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História do Méier, por Marcos Neves

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Aqui inauguramos uma coluna de contribuições sobre a história da nossa região.  Conhecer nossa cidade e suas origens, nos ajuda a valorizá-la e projetar idéias para a melhoria da realidade.  Essa coluna depende da sua contribuição. Compartilhe com a gente!

A História e Curiosidades Turísticas do Méier

Prof. Marcos Neves é Professor, Turismólogo, Guia de Turismo e diretor da Escola Técnica de Turismo CIETH.

O Méier é um dos mais tradicionais e importantes bairros cariocas. Apresenta duas aparências urbanas distintas: uma, mais agitada, nas áreas próximas da Rua Dias da Cruz e da estação ferroviária, e outra, mais calma, nas ruas mais internas. O Méier é habitado, na sua maioria, por famílias de classe média, sendo um dos mais valorizados bairros da Zona Norte. O Méier faz divisa com os bairros do Lins de Vasconcelos, Engenho de Dentro, Cachambi, Engenho Novo e Todos os Santos.

É nesse bairro que se localiza o primeiro shopping do Brasil: o Shopping do Méier, inaugurado em 1963 e também o primeiro a utilizar os serviços de uma ESCADA ROLANTE que, na época, virou uma atração turística. Muitos moradores de outros bairros, inclusive da zona sul, vinham até este shopping apenas para passear nela. O bairro do Méier também era reconhecido por suas confortáveis salas de cinema. Destaque para o Cine Imperator, inaugurado em 1954, com 2400 poltronas e status de “Maior sala de projeção da América Latina” à época.

O Imperator funcionou como cinema até 1986 e, entre 1991 e 1995, foi transformado em casa de shows, recebendo vários artistas nacionais e internacionais e com a estréia exuberante em uma apresentação de Shirley MacLaine.

O Méier sempre teve uma característica festeira e o Carnaval sempre foi muito comemorado. O Bloco Chave de Ouro fez história no Rio de Janeiro, ao sair na quarta-feira de cinzas, quando era proibido os blocos desfilarem neste dia e, mesmo assim, entre 1943 e 1978, o bloco saiu todos os anos, mesmo tendo que conviver com a repressão. Somente em 1978 terminou a proibição,

Nos últimos tempos, o Méier tem como local de encontro e boemia, a área batizada como “Baixo-Méier”, que fica nas proximidades do início da Rua Dias da Cruz e reúne vários bares e restaurantes que servem como “point” da juventude da zona norte carioca.

Paulo Augusto Duque Estrada Meyer

Um pouco da história mais antiga do bairro

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No século XVIII o bairro era uma fazenda de cana-de-açúcar. Em 1760 houve desentendimentos entre os Jesuítas (os donos da fazenda) e a Coroa Portuguesa que os expulsou do Rio de Janeiro. A fazenda então foi dividida em três partes: Engenho Novo, Engenho Velho e São Cristóvão.

Em 1884, Dom Pedro II presenteou um amigo com parte das terras.  Esse amigo chamava-se Augusto Duque Estrada Meyer (filho do comendador Miguel João Meyer,

português de origem alemã e um dos homens mais ricos da cidade), conhecido como Camarista Meyer por ter livre acesso às Câmaras do Palácio Imperial.

“O Marquês de Pombal expulsando os jesuítas” (1766) por Louis-Michel Van Loo e Claude Joseph Vernet

Por sua causa, a região ficou conhecida como "Meyer" (pronuncia-se "Maier"). Depois de um tempo, os moradores aportuguesaram para Méier. Os primeiros

habitantes da região eram escravos fugidos, que formaram quilombos na Serra dos Pretos-Forros.

Cortado pela Estrada de Ferro Central do Brasil, o bairro Méier e a sua história às vezes se confundem com a dos trens. O aniversário da sua estação ferroviária é utilizado como data de fundação do bairro: 13 de maio de 1889.

A Estrada de Ferro foi de extrema importância para o início de um acelerado progresso da região, atualmente conhecida como Grande Méier.

Arquitetura Única no Méier

A Igreja do Imaculado Coração de Maria é, na verdade, uma basílica, que em arquitetura é o termo usado desde os helenos para designar um grande espaço coberto. Cristãos e afins se apropriaram do termo para intitular seus templos. Mas o que a Basílica Coração de Maria nos lembra é, sem dúvida, um grande castelo medieval.

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(foto: http://euadorosossego.blogspot.com

O fato de não ter as paredes externas pintadas, deixando aparentes os tijolos com os vitrais e as serrilhadas nas torres, nos reportam diretamente aos romances de cavalaria à Suassuna. Mesmo porque, no fundo, o estilo da basílica não é tanto medieval, mas mais mourisco. Diz-se que é o único templo católico mourisco no Rio, talvez no Brasil. Outros, por sinônimo, se referem ao único templo mozárabe.

Mas sua construção não é tão antiga quanto as catedrais européias. Foi construída entre 1909 e 1929, pelo arquiteto e urbanista Adolfo Morales de Los Rios - o mesmo que no Rio, na época do prefeito Pereira Passos, já havia dado formas ao prédio da então Escola de Belas Artes (hoje Museu Nacional de Belas Artes). A igreja atualmente é ladeada à esquerda por um cruzeiro, construído pela família Sendas e doado aos fiéis, e abriga ainda um brechó beneficente. Sendo ou não católico, não custa  admirar a beleza estética do prédio.

Jardim do Méier

O Jardim do Méier é um dos (talvez o maior) símbolos do bairro. Durante décadas serviu como o ponto central do bairro, onde aconteciam discursos políticos, apresentações musicais, paradas cívicas e eventos religiosos. Foi também a principal fonte de diversão das famílias, com seu teatro de marionetes, lambe-lambes e barraquinhas.

Inaugurado em 1919, na gestão de Paulo de Frontin, o Jardim é projeto dos arquitetos Pedro Viana da Silva e Arquimedes José da Silva, e possuía, na época da inauguração, 13 mil metros quadrados. Foi construído no terreno da chácara que havia pertencido ao Dr. Arquias Cordeiro, proprietário cujo nome batizou a rua que beira a linha do trem, no sentido ao Centro.

(Foto: www.eujafui.com.br – postado por Cira)

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O Jardim passou por um período de abandono, e sofreu algumas remodelações de acordo com o tempo, sendo a mais significativa a que aconteceu na ocasião da construção do viaduto Castro Alves. Porém, algumas coisas resistem até hoje: o coreto, que é um do três que ainda existem no Rio de Janeiro, e o teatro de Guignol, revitalizado recentemente. O teatro de Guignol, nome dado para o "palco" onde acontece o teatro de marionetes, é resquício da Belle Époque carioca, em que esse tipo de divertimento era comum nas praças. No começo do século XX, cinco praças possuíam teatro de Guignol: Mourisco, Beira-Mar, Saens Peña, Serzedelo Corrêa e Jardim do Méier.

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