Historia- Os Caminhos Da Culturafinished

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    mi C l

    Autores: D iel Fe ei N6 11E

    Di g C N7 11E

    I M q e N11 11E

    M f l Teixei N14 11E

    P i Silv N17 11E

    Disciplina: Hi i A

    Professora: C l Teixei

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    i e

    Introduo pgina 4

    A cultura como espelho da sociedade pgina 5

    Realismo pgina 6

    Arte Nova pgina 9

    Impressionismo pgina 11

    Simbolismo pgina 15

    A Gerao de Setenta pgina 21

    A importncia das Conferncias do Casino - pgina 23

    O Realismo/Naturalismo em Portugal pgina 27

    Concluso pgina 32

    Bibliografia e Webgrafia pgina 33

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    I

    Este trabalho, realizado no mbito da disciplina de Histria e tem como fim,retratar os Caminhos da Cultura. Este engloba vrios temas, diversos artistas,assim como diferentes movimentos artsticos, e iremos desenvolver de formagraduada, tema por tema.

    Assim, vamos retratar, vrios tipos de arte, desde a msica pintura, e daarquitectura literatura. Temos a completa certeza que vamos descobrir eaprender muito mais do que esperamos com esta nossa escolha, pois domundo da arte impossvel conhecermos tudo. um mundo que no tem fim,e cada artista tem o seu estilo. Assim, pretendemos adquirir mais cultura, econhecer mais obras e mais artistas, que pertencem a este mundo fantstico.

    O nosso grupo vai ento caracterizar o Realismo/Naturalismo, oImpressionismo, a Arte Nova e tambm Simbolismo, e falar da sua expanso a

    nvel internacional. Vamos referenciar vrios artistas importantes, analisarvrios poemas e desenvolver as caractersticas de cada movimento.

    Neste trabalho, focar-nos-emos tambm na segunda metade do sculo XIX, evamos retratar assuntos ligados, essencialmente, ao Realismo em Portugal. Ansiamos assim por um trabalho emocionante, onde iremos falar sobre aGerao de 70, sobre as Conferncias do Casino, caracterizando tambm aevoluo da pintura e da literatura no nosso pas.

    Este tema foi escolhido pelo nosso grupo, devido nossa paixo pela arte, ecom certeza que nos iremos empenhar, para fazer um trabalho fabuloso, paradeixar a professora orgulhosa, e para podermos desenvolver ainda mais os

    nossos conhecimentos.

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    A l m e pel ie e

    O Mundo Moderno, um palco de constantes transies que se aceleram,se sucedem, medida que o conhecimento jorra de todos os lados, que todos

    os ramos do saber crescem a um ritmo vertiginoso. A verdade que, hoje, nose sonham sequer coisas que, amanh, sero uma realidade estabelecida epronta, tambm, a evoluir. Tudo se baseia numa metamorfose constante, oconhecimento cientfico apodera-se da realidade das nossas vidas cada vezmais, nesta febre desmesurada de um progresso que no pra, no abranda.Os primeiros traos deste mundo moderno, no qual o conhecimento parece terum tempo prprio, que se acelerou, fazendo -o alterar-se anormalmente rpido,surgiram no sculo XIX, com o surgimento de uma cincia particularmentedinmica que veio alterar o antigo estado de estagnao do desenvolvimento.

    Desde esse momento, as alteraes das realidades sociais, econmicas

    e politicas em pases Europeus e nos EUA no pararam de acontecer. Apesardo nosso tema se focar na parte cultural da transio do sculo, da nossaopinio que a cultura (pintura, msica, escultura, arquitectura, literatura) no mais que um reflexo da realidade que lhe exterior, como que uma outradimenso que caminha conjuntamente com a nossa, mas a interpreta e mostrade ngulos diferentes. Como seria de calcular, as mudanas que o Mundoexperienciava, em fins de sculo XIX, tiveram um impacte interessante na reaartstica, que, ao desenvolver-se, adquiriu novos contornos. So essescontornos que pretendemos delinear com este trabalho, olhando, primeiro, paraa realidade exterior e, depois, para a forma como ela se transformou na

    transio para essa dimenso paralela que o mundo c ultural e artstico.

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    simples, nas aces humildes e numa existncia em concordncia com anatureza, e tambm por Gustave Courbet, principal orientador destemovimento, muito influenciado ideologicamente pelo poeta Baudelaire e porProudhon, de quem recebeu os ideais revolucionrios e socialistas. Porm.,ambos no deixam de evidenciar contactos com a segunda vertente, umacorrente que se entregou a uma pintura de realidade visvel e ao contacto

    directo com a natureza. Estes dois pintores empenharam-se a tornar a pinturamais sincera e verdadeira.

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    Teve i i itect como itecto Vitor ort , o eu rojecto ATassel em Bruxelas Fi ura , ue exploraelementos e textura e e

    cornosrevestimentos, ue temopredomniodas formas irregulareseusa ferroforjado, como foi acimareferido.

    aarquitecturada Arte ovapodemosdestacarograndearquitecto Antoniaud que criou diversos edifcios inesperados e surrealistas, pois nega a

    abordagem das linhas rectas na arquitectura, reali ando a sua arte cominspiraona atureza, dandovida s formascomdiversosdetalhesecores,atravsde mosaicosemisturademateriais. estacando-se, em Barcelona, oParque ell Figura - , a atedral da Sagrada Famlia Figura - e a

    asa il Figura .

    Parque Gell Figura 2 Catedral da Sagrada Famlia Figura 3

    A Casa Mil Figura 4

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    O Im r ssionismo

    apintura

    Em 8 surgeumquadroquerevolucionaoconceitodepinturana Europa: Impresso, nascer do sol de Claude Monet (Fig 1).

    A reaco do pintor e escritor da poca, Louis Leroy, a este quadro

    inovadorecompletamenteoposto quiloqueestavaestabelecido, o ealismo,foi oquedeunomeaestequadro. Leroy disse:

    Impresso, Nascer do Sol -eu bem o sabia! Pensava eu, se estou

    impressionado porque l h uma impresso. E que liberdade, que suavidade

    de pincel! Um papel de parede mais elaborado que esta cena marinha " - Eraonascimentodo Impressionismo.

    Impressionismo rompe com avertente da pintura do ealismo, dando-lhenovos contornos ou, melhor d izendo,

    esbatendo-lhe os contornos). s temas maispreponderantes na pintura Impressionismoso as paisagens da atureza, mas tambmcenas sociais de convivio, como se podeobservarnoquadro almoodosremadoresde enoir Fig. ). perceptvel napinturade

    onet que o impressionismo o apogeu da

    Figura 2 O almoo dos remadores de Renoir

    Fig. 1- Impresso, Nascer do Sol de Renoir

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    influncia da luz na pintura, que esta assume o papel principal nos quadrosimpressionistas e a forma como ela incide nos diferentes cenrios quedeterminam as suas cores. evido a esta convico impressionista, onetpintou, at, sries de cenrios iguais, nas quais a nica diferena era atransformaodosobjectossobaacoda luz. A correal doscenriosperde,

    assim, valor expressivo na pintura, no s por ser manipulada conforme aincidnciada luz, masporqueaquiloqueacores transmitemaquemobservaoquadro se torna mais importante do que a cor que realmente compunha ocenrioqueopintorresolveurepresentar. Impressionismoaobsessocomavari nciacromticaeodescorarcompletode todaa intenode intervenoeregeneraosociaisqueo ealismo impunha.

    as de onde vieram estasinovaespintura Impressionista? Porqua escolha de passar a representar arealidade por contornos difusos criados

    com pinceladas descontnuas? Esteconceito deesbatimentodos contornosedaeliminaodonegro queusadoempintura para delinear as imagens edemarcar a sombra) advm da vontadede captar os elementos efmeros da

    aturezaque, demasiadorapidamentesealteram, como a chuva ou os pequenoscintilares no mar. Essa vontade levousimplificao do processo da pintura que

    se resume a uma justaposio de tonspuros na tela. Impressionismo napintura ilustra essa fluidez com pinturasnormalmentedeexteriores, poisnestesaluz tem um papel diferente, mais

    preponderantee fcil decaptar.

    So ento as vibraes luminosas que compem grandes obrasIluministas como o quadro ulher com Sombrinha de enoir Fig ).fascniocomasvariaesda luzadvm, tambm, dasdescobertascientficas

    que haviam sido realizadas anteriormente, que explicaram os seus princpiosfsicos. Estas influncias eruditas so naturais, pois os Impressionistas eram,por natureza, indivduos liberais, educados dessa forma em colgios como aAcademia Suiaouo Atelier leyre, locais frequentadosporgrandes indivduosque viriam a ser pioneiros do Impressionismo como o prprio onet, enoir,Bazilleou zanne. Todosestesartistasseagrupamemvoltade anet que,no se considerando Impressionista, foi o centro do surgimento destemovimento que gerou muito desacordo no mundo artstico da poca. mile

    Figura 3- Mulher com sombrinha de Renoir

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    Cardon clamou numartigo quesem linha impossvel reproduzira forma deumseroucoisaequeadeformaodacornopermiteumacorrectacaptaoda realidade. isse, aindaque nenhum talento era necessrio para acriaodo que se chamava de quadro impressionista, por este no passar de umconjuntodemanchascolocadasna telaaoacaso. oentanto, estacriticano

    surtiugrandeefeito, poiso Impressionismoestabelecera-seeespalhara-seportodos terem noo da real complexidade da pintura impressionista, quepressupe um enorme conhecimento da forma como as cores se fundem ecomplementam. A preocupao do Impressionismo coma paisagem reflectiu-senum testemunhodamudanadevidaquesesucedeu revoluo industrial.

    amsica

    Impressionismo, este renegar do antigo e estabelecer da inovao,expandiu-se, tambm, msica. Como exemploperfeito destemovimento damsica, existe Claude ebussy Fig ),compositor francsque inovouecriouumestilonico. ebussy foi, de facto, um sinnimo deinconformismo em relao aos cnonesestabelecidosnamsica. A msicaclssicaalgo bem mais complexo do, que primeiravista parece. um facto desconhecido amuitosns, porse tratarquesumapequenaparte da populao conhece prox imamente,mas existem regras muito particulares e

    estticas squaisoscompositoresdemsicaclssicasempreobedeceram, como intuitodecriar uma melodia aprazvel ao ouvido, cujassucesses fizessemsentidonesseponto. as

    ebussy resolveu quebrar com estes pr-conceitose regras. Elecompepeasquesecaracterizam por uma quase ausncia demelodia. Parecem, de facto, sons inacabados,inciosdeobrasmusicaisquenuncaencontramum termo. Existe umadesconexo que coloca quemasouvenum estado de

    suspenso, mas de constante ateno e deslumbramento profundo.Impressionismo na msica , precisamente, o que ebussy fez. Esbateu oscontornos das suas melodias, quebrou com as regras pr -estabelecidas etrabalhoude forma contnuaa variao, noda luz, mas dos sons, nas suasobras das quais destacamos a obra para piano Clair de Lune). e facto,

    ebussy fez algo de louvvel, pois basta um pouco de sensibilidade artisticapara se compreender as semelhanas entre os quadros de grandes

    Figura 4- Claude Debussy, compositor e msico

    Impressionista

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    Impressionistas, e as suas composies musicais. oi a forma perfeita deadaptar as caracteristicas Impressionistas msica.

    Na literatura

    na literatura, o impacte do Impressionismo no foi to significativo,

    sendo que o simbolismo, que surgiu na mesma poca, era mai s significativonesta rea. Ainda assim, foi criada uma vertente literria a partir da influnciadeste movimento na pintura. Neste ramo da arte, as hiplages tornam -seanormalmente frequentes e a construo frsica perde clareza e rigidez nassuas regras. O narrador desvalorizado, pois o objectivo do autor que o leitortenha a sensao que uma testemunha visual directa daquilo que se sucedena cena descrita. uanto difuso, presente na pintura atravs das pinceladaslivres, na literatura surge como uma difuso de ideias, a descrio de estadosde alma. Tambm existe, no entanto, a preferncia, por parte do autor, decenrios em ambientes ao ar livre, e estes so descritos como da pintura de

    um quadro se tratasse. Um bom exemplo o poema de Cesrio Verde Detarde, que, ao ler, parece descrever uma pintura impressionista.

    Este movimento, primeiro desacreditado por muitos criticos, ganhouento uma importncia notvel na histria da arte mundial, e grandes autoresse renderam a ele. O Impressionismo , resumidamente, quebrar os dogmasartisticos existentes anteriormente, com o objectivo de criar algo novo, oesbatimento das regras, o triunfo da luz.

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    O Simbolismo

    a literatura

    s movimentosartisticos tendem, comoperceptivel atravsdeumaanlisedasuaevoluo, paraanegaodoseuantecessor. Aobarroco,estilo excessivamente ornamentado, seguiu-se um revivalismo do sbrio esimplesClassicismo, apso irrealistae imaginativo omantismo, surgiuocruehonesto ealismo e esta tendncia no se perdeu quando de simbolismo sefala, sendo, alis, esteomovimentoemqueessanegaomaisseacentuou.

    e facto, o Simbolismo um estilo dificil de definir e caracterizar pelos seusintervenienteso teremabordadode formas todiferentes. a tcriticosquedizemessasvriasabordagensapenas tmemcomumareferidanegaodoacademismo, ealismo, aterialismo e Positivismo. Simbolismo umainsurgncia contra o crdito excessivo que estava a ser colocado na cincia,descorando o lado emocional do individuo. pordesprezopela objectividade

    que se comeara a impor na sociedade que o Simbolismo se ope aoealismo, impondonassuasobrasasubjectividadequeadvinhadautilizao

    desmbolos, daeliminao total da literalidade. Tornou -se, ento, frequenteautilizao de metforas e sugestes, em detrimento da explicao directa darealidade.

    Este movimento caracterizou-se, tambm, por uma quase queadaptaodo omantismo. Simbolismo tambmviraascostas realidadeeolhaparadentrodo individuo, masa formadedescreveroquev focanoutrosprincpios. s simbolistas descrevem um plano interior e reflexivo da suaexistncia, mas, ao contrriodos omnticos, nodo nfase aosentimentomasaumavertentemais filosficadesseplano interior. Estadivisoclaraentreomundochamadode interior, quese tornaessencial, eomundoexteriorqueo

    ealismo descrevia, faz com que uma dascaractersticas do Simbolismo seja esta adesofilosofia platnica, onde existe um mundo inteligve lacessvel apenasatravsdareflexo.

    Com o Simbolismo, a literatura entrou tambmnuma fase de profundo pessimismo e obsesso pelaaproximao do momento da morte. A decadncia

    passa a ser o tema de fundo desta corrente, u madecadncia quase niilista de profunda desacreditaona utilidade da vida. A poesia simbolista conheceu,ainda, uma incrvel aproximao com a msica,existindouma fusoque resultouna musicalidadedosversos, partindo da utilizao de recursos estilsticosmuito concentrados no impacto sonoro que os versosteriam, como a aliterao repetio de um fonema

    Fig. 1- Charles Baudelaire

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    consonantal)eaassonncia repetiode fonemasvoclicos).

    mgrandeexemploda influnciado Simbolismona literaturaCharlesBaudelaire Fig. ). Baudelairenasceuem Franaeeraumpoetae importanteterico, eoprimeiro livroqueeditou, As Floresdo alera to introspectivo,subjectivoepassvel deumam interpretaoque foi imediatamente retiradodomercado, obrigando-seaindaoautorapagarumapesada multa. Poresteextremismo e profunda preocupao com a realidade emocional e inteligvel,Baudelaireomais importantesmbolodestacorrente.

    Como exemplo de muitas das caractersticas que enuncimos,traduzimos e transcrevemos um excerto do poema morto alegre deBaudelaire:

    " umsologorduroso, cheiodecaracis,Querocavar, paramimmesmo, umburacoprofundo

    ndepossaestenderosmeusvelhosossosE dormir, noesquecimento, comoum tubaronaonda.

    deiot stam ntos, odeiotmulos!o lugarde imploraruma lgrimaaomundo,

    Vivo! EuprefiroconvidaroscorvosE sangrarde todosospedaosdaminhacarca a imunda.

    hvermes, companheirospretossemorelhasnemolhos!Vedevsumhomemmorto, livree felizFilsofossobreviventes, Filhosdad cad ncia!"

    este poema, evidente a obsesso pela morte, que um temarecorrentenospoemas Simbolista. Almdisso, bvioquea literalidadeestcompletamenteausente deobras como esta, ondetudosebaseiaemmetforaseosentidoconotativo imperativo. pano de fundo deste poema adecadncia, um pessimismo inerente ao sujeito

    poticoqueestpresenteem todososversos.utro grande exemplo do Simbolismo na

    literatura imbaud, que, para alm de ser fiel a

    esteestilonassuasobras, era-lhe fiel em termosdepersonalidade e modo de agir. imbaud era umjovemrebelde, aencarnaoda imagemdo enfantterrible ideia que reforada quando se observafotografiasdesteautorqueo fazemassemelhar-seaesseconceito Fig. ). s ideaisdedecadnciaencontramem imbaudasuapersonificao.

    Fig. 2 Arthur Rimbaud

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    Tanto Baudelaire como Rimbaud so autores que tm uma influnciaincrivelmente grande em autores da actualidade, que seguem uma for ma deescrita adaptada deste simbolismo, focada na filosofia e no pensamento, comoMilan Kundera.

    Em Portugal, o expoente mximo do Simbolismo foi Camilo Pessanha,

    autor oriundo de Coimbra. O nome do seu nico livro publicado adveio da obrade Baudelaire, Clepsidra. Camilo foi um grande seguidor da sugesto,descrevendo um objecto exaustivamente, em detrimento de apenas enunciar oseu nome. A fragmentao tambm uma caracterstica das suas obras, e asubjectividade est nelas presentes como em poucos autores. Camilodescrevia um mundo de uma grande complexidade filosfica atravs dedescries de estados de esprito e da viso do seu interior. Analisemos umdos poemas de Pessanha, uem poluiu, de forma a compreendermos melhoras caractersticas do autor:

    uem poluiu, quem rasgou os meus lenis de linho,Onde esperei morrer - meus to castos lenis?

    Do meu jardim exguo os altos girassisuem foi que os arrancou e lanou no caminho?

    uem quebrou (que furor cruel e simiesco!)A mesa de eu cear - tbua tosca de pinho?

    E me espalhou a lenha? E me entornou o vinho?- Da minha vinha o vinho acidulado e fresco...

    minha pobre me!... Nem te ergas mais da cova.Olha a noite, olha o vento. Em runa a casa nova...

    Dos meus ossos o lume a extinguir-se breve.

    No venhas mais ao lar. No vagabundes mais,Alma da minha me... No andes mais neve,

    De noite a mendigar s portas dos casais.

    Sendo Camilo Pessanha um puro simbolista, recorre criao deimagens que sugerem ideias filosficas. Entre as imagens deste poema,verifica-se a presena de elementos puros, como os lenis castos, elementosnormalmente associados felicidade, como o jardim, a cama, os girassis e

    elementos que transportam o leitor a um ambiente de aconchego e carinho ,como a lenha e a me. Estes elementos contrastam com elementos de puradecadncia humana, algum os poluiu, algum os rasgou, quebrou Destaforma, os elementos conotados com algo positivo so imediatamentetransformados em factores de desiluso e dor por no estarem mais presentesna vida do sujeito potico. A segunda parte do poema no descura daobssesso dos simbolistas pela morte, que um tema constante. A decadncia, como em Baudelaire, um elemento essencial em obras como esta, assimcomo a completa desacreditao no gnero humano, cujas efemeridade magoa

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    ecujosdefeitos levamaumaauto-destruo. Estepoema transmitea ideiadoSimbolismo, porevidenciara tendnciaparaoabstracto, osversosquedizemuma coisa que, na verdade, significa outra mais do que uma, at,considerando todaaambiguidade inerenteaestacorrente.

    Essamesmaambiguidade, topresenteem Pessanha, juntamentecom

    oseuenorme talentoparaaescrita, soas causasdeesteserassociadoaomelhor exemplo do Simbolismo em Portugal e valeram-lhe uma srie degrandes admiradores que eram, tambm grandes autores, como os poetasdOrpheu, Fernando Pessoae riode SCarneiro. A influnciade Pessanhabvianasobrasdeambososautores, quecederamaumconstanteestadomental de desassossego e a uma tendncia filosfica e introspectivaclaramenterelacionadaao Simbolismo.

    O Simbolismonegou todas ascorrentes culturaisque sebaseavam naobjectividade e desprezou a literalidade. Teve um papel preponderante na

    literatura nacional e europeia, voltandoo foco dosautores para o inteligivel eecontrandouma fusoentrea literaturaea filosofia.

    apintura

    O Simbolismo na pinturateve, como na literatura, contornosdifusos que se baseavam na negaode outros estilos, mas a suacaracterstica essencial seria,obviamente, autilizaodossmbolosea implementao da mesmasubjectividade que se via nas obrasliterrias simbolistas. Profundamentepresente est o sonho, o imaginrio, oambguo, que um componente demuitas das grandes obras simbolistas.A alegoria passava, ento, a elementoprincipal da pintura. Agora, j no eranecessrio pintar realisticamente um

    cenrio, mas passar para a tela aessnciadaalmadequempintado, oque sente e pensa, ou o significadooculto daquilo que pintado- como possvel observar na pinturaEsperana de eorge atts Fig. ). A esttica do Simbolismo difcil de

    definir, pois a subjectividade tende a gerar diferentes interpretaes destemovimento. Porm, existeumcnonequesurgiunosimbolismo internacional,

    Figura 3 Esperana de George Watts (na qual a jovem

    mulher tenta criar msica a partir de uma nica corda

    restante na sua lira, segundo Watts)

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    no qual predominam a composio circular,osritmos fluidoserodopiantes, oscontornossinuosos, as formas sugeridas pelaspinceladas de cor sem modelao e umatendnciaparaaneglignciadaperspectiva.

    m grande exemplo do Simbolismo,principalmentedaneglignciadaperspectivae do realismo do cenrio pintado Fig. ), Eugne-Henri-Paul auguin. uaguin eraumpintor francsquedesenvolveu tcnicasde pintura directamente derivadas dosimbolismo e apontado como o maisimportante dos pintores simbolista. Estasderivaes so linguagem plsticasdenominadas de cloisonismo e,

    posteriormente, sintetismo e baseiam-senuma simplificao geral na composio enos tons sem modelao. As diferenasentre cloisonismo e sintetismo advm dofacto do sintetismo ter surgido, mais tarde,como uma nova verso do cloisonismo, qual foi adicionada uma clarainfluncia Japonesa.

    Estas tendncias de uaguin estoclarssimas na obra Cavalo Branco Fig. ),obra copiada de um relevo de Partnton,mostrauma liberdadecompletaemrelao scores, perdendo a cor o seu valor descritivo.

    uaguindisse, acercadestequadro: ecueipara bem longe, antes dos cavalos doPartnton, at aos cavalinhos da minhainfncia.

    umartigoparaumarevista meiodedifuso importantssimodo Simbolismo- Aurierresumiu, a propsito de uaguin, o que o

    Simbolismona Arte:

    . Idesta, poisoseunico ideal seraexpressoda Ideia;

    . Simbolista, j que ir exprimir estaideiaatravsde formas;

    Figura 5 O cavalo Branco de Guaguin

    Fig.4- Auto-Retrato de Guaguin

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    3. Sinttica, porque escrever estas formas, estes sinais, segundo ummodo de compreenso geral

    4. Subjectiva, uma vez que o objecto jamais ser considerado comoobjecto, mas sim enquanto signo da ideia percepcionado pelo sujeito

    5 ( uma consequncia) decorativa pois a pintura decorativa,propriamente dita, tal como a compreenderam os Egpcios, e muitopossivelmente os Gregos e os primitivos, no mais que uma manifestaoartstica subjectiva, sinttica, simbolista e idesta.

    No Simbolismo o real deixa de ter qual quer valos, s por si, sendoapenas percepcionado apenas atravs de um vu que a molda e deforma. Apintura simbolista , ento quase mstica e esotrica, na qual a Natureza apenas utilizada numa procura da analogia perfeita, para exprimir o que lhessurge na mente. No lhe interessa o modernismo, e encontra na pinturadecorativa uma forma de expresso perfeita.

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    Gera o de 0

    A gerao de , em Portugal representa uma profunda revoluo cultural,sendo um movimento acadmico de Coimbra no sculo XIX. Esta eraconstituda por um grupo de jovens intelectuais, que estudavam na

    niversidade de Coimbra. esse grupo de jovens, fazia parte Antero deQuental, uerra Junqueiro, Oliveira artinseoclebreescritorEade Queirsentre outros, que surgem, a certa altura, a contestar os excessos do ltra-romantismoque tinhacriadohbitosdemasiadamente limitadosaosproblemasnacionais. Este ltimo era representado por vrios escritores sendo sob ocomandode Antnio FelicianodeCastilho.

    Esta gerao veio revolucionar a vrios nveis a cultura, pintura e literaturaportuguesa, pois a renovao manifestou-se com a introduo do realismo.Este grupo de jovens falados anteriormente reuniam -se para trocar ideias,livros e formas para a renovao da vida poltica e cultural portuguesa queestava a viver umarevoluo com oaparecimento dos novosmeios de transportesferrovirios. Estes, traziamnovidades do centro daEuropa, que influenciavaestageraoparaasnovasideologias.

    Em 8 esta gerao jtinha dado vrios sinais derebeldia disciplina

    universitria com ruidosostumultos, irreverncias erevoltas, sendoessessinaisindicadores dainconformidade destajuventude, perante os valores oficiais da s ociedade em que vivia. as aprimeiramanifestao importantedestamocidade foi aapelidadade QuestoCoimbr ou Bom senso e Bom gosto. O motivo desta Questo Coimbr,comeou quando PinheiroChagas em 8 publicou o Poema da ocidade,sendouma ingnuabiografia lrica, tpicadosaudosismoultra -romntico. Comisto FelicianoCastilhoproduziuuma famosacarta -posfcio, naqual, elogiacomgrandeza Chagas, e recomendava o jovem poeta para uma cadeira de

    Literatura. essa mesma carta, Castilho introduziu referncias ironicamentecontrriasa Anterode Quental eTefilode Braga, criticandoasuapoesia. asa resposta no se fez esperar, pois Antero de Quental lanou um opsculo,denominadode " Bomsendoe Bomgosto", sendoestasaduas virtudesqueCastilhonegaa AnteroeTefilo.

    Antero respondeu a Castilho com altiva ironia, e com violentssimos esarcstico desacatos. Esta sua resposta gerou muita polmica e muitoscriticarama forma rudede Anteroparacom Feliciano. mdosdefensoresdeCastilho era amalho Ortigo, que por acaso mais tarde se haveria integrar

    Antero de Quental fig. 1

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    plenamente no grupo de Coimbra. Mas nesta altura repreendeu severamenteuental, e esta repreenso gerou um duelo de espadas entre ambos, mas

    mesmo assim, Antero, sendo inexperiente ganhou o duelo.Esta manifestao "' uest

    ( )

    0 )i

    1 2 3 ( 4 foi mais que um conflito entre

    movimentos literrios, foi sobretudo uma confrontao entre duas concepesde Romantismo. Nota-se que naquela altura ainda no era especificamente um

    confronto entre Romantismo e Realismo. Na verdade, depois da "'

    uest( )

    0 )

    i1 2 3 (

    , pode-se dizer que estavam criadas todas as condies para ainstaurao do Realismo em Portugal.

    Depois de tantas tentativas, revoltas, e conferncias para tentar mudar amentalidade da nossa sociedade, a gerao de 70 teve uma segunda fase queficou conhecida como os Vencidos da Vida .

    Este nome foi uma sugesto de Oliveira Martins, esta denominao decorreda renncia aco poltica e ideolgica imediata por parte de Ea, Antero,Oliveira Martins e os restantes. Claro est que esta fase para os ultra -romnticos, foi uma fase de ironia. Pinheiro Chagas at fizera uma publicao

    sobre a designao dos Venci5 ) s 5 6 Vi5 6 , no Correio da Manh. Osrepresentantes da Gerao de 70, no aluram s historicamente, sendo queem 1 91 Antero de uental suicida -se. A Burguesia, ficou completamenteindiferente em relao s aspiraes dos Venci

    5 )s

    5 6Vi

    5 6, pois preparava-

    se agora para uma nova fase devido instaurao da Repblica.Restam-nos agora as grandes obras literrias dos maiores e clebres

    escritores da Gerao de 70.

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    As on er ncias do asino

    AsConferenciasdoCasino, eramrealizadas

    numasalaalugadanocasino Lisbonense Fig.), dadoassimorigemaestenome, onde foramrealizadascincopalestrasem 8 . Estaspalestras foramrealizadaspelogrupodoCenculo, este formadoporumconjuntodejovensescritorese intelectuaisdevanguarda,geraode , quesepassaramareunirdepoisdeconcludososseusestudosemCoimbra.Ogrande impulsionador foi Anterode Quental Fig.

    ), poisesteestavapreocupadocoma QuestodeCoimbr, nosentidodefazersairavidacultural portuguesadaestag naoque foi provocadapela

    egenerao. Anterochegoua Lisboaem 8 8, ecomeou logoa influenciarnosgostosenos interessesdosgrupo, iniciando-onaleiturade Proudhon, que tantohaviapararevelar -senos trabalhosrealizados.A ideiacentral dasconfernciassurgiunacasada uados Prazeres, ondeoCenculosereunia. AnteroeBatalha eisalugaramentoasaladoCasinoLisbonense, no largoda Abegoaria, hojede afaelBordalo Pinheiro. A propaganda ficouencarreguecomo jornalA Revoluo de Setembro.A 8 de aio

    apareceunestemesmoummanifesto, este jdistribudoemprospecto, assinadopordozenomes,ondeseas intenesdosorganizadoresdaschamadas Conferencias Democrticas:

    " ingumdesconhecequeseestdandoemvoltadens uma transformaopoltica, e todospressentemqueseagita, mais fortequenunca, aquestodesabercomodeveregenerar-seaorganizaosocial.Sobcadaumdospartidosque lutamna Europa, comoemcadaumdosgrupos

    queconstituemasociedadedehoje, huma ideiaeum interessequesoacausaeoporqudosmovimentos.Pareceuquecumpria, enquantoospovos lutamnasrevolues, eantesquensmesmos tomemosnelasonosso lugar, estudarserenamenteasignificaodessas ideiasea legitimidadedesses interesses; investigarcomoasociedade, ecomoeladeveser;comoas aes tmsido, ecomoaspode fazerhojealiberdade;e, porseremelasas formadorasdohomem, estudar todasas ideiase todasascorrentesdosculo.

    Fig. 1- Casino Lisbonense

    Fig. 2- Antero de Quental

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    Nopodeviveredesenvolver-seumpovo, isoladodasgrandespreocupaesintelectuaisdoseu tempo;oque todososdiasahumanidadevai trabalhando,deve tambmseroassuntodasnossasconstantesmeditaes.Abriruma tribuna, onde tenhamvozas ideiaseostrabalhosquecaracterizamestemomentodosculo,

    preocupando-sesobretudocoma transformaosocial, moral epolticadospovos;LigarPortugal comomovimentomoderno, fazendo-oassimnutrir-sedoselementosvitaisdequeviveahumanidadecivilizada; Procuraradquirirconscinciados factosquenos

    rodeiam, na Europa;AgitarnaopiniopblicaasgrandesquestesdaFilosofiaedaCinciamoderna; Estudarascondiesda transformaopoltica, econmicaereligiosada

    sociedadeportuguesa;Tal o fimdasConferncias emocrticas.Tmelasuma imensavantagem, quenoscumpreespecialmentenotar:preocuparaopiniocomoestudodas ideiasquedevempresidiraumarevoluo, demodoqueparaelaaconscinciapblicasepreparee ilumine, darnosumasegurabase constituio futura, mas tambm, em todasasocasies, umaslidagarantia ordem.Posto isto, pedimosoconcursode todosospartidos, de todasasescolas, detodasaquelaspessoasque, aindaquenopartilhemasnossasopinies, no recusamasuaatenoaosquepretendem terumaaco emboramnimanosdestinosdoseupas, expondopblica masserenamenteassuasconviceseoresultadodosseusestudose trabalhos.Lisboa, de aiode 8 AdolfoCoelho, Anterode Quenta l, AugustoSoromenho, Augusto Fuschini, Eade Queiroz, ermano Vieirade eireles,

    uilhermede Azevedo, Jaime Batalha eis, Oliveira artins, anuel deArriaga, Salomo Saragga, Tofilo Braga." Fig. )

    Asconfernciaseramaafirmaodummovimentode ideiasquecontagiaramos intelectuaisportugueses, atravsdos livrosvindosde fora. Eraohistoricismo, o interessepelascinciaspoliticamesociais, a crticapositivistamaneiradeTaine, oevolucionismo, o interessepelas teoriasde arxe Engels,

    osecosda Internacional, orealismoem Artecomoexpressodumnovo idealdevida, acrenanoprogressodassociedades, conseguidoatravsdascincias.

    on er nciaNaprimeiraconfernciadiscutiu-sesobre O EspritodasConferenciasporAnterode Quental, a de aiode 8 , actualmentesnosrestaosrelatos

    Fig. 3- Gerao de 70

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    dos jornais contemporneos. Era o desenvolvimento do programa inserido nomanifesto. Persistia-se a ignorncia, indiferena e consequente rejeio dosPortugueses pelas novas ideias novas, na misso que os grandes espritoscompetiam de preparar as inteligncias e os conhecimentos para o progressodas sociedades e os resultados da cincia.

    Aduzia-se de novo exemplo da restante Europa, e de novo se censurava avergonha excepo que Portugal constitua. O fulcro da discusso nas futurasconferncias anunciava o orador, seria a Revoluo no que este conceitopossua de mais nobre e elevado. E Antero terminava com uma chamada atodas as almas de boa vontade, para que reflectissem nos problemas que iamser propostos, e nas possveis solues, embora contrrias a os princpiosdefendidos pelos conferencistas.

    2 C fe iAlguns dias depois, foi realizada a segunda conferncia, ainda por Antero:Causas da Decadncia dos Povos Peninsulares, publicada meses depois em

    folheto. As causas mencionadas eram trs: o li i m i ivi l,m q i l , e q i l m i . Para estes danos, cujasconsequncias ainda ento continuavam a fazer -se sentir, as soluessugeridas eram opor ao catolicismo a conscincia livre, a cincia, a filosofia, acrena na renovao da Humanidade; monarquia centralizada a alianarepublicana, com larga democratizao da vida municipal; inrcia industrial, ainiciativa do trabalho livre, sem interferncia do Estado, e organizado de formaa estabelecer a transio para o novo mundo industrial do socialismo, a quepertence o futuro. Antero terminava expondo o seu conceito de Revoluo - aaco pacifica-, e fechava com a sinopse escandalosa: O Cristianismo foi a

    Revoluo do mundo antigo: a Revoluo no mais do que o Cristianismo domundo moderno.

    3 C fe iEm seguida, Augusto Soromenho falou sobre a iteratura Portuguesa. ez anegao organizada dos valores literrios nacionais, com a excepo de GilVicente, Cames e poucos mais, fundando num etnicismo romntico, negavaat a existncia duma literatura portuguesa, uma vez que a nossa actividadenesse rumo nunca fora expresso autntica da vida nacional; oscontemporneos eram os mais vigorosamente atacados- poetas, romancistas;

    dramaturgos, homens da Imprensa. Mas, para modelo e guia duma renovaosalvadora, Soromenho limitava-se a propor Chateaubriand; falava do Beloabsoluto como ideal da iteratura a negava que esta fosse o retrato dassociedades, era-o sim da Humanidade em geral. A voz de Soromenho,professor do Curso Superior de etras, homem de formao clssica, soou umpouco discordante, apesar da fria de crtica que o animava.

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    4 on erenciaA quartaconferencia, ade Eade Queirs Fig. ), sobrea

    LiteraturaNova-o ealismocomoNova ExpressodeArte, debatiaemvriasposiesasuaexposioeeranaverdadeumgritoderevoltacontraoshbitos literrios. Bem

    incorporadanoespritorevolucionrio, asua aula, quedirectamentese inspiravaem Proudhon, chamava logodeincioaatenoparaanecessidadedeactuarna literaturaamesmarevoluoqueseestavadandonapoltica, nacincia, navidasocial.

    5 on erenciaA quinta, ealtimaconferncia f -la AdolfoCoelho Fig. -5)a de Junho, chamada A Questodo Ensino,passandoalgum tempo, publicadaem impresso. Estamenosavanadaqueasde Anteroe Ea, estavaapenas,comoade Soromenho, numpuracolocaodeataquescoisasportuguesas, eassoluesapontadacircunscreviam-seaindaaumazonarestritadavidanacional. Seguidamentede tracejaroquadroconsternadordoensinoem Portugal atravsdaHistria,apropostade AdolfoCoelho, parasolucionaresteproblema, eraacompletaseparaoda IgrejaedoEstadoeamaisampla liberdadedeconscincia.

    Segundoele, a Igrejasdeprimiaopovo, eo Estado tambmnadahaviaaesperar, anicasoluoerarecorrera iniciativaprivada, aguardandoqueaomenosestaseesforasseporpropagaroverdadeiroespritocientfico .

    Estas foramencerradasquandoasextaestavaaserpreparadaporSalomoSaraggaa falarsobre "HistriaCrticade Jesus".

    asestas foramencerradaspoiso S. . El-Rei, descobriuapartirdainformaodogovernadorcivil de Lisboaedevido spublicaesdos jornais,queseestavamarealizarreuniespblicas, noCasino Lisbonense, comadesignaodeconferncias, ondeha viaumasucessodepreleces, emqueseprocuraaseguranadoutrinasepropostasqueatacavamareligioasinstituiespolticasdo Estado, ofendendoclaramenteas leisdoreinoeo

    cdigo fundamental damonarquia. Houveramconfernciasquenopuderamserrealizadas, comoastima, que falavasobreo Socialismo, porJaimeBatalhaReis, emseguidoa falarsobrea RepblicaporAnterode Quental,depois A InstruoporAdolfoCoelhoeaultima, porAugusto Fuschini sobrea

    eduopositivada Ideia emocrtica .

    Fig. 4- Ea de Queirs

    Fig.5- Adolfo Coelho

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    O Realismo / aturalismo em Portu al

    Pintura

    As caractersticas da pintura realista/naturalista portuguesas, sopraticamente as mesmas das do Realismo no resto do mundo. Baseiam-seessencialmentena fidelidade realidade, geralmentecontmarepresentaoda figurahumanadeuma forma real, ouseja, algoque inovaequer tornarpassado a idealizao da mulher perfeita. Os temas deste movimento so,normalmente, a paisagem, o retrato e o auto-retrato. Tem composiessimples, masdegrandesdimenses, econtmumacoreumdesenhoslidoeopaco.

    Ospintoresportuguesesassim como todososoutros, queriamesquecerosideais, e tinhamcomoprincipal obje ctivoretrataromundoeavidacomoela

    narealidade, enocomodeveriaser. Assim, orealismomostra-nosaverdade

    nua e crua da sociedade daquela poca, sem quaisquer limitaes. EntopodemosafirmarqueapassagemdoRomantismoparaoRealismo, podeserreconhecidacomoumamudanadobeloe ideal, paraoreal eobjectivo.

    Existem ento, diversos pintoresportugueses realistas, que merecemser destacados sendo eles Jos

    alhoa, Rafael Bordalo Pinheiro,Henrique Pouso e ColumbanoBordalo Pinheiro.Falando dos pintores, Jos alhoa

    nasceu nasCaldas da Rainha e foium dos melhores, seno o melhor,pintor realista portugus. Este autor de grandes obras realistas eimpressionistas, e pertencia a umgrupo denominado por grupo deLeo. Este grupo tinha comorepresentantesvriosartistasnacionais, incluindoColombanoeRafael BordaloPinheiro. Era ento uma espcie de tertlia de artistas portugueses que sereunianaCervejaria LeodeOuroem Lisboa , entre 88 e 88 . alhoa foi

    ento um dos mais simblicos pioneiros da pintura realista, e autor debelssimasobras. Porexemploaspinturas O Fado, Os bbadosou Outonalsoobrasdeumabelssimaqualidadeedeumamagnificnciadestacvel. Apintura denominada por Outonal tem como tema predominante a paisagem.As suas obras, contm as caractersticas realistas, ou seja, representam anatureza comoela na realidade, demonstramoshbitose os costumes dasociedade, eretrataarealidadequ emuitos tentavamescondernoutros temposposteriores.

    Bbados no S. Martinhode Jos Malhoa fig. 1

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    No s alhoa, mas tambm Pouso, Rafael eColombano, contm estascaractersticasnassuasobras, algoquenodeadmirar, jquepertencemaorealismo. Henrique Pouso autor de uma das maiores obras realistasportuguesas. Chama-se Ceclia, e cativa os olhos de qualquer um, umapintura que retrata a tpica mulher portuguesa da poca, sem olhar a meios,

    pois toda ela est muito bem pormenorizada. Rafael Bordalo Pinheirodestacou-se tambmnestarea, poisesteocriadordaconhecidacaricaturado Z Povinho. A partirdesta caricaturapretendia, essencialmente, criticar opovoportugus. Artisticamente, foi eumsmboloanvel nacional, jqueestedesempenhou vrias funes ao longo da sua vida. Foi ento desenhador,aguarelista, ilustrador, decorador, caricaturista poltico e social, jornalista,ceramistaeprofessor.

    QuantoaColumbano foi umbompintor, e foi oautordapintura Cames e as Ninfasassimcomoo Convite Valsa. Quanto pintura que retrata Cames, possvel dizerqueestaumaobrapuramenterealista,jquepodemosrepararqueasninfas, so tudomenosum ser distinto, ou seja, as ninfas esto retratadascomose tratassemdemulherespuramentenormais.

    Assim, a pintura realista/naturalista portuguesaobedeceu a todas as caractersticas realistas,acabandoporterobrasdegrandequalidade. A faltadedivulgaode informaoanvel artstico imensa, eporvezesaspessoasnodovalor arte feitapelosartistasportugueses. A pinturarealistadeviaserumpontodepartida, paraospintoresdosculo XXI, jqueumaarte pura.

    O Realismo tem fabulosos artistas e este movimento destacou-se nasegundametade dosculo XIX. Assimpropagou-sepor todaa Europa, e tevecomo principais pioneiros pintores de renome a nvel mundial. So eles porexemplo ustave Courbet, Honor aumier, Jean-Baptiste Camille Corot eJean Franois illet.

    ustave Courbert, o senhor da pinturarealista, nasceunuma famliarural da BaixaBurguesia, este defendia que a sua visoera somente a realidade e a verdade, pois

    para ele o trabalho artstico e ocompromisso poltico-social so a mesmacoisa. Era umautodidactae assuas obraseram dirigidas s novas geraes,caracterizando a vida quotidiana e asociedadedomodoqueavia. Courbert foi oartistaque inicioua transformaodaarteem

    Auto-retrato de Gustave Courbert fig. 3

    Ceclia de Henrique Pouso fig. 2

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    arte moderna, aomesmo tempo que surgiam outras mudanas a nvel globalnasociedade.

    As suas inovaes so visveis no quadro Estdio do Pintor, o qual estcentrado no ambiente familiar. O seu auto-retrato tambm uma peaincrivelmente fascinante, assim comoa representaoda natureza napin tura

    O

    riacho coberto, emcoresslidaseem formatode esboo. Estepintoreracompletamente abstrado do materialismo, e era um ser admirvel devido aosimples facto, demostrarsimpatiae retratarasclasses maisbaixasnassuaspinturas.

    assim uma marca deste movimento, euma demonstrao de humildade, e dereconhecimento para com as pessoas querealmente se esforavam, para conseguirterumavidamelhor. Bonsdiassrcourbert)Foi comcertezauma figuraque influenciouosartistasportugueses, assimuma figuralendria, devidoaoseu furorrevolucionrio.Este acabou por exceder os limites e foiobrigado a viver no exlio. Courbert numasimples frasemostrouo ideal queorealismodefendia No posso pintar um anjo, se nunca vi nenhum, sem dvidaalguma, uma frasequevai paraalmdodelicioso.

    Literatura

    O Realismo, foi um movimento que se inspirou na realidade concreta erepresentava-adetalhadamente, semqualquerdelimitao. A segundametadedo sculo XIX, foi uma pocaimportantssima para literatura /cultura emPortugal. Escritores como Ea de Queirsou Antero de Quental, tiveram um papeldeterminante na implementao destemovimento literrio no nosso pas. Algomerecedor de destaque neste movimento,estedispensaraqueles ideais da mulher

    ideal, da natureza como fonte deinspirao, da fugae do sofrimento, ideaisdefendidospeloRomantismo.

    Ea de Queirs definia o realismo comouma base filosfica para tudo.Considerava-ocomouma lei, umacartadeguia, umroteirodopensamentohumano, acrtica do Homem. izia ento, que a partir

    Bom dia Sr. Courbertde Gustave Courbert fig. 4

    Ea de Queirs - fig. 5

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    deste movimento, condenariam o que havia de errado na sociedade. Almdisso, pretendiaanalisarasociedadeeoHomemsemquaisquer tabus. Assim,a partir da opinio de Ea podemos ter ideia de algumas das finalidades doRealismo.

    AscaractersticasdoRealismo, baseiam-senaanliseesntesedarealidade

    de forma objectiva, contrariando o Romantismo. efendia-se a exactido,veracidadeeabundnciadepormenores, retratandoaNatureza tal comoela,emostrava total indiferenaperanteo Cultodo EudefendidonoRomantismo.Pretendia-seaanlisearrojadadevciosepodridodasociedade, mantendoatotal neutralidadeperanteobemeomal, o feioebonito, vcioevirtude. Estaliteratura passa a exibir uma viso materialista da vida, do homem e dasociedade, enegava-sea relaocom eus, levandoaqueaemooea fconcedessemo lugar razo, levandoporvezes insensibilidadenasrelaesamorosas.

    A literatura realista/naturalista defende o determinismo, assim, nas suasobras so construdas personagens cuja atitude epersonalidadeadvm devariveis: a hereditariedade, o meio e o momento histrico. ma das obrasonde visvel este caso, nOs Maias de Ea de Queirs. No s odeterminismo est presente neste grandioso livro, mas tambm estopresentesosproblemaspatolgicos, ouseja, a literaturarealistaretrava temaspolmicos. Eram eles: os incestos, as taras sexuais, a loucura, o adultrio, aprostituio, etc.

    Ea de Queirs foi um incrvel escritor, um dos melhores escritoresportugueses. Criticavaa nossa sociedade, da melhor forma, com umaescritaincrivelmente compreensvel e acessvel, com a qual retrava a realidade damelhor forma possvel. Nas suas obras, critica a hipocrisia burguesa inveja,avareza), a vida urbana conflitos sociais, econmicos, etc), a religio e asociedade em geral. Tem obras profundamentepolmicas, como o caso dOs Maias e dOCrime do Padre Amaro. EsteescritorestudouemCoimbra, justificando assim o seu elevado nvelcultural, easuaenormecapacidadedevisualizaroqueestcertoeerrado. E screvedeuma formacativante, clarae fluda, dandoassimvidaaoseutipo de literatura. Ea escreve to originalmente,que a sua forma de escrever foi apelidada de

    estilo queirosiano.Anterode Quental foi outrosmboloda literatura

    realistaportuguesa. Quental emcadapoemaseu,mostrava-nos as realidades sociais, as vivnciasjuvenis, a degradao da sociedade, o

    descontentamento do povo. Os poemas deAntero por vezes possuem um tom metafsico,

    Antero de Quental - fig. 6

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    expressando a sua angstia, da qual procura um sentido para a existncia. Umdos poemas, em que est presente esta caracterstica O C ue D iz E F G H te.

    Este escritor, escreveu tambm poemas nos quais a sua poesia desempenhaum papel combatente, destinada a agir como voz da revoluo. Era umescritor fabuloso, com uma escrita magistral, realada pelo seu carcter

    objectivo e intimista, e detentora de um inegvel sabor clssico. Anteroescreveu numerosas obras, entre elas, esto as PH iI E P eras Q G I nticas eOdes

    F Gderna, assim como entre outras tantas que poderamos aqui referir.

    Assim, com esta qualidade literria, e com a evoluo da mentalidade decomo deveria ser feita a arte, j no existia porm, mais espao para umaliteratura prolixa, gasta, com descries exageradas de paisagens epersonagens, lotada de futilidade. O Ultra -romantismo deixou de ter lugar naarte, e deu lugar a outro movimento que exprimia, tudo que via e sentia, oRealismo. A literatura realista assumiu -se assim, como um dos melhoresmovimentos literrios, que outrora existiu neste pobre pas, mostrou ao nossopovo, o verdadeiro Portugal.

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    C l

    inalmente, aps vrios dias de trabalho, o nosso objectivo foialcanado. Aps vrios equvocos, e vrios obstculos que tivemos queultrapassar findamos o nosso ltimo trabalho deste ano lectivo. Pode -se dizerque foi o ano mais cansativo, mas tambm o mais emotivo, e mais divertido detodos os outros anos que j vivemos.

    Como sempre o nosso grupo desempenhou todas as suas actividadesem harmonia e chegou a um consenso. oi um trabalho que exigiu algumtempo para ser organizado, e para ser elaborado, mas podemos dizer queestamos gratos com o tema que nos foi estipulado. A arte sempre nosimpressionou, e este foi um trabalho em que aprendemos coisas novas, mastambm no qual podemos aplicar vrios conhecimentos que j tnhamosadquirido posteriormente. Correu como esperado, com um final feliz, aps

    alguns problemas relacionados com os computadores da escola, que aindaousam pregar partidas aos alunos que nela estudam. Apesar deste obstculo,podemos dizer que a nossa srie de trabalhos exaustivos est c oncluda.Gostamos imenso deste tema, e esperemos que para o ano haja mais E coma mesma professora.

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    s da cultura

    Bi li g fi

    y BURON, esus Gutirrez. Tesouros artisticos do Mundo, EDIC UBE -Edio e Promoo do ivro, da. Amadora

    y TU E I, Nicole. A arte do seculo XIX , Edioes 70

    We g fi

    y

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    de-influencias/y http://www.planetware.com/picture/barcelona-casa-mila-la-pedrera-e-

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    or=20127y http://pt.wi ipedia.org/wi i/E%C3%A7a_de_ ueir%C3%B3s y http://www.citi.pt/cultura/literatura/poesia/j_g_ferreira/rea