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2212 Revista de Divulgação Científica em Língua Portuguesa, Linguística e Literatura Ano 16 - n.25 – 1º semestre– 2020 – ISSN 1807-5193 HISTÓRIAS DE ENSINO DE LÍNGUA INGLESA: LITERATURA E TECNOLOGIA Vitor Martins Vilela Mestrando em Estudos Literários pelo Programa de Pós- Graduação em Estudos Literários da Universidade Federal de Uberlândia (PPLET-UFU) e Pós-Graduando em Tecnologias, Linguagens e Mídias na Educação pelo Instituto Federal do Triângulo Mineiro (IFTM) em Uberlândia, Minas Gerais, Brasil. Gyzely Suely Lima Doutora em Estudos Linguísticos (UFU) e Docente no Instituto Federal do Triângulo Mineiro (IFTM). RESUMO: Considerando minha experiência como professor de língua inglesa, acredito que a literatura se mostra como uma grande aliada para o ensino de línguas, uma vez que trabalha com a imaginação, engaja os seus ouvintes em histórias divertidas e estão cheias de informações culturais. Assim, não devemos nos atentar à mera decodificação, mas sim às possibilidades de trabalhar com textos literários de forma a propiciar o letramento em língua estrangeira e as percepções de uma linguagem multimodal. Neste sentido, a proposta deste estudo consistiu em analisar o desenvolvimento de atividades literárias de ensino de língua inglesa com o uso de recursos tecnológicos digitais, e por vezes recursos não digitais, configurando-se o contexto de ensino híbrido. Vale atentar-se que a contação de histórias é uma tradição resgatada e que se contrapõe a um momento ao qual estamos muito mais conectados a informações visuais, inseridos em uma sociedade ocularcentrência (MIRZOEFF, 1998) de imagens em abundância e prontas para serem manipuladas. Para tanto, baseando-se nos pressupostos teórico-metodológicos da Pesquisa Narrativa (CONNELLY & CLANDININ, 2010) os textos de pesquisa foram construídos a partir de de notas de campo, fotos e material didático utilizado propiciando a análise da experiência docente nesse processo de ensino de inglês. Como resultados, destacamos: maior engajamento dos alunos com as atividades propostas. PALAVRAS-CHAVE: Pesquisa Narrativa. Ensino de Inglês. Formação de professor. ABSTRACT: Considering my experience as an English teacher, I believe that literature can be a great ally to language teaching once they work with imagination, engage listeners in great stories and are filled with cultural information. Therefore, we shouldn’t only decode language, but consider possibilities of developing activities with literature as a way of promoting literacy in a foreign language and the perception of the multimodality of languages. For this reason, this study analyzes the development of literature activities when teaching English along with the use of technological and digital resources, and also non-digital resources which designs the context of a hybrid education. It’s valuable to take into consideration that telling stories and the tradition of telling them opposes a moment that we are much more connected to visual information and inserted in an Ocularcentric society (MIRZOEFF, 1998) with images

HISTÓRIAS DE ENSINO DE LÍNGUA INGLESA ......Rildo Cosson (2006), diz que concerne à literatura tornar o mundo mais compreensível e, além disso, define o termo letramento literário

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    Revista de Divulgação Científica em Língua Portuguesa, Linguística e Literatura

    Ano 16 - n.25 – 1º semestre– 2020 – ISSN 1807-5193

    HISTÓRIAS DE ENSINO DE LÍNGUA INGLESA: LITERATURA E

    TECNOLOGIA

    Vitor Martins Vilela Mestrando em Estudos Literários pelo Programa de Pós-

    Graduação em Estudos Literários da Universidade Federal

    de Uberlândia (PPLET-UFU) e Pós-Graduando em

    Tecnologias, Linguagens e Mídias na Educação pelo

    Instituto Federal do Triângulo Mineiro (IFTM) em

    Uberlândia, Minas Gerais, Brasil.

    Gyzely Suely Lima Doutora em Estudos Linguísticos (UFU) e Docente

    no Instituto Federal do Triângulo Mineiro (IFTM).

    RESUMO: Considerando minha experiência como professor de língua inglesa, acredito que a literatura se mostra como uma grande aliada para o ensino de línguas, uma vez que trabalha

    com a imaginação, engaja os seus ouvintes em histórias divertidas e estão cheias de

    informações culturais. Assim, não devemos nos atentar à mera decodificação, mas sim às

    possibilidades de trabalhar com textos literários de forma a propiciar o letramento em língua

    estrangeira e as percepções de uma linguagem multimodal. Neste sentido, a proposta deste

    estudo consistiu em analisar o desenvolvimento de atividades literárias de ensino de língua

    inglesa com o uso de recursos tecnológicos digitais, e por vezes recursos não digitais,

    configurando-se o contexto de ensino híbrido. Vale atentar-se que a contação de histórias é

    uma tradição resgatada e que se contrapõe a um momento ao qual estamos muito mais

    conectados a informações visuais, inseridos em uma sociedade ocularcentrência (MIRZOEFF,

    1998) de imagens em abundância e prontas para serem manipuladas. Para tanto, baseando-se

    nos pressupostos teórico-metodológicos da Pesquisa Narrativa (CONNELLY &

    CLANDININ, 2010) os textos de pesquisa foram construídos a partir de de notas de campo,

    fotos e material didático utilizado propiciando a análise da experiência docente nesse processo

    de ensino de inglês. Como resultados, destacamos: maior engajamento dos alunos com as

    atividades propostas.

    PALAVRAS-CHAVE: Pesquisa Narrativa. Ensino de Inglês. Formação de professor.

    ABSTRACT: Considering my experience as an English teacher, I believe that

    literature can be a great ally to language teaching once they work with imagination,

    engage listeners in great stories and are filled with cultural information. Therefore, we

    shouldn’t only decode language, but consider possibilities of developing activities with

    literature as a way of promoting literacy in a foreign language and the perception of

    the multimodality of languages. For this reason, this study analyzes the development

    of literature activities when teaching English along with the use of technological and

    digital resources, and also non-digital resources which designs the context of a hybrid

    education. It’s valuable to take into consideration that telling stories and the tradition

    of telling them opposes a moment that we are much more connected to visual

    information and inserted in an Ocularcentric society (MIRZOEFF, 1998) with images

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    ready to be manipulated. Finally, based on the methodology and theories of the

    Narrative Research (CONNELLY & CLANDININ, 2010) the texts for it were done

    through field notes, pictures and pedagogical material used which promoted the

    teaching analyses of the experience in teaching English. As one of the results, we

    highlighted a better engagement of students with the proposed activities.

    KEYWWORDS: narrative research. English teaching. Teaching formation

    ERGUENDO A GRANDE LONA

    As histórias fazem parte da vida do ser humano, por meio dos diversos tipos de

    linguagem tentamos ser entendidos e tentamos também entender outras pessoas. É assim que

    nossas histórias de vida nos constituem como indivíduos e interagem entre si. Ao

    experimentar e vivenciar acontecimentos de nossas vidas encontramos os elementos

    necessários para as criações de nossas próprias histórias. Aos olhos de Bakhtin (1981) o

    homem é um ser social e histórico e, na relação com o outro, as práticas são intermediadas

    pela linguagem, se constituindo então o momento em que o sujeito se forma de maneira

    singular. Por isso, é importante pensar que por meio das nossas experiências e vivências,

    que são sempre moldadas pela interação com o outro, construímos histórias significativas de

    nossas vidas. Ainda levando em consideração Bakhtin (1981) nossas falas estão repletas das

    palavras do outro e partir delas assimilamos, reestruturamos e modificamos o que nos é

    transmitido, descobrimos, portanto, graus diferentes de alteridade.

    Nessa perspectiva, é importante valorizar e intensificar a contação de histórias na

    educação por meio de atividades que deem voz aos estudantes e que promovam uma

    interação entre eles. Nesse sentido, temos um aliado essencial para que esse objetivo

    educacional se concretize: a literatura. Faria et al (2017) ressalta que:

    A literatura oral amplia o vocabulário e o mundo das ideias na mesma medida em que

    atrai a atenção da criança, pois é uma atividade lúdica, pedagógica e interdisciplinar

    que instrui, estimula o cognitivo, educa a atenção, aviva os sonhos, ampliam as

    possibilidades de ver e compreender o mundo, assim como o de se autoconhecer,

    construindo sua identidade e personalidade de forma espontânea e livre de repressão.

    FARIA ET ALL (2017, p.36)

    É por meio da contação de histórias que muitos professores introduzem o mundo

    literário para muitas crianças. A maioria delas se encantam com as histórias que são contadas

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    e cada vez mais percebemos a importância de se produzir aulas diferentes que vão muito

    além da interpretação dirigida com perguntas e respostas, a tradução de textos e o

    preenchimento de fichas literárias. Segundo Faria et al. (2017) a contação de histórias

    quando bem planejadas contribui para aprendizagens múltiplas.

    Por isso, para se produzir aulas de ensino de inglês diferentemente do padrão tradicional

    da abordagem de ensino de vocabulário e gramática descontextualizado e, por isso,

    atividades que envolvem as concepções de metodologias ativas e ensino híbrido. Moran

    (2018) diz que a aprendizagem mais profunda requer espaços de prática frequentes e de

    ambiente ricos em oportunidades. O autor explica que são relevantes o estímulo

    multissensorial e a valorização dos conhecimentos prévios dos alunos. Outrossim, o

    protagonismo do aluno se faz presente e o ensino se faz híbrido, ou seja, ocorre a mistura de

    ferramentas, materiais, técnicas e tecnologias digitais. Baseando-se nessas premissas,

    considera-se que essas foram algumas das preocupações presentes nas reflexões durante a

    análise da experiência docente no processo de ensino de inglês aplicando esse tipo de

    atividade em sala de aula.

    Ademais, considerando outras inquietações que surgiram durante a elaboração deste trabalho

    destaco, também, que houve a preocupação em se produzir uma contação de histórias em

    que as imagens foram pensadas após o momento da fala. Essa inquietação surgiu ao ler e

    refletir sobre o termo cunhado por Mirzoeff (1998), ocularcentrismo, que significa uma

    sociedade contemporânea bombardeada por imagens, na qual a interação e a construção de

    experiências são muito mais visuais do que verbais. Atualmente, a relação da imagem com

    a veracidade das mesmas se perde em um momento onde as edições e adaptações podem e

    são feitas tão facilmente, visto o fácil acesso a câmeras pelo celular e programas de edição

    que fornecem recursos antes condicionados a uma minoria, profissionais e amadores que

    podiam arcar com os custos desses aparelhos.

    Sem deixar de lado a importância da linguagem visual, pelo contrário, entendendo que

    ela é necessária em um mundo em que as relações e experiências por ela são construídas a

    todo momento. Este trabalho levou em consideração o seu uso de forma consciente e

    mediada, resgatando antes de mais nada a importância das palavras e dos momentos de

    conversa.

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    Nesse sentido, os alunos estariam preparados, segundo Krees e Van Leeuwen (1998),

    para os desafios da multimodalidade, que é uma característica da comunicação em tempos

    atuais. Kress (2000) ainda sugere que tanto a linguagem escrita e a oral são multimodais,

    cada qual utiliza seus recursos para transmissão da mensagem, como paginação para a

    primeira e, entonação na segunda, por exemplo. Além disso, Leeuwen (2005) entende que a

    linguagem verbal e escrita está perdendo o seu prestígio em um mundo marcado pela

    inserção das imagens. Desse modo a importância de aulas em que se valoriza a linguagem

    oral e escrita são tão importantes.

    Portanto, a literatura inserida a educação tem sua importância, por ser ela capaz de

    transmitir conhecimentos linguísticos e culturais através de atividades que abarque não

    somente a linguagem verbal, mas também a visual e a escrita, e ainda pode ser um meio

    prazeroso de se variar atividades e ser capaz de dar o valor necessário à linguagem verbal

    anteriormente à visual e ou escrita.

    Nesse sentido faço valer os conceitos de multiletramento e multimodalidade que

    segundo Oldoni e Freitas (2017) são indissociáveis em um cenário contemporâneo que

    estimula a multi modalização, ou seja, tipos de linguagem que são orais, escritos, desenhados

    em animação ou em gráficos, dentre outros. Ao termos contatos com tantos formatos para

    as diversas linguagens existentes há que se fazer sentido delas, é o que Rojo (2012) chama

    de multiletramento. Então, se os alunos se inteiram das diversas formas de linguagem e

    fazem sentido delas, elas se formam multiletradas. Cabe, portanto, entender e utilizar os

    pressupostos não somente de um ensino híbrido e metodologias ativas, mas também entender

    o que é multimodalidade e multiletramento para preparar aulas que envolvam atividades

    literárias e a contação de histórias, promovendo ações em sala de aula que levem em

    consideração a importância e força da literatura.

    Rildo Cosson (2006), diz que concerne à literatura tornar o mundo mais compreensível

    e, além disso, define o termo letramento literário enquanto construção literária de sentidos.

    Ainda, Souza e Cosson (2006) destacam que esse letramento é muito mais que uma

    habilidade engessada de se ler textos literários, pois demanda do leitor uma atualização com

    relação ao universo literário. Entendo que o universo literário a que os autores se refere é a

    percepção do que se produz, em qual momento histórico, quais são os temas relevantes e

    sociais trabalhados em cada contexto, gêneros textuais dos diversos textos, e também o

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    sentimento de recreação e prazer trazidos pela literatura. Corroborando com essa

    ideia, Parreiras e Paiva (2018) argumentam que obras literárias potencializam a oralidade

    em língua estrangeira por meio de debates e ajudam o jovem a formar opiniões acerca dos

    acontecimentos do mundo e a reagir a eles. Outro estudo acerca do uso da literatura de

    língua inglesa em sala de aula é apontado por Oliveira (2014) em que o senso crítico e a

    noção de cidadania podem ser alcançados através do estudo de obras literárias.

    Tendo isso exposto cabe ressaltar que as línguas e a literatura estão sempre relacionadas,

    e é o conhecimento linguístico um dos modos pelo qual o aluno forma o sentido dos textos,

    por isso seu aprendizado através desse conhecimento se faz tão necessário para que se

    concretize de forma mais eficaz uma compreensão dos acontecimentos do mundo

    proporcionado pela literatura.

    O URSO-CÃO E O CÃO-URSO. COMO ISSO ACONTECEU?

    O objeto de estudo deste trabalho é a experiência docente, por isso por meio da Pesquisa

    Narrativa (CLANDININ, CONNELLY, 2011) investigou-se minha experiência como

    professor de inglês que usa o texto literário para o ensino de língua estrangeira em uma turma

    de estudantes de 5º ano regularmente matriculados em uma escola particular da cidade de

    Uberlândia. .

    É relevante apresentar alguns aspectos do contexto de pesquisa: esta escola particular, onde

    se desenvolveu esta ação, trabalha com educação infantil e ensino fundamental 1, possui

    aproximadamente 300 alunos, cujo público atendido, em sua maioria, pertence à classe alta,

    ou média alta. Diferentemente de outras escolas, temos 3 aulas de Inglês por semana,

    totalizando 150 minutos, e uma sala reservada especialmente para as aulas de inglês. Esta

    sala multimídia é equipada com projetor, computador e áudio e serve não somente para o

    uso do fundamental 1, mas também para a educação infantil. Vale ressaltar que a maioria

    dos alunos do 5º ano são alunos da escola desde o Maternal e que, portanto, tem contato com

    o ensino formal de Inglês desde muito jovens.

    A coordenação da escola orienta os professores em aspectos pedagógicos e

    administrativos, como por exemplo, datas comemorativas, datas provas, acesso ao portal,

    questões relativas à pontuação. Como são alunos antigos na escola, há um conhecimento

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    relevantemente pessoal sobre as famílias dos alunos, o que nos ajuda a traçar planos

    personalizados de ação pedagógica e como lidar com situações desafiadoras de disciplina e

    dificuldades de conteúdo. Ademais, posso dizer que no que tange as preparações de aula os

    professores têm muita liberdade para realizar os seus planejamentos. Apesar de seguir o livro

    didático da editora Cambridge, o professor pode adaptar e inserir trabalhos que envolvem

    muito mais personalização e atividades de engajamento dos alunos.

    Neste contexto de pesquisa, atuo como professor-pesquisador e minha experiência

    pedagógica tornou-se objeto de estudo neste trabalho. Considero que sempre fui observador

    e mesmo quando ainda era estudante da língua aos 10 anos de idade, no momento em que

    comecei a estudar em um curso particular em Uberlândia, já notava como o meu professor

    me transmitia o seu conhecimento, o jeito do livro didático e as ferramentas usadas naquela

    época, como fitas cassetes, CD’s, e uma vez ou outra o uso do computador. Todas essas

    observações e o gosto pela língua e admiração pela profissão me fizeram traçar o meu

    caminho até me tornar professor licenciado pela UFU em 2017. Não foi somente a língua

    que me chamava atenção, mas também os produtos derivados dela, livros, música e claro, as

    relações sociais. Dei-me conta de que a vida é composta pela linguagem e sem ela não há o

    que viver, como nos comunicaremos? como pediremos ajuda? como trabalharemos? Não

    tem jeito sem as línguas e as linguagens.

    Assim eu percebi a minha vontade de fomentá-las através do trabalho de professor.

    Primeiramente através língua estrangeira, pelo sentimento causado e o fascínio de comunicar

    com o diferente, seja falando, escrevendo ou me enveredando por um livro escrito em inglês,

    e foi dentro desse contexto que sou hoje professor a quase 10 anos. Na escola que eu promovi

    este trabalho atuo como professor de língua inglesa do 1º ao 5º ano há dois anos, e no ano

    passado, em Outubro de 2019, o Projeto Vivências - Living stories nasceu e é a experiência

    por detrás desta ação o objeto de estudo da presente pesquisa.

    A atividade didática aplicada, que chamei de ‘Living stories’, objetivou resgatar a

    tradição de contar histórias, e a aplicação de atividades híbridas com o uso de tecnologias

    digitais e não digitais através da construção de uma peça de teatro lambe-lambe, esse tipo de

    encenação se passa dentro de uma caixa cênica em que os atores utilizam bonecos para

    interpretar, geralmente a cena é apresentada a um espectador por vez. Segundo Arruda e

    Beltrame (2019) esta nova linguagem teatral foi criada pelas atrizes-animadoras

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    baiana Denise dos Santos e Ismine Lima no ano de 1989. A inspiração foram os antigos

    fotógrafos de rua que eram chamados de lambe-lambe.

    Para fundamentar a metodologia de pesquisa, parti dos princípios da Pesquisa Narrativa

    sobre produção de textos de campo que, segundo Clandinin e Connelly (2011), são as

    histórias contadas e vividas no ambiente pesquisado que constroem os textos e que podem

    ser feitos de diversas formas. Interessante notar como a palavra história conecta o mundo

    em que vivemos com aqueles das histórias contadas, ambos os mundos o real e o das histórias

    não sobrevivem sozinhos, são eles que dão a força para todas as nossas reflexões. Para tanto,

    como instrumentos de pesquisa, foram utilizados notas de campo, fotos, narrativas e material

    didático produzido, com o intuito de fazer reflexões e encontrar resultados que entrassem

    em consonância com os pressupostos teórico-metodológicos apresentados na introdução.

    Portanto, como professor-pesquisador entendo que a contação, seja das minhas

    narrativas, ou aquelas dos livros de fantásticos enredos, estabelece o poder de conexão com

    todo os tipos de relações que podemos fazer com o mundo em que vivemos. Por isso, apoiar

    esta Pesquisa Narrativa, que enseja a reflexão por meio de narrações e instrui e estimula os

    alunos a contar e escutar histórias fantásticas, nada mais é do que encorajá-los ao pensamento

    vivo de que somos, estamos e continuamos a fazer nossas histórias reais, fantásticas e

    humanas. Ademais, segundo Lima (2016) os pesquisadores narrativos defendem que essa

    metodologia científica tem sido substancialmente usada nos estudos educacionais visto a sua

    relevância para o contexto.

    Portanto, narrar os fatos da vida social ou particular é um momento que eleva o

    significado dos fatos de mero dizer a um dizer repleto de personalidade, conceitos e diversas

    interpretações, e é por isso que este trabalho se baseou nessa perspectiva.

    AS HISTÓRIAS DA VIDA - O INGLÊS, A LITERATURA E A SALA DE A ULA

    São as histórias da sala de aula que fizeram com que este trabalho fosse possível, por

    isso, apresento abaixo as narrativas e as ações que nortearam as minhas observações como

    professor-pesquisado. Como perceberam, os tópicos a seguir estão escritos de uma maneira

    não tão usual. A inspiração para criá-los surgiu do livro que trabalhei com os alunos em sala

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    de aula, Luka e o Fogo da vida escrito pelo autor indiano Salman Rushdie em 2010. Eles

    são dispostos de forma metafórica, pois acredito que o poder da literatura também promove

    a curiosidade através da linguagem e seus nuances, e ainda quem consegue entender as

    figuras linguagens está mais preparada para enfrentar a multimodalidade de diversos textos.

    Para Clandinin e Connelly (2011), as experiências são as histórias que as pessoas vivem.

    Para os autores as pessoas vivem histórias e é no contar dessas histórias que vamos nos

    reafirmando e nos modificando, criando novas histórias. Os autores ainda entendem que

    pesquisadores e participantes na pesquisa narrativa possam viver um relacionamento

    saudável e produtivo a partir das experiências vivenciadas entre eles.

    Por isso, certamente, as narrativas podem ser utilizadas como formas de aprimoramento

    e investigação sobre o papel do professor em sala de aula e suas relações com o sujeito de

    pesquisa, além disso o professor que investe em narrativas exalta suas experiências e

    histórias e lhes dá o valor necessário para que sejam elas seu campo de pesquisa reforçando

    a valorização do professor pesquisador e em constante formação.

    Ao final das minhas histórias lhes contarei como esta metodologia de pesquisa pode ter

    me ajudado a perceber minha relação com o meu objeto de estudo, meu alunos, e ademais

    como ela foi um auxílio para as investigações sobre as implicações do ensino híbrido,

    metodologias ativas e nas aulas língua inglesa associada à literatura com aprendizes de 10

    anos de idade. Apresento, portanto, as minhas histórias de sala de aula.

    O CIRCO CHEGOU E AS IDEIAS PEDEM OS HOLOFOTES

    ‘Living Stories’ é um projeto de literatura de língua inglesa aplicado em sala de aula em

    um colégio particular em Uberlândia -MG, e se consolidou a partir de uma ideia que surgiu

    durante as primeiras reuniões de orientação com a professora Gyzely Lima, enquanto estava

    cursando a pós-graduação em Tecnologias, Linguagens e Mídias na Educação. Eu

    demonstrei meu interesse em trabalhar com literatura nas aulas de ensino de inglês e o

    desafio aprofundou-se quando conheci a proposta de relacionar esse trabalho com o teatro

    lambe-lambe.

    Nesse sentido, como professor-pesquisador tive o interesse de envolver os estudantes

    nas contações de história de um livro da literatura fantástica, o qual fiz um trabalho ainda na

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    minha graduação, ele se chama Luka e o Fogo da vida Esta história me parece adequada para

    os alunos da turma do 5º ano, é um conto infanto-juvenil recheado de seres mágicos e valores

    morais, sociais e políticos, escrito pelo indiano Salman Rushdie no ano de 2010. Logo, esta

    atividade didática trouxe, então, para a sala de aula muito mais que o tradicional ensino de

    vocabulário ou gramática para uma aula de línguas, mas uma vivência cultural com a

    literatura que envolveu a produção de um teatro, a contação de histórias e discussão de

    valores morais.

    Para o desenvolvimento da proposta, conversei brevemente com a turma de 5º ano para

    saber se eles gostariam de ouvir algumas histórias em inglês que envolviam seres mágicos,

    e a resposta foi unânime: todos queriam ouvir e participar dessas aulas. Isso mostra,

    prontamente, o poder que a contação de histórias tem para o ensino e aprendizagem, em

    especial, na educação infantil. Nesse sentido, eu entendo o quanto a contação de histórias

    tem um caráter afetivo para essas crianças.

    Assim, na primeira reunião com a coordenadora da escola, contexto desta pesquisa,

    expliquei meu planejamento de que nas minhas aulas de língua inglesa houvesse a contação

    de histórias do livro Luka e o Fogo da vida. Estava ocorrendo na escola, especificamente

    para disciplina de Inglês, o projeto intitulado ‘Vivências’ pensado pela direção e

    coordenação como forma de promover atividades as quais os alunos experimentassem

    situações com o uso da língua inglesa na prática, ou seja, trabalhar situações cotidianas, mas

    usando o inglês. A ideia foi trazida até a mim, a achei pertinente e condizente com alguns

    pressupostos das metodologias ativas, as quais já foram mencionadas aqui neste trabalho

    logo na introdução. Como exemplo de situações e temas destaco os que já trabalhamos, são

    eles: ‘Travelling’, ‘Going shopping’ e o tema do 3º bimestre ‘Essential health world’, no

    primeiro tema desenvolvi com os alunos um cenário de aeroporto no momento do check-in

    em que eles interpretaram todos os personagens daquele tipo de cena no aeroporto, o segundo

    tema montamos um minimercado para que eles fizessem as compras e, no terceiro bimestre

    vamos simular uma farmácia, ida ao médico e conversar sobre saúde. Todos esses projetos

    utilizamos materiais recicláveis para produzir os cenários.

    Para o quarto bimestre foi planejado desenvolver o tema ‘Living stories’ idealizado por

    mim e que foi amplamente aceita pela direção e coordenação. As atividades para esse tema

    seriam desenhadas nos mesmos moldes dos outros bimestres em que os alunos se

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    envolveram em alguma situação para que fosse usado a língua inglesa. Entendo que no

    percurso dessas atividades resgatei o uso de tecnologias não digitais, tais como: a voz do

    professor e alunos na contação de história, o papelão e sucatas, e o uso de massinhas para o

    cenário, por exemplo. Também lancei mão das metodologias ativas ao utilizar e produzir

    com materiais recicláveis e fazer com que os alunos participassem ativamente nessas

    produções. Nesta etapa do projeto, realizamos atividades através da literatura, no entanto,

    mais adiante em minhas narrativas, explicarei que esta foi uma experiência de ensino híbrida,

    considerando, portanto, a importância também dos usos das tecnologias digitais. Segundo

    Moran (2018) assim como em uma alimentação equilibrada as chances de sucesso na dieta

    são mais favoráveis, o mesmo acontece com a educação em que a combinação de diferentes

    atividades pode ser benéfica.

    Cabe discutir que essas vivências propiciadas pela experiência de uso do ensino híbrido

    e metodologias ativas foram bem-sucedidas e percebi que os alunos se engajaram muito mais

    nas atividades em que participaram ativamente. Foi possível notar que foi muito mais efetivo

    o ensino quando o grupo se envolveu na montagem das cenas e execução das historinhas que

    eles mesmo produziram. Interessante ressaltar que neste trabalho em grupo o sentido de

    colaboração esteve presente.

    Ao refletir sobre as atividades e considerando que foram bem produtivas as vivências

    anteriores resolvi conversar com a coordenação e expliquei que, para o quarto bimestre,

    pretendia envolver os alunos em contações de histórias. De acordo com Moran (2018) uma

    das formas mais eficientes de aprendizagem é a que acontece por meio de histórias contadas

    (narrativas) e histórias em ação (histórias vividas e compartilhadas). Nesse sentido,

    apresento a seguir os participantes indiretos que compartilharam comigo essa história vivida

    no desenvolvimento das atividades propostas pelo projeto nas aulas de inglês, a turma do 5º

    ano.

    Nossa turma de 5º ano era composta de 20 alunos, em minhas práticas usuais de trabalho

    em grupo os divido em equipes compostas por 5 alunos, dessa forma consigo melhor orientá-

    los. Para a vivência ‘Living Stories’ não foi diferente, montei quatro grupos e cada um deles

    produziu uma parte do livro como teatro lambe-lambe. Os alunos se envolveram com a

    narrativa e fizeram os pequenos cenários e os bonecos.

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    O fato de já conhecer as características e habilidades desses alunos me ajudou no

    desenvolvimento dos planejamentos de aula. Em cada um deles há uma habilidade que se

    destaca, por exemplo, alguns são bons em desenho, uns mais criativos e outros mais falantes,

    diferentes habilidades que ajudaram bastante na atividade. Dessa forma, prezei pelo trabalho

    em grupo e de forma colaborativa em que diferentes habilidades auxiliaram na execução do

    projeto e puderam construir o sentido de colaboração em que todos se engajaram de maneira

    verdadeira para a finalização do trabalho. Assim fui bastante detalhista ao montar os grupos.

    Portanto, outubro foi um mês de muitas preparações e reflexões para que o trabalho pudesse

    sair do papel. Enquanto isso, as atividades formais da escola continuavam por meio de aulas

    expositivas, resolução de exercícios, trabalhos e provas somativas, e, também por outras

    atividades mais lúdicas, por essas razões só foi possível iniciar os trabalhos no mês de

    novembro. Vale ressaltar que os alunos não paravam de perguntar quando iríamos ler a

    história que havia prometido.

    HOLOFOTES LIGADOS, VAMOS CONTAR HISTÓRIAS?

    Neste tópico, relato sobre como a contação da história em Inglês aconteceu sem recursos

    visuais e como ocorreu a formação de grupos de trabalho após um mês desde a apresentação

    do início do projeto de ensino.

    Por meio de estratégias da metodologia da sala de aula invertida “o aluno estuda

    previamente, e a aula torna-se o lugar de aprendizagem ativa. onde há perguntas, discussões

    e atividades práticas.” (MORAN, 2018) então, solicitei que os alunos pesquisassem

    previamente e trouxessem de casa a definição sobre teatro lambe-lambe e, por isso, iniciei

    esta primeira aula perguntado sobre a pesquisa. Segundo Moran (2018), entende-se que uma

    parte do processo de aprendizado é do aluno e pode acontecer antes do encontro coletivo em

    sala de aula, o que caracteriza, sob o meu ponto de vista, o princípio da sala de aula invertida.

    Seguindo então com a aula, deixei que os alunos conversassem entre si a fim de que

    relembrassem a proposta do projeto e conversassem sobre suas pesquisas. Em seguida

    propus a roda de conversa. Não foi uma tarefa fácil organizar os momentos de fala dos alunos

    visto que muitos queriam falar, no entanto, fiz um sorteio rápido com números e selecionei

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    cinco alunos que com muito entusiasmo relataram o que era um teatro lambe-lambe, e o que

    iríamos fazer no decorrer das próximas aulas.

    Após este momento resolvi, então, montar os grupos para as próximas 4 aulas. Bem,

    esta parte do trabalho sempre é muito complicada, pois os alunos têm mais afinidades com

    alguns companheiros e menos com outros, não se sentem à vontade em trabalhar com certos

    colegas e ficam emburrados se os coloco com certos alunos, assim sendo montar os grupos

    de trabalho é sempre uma tarefa complexa.

    Devido a isso, precisei explicar que independente de quem estivesse junto temos que

    sempre aprender a trabalhar com quem seja, só assim poderemos entender o outro e suas

    diferenças de forma verdadeira. Minha estratégia para montar os grupos foram as habilidades

    que cada aluno possui e como essas habilidades poderiam ajudar no desenvolvimento do

    trabalho. Nesse momento, refleti sobre os estudos de metodologias ativas, pois de acordo

    com elas as diferentes habilidades de cada um é peça essencial para que o andamento de

    grandes projetos se conclua. Concordo com essa premissa metodológica e ainda acrescento

    que o professor é peça-chave nesse momento, pois ele pode ter um conhecimento maior

    sobre as características gerais e individuais da turma. Importante ressaltar que as crianças

    estavam começando a compreender o que é um trabalho em grupo e noções de respeito e

    alteridade.

    Apesar de conhecer esses alunos há quase dois anos, separá-los em grupos ainda não era

    fácil, mas pensei ter sido assertivo uma vez que já os conheço há algum tempo. Por exemplo,

    sei quem tem mais facilidade na língua inglesa, quem consegue melhor desenhar, quem sabe

    mexer no computador com mais eficiência, quem é mais tímido, quem é mais extrovertido,

    entre outras características pessoais.

    Ao refletir sobre esse momento percebi que foi mais adequado a divisão por mim feita,

    talvez pudesse ter feito uma conversa aberta para averiguar quem gostaria de ficar com

    quem, e sei que seria um formato menos autoritário, no entanto, se assim o fizesse toda a

    minha conversa sobre ‘saber trabalhar com os diferentes’ iria por água abaixo, uma vez que

    os grupos e as preferências entre os alunos por quem e como fazer já eram pré-determinadas.

    A intenção era inverter essa ordem já tão fixa entre os mesmos grupinhos e ensiná-los uma

    grande lição sobre diversidades.

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    Com todos os alunos a postos em seus grupos, peguei a minha adaptação do capítulo

    um de Luka e o Fogo da Vida que consistiu em adaptar o inglês do livro original para uma

    linguagem mais adequada ao nível de proficiência dos aluno e comecei a aula. Este foi um

    momento muito importante, pois agora os alunos iriam escutar a história em inglês sem

    acesso a qualquer tipo de imagem, tudo que pedi a eles é que prestassem atenção nos meus

    gestos, na minha fala e usassem a imaginação para que fosse criado um mundo deles. Para

    atiçar a imaginação desses alunos pedi que por dois minutos e, em total silêncio, abaixassem

    na carteira e rememorassem todas as histórias fantásticas que eles já tiveram contato até

    então, como em um brainstorm de personagens, cenas e situações. Passados os dois minutos

    e ainda em total silêncio eu comecei a contar a história do livro Luka e o Fogo da Vida,

    capítulo 1. Percebi que todos estavam atentos e curiosos e à medida que eu falava alguns

    olhares de dúvidas surgiam, mas no geral todos estavam prestando bastante atenção no que

    eu dizia e encenava. Não fui rígido em relação a participação dos alunos nesse momento,

    surgiram algumas interrupções e perguntas de significado de algumas palavras e algumas

    dúvidas e questionamentos curiosos sobre a história. Contornei essa situação ora

    respondendo em português, ora falando ou fazendo mímicas em inglês, sem deixar que a

    fluidez da contação se desfizesse. Por exemplo, ao indicar a expressão ‘tooth decay’

    posicionei minha mão no rosto e expressei a dor; ao falar ‘tigress’ o feminino de tigre,

    escrevi no quadro a palavra e logo entenderam. Dessa forma fui envolvendo as crianças em

    um processo criativo, sem o uso de qualquer tipo de imagem. A intenção era que eles, de

    forma gradual, pudessem construí-las mentalmente, e depois construíssem os personagens e

    cenários com as massinhas (este foi o material escolhido!) para o teatro lambe-lambe.

    Considero essa atividade importantíssima em um momento em que as imagens ocupam

    muitas vezes o lugar preponderante e primeiro na produção de sentido, imagens que veem

    antes, que são manipuladas facilmente, que podem ou não ser as principais fontes de verdade,

    estão borbulhando e afetando nossas formas de pensar o mundo. Fazer o trabalho reverso

    em que as imagens não veem antes da informação falada ou escrita é, na minha opinião, uma

    forma de fortalecer o poder da palavra e fazer com que os alunos percebam sua importância

    na construção de sentidos para além de imagens já prontas.

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    EU VEJO, EU FALO, LOGO EU QUERO SER A HISTÓRIA

    Neste tópico conto o trabalho desenvolvido para que os alunos criassem uma releitura

    da história que foi contada na aula anterior. Para isso iniciei com uma breve revisão da

    história e pedi que os alunos se organizassem em seus respectivos grupos e contassem entre

    si o que lembravam sobre a contação da aula anterior. Deixei que eles conversassem por 5

    minutos e ao final da discussão eu propus uma atividade de adivinhação com mímicas. Esta

    atividade se deu da seguinte maneira: cada grupo iria escolher uma pequena parte da história

    ou a característica de um personagem e iria escrever em um papel, passei supervisionando e

    os ajudando a escrever em inglês aquilo que queriam. Os grupos deveriam guardar segredo

    entre si sobre o que iriam representar pois iriam fazer a mímica e os outros deveriam

    adivinhar o que estava sendo representando.

    Foi muito interessante perceber o quanto os alunos se empolgaram quando anunciei esta

    atividade em forma de competição, ou seja, venceria o primeiro o grupo que adivinhar

    corretamente a cena do outro grupo. Nesta atividade os alunos estão utilizando três modos

    de representação, primeiro a fala (ao relembrar as histórias e decidindo qual cena ou

    personagem representar), segundo a escrita (ao escrever no papel a cena ou o personagem);

    e terceiro os gestos (mímicas). Estaríamos nesse momento compreendendo a

    multimodalidade dos gêneros textuais falados e escritos? Ao entendê-los estaríamos

    treinando esses alunos para a compreensão de multiletramentos? Creio que sim e por isso

    reitero o quão importante são atividades desse tipo.

    Para além dessas indagações é interessante notar que, individualmente, todos tiveram

    suas vozes representadas nesta atividade, pois ao supervisionar percebi que cada um

    participou de alguma forma, e eu estimulei que cada aluno pudesse dar alguma sugestão seja

    na mímica, na revisão da contação, ou na forma escrita do que foi escolhido. Dessa maneira

    e de forma indireta se desenvolve no aluno as noções de representação, identidade e gêneros

    textuais falados e escritos em consonância com seus traços multimodais.

    Na aula seguinte a missão era utilizar a escrita em inglês para recontar e reinventar o

    primeiro capítulo do livro. Apesar de não gostar de impor regras quando se trata do processo

    de criação neste tipo de atividade, fui obrigado a impô-las como um forma de organização

    para que o trabalho de produção dos personagens em massinha fosse mais rápido visto o

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    tempo que se apertava já que estávamos caminhando para o final do quarto bimestre com

    conteúdo e provas bimestrais a serem aplicadas. As regras foram: os personagens seriam os

    mesmos, por isso escrevemos os nomes de todos eles no quadro (Luka e o pai Rashid;

    Captain Aag, o dono do circo; a tigressa (tigress); o elefante (elephant); o leão (lion); o

    cachorro chamado de Urso (the dog named Bear) e o Urso chamado de cachorro (the bear

    named Dog), o final deveria conter um mistério, algo que poderia servir como gancho para

    a continuação da história caso quiséssemos continuar em um outro momento os outros

    capítulos do livro, e deveria ser feito em, no máximo em uma folha.

    Apesar de impor essas regras eu não estipulei o gênero textual o qual deveriam eles

    escrever, ou seja, se diálogos, narrativas ou poesia, por exemplo. Não houve qualquer tipo

    de pergunta em relação a isso e assim iniciamos o processo de criação dos textos. Eu

    supervisionei a escrita em inglês, mas não dei qualquer orientação sobre como seria a

    releitura, isso deveria partir deles.

    Ao caminhar pelos grupos percebi que todos estavam escrevendo em formatos de diálogos

    com inserções narrativas antes das falas. Ao questionar um dos grupos porque estavam

    fazendo daquela maneira responderam que era assim que uma história era contada. Deixei

    que fizessem da forma desejada, ajudei nas escritas em inglês e, em um dos grupos deixei

    que fizessem em português. Isso porque houve muita dificuldade por parte desses alunos e

    no tempo que tínhamos não seria possível ajuda-los da forma que precisavam.

    Em relação a esse grupo que escolheu a língua portuguesa, percebi que eles

    compreenderam a história em inglês, mas as barreiras linguísticas os impossibilitaram de

    prosseguir com a criação em inglês. Não imaginei que isso iria acontecer. pois eu montei os

    grupos e neste, em específico, coloquei um aluno que tem facilidade e é muito bom com o

    conteúdo da língua inglesa e assim ele ajudaria os colegas com a releitura da história usando

    o inglês. Mero engano sobre isso, meu julgamento foi errôneo e a ajuda por mim premeditada

    não ocorreu, e isso tem relação direta com a personalidade desse aluno, que ainda não estava

    preparado para tomar a uma posição de liderança e ajudar os demais com o seu

    conhecimento. Ocorreu o oposto, outra criança liderou, mas liderou em português e trouxe

    sua experiência de mundo para contar uma releitura de Luka e o fogo da vida tendo como

    base a série de TV Stranger Things o que era de comum gosto a todos daquele grupo.

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    Dessa maneira, conseguimos finalizar as escritas nesta aula e na próxima partimos para

    a montagem dos personagens e alguns aspectos do cenário em massinha. Vale destacar que,

    até o momento nenhuma imagem foi mostrada aos alunos que pudessem interferir na forma

    e características físicas dos personagens.

    IMAGINO ANTES E CRIO DEPOIS: BASTA ME DAR AS FERRAMENTAS

    Assumindo o papel de mediação, eu entreguei as ferramentas necessárias para despertar

    a imaginação dos alunos. Percebemos nas narrativas a seguir que houve uma mistura de

    ferramentas não digitais e digitais, isso se tornou um aliado para o incentivar o processo

    criativo e curioso desses estudantes. Nesta seção apresento todas as atividades referentes à

    criação dos personagens com o uso de massinhas e também a atividade com o uso do

    programa Audacity para a gravação da história que eles criaram.

    Com os grupos já formados distribui um set de massinha para cada equipe que deveria

    fazer dois personagens da história da maneira que os imaginaram. A escolha dos personagens

    foi feita através de sorteio, e como forma de otimizar o nosso tempo eu responsabilizei cada

    equipe pela criação de dois personagens os quais os grupos usariam os bonequinhos criados

    entre ele e que isso seria uma boa forma de trabalhar integração e cooperação entre os alunos.

    Finalizados a criação dos bonecos de massinha, as gravações dos áudios com o uso do

    Audacity foram iniciadas. Interessante notar que até o momento não utilizamos tecnologias

    digitais, mas sim somente tecnologias tradicionais, como massinha, papel, lápis e contação

    de histórias. No entanto, chegou o momento da aula em que iniciamos o uso do microfone,

    computador e o software Audacity e dessa forma uma aula híbrida se configurou, em que a

    combinação de tecnologias digitais e não digitais se fez presente e pôde muito auxiliar no

    desenvolvimento de competências cognitivas, trabalhar o letramento digital e desenvolver

    um pouco a fluência digital, termo cunhado por Demo (2007) quando trata das habilidades

    requeridas dos estudantes do século XXI, em que manejar a fluência tecnológica em

    especial autoria é uma delas.

    Tínhamos grupos com cinco alunos, deixei que eles escolhessem quem iria vir até o

    computador para gravar, dependendo da história criada, precisaria de dois ou três alunos para

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    esse momento. É muito interessante notar quão interessados os alunos ficaram com a

    introdução de uma ferramenta digital. Para o ensino de línguas é ainda mais interessante

    perceber que aqueles alunos que geralmente não falam quiseram vir até a mesa para

    experimentar a gravação de áudio em inglês. Eu identifiquei que os alunos se preocuparam

    em gravar de forma correta e por isso, ao escutarem a gravação, todos ficaram muito atentos

    e desejaram regravar caso algo não soasse bem.

    Visto essas considerações e toda a organização feita conseguimos finalizar as gravações

    nesta aula, e na aula seguinte treinamos as encenações com os bonequinhos e escolhemos os

    jingles para edição de áudio.

    Estas foram as duas últimas aulas deste projeto e todos os alunos se mostraram muito

    empolgados para começar a ensaiar na caixa que eu preparei para o teatro lambe-lambe. Não

    há como negar o interesse e curiosidade dos alunos em fazer os ensaios. Eles ficaram

    curiosos para sentir e assistir os bonequinhos dentro da caixa. Um novo formato de contação

    estava sendo moldado e considero essa dinâmica muito importante para a sala de aula. Novas

    variações, novas exercícios e novos estímulos promovem experiências diferentes e únicas

    em cada um dos alunos.

    Então, iniciei os ensaios do teatro e, para tal fim, chamei cada grupo a frente para escutar

    os áudios produzidos e ensaiar com os bonequinhos os movimentos dentro da caixa. Cada

    grupo concluiu os movimentos corretos em dois ou três ensaios, foi feito com calma e pedi

    que imaginassem quais seriam os sons que podíamos colocar entre uma fala e outra. Cada

    grupo fazia seu ensaio e voltava para seu grupo para decidir quais sons colocar, eles deveriam

    me passar esses sons até o fim da aula, instrui que todos do grupo deveriam opinar e

    concordar com o que fosse decidido

    Na aula seguinte eu trouxe para a sala o trabalho de dois grupos formatados para que

    pudéssemos trabalhar a encenação com os jingles. Esses dois grupos ensaiaram e depois

    chamei alguns alunos para assistir à encenação. Por questões de tempo e por ser final de ano

    e a chegada das provas finais e com várias datas a serem seguidas, não foi possível fazer as

    encenações com os outros dois grupos, por isso, retornarei com essa atividade logo no início

    das aulas em 2020.

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    TUDO É DISCUTIDO ENTRE O LUKA E SEUS DOIS AMIGOS

    Levando em consideração as minhas reflexões sobre as narrativas apresentadas entendo

    que na pesquisa narrativa eu sou também o processo sob o qual a investigação acontece

    (OLIVEIRA, 2018) e ademais, todas as minhas experiências anteriores como professor veem

    à tona para que eu possa aprimorar ou ressignificar as minhas práticas com histórias que

    proporcionam os roteiros possíveis para o nosso futuro (CLANDININ e CONNELLY,

    2011). Sob esse viés apresento a seguir as seguintes considerações que auxiliaram na

    composição dos resultados deste trabalho.

    Nesse formato de pesquisa e ainda sob a perspectiva de Clandinin e Connelly (2011)

    que afirmam que as histórias antes não contadas vêm à tona tanto para o pesquisador quanto

    para o participante. Por isso, eu entendo que elas trazem as percepções e revelam um

    contexto social o qual os alunos estão cada vez mais integrados em tecnologia digitais que

    sobrepõe as imagens aos sons e escrita.

    Nesse sentido a atividade de contação de histórias se mostrou uma forte aliada para o

    resgate a métodos tradicionais de somente escutar uma história e imaginá-la, ademais a isso,

    houve um retorno às brincadeiras manuais em que o uso de recursos tecnológicos não

    digitais, o trabalho com a massinha, por exemplo, se mostrou prazeroso e eficaz para crianças

    de 10 de idade, ao manter a atenção e aguçar a criatividade. Ademais, os alunos se mostraram

    capazes de criar e imaginar tomando frente perante as atividades propostas e se tornando

    alunos muito mais atuantes que somente observadores.

    Em um momento em que os jogos digitais são tão apreciados por crianças na faixa etária

    desses alunos, a ‘brincadeira’ de construir uma peça de teatro lambe-lambe resultou em uma

    valorização às tradições de brincadeiras em grupo, promovendo a sociabilidade e os valores

    humanos de colaboração, bem como o manuseio de papelão e sucatas para a criação de

    cenário em uma perspectiva de Cultura Maker No entanto, tomando em consideração a

    importância das tecnologias digitais e o ensino híbrido, o uso do software Audacity resultou

    em um contato direto com uma ferramenta digital, e ao final das aulas pôde-se perceber

    alunos que já sabiam interagir com o software.

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    De maneira geral, os alunos conseguiram acompanhar e se mostraram atentos e

    empolgados durante todo o processo, diferentemente do que ocorre em uma aula tradicional

    de literatura com o uso apenas do livro, caderno, e preenchimento de fichas literárias. Além

    disso, vale destacar o quanto a literatura se mostrou eficiente para produzir uma aula no

    formato já discutido anteriormente, e por isso, considero de extrema relevância sua inserção

    em aulas de língua inglesa. Foi claro o envolvimento dos alunos com a história contada e

    recontada, algo que a literatura é capaz de promover além dos aspectos linguísticos

    trabalhados em língua inglesa.

    O FINAL QUE PEDE CENAS PARA O PRÓXIMO CAPÍTULO

    Clandinin e Connelly (2011) relatam que existem os movimentos retrospectivos e

    prospectivos que é quando o indivíduo olha para suas experiências passadas e conseguem

    conectá-las com suas possíveis práticas futuras. Sem dúvidas esse intercâmbio entre passado

    e presente me fez refletir sobre minhas ações. Interessante notar que o professor que entende

    a importância dessas narrativas está se fazendo ouvir e se permite a sua própria escuta.

    Este trabalho pode ser entendido como um exemplo sobre como é importante assumir o

    papel de professor-pesquisador ao recontar nossas histórias podemos refletir e entender o

    que se passa em um ambiente como o de uma sala de aula, em que acontecimentos que

    parecem simples e por vezes são deixados de lado, como, por exemplo, a falta de tempo,

    podem afetar o andamento de uma atividade e colocar em risco os objetivos de algum

    projeto.

    Nesse sentido, reafirmo a importância da Pesquisa Narrativa no sentido de se ter um

    professor capaz de refletir sobre suas ações para que assim se torne um professor-

    pesquisador e em constante formação, que seja mais consciente e, consequentemente, mais

    consciente de sua prática pedagógica. Considero que o resultado de engajamento no processo

    de desenvolvimento da atividade de literatura em questão no ensino de inglês foi uma

    consequência direta de todos os procedimentos didático-pedagógicos envolvidos, a saber, as

    estratégias de metodologias ativas, ensino híbrido, o uso de recursos tecnológicos digitais

    (Audacity) e não digitais (a voz do professor e alunos na contação de história, o papelão e

    sucatas para montagem do teatro lambe-lambe e o uso de massinhas para o cenário).

    Considero que pela Pesquisa Narrativa foi possível reavaliar e ressignificar as minhas

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    próprias práticas pedagógicas para criar uma aula colaborativa para o ensino e aprendizagem

    de inglês na educação básica.

    REFERÊNCIAS:

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    uma abordagem teórico-prática. Porto Alegre: Penso, 2018.

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    Michael Holquist. Austin: University of Texas Press, 1992.

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    espetáculo do mundo. DApesquisa. Florianópolis, v. 3, n.5, p. 1010-1020, 2008.

    CLANDININ, Jean; CONNELLY, Michael. Pesquisa Narrativa: experiências e história

    na pesquisa qualitativa. Trad. GPNEP- ILEEL- UFU. Uberlândia: EDUFU, 2011.

    COSSON, Rildo. Letramento literário: teoria e prática. São Paulo: Contexto, 2006

    DEMO, Pedro. Habilidades do Século XXI. B. Téc. Senac: R. Educ. Prof., Rio de Janeiro,

    v. 34, n.2, maio/ago. 2008.

    DEWEY, John. Democracia e Educação. São Paulo: Ática, 2007.

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    contação de histórias na educação infantil. Mediação, n.1, Pires do Rio – GO, v. 12, p.

    30-48, jan-dez. 2017.

    LIMA, Gyzely Suely, Uma análise narrativa de minha experiência docente em busca do

    trabalho colaborativo. Tese (Doutorado) – Programa de Pós-Graduação em Estudos

    Linguísticos. UFU – Universidade Federal de Uberlândia, 2016.

    MIRZOEFF, N. What is visual culture? In: N.Mirzoeff (ed.) The visual culture reader.

    London: Routledge, 1998, pp. 3-13.

  • 2232

    Revista de Divulgação Científica em Língua Portuguesa, Linguística e Literatura

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    Hamburgo.a. 14, v. 2 jul – dez. 2017

    OLIVEIRA, Leonardo Davi Gomes de Castro. Pesquisa Narrativa e Educação: Algumas

    considerações. Formação de professores: contextos, sentidos e práticas. IV Seminário

    Internacional de Representações sociais, Subjetividade e Educação – SIRSSE. Unicamp.

    OLIVEIRA, Valdirene Baminger. O ensino-aprendizagem de língua inglesa mediado pela

    literatura: desenvolvendo o pensamento crítico e a noção de cidadania. Revista Eventos

    Pedagógicos. n. 4, Mato Grosso, v. 5, p. 35, nov. – dez. 2014.

    PARREIRAS, Vicente. PAIVA, Vera Lúcia Menezes de Oliveira e Paiva. Gêneros orais e

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    Gerais, n. 2, p. 67-89, 2018.

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    reflexões a partir de uma experiência em sala de aula. In: Linguistica aplicada e ensino de

    línguas estrangeiras: práticas e questões sobre e para a formação de docentes.