22
SEMINÁRIO TEOLÓGICO IBRA SEMINÁRIO TEOLÓGICO IBRA SEMINÁRIO TEOLÓGICO IGREJA BATISTA RAÍZES SETIBRA Teologia Sistemática Pr. Reginaldo Cresencio Igreja Batista Raízes Av.: Romualdo Vilani, 68 - Jardim Ipanema, São Carlos, SP. www.batistaraizes.com SEMINÁRIO TEOLÓGICO IGREJA BATISTA RAÍZES HISTÓRIA DA IGREJA - I

HISTÓRIA DA IGREJA - I - files.batistaraizes.comfiles.batistaraizes.com/200004832-ce77bd06c6/HISTÓRIA DA IGREJA... · O Deus redentor da igreja de Cristo ... Ao tempo em que são

  • Upload
    vuthu

  • View
    219

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: HISTÓRIA DA IGREJA - I - files.batistaraizes.comfiles.batistaraizes.com/200004832-ce77bd06c6/HISTÓRIA DA IGREJA... · O Deus redentor da igreja de Cristo ... Ao tempo em que são

SEMINÁRIO TEOLÓGICO IBRASEMINÁRIO TEOLÓGICO IBRASEMINÁRIO TEOLÓGICOIGREJA BATISTA RAÍZES

SETIBRA

Teologia Sistemática

Pr. Reginaldo Cresencio

Igreja Batista RaízesAv.: Romualdo Vilani, 68 - Jardim Ipanema, São Carlos, SP.www.batistaraizes.com

SEMINÁRIO TEOLÓGICOIGREJA BATISTA RAÍZES

HISTÓRIA DA IGREJA - I

Page 2: HISTÓRIA DA IGREJA - I - files.batistaraizes.comfiles.batistaraizes.com/200004832-ce77bd06c6/HISTÓRIA DA IGREJA... · O Deus redentor da igreja de Cristo ... Ao tempo em que são

Igreja Batista RaízesAv.: Romualdo Vilani, 68 - Jardim Ipanema, São Carlos, SP.www.batistaraizes.com 1SEMINÁRIO TEOLÓGICO

IGREJA BATISTA RAÍZES

SEMINÁRIO TEOLÓGICO IBRASEMINÁRIO TEOLÓGICO IBRASEMINÁRIO TEOLÓGICOIGREJA BATISTA RAÍZES

SETIBRA

HISTÓRIA DA IGREJA - I

A fé cristã é inerentemente uma fé histórica.O Deus redentor da igreja de Cristo revelou-se historicamente e pela encarnação do Verbo entrou na história humana na pessoa de seu Filho. A igreja cristã tem uma rica trajetória de fé e através da história expressa a promessa de Cristo aosdiscípulos. ‘’Estarei convosco até a consumação dos séculos’’ A obra do Espírito Santo, na aplicação da

redenção e na edificação da igreja, tem se manifestado em meio ao tecido histórico da

humanidade. Ignorar a história é um erro fatal. Para o povo de Deus, conhecer a sua história é

vital á sua identidade e á sua postura diante de erros que insistem em se repetir.

Pr. Gilson Carlos dos Santos

1. Introdução

Qual a importância de se estudar a história da igreja?

� Esse estudo nos ajudará a compreender quão rica é a fé cristã, vendo como ela se

manifesta em diversas ênfases, em tempos, povos e locais diferentes.

� Será um guia para se evitar erros e equívocos do passado, na medida em que

aprendermos que a ortodoxia está onde há submissão ás escrituras sagradas.

� Será um auxílio para compreensão da atualidade, ajudando-nos a compreender

como chegamos até aqui.

� O estudo da história da igreja também infunde entusiasmo para que a proclamação

do evangelho seja renovada e reformada no tempo presente.

� Irá auxiliar nos estudos de outras disciplinas da teologia, precisamos ouvir o que a

igreja tem até agora lido e ouvido da bíblia.

� Iremos vivenciar a unidade do corpo de Cristo através do séculos, por meio das

doutrinas essenciais da fé cristã.

Page 3: HISTÓRIA DA IGREJA - I - files.batistaraizes.comfiles.batistaraizes.com/200004832-ce77bd06c6/HISTÓRIA DA IGREJA... · O Deus redentor da igreja de Cristo ... Ao tempo em que são

Igreja Batista RaízesAv.: Romualdo Vilani, 68 - Jardim Ipanema, São Carlos, SP.www.batistaraizes.com 2SEMINÁRIO TEOLÓGICO

IGREJA BATISTA RAÍZES

A fé cristã na antiguidade clássica

A expansão do império romano

Ao tempo em que são narrados os fatos descritos no novo testamento, Roma se solidificava

como o maior império que já existiu, composto de cultura grega e poder romano. Os

romanos já haviam conquistado grande parte do Oriente e todo o Ocidente durante os dois

últimos séculos antes da era cristã. E, tendo vencido uma longa e sangrenta guerra civil, que

ocorreu por causa do assassinato do ditador Júlio Cézar (100 a.C – 44 a.C), Otávio Augusto

(63 a.C – 14 d.C), o primeiro imperador romano, reorganizou o estado, sedimentou

fronteiras, espalhou estradas que cobriam quase 85 mil quilômetros, e construções por toda

a extensão do império. A extensão do império romano era de quase cinco milhões de

quilômetros quadrados(divididos hoje entre trinta nações). Nessa época, o mundo romano

era dividido em trinta e seis províncias. Onze eram senatoriais, administradas por um

procônsul, e vinte e cinco eram imperiais, onde ficavam estacionadas as legiões, governada

por legado pretor. Entre estas últimas províncias, dez(como a Judeia e o Egito) eram

dirigidas por um procurador. Um elemento importante nessa conjuntura era o exército

romano, que era composto de vinte e oito legiões e mais um grande numero de formações

auxiliares de infantaria leve, arqueiros e cavalarias. Em meados do século II, o exército

tinha aproximadamente 300 mil homens, defendendo um império de cerca de 60 milhões de

pessoas.

O crescimento da igreja cristã

De acordo com as narrativas do Novo Testamento, terminada a trajetória de Jesus Cristo na

terra (nascimento, vida, morte, ressurreição e ascensão), a igreja cristã cresceu rapidamente,

após o derramamento do Espírito Santo sobre os apóstolos na festa judaica do Pentecostes. Por intermédio da pregação apostólica e dos discípulos, a fé cristã partiu da cidade de

Jerusalém, na província romana da Judeia, e em pouco tempo alcançou a Síria, a Ásia

Menor, a Macedônia, a Grécia e a Itália. Desse modo, até aproximadamente a metade do

século I, espalhou-se a mensagem de que Deus enviou a Jesus Cristo, o qual morreu pela

redenção dos pecadores, ressuscitou, sendo assim exaltado como rei messiânico, e voltará

em triunfo e glória de acordo com as escrituras.

No ano 300, a proporção de cristãos no império chegou a 10%. E, em meados do século IV,

cerca de dez anos depois da morte do imperador Constantino – cuja conversão preparou o caminho para o cristianismo se tornar a fé dominante na Europa – nada menos que 56,5%

da população romana confessava a fé cristã.

Page 4: HISTÓRIA DA IGREJA - I - files.batistaraizes.comfiles.batistaraizes.com/200004832-ce77bd06c6/HISTÓRIA DA IGREJA... · O Deus redentor da igreja de Cristo ... Ao tempo em que são

Igreja Batista RaízesAv.: Romualdo Vilani, 68 - Jardim Ipanema, São Carlos, SP.www.batistaraizes.com 3SEMINÁRIO TEOLÓGICO

IGREJA BATISTA RAÍZES

Conteúdo da pregação na igreja primitiva

O conteúdo da pregação presentes no Novo Testamento pode ser resumida aos seguintes

temas:

� As promessas feitas por Deus começam a se cumprir, inaugurando a era

messiânica, como predita pelos profetas do Antigo Testamento.

� Isso ocorreu por meio do nascimento, ministério, morte e ressurreição de

Jesus Cristo.

� Em virtude da ressurreição, Jesus foi exaltado á direita de Deus, como

cabeça messiânico do novo Israel.

� O Espirito Santo na igreja é o sinal de que o poder e a glória de Cristo estão

presentes.

� A era messiânica atingirá rapidamente sua consumação na vinda de Cristo.

� Um apelo á fé, ao arrependimento e ao batismo, e a oferta de perdão e do Espirito Santo, com a promessa de salvação, ou seja, da vida na era vindoura

para aqueles que entrarem para a comunidade dos eleitos.

Os Pais apostólicos

Nos primórdios da Igreja cristã, os responsáveis por conduzi-la na ortodoxia ficaram

conhecidos como Pais da igreja. Essa expressão se refere ao escritor, pastor ou teólogo da

antiguidade cristã considerado pela tradição como testemunho autorizado de fé. Eram

homens ouvidos e respeitados por toda cristandade como pais. Havia três qualificações para

alguém ser considerado Pai da Igreja: ortodoxia doutrinária, santidade de vida e

antiguidade.

Um primeiro grupo entre os Pais da Igreja tornou-se conhecido como Pais apostólicos. Estes como geração que sucedeu os apóstolos no segundo século, os principais deles são:

Segundo a tradição cristã, viu e ouviu os apóstolos, dos quais

recebeu ensinamentos. Também segundo a tradição, ele seria a

] mesma pessoa mencionada na Carta aos Filipenses, na qual Paulo

os admoestava a estabelecere a concórdia naquela comunidade.

Durante seu episcopado, por volta dos anos 95-96 , Clemente Romano enviou uma carta á

comunidade de Corinto, presa de conflitos e dissensões internas, exortando seus membros á

fraternidade e á harmonia cristã. Quanto a sua morte, as notícias disponíveis não tem um

caráter histórico confiável. Dentre os escritos, foram preservadas algumas atas que narram seu

martírio no mar negro.

No entanto, a investigação histórica as data como textos do século IV em diante, e por isso,

é difícil afirmar se de fato, foi isso mesmo o que aconteceu.

Clemente Romano

Page 5: HISTÓRIA DA IGREJA - I - files.batistaraizes.comfiles.batistaraizes.com/200004832-ce77bd06c6/HISTÓRIA DA IGREJA... · O Deus redentor da igreja de Cristo ... Ao tempo em que são

Igreja Batista RaízesAv.: Romualdo Vilani, 68 - Jardim Ipanema, São Carlos, SP.www.batistaraizes.com 4SEMINÁRIO TEOLÓGICO

IGREJA BATISTA RAÍZES

O que se guarda com alguma certeza é que ele deve ter morrido poucos anos depois de ter

escrito sua Carta aos Coríntios.

Bispo da igreja de Antioquia, Inácio escreveu cartas ás

igrejas de Éfeso, Magnésia, Trália, Roma, Filadélfia,

Esmirna e a seu amigo Policarpo.

Foi ele o primeiro a fazer distinção entre bispos e

presbiteros e usar a expressão ‘’Igreja Católica’’.

O imperador Trajano (98-110) procurando obter uma

conquista religiosa no Império, determinou que todos os

cristãos deveriam unir-se aos pagãos na adoração dos

deuses imperiais, e seriam perseguidos e levados áorte os quea isso se negassem.

(69-155) discípulo do apóstolo João, foi formado,

educado e feito bispo da respeitada igreja de Esmirna.

Não temos nenhum registro sobre a infância de

Policarpo, nem sobre sua família. O único escrito que

se conservou foi sua carta aos Filipenses, escrita entre

110 e 140, embora ele tenha escrito várias cartas

destinadas ás outras igrejas. Em um contexto em que

os cristãos estavam sendo perseguidos pelo império,

vários cristãos de Esmirna foram presos e torturados.

Policarpo também passou a ser perseguido, depois de se refugiar em fazendas,

Inácio de Antioquia

Trajano visitava Antioquia quando seus editos foram publicados, e quis pô-los em execução

imediatamente ali mesmo. Evidentemente a figura de Inácio era a que mais se destacava

entre os cristãos, e ele foi preso e levado à presença do imperador. Seu testemunho da fé

diante de Trajano, de acordo com o relato, foi caracterizado por inspirada eloqüência,

coragem sublime, e mesmo certa exultação. Mas isso não impressionou o imperador. Pelo

contrário, este ordenou que o acorrentassem e o enviassem a Roma, para ser alimento das

feras e um espetáculo para o povo.

Quando os animais se precipitaram sobre o herói de Cristo, seu pensamento deve ter-se

firmado no que ele escreveu em sua carta aos Romanos: "Eu sou o trigo de Deus, deixe-me

ser triturado pelos dentes das feras selvagens, para que possa tornar-me um puro pão de

Cristo. [...] Que venham sobre mim o fogo e a cruz; a multidão de feras selvagens; o

rompimento, a quebra e o deslocamento de meus ossos; que venham sobre mim o

decepamento de meus membros, a fragmentação de todo meu corpo, e todos os espantosos

tormentos do demônio, contanto que eu chegue a Jesus Cristo".

Policarpo de Esmirna

Page 6: HISTÓRIA DA IGREJA - I - files.batistaraizes.comfiles.batistaraizes.com/200004832-ce77bd06c6/HISTÓRIA DA IGREJA... · O Deus redentor da igreja de Cristo ... Ao tempo em que são

Igreja Batista RaízesAv.: Romualdo Vilani, 68 - Jardim Ipanema, São Carlos, SP.www.batistaraizes.com 5SEMINÁRIO TEOLÓGICO

IGREJA BATISTA RAÍZES

♫◘ʼn ╜■ℓ╜ℓĊŤ■ľ╜Ă ŕ ◘ℓ ▓ś▓Ľʼn◘ℓ ŕ Ă ╜┼ʼnś╨Ă ◘ Ľ╜ℓ♫◘ ℓś ś■Ċʼnś┼◘ĵ h ♫ʼn◘ľ☻■ℓĵ ▄ ŕ Ă ♫ʼn◘ō╞■ľ╜Ă

Lucius Statius Quadratus tentou persuadi-lo para que adorasse o imperador, Policarpo

negou fazê-lo, depois insistiu ameaçando com feras, e com a possibilidade de ser queimado,

Policarpo respondeu que o fogo que o procônsul podia acender duraria somente um

momento e logo se apagaria, mas que o وľĂℓĊ╜┼◘ śĊśʼn■◘ ■ĵ ■ľĂ ℓś Ă♫Ă┼Ăʼn╜Ă ! ■Ċś Ă ź╜ʼn▓śūĂ

do bispo, o procônsul ordenou que Policarpo fosse queimado vivo. Amarrado, já no meio

da fogueira preparada, quando estavam a ponto de acender o fogo, Policarpo elevou os

olhos ao céu e orou em voz alta:

“Senhor, Deus todo-poderoso, Pai de teu Filho amado e bendito, Jesus Cristo, pelo qual

recebemos o conhecimento do teu nome, Deus dos anjos, dos poderes, de toda criação e de

toda geração de justos que vivem na tua presença! Eu te bendigo por me teres julgado

digno deste dia e desta hora, de tomar parte entre os mártires, e do cálice de teu Cristo,

para ressurreição de vida eterna da alma e do corpo, na incorruptibilidade do Espirito

Santo. Com eles, possa eu hoje ser admitido em tua presença como sacrifício agradável,

como tu preparaste e manifestaste de antemão, e como realizasse, ó Deus, sem mentira e

veraz. Por isso e por todas as outras coisas, eu te louvo, te bendigo, te glorifico, pelo

eterno e celestial sacerdote Jesus Cristo, teu Filho amado, pelo qual seja dada glória a ti,

com ele e o Espírito, agora e pelos séculos futuros. Amém.

Apologistas

Um segundo grupo de Pais da Igreja foram os apologistas que serviram a igreja no segundo

e terceiro séculos. Esses homens defenderam a fé de ataques procedentes dos judeus, dos

pagãos e das heresias.

Os principais apologistas foram:

Wĵ ℓĊ╜■◘ ŕ ś w◘▓Ă 165-ھوو�): Sua formação intelectual foi

das mais aprimoradas. Segundo seu próprio testemunho,

percorreu cidades e escolas filosóficas desejoso de conhecer a

verdade, de tornar-se sábio, porém, foi somente no

cristianismo que ele encontrou a única e verdadeira filosofia. "Ardendo para ouvir o que é próprio e excelente na

filosofia", freqüentou os estóicos, peripatéticos, pitagóricos e

platônicos (cf. Diál. 2,1-6) sem, contudo, encontrar respostas

para seus anseios e suas indagações. Finalmente, através do

ancião, teve conhecimento da "única filosofia certa e digna",

o cristianismo (Diál. 3-8).

Foi em Roma que Justino exerceu a maior parte de sua atividade. Ali abriu e dirigiu

uma escola filosófica cristã e escreveu suas principais obras: I Apologia e Diálogo com

Trifão. Acusado perante Júnio Rústico, pelo filósofo cínico Crescente, foi decapitado, segundo a tradição, no ano 165. Há um relato de sua morte considerado autêntico, no

Martirium S. lustini et Sociorum, baseado nas atas oficiais do tribunal que o condenou.

. Segundo este documento, seis companheiros, discípulos, provavelmente, o

acompanharam no martírio

Page 7: HISTÓRIA DA IGREJA - I - files.batistaraizes.comfiles.batistaraizes.com/200004832-ce77bd06c6/HISTÓRIA DA IGREJA... · O Deus redentor da igreja de Cristo ... Ao tempo em que são

Igreja Batista RaízesAv.: Romualdo Vilani, 68 - Jardim Ipanema, São Carlos, SP.www.batistaraizes.com 6SEMINÁRIO TEOLÓGICO

IGREJA BATISTA RAÍZES

Lʼn╜■śĵ ŕś [ ╜Ď◘ 195-ھىو�): Bispo da igreja de Lião, na Gália (que

equivale á França na atualidade), em sua juventude foi discípulo

de Policarpo, bispo de Esmirna. A grande preocupação que

acompanhou toda a vida de Irineu foi preservar a regra de fé,

guardada pelos bispos dentro da tradição apostólica. As obras de

Irineu são intensamente pastorais, e seu objetivo era dirigir a

igreja de Lião na sã doutrina e na vida correta, refutando os

hereges, instruindo os crentes e evangelizando os celtas. Apenas

duas obras de Irineu, escritas em grego, chegaram até nósN ǺŇŃÔÒÏ

as heresias, £ØÆ®•£©§° £Ø≠ Ø ĄĮŃŽŃĬĹÏ Į ÒĮIJÕÔÏ ÜÛŇ İ Ï IJÏ ŁÓÏ

gnoseẄ – µ≠ ° ≤•¶µ¥°ÃæØ §°≥ §Øµ¥≤©Æ°≥ ßÆ̃≥¥©£°≥ ∞•¨Ø µ≥Ø §°≥

escrituras e pelo desenvolvimento de um corpo de tradição,

escrita entre 182 e 188, e composta de cinco livros.

Outra obra de Irineu, ÆÑĹİ Į ĹŎĹÓ, também conhecida como ÆŎÑŇÓĹÜÛŇ İ Ï ÑÒĮĴ Ï ÜÛŇ

apostólicaẄ Ø ≠ °©≥ °Æ¥©ßØ £°¥•£©≥≠ Ø §° ©ß≤•™°Ẅ °∞≤•≥•Æ¥° °≥ §Øµ¥≤©Æ°≥ ¢º ≥©£°≥ §°

proclamação apostólica. Ele permaneceu em Lião até sua morte, no início do século III.

A notícia de que ele sofreu o martírio surgiu, pela primeira vez, nas obras de Jerônimo

e Gregório de Tours, provavelmente na época em que, após a cidade de Lião ter apoiado o

usurpador Clódio Albino e seus partidários na sucessão imperial, o vencedor desta, Sétimo

Severo, mandou matar muitos moradores da cidade. Nessa situação confusa, a morte de

Irineu pode muito bem ter passado despercebida.

ÇśʼnĊĵ ▄╜Ă■◘ ŕś / ĂʼnĊĂ┼◘ 220-ھيو�): Ainda que não seja considerado um Pai da Igreja, é

. conhecido como o primeiro grande teólogo latino.

Foi apologista e teólogo na África romana, sendo um dos

principais opositores de Marcião. Foi ele quem criou o

vocabulário teológico que dominaria o Ocidente: ÑĮ ÓÓŇÏ Ó

divinas, Trindade, unidade, substância, sacramento,

livre-arbítrio, confissão e satisfaçãoỳ ! ∞°≤¥©≤ §• •̈Ẅ £Ø≠ •Ã°≤°≠

a desenvolver-se os grandes temas doutrinais, tais como

Trindade, cristologia e pecado original. No fim de sua vida, porém, Tertuliano se tornou

montanista.

Page 8: HISTÓRIA DA IGREJA - I - files.batistaraizes.comfiles.batistaraizes.com/200004832-ce77bd06c6/HISTÓRIA DA IGREJA... · O Deus redentor da igreja de Cristo ... Ao tempo em que são

Pr. Reginaldo Cresencio Igreja Batista RaízesAv.: Romualdo Vilani, 68 - Jardim Ipanema, São Carlos, SP.www.batistaraizes.com 7SEMINÁRIO TEOLÓGICO

IGREJA BATISTA RAÍZES

Movimentos Heréticos

Gnósticos: Afirmavam que Deus não era o criador, e que, a própria criação era má,

negavam a existência terrena de Jesus, afirmavam que o Espirito Santo era uma energia

espiritual que viera de algum deus inferior, negavam a ressurreição do corpo, baseado na ideia de que tudo o que é físico ou material é mau. O ser humano era salvo não

apenas por um suposto conhecimento iluminado, mas também pelo aprendizado de

várias fórmulas mágicas, por meio das quais poderia ter acesso ao mundo superior. No

campo ético, oscilavam entre um legalismo radical e um estilo de vida libertino e

grosseiro.

Marcionitas: Liderado por Marcião. Afirmavam que o Deus do Novo Testamento e Pai

de Jesus Cristo não é o Deus do Antigo Testamento. Há um Deus supremo, que é o Pai

de Jesus Cristo, e um ser inferior, que é Javé. Este por ignorância ou por maldade, fez o mundo, e nele colocou a humanidade. O propósito do Pai não era que houvesse um

mundo assim, com todas as suas imperfeições, mas que houvesse um mundo puramente

espiritual.

Montanismo: Liderado por Montano e auxiliado por duas profetisas, Prisca e

Maximila. Também entendiam que estavam vivendo os “últimos dias”, sua mensagem

era de que a igreja precisava preparar-se para a vinda do reino justo de Jesus. Eles

entendiam que a tarefa principal da igreja era viver uma vida moral rigorosa e buscar o martírio. Houve reações mistas na igreja quanto ao montanismo. Por um lado, em

contraste com as especulações dos gnósticos, os montanistas afirmavam a “regra de fé”,

merecendo assim a devida aprovação da igreja. Suas reivindicações do iminente retorno

de Cristo e da importância dos dons espirituais, sobretudo da profecia, deixaram muitos

cristãos temerosos de apagar o Espírito e desprezar as profecias. Mas a igreja rejeitou o

montanismo, especialmente em razão de suas reivindicações de possuir revelações

superiores aquelas contidas nas escrituras.

Maniqueísmo: Afirmavam que Deus tinha falado de forma fragmentada por meio de Platão, Moisés, Buda e Jesus, e só por meio de Mani, mestre desse movimento, se daria

a plena revelação, afirmavam que os apóstolos corromperam os ensinos de Jesus, tinha

uma visão dualista da criação, acentuando a tensão entre luz e trevas. Nesse caso, Cristo

seria o representante da luz, procedente de Deus, e Satanás das trevas, identificado com

a matéria. A compreensão de salvação era muito parecida com a dos gnósticos, no que

diz respeito á vinculação da salvação ao conhecimento secreto dos passos necessários

para escapar das trevas em direção á luz.

Page 9: HISTÓRIA DA IGREJA - I - files.batistaraizes.comfiles.batistaraizes.com/200004832-ce77bd06c6/HISTÓRIA DA IGREJA... · O Deus redentor da igreja de Cristo ... Ao tempo em que são

Pr. Reginaldo Cresencio Igreja Batista RaízesAv.: Romualdo Vilani, 68 - Jardim Ipanema, São Carlos, SP.www.batistaraizes.com 8SEMINÁRIO TEOLÓGICO

IGREJA BATISTA RAÍZES

6. Stevenson e Haberman, op. cit., p.53-54. Brahma é o conceito hindu da divindade como tudo que existe.7. O catecismo da Igreja Católica, 1886.

7

As perseguições no império romano

Desde o começo, a fé cristã foi severamente perseguida. Já no livro de Atos temos

relatos das perseguições movidas pelos governantes do Império Romano ao

cristianismo. No total, houve dez perseguições oficiais, isto é, perseguições patrocinadas pelo estado romano. As principais foram as promovidas pelo Imperador

Nero, entre 64 a 68. A última perseguição foi incitada e continuada por Galério que

durou do ano (303 d.C a 311 d.C).

Formação do Cânon do Novo Testamento

Clemente, Inácio, Policarpo, Justino, Tertuliano, Orígenes, entre outros, já usavam o Novo Testamento, tratando-o como inspirado do mesmo modo que o Antigo

Testamento. A partir dos desafios lançados por gnósticos, marcionitas e montanistas,

buscou-se com grande interesse atribuir ao Novo Testamento o número exato de livros

certos. Nesse processo gradual de fixação de um cânon, foram observados alguns

critérios:

� Em primeiro lugar, o critério que veio estabelecer o cânon foi o da apostolicidade. Se não ficasse provado que um livro era de autoria de um

apóstolo ou que, pelo menos, tinha o suporte da autoridade de um apóstolo, ele

era tecnicamente rejeitado, por mais que fosse edificante ou popular entre os

fiéis.

� Autoridade reconhecida pela igreja primitiva.

� Harmonia com os livros a respeito dos quais não havia dúvidas.

O primeiro documento oficial que prescreveu como cânonicos os livros do Novo

Testamento atual foi a Carta de Páscoa, escrita por Atanásio, em 367, para as igrejas sob

sua jurisdção como bispo de Alexandria. Concílios posteriores, como os de Hipona

Régia (393), Cartago (397) e Calcedônia (451), apenas aprovaram e deram expressão

uniforme àquilo que já era aceito como fato pelas igrejas havia um bom tempo.

Page 10: HISTÓRIA DA IGREJA - I - files.batistaraizes.comfiles.batistaraizes.com/200004832-ce77bd06c6/HISTÓRIA DA IGREJA... · O Deus redentor da igreja de Cristo ... Ao tempo em que são

Pr. Reginaldo Cresencio Igreja Batista RaízesAv.: Romualdo Vilani, 68 - Jardim Ipanema, São Carlos, SP.www.batistaraizes.com 9SEMINÁRIO TEOLÓGICO

IGREJA BATISTA RAÍZES

Credo dos Apóstolos

A expressão latina credo (creio) é “uma fórmula fixa que sumaria os artigos essenciais

da religião cristã e que goza de sanção eclesiástica”, uma afirmação dos pontos

essenciais da fé cristã, com os quais se espera que todos os cristãos concordem. A forma

integral do que conhecemos hoje como Credo dos Apóstolos teve sua origem em torno

dos séculos VII e VIII, na Gália. Entretanto, partes dele se acham nos escritos de alguns

Pais da Igreja do século III e IV, e eram chamadas de “regra de fé” ou “tradição”. Uma

das mais antigas exposições do credo foi escrita por Rufino de Aquileia (345-410), que

se baseou no “antigo credo romano”, usado na liturgia batismal na Itália.

Creio em Deus Pai, Todo-poderoso, Criador do Céu e da terra.

Creio em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor, o qual foi concebido por obra do

Espírito Santo; nasceu da virgem Maria; padeceu sob o poder de Pôncio Pilatos, foi

crucificado, morto e sepultado; ressurgiu dos mortos ao terceiro dia; subiu ao Céu;

está sentado à direita de Deus Pai Todo-poderoso, donde há de vir para julgar os vivos

e os mortos.

Creio no Espírito Santo; na Santa Igreja Universal; na comunhão dos santos; na

remissão dos pecados; na ressurreição do corpo; na vida eterna. Amém

h ℓ t Ă╜ℓ Dʼnś┼◘ℓ

Um terceiro grupo de Pais da Igreja é composto daqueles que se dedicaram a escrever

os grandes tratados teológicos que guiaram a igreja. Eles podem ser divididos entre os

que escreveram em grego, também conhecidos como Pais Gregos, e os que escreveram em Latim, também conhecidos como Pais Latinos. Dos principais escritores gregos do

período, podem ser mencionados:

� Clemente de Alexandria (150-215): Foi professor na escola catequética na

capital da província egípcia, sendo considerado o fundador da teologia

especulativa e um dos principais proponentes da interpretação alegórica das

escrituras. Foi um dos primeiros a unir a doutrina cristã à filosofia,

desenvolvendo um tipo de platonismo cristão, e considerando o cristianismo a verdadeira filosofia que completa a filosofia grega.

� Orígenes (185-253): Foi o maior erudito da igreja antiga e também nas escolas

catequéticas de Alexandria e Cesareia, na Palestina. Orígenes dedicou bastante

tempo ao estudo do Antigo Testamento, mas foi ele quem popularizou o método

alegórico de interpretação das escrituras. Seu pai morreu martirizado em 202 e

ele foi severamente torturado na perseguição movida pelo imperador Décio, tendo morrido pouco depois. Uma de suas principais obras foi Contra Celso.

Page 11: HISTÓRIA DA IGREJA - I - files.batistaraizes.comfiles.batistaraizes.com/200004832-ce77bd06c6/HISTÓRIA DA IGREJA... · O Deus redentor da igreja de Cristo ... Ao tempo em que são

Pr. Reginaldo Cresencio Igreja Batista RaízesAv.: Romualdo Vilani, 68 - Jardim Ipanema, São Carlos, SP.www.batistaraizes.com 10SEMINÁRIO TEOLÓGICO

IGREJA BATISTA RAÍZES

� Atanásio de Alexandria (299-373): Foi bispo na capital do Egito e um dos

principais defensores das doutrinas da divindade de Jesus e do dogma da Trindade,

em sua luta contra o arianismo (que negava a divindade de Cristo). Ele estava

convicto de que o eterno filho de Deus, Jesus Cristo, “tornou aquilo que somos, para

que pudesse fazer de nós aquilo que ele é”. Muitas vezes ficou sozinho contra tudo e

contra todos para defender as decisões do I Concílio de Nicéia (325), chegando a ser

exilado cinco vezes. Suas mais importantes obras foram A encarnação do Verbo e a

Vida e conduta de Santo Antão.

� Eusébio de Cesareia (260-339): Foi bispo na Palestina, primeiro historiador da

igreja, autor da primeira história eclesiástica e firme apoiador do imperador

Constantino. Por ocasião do primeiro concílio ecumênico, o Credo de Cesareia, que

havia sido elaborado por Eusébio e adotado por sua igreja, serviu de base ao Credo

de Niceia, sendo aperfeiçoado e revisado.

� João Crisóstomo (344-407): Considerado o mais importantes pregador da igreja

primitiva. Ele proferiu cerca de 900 homilias, e seu modelo de pregação era a

exposição bíblica sequencial. Influenciado por Diodoro de Tarso, foi um dos

principais expoentes da hermenêutica da escola de Antioquia, que enfatizava o sentido literal do texto. Ele escreveu dois tratados importantes: Da

incompreensibilidade de Deus e Da providência de Deus. Entrou em conflito com a

imperatriz Aélia Eudóxia, e morreu a caminho do exílio.

Os Pais da Capadócia

Há um grupo de Pais Gregos que foram conhecidos como Pais da Capadócia. Esses clérigos

viveram como monges em meados do século IV.

� Basílio de Cesareia (329-379): Bispo em Cesareia da Capadócia, opôs-se ao

arianismo e ao apolinarismo (que afirmava que Jesus tinha um corpo humano,

mas uma mente divina). Basílio definiu os termos da doutrina da Trindade: Deus

existe como uma essência em três pessoas. Promoveu o ideal ascético e fundou

um leprosário. Seu escrito mais importante foi o Tratado sobre o Espirito Santo,

em que afirmou que ao Espirito Santo deve ser concedido a mesma glória e

louvor dados ao Pai e ao Filho.

� Gregório de Nissa (334-395): Era irmão de Basílio e arcebispo de Sebaste.

Mesmo casado, promoveu o ascetismo. Opôs-se ao apolinarismo, ao

macedonismo ( que negava a divindade do Espirito Santo) e ao arianismo.

Definiu a igualdade das pessoas na Trindade em termos de atividade: os que

fazem as mesmas coisas têm a mesma natureza. No que se refere à pessoa de

Page 12: HISTÓRIA DA IGREJA - I - files.batistaraizes.comfiles.batistaraizes.com/200004832-ce77bd06c6/HISTÓRIA DA IGREJA... · O Deus redentor da igreja de Cristo ... Ao tempo em que são

Pr. Reginaldo Cresencio Igreja Batista RaízesAv.: Romualdo Vilani, 68 - Jardim Ipanema, São Carlos, SP.www.batistaraizes.com 11SEMINÁRIO TEOLÓGICO

IGREJA BATISTA RAÍZES

� Cristo, por causa da união das naturezas, os atributos próprios de cada uma das

naturezas pertencem a ambas, doutrina que seria conhecida posteriormente como communicatio idiomatum.

� Gregório de Nazianzo (329-389): Foi bispo de Sassima e, depois, de

Constantinopla. Era poeta destacado. Opôs-se ao arianismo, definindo o

relacionamento entre a Trindade em termos de origem: o Pai é sem origem, o

Filho é eternamente gerado, o Espirito Santo procede do Pai. Ao destacar a

necessidade da encarnação de Cristo para a salvaçãodo gênero humano, ele

afirmou que “aquilo que ele não assumiu ele não curou”.

Page 13: HISTÓRIA DA IGREJA - I - files.batistaraizes.comfiles.batistaraizes.com/200004832-ce77bd06c6/HISTÓRIA DA IGREJA... · O Deus redentor da igreja de Cristo ... Ao tempo em que são

Igreja Batista RaízesAv.: Romualdo Vilani, 68 - Jardim Ipanema, São Carlos, SP.www.batistaraizes.com

SEMINÁRIO TEOLÓGICOIGREJA BATISTA RAÍZES 12

Pais Latinos

Foram os Pais da Igreja que, ao longo dos primeiros sete séculos da história da igreja,

construíram, consolidaram e defenderam a fé, a liturgia e a disciplina cristãs.

Os que se destacaram no Ocidente foram:

* Cipriano de Cartago (c. 200-258). Bispo na África romana, esteve envolvido nas tentativas

de sanar o cisma liderado por Novaciano (c.200-257). Os

novacianos defendiam que quem tivesse apostatado da fé durante a

perseguição de Décio não poderia ser aceito de volta na igreja,

mesmo que se arrependesse. Por isso, exigiam o rebatismo para a

readmissão na igreja.

A posição do bispo africano era que os pecadores seriam

perdoados se mostrassem arrependimento verdadeiro, sendo aceitos

de volta na igreja.

Foi martirizado na perseguição movida pelo imperador Valeriano II.

* Hilário de Poitiers (c. 300-368). Bispo de Poitiers, na Gália, envolveu-se nas controvérsias

arianas e foi exilado pelo imperador na Frígia, onde entrou em

contato com a tradição teológica do Oriente. Foi durante este

desterro que escreveu sua principal obra, Tratado sobre a

Santíssima Trindade, contra os arianos. Ao retornar ao Ocidente,

continuou sua luta pela ortodoxia até sua morte.

* Ambrósio de Milão (339-397). Filho do governador da Gália, aclamado bispo antes de seu

batismo, grande teólogo e pregador, foi instrumental na conversão

de Agostinho. Afirmou a identidade da essência do Espírito Santo

com o Pai e o Filho, e sua terminologia serviu de base para as

formas definitivas propostas por Agostinho de Hipona. Foi um dos

principais defensores da independência da igreja frente ao império,

o que pode ser ilustrado no seu conflito com a imperatriz Justina

(340-391) e seu filho Valentiniano II (371-392) e na imposição de

uma penitência pública ao imperador Teodósio I, em 388.

Entre seus escritos, destacam-se: Sobre os mistérios e Sobre os sacramentos, nos quais trata

do batismo, da confirmação e da ceia.

Page 14: HISTÓRIA DA IGREJA - I - files.batistaraizes.comfiles.batistaraizes.com/200004832-ce77bd06c6/HISTÓRIA DA IGREJA... · O Deus redentor da igreja de Cristo ... Ao tempo em que são

Pr. Reginaldo Cresencio Igreja Batista RaízesAv.: Romualdo Vilani, 68 - Jardim Ipanema, São Carlos, SP.www.batistaraizes.com 13SEMINÁRIO TEOLÓGICO

IGREJA BATISTA RAÍZES

* Jerônimo de Strídon (348-392). Nascido na Dalmácia, foi o único Pai da Igreja a ter

familiaridade com latim, grego e hebraico, tendo preparado uma

das primeiras traduções das Escrituras. Para fazer a melhor

tradução possível, foi á Palestina e fundou um mosteiro em

Belém, onde viveu durante vinte anos, examinando todos os

manuscritos bíblicos que conseguiu localizar. Sua tradução para o

latim tornou-se conhecida como Vulgata Latina, ou seja, uma

tradução escrita na língua de pessoas comuns (vulgus). Ele não

incluiu os livros apócrifos em sua tradução do Antigo

Testamento. Embora não tenha sido imediatamente aceita, ela posteriormente se tornou o texto

bíblico oficial do cristianismo ocidental.

Jerônimo foi também um dos primeiros a tratar da questão do celibato e da virgindade

consagrada.

* Agostinho de Hipona (354-430). Bispo na província da Numídia, foi o maior de todos os

Pais da Igreja latina e se tornou um dos maiores teólogos e

filósofos da história. Passou por uma conversão dramática, na

qual as orações de sua mãe, Mônica (331-387), foram

instrumentais. Sua obra é imensa e abrange quase todos os temas

da fé e vivência cristãs, consistindo de diálogos filosóficos, obras

apologéticas teológicas e exegéticas, escritos eclesiásticos, cartas

e numerosos sermões. Entre seus principais livros, destacam-se:

Confissões, Da Trindade, Da doutrina cristã e A cidade de Deus.

Foi também ele quem definiu Trindade em termos de

relacionamento:

O Pai é diferente do Filho, por ser eternamente o Pai e relacionar-se com o Filho como um

Pai, o Filho é eternamente o Filho, e sempre obedece e se submete ao Pai, não porque seja

inferior, mas por ser o Filho; e o Espírito Santo é o vínculo de amor, que liga o Pai e o Filho.

A diferença entre as pessoas divinas esta no relacionamento que cada uma tem com a outra.

Ele também travou uma discussão acirrada inicialmente com os seguidores de Mani, da

qual saiu vitorioso, e posteriormente com os seguidores de Donato, os quais defendiam que a

igreja não deveria perdoar e readmitir os que caíram em pecados grosseiros e que os

sacramentos administrados pelos traditores (aqueles que negaram a fé durante a perseguição

e posteriormente foram perdoados e readmitidos na igreja) eram inválidos.

* Vicente de Lérins m. 450. Foi monge num mosteiro perto de Marselha, na Gália, e

semipelagiano quanto ás doutrinas da graça. Estabeleceu o

seguinte critério decisivo para saber se uma doutrina é

verdadeira ou falsa: ‘’ Conservemos aquilo que foi crido em todo

lugar, em todo tempo e por todos’’ (quad ubique, quod semper,

quod ab omnibus).

Page 15: HISTÓRIA DA IGREJA - I - files.batistaraizes.comfiles.batistaraizes.com/200004832-ce77bd06c6/HISTÓRIA DA IGREJA... · O Deus redentor da igreja de Cristo ... Ao tempo em que são

Pr. Reginaldo Cresencio Igreja Batista RaízesAv.: Romualdo Vilani, 68 - Jardim Ipanema, São Carlos, SP.www.batistaraizes.com 14SEMINÁRIO TEOLÓGICO

IGREJA BATISTA RAÍZES

A Renovação do Império

Em meio a uma situação política muito confusa, Diocleciano (244-311) assumiu o império,

pondo o fim á crise do terceiro século. Ele dividiu o império em Oriente e Ocidente.

Em 285, indicou seu colega Maximiano (250-310) para o cargo de Augusto - na prática, era

co-imperador, e em 293 indicou Galério (260-311) e Constâncio Cloro (250-306) como

Césares, co-imperadores juniores, formando um colégio império, embora fosse um governo

conjunto.

Nessa época, portanto, Roma deixou de ser formalmente a capital do império. A capital em

si passou a ser escolhida em função das necessidades militares de defesa das fronteiras:

Diocleciano escolheu Nicomédia, na Bitínia, Galério tinha sede em Sirmio, na Panônia,

Maximiano estabeleceu-se em Milão, na Itália, e Constâncio fixou-se em Trier, na Gália

Belga.

Rebeliões foram sufocadas na Britânia e no Egito, assim como os persas sass|ânidas, como

pouco ocorreu na história romana. Tendo-se aposentado voluntariamente em 305, Diocleciano

e Maximiano indicaram Galério e Constâncio como Augustos, e Maximiano Daia (270-313) e

Flávio Severo foram elevados á posição de Césares.

Com a morte de Constâncio Cloro, suas legiões na Britânia proclamaram como ‘’césar’’ seu

filho, Constantino (272-337), em York. Maxêncio, filho de

Maximiano, apoderou-se da Itália e da Áfricado Norte, com o

apoio guarda pretoriana, vencendo Severo. Com isso, Galério

apontou Licínio como ‘’augusto’’, e o império viu-se diante de

uma nova guerra civil que durou dezoito anos. Em meio a

sangrentas batalhas, Constantino restaurou o império de forma

supreendente, não tendo como base a religião pagã, mas

cristianismo. Antes da batalha da Ponte Mílvia, em 312,

Constantino teve uma visão de que, se ele se convertesse ao

cristianismo, venceria seu inimigo Maxêncio. Constantino se converteu, marcou os

estandartes de suas legiões com o labarum, formado pelas duas primeiras letras gregas do

nome de Cristo, x e p, e venceu.

Em 313, ele e Licínio, que reinava sobre o Oriente, promulgaram o Édito de Milão, na

época a capital imperial. Com isso, todas as perseguições aos cristãos no império foram

encerradas e a partir de então os cristãos tiveram liberdade de culto. E, depois de vencer

Licínio em Cibalis, o império provou um tempo de paz.

Pouco tempo depois, Licínio restaurou uma lei segundo a qual, para servir o império, era

preciso oferecer sacrifícios aos deuses. Muitos se recusaram, entre eles quarenta soldados da

legião XII Fulminata, que em 320 foram martirizados em Sebaste, na Armênia Menor.

Em 324, a guerra civil recomeçou. Constantino venceu o imperador do Oriente em três

batalhas: Adrianópolis, Helesponto e Crisópolis, finalmente, o império foi unificado, e a

capitaldo império do império passou a ser Constantinopla.

A Ascensão de Constantino

Page 16: HISTÓRIA DA IGREJA - I - files.batistaraizes.comfiles.batistaraizes.com/200004832-ce77bd06c6/HISTÓRIA DA IGREJA... · O Deus redentor da igreja de Cristo ... Ao tempo em que são

Igreja Batista RaízesAv.: Romualdo Vilani, 68 - Jardim Ipanema, São Carlos, SP.www.batistaraizes.com 15SEMINÁRIO TEOLÓGICO

IGREJA BATISTA RAÍZES

Os Concílios de Nicéia e Constantinopla

Ainda que tenha sido batizado antes de morrer, a partir de sua conversão a Cristo, o

imperador passou a ter deveres para com o cristianismo, Constantino deu apoio financeiro á

igreja, construi basílicas, concedeu privilégios ao clero (por exemplo, isenção de alguns

impostos), instituiu leis inspiradas pela fé protegendo crianças, escravos, aldeões e

prisioneiros, promoveu cristãos a cargos importantes, estabeleceu o Domingo como dia de

repouso semanal, devolveu os bens confiscados durante a perseguição de Diocleciano e lutou

pela a unidade da igreja. Não utilizou a fé cristã, mas serviu-a. E essa conversão mudou os

rumos da igreja e da história do Ocidente.

Em meio ás crises políticas do império, a igreja enfrentou uma série de ataques contra a

doutrina do ser de Deus e da pessoa de Cristo. O resultado desses debates foi formulação

bíblica de uma das mais importantes doutrinas cristãs. Uma primeira heresia sobre a Trindade

que a igreja enfrentou, muito popular nos dia atuais, foi o ensino de Sabélio de Pentápolis,

também conhecida por patripassianismo (monarquianismo modal). Ele propagou a noção de

que só existiria uma pessoa divina, Deus o Pai, que se manifestaria nas três formas, Pai, Filho

e Espiríto Santo. Deus seria uma pessoa que se transformou no transcorrer da história, o que

exclui a possibilidade de ele existir eternamente como três pessoas.

Outra heresia estava relacionada com Paulo de Samósata (200-275), bispo de Antioquia e

importante autoridade política no governo de Zenóbia, rainha de Palmira. Ele ensinou o

adocionismo (monarquismo dinamista), ou seja, Jesus seria um homem que foi revestido pelo

Verbo divino e que por ter sido deificado seria digno de honra, embora não pudesse ser

considerado Deus. Tais debates prepararam o terreno para a controvérsia ariana, a qual foi o

principal perigo que a igreja enfrentou, inclusive por causa dos desdobramentos políticos.

Com esta heresia, Ário (256-336), presbítero na igreja de Alexandria, ensinava que Cristo

era apenas uma criatura, e não o eterno Filho de Deus. Os debates eram consideravelmente

mais complicados, pois algumas vezes, os partidários desse homem usavam a linguagem

ortodoxa, reinterpretando-a, ainda que não acreditassem na divindade de Cristo.

Como a igreja respondeu a essas distorções do se de Deus? Para sanar as divisões que

ameaçavam destroçar a igreja, o imperador Constantino convocou o primeiro concílio

doutrinal da igreja, realizado na cidade de Niceia, na Ásia Menor, em 325.

Cerca de trezentos bispos e quase mil e quinhentos auxiliares reunidos, entre eles Atanásio,

elaboraram o Credo de Niceia. Este credo expressa precisamente a doutrina bíblica da

Trindade contra o arianismo. Constantino abriu a sessão na condição de presidente de honra e,

depois, assistiu ás sessões posteriores, visto que a direção das discussões teológicas coube ás

autoridade eclesiásticas do concílio.

Óssio de Córdoba, um dos principais conselheiros de Constantino, presidiu o concílio. A

assembléia afirmou que o Pai e o Filho são da mesma substância e coeternos, declarando que a

doutrina da Trindade esta ancorada na fé cristã histórica, transmitida desde os apóstolos.

Page 17: HISTÓRIA DA IGREJA - I - files.batistaraizes.comfiles.batistaraizes.com/200004832-ce77bd06c6/HISTÓRIA DA IGREJA... · O Deus redentor da igreja de Cristo ... Ao tempo em que são

Igreja Batista RaízesAv.: Romualdo Vilani, 68 - Jardim Ipanema, São Carlos, SP.www.batistaraizes.com 16SEMINÁRIO TEOLÓGICO

IGREJA BATISTA RAÍZES

Credo de Niceia

Essa posição foi reafirmada por uma revisão do Credo feita no I Concílio de

Constantinopla, em 381, que também tratou da pessoa do Espírito Santo. Esse concílio foi

convocado pelo imperador Teodósio I e presidido, entre outros, por Gregório de Nazianzo.

Nesse concílio, a posição de Macedônio, patriarca de Constantinopla, que negava a

divindade do Espírito Santo, foi rejeitada e considerada uma heresia. Por fim, a expressão ‘’e

do Filho’’ foi inserida no III Concílio de Toledo (589). Aos poucos adotada pela igreja

ocidental, a doutrina de que o Espírito Santo procede tanto do Pai quanto do Filho se tornou

um elemento importante na divisão entre as igrejas Oriental e Ocidental.

Ressalte-se ainda que o I Concílio de Niceia não encerrou os debates sobre a pessoa de

Cristo. Vários bispos e simpatizantes do arianismo foram banidos do império. Um deles foi o

bispo úlfilas (310-383), missionário e tradutor da Bíblia entre os bárbaros godos. Quando estes

invadiram o império, trouxeram de volta uma variante do arianismo. Constantino foi sucedido

por dois imperadores arianos do império oriental, seu filho Constâncio II e Valente, o que

trouxe sérios problemas para Óssio, Atanásio, Basílio e outros defensores do dogma trinitário.

(325 d.C. – revisado em Constantinopla em 381 d.C.)

Cremos em um só Deus, Pai, Todo-Poderoso, Criador de todas as coisas, visíveis e

invisíveis.

E em um só Senhor Jesus Cristo, o unigênito Filho de Deus, gerado pelo Pai antes de

todos os séculos, Luz da Luz, verdadeiro Deus de verdadeiro Deus, gerado, não criado,

de uma só substância com o Pai, pelo qual todas as coisas foram feitas; o qual, por nós

homens e por nossa salvação, desceu dos céus, foi feito carne pelo Espírito Santo e da

Virgem Maria, e tornou-se homem, e foi crucificado por nós sob Pôncio Pilatos, e

padeceu e foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, conforme as Escrituras, e subiu aos

céus e assentou-se à direita do Pai, e de novo há de vir com glória para julgar os vivos e

os mortos, e o seu reino não terá fim.

E no Espírito Santo, Senhor e Vivificador, que procede do Pai e do Filho, que com o

Pai e o Filho conjuntamente é adorado e glorificado, que falou através dos profetas. E na

igreja una, santa, universal e apostólica. Confessamos um só batismo para remissão dos

pecados. Esperamos a ressurreição dos mortos e a vida do século vindouro. Amém.

Page 18: HISTÓRIA DA IGREJA - I - files.batistaraizes.comfiles.batistaraizes.com/200004832-ce77bd06c6/HISTÓRIA DA IGREJA... · O Deus redentor da igreja de Cristo ... Ao tempo em que são

Controvérsia sobre a doutrina da graça

Na época anterior ao Concílio de Niceia, a doutrina da salvação era uma questão ambígua

entre os escritos cristãos. A atitude dos Pais Latinos sobre o problema do livre-arbítrio era

diferente da atitude dos Pais Gregos. Estes últimos partiam do intelecto, entendendo que a

vontade esta subordinada a ele e opera por meio dele. Desse modo, o que o homem pensa

poderá fazer. Além disso, consideravam que o homem opera o começo de sua salvação,

para, depois, Deus cooperar com a graça. Em contrapartida, para os latinos, a vontade

ocupa posição autônoma. Dessa forma, por causa da ênfase na doutrina do pecado original,

eles enfatizavam que Deus começaria a obra e, depois, o homem cooperaria com sua

vontade, ressaltando com veemência a obra da graça, ainda que não exclusiva. Os mestres

orientais enfatizaram, então, uma sinergia divina, e os ocidentais uma sinergia humana.

Sendo assim, no século V, surge pela primeira vez a controvérsia sobre a doutrina da

eleição e da predestinação. Pelágio (350-423), famoso por sua disciplina moral, ao chegar

em Roma, em torno de 400, começou a ensinar os seguintes pontos: Adão foi criado mortal

e teria morrido, quer tivesse pecado, quer não; o pecado de Adão contaminou somente ele,

e não a raça humana; as crianças recém-nascidas estão no mesmo estado em que estava

Adão antes da queda; a raça humana inteira nem morre por causa da morte de Adão, nem

ressuscita pela ressurreição de Cristo; a lei, tanto quanto o evangelho, conduz ao reino do

céus; mesmo antes da vinda de Cristo, houve homens sem pecado. Agostinho se opôs a

esses ensinos, e sua resposta foi abrangente: na criação, Adão tinha capacidade de pecar e a

capacidade de não pecar. Contudo, a partir da queda de Adão, a humanidade se tornou

totalmente depravada, ou seja, todas as esferas de nossa humanidade (razão, vontades e

afetos), tornaram-se escravas do pecado. Como herança maldita, recebida de Adão, a

natureza humana passou a ser escrava do pecado e tornou-se sujeita à morte. Na criação,

Adão foi feito com capacidade de morrer e de não morrer. Depois da queda, a morte entrou

no mundo, e todos os descendentes de Adão foram colocados sob a sua maldição. O

homem caído agora é incapaz de não morrer. Como resultado, a humanidade continua

tendo livre-arbítrio, mas não mais liberdade, a vontade humana não é mais dona de si

mesma. A humanidade livremente escolhe o pecado. Em decorrência disso, o ser humano é

incapaz de até mesmo buscar a Deus sem o socorro da graça especial. Assim, somos

redimidos somente por causa da eleição livre e incondicional de Deus. Em sua maravilhosa

graça, Deus escolhe pecadores, na eternidade, não por mera previsão de fé ou obras, mas de

forma soberana e livre, por sua graça e para sua glória. Na época, a igreja condenou

formalmente o pelagianismo como heresia nos concílios de Cartago (418), de Éfeso (431)

e, finalmente, no Segundo Sínodo de Orange (529).

Igreja Batista RaízesAv.: Romualdo Vilani, 68 - Jardim Ipanema, São Carlos, SP.www.batistaraizes.com 17SEMINÁRIO TEOLÓGICO

IGREJA BATISTA RAÍZES

POSIÇÃO PRINCIPAIS DEFENSORES RESUMO

Pelagianismo Pelágio, Juliano de Eclano e Celéstio O homem nasce essencialmente bom e é capaz de fazer o necessário para a salvação

Agostiniano Agostinho de HiponaO homem esta morto no pecado, a salvação é totalmente pela graça de Deus, que é dada

apenas aos eleitos.

Semipelagianismo João Cassiano

A graça de Deus e a vontade do homem trabalham juntas na salvação, na qual o homem

deve tomar a iniciativa.

Semiagostinianismo Cesário de Arles

A graça de Deus estende-se a todos, capacitando uma pessoa a escolher e fazer o necessário

para a salvação.

A controvérsia pelagiana e seus desdobramentos

Page 19: HISTÓRIA DA IGREJA - I - files.batistaraizes.comfiles.batistaraizes.com/200004832-ce77bd06c6/HISTÓRIA DA IGREJA... · O Deus redentor da igreja de Cristo ... Ao tempo em que são

O Concílio de Calcedônia

Em meados do quarto século, vários ensinos heréticos ameaçavam a compreensão que a

igreja tinha da pessoa de Cristo.

� O primeiro foi proposto por Apolinário (310-390), bispo de Laodiceia, na Síria,

que negou a existência de um alma humana racional na natureza de Cristo, sendo

esta substituída nele pelo Logos divino. Dessa forma, seu corpo seria, então,

uma forma glorificada de humanidade.

� O segundo foi a posição controvertida de Nestório (380-451), que argumentou

haver em Cristo duas pessoas distintas, uma humana e outra divina, completas

de tal forma que constituiriam dois entes independentes.

� A terceira posição era a de Êutico (378-454), que afirmava que a natureza divina

de Cristo absorveu a natureza humana. Então, Cristo teria uma única natureza, a

divina, revestida de carne humana, posição conhecida como monofisismo.

Para preservar a unidade na igreja, foi convocado o Concílio de Calcedônia (451) pelo

imperador, Marciano (396-457), e por sua esposa, Pulquéria (399-453), nesse concílio foi fornecido uma definição de fé para tratar do mistério do Verbo que se fez carne (Jo

1.14)

Todos nós, perfeitamente unânimes, ensinamos que se deve confessar um só e mesmo

Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, perfeito quanto à divindade, perfeito quanto à

humanidade, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, constando de alma racional e de

corpo; consubstancial [hommoysios] ao Pai, segundo a divindade, e consubstancial a

nós, segundo a humanidade; “em todas as coisas semelhante a nós, excetuando o pecado”, gerado segundo a divindade antes dos séculos pelo Pai e, segundo a

humanidade, por nós e para nossa salvação, gerado da Virgem Maria, mãe de Deus

[Theotókos]; Um só e mesmo Cristo, Filho, Senhor, Unigênito, que se deve confessar,

em duas naturezas, inconfundíveis e imutáveis, conseparáveis e indivisíveis;[1] a

distinção da naturezas de modo algum é anulada pela união, mas, pelo contrário, as

propriedades de cada natureza permanecem intactas, concorrendo para formar uma só

pessoa e subsistência [hypóstasis]; não dividido ou separado em duas pessoas. Mas um

só e mesmo Filho Unigênito, Deus Verbo, Jesus Cristo Senhor; conforme os profetas outrora a seu respeito testemunharam, e o mesmo Jesus Cristo nos ensinou e o credo

dos padres nos transmitiu.

Igreja Batista RaízesAv.: Romualdo Vilani, 68 - Jardim Ipanema, São Carlos, SP.www.batistaraizes.com 18SEMINÁRIO TEOLÓGICO

IGREJA BATISTA RAÍZES

Page 20: HISTÓRIA DA IGREJA - I - files.batistaraizes.comfiles.batistaraizes.com/200004832-ce77bd06c6/HISTÓRIA DA IGREJA... · O Deus redentor da igreja de Cristo ... Ao tempo em que são

A queda de Roma

Em 410, o mundo romano ficou aturdido ao ouvir que os bárbaros godos liderados por

Alarico (375-410) tinham capturado e saqueado Roma, o coração simbólico do império,

nessa época, a capital imperial ocidental se encontrava em Ravena. Ainda que o exército

romano do Ocidente, sob o comando de Flávio Aécio (396-454), conhecido como “últimos

dos romanos”, tenha conseguido uma última e brilhante vitória na batalha dos Campos

Cataláunicos (451), no nordeste da Gália, sobre os temíveis hunos, tribo de nômades da

Ásia Central, o poder romano desmoronou no Ocidente. Todas as províncias do Império

Romano Ocidental já eram dominadas pelos bárbaros, e os imperadores eram meros

fantoches deles. O Império Romano Ocidental foi, então, retalhado por hordas de tribos

bárbaras que, no passado, viviam fora das fronteiras do império, às margens dos rios Reno e

Danúbio. A parte oriental do império, englobando Grécia, Ásia Menor, Egito, Síria e Palestina, foi preservada no Império Romano do Oriente, que se tornou o Império Bizantino

e sobreviveu até a queda de Constantinopla (1453).

Igreja Batista RaízesAv.: Romualdo Vilani, 68 - Jardim Ipanema, São Carlos, SP.www.batistaraizes.com 19SEMINÁRIO TEOLÓGICO

IGREJA BATISTA RAÍZES

Page 21: HISTÓRIA DA IGREJA - I - files.batistaraizes.comfiles.batistaraizes.com/200004832-ce77bd06c6/HISTÓRIA DA IGREJA... · O Deus redentor da igreja de Cristo ... Ao tempo em que são

Igreja Batista RaízesAv.: Romualdo Vilani, 68 - Jardim Ipanema, São Carlos, SP.www.batistaraizes.com 20SEMINÁRIO TEOLÓGICO

IGREJA BATISTA RAÍZES

OS SETE CONCÍLIOS ECUMÊNICOS

Na história do cristianismo, os Sete Concílios Ecumênicos começaram com o I Concílio de

Niceia (325) e vão até o II Concílio de Niceia (787). Essas assembléias foram chamadas de

‘’ecumênicas’’ por reunirem bispos e presbíteros que representavam as igrejas cristãs

espalhadas por todo o Império Romano, numa tentativa de afirmar um consenso doutrinal

ortodoxo e estabelecer uma cristandade unificada. Todos esses concílios ocorreram no Oriente.

Os temas tratados nos sete primeiros concílios ecumênicos foram:

* I Concílio de Niceia (325).

Cerca de 300 bispos de todas as regiões do império puderam estar presentes.

Decisões principais: afirmou a igualdade de natureza entre o Pai e o Filho; refutou o

arianismo, tratou da celebração da Páscoa, do cisma de Melécio, bispo de Licópolis, da

necessidade do rebatismo dos heréticos, do estatuto dos prisioneiros na perseguição movida

pelo imperador Licínio, discutiu a organização da igreja em províncias, pondo sob

consideração o fato de os bispos de Roma, no Ocidente, e de Jerusalém, Cesaréia, Antioquia,

Alexandria e Constantinopla, no Oriente, terem mais autoridade.

* I Concílio de Constantinopla (381).

Participaram cerca de 150 bispos, sem representantes ocidentais.

Decisões principais: revisou o Credo de Niceia, afirmou a divindade do Espírito Santo,

condenou qualquer tipo de arianismo, tratou da criação de um patriarcado para Constantinopla

e da recepção de hereges na igreja.

* I Concílio de Éfeso (431).

Entre 200 e 250 bispos, inclusive representantes da igreja ocidental, participaram do

concílio, que teve em Cirilo de Alexandria um de seus protagonistas.

Decisões principais: depôs Nestório, condenou o nestorianismo, o arianismo e o

sabelianismo como heréticos, condenou Pelágio, asseverou o Theotokos.

* Concílio de Calcedônia (451).

Participaram cerca de 370 bispos ou presbíteros, e a influência de Leão, bispo de Roma, foi

decisiva.

Decisões principais: afirmou a unidade das duas naturezas, completas e perfeitas em Jesus

Cristo, humana e divina, condenou a simonia, casamentos mistos e ordenações sem que o

novo clérigo tivesse uma função pastoral, depôs e condenou Êutico e Dióscoro I (444-451),

patriarca de Alexandria, aprovou a carta dogmática Tomo a Flaviano, de Leão.

* II Concílio de Constantinopla (553).

Foi convocado pelo imperador bizantino Justiniano I (483-565) e contou com a presença de

152 bispos, incluindo sete da África e nove da Ilíria, mas sem representantes da Itália.

1

1. Theotokos (grego: Θεοτόκος, transliteração: Theotókos) é o título grego de Maria, usado especialmente na Igreja Ortodoxa e Igrejas Orientais Católicas. Sua tradução literal para o português inclui "portadora de Deus".

Page 22: HISTÓRIA DA IGREJA - I - files.batistaraizes.comfiles.batistaraizes.com/200004832-ce77bd06c6/HISTÓRIA DA IGREJA... · O Deus redentor da igreja de Cristo ... Ao tempo em que são

Igreja Batista RaízesAv.: Romualdo Vilani, 68 - Jardim Ipanema, São Carlos, SP.www.batistaraizes.com 21SEMINÁRIO TEOLÓGICO

IGREJA BATISTA RAÍZES

Decisões principais: condenou os Três Capítulos escritos por Teodoro de Mopsuéstia, (350-

428), Teodoreto de Ciro (393-457) e Ibas de Edessa, condenou o monofisismo.

* III Concílio de Constantinopla (680).

Reuniram-se cerca dc 300 representantes, inclusive da igreja de Roma, 174 representantes

assinaram as resoluções finais.

Decisões principais: afirmou que Jesus Cristo tem duas vontades, a divina e a humana,

condenou o monotelismo, que ensinava que Cristo teria somente uma vontade, a divina,

considerou o papa Honório (638) herético.

* II Concílio de Niceia (787).

Foi convocado por Irene (752-803), mãe do imperador bizantino Constantino VI (771-797),

para encerrar a controvérsia iconoclasta. Reuniram-se cerca de 350 participantes, inclusive

dois representantes da igreja de Roma.

Decisões principais: aprovou a veneração dos ícones, pois tal adoração não se dirigia ás

gravuras em si, mas aos que estavam representados nelas, recuperando com isso a união com a

igreja ocidental; condenou os iconoclastas.

2. (do grego εικών, transl. eikon, "ícone", imagem, e κλαστειν, transl. klastein, "quebrar", portando "quebrador de imagem") foi um Iconoclastia ou Iconoclasmomovimento político-religioso contra a veneração de ícones e imagens religiosas no Império Bizantino que começou no início do século VIII e perdurou até ao século IX. 1 Os iconoclastas acreditavam que as imagens sacras seriam ídolos, e a veneração e o culto de ícones por conseqüência, - idolatria.Em oposição a iconoclastia existe a iconodulia ou iconofilia (do grego que significa "venerador de imagem"), ao qual defende o uso de imagens religiosas, "não por crer que lhes seja inerente alguma divindade ou poder que justifique tal culto, ou porque se deva pedir alguma coisa a essas imagens ou depositar confiança nelas como antigamente faziam os pagãos, que punham sua esperança nos ídolos [cf. Sl 135, 15-17], mas porque a honra prestada a elas se refere aos protótipos que representam, de modo que, por meio das imagens que beijamos e diante das quais nos descobrimos e prostamos, adoramos a Cristo e veneramos os santos cuja semelhança apresentam.

2

BIBLIOGRAFIA

Ferreira, Franklin. A Igreja Cristã na História. Das Origens aos dias Atuais.BANCROFT, Emery H.. Teologia Elementar; Doutrinária e Conservadora. São Paulo: IBR, 1966.https://pt.wikipedia.org/wiki/TheotokosColaboradores: Diego Cardoso; Reginaldo Cresencio