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TEMPO MUITO NUBLADO MIN 16 MAX 21 HUMIDADE 55-80% CÂMBIOS EURO 10.6 BAHT 0.2 YUAN 1.2 AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB MOP$10 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ QUINTA-FEIRA 1 DE DEZEMBRO DE 2011 ANO XI Nº 2505 PUB Ter para ler Sugestões ao governo RECEITA PARA TRANSFORMAR MACAU NUMA GRANDE CIDADE • Páginas 4 e 5 Previsão internacional ECONOMIA VAI CRESCER AO RITMO DOS 13% NOS PRÓXIMOS DOIS ANOS • Página 6 Uncyclopedia diz o pior de Macau SAÚDE, POLUIÇÃO E TRÂNSITO BOMBARDEADOS NA INTERNET • Páginas 10 e 11 São o tesouro da RAEM, mas estão completamente des- protegidos. Como ainda não há uma lei eficaz a definir os direitos dos animais, alguém que ouse matar um panda ou outro animal qualquer do território para comer, tem de pagar apenas uma multa de até 200 patacas. Albano Martins, presidente da ANIMA, acusa o IACM de estar de braços cruzados há anos. > CENTRAIS Pandas abandonados Matar Hoi Hoi e Sam Sam para comer dá multa de apenas 200 patacas

Hoje Macau 1 DEZ 2011 #2505

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Edição do Hoje Macau de 1 de Dezembro de 2011 • Ano X • N.º 2505

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Page 1: Hoje Macau 1 DEZ 2011 #2505

TEMPO MUITO NUBLADO MIN 16 MAX 21 HUMIDADE 55-80% • CÂMBIOS EURO 10.6 BAHT 0.2 YUAN 1.2

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

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MOP$10 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ • QUINTA-FEIRA 1 DE DEZEMBRO DE 2011 • ANO XI • Nº 2505

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Ter para ler

Sugestões ao governo

RECEITA PARA TRANSFORMAR MACAU NUMA GRANDE CIDADE

• Páginas 4 e 5

Previsão internacional

ECONOMIA VAI CRESCER AO RITMODOS 13% NOS PRÓXIMOS DOIS ANOS

• Página 6

Uncyclopedia diz o pior de Macau

SAÚDE, POLUIÇÃO E TRÂNSITO BOMBARDEADOS NA INTERNET

• Páginas 10 e 11

São o tesouro da RAEM, mas estão completamente des-protegidos. Como ainda não há uma lei eficaz a definir os direitos dos animais, alguém que ouse matar um panda ou outro animal qualquer do território para comer, tem de pagar apenas uma multa de até 200 patacas. Albano Martins, presidente da ANIMA, acusa o IACM de estar de braços cruzados há anos. > CENTRAIS

Pandas abandonadosMatar Hoi Hoi e Sam Sam para comer dá multa de apenas 200 patacas

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2www.hojemacau.com.mo ACTUAL

YAO Ming lembra que na sua infância em Xangai o vinho era servido com

cubos de gelo. Só depois de ter passado algum tem-po com o companheiro de equipa da NBA Dikembe Mutombo, um jogador con-golês de 2,1 metros, o astro chinês passou a apreciar vi-nho. “Sempre ficava a olhar para ele nos nossos jantares e às vezes perguntava ‘por que fazes isso?’”, conta Yao, a rodar um copo imaginário. “E eu só tentava copiá-lo.”

Agora reformado e de volta à sua cidade natal, o jogador transformou-se num inusitado perito e pioneiro do mercado chinês de vinho. Aos 31 anos, Yao está a lançar a sua própria vinícola californiana, a Yao Family Wines, orientada exclusivamente para o mer-cado chinês.

Distribuídas pela gigante francesa de bebidas Pernod Ricard SA, as garrafas da primeira leva de 5000 caixas serão rotuladas apenas como Yao Ming e têm como meta o mercado de luxo.

O vinho, feito com uvas

A China não está a preparar um plano de contingência para

enfrentar um eventual desmem-bramento do euro, porque isso seria um “desastre para todos”, explicou uma responsável do ministério dos Assuntos Internacionais do continente.

A conselheira do ministério dos Assuntos Internacionais da China, que se encontra a trabalhar com a União Europeia, diz que o colapso da moeda única da Europa seria um “desastre para todos” e que os líderes europeus não “perceberam totalmente” a urgência da situação em que se encontra o Velho Con-tinente.

A China já comprou obrigações dos países do Sul da Europa, “mas

o principal problema da União Eu-ropeia não é de dinheiro, é de con-fiança”, afiançou a responsável do ministério chinês, Hua Chunying.

“Não queremos assistir a um colapso da Zona Euro, seria um de-sastre para toda a gente. Queremos ver uma recuperação muito rápida da Zona Euro”, disse a conselheira. “A China é uma firme crente no euro, na integração europeia”, reiterou.

Para a responsável, a falta de confiança na Europa é “natural” e entre os países do Sul e os do Norte, entre os mais ricos e os mais pobres, referiu. “Mas acredito que quando todos perceberem que este é um problema de vida ou morte do euro, então [os líderes europeus]

poderão tomar medidas muito rápidas”, salientou.

A responsável também acredita que a separação da Zona Euro em duas regiões distintas seria um erro. “Eles só podem progredir como uma só região. Não é uma questão de escolha, é uma questão de estratégia”, referiu. “A Europa, durante um longo período na histó-ria, costumava ser um pilar e fonte de estabilidade e nós esperamos que continue a sê-lo”, acrescentou.

Sobre eventuais planos de contingência que a China esteja a desenvolver para um eventual des-membramento da Zona Euro, Hua Chunying, respondeu que “não. Não queremos ver isso. Todos vão sofrer se isso acontecer.”

Atleta Yao Ming agora é exportador de vinhos para a China

Dos cestos de basquete para os das vinhas

CHINA DIZ QUE COLAPSO DO EURO SERIA UM “DESASTRE PARA TODOS”

Europa “deve continuar estável”

Cabernet Sauvignon colhi-das em 2009 no Vale de Napa, na Califórnia, é vendido a 1775 yuans por garrafa (o preço inclui uma taxa de importação de 27% e 17% de imposto sobre as vendas no retalho). Um segundo vinho, chamado Yao Family Reserve, será lançado no final deste ano, e a pequena produção de 500 caixas será ainda mais cara.

“Eu realmente gosto do Vale de Napa”, diz o ex-jogador. “A Califórnia representa férias, vida leve, sol — tudo relacionado a uma boa qualidade de vida.”

A Califórnia não poderia ter melhor rapaz-propagan-da na China do que Yao. Ele é uma das maiores estrelas nacionais e é considerado o responsável pelo aumento do interesse chinês pela NBA. Durante suas nove temporadas no Houston Rockets, as partidas eram transmitidas pela televisão nacional da China, e o atleta foi escolhido para levar a bandeira chinesa durante a cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos de 2008 em Pequim. Yao já foi

protagonista de inúmeras campanhas publicitárias, desde produtos da Apple até o restaurante chinês do seu pai em Houston.

A admiração de Yao por vinho cresceu em paralelo à aceitação da bebida no seu país - o consumo de vinho na China dobrou de 2005 a 2009. Porém, os vinhos importados pela China eram predominantemente

da França, e Yao viu uma oportunidade no mercado para os vinhos californianos.

Yao pediu à BDA Sports International, agência que o representa, para explorar a ideia de começar a sua própria vinícola no Vale de Napa. Em 2009, com o apoio da BDA, encontrou um grupo de especialistas em vinho, entre eles o reno-mado produtor Tom Hinde,

para ajudá-lo a realizar o projecto. “Experimentamos diversos vinhos juntos e conseguimos conhecê-lo de uma maneira que pudemos expressar a personalidade dele no vinho”, disse Hinde. “É fisicamente imponente, mas também muito apre-sentável e gentil. Quisemos capturar isso no vinho.”

Hinde afirma que a Yao Family Wines não é um ne-

gócio efémero para tirar pro-veito da fase de crescimento da indústria chinesa de vinho e da fama da celebridade antes que qualquer uma das duas enfraqueça. O produtor conta que o plano de negócios da empresa é baseado num período de 10 anos.

Hinde e outras quatro pessoas envolvidas com a vinícola são accionistas minoritários na empresa, enquanto Yao é o principal proprietário. Yao e sua equi-pa não informam quanto foi investido no negócio, mas especialistas no sector estimam que são necessários entre dois a cinco milhões de dólares para colocar uma vinícola em produção total.

Enquanto quase todo vinho vendido na China pro-vém de fontes domésticas, o mercado de importação cresceu substancialmente. As importações de vinhos engarrafados - ao contrário do vinho barato importado em grandes tanques para ser engarrafado na China - cresceu 240% de 2008 a 2010, de acordo com dados das autoridades alfandegárias da China.

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3www.hojemacau.com.mo

Leia mais notícias sobre a China e a Ásia em www.hojemacau.com.mo@

A pujança da China na economia mundial é um facto. A Europa em crise é outro. Em entrevista ao jor-nal “Público”, alguns alunos que

frequentam o curso de mandarim na Facul-dade de Letras da Universidade do Porto e no Instituto Confúcio da Universidade do Minho, em Braga, vêem a China como uma hipótese natural de emigração.

Thomas Barnstorf é “freelancer” de es-crita criativa e edição de texto, tem 30 anos e frequenta o Curso Intensivo de Chinês na Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP). Porquê? Além de ser uma “mais-valia para o currículo”, o mandarim “é uma língua que abre muitas portas.”

APRENDER PARA EMIGRARTambém Ana Rita Silva, estudante de Mestrado em Ecologia na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto e colega de curso de Thomas, afirma que a língua nova é difícil de aprender: a forma de falar, escrever e até de pensar são muito diferentes do português”, mas “como é muito lógica, não é nada que não se consiga.” Emigrar? “Claramente!”

Com 26 anos, Sofia Romualdo diz que esta já é a quarta língua que aprende - para além da materna. Escolheu o mandarim porque “queria aprender algo diferente” e esta é uma forma de se diferenciar. Vê a emigra-ção como uma saída, depois de já ter tido vários estágios “sempre não-remunerados e em ‘full-time’” e outros “trabalhos que vão aparecendo” na área da fotografia. Garante tentar tudo o que aparece.

Trabalha com o mercado asiático e muito embora a condição de efectiva numa empresa de cortiça de Santa Maria da Feira, Loide Costa, de 32 anos, considera vivamente a hipótese de emigrar para Pequim: “Com o mandarim será mais fácil, é uma língua muito importante”, remata.

Com apenas 20 anos, Samuel Gomes frequenta o Instituto Confúcio - onde a pro-cura de cursos aumentou 30% -, em Braga, e fala português, inglês, francês, japonês

CERCA de 128 milhões de chineses vivem abaixo da

nova linha de pobreza fixada pelo Governo Central, que subiu mais de 90% desde 2009, para 2300 yuans por ano. A subida foi anunciada durante a Conferência Nacional para a Redução da Pobreza na China, que decorre até hoje em Pequim, e que o presidente chinês, Hu Jintao, considerou “uma tarefa urgente e significativa”.

Há apenas dois anos, a linha de pobreza na China correspon-dida a um rendimento anual inferior a 1196 yuans, menos de metade do padrão de 1,25 dólares (95 cêntimos de euro)

NÚMERO DE SEROPOSITIVOS ATINGIRÁ ESTE ANO 780 MILO número de seropositivos na China atingirá 780 mil no final de 2011, mantendo-se a doença numa situação “moderadamente prevalecente”, disse ontem a agência noticiosa oficial chinesa, citando peritos do sector. “Na China, o número de seropositivos e de doentes que contraíram a Sida representa cerca de 1/50 do total mundial”, diz um comunicado do ministério chinês da Saúde. Entre Janeiro e Outubro deste ano foram feitos na China 67,45 milhões de testes da Sida, um aumento de 16,5% em relação a igual período de 2010. Desde a descoberta do primeiro caso de sida na China, em 1985, a Sida já matou cerca de 88 mil pessoas. A China é o país mais populoso do mundo, com cerca de 1340 milhões de habitantes – 19% da humanidade.

INCÊNDIO DEIXA NOVE MORTOS EM HONG KONGPelo menos nove pessoas morreram e 30 ficaram feridas num incêndio que começou numa feira de rua e que se propagou a um edifício residencial em Hong Kong. O incidente ocorreu na Fa Yuen Street, no bairro comercial de Mong Kok (na península de Kowloon) e começou por volta das 4h40. Testemunhas relataram ter ouvido uma explosão e gritos de pessoas pedindo ajuda, devido ao fumo que invadia a rua. Até de manhã, os bombeiros ainda não tinham conseguido apagar as chamas. Não é a primeira vez que um incêndio acontece na Fa Yuen Street, conhecida pelos moradores locais como “a rua dos sapatos”. Em Dezembro de 2010, outro incêndio no mercado deixou seis feridos e destruiu 80 tendas. Cerca de 200 moradores tiveram de esvaziar o local. Os prejuízos económicos 20 milhões de dólares de Hong Kong.

LÍDERES CONVOCAM EMERGENTES A ELEVAR AJUDA A POBRESLíderes globais convocaram ontem doadores emergentes, como a China, a intensificarem os esforços para ajudar os pobres do mundo. Especialistas em ajuda de cerca de 160 países estão reunidos em Busan, Coreia do Sul, na tentativa de aumentar a eficácia da ajuda - numa época de orçamentos apertados em países desenvolvidos e de gastos crescentes de novos doadores como China, Índia e Brasil. “No leste e sul da Ásia, na América Latina e mesmo em África, muitas economias estão a crescer”, disse, na conferência, o secretário Geral da ONU, Ban Ki-moon. “Com o sucesso vem a responsabilidade. Esta pode ser a oportunidade de assumir novas lideranças”, completou. A secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, apelou para que todos os doadores trabalhem juntos para assegurar que os beneficiários da ajuda sejam mais auto-suficientes e evitem a “maldição dos recursos” - que ocorre em nações que exportam petróleo, diamantes ou outros bens lucrativos, mas continuam pobres.

A controvérsia tem a ver com agendas de outra natureza. O endurecimento da posição americana em relação à China inscreve-se numa linha de acção política que tem tido tradução equivalente em outros domínios, não podendo ser dissociado das próximas eleições presidenciais americanas. Peng Zhonglian, P. 15

Emigração é palavra-chavepara aumento da procura dos cursos

Mais jovens a aprender mandarim, “a língua do futuro”

CERCA DE 128 MILHÕES VIVEM ABAIXO

DA NOVA LINHA DE POBREZA

Miséria à lupa

(nível básico) e mandarim (nível HSK n.º 3, numa escala de 1 a 6). Estudante na Li-cenciatura de Línguas e Culturas Orientais na Universidade do Minho (UM), Samuel, assegura que o chinês “é uma língua do futuro” e que, embora gostasse de seguir

a área de representação, se “Portugal não der conta do assunto da crise”, a China será o destino.

“É DIFÍCIL, MAS É UMA LÍNGUA LÓGICA”Lu Yanan é solista instrumental de pi’pa e é a professora de Thomas, de Ana Rita, de Sofia e de Loide, na FLUP. Foi pioneira, lê-se no pequeno cartão com o contacto, na radiodifusão bilingue “Português e Mandarim” em 2006, em Portugal. Vive em Portugal há 15 anos e não hesita em afirmar que a procura de mandarim se deve, sobretudo, a questões de empregabilidade.

À semelhança dos alunos, Lu admite ser um idioma difícil de aprender: “a gramática é fácil, mas falar é mais complicado.” Para se conseguir ler um livro são precisos cerca de 3000 caracteres. Ainda assim, as turmas estão cheias. O curso anual da FLUP teve este ano o mais elevado número de estudantes e é procurado maioritariamente por jovens, segundo o Gabinete de Formação e Educação Contínua da faculdade.

O mandarim é o dialecto oficial da China e é a língua mais falada em todo o mundo (845 milhões de falantes no total, segundo o Observa-tório de Língua Portuguesa em Março de 2010).

por dia estabelecido pelo Banco Mundial em 2008.

A nova linha de pobreza “aproxima a China dos padrões internacionais e coloca mais pessoas sob a protecção do governo”, realçou a imprensa oficial. “O objectivo é asse-gurar que, por volta do ano 2020, os pobres do nosso país já não tenham de preocupar-se

com a comida e a roupa. O seu acesso à educação obrigatória, à assistência médica básica e à habitação estarão também as-segurados”, disse o presidente Hu Jintao.

Na última década, o orça-mento do governo chinês para reduzir a pobreza aumentou 11,9% ao ano, somando 34,93 mil milhões de yuans em 2010,

indicou o primeiro-ministro, Wen Jiabao.

O actual número de pobres (128 milhões) representa 13,4% da população rural chinesa e quase 10% dos 1340 milhões de habitantes do país. Segundo o jornal “China Daily”, na Índia, país onde a “linha de pobreza” está fixada em 153 dólares (115 euros) por ano, o número de pobres rondará os 370 milhões.

No Brasil e Estados Unidos - dois outros exemplos apontados por aquele jornal - as respectivas linhas de pobreza correspondem a um rendimento anual inferior a 453 dólares (340 euros) e 10.980 dólares (8.230 euros).

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Representante da APOMAC entrega ideias “para melhorar Macau” ao Chefe do Executivo

“Se falhas no planeamento, então estás a planear falhar”A máxima é da autoria de Benjamin Franklin, mas é Jorge Fão que a utiliza. E para ajudar a que não haja falhas no que ao futuro de Macau diz respeito, o presidente da Associação dos Reformados e Pensionistas de Macau (APOMAC) entregou em mão ao Chefe do Executivo um dossier com ideias e sugestões práticas para ajudar a melhorar a vida dos cidadãos, os problemas de trânsito da cidade e a experiência turística para quem vem de fora

Joana [email protected]

ACONTECE em Hong Kong e Sin-gapura, Pequim e Taiwan. Mas

não em Macau. No territó-rio faltam zonas pedonais com actividades culturais e comércio, mas sem au-tocarros ou automóveis. Jorge Fão, presidente da da Associação dos Reformados e Pensionistas de Macau (APOMAC), elaborou um estudo em conjunto com dois especialistas das áreas de planeamento ambiental e urbanístico, de forma a apoiar o Governo na resolu-ção dos maiores problemas , por cá, se fazem sentir.

O responsável – com um passado de relevo na região – facilitou uma cópia do documento ao Hoje Ma-cau. As ideias são muitas, esperam-se as soluções.

O relatório relembra que já existe a tradição secular de ter lojas nas ruas com acessos pedonais, mas mostra falta de cuidado na manutenção desse comportamento.

Em Macau, isso já se fez antes. Em 1990, ficou decidi-da a remoção da passagem de veículos no Leal Senado, uma das zonas de maior atracção turística do territó-rio, e nos centros históricos de Coloane e da Taipa. Se isso viesse a acontecer na Avenida Almeida Ribeiro era possível não só facilitar a diversificação turística, como também a vida dos comerciantes da velhinha San Ma Lou.

“Não é bom trazer trans-portes públicos ou privados para o interior de ruas estreitas. Poucas pessoas caminham na zona norte da San Ma Lou, tornando difícil às lojas sobreviverem. Vemos muitas lojas vazias e edifícios em ruínas”, refere o dossier. Tudo porque não há espaço para a livre circulação dos peões e porque, o pouco que há, se enche de gases dos tubos de escape das centenas de veículos que, todos os dias – excepto ao domingo -, por ali passam.

“As melhores cidades do mundo têm zonas pedonais agradáveis e seguras, com árvores, lojas e restaurantes, tornando agradável o cami-nhar pela cidade”, pode ler--se no estudo encomendado pela APOMAC.

Para o território – com uma área de apenas 28,6 quilómetros quadrados -, a conclusão principal do estudo é só uma: separar trânsito e população.

REAVIVAR MEMÓRIAS Imagine-se – se conseguir fazê-lo - a percorrer ruas adornadas de coisas anti-gas, literalmente “made in China”. Eram objectos de

seda, ourivesaria, carnes e frutas, móveis e o eterno chá. Estavam à venda no Bazar Chinês – a Chinatown de Macau, quando ainda se dividiam pessoas pelas nacionalidades.

Agora, recorde-se de como está agora. As lojas continuam lá, mas os carros tapam a visão a quem tenta olhar para elas. Por isso mesmo, uma das suges-tões do dossier prende-se precisamente com o rea-

vivar dessa zona. “A Rua da Felicidade e a Avenida 5 de Outubro poderiam ser adoptadas como zonas pedonais, cortadas ao trân-sito. Isto beneficiava não só o comércio desta zona, como ajudava os turistas a conhecerem melhor a pé a Chinatown de Macau”, escrevem os especialistas.

A ideia não deixa de ressalvar a necessidade das carrinhas de fornecedores chegarem até aos locais de

ANTÓ

NIO

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Representante da APOMAC entrega ideias “para melhorar Macau” ao Chefe do Executivo

“Se falhas no planeamento, então estás a planear falhar”

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comércio, mas arranja tam-bém solução para isso: até às 9h da manhã permitir a entrada de quem traz novos produtos.

YING-YANG ONDE AINDA É POSSÍVEL É preciso equilíbrio entre as coisas. Harmonia. Esse é um dos princípios fundamen-tais da cultura chinesa, mas nem por isso se aplica em Macau. Entre arranha-céus, temos arranha-céus. Jorge Fão explica as razões, que não são apenas estéticas: “O domínio das construções em altura, sem zonas verdes, parques desportivos ou escolas (...) pode conduzir a depressões pessoais e conflitos sociais. É preciso um equilíbrio entre as zo-nas construídas e as zonas livres”, frisa.

O exemplo de que fun-ciona e que fica bonito vem de Singapura, a Garden City, “cidade equilibrada”, que oferece bons espaços de residência e muitas zonas verdes, após ter plantado milhões de árvores.

TRAZER MODERNIDADE AO QUE É ANTIGOSe a aposta é fazer com que as pessoas caminhem pelas ruas, há pequenos detalhes que não podem ser es-quecidos. Inevitavelmente expostos às vontades da meteorologia, cidadãos e turistas podem considerar, por vezes, desagradável a ideia de estar ao ar livre. Por isso mesmo, contra a chuva, o sol e o vento, há ideias: cobrir as ruas com vidros, colocando até ares condi-cionados em algumas delas. Faz-se assim em Singapura, Milão, Quioto, Bucareste e Inglaterra. E resulta. “As pessoas ficam mais tempo nas ruas”.

OCUPAROS ESPAÇOS VAZIOS“Existem, em Macau, espa-ços mal aproveitados em zonas turísticas, sem sanea-mento apropriado e sem ar-ranjo paisagístico”. Existem

sim. Onde poderiam, por exemplo, existir esplanadas.

As imagens que enfei-tam o dossier da APOMAC não enganam. A Travessa do Mata Cáceres – zona próxima à Rua do Dr. Pedro Lobo e onde ficam diversos restaurantes e cafés – e a zona histórica de Boston, como exemplo, são dois lo-cais completamente opostos e não só pela localização geográfica. Se numa vemos apenas alguns bancos de plástico que servem clientes normalmente do território, na outra o espaço enche-se de mesas e cadeiras, de pes-soas, animação e turistas.

Esplanadas é algo inco-mum de encontrar em Ma-cau, contra os muitos locais onde elas poderiam existir. Alterar isso não é difícil e “poderia melhorar a cidade, tanto nas zonas turísticas, como nos bairros antigos”, refere o documento.

TORNAR VIVA A HISTÓRIA A Colina da Guia está “ofus-cada por torres de comunica-ção”. O Forte Dona Maria II “está fechado ao público”. A Fortaleza de Mong Há “não tem serviços nem informa-ção”. As colinas de Macau têm potencial lúdico, acredita Jorge Fão, mas são pouco aproveitadas. Já as relíquias históricas apresentam-se em duas condições: “ou estão em ruínas ou fechadas”. Sem local de descanso, para sentar

ou meramente contemplar a paisagem. De difícil, ou mesmo vedado, acesso.

“As diferenças entre o planeamento de Macau e o de Hong Kong e Singapura são enormes. As outras têm bons acessos, faz-se aproveitamento das zonas com locais para as famílias, cafés ou anfiteatros”, revela o documento de Jorge Fão.

LEVAR A ÁGUA À SUA DEUSAÁ-ma não foi só quem deu origem ao nome de Macau. A deusa brindava os pescadores que chegavam à baía, depois de os proteger das intempé-ries do mar, tanto que estes ergueram um templo em seu nome. Mas a relação da deusa com a água foi interrompida, após a construção “da barrei-ra de edifícios ou estradas” que, diz Jorge Fão.

A ideia para contornar o problema é transferir da avenida da Barra para um túnel subterrâneo, criar um permanente acesso pedonal. Ou seja, “trazer de novo Macau como cidade ligada ao rio”.

As ideias de Jorge Fão che-garam, de certeza, ao Chefe do Executivo. Foi o próprio que entregou o documento a Chui Sai On.

Os objectivos estão deli-neados. A prova de que Ma-cau pode e deve ser um lugar diferente também lá está. Resta esperar pelas soluções.

Macau, como?

• MACAU COMO ISTAMBUL – remover o tráfego da San Ma Lou e colocar apenas eléctricos para a deslocação das pessoas

• MACAU COMO ROMA E VENEZA – proibição ou limitação da entrada de veículos em certas áreas da cidade

• MACAU COMO MILÃO, QUIOTO, INGLATERRA OU BUCARESTE – cobrir ruas pedonais para as tornar sempre utilizáveis durante qualquer situação meteorológica

• MACAU COMO SINGAPURA – plantar milhões de árvores Macau como Madrid, Londres, Nova Iorque ou Minnesota – aumentar as vias de comunicação, como as pontes, e estender o teleférico a outros pontos

• MACAU COMO JAPÃO – condutores de táxi educados

ANÚNCIO [N.º91/2011]

Paraosdevidosefeitos,vimosporestemeionotificarosrepresentantesdosagregadosfamiliaresseleccionadosdalistadeesperadehabitaçãoeconómicaabaixosmencionados:

N.º do boletim de candidatura Nome N.º do boletim

de candidatura Nome

99334 LEI LAM CHON 108119 MAK NGAN IOK74320 LAM LAI KUAN 71490 CHONG IONG80256 CHOI HONG 87571 LAO KIT LIN91689 CHEANG KIM HAN 100938 CHEONG SOK HAN110596 MAK FONG MENG 117875 SO IN KAM79014 IONG SOI MENG 104422 CHEONG SAO CHOI87738 LAO CHEONG MENG 105996 CHOU HOI LAM92884 LAM MEI LENG 71543 CHAU I MUI77721 LOU VENG CHI 74163 LAM TAK IENG121690 FAN TENG VA 70367 LAM CHON IO83031 WONG LAI IN 87405 LEI HO CHONG119500 KU WENG LON 70370 WONG WENG IAN90797 CHIO LEI LEI 95840 CHOI VENG I116890 IEONG WAN SI 73413 AO SAI KEONG81213 IAO CHONG IN 85667 LIO CHAN MOU88680 CHAO IAN LET 95885 CHEONG IOK KUAN111462 WONG FONG LEI 82424 WONG KAM86340 CHEANG SIO LENG 115574 CHAN MENG WAI88591 FOK CHI MENG 77733 PANG SHUET MUI81798 CHONG IN LENG 96083 SOU SIO KUN

127763 TANG SIO PENG 71555 LEI CHI WAI ALIAS VASCO LEI

81728 KOU KENG WAI 52655 UN WAI HONG104178 LEI SAO LAI 83471 KUAN WAI HONG96297 KAM SOU WAI 119264 FOK VAI CHAN

109951 CHEONG KEI FONG 95097 IAN FU WENG

Deacordocomostermosdoartigo12.ºdoDecreto-Lein.º26/95/M,de26deJunho,oInstitutodeHabitação(IH)informaosrepresentantesdosagregadosfamiliaresacimareferidos,atravésdeofícios,parasedirigirempessoalmenteaoIH,sitanaTravessaNortedoPatane,n.º102,IlhaVerde,Macau(pertodaEscolaPrimáriaLuso-ChinesadoBairroNorte),nodia16deDezembrode2011,àshorasfixadasnosrespectivosofícios,paraescolhadasfracçõesdehabitaçãoeconómicadisponíveisdeT1nazonadeMacau. Nessaaltura,osagregadosfamiliaresdalistadeesperaacimareferidosdevemapresen-tarosdocumentoscomprovativos(originaisecópias)abaixomencionados,paraefectuaranovaverificaçãodosrequisitosdacandidaturadaaquisiçãodehabitaçãoeconómica.Casoasrespectivasinformaçõesafectemosactuaisrequisitosdaaquisiçãodefracçãoouexistiremmudançadacomposiçãodosagregadosfamiliaresacimareferidos,esteInstitutoirásuspender,imediatamente,oprocedimentodaescolhadehabitaçãoeconómica:

1. Documentosdeidentificaçãodetodososelementosdoagregadofamiliareosseus cônjuges(casohouver)registadosnoboletimdecandidaturadehabitaçãoeconómica.2. Provadecasamento(aplicávelaosindivíduoscasados.CasotenhaentregueaoIH, nosúltimostrêsmeses,nãoénecessárioaentregardenovo.)3. Boletimdecandidaturadosdadosdosagregadosfamiliaresdehabitaçãoeconómica devidamentepreenchidoseassinados.

Deacordocomostermosdon.º2doartigo13.ºdodecreto-leiacimareferido,comasalteraçõesintroduzidaspeloRegulamentoAdministrativon.º25/2002,casoosagregadosfamili-aresdalistadeesperaacimareferidosnãotenhamcomparecidonoIH,nodiaehorasfixados,eapresentadoosdocumentosacima referidos,paraescolhadehabitaçãoounãopretendamadquirirnenhumadasfracçõesdehabitaçãoeconómicadisponíveisnomomentopodemoptarentre,pormotivonãojustificado,implicaaperdadodireitodeescolhaepassagemautomáticaparaoúltimolugardalistageral;ouapósaapreciaçãodosdadosapresentados,verifiquequenãoreuniremcomosrequisitosdacandidatura,osagregadosfamiliaresseleccionadosserãoexcluídosnalistageral.

Nointuitodeproporcionarosagregadosfamiliaresseleccionadosparateremmaisconheci-mentossobreasinformaçõesdasfracçõesdehabitaçãoeconómicadisponíveis,oIHjuntamenteosofíciosenviaráemanexoocatálogocomdescriçõesdasfracçõesparavenda, tabeladospreços,ráciobonificado,pontosdeobservação,informaçõessobreafracçãodemodelo.CasoosagregadosfamiliaresseleccionadosnãotenhamrecebidososofíciosremetidospeloIH,atésetediasantesdadatafixada,poderãodirigir-seaoIHsitonaTravessaNortedoPatanen.º102,IlhaVerde,Macau)ouconsultaratravésdotelefonen.º28594875,duranteohoráriodeexpediente.

O Presidente,

TamKuongMan 30deNovembrode2011

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QUINTA-FEIRA 1.12.2011

6www.hojemacau.com.mo SOCIEDADE

Economia deverá crescer 13% em média em 2012 e 2013

Previsões muito optimistas

A economia de Ma-cau deverá registar um crescimento real médio de 13%

em 2012 e 2013, anos em que o investimento tenderá a subir ligeiramente face ao valor previsto para 2011, de acordo com o mais recente relatório do “Economist Intelligence Unit” (EIU) a que o Macauhub teve acesso.

As previsões constantes do relatório apontam para um crescimento real de 12% em 2012 e de 14% em 2013, menos do que os 22% previstos para este ano, e uma subida marginal da formação bruta de capital fixo (investimento) dos 8,5% este ano para 8,9% em 2012 e 10% em 2013.

A taxa de inflação, ante-cipa o documento, tenderá a registar uma queda abrupta para 3,6% em 2012 e 4,3% em 2013, contra uma taxa pre-vista para este ano de 6,1%.

De acordo com o docu-mento, a queda a verificar-se

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AVISOCOBRANÇA DA CONTRIBUIÇÃO ESPECIAL

1. Faço saber que, o prazo de concessão por arrendamento do terreno da RAEM abaixo indicado, encontra-seterminado, e, que de acordo com o artigo 3.º da Lei nº. 8/91/M de 29 de Julho, conjugado com o artigo 2.º e o artigo 4.º da Portaria n.º 219/93/M, de 2 de Agosto, foi o mesmo automaticamente renovado por um período de dez anos a contar da data do seu termo, pelo que, deverão os interessados proceder ao pagamento da contribuição especial liquidada pela Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes.

Localização dos terrenos: - Rua da Ribeira do Patane, n.os 179B a 181C, Travessa das Docas, n.os 2 a 22 e Avenida Marginal do Patane, n.os 194 a 224 (Edifício Nga San).2. Agradecemosaoscontribuintesque,noprazode30diasapósarecepçãodanotificaçãodopagamento,

ou, até 19/12/2011, se dirijam ao Núcleo da Contribuição Predial e Renda, situado no rés-do-chão do Ed-ifício Finanças, ao Centro de Serviços da RAEM, ou, ao Centro de Atendimento Taipa, para levantamento da guia de pagamento M/B, destinada ao respectivo pagamento nas Recebedorias dos referidos locais.

3. Na falta de pagamento da contribuição no prazo estipulado, proceder-se-á à cobrança coerciva da dívida, de acordo com o disposto no artigo 6.º da Portaria acima mencionada. Aos, 9 de Novembro de 2011. A Directora dos Serviços de Finanças, Vitória da Conceição

nomia de Macau poderá ser, segundo o EIU, a crescente concorrência dos casinos em outras cidades da Ásia, caso de Singapura em que foram inauguradas a Marina Bay Sands e a Resorts World

Sentosa, duas imensas estân-cias turísticas com hotelaria, entretenimento e jogo em que foram investidos 10 mil milhões de dólares.

PIB CRESCE 21,1%Segundo dados revelados ontem pelos Serviços de Estatística e Censos, o PIB registou um aumento de 21,1% em termos reais no terceiro trimestre deste ano, crescimento que se deve prin-cipalmente a um maior fluxo de exportação de serviços, pela despesa em consumo privado e pelo investimento.

As exportações de ser-viços do jogo aumentaram 39,8%, a despesa total de visitantes (excepto a do jogo) elevou-se 9,1%, a despesa em consumo privado expandiu--se 9,0%, o investimento au-mentou 5,7% e a despesa de consumo final do Governo

cresceu 6,9%, ao passo que a exportação de mercadorias desceu 4,4%.

O deflector implícito do PIB, que mede a inflação glo-bal, ascendeu 7,9% relativa-mente ao período homólogo

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no crescimento real do pro-duto decorre de um arrefe-cimento ligeiro da economia da China que deverá crescer apenas 8,2% em 2012 antes de voltar a crescer em 2013.

Um dos riscos para a eco-

O PIB registou um aumento de 21,1% em termos reais no terceiro trimestre deste ano, crescimento que se deve principalmente a um maior fluxo de exportação de serviços, pela despesa em consumo privado e pelo investimento.

de 2010. No entanto, o PIB subiu 21,8%, em termos reais, nos três primeiros trimestres em relação ao período homó-logo de 2010.

A taxa do crescimento do PIB relativo ao primeiro e ao segundo trimestres de 2011 foi revisto para baixo, de 21,6% para 20,9% e de 24% para 23,4%, respectiva-mente, e para o ano 2010 foi revisto para cima, de 26,4% para 27,1%.

A despesa em consumo privado subiu 9,0%, com o crescimento do número de empregados, a baixa taxa de desemprego e o acréscimo substancial das remunerações do trabalho no terceiro trimestre. Porém, esta subida foi superior aos 8,4% registados no segundo trimestre. A despesa de consumo final das famílias realizada no mercado local e

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QUINTA-FEIRA 1.12.2011

7www.hojemacau.com.mo

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ANÚNCIO [N.º83/2011]

Para os devidos efeitos, vimos por este meio notificar os representante do agregado familiar da lista de candidatos a habitação social abaixo indicado, nos termos do n.º 2 do artigo 72.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro:

Nome N.º do boletim de candidaturaNG KIN KIN 5019091

Após as verificações deste Instituto, notamos que o total do rendimento mensal do agregado familiar de candidato a habitação social acima mencionado ultrapassa o valor constante da tabela I do n.º 1 do Despacho do Chefe do Executivo n.º 297/2009, pelo que não reúne os requisitos exigidos para a candidatura, nos termos da tabela I do n.º 1 do Despacho do Chefe do Executivo n.º 297/2009, alínea 3 do artigo 2.º e n.º 1 do artigo 3.º do Regulamento Administrativo n.º 25/2009.

De acordo com os artigos 93.º e 94.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, deve apresentar, por escrito, a sua contestação e todas as provas testemunhais, materiais, documentais ou as demais provas, no prazo de 10 dias, a contar da data de publicação do presente anúncio.

Se não apresentar a contestação no prazo fixado ou a mesma não for aceite por este Instituto, a respectiva candidatura será excluída da lista geral de espera por IH, nos termos dos artigo 5.º, n.º 2 do artigo 9.º e alínea 2) do artigo 11.º do Regulamento de Candidatura para Atribuição de Habitação Social, aprovado pelo Despacho do Chefe do Executivo n.º 296/2009.

No caso de dúvidas, poderá dirigir-se ao IH, sito na Travessa Norte do Patane, n.º 102, Ilha Verde, Macau, durante as horas de expediente, ou contactar Sr. Wong através o tel. n.º 2859 4875 (Ext. 216), para consulta do processo.

A Presidente, substª

Kuoc Vai Han25 de Novembro de 2011

ANÚNCIO [N.º87/2011]

Para os devidos efeitos vimos por este meio notificar a representante do agregado familiar da lista de candidatos a habitação social abaixo indicada, nos termos do n.º 2 do artigo 72.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro:

NomeCHONG SAN OI

N.º do boletim de candidatura5013207

Após as verificações deste Instituto, notamos que o elemento do agregado familiar de candidato a habitação social acima mencionado é proprietário de fracção autónoma na Região Administrativa Especial de Macau, desde o termo do prazo para entrega do boletim de candidatura até à data de assinatura do contrato de arrendamento com este Instituto, pelo que não reúne os requisitos exigidos para a candidatura, nos termos da alínea 2) do n.º 4 do artigo 3.º do Regulamento Administrativo n.º 25/2009, este Instituto informou-a por este meio de ofício, com o nº 1106200028/DAH, datada de 23 de Junho de 2011, a solicitar à interessada acima mencionada para apresentar por escrito a sua contestação pelo facto acima referido no prazo de 10 (dez) dias a contar da data de recepção do referido ofício, mas não fez entrega da sua contestação. Neste acto recorreu uma infracção, nos termos da alínea 2) do artigo 11.º do regulamento acima mencionado. E, de acordo com a decisão do despacho do Presidente, exarado na Informação n.º 1250/DAHP/DAH/2011, a respectiva candidatura foi excluída da lista geral de espera.

E nos termos dos artigos 148.º e 149.º e n.º 2) do artigo 150.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, pode reclamar da respectiva decisão administrativa, ao Presidente deste Instituto, no prazo de 15 (quinze) dias a contar da data de publicação do presente anúncio, a reclamação não tem efeito suspensivo; ou pode apresentar directamente recurso judicial ao Tribunal Administrativo, no prazo de 30 (trinta) dias a contar da data de publicação do presente anúncio, nos termos do artigo 25.º do Código de Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 110/99/M, de 13 de Dezembro.

A Presidente, substª

Kuoc Vai Han25 de Novembro de 2011

PORTUGUESA APREENDIDA POR ALEGADO TRÁFICO DE DROGAUma mulher de nacionalidade portuguesa foi detida pela Polícia Judiciária (PJ) suspeita por tráfico de droga, avançou ontem a Rádio Macau. Segundo as autoridades trata-se de uma funcionária pública, agora reformada, de 55 anos. Alegadamente a suspeita transportava droga da China para Macau. A actividade já duraria há cerca de seis meses. A investigação foi desencadeada pela PJ, depois de ter recebido uma denúncia, cuja origem ainda não foi divulgada. A mulher foi intersectada pelas autoridades há cerca de uma semana. Na sua posse trazia cerca de 15 gramas de ketamina e 0,3 gramas de cocaína. A PJ estima em valor de mercado que a mulher trazia alegadamente um total de 8000 patacas. O caso vai agora ser transferido para o Ministério Público sob acusação de tráfico de droga. A suspeita pode vir a enfrentar uma pena de três a 15 anos de prisão.

MELCO PREVÊ ENTRAR NA BOLSA NA PRÓXIMA SEMANAA operadora de jogo Melco Crown Entertainment pretende avançar com a listagem das operações de Macau na bolsa de Hong Kong a 7 de Dezembro, sendo a última empresa do sector da capital mundial de jogo a fazê-lo. A Melco Crown, liderada por Lawrence Ho, de 34 anos, filho do magnata Stanley Ho, já marca presença no índice Nasdaq, em Nova Iorque. A entrada no mercado de capitais da antiga colónia britânica está a cargo do Credit Suisse e Deutsche Bank AG e requer ainda a aprovação das autoridades de Hong Kong. O vice-presidente e CEO (presidente executivo) da Melco Crown, Lawrence Ho, salientou, citado num comunicado da companhia hoje divulgado, que a entrada na bolsa de Hong Kong “irá colocar a empresa a par dos seus concorrentes, oferecer mais liquidez aos accionistas e o acesso directo a oportunidades de investimento [na operadora] aos investidores locais e asiáticos”. A Melco Crown Entertainment registou um lucro líquido de 98,24 milhões de euros (113,3 milhões de dólares) no terceiro trimestre de 2011, contra os 15,8 milhões de dólares (11,64 milhões de euros) auferidos em igual período de 2010.

AVENIDA HORTA E COSTA REABRE POR COMPLETO ESTE MÊSOs trabalhos de drenagem que encerraram parte da circulação na Avenida Horta e Costa devem estar terminados até ao dia 10 deste mês. A Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transporte e a Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego informaram que todas as quatro faixas de rodagem vão ser reabertas nos seus sentidos originais. As obras para aliviar as inundações na zona do Mercado Vermelho tiveram início a 8 de Dezembro de 2010 e os prazos foram cumpridos quatro meses antes do prazo definido.

no exterior aumentou 9,4% e 7,8%, respectivamente. Destaca-se que a despesa efectuada na China Conti-nental atingiu 1,84 milhões de patacas.

A despesa de consumo final do Governo cresceu 6,9%, foi superior aos 6,4% assinalados no segundo trimestre do corrente ano. Destaca-se que a remune-ração dos empregados se elevou 4,3% e as compras líquidas de bens e serviços ascenderam 10,0%.

INVESTIMENTO ABRANDAA formação bruta de capital fixo, que reflecte o investi-mento, abrandou bastante nos últimos três meses. Ficou-se pelos 5,7%, enquan-to que no segundo trimestre de 2011 foi de 20,6%. O investimento realizado pelo sector privado subiu 1,8%, dado que o investimento em construção desceu 8,8% e o investimento em equipamen-to cresceu 30,8%.

Quanto ao investimento realizado pelo sector públi-co, notou-se um acréscimo de 19,8%, para o qual con-tribuíram o investimento em construção e o investimento em equipamento que se elevaram 4,2% e 234,4%, respectivamente.

No que diz respeito ao comércio de bens, as ex-portações de mercadorias contraíram-se continua-mente no terceiro trimestre de 2011, contraindo-se 4,4%. O decréscimo foi, contudo, menor do que o registado no segundo trimestre de 2011 (8,3%). Contrariamente, as importações de mercadorias expandiram-se 29,5%: foram superiores aos 24,3% regista-dos no segundo trimestre de 2011 e impulsionadas pelos acréscimos assinalados no consumo privado e na des-pesa de visitantes.

Na vertente do comércio de serviços, as exportações de serviços elevaram-se 33,5%, como resultado dos acrésci-

mos verificados no número de visitantes e nas suas despesas.

DÉFICE DA BALANÇA COMERCIAL AGRAVA-SE No que toca à balança comer-cial, não há boas notícias. O dé-fice aumentou 49,7% nos dez primeiros meses do ano para 44,35 mil milhões de patacas face a igual período de 2010. As exportações caíram 4,5% entre Janeiro e Outubro para 5,59 mil milhões de patacas.

Os fluxos de reexportação registaram um decréscimo de 5,3% até Outubro e os fluxos da exportação doméstica caíram 2,8% em relação ao pe-ríodo homólogo de 2010. Por outro lado, Macau aumentou as importações em 40,8% face aos primeiros dez meses de 2010, para um total de 49,94 mil milhões de patacas. Pe-rante este contexto, a taxa de cobertura das exportações so-bre as importações atenuou-se para 11,2%, menos 5,3 pontos percentuais do que entre Janei-ro e Outubro de 2010.

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8www.hojemacau.com.mo ENTREVISTA

Gonçalo Lobo [email protected]

ALBANO Martins não faltou à chamada e colocou o dedo na ferida do panorama

da protecção animal do territó-rio. Para o também economista, essa protecção não existe. Acusa Florinda Chan, secretária para a Administração e Justiça, e o Instituto para os Assuntos Cí-vicos e Municipais de andarem a atrasar leis de defesa animal e vê os pandas como um “show off” que Macau quer mostrar a Pequim. Sem leis, nem os pandas estão a salvo.Como está o cenário da protecção animal em Macau?Praticamente não existe regulamentação alguma que proteja o animal. O que existe é uma legislação de 1954 que diz, a grosso modo, que não é permitido comer gatos e cães, mas se alguém comer paga uma multa de 20 a 200 patacas. Há ainda leis que penalizam os donos de animais se, por irresponsabilidade, os animais sujam os espaços públicos. Os animais continuam a ser abandonados com ‘microchip’. Os animais continuam a ser sujeitos a actos de crueldade, como dar-lhes comer uma vez por semana. As lojas de animais continuam a aparecer sem haver uma política restritiva, porque as lojas injectam animais no mercado. Numa cidade pequena como esta, era suposto haver alguma preocupação para que os animais não se propagassem.No imediato, o que é que a ANIMA tem feito?Temos vindo a fazer diversas esterilizações em animais errantes. Também tentamos mantê-los no sítio onde vivem, além de todos os animais que temos no abrigo - 200 cães, 70 gatos e ainda uns quantos coelhos. Todos eles são esterilizados antes de qualquer adopção.Porque é que isso está a acontecer em Macau?Simplesmente porque não há lei. A secretária para a Administração e Justiça, Florinda Chan, não tem agenda para isso. Lembro-me de há uns, durante uma cerimónia num país africano, o Chefe do Executivo Edmund Ho me perguntou: “Albano, como vão os cães e

Albano Martins, presidente da Sociedade Protectora dos Animais de Macau (ANIMA)

“Matar um panda em Macau não é crime”

os gatos?” Eu respondi que estávamos à espera da lei que Florinda Chan estava a fazer e ela, que estava ao lado de Edmund Ho, disse que estava quase. Esta conversa terá ocorrido em 2008 ou 2009, mas nem para 2012 há agenda para a protecção animal. Mas isto também é uma questão de protecção da saúde pública. A China é uma região endémica da raiva e qualquer surto de raiva em Macau é dramático. Se o Governo está convencido que mata cães e gatos como quem mata galinhas está muito enganado. Arrisca-se a ter uma revolta popular, se é que se pode falar assim.Já confrontaram o Governo mais alguma vez?A ANIMA apresentou em 2006 ao Governo ideias claras sobre como se devia agir e ainda as mantemos hoje. São ideias estruturantes e não conjunturais. Em 2007 voltámos a repetir porque o

processo de consulta voltou a acontecer e quatro anos depois as propostas voltaram de novo para o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) que agora irá fazer uma lei melhor, de acordo com o que ouvi dizer pelos responsáveis e sob o pretexto das coisas modernas. Não há coisas modernas nenhumas. São questões muito genéricas que é preciso legislar e os animais continuam por proteger.Quantas associações é que se preocupam com a protecção dos animais em Macau?Activas há a ANIMA, que é a mais antiga de todas, a APAAM e o Meow Space, que se refere apenas a gatos.E as associações todas não se juntam para lutarem por aquilo que, ao fim ao cabo, é um interesse comum: a protecção animal?A ANIMA tem vida própria, tem regras próprias. Existe convergência de interesses

na medida em que as associações são consultadas como parceiros. Contudo, o IACM tem falhado nesse particular com a ANIMA, e com as outras, porque não somos ouvidos como entidade que trabalhamos no ramo. Isso é contrário ao que se passa pelo mundo. Somos ouvidos, se é que

discutir as coisas como devem ser.E o que falta para isso acontecer?Falta vontade. A administração do IACM tem tido, sistematicamente, comportamentos contra as associações de protecção animal. Não quer ouvir, é arrogante e até hoje só não

Vem desde o tempo de Lau Si Io na presidência da entidade e numa altura em que se alteraram as licenças de 2000 para 500 patacas. A administração do IACM considerou isso uma má atitude, mas essa atitude foi inteligente. O número de licenças nessa altura, com a baixa de preço, mais do que duplicou, o que significou que foram retirados dos números de animais que não estavam vacinados contra a raiva vários animais. Se um animal não tiver licença, não pode ser vacinado contra a raiva e, num ambiente onde a raiva é endémica, isso é uma asneira. Há tantos animais licenciados como não licenciados, além dos animais errantes que vivem nas ruas. A ANIMA tenta esterilizar, mas não pode vacinar contra a raiva porque esses animais não têm licença – essa licença custa 500 patacas. Qual é

“Falta vontade. A administração do IACM tem tido, sistematicamente, comportamentos contra as associações de protecção animal. Não quer ouvir, é arrogante”

posso dizê-lo, um bocadinho à socapa e as nossas opiniões não são tidas nem achadas. Penso que, neste processo, nem vale a pena as associações juntarem-se porque todas elas defendem os mesmos pontos. O importante é juntarem-se à mesa com o IACM para

temos mais dificuldades porque somos considerados associação de utilidade pública pelo Governo, o que nos dá um estatuto especial. Temos uma belíssima relação com o canil municipal, mas não temos uma boa relação com os dirigentes do IACM. Isso foi sempre assim?

GONÇ

ALO

LOBO

PIN

HEIR

O

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9www.hojemacau.com.mo

Albano Martins, presidente da Sociedade Protectora dos Animais de Macau (ANIMA)

“Matar um panda em Macau não é crime”a associação que consegue licenciar todos os animais?Acha que se tem canalizado todas as atenções para o fenómeno dos pandas e esqueceu-se os restantes animais?Ainda bem que toca nesse assunto. O panda é um animal protegido na China e em Macau não tem lei que o proteja. A única protecção que tem é que vive num ambiente de luxo e tem veterinários que o ajudam. Há muito ‘show off’ para mostrar patriotismo à China, mas o Estado chinês tem pessoas de grande traquejo e que sabem fazer a leitura de tudo. Quando souberem que há pandas cá que nem têm lei que os proteja... Admitamos que eu vou assaltar aquele espaço para comer um panda. O que é que me acontece? Pago 200 patacas de multa. A única coisa mais grave é o facto de ter assaltado o local, porque matar o animal não me vai dar grande dor de cabeça, pois não há lei que o proteja. Matar um panda em Macau não é crime.Mas está tudo assim tão mau quando se fala de animais?Vou dar-lhe um exemplo. Estamos a pedir aos Serviços de Saúde para que vacinem os nossos trabalhadores contra a raiva, porque eles lidam com os animais diariamente. Se um animal nosso morde o tratador, vamos ao hospital público e se dissermos que o tratador foi mordido por um animal que nos pertence, pagamos uma multa. É ridículo sermos multados como se fossemos uma associação de criminosos. Somos multados porque falta a lei que proteja também as associações que trabalham com os animais. Outro exemplo, os veterinários em Macau não estão credenciados. Qualquer pessoa pode abrir uma clínica. Ninguém me obriga a ser veterinário nem tão pouco a que as minhas qualificações sejam reconhecidas por um organismo, porque não há qualquer organismo com essa

competência. Veja bem que os veterinários do IACM nem estão qualificados. Existe um perigo latente para a saúde pública.Mas quando falamos de animais não falamos apenas de cães e gatos. Recentemente veio a público que o parque Seac Pai Van irá receber mais animais, no sentido de transformar o local num jardim zoológico. Quer comentar?Não tenho uma opinião formada sobre isso. Há zoos em todas as partes do mundo, mas também há leis que protegem os animais em todas as partes do mundo. Porque razão o IACM quer colocar mais animais lá se não os pode proteger? Se alguém bater num animal ou cortar um animal aos pedaços não há lei que possa castigar essa pessoa. Primeiro há que criar leis e depois sim é que deve vir o “show off”. E em relação ao urso da Flora?As condições foram melhoradas. Infelizmente o urso é um pobrezinho comparado com os pandas. No ano passado, um amigo da ANIMA enviou-nos um e-mail alertando para a situação do animal. Contactámos as associações de ursos e similares que vieram a Macau, estiveram com o animal e a opinião deles é de que o animal não está em situação tão má como eles pensavam. Ofereceram-se, com a ajuda do IACM, para cooperar no melhoramento da qualidade de vida do urso e nós estamos a tentar com o canil municipal esse elo de ligação.Ainda há a polémica com os galgos do Canídromo...Existe uma luta contra o Canídromo devido ao facto de eles abaterem cerca de 30 animais por mês. Animais que não ganham corridas são abatidos e isso está a dar uma grande polémica. E estamos a falar de animais com o máximo de três anos e que estão saudáveis. A corrida

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de galgos é tradicional, mas se nós formos ao Canídromo podemos ver as instalações completamente degradadas. Macau ainda está no tempo da pré-história porque mata animais que não ganham corridas. Se formos pelo caminho da adopção, os animais têm de ser adoptados lá fora, pois Macau não tem espaço.Aves migratórias. Pouco tem sido feito para a protecção dessas aves. Destroem-se mangais...Destrói-se muita coisa ligada à natureza. Como nós já vimos as árvores de Coloane são todas destruídas. As pessoas não têm muito a noção que a natureza e nós somos parte do mesmo ecossistema. Destruindo uma parte dele estamos a destruir o sistema todo. Não há formação geral nas pessoas e algumas pessoas com responsabilidades não têm cultura suficiente para percepcionarem estes problemas. Mas sejamos honestos. Portugal esteve cá 400 anos e pouco ou nada fez por isso.Esta destruição das casuarinas e dos mangais, árvores que protegem os litorais, pode trazer dissabores no futuro?Quem faz isso não sabe o que está a fazer. Não consigo perceber porque é que se estão a destruir casuarinas quando estas árvores estão preparadas para este tipo de ambiente, e na Ásia e África estão bem espalhadas. Não existe história de alguém andar a abater casuarinas por estas chegarem aos 50 anos de vida. Isto de facto faz rir. Faz rir, ou chorar.Voltando à protecção animal. Quais são as principais batalhas da ANIMA no curto e médio prazo?A ANIMA tem grandes problemas. As lojas de animais exercem um efeito extremamente nocivo contra nós porque têm animais mais belos, novos. Nós até temos alguns animais de raça, mas o efeito é diferente. Esse é um

grande problema que temos. Para conseguir continuar a salvar animais, temos de incentivar mais adopções. Actualmente só conseguimos uma casa nova a cerca de dois por mês, o que é muito pouco. Isto cria outro problema que é a quantidade de pessoas que telefona para a ANIMA. Não basta querer salvar os animais, é preciso haver condições para o fazer. Muitas pessoas contactam-nos e depois não querem saber mais acerca dos animais. O ónus passa exclusivamente para administração da entidade onde somos todos voluntários. Faltam-nos mais voluntários sistemáticos. Um

voluntário não sistemático pode causar muitos problemas. A ANIMA, que tem actualmente uma dívida de 900 mil patacas, é uma associação que vive dos apoios dos seus associados, do subsídio do Governo – se não fosse esse subsídio provavelmente a ANIMA já nem existia. Portanto, precisamos de mais voluntários, mais espaço

para colocar animais e mais apoios.Como está a vossa situação de espaço?O nosso projecto foi aprovado pelas Obras Públicas, mas ainda não temos licença de ocupação do terreno dado pelo Executivo. Naquela área não há rede de esgotos públicos. Temos um tanque estanque. O IACM, sempre o IACM, está com medo que as águas da chuva vão inquinar o lago. Querem que nós façamos a ligação da nossa fossa à rede pública que só existe no Altinho de Ká-Hó. Algo que é da competência do Governo, e que custa mais de 12 milhões de patacas, terá de ser feito por nós. Estamos a falar da rede pública. A nós só nos compete ligar a nossa casa à rede pública. O Governo não deve estar a par disso porque senão corria com esses senhores pela falta de incompetência e pela prepotência que têm demonstrado.

“Há muito ‘show off’ para mostrar patriotismo à China, mas o Estado chinês tem pessoas de grande traquejo e que sabem fazer a leitura de tudo. Quando souberem que há pandas cá que nem têm lei que os proteja...”

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10www.hojemacau.com.mo CULTURA

Nuno G. [email protected]

“MACAU, uma de-liciosa língua de areia no sul da China, é um

assalto genuíno aos sentidos – uma arrebatadora explosão de néones, slot machines, sabores, fumos e movimentos intestinais exóticos.” A abrir, a descrição resumida do território, pelo olhar cáustico da Uncyclopedia.

Este site, de grafismo e estru-tura similares ao da Wikipédia, é uma enciclopédia satírica, também escrita por voluntários de todo o mundo. A sua criação é recente – 5 de Janeiro de 2005 -, tendo começado como um projec-to independente de dois autores conhecidos pelos pseudónimos Chronarion e Stillwaters. A po-pularidade da ideia foi imediata e hoje abrange mais de 30 mil artigos só em inglês, indo muito mais longe num total superior a 75 línguas. Curiosamente, o inglês surge em segundo lugar, porque o maior número de en-tradas é escrito em português, graças a contribuições maciças vindas do Brasil.

Ao longo da página sobre Macau, os temas preferidos para gozo são jogo, poluição, trânsito, consumo excessivo de tabaco e hábitos alimentares. Assuntos, afinal, que constituem o dia-a-dia do território, embora sejam habi-tualmente encarados de forma séria. Não é o que acontece na Uncyclopedia.

A primeira parte da sátira marca o tom. “Há sempre alguma coisa para fazer em Macau, desde nadar com os golfinhos do esgoto em vias de extinção a visitar as muitas ruínas históricas – palácios, igrejas e hospitais públicos.” A saúde é também um dos alvos preferen-ciais, muitas vezes com outras críticas subjacentes incluídas. “É verdadeiramente uma terra de con-trastes, onde os polícias de trânsito usam máscaras, mas os cirurgiões raramente o fazem.”

CASINOS AFUNDADOSQuanto à História de Macau, nunca foi contada com tantos pormenores. Mesmo que sejam todos falsos. “Os macaenses sempre adoraram o jogo, aliás o seu primeiro líder, Dat Cao, foi eleito por causa de um simples jogo de póquer. A famosa ‘Mão de Cinco Ases’ que ele usou para ganhar ainda hoje está guardada no Palácio do Povo. Entretanto, como os casinos em terra foram proibidos pela China, os em-

Território é motivo de gozo na enciclopédia dos disparates

Macau, a pior terra do planeta...

presários viram-se forçados a construir uma pequena língua de areia no oceano. Os primeiros casinos ruíram por causa de um tufão, os segundos também... mas a terceira e quarta vagas aguentaram-se graças às fun-dações estáveis proporcionadas pelos casinos que tinham caído.”

Mais à frente, a explicação de como se chegou aos dias de hoje. “O jogo continuou a crescer, tal como o crime, praticado por gangues locais e chineses. Até que em 1999, como um presente do milénio, a China anexou Macau. Agora, a sua maior função é ser uma estância onde os

SAÚDE“Macau tem a mais baixa taxa de mortalidade infantil e maternal da Ásia. Infelizmente, os pais morrem aos milhares nos nascimentos dos filhos, devido às celebrações com panchões de fabrico ilegal.”

altos cargos do partido comunista chinês se encontram para tomar decisões importantes e fazer filhos ilegítimos.”

JACKPOT DE TOLICES“A economia de Macau é princi-palmente baseada na extorsão e no jogo”, diz a página, quando entra na “análise” financeira. “O território é famoso por ter o recorde mundial de slot machi-nes, havendo uma em cada casa de banho.”

Há também comparações mais e menos directas com Hong Kong, aparecendo sempre a

MÚSICA“A principal exportação musical de Macau é a deliciosa diva Dat Nho Lai Di, conhecida como ‘Rainha da Música’ graças aos seus 11 discos de plástico. Lamentavelmente, a sua carreira terminou de forma precoce, devido a um trágico acidente durante uma cirurgia testicular em 2003.”

LEIS“As drogas são ilegais em Macau e toda a gente (excepto os oficiais do Governo) apanhada tem de escolher entre a execução sumária ou ouvir a gravação de uma cassete com a festa de karaoke do governo local. A maioria opta pela execução.”

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QUINTA-FEIRA 1.12.2011

11www.hojemacau.com.mo

Como a Uncyclopedia vê os outros

FAUNA E FLORA“Desde que a reserva natural de Macau foi usada para fazer o parque de estacionamento de um casino, só sobraram três árvores. Duas estão mortas e a outra a morrer de fumo passivo. Animais, só existem duas espécies, ambas de piolhos púbicos, bastante comuns em clubes de strip.”

HONG KONG• “Os habitantes de Hong Kong são uma raça especial sem qualquer identidade nacional, excepto a capacidade de assumirem a identidade de quem quer que ocupe a cidade. Hello Kitty é a sua religião oficial.”

CHINA• “Tudo o que existe foi feito (não inventado) na China primeiro. É um país conhecido pelo amor aos animais e por ser a civilização mais entediante da História.”

PORTUGAL• “Há rumores que os portugueses chegaram a Plutão, onde Vasco da Gama levou bacalhau a Darth Vader. Este gostou tanto do presente que usou a força para corromper todos os políticos de Portugal e transformar Eusébio numa estátua de bronze.”

Território é motivo de gozo na enciclopédia dos disparates

Macau, a pior terra do planeta...Exporta cancro do pulmão, elege a slot machine como he-rói nacional, sexo e jogo são a sua religião. As descrições na Uncyclopedia disparam a brincar, mas este site humorístico, criado como sátira da Wikipedia, tem milhões de visitas

TRANSPORTES“Ir de um bairro a outro pode demorar sete horas, com muita sorte. Isto acontece devido às leis de construção muito permissivas, que autorizam fazer prédios no meio das estradas.”

BANDEIRA“Foi criada por Ho Pho Li, primeiro-ministro de Macau, durante um concurso de bebida em 1925. É o único emblema do mundo considerado alucinogénico, estando por isso banido em todos os países, excepto na Holanda, onde a sua exibição é amplamente encorajada.”

FOTOS DA UNCYCLOPEDIACOM AS SUAS LEGENDASMUITO CARACTERÍSTICAS

GRANDE PRÉMIO“Todos os anos, Macau receber uma corrida automóvel onde os jogadores de casino com maiores dívidas competem pelo acidente fatal mais espectacular.”

RAEM como o vizinho menoriza-do. “Apesar de muitas reformas políticas e económicas, Macau permanece como a região ad-ministrativa especial esquecida, onde um taxista pode ganhar o dobro de um médico (embora nenhum dos dois precise de qua-lificações para exercer) e os novos hotéis são tão rápidos a abrir e a ruir como os fiscais de obras demoram a ser comprados.”

Se quiser ler a página na íntegra (versão inglesa, porque a página em português é muito pobre), visite uncyclopedia.wikia.com/wiki/Macau.

GASTRONOMIA“Há muito pouca oferta para vegetarianos, já que todas as refeições têm sempre uma espécie qualquer de carne, incluindo a maioria das águas engarrafadas. Estranhamente, o único prato que não tem carne é o bife de touro.”

DESPORTO“O desporto é ilegal, depois de estudos terem provado que o exercício em ares muito poluídos reduz os lucros do jogo. O Governo lançou por isso a campanha ‘bolas por cigarros’, oferecendo um maço de tabaco a cada criança que entregar uma bola de futebol.”

AMBIENTE“Macau é o único local do mundo onde há risco real de morrer afogado no ar, um fenómeno conhecido por ‘Macau Cocktail’. Muitos habitantes optam por usar equipamento de mergulho no seu dia-a-dia.”

Votada a bandeira mais alucinogénica de 2005 pela Associação de Roterdão de Vexilologia e Emblemas, RAVE (no original).

Vista dos arranha-céus de Macau num dia de céu limpo.

Uma casa-de-banho típica em Macau.

Reunião no parlamento de Macau, Outubro de 1792. Repare-se no senador a apostar 20 mil peças de ouro no aumento de uma tarifa.

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QUINTA-FEIRA 1.12.2011

12www.hojemacau.com.mo DESPORTO

Marco [email protected]

UMA raquete, um volante e ambição para dar e vender. A edição de 2011

do Open de Badminton de Macau prometia trazer ao território uma vez mais os melhores praticantes da modalidade, mas as ex-pectativas da organização foram frustradas à última da hora pela desistência dos dois melhores jogadores da actualidade.

O malaio Lee Chong Wei e o chinês Lin Dan anuncia-ram no início da semana a intenção de não competir no certame que na terça-feira se começou a disputar na Are-

Grande Prémio de Badminton arranca sem os melhores do mundo

Sem Lee e Lin, venha o diabo e escolha

na do Venetian. O primeiro e o segundo classificados do ranking da Federação Mundial de Badminton já se defrontaram por duas

ocasiões este mês em parti-das a contar para as etapas de Xangai e de Hong Kong do circuito internacional da modalidade e eram muitos

os entusiastas da modali-dade que esperavam ver o embate reeditado na RAEM.

Na sexta-feira passada, Lee Chong Wei não conse-guiu evitar a segunda derro-ta em menos de um mês às mãos de Lin Dan em partida a contar para as meias-finais da edição de 2011 do Open da China. Os dois desaires tiveram efeitos perniciosos sobre a moral do líder da tabela mundial. Mais do que o impacto das derrotas, Lee Chong Wei alegou estar física e mentalmente exausto e justificou a decisão de não competir em Macau com a necessidade de não arriscar uma lesão desnecessária.

A desistência de Lee Chong Wei e de Lin Dan eleva o indonésio Taufik Hidayat ao estatuto de prin-cipal candidato ao triunfo no evento do território. Hidayat, que derrotou Lee Chong Wei na final da edição de 2008 do Open de Macau, entrou no certame com o pé direito ao levar a melhor sobre Huang Chao, de Singapura, em três sets. O atleta indonésio perdeu o primeiro parcial do encontro por 26-28, mas acabou por não dar hipóteses ao adver-sário nos dois restantes sets da partida, vencendo por 21-8 e por 21-16.

Ontem, o número nove da tabela mundial ultrapas-sou sem dificuldades Wei Nan, un dos representan-tes da vizinha RAEHK no evento do território. Taufik

Hidayat derrotou o adver-sário por dois sets a zero e pelos parciais de 21-13 e de 21-19, numa partida que se prolongou por pouco mais de quarenta minutos. Sem Lee Chong Wei e Lin Dan na corrida pelo título, o atleta indonésio reconhece que tem o trabalho facilitado para lutar pelo ouro na RAEM e assegura ter badminton e confiança suficientes para vencer em Macau.

“Consegui melhorar a minha performance no se-gundo encontro e espero continuar a melhorar gradu-almente para estar no meu melhor na sexta-feira e no sábado. Estou confiante de que posso voltar a triunfar no Open de Macau, ainda que permaneçam em prova atletas de grande nível. Com ou sem Lee Chong Wei em competição, já mostrei o meu valor e acredito que posso voltar a vencer a prova”, afirmou o indonésio aos microfones da TDM.

Com a desistência de Lee Chong Wei e de Lin Dan, a competição masculina no âmbito da edição de 2011 do Grande Prémio de ba-dminton de Macau perdeu irremediavelmente alguns motivos de interesse, mas em contrapartida, o cartaz do certame feminino apresenta--se como o mais forte dos últimos anos. A principal candidata ao triunfo na Arena do Venetian só ontem entrou em prova. Depois de ter falhado a participação

no Open de Hong Kong, a chinesa Jiang Yanjiao aceitou o convite da organização da prova do território e ontem estreou-se no evento com uma vitória sofrida frente à tailandesa Sapsiree Taerat-tanachai. A atleta do Con-tinente perdeu o primeiro set para a adversária pelo parcial de 24-22, mas acabou por conseguir recuperar da desvantagem, vencendo os dois restantes sets por 21-17 e por 21-9.

Representado no torneio por mais de uma dezena de atletas, o badminton do ter-ritório quase não sobreviveu à primeira ronda de embates, disputada na terça-feira. A excepção à regra do quase amadorismo que norteia a prática da modalidade na RAEM é encarnada por Wang Rong e por Zhang Zhibo.

As atletas do território ultrapassaram ontem as canadianas Alex Bruce e Michelle Li em partida a contar para a primeira ronda do torneio feminino de du-plas da competição. Wang e Zhang levaram a melhor sobre as adversárias pelos parciais de 21-16 e 21-13 e dizem-se preparadas para lutar por um bom resultado no certame, ainda que a tare-fa não se afigure fácil.

“No encontro que dis-putámos contra a dupla canadiana mostrámos que nos entendemos bem dentro de campo e que o facto de nunca termos jogado juntas antes não afectou o nosso ritmo de jogo. Persistem ainda alguns pequenos pro-blemas, mas não é nada que não consigamos resolver nos próximos dias”, assegura a experiente Zhang Zhibo.

Sorte diferente teve a dupla constituída por Iao Mei Ha e pela macaense Al-bertina Eugenia de Assis. As duas atletas não consegui-ram levar a melhor sobre as japonesas Matsuo Shizuka e Naito Mami e despediram-se do Open do território com uma derrota pelos pesados parciais de 21-5 e 21-9.

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[ ] CinemaCineteatro | PUB

[f]utilidadesQUINTA-FEIRA 1.12.2011www.hojemacau.com.mo

13

[Tele]visãoTDM 13:00 TDM News - Repetição13:30 Jornal das 24h RTPi15:00 Debate das Linhas de Acção Governativa para 2012 - Área dos Assuntos Sociais e Cultura (Directo)20:00 Que Loucura de Família20:30 Telejornal21:00 TDM Talk-Show21:30 Castle22:15 Passione23:00 TDM News23:30 Resumo Liga Europa23:45 Herman 201100:40 Reportagem Sic01:10 Telejornal (Repetição)01:40 RTPi Directo

INFORMAÇÃO TDM

RTPi 8215:00 Telejornal Madeira 15:36 Especial Saúde16:08 Grandes Livros II Aparição De Vírgilio Ferreira17:00 Bom Dia Portugal 17:58 Fado Maior 18:01 O Elo Mais Fraco 18:57 Resistirei 19:44 Correspondentes20:04 Mariza Nos Palcos Do Mundo21:00 Jornal Da Tarde 22:16 Fado Maior(R) 22:23 Preço Certo 23:12 Com Ciência 23:41 Estrela Maior 14:00 Telejornal Madeira14:30 Alta Pressão15:00 Magazine Austrália Contacto15:30 Mudar de Vida16:00 Bom Dia Portugal 16:55 Fado Maior 17:00 O Elo Mais Fraco17:45 Resistirei18:30 A Alma e a Gente19:00 Diva: Simplesmente Uma Homenagem20:00 Jornal Da Tarde

21:15 O Preço Certo22:00 Magazine Austrália Contacto22:45 Portugal no Coração

ESPN 3012:30 Ettu European Champions League Men14:30 Chang World of Football 15:00 Emotions - Sports Magazine15:30 Big Ten/acc Challenge Wisconsin vs. North Carolina17:30 Rugby World Cup 2011 Wales vs. Namibia19:30 (LIVE) Sportscenter Asia 20:00 Stihl Timbersports Series 20:30 Emotions - Sports Magazine 21:00 Euro Beach Soccer League Superfinal Russia vs. Switzerland22:00 Sportscenter Asia 22:30 Rugby World Cup 2011 Canada vs. Japan

STAR SPORTS 3113:00 FIA Wtcc 2011 - Highlights 13:30 FA Cup 2011/12 Preview Show 14:00 Monsoon Cup 2011 16:00 Commonwealth Bank Tournament Of Champions 2011 Hls17:00 Sports Max 2011/12 18:00 FA Classics FA Cup 1997/98 Final Arsenal vs. New Castle United19:00 Monsoon Cup 2011 21:00 Sea Master Sailing 2011 21:30 (LIVE) Score Tonight 22:00 Global Football 2011 22:30 Game 23:00 Asian Olympic Qualifiers Final Round Australia vs. Uzbekistan

STAR MOVIES 4012:50 The Walking Dead Walkthrough 13:25 Father Of The Bride Part Ii 15:15 Astro Boy 16:55 Letters To Juliet 18:45 Skyline 20:25 1322:00 The Walking Dead23:50 Knight & Day

Su doku

[ ] Cru

zadas

REGRAS |Insira algarismos nos quadrados de forma a que cada linha, coluna e caixa de 3X3 contenha os dígitos de 1 a 9 sem repetição

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HORIZONTAIS: 1-Medida agrária; Rama de nabo pouco desenvolvido. 2-Sucesso desairoso; Antiga cidade da Caldeia. 3-Prefixo designativo de negação; Óleo de gergelim. 4-Conceber; Aspecto; Freguesia do concelho de Oliveira de Azeméis. 5-Delicado; Panela de barro. 6-Grande porção de ratos; Imposto sobre o Rendimento das pessoas Colectivas. 7-Espécie de pandeiro ou adufe do Norte de Africa; Gema de ovo batida com açucar. 8-Assistir; ância com que as abelhas fabricam os favos; O mais (ant.). 9-Antes de Cristo; Tumor duro que se forma em volta das articulações dos ossos. 20-Garboso; Ósmio (s.q.). 11-Unidade monetária da União Europeia; Bom sendo.

VERTICAIS: 1-Acariciar; Grande onda. 2-Arquivo de filmes cinematográficos. 3-Batráquio anuro; Roer; Decifra. 4-Cavar ‘a superfície; Antílope africano. 5-Arrastar com o rodo o sal das marinhas; Brisa. 6-Partes duras da Madeira; Desembaraçado. 7-Transitva; Prefixo designativo de ar. 8-Asno. Irmãos. 9-Indignação; Bagaço de uva, de que se faz água-pé. 10-Arrecadados. 11-Argola; Que tem calos.

HORIZONTAIS: 1-Acre; Nabiça. 2-Fiasco; Ur. 3-An; Sirage. 4-Gerar; Ar; Ul. 5-Amável; Ola. 6-Rataria; IRC. 7-Tar; Gemada. 8-Ver; Cera; Al. 9-AC; Nodo. 10-Galhardo; Os. 11-Euro; Siso.VERTICAIS: 1-Afagar; Vaga. 2-Cinemateca. 3-Rã; Ratar; Lê. 4-Escavar; Nhu. 5-Rer; Ar. 6-Nós; Ligeiro. 7-Ia; Aer. 8-Burro; Manos. 9-Ira; Lia. 10-Guardados. 11-Anel; Caloso.

SALA 1SEEDIQ BALE 2 WARRIORS OF THE RAINBOW [C](Falado em japanês & seediq)(Legendado em chinês)Um filme de: Te-Sheng WeiCom: Qing-tai Lin, Da-qing You, Zhixiang Ma14.30, 17.00, 21.30

YOU ARE THE APPLE OF MY EYE [C] (Falado em putonghua, legendado em chinês e inglês)Um filme de: Giddens KoCom: Zhendong Ke, Yanxi Chen, Siu-Man Fok19.30

SALA 2THE ADVENTURES OF TINTIN 3D [B] (Falado em cantonense)Um filme de: Steven Spielberg14.15, 16.15, 18.00, 20.00

STARRY STARRY NIGHT [B](Falado em putonghua)(Legendado em chinês e inglês)Um filme de: Tom Lin Shu-YuCom: Josie Xu, René Liu, Harlem Yu22.00

SALA 3ARTHUR CHRISTMAS 3D [A](Falado em cantonense)Um filme de: Sarah Smith14.15, 16.00, 17.45, 19.30

SEEDIQ BALE [C](Falado em japanês & seediq)(Legendado em chinês)Um filme de: Te-Sheng WeiCom: Qing-tai Lin, Da-qing You, Zhixiang Ma21.15

NOVELAS PORTUGUESASDOS ANOS 90:UM EXEMPLOTodos os estrangeiros sabem como são os portugueses. Têm bigodes farfalhudos, são barulhentos e dramáticos. As senhoras idosas choram muito e dizem sempre “graças a Deus” quando se lhes pergunta se está tudo bem. Os homens seguram as barrigas, e que grandes barrigas!, nos cintos das calças. Às vezes esfregam-nas, outras vezes agitam só as mãos no ar, normalmente a discutir com as suas esposas, com voz grossa e tom muito macho. Já as senhoras passam o dia nas cozinhas – decoradas com centenas de louças e porcelanas -, com aventais muito rendados. As portuguesas não são mulheres nada modernas nem trabalham fora de casa. Não, não, elas gostam muito de tomar conta dos maridos e dos filhos e só têm pouco tempo para elas. Quando conseguem descansar, normalmente sentam-se nas mesas da cozinha com uma amiga mais velha, que sabe sempre mais da vida, com uma caneca de chá na mão. Mas são tristes os portugueses. São, são. As senhoras passam a vida a chorar, coitadas, e a queixarem-se da vida às tais amigas mais velhas que estão na cozinha com elas. Os homens são maus e estão sempre a bater nas mulheres, que são seres inferiores em Portugal. Eles e os seus bigodes farfalhudos estão sempre colados aos balcões dos tascos da aldeia - porque em Portugal só há aldeias onde toda a gente se conhece – e a bebida favorita é um copo de vinho tinto que um senhor chamado “Zé” lhes serve de um garrafão. Eu sei isto tudo porque vejo a RTP internacional todos os dias. Por exemplo, em Portugal os filmes ainda são a preto e branco. Não há nada moderno. As pessoas gostam de dançar e cantar músicas parolas, não conhecem compositores clássicos. Eu acho que Portugal é um país de pessoas sem cultura. As pessoas aparecem a falar na televisão de uma maneira estranha, a gritar e apontar e a querer mandar beijinhos a todos os filhos e netos que têm. E pela forma como os homens de bigode tratam as mulheres, que nem as deixam estudar, só pode ser um país tacanho. Eu gosto das paisagens de Portugal. Mas a RTP internacional mostra-me estas coisas todas de lá e eu fico assustado. É que as pessoas aqui na redacção não são assim. O Gonçalo, o Nuno e o Paulo não têm bigode. A Joana, a Lia, a Catarina e a Vanessa não ficam em casa a cozinhar nem usam avental. Cá para mim, foi por isso que elas fugiram de Portugal. Não queriam ser como os senhores que aparecem na RTP internacional. Eu também fugia e tenho bigodes!

Pu - Yi

O FILHO DE MIL HOMENS • valter hugo mãeEsta é a história de Crisóstomo que, chegando aos quarenta anos, lida com a tristeza de não ter tido um filho. Do sonho de encontrar uma criança que o prolongue e de outros inesperados encontros, nasce uma família inventada, mas tão pura e fundamental como qualquer outra. Tocando em temas tão basilares à vida humana como o amor, a paternidade e a família, O filho de mil homens exibe, como sempre, a apurada sensibilidade e o esplendor criativo de Valter Hugo Mãe.

O GRANDE INQUISIDOR • João Magueijo Na noite de 26 de Março de 1938, o físico nuclear Ettore Majorana embarcou levando consigo uma grande quantia de dinheiro e o passaporte. Nunca mais foi visto. Até aos nossos dias, o seu desapa-recimento permanece envolto em mistério. Em O Grande Inquisidor (alcunha por que Ettore Majorana era conhecido entre os colegas), o físico teórico João Magueijo conta a história de Majorana e do seu grupo de investigação, responsáveis pela descoberta casual da fissão nuclear, em 1934.

PORTUGAL, SALAZAR E OS JUDEUS • Avraham Milgram O Portugal de Salazar - que assistiu a tudo na posição privilegiada de país neutro, longe das grandes batalhas que selaram o destino da Euro-pa e do mundo - não ficou imune ao confronto moral e ético suscitado pela questão judaica. A relação de Portugal com os judeus perseguidos foi ambivalente, composta de atitudes positivas e negativas.

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OPINIÃOda es t re la

Carlos M. Cordeiro

QUINTA-FEIRA 1.12.2011

14www.hojemacau.com.mo

ESDE domingo que não se fala noutra coisa em Portugal. O fado passou a património imaterial

da humanidade, o que significa, verdadei-ramente, que continuará a ser cantado em Alfama, Bairro Alto e Mouraria e a encher os bolsos a certos senhores que usam o fado para sua promoção pessoal e enriquecimento lícito, apesar de oportunista. O fado é saudade, destino, nostalgia, queixume, ciúme, meta-física, história, poesia, erotismo, mitologia, melancolia. O fado é muito mais e o povo que o inventou nas tabernas e nos bairros pobres oitocentistas de Lisboa nem se apercebeu que a sua origem poderá ter estado no interior da corte portuguesa que se encontrava no Brasil. O fado é português, francês, brasileiro, macaense, japonês ou americano. Numa sala qualquer onde se faça ouvir uma voz apregoando as venturas e desamores portugueses, existe fado. O fado é um tesouro. Um tesouro que fala de Portugal, da sua cultura, da sua língua, dos seus poetas, mas que também tem muito de universal nos sentimentos que evoca.

No século passado assistimos à divul-

gação do fado pelo mundo, essencialmente através de uma cantadeira pobre, Amália Rodrigues. Milhares de histórias já foram descritas sobre Amália e a sua carreira artís-tica. Nesta hora em que o fado se encontra nas bocas do mundo, quiçá não o sentindo e compreendendo, não quero deixar de sa-lientar um acontecimento particular da vida de Amália, aquela senhora que após o 25 de Abril foi apelidada de fascista deixando-a

profundamente triste e que, por isso, ainda pensou em abandonar Portugal. No entanto, eram inúmeras as personalidades da oposição ao regime de Salazar que ao longo dos tempos lhe tinham pedido ajuda. Enquanto fazia a sua ascensão pelos palcos internacionais e cantava poemas com mensagens políticas encriptadas em imagens de uma beleza ím-par, a fadista recebia, em sua casa, pessoas de todos os quadrantes ideológicos.

Um dos seus maiores amigos era Ary dos Santos, que nos anos 1970 avisou um seu camarada “desviado” para Timor da visita de Amália. Na Austrália a cantadeira entu-siasmou, em Díli embriagou os timorenses vibrantes e eufóricos e em Bali foi Amália que ficou endeusada. Surpreendeu-se com a ternura e o sentimentalismo do povo balinês, desabafando que a sua passagem por aquela ilha teria sido uma bênção ao fado. A verdade é que os deuses balineses ouviram-na. Passados tantos anos, em Bali, o socialista António Costa anunciou ao mundo que o fado foi reconhecido como património mundial. Tudo isto é fado. Amália já sabia.

O fado é saudade, destino, nostalgia, queixume, ciúme, metafísica, história, poesia, erotismo, mitologia, melancolia. O fado é muito mais e o povo que o inventou nas tabernas e nos bairros pobres oitocentistas de Lisboa nem se apercebeu que a sua origem poderá ter estado no interior da corte portuguesa que se encontrava no Brasil

O fadO que amália já sabiaD

ed i to r ia lCarlos Morais José

VANESSAA nossa Vanessa vai-se embora. Isto não é um problema: é um drama, uma tragédia, uma catástrofe. Não, não estou a brincar. Estou a falar a sério. A sua capacidade de trabalho, organização, o seu profissionalismo e paciência, são mesmo raros, difíceis de encontrar, impossíveis de criar. É preciso uma pessoa com formação académica, experiência profissional e sentido da notícia para desempenhar o papel que Vanessa Amaro assumiu no Hoje Macau, a partir do momento em que se tornou a nossa editora.Foi um privilégio para este jornal contar com ela. Mas, como nas histórias de fadas, aquilo que à partida parece uma despedida, acaba por ser um “até amanhã”, um “até já”, um “até sempre”, cheio de saudades e recordações boas. Por isso, acreditamos que a Vanessa não saiu. Vai aqui permanecer como exemplo, como inspiração, como modelo. De lealdade, de profissionalismo, boa camaradagem e excelente jornalismo. Não julguem que é fácil. Outros tentaram e falharam, por uma razão ou por outra. Mas a Vanessa Amaro soube estar, soube chegar a Macau e instalar-se, compreender e, humildemente (algo que falta tantos dos recém-chegados), estudar Macau e o mundo circundante. Não trouxe respostas: chegou com perguntas que nos fizeram crescer e ser melhores. E é assim que as coisas, por aqui, podem funcionar.É com o coração dividido que a vemos partir: com tristeza por nos deixar e com alegria por compreendermos que segue o seu percurso de vida, mas sem deixar ressentimentos nem inimizades. Antes pelo contrário, neste jornal haverá sempre um lugar para a Vanessa que já nos prometeu manter, como colaboradora, para nosso gáudio e honra, uma página semanal, a partir de Janeiro de 2012.Obrigado Vanessa, por tudo o que nos deste. Pelo teu irrepreensível carácter que gostaríamos de ver como modelo em futuras gerações. Pelo que ensinaste e pelas dúvidas sobre nós mesmos que levantaste. Tudo de bom para ti. Há alguém com muita sorte neste território. Mas, cuidado, que a Vanessa é nossa. E para disso abdicarmos seria necessária uma revolução. Daquelas que nunca vão acontecer.

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crón ica s ín icaPeng Zhonglian

QUINTA-FEIRA 1.12.2011

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Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editor Vanessa Amaro Redacção Gonçalo Lobo Pinheiro; Joana Freitas; Lia Coelho; Nuno G. Pereira; Rodrigo de Matos; Virginia Leung Colaboradores António Falcão; Carlos M. Cordeiro; Carlos Picassinos; José Manuel Simões; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Rui Cascais; Sérgio Fonseca Colunistas Arnaldo Gonçalves; Boi Luxo; Correia Marques; Gilberto Lopes; Hélder Fernando; Jorge Rodrigues Simão; José I. Duarte, José Pereira Coutinho, Marinho de Bastos; Paul Chan Wai Chi; Pedro Correia Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia António Falcão, Gonçalo Lobo Pinheiro; António Mil-Homens; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Laurentina Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

Só é útil o que não serve para nada.Por Fernando

Ciclone

S relações sino-americanas têm andado algo agitadas. A declaração do Ministério da Defesa da China,

em 23 de Novembro, de que armada chinesa iria realizar exercícios no Pacífico Ocidental, não teria significado especial se não se tivesse seguido ao anúncio do reforço da presença militar americana na Austrália. Os dois factos em conjunto não passariam de um vulgar desaguisado se não tivessem sido antece-didos por um importante artigo de Hillary Clinton sobre a estratégia americana para o Pacífico (America’s Pacific Century). Tudo junto adquire uma nova dimensão à luz das sucessivas afirmações do Presidente Obama sobre o papel fulcral da Ásia e da Região Ásia-Pacífico na geopolítica do século XXI.

Deve desde já salientar-se que não é correcta a afirmação de que os EUA se pre-tendem deslocar para o Pacífico, já que aí se encontram fortemente implantados, não apenas pela geografia, mas também, desde o fim da segunda guerra mundial, na política regional e na economia. Os sucessivos trata-dos de cooperação e segurança, de defesa ou alianças militares que foram celebrando ao longo dos anos 50 e 60 com a Austrália, Nova Zelândia, Filipinas, Coreia do Sul, Japão ou Tailândia, aos quais de resto o documento de Hillary Clinton faz expressa e enfática re-ferência, são exactamente a expressão disso. Não se trata pois de um novo interesse, nem sequer de um regresso mas de um renovado empenho dos Estados Unidos na região.

Diga-se que o documento de Clinton não se furta à polémica e pode até dizer-se que a incentiva. Começando por assinalar objectivos consensuais para todos os actores da região (abertura de mercados, bloqueio da proliferação nuclear e manutenção da liberdade de circulação das rotas marítimas) aponta para objectivos como a renovação das alianças existentes, construídas no decurso da “guerra fria”, e expansão da aliança com a Austrália para uma parceria global com forte incidência na região indo-pacífica.

Por outro lado, o Pacífico é apenas o Pacífico distante mais os Estados Unidos, sem uma palavra para os parceiros mais próximos, também membros da APEC, como o Canadá, México, Chile, Peru ou mesmo a Rússia. Que nem referidos são quando se assinalam três gigantes da Ásia-Pacífico: China, a Índia e os Estados Unidos.

Este interesse pelo Pacífico distante des-perta natural desconfiança na China que, em

A China é no presente um parceiro indispensável para qualquer dos seus vizinhos, em todos os domínios das relações internacionais, constituindo-se como um actor decisivo para a prosperidade e estabilidade da região

A “guerrA” do PAcífico

A contraposição, anuncia exercícios militares da sua marinha no Pacífico próximo, ou seja, no Pacífico ocidental, procurando sinalizar um empenho circunscrito à área dos seus interesses específicos.

O renovado interesse americano suscita no entanto alguns problemas tanto para os Estados Unidos como para a China.

Se por um lado as alianças formadas pelos EUA na região nasceram contra a China e o perigo que esta representava de expansionismo comunista, o mundo hoje já se não desenha a preto e branco. A China é no presente um parceiro indispensável para qualquer dos seus vizinhos, em todos os domínios das relações internacionais, constituindo-se como um actor decisivo para a prosperidade e estabilidade da região. O relançamento, reorientação ou reforço de qualquer das alianças que aí foram sendo construídas não deixará de ter em conta esse factor e, nessa medida, conter ou até frustrar, em maior ou menor medida, a ambição americana.

Todavia, a crescente assertividade da China no que respeita às disputas territoriais com praticamente todos os seus vizinhos, torna bem-vinda por parte destes a pre-sença americana, reconduzindo o protesto chinês contra o envolvimento americano nos assuntos da segurança regional e disputas territoriais no mar do Sul da China, a um lamento isolado.

O mais recente “white paper” sobre a defesa nacional da China, apresentado em Março deste ano, dá por irreversível a evo-lução para a globalização económica e um mundo multipolar. Todavia a multipolarida-de tem também expressão regional, sendo impensável um mundo multipolar assente em nichos regionais de poder, que substitui-ria a globalização por partilha territorial. A globalização económica está naturalmente associada a outras manifestações de poder, que a acompanham, facto reconhecido por importantes teóricos militares chineses que, por exemplo, advogam a necessidade de a China se dotar de um forte poder militar naval para apoio da expansão económica chinesa para fora do continente.

Em toda esta questão há todavia que separar a questão de fundo da controvérsia.

A questão de fundo tem a ver com os interesses nacionais de ambos os países e, independentemente dos atritos a que as manifestações de interesse por qualquer

deles possam dar lugar, contribui para a transparência das relações internacionais.

A controvérsia tem a ver com agendas de outra natureza. O endurecimento da posição americana em relação à China inscreve-se numa linha de acção política que tem tido tradução equivalente em outros domínios, não podendo ser dissociado das próximas eleições presidenciais americanas. Obama pretende reforçar a imagem de um presidente determinado, fortemente empenhado na afir-mação dos interesses nacionais americanos.

Por sua vez este mesmo facto não deixará de ser aproveitado na China como factor de coesão nacional. O destaque dado às opiniões dos leitores, na esfera virtual, indicia um claro propósito de mobilização contra alegados propósitos de interferência em disputas da China com os seus vizinhos, que devem ser tratadas a nível bilateral.

A “guerra” será porém e apenas de palavras, já que o bom relacionamento sino--americano é demasiado importante para o interesse nacional de ambos os países, para a paz e a prosperidade mundiais. A guerra de palavras não irá pois para além isso. E não impedirá que o Pacífico continue a ser um “oceano harmonioso”.

car toonpor Steff

CLINTON NA BIRMÂNIA

Page 16: Hoje Macau 1 DEZ 2011 #2505

QUINTA-FEIRA 1.12.2011www.hojemacau.com.mo

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Gonçalo Lobo [email protected]

O fotógrafo português Edgar Martins vai apresentar o seu

trabalho hoje no Albergue SCM. Pelas 18h30, o livro “This is not a House” virá a luz do dia em Ma-cau, mas não só essa obra. “É um seminário com cariz retrospectivo e onde vou tentar contextualizar os meus projectos de um ponto de vista temático, ideológico e visual. Cerca de uma hora com acompanhamento de uma pro-jecção visual”, explicou o autor ao Hoje Macau.

“This is not a House” é um projecto produzido em 2008 e tem uma exposição itinerante que irá percorrer o mundo até 2014, contudo, não passa pelo território. “Não vem a Macau por que não foram reunidas todas as condições. Houve o interesse do Albergue e do Instituto Cultural, mas temporalmente é impossí-vel”, explicou Edgar Martins.

Para hoje, o autor, que viveu em Macau 16 anos, espera que o pú-blico se mostre interessado naquilo que tem para dizer e que debata as ideias. “Faço estas palestras com alguma regularidade e espero um público interessado. Interessado em discutir o papel da fotografia, o papel do fotojornalismo.”

Fotojornalismo? “Não sou fo-tojornalista. Faço precisamente o contrário. A máquina fotográfica e a lente são utilizadas para não expor verdades absolutas. O meu trabalho sempre foi o de desmis-

tificar as regras do fotojornalismo e utilizo a fotografia enquanto processo de comunicação”, ex-plicou Edgar.

Considerado pelos críticos como um dos artistas mais in-fluentes da sua geração na área da fotografia, Edgar Martins mostra, segundo o director do Albergue SCM, Carlos Marreiros, “um excelente livro de fotografias”. “Este livro é um pouco como uma das máximas do taoismo que diz: ‘o homem constrói paredes no vazio criando outros vazios, mas é precisamente nesse vazio que ele habita’”.

A conversa desta tarde no Albergue SCM servirá para dis-cutir não só a mais recente obra do autor como também antigos trabalhos. “Vamos ter uma apre-sentação dele e do seu trabalho. Apresentará, aliás, várias obras com as suas lindíssimas fotogra-fias figurativas”, explicou Carlos Marreiros.

Nascido em Évora, Edgar Martins é um artista galardoado. Venceu o Prémio BES Photo 2008, o Prémio Mundial de Fotografia Sony (na categoria de paisagem) e o Prémio Internacional de Fotografia (na categoria de arte abstracta). “This is not a House” vai no seguimento daquilo que o português tem vindo a fazer nos últimos anos. “Edgar mostra casas novas, em ruínas, em obras, pormenores, paredes, isolamen-tos, tudo com uma enorme poesia. A fotografia dele é arte superior”, referiu Carlos Marreiros.

EDGAR MARTINS APRESENTA HOJE “THIS IS NOT A HOUSE” NO ALBERGUE SCM

A casa, as paredes e o vazio onde habitamos