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Página1 O tubarão Xavier O Sol estava tão quente como num dia de Verão. O meu pai resolveu aproveitar para dormir a sesta na espreguiçadeira, enquanto o meu tio, muito concentrado, lia o jornal desportivo que ele compra todos os sábados para saber tudo sobre o clube dele. Naquele dia, achou que nem valia a pena tentar pescar, já que não se sentia inspirado. Às vezes, era assim. Dizia-me: «Hoje pega tu na cana, pequeno pescador. Não estou inspirado e ainda afugento os peixes todos». Foi exactamente isto que aconteceu naquele sábado de calor. In Marina e a Escama de Cristal, Maria Teresa Maia Gonzalez, Livros Horizonte Entretanto aparece, em casa do meu tio, um inglês seu amigo que me convida para ir pescar com ele. Eu aceitei o convite apesar de não saber pescar e falar inglês. Comunicámos utilizando a linguagem gestual e lá nos entendemos. Como o inglês era motoqueiro levou-me até à marina. Lá estava o seu barco, entrámos e desamarrámo-lo. Empurrámos um bocadinho o barco para dentro do mar e começámos a remar. Entretanto avistámos uma pequena ilha ao fundo. Essa ilha parecia que tinha palmeiras com cocos e bananeiras, tipo ilha tropical. Provavelmente também teria macacos. Seria interessante explorá-la! Porém, como estava um nevoeiro cerrado, não vimos uma enorme rocha e nela embatemos. Para complicar a situação, um tubarão começou a rondar a zona onde nós estávamos. Ficámos em pânico! O barco acabou por afundar e nós, os dois pescadores, fomos obrigados a nadar até à ilha e fomos perseguidos pelo tubarão. O tubarão, a dada altura, disse-nos: - Não fujam! Eu não sou mau, eu sou bom! - Mas tu falas?! disse o pequeno pescador. - Falo, vocês não sabiam? - Os animais não falam! - Pois, mas eu sou um tubarão especial! Querem uma boleia para a ilha? - Claro que sim! Obrigado! agradeceram os dois pescadores. Entretanto, subimos para cima do tubarão e quando nos estávamos a aproximar da ilha apareceram outros tubarões. Deviam ser três ou quatro. Esses tubarões tinham más intenções, pretendiam comer-nos. Então, o tubarão chamado Xavier tentou salvar-nos, pedindo aos seus companheiros tubarões que se afastassem, pois nós éramos seus amigos. Os tubarões acabaram por se ir embora e conseguimos chegar sãos e salvos à ilha.

História a Várias Mãos

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1º ciclo_ CE Sra do Pranto

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O tubarão Xavier

O Sol estava tão quente como num dia de Verão. O meu pai resolveu aproveitar para dormir a sesta na espreguiçadeira, enquanto o meu tio, muito concentrado, lia o jornal desportivo que ele compra todos os sábados para saber tudo sobre o clube dele. Naquele dia, achou que nem valia a pena tentar pescar, já que não se sentia inspirado. Às vezes, era assim. Dizia-me: «Hoje pega tu na cana, pequeno pescador. Não estou inspirado e ainda afugento os peixes todos». Foi exactamente isto que aconteceu naquele sábado de calor.

In Marina e a Escama de Cristal, Maria Teresa Maia Gonzalez, Livros Horizonte

Entretanto aparece, em casa do meu tio, um inglês seu amigo que me convida para ir pescar com ele.

Eu aceitei o convite apesar de não saber pescar e falar inglês. Comunicámos utilizando a linguagem

gestual e lá nos entendemos. Como o inglês era motoqueiro levou-me até à marina. Lá estava o seu barco,

entrámos e desamarrámo-lo.

Empurrámos um bocadinho o barco para dentro do mar e começámos a remar. Entretanto avistámos uma

pequena ilha ao fundo.

Essa ilha parecia que tinha palmeiras com cocos e bananeiras, tipo ilha tropical. Provavelmente também

teria macacos. Seria interessante explorá-la!

Porém, como estava um nevoeiro cerrado, não vimos uma enorme rocha e nela embatemos. Para

complicar a situação, um tubarão começou a rondar a zona onde nós estávamos. Ficámos em pânico!

O barco acabou por afundar e nós, os dois pescadores, fomos obrigados a nadar até à ilha e fomos

perseguidos pelo tubarão. O tubarão, a dada altura, disse-nos:

- Não fujam! Eu não sou mau, eu sou bom!

- Mas tu falas?! – disse o pequeno pescador.

- Falo, vocês não sabiam?

- Os animais não falam!

- Pois, mas eu sou um tubarão especial! Querem uma boleia para a ilha?

- Claro que sim! Obrigado! – agradeceram os dois pescadores.

Entretanto, subimos para cima do tubarão e quando nos estávamos a aproximar da ilha apareceram

outros tubarões. Deviam ser três ou quatro. Esses tubarões tinham más intenções, pretendiam comer-nos.

Então, o tubarão chamado Xavier tentou salvar-nos, pedindo aos seus companheiros tubarões que se

afastassem, pois nós éramos seus amigos. Os tubarões acabaram por se ir embora e conseguimos chegar sãos e

salvos à ilha.

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Naquela ilha havia uma pequena floresta. Depois de explorarmos a ilha, construímos uma cabana com

ramos de palmeiras e folhas e ramagens de várias árvores. Fomos apanhar bananas e cocos e fizemos uma cana

de pesca para pescarmos. Tivemos que arranjar um sítio para viver e condições para obter comida. Descobrimos

que lá também havia animais de várias espécies.

De repente, começou a chover e, no meio de tanta chuva e vento, começaram a cair cocos do céu.

Um dos cocos acertou na cabeça do inglês, ele ficou zonzo e depois caiu redondo no chão, inconsciente.

Entrei em pânico e gritei por ajuda. Apareceram vários macacos que estavam empoleirados nos ramos das

bananeiras e como um deles era médico acabou por ajudar.

O macaco médico deu ao inglês um remédio feito com tomates e folhas de eucalipto e, pouco tempo

depois, o inglês acordou e agradeceu o que tinham feito por ele.

O tubarão Xavier aproximou-se da costa e chamou-nos, aos dois pescadores. Perguntou-nos de onde

é que tínhamos vindo e propôs dar-nos uma boleia para a marina. Só que os macacos não nos quiseram deixar

partir.

Disseram que só nos deixariam ir embora se, em troca, recebessem 100 kg de amendoins. Nós

dissemos que isso seria impossível, porque não tínhamos naquele momento e naquele sítio os amendoins. Mesmo

que tivéssemos dinheiro, naquela ilha não havia sítio para os comprar. O tubarão lembrou-se que, no fundo do

mar, havia uma loja que vendia amendoins. Nós achámos a ideia fantástica e pedimos-lhe que nos ajudasse e

fosse lá buscar os amendoins. O tubarão disse que tinha “moedas aquáticas” e que com elas poderia pagar os

amendoins.

O tubarão Xavier foi comprar os amendoins, mas quando ia para a ilha comeu-os todos e ficou com

uma “brutal” dor de barriga.

Entretanto, conseguimos distrair os macacos e fugimos. Pusemo-nos em cima do Xavier e… ele

acabou por afundar. Estava muito pesado, pois tinha a barriga cheia de amendoins. Ficámos a nadar, em grande

aflição. Apareceu um polvo que nos ajudou e levou o tubarão para o hospital do fundo do mar.

O polvo tinha um telemóvel e emprestou-mo para que eu pudesse pedir ajuda ao meu tio. Passadas

algumas horas, apareceu o meu tio e o meu pai num submarino para nos levar de volta para casa. Porém, o

inglês pediu que antes passássemos no hospital onde estava o tubarão Xavier, pois queria visitá-lo e

agradecer-lhe por tudo o que fizera por nós.

Quando chegámos ao hospital, vimos que o tubarão Xavier estava a ser tratado por um médico Peixe

Palhaço. Estava a ser medicado com um antibiótico de amendoins. A partir de então, nunca mais aquele

tubarão pode ver amendoins, vendedores de amendoins e macacos.