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História da Política Externa Brasileira DAESHR024-14SB/NAESHR024-14SB (4-0-4) Professor Dr. Demétrio G. C. de Toledo – BRI [email protected] UFABC – 2018.II (Ano 3 do Golpe) Aula 8 5ª-feira, 28 de junho

História da Política Externa Brasileira · CERVO, A. L., BUENO, C. (2017) “Transiçãodo período Vargas (1930-1945): nova percepção do interesse nacional”,p. 251-287. BIELCHOWSKY,

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História da Política Externa Brasileira

DAESHR024-14SB/NAESHR024-14SB

(4-0-4)

Professor Dr. Demétrio G. C. de Toledo – BRI

[email protected]

UFABC – 2018.II

(Ano 3 do Golpe)

Aula 8

5ª-feira, 28 de junho

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Blog da disciplina:

https://hpebufabc.wordpress.com/

No blog você encontrará todos os materiais do curso:

• Programa

• Textos obrigatórios e complementares

• ppt das aulas

• Links para sites, blogs, vídeos, podcasts, artigos e outros materiais de interesse

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Horários de atendimento extra-classe:

• São Bernardo, sala D-322, Bloco Delta, 5as-feiras, das14h00-15h00 e 17h30-18h30 (é só chegar)

• Atendimentos fora desses horários, combinar por emailcom o professor: [email protected]

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Aula 8 (5a-feira, 28 de junho): A política externa dabarganha: 1930 – 1942

Texto base

MOURA, G. (1980) “Os reajustes políticos: o equilíbrio difícil(1938-1939)”, p. 105-134.

Textos complementares

CERVO, A. L., BUENO, C. (2017) “Transição do período Vargas(1930-1945): nova percepção do interesse nacional”, p. 251-287.

BIELCHOWSKY, R. (2000) “Algumas características básicas doquadro analítico subjacente ao debate desenvolvimentistabrasileiro”, p. 11-35.

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A PEB no entreguerras: o primeiro governo Vargas

• Crise de 1929

• Política de valorização do café

• Estado Novo, 1937

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A Política Externa do governo Vargas

• A política externa do governo Vargas desempenhou

papel fundamental no processo de industrialização do

Brasil

• Aquelas de vocês que cursaram EDEBC se lembram de

que o Brasil enfrentava dois constrangimentos

fundamentais para sua industrialização:

– Escassez de capital

– Escassez de tecnologia

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A Política Externa do governo Vargas

• Nem capital nem tecnologia estavam disponíveis em

quantidade e qualidade suficientes no Brasil. Era

necessário, portanto, buscar no exterior esses insumos

básicos para a industrialização

• Vargas vai buscar esses insumos no exterior por meio de

sua política externa

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A Política Externa do governo Vargas

• Para isso, Vargas vai ter que se equilibrar entre forças em

disputa tanto no plano interno como no plano externo.

Gerson Moura (1980) vai chamar essa estratégia de

política interna e externa de “equidistância pragmática”:

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A Política Externa do governo Vargas

• “O período (...) 1935-1942 se caracteriza pela presença

de dois ‘sistemas de poder’ concorrentes no plano

internacional, ansiosos por ampliar e solidificar alianças,

tratando para isso de fazer concessões e acenando com

as vantagens de sua proteção. Fosse por motivos mais

estritamente econômicos (fornecimento de produtos

primários) ou estratégicos (alinhamento e colaboração

ampla), Alemanha e Estados Unidos disputam o Brasil, e

esse fato alarga os limites da decisão e ação do Estado

Brasileiro”. (Moura 1980: 62)9

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A Política Externa do governo Vargas

• “(...) Minha hipótese mais específica de trabalho é a de que as

decisões da política externa brasileira nesse período

respondem mais diretamente à dinâmica da conjuntura

política brasileira. Nesta, por sua vez, ocorre uma completa

divisão, tanto nas instâncias centrais quanto nas instâncias

inferiores de decisão, e a política externa reflete essa

indefinição da luta política (que não se deve atribuir à

‘ambiguidade de Getúlio Vargas’), apresentando-se ela

própria como uma política de indefinições, ou de

equidistância pragmática entre os centros hegemônicos

emergentes”. (Moura 1980: 63)10

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• “A equidistância de 1935-1941 produziu ganhos

significativos no plano internacional e aumentou sem

dúvida o poder de barganha do governo brasileiro. Esses

ganhos do período não são o resultado de virtualidades

da ‘elite brasileira’ (...), mas o resultado geral de um

quadro que se caracteriza pelo recuo das potências

tradicionais, a competição de dois sistemas de poder

nascentes, e a divisão interna nas instâncias de decisão

do Estado brasileiro”. (Moura 1980: 63)

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• “(...) O dado significativo da conjuntura está exatamente

em que essas economias centrais não são apenas dois

polos dominantes exercendo o mesmo tipo de influência

sobre o polo subordinado; elas são o fundamento de dois

sistemas de poder em confronto, e é esse dado que

possibilita algum ganho por parte da economia

dependente”. (Moura 1980: 64)

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• “A possibilidade de o Brasil se alinhar à Alemanha não

era inteiramente despropositada, mas nem a isso

necessitava chegar o governo Vargas; bastava-lhe manter

a indefinição para dispor de recursos maiores de poder

para a barganha”. (Moura 1980: 65-66)

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• “(...) O Brasil. Este, por seus recursos e sua posição no

continente, tinha uma importância vital para o sistema norte-

americano e isso lhe conferiu um poder de barganha que

permitiu a negociação do alinhamento a partir de 1941/42.

(...) Tratava-se naturalmente de um poder limitado, mas nem

por isso menos real. A equidistância tinha seus próprios

limites e o ‘Estado de compromisso’, num momento de

polarização mundial, não podia pensar suas opções em

termos de alinhamento aos Estados Unidos versus

alinhamento à Alemanha”. (Moura 1980: 66)14

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• “(...) Política externa brasileira de 1935 a 1942, que

transita da equidistância pragmática para o alinhamento

aos Estados Unidos”. (Moura 1980: 67)

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• “(...) Não existia uma hegemonia absoluta dos Estados Unidos

sobre o continente em geral e o Brasil em particular. A

‘preeminência’ americana não era pacífica, pelo contrário,

dependia de um esforço ativo para sua consecução (...). Em

outras palavras, os Estados Unidos precisavam ganhar o apoio

brasileiro, mas este não vinha como resultado automático da

geografia, da história ou do comércio. As autoridades

brasileiras, aliás, perceberam o fato e trataram de explorá-lo

ao máximo (...), mantendo e ampliando o comércio com a

Alemanha”. (Moura 1980: 98)16

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• “No Brasil, vimos que a clivagem dos grupos sociais e

políticos diretamente interessados e envolvidos na

questão do comercio exterior se fazia em torno da

questão protecionismo versus livre-cambismo, que

ecoava a controvérsia industrialismo versus

complementaridade primário-exportadora. Essas

proposições básicas geravam perspectivas divergentes de

comercio internacional e quase inevitavelmente

produziam alinhamentos pró-Alemanha e pró-EUA”.

(Moura 1980: 99)17

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• “(...) O processo decisório no plano de comercio exterior

acaba se caracterizando por um compromisso entre as

duas orientações, o que na prática se traduzia por uma

dupla aproximação a um e outro sistema de poder – que

chamamos anteriormente de equidistância pragmática”.

(Moura 1980: 99)

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• “A divisão confere um grau de liberdade razoável ao

governo Vargas para mover-se ora em direção a novas

vantagens econômicas oferecidas pela Alemanha, ora às

exigências de competição leal feita pelos Estados

Unidos”. (Moura 1980: 99)

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A Política Externa do governo Vargas

• “Contudo, a liberdade que o governo brasileiro extrai

dessa situação não é irrestrita nem ilimitada no tempo.

Não é ilimitada porque a Segunda Guerra Mundial se

encarregou de eliminar um dos sistemas, rompendo o

equilíbrio. E não é irrestrita, porque tanto o comércio

compensado como o livre-comércio fundamentavam-se

na complementaridade das economias”. (Moura 1980:

100)

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• Os grandes problemas e a busca de soluções:

– Questão do reequipamento militar

– Problema siderúrgico

– Questões comerciais e financeiras

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• “O governo norte-americano considerou a missão Aranha

[missão do ministro do MRE Oswaldo Aranha, em 1938]

uma oportunidade para rever o conjunto das relações

econômicas e políticas entre Brasil e Estados Unidos”.

(Moura 1980: 115)

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• “Nas discussões preliminares, no interior do governo

norte-americano, havia um certo consenso em torno da

necessidade de tornar efetiva a assistência econômica ao

Brasil, de modo a reequilibrar sua situação econômica,

como meio adequado de assegurar a normalização das

relações com os Estados Unidos, isto é, vencer a

competição com a Alemanha e ligar mais firmemente o

Brasil ao sistema de poder norte-americano”. (Moura

1980: 116)

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• “Havia o que poderíamos chamar de abordagem

‘primário-exportadora’, que punha ênfase apenas em

questões cambiais e comerciais, enquanto outra, que

chamaremos de ‘industrialização limitada’, privilegiava

questões de desenvolvimento industrial do Brasil”.

(Moura 1980: 116)

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• “Veremos, contudo que no curso concreto das

negociações prevaleceu a abordagem ‘primário-

exportadora’, que prometia resultados palpáveis a mais

curto prazo”. (Moura 1980: 116)

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• “A visão do Ministro Aranha se coadunava perfeitamente

com a abordagem ‘primário-exportadora a propósito das

relações econômicas entre Brasil e Estados Unidos”.

(Moura 1980: 122)

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• “(...) Era também preciso evitar suas [Brasil] pretensões

autonomistas e não empresariar projetos de corte

nacionalista que escapassem ao controle norte-

americano. Por isso, a grande siderurgia não foi objeto de

consideração da missão Aranha, embora se constituísse

um objetivo prioritário do governo Vargas”. (Moura 1980:

122)

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• Inicialmente, a PEB não passa por alterações

significativas, exceto no plano puramente comercial:

líderes da Revolução de 1930 não estão preocupados

com a inserção internacional: são chefes políticos

provincianos. Inércia leva à manutenção dos princípios

liberais, temperados com ações defensivas movidas pela

necessidade.

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• A partir de 1934 (ano da ascensão da Alemanha, início

da disputa- novo clima internacional) o Brasil deixa de

lado a orientação liberal para se guiar pelo

pragmatismo.

• PEB vive três momentos importantes: equidistância

pragmática (1934-38), adesão negociada (1938-41)

busca de parceria especial (1941-1945)

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A Política Externa do governo Vargas

• Temas que vão surgir com a PEB de GV

– Vinculação entre desenvolvimento nacional política

externa

– Pragmatismo da política externa

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