90
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL HISTOMORFOMETRIA, MICROTOMOGRAFIA BIDIMENSIONAL E TRIDIMENSIONAL, TESTE DE NANODUREZA E COMPOSIÇÃO BIOQUÍMICA DO ESTOJO CÓRNEO DE BUBALINOS Bruno Moraes Assis Orientador: Prof. Dr. Rogério Elias Rabelo GOIÂNIA 2015

HISTOMORFOMETRIA, MICROTOMOGRAFIA … · ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA . PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL . ... MICROTOMOGRAFIA BIDIMENSIONAL E TRIDIMENSIONAL,

  • Upload
    buitu

  • View
    223

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: HISTOMORFOMETRIA, MICROTOMOGRAFIA … · ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA . PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL . ... MICROTOMOGRAFIA BIDIMENSIONAL E TRIDIMENSIONAL,

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL

HISTOMORFOMETRIA, MICROTOMOGRAFIA BIDIMENSIONAL E

TRIDIMENSIONAL, TESTE DE NANODUREZA E COMPOSIÇÃO

BIOQUÍMICA DO ESTOJO CÓRNEO DE BUBALINOS

Bruno Moraes Assis

Orientador: Prof. Dr. Rogério Elias Rabelo

GOIÂNIA

2015

Page 2: HISTOMORFOMETRIA, MICROTOMOGRAFIA … · ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA . PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL . ... MICROTOMOGRAFIA BIDIMENSIONAL E TRIDIMENSIONAL,

ii

BRUNO MORAES ASSIS

HISTOMORFOMETRIA, MICROTOMOGRAFIA BIDIMENSIONAL E

TRIDIMENSIONAL, TESTE DE NANODUREZA E COMPOSIÇÃO

BIOQUÍMICA DO ESTOJO CÓRNEO DE BUBALINOS

Dissertação apresentada para

obtenção do título de Mestre em

Ciência Animal junto a Escola de

Veterinária e Zootecnia da

Universidade Federal de Goiás

Área de concentração:

Patologia, clínica e cirurgia animal

Orientador:

Prof. Dr. Rogério Elias Rabelo – PPGCA/EVZ

Comitê de Orientação:

Prof. Dr. Valcinir Aloísio ScallaVulcani – PPGCA/EVZ

Prof. Dr. Adilson Donizeti Damasceno–PPGCA/EVZ

GOIÂNIA

2015

Page 3: HISTOMORFOMETRIA, MICROTOMOGRAFIA … · ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA . PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL . ... MICROTOMOGRAFIA BIDIMENSIONAL E TRIDIMENSIONAL,

iii

BRUNO MORAES ASSIS

Dissertação defendida e aprovada em 29/10/2015, pela Banca Examinadora

constituída pelos professores:

_____________________________

Prof. Dr. Rogério Elias Rabelo

(Orientador)

_____________________________

Prof. Dr. Luiz Antônio Franco da Silva

_____________________________

Profa. Dra. Maria Ivete de Moura

Page 4: HISTOMORFOMETRIA, MICROTOMOGRAFIA … · ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA . PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL . ... MICROTOMOGRAFIA BIDIMENSIONAL E TRIDIMENSIONAL,

iv

Dedico esse trabalho à minha família! Aos

meus pais, Sebastião Gonçalves de Assis

Sobrinho e Maria Aparecida Lima de Moraes

Assis em especial e aos meus irmãos e amigos

que me suportam em oração e em amor.

Page 5: HISTOMORFOMETRIA, MICROTOMOGRAFIA … · ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA . PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL . ... MICROTOMOGRAFIA BIDIMENSIONAL E TRIDIMENSIONAL,

v

AGRADECIMENTOS

Toda honra e toda glória sejam dadas ao DEUS vivo! Meu único Senhor e

suficiente Salvador, a quem devo toda minha vida, tudo o que tenho e o que sou. Agradeço a

DEUS por me dar direção em tudo o que faço, me guiando pelo melhor e mais seguro

caminho. Nem sempre o mais fácil, porém, tem colocado os meus pés sobre a rocha da Sua

salvação, onde eu me encontro sempre no centro da Sua boa, perfeita e agradável vontade.

Cursar uma pós-graduação foi um presente dos céus e resposta de oração, Obrigado meu

Senhor. ALELUIA! Como é bom compreender um pouquinho de tudo o que o Senhor criou

com tanta perfeição, beleza e complexidade. Os resultados desse trabalho mostraram quão

grande é o Senhor e quão pequenos nós somos diante de Ti. Mesmo assim, o Senhor escolheu

nos amar.

Aos meus pais, Sebastião e Maria Aparecida, que com amor, cuidado e apoio me

incentivaram a retornar aos estudos. Obrigado pelo suporte e por compreenderem as

mudanças ocorridas nesse período de ausência. Vocês são a prova de uma das mais belas

manifestações de DEUS na terra. Esse amor que vem do alto e que foi posto sobre a vida de

vocês, me dá força e coragem para seguir em frente, mesmo quando as circunstâncias operam

de forma opositora e opressiva. Obrigado por tudo. Amo vocês.

Agradeço os meus irmãos de sangue, Ana Isabel e Eder Paulo e aos meus irmãos

em Cristo que tem pago um preço de intercessão em favor da minha vida e da realização desse

trabalho. Obrigado por lutarem comigo e dividir esse fardo. Ao Caíque Torres deixo minha

admiração e gratidão por me cobrir com suas orações, mesmo sendo tão jovem e ao mesmo

tempo tão maduro e por sempre buscar excelência diariamente servindo no reino de DEUS

amando as pessoas que estão a sua volta. Em especial às minhas tias Alda e Silvia, por serem

verdadeiras guerreiras de oração e por cada palavra de animo e encorajamento. Como todo

meu coração amo todos vocês.

Ao meu orientador Professor Doutor Rogério Elias Rabelo, minha eterna

admiração e gratidão por tudo o que fez e tem feito em meu favor. Obrigado por acreditar em

mim quando eu não acreditava. Obrigado pelo cuidado e sabedoria em extrair de mim algo

que eu mesmo não sabia que tinha para oferecer. Agradeço pela paciência ao me mostrar o

caminho nos momentos de falhas e equívocos ao redigir os trabalhos e nos momentos das

apresentações orais. Obrigado por me ensinar que a excelência não é um objetivo e sim um

padrão a ser estabelecido. Obrigado, por abrir as portas da sua casa e por abdicar tempo com

sua família nos domingos e feriados para me auxiliar nas atividades da pós-graduação.

Page 6: HISTOMORFOMETRIA, MICROTOMOGRAFIA … · ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA . PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL . ... MICROTOMOGRAFIA BIDIMENSIONAL E TRIDIMENSIONAL,

vi

Agradeço ainda, por sua generosidade em me permitir fazer parte de um experimento tão

grande e tão relevante para a comunidade científica, médicos veterinários e produtores rurais.

Obrigado pela parceria de pai para filho, que irá nos permitir colher muitos e bons frutos.

Tamo junto.

Aos meus co-orientadores: Prof. Dr. Valcinir Aloísio Scalla Vulcani, agradeço por

sua atenção, paciência e contribuição na construção da metodologia desse trabalho e pelas

incontáveis vezes que deixou seus afazeres para discutir e compreender os resultados dessa

pesquisa comigo. Ao Prof. Dr. Adilson Donizete Damasceno, agradeço pelo cuidado, atenção

e toda logística que permitiu ter um local de estudo para realizar as atividades da pós-

graduação e ainda realizar as coletas destinadas ao meu experimento. Muito obrigado pela

generosidade de vocês e pela parceria.

Gostaria de agradecer de forma muito especial aos meus colegas de pós-graduação

que me auxiliaram nas coletas das amostras referentes ao meu experimento. Obrigado pela

disposição e paciência em virar algumas noites comigo para que essa etapa fosse realizada

com excelência. A minha gratidão a vocês, Andressa Rabbers e Elizama Txucarramae da área

de Patologia, Clínica e Cirurgia Animal e Ana Flávia Royers, e Stanley Centurion do

programa de Pós-graduação em Produção Animal. A minha oração é que DEUS derrame Seu

cuidado e amor sobre a vida de cada um e que preencha o coração de vocês com a paz que

excede todo entendimento. Amo muito vocês meus amigos.

Ao meu amigo Darlan e a Prof. Dra. Marcia Dias do Laboratório de Análise de

Alimentos da Universidade Federal de Goiás – Regional Jataí, os meus sinceros

agradecimentos. Obrigado por gastar tempo em me auxiliar a padronizar as análises de

bioquímica destrutiva, que por sua vez, nos deu tanto trabalho. A disposição, o cuidado e o

carinho de vocês fizeram toda diferença. Que DEUS continue a abençoa-los sempre.

Gostaria de agradecer ainda a Dra. Josy Fraccaro de Marins e ao Prof. Dr. José

Benedito Guimaraes Junior que abriram as portas do Laboratório de Tecnologia da Madeira

do Departamento de Engenharia Florestal da Universidade Federal de Goiás – Regional Jataí,

para a realização da moagem das amostras destinadas aos testes bioquímicos. Essa etapa foi

determinante para a realização dessas análises. Obrigado pela orientação e disposição em

contribuir com esse trabalho.

Com todo carinho do meu coração, gostaria de agradecer imensamente a

Professora Doutora Caroline Rocha da Universidade Estadual de Goiás, por sua relevante

contribuição na correção dos seminários da pós-graduação e dos artigos que compõe essa

Page 7: HISTOMORFOMETRIA, MICROTOMOGRAFIA … · ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA . PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL . ... MICROTOMOGRAFIA BIDIMENSIONAL E TRIDIMENSIONAL,

vii

dissertação. Com toda certeza o seu apoio foi determinante para elevar a qualidade dos nossos

trabalhos.

Gostaria de agradecer aos professores doutores, Luiz Antônio Franco, Naida

Borges e Cíntia Minafra pelo apoio e encorajamento nos momentos difíceis e por me

ajudarem a entender como deve pensar e enxergar como um cientista. O meu muito obrigado

para a secretária da pós-graduação Andreia Santana, por sua atenção e disposição em

solucionar os nossos problemas burocráticos, sempre sorrindo.

Agradeço de maneira especial, a todos os membros do Setor de Cirurgia de

Grandes Animais (SCGA) da Universidade Federal de Goiás – Regional Jataí, pelo apoio,

suporte e dedicação na realização dos trabalhos. A participação de vocês foi essencial para o

resultado final desse estudo.

Que DEUS continue derramando graça, força e fé sobre a vida de todos vocês que

fazem parte da minha vida e da minha história, hoje e sempre. Meus sinceros agradecimentos.

Page 8: HISTOMORFOMETRIA, MICROTOMOGRAFIA … · ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA . PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL . ... MICROTOMOGRAFIA BIDIMENSIONAL E TRIDIMENSIONAL,

viii

“Quem é fiel no mínimo, também é fiel no

muito; quem é injusto no mínimo, também é

injusto no muito.”

Bíblia Sagrada: Lucas 16:10

Page 9: HISTOMORFOMETRIA, MICROTOMOGRAFIA … · ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA . PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL . ... MICROTOMOGRAFIA BIDIMENSIONAL E TRIDIMENSIONAL,

ix

SUMÁRIO

CAPITULO 1 – CONSIDERAÇÕES INICIAIS .......................................................... 1

1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 1

2. MORFOFISIOLOGIA DOS CASCOS DE BUBALINOS....................................... 2

3. TÉCNICAS DE AVALIAÇÃO DA MICROESTRUTURA DO CASCO .............. 5

3,1. Histomorfometria..................................................................................................... 5

3.2. Microtomografia 2D e 3D ....................................................................................... 6

3.3. Teste de Nanodureza ............................................................................................... 7

3.4. Composição bioquímica destrutiva e não destrutiva................................................ 8

REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 10

CAPÍTULO 2 - CARACTERÍSTICAS HISTOLÓGICAS E MORFOMÉTRICAS

DO ESTOJO CÓRNEO DOS CASCOS DE

BUBALINOS.....................................................................................

1

RESUMO........................................................................................................................ 1

ABSTRACT.................................................................................................................... 1

INTRODUÇÃO.............................................................................................................. 2

MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................................ 3

RESULTADOS E DISCUSSÃO.................................................................................... 5

CONCLUSÕES............................................................................................................... 14

AGRADECIMENTOS.................................................................................................... 14

REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 14

CAPÍTULO 3 - MICROTOMOGRAFIA BIDIMENSIONAL, TRIDIMENSIONAL

E TESTE DE NANODUREZA VICKERS DO ESTOJO CÓRNEO

DE BUBALINOS...............................................................................

1

RESUMO........................................................................................................................ 1

ABSTRACT.................................................................................................................... 2

INTRODUÇÃO.............................................................................................................. 2

Page 10: HISTOMORFOMETRIA, MICROTOMOGRAFIA … · ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA . PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL . ... MICROTOMOGRAFIA BIDIMENSIONAL E TRIDIMENSIONAL,

x

MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................................ 3

RESULTADOS............................................................................................................... 5

DISCUSSÃO................................................................................................................... 11

CONCLUSÕES............................................................................................................... 14

AGRADECIMENTOS.................................................................................................... 15

REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 15

CAPÍTULO 4 - COMPOSIÇÃO BIOQUÍMICA DO ESTOJO CÓRNEO DE

BUBALINOS E SUA INFLUÊNCIA NA QUALIDADE DO

CASCO.............................................................................................

1

RESUMO........................................................................................................................ 1

ABSTRACT.................................................................................................................... 1

INTRODUÇÃO.............................................................................................................. 2

MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................................ 3

RESULTADOS............................................................................................................... 5

DISCUSSÃO................................................................................................................... 8

CONCLUSÕES............................................................................................................... 11

AGRADECIMENTOS.................................................................................................... 11

REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 11

CAPÍTULO 5 - CONSIDERACÕES FINAIS............................................................... 12

ANEXOS.......................................................................................................................... 14

Page 11: HISTOMORFOMETRIA, MICROTOMOGRAFIA … · ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA . PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL . ... MICROTOMOGRAFIA BIDIMENSIONAL E TRIDIMENSIONAL,

xi

LISTA DE FIGURAS

CAPÍTULO 1

Figura 1 Aspectos macroscópicos do estojo córneo dos cascos de búfalos.

Observa-se em A - a muralha abaxial (1), muralha dorsal (2) e pinça

(3). Pode verificar em B - o bulbo do talão (*), sola pré-bulbar (1),

sola subapical (2), sola apical (3), linha branca (seta amarela) e talão

(seta branca).........................................................................................

2

Figura 2 Fotomicrografia do córion coronário do estojo córneo de cascos de

bubalinos. Observa-se em (A), o estrato basal (seta branca). Em (B),

estrato espinhoso (seta branca). Em (C) nota-se o estrato granuloso

e em (D), o estrato córneo. HE............................................................

3

Figura 3 Fotomicrografia da epiderme queratinizada do estojo córneo de

cascos de bubalinos. Observa-se em (A), o estrato basal (seta

branca). Em (B), estrato espinhoso (seta branca). HE.........................

4

Figura 4 Avaliação histomorfométrica do córion laminar dos cascos de

bubalinos. Em (A), observa-se linhas longitudinais referentes à

medida de comprimento das papilas epidérmicas, enquanto a linha

horizontal refere-se a contagem de papilas por área. Em (B), pode-

se observar a medida de espessura das papilas indicada pela linha

amarela e a medida de espaçamento entre as papilas pela linha azul..

5

Figura 5 Representação esquemática do teste de nanodureza. Em (A)

observa-se a curva de carga máxima e descarga. Em (B), pode-se

verificar que o F-max representa a força máxima (carga máxima)

aplicada sobre a amostra, o a, a área de contato projetada e a relação

Pd/Re (poder de penetração / recuperação elástica) que determina o

modulo elástico no momento da descarga da força..............................

8

Page 12: HISTOMORFOMETRIA, MICROTOMOGRAFIA … · ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA . PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL . ... MICROTOMOGRAFIA BIDIMENSIONAL E TRIDIMENSIONAL,

xii

LISTA DE FIGURAS (Cont.)

CAPÍTULO 2

Figura 1 Fotomicrografia da epiderme do estojo córneo do casco de

bubalinos. Observa-se em (A), papilas epidérmicas do córion

coronário (perioplo). Em (B), papilas da muralha abaxial. Em (C),

observa-se as papilas da sola. Em (D), o estrato basal do córion

laminar da muralha abaxial evidenciando intensa divisão mitótica

dos queratinócitos na ponta da seta vermelha. Em (E), verifica-se o

estrato basal (asterisco amarelo), estrato espinhoso (seta vermelha) e

em (F), observa-se o estrato granuloso (seta vermelha) e estrato

córneo (asterisco amarelo), HE............................................................

6

Figura 2 Fotomicrografia da epiderme do córion coronário do estojo córneo

do casco de bubalinos. Em (A) pode-se observar que maior

quantidade de melanina nos queratinócitos próximos à base da

papila epidérmica e menor quantidade em direção ao ápice. Em (1)

nota-se o estrato basal, em (2) o estrato espinhoso e em (3) estrato

granuloso. Em (B) apresenta-se a epiderme queratinizada (asterisco

amarelo). Nota-se no (circulo branco) inúmeros melanossomas

(pontos escuros) espalhados no tecido queratinizado. Em (C), na

base da papila epidérmica do córion coronário, evidencia-se intensa

produção de melanina e sua liberação para os queratinócitos, por

meio dos melanossomas (seta vermelha). Em (D), observa-se que os

melanossomas, ricos em melanina e organizados em formato de

guarda-chuva ao redor do núcleo da célula.

HE........................................................................................................

7

Figura 3 Fotomicrografia da epiderme do estojo córneo dos dígitos de

bubalinos. Observa-se em (A), os queratinócitos anucleados do

estrato córneo da sola pré-bulbar, repletos de queratina, organizados

de forma concêntrica e formando os túbulos córneos (setas brancas).

Em (B) nota-se que a estrutura da queratina intratubular assume uma

forma helicoidal (setas amarelas). Em (C) verifica-se a queratina

extratubular, composta por queratinócitos anucleados firmemente

aderidos pelo cemento (seta amarela) e no circulo branco observa-se

a grânulos citoplasmáticos de melanina. Em (D), o corpo de uma

papila epidérmica do córion laminar da muralha abaxial, em um

corte longitudinal evidenciando um vaso aferente (seta amarela) e

um vaso eferente (seta preta). Em (E), evidencia capilares no interior

da papila epidérmica (setas amarelas). HE...........................................

9

Page 13: HISTOMORFOMETRIA, MICROTOMOGRAFIA … · ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA . PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL . ... MICROTOMOGRAFIA BIDIMENSIONAL E TRIDIMENSIONAL,

xiii

LISTA DE FIGURAS (Cont.)

Figura 4 Fotomicrografia da epiderme queratinizada do estojo córneo de

bubalinos. Pode-se observar em (A), a vista frontal de um

fragmento da muralha abaxial do estojo córneo. Nota-se que os

túbulos córneos estão dispostos paralelamente uns aos outros, e

acompanham a direção do crescimento do casco, no sentido

proximal para distal (seta vermelha). Em (B), observa-se um corte

transversal do fragmento evidenciando os túbulos córneos em forma

circular (circulo vermelho). Em (C) pode-se observar a vista lateral

de um fragmento da sola do estojo córneo com os túbulos córneos

dispostos paralelamente uns aos outros e acompanhando a direção

do crescimento do casco (seta vermelha). Observa-se que os

túbulos córneos possuem uma forma helicoidal (seta preta). Em (D),

apresenta-se a vista frontal de um fragmento da sola do estojo

córneo com os túbulos córneos em forma circular (circulo

vermelho).............................................................................................

10

CAPÍTULO 3

Figura 1 Organização estrutural do tecido córneo que compõe a epiderme

queratinizada. Em (A), microtomográfica bidimensional da muralha dorsal

do estojo córneo do casco de bubalinos. Em (B) reconstrução

tridimensional da muralha dorsal do estojo córneo do casco de

bubalinos.......................................................................................................

5

Figura 2 Imagem microtomográfica bidimensional do estojo córneo de bubalinos.

Em (A), observa-se a muralha dorsal do estojo córneo de bubalinos. Nota-

se predominância das cores azul, rosa e verde claro, representando região

com maior dureza. Em (B), observa-se a muralha abaxial do estojo córneo

de bubalinos. Verificou-se predominância das cores azul, rosa e amarela,

representando uma região com dureza intermediária. Em (C), observa-se a

sola do estojo córneo de bubalinos. Pode-se observar predominância das

cores amarela, rosa e marrom, indicando região com menor dureza. O

asterisco (*) branco representa a escala

colorimétrica................................................................................................

6

Page 14: HISTOMORFOMETRIA, MICROTOMOGRAFIA … · ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA . PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL . ... MICROTOMOGRAFIA BIDIMENSIONAL E TRIDIMENSIONAL,

xiv

LISTA DE FIGURAS (Cont.)

Figura 3 Microtomografia bidimensional do estojo córneo de bubalinos. Em (A e

B), observa-se a muralha dorsal e a muralha abaxial do estojo córneo de

bubalinos, respectivamente, evidenciando a queratina intratubular de cor

rosa (círculo branco) e a queratina extratubular de cor azul e verde claro

(seta vermelha), indicando menor dureza da queratina intratubular em

relação à queratina extratubular. Em (C), na região da sola do casco a

queratina intratubular apresenta cor azul (círculo branco) e a queratina

extratubular cor rosa (seta vermelha), indicando maior dureza da queratina

intratubular em relação à queratina extratubular. O asterisco (*) branco

representa a escala

colorimétrica...................................................................................................

7

Figura 4 Microtomografia tridimensional (modelo-3D obtido no CTvol) do estojo

córneo dos dígitos de bubalinos. Em (A) observa-se a queratina

intratubular da região da muralha dorsal. Em (B) observa-se os túbulos

córneos organizados de forma concêntrica helicoidal, conforme

evidenciado pelas setas vermelhas.................................................................

8

Figura 5 Imagens microtomográficas do estojo córneo dos dígitos de bubalinos. Em

(A), muralha dorsal evidenciando o ângulo dos túbulos córneos de 90o

(seta vermelha) em relação ao córion coronário. Em (B), muralha abaxial

apresentando uma angulação dos túbulos córneos de 65o (seta vermelha)

em relação ao córion coronário. Em (C), na região da sola do casco os

túbulos córneos apresentam uma angulação de 70o (seta vermelha) em

relação ao córion

laminar............................................................................................................

8

Page 15: HISTOMORFOMETRIA, MICROTOMOGRAFIA … · ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA . PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL . ... MICROTOMOGRAFIA BIDIMENSIONAL E TRIDIMENSIONAL,

xv

LISTA DE TABELAS

CAPÍTULO 2

Tabela 1 Média (µm) e desvio-padrão do comprimento, espessura e

espaçamento entre as papilas epidérmicas do casco de bubalinos....

13

Tabela 2 Média (µm) e desvio-padrão do número de papilas/mm, do córion

coronário e córion laminar do casco de bubalinos............................

13

CAPÍTULO 3

Tabela 1 Diâmetro, percentual e número total de túbulos córneos dos dígitos

de bubalinos analisados por meio de microtomografia

tridimensional....................................................................................

9

Tabela 2 Resultado do teste de Nanodureza Vickers para o estojo córneo

dos dígitos de bubalinos, associado ao resultado do módulo

elástico...............................................................................................

10

CAPÍTULO 4

Tabela 1 Análise bioquímica da matéria seca, matéria mineral, matéria

orgânica, proteína bruta e estrato etéreo do estojo córneo dos

cascos de bubalinos pela técnica destrutiva......................................

6

Tabela 2 Análise bioquímica dos minerais, enxofre, cálcio, potássio,

fósforo, zinco e cobre do estojo córneo dos cascos de bubalinos

pela técnica não destrutiva................................................................

10

Page 16: HISTOMORFOMETRIA, MICROTOMOGRAFIA … · ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA . PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL . ... MICROTOMOGRAFIA BIDIMENSIONAL E TRIDIMENSIONAL,

xvi

RESUMO

As enfermidades de cascos, apesar de ser alvo de poucos estudos na espécie bubalina,

apresentam aspectos científicos importantes uma vez que estes animais, mesmo criados em

condições adversas, apresentam resistência diferenciada quanto à ocorrência de doenças

podais, quando comparados aos bovinos, com destaque para os de aptidão leiteira. Acredita-se

que o conhecimento microestrutural do casco de bubalinos gerou informações importantes

para melhor entendimento da resistência podal intrínseca dos bubalinos às enfermidades

podais. O presente estudo teve por finalidade pesquisar a microestrutura do estojo córneo de

búfalas adultas, raça Jafarabadi, por meio de avaliações histomorfométricas, microtomografia

bidimensional, tridimensional, teste de nanodureza e composição bioquímica. As avaliações

histomorfométricas em bubalinos revelaram características importantes ainda não

investigadas por outros pesquisadores, destacando o comportamento estrutural das papilas

epidérmicas nas diferentes regiões do estojo córneo, a morfologia e disposição dos túbulos

córneos, a arquitetura da queratina extratubular e intratubular e ainda organização dos

melanossomas. Pode-se observar nessas avaliações que as médias de comprimento das

papilas, espessura e espaçamento nos dígitos dos membros pélvicos e torácicos não

apresentaram diferenças estatísticas significativas entre si. Todavia, ao comparar as médias do

córion coronário, córion laminar da muralha e sola, observou-se entre as regiões do estojo

córneo, um aumento da espessura das papilas do córion laminar da muralha e do espaçamento

comparando-se as demais regiões. Os achados dessa pesquisa quando comparados aos

achados de outros pesquisadores, demonstraram que as papilas epidérmicas nos cascos desses

animais, apresentam-se maiores que as papilas epidérmicas de bovinos das raças, Holandesa e

Gir, sugerindo que possuem maior capacidade de produção de queratina e melhor fixação da

epiderme ao estojo córneo. Contudo, pôde-se conjecturar tais características com a maior

resistência desses animais as enfermidades podais, embora haja a necessidade de estudos

adicionais. Por meio das análises de microtomografia e teste de nanodureza, pode-se verificar

que os dígitos mediais dos membros torácicos e os dígitos laterais dos membros pélvicos

apresentaram maior quantidade de túbulos córneos com diâmetros maiores. Porém, a muralha

abaxial dos dígitos dos membros torácicos apresentaram valores superiores aos dígitos dos

membros pélvicos. Apesar de não ter sido observada diferença significativa entre os dígitos

estudados, o presente estudo pôde esclarecer, ainda, aspectos importantes sobre a nanodureza

das diferentes regiões do estojo córneo dos dígitos de bubalinos. A análise de

microtomografia 3D revelou que a muralha dorsal apresenta maior dureza quando comparada

com a muralha abaxial, de dureza intermediária, bem como, com a sola do casco, que

apresentou menor dureza entre as regiões avaliadas. Inferiu-se assim que o teste de

microtomografia tridimensional seja mais específico que o teste de nanodureza de Vickers

para a estrutura considerada. No entanto, tal afirmação requer pesquisas adicionais. Os testes

bioquímicos geraram parâmetros quanto aos elementos estruturais do estojo córneo, que

demonstraram diferentes concentrações em relação à região e posição anatômica do casco,

sendo essas diferenças associadas aos dígitos que recebem maior sobrecarga de massa

corporal e impacto. O presente estudo gerou conhecimento e parâmetros a serem utilizados

em outras investigações científicas, em outras espécies e raças de bovídeos.

Palavras - chave: biossegurança, doenças podais, estojo córneo, muralha do casco, sola do

casco, túbulos córneos.

Page 17: HISTOMORFOMETRIA, MICROTOMOGRAFIA … · ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA . PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL . ... MICROTOMOGRAFIA BIDIMENSIONAL E TRIDIMENSIONAL,

xvii

ABSTRACT

Despite not being a common subject of studies about buffalo, the incidence of hulls diseases

has important scientific aspects as these animals, as they are breeded in adverse conditions,

have different resistance for the occurrence of podais diseases when compared to cattle,

especially dairy cattle. The knowledge about microstructural structures of buffalo’s hoof

generated important information for understanding of the intrinsic resistance of buffaloes foot

diseases. This study aimed to investigate the microstructure of adult Jafarabadi buffaloes,

through histomorphometric ratings, two-dimensional microtomography, three-dimensional,

nanohardness test and biochemical composition. Histomorphometric ratings revealed

important features not yet investigated by other researchers, highlighting the structural

behavior of epidermal papillae in different regions of corneal layer, the morphology and

disposition of the horn tubules, the architecture of extratubular and intratubular keratin and

even organization of melanosomes . It was observed that the average length of buds, thickness

and spacing in pelvic and thoracic digit did not show statistically significant differences.

However, an increase in thickness of the laminar corium papillae of the wall and spacing was

observed when comparing the average of the coronary corium and wall and sole laminar

corium. When compared to the findings of other researchers, this study have shown that the

epidermal papillae on the hulls of these animals are presented larger than the epidermal

papillae of Holstein and Gir animals, suggesting that the buffalo’s has greater keratin

production and better epidermis and horny case fixing. It can be conjectured that such

characteristics are associate with greater resistance to foot diseases of this animals, although

additional studies are needed. Analysis of microtomography and nanohardness test showed

increased medial digit of forelimbs and side-digit of hindlimbs exhibit increased horn tubules

with larger diameters. But the abaxial wall of forelimbs digit showed higher values than

hindlimbs digit. Even there was not significant difference between the digits analyzed, this

study could clarify important aspects of the nanohardness of different regions of the corneal

case of buffalo’s digits. 3D microtomography analysis revealed that the dorsal wall presents a

greater hardness compared to the abaxial wall of intermediate hardness, and with the sole of

the hoof, that showed the lowest hardness among the evaluated areas. It was inferred that

tridimensional microtomography testing is more specific than Vickers nanohardness test for

this structure. However, further research are required. Biochemical tests generated parameters

about structural elements of the corneal case, which showed different concentrations in

relation to the region and anatomical position of the hull. These differences are related to the

digits wich recive higher load of body weight and impact. This study generated knowledge

and parameters to be used in further researches on different bovine species and breeds.

Key words: biosafety, podal diseases, corneal case, hoof wall, the hoof sole, horn tubules.

Page 18: HISTOMORFOMETRIA, MICROTOMOGRAFIA … · ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA . PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL . ... MICROTOMOGRAFIA BIDIMENSIONAL E TRIDIMENSIONAL,

CAPÍTULO 1 – CONSIDERAÇÕES INICIAIS

1. INTRODUÇÃO

A bubalinocultura no Brasil vem se expandindo, pelo fato do leite da búfala

apresentar características que confere maior rendimento em produtos lácteos agregando valor

e elevando o poder de comercialização dos mesmos. A população de búfalos no território

brasileiro segue na ordem das 1.135.191 cabeças1, 2.

Diante da importância desse rebanho no Brasil e as características positivas,

principalmente quanto a rusticidades apresentadas pela espécie, projetos de melhoramento

genético de búfalos foram criados para identificar animais com maiores potencialidades, com

o intuito de aumentar e melhorar a produtividade. Entretanto, estudos científicos abordando

aspectos epidemiológicos sobre as enfermidades que acometem esses animais, com destaque

para as doenças podais e os fatores relacionados à resistência dos cascos dessa espécie ainda

são motivos de especulação.

Os bubalinos são expostos a vários fatores de risco, muitas vezes manejados em

ambientes hostis, com presença constante de contaminação e excesso de umidade. A

incidência de doenças afetando o estojo córneo, quando comparada aos animais de aptidão

leiteira, com destaque para as raças Holandês e Girolando, apresenta-se pequena e merece,

por parte dos pesquisadores, estudos adicionais. Neste contexto, estudos morfofuncionais,

utilizando diferentes técnicas de caracterização quanto aos aspectos microestruturais,

bioquímicos e de nanodureza do estojo córneo entre essas espécies são necessárias para

melhor entendimento e busca de ferramentas que possam trazer melhorias no controle e

prevenção das doenças que acometem os cascos dos animais.

Diante dos desafios impostos aos bovinos nos atuais sistemas de produção, as

doenças de casco são preocupantes e estão relacionadas a causas multifatoriais, com destaque

para os aspectos genéticos, morfofuncionais, infecciosos, nutricionais e ambientais. Já quanto

aos bubalinos, pesquisas básicas focadas no aspecto morfofuncional do casco dessa espécie e

os fatores que influenciam a resistência e qualidade dos mesmos são escassas. Desse modo,

acredita-se que este estudo apresenta informações científicas inéditas contribuindo de forma

significativa para o crescimento e controle sanitário da pecuária brasileira.

O presente estudo objetivou avaliar e descrever a microestrutura do estojo córneo

do casco de bubalinos por meio de técnicas inovadoras na medicina veterinária como a

histomorfometria, microtomografia 3D, composição bioquímica não destrutiva e nanodureza.

Page 19: HISTOMORFOMETRIA, MICROTOMOGRAFIA … · ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA . PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL . ... MICROTOMOGRAFIA BIDIMENSIONAL E TRIDIMENSIONAL,

2

2. MORFOFISIOLOGIA DOS CASCOS DE BUBALINOS

O estojo córneo dos dígitos, também denominado cápsula digital ou casco é

constituído de tecido epidérmico queratinizado, que por sua vez pode ser dividido em partes

conforme sua constituição, localização e função. A muralha, talão, sola, bulbo do talão, linha

branca e pinça, fazem parte dessas estruturas3,4 (Figura 1). A muralha ou parede do casco é

constituída por uma estrutura córnea resistente, sendo a porção mais externa da extremidade

digital, que suporta a maior parte da massa corporal animal. A sola é separada da muralha

pela linha branca e está parcialmente em contato com o solo. O talão está situado na porção

caudal do estojo córneo digital, servindo de ponte entre a parede e a sola5.

FIGURA 1 – Aspectos macroscópicos do estojo córneo dos cascos de búfalos. Observa-se em

A - a muralha abaxial (1), muralha dorsal (2), pinça (3) e muralha abaxial (4).

Pode verificar em B - o bulbo do talão (*), sola pré-bulbar (1), sola subapical

(2), sola apical (3), linha branca (seta amarela) e talão (seta branca).

O casco é dividido em regiões envolvendo tanto a epiderme, com seu tecido

queratinizado (estojo córneo), quanto à derme subjacente. Essa segmentação é baseada nas

características das diferentes camadas do tegumento, tendo como partes principais o perioplo,

coroa, parede (segmento laminar), sola e bulbo6. O perioplo é a lamina córnea que reveste o

bordo superior do casco, que se une a banda coronária e se estende na transição do casco para

a pele e em direção palmar/plantar onde encontra o bulbo7. Na camada subcutânea do

perioplo, especialmente nas regiões dorsal e abaxial, se encontra o coxim perióplico e sua

derme forma papilas esparsadamente6.

Page 20: HISTOMORFOMETRIA, MICROTOMOGRAFIA … · ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA . PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL . ... MICROTOMOGRAFIA BIDIMENSIONAL E TRIDIMENSIONAL,

3

Histologicamente, o casco é composto por três camadas: epiderme, derme e

subcútis. A epiderme pode ser dividida em camadas: a mais interna, em contato direto com a

membrana basal, é denominada estrato basal, local onde as células estão em constante divisão

mitótica; a camada seguinte é denominada estrato espinhoso, onde ocorre intensa produção de

filamentos de queratina (tonofibrilas) que compõe o citoesqueleto, e existe ainda uma terceira

camada chamada estrato granuloso, no qual são evidenciados os grânulos de querato-hialina

no citoplasma e a desintegração do núcleo7 (Figura 2). O tecido córneo é formado por um

processo dinâmico de proliferação, diferenciação (queratinização) e morte celular. As células

novas “empurram” as células mais antigas rumo ao exterior do casco. Nesse deslocamento

ocorrem os processos de diferenciação e morte celular. Durante a diferenciação, as células

epidermais produzem grandes quantidades de queratina. Ao final da diferenciação, as

moléculas de queratina, no interior dessas células, formam pontes dissulfeto entre si,

constituindo um complexo proteico que provê estabilidade mecânica e química ao tecido

córneo7.

FIGURA 2 – Fotomicrografia do córion coronário do estojo córneo de

cascos de bubalinos. Observa-se em (A), o estrato basal

(seta branca). Em (B), estrato espinhoso (seta branca). Em

(C) nota-se o estrato granuloso e em (D), o estrato córneo.

HE.

Page 21: HISTOMORFOMETRIA, MICROTOMOGRAFIA … · ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA . PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL . ... MICROTOMOGRAFIA BIDIMENSIONAL E TRIDIMENSIONAL,

4

A camada mais externa da epiderme é formada por sucessivas camadas de células

mortas queratinizadas e cemento intercelular, formando o tecido córneo, ou estrato córneo8

(Figura 3). No final da diferenciação, durante o processo de cornificação, as proteínas ligam-

se através de pontes dissulfeto, formando complexos de proteínas estáveis nas células que se

organizam de forma concêntrica formando os túbulos córneos7.

FIGURA 3 – Fotomicrografia da epiderme queratinizada do estojo córneo de cascos de

bubalinos. Observa-se em (A), corte transversal da epiderme queratinizada da

muralha dorsal, evidenciando os túbulos córneos organizados de forma

circunscrita (seta branca). Em (B), pode-se observar em um corte longitudinal

da epiderme queratinizada da sola, os túbulos córneos dispostos paralelamente

uns aos outros (seta branca). HE.

Page 22: HISTOMORFOMETRIA, MICROTOMOGRAFIA … · ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA . PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL . ... MICROTOMOGRAFIA BIDIMENSIONAL E TRIDIMENSIONAL,

5

3. TÉCNICAS DE AVALIAÇÃO DA MICROESTRUTURA DO CASCO

3.1. Histomorfometria

A avaliação histomorfométrica, é essencial ao analisar estruturas de cascos

saudáveis bem como de cascos acometidas por enfermidades podais, seja em bovinos,

bubalinos ou equinos9-11. Pesquisas sobre a macroestrutura e microestrutura do casco, por

meio de estudos macroscópicos e microscópicos, empregando a morfometria e

histomorfometria têm se apresentado como importantes ferramentas para o entendimento da

dinâmica e da sanidade podal. Contudo, elucidando aspectos como crescimento e qualidade

do estojo córneo em animais manejados em diferentes sistemas de produção. Essas

informações têm auxiliado técnicos e pesquisadores não só no diagnóstico, direcionando a

etiopatogenia do processo mórbido, como também revelando fatores que de forma direta ou

indireta contribuem para maior resistência do casco e, consequentemente, maior

suscetibilidade às enfermidades podais que determinadas raças e espécies apresentam em

relação a outras5,12.

A técnica de histomorfometria, embora conhecida na medicina veterinária, vem se

modernizando com a utilização de softwares mais precisos, que permitem realizar avaliações

mais fidedignas das estruturas anatômicas investigadas. Por meio dessa técnica é possível

obter medidas de diâmetro e espessura das papilas epidermais, distância entre elas e ainda

contar o número de papilas, como demonstrado na (Figura 4). Desse modo, a espessura da

papila é aferida do estrato basal esquerdo ao estrato basal direito. O espaçamento entre as

papilas é mensurado do estrato basal de uma papila ao estrato basal de outra papila 13.

Page 23: HISTOMORFOMETRIA, MICROTOMOGRAFIA … · ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA . PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL . ... MICROTOMOGRAFIA BIDIMENSIONAL E TRIDIMENSIONAL,

6

FIGURA 4 - Avaliação histomorfométrica do córion laminar dos cascos de

bubalinos. Em (A), observa-se linhas longitudinais referentes à

medida de comprimento das papilas epidérmicas, enquanto a

linha horizontal refere-se a contagem de papilas por área. Em

(B), pode-se observar a medida de espessura das papilas

indicada pela linha amarela e a medida de espaçamento entre as

papilas pela linha azul.

Nesse contexto, alguns estudos realizados com cascos de bovinos, utilizaram a

histomorfometria como método de mensuração e identificação das papilas epidérmicas e dos

túbulos córneos5,13. Para os autores este método de avaliação permitiu verificar que há

diferenças estruturais importantes, tanto no diâmetro como no espaçamento dessas estruturas,

sendo estes fatores passíveis de determinarem diferenças na resistência do casco.

3.2. Microtomografia 2D e 3D

A microtomografia computadorizada (µTC) se assemelha, em princípio, à

tomografia computadorizada médica, e tem sido utilizada na medicina, engenharia de

materiais, geologia e, recentemente, utilizada na medicina veterinária. Essa técnica pode ser

classificada, quanto à fonte de raios-X, em Radiação Síncrotron (SR) e µTC de laboratório

com Micro/Nano foco de raios-X. Portanto, o seu funcionamento ocorre por meio da captação

de dados obtidos em diversos ângulos de visualização de até 360 graus, a partir da atenuação

de raios-X. Desse modo, é possível reconstruir em três dimensões (3D) uma imagem da

amostra a ser analisada14. O tamanho do foco tubo de raios X é o diferencial dessa técnica,

permitindo avaliar amostras que variam de poucos milímetros a centímetros. Este parâmetro

pode variar desde 4 à 1 mm (foco normal) até 100 à 1μm (microfoco), passando pelas

dimensões de 1 à 0,1 mm (minifoco). O pequeno diâmetro do foco do tubo de raios X é um

atributo muito importante do ensaio de Micro-CT15,16.

Diante disso, com a microtomografia tridimensional é possível inspecionar

características básicas como espessura, volume e porosidade (ligações internas do tecido

analisado). Desse modo, Lima et al.15 e Lopes et al.17, descreveram a técnica de

microtomografia empregando-se o microtomógrafo SkyScan 1272® para análise de rochas e

ossos de ratos. Na técnica descrita por esses autores, cada amostra é fixada em um template

Page 24: HISTOMORFOMETRIA, MICROTOMOGRAFIA … · ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA . PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL . ... MICROTOMOGRAFIA BIDIMENSIONAL E TRIDIMENSIONAL,

7

circular a fim de se obter um alinhamento vertical, evitando deslocamentos durante a

movimentação angular e manutenção no campo visual do detector de radiação (câmera CCD).

As análises 2D e 3D dos parâmetros microestruturais são realizadas nos softwares,

DataViewer, CTvox, CTan e CTvol .

As tecnologias de imagens 3D mais utilizadas na bioengenharia tecidual e na

medicina regenerativa, para a avaliação do reparo tecidual ou substituição de tecidos ou

órgãos, são a ultrassom, microscopia fotoacústica, ressonância magnética, imagens obtidas a

partir de equipamentos ópticos, cintilógrafos, raios-X. Nesse contexto, a µTC tem se mostrado

promissora na engenharia tecidual óssea em seres humanos e animais, na engenharia de

materiais e biomateriais e ainda, vem crescendo a sua utilização na medicina veterinária, com

destaque no estudo da podologia de bovinos, bubalinos e equinos14.

3.3. Teste de Nanodureza

O teste de nanodureza Vickers permite medir a resistência à penetração ou a

resistência à deformação de um material18. Essa técnica tem sido muito utilizada nas

engenharias de materiais, aeronáutica, civil, na odontologia e ainda de forma experimental na

distração da osteogênese em mandíbulas de coelhos19,20. O emprego dessa tecnologia no

estudo básico da podologia é recente. Porém, pesquisas com chifres de bovídeos silvestres

foram desenvolvidas, revelando dados importantes quanto às diferenças de dureza entre as

regiões de crescimento, região média e ápice18. Contudo, podem-se aplicar essas informações

sobre a dureza Vickers e módulo elástico no estudo das diferentes regiões do estojo córneo de

bubalinos e bovinos de produção13 e equinos21-23. Desse modo, associando ainda, essa

característica com a maior resistência das referidas espécies às enfermidades podais .

Os espécimes clínicos destinados a essa avaliação são adicionados em resina

polimérica, resina T208 (Cristal®), monômero de estireno, catalisador MEK TGDM50 e

Dimetilamina em proporções para endurecimento de tempo aproximado de três minutos, a fim

de conferir estabilidade às amostras. Dessa forma, os fragmentos são inseridos em cilindros de

alumínio, de cinco centímetros de diâmetro, sendo a resina depositada sobre a amostra. Após

a secagem da resina, promove-se o desgaste da superfície, utilizando-se de lixas d’água

(Politriz Arotec – Aropol E®), com numeração variando de 80 a 2.500, para a exposição dos

fragmentos de cascos. Em sequencia, utiliza-se o equipamento Mechanical Tester PB1000®

(Nanovea – USA)13.

Page 25: HISTOMORFOMETRIA, MICROTOMOGRAFIA … · ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA . PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL . ... MICROTOMOGRAFIA BIDIMENSIONAL E TRIDIMENSIONAL,

8

O resultado do teste de nanodureza revela o poder de penetração da ponteira do

nanoindenter na amostra (dureza Vickers - DV) e o retorno do material analisado ao seu

estado normal (módulo elástico - ME). Desse modo, a amostra a ser analisada é submetida a

uma carga de força (Milinewton – mN – unidade de força) por um período de tempo (em

segundos), e em seguida a força em sua carga máxima é retirada (a força e o tempo variam de

acordo com o tipo de material analisado). Portanto, a dureza vickers é calculada a partir da

carga de indentação dividida pela área de contato projetada e o módulo elástico é determinado

a partir do declive da curva de carga máxima e descarga24 (Figura 5).

FIGURA 5 - Representação esquemática do teste de nanodureza. Em (A) observa-se a curva

de carga máxima e descarga. Em (B), pode-se verificar que o F-max representa

a força máxima (carga máxima) aplicada sobre a amostra, o a, a área de contato

projetada e a relação Pd/Re (poder de penetração / recuperação elástica) que

determina o modulo elástico no momento da descarga da força.

Fonte: Figura 5: B – Adaptada de Fischer-Cripp24

3.4. Composição bioquímica destrutiva e não destrutiva

As análises bioquímicas destrutivas com a necessidade de moer as amostras a

serem analisadas são essenciais para detectar a concentração de matéria seca (MS), matéria

mineral (MM), proteína bruta (PB) e estrato etéreo (EE) em forrageiras e grãos que são

utilizados na alimentação animal25. Porém, essas mesmas técnicas vem sendo empregadas

para verificar a composição bioquímica de cascos de diferentes espécies de bovídeos e

equídeos, com o intuito de descrever a microestrutura do estojo córneo e associar essas

Page 26: HISTOMORFOMETRIA, MICROTOMOGRAFIA … · ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA . PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL . ... MICROTOMOGRAFIA BIDIMENSIONAL E TRIDIMENSIONAL,

9

características a maior resistência às enfermidades podais. Nesse contexto, alguns

pesquisadores tem se voltado para a pesquisa básica a fim de conhecer o comportamento dos

cascos de animais pigmentados e despigmentados. Dessa forma, busca-se desvendar as

características intrínsecas referentes à pigmentação e sua influencia na resistência do casco26.

Para realizar a análise de matéria seca (MS), as amostras são encaminhadas à

estufa a 105oC, a fim de eliminar toda umidade. Em sequencia é realizada a análise de

matéria mineral (MM) em um forno MUFLA - JUNG a 600oC, com o intuito de destruir toda

matéria orgânica das amostras evidenciando apenas a (MM). Em relação à proteína bruta (PB)

a amostra é misturada a uma substância catalizadora e inserida em um bloco digestor, e

sequencialmente submetida a um destilador de nitrogênio que posteriormente é realizada sua

titulação. Para a análise do extrato etéreo (EE), as amostras são envoltas em um envelope de

papel filtro qualitativo e inseridas em um balão volumétrico acoplado a um extrator e a um

condensador (Sistema Soxlet) com lavagem intermitente com solvente de éter de petróleo25.

Quanto à análise não destrutiva, dispensa a necessidade de fragmentar as amostras

a serem avaliadas. Essa análise tem sido muito utilizada para avaliar amostras de solos e

águas contaminadas com metais pesados, rochas27, 28 e, recentemente, na avaliação de cascos

de bubalinos. Portanto, essa técnica é capaz de quantificar os minerais, enxofre (S), cálcio

(Ca), potássio (K), fósforo (P), zinco (Zn) e cobre (Cu), empregando espectroscopia de

florescencia de raios X por dispersão em energia29,30. Para essas análises é utilizado um

espectrômetro de fluorescência de raios-x da marca Shimadzu, modelo EDX-720. Tal

equipamento detecta elementos na faixa do sódio (Na) até o urânio (U), e fornece um espectro

de fluorescência com os picos de energia liberada por cada elemento, os quais são

identificados por um programa específico e depois quantificados, conforme os parâmetros

escolhidos.

Page 27: HISTOMORFOMETRIA, MICROTOMOGRAFIA … · ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA . PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL . ... MICROTOMOGRAFIA BIDIMENSIONAL E TRIDIMENSIONAL,

10

REFERÊNCIAS

1. Oliveira KN, Andréa MW, Marcondes CR, Strada ESO, Souza SLG, Junior CMM, et al.

Utilização de chuveiros na sala pré-ordenha e sua influência na produtividade de búfalas da

raça Murrah (Bubalus bubalis). Rev Bras Med Vet. 2013;35(1):15-20.

2. Silva JB, Lopes CTP, Pinheiro CP, Lima DHS, Silva RSL, Fonseca AH, et al. Prevalência

sorológica e molecular de Babesia bovis e Babesia bigemina em búfalos (Bubalus bubalis)

na Ilha de Marajó, Pará. Braz J Vet Res. 2013;33.

3. Túlio LM. Estudo biométrico do casco bovino e bubalino: avaliação de características

anátomo-fisiológicas do casco sadio. [Tese]. Curitiba: Universidade Federal do Paraná

2006. p. 96.

4. Muelling CKW. Nutricional influences on horn quality and hoof health. WCDS Advances

in Dairy Technology. 2009;21:283 - 91.

5. Mendonça AC. Aspectos morfológicos dos dígitos de bovinos das raças Gir e Holandesa. Ciência

Animal Brasileira. 2003;4:53-60.

6. Mulling CKW, Budras KD. The hoof (ungula). In: Budras KD, Greenough PR, Habel RE,

Mulling CKW, editors. Bovine Anatomy Hannover: Schlutersche GmbH; 2011. p. 26-7.

7. Greenough PR. Bovine laminitis and lameness - A hands on approach. 2007:311.

8. Tomlinson DJ, Mulling CH, Fakler TM. Invited Review: Formation of keratins int He

bovine claw: Roles of hormones, minerals, and vitamins inf functional claw integrity.

JDairy Sci American Dary Science Association. 2004;87:797-809.

9. Belgi A, Akin I, Tunca R, Ozmen E. Histopathological changes in uncomplicated sole

ulcers in dairy cattle. Turk. J. Vet. Anim. Sci. 2012; 36(6): 642-645.

10. Mendes HMF, Casagrande FP, Lima IR, Souza CH, Gontijo LD, Alves GES, et al. Histopathology of dairy cows’ hooves with signs of naturally acquired laminitis Pesq.

Vet. Bras. 2013;33(5):613-619.

11. Lakoski LM, Locatelli Dittrich R, Valadão CAA, Castro ML, Araújo FF, Silva JR, et al.

Histopathological hoof laminar changes in horses with Pituitary Pars Intermedia

Adenoma: cases report. Arq. Bras. Med. Vet. Zootec. 2015;67(5)1226-1230.

12. Túlio LM. Estudo biométrico do casco bovino e bubalino: avaliação de características

anátomo-fisiológicas do casco sadio. Curitiba; 2006. p. 96.

13. Rabelo ER, Vulcani VAS, Santana FJF, Silva LAF, Assis BM, Araújo GHM.

Microstructure of Holstein and Gir breed adult bovine hooves: histomorphometry, three-

dimensional microtomography and microhardness test evaluation. Arq. Bras. Med. Vet.

Zootec. 2015; 32:131–51.

Page 28: HISTOMORFOMETRIA, MICROTOMOGRAFIA … · ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA . PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL . ... MICROTOMOGRAFIA BIDIMENSIONAL E TRIDIMENSIONAL,

11

14. Santos AC, Mendes CMC, Rosa FP. A Microtomografia computadorizada aplicada à

bioengenharia tecidual óssea com o uso de biomateriais. Rev. Ciênc. Méd. Biol.,

Salvador. 2013;12:478-481.

15. Lima I, Lopes RT, Oliveira LF, Alves JM. Análise de estrutura óssea através de

microtomografia computadorizada 3D. Ver. Bras. Físic. Méd. 2009:2(1)6-10.

16. Davis GR, Evershed AN, Mills, D. Quantitative high contrast X-ray microtomography for

dental research. J. Dent., Bristol. 2013;41(5)475-482.

17. Lopes AP, Fiori AP, Reis Neto JM, Marchese C, Vasconcellos EMG, Trzaskos B, et al.

Análise tridimensional de rochas por meio de microtomografia computadorizada de raios-

x integrada a petrografia. Geociências. 2012; 31(1):129-42.

18. Abdullahi U, Salihi A, Ali, AB. Hardness behaviour of termoplastic catle horn using

nanoindentation technique. Asian Jounal of Engineering and Technology. 2014; 2(2)168-

73.

19. Blando E. Estudo de técnicas de indentacão para avaliação de materiais na região de nano

e microdureza. [Dissertação]. Porto Alegre (RS): Pontifica Universidade Católica do

Grande do Sul; 2001.

20. Newey D, Pollock HM, Wilkins MA. The ultra-microhardness of íon-implanted iron and

steel at sub-micron depths and its correlation with wear-residence. J Mater Sci.

1983;12:157-66

21. Mckittrick J, Chen PY, Bodde SG, Yang W, et al. The structure, functions and mechanical

properties od keratin. JOM. 2012;64(4).

22. Tombolato L, Novitskaya EE, Chen PY, Sheppard FA, et al. Microestruture, elastic

properties and deformation mechanisms of horn keratin. Acta Biometarialia. 2010;6:319-

330.

23. Yamada S, Wirtz D, Coulombe PA. Pairwise assembly determines the intrinsic potential

for self-organization and mechanical properties of keratin filaments. Mol Biol Cell.

2002;13:382-91.

24. Fischer-Cripps, AC. Nanoindentation – Hardocover, p.282, 2011.

25. Silva DJ, Queiroz AC. Análise de alimentos: métodos químicos e biológicos. 3.ed.

Viçosa: UFV, 2002:235.

26. Faria GA, Rezende ASC, Sampaio IBM, Lana AMQ, Moura JS, Resende MC.

Composição química dos cascos de equinos das raças pantaneira e mangalarga

marchador. Arq Bras Med Vet Zootec. 2005;57(5):697 - 701.

27. Schimidt F, Bueno MIMS, Einzweiler J. Determinação de alguns metais em solos por

Espectroscopia de Fluorescência de Raios-X de Energia Dispersiva com modelagem por

Redes Neurais. In: Proceedings of the IV Brasilian Conference on Neural Network – IV

Page 29: HISTOMORFOMETRIA, MICROTOMOGRAFIA … · ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA . PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL . ... MICROTOMOGRAFIA BIDIMENSIONAL E TRIDIMENSIONAL,

12

Congresso de Redes neurais pp. 396-99, July 1999 – ITA, Sao José dos Campos – SP –

Brasil.

28. Pataca LCM, Bortoleto GG, Bueno MIMS. Determinação de arsênio em águas

contaminadas usando fluorescência de raios-x por energia dispersiva. Quim. Nova.

2005;28(4):579-582.

29. Nagata N, Bueno MIMS, Peralta-Zamora PG. Métodos matemáticos para correção de

interferências espectrais e efeitos interelementos na análise quantitativa por fluorescência

de raios-x. Quim. Nova. 2001;24(4):531-539.

30. Bajanowski T, Köhler H, Schmidt PF, Von Sandern CF, Brinkmann B. The cloven hoof

in legal medicine. Int J Legal Med. 2001; 114:346–48.

31. Silva LAF, Silva LM, Romani AL, Rabelo RE, Fioravanti MCS, Souza TM, et al.

Características clínicas e epidemiológicas das enfermidades podais em vacas lactantes do

minicipio de Orizona-GO. Cienc Animal Bras. 2001;2(2):119-26.

32. Nicoletti JLM. Manual de podologia bovina. Barueri: Manole, 2004:125.

33. Cunha PHJ. Pedilúvio para bovinos: avaliação físico-química, microbiológica e eficácia

terapêutica das soluções desinfetantes. [Dissertação]. Goiânia: (Mestrado em Medicina

Veterinária) - Escola de Veterinária, Universidade Federal de Goiás, Goiânia. 2000,

p.131.

34. Freitas SLR. Venografia dos dígitos de animais jovens antes e após aplicação

intrarruminal de oligofrutose. [Dissertação]. Goiânia: Universidade Federal de Goiás –

Escola de Veterinária e Zootecnia; 2015. p.45.

35. Loureiro MG. Estudo da técnica de venografia dos dígitos de vacas. [Tese]. Botucatu:

Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia; 2013.

Page 30: HISTOMORFOMETRIA, MICROTOMOGRAFIA … · ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA . PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL . ... MICROTOMOGRAFIA BIDIMENSIONAL E TRIDIMENSIONAL,
Page 31: HISTOMORFOMETRIA, MICROTOMOGRAFIA … · ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA . PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL . ... MICROTOMOGRAFIA BIDIMENSIONAL E TRIDIMENSIONAL,

CAPÍTULO 2 - Características histológicas e morfométricas do estojo córneo dos 1

cascos de bubalinos 2

Histological and morphometric characteristics of corneal layer of hooves of 3

buffaloes 4

5

RESUMO 6

A baixa ocorrência de enfermidades podais nos bubalinos ainda é motivo de 7

especulação. Esse estudo objetivou avaliar a microestrutura do estojo córneo de 8

bubalinos, empregando a histomorfometria e a microscopia óptica computadorizada. 9

Foram analisadas 56 peças anatômicas, dos membros torácicos e pélvicos, de quatorze 10

fêmeas bubalinas adultas, entre 24 e 60 meses, totalizando 112 dígitos. Os espécimes 11

clínicos foram colhidos no córion coronário (perioplo), córion laminar da muralha 12

dorsal, abaxial e da sola pré-bulbar. Os resultados foram analisados empregando o teste-13

T para comparação de duas médias e ANOVA para três médias em nível de 14

significância de 5%. Concluiu-se que a microestrutura do estojo córneo dos cascos de 15

bubalinos é composta por papilas epidérmicas com tamanho superior de algumas raças 16

de bovinos, sugerindo maior capacidade de produção de queratina, melhor fixação da 17

epiderme ao estojo córneo e maior resistência desses animais as enfermidades podais. 18

Os túbulos córneos da epiderme queratinizada apresentam-se em forma helicoidal e 19

indicam a possibilidade dessa característica ser aplicada aos cascos de outras espécies 20

unguladas. A metodologia empregada e a espécie estudada representam novas 21

perspectivas para o estudo das enfermidades podais nos bovinos, os resultados são 22

inovadores e outras tecnologias avançadas devem ser usadas especialmente para avaliar 23

comparativamente, bubalinos e diferentes raças e categorias de bovinos. 24

Palavras chave: bubalinos, papilas epidérmicas, queratina, queratinócitos, túbulos 25

córneos. 26

ABSTRACT 27

The lower incidence of diseases affecting the keratin hoof of buffaloes as compared to 28

other bovine breeds with dairy aptitude presents fewer, and, deserves, further studies. 29

The research aimed to investigate the microstructure of corneal hoof of adult buffaloes 30

of Jafarabadi Breed, by means of histomorphometric and computerized optical 31

microscopy evaluations. Fifty six (56) anatomical specimens were collected from 32

Page 32: HISTOMORFOMETRIA, MICROTOMOGRAFIA … · ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA . PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL . ... MICROTOMOGRAFIA BIDIMENSIONAL E TRIDIMENSIONAL,

2

fourteen adult female buffaloes, age between 24 and 60 months. The digits of 28 33

thoracic and of 28 pelvic members were evaluated. In order to preparation, the samples 34

were included following: fourteen (14) of left members and fourteen (14) of right 35

members, thoracic and pelvic, totalizing one hundred and twelve (112) digits. Clinical 36

specimens were collected at three points of the hull, coronary corium, laminar corium of 37

the abaxial wall and pre-bulbar soles of approximately 10 x 3 mm and samples of 38

keratinized epidermis of the dorsal wall, abaxial wall and sole with 10 x 10 mm. The 39

statistical test used to compare the means was the T-test for two means and ANOVA for 40

more group comparisons, both at 5% of significance level. The microstructural 41

knowledge of buffalo hoof generated is important information for understanding this 42

intrinsic resistance of buffaloes to foot diseases. It was concluded that the medium 43

length of the papillae, thickness and spacing in the pelvic and thoracic digit did not 44

show statistically significant differences. However, when comparing the data of 45

coronary corium, laminar corium of wall and soles were observed at regions of corneal 46

case an increase in thickness of the laminar corium papillae of the wall and spacing 47

compared to other regions. However, it could be conjectured such characteristics with 48

greater resistance to such animal foot diseases, although there is a need for further 49

studies. 50

Keywords: buffaloes, epidermal papillae, keratin, keratinocytes, corneal tubules. 51

52

INTRODUÇÃO 53

O estojo córneo dos dígitos dos bovídeos é dividido em muralha, sola, talão, bulbo do 54

talão, linha branca e pinça, de acordo com sua constituição, localização e função 55

(Greenough, 2007). Essa estrutura córnea está apoiada sobre uma epiderme modificada 56

a partir da derme. A junção dessas duas estruturas formam o córion coronário e o córion 57

laminar. As modificações ocorridas na epiderme resultam em papilas epidérmicas co-58

participantes da proliferação dos queratinócitos, os quais sintetizam queratina e cemento 59

intercelular, substancias atreladas a qualidade e integridade das regiões do casco 60

(Bragulla et al., 2004; Greenough, 2007). 61

A queratina tubular são estruturas tubulares originadas a partir da sua compactação e 62

são arquitetadas de forma concêntrica apenas na camada de queratina, não sendo 63

observados na epiderme modificada (Banks, 1991). A quantidade de túbulos conectados 64

Page 33: HISTOMORFOMETRIA, MICROTOMOGRAFIA … · ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA . PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL . ... MICROTOMOGRAFIA BIDIMENSIONAL E TRIDIMENSIONAL,

3

pelo cemento intercelular interfere diretamente nas propriedades mecânicas do tecido 65

córneo, com ênfase à sua resistência (Mulling e Hagen, 2012), cuja diminuição pode 66

predispor às enfermidades podais. Dentre os fatores de risco que cursam com 67

diminuição da resistência do casco, o manejo inadequado dos animais, presença 68

constante de contaminação e o excesso de umidade são apontados como importantes. 69

Mas, esses fatores podem não ter mesma importância nos bubalinos, pois aparentemente 70

são mais resistentes às enfermidades podias quando comparados aos bovinos (Silva et. 71

al., 2015). Contudo, ainda que as enfermidades podais apresentem menor ocorrência 72

nos bubalinos, existem indagações não esclarecidas sobre o tema, particularmente 73

relacionadas a micoestrutura do casco. Sobre esse quesito ainda é necessário 74

caracterizar seus aspectos microestruturais. 75

O presente estudo objetivou-se descrever a microestrutura do estojo córneo dos cascos 76

de bubalinos, com destaque para os aspectos morfométricos das papilas epidérmicas e 77

túbulos córneos da epiderme queratinizada, por meio da avaliação histomorfométrica e 78

da microscopia óptica computadorizada. 79

80

MATERIAL E MÉTODOS 81

A pesquisa foi desenvolvida na Universidade Federal de Goiás - Regional Jataí – GO, 82

Setor de Cirurgia de Grandes Animais e em Instituições e laboratórios parceiros, como 83

o Laboratório de Engenharia de Materiais do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e 84

Materiais (CNPEM) da Universidade de São Paulo (USP), São Carlos-SP, o Laboratório 85

Nacional de Nanotecnologia (LNNano), Campinas – SP e o Laboratório de Patologia 86

Veterinária Universidade de Brasília (UnB-DF). A pesquisa ocorreu entre os meses de 87

junho de 2014 a agosto de 2015, obedecendo aos preceitos éticos em experimentação 88

animal e aprovado pela Comissão de Ética no Uso de Animais, Pró Reitoria de Pesquisa 89

e Inovação da UFG (CEUA-PRPI-UFG), protocolo no20/2014. 90

No estudo empregaram-se 56 estojos córneos dos dígitos de 14 fêmeas bubalinas da 91

raça Jafarabadi, adultas, com idades entre 24 e 60 meses, obtidas em estabelecimentos 92

frigoríficos sob o Serviço de Inspeção Federal, totalizando 28 membros torácicos e 28 93

membros pélvicos e 112 dígitos. Desse total, 56 dígitos foram destinadas às avaliações 94

histológicas e morfométricas e 56 às análises de microscopia óptica computadorizada. 95

Foram colhidos espécimes clínicos do córion coronário (perioplo), córion laminar da 96

Page 34: HISTOMORFOMETRIA, MICROTOMOGRAFIA … · ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA . PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL . ... MICROTOMOGRAFIA BIDIMENSIONAL E TRIDIMENSIONAL,

4

muralha abaxial e da sola pré-bulbar, de aproximadamente 10mm x 3mm, totalizando 97

três pontos de colheita em cada dígit. As amostras fixadas em solução de formalina 98

neutra e tamponada a 10%, incluídas em parafina e coradas pela hematoxilina-eosina 99

(HE). O processamento das amostras para as avaliações, histológica e morfométrica, 100

seguiu a metodologia descrita por Rabelo et al. (2015). 101

As análises dos cortes histológicos foram realizadas no fotomicroscópio Leica DM 750, 102

com câmera digital embutida ICC50 (HD-521420221). Para as apreciações 103

morfométricas, incluindo comprimento, número e espessura das papilas epidérmicas e 104

seus respectivos espaçamentos, nas regiões do córion coronário, córion laminar da 105

muralha dorsal, muralha abaxial e da sola, as imagens foram capturas e avaliadas 106

empregando software LAS EZ®. Considerou-se para o comprimento das papilas 107

epidérmicas a medida obtida entre a derme e o estrato basal no ápice da papila. A 108

espessura da papila foi aferida do estrato basal esquerdo ao estrato basal direito. O 109

espaçamento entre as papilas foi mensurado do estrato basal de uma papila ao estrato 110

basal de outra papila. 111

O material colhido nas mesmas regiões e destinado as avaliações empregando 112

microscopia óptica computadorizada respeitou-se as dimensões aproximadas de 10mm 113

x 10mm. Durante o processamento das amostras, assegurou-se a retirada de sujidades e 114

tecidos moles, seguido do acondicionamento em embalagens plásticas e congelamento a 115

-15° C. Na sequência, forma enviadas ao Laboratório de Engenharia de Materiais da 116

USP – São Carlos e analisadas segundo a técnica padronizada e empregada na rotina 117

desse laboratório. Primeiramente o material foi descongelado e embutido em resina 118

T208 (Cristal®, monômero de estireno, catalisador MEK TGDM 50 e dimetilamina) em 119

proporções para endurecimento em tempo aproximado de três minutos. Após esse 120

período, as amostras foram lixadas com lixas d’água no 80 a 2.200 para a exposição dos 121

fragmentos de cascos com a utilização de uma Politriz Arotec – Aropol E®, sendo ao 122

final, analisadas em microscópio óptico (Zeiss AxioPlan 2ie motorizado e 123

computadorizado, com câmera digital embutida Axiocam HR – 3900 x 3090 pixels). As 124

imagens foram analisadas por meio da utilização do Software KS400 da Zeiss. 125

Os resultados obtidos foram tratados a partir do Software SigmaPlot 12.0®. Utilizou-se 126

o teste-T para comparação de duas médias e ANOVA para três médias, considerando-se 127

um nível de significância de 5% 128

Page 35: HISTOMORFOMETRIA, MICROTOMOGRAFIA … · ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA . PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL . ... MICROTOMOGRAFIA BIDIMENSIONAL E TRIDIMENSIONAL,

5

RESULTADOS E DISCUSSÃO 129

As análises histomorfométricas revelaram que o estojo córneo dos bubalinos apresenta 130

características histológicas similares as da espécie bovina, Holandesa e Nelore, 131

concordando com as descrições de Rabelo et al. (2015) e Silva et al. (2015) com o 132

tecido epidermal distribuído em estratos basal, espinhoso e granuloso. A estratificação 133

da epiderme modificada no estojo córneo dos bubalinos equivale as descrições de 134

Bragulla et al. (2004) e Greenough (2007) em bovinos. Nos animais analisados, a maior 135

estratificação e número de papilas foram observadas no córion coronário, 136

comparativamente, as regiões, do córion laminar, muralha abaxial e da sola (Fig. 1 , A, 137

B e C). A semelhança de relatos de outros estudos científicos (Mendonça et al., 2003; 138

Rabelo et al., 2015), as avaliações aqui realizadas indicaram que a camada basal é 139

responsável pela renovação dos queratinócitos, está em constante mitose, origina o 140

estrato espinhoso, estrato granuloso e o estrato córneo (Fig. 1, D, E e F). Pela magnitude 141

desse mecanismo fisiológico na espécie bubalina, em pare, pode-se inferir a ele uma 142

importância fundamental na manutenção da integridade e qualidade do estojo córneo 143

(Bragulla et al., 2004; Tombolato et al., 2010), proporcionando maior resistência do 144

casco dessa espécie animal. 145

146

147

148

Page 36: HISTOMORFOMETRIA, MICROTOMOGRAFIA … · ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA . PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL . ... MICROTOMOGRAFIA BIDIMENSIONAL E TRIDIMENSIONAL,

6

149

Figura 1. Fotomicrografia da epiderme do estojo córneo do casco de bubalinos. 150

Observa-se em (A), papilas epidérmicas do córion coronário (perioplo). Em (B), papilas 151

da muralha abaxial. Em (C), observa-se as papilas da sola. Em (D), o estrato basal do 152

córion laminar da muralha abaxial evidenciando intensa divisão mitótica dos 153

queratinócitos na ponta da seta vermelha. Em (E), verifica-se o estrato basal (asterisco 154

amarelo), estrato espinhoso (seta vermelha) e em (F), observa-se o estrato granuloso 155

(seta vermelha) e estrato córneo (asterisco amarelo), HE. 156

No interior dos queratinócitos evidenciou-se uma quantidade expressiva de 157

melanossomas, ricos em melanina (Fig. 2, A e B), distribuídos nos estratos epidermais 158

do casco. Macroscopicamente, estes achados histológicos são traduzidos por intensa 159

pigmentação dos cascos dos búfalos, permitindo-se especular que tal pigmentação 160

também atue na resistência do casco nesses animais. Como a correlação entre a 161

pigmentação e a resistência do casco de bubalinos ainda não foi alvo de investigação 162

científica (Marques, 2000), o assunto requer esforços de estudiosos da área para elucidar 163

os fatores que cercam essa característica. Mas, paralelamente, observou-se maior 164

quantidade da melanina na base da papila epidermal, em comparação as quantidades do 165

referido pigmento no corpo e no ápice da mesma estrutura. Evidenciou-se ainda que, 166

Page 37: HISTOMORFOMETRIA, MICROTOMOGRAFIA … · ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA . PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL . ... MICROTOMOGRAFIA BIDIMENSIONAL E TRIDIMENSIONAL,

7

este pigmento envolve o núcleo celular e se organiza em forma de “guarda-chuva”, 167

sempre em direção contrária à superfície do estojo córneo (Fig. 2, C e D). 168

É possível, que esta disposição da melanina possa proteger a molécula de DNA das 169

ações da radiação ultravioleta (UV), contribuindo, em parte, para aumentar a resistência 170

do tecido córneo dos cascos em bubalinos. Estudos revelam que as radiações 171

ultravioletas UV- B, juntamente com a UV-C, podem comprometer a epiderme e 172

estruturas derivadas, induzindo a produção de radicais livres pela peroxidação de 173

lipídeos, lesando indiretamente o DNA. Este mecanismo pode determinar a morte 174

celular e apresentar efeito carcinogênico (Sgarbi et al., 2007; Charles et al., 2011; Silva 175

et al., 2001). Portanto, extrapolando esses resultados para a espécie bovina, os mesmos 176

argumentos podem ser empregados para justificar a maior fragilidade verificada em 177

cascos despigmentados quando comparados aos cascos pigmentados (Rabelo et al., 178

2015). Mas ao contrário desse estudo, esses autores após analisar o tamanho, espessura 179

e espaçamento entre as papilas epidérmicas, não apontaram a disposição do pigmento de 180

melanina em forma de “guarda-chuva”, como possível fator de proteção ao DNA do 181

casco frente às radiações ultravioletas. 182

183

184

Page 38: HISTOMORFOMETRIA, MICROTOMOGRAFIA … · ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA . PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL . ... MICROTOMOGRAFIA BIDIMENSIONAL E TRIDIMENSIONAL,

8

Figura 2. Fotomicrografia da epiderme do córion coronário do estojo córneo do 185

casco de bubalinos. Em (A) pode-se observar que maior quantidade de melanina 186

nos queratinócitos próximos à base da papila epidérmica e menor quantidade em 187

direção ao ápice. Em (1) nota-se o estrato basal, em (2) o estrato espinhoso e em 188

(3) estrato granuloso. Em (B) apresenta-se a epiderme queratinizada (asterisco 189

amarelo). Nota-se no (circulo branco) inúmeros melanossomas (pontos escuros) 190

espalhados no tecido queratinizado. Em (C), na base da papila epidérmica do 191

córion coronário, evidencia-se intensa produção de melanina e sua liberação para 192

os queratinócitos, por meio dos melanossomas (seta vermelha). Em (D), observa-se 193

que os melanossomas, ricos em melanina e organizados em formato de guarda-194

chuva ao redor do núcleo da célula. HE. 195

196

A análise histológica do epitélio do córion laminar apresentou os queratinócitos do 197

estrato córneo repletos de queratina (primeiro produto da queratinização) organizada de 198

forma concêntrica para formar os túbulos córneos. A queratina intratubular apresenta-se 199

na forma helicoidal e os queratinócitos sem núcleo celular (Fig. 3, A, B e C). A forma 200

helicoidal da queratina intratubular, semelhante à estrutura da alfa-queratina, principal 201

proteína constituinte da epiderme queratinizada também foi descrita por McKittrick et 202

al. (2012). O cemento intercelular, segundo produto da queratinização, que adere os 203

queratinócitos e auxilia na impermeabilização do estojo córneo, evidenciado no presente 204

estudo não foi relatado em outras pesquisas realizadas com bubalinos (Silva et al. 205

2015), mas foi descrito na espécie equina (Hendry et al.,1999; Mulling e Budras, 206

2011). (Fig. 4). Observou-se também, intensa formação de rede vascular dérmica ao 207

redor das papilas epidérmicas, além de vasos centrais papilares (Fig.3, D e E ). 208

209

Page 39: HISTOMORFOMETRIA, MICROTOMOGRAFIA … · ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA . PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL . ... MICROTOMOGRAFIA BIDIMENSIONAL E TRIDIMENSIONAL,

9

210

Figura 3. Fotomicrografia da epiderme do estojo córneo dos dígitos de bubalinos. 211

Observa-se em (A), os queratinócitos anucleados do estrato córneo da sola pré-bulbar, 212

repletos de queratina, organizados de forma concêntrica e formando os túbulos córneos 213

(setas brancas). Em (B) nota-se que a estrutura da queratina intratubular assume uma 214

forma helicoidal (setas amarelas). Em (C) verifica-se a queratina extratubular, composta 215

por queratinócitos anucleados firmemente aderidos pelo cemento (seta amarela) e no 216

circulo branco observa-se a grânulos citoplasmáticos de melanina. Em (D), o corpo de 217

uma papila epidérmica do córion laminar da muralha abaxial, em um corte longitudinal 218

evidenciando um vaso aferente (seta amarela) e um vaso eferente (seta preta). Em (E), 219

evidencia capilares no interior da papila epidérmica (setas amarelas). HE. 220

221

A microscopia óptica computadorizada indicou que os túbulos córneos da muralha 222

dorsal e muralha abaxial do estojo córneo dos dígitos dos bubalinos iniciam-se no 223

córion coronário e se projetam acompanhando a mesma direção do crescimento do 224

casco, do sentido proximal para distal até a linha branca. Essa característica também foi 225

evidenciada na sola, porém, o desenvolvimento dos túbulos córneos nessa região teve 226

inicio no córion laminar (Fig. 4, A e B). O mesmo método de avaliação evidenciou 227

Page 40: HISTOMORFOMETRIA, MICROTOMOGRAFIA … · ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA . PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL . ... MICROTOMOGRAFIA BIDIMENSIONAL E TRIDIMENSIONAL,

10

túbulos córneos em formato helicoidal (Fig.4, C e D), concordando com as descrições 228

de McKittrick et al. (2012). 229

230

231

Figura 4. Fotomicrografia da epiderme queratinizada do estojo córneo de 232

bubalinos. Pode-se observar em (A), a vista frontal de um fragmento da muralha 233

abaxial do estojo córneo. Nota-se que os túbulos córneos estão dispostos 234

paralelamente uns aos outros, e acompanham a direção do crescimento do casco, 235

no sentido proximal para distal (seta vermelha). Em (B), observa-se um corte 236

transversal do fragmento evidenciando os túbulos córneos em forma circular 237

(circulo vermelho). Em (C) pode-se observar a vista lateral de um fragmento da 238

sola do estojo córneo com os túbulos córneos dispostos paralelamente uns aos 239

outros e acompanhando a direção do crescimento do casco (seta vermelha). 240

Observa-se que os túbulos córneos possuem uma forma helicoidal (seta preta). 241

Em (D), apresenta-se a vista frontal de um fragmento da sola do estojo córneo 242

com os túbulos córneos em forma circular (circulo vermelho). 243

244

Page 41: HISTOMORFOMETRIA, MICROTOMOGRAFIA … · ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA . PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL . ... MICROTOMOGRAFIA BIDIMENSIONAL E TRIDIMENSIONAL,

11

O comprimento médio das papilas epidérmicas dos cascos dos bubalinos aferido pela 245

histomorfometria revelou uma média de 1.721,590 µm. Ao comparar as médias dos 246

dígitos dos membros torácicos e pélvicos, observou valores de 1.657,079 µm e 247

1.797,088 µm, respectivamente. Quando se comparou as médias dos dígitos laterais dos 248

membros, pélvicos e torácicos, verificou-se os valores de 1.617,023 µm e 1.660,156 249

µm, respectivamente. Em relação às médias dos dígitos mediais dos membros pélvicos e 250

torácicos obteve-se 1.707,149 µm e 1.890,727 µm, respectivamente. Ao comparar as 251

médias do perioplo, muralha abaxial e sola dos dígitos dos membros torácicos e 252

pélvicos, verificou os valores de 1.800,717 µm, 1.832,997 µm e 1.522,238 µm, 253

respectivamente (Tab. 1). Não foram observadas diferenças significativas em nenhuma 254

das comparações (p>0,05), mas apresentaram valores superiores em relação às papilas 255

epidérmicas do casco de bovinos das raças, Holandesa e Gir (Rabelo et al., 2015). 256

Quanto à espessura das papilas epidérmicas, notou-se uma média de 62,94 µm, 257

sendo59,027 para os membros torácicos e 64,265 µm para os membros pévicos . Em 258

relação às médias dos dígitos laterais dos membros torácicos e pélvicos evidenciaram-se 259

os valores de 66,666 µm e 58,469 µm, respectivamente. Quando se comparou as médias 260

dos dígitos mediais dos membros pélvicos e torácicos obteve-se 62,807 µm e 62,926 261

µm, respectivamente (Tab. 1). Não foram observadas diferenças significativas (p>0,05). 262

Dados semelhantes foram descritos por Mendonça et al. (2003), embora os autores 263

tenham denominado as papilas epidérmicas como túbulos córneos. 264

Os valores médios da espessura das papilas localizadas no perioplo, muralha abaxial e 265

sola dos dígitos dos membros torácicos e pélvicos foram de 95,667 µm, 112,367 µm e 266

89,401 µm, respectivamente (Tab. 1). Nessa avaliação as papilas da sola apresentaram-267

se menos espessas, havendo diferença significativa entre as médias obtidas para a 268

muralha abaxial e sola (p<0,05). Estudos prévios em bovinos apontaram que papilas 269

mais espessas, em tese, apresentariam uma maior capacidade de produzir queratina 270

(Rabelo et al., 2015). Quanto ao número de papilas epidérmicas por área, o presente 271

estudo revelou que o córion coronário apresenta a maior quantidade, justificando o fato 272

de essa região apresentar-se como a base do crescimento do estojo córneo em relação à 273

sola e muralha abaxial. Observou-se os valores de 16 papilas/2000µm para o córion 274

coronário, 13 papilas/2000µm para o córion laminar da muralha e 13 papilas/2000µm 275

para sola (Tab. 2), notando-se diferença estatística entre essas regiões (p<0,5). Esse 276

Page 42: HISTOMORFOMETRIA, MICROTOMOGRAFIA … · ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA . PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL . ... MICROTOMOGRAFIA BIDIMENSIONAL E TRIDIMENSIONAL,

12

achado pode ser justificado, em parte, devido ao córion laminar da muralha e da sola 277

não serem regiões responsáveis pelo crescimento do casco, mas pela absorção de 278

impacto. É possível que essa particularidade da sola justifique ainda o fato de as papilas 279

epidérmicas apresentarem-se menos espessas e menos numerosas nessa região. 280

Ao comparar o espaçamento entre as papilas epidérmicas das regiões do córion 281

coronário e córion laminar das régios do estojo córneo analisadas nesse estudo, notou-se 282

uma média de 49,02 µm. Quando se comparou as médias dos dígitos dos membros 283

torácicos e pélvicos, observou-se valores de 52,585 µm e 45,240 µm, respectivamente. 284

As médias do espaçamento entre as papilas dos dígitos laterais dos membros torácicos e 285

pélvicos foram de 57,501 µm e 41,922 µm, respectivamente. Também verificou-se que 286

os valores das medias encontrados nos dígitos mediais dos membros torácicos e 287

pélvicos foram de 50,639 µm e 51,316 µm, respectivamente (Tab. 1). Não foram 288

observadas diferenças significativas (p>0,05). 289

Ao comparar as médias do perioplo, muralha abaxial e sola dos dígitos dos membros 290

torácicos e pélvicos, verificou os valores de 56,084 µm, 76,999 µm e 55,972 µm, 291

respectivamente (Tab. 1). Houve diferença significativa (p<0,05), evidenciando valor 292

superior no espaçamento entre papilas da muralha em relação ao córion coronário e 293

sola. O espaçamento das papilas dos cascos dos bubalinos apresentou valores superiores 294

em relação às papilas dos bovinos das raças, Holandesa e Gir, (Rabelo et al., 2015), 295

embora a metodologia empregada por esse autores para aferir essa medida não tenha 296

sido elucidativa. 297

298

299

300

301

302

303

304

305

306

Page 43: HISTOMORFOMETRIA, MICROTOMOGRAFIA … · ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA . PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL . ... MICROTOMOGRAFIA BIDIMENSIONAL E TRIDIMENSIONAL,

13

Tabela 1. Média (µm) e desvio-padrão do comprimento, espessura e espaçamento entre 307

as papilas epidérmicas do córion coronário, muralha dorsal, muralha abaxial e sola do 308

cascos dos membros pélvicos e torácicos de bubalinos. 309

Díg/Reg. Comp. Papilas Espess. corp. Papilas Espaç. Papilas

MT 1.657,079 + 412,673 a 59,027 +13,056 a 52,585 + 14,039 a

MP 1.797,088 + 457,692 a 64,265 + 11,467 a 45,240 + 12,564 a

MT-DL 1.617,023 + 461,861 a 66,666 + 21,114 a 57,501 + 12,353 a

MP-DL 1.660,156 + 373,336 a 58,469 + 12,387 a 41,922 + 13,564 a

MT-DM 1.707,149 + 355,119 a 62,807 + 11,922 a 50,639 + 13,967 a

MP-DM 1.890,727 + 528,611 a 62,926 + 16,104 a 51,316 + 14,318 a

CCOR 1.800,717 ± 264,216 a 95,667 ± 17,451 ab 56,084 ± 9,821 a

MAB 1.832,997 ± 562,411 a 112,367 ± 21,817 b 76,999 ± 14,910 b

SOL 1.522,238 ± 379,704 a 89,401 ± 27,496 a 55,972 ± 13,056 a

MÉDIA 1.721,59 62,94 49,02

Médias seguidas de letras iguais, na mesma coluna e mesma variável, não diferem entre 310

si (p>0,05). Díg/Reg. – Dígitos e Regiões; Comp. – comprimento; Espess. – espessura; 311

Espaç. – espaçamento; CCOR – córion coronário; MT – membro torácico; MP – 312

membro pélvico; MT-DL – membro torácico dígito lateral; MP-DL – membro pélvico 313

dígito lateral; MT-DM – membro torácico dígito medial; MP-DM – membro pélvico 314

dígito medial. 315

316

Tabela 2. Média (µm) e desvio-padrão do número de papilas/mm, do córion coronário e 317

córion laminar do casco de bubalinos. 318

Regiões do estojo córneo Número de papilas/2000µm

Córion coronário 16 ± 0.121 b

Muralha abaxial 13 ± 0,143 a

Sola 13 ± 0,115 a

MÉDIA 14

Médias seguidas de letras iguais, na mesma coluna, não diferem entre si (p>0,05). 319

Por último, ainda que as médias de comprimento, espessura e espaçamento das papilas 320

epidérmicas dos dígitos dos membros pélvicos e torácicos de bubalinos não 321

apresentaram diferenças estatísticas significativas entre si, os valores obtidos foram 322

Page 44: HISTOMORFOMETRIA, MICROTOMOGRAFIA … · ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA . PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL . ... MICROTOMOGRAFIA BIDIMENSIONAL E TRIDIMENSIONAL,

14

superiores em relação às papilas dos bovinos das raças, Holandesa e Gir (Rabelo et al., 323

2015). Portanto, é possível especular que essas estruturas anatômicas, na espécie 324

bubalina, possuem maior capacidade de produção de queratina, além de promover 325

melhor fixação da epiderme ao estojo córneo. 326

327

CONCLUSÕES 328

A microestrutura do estojo córneo dos cascos de bubalinos avaliada pela 329

histomorfometria e microscopia óptica computadorizada é composta por papilas 330

epidérmicas com tamanho superior de algumas raças de bovinos, sugerindo maior 331

capacidade de produção de queratina, melhor fixação da epiderme ao estojo córneo e 332

maior resistência desses animais as enfermidades podais. Os túbulos córneos da 333

epiderme queratinizada apresentam-se em forma helicoidal e indicam a possibilidade 334

dessa característica ser aplicada aos cascos de outras espécies unguladas. A metodologia 335

empregada e a espécie estudada representam novas perspectivas para o estudo das 336

enfermidades podais nos bovinos, os resultados são inovadores e outras tecnologias 337

avançadas devem ser usadas especialmente para avaliar comparativamente, bubalinos e 338

diferentes raças e categorias de bovinos. 339

AGRADECIMENTOS 340

CNPq: Conselho Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento (Processo: 449753/2014-0). 341

Fapeg: Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de Goiás (Processo: 342

20122012267001141). 343

344

REFERENCIAS 345

BANKS, W.J. Histologia Veterinária Aplicada. 2 ed. São Paulo - SP; 1991. 346

BRAGULLA, H.; BUDRAS, K.D.; MULLING, G.; REESE S., et al. Veterinay 347

Anatomy of Domestic Animals. In: König HE, editor. StuttGart: Schattauer GmbH, p. 348

585-636, 2004. 349

CHAVES, R.N.; LIMA, I.M.T.; DUARTE, A.B.G.; BURATINI, J.R.J., et al. Review 350

article. Structural Characterization of the Fibroblast Growth Factor-10 (FGF-10) and its 351

Role in Ovarian Follicular Physiology. Acta Sci. Vet., v. 39, n.4, p.990, 2011. 352

Page 45: HISTOMORFOMETRIA, MICROTOMOGRAFIA … · ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA . PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL . ... MICROTOMOGRAFIA BIDIMENSIONAL E TRIDIMENSIONAL,

15

GREENOUGH, P.R. Bovine laminitis and lameness: A hands-on approach. 353

Philadelphia: Saunders Elsevier, p.311, 2007. 354

HENDRY, K.A.K.; MACCALLUM, A.J.; KNIGHT, C.H.; WILDE, C.J. Effect of 355

endocrine and paracrine factors on protein synthesis and cell proliferation in bovine 356

hoof tissue culture. J. Dairy Res., v.66, p.23–33,1999. 357

MCKITTRICK, J.; CHEN, P.Y.; BODDE, S.G.; YANG, W., et al. The structure, 358

functions and mechanical properties of keratin. JOM, v.64, n.4, 2012. 359

MENDONÇA, A.C. Aspectos morfológicos dos dígitos de bovinos das raças Gir e 360

Holandesa. Ciênc. Anim. Bras., v.4, p.53-60, 2003. 361

MULLING, C. K. W.; BUDRAS, K. D. The hoof (ungula). In: BUDRAS, K. D.; 362

GREENOUGH, P. R.; HABEL, R. E.; MULLING, C. K. W. Bovine anatomy. 363

Hannouver: Schlutersche GmbH, cap.2.7, p.26-27, 2011. 364

MULLING, C.; HAGEN, J. Importance of Claw Disroders and functional Anatomy of 365

the Claw. Praktische Tierarzt, v.93, p.4-10, 2012. 366

RABELO, E.R.; VULCANI, V.A.S.; SANTANA,F.J.F.; SILVA, L.A.F., et al. 367

Microstructure of Holstein and Gir breed adult bovine hooves: histomorphometry, 368

three-dimensional microtomography and microhardness test evaluation. Arq. Bras. Med. 369

Vet. Zootec., v.67, n.6, p.1492-1500, 2015. 370

SGARBI, E.C.; CARMO, E.D.; ROSA, L.E.B. Radiação ultravioleta e carcinogenese. 371

Ver. Ceiênc. Méd., v.16, n.4-6, p.245-245, 2007. 372

SILVA, L.A.F.; CAMPOS, S.B.S.; RABELO, E.R.; VULCANI, V.A.S., et al. Análise 373

comparativa da morfometria do casco de bovinos das raças Nelore, Curraleira e 374

Pantaneira e de bubalinos e sua relação com a etiopatogenia das enfermidades digitais. 375

Pesq. Vet. Bras., v.35, n.4, p.377-384, 2015. 376

SILVA, R.G.; LA SCALA JUNIOR, N.; POCAY, P.L.B. Transmissão de radiação 377

ultravioleta através do pelame e da epiderme de bovinos. Rev. Bras. Zootec., v.30, 378

p.1939-47, 2001. 379

Page 46: HISTOMORFOMETRIA, MICROTOMOGRAFIA … · ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA . PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL . ... MICROTOMOGRAFIA BIDIMENSIONAL E TRIDIMENSIONAL,

16

TOMBOLATO, L.; NOVITSKAYA, E.E.; CHEN, P.Y.; SHEPPARD, F.A.; et al. 380

Microestruture, elastic properties and deformation mechanisms of horn keratin. Acta 381

Biometarialia, v.6, p.319-330, 2010. 382

MARQUES, J.R.F. Búfalos: (coleçao 500 perguntas e respostas). Embrapa Amazonia 383

Oriental (Belém-PA). Brasília: Embrapa comuniçao para transferencia de Tecnologia, 384

p.176, 2000. 385

Page 47: HISTOMORFOMETRIA, MICROTOMOGRAFIA … · ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA . PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL . ... MICROTOMOGRAFIA BIDIMENSIONAL E TRIDIMENSIONAL,
Page 48: HISTOMORFOMETRIA, MICROTOMOGRAFIA … · ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA . PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL . ... MICROTOMOGRAFIA BIDIMENSIONAL E TRIDIMENSIONAL,

1

CAPITULO 3 - Microtomografia bidimensional, tridimensional e teste de 1

nanodureza Vickers do estojo córneo de bubalinos 2

3

Bidimensional, tridimensional microtomography and nanohardness vickers of hoof 4

capsule of buffaloes 5

6

RESUMO 7

Exames de microtomografia bidimensional, microtomografia tridimensional e teste de 8

nanodureza Vickers são ferramentas importantes na avaliação da microestrutura do 9

estojo córneo dos dígitos dos animais. O presente estudo objetivou descrever a 10

microestrutura do estojo córneo, com destaque para os aspectos morfométricos dos 11

túbulos córneos e a nanodureza Vickers da muralha dorsal, muralha abaxial e sola dos 12

dígitos dos membros torácicos e pélvicos de bubalinos da raça Jafarabadi. Nas análises 13

foram empregados os exames de microtomografia bidimensional, microtomografia 14

tridimensional e nanodureza. Os dígitos mediais dos membros torácicos e os dígitos 15

laterais dos membros pélvicos apresentaram maior quantidade de túbulos córneos com 16

diâmetros maiores. A muralha abaxial dos dígitos dos membros torácicos exibiu valores 17

superiores aos dígitos dos membros pélvicos. A análise de microtomografia 3D indicou 18

que a muralha dorsal apresenta maior densidade quando comparada com a muralha 19

abaxial. Esta apresentou densidade intermediária e a sola foi a estrutura de menor 20

densidade entre as regiões avaliadas. A diferença de densidade está diretamente 21

relacionada aos diversos graus de dureza e resistência, mas o exame de nanodureza não 22

revelou diferenças entre as regiões do casco estudas. Concluiu-se que microtomografia 23

bidimensional e tridimensional demonstram a organização estrutural, diferença de 24

densidade e dureza das diferentes regiões do casco, detalhar a disposição, a angulação, o 25

diâmetro dos túbulos córneos e a quantificação do número de túbulos por mm2 e os 26

testes de nanodureza de Vickers permitem mensurar a dureza de diferentes estruturas do 27

estojo córneo dos dígitos de bubalinos. 28

Palavras-chave: dureza do casco, parede do casco, queratina, sola do casco, túbulos 29

córneos. 30

31

32

Page 49: HISTOMORFOMETRIA, MICROTOMOGRAFIA … · ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA . PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL . ... MICROTOMOGRAFIA BIDIMENSIONAL E TRIDIMENSIONAL,

2

ABSTRACT 33

The present study was developed with the objective to describe the microstructure of 34

corneal case of buffaloes, highlighting the morphometric aspects of horn tubules and 35

Vickers nanohardness the dorsal wall, abaxial wall and sole of the digits of fore and 36

hindlimbs of buffalo animals, adults , the Jafarabadi race, through the analysis of two-37

dimensional microtomography, tridimensional microtomography and nanohardness, 38

considering the regions of the dorsal wall of the abaxial wall and sole of the digit fore 39

and hindlimbs. The results of this research have shown that the medial digit forelimbs 40

and hindlimbs side-digit exhibit increased horn tubules with larger diameters. But the 41

abaxial wall of digit forelimbs showed higher values than digit hindlimbs. Although it 42

was not significant difference between the digits studied, this study could clarify also 43

important aspects of the nanohardness the different regions of the corneal case the digits 44

of buffalo. In contrast, the 3D microtomography analysis revealed that the dorsal wall 45

presents a greater hardness compared to the abaxial wall of intermediate hardness, and 46

with the sole of the hoof, that showed the lowest hardness among the evaluated areas. 47

Thus, one could also infer that the tridimensional microtomography test is more specific 48

than the Vickers nanohardness test for the considered structure. However, such a claim 49

requires further research. 50

Keywords: hardness of the hoof, hoof wall, hoof sole, horn tubules, keratin. 51

52

INTRODUÇÃO 53

Devido a baixa ocorrência de doenças podais nos bubalinos, avaliar a microestrutura do 54

estojo córneo dos dígitos dessa espécie animal, pode representar um avanço nas 55

pesquisas envolvendo a podologia bovina. O estojo córneo dos dígitos é constituído por 56

tecido epidérmico queratinizado e dividido em muralha, talão, sola, bulbo do talão, 57

linha branca e pinça (Greenough, 2007). A epiderme do estojo córneo é responsável 58

pela proliferação dos queratinócitos, síntese de queratina, cemento intercelular e 59

manutenção da qualidade e da integridade das regiões do casco (Bragulla et al., 2004). 60

A compactação de forma concêntrica da queratina tubular forma estruturas tubulares, 61

exceto na epiderme modificada (Banks, 1991). A quantidade de túbulos conectados pelo 62

cemento intercelular interfere diretamente na resistência e à dureza desta estrutura 63

Page 50: HISTOMORFOMETRIA, MICROTOMOGRAFIA … · ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA . PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL . ... MICROTOMOGRAFIA BIDIMENSIONAL E TRIDIMENSIONAL,

3

anatômica (Mulling e Hagen, 2012), mas os estudos científicos que abordam esta 64

temática ainda são escassos. 65

Exames de microtomografia bidimensional, microtomografia tridimensional e teste de 66

nanodureza Vickers são ferramentas importantes nos setores de geologia, engenharia 67

mecânica e civil, aeronáutica, odontologia e ortopedia. Envolvem tecnologia de ponta e 68

ensaios com alta especificidade, mas não se tem informações no estudo da 69

microestrutura do casco, dureza e resistência do estojo córneo de bubalinos e outros 70

bovídeos. A microtomografia bidimensional permite avaliar a microestrutura e através 71

de diferenças de atenuação de raios-X, pode-se ter uma estimativa da diferença de 72

densidade no material. Assim é possível diferenciar a dureza do material analisado, com 73

base em uma escala colorimétrica efetuada com o auxílio do software DataViewer®. O 74

exame permite detalhar o comportamento dos materiais e até mesmo quantificar 75

determinados componentes de sua estrutura, em pregando os softwares CTvox®, CTan® 76

e CTvol® (Bruker). O teste de nanodureza Vickers mede a resistência à penetração ou a 77

resistência à deformação de um material em tempo real. Os valores da força aplicada e 78

da profundidade de penetração gera uma curva característica contendo informações 79

sobre as propriedades elásticas e plásticas do material ensaiado que indicam a dureza 80

Vickers e módulo elástico. 81

O presente estudo objetivou descrever a microestrutura do estojo córneo, com destaque 82

para os aspectos morfométricos dos túbulos córneos e a nanodureza Vickers da muralha 83

dorsal, muralha abaxial e sola dos dígitos dos membros torácicos e pélvicos de 84

bubalinos. 85

MATERIAL E MÉTODOS 86

A pesquisa foi desenvolvida no Setor de Cirurgia de Grandes Animais da Universidade 87

Federal de Goiás - Regional Jataí – GO, em parceria com o Laboratório de 88

Transformação de Fases do Departamento de Engenharia de Materiais da Universidade 89

de São Paulo (USP) – São Carlos - SP e do Laboratório Nacional de Nanotecnologia 90

(LNNano) do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) – 91

Campinas – SP. O estudo foi realizado após aprovação do projeto pela Comissão de 92

Ética no Uso de Animais, Pró Reitoria de Pesquisa e Inovação da UFG (CEUA-PRPI-93

UFG), protocolo no20/2014, entre os meses de junho de 2014 a agosto de 2015. 94

Page 51: HISTOMORFOMETRIA, MICROTOMOGRAFIA … · ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA . PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL . ... MICROTOMOGRAFIA BIDIMENSIONAL E TRIDIMENSIONAL,

4

Foram colhidos 56 estojos córneos distribuídos de forma igualitária entre, membros 95

torácicos e pélvicos, de sete fêmeas bubalinas adultas, raça Jafarabadi, idade entre 24 e 96

60 meses, correspondendo a 56 dígitos que foram identificados em laterais ou mediais. 97

Colheram-se amostras em duplicata, do tecido queratinizado do estojo córneo da 98

muralha dorsal, muralha abaxial e sola pré-bulbar, na região do terço medial dos dígitos 99

mediais dos membros torácicos e laterais dos membros pélvicos. A dimensão dos 100

fragmentos foi de 10 mm x 10 mm. A escolha fundamentou-se no fato de esses dígitos 101

receberem maior sobrecarga de peso e apresentarem maior incidência de lesões e 102

enfermidades podais (Tomlinson et al., 2004). Para as avaliações de microtomografia 103

bidimensional, microtomografia tridimensional e nanodureza Vickers omaterial foi 104

preparado assegurando-se a retirada de tecido mole e de sujidades e acondicionado em 105

embalagens plásticas, identificados e congelados a -15° C. 106

As avaliações das microtomografias bidimensional e tridimensional foram efetuadas no 107

LNNano/CNPEM, empregando microtomógrafo SkyScan 1272®, source voltage 108

(kv)= 25, source current (ua) = 180, number of rows= 820, number of columns= 1224, 109

scaled image pixel size (um) = 17, filter = al 0.25mm ( Lima et al.,2009; Lopes et al., 110

2012). Para as avaliações em 2D, foi utilizado e o software DataViewer® e para as 111

avaliações em 3D os softwares CTvox®, CTan® e CTvol® (Bruker). As avaliações das 112

amostras em 2D, foram realizadas por meio da interpretação da escala colorimétrica 113

produzida pelos mesmos softwares. A escala variava de marrom escuro ao verde claro, 114

de acordo com as regiões que apresentavam menor e maior dureza, respectivamente. 115

O teste de nanodureza Vickers foi realizado segundo metodologia preconizada pelo 116

Laboratório de Transformação de Fases, do Departamento de Engenharia de Materiais – 117

Escola de Engenharia de São Carlos, USP – São Carlos, SP. Os espécimes clínicos 118

destinados a essa avaliação foram adicionados em resina polimérica, resina T208 119

(Cristal®), monômero de estireno, catalisador MEK TGDM50 e Dimetilamina em 120

proporções para endurecimento em cerca de três minutos, a fim de conferir estabilidade 121

às amostras. Primeiramente os fragmentos foram inseridos em cilindros de alumínio, de 122

cinco centímetros de diâmetro para em seguida depositar a resina sobre a amostra. Após 123

a secagem do material, promoveu-se o desgaste da superfície, utilizando-se de lixas 124

d’água (Politriz Arotec – Aropol E®), com numeração variando de 80 a 2.500 até expor 125

os fragmentos dos cascos envolvidos na resina. Ao final, o cilindro era removido e as 126

Page 52: HISTOMORFOMETRIA, MICROTOMOGRAFIA … · ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA . PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL . ... MICROTOMOGRAFIA BIDIMENSIONAL E TRIDIMENSIONAL,

5

amostras, devidamente preparadas eram analisadas no equipamento Mechanical Tester 127

PB1000® (Nanovea – USA), segjundo Fischer-Cripps (2011). 128

Os resultados foram analisados empregando-se o Software Sigma Plot 12.0®. O teste 129

estatístico utilizado para comparação entre as médias foi o teste-T para duas médias e 130

ANOVA para três médias, em nível de significância de 5% (Sampaio, 2010). 131

132

RESULTADOS 133

Por meio da análise de microtomografia bidimensional e tridimensional observaram-se 134

aspectos importantes da organização estrutural do tecido córneo que compõe a epiderme 135

queratinizada dos bubalinos. As distintas regiões do estojo córneo dessa espécie animal 136

foram evidenciadas pelos raios-X, sugerindo diferenças na densidade, resistência e 137

dureza da epiderme queratinizada (Fig. 1). 138

139

Figura 1. Organização estrutural do tecido córneo que compõe a epiderme queratinizada 140

do casco de bubalinos. Em (A), microtomográfica bidimensional da muralha dorsal do 141

estojo córneo. Em (B), a reconstrução tridimensional da muralha dorsal do estojo 142

córneo e escala colorimétrica que permite avaliar as diferenças na densidade pela 143

atenuação de raios-x. 144

145

A avaliação microtomográfica bidimensional indicou que a região da muralha dorsal 146

apresentou maior predominância das cores azul, rosa e verde claro, sugerindo maior 147

densidade. Na sequência, a muralha abaxial apresentou predominância das cores azul, 148

rosa e amarela, indicando densidade intermediária. N sola, notou-se uma predominância 149

Page 53: HISTOMORFOMETRIA, MICROTOMOGRAFIA … · ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA . PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL . ... MICROTOMOGRAFIA BIDIMENSIONAL E TRIDIMENSIONAL,

6

das cores amarela, rosa e marrom, apontando como a região anatômica de menor 150

densidade (Fig. 2). 151

152

153

Figura 2. Imagem microtomográfica bidimensional do estojo córneo de bubalinos. Em 154

(A), observa-se a muralha dorsal do estojo córneo. Nota-se predominância das cores 155

azul, rosa e verde claro, representando região com maior densidade. Em (B), observa-se 156

a muralha abaxial do estojo córneo com predominância das cores azul, rosa e amarela, 157

representando uma região com densidade intermediária. Em (C), a sola apresenta 158

predominância das cores amarela, rosa e marrom, indicando região com menor 159

densidade. O asterisco (*) branco representa a escala colorimétrica. 160

161

A queratina intratubular e extratubular dos túbulos córneos se apresentou de forma 162

concêntrica, sendo a primeira com menor densidade em relação à segunda. (Fig. 3). Na 163

muralha dorsal e muralha abaxial a queratina intratubular foi identificada com coloração 164

rosa e a extratubular de cor azul e verde claro. A sola do casco apresentou queratina 165

intratubular de cor azul e queratina extratubular de cor rosa. Nesse caso, verificou-se 166

que as queratinas intratubular e extratubular apresentaram densidade inversamente 167

proporcional a dureza das muralhas abaxial e dorsal. 168

169

Page 54: HISTOMORFOMETRIA, MICROTOMOGRAFIA … · ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA . PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL . ... MICROTOMOGRAFIA BIDIMENSIONAL E TRIDIMENSIONAL,

7

170

Figura 3. Microtomografia bidimensional do estojo córneo de bubalinos. Em (A e B), 171

observa-se a muralha dorsal e a muralha abaxial do estojo córneo, respectivamente, 172

evidenciando a queratina intratubular de cor rosa (círculo branco) e a queratina 173

extratubular de cor azul e verde claro (seta vermelha), indicando menor densidade da 174

queratina intratubular em relação à queratina extratubular. Em (C), na região da sola do 175

casco a queratina intratubular apresenta cor azul (círculo branco) e a queratina 176

extratubular cor rosa (seta vermelha), indicando maior densidade da queratina 177

intratubular em relação à queratina extratubular. O asterisco (*) branco representa a 178

escala colorimétrica. 179

180

Por meio da microtomografia tridimensional, pode-se confirmar que não há presença de 181

poros no estojo córneo, sendo esta estrutura anatômica formada exclusivamente por 182

túbulos córneos. Verificou-se ainda que os túbulos córneos apresentam-se dispostos 183

paralelamente uns aos outros, se organizando de forma concêntrica helicoidal em todas 184

as regiões do estojo córneo dos dígitos de bubalinos (Fig. 4), característica que pode 185

intensificar a dureza do estojo córneo nessa espécie animal. 186

187

Page 55: HISTOMORFOMETRIA, MICROTOMOGRAFIA … · ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA . PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL . ... MICROTOMOGRAFIA BIDIMENSIONAL E TRIDIMENSIONAL,

8

188

Figura 4. Microtomografia tridimensional (modelo-3D obtido no CTvol) do estojo 189

córneo dos dígitos de bubalinos. Em (A) observa-se a queratina intratubular da região da 190

muralha dorsal. Em (B) observa-se os túbulos córneos organizados de forma concêntrica 191

helicoidal, conforme evidenciado pelas setas vermelhas. 192

193

A avaliação microtomográfica tridimensional também permitiu verificar que, em cada 194

região do casco de bubalinos, os túbulos córneos assumem angulações diferentes em 195

relação ao córion coronário (Fig. 5). Na muralha dorsal apresentam um ângulo de 90o e 196

na muralha abaxial nota-se angulação de 65o. Quanto aos túbulos córneos da sola 197

verificou-se que essa angulação foi de aproximadamente, 70o em relação ao córion 198

laminar. 199

200

201

Page 56: HISTOMORFOMETRIA, MICROTOMOGRAFIA … · ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA . PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL . ... MICROTOMOGRAFIA BIDIMENSIONAL E TRIDIMENSIONAL,

9

Figura 5. Imagens microtomográficas do estojo córneo dos dígitos de bubalinos 202

indicando angulação dos túbulos córneos. Em (A), 90o (seta vermelha) e em (B), uma 203

angulação de 65o (seta vermelha), ambos em relação ao córion coronário. Em (C), 204

apresentam uma angulação de 70o (seta vermelha) em relação ao córion laminar. 205

206

Por meio da microtomografia tridimensional foi possível mensurar o diâmetro dos 207

túbulos córneos e seus respectivos percentuais em cada região do estojo córneo e 208

quantificar o número exato dessas estruturas nas diferentes regiões do casco. Também 209

foi possível comparar o diâmetro e a quantidade de túbulos córneos presentes na 210

muralha dorsal, muralha abaxial e sola do casco, tanto nos dígitos mediais quanto nos 211

laterais dos membros torácicos e pélvicos (Tab. 1). 212

213 Tabela 1. Diâmetro, percentual e número total de túbulos córneos dos dígitos de 214

bubalinos analisados por meio de microtomografia tridimensional. 215

DÍG/RC/LA

DIÂMETRO

PERCENTUAL DE TÚBULOS CÓRNEOS (%)

N°TB/mm2 (17 µm) (51 µm) (85 µm) (119 µm) (153 µm)

MT-medial 37,23±9,46a 49,16±2,16a 10,85±7,17a 2,56±0,97b 0,03±0,01a 30,03±3,51a

MP-lateral 43,25±2,48a 50,34±0,66a 6,06±0,43a 0,35±0,34a 0,00±0,00a 28,72±1,83a

MT-MD 42,36±0,95a 49,63±1,23a 7,58±2,69a 0,42±0,026a 0,00±0,00a 25,80±2,48a

MT-MAB 26,31±1,67b 46,84±1,56a 19,07±3,25b 7,14±1,45b 0,10±0,00a 36,72±5,75a

MT-SOL 43,01±1,41a 50,99±1,80a 5,88±2,12a 0,11±0,01a 0,00±0,00a 27,98±2,55a

MP-MD 45,84±2,34a 49,67±1,65a 4,29±1,23ab 0,12±0,002a 0,00±0,00a 27,35±2,36a

MP-MAB 40,89±0,85a 50,35±2,97a 8,07±2,45b 0,74±0,03a 0,00±0,00a 30,80±2,45a

MP-SOL 46,51±2,66a 50,72±1,76a 2,76±0,06 a 0,00±0,00a 0,00±0,00a 30,14±2,67a

MT-MAB 26,31±1,67a 46,84±1,89a 19,07±3,25b 7,14±1,45b 0,10±0,01a 36,72±5,75a

MP-MAB 40,89±0,85b 50,35±2,97a 8,07±2,45a 0,74±0,03a 0,00±0,00a 30,80±2,45a

MT-MD 42,36±0,95a 49,63±1,23a 7,58±2,69a 0,42±0,026a 0,00±0,00a 25,80±2,48a

MP-MD 45,84±2,34a 49,67±1,65a 4,29±1,23a 0,12±0,002a 0,00±0,00a 27,35±2,36a

MT-SOL 43,01±1,41a 50,99±1,80a 5,88±2,12a 0,11±0,001a 0,00±0,00a 27,98±2,55a

MP-SOL 46,51±2,66a 50,72±1,76a 2,76±0,06a 0,00±0,00a 0,00±0,00a 30,14±2,67a

MÉDIA 40,24 49,75 8,46 1,45 0,03 29,56

Page 57: HISTOMORFOMETRIA, MICROTOMOGRAFIA … · ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA . PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL . ... MICROTOMOGRAFIA BIDIMENSIONAL E TRIDIMENSIONAL,

10

Médias seguidas de letras diferentes, na mesma coluna e mesma variável diferem entre si 216

(p<0,05). Médias seguidas de letras iguais, na mesma coluna e mesma variável não diferem 217

entre si (p>0,05). DIG – dígitos; RC – Região do casco; LA – localização anatômica; DL – 218

dígito lateral; DM – dígito medial; MT – membro torácico; MP – membro pélvico. MT – 219

membro torácico; MP – membro pélvico; MD – muralha dorsal; MAB – muralha abaxial; SOL 220

– sola; N°TB/mm2 – número de túbulos córneos por mm2. 221

222

Quanto à nanodureza Vickers, os resultados apresentados para o estojo córneo dos 223

dígitos de bubalinos, considerando-se os dígitos mediais e laterais dos membros 224

torácicos e pélvicos, e as regiões do casco, muralha dorsal, muralha abaxial e sola, 225

podem ser visibilizados abaixo (Tab. 2). Desse modo, foi possível comparar a dureza e 226

o módulo elástico dessas diferentes regiões, tanto nos dígitos mediais quanto nos 227

laterais dos bubalinos, nos membros torácicos e pélvicos, respectivamente. 228

229

Tabela 2. Resultado do teste de Nanodureza Vickers para o estojo córneo dos dígitos de 230

bubalinos, associado ao resultado do módulo elástico. 231

DÍG/RC/LA NANODUREZA VICKERS MÓDULO ELÁSTICO

MT 25,37 ± 3,31a 4,57 ± 0,36a

MP 26,28 ± 2,95a 4,50 ± 0,32a

MD 26,55 ± 4,08a 4,50 ± 0,22a

MAB 26,19 ± 2,42a 4,75 ± 0,38a

SOL 24,46 ± 2,60a 4,71 ± 0,40a

MT-MD 25,31 ± 4,20a 4,47 ± 0,19a

MT-MAB 26,50 ± 2,38a 4,64 ± 0,28a

MT-S 24,28 ± 3,32a 4,86 ± 0,37a

MP-MD 28,45 ± 4,12a 4,54 ±0,28a

MP-MAB 25,61 ± 1,56a 4,90 ± 0,49a

MP-S 24,55± 1,45a 4,48 ± 0,35a

MT – DM 24,32 ± 3,10a 4,45 ± 0,40a

MT – DL 26,40 ± 3,35a 4,75 ± 0,27a

MP – DM 25,39 ± 3,37a 4,50 ± 0,31a

MP – DL 27,18 ± 2,42a 4,67 ± 0,51a

Page 58: HISTOMORFOMETRIA, MICROTOMOGRAFIA … · ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA . PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL . ... MICROTOMOGRAFIA BIDIMENSIONAL E TRIDIMENSIONAL,

11

MT – DL 26,40 ± 3,35a 4,75 ± 0,27a

MP – DL 27,18 ± 2,42a 4,67 ± 0,51a

MT – DM 24,32 ± 3,10a 4,45 ± 0,40a

MP – DM 25,39 ± 3,37a 4,50 ± 0,31a

CT 26,07 ± 4,66a 5,12 ± 0,12b

CL 26,42 ± 3,19a 4,57 ± 0,20a

MÉDIA 25,74 4,65

Médias seguidas de letras iguais na mesma coluna não diferem entre si (p>0,05). 232

Médias seguidas de letras diferentes na mesma coluna diferem entre si (p<0,05). DL – 233

dígito lateral; DM – dígito medial; MT – membro torácico; MP – membro pélvico; MD 234

– muralha dorsal; MAB – muralha abaxial; SOL – sola; CT – corte transversal; CL – 235

corte longitudinal. 236

237

DISCUSSÃO 238

Ponderando sobre os resultados da microtomografia bidimensional pode-se inferir que a 239

muralha dorsal do casco apresentou-se como a região anatômica de maior densidade, 240

seguida da muralha abaxial. Diferentemente, a sola se apresentou como a estrutura de 241

menor densidade dentre as regiões investigadas. Essa diferença de densidade pode ser 242

associada à diferença de dureza e resistência entre as regiões avaliadas e ao córion 243

laminar que da origem ao tecido. A sola é formada a partir do córion solear. Budras e 244

Mulling (1998) e Tomlinson et al. (2004), atribuíram essa diferença de dureza entre as 245

regiões do casco de bovinos a deposição de maior sobrecarga de massa corporal sobre a 246

muralha dorsal e abaxial em relação a sola. Portanto, o achado não sugere uma 247

característica particular da espécie bubalina. 248

Os resultados permitem inferir que teste de microtomografia é um método sensível e 249

preciso na mensuração da densidade de diversas regiões do casco de bubalinos e a 250

diferença de dureza em ordem decrescente, partindo da muralha dorsal, abaxial até a 251

sola também pode ter relação com a queratina extratubular e intratubular. 252

Primeiramente, a maior dureza da muralha em relação à sola pode ter relação com maior 253

sobrecarga de massa corporal, uma vez que estes animais apoiam pela muralha (Barsuto 254

et al. 2008; Greenough, 2007). Mas, para explicar o comportamento inverso de dureza 255

apresentado pela queratina extra e intratubular na sola é preciso avançar nessa linha de 256

Page 59: HISTOMORFOMETRIA, MICROTOMOGRAFIA … · ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA . PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL . ... MICROTOMOGRAFIA BIDIMENSIONAL E TRIDIMENSIONAL,

12

pesquisas. Fundamentando em algumas pesquisas realizadas (Budras e Mulling 1998; 257

Tomlinson et al. 2004; Tombolato et al. 2010) , é possível atribuir essa inversão ao fato 258

de essa região anatômica exercer a função de absorção de impacto, e por consequência, 259

apresentar maior maciez. 260

Apesar de não encontrar citações na literatura (Tomlinson et al. 2004; Mulling e Hagen, 261

2012), pondera-se que, a ausência de poros no estojo córneo de bubalinos observado 262

nessa pesquisa pode conferir maior dureza e resistência ao casco desses animais. Nessas 263

circunstâncias, tornam mais resistentes ao desenvolvimento de lesões e enfermidades 264

podais, quando comparados aos animais da espécie bovina. 265

Outro aspecto que desperta curiosidade é o fato dos túbulos córneos se apresentarem de 266

forma concêntrica helicoidal. Na literatura consultada (Tombolato et al. 2010; 267

McKittrick et al., 2012; Rabelo et al., 2015), não foi possível resgatar quaisquer 268

descrições semelhantes. Porém, análises microestruturais do casco foram realizadas a 269

em bovinos e equinos (McKittrick et al., 2012), sem, contudo, aprofundarem a 270

discussão sobre este achado. Mas, fundamentando-se nos achados de Tombolato et al. 271

(2010), sugere-se que a forma concêntrica helicoidal dos túbulos córneos esteja 272

relacionada à disposição da queratina intratubular que forma a alfa-queratina, principal 273

proteína constituinte da epiderme queratinizada. 274

A diferença na angulação dos túbulos córneos nas distintas regiões do estojo córneo de 275

bubalinos foi outro achado importante revelado nesse estudo, por meio da análise de 276

microtomografia tridimensional. A maior angulação identificada na muralha dorsal, 277

seguida da sola e da muralha abaxial com a menor angulação ainda não foi investigado 278

pela literatura especializada (Tombolato et al. 2010; McKittrick et al., 2012). Mas, 279

acredita-se que a inclinação dos túbulos córneos siga a direção do crescimento do estojo 280

córneo. Contudo para relacionar esse achado com a dureza do casco é preciso realizar 281

estudos complementares, comparando bubalinos com diferentes raças e categorias de 282

bovinos. Ponderando sobre o percentual e número de túbulos córneos verificou-se que 283

os membros torácicos apresentaram percentual e número total de túbulos córneos mais 284

elevados e com maior diâmetro em relação aos pélvicos. O achado pode estar 285

relacionado à maior sobrecarga de peso do animal sobre o membro torácico. Estudos 286

realizados em bovinos, por Budras e Mulling (1998) e Tomlinson et al. (2004), 287

demonstraram resultados semelhantes aos descritos nesta investigação. No entanto, a 288

Page 60: HISTOMORFOMETRIA, MICROTOMOGRAFIA … · ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA . PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL . ... MICROTOMOGRAFIA BIDIMENSIONAL E TRIDIMENSIONAL,

13

muralha abaxial apresentou percentual superior de túbulos córneos de maior diâmetro 289

frente às demais estruturas consideradas. Assim, acredita-se que a muralha abaxial dos 290

dígitos mediais dos membros torácicos, sofreram uma adaptação funcional para suportar 291

maior sobrepeso. Greenough (2007) e Tombolato et al. (2010) demonstraram que a 292

muralha abaxial recebe maior sobrecarga de peso, podendo, consequentemente, ocorrer 293

maior deposição de queratina. Ainda analisando o percentual e número de túbulos 294

córneos, a muralha abaxial dos membros pélvicos laterais, apresentou percentual e 295

número total de túbulos córneos mais elevados e com maior diâmetro em relação à 296

muralha dorsal e sola dos mesmos dígitos. Acredita-se que esse achados sejam 297

justificados pelo fato dessa região anatômica receber maior sobrecarga de peso do 298

animal em relação à muralha abaxial dos dígitos mediais desses membros. 299

O diâmetro dos túbulos córneos da muralha abaxial dos dígitos dos membros torácicos 300

mediais frente aos túbulos da muralha abaxial dos dígitos dos membros pélvicos laterais 301

apresentaram menor percentual de túbulos córneos de menor diâmetro e maior 302

percentual de túbulos córneos de maior diâmetro em comparação aos túbulos analisados 303

na região pélvica. Estudos realizados em bovinos (Schaller., 1999; König e Liebich., 304

2004; Greenough.,2007) apontaram que os dígitos mediais dos membros torácicos 305

recebem maior sobrecarga do peso corporal do animal. Por analogia, os resultados do 306

estudo aqui desenvolvido concordam com os achados desses autores. Assim, infere que 307

em virtude dessa particularidade ocorre maior deposição de queratina nos dígitos dos 308

membros torácicos e, por consequência, apresentam túbulos córneos de maior diâmetro. 309

Confrontando os resultados da contagem dos números totais de túbulos córneos por 310

mm2, não foi possível justificar a ausência de diferença entre as regiões avaliadas nos 311

dígitos dos membros torácicos e pélvicos dos bubalinos. Em contrapartida, estudos 312

realizados por Barsuto et al. (2008), em bovinos, e por Tombolato et al. (2010), em 313

bovinos e equinos, sugeriram que um maior número de túbulos córneos no estojo 314

córneo pode lhe conferir maior resistência. Porém esses pesquisadores não 315

correlacionaram às regiões estudadas no presente estudo. Devido a complexidade do 316

assunto, há necessidade de estudos adicionais para melhor esclarecimento desse achado, 317

inclusive , comparando o estojo córneo dos dígitos de animais sadios frente aos animais 318

portadores de enfermidades podais, doenças carenciais, ou ainda, entre espécies. 319

Page 61: HISTOMORFOMETRIA, MICROTOMOGRAFIA … · ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA . PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL . ... MICROTOMOGRAFIA BIDIMENSIONAL E TRIDIMENSIONAL,

14

Os testes de nanodureza Vickers não revelaram diferenças entre as regiões da muralha 320

dorsal, muralha abaxial e sola dos dígitos laterais e mediais nos membros torácicos e 321

pélvicos. Mas pesquisadores como Abduhalli et al. (2014) utilizando chifres de bovinos 322

e antílopes afirmaram que a técnica de Nanoindentação indicou que o estojo córneo 323

dessa estrutura apresenta maior dureza na base do crânio, aumentando até a metade do 324

chifre e diminuindo, gradativamente, a partir desse segmento até a porção sua apical. 325

Com base nessas informações, acredita-se que a ausência de diferenças quanto ao nível 326

de dureza nas diferentes regiões do estojo córneo dos bubalinos desse estudo esteja 327

relacionado à padronização da localização da colheita das amostras, que se deu no terço 328

medial de cada dígito. 329

Ainda em relação aos testes de nanodureza de Vickers, o módulo elástico apresentou 330

diferenças estatísticas, com maior expressão no corte transversal quando comparado ao 331

corte longitudinal. Acredita-se que este fato possa ser explicado levando em 332

consideração que, na direção transversal, exista uma maior elasticidade das regiões do 333

estojo córneo, visto que, nesse sentido dos túbulos córneos requerem maior flexibilidade 334

em virtude da maior sobrecarga de massa corporal imposta a essa estrutura. 335

336

CONCLUSÕES 337

O estudo da microestrutura do estojo córneo de bubalinos por meio da microtomografia 338

bidimensional e tridimensional permitiu demonstrar a organização estrutural, diferença 339

de densidade e dureza das diferentes regiões do casco, além de detalhar a disposição, a 340

angulação, o diâmetro dos túbulos córneos e a quantificação do número de túbulos por 341

mm2. 342

Os testes de nanodureza de Vickers permitem mensurar a dureza de diferentes estruturas 343

do estojo córneo dos dígitos de bubalinos 344

A aplicação de técnicas com elevado nível de especificidade, empregadas nessa área do 345

conhecimento, sugerem a necessidade de implementar novos avanços nas pesquisas e 346

configuram um novo paradigma no contexto da podologia de ruminantes. 347

348

349

350

351

Page 62: HISTOMORFOMETRIA, MICROTOMOGRAFIA … · ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA . PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL . ... MICROTOMOGRAFIA BIDIMENSIONAL E TRIDIMENSIONAL,

15

AGRADECIMENTOS 352

CNPq: Conselho Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento (Processo: 449753/2014-0). 353

Fapeg: Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de Goiás (Processo: 354

20122012267001141). 355

REFERÊNCIAS 356

ABDULLAHI, U.; SALIHI, A.; ALI, A.B. Hardness behaviour of termoplastic catle 357

horn using nanoindentation technique. Asian Jounal of Engineering and Technology, 358

v.2, n.2, p.169-173, 2014. 359

BANKS, W.J. Histologia Veterinária Aplicada. 2 ed. São Paulo - SP; 1991. 360

BASURTO, R.N.; ARRIETA, L.S.; CASTREJÓN, H.V.; MARTÍNEZ, J.A.E., et al. 361

Effect of zinc methionine on the e quine hoof : an evaluation by environmental scanning 362

electron microscopy. Vet Méx, v.39, n.3, p.247-251, 2008. 363

BUDRAS, K.L.; MÜLLING, C.; editors. Structure and function of the bovine claw. 364

Proceedings of the 10th International Symposium on Lameness in Ruminants; 1998. 365

FISCHER-CRIPPS, AC. Nanoindentation – Hardocover, p.282, 2011. 366

367

GREENOUGH, P.R. Bovine laminitis and lameness - A hands on approach, p.311, 368

2007. 369

KÖNIG, H.E.; LIEBICH, H.G. Anatomia dos Animais Domésticos: Texto e atlas 370

colorido - órgãos e sistemas. São Paulo - SP; 2004. 371

LIMA, I.; LOPES, R.T.; OLIVEIRA, L.F.; ALVES, J.M. Análise de estrutura óssea 372

através de microtomografia computadorizada 3D. Ver. Bras. Físic. Méd, v.2, n.1, p.6-373

10, 2009. 374

LOPES, A.P.; FIORI, A.P.; REIS NETO, J.M.; MARCHESE, C.; et al. Análise 375

tridimensional de rochas por meio de microtomografia computadorizada de raios-x 376

integrada a petrografia. Geociências, v.31, n.1, p.129-142, 2012. 377

MCKITTRICK, J.; CHEN, P.Y.; BODDE, S.G.; YANG, W.; et al. The structure, 378

functions and mechanical properties od keratin. JOM, v.64, n.4, 2012. 379

Page 63: HISTOMORFOMETRIA, MICROTOMOGRAFIA … · ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA . PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL . ... MICROTOMOGRAFIA BIDIMENSIONAL E TRIDIMENSIONAL,

16

MULLING, C.; HAGEN, J. Importance of Claw Disroders and functional Anatomy of 380

the Claw. Praktische Tierarzt, v.93, p.4-10, 2012. 381

RABELO, E.R.; VULCANI, V.A.S.; SANTANA,F.J.F.; SILVA, L.A.F., et al. 382

Microstructure of Holstein and Gir breed adult bovine hooves: histomorphometry, 383

three-dimensional microtomography and microhardness test evaluation. Arq. Bras. Med. 384

Vet. Zootec., v.67, n.6, p.1492-1500, 2015. 385

SAMPAIO, I.B.M. Estatística aplicada à experimentação animal. 3. Ed. Belo Horizonte: 386

FEP-MVZ, 2010. 387

SCHALLER, O. Nomenclatura anatômica veterinária: São Paulo-SP.; 1999. 388

SILVA, A.M.H. Análise microestrutural óssea trabecular utilizando microtomografia 389

computadorizada tridimensional. 2012. 586a. Dissertação (Mestrado em 390

Bioengenharia) Escola de Engenharia de São Carlos. 391

TOMBOLATO, L.; NOVITSKAYA, E.E.; CHEN, P.Y.; SHEPPARD, F.A.; et al. 392

Microestruture, elastic properties and deformation mechanisms of horn keratin. Acta 393

Biometarialia, v.6, p.319-330, 2010. 394

TOMLINSON, D.J.; MULLING, C.H.; FAKLER, T.M. Invited Review: Formation of 395

keratins in the bovine claw: Roles of hormones, minerals, and vitamins inf functional 396

claw integrity. J Dairy Sci, v.87, p.797-809, 2004. 397

398

Page 64: HISTOMORFOMETRIA, MICROTOMOGRAFIA … · ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA . PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL . ... MICROTOMOGRAFIA BIDIMENSIONAL E TRIDIMENSIONAL,
Page 65: HISTOMORFOMETRIA, MICROTOMOGRAFIA … · ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA . PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL . ... MICROTOMOGRAFIA BIDIMENSIONAL E TRIDIMENSIONAL,

CAPÍTULO 4 - Composição bioquímica do estojo córneo de bubalinos e sua 1

influência na qualidade do casco 2

Biochemical composition of hoof capsule of buffaloes and their influence on the 3

quality of hoof 4

5

RESUMO 6

A epiderme queratinizada (estojo córneo do casco) é considerada uma barreira biológica 7

que confere proteção às estruturas internas essenciais à locomoção, influenciando assim 8

a vulnerabilidade ou a resistência dos ruminantes às enfermidades podais. Com o 9

presente estudo, objetivou-se estabelecer os parâmetros bioquímicos das diferentes 10

regiões do casco de bubalinos, muralha abaxial, muralha dorsal e sola do caso dos 11

dígitos torácico medial e pélvico lateral. Assim, foram analisados os teores de matéria 12

seca (MS), matéria mineral (MM), matéria orgânica (MO), proteína bruta (PB) e extrato 13

etéreo (EE). Incluiu-se também a análise dos minerais enxofre (S), cálcio (Ca), potássio 14

(K), fósforo (P), zinco (Zn) e cobre (Cu). Os achados foram analisados com a utilização 15

do Software SigmaPlot 12.0®. O teste estatístico utilizado para comparação entre as 16

médias foi o teste-T para duas médias e ANOVA para três médias, em nível de 17

significância de 5%. Concluiu-se que, os parâmetros bioquímicos do casco 18

apresentaram diferentes concentrações em relação à região e posição anatômica do 19

casco, sendo essas diferenças associadas aos dígitos que recebem maior sobrecarga de 20

massa corporal e impacto. 21

Palavras-chave: estojo córneo, estrato etéreo, minerais, proteína bruta, matéria seca. 22

23

ABSTRACT 24

The keratinized epidermis (corneal case) is considered a biological barrier protection of 25

internal structures essential to the movement and influencing vulnerability or foot 26

resistance of ruminants to disease. This study aimed to establish biochemical parameters 27

of buffalo hoof, especially dry matter (DM), mineral matter (MM), organic matter 28

(OM), crude protein (CP) and ethereal layer (EE) and minerals, sulfur (S), calcium (Ca), 29

potassium (K), phosphorus (P), zinc (Zn) and copper (Cu). The findings were analyzed 30

using the software SigmaPlot 12.0®. The statistical test used to compare the means was 31

Page 66: HISTOMORFOMETRIA, MICROTOMOGRAFIA … · ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA . PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL . ... MICROTOMOGRAFIA BIDIMENSIONAL E TRIDIMENSIONAL,

2

the T-test for two means and ANOVA for three average, 5% significance level. 32

However, the dry matter, mineral matter, organic matter, crude protein and ether extract 33

and different minerals in their different concentrations revealed in this study were 34

associated with digits receiving higher overhead and impact of body mass. 35

Keywords: dry matter, horny case, lipids, minerals, protein. 36

37

INTRODUÇÃO 38

Estudos básicos voltados à compreensão da morfologia, composição celular e 39

bioquímica dos cascos de ruminantes, especialmente de bubalinos, são escassos e 40

merecem atenção por parte dos pesquisadores. 41

Eventos celulares e bioquímicos relacionados à formação e à composição do estojo 42

córneo dos cascos de bubalinos e bovinos podem elucidar questionamentos acerca da 43

qualidade do casco e a vulnerabilidade deste às enfermidades podais. A maior 44

resistência às doenças de casco observada em bubalinos, quando comparados aos 45

bovinos, principalmente os de aptidão leiteira, já foi alvo de investigações científicas 46

(Campos, 2012; Silva et al., 2015), entretanto, muitos questionamentos ainda são 47

controversos. 48

Sabe-se que a qualidade e a resistência do estojo córneo do casco podem sofrer 49

influência de inúmeros fatores, com destaque para os nutricionais, metabólicos, 50

hormonais e ambientais (Ferreira et al., 2005; Muelling, 2009). Os fatores nutricionais 51

merecem destaque, pois sabe-se que os ácidos graxos, os minerais, as vitaminas e em 52

especial os aminoácidos, sobretudo os associados ao enxofre, como a cisteína, são 53

componentes essenciais à formação de um estojo córneo de qualidade (Tomlinson, et 54

al., 2004; Ferreira, et al., 2005; Bertenchini, 2013). 55

Diante disso, objetivou-se nesta pesquisa, estudar e estabelecer parâmetros da 56

composição bioquímica do estojo córneo de bubalinos, por meio da quantificação de 57

matéria seca (MS), matéria mineral (MM), matéria orgânica (MO), proteína bruta (PB), 58

estrato etéreo (EE) e os minerais, enxofre (S), cálcio (Ca), potássio (K), fósforo (P), 59

zinco (Zn) e cobre (Cu) em diferentes regiões do casco, com destaque para a muralha 60

abaxial, a muralha dorsal e a sola pré-bulbar dos dígitos mediais e laterais dos membros 61

pélvicos e torácicos. 62

63

Page 67: HISTOMORFOMETRIA, MICROTOMOGRAFIA … · ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA . PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL . ... MICROTOMOGRAFIA BIDIMENSIONAL E TRIDIMENSIONAL,

3

MATERIAL E MÉTODOS 64

A pesquisa foi desenvolvida no Setor de Cirurgia de Grandes Animais e nos 65

Laboratórios de Física e de Análises de Alimentos da Universidade Federal de Goiás – 66

Regional Jataí – GO. A pesquisa ocorreu entre os meses de junho de 2014 a agosto de 67

2015, obedecendo aos preceitos éticos em experimentação animal, sendo o projeto de 68

pesquisa aprovado pela Comissão de Ética no Uso de Animais, Pró Reitoria de Pesquisa 69

e Inovação da UFG (CEUA-PRPI-UFG), protocolo no20/2014. 70

Foram colhidas 56 peças anatômicas (estojos córneos) de 14 fêmeas de bubalinos 71

adultos, criadas a pasto, sem suplementação com alimento concentrado e sua dieta, com 72

idade entre 24 e 60 meses, raça Jafarabadi, sendo 28 membros torácicos e 28 membros 73

pélvicos, totalizando 112 dígitos. Os 112 dígitos foram identificados quanto a sua 74

localização em pélvicos ou torácicos e laterais ou mediais. 75

Do terço medial de cada dígito foram retiradas amostras, em duplicata, do tecido 76

queratinizado do casco (epiderme) da muralha dorsal, muralha abaxial e sola pré-bulbar, 77

com dimensões aproximadas de 10mm x 10mm. As amostras foram higienizadas, 78

assegurando-se a retirada de tecido mole e sujidades. Sequencialmente, os espécimes 79

clínicos foram acondicionados em embalagens plásticas e congelados a -15° C. 80

A avaliação da composição bioquímica do casco envolveu duas técnicas distintas, a 81

técnica destrutiva, com a necessidade de moer as amostras, e a técnica não destrutiva, 82

sem a necessidade de promover a fragmentação das amostras. 83

A técnica destrutiva foi destinada as análises de matéria seca (MS), matéria mineral 84

(MM), proteína bruta (PB), extrato estéreo (EE), seguindo a metodologia preconizada 85

por Silva e Queiroz (2002). Assim, as amostras foram moídas em um micro-moinho 86

MAO 48 – Marconi, peneira intermediária, a fim de fracioná-las em fragmentos de 87

aproximadamente 0,5mm, com peso mínimo padronizado de dois gramas. 88

Para realizar a análise de matéria seca (MS), as amostras foram pesadas em uma balança 89

de precisão e inseridas em um cadinho de cerâmica, previamente pesado. 90

Sequencialmente, as amostras foram encaminhadas à estufa a 105oC, por duas horas. 91

Em seguida, foram submetidas a um dessecador de vidro com sílica por 40 minutos 92

visando estabilizar as amostras, sendo estas novamente pesadas. Pela diferença entre o 93

peso original da amostra e o segundo peso, evidenciou-se o valor da MS. 94

Page 68: HISTOMORFOMETRIA, MICROTOMOGRAFIA … · ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA . PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL . ... MICROTOMOGRAFIA BIDIMENSIONAL E TRIDIMENSIONAL,

4

A análise para matéria mineral (MM) foi realizada sequencialmente à análise da matéria 95

seca. Para isso, as amostras foram inseridas em um forno MUFLA - JUNG a 600oC, por 96

quatro horas. Após este período, o forno foi desligado e a temperatura decai de forma 97

gradativa até atingir 200oC. Em seguida, as amostras foram levadas a estufa a 105oC, 98

por uma hora e, sequencialmente, encaminhadas ao dessecador de vidro com sílica por 99

40 minutos. Por fim, realizou-se a pesagem novamente e pela diferença entre o peso da 100

MS e o peso das amostras nesse momento, evidenciou-se o valor da MM. 101

Para realizar a análise de proteína bruta (PB), as amostras foram previamente pesadas e 102

inseridas em um tubo de ensaio com uma substância catalizadora (sulfato de sódio + 103

sulfato de cobre) na proporção de 10:1. Em seguida, acrescentou-se cinco mililitros de 104

ácido sulfúrico puro. Na sequência encaminhou-se as amostras a um bloco digestor, por 105

uma hora e meia, a uma temperatura crescente de 70oC até atingir os 400oC. As 106

amostras permaneceram a essa temperatura até se observar mudança de coloração, de 107

negra para esverdeada. Após esta etapa, a mistura descansou por 20 minutos e ao final 108

foram acrescentados 20 mL de água destilada a esta. Em seguida as amostras foram 109

destiladas em um destilador de nitrogênio, por três minutos, até atingirem 100 mL de 110

destilado. Sequencialmente realizou-se a titulação com HCL, até o destilado mudar da 111

colocação amarelada para róseo claro. A quantidade de HCL utilizado na titulação foi 112

convertida para (PB) em relação à (MS). 113

Para a análise do extrato etéreo (EE), as amostras foram pesadas e envoltas em um 114

envelope de papel filtro qualitativo de 15 cm e inseridas em um balão volumétrico 115

previamente pesado. Em seguida, o balão foi acoplado a um extrator e a um 116

condensador (Sistema Soxlet) com lavagem intermitente com 200 mL de solvente de 117

éter de petróleo com aquecimento nível três, por quatro horas. Após esse período 118

retirou-se o cartucho e realizou-se o refluxo do solvente, e ainda sob aquecimento, 119

recuperou-se até 0,1 cm de solvente no balão volumétrico. Após essa etapa o balão foi 120

submetido à estufa a 105oC por uma hora e, em sequência, ao dessecador de vidro com 121

sílica por 40 minutos. Dando continuidade pesou-se o balão novamente e, pela diferença 122

entre a pesagem do balão final e pesagem inicial, evidenciou-se o valor do (EE). 123

Quanto aos minerais foi realizada a análise não destrutiva para quantificar o enxofre (S), 124

cálcio (Ca), potássio (K), fósforo (P), zinco (Zn) e cobre (Cu), empregando 125

espectroscopia de raios X por dispersão em energia em equipamento EDX-720, 126

Page 69: HISTOMORFOMETRIA, MICROTOMOGRAFIA … · ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA . PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL . ... MICROTOMOGRAFIA BIDIMENSIONAL E TRIDIMENSIONAL,

5

seguindo metodologia preconizada por Bajanowski (2001). Para essas análises foi 127

utilizado um espectrômetro de fluorescência de raios-x da marca Shimadzu, modelo 128

EDX-720, com tubo de ródio (Rh). Tal equipamento detecta elementos na faixa do 129

sódio (Na) até o urânio (U), e fornece um espectro de fluorescência com os picos de 130

energia liberada por cada elemento, os quais são identificados por um programa 131

específico e depois quantificados, conforme os parâmetros escolhidos. Os arquivos de 132

dados que o difratômetro forneceu foram salvos em arquivos de texto (txt) e 133

transformados em arquivos de dados (dat). Com um programa gráfico, montou-se os 134

gráficos do ângulo (2θ) vs. contagem (u. a.). Os achados foram analisados com a 135

utilização do Software Sigma Plot 12.0®. O teste estatístico preconizado para 136

comparação entre as médias foi o teste-T para duas médias e ANOVA para três médias, 137

em nível de significância de 5% (Sampaio, 2010). 138

139

RESULTADOS 140

As análises bioquímicas dos cascos dos bubalinos, empregando-se a técnica destrutiva, 141

revelaram médias de 85,55% para MS, 0,733% para MM, 99,23% para MO, 91,67% 142

para PB e 0,876% para EE para os dígitos dos membros torácicos e pélvicos (Tab. 1). 143

Quando se comparou as médias de MS, MM, MO, PB e EE dos dígitos laterais e 144

mediais dos membros torácicos, notaram-se valores superiores de MS e PB para os 145

dígitos mediais em relação aos laterais, sendo verificados valores de 87,2% MS, 93,2% 146

(PB) para os dígitos mediais e 84,5% (MS) e 90,1 (PB) para os dígitos laterais (Tab. 1), 147

apresentando diferença estatística (p<0,05). 148

Ao comparar as médias de MS, MM, MO, PB e EE entre os dígitos laterais e mediais 149

dos membros pélvicos, entre os dígitos laterais dos membros torácicos e pélvicos, e 150

entre os dígitos mediais dos membros torácicos e pélvicos (Tab. 1), não observou 151

diferenças significativas entre as comparações das médias (p>0,05). 152

153

154

155

156

157

158

Page 70: HISTOMORFOMETRIA, MICROTOMOGRAFIA … · ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA . PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL . ... MICROTOMOGRAFIA BIDIMENSIONAL E TRIDIMENSIONAL,

6

Tabela 1. Análise bioquímica da matéria seca, matéria mineral, matéria orgânica, 159

proteína bruta e estrato etéreo do estojo córneo dos cascos de bubalinos pela técnica 160

destrutiva. 161

DÍG/

RAC

Composição Bioquímica – Técnica destrutiva

MS MM (%MS) MO (%MS) PB (%MS) EE (%MS)

MT 85,9 ± 1,77 a 0,660 ± 0,101 a 99,3 ± 0,205 a 91,6 ± 2,45 a 0,87 ± 0,034 a

MP 85,2 ± 0,99 a 0,545 ± 0,045 a 99,5 ± 0,104 a 91,7 ± 2,57 a 0,90 ± 0,026 a

MT-DL 84,5 ± 1,07 a 0,713 ± 0,203 a 99,3 ± 0,203 a 90,1 ± 2,41 a 0,777 ± 0,022 a

MT-DM 87,2 ± 1,02 b 0,607 ± 0,101 a 99,4 ± 0,101 a 93,2 ± 1,42 b 0,917 ± 0,083 a

MP-DL 85,1 ± 0,320 a 0,490 ± 0,0529 a 99,5 ± 0,0529 a 92,2 ± 2,80 a 0,893 ± 0,011 a

MP-DM 85,3 ± 1,52 a 1,12 ± 0,095 a 98,9 ± 0,950 a 91,3 ± 2,83 a 0,917 ± 0,025 a

MT-DL 84,5 ± 1,07 a 0,713 ± 0,203 a 99,3 ± 0,203 a 90,1 ± 2,41 a 0,777 ± 0,220 a

MP-DL 85,1 ± 0,320 a 0,490 ± 0,0529 a 99,5 ± 0,0529 a 92,2 ± 2,80 a 0,893 ± 0,011 a

MT-DM 87,2 ± 1,02 a 0,607 ± 0,101 a 99,4 ± 0,101 a 93,2 ± 1,42 a 0,917 ± 0,083 a

MP-DM 85,3 ± 1,52 a 1,12 ± 0,950 a 98,9 ± 0,950 a 91,3 ± 2,83 a 0,917 ± 0,025 a

MD 85,9 ± 1,78 a 0,775 ±0,201 a 99,2 ±0,120 a 91,0 ±1,55 a 0,895 ±0.037 a

MAB 85,0 ± 1,86 a 0,545 ±0,012 a 99,5 ±0,142 a 91,7 ±1,33 a 0,965 ±0,042 a

SOL 85,8 ± 0,29 a 0,535 ±0,023 a 99,5 ±0,201 a 92,3 ±2,45 a 0,870 ±0,023 a

MÉDIA 85,55 0,733 99,23 91,67 0,876

MS - matéria seca, MM - matéria mineral; MO - matéria orgânica; PB - proteína bruta; 162

EE - estrato etéreo; DIG – dígitos; RAC – Região anatômica do casco; MT – membro 163

torácico; MP – membro pélvico; MT-DL – membro torácico dígito lateral; MP-DL – membro 164

pélvico dígito lateral; MT-DM – membro torácico dígito medial; MP-DM – membro pélvico 165

dígito medial; MD – muralha dorsal; MAB – muralha abaxial; SOL – sola. Médias seguidas de 166

letras diferentes, na mesma coluna entre os dígitos laterais e mediais dos membros pélvicos, os 167

dígitos laterais entre os membros, torácicos e pélvicos, e os dígitos mediais entre membros 168

torácicos e pélvicos diferem entre si (p<0,05). 169

170

O resultado da análise bioquímica não destrutiva quantificou os minerais do estojo 171

córneo dos bubalinos revelando médias de 83,53% para S, 8,13% para Ca, 3,47% para 172

K, 3,74% para P, 0,81% para Zn e 0,31% para Cu, como demonstrado na Tab. 2. 173

Quando se comparou as médias dos valores dos minerais entre os dígitos laterais e 174

mediais dos membros torácicos, entre os dígitos laterais e mediais dos membros 175

Page 71: HISTOMORFOMETRIA, MICROTOMOGRAFIA … · ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA . PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL . ... MICROTOMOGRAFIA BIDIMENSIONAL E TRIDIMENSIONAL,

7

pélvicos, não foram observadas diferenças estatisticamente significantes (p>0,05) (Tab. 176

2). 177

Porém, houve diferença estatística significante para o fósforo na comparação entre duas 178

médias, sendo que, os dígitos laterais apresentaram valores superiores de P em relação 179

aos dígitos mediais dos membros pélvicos (p<0,05) (Tab. 2). 180

Quando se comparou as médias entre os dígitos laterais dos membros torácicos e 181

pélvicos, não observou diferenças significativas entre as médias de K, P, Zn e Cu 182

(p>0,05). Porém, houve diferença estatística significante para o S e Ca entre os dígitos 183

laterais dos membros torácicos e pélvicos (p<0,05) (Tab. 2). 184

Ao comparar as médias entre dígitos mediais dos membros torácicos e pélvicos, não 185

observou diferenças estatísticas significantes (p>0,05), para os minerais S, Ca, K, P, Zn 186

e Cu (Tab. 2). 187

Ao analisar e comparar as médias das regiões da muralha dorsal, muralha abaxial e sola, 188

pôde-se observar que houve diferença estatística significante (p<0,05). Os resultados 189

apontam que a muralha abaxial e sola apresentam maior percentual K em relação à 190

muralha dorsal. Pode-se verificar também que a muralha dorsal apresentou valor 191

superior de Zn em relação à sola. Os dados ainda demonstraram que a muralha abaxial e 192

a sola possuem percentual de Cu superior ao da muralha dorsal (Tab. 2). 193

194

195

196

197

198

199

200

201

202

203

204

205

206

Page 72: HISTOMORFOMETRIA, MICROTOMOGRAFIA … · ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA . PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL . ... MICROTOMOGRAFIA BIDIMENSIONAL E TRIDIMENSIONAL,

8

Tabela 2. Análise bioquímica dos minerais, enxofre, cálcio, potássio, fósforo, zinco e 207

cobre do estojo córneo dos cascos de bubalinos pela técnica não destrutiva. 208

DÍG/

RC/LA

Composição Bioquímica – Técnica destrutiva

S Ca K P Zn Cu

MT 82,8 ± 3,51 a 8,70 ± 2,41 a 3,53 ± 1,51 a 3,85 ± 0,56 a 0,79 ± 0,13 a 0,31 ± 0,04 a

MP 84,2 ± 2,38 a 7,57 ± 1,08 a 3,41 ± 1,83 a 3,64 ± 0,39 a 0,82 ± 0,07 a 0,31 ± 0,03 a

MT-DL 81,0 ± 1,74 a 10,3 ± 1,51 a 3,44 ± 1,66 a 4,24 ± 0,41 a 0,73 ± 0,16 a 0,30 ± 0,03 a

MT-DM 84,7 ± 4,22 a 7,10 ± 2,15 a 3,62 ± 1,69 a 3,46 ± 0,39 a 0,85 ± 0,08 a 0,30 ± 0,05 a

MP-DL 84,5 ± 0,73 a 7,21 ± 0,86 a 3,18 ± 1,12 a 3,96 ± 0,05 b 0,83 ± 0,09 a 0,33 ± 0,04 a

MP-DM 84,3 ± 3,71 a 7,92 ± 1,33 a 3,63 ± 2,64 a 3,32 ± 0,29 a 0,82 ± 0,05 a 0,29 ± 0,02 a

MT-DL 81,0 ± 1,74 a 10,3 ± 1,51b 3,44 ± 1,66 a 4,24 ± 0,41 a 0,73 ± 0,16 a 0,31 ± 0,03 a

MP-DL 84,5 ± 0,73 b 7,21 ± 0,86 a 3,18 ± 1,12 a 3,96 ± 0,05 a 0,83 ± 0,09 a 0,33 ± 0,04 a

MT-DM 84,7 ± 4,22 a 7,10 ± 2,15 a 3,62 ± 1,69 a 3,46 ± 0,39 a 0,85 ± 0,08 a 0,30 ± 0,05 a

MP-DM 84,3 ± 3,71 a 7,92 ± 1,33 a 3,63 ± 2,64 a 3,32 ± 0,29 a 0,82 ± 0,06 a 0,29 ± 0,02 a

MD 86,2 ± 2,66 a 6,93 ± 1,80 a 2,07 ± 0,49 a 3,61 ± 0,52 a 0,91 ± 0,31 b 0,27 ± 0,01 a

MAB 82,2 ± 2,17 a 9,25 ± 1,87 a 3,40 ± 1,35 b 4,00 ± 0,50 a 0,84 ± 0,42 ab 0,34 ± 0,02 b

SOL 82,2 ± 2,42 a 8,22 ± 1,61 a 4,94 ±1,33 b 3,63 ± 0,42 a 0,74 ± 0,32 a 0,32±0,04 b

MÉDIA 83,53 8,13 3,47 3,74 0,81 0,31

S – enxofre; Ca – cálcio; K – potássio; P – fósforo; Zn – zinco; Cu – cobre; DIG – dígitos; RC – 209

Região do casco; LA – localização anatômica; DÍG – dígitos; MT – membro torácico; MP – 210

membro pélvico; MT-DL – membro torácico dígito lateral; MP-DL – membro pélvico dígito 211

lateral; MT-DM – membro torácico dígito medial; MP-DM – membro pélvico dígito medial; 212

MD – muralha dorsal; MAB – muralha abaxial; SOL – sola. Médias seguidas de letras 213

diferentes, na mesma coluna e mesma variável diferem entre si (p<0,05). Médias seguidas de 214

letras iguais, na mesma coluna e mesma variável não diferem entre si (p>0,05). 215

216

DISCUSSÃO 217

Acredita-se que os resultados dessa pesquisa, revelando maior deposição de (PB) e, 218

consequentemente, maior porcentagem de (MS), utilizando as médias dos pontos 219

anatômicos (muralha dorsal, muralha abaxial e sola) nos dígitos mediais do membro 220

torácico. Contudo, esses achados podem ser justificados em virtude da maior sobrecarga 221

de massa corporal nos referidos pontos anatômicos, quando comparados aos dígitos 222

laterais dos membros torácicos. Outros pesquisadores, apesar de não apresentarem 223

Page 73: HISTOMORFOMETRIA, MICROTOMOGRAFIA … · ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA . PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL . ... MICROTOMOGRAFIA BIDIMENSIONAL E TRIDIMENSIONAL,

9

explicações para o fato, atestaram que os dígitos mediais dos membros torácicos 224

recebem maior sobrecarga de massa corporal do animal e que este fato poderia 225

influenciar na resistência do estojo córneo (Schaller, 1999; König e Liebich (2004); 226

Greenough, 2007 e Campos, 2012). 227

Os cascos de bubalinos apresentam coloração pigmentada, não sendo possível 228

conjecturar qualquer informação acerca da influência exercida do pigmento sobre a 229

concentração dos elementos bioquímicos investigados. 230

Apesar de não ter sido possível resgatar na literatura consultada estudos avaliando a 231

concentração bioquímica do estojo córneo em bubalinos ou bovinos, pigmentados e 232

despigmentados, pesquisas realizadas por Faria et al. (2002), avaliando a composição 233

bioquímica de cascos de equinos da raça Mangalarga Machador, afirmaram que a 234

pigmentação não influenciou, de forma significativa, na concentração bioquímica das 235

amostras avaliadas. Todavia, os mesmos autores citaram que na raça Pantaneira notou-236

se maior concentração de (MM), em especial o fósforo, podendo este fato influenciar na 237

qualidade e resistência do casco. Este achado demonstra a importância em se ter 238

parâmetros destes elementos bioquímicos para futuras investigações científicas, o que 239

reforça a importância do presente estudo. 240

A diferença estatística observada na concentração do elemento fósforo entre os dígitos 241

laterais e mediais dos membros pélvicos também pode ser justificada tendo em vista a 242

sobrecarga de peso. Já o fato das concentrações deste elemento mostrarem valores 243

similares, quando comparados os dígitos mediais e laterais dos membros torácicos e 244

dígitos laterais dos membros pélvicos, respectivamente, podem ter relação com o tipo 245

de inserção dos membros locomotores à estrutura corporal do animal, podendo essa 246

influenciar na absorção de impacto. Este fato, em tese, pode direcionar o maior aporte 247

do fósforo para os dígitos que recebem maior sobrepeso, visando o fortalecimento da 248

estrutura. De acordo com outros pesquisadores, o cemento intercelular, substância rica 249

em fosfolipídios e que confere maior adesão e resistência ao estojo córneo, pode sofrer 250

influência direta em sua concentração em regiões do casco submetidas a constantes 251

desafios, corroborando assim, com a justificativa e achados apresentados neste estudo 252

(König e Liebich, 2004; Greenough, 2007). Acrescente-se ainda, que a quantificação do 253

elemento fósforo nos cascos dos bubalinos pode servir como parâmetro no estudo da 254

podologia de ruminantes. 255

Page 74: HISTOMORFOMETRIA, MICROTOMOGRAFIA … · ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA . PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL . ... MICROTOMOGRAFIA BIDIMENSIONAL E TRIDIMENSIONAL,

10

Quanto ao enxofre (S), evidenciou-se nesta investigação, que esse elemento apresentou-256

se também em maior concentração em dígitos que recebem maior sobrecarga de massa 257

corporal do animal e impacto. Sabe-se que o S apresenta-se como importante 258

componente estrutural de aminoácidos sulfidrílicos, como metionina, cistina e cisteína, 259

essenciais na formação da queratina, principal constituinte do estojo córneo que, quando 260

unidos pelas pontes dissulfeto, formam uma rede tridimensional muito resistente 261

(Schrooyen et al. 2001). Tendo como base a informação científica acima descrita, 262

acredita-se que a concentração deste elemento encontrada neste estudo nas regiões 263

supracitadas se justifica. 264

O presente estudo revelou que o zinco (Zn) apresentou concentrações mais elevadas nas 265

regiões da muralha dorsal e abaxial. Acredita-se que esse achado esteja relacionado ao 266

intenso crescimento que essas duas regiões apresentam em relação à sola. Este fato pode 267

ser explicado, tendo em vista, a intensa proliferação celular no córion coronário, 268

responsável pelo crescimento da muralha dorsal e abaxial. Por ser o zinco um elemento 269

importante na síntese da queratina, essa maior concentração se justifica. Outros 270

pesquisadores também corroboram com as informações acima citadas, acrescentando 271

ainda que o Zn, quando utilizado em sua forma quelatada na dieta dos animais, 272

formando o complexo zinco/metionina influencia o maior crescimento do estojo córneo 273

e organização da morfologia dos túbulos córneos (Barsuto et al., 2008). 274

As concentrações de cobre (Cu) evidenciadas nos cascos de bubalinos podem ser 275

utilizadas como parâmetro bioquímico a ser comparado com outros ruminantes. Sabe-se 276

que o cobre é um importante mineral relacionado à resistência do estojo córneo, e que 277

sua concentração, pode implicar na melhor qualidade do casco. Apesar de não encontrar 278

na literatura consultada dados desse elemento no casco de bovinos acredita-se, que 279

possa haver um comportamento diferente entre os ruminantes quanto ao elemento cobre, 280

sendo investigações necessárias. Dando respaldo a importância que o Cu representa na 281

qualidade do casco, estudos realizados por Hoblet (2001) e Lana (2007) relataram que 282

este elemento atua em diferentes processos fisiológicos como a síntese da melanina, 283

formação de grupos dissulfídricos, dentre eles a metionina, cisteína e cistina, conferindo 284

maior resistência ao casco. 285

286

287

Page 75: HISTOMORFOMETRIA, MICROTOMOGRAFIA … · ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA . PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL . ... MICROTOMOGRAFIA BIDIMENSIONAL E TRIDIMENSIONAL,

11

CONCLUSÕES 288

A composição bioquímica do casco de bubalinos, ainda não estudada por outros 289

pesquisadores, apresentou inquestionável importância para o conhecimento estrutural 290

dos cascos desses animais. A matéria seca, matéria mineral, matéria orgânica, proteína 291

bruta e extrato etéreo e diferentes minerais, em suas diferentes concentrações, foram 292

associados aos dígitos que recebem maior sobrecarga de massa corporal e impacto. O 293

presente estudo gerou conhecimento e parâmetros a serem utilizados em outras 294

investigações científicas em outras espécies e raças de bovídeos. 295

296

AGRADECIMENTOS 297

CNPq: Conselho Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento (Processo: 449753/2014-0). 298

Fapeg: Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de Goiás (Processo: 299

20122012267001141). 300

301

REFERÊNCIAS 302

BAJANOWSKI, T.; KÖHLER, H.; SCHMIDT, P.F., et al. The cloven hoof in legal 303

medicine. Int. J. Legal Med., v.114, p.346–348, 2001. 304

BASURTO, R.N.; ARRIETA, L.S.; CASTREJÓN, H.V.; MARTÍNEZ, J.A.E., et al. 305

Effect of zinc methionine on the e quine hoof : an evaluation by environmental scanning 306

electron microscopy. Vet Méx, v.39, n.3, p.247-251, 2008. 307

BERTENCHINI, A.G. Nutrição de Monogástricos. Lavras, U.F.L.A.; 2013. 308

CAMPOS, S.B.S. Biometria dos dígitos de bovinos e bubalinos e possivel relaçao com 309

efermidades podais. 2012. 48f. Dissertacao (Mestrado em Medicina Veterinária) – 310

Escola de Veterinária, Universidade Estadual de Goiás, Goiânia. 311

FARIA, G.A.; RESENDE, A.S.C.; SAMPAIO, I.B.M; LANA, A.M.Q., et al. 312

Composição química dos cascos de equinos das raças Pantaneira e Manga Larga 313

Machador. Arq. Bras. de Med. Vet. Zootec., v.57, p.697 – 701, 2005. 314

FERREIRA, P.M.; CARVALHO, A.V.; PACURY, E.J.F.; COELHO, S.G., et al. 315

Sistema locomotor dos ruminantes. 2005. 316

Page 76: HISTOMORFOMETRIA, MICROTOMOGRAFIA … · ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA . PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL . ... MICROTOMOGRAFIA BIDIMENSIONAL E TRIDIMENSIONAL,

12

GREENOUGH, P.R. Bovine laminitis and lameness: A hands-on approach. 317

Philadelphia: Saunders Elsevier, p.311, 2007. 318

HOBLET, K.H.; WEISS, W. Metabolic hoof horn disease. Veterinary Clinics of North 319

America. v.17, p.111-127, 2001. 320

KÖNIG, H. E.; LIEBICH, H. G. Anatomia dos Animais Domésticos: Texto e Atlas 321

Colorido - órgãos e sistemas. São Paulo - SP; 2004. 322

LANA, R.P. Nutrição e Alimentação Animal (mitos e realidades). 22 ed. Viçosa - MG: 323

Viçosa - UFV; 2007. 324

MUELLING, C.K.W. Nutricional influences on horn quality and hoof health. WCDS 325

Advances in Dairy Technology, v.21,p.283–91, 2009. 326

MULLING, C.K.W.; BRAGULA, H.H.; REESE, S.; BUDRAS, K.D., et al. How 327

structures in bovine hoof epidermis are influenced by nutritional factores. Anat Histol 328

Embryol, v.28, p.103-108, 1999. 329

SAMPAIO, I. B. M. Estatística Aplicada à Experimentação Animal. 3. Ed. Belo 330

Horizonte: FEP-MVZ, 2010. 331

SCHALLER, O. Nomenclatura Anatômica Veterinária: São Paulo-SP.; 1999. 332

SCHROOYEN, P.M.M.; DIJKSTRA, P.J.; OBERTHÜR, R.C.; BANTJES, A., et al. 333

Stabilization of Solutions of Feather Keratins by Sodium Dodecyl Sulfate. 334

J Colloid Interface, p.240-309, 2001. 335

SILVA, L.A.F.; CAMPOS, S.B.S.; RABELO, E.R.; VULCANI, V.A.S., et al. Análise 336

comparativa da morfometria do casco de bovinos das raças Nelore, Curraleira e 337

Pantaneira e de bubalinos e sua relação com a etiopatogenia das enfermidades digitais. 338

Pesq. Vet. Bras., v.35, n.4, p.377-384, 2015. 339

SILVA, D.J.; QUEIROZ, A.C. Análise de alimentos: métodos químicos e biológicos. 340

3.ed. Viçosa: UFV, 2002, p.235. 341

Page 77: HISTOMORFOMETRIA, MICROTOMOGRAFIA … · ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA . PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL . ... MICROTOMOGRAFIA BIDIMENSIONAL E TRIDIMENSIONAL,

13

TOMLINSON, D.J.; MULLING, C.H.; FAKLER, T.M. Invited Review: Formation of 342

keratins int He bovine claw: Roles of hormones, minerals, and vitamins inf functional 343

claw integrity. J Dairy Sci, v.87, p.797-809, 2004. 344

Page 78: HISTOMORFOMETRIA, MICROTOMOGRAFIA … · ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA . PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL . ... MICROTOMOGRAFIA BIDIMENSIONAL E TRIDIMENSIONAL,

13

CAPÍTULO 5 – CONSIDERACÕES FINAIS

Os estudos científicos relacionados às afecções dos cascos de bovídeos foram

focalizados até o momento, na pesquisa aplicada às enfermidades podais, sendo voltadas aos

aspectos epidemiológicos, diagnóstico, tratamento e as medidas de prevenção e

biossegurança31-33. No entanto, a falta de conhecimento básico da microestrutura do casco dos

animais de produção, fez com que o referido assunto, se tornasse inovador diante da escassez

de informações relacionadas ao tema proposto neste estudo. A técnica de histomorfometria,

embora conhecida na medicina veterinária e utilizada por alguns pesquisadores19 vem se

modernizando com a utilização de softwares mais precisos, que permite realizar avaliações

mais fidedignas das estruturas anatômicas investigadas. Essa avaliação tornou possível

verificar particularidades das regiões responsáveis pelo crescimento e qualidade do estojo

córneo de bubalinos como o córion coronário e laminar.

As informações acerca da histomorfometria dos cascos dos membros torácicos e

pélvicos de bubalinos forneceram informações científicas inéditas e de importância

indiscutível. Pode-se verificar a organização e comportamento das papilas epidêmicas,

túbulos córneos nas diferentes regiões do casco dessa espécie e ainda a sua relação com

resistência do casco. Verificou-se ainda a distribuição dos melanossomas nos estratos do

córion coronário e laminar, que possibilitou compreender melhor o papel da melanina na

proteção dos queratinócitos contra as radiações UVs, nos animais com cascos pigmentados.

Outra técnica inovadora utilizada nesse estudo foi a microtomografia

bidimensional e tridimensional por raios-X, realizada pelo microtomógrafo de alta resolução e

que permitiu a visualização de seções transversais de um objeto de forma não destrutiva10.

Esta avaliação revelou dados inéditos quanto ao comportamento e disposição da queratina

intratubular e extratubular do estojo córneo de bubalinos.

Os testes realizados por microtomografia bidimensional, tridimensional e

nanodureza revelaram dados importantes quanto à morfologia dos túbulos córneos, o que

possibilitou conjecturar essas características com a diferença de dureza entre as regiões do

estojo córneo. Fatores como o diâmetro dos túbulos córneos e sua percentagem no estojo

córneo podem estar relacionados com a maior resistência do casco. Portanto, foi evidenciado

nesse estudo, que as regiões que recebem maior sobrecarga de massa corporal apresentam

maior dureza e as regiões cuja função é absorver impacto se mostraram mais macias. Essa

pesquisa revelou que existem técnicas que demonstram maior precisão para analisar essas

Page 79: HISTOMORFOMETRIA, MICROTOMOGRAFIA … · ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA . PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL . ... MICROTOMOGRAFIA BIDIMENSIONAL E TRIDIMENSIONAL,

14

características em relação a outras. No entanto, há necessidade de estudos adicionais que

venham complementar essas informações.

O teste de nanodureza Vickers, técnica muito utilizada nas engenharias de

materiais, aeronáutica, civil, permite medir a resistência à penetração ou a resistência à

deformação de um material. O emprego dessa tecnologia no estudo básico de chifres e da

podologia permitiu extrair informações sobre a dureza Vickers e módulo elástico das

diferentes regiões do estojo córneo de bubalinos18.

Quanto à análise da bioquímica não destrutiva empregou-se espectroscopia de

raios X por dispersão em energia em equipamento EDX-72030, para verificar concentração

dos minerais presentes no estojo córneo. Essa técnica se mostrou de fácil realização e revelou

resultados inovadores dos minerais presentes no estojo córneo de bubalinos.

Os resultados das análises bioquímicas revelaram informações importantes quanto

aos elementos que constituem a microestrutura do estojo córneo de bubalinos. Desse modo, as

diferentes concentrações desses elementos encontrados nas regiões do estojo córneo, poderão

elucidar a cerca de alguns questionamentos quanto à resistência desses animais as

enfermidades podais. Contudo, pode-se dizer que os resultados desse estudo, irão servir de

parâmetros para auxiliar no desenvolvimento de novas pesquisas no campo da nutrição e

melhoramento genético dos animais de produção.

Diante dessa realidade, outros pesquisadores têm utilizado outras técnicas de

ponta, pouco exploradas na medicina veterinária como a termografia e venografia

contrastada34,35. Essas técnicas tem se mostrado importantes para a compreensão das

características intrínsecas relacionadas às diferentes espécies, contribuindo para o melhor

entendimento do comportamento e microestrutura do estojo córneo dos cascos de animais de

produção.

Assim, visitar as áreas básicas da medicina veterinária e trabalhar com

equipamentos até então pouco usuais de nossa realidade, mostrou-se preciso e desafiador.

Desse modo, acredita-se que os dados advindos dessa pesquisa apresentaram relevante

contribuição à comunidade científica e implicaram em mudanças no cenário atual da

podologia em ruminantes, em especial a dos bovídeos. Ressalte-se que a padronização

morfológica do estojo córneo, com destaque para os bubalinos, além de desvendar

questionamentos até então controversos, contribuiu de maneira significativa, para dar

subsídios a novas linhas de pesquisa sobre o tema.

Page 80: HISTOMORFOMETRIA, MICROTOMOGRAFIA … · ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA . PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL . ... MICROTOMOGRAFIA BIDIMENSIONAL E TRIDIMENSIONAL,

15

ANEXOS

Page 81: HISTOMORFOMETRIA, MICROTOMOGRAFIA … · ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA . PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL . ... MICROTOMOGRAFIA BIDIMENSIONAL E TRIDIMENSIONAL,
Page 82: HISTOMORFOMETRIA, MICROTOMOGRAFIA … · ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA . PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL . ... MICROTOMOGRAFIA BIDIMENSIONAL E TRIDIMENSIONAL,

INSTRUÇÕES AOS AUTORES

Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia (Brazilian Journal of Veterinary and Animal Sciences)

Política Editorial O periódico Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia (Brazilian Journal of Veterinary and Animal Science), ISSN 0102-0935 (impresso) e 1678-4162 (on-line), é editado pela FEPMVZ Editora, CNPJ: 16.629.388/0001-24, e destina-se à publicação de artigos científicos sobre temas de medicina veterinária, zootecnia, tecnologia e inspeção de produtos de origem animal, aquacultura e áreas afins. Os artigos encaminhados para publicação são submetidos à aprovação do Corpo Editorial, com assessoria de especialistas da área (relatores). Os artigos cujos textos necessitarem de revisões ou correções serão devolvidos aos autores. Os aceitos para publicação tornam-se propriedade do Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia (ABMVZ) citado como Arq. Bras. Med. Vet. Zootec. Os autores são responsáveis pelos conceitos e informações neles contidos. São imprescindíveis originalidade, ineditismo e destinação exclusiva ao ABMVZ. Reprodução de artigos publicados A reprodução de qualquer artigo publicado é permitida desde que seja corretamente referenciado. Não é permitido o uso comercial dos resultados. A submissão e tramitação dos artigos é feita exclusivamente on-line, no endereço eletrônico <www.abmvz.org.br>. Não serão fornecidas separatas. Os artigos encontram-se disponíveis nos endereços www.scielo.br/abmvz ou www.abmvz.org.br. Orientação para tramitação de artigos

Toda a tramitação dos artigos é feita exclusivamente pelo Sistema de publicação online do ABMVZ no endereço www.abmvz.org.br.

Apenas o autor responsável pelo artigo deverá preencher a ficha de submissão, sendo necessário o cadastro do mesmo no Sistema.

Toda comunicação entre os diversos atores do processo de avaliação e publicação (autores, revisores e editores) será feita exclusivamente de forma eletrônica pelo Sistema, sendo o autor responsável pelo artigo informado, automaticamente, por e-mail, sobre qualquer mudança de status do artigo.

A submissão só se completa quando anexado o texto do artigo em Word e em pdf no campo apropriado.

Fotografias, desenhos e gravuras devem ser inseridas no texto e também enviadas, em separado, em arquivo com extensão jpg em alta qualidade (mínimo 300dpi),

Page 83: HISTOMORFOMETRIA, MICROTOMOGRAFIA … · ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA . PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL . ... MICROTOMOGRAFIA BIDIMENSIONAL E TRIDIMENSIONAL,

zipado, inserido no campo próprio. Tabelas e gráficos não se enquadram no campo de arquivo zipado, devendo ser

inseridas no corpo do artigo. É de exclusiva responsabilidade de quem submete o artigo certificar-se de que cada

um dos autores tenha conhecimento e concorde com a inclusão de seu nome no mesmo submetido.

O ABMVZ comunicará via eletrônica a cada autor, a sua participação no artigo. Caso, pelo menos um dos autores não concorde com sua participação como autor, o artigo será recusado.

Tipos de artigos aceitos para publicação:

Artigo científico É o relato completo de um trabalho experimental. Baseia-se na premissa de que os resultados são posteriores ao planejamento da pesquisa. Seções do texto: Título (português e inglês), Autores e Filiação, Resumo, Abstract, Introdução, Material e Métodos, Resultados, Discussão (ou Resultados e Discussão), Conclusões, Agradecimentos (quando houver) e Referências. O número de páginas não deve exceder a 15, incluindo tabelas e figuras. O número de Referências não deve exceder a 30.

Relato de caso

Contempla principalmente as áreas médicas, em que o resultado é anterior ao interesse de sua divulgação ou a ocorrência dos resultados não é planejada. Seções do texto: Título (português e inglês), Autores e Filiação, Resumo, Abstract, Introdução, Casuística, Discussão e Conclusões (quando pertinentes), Agradecimentos (quando houver) e Referências. O número de páginas não deve exceder a 10, incluindo tabelas e figuras. O número de Referências não deve exceder a 12.

Comunicação

É o relato sucinto de resultados parciais de um trabalho experimental, dignos de publicação, embora insuficientes ou inconsistentes para constituírem um artigo científico. O texto, com título em português e em inglês, Autores e Filiação deve ser compacto, sem distinção das seções do texto especificadas para “Artigo científico”, embora seguindo aquela ordem. Quando a Comunicação for redigida em português deve conter um “Abstract” e quando redigida em inglês deve conter um “Resumo”. O número de páginas não deve exceder a 8, incluindo tabelas e figuras. O número de Referências não deve exceder a 12.

Page 84: HISTOMORFOMETRIA, MICROTOMOGRAFIA … · ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA . PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL . ... MICROTOMOGRAFIA BIDIMENSIONAL E TRIDIMENSIONAL,

Preparação dos textos para publicação Os artigos devem ser redigidos em português ou inglês, na forma impessoal. Para ortografia em inglês recomenda-se o Webster’s Third New International Dictionary. Para ortografia em português adota-se o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, da Academia Brasileira de Letras.

Formatação do texto O texto deve ser apresentado em Microsoft Word, em formato A4, com margem 3cm

(superior, inferior, direita e esquerda), em fonte Times New Roman tamanho 12 e em espaçamento entrelinhas 1,5, em todas as páginas, com linhas numeradas.

Não usar rodapé. Referências a empresas e produtos, por exemplo, devem vir, obrigatoriamente, entre parêntesis no corpo do texto na seguinte ordem: nome do produto, substância, empresa e país.

Seções de um artigo Título. Em português e em inglês. Deve contemplar a essência do artigo e não

ultrapassar 150 dígitos. Autores e Filiação. Os nomes dos autores são colocados abaixo do título, com

identificação da instituição a que pertencem. O autor para correspondência e seu e-mail devem ser indicados com asterisco. Nota: 1. o texto do artigo em Word deve conter o nome dos autores e filiação. 2. o texto do artigo em pdf não deve conter o nome dos autores e filiação.

Resumo e Abstract. Deve ser o mesmo apresentado no cadastro contendo até 2000 dígitos incluindo os espaços, em um só parágrafo. Não repetir o título e incluir os principais resultados numéricos, citando-os sem explicá-los, quando for o caso. Cada frase deve conter uma informação. Atenção especial às conclusões.

Palavras-chave e Keywords. No máximo cinco. Introdução. Explanação concisa, na qual são estabelecidos brevemente o problema,

sua pertinência e relevância e os objetivos do trabalho. Deve conter poucas referências, suficientes para balizá-la.

Material e Métodos. Citar o desenho experimental, o material envolvido, a descrição dos métodos usados ou referenciar corretamente os métodos já publicados. Não usar subtítulos. Nos trabalhos que envolvam animais e organismos geneticamente modificados deverá constar, obrigatoriamente, o número do protocolo de aprovação do Comitê de Bioética e/ou de Biossegurança, quando for o caso.

Resultados. Apresentar clara e objetivamente os resultados encontrados. Tabela. Conjunto de dados alfanuméricos ordenados em linhas e colunas. Usar

linhas horizontais na separação dos cabeçalhos e no final da tabela. A legenda recebe inicialmente a palavra Tabela, seguida pelo número de ordem em algarismo arábico e é referida no texto como Tab., mesmo quando se referir a várias tabelas. Pode ser apresentada em espaçamento simples e fonte de tamanho menor que 12 (menor tamanho aceito é 8).

Page 85: HISTOMORFOMETRIA, MICROTOMOGRAFIA … · ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA . PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL . ... MICROTOMOGRAFIA BIDIMENSIONAL E TRIDIMENSIONAL,

Figura. Qualquer ilustração que apresente linhas e pontos: desenho, fotografia, gráfico, fluxograma, esquema, etc. A legenda recebe inicialmente a palavra Figura, seguida do número de ordem em algarismo arábico e é referida no texto como Fig., mesmo se referir a mais de uma figura. As fotografias e desenhos com alta qualidade em formato jpg, devem ser também enviadas, em um arquivo zipado, no campo próprio de submissão. Nota:

Toda tabela e/ou figura que já tenha sido publicada deve conter, abaixo da legenda, informação sobre a fonte (autor, autorização de uso, data) e a correspondente referência deve figurar nas Referências.

As tabelas e figuras devem preferencialmente, ser inseridas no texto no parágrafo seguinte à sua primeira citação.

Discussão. Discutir somente os resultados obtidos no trabalho. (Obs.: As seções Resultados e Discussão poderão ser apresentadas em conjunto a juízo do autor, sem prejudicar qualquer das partes).

Conclusões. As conclusões devem apoiar-se nos resultados da pesquisa executada. Agradecimentos. Não obrigatório. Devem ser concisamente expressados. Referências. As referências devem ser relacionadas em ordem alfabética. Evitar

referenciar livros e teses. Dar preferência a artigos publicados em revistas nacionais e internacionais, indexadas. São adotadas as normas ABNT/NBR-6023 de 2002, adaptadas conforme exemplos:

Como referenciar:

1. Citações no texto Citações no texto deverão ser feitas de acordo com ABNT/NBR 10520 de

2002. A indicação da fonte entre parênteses sucede à citação para evitar interrupção na sequência do texto, conforme exemplos:

autoria única: (Silva, 1971) ou Silva (1971); (Anuário..., 1987/88) ou Anuário... (1987/88)

dois autores: (Lopes e Moreno, 1974) ou Lopes e Moreno (1974) mais de dois autores: (Ferguson et al., 1979) ou Ferguson et al. (1979) mais de um artigo citado: Dunne (1967); Silva (1971); Ferguson et al.

(1979) ou (Dunne, 1967; Silva, 1971; Ferguson et al., 1979), sempre em ordem cronológica ascendente e alfabética de autores para artigos do mesmo ano.

Citação de citação. Todo esforço deve ser empreendido para se consultar o

documento original. Em situações excepcionais pode-se reproduzir a informação já citada por outros autores. No texto, citar o sobrenome do autor do documento não consultado com o ano de publicação, seguido da expressão citado por e o sobrenome do autor e ano do documento consultado. Nas Referências, deve-se incluir apenas a fonte consultada.

Page 86: HISTOMORFOMETRIA, MICROTOMOGRAFIA … · ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA . PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL . ... MICROTOMOGRAFIA BIDIMENSIONAL E TRIDIMENSIONAL,

Comunicação pessoal. Não fazem parte das Referências. Na citação coloca-se o sobrenome do autor, a data da comunicação, nome da Instituição à qual o autor é vinculado.

2. Periódicos (até 4 autores, citar todos. Acima de 4 autores citar 3 autores et al.):

ANUÁRIO ESTATÍSTICO DO BRASIL. v.48, p.351, 1987-88.

FERGUSON, J.A.; REEVES, W.C.; HARDY, J.L. Studies on immunity to alphaviruses in foals. Am. J. Vet. Res., v.40, p.5-10, 1979.

HOLENWEGER, J.A.; TAGLE, R.; WASERMAN, A. et al. Anestesia general del canino. Not. Med. Vet., n.1, p.13-20, 1984.

3. Publicação avulsa (até 4 autores, citar todos. Acima de 4 autores citar 3 autores et al.):

DUNNE, H.W. (Ed). Enfermedades del cerdo. México: UTEHA, 1967. 981p.

LOPES, C.A.M.; MORENO, G. Aspectos bacteriológicos de ostras, mariscos e mexilhões. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE MEDICINA VETERINÁRIA, 14., 1974, São Paulo. Anais... São Paulo: [s.n.] 1974. p.97. (Resumo).

MORRIL, C.C. Infecciones por clostridios. In: DUNNE, H.W. (Ed). Enfermedades del cerdo. México: UTEHA, 1967. p.400-415.

NUTRIENT requirements of swine. 6.ed. Washington: National Academy of Sciences, 1968. 69p.

SOUZA, C.F.A. Produtividade, qualidade e rendimentos de carcaça e de carne em bovinos de corte. 1999. 44f. Dissertação (Mestrado em Medicina Veterinária) – Escola de Veterinária, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte.

4. Documentos eletrônicos (até 4 autores, citar todos. Acima de 4 autores citar 3 autores et al.):

QUALITY food from animals for a global market. Washington: Association of American Veterinary Medical College, 1995. Disponível em: <http://www. org/critca16.htm>. Acessado em: 27 abr. 2000.

JONHNSON, T. Indigenous people are now more cambative, organized. Miami Herald, 1994. Disponível em: <http://www.summit.fiu.edu/ MiamiHerld-Summit-RelatedArticles/>. Acessado em: 5 dez. 1994.

Page 87: HISTOMORFOMETRIA, MICROTOMOGRAFIA … · ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA . PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL . ... MICROTOMOGRAFIA BIDIMENSIONAL E TRIDIMENSIONAL,

Nota: Artigos que não estejam rigorosamente dentro das normas acima não serão aceitos

para avaliação. O Sistema reconhece, automaticamente, como “Desistência do Autor” artigos em

diligência ou “Aguardando diligência do autor”, que não tenha sido respondido no prazo dado pelo Sistema.

Taxas de submissão e de publicação:

Taxa de submissão. A taxa de submissão de R$30,00 deverá ser paga por meio de boleto bancário emitido pelo sistema eletrônico de submissão de artigos. Ao solicitar o boleto bancário, o autor informará os dados para emissão da nota fiscal. Somente artigos com taxa paga de submissão serão avaliados. Caso a taxa não seja quitada em até 30 dias será considerado como desistência do autor.

Taxa de publicação. A taxa de publicação de R$70,00, por página impressa em preto e R$220,00 por página impressa em cores será cobrada do autor indicado para correspondência, por ocasião da prova final do artigo. A taxa de publicação deverá ser paga por meio de boleto bancário emitido pelo sistema eletrônico de submissão de artigos. Ao solicitar o boleto bancário, o autor informará os dados para emissão da nota fiscal.

Recursos e diligências:

No caso de o autor encaminhar resposta a diligências solicitadas pelo ABMVZ, ou documento de recurso, o mesmo deverá constar como a(s) primeira(s) página(s) do texto do artigo somente na versão em Word.

No caso de artigo não aceito, se o autor julgar pertinente encaminhar recurso, o mesmo deve ser feito pelo e-mail [email protected].

Page 88: HISTOMORFOMETRIA, MICROTOMOGRAFIA … · ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA . PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL . ... MICROTOMOGRAFIA BIDIMENSIONAL E TRIDIMENSIONAL,
Page 89: HISTOMORFOMETRIA, MICROTOMOGRAFIA … · ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA . PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL . ... MICROTOMOGRAFIA BIDIMENSIONAL E TRIDIMENSIONAL,
Page 90: HISTOMORFOMETRIA, MICROTOMOGRAFIA … · ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA . PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL . ... MICROTOMOGRAFIA BIDIMENSIONAL E TRIDIMENSIONAL,