan-

do. Sabemos que haverá mais trabalhos, mais provas, mais preocupações – e já na metade de fevereiro ou ainda em janeiro, ansiamos por isso. Queremos de volta nos-sa rotina, aquela que desprezamos tanto, porque a rotina nos dá certeza que estamos seguindo em frente, caminhando por um objetivo, uma recompensa que chega ao final do ano.

O início de ano é época de descanso e de renovação, esperado pela grande maioria dos estudantes. Mesmo que os estudantes conciliem faculdade com trabalho, estar de férias da faculdade significa ter alguns meses de puro sossego. O trabalho, seja

ele qual for, engloba algumas horas do dia. Entretanto, ao se voltar para casa, é possível se desligar. Ninguém fica insone ao pensar no trabalho do dia seguinte, nas noites gastas planejando trabalhos ou estudando. Férias da faculdade significam deitar no sofá depois do almoço e simples-mente esquecer que o mundo existe.

As férias se tornam tão interessantes porque representam uma pausa antes de mais, antes da continuação da vida como a conhecemos. É o louco intervalo de dura-ção determinada, o qual se torna especial por ser assim: determinado, temporário, efêmero. Breve.

Mazembe atropela sonho colorado

O intervalo tem seu valor

Fracasso: Internacional finalizou o Mundial de Clubes na terceira colocação

Karim Sahib/ AFP

Inter escondeu tanto o futebol no Brasileiro que não encontrou em Abu Dhabi

Crônica