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Centro Educacional Evolução Credenciado pela Portaria nº. 264/2009 SEDF Tel: (61) 3562 0920 / 3046 2090 C-1 Lote 1/12 sobreloja 1 Edifício TTC Taguatinga-DF www.centroevolucao.com.br História 2

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Centro Educacional Evolução

Credenciado pela Portaria nº. 264/2009 SEDF

Tel: (61) 3562 0920 / 3046 2090

C-1 Lote 1/12 sobreloja 1 Edifício TTC

Taguatinga-DF

www.centroevolucao.com.br

História 2

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1

Centro Educacional Evolução EJA – História 2

SUMÁRIO

REVOLUÇÃO INDUSTRIAL ........................................................................................................... 2

PIONEIRISMO INGLÊS ............................................................................................................................ 2

AVANÇOS DA TECNOLOGIA ..................................................................................................................... 3

O SOCIALISMO ...................................................................................................................................... 4

REVOLUÇÃO FRANCESA ............................................................................................................. 6

ERA NAPOLEÔNICA.................................................................................................................... 8

BRASIL COLÔNIA .................................................................................................................... 10

PERÍODO PRÉ-COLONIAL ....................................................................................................................... 10

CAPITANIAS HEREDITÁRIAS ................................................................................................................... 10

GOVERNO GERAL .................................................................................................................................. 10

A INCONFIDÊNCIA MINEIRA ................................................................................................................... 12

A CONJURAÇÃO BAIANA ........................................................................................................................ 13

BRASIL IMPÉRIO ..................................................................................................................... 15

PROCLAMAÇÃO DA INDEPENDÊNCIA ....................................................................................................... 15

PRIMEIRO REINADO (1822-1831) ........................................................................................................... 16

PERÍODO REGENCIAL (1831-1840) ......................................................................................................... 18

SEGUNDO REINADO (1840-1889) ........................................................................................................... 18

ABOLICIONISMO E REPUBLICANISMO ..................................................................................................... 21

CRISE DO IMPÉRIO ............................................................................................................................... 21

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2 Centro Educacional Evolução EJA – História 2

HISTÓRIA 2

REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

Revolução Industrial

A Revolução Industrial teve início no século XVIII, na

Inglaterra, com a mecanização dos sistemas de produção.

Enquanto na Idade Média o artesanato era a forma de

produzir mais utilizada, na Idade Moderna tudo mudou. A

burguesia industrial, ávida por maiores lucros, menores custos

e produção acelerada, buscou alternativas para melhorar a

produção de mercadorias. Também podemos apontar o

crescimento populacional, que trouxe maior demanda de

produtos e mercadorias. Entende-se por Revolução Industrial

um conjunto de inovações técnicas que acabaram resultando

na substituição da ferramenta pela máquina e propiciando a

passagem do artesanato manual para a produção industrial

concentrada nas fábricas.

A Revolução Industrial foi um processo decisivo para o

estabelecimento da sociedade capitalista - sociedade

caracterizada pela produção de bens materiais. Uma classe

detém os meios de produção, isto é, máquinas, terras,

fábricas; outra classe vende sua força de trabalho em troca de

um salário e realiza o trabalho de produção. A primeira classe

é a burguesia - que além dos meios de produção, possui o

capital e a segunda classe é formada pelos proletários. Com o

desenvolvimento destas duas classes teremos o início de um

conflito, denominado luta de classes.

O processo da Revolução Industrial começou na Inglaterra,

que apresentava uma série de condições, que iremos analisar

a seguir.

PIONEIRISMO INGLÊS

Foi a Inglaterra o país que saiu na frente no processo de

Revolução Industrial do século XVIII. Este fato pode ser

explicado por diversos fatores. A Inglaterra possuía grandes

reservas de carvão mineral em seu subsolo, ou seja, a

principal fonte de energia para movimentar as máquinas e as

locomotivas à vapor.

Além da fonte de energia, os ingleses possuíam grandes

reservas de minério de ferro, a principal matéria-prima

utilizada neste período. A mão-de-obra disponível em

abundância (desde a Lei dos Cercamentos de Terras), também

favoreceu a Inglaterra, pois havia uma massa de

trabalhadores procurando emprego nas cidades inglesas do

século XVIII.

A burguesia inglesa tinha capital suficiente para financiar as

fábricas, comprar matéria-prima e máquinas e contratar

empregados. O mercado consumidor inglês também pode ser

destacado como importante fator que contribuiu para o

pioneirismo inglês.

Vários são os fatores que explicam o início da revolução

Industrial na Inglaterra.

UMA REVOLUÇÃO AGRÍCOLA

A Revolução Industrial inglesa foi precedida por uma revolução

agrária. Desde o final da Idade Média, a agricultura inglesa

passava por profundas modificações, graças a substituição da

produção em pequenas propriedades, voltada para o mercado

local, por uma produção em larga escala; para atender o

mercado externo, realizada em grandes propriedades. Durante

o reinado de Elizabeth I, o comércio de lã teve um grande

desenvolvimento. Para a produção de lã era necessário

aumentar as passagens, necessidade suprida pelas leis de

cercamento.

Com os cercamentos os pequenos proprietários e camponeses

tiveram suas terras usurpadas, sendo expulsos para as

cidades, transformando-se em força de trabalho para a

indústria nascente. Nem todas as grandes propriedades

surgidas com os cercamentos dedicavam-se à criação de

carneiros, havia aquelas especializadas na produção de

alimentos para o abastecimento das cidades, que cresciam

cada vez mais. Para controlar e obrigar, os expulsos do

campo, a aceitarem as duras condições de trabalho, em 1601

foram assinadas as leis dos pobres, que consideravam crimes

o desemprego e a mendicância; obrigando esta camada a

trabalhar nas chamadas "oficinas de caridade", que

abasteciam com mão-de-obra as manufaturas inglesas.

FATORES DE ORDEM ECONÔMICA

A Inglaterra foi, ao longo dos séculos XVII e XVIII, a nação

que mais acumulou capitais. Este processo de acumulação de

capitais foi possível, graças à expansão da atividade comercial

- que gerou um amplo mercado consumidor (a Revolução

Neste capitulo, iremos tratar da Revolução Industrial e

de suas consequências para o mundo contemporâneo.

Entre as consequências, destaque para o

desenvolvimento de novas ideias sócio-políticas, que foi

o Socialismo.

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3 Centro Educacional Evolução EJA – História 2

Comercial). A partir do reinado de Elizabeth I (1558/1603) há

uma expansão dos domínios coloniais ingleses. Nas colônias

do sul na América do Norte, a Inglaterra adota a produção de

algodão em grandes propriedades, para abastecer as

manufaturas inglesas. Outro fator de ordem econômica foi a

decretação dos Atos de Navegação (1651) que serviu para

eliminar a concorrência dos holandeses na indústria têxtil e no

comércio marítimo. Desta forma, os produtos ingleses

atingiam todas as partes do mundo, sendo transportados por

navios ingleses.

ATORES DE ORDEM SOCIAL

Como se viu, com os cercamentos há um processo de

expulsão dos camponeses e dos grandes proprietários do

campo, auxiliando na composição de uma mão-de-obra

disponível para as indústrias. Esta camada, inteiramente

desprovida de bens materiais, passa a vender sua força de

trabalho para os donos das fábricas - surgindo assim os

proletários.

FATORES DE ORDEM POLÍTICAS

Desde o século XVII (Revolução Gloriosa - 1688) a burguesia

inglesa controlava o Estado e impunha diretrizes políticas para

satisfação de seus interesses econômicos.

CICLO DE INVENÇÕES

A invenção auxilia o aumento da produção, contribuindo para

a geração de capitais - investidos em outras invenções,

gerando aumento da produção e, consequentemente mais

capitais, resultando novas invenções, e assim por diante.

A revolução técnica começou na fabricação de algodão,

quando John Kay, em 1733, inventou a lançadeira volante,

aumentando a capacidade de tecelagem. Em 1767, James

Hargreaves inventou a fiadora Jenny, aumentando a produção

de fios e, Richard Arkwright, em 1769 a aperfeiçoou. Em

1785, Edmund Cartwright inventou o tear mecânico e o

descaroçador de algodão foi inventado em 1769 por Whitney.

Nesta mesma época (1769), James Watt aperfeiçoou a

máquina a vapor.

Devemos ressaltar que as máquinas acima eram de metais,

estimulando a siderurgia. As máquinas, por sua vez,

funcionavam a vapor, sendo necessários investimentos em

mineração (técnicas para produção de carvão). A utilização

das máquinas exigia a concentração dos trabalhadores num só

local, surgindo assim as fábricas.

AVANÇOS DA TECNOLOGIA

O século XVIII foi marcado pelo grande salto tecnológico nos

transportes e máquinas. As máquinas à vapor, principalmente

os gigantes teares, revolucionou o modo de produzir. Se por

um lado a máquina substituiu o homem, gerando milhares de

desempregados, por outro baixou o preço de mercadorias e

acelerou o ritmo de produção.

Na área de transportes, podemos destacar a invenção das

locomotivas à vapor (maria fumaça) e os trens à vapor. Com

estes meios de transportes, foi possível transportar mais

mercadorias e pessoas, num tempo mais curto e com custos

mais baixos.

A FÁBRICA

As fábricas do início da Revolução Industrial não

apresentavam o melhor dos ambientes de trabalho. As

condições das fábricas eram precárias. Eram ambientes com

péssima iluminação, abafados e sujos. Os salários recebidos

pelos trabalhadores eram muito baixos e chegava-se a

empregar o trabalho infantil e feminino. Os empregados

chegavam a trabalhar até 18 horas por dia e estavam sujeitos

a castigos físicos dos patrões. Não havia direitos trabalhistas

como, por exemplo, férias, décimo terceiro salário, auxílio

doença, descanso semanal remunerado ou qualquer outro

benefício. Quando desempregados, ficavam sem nenhum tipo

de auxílio e passavam por situações de precariedade.

REAÇÃO DOS TRABALHADORES

Em muitas regiões da Europa, os trabalhadores se

organizaram para lutar por melhores condições de trabalho.

Os empregados das fábricas formaram as trade unions

(espécie de sindicatos) com o objetivo de melhorar as

condições de trabalho dos empregados. Houve também

movimentos mais violentos como, por exemplo, o ludismo.

Também conhecidos como "quebradores de máquinas", os

ludistas invadiam fábricas e destruíam seus equipamentos

numa forma de protesto e revolta com relação a vida dos

empregados. O cartismo foi mais brando na forma de atuação,

pois optou pela via política, conquistando diversos direitos

políticos para os trabalhadores.

A Revolução tornou os métodos de produção mais eficientes.

Os produtos passaram a ser produzidos mais rapidamente,

barateando o preço e estimulando o consumo. Por outro lado,

aumentou também o número de desempregados. As máquinas

foram substituindo, aos poucos, a mão-de-obra humana. A

poluição ambiental, o aumento da poluição sonora, o êxodo

rural e o crescimento desordenado das cidades também foram

consequências nocivas para a sociedade.

Até os dias de hoje, o desemprego é um dos grandes

problemas nos países em desenvolvimento. Gerar empregos

tem se tornado um dos maiores desafios de governos no

mundo todo. Os empregos repetitivos e pouco qualificados

foram substituídos por máquinas e robôs. As empresas

procuram profissionais bem qualificados para ocuparem

empregos que exigem cada vez mais criatividade e múltiplas

capacidades. Mesmo nos países desenvolvidos tem faltado

empregos para a população.

AS CONSEQÜÊNCIAS DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

A Revolução Industrial trouxe várias mudanças na economia,

na sociedade, na política e na estrutura da ideologia.

Para começar, a Revolução Industrial patrocinou uma

verdadeira revolução nos transportes. Com o aumento da

capacidade produtiva houve uma enorme necessidade de

transportar as mercadorias com maior rapidez - transporte de

matérias-primas para as indústrias e transporte dos produtos

industrializados para os mercados consumidores. A revolução

nos transportes deu-se com a invenção da locomotiva e da

navegação a vapor. A locomotiva foi inventada em 1830, por

George Stephenson. A navegação a vapor foi uma invenção

norte-americana – os clippers - destacando-se o inventor

Fulton, que projetou o navio Clermont e percorreu, em 1803,

o rio Hudson. As locomotivas e a navegação a vapor

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4 Centro Educacional Evolução EJA – História 2

distribuíam as mercadorias a longas distâncias e por preços

reduzidos.

No aspecto político, a Revolução Industrial veio consolidar o

liberalismo econômico, solidificando o modo de produção

capitalista. O modelo de Estado Liberal, já existente na

Inglaterra, é difundido nos países que se industrializam ao

longo do século XIX.

Do ponto de vista social e político, o industrialismo fez surgir

uma nova classe social o proletariado, e com ela o início de

uma luta de classes entre a burguesia e o proletário. A luta de

classes é resultado do antagonismo entre os trabalhadores e

os patrões. Antes do surgimento das fábricas, o trabalhador

artesão dominava todo o processo de produção e controlava o

seu tempo de trabalho; com as fábricas, o trabalhador passou

a ter que se adaptar ao ritmo da máquina, perdendo o

controle sobre o processo produtivo - pois ele não é o dono da

máquina - e sobre o tempo - este passa a ser determinado

pela máquina. Para adaptar-se ao ritmo da máquina, foi

imposto ao trabalhador uma rígida disciplina, com multas e

castigos.

Além disto, as condições de trabalho eram muito precárias,

também havia uma enorme exploração do trabalho infantil e

feminino, cujos salários eram mais baixos que os dos homens.

As jornadas de trabalhos ultrapassavam as catorze horas

diárias. Como forma de reação a esta situação, a classe

operária organiza movimentos para conquistar melhores

condições de trabalho, assunto que será abordado mais

adiante. Outra consequência da Revolução Industrial foi o

desenvolvimento das cidades - o urbanismo.

Houve um crescimento populacional enorme nos centros

urbanos, que concentravam as oficinas, fábricas, armazéns e

moradias dos trabalhadores. A concentração populacional nas

cidades, que não apresentavam infraestrutura para tanto,

causou novos problemas de saúde, de habitação e de moradia.

As precárias condições de vida e de trabalho da classe

trabalhadora tornou o alcoolismo um grave problema urbano.

Sendo assim, a Revolução Industrial contribuiu para um

aumento da produção, para uma concentração industrial, para

a divisão do trabalho e para a consolidação do capitalismo

liberal. Estabeleceu uma nova forma de trabalho - o trabalho

assalariado e favoreceu o processo de industrialização na

agricultura.

No plano ideológico, as péssimas condições de trabalho dos

operários - os produtores da riqueza - favorecem o

desenvolvimento de novas idéias, idéias que criticam o

capitalismo; pregando sua destruição, trata-se do

SOCIALISMO.

O SOCIALISMO

As péssimas condições de vida dos operários, provocadas pela

industrialização, levaram alguns pensadores a buscar soluções

para os problemas surgidos. Surgiram então idéias

reformistas, procurando construir uma nova sociedade, onde

houvesse igualdade social, eliminando a exploração do homem

sobre o homem. O conjunto desta idéias fundamentou o

pensamento socialista, que pode ser dividido em,

basicamente, duas correntes: a dos socialistas utópicos e a

dos socialistas científicos.

Antes da análise das correntes do socialismo, faz-se

necessário uma apresentação do movimento operário, que

reivindicava melhores condições de trabalho. Primeiramente, a

reação da classe trabalhadora contra as péssimas condições

de trabalho deu-se pela quebra das máquinas, foi o chamado

movimento ludista; em seguida, os trabalhadores iniciaram

sua organização para conduzir melhor o movimento operário,

surgindo assim as trade unions, as uniões operárias. Dentre

estas organizações operárias, destacou-se o movimento

cartista, na Inglaterra – a Associação de Operários elaborou

uma petição de direitos (Carta do Povo), apresentada ao

Parlamento que reivindicava: sufrágio universal restrito aos

homens; votação secreta; representação igual para todas as

classes no Parlamento. O movimento cartista representou um

confronto entre a classe operária e a burguesia, resultando

disto, uma necessidade; por parte da classe operária de

melhor conhecer o funcionamento da sociedade capitalista.

Os sindicatos, surgidos no final do século XIX foram evoluções

destas trade unions, que passaram a organizar as lutas da

classe trabalhadora.

CORRENTES DO SOCIALISMO

SOCIALISMO UTÓPICO

Corrente que idealizava uma nova sociedade e acreditava

atingiresta nova sociedade sem luta de classes, mediante

reformas pacíficas.

Os principais socialistas utópicos foram:

Saint-Simon (1760/1825),

Charles Fourier (1772/1837),

Robert Owen (1771/1859), e

Proudhon (1809/1865).

Entre os precursores do socialismo utópico, pode-se identificar

a obra de Thomas Morus, Utopia, publicada em 1506 e que

idealizava uma sociedade igualitária- atacando a propriedade

privada; no século XVII, durante a Revolução Puritana, temos

a ação dos niveladores; grupo de artesãos e dos escavadores -

proletários urbanos e rurais sem terras, que defendiam a

igualdade social. Durante a Revolução Francesa, Graco Babeuf

pregava uma República igualitária.

SOCIALISMO CIENTÍFICO

O socialismo científico critica a visão idealista do socialismo

utópico e coloca a classe operária como uma classe

revolucionária.

Os principais teórico desta corrente foram Karl Marx

(1818/1883) e Friedrich Engels (1820/1895).

O pensamento desta corrente é baseado em dois

fundamentos:

a História é resultado da luta de classes;

a classe operária deve construir a nova sociedade, que

seria alicerçada na igualdade social, impondo a ditadura

do proletariado - transição para a construção de uma

sociedade socialista.

A sociedade socialista, apresentada por Marx e Engels, não

apresentaria a propriedade privada dos meios de produção - o

Estado se apoderaria dos bens de produção; o objetivo da

produção não seria mais o lucro individual e sim atender os

interesses coletivos e o Estado seria o responsável pelo

retorno da riqueza à coletividade.

Marx e Engels fundaram, em 1847, a Liga Comunista e, no

ano de1848, publicaram o Manifesto Comunista, cuja divisa

será "proletários de todos os países, uni-vos".

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5 Centro Educacional Evolução EJA – História 2

SOCIALISMO CRISTÃO

Postura da Igreja Católica que criticava a exploração do

capitalismo, porém vai criticar a teoria da luta de classes,

defendida pelo socialismo. Para a Igreja Católica, deveria

haver uma harmonia entre os interesses da classe

trabalhadora com os patrões. A Igreja procurou conciliar

capital e trabalho através da encíclica Rerum Novarum.

O ANARQUISMO

Corrente que identifica o Estado como a origem de todos os

males. Defendem, além do fim da propriedade privada, a

eliminação do Estado. Entre seus principais representantes

temos Bakunin e Kroptkin. As idéias socialistas serão postas

em prática nos movimentos revolucionários de 1848 e 1871.

Em 1917, a Rússia transformou-se no primeiro Estado

socialista.

ESTUDO DIRIGIDO

1. Entre as causas do pioneirismo inglês na Revolução

Industrial, podemos citar, exceto:

a) a disponibilidade de capitais resultantes da Revolução

Comercial;

b) as condições climáticas favoráveis à indústria de

tecidos;

c) a existência de ricas jazidas de ferro, bem como a

presença de carvão utilizado como combustível;

d) o intenso comércio marítimo baseado na poderosa

frota naval inglesa;

e) a conquista de mercados coloniais consumidores de

matérias-primas e fornecedoras de produtos

manufaturados.

2. Entre as consequências sociais da Revolução Industrial,

pode-se mencionar:

a) o desenvolvimento de uma camada social de

trabalhadores, que, destituídos dos meios de produção,

passaram a sobreviver apenas da venda de sua força de

trabalho;

b) a melhoria das condições de habitação e

sobrevivência para o operariado, proporcionada pelo surto

de desenvolvimento econômico;

c) a ascensão social dos artesãos, que reuniram seus

capitais e suas ferramentas em oficinas ou domicílios

rurais dispersos, aumentando os núcleos domésticos de

produção;

d) a criação do Banco da Inglaterra, com o objetivo de

financiara Monarquia e ser, também, uma instituição

geradora de empregos;

e) o desenvolvimento de indústrias petroquímicas,

favorecendo a organização do mercado de trabalho de

maneira a assegurar emprego para todos os assalariados.

3. Todas as alternativas abaixo apresentam mudanças que

caracterizam a revolução Industrial na Inglaterra do século

XVIII, exceto:

a) a aplicação sistemática e generalizada do moderno

conhecimento científico ao processo de produção para o

mercado;

b) a consolidação de novas classes sociais e

ocupacionais, determinada pela propriedade de novos

fatores de produção;

c) a especialização da atividade econômica, dirigida para

a produção e para o consumo paroquial e familiar;

d) a expansão e despersonalização da unidade típica de

produção, até então baseada principalmente nas

corporações de ofício;

e) o redirecionamento da força de trabalho, das

atividades relacionadas com a produção de bens primários

para a de bens manufaturados e serviços.

4. O cartismo inglês, movimento operário que surgiu na

década de 1830, reivindicava:

a) o estabelecimento do socialismo na Inglaterra;

b) benefícios trabalhistas e eleitorais;

c) a organização dos trabalhadores em ligas operárias;

d) a luta armada das para a realização do socialismo;

e) a destruição das máquinas nas fábricas.

5. Cite os fatores que levaram os pioneirismo inglês na

Revolução Industrial.

6. Explique como uma revolução política (Revolução Gloriosa)

teve influência na Revolução Industrial.

7. Associe a expulsão de camponeses de suas terras no campo

e a produção de mão de obra barata nas cidades durante a

Revolução Industrial inglesa.

8. Explique como a Inglaterra conseguiu reunir capital para

“patrocinar” a sua Revolução industrial.

9. Cite três invenções da Revolução Industrial.

10. Caracterize a vida do operariado inglês durante a

Revolução industrial.

11. Os operários aceitavam pacificamente a super exploração

a que eram submetidos? Justifique.

12. Cite quatro consequências da Revolução Industrial.

GABARITO:

1. E

2. A

3. C

4. B

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6 Centro Educacional Evolução EJA – História 2

REVOLUÇÃO FRANCESA

Pode se dizer que a Revolução Francesa teve relevante

papel nas bases da sociedade de uma época, além de ter sido

um marco divisório da história dando início à idade

contemporânea.

Foi um acontecimento tão importante que seus ideais

influenciaram vários movimentos ao redor do mundo, dentre

eles, a nossa Inconfidência Mineira.

Esse movimento teve a participação de vários grupos sociais:

pobres, desempregados, pequenos comerciantes, camponeses

(estes tinham que pagar tributos à nobreza e ao clero). Em

1789, a população da França era a maior do mundo, e era

dividida em três estados: clero (1º estado), nobreza (2º

estado) e povo (3º estado).

CLERO

Alto clero (bispos, abades e cônicos)

Baixo clero (sacerdotes pobres)

NOBREZA

Nobreza cortesã (moradores do Palácio de Versalhes)

Nobreza provincial (grupo empobrecido que vivia no

interior)

Nobreza de Toga (burgueses ricos que compravam títulos

de nobreza e cargos políticos e administrativos)

POVO

Camponeses

Grande burguesia (banqueiros, grandes empresários e

comerciantes)

Média burguesia (profissionais liberais)

Pequena burguesia (artesãos e comerciantes)

Sans-culottes (aprendizes de ofícios, assalariados,

desempregados). Tinham este nome porque não usavam

os calções curtos com meias típicos da nobreza.

O clero e a nobreza tinham vários privilégios: não pagavam

impostos, recebiam pensões do estado e podiam exercer

cargos públicos.

O povo tinha que arcar com todas as despesas do 1º e 2º

estado. Com o passar do tempo e influenciados pelos ideais

do Iluminismo, o 3º estado começou a se revoltar e a lutar

pela igualdade de todos perante a lei. Pretendiam combater,

dentre outras coisas, o absolutismo monárquico e os

privilégios da nobreza e do clero.

A economia francesa passava por uma crise, mais da metade

da população trabalhava no campo, porém, vários fatores (

clima, secas e inundações), pioravam ainda mais a situação da

agricultura fazendo com que os preços subissem, e nas

cidades e no campo, a população sofria com a fome e a

miséria.

Além da agricultura, a indústria têxtil também passava por

dificuldades por causa da concorrência com os tecidos ingleses

que chegavam do mercado interno francês. Como

consequência, vários trabalhadores ficaram desempregados e

a sociedade teve o seu número de famintos e marginalizados

elevados.

Toda esta situação fazia com que a burguesia (ligada à

manufatura e ao comércio) ficasse cada vez mais infeliz. A fim

de contornar a crise, o Rei Luís XVI resolveu cobrar tributos ao

povo (3º estado), em vez de fazer cobranças ao clero e a

nobreza.

Sentindo que seus privilégios estavam ameaçados, o 1º e 2º

estado se revoltaram e pressionaram o rei para convocar

a Assembleia dos Estados Gerais que ajudaria a obrigar o povo

a assumir os tributos.

OBS: A Assembleia dos Estados Gerais não se reunia há 175

anos. Era formada por integrantes dos três estados, porém, só

era aceito um voto para cada estado, como clero e nobreza

estavam sempre unidos, isso sempre somava dois votos

contra um do povo. Essa atitude prejudicou a nobreza que não

tinha consciência do poder do povo e também porque as

eleições para escolha dos deputados ocorreram em um

momento favorável aos objetivos do 3º estado, já que este

vivia na miséria e o momento atual do país era de crise

econômica, fome e desemprego.

Em maio de 1789, após a reunião da Assembleia no palácio de

Versalhes, surgiu o conflito entre os privilegiados (clero e

nobreza) e o povo. A nobreza e o clero perceberam que o

povo tinha mais deputados que os dois primeiros estados

juntos, então, queria de qualquer jeito fazer valer o voto por

ordem social. O povo (que levava vantagem) queria que o

voto fosse individual. Para que isso acontecesse, seria

necessário uma alteração na constituição, mas a nobreza e o

clero não concordavam com tal atitude. Esse impasse fez com

que o 3º estado se revoltasse e saísse dos Estados Gerais.

Fora dos Estados Gerais, eles se reuniram e formaram a

Assembleia Nacional Constituinte. O rei Luís XVI tentou reagir,

mas o povo permanecia unido, tomando conta das ruas. O

slogan dos revolucionários era “Liberdade, Igualdade e

Fraternidade”.

Em 14 de julho de 1789 os parisienses invadiram e tomaram

a Bastilha (prisão) que representava o poder absoluto do rei,

já que era lá que ficavam os inimigos políticos dele. Esse

episódio ficou conhecido como "A queda da Bastilha". O rei já

não tinha mais como controlar a fúria popular e tomou

algumas precauções para acalmar o povo que invadia, matava

e tomava os bens da nobreza: o regime feudal sobre os

camponeses foi abolido e os privilégios tributários do clero e

da nobreza acabaram.

No dia 26 de agosto de 1789 a Assembleia Nacional

Constituinte proclamou a Declaração dos Direitos do Homem e

do Cidadão, cujos principais pontos eram:

O respeito pela dignidade das pessoas

Liberdade e igualdade dos cidadãos perante a lei

Direito à propriedade individual

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7 Centro Educacional Evolução EJA – História 2

Direito de resistência à opressão política

Liberdade de pensamento e opinião

Em 1790, a Assembleia Constituinte reduziu o poder do clero

confiscando diversas terras da Igreja e pôs o clero sob a

autoridade do Estado. Essa medida foi feita através de um

documento chamado “Constituição Civil do Clero”. Porém, o

Papa não aceitou essa determinação.

Sobraram duas alternativas aos sacerdotes fiéis ao rei.

1. Sair da França

2. Lutar contra a revolução

Muitos concordaram com essa lei para poder permanecer no

país, mas os insatisfeitos fugiram da França e no exterior

decidiram se unir e formar um exército para reagir à

revolução. Em 1791, foi concluída a constituição feita pelos

membros da Assembleia Constituinte.

Principais tópicos dessa constituição

Igualdade jurídica entre os indivíduos

Fim dos privilégios do clero e nobreza

Liberdade de produção e de comércio (sem a interferência

do estado)

Proibição de greves

Liberdade de crença

Separação do estado da Igreja

Nacionalização dos bens do clero

Três poderes criados (Legislativo, Executivo e Judiciário)

O rei Luís XVI não aceitou a perda do poder e passou a

conspirar contra a revolução, para isso contatava nobres

emigrados e monarcas da Áustria e Prússia (que também se

sentiam ameaçados). O objetivo dos contrarrevolucionários

era organizar um exército que invadisse a França e

restabelecesse a monarquia absoluta (veja Absolutismo na

França).

Em 1791, Luís XVI quis se unir aos contrarrevolucionários e

fugiu da França, mas foi reconhecido, capturado, preso e

mantido sob vigilância.

Em 1792, o exército austro-prussiano invadiu a França, mas

foi derrotado pelas tropas francesas na Batalha de Valmy.

Essa vitória deu nova força aos revolucionários franceses e tal

fato levou os líderes da burguesia decidir proclamar a

República (22 de setembro de 1792).

Com a proclamação, a Assembleia Constituinte foi substituída

pela Convenção Nacional que tinha como uma das missões

elaborar uma nova constituição para a França. Nessa época,

as forças políticas que mais se destacavam eram as seguintes:

Girondinos: alta burguesia

Jacobinos: burguesia (pequena e média) e o proletariado

de Paris. Eram radicais e defendiam os interesses do

povo. Liderados por Robespierre e Saint-Just, pregavam a

condenação à morte do rei.

Grupo da Planície: Apoiavam sempre quem estava no

poder.

Mesmo com o apoio dos girondinos, Luís XVI foi julgado e

guilhotinado em janeiro de 1793. A morte do rei trouxe uma

série de problemas como revoltas internas e uma

reorganização das forças absolutistas estrangeiras.

Foram criados o Comitê de Salvação Pública e o Tribunal

Revolucionário (responsável pela morte na guilhotina de

muitas pessoas que eram consideradas traidoras da causa

revolucionária). Esse período ficou conhecido como “Terror”,

ou "Grande Medo", pois os não-jacobinos tinham medo de

perder suas cabeças. Começa uma ditadura jacobina, liderada

por Robespierre. Durante seu governo, ele procurava

equilibrar-se entre várias tendências políticas, umas mais

identificadas com a alta burguesia e outras mais próximas das

aspirações das camadas populares. Robespierre conseguiu

algumas realizações significativas, principalmente no setor

militar: o exército francês conseguiu repelir o ataque de forças

estrangeiras.

Durante o governo dele vigorou a nova Constituição da

República (1793) que assegurava ao povo:

Direito ao voto

Direito de rebelião

Direito ao trabalho e a subsistência

Continha uma declaração de que o objetivo do governo

era o bem comum e a felicidade de todos.

Quando as tensões decorrentes da ameaça estrangeira

diminuíram, os girondinos e o grupo da planície uniram-se

contra Robespierre que sem o apoio popular foi preso e

guilhotinado em 1794. Após a sua morte, a Convenção

Nacional foi controlada por políticos que representavam os

interesses da alta burguesia. Com nova orientação política,

essa convenção decidiu elaborar outra constituição para a

França.

A nova constituição estabelecia a continuidade do regime

republicano que seria controlado pelo Diretório (1795 - 1799).

Neste período houve várias tentativas para controlar o

descontentamento popular e afirmar o controle político da

burguesia sobre o país. Durante este período, a França voltou

a receber ameaças das nações absolutistas vizinhas agravando

a situação. Nessa época, Napoleão Bonaparte ganhou prestígio

como militar e com o apoio da burguesia e do exército,

provocou um golpe.

Em 10/11/1799, Napoleão dissolveu o diretório e estabeleceu

um novo governo chamado Consulado. Esse episódio ficou

conhecido como 18 Brumário.

Com isso ele consolidava as conquistas da burguesia dando

um fim para a revolução.

ESTUDO DIRIGIDO

1. A consolidação do absolutismo na França pode ser

considerada tardia, se comparada com outras nações, e isso

se deveu:

a) À política militarista desenvolvida pelo cardeal Richelieu,

envolvendo a França na Guerra dos 30 anos.

b) À oposição dos huguenotes ao absolutismo real, fazendo

com que o país mergulhasse nas guerras de religião.

c) Ao fato de o primeiro rei da Dinastia Bourbon ser

protestante, não aceito pelos franceses.

d) À política econômica do ministro Colbert, que, ao

desenvolver as manufaturas, não acompanhou a

tendência mercantil.

e) À manutenção de privilégios à nobreza, como os impostos

e a justiça regional.

2. A Revolução Francesa teve início quando os Estados Gerais

(Assembleia Geral do Reino), reunidos em maio de 1789,

foram ameaçados de dissolução por parte de Luís XVI. O

Terceiro Estado, formado pelos representantes da burguesia,

dos camponeses e dos “sans-culottes” (artesãos e

aprendizes), reuniu-se em separado e auto- proclamou-se, em

julho de 1789, Assembleia Nacional Constituinte.

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8 Centro Educacional Evolução EJA – História 2

Entre as medidas tomadas por essa Assembleia, não se inclui

a:

a) abolição dos deveres dos camponeses para com o clero;

b) reforma tributária inspirada por Turgot e Calonne;

c) instituição do direito à igualdade perante a lei;

d) instituição do direito à inviolabilidade da propriedade

privada;

e) instituição do direito de resistência à opressão.

3. Ocorrida no final do século XVIII, a Revolução Francesa

alastrou-se pela Europa absolutista. Na França, a superação

do absolutismo monárquico ficou evidenciada a partir do

momento em que:

a) o sufrágio universal e as escolas públicas foram instituídos

como algumas das reformas radicais da

Convenção Revolucionária;

b) os representantes do Terceiro Estado exigiram que seu

número dobrasse e que a votação fosse por deputado;

c) os Estados Gerais se reuniram no Palácio de Versalhes,

por convocação do monarca Luís XVI;

d) o Terceiro Estado separou-se dos outros dois, formando

logo depois a Assembleia Nacional Constituinte;

e) as camadas populares urbanas começaram a atacar lojas

de armas em apoio a Napoleão.

4. Sobre a Revolução Francesa, é incorreto afirmar que:

a) os dois clubes mais importantes foram o Clube dos

Cordeliers e o Clube dos Jacobinos;

b) a convocação dos Estados Gerais foi uma demonstração

da força econômica do Antigo Regime;

c) ela representou uma ruptura estrutural, pois a burguesia,

até então marginalizada em relação ao poder político,

sublevou-se, tornando-se senhora do Estado;

d) a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão foi a

síntese da concepção burguesa da sociedade;

e) a Bastilha, antiga prisão do estado, foi tomada de

assalto por artesãos, operários, pequenos comerciantes,

lavadeiras e costureiras.

5. Durante a Revolução Francesa, a radicalização, típica da

"Época da Convenção" (1792-5), caracteriza-se pelo que?

GABARITO

1-B

2-B

3-D

4-B

5- Pela criação de tribunais revolucionários e a abolição dos

direitos senhoriais

ERA NAPOLEÔNICA

A Era Napoleônica tem inicio após o Golpe de Estado do 18

Brumário, que foi o que marcou o final do processo

revolucionário na França.

Napoleão Bonaparte é considerado, para muitos franceses, o

governante mais bem-sucedido da história da França. Algumas

pessoas dizem que ele foi tão bem-sucedido devido sua

habilidade como estrategista, seu espírito de liderança e seu

talento para empolgar os soldados com promessas de glória e

riqueza após cada vitória.

Podemos dividir o governo de Napoleão em três períodos:

Consulado, Império e Governo dos cem dias.

CONSULADO

Este período se caracterizou pela recuperação econômica e

pela reorganização jurídica e administrativa na França. O

governo do consulado era republicano e controlado por

militares, onde três cônsules chefiavam o poder executivo

(Napoleão, Roger Ducos e Sieyés), mas como Napoleão foi

eleito primeiro-cônsul da república era ele quem realmente

governava. Apesar do cunho democrático criado pela nova

constituição, era ele quem comandava o exército, propunha

novas leis, nomeava os membros da administração e

controlava a política externa.

Durante o governo do consulado as oposições foram

aniquiladas, a alta burguesia consolidou-se e os projetos de

emancipação dos setores populares foram sufocados. Com os

resultados obtidos neste período Napoleão foi nomeado cônsul

vitalício em 1802, devido ao apoio das elites francesas, que

estavam entusiasmadas com os avanços.

IMPÉRIO

O Império foi implantado definitivamente após a mobilização

da opinião pública. Em 1804 foi realizado um plebiscito, onde

foi reestabelecido o regime monárquico e a indicação de

Napoleão ao trono. Em 2 de Dezembro foi oficializado

Napoleão I, na Catedral de Notre Dame.

Napoleão liderou uma série de guerras, expandindo o domínio

francês. Em algum tempo o exército francês se tornou o mais

poderoso da Europa. Os ingleses preocupados com o poderio

francês, formaram coligações internacionais contra o

expansionismo francês.

Em 1805 a França tentou invadir a Inglaterra, mas foi

derrotada. Decorrente deste fato o governo Napoleônico

tentou enfraquecer a Inglaterra outras formas. Em 1806

decretou o Bloqueio Continental, o qual dizia que todos os

países da Europa deveriam fechar seus portos ao comércio

inglês. Mas este decreto não surtiu o efeito esperado, pois a

França não conseguia abastecer todo o mercado da Europa.

A Rússia tinha aderido a esse decreto após um acordo com a

França (Paz de Tilsit), mas como era um país essencialmente

agrícola e estava enfrentando uma grave crise econômica viu-

se obrigado a abandonar o Bloqueio Continental.

Em vingança a decisão do Czar Alexandre I, o governo

napoleônico decidiu invadir a Rússia em 1812.

Os generais acostumados com grandes vitórias conduziam

suas tropas pelo imenso território russo, enquanto as tropas

czaristas recuavam colocando fogo nas plantações e em tudo

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9 Centro Educacional Evolução EJA – História 2

que servisse aos invasores. Em Moscou as tropas russas

começaram a enfrentar as tropas francesas que estavam mal

alimentadas e desgastadas, devido isso Napoleão não teve

outra escolha a não ser em ir embora.

A desastrosa campanha militar na Rússia encorajou outros

países europeus a reagirem contra a supremacia francesa. Em

6 de Abril de 1814 um exército formado por ingleses,

austríacos, russos e prussianos tomaram Paris e capturaram

Napoleão enviando-o para a Ilha de Elba. O trono francês foi

entregue a Luís XVII.

GOVERNO DOS CEM DIAS

Napoleão conseguiu fugir da Ilha de Elba e voltar a França em

março de 1815. Ele foi recebido em Paris como herói e com

gritos de “viva o imperador!”, ele se instalou no poder,

obrigando a família real a fugir, mas a sua permanência no

poder durou apenas cem dias.

A coligação militar da Europa se reorganizou e derrotaram

definitivamente Napoleão na Batalha de Waterloo. Napoleão

foi mandado para a Ilha de Santa Helena, onde ficou até sua

morte.

ESTUDO DIRIGIDO

1. Leia este texto:

Antes, Napoleão havia levado o Grande Exército à conquista

da Europa. Se nada sobrou do Império continental que ele

sonhou fundar, todavia ele aniquilou o Antigo Regime, por

toda parte onde encontrou tempo para fazê-lo; por isso

também seu reinado prolongou a Revolução, ele foi o soldado

desta, como seus inimigos jamais cessaram de

proclamar. (LEFBVRE, Georges. A Revolução Francesa. São

Paulo: IBRASA, 1966. p 573.)

Tendo em vista a expansão dos ideais revolucionários

proporcionada pelas guerras conduzidas por Bonaparte, é

CORRETO afirmar que:

a) os governos sob influência de Napoleão investiram no

fortalecimento das corporações de ofício e dos

monopólios.

b) as transformações provocadas pelas conquistas

napoleônicas implicaram o fortalecimento das formas de

trabalho compulsório.

c) Napoleão, em todas as regiões conquistadas, derrubou o

sistema monárquico e implantou repúblicas.

d) o domínio napoleônico levou a uma redefinição do mapa

europeu, pois fundiu pequenos territórios, antes

autônomos, e criou, assim, Estados maiores.

e) Os países da Península Ibérica, como Portugal e Espanha,

foram os únicos do continente Europeu a não serem

afetados pelas guerras napoleônicas.

3. 2. Por volta de 1811, o Império napoleônico atingiu o seu

apogeu. Direta ou indiretamente, Napoleão dominou mais da

metade do continente europeu. Tal conjuntura, no entanto,

reforçou os sentimentos nacionalistas da população dessas

regiões. A ideia de nação, inspirada nas próprias concepções

francesas, passou a ser uma arma desses nacionalistas contra

Napoleão.

Assinale a afirmação correta, relativa à conjuntura acima

delineada:

a) Após o bloqueio continental, em todos os Estados

submetidos à dominação napoleônica, os operários e os

camponeses, beneficiados pela prosperidade econômica,

atuaram na defesa de Napoleão contra o nacionalismo

das elites locais.

b) A Inglaterra, procurando manter-se longe dos problemas

do continente, isolou-se e não interveio nos conflitos

desencadeados pelos anseios de Napoleão de construir

um Império.

c) A Espanha, vinculada à França pela dinastia dos Bourbon

desde o século XVIII, não reagiu à dominação francesa.

Em nome do respeito às suas tradições e ao seu

nacionalismo, a Espanha aceitou a soberania estrangeira

imposta por Napoleão.

d) Em 1812, Napoleão estabeleceu sólida aliança com o

Papa, provocando a adesão generalizada dos católicos.

Temporariamente, os surtos nacionalistas foram

controlados, o que o levou a garantir suas progressivas

vitórias na Rússia.

e) Herdeira da Filosofia das Luzes, a ideia de nação, tal

como difundida na França, fundou-se sobre uma

concepção universalista do homem e de seus direitos

naturais. Essa concepção, porém, pressupunha o

princípio do direito dos povos de dispor sobre si mesmos.

3. Após participar da conspiração que deu início à sua

ascensão ao poder em 1799, Napoleão passou a dividir,

provisoriamente, o poder central da França com mais duas

pessoas até o ano de 1804. Esse período ficou conhecido como

Consulado. Os outros dois cônsules que governaram junto a

Napoleão foram:

a) Maximilien Robespierre e Antoine de Saint-Just

b) o abade Sieyès e Pierre-Roger Ducos

c) o cardeal Richelieu e Danton

d) Marat e Mirabeau

e) Luís XVI e Guillaume Lellement

4. Em 1804, Napoleão Bonaparte instituiu o Código Civil

Napoleônico, que garantia, por lei, os valores da burguesia.

Entre esses valores estavam:

a) as liberdades individuais, a garantia da autoridade da

Igreja sobre as diretrizes do Estado e a manutenção dos

privilégios aristocráticos.

b) a abolição da servidão, a abolição da propriedade privada

e a instituição de comunas rurais.

c) as liberdades individuais, o Estado laico, a proteção do

direito de propriedade e a abolição da servidão;

d) a intervenção do Estado na economia, a liberdade de

crença religiosa e a proteção do direito de propriedade.

a) e)Napoleão não instituiu nenhuma modificação no que se

refere aos valores burgueses. Apenas manteve a mesma

estrutura que vigorava no Antigo Regime.

GABARITO

1- D

2- E

3- B

4- C

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10 Centro Educacional Evolução EJA – História 2

BRASIL COLÔNIA

PERÍODO PRÉ-COLONIAL

Denominamos período pré-colonial a fase transcorrida entre a

chegada da esquadra de Pedro Álvares Cabral e o primeiro

projeto nitidamente colonizador empreendido por Martim

Afonso de Souza em 1531. Durante esse período, a região

conhecida como América portuguesa teve um papel

secundário na economia de Portugal, no momento em que o

comércio com as Índias Orientais monopolizava os interesses

mercantis do Império.

Apesar da importância secundaria, era inegável a preocupação

estatal com o reconhecimento e a proteção desse território.

Diversas expedições foram para procurar no Brasil riquezas

que pudessem ser exploradas e ao mesmo tempo combater

invasores estrangeiros (principalmente espanhóis e

franceses). Essas expedições não conseguiram descobrir os

tão sonhados metais preciosos, que só foram encontrados no

final do século XVII. No entanto, localizaram nos litorais

brasileiros um produto de importância menor que viabilizou o

surgimento de um incipiente comércio: o do pau-brasil.

A exploração dessa madeira, que era utilizada na tintura de

tecidos europeus, tornou-se a principal atividade econômica

do período pré-colonial. Esse comércio tornou-se viável graças

ao escambo com os indígenas e ao surgimento de algumas

poucas feitorias no litoral.

CAPITANIAS HEREDITÁRIAS

Entre os anos de 1534 e 1536, o rei de Portugal D. João III

resolveu dividir a terra brasileira em faixas, que partiam do

litoral até a linha imaginária do Tratado de Tordesilhas. Estas

enormes faixas de terras, conhecidas como Capitanias

Hereditárias, foram doadas para nobres e pessoas de

confiança do rei. Estes que recebiam as terras, chamados de

donatários, tinham a função de administrar, colonizar,

proteger e desenvolver a região. Cabia também aos

donatários combater os índios de tribos que tentavam resistir

à ocupação do território. Em troca destes serviços, além das

terras, os donatários recebiam algumas regalias, como a

permissão de explorar as riquezas minerais e vegetais da

região. Estes territórios seriam transmitidos de forma

hereditária, ou seja, passariam de pai para filho. Fato que

explica o nome deste sistema administrativo.

As dificuldades de administração das capitanias eram

inúmeras. A distância de Portugal, os ataques indígenas, a

falta de recursos e a extensão territorial dificultaram muito a

implantação do sistema. Com exceção das capitanias de

Pernambuco e São Vicente, todas acabaram fracassando.

Desta forma, em 1549, o rei de Portugal criou um novo

sistema administrativo para o Brasil: o Governo-Geral. Este

seria mais centralizador, cabendo ao governador geral as

funções antes atribuídas aos donatários.

Embora tenha vigorado por pouco tempo, o sistema das

Capitanias Hereditárias deixou marcas profundas na divisão de

terra do Brasil. A distribuição desigual das terras gerou

posteriormente os latifúndios, causando uma desigualdade no

campo. Atualmente, muitos não possuem terras, enquanto

poucos possuem grandes propriedades rurais.

Principais Capitanias Hereditárias e seus donatários: São

Vicente (Martim Afonso de Sousa), Santana, Santo Amaro e

Itamaracá (Pêro Lopes de Sousa); Paraíba do Sul (Pêro Gois

da Silveira),Espírito Santo (Vasco Fernandes Coutinho), Porto

Seguro (Pêro de Campos Tourinho), Ilhéus (Jorge Figueiredo

Correia), Bahia (Francisco Pereira Coutinho). Pernambuco

(Duarte Coelho), Ceará (António Cardoso de Barros), Baía da

Traição até o Amazonas (João de Barros, Aires da,Cunha e

Fernando Álvares de Andrade).

GOVERNO GERAL

Com a finalidade de "dar favor e ajuda" aos donatários e

centralizar administrativamente a organização da Colônia, o

rei de Portugal resolveu criar, em 1548, o Governo Geral.

Transformou a capitania da Bahia de Todos os Santos na

primeira capitania real da Coroa, sede do Governo Geral.

Um Regimento instituiu o Governo Geral. O documento

detalhava as funções do novo representante do governo

português na Colônia. O governador geral passou a assumir

muitas funções antes desempenhadas pelos donatários. A

partir de 1720 os governadores receberam o título de vice-rei.

O Governo Geral permaneceu até a vinda da família real para

o Brasil, em 1808.

Tomé de Sousa, o primeiro governador do Brasil, chegou em

1549 e fundou a cidade de Salvador, a primeira da Colônia.

Trouxe três ajudantes para ocupar os cargos de: provedor-

mor, encarregado das finanças; ouvidor - geral, a maior

autoridade da justiça; e o de capitão - mor da costa,

encarregado da defesa do litoral. Vieram também padres

jesuítas chefiados por Manuel da Nóbrega, encarregados da

catequese dos indígenas e de consolidar, através da fé, o

domínio do território pela Coroa portuguesa.

O controle da aplicação da justiça e a expansão da fé cristã,

ações atribuídas ao Governo Geral, eram expressivas em

relação ao momento pelo qual passavam as monarquias

européias: o absolutismo e os movimentos decorrentes do

surgimento do protestantismo.

Em 1551, no governo de Tomé de Sousa, foi criado o 1º

Bispado do Brasil com sede na capitania real, sendo nomeado

bispo D. Pero Fernandes Sardinha. Foram também instaladas

as Câmaras Municipais, compostas pelos "homens bons":

donos de terras, membros das MILÍCIAS e do clero. Nesse

período ainda foi introduzida a criação de gado e instalados

engenhos. Com essas medidas o governo português pretendia

reafirmar a soberania e a autoridade da Metrópole, e

consolidar o processo de colonização.

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11 Centro Educacional Evolução EJA – História 2

Foi ainda no período do governo de Tomé de Sousa que

chegou ao Brasil um considerável número de artesãos. De

início trabalharam na construção da cidade de Salvador e,

depois, na instalação de engenhos na região. Eles eram mãos

- de - obra especializada tão necessária na Colônia que a

Coroa lhes ofereceu, caso viessem para o Brasil, isenção de

pagamento do DÍZIMO pelo mesmo prazo dado aos colonos.

Os governadores seguintes, Duarte da Costa (1553 - 1557) e

Mem de Sá (1557 - 1572), reforçaram a defesa das capitanias,

fizeram explorações de reconhecimento da terra e tomaram

outras medidas no sentido de reafirmar e garantir a

colonização. Mas enfrentaram grandes dificuldades: choques

com índios e com invasores, especialmente os franceses;

conflitos com o bispo, e com os próprios jesuítas que se

opunham à escravidão indígena, e entre antigos e novos

colonos.

AÇÚCAR

O chamado pacto colonial, também denominado de exclusivo

metropolitano, era um sistema pelo qual os países da Europa

que possuiam colônias na América, mantinham o monopólio

da importação das matérias-primas mais lucrativos dessas

possessões, bem como da exportação de bens de consumo

para as respectivas colônias.

As colônias européias na América deveriam fazer comércio

apenas com as suas respectivas metrópoles. Isso oferecia uma

garantia de poder estabelecer os preços mais vantajosos. Os

europeus vendiam caro e compravam barato, obtendo ainda

produtos não encontrados na Europa.

Dentro deste contexto histórico ocorreu, por exemplo, o ciclo

econômico do açúcar no Brasil Colônia. A regra básica do

pacto colonial era que, à colônia só era permitido produzir o

que a metrópole não tinha condições de fazer. Por isso, a

colônia não podia concorrer com a metrópole.

A lógica do pacto colonial integra as idéias econômicas do

Mercantilismo, sendo exemplificada pelas companhias de

comércio exclusivistas criadas no século XVII, tais como a

Companhia Holandesa das Índias Ocidentais ou a Companhia

do Comércio do Maranhão (Portugal).

No Brasil colonial, os primeiros engenhos foram criados com

capital português, pois, além de eles já conhecerem o

produto, queriam atender a demanda européia. Eram os locais

destinados à fabricação de açúcar, propriamente a moenda, a

casa das caldeiras e a casa de purgar. Todo o conjunto,

chamado engenho-bangüê, passou com o tempo a ser assim

denominado, incluindo as plantações, a casa-de-engenho ou

moita (a fábrica), a casa-grande (casa do proprietário), a

senzala (lugar onde ficavam os escravos) e tudo quanto

pertencia à propriedade.

INVASÕES HOLANDESAS

A dinastia filipina subiu ao trono português na crise iniciada

após a morte do rei Sebastião de Portugal. Com o fim da linha

direta de João III de Portugal, havia três hipóteses de

sucessão: Catarina de Portugal, neta de Manuel I de Portugal

ou seu filho adolescente Teodósio; Antônio, neto de Manuel I,

mas tido pela sociedade como ilegítimo e Filipe de Habsburgo,

Rei de Espanha, também neto de Manuel I, por via feminina.

Filipe da Espanha acabou por ser reconhecido como rei de

Portugal de 1581.

Os reinados de Filipe I e Filipe II foram relativamente

pacíficos, principalmente porque a monarquia central pouco

interferiu nas questões locais de Portugal, que continuavam a

ser administradas por portugueses. A partir de 1630, já no

reinado de Filipe III, a situação tendeu para um crescente

descontentamento. As inúmeras guerras em que a casa de

Habsburgo se vira envolvida nos últimos anos, contra os

Países Baixos (Guerra dos Oitenta Anos) e Inglaterra por

exemplo, haviam custado vidas portuguesas e oportunidades

comerciais.

As Invasões holandesas é o nome dado ao projeto de

ocupação da Região Nordeste do Brasil pela Companhia

Holandesa das Índias Ocidentais durante o século XVII. O

conflito iniciou-se no contexto da chamada Dinastia Filipina,

período entre 1580 e 1640, quando Portugal e suas colônias

estiveram inscritos entre os domínios da Coroa da Espanha.

À época, os holandeses lutavam pela sua emancipação do

domínio espanhol, vindo a ser proclamada, em 1581, a

República das Províncias Unidas, com sede em Amsterdã,

separando-se da Espanha.

Uma das medidas adotadas por Filipe II de Espanha em

represália, foi a proibição do comércio espanhol com os seus

portos, o que afetava diretamente o comércio do açúcar do

Brasil, onde os holandeses eram tradicionais investidores na

agro-manufatura açucareira e onde possuíam pesadas

inversões de capital.

Diante dessa restrição, os holandeses voltaram-se para o

comércio no Oceano Índico, vindo a constituir a Companhia

Holandesa das Índias Orientais (1602), que passava a ter o

monopólio do comércio oriental, o que garantia a lucratividade

da empresa.

O sucesso dessa experiência levou à fundação da Companhia

Holandesa das Índias Ocidentais (1621), a quem os Estados

Gerais concederam o monopólio do tráfico e do comércio de

escravos, por 24 anos, na América e na África. O maior

objetivo da nova Companhia, entretanto, era retomar o

comércio do açúcar produzido na Região Nordeste do Brasil.

Cientes da vulnerabilidade das povoações portuguesas no

litoral Nordeste brasileiro, os administradores da Companhia

decidiram pelo ataque à então Capital do Estado do Brasil, a

cidade do Salvador, na Capitania da Bahia.

Desse modo, uma armada da Companhia Holandesa das

Índias Ocidentais, transportando um efetivo de cerca de 1.700

homens em 10 de Maio de 1624, atacaram e conquistaram a

Capital, aprisionando o governador-geral Diogo de Mendonça

Furtado (1621-1624). O governo da cidade passou a ser

exercido pelo fidalgo holandês Johan Van Dorth. Durante o

período em que Van Dorth esteve no poder, houve mudanças

radicais na vida dos brasileiros e portugueses radicados na

Bahia.

A aquisição de mão de obra escrava tornou-se imperativa para

o sucesso da colonização holandesa. Os holandeses passaram

a importar escravos para trabalhar nas plantações. A

Companhia Holandesa das Índias Ocidentais começou a

traficar escravos da África para o Brasil.

Em 1625 a Espanha enviou, como reforço, uma poderosa

armada de 52 navios, a maior então enviada aos mares do

Sul: a famosa Jornada dos Vassalos, com quase quatorze mil

homens. Essa expedição derrotou e expulsou os invasores

holandeses a 1 de maio desse mesmo ano.

O enorme gasto com a fracassada invasão às terras da Bahia

foi recuperado quatro anos mais tarde, num audacioso ato de

corso quando os holandeses, interceptou e saqueou a frota

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12 Centro Educacional Evolução EJA – História 2

espanhola que transportava o carregamento anual de prata

extraída nas colônias americanas.

De posse desses recursos, os holandeses armaram nova

expedição, desta vez contra um alvo menos defendido, mas

também lucrativo, na região Nordeste do Brasil. O seu

objetivo declarado era o de restaurar o comércio do açúcar

com os Países Baixos, proibido pelos espanhóis. Investiram,

desse modo, sobre a Capitania de Pernambuco, em Fevereiro

de 1630, conquistando Olinda e depois Recife.

Com o tempo, alguns senhores de engenho de cana-de-açúcar

aceitaram a administração dos holandeses por entenderem

que uma injeção de capital e uma administração mais liberal

auxiliariam o desenvolvimento dos seus negócios. Vencida a

resistência portuguesa os holandeses nomearam o conde

Maurício de Nassau para administrar a conquista. Homem

culto e liberal, tolerante com a imigração de judeus e

protestantes, trouxe consigo artistas e cientistas para estudar

as potencialidades da terra. Preocupou-se com a recuperação

da agro-manufatura do açúcar, prejudicada pelas lutas,

concedendo créditos e vendendo em hasta pública os

engenhos conquistados. Cuidou da questão do abastecimento

e da mão-de-obra, da administração e promoveu ampla

reforma urbanística no Recife (Cidade Maurícia). Concedeu

liberdade religiosa, registrando-se a fundação, no Recife, da

primeira sinagoga do continente americano.

A Restauração Portuguesa em 1640 conduziu à assinatura de

uma trégua de dez anos entre Portugal e os Países Baixos.

Com este abalo ao domínio espanhol, a guerra de

independência dos Países Baixos prosseguiu. O Brasil se

pronunciou em favor do Duque de Bragança (1640).

Na região Nordeste, Maurício de Nassau foi substituído na

administração. Portugal concordou em pagar aos Países Baixos

oito milhões de Florins, equivalente a sessenta e três

toneladas de ouro. Este valor foi pago aos Países Baixos, em

prestações, ao longo de quarenta anos e sob a ameaça de

invasão da Marinha de Guerra.

Em conseqüência das invasões à Região Nordeste do Brasil, o

capital holandês passou a dominar todas as etapas da

produção de açúcar, do plantio da cana-de-açúcar ao refino e

distribuição. Com o controle do mercado fornecedor de

escravos africanos, passou a investir na região das Antilhas. O

açúcar produzido nessa região tinha um menor custo de

produção devido, entre outros, à isenção de impostos sobre a

mão-de-obra e ao menor custo de transporte. Sem capitais

para investir, com dificuldades para aquisição de mão-de-obra

e sem dominar o processo de refino e distribuição, o açúcar

português não conseguiu concorrer no mercado internacional,

mergulhando a economia do Brasil (e a de Portugal) numa

crise que atravessaria a segunda metade do século XVII até a

descoberta de ouro nas Minas Gerais.

O SÉCULO DO OURO: SÉCULO XVIII

Após a descoberta das primeiras minas de ouro, o rei de

Portugal tratou de organizar sua extração. Interessado nesta

nova fonte de lucros, já que o comércio de açúcar passava por

uma fase de declínio, ele começou a cobrar o quinto. O quinto

nada mais era do que um imposto cobrado pela coroa

portuguesa e correspondia a 20% (1/5) de todo ouro

encontrado na colônia. Este imposto era cobrado nas casas de

fundição.

A descoberta de ouro e o início da exploração das minas nas

regiões auríferas (Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás)

provocaram uma verdadeira "corrida do ouro" para estas

regiões. Procurando trabalho na região, desempregados de

várias regiões do país partiram em busca do sonho de ficar

rico da noite para o dia. Cidades começaram a surgir e o

desenvolvimento urbano e cultural aumentou muito nestas

regiões. Foi neste contexto que apareceu um dos mais

importantes artistas plásticos do Brasil: o Aleijadinho.

Vários empregos surgiram nestas regiões, diversificando o

mercado de trabalho na região aurífera. Para acompanhar o

desenvolvimento da região sudeste, a capital do país foi

transferida para o Rio de Janeiro.

Na segunda metade do século XVIII a Coroa portuguesa

intensificou o seu controle fiscal sobre a sua colônia na

América do Sul, proibindo, em 1785, as atividades fabris e

artesanais na Colônia e taxando severamente os produtos

vindos da Metrópole. Desde 1783 fora nomeado para

governador da capitania de Minas Gerais D. Luís da Cunha

Meneses, reputado pela sua arbitrariedade e violência.

Somando-se a isto, desde o meado do século as jazidas de

ouro em Minas Gerais começavam a se esgotar, fato não

compreendido pela Coroa, que instituiu a cobrança da

"Derrama" na região, uma taxação compulsória em que a

população deveria completar a cota imposta por lei de 100

arrobas de ouro (1.500 quilogramas) anuais quando esta não

era atingida.

A INCONFIDÊNCIA MINEIRA

Estes fatos atingiram expressivamente a classe mais abastada

das Minas Gerais que, descontentes, começaram a se reunir

para conspirar. Entre esses descontentes destacavam-se,

entre outros, os poetas Cláudio Manuel da Costa e Tomás

Antônio Gonzaga, os coronéis Domingos de Abreu Vieira e

Francisco Antônio de Oliveira Lopes, o padre José da Silva e

Oliveira Rolim, o cônego Luís Vieira da Silva, o minerador

Inácio José de Alvarenga Peixoto e o alferes Joaquim José da

Silva Xavier, apelidado de "Tiradentes".

A conspiração pretendia eliminar a dominação portuguesa das

Minas Gerais e estabelecendo ali um país livre. Não havia a

intenção de libertar toda a colônia brasileira, pois naquele

momento uma identidade nacional ainda não havia se

formado. A forma de governo escolhida foi o estabelecimento

de uma República, inspirados pelas idéias iluministas da

França e da recente independência norte-americana.

Destaque-se que não havia uma intenção clara de libertar os

escravos, já que muitos dos participantes do movimento eram

detentores dessa mão-de-obra.

Entre outros locais, as reuniões aconteciam em casa de

Cláudio Manuel da Costa e de Tomás Antônio Gonzaga, onde

se discutiram os planos e as leis para a nova ordem, tendo

sido desenhada a bandeira da nova República, – uma bandeira

branca com um triângulo e a expressão latina Libertas Quæ

Sera Tamen - , cujo dístico foi aproveitado de parte de um

verso da primeira égloga de Virgílio e que os poetas

inconfidentes interpretaram como "liberdade ainda que

tardia".

O governador da capitania de Minas Gerais, Luís António

Furtado de Castro do Rio de Mendonça e Faro, Visconde de

Barbacena, estava determinado a lançar a derrama, razão

pela qual os conspiradores acertaram que a revolução deveria

irromper no dia em que fosse decretado o lançamento da

mesma. Esperavam que nesse momento, como apoio do povo

descontente e da tropa sublevada, o movimento fosse

vitorioso.

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13 Centro Educacional Evolução EJA – História 2

A conspiração foi desmantelada em 1789, ano da Revolução

Francesa. O movimento foi traído por Joaquim Silvério dos

Reis, que fez a denúncia para obter perdão de suas dívidas

com a Coroa.

Os líderes do movimento foram detidos e enviados para o Rio

de Janeiro onde responderam pelo crime de inconfidência

(falta de fidelidade ao rei), pelo qual foram condenados.

Cláudio Manuel da Costa faleceu na prisão, ainda em Vila Rica

(hoje Ouro Preto), onde acredita-se que tenha sido

assassinado, suspeitando-se, atualmente, que a mando do

próprio Governador. Durante o inquérito judicial, todos

negaram a sua participação no movimento, menos o alferes

Joaquim José da Silva Xavier, que assumiu a responsabilidade

de chefia do movimento.

Em 18 de Abril de 1792 foi lida a sentença no Rio de Janeiro.

Doze dos inconfidentes foram condenados à morte. Mas, em

audiência no dia seguinte, foi lido decreto de D. Maria I pelo

qual todos, à exceção de Tiradentes, tiveram a pena alterada

para degredo.

Tiradentes, o conjurado de mais baixa condição social, foi o

único condenado à morte por enforcamento, sendo a sentença

executada públicamente a 21 de abril de 1792 no Campo da

Lampadosa. Em seguida, o corpo foi levado em uma carreta

do Exército para a Casa do Trem hoje parte do Museu

Histórico Nacional, onde foi esquartejado. O tronco do corpo

foi entregue à Santa Casa de Misericórdia, sendo enterrado

como indigente. A cabeça e os quatro pedaços do corpo foram

salgados, para não apodrecerem rapidamente, acondicionados

em sacos de couro e enviados para as Minas Gerais, sendo

pregados em pontos do Caminho Novo onde Tiradentes

pregou suas idéias revolucionárias. A cabeça foi exposta em

Vila Rica, no alto de um poste defronte à sede do governo. O

castigo era exemplar, a fim de dissuadir qualquer outra

tentativa de questionamento do poder da metrópole.

Foi alçado posteriormente, pela República Brasileira, à

condição de um dos maiores mártires da independência do

Brasil.

A CONJURAÇÃO BAIANA

A Conjuração Baiana, também conhecida como Revolta dos

Alfaiates, foi um movimento separatista que contou com a

participação de sapateiros, alfaiates, bordadores, ex-escravos

e escravos. Em outro campo de ação essa revolta também

teve o apoio de padres, médicos e advogados.

Para compreender a deflagração do movimento, devemos nos

reportar à transferência da capital para o Rio de Janeiro, em

1763. Com tal mudança, Salvador (antiga capital) sofreu com

a perda dos privilégios e a redução dos recursos destinados à

cidade. Somado a tal fator, o aumento dos impostos e

exigências colônias vieram a piorar sensivelmente as

condições de vida da população local.

Ao mesmo tempo, as notícias do êxito alcançado nos

processos de independência dos Estados Unidos e Haiti, e a

deflagração da Revolução Francesa trouxe junto os ideais de

liberdade e igualdade defendidos pelo pensamento iluminista.

Empolgados com tais processos revolucionários, alguns

representantes dos setores médios e das elites ligados à

maçonaria montaram uma sociedade secreta denominada

“Cavaleiros da Luz”. Durante suas reuniões os cavaleiros da

luz discutiam a organização de um movimento anticolonialista

e a criação de um novo governo baseado em princípios

republicanos e liberais.

Podemos dizer que a participação dos Cavaleiros da Luz foi

relativamente limitada. Muitos de seus integrantes não

concordavam nas discussões de cunho social, como no caso da

abolição da escravidão. Paralelamente, seus participantes

distribuíam panfletos convocando a população a se posicionar

contra o domínio de Portugal. Com a delação do movimento,

seus representantes foram presos pelas autoridades coloniais.

Os membros da elite que estavam envolvidos no movimento

foram condenados a penas mais leves ou tiveram suas

acusações retiradas. Em contrapartida, os populares que

encabeçaram o movimento conspiratório foram presos,

torturados e, ainda outros, mortos e esquartejados. Buscando

reprimir outras revoltas, o governo português expôs os restos

mortais de alguns dos revoltosos espalhados pela cidade de

Salvador.

ESTUDO DIRIGIDO

1. Os primitivos habitantes do Brasil foram vítimas do

processo colonizador. O europeu, com visão de mundo calcada

em preconceitos, menosprezou o indígena e sua cultura. A

acreditar nos viajantes e missionários, a partir de meados do

século XVI, há um decréscimo da população indígena, que se

agrava nos séculos seguintes. Os fatores que mais

contribuíram para o citado decréscimo foram:

a) a captura e a venda do índio para o trabalho nas minas

de prata do Potosí.

b) as guerras permanentes entre as tribos indígenas e entre

índios e brancos.

c) o canibalismo, o sentido mítico das práticas rituais, o

espírito sanguinário, cruel e vingativo dos naturais.

d) as missões jesuíticas do vale amazônico e a exploração

do trabalho indígena na extração da borracha.

e) as epidemias introduzidas pelo invasor europeu e a

escravidão dos índios.

2. (Fatec) Dentre as características gerais do período pré-

colonizador destaca-se:

a) o grande interesse pela terra, pois as comunidades

primitivas do nosso litoral produziam excedentes

comercializados pela burguesia mercantil portuguesa.

b) o extermínio de tribos e a escravização dos nativos,

efeitos diretos da ocupação com base na grande lavoura.

c) a montagem de estabelecimentos provisórios em

diferentes pontos da costa, onde eram amontoadas as

toras de pau-brasil, para serem enviadas à Europa.

d) a distribuição de lotes de terras a fidalgos e funcionários

do Estado português, copiando-se a experiência realizada

em ilhas do Atlântico.

e) a implantação da agromanufatura açucareira, iniciada

com construção do Engenho do Senhor Governador, em

1533, em São Vicente.

3. (UEL-PR) No Brasil colônia, a pecuária teve um papel

decisivo na:

a) ocupação das áreas litorâneas.

b) expulsão do assalariado do campo.

c) formação e exploração dos minifúndios.

d) fixação do escravo na agricultura.

e) expansão para o interior.

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14 Centro Educacional Evolução EJA – História 2

4. (PUC) - Dentre as primeiras medidas tomadas pela Coroa

Portuguesa para a ocupação do Brasil, após 1530, não

podemos incluir:

a) envio da expedição de Martim Afonso de Souza.

b) a decisão de desenvolver a produção de açúcar.

c) a criação do sistema de capitanias hereditárias.

d) a expulsão dos holandeses.

e) a tentativa de transferir para particulares o custo da

defesa e da colonização

5. A expedição colonizadora tinha por finalidade:

a) afastar os elementos estrangeiros e estabelecer núcleos

de povoamento

b) fundar a primeira capital do Brasil e desenvolver a cana

de açúcar

c) iniciar a exploração de pau-brasil e fundar a primeira vila

d) fundar a primeira cidade do Brasil e iniciar a pecuária

e) todas as alternativas estão corretas.

6. Entre as causas da ocupação holandesa em Pernambuco,

pode-se destacar:

a) o interesse no tráfico negreiro;

b) a participação das companhias de comércio na exportação

de algodão;

c) a participação holandesa na indústria açucareira e a União

Ibérica;

d) a ausência dos jesuítas em Pernambuco;

e) a necessidade de uma colônia protestante.

7. No Brasil colonial, a escravidão caracterizou-se

essencialmente.

a) Por sua vinculação exclusiva ao sistema agrário

exportador.

b) Pelo incentivos da Igreja e da Coroa à escravidão de

índios e negros.

c) Por estar amplamente distribuída entre a população livre,

constituindo a base econômica da sociedade.

d) Por destinar os trabalhos mais penosos aos negros e os

mais leves aos índios.

e) Por impedir a imigração em massa de trabalhadores livres

para o Brasil.

8. (FMU) "Apesar de ter sido uma atividade subsidiária

daquela que se desenvolvia com vistas à exportação, foi

responsável pelo desbravamento de extensas parcelas do

nordeste colonial brasileiro". O texto refere-se à

a) extração do pau-brasil

b) exploração das drogas do sertão

c) exploração aurífera

d) prática da pecuária

e) agricutura canavieira

9. (UFES) No período do Brasil Colônia, existiam mecanismos

de acesso à terra, como as sesmarias, que eram:

a) autorizações de Portugal para importação de escravos

negros como condição para que os filhos de donatários

tivessem direito ao recebimento de terras.

b) lotes de terra doados pelos donatários ao colono para que

fossem explorados.

c) impostos correspondentes ao uso da terra, cujo

pagamento possibilitaria posterior aluguel.

d) parcelas de recursos que a Coroa enviava aos donatários

para financiar a distribuição das terras e que deveriam ser

pagas a longo prazo.

e) títulos de terra ocupada mediante mecanismo de compra,

conforme a Lei de Terras.

10. (UFSCAR) A crise da economia mineira e a nova

conjuntura internacional, na segunda metade do século XVIII,

refletiram no Brasil, contribuindo para

a) o retorno da monocultura da cana-de-açúcar,

aproveitando-se da capacidade ociosa dos engenhos

nordestinos.

b) o desenvolvimento de manufaturas de tecido de algodão,

estimulado pela política reformista do Marquês de Pombal.

c) a diversificação econômica, entrando na pauta de

exportação da colônia produtos como algodão, tabaco,

cacau, couro.

d) a emergência da monocultura do café, produto de fácil

cultivo e de aceitação crescente nos mercados exteriores.

e) o aparecimento de centros econômicos na região

amazônica, devido à exportação da borracha para as

nações industrializadas.

11. (UFES) As transformações econômicas e socioculturais

observadas no século XVIII repercutiam na população do

Brasil Colonial, onde eclodiam revoltas sociais regionais e

manifestações de aspiração emancipacionista. Foram

manifestações sociais e políticas observadas nesse período:

a) a Insurreição Pernambucana, a aclamação de Amador

Bueno e a Revolta de Beckmann.

b) as Guerras dos Emboabas e dos Mascates e as

Conjurações Mineira, Fluminense e Baiana.

c) as Guerras dos Emboabas e dos Mascates, a Revolta de

Vila Rica, a Inconfidência Mineira, a Revolta dos Alfaiates

e a Conjuração dos Suaçunas.

d) a Conjuração dos Suaçunas, a Revolta Pernambucana e a

Confederação do Equador.

e) a Revolta do Maneta, a Guerra dos Palmares, a

Inconfidência Mineira e a Revolução Farroupilha.

12. A escravidão está associada às diversas formas de

exploração e de violência contra a população escrava. Essa

situação, embora característica dos regimes escravocratas,

registra inúmeros momentos de rebeldia. Em suas

manifestações e ações cotidianas, homens e mulheres

escravizados reagiram a esta condição, proporcionando formas

de resistência que resultaram em processos sociais e políticos

que, a médio e longo prazos, influíram na superação dessa

modalidade de trabalho.

a) Cite duas formas de resistência dos negros contra o regime

da escravidão ocorridas no Brasil.

b) Explique um fator que tenha contribuído para a transição

para o trabalho livre no Brasil no século XIX.

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15 Centro Educacional Evolução EJA – História 2

GABARITO:

1. E

2. C

3. E

4. D

5. A

6. C

7. C

8. D

9. B

10. C

11. B

12-

a) Uma forma de resistência era a fuga e a posterior

organização em quilombos; outra era a simples

passividade perante o trabalho e o não-enfrentamento

com o senhor, levando o escravo algumas vezes ao

suicídio.

b) Um fato foi o fim do tráfico negreiro em 1850 (Lei

Eusébio de Queirós), levando ao lento processo de

diminuição da população de escravos.

BRASIL IMPÉRIO

D. Pedro II foi a principal figura do Brasil Império, principalmente em

virtude de seu longo reinado.

Império do Brasil ou Brasil Império é o período da história do

Brasil que se estende da independência, em 1822, até a

proclamação da república, em 1889. Costuma-se dividi-lo em

primeiro reinado e segundo reinado (sendo o período regencial

parte deste último). Com o advento da República, cessa-se o

título de imperador do Brasil.

ELEVAÇÃO A IMPÉRIO

Após a guerra da independência, em 1822, o título de príncipe

do Brasil foi desvinculado dos príncipes aspirantes ao trono

português, passando esses a usar somente o título de duque

de Bragança. Nomeadamente, Pedro I do Brasil foi o último a

deter ambos os títulos, tendo sido príncipe regente do Brasil

por um curto período pouco antes da Independência. Dom

Pedro, por sua vez, inicia a linhagem de imperadores do Brasil

a partir de sua coroação como imperador do Brasil na Capela

Imperial, Rio de Janeiro, em 12 de outubro de 1822. Contudo,

apesar do título de príncipe do Brasil, mais nomeadamente,

príncipe Imperial do Brasil, vicejar até os dias de hoje, apenas

Pedro de Bragança e seu filho detiveram o trono imperial.

Após a abdicação de Pedro I ao trono, inicia-se o período

regencial, que vigorou até que Pedro II ascendesse ao trono

por meio do Golpe da Maioridade.

IMPERADOR TITULAR DO BRASIL

Quando do término da guerra da independência do Brasil, foi

estabelecido o tratado do Rio de Janeiro, em 29 de agosto de

1825, entre Portugal e Brasil. Pelo tratado, a coroa portuguesa

reconhecia a independência do antigo reino, mas reservava a

D. João VI, pai de D. Pedro I, o título de Imperador do Brasil.

O tratado, a princípio, anulava a norma anterior da

Constituição brasileira de 1824, a qual proibia que o

governante exercesse poder sobre Portugal e Brasil

simultaneamente. Não obstante, D. João VI não foi o

Imperador de fato, haja vista que não foi sagrado como tal,

nem expediu qualquer ato político, e muito menos D. Pedro

declarou-se ex-Imperador. A situação de haver dois

Imperadores brasileiros durou pouco, pois sete meses depois

D. João VI viria a falecer.

PROCLAMAÇÃO DA INDEPENDÊNCIA

No dia 7 de setembro de 1822, às margens do rio Ipiranga,

em São Paulo, Dom Pedro tomou conhecimento de ordens

vindas da corte portuguesa para que ele abandonasse o Brasil

e fosse para Portugal ou então seria acusado de traição, com

isso irritado bradou "Independência ou Morte!", e assim

desligou o Brasil de Portugal definitivamente. Em 12 de

outubro de 1822, foi aclamado Imperador Constitucional e

Defensor Perpétuo do Brasil. Em 1º de dezembro do mesmo

ano, realizou-se a cerimônia de coroação e sagração.

A independência do Brasil, enquanto processo histórico

desenhou-se muito tempo antes do príncipe regente Dom

Pedro I proclamar o fim dos nossos laços coloniais às margens

do rio Ipiranga. De fato, para entendermos como o Brasil se

tornou uma nação independente, devemos perceber como as

transformações políticas, econômicas e sociais inauguradas

com a chegada da família da Corte Lusitana ao país abriram

espaço para a possibilidade da independência.

A chegada da Família Real Portuguesa ao Brasil foi episódio de

grande importância para que possamos iniciar as justificativas

da nossa independência. Ao pisar em solo brasileiro, Dom João

VI tratou de cumprir os acordos firmados com a Inglaterra,

que se comprometera em defender Portugal das tropas de

Napoleão e escoltar a Corte Portuguesa ao litoral brasileiro.

Por isso, mesmo antes de chegar à capital da colônia, o rei

português realizou a abertura dos portos brasileiros às demais

nações do mundo.

Do ponto de vista econômico, essa medida pode ser vista

como um primeiro “grito de independência”, onde a colônia

brasileira não mais estaria atrelada ao monopólio comercial

imposto pelo antigo pacto colonial. Com tal medida, os

grandes produtores agrícolas e comerciantes nacionais

puderam avolumar os seus negócios e viver um tempo de

prosperidade material nunca antes experimentado em toda

história colonial. A liberdade já era sentida no bolso de nossas

elites.

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16 Centro Educacional Evolução EJA – História 2

Para fora do campo da economia, podemos salientar como a

reforma urbanística feita por Dom João VI promoveu um

embelezamento do Rio de Janeiro até então nunca antes

vivida na capital da colônia, que deixou de ser uma simples

zona de exploração para ser elevada à categoria de Reino

Unido de Portugal e Algarves. Se a medida prestigiou os novos

súditos tupiniquins, logo despertou a insatisfação dos

portugueses que foram deixados à mercê da administração de

Lorde Protetor do exército inglês. Essas medidas, tomadas até

o ano de 1815, alimentaram um movimento de mudanças por

parte das elites lusitanas, que se viam abandonadas por sua

antiga autoridade política.

Foi nesse contexto que uma revolução constitucionalista

tomou conta dos quadros políticos portugueses em agosto de

1820. A Revolução Liberal do Porto tinha como objetivo

reestruturar a soberania política portuguesa por meio de uma

reforma liberal que limitaria os poderes do rei e reconduziria o

Brasil à condição de colônia.

Os revolucionários lusitanos formaram uma espécie de

Assembleia Nacional que ganhou o nome de “Cortes”. Nas

Cortes, as principais figuras políticas lusitanas exigiam que o

rei Dom João VI retornasse à terra natal para que legitimasse

as transformações políticas em andamento. Temendo perder

sua autoridade real, D. João saiu do Brasil em 1821 e nomeou

seu filho, Dom Pedro I, como príncipe regente do Brasil.

A medida ainda foi acompanhada pelo rombo dos cofres

brasileiros, o que deixou a nação em péssimas condições

financeiras. Em meio às conturbações políticas que se viam

contrárias às intenções políticas dos lusitanos, Dom Pedro I

tratou de tomar medidas em favor da população tupiniquim.

Entre suas primeiras medidas, o príncipe regente baixou os

impostos e equiparou as autoridades militares nacionais às

lusitanas. Naturalmente, tais ações desagradaram bastante as

Cortes de Portugal.

Mediante as claras intenções de Dom Pedro, as Cortes

exigiram que o príncipe retornasse para Portugal e entregasse

o Brasil ao controle de uma junta administrativa formada

pelas Cortes. A ameaça vinda de Portugal despertou a elite

econômica brasileira para o risco que as benesses econômicas

conquistadas ao longo do período joanino corriam. Dessa

maneira, grandes fazendeiros e comerciantes passaram a

defender a ascensão política de Dom Pedro I à líder da

independência brasileira.

No final de 1821, quando as pressões das Cortes atingiram

sua força máxima, os defensores da independência

organizaram um grande abaixo-assinado requerendo a

permanência e Dom Pedro no Brasil. A demonstração de apoio

dada foi retribuída quando, em 9 de janeiro de 1822, Dom

Pedro I reafirmou sua permanência no conhecido Dia do Fico.

A partir desse ato público, o príncipe regente assinalou qual

era seu posicionamento político.

Logo em seguida, Dom Pedro I incorporou figuras políticas

pró-independência aos quadros administrativos de seu

governo. Entre eles estavam José Bonifácio, grande

conselheiro político de Dom Pedro e defensor de um processo

de independência conservador guiado pelas mãos de um

regime monárquico. Além disso, Dom Pedro I firmou uma

resolução onde dizia que nenhuma ordem vinda de Portugal

poderia ser adotada sem sua autorização prévia.

Essa última medida de Dom Pedro I tornou sua relação política

com as Cortes praticamente insustentável. Em setembro de

1822, a assembleia lusitana enviou um novo documento para

o Brasil exigindo o retorno do príncipe para Portugal sob a

ameaça de invasão militar, caso a exigência não fosse

imediatamente cumprida. Ao tomar conhecimento do

documento, Dom Pedro I (que estava em viagem) declarou a

independência do país no dia 7 de setembro de 1822, às

margens do rio Ipiranga.

PRIMEIRO REINADO (1822-1831)

O Primeiro Reinado é a fase da História do Brasil que

corresponde ao governo de D. Pedro I. Tem início em 7 de

setembro de 1822, com a Independência do Brasil e termina

em 7 de abril de 1831, com a abdicação de D. Pedro I. O

governo de D. Pedro I enfrentou muitas dificuldades para

consolidar a independência, pois no Primeiro Reinado ocorrem

muitas revoltas regionais, oposições políticas internas.

REAÇÕES AO PROCESSO DE INDEPENDÊNCIA

Em algumas províncias do Norte e Nordeste do Brasil,

militares e políticos, ligados a Portugal, não queriam

reconhecer o novo governo de D. Pedro I. Nestas regiões

ocorreram muitos protestos e reações políticas. Nas províncias

do Grão-Pará, Maranhão, Piauí e Bahia ocorreram conflitos

armados entre tropas locais e oficiais.

CONSTITUIÇÃO DE 1824

Em 1823, durante a elaboração da primeira Constituição

brasileira, os políticos tentaram limitar os poderes do

imperador. Foi uma reação política a forma autoritária de

governar do imperador. Neste mesmo ano, o imperador,

insatisfeito com a Assembleia Constituinte, ordenou que as

forças armadas fechassem a Assembleia. Alguns deputados

foram presos.

D. Pedro I escolheu dez pessoas de sua confiança para

elaborar a nova Constituição. Esta foi outorgada em 25 de

março de 1824 e apresentou todos os interesses autoritários

do imperador. Além de definir os três poderes (legislativo,

executivo e judiciário), criou o poder Moderador, exclusivo do

imperador, que lhe concedia diversos poderes políticos.

A Constituição de 1824 também definiu leis para o processo

eleitoral no país. De acordo com ela, só poderiam votar os

grandes proprietários de terras, do sexo masculino e com mais

de 25 anos. Para ser candidato também era necessário

comprovar alta renda (400.000 réis por ano para deputado

federal e 800.000 réis para senador).

GUERRA DA CISPLATINA

Este foi outro fato que contribuiu para aumentar o

descontentamento e a oposição ao governo de D.Pedro I.

Entre 1825 e 1828, o Brasil se envolveu na Guerra da

Cisplatina, conflito pelo qual esta província brasileira (atual

Uruguai) reivindicava a independência. A guerra gerou muitas

mortes e gastos financeiros para o império. Derrotado, o Brasil

teve que reconhecer a independência da Cisplatina que passou

a se chamar República Oriental do Uruguai.

CONFEDERAÇÃO DO EQUADOR

As províncias de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e

Ceará formaram, em 1824 a Confederação do Equador. Era a

tentativa de criar um estado independente e autônomo do

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17 Centro Educacional Evolução EJA – História 2

governo central. A insatisfação popular com as condições

sociais do país e o descontentamento político da classe média

e fazendeiros da região com o autoritarismo de D. Pedro I

foram as principais causas deste movimento.

Em 1824, Manuel de Carvalho Pais de Andrade tornou-se líder

do movimento separatista e declarou guerra ao governo

imperial.

O governo central reagiu rapidamente e com todos as forças

contra as províncias separatistas. Muitos revoltosos foram

presos, sendo que dezenove foram condenados a morte. A

confederação foi desfeita, porém a insatisfação com o governo

de D. Pedro I só aumentou.

Bandeira do Brasil no Primeiro Reinado

RECONHECIMENTO DA INDEPENDÊNCIA

Era uma questão crucial para o império brasileiro. As

monarquias absolutistas européias eram hostis à

independência do Brasil. Os E.U.A. foram o primeiro país a

reconhecer o governo brasileiro, em maio de 1824. Alguns

meses antes fora divulgada a Doutrina Monroe, pela qual o

presidente James Monroe declarava que os E.U.A. não

aceitariam qualquer intervenção recolonizadora da Europa no

continente americano. Graças à mediação da Inglaterra, em

agosto de 1825, a coroa portuguesa reconheceu a

independência do Brasil. Em troca, obtinha a condição de

"nação mais favorecida" nas transações comerciais e uma

indenização no valor de 2 milhões de libras. A Inglaterra

também reconheceu a independência do Brasil em 1825.

Somente a partir de 1826 a soberania brasileira foi

reconhecida pela França, pelo Vaticano e pelas demais nações

européias, concluindo-se a formalização da independência.

As repúblicas latino-americanas, por sua vez, encaravam o

império brasileiro como instrumento dos interesses

recolonizadores europeus e condenavam a anexação da

Cisplatina (em 1821, o Reino Unido luso-brasileiro anexara a

Banda Oriental, atual Uruguai, a qual passou a chamar-se

Província Cisplatina).

CRISE POLÍTICA E ECONÔMICA

Em 1826, D Pedro I instalou a primeira Assembléia Geral

Brasileira: o Senado, vitalício, e a Câmara dos Deputados,

eletiva e temporária. Os deputados, eleitos em 1824, eram em

sua maioria abertamente hostis ao autoritarismo do

imperador. Queriam um governo parlamentar que ouvisse a

Câmara dos Deputados e a ela prestasse conta de seus atos.

Por outro lado, o país atravessava crise econômica e

financeira. As lavouras tradicionais de exportação estavam em

decadência.

O açúcar brasileiro, de cana, fora desalojado de seus

principais mercados (Europa e E.U.A.) pelo açúcar de

beterraba. O algodão nordestino não resistira à concorrência

do algodão norte-americano e oriental. O tabaco perdia seus

mercados africanos em conseqüência das restrições impostas

pela Inglaterra ao tráfico de escravos. Enquanto isso, cresciam

as importações de manufaturados, principalmente ingleses,

que levavam o país a gastar mais do que recebia com a

exportação de seus produtos agrícolas. Para agravar a

situação, o governo imperial precisou contrair grandes

empréstimos com bancos estrangeiros, sobretudo ingleses, a

fim de financiar a guerra da Cisplatina e pagar as indenizações

que devia a Portugal e à França. Em 1828, o Banco do Brasil

foi à falência.

SUCESSÃO EM PORTUGAL

Com a morte de D João VI em 1826, D Pedro I foi aclamado

rei de Portugal com o título de D Pedro IV. Pressionado pelos

políticos brasileiros, que viam ressurgir a ameaça da

recolonização, D Pedro abdicou do trono de Portugal em favor

de sua filha de sete anos, a princesa Maria da Glória,

permitindo que se casasse com o seu irmão Dom Miguel,

representante das forças absolutistas portuguesas.

ABDICAÇÃO DE D. PEDRO I

Nove anos após a Independência do Brasil, a governo de D.

Pedro I estava extremamente desgastado. O

descontentamento popular com a situação social do país era

grande. O autoritarismo do imperador deixava grande parte

da elite política descontente.

A derrota na Guerra da Cisplatina só gerou prejuízos

financeiros e sofrimento para as famílias dos soldados mortos.

Além disso, as revoltas e movimentos sociais de oposição

foram desgastando, aos poucos, o governo imperial. Outro

fato que pesou contra o imperador foi o assassinato do

jornalista Libero Badaró. Forte crítico do governo imperial,

Badaró foi assassinado no final de 1830. A polícia não

encontrou o assassino, porém a desconfiança popular caiu

sobre homens ligados ao governo imperial.

Em março de 1831, após retornar de Minas Gerais, D. Pedro I

foi recebido no Rio de Janeiro com atos de protestos de

opositores. Alguns mais exaltados chegaram a jogar garrafas

no imperador, conflito que ficou conhecido como “A Noite das

Garrafadas”. Os comerciantes portugueses, que apoiavam D.

Pedro I entraram em conflitos de rua com os opositores.

O imperador procurou atenuar a hostilidade da Câmara

organizando um novo ministério chefiado pelo marquês de

Barbacena, que contava com a simpatia dos políticos do

Partido Brasileiro. A queda desse gabinete, a repercussão das

revoluções liberais européias de 1830 e o assassínio do

jornalista Líbero Badaró em São Paulo fizeram ferver os

ânimos dos liberais. No Rio de Janeiro, violentas lutas de rua

entre brasileiros e portugueses - as Noites das Garrafadas, em

13 e 14 de março de 1831 - colocaram em evidência a

impopularidade do imperador. Novo ministério de tendências

liberais foi substituído em seguida pelo Ministério dos

Marqueses, de tendências absolutistas.

Sentindo a forte oposição ao seu governo e o crescente

descontentamento popular, D. Pedro percebeu que não tinha

mais autoridade e forças políticas para se manter no poder.

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18 Centro Educacional Evolução EJA – História 2

A crise culminou em 6 de abril de 1831 com uma grande

manifestação popular no Rio de Janeiro, à qual aderiu a

guarnição da cidade, comandada pelo brigadeiro Francisco de

Lima e Silva. Na madrugada do dia seguinte, em 7 de abril de

1831, D. Pedro I abdicou em favor de seu filho Pedro de

Alcântara, então com apenas 5 anos de idade. Logo ao deixar

o poder viajou para a Europa.

PERÍODO REGENCIAL (1831-1840)

Pedro de Alcântara foi imediatamente aclamado imperador do

Brasil, a fim de assegurar a continuidade do regime

monárquico. Os deputados e senadores que se encontravam

no Rio de Janeiro escolheram três regentes provisórios para

governar em nome do soberano, até que a Assembléia

apontasse nomes definitivos. O período regencial foi um dos

mais conturbados da história do Brasil. A economia continuou

em crise, e o poder central, controlado pelos grandes

proprietários rurais do Sudeste, esteve em conflito

permanente com as províncias. As lutas por maior autonomia

política das províncias ameaçaram dividir o Império em vários

países independentes.

CORRENTES POLÍTICAS

O Partido Brasileiro cindiu-se em três correntes. Os liberais

moderados (conhecidos popularmente como chimangos ou

chapéus-redondos) representavam os fazendeiros do Sudeste

e estiveram no poder durante a maior parte do período

regencial. Defendiam uma monarquia forte e centralizada.

Os liberais exaltados (farroupilhas, jurujubas ou chapéus-de-

palha), representantes das classes médias urbanas e dos

proprietários rurais das outras províncias, queriam uma

monarquia federativa com ampla autonomia provincial. Os

mais radicais defendiam uma forma de governo republicana.

Os restauradores (caramurus) reivindicavam a volta de D

Pedro I ao trono brasileiro. Desse grupo participavam

comerciantes portugueses, militares, mercenários estrangeiros

e importantes políticos do Primeiro Reinado.

REGÊNCIA TRINA PERMANENTE

Eleita pela Assembléia Geral em junho de 1831, era formada

pelos deputados moderados José da Costa Carvalho e João

Bráulio Muniz e pelo brigadeiro Francisco de Lima e Silva. Em

1831 e 1837, os liberais exaltados e os restauradores

promoveram vários motins populares e levantes de tropas no

Rio de Janeiro. Para neutralizar a influência do exército

regular, onde exaltados e restauradores tinham grande

influência, o ministro da Justiça, padre Diogo Antônio Feijó,

criou a Guarda Nacional. Tratava-se de uma força de elite fiel

ao governo e composta de 6 mil cidadãos recrutados entre os

mais ricos do país. Entre 1831 e 1834, os restauradores

lideraram várias rebeliões provinciais. No Grão-Pará,

chegaram a tomar o poder por algum tempo. A Abrilada, em

Pernambuco, deu origem à Cabanada, movimento que se

espalhou pela Zona da Mata e pelo Agreste pernambucano e

alagoano entre 1832 e 1835. Mais numerosas e importantes,

contudo, foram as revoltas provinciais lideradas pelos

exaltados: a Setembrada e a Novembrada, em Recife, em

1831; as três Carneiradas na cidade pernambucana de Goiana

(1834-1835); e os levantes militares ocorridos em Salvador.

Em São Félix, na Bahia, houve um governo de curta duração,

a chamada Federação dos Guanais (1832). Em 1835, tiveram

início as duas mais importantes revoluções federalistas: a

Guerra dos Farrapos (1835-1845), no Rio Grande do Sul, e a

Cabanagem (1835-1840), no Pará. Também em 1835 ocorreu

um dos mais importantes levantes urbanos de escravos na

história do Brasil, a chamada Revolta dos Malês, promovida

por escravos nagôs e hauçás, na cidade de Salvador.

ATO ADICIONAL DE 1834

Incapaz de conter militarmente a agitação que lavrava em

todo o país, o governo central procurou atender a algumas

reivindicações autonomistas das oligarquias provinciais. A lei

aprovada em agosto de 1834 e conhecida como Ato Adicional

introduziu modificações fundamentais na Constituição de

1824. Criou Assembleias Legislativas provinciais, extinguiu o

Conselho de Estado (reduto de políticos de tendências

restauradoras do Primeiro Reinado), transformou a cidade do

Rio de Janeiro em município neutro da corte e instituiu a

regência una, eleita por votação nacional e fortalecedora dos

setores aristocráticos regionalistas e federativos. Concorreram

ao cargo, entre outros, o político paulista padre Diogo Antônio

Feijó e um membro de importante família pernambucana de

senhores de engenho, Antônio Francisco de Paula e Holanda

Cavalcanti. A vitória de Feijó confirmou, uma vez mais, a

supremacia política do Sudeste.

REGÊNCIA UNA

Feijó, que assumiu em 12 de outubro de 1835, enfrentou forte

oposição na Câmara. Com a morte de D Pedro I, em setembro

de 1834, antigos restauradores haviam-se unido a liberais

descontentes e formado o bloco dos regressistas. Com maioria

na Câmara, os regressistas condenavam as concessões feitas

no Ato Adicional e exigiam um governo mais forte e

centralizado, que esmagasse as revoluções provinciais. Os

partidários de Feijó compunham o bloco dos progressistas.

Essas facções dariam origem, posteriormente, aos dois

partidos do Segundo Reinado, o Conservador e o Liberal. Em

setembro de 1837, Feijó demitiu-se e foi substituído pelo

regressista Pedro de Araújo Lima. O novo regente teve de

enfrentar duas revoltas: a Sabinada (1837-1838), na Bahia, e

a Balaiada (1838-1841), no Maranhão. Além de intensificar a

repressão contra os farrapos, no sul, e os cabanos, no Norte,

Araújo Lima promulgou em maio de 1840 a Lei Interpretativa

do Ato Adicional de 1834, a qual reduzia os poderes das

Assembléias Legislativas provinciais e a autonomia das

províncias. Em junho de 1840, o regente Araújo Lima foi

afastado do poder por um golpe parlamentar promovido pelos

liberais progressistas, o que acelerou a proclamação da

maioridade de D Pedro II. Com 15 anos incompletos, o

imperador Pedro II iniciou o seu reinado em 23 de julho de

1840.

SEGUNDO REINADO (1840-1889)

O Segundo Reinado é a fase da História do Brasil que

corresponde ao governo de D. Pedro II. Teve início em 23 de

julho de 1840, com a mudança na Constituição que declarou

Pedro de Alcântara maior de idade com 14 anos e, portanto,

apto para assumir o governo. O 2º Reinado terminou em 15

de novembro de 1889, com a Proclamação da República.

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19 Centro Educacional Evolução EJA – História 2

O governo de D. Pedro II, que durou 49 anos, foi marcado por

muitas mudanças sociais, política e econômicas no Brasil.

POLÍTICA NO SEGUNDO REINADO

A política no Segundo Reinado foi marcada pela disputa entre

o Partido Liberal e o Conservador. Estes dois partidos

defendiam quase os mesmos interesses, pois eram elitistas.

Neste período o imperador escolhia o presidente do Conselho

de Ministros entre os integrantes do partido que possuía

maioria na Assembleia Geral. Nas eleições eram comuns as

fraudes, compras de votos e até atos violentos para garantir a

eleição.

TÉRMINO DA GUERRA DOS FARRAPOS

Quando assumiu o império a Revolução Farroupilha estava em

pleno desenvolvimento. Havia uma grande possibilidade da

região sul conseguir a independência do restante do país. Para

evitar o sucesso da revolução, D. Pedro II nomeou o barão de

Caxias como chefe do exército. Caxias utilizou a diplomacia

para negociar o fim da revolta com os líderes. Em 1845,

obteve sucesso através do Tratado de Poncho Verde e

conseguiu colocar um fim na Revolução Farroupilha.

REVOLUÇÃO PRAIEIRA

A Revolução Praieira foi uma revolta liberal e federalista que

ocorreu na província de Pernambuco, entre os anos de 1848 e

1850. Dentre as várias revoltas ocorridas durante o Brasil

Império, esta foi a última. Ganhou o nome de praieira, pois a

sede do jornal dirigido pelos liberais revoltosos (chamados de

praieiros) situava-se na rua da Praia.

GUERRA DO PARAGUAI

Conflito armado em que o Paraguai enfrentou a Tríplice

Aliança (Brasil, Argentina e Uruguai) com apoio da Inglaterra.

Durou entre os anos de 1864 e 1879 e levou o Paraguai a

derrota e a ruína.

MAIORIDADE

O gabinete liberal foi substituído em 1841 por um

conservador, que restaurou o Conselho de Estado e reformou

o Código de Processo, dando, assim, continuidade à ação

centralizadora iniciada com a Lei Interpretativa. Antes que

fossem empossados os deputados eleitos durante o gabinete

liberal, o gabinete conservador dissolveu a Câmara e convocou

novas eleições. Nas províncias de Minas Gerais e São Paulo, os

liberais partiram para a luta armada (maio e junho de 1842).

Foram vencidos pelo coronel Luís Alves de Lima e Silva, que

recebera o título de barão de Caxias ao esmagar a revolta da

Balaiada em 1840-1841. Os farrapos, depois de dez anos de

luta, aceitaram em 1845 as condições de paz e a anistia

propostas por Caxias, nomeado por D Pedro II para o cargo de

presidente e comandante das armas da província do Rio

Grande do Sul.

PARLAMENTARISMO

De volta ao poder em 1844, os liberais mantiveram as leis

centralizadoras contra as quais se haviam sublevado. O

gabinete liberal criou o cargo de presidente do Conselho de

Ministros: em vez de nomear diretamente os ministros, o

imperador agora escolhia um político de sua confiança que

formava o ministério. Esse sistema, denominado

parlamentarismo, favoreceu a alternância dos dois partidos no

poder e aumentou o peso do poder legislativo nas decisões

políticas nacionais.

A formação de um ministério conservador em 1848 foi o

estopim da Revolta Praieira, em Pernambuco, a última

revolução provincial importante do império. A derrota dos

praieiros em 1850 marcou o início de um longo período de

estabilidade política e prosperidade econômica, que permitiu a

formação de governos de coalizão, primeiro a Conciliação

(1853-1862) e depois a Liga Progressista (1862-1868).

ECONOMIA

Um período de maior segurança econômica e financeira foi o

segundo reinado, pois buscava-se, no período, a obtenção do

equilíbrio orçamentário, tanto do Império como das províncias

e municípios em que ele se dividia. O Brasil entrou em um

período de grande desenvolvimento e progresso, tornando-se

mais avançado que muitas nações européias.

No ano de 1844, surgiu a primeira tarifa alfandegária que

tinha por objetivo à proteção das poucas manufaturas

nacionais então existentes e o incremento de outras,

possibilitando um grande avanço para a indústria brasileira.

Em 1850 existiam 50 fábricas. Em 1889, haviam 636

estabelecimentos industriais, ocupando 54.000 operários. O

crescimento da receita brasileira entre 1829 e 1889 foi

superior a oito vezes. Para efeito de comparação, somente os

Estados Unidos possuiram uma taxa de crescimento

semelhante, enquanto no Reino Unido, foi de duas vezes e

meia entre 1830 e 1880 e na França, entre 1850 e 1890, três

vezes e meia.

Durante o Império, o Brasil possuia a oitava maior receita do

mundo, atrás somente dos Estados Unidos, França, Reino

Unido, Rússia, Prússia, Áustria e Espanha.

PROGRESSO

Em 30 de abril de 1854 abriram-se os primeiros quinze Km de

estrada de ferro no Brasil. Em 1868, eram 718 Km em

tráfego. Em 1889, havia 9.200 Km em tráfego e 9 mil em

construção. Com a adoção da navegação a vapor, a

construção das primeiras estradas de ferro e de rodagem, o

mercado interno brasileiro cresceu extraordinariamente até o

fim do Império.

O telégrafo elétrico surgiu em 1852, no Rio de Janeiro, sendo

inspiração direta do Imperador. As linhas espalharam-se pelo

país de norte ao sul. Em 1873 foi inaugurada no Brasil a

segunda linha telegráfica submarina que ligava as Américas a

Europa. Em 1889, havia 18.925 Km de linhas telegráficas.

No final do período monárquico surgiu outra forma de

comunicação: o telefone em 1876, onde o primeiro aparelho

foi instalado no palácio de São Cristóvão e em alguns anos se

difundiu pelo país.

A capital do Império tornou-se a quinta cidade do mundo a

possuir uma estação de tratamento de esgotos, tendo o

serviço se iniciado na década de 1860.

O gás canalizado, utilizado para iluminação, surgiu primeiro no

Rio de Janeiro, em 1854. No ano de 1874, dez mil residências

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20 Centro Educacional Evolução EJA – História 2

da Corte, cinco mil estabelecimentos públicos e seis mil

lampiões de rua eram servidos pelo gás canalizado.

Em 1883, a cidade de Campos dos Goitacases, no Rio de

Janeiro, foi à pioneira na América do Sul na introdução da

energia elétrica como serviço público de iluminação.

Até 1850 recebera o Brasil uns 19 mil imigrantes. Entre 1855

e 1862, a média da entrada deles fora de 15 mil por ano.

LAVOURA DO CAFÉ

No final do período regencial, a economia brasileira começara

a apresentar sinais de recuperação, graças ao surgimento de

uma nova lavoura de exportação, a cafeeira. O café era

cultivado, a princípio, apenas para consumo doméstico e local.

No começo do séc. XIX, transformou-se em um produto

economicamente importante para o país. As grandes fazendas

de café se expandiram pelo Vale do Paraíba, na província do

Rio de Janeiro, penetrando, em seguida, no sudeste de Minas

Gerais e norte de São Paulo.

O avanço do café coincidiu com a decadência das lavouras

tradicionais - algodão e açúcar. Entre 1837 e 1838, as

exportações de café, destinadas principalmente aos E.U.A.,

correspondiam a mais da metade do valor das exportações

brasileiras. A lavoura cafeeira proporcionou aos grandes

proprietários rurais do Sudeste (os barões do café) o suporte

econômico necessário para consolidarem sua supremacia

política perante as demais províncias do país.

CICLO DO CAFÉ

Na segunda metade do século XIX, o café tornou-se o principal

produto de exportação brasileiro, sendo também muito

consumido no mercado interno. Os fazendeiros (barões do

café), principalmente paulistas, fizeram fortuna com o

comércio do produto. As mansões da Avenida Paulista

refletiam bem este sucesso. Boa parte dos lucros do café foi

investida na indústria, principalmente nas cidades de São

Paulo e Rio de Janeiro, favorecendo o processo de

industrialização do Brasil.

IMIGRAÇÃO

Muitos imigrantes europeus, principalmente italianos,

chegaram para aumentar a mão-de-obra nos cafezais de São

Paulo, a partir de 1850. Vieram para, aos poucos, substituírem

a mão-de-obra escrava que, devido as pressões da Inglaterra,

começava a entrar em crise. Além de buscarem trabalho nos

cafezais do interior paulista, também foram para as grandes

cidades do Sudeste que começavam a abrir muitas indústrias.

PREDOMÍNIO PAULISTA

Por volta de 1875, começou a delinear-se uma nítida

separação, no Sudeste, entre duas zonas cafeeiras distintas.

De um lado, o vale do Paraíba e adjacências, onde dominavam

as relações de trabalho escravistas e um sistema de

exploração descuidado que foi responsável pelo esgotamento

dos solos, a queda da produtividade e a decadência dos

cafezais após algumas décadas de prosperidade. Do outro

lado, o chamado Oeste Paulista, a zona de terra roxa em torno

de Campinas e Ribeirão Preto, cujos fazendeiros, além de

introduzirem máquinas agrícolas e melhorias no processo de

cultivo e beneficiamento do café, foram os primeiros a

substituir a mão-de-obra escrava, que se tornava escassa e

caríssima, pelo trabalho assalariado livre, quer de brasileiros

quer de imigrantes.

Em 1860, 80% da produção cafeeira provinha ainda da

província do Rio de Janeiro. Por volta de 1885, a produção

paulista ultrapassou a fluminense e, nos últimos anos do séc.

XIX, correspondia a quase metade da produção global do país.

TRÁFICO NEGREIRO

Tentando atrair o capital do tráfico para a industrialização, a

Inglaterra extinguiu o comércio de escravos (1807) e passou a

mover intensa campanha internacional contra o tráfico

negreiro.

Nas negociações do reconhecimento da independência do

Brasil, a Inglaterra condicionara o seu apoio à extinção do

tráfico e forçara D Pedro I a assinar, em 1826, um convênio

no qual se comprometia a extingui-lo em três anos. Cinco

anos depois, a regência proibiu a importação de escravos

(1831), mas a oposição dos grandes proprietários rurais

impediu que isso fosse levado à prática. Estimulado pela

crescente procura de mão-de-obra para a lavoura cafeeira, o

tráfico de escravos aumentou: desembarcaram no Brasil

19.453 escravos em 1845, 60 mil em 1848 e 54 mil em 1849.

EXTINÇÃO DO TRÁFICO NEGREIRO

Os navios ingleses perseguiam os navios negreiros até dentro

das águas e dos portos brasileiros, o que deu origem a vários

atritos diplomáticos entre o governo imperial e o britânico.

Finalmente, em 4 de setembro de 1850, foi promulgada a Lei

da Extinção do Tráfico Negreiro, mais conhecida como Lei

Eusébio de Queirós. Em 1851, entraram 3.827 escravos no

Brasil, e apenas 700 no ano seguinte.

O fim da importação de escravos estimulou o tráfico

interprovincial: para saldar suas dívidas com especuladores e

traficantes, os senhores dos decadentes engenhos do

Nordeste e do Recôncavo Baiano passaram a vender, a preços

elevados, suas peças (escravos) para as prósperas lavouras do

vale do Paraíba e outras zonas cafeeiras. Forçados pela

escassez e encarecimento do trabalhador escravo, vários

cafeicultores paulistas começaram a trazer colonos europeus

para suas fazendas, como fizera o senador Nicolau de Campos

Vergueiro, em 1847, numa primeira experiência malsucedida.

A mão-de-obra assalariada, porém, só se tornaria importante

na economia brasileira depois de 1870, quando o governo

imperial passou a subvencionar e a regularizar a imigração, e

os proprietários rurais se adaptaram ao sistema de contrato

de colonos livres. Mais de 1 milhão de europeus (dos quais

cerca de 600 mil italianos) imigraram para o Brasil em fins do

séc. XIX.

ATIVIDADES URBANAS

A extinção do tráfico negreiro liberou subitamente grande

soma de capitais que afluíram para outras atividades

econômicas. Entre 1850 e 1860, foram fundadas 62 empresas

industriais, 14 bancos, três caixas econômicas, 20 companhias

de navegação a vapor, 23 companhias de seguros e 8

estradas de ferro. A cidade do Rio de Janeiro, o grande

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21 Centro Educacional Evolução EJA – História 2

empório do comércio de café, modernizou-se rapidamente:

suas ruas foram calçadas, criaram-se serviços de limpeza

pública e de transportes urbanos, e redes de esgoto e de

água.

A geração de empresários capitalistas que surgiu nesse

período teve em Irineu Evangelista de Sousa, barão e depois

visconde de Mauá, sua figura mais representativa. Em 1844, o

ministro da Fazenda, Manuel Alves Branco, contrariando os

interesses dos comerciantes e industriais ingleses, colocou em

vigor novas tarifas alfandegárias que variavam em torno de

30%, o dobro, portanto, das anteriores. Embora visasse a

solucionar a carência de recursos financeiros do governo

imperial, essa medida teve efeitos protecionistas: ao tornar

mais caros os produtos importados, favorecia a fabricação de

similares nacionais.

ABOLICIONISMO E REPUBLICANISMO

Finda a guerra do Paraguai, reavivou-se a polêmica em torno

do escravismo, ao mesmo tempo que ressurgiam os ideais

republicanos no Brasil. Tanto o republicanismo como o

abolicionismo encontraram ampla acolhida entre as camadas

médias urbanas que se haviam expandido com as

transformações econômicas ocorridas a partir de 1850. A

ascensão do Ministério Itaboraí, conservador e escravocrata,

em 1868, assinalou o fim da política de compromisso entre os

partidos Conservador e Liberal. Nesse mesmo ano, formou-se

o Partido Liberal-Radical, cujo programa incluía a

reivindicação do voto direto e generalizado, a extinção do

Poder Moderador do imperador, a eleição dos presidentes de

províncias pelas próprias províncias e a substituição do

trabalho escravo pelo trabalho livre. Em 1870, a ala mais

radical desse partido fundou, no Rio de Janeiro, o Partido

Republicano.

CAMPANHA ABOLICIONISTA

A divulgação do Manifesto Republicano coincidiu com a

intensificação da campanha abolicionista. Em 28 de setembro

de 1871, foi aprovada a Lei do Ventre Livre, que libertava os

filhos de mulher escrava nascidos daquela data em diante. A

mãe conservava o ingênuo (nascido livre) até os oito anos. O

senhor poderia utilizar os serviços do ingênuo até os 21 anos,

pagando-lhe salário, a menos que preferisse libertá-lo e

receber a indenização oferecida pelo governo. Além de não

conseguir deter a campanha abolicionista, o governo imperial

envolveu-se numa séria desavença com a Igreja Católica,

conhecida como Questão Religiosa (1872-1875), a qual

contribuiu para desgastar mais ainda as bases de sustentação

do regime monárquico. Depois de 1880, o abolicionismo

ganhou novo fôlego.

A Sociedade Brasileira contra a Escravidão e a Associação

Central Emancipacionista, fundadas nesse ano no Rio de

Janeiro, passaram a coordenar a propaganda contra a

escravidão através da imprensa, de reuniões e conferências.

Destacaram-se nessa campanha os jornalistas negros Luís

Gama e José do Patrocínio, o poeta Antônio de Castro Alves, o

engenheiro André Rebouças e o parlamentar Joaquim Nabuco.

Os abolicionistas conquistaram adeptos também nos círculos

militares, onde já se havia difundido a filosofia positivista, por

iniciativa de Benjamin Constant. A recusa do exército em

perseguir os escravos que fugiam em massa das fazendas

(muitas vezes com a ajuda da ala mais radical dos

abolicionistas) deu origem a questões militares.

QUESTÃO ABOLICIONISTA

Lei Eusébio de Queiróz (1850): extinguiu oficialmente o

tráfico de escravos no Brasi;

Lei do Ventre Livre (1871): tornou livre os filhos de

escravos nascidos após a promulgação da lei;

Lei dos Sexagenários (1885): dava liberdade aos escravos

ao completarem 65 anos de idade;

Lei Áurea (1888): assinada pela Princesa Isabel, aboliu a

escravidão no Brasil.

LEI ÁUREA

Levado pela força dos acontecimentos, o governo central fazia

pequenas concessões que não contentavam nem aos

escravocratas nem aos abolicionistas. Em 1885, foi

promulgada a Lei Saraiva-Cotegipe, mais conhecida como Lei

dos Sexagenários. Tratava-se, em verdade, de norma

contraproducente, pois ao libertar os escravos maiores de 60

anos, desobrigava os proprietários de sustentá-los quando já

estavam cansados e doentes, condenando-os à mendicância e,

este escravo trabalhava mais cinco anos para seu antigo dono.

Finalmente, em 13 de maio de 1888, a princesa Isabel,

regente do trono (por motivo de viagem do imperador, seu

pai), assinou a Lei Áurea, que libertou os últimos 720 mil

escravos existentes no país (5% da população). Grande

número desses escravos, aliás, já se havia rebelado,

recusando-se a trabalhar sem remuneração ou fugindo de

seus proprietários.

Os fazendeiros do vale do Paraíba, únicos a votar contra a

aprovação da lei no Parlamento, pois eram os mais

prejudicados, passaram para o Partido Republicano. Eles

tinham a esperança de que o novo regime lhes indenizaria as

perdas sofridas.

CRISE DO IMPÉRIO

A crise do 2º Reinado teve início já no começo da década de

1880. Esta crise pode ser entendida através de algumas

questões:

Interferência de D.Pedro II em questões religiosas,

gerando um descontentamento nas lideranças da Igreja

Católica no país;

Críticas e oposição feitas por integrantes do Exército

Brasileiro, que mostravam-se descontentes com a

corrupção existente na corte. Além disso, os militares

estavam insatisfeitos com a proibição, imposta pela

Monarquia, pela qual os oficiais do Exército não podiam

dar declarações na imprensa sem uma prévia autorização

do Ministro da Guerra;

A classe média brasileira (funcionário públicos,

profissionais liberais, jornalistas, estudantes, artistas,

comerciantes) desejava mais liberdade e maior

participação nos assuntos políticos do país. Identificada

com os ideais republicanos, esta classe social passou a

apoiar a implantação da República no país;

Falta de apoio dos proprietários rurais, principalmente dos

cafeicultores do Oeste Paulista, que desejavam obter

maior poder político, já que tinham grande poder

econômico. Fazendeiros de regiões mais pobres do país

também estavam insatisfeitos, pois a abolição da

escravatura, encontraram dificuldades em contratar mão-

de-obra remunerada.

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22 Centro Educacional Evolução EJA – História 2

FIM DO IMPÉRIO

Fim da Monarquia e a Proclamação da República

Em 15 de novembro de 1889, o Marechal Deodoro da Fonseca,

com o apoio dos republicanos, destituiu o Conselho de

Ministros e seu presidente. No final do dia, Deodoro da

Fonseca assinou o manifesto proclamando a República no

Brasil e instalando um governo provisório.

No dia 18 de novembro, D. Pedro II e a família imperial

brasileira viajaram para a Europa. Era o começo da República

Brasileira com o Marechal Deodoro da Fonseca assumindo, de

forma provisória, o cargo de presidente do Brasil.

ESTUDO DIRIGIDO

1. Termos da abdicação de Dom Pedro I:

Usando do direito que a Constituição me concede, declaro que

hei muito voluntariamente abdicado na pessoa do meu mui

amado e prezado filho o Sr. Pedro de Alcântara. Boa Vista – 7

de abril de 1831, décimo de Independência e do Império – D.

Pedro I. Antonio Mendes Jr. Et al. Brasil-História, Texto e

Consulta. Império. São Paulo: Brasiliense, 1977. p. 200.

Os fatos que conduziram à abdicação foram:

a) repressão aos revolucionários da Confederação do

Equador, incorporação da Guiana Francesa e outorga da

Constituição;

b) favorecimento aos comerciantes brasileiros em detrimento

dos portugueses, dívida externa elevada com a Guerra da

Cisplatina e falência do Banco do Brasil;

c) repressão aos revolucionários da Confederação do

Equador, perda da Província Cisplatina e falência do Banco

do Brasil;

d) perda da província Cisplatina, dissolução da Assembleia

Constituinte e punição exemplar aos pistoleiros que

executaram o jornalista Líbero Badaró;

e) controle das finanças nacionais, respeito aos constituintes

que elaboraram a primeira constituição e favorecimento

aos comerciantes brasileiros.

2. Com a abdicação do imperador D. Pedro I em 1831, o

fracasso do primeiro reinado tomou corpo. Com relação a isso,

considere os fatos abaixo:

I. A imigração europeia para o Brasil ocorrida nesse período.

II. A eclosão da guerra na Província Cisplatina (1825-1828)

contra as Províncias Argentinas, a qual consumiu recursos do

Estado em formação e cujo principal resultado foi a criação da

República Oriental do Uruguai, em 1828.

III. A indisposição do Imperador nas negociações com os

deputados das províncias do Brasil, que levou ao fechamento

da Assembleia Constituinte, em 12 de novembro de 1823, e à

imposição de uma carta constitucional em 1824.

IV. A queda do gabinete dos Andradas, que levou o Imperador

a se cercar de inúmeros portugueses, egressos de Portugal

ainda ao tempo do governo de D. João VI.

Tiveram influência direta no desfecho do primeiro reinado os

fatos apresentados em:

a) II, III e IV somente.

b) I, III e IV somente.

c) III e IV somente.

d) I, II e III somente.

e) I e II somente.

3. (PUC-PR) Instalado em 1822, o Império do Brasil encontrou

dificuldades no reconhecimento de sua Independência por

parte dos Estados europeus. Essas dificuldades existiam

devido:

a) Ao fato de o Brasil ter pesadas dívidas em várias capitais

europeias.

b) Ao fato de ter estabelecido a forma monárquica de

governo.

c) À sua própria organização interna, pois a Constituição de

1824 afastava o voto direto, secreto e universal.

d) À política reacionária e antinacionalista definida no

Congresso de Viena e praticada por várias potências

europeias.

e) À negativa do governo de D. Pedro I em restituir a

Província Cisplatina aos seus povoadores de origem

castelhana.

4. (PUC-RJ) O café tornou-se o principal produto brasileiro de

exportação durante o século XIX. Considere as afirmações

abaixo sobre o processo de expansão da lavoura cafeeira:

I. A cultura para exportação instalou-se, logo no início do

século, no Vale do Paraíba fluminense, a partir da conjunção

dos interesses da nobreza do Reino, recém-chegada, com os

interesses dos proprietários coloniais.

II. O plantio expandiu-se, a partir de meados do século, para

o Vale do Paraíba paulista e mais tarde para o Oeste Paulista.

Essa expansão foi facilitada pelo encontro de solo fértil

propício, ainda que dificultada pela necessidade de expulsão

dos antigos ocupantes da região.

III. A exportação, que durante a primeira metade do século,

era majoritariamente para a Inglaterra, a partir de 1870

direcionou-se para os Estados Unidos, quando passou a

representar o equivalente a mais da metade da pauta de

exportação brasileira.

IV. As relações de trabalho predominantes transformaram-se,

após o fim do tráfico negreiro intercontinental, em meados do

século. De relações escravistas no Vale do Paraíba fluminense

passaram a relações de assalariamento no Vale do Paraíba e

Oeste paulista. Assinale:

a) se e somente se I, II e III são corretas.

b) se e somente se II, III e IV são corretas.

c) se e somente se I, II e IV são corretas.

d) se e somente se I, III e IV são corretas.

e) se todas são corretas.

5. (UFF) Por ser o herdeiro de menor idade, a abdicação de D.

Pedro I, em 1831, resultou na formação de governos

regenciais que, até 1840, enfrentaram inúmeras dificuldades

para manter a integridade territorial do Império. Entre as

várias rebeliões irrompidas nas províncias, a ocorrida no

Maranhão notabilizou-se pela diversidade social dos

insurgentes, entre os quais não faltaram escravos e

quilombolas.

Assinale a opção que identifica corretamente a revolta

mencionada acima.

a) Cabanagem

b) Balaiada

c) Farroupilha

d) Revolta dos Malês

e) Praieira

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23 Centro Educacional Evolução EJA – História 2

GABARITO

1-C

2-A

3-D

4-B

5-B