Historia Da Educacao Fisica e Do Esporte

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  • 7/22/2019 Historia Da Educacao Fisica e Do Esporte

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    HISTRIA DA EDUCAO FSICA E DO ESPORTE

    GRIFFI, Giampiero.

    A EDUCAO FSICA NA DINAMARCAA Escola de Copenhaguen

    Copenhaguen foi uma das primeiras cidades onde o ensino daginstica teve larga e rpida difuso, mesmo se a no se desenvolveu ummtodo especfico e original.

    Fator de tal sucesso foi Francisco Nachtegall (1777-1847) quefundou em 1799 uma sociedade de ginstica e no mesmo ano torna-seprofessor junto ao "filantropino" de Copenhagen.

    Em 1800, com a ajuda do prncipe Federico, seu aluno, instituiu umaescola de natao; em 1801 introduziu a ginstica no ensino primrio e em1804 fundou o Instituto Militar de ginstica, o primeiro dos tempos modernos edele assume a direo.

    Dentre os seus alunos, o mais clebre foi, sem dvida, Pier HenriqueLing que por em prtica a experincia adquirida de Nachtegall, para dar vida,na Sucia, ginstica cientfica.

    Em 1808, tornando-se rei Federico, foi-lhe concedido de instituir uma

    sesso civil de educao fsica junto ao Instituto Militar. O qu se repetir maistarde em Estocolmo, Paris e Turim.

    Em 1816 teve-se a formao dos primeiros verdadeiros professoresde educao fsica, os quais multiplicaram as iniciativas de Nachtegall que, nomeio tempo, tinha-se aproximado muito ao endereo da escola alem de J ahn.

    Em 1828 o Instituto Militar transformou-se em Escola Normal deGinstica de Copenhagen e a prpria ginstica transformou-se em matriaobrigatria de ensino na Dinamarca. Este foi o primeiro reconhecimento oficialque a educao fsica teve no mundo.

    Nachtegall teve, sobretudo, o mrito de representar a ponte, nosomente ideal, de conjuno entre o empirismo de Guts Muths e a ginsticacientfica de Ling. Ele foi, tambm, um promotor e assertor da educao fsicafeminina: a ele deve-se, de fato, a fundao, em 1839, em Copenhagen, daEscola Normal de Ginstica Feminina para a formao de professoras.

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    A EDUCAO FSICA NA ALEMANHA

    Na Alemanha, como dizamos pouco antes, a educao fsicaressentiu particularmente a influncias das condies histricas e ambientais

    da prpria nao.

    As exigncias polticas da Alemanha requeriam uma rgidaimpostao da atividade fsica. Aps a derrota de J ena, em 1806, por obra deNapoleo, a Prssia em bloco desejou a desforra. Imp-se, ento, um sistemade educao tendente a potencializar, ao mximo, o esprito e o corpo.

    Diz Pepe: "Antes da invaso napolenica o sentimento nacional eramuito mais um patriotismo intelectual, representado por grandes estudiososcomo Lessing, Herder, Gorthe, Kant, Fichte, etc. que intencionava impor acultura e no a potncia militar". Foram as humilhaes sofridas nas vriasbatalhas durante a dominao napolenica que despertaram os sentimentospatriticos dos alemes. Foi ento que Fichte afirmou que o esprito alemo "uma guia que com fora levanta o seu corpo poderoso para aproximar-se dosol". Korner incitou a Alemanha a construir um nico Estado da Europa, e afundao da Universidade de Berlim teve um objetivo, sobretudo, patritico.Fichte, como primeiro reitor, fez o "Apelo nao alem", no qual afirmava abem conhecida teoria que "Deus tinha confiado ao povo alemo a misso decivilizar o mundo". Conseqentemente os mestres da ginstica, como J ahn,Eiselen, Frieser, Massmann e muitos outros comearam a reunir em ginsiosesportivos e em associaes, a juventude para educ-la e prepar-la fsica e

    moralmente a fim de fazer renascer a nao alem. Foram estes os mestresque adestraram a juventude sob o gmnico-militar, que enrubusteceram seusmembros e endureceram os seus caracteres, preparando-os para darem tudo Ptria, at a vida. Foram eles tambm, que deixados os ginsios esportivos,guiaram - como J ahn - os batalhes dos seus alunos voluntrios rumo sestradas da vitria, levando-os da plancie de Hasenheide ao triunfo de Paris.

    evidente, que assim, na Alemanha, a ginstica no pode ter, nesteperodo, outro endereo seno aquele militar, com fundo nacionalista, mesmose no faltaram interessantes e valiosas alternativas. Outras naes europiascondividiram com a Alemanha as mesmas paixes nacionalsticas, o dio pela

    opresso estrangeira e o mesmo desejo de renascer, assim que a difuso dopensamento e das idias da escola alem encontrou um terreno favorvel nascondies histricas do sculo XIX.

    A ginstica alem de 1800 teve, como dizamos acima, tambmcaractersticas educativas comuns aos demais mtodos de educao fsica quese estavam, contemporaneamente, afirmando na Europa: em efeitos, no sepode, certamente, afirmar que a atividade fsica da Alemanha tenha ficadoalheia e avulsa ao valor pedaggico e daquele mdico-cientfico: somente que,por razes histricas e polticas, a ginstica alem reforou aquele seuendereo militarista que influenciar posteriormente, uma boa parte do ensino

    tradicional da educao fsica, tambm nos demais pases europeus.

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    A difuso do exerccio fsico nas escolas e nas sociedades deginstica levar a uma inevitvel diversidade de endereos assumindo novasformas, ficando em inrcia a veia patritica suscitada pelo pai da ginsticaalem (J ahn).

    O endereo gmnico da escola alem teve, portanto, origenspatritico-militar com J ahn, assumiu com Spiess um carter escolstico-educativo, com Rothstein racional-higinico influenciado pela escola sueca,inclinando-se ento ao ecletismo com J ager, por sua vez inspirado pelasorigens clssicas do exerccio fsico, mas sempre com escasso sucesso.

    Prximo ao fim de 1800 desenvolveu-se o momento dos jogos ao arlivre e o advento dos esportes sem, porm que esta grande atividade se afirme;no inicio de 1900 existiu um aceno esttico-rtmico com Jacques Dalcroze,Bode e outros; entre as duas guerras, no clima do estado hitleriano, o exercciofsico retornou o fim nacional e patritico, permeado de princpios biolgicos

    com endereo natural e blico. No perodo nazista, a atividade fsica foiintegrada ao sistema poltico; mais que de educao fsica tratou-se de umaatividade que, partindo do corpo e servindo-se desse, mirou infundir, nacriana, os dotes da obedincia absoluta e o hbito ordem. A educao docorpo foi, sobretudo, duro treinamento para reforar a vontade o carter dofuturo soldado.

    No segundo aps guerra, com Diem, a educao fsica tornar-se-um meio essencial e indispensvel do inteiro complexo educativo. De qualquermaneira, a difuso do mtodo ginstico alemo favoreceu o desenvolvimento,no somente da educao fsica na Alemanha, mas tambm no resto daEuropa, at na Amrica, tanto no sculo XIX que na primeira metade do sculoXX.

    A nica diferena entre a ginstica da escola alem e aquela dasdemais escolas (suecas, inglesas, francesas), que a primeira tinha limitadascapacidades de difuso pelas prprias condies histricas ambientais daAlemanha antes de 1870, enquanto que as outras no conheceram taislimitaes ou obstculos para os fins universais que se tinham prefixadas.

    a) A Educao Fsica para Kant e FichteAs idias filosficas que sempre influenciaram as vrias teorias

    ginsticas encontraram no pensamento de Kant e aps naquele de Fichte altascontribuies que predispuseram e formularam aqueles temas que, aps,foram desenvolvidos, difundidos e popularizados por J ahn atravs do Turnen.

    E. Kant (1724-1804) estudioso de filosofia, matemtica e teologia,terminada a universidade, torna-se perceptor junto a famlias patrcias, paraser, aps, nomeado professor ordinrio de lgica e metafsica na universidadede Konisberg.

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    Convicto da importncia da pedagogia, grande admirador deRousseau, concorda com muitas idias do Francs, como no afirmar que acriana no deve ser educada com o fim de conseguir particulares habilidadesou sucessos ou vantagens no mundo, mas deve ser ajudada a formar-se parasi mesmo, como carter moral, como livre pessoa. Diverge de Rousseau,

    porm, em afirmar que o homem no nasce bom, mas nasce para tornar-sebom, submetendo-se leis de dever que surge, no da natureza individual,mas do elemento transcendental da conscincia.

    Para Kant a educao do homem, privada ou pblica, devecompreender a disciplina, a cultura ou ento a instruo, a educao nosentido de boas maneiras e a formao moral, e justamente na moral, quesegundo Kant, o intervento da atividade motora determinante para o futuroespiritual do jovem citadino.

    L onde o filsofo alemo trata da educao fsica encontram-se

    concepes de Locke e de Rousseau; de Locke enquanto prope habituar acriana a uma certa dureza de vida; de Rousseau enquanto insiste em deixar acriana livre para desenvolver-se fisicamente, sem constries. Segundo Kanta educao fsica deve ser praticada em toda a durao da sua formao e,particularmente, durante a infncia para impedir que as crianas tornem-sedemasiadamente distesas no seu temperamento e ainda para ensinar-lhes aservirem-se, convenientemente, das suas prprias foras.

    Kant assinala duas funes educao fsica: o uso de movimentosvoluntrios e aquele dos rgos do sentido; isto educar as faculdadessensitivas e, ao mesmo tempo, aperfeioar os movimentos. Tambm os jogosso, para ele, muito importantes porque no somente so instrutivos e educamos sentidos e o corpo, mas habituam as crianas a disciplinarem-se e aformarem-se para a sociedade.

    No seu Tratado de pedagogia, levanta-se uma impostao crtica,dura, mas vlida, que constituem o ponto de partida de uma importanterenovao da educao fsica, que no se pode mais identificar somente com aeducao corprea mas diz respeito, em geral, quilo que no homem natureza: a cultura fsica assim contraposta quela moral, mas esta formada, como dizamos, da primeira.

    Segundo Kant, nenhuma ao moral pode ser desenvolvida se faltara educao fsica. Destas novas e modernas concepes reconhece-se anecessidade da ginstica, os seus benefcios e a sua no inferioridade comrespeito educao intelectual e moral.

    G. A. Fichte (1762-1814) completado os seus prprios estudos,transcorre alguns anos como preceptor de casas privadas, aps, por cincoanos assumiu a ctedra de filosofia na Universidade de J ena, que teve dedeix-la porque acusado de atesmo e pela sua aberta defesa em favor deKant, atacado pelo rei da Prssia pela publicao da obra. A religio dentro dos

    limites da simples razo.

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    No seu livro de 1808, Discursos nao alem, Fichte expressa asprprias idias no campo educativo. A verdadeira educao deve, segundo ele,conseguir determinar o futuro comportamento dos alunos, formar homens quesaibam produzir ideais e p-las em prtica.

    Tambm em Fichte a ao moral assume uma grande importncia,que vai, porm, alm do quadro da individualidade para configurar-se comoobra coletiva: a educao serve a um objetivo essencialmente moral: disso asua preocupao em distingui-la da educao do tipo corrente, sempreorientada em sentido individualstico. Esta educao, posta a servio da morale da comunidade, inspira-se, sobretudo, na educao do Pestalozzi, que Fichteadmira muito e do qual expe e recomenda as idias, das quais ele extrai oselementos que devem definir a primeira educao da criana.

    A educao fsica figura j no estgio mais elementar da educaofichtiana; essa no constitui que um meio e uma preparao educao fsica

    e religiosa. Na comunidade, onde esta educao vem ensinada, apresenta umaspecto original, um aspecto, talvez, j divisado por Kant e que J ahn nocansar-se- de desenvolver: ser, isto , uma condio essencial da educaomoral e patritica.

    O aluno, na comunidade da qual faz parte, deve executar exercciosfsicos e mecnicos, trabalhos agrcolas enobrecidos pelo ideal e cultivarprofisses manuais de todo o gnero, agindo de acordo com a prpriainiciativa, sem esperar-se alguma recompensa, porque trabalhando para acomunidade faz simplesmente o prprio dever.

    "Assim - como diz Ulmann - em Fichte a educao fsica terminatransformando-se em instrumento insubstituvel de uma ao moral que develevar constituio de uma slida comunidade nacional. Essa assume,portanto, um carter coletivo."

    A filosofia kantiana e fichtiana, em ltima anlise, deram origem auma nova concepo da ginstica: esta no mais somente a condio dasade ou uma espcie de higiene moral, mas torna-se o instrumentoindispensvel de uma ao moral, cuja primeira funo era aquela deassegurar a existncia e a independncia de uma comunidade nacional.

    Conhecidas assim as ideologias de Kant e de Fichte, ser possvelcompreender os pensamentos e as metas de J ahn e, portanto, entrar na parteculminante daquilo que ser o TURNER alemo.

    b) O Turner

    Federico Ludovico J ahn (1778-1852), chamado o Turner vater, ouseja, o pai da ginstica alem foi certamente uma das figuras maissignificativas da histria da educao fsica. Estudou teologia, literatura

    germnica e conseguiu formar-se em filosofia.

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    Em 1803-1804 foi preceptor em Neubrandeburg onde praticavacomo os alunos exerccios fsicos e natao, organizando, tambm, jogosblicos. Ele concebeu e aplicou um novo sistema de educao fsico e moralda juventude idnea s armas. base do seu programa, existia uma nicaaspirao: aquela de preparar os jovens dura e rgida vida militar.

    J ahn afirmava que a comunidade germnica, por ele chamadaVolkstum, isto , uma comunidade de seres de uma mesma classe, deviareforar-se mediante a educao, com o fim de estarem em condies derealizar todas as suas aspiraes nacionalsticas. O Deutsches-Volkstum, porele publicado em 1810 no que uma exaltao do povo alemo todo o seuaspecto e um convite unidade alem.

    Ela no tolerava a dominao napolenica, contra a qual combateucom escritos e com o ensino da ginstica, com o intento de despertar, do seutorpor, a juventude alem. Foi tambm um valioso soldado nos campos de

    batalha, como chefe de um batalho de voluntrios que tinham freqentado asua palestra.

    J ahn predisps um vasto plano de reorganizao da atividade fsicaque providenciava, tambm, a construo de muitos ginsios de esporte einiciou a sua obra em 1811 com a fundao, plancie de Hasenheide, perto deBerlim, de uma grande escola-palestra, ao ar livre, que chamou Turnplatz, ondeafluram, de imediato, muitos jovens berlinenses, de todas as classes,desejosos de praticarem os exerccios fsicos. A Turnplatz era uma verdadeirapalestra ao ar livre, porque J ahn - continuador do pensamento de Rousseau edos mtodos de Basedow e de Guts Muths preferiu sempre as exercitaesao ar livre, ao invs de ser na palestra coberta, para ser usada somente emcasos de mau tempo.

    educao fsica J ahn assinalava uma dplice finalidade: dar econservar a sade, preparar os jovens aos incmodos e ao herosmo daguerra. Ele exaltava a ginstica militar, a nica - segundo ele - capaz derealizar a comunidade alem perfeita. Os passeios e os exerccios fsicosalternavam-se com os cantos, com as espetaculares exibies e com ensaiosgmnicos tambm na presena de espectadores, e com discursos do prprioJ ahn.

    Com ele, a ginstica cessou de ser um privilgio de determinadascategorias de citadinos, e adquiriu, pela primeira vez, aquele carter popular edemocrtico ainda hoje muito sentido.

    A J ahn uniram-se, muito cedo, numerosos colaboradores, dentre osquais valentes educadores, ginastas e patriotas ao mesmo tempo, comoFriesen, Eiselen, Massmann.

    O termo "ginstica foi substitudo por J ahn ao novo vocbuloTurner. Com esta palavra no se designavam somente os exerccios fsicos,

    mas associava-se a esses o particular significado comunitrio atribudo porJ ahn.

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    O Turner era, portanto, uma ginstica especificamente alem que

    devia substituir quela grega-romana, considerada no apta aos alemes,como tambm quela de Pestalozzi, cujos objetivos, para J ahn, eram muitolimitados porque esta ltima no se preocupava nem do ambiente no qual o

    homem vivia e nem do seu esprito. diferena de tais ginsticas, Turner eracaracterizado por uma atividade fsica dirigida para fins militares com aintroduo e valorizao de novos aparelhos, inventados pelo prprio J ahncomo as paralelas, a barra fixa, o arco etc.

    J ahn negligenciou os exerccios elementares e espontneos,aceitando somente os movimentos que pudessem preparar os jovens corridae ao salto que para ele tinha uma grande importncia, para as finalidades doadestramento militar. O seu sistema compreendia tambm uma espcie deginstica natural, isto , corridas, marchas, subidas, longos passeios, pormmuito frequentemente tais atividades tornavam-se prprias e verdadeiras

    viagens ou marchas foradas. Alm do mais, retomou toda a ginstica dosexerccios nos grandes aparelhos no ginsio que requeriam coragem,constncia, desprezo fadiga e dor, com o fim de formar as qualidadesindispensveis para um bom soldado. O Turner, porm, prefixava-se de ir muitoalm de uma simples ginstica militar: J ahn, de fato, queria isso sim, que sereforasse o vigor fsico do indivduo, mas, sobretudo, mirava educaomoral, que se destinava ao homem na sua totalidade para poder realizar aedificao da comunidade alem.

    J unto preparao fsica do corpo, para enrubustecer e habituar sfadigas, na Turnplatz desenvolvia-se, portanto, tambm uma intensapreparao moral, tendente formao de um forte carter baseada sobre umexcitado orgulho patritico.

    Parece que J ahn tenha ideado, at mesmo, o estigma da bandeiraginstica alem, representado por uma cruz composta por quatro "F"entrelaadas, isto , as iniciais das quatro virtudes fundamentais requeridas aojovens associados: Frisch (forte), Frei (livre), Frolich (alegre), Fromm (piedoso).

    J ahn se valia de um mtodo de ensino do tipo espartano: submetiaos alunos a um adestramento severo, desenvolvido ao ar livre, em um regime

    de disciplina absoluta e de subordinao s ordens e os constringia as maissperas fadigas, a isso induzido tambm do perodo histrico e da necessidadede preparar os jovens tendo em vista as guerras futuras.

    J ahn distinguiu-se de Rousseau e de Guts Muths os quaissustentavam uma educao fsica individual: a educao fsica coletiva e umesprito comunitrio podiam dar, segundo J ahn, ao corpo a capacidade depenetrar o esprito e a natureza que atravs do Volkstum, podia assim elevar-se ao da liberdade.

    Em 1816 J ahn publicou uma obra de grande importncia Die

    Deutsche Turnkust (Arte ginstica alem), escrita em colaborao com Eiselen,que torna-se, em seguida, o "tratado nacional de ginstica". A primeira parte da

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    obra era dedicada aos exerccios gmnicos como a marcha, a corrida, o salto, ovolteio, cavalo de madeira, o equilibrismo, a barra fixa, as paralelas, o trepar,os lanamentos, os tiros, a luta, os saltitos etc. A segunda parte diz respeito apreparao e s implantaes, dentro de um ginsio ao ar livre, a terceira e aquarta parte tratavam do ensino dos exerccios e definiam o valor da ginstica

    para a formao da personalidade. A obra se conclui com uma quinta partededicada a uma bibliografia detalhada onde eram elencadas obras antigas emodernas, de autores alemes e estrangeiros (dentre os quais Mercuriali).

    O sucesso do livro e o afirmar-se dos princpios da Turnplatzcontriburam, mediante as associaes ginsticas, para criar um vastomovimento a favor da ginstica e para tornar popular as idias de J ahn. Paracompreender o sucesso conseguido por J ahn necessrio enquadr-lo noesprito do seu tempo procurando reconstruir quais pudessem ser asaspiraes de um povo que procurava um ideal sobre o qual basear as prpriasreivindicaes unitrias e nacionalsticas.

    Os jovens preparados pela escola de J ahn participaram,comandados pelo seus mestres, das batalhas de 1813 e de 1814 contra aFrana, obtendo timos resultados. Em seguida a isso, o sistema educativo deJ ahn foi valorizado pelo Estado e divulgado na Alemanha por meio dassociedades ginsticas que comearam a aparecer em grande nmero e, toda ainfluncia estrangeira no ensinamento gmnico, como aquela de Ling, foiobstaculada e tornada quase impossvel.

    A atividade de J ahn foi, porm, bruscamente interrompida em 1819por causa de um movimento revolucionrio no qual foi implicado um membrodas associaes ginsticas de J ahn que apunhalou o Conselheiro de EstadoRusso - Kotzebue - o qual tinha contrariado e criticado os sentimentos deliberdade dos jovens alemes.

    Uma lei - a Turnsperr - decretou o fechamento da Turnplatz e proibiuo ensino da ginstica nas palestras pblicas motivo pelo qual foram dissolvidastodas as sociedades de ginstica.

    J ahn, processado e condenado, foi aprisionado em Espandau e,aps, transferido fortaleza de Kolberg; em 1822 foi reconhecido inocente e

    liberado, mas somente em 1840 obteve a completa reabilitao e oreconhecimento de tudo quanto fez Ptria.

    A Turnsperr, no conseguiu, todavia, truncar o movimento ginstico,porque os jovens alemes continuaram a treinarem-se e a praticar osexerccios em ginsios privados.

    Os colaboradores de Jahn

    Os seguidores e os continuadores da obra de J ahn foram muitos.

    Citamos em particular:

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    Federico Friesen (1785-1814), timo atleta e mestre, que morreu naguerra durante os conflitos franco-prussianos.

    Ernesto Eiselen (1793-1814) colaborou com J ahn Hasenheide, noInstituto Berlinense de Plamann e na redao da obra Die Deutsche Turnkunst.

    Em 1813, fundou, em Berlim, uma escola para a formao de professores deginstica, que compreender no ano sucessivo, tambm, um curso feminino.Por poucos meses, antes da morte, tomou o cargo de Diretor da ginstica nasescolas de Berlim.

    Giovani Ferdinando Massmann (1797-1874), aluno e seguidor deJ ahn, continuou a obra do seu mestre substituindo-o, durante a sua ausncia,na direo do ginsio de Berlim.

    Em 1825, instituiu em Munique uma palestra, dando um notvelimpulso ginstica pedaggica, e levando, tambm, uma inovao a respeito

    do programa tradicional de J ahn. Em 1841, foi encarregado de dirigir aginstica em Berlim. Masmann, junto aos exerccios tradicionais, introduziuexerccios diversos daqueles at ento praticados, tendo como finalidadeefeitos fisiolgicos e psicolgicos, de indubitvel derivao sueca, como odesenvolvimento dos sentidos, da coragem e a fora de esprito. Ele afirmava autilidade dos exerccios fsicos visando a preparao militar, mas manifestoumuito interesse, tambm, por aqueles propostos por Ling. Isso foi devido traduo, por parte sua, em 1847, das obras de Ling.

    Em 1849, publicou a obra O velho e o novo mtodo de ginstica,onde fazia, o confronto entre a ginstica tradicional alem e aquela sueca.

    Tambm Federico Alberto Lange (1828-1875), professoruniversitrio, foi um convicto sustentador da ginstica militar, afirmando anecessidade de uma boa preparao atltica para os soldados e, sobretudo,para os oficiais do exrcito que deviam serem superiores s tropas, nosomente na inteligncia e na preparao cultural, mas tambm na fora fsica.Preocupou-se, tambm, pelo fato de que certos exerccios prematurospudessem ser prejudiciais ao organismo das crianas, motivo pelo qual ele ossubdividiu tomando por base a idade dos praticantes.

    c) Os Endereos da Ginstica Alem

    O endereo higinico-racional e mdico

    Rothstein Ugo (1810-1865), em seguida a uma sua viagem aEstocolmo, para estudos, ao seu retorno propagou, na Alemanha, a ginsticasueca de Ling. Isso chamou a ateno de Federico Guglielmo IV, o qual,sustentando a necessidade da ginstica nos institutos prussianos de educao,enviou oficialmente Rothstein e Techow junto ao Instituto Central de Estocolmopara melhor estudar e aprofundar o endereo da escola sueca. Estes, aps

    nove meses, retornaram Berlim e Rothstein com base aos conhecimentos eexperincias feitas na Sucia, escreveu um tratado de cinco volumes onde

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    expunha, no somente as idias de Ling, mas pronunciava-se a favor doendereo racional dos suecos contra quele emprico que dominava naAlemanha.

    Ele, em particular, era contrrio aos exerccios na barra e nas

    paralelas, predominantes no mtodo J ahn-Eiselen e a este propsito surgiuuma longa polemica pr e contra o uso das paralelas na escola central deBerlim, desde quando Rothstein foi nomeado diretor (1851). Ele confrontou-secom os seguidores do sistema J ahn-Eiselen e teve um longo conflito visando aabolio ou no dos ditos exerccios. Parece que a tradio germnica, fiel aJ ahn, fosse destinada a sucumbir: na polemica intervieram a favor deRothstein, os fisiologista Abel e Langebeck. Quando o uso das paralelas jparecia condenada, graas a uma ao decisiva dos fatores da tradio, asituao foi literalmente invertida: o fisiologista Du Bois-Reymond refutou todasas crticas e na polemica inceriu-se, tambm, Cario Felipe Euler, professor civilno Instituto de Berlim, que se valer de argumentos de fundo nacionalstico

    para rejeitar as inovaes patrocinadas pelo diretor da escola central de Berlim.O seu intervento suscitou, tambm, atravs da publicidade, uma dura oposiopela qual o ministro Muhler, em julho de 1862, decidiu nominar uma comissomdica da qual faziam parte Frerichs e Virchow para examinar os termos daquesto.

    Bem logo teve-se a resposta: at dezembro do mesmo ano foioficialmente declarado que os exerccios nas paralelas no deviam sereliminadas, mas, sendo teis sob ponto de vista mdico, deviam sim serapoiados. Foram, portanto, reconstitudos na sesso civil do Instituto central deginstica de Berlim onde tinham sido suspensos.

    Tal polemica resultar til porque, graas a essa, desaparecerammuitos exageros sobre o uso das paralelas, provocando, assim, uma atenciosapesquisa cientfica. Rothstein deu as demisses e o seu sucessor, o capitoStocken, conservou os princpios de Ling-Rothstein integrados, porm, com ummaior ecletismo prtico.

    Recordamos, ainda, Lorinser que em Berlim, em 1836,recomendava, do ponto de vista mdico, os exerccios fsicos nas escolas;Neumann, Eulemburg, que juntos a Rothstein, divulgaram o sistema de Ling;

    Nebel e Schultz os quais foram teis, particularmente, na introduo, naAlemanha, da ginstica mecnica do Zander.

    E tambm E. Fischer, autor (1885) de uma interessante Histria etratamento dos desvios laterais da coluna vertebral, da qual se extrai quemuitas coisas apresentadas na poca mais recente, como novidade, eram jconhecidas a tempo: colete ortopdico, aparelhos de endireitamento, leitospara estiramento, aparelhos de trao etc.

    Chegamos assim em R. Klapp (1873-1949), que retomando aintuio dos outros estudiosos, torna-se o mais estrnuo propugnador da

    ginstica na posio horizontal quadrupdica. Klapp, cirurgio ortopdico,professor titular na Universidade de Berlim em 1907, no mesmo ano, apresenta

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    pela primeira vez, o seu mtodo sobre o tratamento da escoliose, comexerccios e movimentos em quadrupedia e obteve pouco sucesso. Em 1910escreve o seu primeiro livro: Tratamento funcional das escolioses essenciais eatitudes escoliticas. Em 1914 o seu mtodo foi adotado oficialmente noInstituto Superior de Educao Fsica de Espandau. Em 1926 abre em Posdam

    o primeiro centro de reeducao para escoliticos onde "a crtica, a ele poucofavorvel, diz que os rapazes eram obrigados a caminhar todo o dia em quatropatas". Mas os resultados falaram a seu favor. Em 1928, chamado a dirigir afaculdade de medicina de Marbourg, cria um segundo centro de reeducao. Omtodo Klapp difunde-se rapidamente em toda a Alemanha. Nascem em seunome as escolas para os fisioterapeutas e educadores fsicos e o prprio Klappdemonstra, oficialmente, em Berlim, no Estdio Olmpico, como prlogo para asOlimpadas de 1936, os seus exerccios e as suas atitudes. De 1944 em diantea "Escola de Klapp" comea a fazer parte oficialmente do servio mdico dafaculdade de Medicina de Marbourg. At a sua morte Klapp alterna a suaatividade de cirurgio aos estudos e ao aperfeioamento do seu mtodo, que

    se difundiu em grande parte da Europa. Continua, a sua obra, o filho Bernhard,tambm catedrtico de ortopedia em Marbourg, o qual completa os estudos dopai e em 1955 lana o Das Klappsche Kriechverfaren, no qual ressume a obrado pai luz das suas sucessivas experincias.

    Spiess e a ginstica escolstica-educativa

    Cabe a Adolfo Spiess (1810-1858) o mrito de ter dado incio ginstica pedaggica.

    A diferena de Jahn, Spiess tinha uma concepo mais orientadaem direo ao indivduo defronte ao qual a comunidade tinha uma importnciasecundria, porque criada pelos prprios indivduos, enquanto que J ahnbaseava a sua educao fsica sobre as exigncias da comunidade paraalcanar a comunidade. O indivduo, segundo Spiess devia ser educado emconformidade sua natureza: pela qual a ginstica devia servir para formar aalma e o corpo do indivduo seja por si mesmo que pela comunidade e peloEstado.

    Contrrio ao Turnen, politicamente liberal mas no individualstico,

    Spiess ocupou-se dele para afirmar o direito a uma formao pessoal doindivduo, mantendo, portanto, a concepo de Pestalozzi e de Guts Muths.Para poder adotar esta concepo da ginstica, Spiess formulou,primeiramente, uma teoria precisa das relaes do indivduo com o Estado,onde a educao fsica desse a sua parte, tanto a um como para o outro,visando um ensino de carter mais educativo e menos comunitrio.

    Em 1833, Spiess ensinou na escola de Burgdorf (no lado de Berna)histria, canto e ginstica. Burgdorf foi a escola das experincias pedaggicas,estendidas ao campo da educao fsica, por parte de Pestalozzi; era, portanto,um ambiente ideal, no entender de Spiess para introduzir o ensino da ginstica

    como matria escolstica. Conhecedor da ginstica pedaggica de Guts Muthse do mtodo J ahn-Eiselen (que teve como conhec-lo pessoalmente), Spiess

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    em base as contnuas experincias feita em Burgdorf constatou que aimpostao dada ginstica por J ahn-Eiselen, ento predominante, erademasiadamente artificial e complicada, especialmente para o uso que essarequeria dos grandes aparelhos, enquanto que era negligenciada a prtica deexerccios mais simples e naturais.

    Reconhecendo a necessidade de uma racional graduao dosexerccios fsicos, segundo critrios cientficos e didticos, inspirados nasteorias de Pestalozzi, ele empreendeu uma profunda reforma na prtica daginstica, diminuindo a intensidade e a dificuldade dos prprios exerccios ecompreendendo exerccios de ordem a corpo livre, exerccios de suspenso ede apoio, exerccios coletivos, figurativos e, por ltimo tambm, exerccios comaparelhos.

    Reconduziu todos os seus movimentos mais simples expresso deatividade de "movimentos de extenso" e isso mediante apoios, suspenses e

    distenses.

    Com Spiess, a ginstica assumiu a mesma importncia das demaismatrias, que por isso requereu, no complexo escolstico, a existncia de umapalestra qual era anexada um campo para as exercitaes ao ar livre.

    Ele quis realizar um complexo de exerccios sem aparelhos queconstitussem o necessrio pressuposto apto para colocara ginstica emcondies de enfrentar qualquer movimento ginstico. Spiess considerava queos exerccios a corpo livre eram teis seja aos homens que para as mulheres,enquanto naturais, mas sobretudo adaptavam-se particularmente ginsticafeminina e com esses fundou boa parte da sua educao feminina na escola deBurgdorf.

    Em 1844, Spiess foi nominado Diretor de ensino da ginsticamasculina e feminina de Basilia; sucessivamente criou, no Granducado deAssia em Darmstad, uma escola especial onde se praticava uma ginsticabaseada sobre princpios pedaggicos. O novo mtodo introduzido nestaescola atraiu educadores seja alemes como suos: foi justamente nessa sedeque se efetuaram os primeiros experimentos de movimento ritmados medianteo acompanhamento musical.

    Spiess publicou quatro volumes dedicados sua teoria ginstica,classificando os exerccios em: Ginstica nos exerccios a corpo livre, isto ,sem aparelhos; Ginstica nos exerccios de suspenso; Ginstica nosexerccios de apoio e Ginstica nos exerccios coletivos.

    O endereo escolstico-educativo de Spiess encontrou, inicialmente,dificuldade em afirmar porque as suas concepes eram claramentecontrastantes ao Turnen de J ahn, e no obstante a tentativa de Rothstein,admirador e discpulo de Ling, de impor ginstica sueca, a sua teoria dosmovimentos do organismo afirmou-se gradativamente em todas as escolas

    alems e a tambm em outros estados europeus, influenciando o futuro

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    desenvolvimento e evoluo, no somente da ginstica pedaggica, mastambm daquela social.

    "Por isso - como escreve Ulmann - Spiess fez o mais sistemtico dosinventrios de todos os movimentos possveis. Os seus livros queriam

    apresentar uma verdadeira 'SUMMA' dos movimentos e dos exerccios - dandoum prprio formalismo lgico. Todavia, foi partindo do ensino, nesses livrosexpostos, que a lio da ginstica, atenciosamente adaptada idade dosjovens, propiciar-lhes- uma ordem interior, f-lo-o conhecer, tambm, aordem social e constituir at mesmo uma espcie de preparao militar. Esta a ginstica que a Alemanha e a ustria tinham conhecido at 1914. De fronte escola francesa de educao fsica, poder-se-ia, muito bem dizer, que Spiesstenha representado a escola alem."

    O endereo ecltico

    Otone Henrique J aeger (1828-1912) diretor do Instituto de Ginsticade Estocolmo desde 1862, pode ser considerado o reformador da ginsticaalem. Ele era um fervoroso admirador da ginstica greca, pela benficainfluncia que essa exercitava sobre o esprito e sobre a alma, pela qualelaborou um endereo empirado educao fsica em uso na antiga Grcia.

    Ele criticava os mtodos ginsticos do seu tempo considerando-osartificiais e formalsticos, julgava os exerccios a corpo livre do Spiess, privosde eficcia e inteis para a formao do carter, condenava at mesmo o usodemasiado dos aparelhos, danosos, segundo ele, sobretudo para os rapazesde idade inferior aos quatorze anos.

    Para J aeger os exerccios ginsticos fundamentais, que deveriamser possivelmente praticados ao ar livre ou em ginsios descobertos, eram acorrida, o salto, a luta, os lanamentos, o trepar. No seu mtodo, aboliu muitosaparelhos, utilizando-se somente do cavalo da tbua de volteios, da barra, dasparalelas e da vara; aconselhava, tambm, praticar exerccios simples eprogressivos, evitando aqueles unilaterais e espetaculares.

    O endereo gmnico para a preparao e para o adestramento

    militar dos jovens, no era negligenciado por J aeger, pelo contrrio, afirmavamque devia compreender o manuseio das armas, o tiro e o tiro ao alvo,evolues militares, usando - em substituio ao fuzil - um basto de ferro, quedele tomou o nome.

    Em 1864 publicouA ginstica escolstica para a juventude alem,onde exps os seus princpios de reforma da ginstica que podem assim serresumidos: reconduzir a ginstica moderna s formas mais simples; reduodos aparelhos; vida ao ar livre; exerccios coletivos, pentatlon grego.

    A educao fsica, segundo J aeger, devia mirar seja ao

    desenvolvimento harmnico do corpo e da alma que responder s prticasnecessidades da vida.

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    J aeger encontrou notveis dificuldades e obstculos para a

    afirmao das suas idias, porque a ginstica alem, contrria ao Turnen,identificava-se, prevalentemente, quela do Spiess, mesmo que em parte,integrada por acrscimos no substanciais.

    O endereo dos jogos e dos esportes

    Tambm os primeiros ginastas alemes tinham reconhecido aimportncia educativa dos jogos e dos exerccios ao ar livre: sucessivamenteos contatos tidos com os outros pases e as vrias polmicas sobre osendereos a serem seguidos suscitaram o interesse para uma reforma.

    J a partir de 1847, o doutor Corrado Kock (1846-1911) tinhaintroduzido em Bruswich a prtica dos esportes ingleses, de acordo com odoutor Reck e o inspetor Augusto Hermann (1835-1906), e publicado algumasobras ilustrativas de tal escola.

    Quando em 1880 foi organizada, por obra da sociedade universitriade ginstica, uma festa dos jogos no parque de Schonholz junto a Berlim, ainiciativa teve um enorme sucesso. Nasce a este ponto uma literatura a favorda prtica dos jogos e do esporte e as autoridades foram obrigadas a receberestas novas chamadas.

    E ser em 1882 que o Ministro da Instruo Pblica da Prussia, G.von Gassler emanar uma circular com o objetivo de promover os exerccios eos jogos ginsticos ao ar livre, as excurses escolsticas e a corrida, nosinstitutos de instruo secundria, assinalando, assim, uma etapa importantena histria da educao fsica alem. Nessa, est includa a necessidade decriar campos esportivos para o desenvolvimento da ginstica ao ar livre e paraincrementar os jogos: com a bola, a corrida, a caa, etc. "Mediante os camposde jogo a juventude tem sua disposio um espao onde pode gozar, ao arlivre, da sua liberdade, onde aprende a utilizar-se dela e onde freiadasomente pelas regras do jogo. O fato de que este movimento da vida juvenil

    faa renascer e reviver as alegrias da primeira idade e as mantenham para ofuturo, tem um elevado significado educativo. juventude deve-se oferecer aocasio de adquirir fora e destreza mais eficazmente e de maneira mais livredaquela que se possa fazer na palestra fechada e de gozar das lutas decompetio e de aposta, que so ligadas a todo jogo bem dirigido".

    "... O jogo da idade infantil, alm do mais, conserva juventudedesenvoltura e a jovialidade, que tanto lhes so destinados, ensina e exercita asociabilidade, faz nascer e refora o prazer vida operosa, e torna o homemapto para completar o complexo dos deveres e dos objetivos da vida." Estaspalavras foram bem aceitas, tanto que oito anos mais tarde, o imperador

    Gugliemo II, tendo convocado uma conferncia escolstica, foi obrigado apedir: "alm de uma reforma racional da ginstica, o que devemos fazer para a

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    higiene nas escolas?" E a comisso respondeu: " necessrio introduzir osjogos nas escolas e dar maior ateno aos exerccios fsicos". Aps algunsmeses constituiu-se o Comit Central para o incremento dos jogos dajuventude e do povo da Alemanha, iniciativa que se desenvolveu em todo opas.

    Comeou-se a providenciar o ensinamento de mestres e de mestras,para organizarem e dirigirem os jogos e, ao mesmo tempo, foram divulgadostodos os tipos de jogos que eram possveis de serem praticados. Muito cedo,tais reformas provocaram polmicas seja entre a opinio pblica como entre osprofessores indecisos sobre o valor ou no dos jogos. Tambm o fisilogoitaliano Mosso ali interviu e criticou asperamente o sistema da ginstica alem,e, em particular, contra aquela de Spiess, em algumas de suas publicaes.Foi, de qualquer maneira, uma polmica educativa, como a exemplo de algunscientistas alemes, que como concluso, resultar til porque servir para prs claras alguns defeitos da ginstica alem.

    A tradio continuar prevalecendo e ter-se-o maiores incrementosdos exerccios fsicos, em geral, e dos jogos ginsticos e esportivos, emparticular, nas escolas e tambm junto s sociedades ginsticas.

    A EDUCAO FSICA NA FRANA

    A educao fsica na Frana no sculo XIX foi caracterizada peloscontrastados acontecimentos ligados situao poltica do pas: revoluo,

    imprio, restaurao monrquica e, enfim, repblica.Tambm na Frana, como em outros pases europeus, prximo a

    primeira metade do sculo XIX, apareceram diversas teorias e mtodos deeducao fsica, concepes diversas, mas todos consoantes sobre a ajudapreciosa e indispensvel da ginstica vida, em geral, e quela moral, emparticular.

    Reconheceu-se, antes de tudo, a necessidade de cultivar o corpo afim de que adquirisse, no somente a sade, mas tambm certas qualidadesfsicas como a destreza, a fora, a resistncia; o desenvolvimento do corpo

    devia ajudar o homem a enfrentar e superar as vrias situaes crticas davida, e tambm defesa da Ptria.

    Sucessivamente aps a derrota dos Franceses em 1870, observou-se um notvel desenvolvimento da atividade motora que adquiriu um cartermilitar-nacionalstico, derivante, sobretudo, do Turnen alemo.

    Com o abalo militar de 1870, de fato, vrios escritores e filsofosatriburam o sucesso esprepitoso do exrcito alemo sua tima forma deorganizao e de preparao do ponto de vista fsico, motivo pelo qualconcordaram que somente as sociedades de tiro e de ginsticas baseadas, em

    geral, sobre o sistema germnico, podiam formar jovens militares preparadospara o futuro.

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    Surgiram, assim, em breve, muitas associaes ginsticas

    freqentadas, sobretudo, pelos pertencentes de classes populares, enquantoque as mais elevadas seguiro praticando a atividade fsica inglesa que tinhacarter mais esportivo e mundano.

    A educao fsica escolstica ficou, porm, ligada ao ensino de nvelquase que exclusivamente pr-militar: de fato, os professores eram, a demais,ex-suboficiais do exrcito provenientes da escola de J oinville.

    Os principais autores da educao motora, deste perodo, naFrana, foram Clias (de origem sua) e Amors (de origem espanhola), quecontriburam na evoluo da ginstica, no s nos seus pases, bem comotambm na Frana e na Inglaterra.

    A Clias, de fato, a Frana deve boa parte da evoluo metodolgica

    da educao fsica, surgida dos contrastes com as idias de Amors, quetodavia ficou a mais significativo propugnador do mtodo francs de ginstica.Mais adiante veremos a evoluo das correntes naturalsticas, que nascidas dopensamento de Rousseau, dos Filantropinos e de Pestalozzi, realizar-se-ocom as experincias pedaggicas de Clias e Amors e em Demeny e Hebertencontraro os melhores expoentes.

    a) Clias, Amors e o "Mtodo Francs"

    Enrico Clias (1782-1854), oficial suo, iniciou a sua atividade deeducador fsico entre os militares a ele submetidos, junto Academia Militar deBerna, adestrando-os no manuseio das armas, na natao, na equitao, notiro e em quase todos os campos da ginstica, inclusive a dana.

    Em seguida ao sucesso obtido por suas tropas foi chamado,primeiramente, na Inglaterra (1882) e aps na Frana (1840), onde utilizou-sedela para a propaganda e difuso da educao motora.

    Na Frana foi-lhe conferido o cargo de organizar e administrar aeducao fsica nas escolas normais por primeiro e aps na Academia de

    Besanon.

    Alm da educao gmnico-militar dos soldados, interessou-setambm da educao corporal formativa nas escolas elementares; de fato, em1844 foi nomeado Inspetor de Ensino da Ginstica nas escolas primriasfrancesas, en-