História Oculta da Paisagem

8/17/2019 História Oculta da Paisagem

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Departamento de Geografia e Meio Ambiente

Programa de Pós Graduação em Geografia

Disciplina: Paisagem, Espaço e Sustentabilidades

Semestre/Período: 2016.01

Prof. Dr.: João Rua

RUSSELL, Emily W. B. History Hidden in the Landscape. In: People and Land through Time: linking

ecology and history. New Haven: Yale University Press. 1997, p.3-18.

SÚMULA

A História oculta da paisagem

Introdução

O impacto humano no terreno é ubíquo, embora diferencie em tipo e intensidade, de um lugar a

outro, em um ou outro período.

A ecologia histórica procura explicar as várias enigmáticas características das paisagens e

ecossistemas do presente decifrando o legado das atividades humanas pretéritas.

Uma paisagem é uma reunião de ecossistemas que também interage, embora menos diretamente

que os componentes dos ecossistemas.

Ecologistas buscam o entendimento de sistemas complexos regidos por leis gerais para predizer e

antecipar respostas de mudanças ecossistêmicas futuras.



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Tal como no passado, tal como no presente, a influência humana nesses sistemas complicam

inúmeras questões.

As maneiras como as pessoas veem o meio ambiente e outros aspectos do desenvolvimento

cultural humano mudam para caminhos imprevisíveis.

Se interações pretéritas deixaram um efeito residual, quaisquer estudos isolados do presente não

podem detectar suas causas.

As influências humanas do passado são cumulativas e se sobrepõem uma sobre a outra ao longo

das mudanças.

A ubiquidade do impacto humano significa que é muito difícil, se não impossível, encontrar

sistemas que sejam desprovidos de influência humana.

Ao interpretar o registro histórico, em todos os apectos, nós podemos inferir as atividade

humanas do passado, incluindo seus padrões espaciais e temporais, e através de estudos

comparativos que estabeleçam como eles atuam para formar o terreno atual.

O estudo do passado humano é um ponto de entrada para a grande diversidade de interações

possíveis entre espécies e seu ambiente.

O que vemos hoje

As mudanças na intensidade das atividades humanas sobre o espaço nos confronta em toda parte,em várias escalas.

Exemplos

Extração madeireira e agricultura removeram quase todas as florestas dos Apalaches durante os

últimos dois séculos.



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Essas atividades do passado deixaram óbvias e sutis impressões nas vários aspectos desses

sistemas, por exemplo, em espécies atuais e nas características dos solos.

Como esses processos mudaram ao longo do tempo e quais características do presente se

refletem nas paisagens e nas comunidades?

Vestígios de assentamentos humanos revelam e escondem usos da terra pretéritos.

Uma vila representa uma concentração de pessoas que, em um dado momento, utilizou recursos

naturais como combustível e alimento, perturbando o solo para aragem ou produzindo resíduos.

Paisagem recreacional conformada por usos pretéritos

Formas pretéritas de agricultura, extração madeireira e mineração devastaram a vegetação

natural, fauna, e a paisagem natural.

Pastoreio removeu herbáceas comestíveis (???)

Na região dos Apalaches, o cultivo de milho e tabaco empobreceu o solo e incentivou a erosão nas

encostas.

A partir de 1900 a maior parte dos fazendeiros abandonou a área. A indústria madeireira se

mudou para a porção oeste.

As florestas se regeneraram nessas terras abandonadas que já não eram mais economicamenteviáveis. A beleza das florestas e montanhas começaram a atrair a atenção de veranistas.

Aquisição governamental para a criação de áreas recreativas (futuras unidades de conservação)

O desenvolvimento de parques inclui as fazendas abandonadas restantes, exigindo a construção

de estradas, acampamentos e outras melhorias consideradas necessárias.



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A paisagem desses parques consiste de florestas regeneradas por processos naturais de sucessão

secundária em terrenos que foram abandonados após exploração madeireira ou agrícola.

Importante precisar quais fatores afetaram os estágios sucessionais. Também é importante

explicar a prioridade de um dado uso da terra durante um dado período, assim como a razão para

o abandono de um dado uso.

Problemas ecológicos com explicações históricas

Exemplos ligados à ecologia histórica

As populações de várias aves migratórias da América do Norte estão aparentemente em declínio.

A pesquisa por uma causa foca a mudança do habitat ao longo do último século.

As florestas que foram recobertas desde então estão dispersas, criando paisagens fragmentadas,

algo bem distinto do ambiente anterior à extração madeireira e exploração agrícola.

Embora a área de floresta em algumas partes desta região continue a aumentar, as populações de

aves migratórias continuam a decair.

Práticas florestais destrutivas levaram à proliferação de espécies predatórias.

Introdução de espécies não nativas.

Introdução de projetos habitacionais. Migração urbano-rural. Fragmentos florestais mantidos em

pequenas áreas.

Manejo de queimadas alterou a competição de espécies, favorecendo a maior dominância de

novos componentes herbáceos na paisagem.

A combinação da dimensão histórica com a biológica abre novas áreas na busca por respostas.

Considerações interdisciplinares



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O comportamento humano não é estático e isolado, mas historicamente condicionado e

altamente variável.

historiadores ambientais e geógrafos históricos consideram as estruturas conceituais políticas e

econômicas internas. Essas estruturas influenciam as interações das pessoas com o ambiente

natural.

Os ecologistas levam em consideração as causas humanas subjacentes aos padrões de estágios

sucessionais na paisagem, assim como as consequências ambientais de certas atividades.

A cooperação e interdisciplinarida são, portanto, essenciais.

A partir de 1985, o ambiente deixa de ser entendido como pano de fundo para os processos

históricos. Passa, portanto, a ser o foco para pesquisa.

O emergente campo da história ambiental é descrito por Bailes como o estudo dos impactos

econômicos, políticos, sociais, tecnológicos e sistemas de valor que envolvam o ambiente natural

e o uso dos recursos naturais.

Os geógrafos históricos, por sua vez, estudam as interações entre as atividades humanas

pretéritas e o ambiente natural. Sauer considerava os humanos como agentes de uma geografia

física, incluir as plantas e a ecologia animal.

A geografia é uma geografia histórica porque nada do presente pode ser explicado sem referência

ao passado.

A ecologia histórica altera a ênfase para o ambiente natural nele mesmo.

Humanos como agentes geográficos

1864 - Obras de George Perkins, Homem e Natureza, Geografia Física Modificada pela Ação

Humana.



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Mary Somerville - Obra Geografia Física, de 1863, também observou que humanos exercem uma

grande influência geográfica na Terra.

Marsh observou que as atividades humanas - o desflorestamento, sobrepastoreio e outras práticas

- perdade de solo, assoreamento de portos e outros grandes problemas - .

O desenvolvimento da ecologia na América do Norte, Grã Bretanha e Europa Continental exibiu

uma ambivalência em relação ao impacto humano, em parte condicionado por aspectos locais.

Um grande ponto da ecolo foi entender os determinantes do clímax vegetacional de uma região e

comparar esses fatores sobre o espaço e chegar a princípios organizacionais gerais para explicar as

características e dinâmicas de diferentes comunidades de plantas.

É verdade que os problemas ecológicos são complicados pela atividade humana. Mas a própria

dinâmica botânica apresenta efeitos significativos com ou sem interferência humana.

Um nicho fundamental se refere à interação entre a fisiologia de espécies e as variáveis

ambientais limitantes que permitem às espécies sua sobrevivência indefinida.

ação humana insere-se como uma interação competitiva com outras espécies. Para que não

sejamos tentados a definir as interações humanas nos mesmos termos de competição com outras

espécies, nós deveríamos perceber a importância da cultura humana, a habilidade das pessoas

para compreender seu relacionamento com o mundo e suas estratégias e propósitos.

É improvável que a Terra ainda apresente uma forma prístina e alguma modificação em suafisiografia imputável às causas naturais.

Está claro que a magnitude das mudanças causadas pelo homem em décadas são equivalentes ao

que ocorreu ao longo de milhares de anos sem ele.

Reesurgem interesses em história por parte dos ecologistas no que tange a quatro fatores: (1)

modelos preditivos estruturados somente no mundo natural frequentemente contam com muito

pouco da variação total observada em ecossistemas; (2) os impactos históricos tem uma vida útil



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muito mais longa do que os ecologistas previamente achavam; (3) processos à escala da paisagem

e parte de seus componentes quase sempre são influenciados por atividades humanas pretéritas;

(4) pode-se esperar qua influência dos impactos humanos seja ampliada no futuro.

o sistema é dinâmico, variável em escalas diversas. o efeito de uma ação ao longo do tempo pode

diferir na mesma ação tomada em outro período.

Singularidades históricas, por exemplo, condições específicas dadas num período, podem

modificar o impacto observado ao longo do tempo.

A ecologia histórica precisa estabelecer claramente hipóteses estabelecidas para explicar os

impactos das atividades humanas pretéritas e explicitar suas consequências.

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