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HISTÓRIA DE MATRIZ DE CAMARAGIBE
Wikipédia: A enciclopédia Livre
O município de Matriz de Camaragibe desenvolveu seu núcleo, enquanto povoado,
no então Alto do Outeiro, hoje Alto da Igreja Velha, onde está instalado um cruzeiro.
Ao receber como doação de sua irmã, Dona Brites Pimentel (grande proprietária de
terras e de sete engenhos de açúcar) um de seus engenhos na povoação de
Camaragibe, José de Barros Pimentel, já em sua primeira visita, doou uma parte de
suas terras a Gonçalo Moreira, para que fosse construída a Igreja de Bom Jesus.
A lei provincial 417, de 9 de julho de 1864, transferiu a sede paroquial para a cidade
de Passo de Camaragibe, permanecendo assim até 1888, quando o presidente José
Cesário de Miranda Monteiro de Barros restaurou a freguesia do Senhor Bom Jesus
na vila de Camaragibe, através da lei provincial 1047, de 29 de dezembro. Até 1950
era vila do Passo de Camaragibe. Em 1958, através da lei 2093, passou a ser
município.
Uma das curiosidades da história de Matriz é ter sido uma das únicas cidades do
interior que chegou a ter imprensa própria. Em 1880 circulava O Camaragibe; em
1883, o Atalaia e, finalmente, em 1957, foi criado o Jornal da Matriz, grande
defensor da ideia da emancipação.
ORIGEM DE MATRIZ DE CAMARAGIBE: UMA LENDA QUE SOBREVIVE
Mário Galdino
Licenciado em História pela FAMASUL-PE
Diz a lenda que por volta de 1686, um morador do Alto do Outeiro, um dia foi à
capela e não encontrou a imagem do Bom Jesus, alarmado, julgou que alguém o
tivesse roubado. Mas, ao olhar o chão, viu algumas pegadas pequenas e foi
andando de acordo com o rastro dos pés, só parando em um pé de jitó no meio da
mata próximo à moradia do Sr. Gonçalo Moreira. Logo, ao constatar que o Bom
Jesus estava no pé de jitó, o morador do Alto do Outeiro subiu e tirou o santo,
levando-o para a capela de origem. Vários dias depois aconteceu o mesmo fato,
então, o morador levou-o ao conhecimento do dono das terras – Capitão José de
Barros Pimentel – que, decidiu doar aquelas terras para que a cidade fosse ali
edificada entendendo ser a vontade do santo, representada pelo fato dele ter
“andado” de um lugar para o outro, indicando o melhor lugar para erguer a cidade.
Tendo como ponto de partida as informações acima referidas, trazemos à luz da
discussão as seguintes indagações: que interesses influenciaram a doação das
terras do engenho de Baixo? (denominado também à época Engenho do Meio e
atualmente Fazenda Bom Jesus). Ao invés de doar terras onde já havia início de
povoação e progresso para edificar a cidade, por qual razão foi doada uma parte da
terra entre alagadiços e onde havia somente um único morador? Por que, conforme
a tradição oral, existe uma lenda sustentando a versão da preferência do santo em
edificar a cidade entre alagadiços? O modo como se originou a cidade influencia na
vida da sua população atualmente?
Não poderemos responder tais questões, mas, ao menos, podemos levantar
indicativos das reais razões. A título de hipótese, ponderamos que em razão dos
envolvidos na doação das terras e dos resultados que dela se verificam hoje, houve
uma forte influência do poder econômico vigente e interesses em manter a
população em uma área pouco privilegiada, em detrimento do crescimento
econômico destes.
No período a invasão holandesa (meados do século XVII) a Igreja Católica
compartilhou com os senhores de engenho de todas as decisões para enfrentar as
dificuldades oriundas da invasão holandesa, visto que os holandeses adotavam
outra denominação religiosa, o calvinismo, considerado pelos católicos como
heresia. Portanto, eram rivais do catolicismo. Esta situação propiciou condições para
uma aproximação mais forte entre os senhores de engenho e a igreja Católica, o
que politicamente podemos chamar de aliança contra os holandeses, os quais, não
tinham sintonia religiosa com o credo romano. Porém, graças à chegada dos
batavos a Pernambuco, foi instituído no Brasil a liberdade religiosa, pois até então o
catolicismo é quem monopolizava.
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Mesmo que tivéssemos a confirmação da veracidade da lenda, o quadro conjuntural
na época da doação demonstra que a origem da cidade seguiria os caminhos que
nos trouxe à atual realidade. Neste contexto, não podemos deixar de salientar dados
importantes contidos na carta de doação que em um de seus trechos deixa claro
que, além da terra doada ser ilhada, habitava nela um único morador, o que nos leva
a constatar que se o local fosse mesmo bom para erguer povoação, haveria muitos
moradores e não apenas um único, nem seria localizado entre os alagadiços, lagoas
e o rio Camaragibe onde nos períodos chuvosos fica ilhado. Sendo assim, podemos
inferir que as decisões referendadas pela aliança entre os colonizadores
portugueses e a igreja Católica naquele período, eram tomadas levando-se em
consideração seus próprios interesses e os problemas enfrentados no momento.
Desconsideravam-se as conseqüências para os futuros moradores.
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