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SEGUNDA 31.12.2012

Hoje Macau 31 DEZ 2012 #2762

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Edição do Hoje Macau de 31 de Dezembro de 2012 • Ano X • N.º 2762

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SEGUNDA 31.12.2012

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Não sou nada.Nunca serei nada.Não posso querer ser nada.À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.Janelas do meu quarto,Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é(E se soubessem quem é, o que saberiam?),Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,Com a morte a por umidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,E não tivesse mais irmandade com as coisasSenão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da ruaA fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitadaDe dentro da minha cabeça,E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu.Estou hoje dividido entre a lealdade que devoÀ Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.Falhei em tudo.Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.A aprendizagem que me deram,Desci dela pela janela das traseiras da casa.Fui até ao campo com grandes propósitos.Mas lá encontrei só ervas e árvores,E quando havia gente era igual à outra.Saio da janela, sento-me numa cadeira. Em que hei de pensar?Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?Ser o que penso? Mas penso tanta coisa!E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!Gênio? Neste momentoCem mil cérebros se concebem em sonho gênios como eu,E a história não marcará, quem sabe?, nem um,Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.Não, não creio em mim.Em todos os manicômios há doidos malucos com tantas certezas!Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?Não, nem em mim...

Em quantas mansardas e não-mansardas do mundoNão estão nesta hora gênios-para-si-mesmos sonhando?Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas -Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas -,E quem sabe se realizáveis,Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente?O mundo é para quem nasce para o conquistarE não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez.Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo,Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu.Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda,Ainda que não more nela;Serei sempre o que não nasceu para isso;Serei sempre só o que tinha qualidades;Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta,E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira,E ouviu a voz de Deus num poço tapado.Crer em mim? Não, nem em nada.Derrame-me a Natureza sobre a cabeça ardenteO seu sol, a sua chava, o vento que me acha o cabelo,E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha.Escravos cardíacos das estrelas,Conquistamos todo o mundo antes de nos levantar da cama;Mas acordamos e ele é opaco,Levantamo-nos e ele é alheio,Saímos de casa e ele é a terra inteira,Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido.(Come chocolates, pequena;Come chocolates!Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.Come, pequena suja, come!Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folha de estanho,Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.)Mas ao menos fica da amargura do que nunca sereiA caligrafia rápida destes versos,Pórtico partido para o Impossível.Mas ao menos consagro a mim mesmo um desprezo sem lágrimas,Nobre ao menos no gesto largo com que atiroA roupa suja que sou, em rol, pra o decurso das coisas,

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O NATAL DEPRESSIVO

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AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006 MOP$10 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ • SEGUNDA-FEIRA 31 DE DEZEMBRO DE 2012 • ANO XII • Nº 2762

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ANTÓNIO FALCÃO

HABITAÇÃO PÚBLICA

População olha com desconfiança

PÁGINA 9

COM AVAL DA CHINA

Gigante de comércio online empresta dinheiro

ÚLTIMA

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Ter para ler

BRINQUEDOS NA CHINA

AMÉLIA ANTÓNIOPersonalidade do Ano

A presidente da Casa de Portugal tem sabido levar a bom porto um barco complicado. Isto apesar das críticas e dos escolhos que tem encontrado pelo caminho. O seu sucesso assenta, sobretudo, em trabalho, muito trabalho, que se traduz na realização de inúmeras iniciativas nas mais diversas áreas, do desporto à cultura, passando pela solidariedade social. Apesar de representar uma minoria, esta associação de portugueses demonstra, todos os dias, ser uma das maisimportantes da RAEM,também pela forma comointegra outras comunidades.Amélia António - e o projectoque dirige - merece,sem dúvida, esta distinção.

SALVAGUARDA DO PATRIMÓNIO

Democrataspedem lei comimpacto nacional

PÁGINA 8

• O Governante• O Político• O Pior

• A Oportunidade• O Evento• A Causa

• O Artista• O Desportista• A Instituição

• O Blogue• O Casino• As Revelações

AS OUTRAS ESCOLHAS DO ANO

PÁGINAS 2 A 7

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segunda-feira 31.12.2012especial2012

2 www.hojemacau.com.mo

• AMÉLIA ANTÓNIOA força da presidente da Casa de Portugal assenta em três lemas: trabalho, trabalho e mais trabalho. Se acrescentar-mos a isto o entusiasmo que lhe é natural, Amélia António desdobra-se constantemente em iniciativas e projectos novos que catapultaram a associação que dirige para a ribalta da RAEM. É certo que o projecto Lusitanus é, para já, um falhanço e ou-tras iniciativas poderão não ser bem delineadas mas, nestes casos, não lhe deve ser atribuída toda a responsabilidade. Bem vistas as coisas, poucas associações como a Casa de Portugal estão presentes em tantas áreas de actividade na sociedade local, para além de desempenhar por vezes um discreto papel, como convém, de solidariedade social. Por outro lado, poucos teriam a disponibilidade de tempo e de energia para desempenhar o seu papel, prescindido de horas que lhe seriam certamente preciosas, em termos financeiros, no seu escritório de advogados. Ora esta ab-negação pela causa colectiva, rara nos dias que correm, é mais uma razão que nos leva a considerá-la, num ano em que a Casa de Portugal atingiu definitivamente a sua maio-ridade, a Personalidade do Ano. Substitui-la será, cremos, extremamente difícil.

• JOSÉ PEREIRA COUTINHOQuer se concorde quer não, quer se goste do estilo ou não, José Pereira Coutinho é dos poucos políticos desta terra que, não só vai a todas, como leva realmente a sério o seu papel. Para além disso, não tem pejo em ser crítico das acções do governo e seus satélites, mantendo contudo uma afabilidade com os seus pares deputados que o transformam numa figura popular. Isto é: tornou--se definitivamente num incontornável político.

• MANUEL NEVES, INSPECÇÃO DE JOGOSResponsável pela inspecção da área-chave da economia da RAEM, Manuel Neves não se deixou impressionar pela complexificação crescente do sector e paulatinamente prossegue o seu trabalho, sem que grandes ondas se levantem: verdade é que junkets e casineiros o respeitam. Na verdade, a sua presença à frente da Inspecção de Jogos tem garantido a pacificação e respeitabilidade dos casinos locais e, neste caso, o silêncio é mesmo de ouro.

• LEI DA VIOLÊNCIADOMÉSTICA

Os argumentos apresentados para não tornar a violência doméstica um crime público pertencem ao século XIX e vão custar caros a Macau nos fóruns internacionais. Governo, deputados e associações mostraram deste modo o seu desfasamento em relação ao mundo em que fingem viver. A questão é tão óbvia que é uma perda de tempo argumentar. Cresçam ou desapareçam.

• HO CHIO MENGNuma terra onde a criminalidade não é, de facto, um problema não se compreende por que razão o Ministério Público quer poderes que colidem com o segundo sistema. Estiveram bem o Governo e a AL ao tudo fazerem para negar as suas narcísicas pretensões. A cereja no topo do bolo foi o caso “comentário apagado” neste jornal, que ainda lhe vai dar água pela barba em 2013. Este episódio revela que, provavelmente, nem sequer domina as acções ilegítimas dos seus próprios adjuntos. Internacionalmente, prepara-se para rojar o nome da RAEM pela lama.

• DIREITOSDOS ANIMAIS

Foi incansável a luta das associa-ções da especialidade, durante 2012, para que o Governo aprove uma lei de defesa da bicharada. Perante situações de crueldade óbvias, como a matança de galgos, urge que Macau se aproxime nesta área dos ordenamentos jurídicos civilizados. Não será por falta de ini-ciativas das referidas associações que tal não acontecerá em 2013.

PERSONALIDADE DO ANO

POLÍTICO DO ANO PIOR DO ANO

CAUSA DO ANO

GOVERNANTEDO ANO

OPORTUNIDADEPERDIDA DO ANO

REVELAÇÃO

REVELAÇÃO• JASON CHAOÉ certo que, por vezes, exa-gera nos métodos mas, no panorama local, Jason Chao representa uma lufada de ar fresco sobretudo porque, para além dos habiyuais temas políticos, defende causas fracturantes, como os direitos dos homosse-xuais, que outros não têm coragem, nem visão, para defender nesta hipócrita sociedade. Ingenuamente indeciso entre o Novo Ma-cau e outras associações mais decididas, Jason Chao esteve em todas, na linha da frente do combate pelos direitos cívicos nesta tão específica RAEM, repre-sentando um passo em direcção ao futuro.

• CHAN MENG KAMDepois de uma legislatura discreta e de metade do ano apagada, Chan Meng Kam surgiu após o Verão como uma das vozes mais desassombradas da Assembleia Legislativa. Há quem diga que é a recente nomeação de Xi Jingping (supostamente seu próximo) que lhe deu este alento mas a verdade é que, para além de agora até existir o rumor de ser um eventual candidato a Chefe do Executivo, Chan não tem tido papas na língua.

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3segunda-feira 31.12.2012 www.hojemacau.com.mo

• CARLOS MARREIROSTer sido convidado para re-presentar Macau na Bienal de Veneza foi um acto de justiça e lucidez por parte de quem decide estas coisas. Carlos Marreiros é, sem dúvida, um dos maiores artistas que esta terra conheceu e, como não é do género de dormir sobre os louros, espera-se que o seu trabalho evolua constan-temente para outros media, embora o desenho, que magis-tralmente domina, continue a servir de sustentáculo.

• SUSANA CHOUSe deixarmos as reflexões budistas à parte, o blogue de Susana Chou é dos poucos em chinês onde existe alguma reflexão crítica com relevância sobre a política local. Pena que não se tenha mostrado tão interventiva quando estava sentada na cadeira de presidente da Assembleia Legislativa. Seja como for, o que a “senadora” diz é sempre notícia...

• LIBERTAÇÃO DE WAN KUOK KOITrouxe a Macau mais media internacionais e agitou mais as águas que qualquer outro acontecimento. Precedida da prisão de Arturo Calderon, o que ainda animou mais o ambiente, a saída de Dente Partido da cadeia espera-se que tenha sido uma montanha a parir um rato.

• CCAC E COMISSARIADODE AUDITORIA

Os dois “cães de guarda” do regime não tiveram mãos a medir este ano. E também não estiveram com muitos paninhos quentes. É certo que demoraram a pôr os motores em marcha mas, de-pois do aquecimento, começaram a produzir relatórios que têm embaraçado muito boa gente que não esperaria um tal rigor e distanciamento. Para o ano, espera-se ainda mais de Vasco Fong e Ho Veng On.

• SELECÇÃO DE HÓQUEI EM PATINS MASCULINOA Selecção masculina de hóquei em patins de Macau revalidou o seu título de cam-peã asiática em 2012 e ainda obteve um sexto lugar no mundial B no Uruguai. Numa modalidade onde os apoios da RAEM nem sempre são satisfatórios, os comandados de Alberto Lisboa trouxeram glória e elevaram o nome do território além-fronteiras. A escolha para desportista do ano é mais do que justa.

• VENETIANEste ano de 2012 o Venetian parece que acordou de um longo sono e parece também ter percebido onde está e com quem está. De um ca-sino distante da sociedade local tornou-se naquele que mais iniciativas produziu de âmbito cultural e social. Um exemplo a seguir, se não perderem o balanço.

• YUNNI CLÁUDIA DANA exposição que realizou no Café Xina revelou uma jovem artista de grande potencial e apurada sensibilidade. Apesar de não estar inserida nos movi-mentos mais trendy de Macau, Yunni demonstra uma capaci-dade invulgar para o desenho e uma temática ousada, muito à frente da maior parte das tentativas artísticas que por aí vemos proliferar. Acresce a isto o facto... de saber cantar, nos seus melhores momentos, um lusitano faduncho à maneira.

• MACAU ANTIGOO blogue de João Botas revelou, pela sua persistência e qualidade, ser um importante repositório não apenas de imagens mas também de textos sobre Macau. Conseguindo aumentar regularmente o número de seguidores, constitui uma relevante fonte de informação sobre a história de Macau, onde cada vez cabem também mais colaboradores. Bom trabalho!

ARTISTA DO ANO

BLOGUE DO ANO

EVENTO DO ANO

INSTITUIÇÃO DO ANO DESPORTISTA DO ANOCASINODO ANO

REVELAÇÃO

REVELAÇÃO

REVELAÇÃO

REVELAÇÃO

REVELAÇÃO•ROTAS DAS LETRASO Festival Literário Rotas das Letras foi uma excelente novidade, apesar de ter convidado José Rodrigues dos Santos. Agora vamos lá ver o que 2013 nos trará e se a participação popular aumenta. Cá para nós deveria centrar-se mais nas letras e menos na música e no cinema, pois corre o risco de o colateral superar o fundamental. Seja como for, foi uma lufada de ar fresco no pobre panorama dos eventos do género, que tanta falta fazem a Macau.

• FUNDAÇÃO RUI CUNHARecém-fundada, a Fundação Rui Cunha tornou-se rapidamen-te numa referência para a cultura local. Apesar de ter sido confessamente criada para o estudo de temas relacionados com o Direito, a FRC tem sido uma montra de arte, literatura e reflexão em geral. A sua localização também ajuda e valoriza e centro da cidade. Podia fazer melhor? Podia. Mas ainda a procissão vai no adro...

• LAO IN IRepresentou Macau na modalidade de esgrima nos Jogos Paralímpicos de Londres e conseguiu ficar em nono lugar, caindo, tanto em florete como em espada, nos quartos-de-final da competição. Lao In I tem todas as potencialidades para ir longe na carreira desportiva de esgrimista. Conseguiu a sua participação nas paralímpiadas depois de derrotar, em Itália, a campeã do mundo em título, a húngara Zsuzsanna Krajnyak, para além de ter derrotado em Londres, por duas vezes, a atleta de Hong Kong Fan Pui Shan, número três do ranking mundial. António Fernandes, do Comité Paralímpico de Macau já afirmou em público que Lao será o rosto de Macau e quer a atleta em grande forma para 2016, no Brasil. Até lá, o programa de treinos será rigoroso.

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POLÍTICA

JOGO

segunda-feira 31.12.2012especial2012

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JANEIRO• Pequim dá “luz verde” à refor-ma política. Macau avança com a calendarização, passando a existir mais dois deputados na Assembleia Legislativa no próximo ano e mais cem membros na comissão que ele-ge o Chefe do Executivo. Sufrágio universal é afastado

FEVEREIRO• Aprovado Regime Jurídico de Vi-deovigilância, com possibilidade de captação de som

MAIO• Anunciado atraso na conclusão da primeira fase do Hospital da Taipa, anteriormente apontada para 2014. Serviços de Saúde revelaram que “devido a atrasos” só haverá urgências em 2017

JUNHO• Aprovada na generalidade a revi-são do Código de Processo Penal, que prevê a aplicação do termo de

ABRIL• Inaugurado Sands Cotai Central

JUNHO• Steve Wynn vem a Macau apresentar o novo hotel--casino da Wynn Resorts. Promete mais além do jogo e garante que deverá estar pronto em 2016

• Depois de ter investido cerca de 100 milhões de dólares nas parcelas 7 e 8, num projecto que custaria entre 14 a 15 mil milhões, a Sands China desistiu dos terrenos, segundo comuni-cado entregue à bolsa de Hong Kong

• Leonel Alves é citado no Wall Street Journal por alegado caso de corrupção entre a Sands e figura liga-da a Pequim. O advogado

(POR JOANA FREITAS)

(POR JOANA FREITAS)

identidade e residência pela polícia criminal, para além do Ministério Público e juízes. A proposta cria ainda processos simplificados e o alargamento do âmbito dos pro-cessos sumaríssimos

SETEMBRO• Comissariado contra a Corrupção conclui que ainda não há qualquer proposta definida sobre os traçados do metro ligeiro. O organismo as-segura que, aos olhos da lei, todas as soluções apresentadas são meras propostas, mesmo que ao público tenha sido diversas vezes dito que os traçados estavam já definidos. O CCAC emitiu um relatório onde se realçava o impacto na vida da população caso o metro passe na Rua de Londres e não na Avenida Sun Yat-sen, como inicialmente definido, e a falta de coerência no orçamento do metro • Também o Comissariado de Audi-toria apontou falhas na fiscalização

de qualidade das obras, falta de regras estabelecidas por escrito e uma gestão financeira que não soube olhar para a inflação. O CA aponta o dedo à derrapagem finan-ceira face às estimativas iniciais apontadas pelo GIT, cujos valores triplicaram desde 2007. Na altura, o GIT estimou que a primeira fase do ML iria custar 4,2 mil milhões de patacas, mas em 2011 o valor aumentou para 11 mil milhões. Além disso, afirmou na altura que tal valor “não representava o limite máximo das despesas, mas apenas uma meta”. Os valores de adjudi-cação de obras do parque de ma-teriais e oficinas e do segmento da Taipa sofreram aumentos de 45% e 32%, respectivamente, enquanto as despesas do “material circulante e sistemas” aumentou 34%

OUTUBRO• Aprovada na generalidade a proposta de Lei de Salvaguarda do Património. Passados mais de

•“O papel dos deputados não está a ser cabalmente desenvolvido. A fiscalização é feita aos pedaços, como se fosse um chouriço cortado”, NG KUOK CHEONG sobre a falta de poder dos deputados em fiscalizar as contas do Governo

• “Não tenho certeza de que a solução que está a ser discutida e proposta pela nossa sociedade, no sentido de impor o regime de crime público, seja a melhor solução. Não apoio”, GABRIEL TONG sobre a Lei da Violência Doméstica

• “Eu acho que é melhor para os jovens de Macau trabalharem em casinos. Começam com um salário de 15 mil patacas, o que não é mau, e se por acaso forem bons jogadores... f*******, ainda acabam por tirar mais dinheiro. Acho que o Governo lhes devia oferecer aulas de como jogar em vez do empréstimo”, FONG CHI KEONG sobre o empréstimo aos jovens empresários.

sete anos, a nova lei dedica um capítulo específico para o Centro Histórico de Macau, com zonas de protecção, e cria ainda um Con-selho de Património Cultural, que ficará encarregue de tarefas como a emissão de pareceres sobre a utilização de imóveis classificados ou sobre a execução das obras em zonas protegidas. Macau entrega, contudo, um relatório incompleto à ONU, por falta da implementação da lei que deve acontecer em 2013

NOVEMBRO• Lei de Combate à Violência Doméstica passa para 2013 sem ser aprovada pelos deputados. Desde 2008 a ser estudada, a lei não vai mesmo prever que os ca-sos de violência doméstica sejam considerados crimes público. Por outras palavras, caso alguém tenha conhecimento que existe violência doméstica entre casais ou contra crianças não poderá denunciar o caso. O Executivo justifica-se com a tradição chinesa. “Tendo em conta a realidade de Macau e as relações familiares, não convém a Macau adoptar uma solução semelhante à de Portugal, que é tornar este crime um crime público. O que nós pretendemos não é isto. O que pretendemos é ter uma família har-moniosa.” O diploma retirou ainda a protecção aos casais do mesmo sexo

• A SJM mostra-se a favor da proi-bição total de fumar nos casinos

DEZEMBRO• Entregue na AL, a Lei de Terras, sem tempo para análise

• Governo anuncia falha da pro-messa da construção de 19 mil habitações até ao final do ano

• Ministério Público deduz acusa-ção no âmbito do “caso das cam-pas”. Há quatro arguidos e entre eles está Raymond Tam, presidente do Instituto para os Assuntos Cívi-cos e Municipais (IACM)

COISAS DE DEPUTADOSO QUE DIZEM OS MEMBROS DO HEMICICLO

é figura central num caso investigado pelo jornal norte-americano, envolven-do a venda de apartamentos de luxo do Four Seasons, propriedade da Sands, e no processo judicial interpos-to por um empresário de Taiwan contra a operadora. Pereira Coutinho pede in-vestigação do CCAC e diz que o Executivo tem de se pronunciar

JULHO• O nome de Luís Melo, ex-consultor jurídico da Venetian Macau, surge com frequência em e-mails citados numa investigação apresentada pelo canal de TV norte-americano PBS, no mesmo caso de alegada corrupção da Sands Chi-na. Terá sido Luís Melo a contestar junto da firma de advogados de Leonel Alves

um montante cobrado, que não corresponderia ao pre-viamente combinado, para pagar meses de trabalho

• Sheldon Adelson, dono da Venetian, afirma que a posição que Leonel Alves ocupa como consultor da

Sands é legítima e está de acordo com as leis

SETEMBRO• Sheldon Adelson apresenta a sua nova propriedade – o hotel Sheraton – e anuncia também um novo investimento para o Cotai. Aquele que será o seu

quinto resort em Macau prevê um investimento de 2,5 mil milhões de dólares americanos. Vai chamar-se The Parisien e vai centrar-se no num resort mais dedicado às famílias e aos cidadãos chineses de classe média. Para que se sinta mesmo em Paris quando o visitar, o The

Parisien vai ter uma réplica da torre Eiffel, à escala de 50% da verdadeira

•Steve Wynn ganha pro-cessos contra Joe Francis, produtor de filmes, numa guerra que começou com uma dívida de jogo

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ASQU

INHO

MACAU VISTA AOS OLHOS DA IMPRENSA INTERNACIONAL

5segunda-feira 31.12.2012 www.hojemacau.com.mo

Joana [email protected]

ABRIL de 2012. Ao Man Long, ex-secretário para as Obras Públicas

e Transportes condenado a 28 anos e meio de prisão, volta a sentar-se no banco dos réus para um terceiro julgamento.

Este, que foi o primeiro alto funcionário do Gover-no de Macau a ser julgado e condenado por corrupção, foi acusado pelo Tribunal de Última Instância de beneficiar empresas a troco de dinheiro. Sem hipótese de recurso, o ex--governante podia, no má-ximo, apanhar 30 anos de cadeia, mas foi condenado a 29 anos e meio. Ao Man Long foi acusado de ter autorizado a transmissão da concessão dos terrenos à Moon Ocean, empresa fruto de um consórcio entre dois empresários de Hong Kong, que terão pago 20 milhões de patacas a Ao para ficarem com os lotes e foi ainda acusado de ter intercedido nas decisões da Comissão de Avaliação das Propostas, para que esta subisse a pontuação da Companhia de Cons-trução e Engenharia Civil China (CCECC), de forma a que esta ficasse com a concepção e construção do Edifício Industrial no Par-que Industrial Transfron-teiriço. As testemunhas

garantiram ter recebi-do instruções superiores para que fossem feitas alterações que concedes-sem obras a determinadas empresas, mas nenhuma afirma que tenha sido o ex-secretário para as Obras Públicas e Transportes a dar directamente essas ordens.

OUTUBRO• Reuters descreve Macau como um local onde há 36 casinos e apenas um hospital público e critica o conceito de prosperidade do território

NOVEMBRO• Editorial do South China Morning Post critica Macau por distribuir dinheiro em vez de planear futuro

• A Mercearia Portugue-sa, o estúdio de design

CASOS CONEXOS

Caso Ao Man Long volta a ter destaque em 2012

O terceiro julgamento

• ABRIL DE 2012 – Joseph Lau e Steven Lo, empresários de Hong Kong que representam a Moon Ocean são constituídos arguidos por terem alegadamente pago 20 milhões de patacas ao ex-secretário para ficar com os cinco terrenos em frente ao Aeroporto.

• MAIO DE 2012 – Em comunicado à Bolsa de Hong Kong é anunciado que Joseph Lau será julgado em Macau pelo Tribunal de Primeira Instância. Também Steven Lo se sentará no banco dos réus em Macau.

• AGOSTO DE 2012 - A concessão dos terrenos do empreendimento La Scala foi declarada nula pelo secretário para as Obras Públicas e Transportes, uma vez que o Tribunal de Última Instância considerou ter havido corrupção na concessão dos lotes à Moon Ocean, detida pela Chinese Estates Holdings.

• SETEMBRO DE 2012 – Adiado início do julgamento dos dois empresários devido à ausência da juíza que iria presidir ao julgamento, Alice Costa. No total, oito arguidos iam ser ouvidos. Além dos empresários de Hong Kong, da empresa Chinese Estate Holdings – Steven Lo e Joseph Lau -, também Pedro Chiang e Luc Vriens, director-executivo da Waterleau, empresa ligada às ETAR de Macau, estavam na lista. Julgamento fica adiado até 7 de Janeiro.

• SETEMBRO DE 2012 – O ex-administrador da Companhia de Sistemas de Resíduos de Macau, Frederico Nolasco da Silva, sai da prisão e fica em liberdade condicional, em Portugal. O empresário tinha sido condenado por corrupção activa a seis anos de prisão e cumpriu parte da pena na prisão da Carregueira, em Queluz. Foi acusado de ter subornado o antigo secretário dos Transportes e Obras Públicas. Em tribunal, admitiu ter feito um pagamento a Ao Man Long e praticado um “acto ilegal”, mas alegou que só o fez por muita insistência do ex-secretário.

• OUTUBRO DE 2012 – O Tribunal de Segunda Instância (TSI) dá razão ao Ministério Público (MP) e decide avançar com nove condenações e um agravamento de pena. Ng Cheok Kun, Tang Chong Kun e Ngai Meng Kuong são agora condenados por co-autoria da prática de dois crimes de corrupção activa, Miguel Wu Ka I, sócio de Pedro Chiang, passa agora a ficar condenado por dois crimes de corrupção activa, Lam Him, pai de Pedro Chiang, e Camila Chan, mulher de Ao Man Long, continuam absolvidos de todos os crimes. O TSI não se pronunciou sobre os recursos pedidos pelo MP relativos aos casos de Pedro Chiang e Chan Lin Ian, julgados e condenados à revelia pelo Tribunal Judicial de Base. Segundo o colectivo de juízes do TSI, os arguidos condenados à revelia têm de ser primeiro devidamente notificados dessa decisão para que depois se possa apreciar um recurso contra eles, e isso ainda não sucedeu.

português Lines Lab e o restaurante Espaço Lisboa são apontados como locais a não perder pelo New York Times (NYT), num artigo publicado no final de Novembro na secção de viagens

DEZEMBRO• Manchete do Diário de No-tícias anuncia contratação de José Luciano Oliveira para o Gabinete do Secretário da Segurança

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CATA

RINA

LAU

segunda-feira 31.12.2012especial2012

6 www.hojemacau.com.mo

Andreia Sofia [email protected]

NUMA altura em que Macau não pára de receber turistas e habi-

tantes, a sociedade começa cada vez mais a preocupar-se com os impactos ambientais

EM 2012 celebrou-se um ano de existência do

novo modelo de autocarros, mas o balanço está longe de ser o ideal. Dados fornecidos pela Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT), em Agosto, reve-lam que dos 595 acidentes ocorridos com autocarros, desde Janeiro, 335 foram da responsabilidade da Transmac, TCM e Reolian, as três operadoras. De entre os acidentes, destaque para um que vitimou uma idosa, que acabou por sofrer uma amputação de ambas as pernas.

Com uma frequência mensal superior a 400 mil passageiros, os autocarros continuam, no entanto, a não satisfazer os desejos da população. O tempo de espera ou a má condução e antipatia dos condutores são as queixas mais frequentes.

As criticas por parte da

Nas LAG ouviram-se intenções de trazer mais carros ecológicos para Macau, mas continuam a ouvir-se criticas que pedem medidas concretas nesta área. O relatório final sobre a consulta pública acerca do planeamento ambiental até 2020 surgiu em Setembro, com um atraso de dois anos

Mercado de Sai Van ou mangal da Taipa entre as grandes polémicas

O ano ambiental em revista

População continua a exigir melhores serviços de transportes

Autocarros e táxis, o problema do ano

que possam advir daí. Foi em 2011 que a Direcção dos Serviços de Protecção Am-biental (DSPA) anunciou o inicio da consulta pública sobre o “planeamento da protecção ambiental de Macau 2010-2020”, mas tal processo tem vindo a ser caracterizado pelo atraso de dois anos, dado que o relatório final só foi divul-gado no passado mês de Setembro. De acordo com os últimos indicadores oficiais, o ambiente em Macau está longe de ser o ideal, com

pior qualidade das águas e do ar, sem esquecer o ruído.

Apesar disso, Cheong Sio Kei, responsável máxi-mo pela DSPA, explica que o trabalho não tem parado, com promessa de mais reci-clagem e mais legislação ao nível da emissão dos gases de escape dos veículos. “A DSPA só foi fundada em 2009 e partir daí conse-guimos a implementação deste serviço, começámos a actuar, planear e executar várias acções ambientais, no sentido de aprovação e

controlo de poluição, plane-amento de vários trabalhos”, disse ainda.

Uma das vozes mais criticas face à necessidade da existência de carros eléc-tricos é a arquitecta Maria José de Freitas, uma das sócias da empresa Mobize-ro, construtora deste tipo de carros. Para ela, não faltam apenas os carros amigos do ambiente, mas também os “green buildings” (edifícios verdes). “Sei que a Admi-nistração está preocupada como a forma como se deve

chegar aos green buildings, e parece-me que essa situação é urgente”, aponta. Quanto aos carros, já existem “os testes feitos na fábrica que produz os veículos, mas ain-da não existe uma situação concreta. Tivemos acesso a essa matéria a titulo infor-mal, mas já deveria existir uma legislação efectiva, em prática”, acrescenta.

GOLFINHOS, BOLINHASE O MANGAL Para além do ruído e do ar poluído, aconteceram tam-bém três casos que geraram preocupação. O primeiro surgiu em meados do ano, quando a Direcção dos Ser-viços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) anunciou que iria construir o Centro de Informação de Segurança Rodoviária (CISR) junto ao mangal da Taipa, nas casas-museu. De imediato a população se insurgiu contra a medida, bem como depu-tados e associações locais, tendo sido criada uma peti-ção online. A DSAT acabou por recuar na sua decisão, tendo Chui Sai On, Chefe do Executivo, admitido que a localização do centro iria ser reavaliado.

Meses depois, o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) divulga-va um relatório encomendado a uma universidade chinesa, onde era referido que as águas do mangal tinham qualidade. “De um modo geral as subs-

tâncias de contaminação estão num nível aceitável, normal. A água é boa para os seres vivos, a qualidade é média, com inclinação para a boa qualidade”, disse Tiangang Luan, um dos especialistas da universidade Sun Yat Sen, de Zhongshan, responsável pelo estudo.

Nos meses seguintes, dois casos pontuais fizeram as atenções deslocar-se para Coloane. Em Julho, deram à costa toneladas de bolinhas de plástico nas praias de Cheoc Van e Hac Sá, tendo a DSPA e a Capitania dos Portos (CP) procedido à sua remoção e análise. Em Setembro, dois golfinhos cadáveres deram à costa, oriundos da China. Segundo o IACM, as mortes teriam acontecido 24 horas antes e ocorreram devido a um parto prematuro.

O MERCADO NOCTURNOA última polémica na área ambiental, e também a mais recente, prende-se com a in-tenção do IACM em desen-volver um mercado nocturno junto ao lago Sai Van. Um estudo encomendado a uma empresa de consultadoria afirma que não há quaisquer riscos ambientais com o pro-jecto, ao nível da poluição sonora ou visual. Contudo, a Sociedade Ecológica de Macau (SEM) é uma das vo-zes criticas, apontando para a falta de dados científicos no documento.

população subiram de tom quando, em meados do ano, o Governo anunciou que iria aumentar as tarifas dos auto-carros. Depois da suspensão da medida, a DSAT já veio dizer no inicio deste mês que irá estudar de novo a implementação do projecto.

A QUESTÃO DOS TÁXISEm meados de Junho, o valor da bandeirada pago pelos utilizadores de táxi aumentou de 13 para 15 pa-tacas, um aumento há muito exigido pelas associações do sector, devido ao aumento dos custos de manutenção. Contudo, continuaram as queixas da população e dos turistas, com relatos de longos períodos de espe-

ra, recusas em transportar passageiros ou bandeiradas excessivas em épocas de tufões. Wong Wan, director da DSAT, admitiu mesmo que o tempo de espera au-

mentou 80% entre 2010 e 2011, com a situação mais grave a acontecer no Fai Chi Kei e Ilha Verde, onde se espera uma hora.

Neste momento, o Go-

verno concluiu a concessão de 200 novas licenças de táxi, processo de quatro fases que só levará os táxis definitivamente para a rua em 2013. Contudo, no últi-

mo debate sobre as Linhas de Acção Governativa (LAG), Lau Si Io, secretário para as Obras Públicas e Trans-portes, admitiu a existência de falhas. “Foi concluída a concessão das 200 licenças de táxi, mas conseguimos compreender que a popu-lação ainda continua com dificuldades para encontrar táxis, por isso não afastamos a possibilidade de emitir mais licenças.”

No mesmo debate, Wong Wan disse ainda “estar ciente que há diferenças entre as expectativas e a realidade” no que aos autocarros diz respeito, tendo já prometido ajustamentos de itinerários e inspecções periódicas aos motoristas. - A.S.S.

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7segunda-feira 31.12.2012 www.hojemacau.com.mo

Andreia Sofia [email protected]

“PORTUGAL e Macau têm laços que não po-dem ser quebrados”. Foi esta a forma que

José Cesário, secretário de estado das comunidades portuguesas, utilizou para falar das ligações his-tóricas que unem os dois territórios. No ano que agora termina, Cesário foi a primeira figura do Governo português a inaugurar um conjunto de visitas que lhe seguiriam nos meses seguintes, protagonizadas por Paulo Portas, ministro dos Negócios Estrangeiros, e Álvaro Santos Pereira, ministro da Eco-nomia e do Emprego.

No dia 10 de Junho, por ocasião das celebrações do Dia de Camões e das Comunidades Portuguesas, a casa consular foi pequena para receber diversas personalidades

EM 2007 o político com provas dadas nos vários governos de

províncias da China entrava para o Comité Permanente do Partido Comunista Chinês (PCC). Seis anos depois, Xi Jinping foi eleito líder do partido e transformou-se na figura que irá governar a China nos próximos cinco anos, substituindo o ainda presidente Hu Jintao. Para além disso, foi nomeado presidente da Comissão Militar Central.

O principal acontecimento para a agenda politica da China em 2012 aconteceu em Novembro, em mais uma reunião plenária do Comité Central do Partido Comunista Chi-nês (PCC), que decorreu no Palácio do Povo. Em Março de 2013, Xi Jinping vai assumir a presidência, enquanto Li Keqiang substitui Wen Jiabao na chefia do Governo Central.

A promoção destes dois nomes é sinónimo da chamada transferência de poderes para a “quinta geração dos líderes da Nova China”, sendo

que a primeira surgiu aquando da criação da República Popular da China, em 1949. Segundo um jornal oficial, “a mudança foi equilibrada pela continuidade”

Num Politburo que ficou com-posto por cinco membros com mais de 60 anos, Xi Jinping e Li Keqiang são os mais novos, com 59 e 57 anos, respectivamente.

As suas primeiras palavras enquanto líder do PCC foram de esperança para uma economia que se quer fulgurante para os próximos anos. Xi Jinping prometeu “traba-lhar arduamente para assegurar que, no final desta década, o rendimento da população seja o dobro de 2010”, segundo declarações reproduzidas pela imprensa chinesa. “Toda a gente fala sobre um ‘sonho chinês’. A renovação da nação chinesa é o maior sonho do país desde o inicio da era moderna”, acrescentou.

Para as Regiões Administrativas Especiais, a palavra de ordem foi a

continuidade. “A adesão das auto-ridades centrais ao princípio ‘um país, dois sistemas’ e às duas Leis Básicas (de Macau e Hong Kong) não mudará”, disse recentemente, no âmbito de encontros com Chui Sai On e Cy Leung, Chefes do Exe-cutivo das duas regiões. Xi Jinping frisou ainda o “imutável apoio” aos governos e às suas “políticas para promover crescimento económico, assistência social, democracia e har-monia”, segundo a agência Xinhua.

O ESCÂNDALO BO XILAI A sua eleição recente não impediu Xi Jinping que herdar uma das grandes preocupações do PCC e de fazer comentários sobre ela: a corrupção. O caso Bo Xilai, antigo dirigente da província de Chongqin acusado de corrupção e expulso do PCC, é a principal causa.

Se Hu Jintao afirmou, durante a transição de liderança, que a corrupção era o alvo a abater, por

forma a manter o partido e o próprio Estado com a máxima estabilida-de, também Xi Jinping seguiu a mesma linha de raciocínio, tendo prometido “uma luta renovada” contra a corrupção entre a classe politica chinesa. “Há muitos pro-blemas urgentes dentro do partido que precisam de ser resolvidos, particularmente a corrupção”, disse ainda na tomada de posse como novo secretário-geral do PCC.

O caso Bo Xilai, descoberto em Fevereiro, foi um dos maiores escândalos na história do PCC e pôs a nú as divisões existentes dentro do partido. Tudo começou com uma ida de Wang Lijun, número dois de Bo Xilai em Chongqin, ao consulado americano da província vizinha para pedir asilo político, tendo acusado o seu parceiro politico de diversas irregularidades e envolvimento no homicídio de Neol Heywood, em-presário britânico. O acto foi levado a cabo por Gu Kailai, esposa de Bo

Xilai. A gravidade do caso tornou-se maior porque Bo Xilai era filho de um dos grandes líderes da revolu-ção comunista, Bo Yibo. Até esse momento, era certa a sua entrada no Comité Permanente do PCC.

Vários meses depois, Gu Kailai acabaria acusada do homicídio do empresário com pena de morte suspensa, o que equivale a prisão perpétua. Wang Lijun foi condena-do a 15 anos de prisão.

Os tribunais ainda nada deci-diram sobre o destino de Bo Xilai, mas o seu veredicto politico está traçado. Em Setembro, foi expul-so do Comité Central do PCC e colocado à mercê dos juízes. Os motivos prendem-se com a prática de relações sexuais “múltiplas e inapropriadas”, “actos contínuos de corrupção” e “erros graves e abuso de poder no caso do homi-cídio voluntário”, sendo que tais actos teriam “graves consequên-cias”. - A.S.S. com agências

Entrada de Xi Jinping e o escândalo Bo Xilai marcaram a agenda política

O ano em que a China mudou de liderança

José Cesário, Paulo Portas e Álvaro Santos Pereira estiveram em Macau

2012, o ano de todas as visitasVieram ao território estreitar os laços seculares entre Macau e Portugal e mostrar o melhor das duas economias. Foram estes os objectivos das três visitas governamentais do secretário de estado e dos ministros da Economia e dos Negócios Estrangeiros, em Junho, Julho e Setembro

que quiseram estar perto de José Cesário, tal como Chui Sai On, Chefe do Executivo. No programa da visita constou a passagem pela Associação dos Aposentados, Re-formados e Pensionistas de Macau (APOMAC), bem como a Associa-ção dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM).

Em Julho, Paulo Portas chegou ao território depois de uma pas-sagem pelo Continente, tendo-se feito acompanhar por várias deze-nas de empresários. O objectivo? Mostrar o que de melhor a econo-mia portuguesa tem. “Portugal tem interesse em Macau, Macau tem interesse em Portugal, é preciso cultivar esse interesse com uma aproximação institucional fre-quente e regular”, disse o ministro aos jornalistas. Em Macau, Portas reuniu com Chui Sai On, falou da importância da Escola Portuguesa de Macau e do Instituto Português

do Oriente e não esqueceu o fomen-to das exportações portuguesas.

Contudo, membros da comuni-dade local criticaram a agenda do

ministro, tal como Maria Amélia António, presidente da Casa de Portugal em Macau. “A asses-soria (de Paulo Portas) não fez

bem o trabalho de casa”, apontou, referindo-se à ausência de visitas junto das associações portuguesas de cariz sócio-cultural. “Quando sinto que se passa por cima disso como se não existisse, tenho de perceber porquê”.

A VISITA DO ÁLVAROEm Setembro, foi a vez de Ál-varo Santos Pereira vir a Macau, igualmente acompanhado por uma grande comitiva, para par-ticipar no Fórum de Economia de Turismo Global, promovido pela empresária Pansy Ho. Con-tudo, o turismo português era o principal produto a promover junto das empresas locais, e teve inclusivamente direito a um vídeo promocional onde não faltaram as praias, os hotéis e o Cristiano Ronaldo. Dentro do sector, o Go-verno mostrou ainda a intenção de reabrir a rota aérea directa entre Macau e Lisboa.

Álvaro Santos Pereira quis reforçar o facto de um país com dez milhões de habitantes receber anualmente 14 milhões de turistas. “Somos um país em que o turismo é essencial para o desenvolvimento da economia e interessa-nos não só continuar a apostar nos mercados ditos tradicionais mas também noutros, como o mercado chinês, por forma a podermos aumentar a importância do turismo na eco-nomia nacional, para a criação de emprego e riqueza.” Ficou ainda expressa a vontade de facilitar as condições de residência para quem investe em Portugal, processo que está a decorrer.

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TIAGO ALCÂNTARA

segunda-feira 31.12.2012política8

Cecília [email protected]

O público está preocu-pado com a actual consulta pública que decorre sobre a mo-

dificação da Lei de Salvaguarda do Património Cultural, referiu ontem Paul Chan Wai Chi. O de-putado considera que a lei pode vir a ser modificado a favor da indús-tria comercial, resultando a que fique com poucas funções para

proteger o património cultural. Paul Chan Wai Chi apontou numa entrevista do Jornal do Cidadão que o facto de o Governo ter o direito a decidir a proposta final pode fazer com que não consiga manter a sua convicção de pro-teger o património depois de ser pressionado pelos comerciantes.

Na proposta da lei, o Governo pode usar a troca das terras para fazer compensação aos proprie-tários do edifícios do património e Paul Chan Wai Chi considera

que algumas disposições não estão bem claras na proposta, incluindo essa operação de troca de terrenos e a composição e as funções do Conselho do Patrimó-nio Cultural. “Tudo dependerá de se o Governo tiver capacidade de gestão e de aplicação da lei.”

O deputado considera que as políticas do Governo estão a ser lideradas por interesse dos comerciantes e que, por isso, nesta proposta deveria estar envolvido o interesse nacional

em proteger o património cultu-ral. “Se o Governo fizer algum pequeno erro, a consequência vai ser muito grave. O Governo deve ter um pensamento claro, não pode considerar apenas o ponto da vista comercial para a protecção do património cultural. O Governo tem que ser mais forte face a opiniões diferentes.”

A consulta pública final sobre esta lei acaba amanhã e está a ser levada a cabo no site da Assem-bleia Legislativa (AL).

À margem de uma conferência de imprensa, Lei Wai Nong,

vice-presidente do Instituto para os Assuntos Cívicos e Munici-pais (IACM), afirmou que a Lei de Protecção aos Animais está a ser ultimada e poderá entrar em processo legislativo em breve. O responsável sublinhou que o Governo está a dar muita atenção aos direitos dos animais “como se fossem os do cidadão comum, sem nenhuma diferença”.

Lei Wai Nong não confirmou se o processo legislativo pode começar já na primeira metade do ano, mas assegura que “só uma lei não é suficiente para constituir a protecção geral, pelo que se deve fazer um bom trabalho para lem-brar a toda a sociedade o respeito pela vida dos animais.”

O vice-presidente deixou ainda um avisou aos comerciantes ile-gais: não tentar vender e comprar

carne de cão, nem os comer, por-que o IACM tem um mecanismo para sancionar o abate e a venda ilegal dos animais.

Recorde-se que a Sociedade Protectora dos Animais – ANIMA enviou recentemente duas cartas abertas ao IACM, pedindo que fosse implementada o mais breve possível uma lei de protecção animal. - C.L.

LEI Wai Nong, vice-pre-sidente do Instituto para

os Assuntos Cívicos e Mu-nicipais (IACM), recusou-se a responder se foi ou não acusado pelo Ministério Pú-blico (MP) como arguido no âmbito do chamado “caso das campas”. Enquanto assistia a uma conferência de imprensa, na sexta-feira, o responsável recusou-se a admitir se tinha recebido o aviso do MP sobre o caso da acusação da obstrução da justiça no caso da campas. “Não tenho nenhuma resposta ou explicação”, frisou.

Recorde-se que, segundo notícia avançada pelo Hoje Macau, Lei Wai Nong foi constituído arguido a par de outras três pessoas, entre

elas o presidente Raymond Tam. Respondem por terem demorado a entregar do-cumentos durante a inves-tigação sobre a atribuição de dez sepulturas a título perpétuo no cemitério São Miguel Arcanjo.

Ao ser interpelado pelos jornalistas sobre se a notícia deste jornal seria verdadeira, Lei Wai Nong recusou-se a esclarecer o que quer que fosse e disse apenas que não respondia a perguntas hipotéticas.

A ausência de Raymond Tam, presidente do IACM, foi justificada com as férias do responsável. Os arguidos enfrentam uma pena que pode ir até cinco anos. - C.L.

Recenseamento eleitoral termina hojeTermina hoje o período de recenseamento eleitoral. Quem for residente permanente de Macau e tenha já completado 18 anos e quiser votar nas eleições do próximo ano, pode recensear-se até as 21 horas em diferentes locais: Edifício da Administração Pública (Rua do Campo), Centro de Prestação de Serviços ao Público das Ilhas (Rua da Ponte Negra, Taipa), Centro de Serviços da Região Administrativa Especial de Macau (Rua da Areia Preta), Jardim de Iao Hon (junto à entrada do Auto-Silo) e Edifício do Posto Fronteiriço das Portas do Cerco (1.º andar). Até ao dia 28 de Dezembro, registam-se 273.584 eleitores válidos. No corrente ano, os SAFP têm tratado 36.058 novas inscrições no recenseamento ou solicitações de actualização de dados, dos quais, 24.454 dizem respeito às novas inscrições, e 2.048 são inscrições dos jovens que completaram 17 anos de idade e que anteciparam o seu recenseamento.

Chui em ShenzenFernando Chui Sai On vai estar em Shenzen nos próximos dias 7 e 8 de Janeiro. O Chefe do Executivo lidera uma delegação governamental que vai participar numa reunião de cooperação entre Macau e Shenzen.

Assembleia Popular Nacional com início em MarçoComeça a 5 de Março, em Pequim, a 12ª Assembleia Nacional Popular, que vai ficar marcada pela ascensão de Xi Jinping ao cargo de Presidente da China. A data foi aprovada durante um encontro do Comité Permanente da APN e divulgada pela Agência Xinhua. A reunião de 2013 tem particular relevância para o país, uma vez que é durante a sessão anual do órgão legislativo que vai acontecer a verdadeira mudança de líderes do país, depois de, em Novembro passado, o Partido Comunista Chinês (PCC) ter estado reunido para decidir quem manda na estrutura. O ainda vice-presidente Xi Jinping, actual secretário-geral do PCC, deverá substituir no cargo Hu Jintao, passando assim a assumir a presidência da China. Espera-se ainda que Li Keqiang seja nomeado primeiro-ministro, substituindo Wen Jiabao. A Agência Xinhua explica ainda que durante o encontro deverá ser aprovado um plano para o desenvolvimento económico e social do país.

Deputado pede Lei de Salvaguarda do Património com impacto nacional

“Governo tem de ser mais forte”

Lei de Protecção Animal vai entrar em processo legislativo

Será desta?Caso das Campas Lei Wai Nong

recusa comentários

Não responde nem explica

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9segunda-feira 31.12.2012 www.hojemacau.com.mo sociedade

Cecília [email protected]

A qualidade das habitações públicas foi o tema em destaque no programa semanal do Fórum Ma-

cau da TDM, ocorrido durante a manhã deste domingo. Presente no debate esteve o deputado Au Kam San, que frisou que a maioria das construções ligadas às habitações públicas apresentam problemas de qualidade, tendo dado como exemplo a queda de azulejos no edifício Mong Sin. “Mostra a ine-ficácia do Governo em termos de regulamentação das obras públicas, e estou preocupado com as casas

de Seac Pai Van”, disse, frisando que as explicações apresentadas pelo Executivo não são aceitáveis.

“Macau tem diferentes estações e temperaturas e os prédios deveriam ter resistência às mudanças. Porém, este prédio já teve uma queda de azulejos, e isso não é razoável”.

Leong Kuok Vá, responsável pela empresa de construção do edifício Mong Sin, negou que o prédio tenha problemas na qua-lidade. “Todos os processos são aprovados pelos departamentos governamentais, bem como a sub-contratação dos fornecedores locais. As causas do incidente ainda não são claras, mas vamos reunir a unidade de supervisão, a gestão da

empresa e o Governo para discutir esse assunto.”

MORADORES ACUSAM GOVERNO Presentes no programa, os morado-res do edifício Mong Sin acusam o Governo de não dar atenção ao caso, sendo que um morador disse mesmo que o Executivo só tomou medidas depois das noticias publicadas.

Os especialistas que participa-ram no debate propuseram esta-belecer um sistema de certificação profissional da indústria, bem como rever os regulamentos das obras, incluindo desenhos, processos de construção, inspecção ou gestão.

UM estudo feito pela Federação das As-

sociações dos Operá-rios de Macau (FAOM) mostra que 54,2% dos entrevistados afirmam que não possuem consci-ência quanto à segurança rodoviária. Enquanto isso, 41,8% revela que não conhecem as regras de trânsito, apresentam falta de sentido de responsabi-lidade e consideram que há pouca supervisão por parte das autoridades. Já 63,6% considera que há necessidade de melhorar a promoção na educação

Vinte e seis pessoas foram encaminhadas para o hospital público de Macau, depois de um barco de transporte de passageiros ter colidido, ao início da tarde do passado dia 29, com uma bóia quando rumava a Hong Kong. De acordo com um comunicado do Gabinete do Porta-voz do Governo da Região Administrativa Especial de Macau, o Centro Hospitalar Conde de São Januário recebeu 26 feridos, mas nenhum com gravidade. Dados facultados pelos Serviços de Saúde indicam que os feridos têm idades compreendidas entre os quatro e os 60 anos, sendo 15

homens e 11 mulheres. Quatro dos feridos são residentes de Macau, dois de nacionalidade estrangeira, enquanto que os restantes turistas são de Hong Kong e do interior da China, refere o mesmo comunicado. Os resultados dos exames preliminares apontam que a maioria dos feridos sofre de abrasões e contusões, estando sob observação. O acidente ocorreu cerca de 15 minutos depois de a embarcação, que transportava mais de 180 pessoas, ter deixado o Terminal Marítimo do Porto Exterior de Macau rumo à antiga colónia britânica.

MACAU recebeu mais de 25,5 milhões de

visitantes até Novembro, com a taxa de crescimento do turismo a contrair-se 0,5% em termos anuais, revelam dados oficiais ontem divulgados.

De acordo com os Servi-ços de Estatística e Censos, 15,4 milhões (ou 60,2% do total) dos que escolheram Macau como destino nos primeiros 11 meses do ano são oriundos do interior da China, valor que traduz uma subida de 5% face a igual período do ano passado.

Os mercados da Coreia do Sul (400.623) e do Japão (369.048) também regista-ram acréscimos, de 11,2% e 3,8%, respectivamente, por oposição, ao da vizinha Hong Kong, cujo número de chegadas caiu 6,6 % para 6,4

Debate no programa Fórum Macau da TDM

Ninguém tem confiança na habitação pública

Estudo da FAOM

Residentes descuram segurança rodoviária

Macau recebeu mais de 25,5 milhões de visitantes

Aumentou, mas pouco

Acidente envolvendo barco oriundo de Macau causa 26 feridos

e o conhecimento das regras de segurança no trânsito. 62,7% considera que Macau tem falta de lu-gares de estacionamento,

e que existem demasiados carros e obras na rua.

O inquérito aconteceu entre Novembro e Dezem-bro e foi feito a cerca de mil residentes. Muitos afirmam passar o semáforo quando este já está no amarelo e mudam de faixa sem qualquer iluminação. 40% admite que fala ao telefone enquanto conduz.

A FAOM propõe a pro-moção de sensibilização para a segurança do tráfego deve ser ensinada com vista a corrigir comportamentos, apostando no reforço da aplicação da lei. - C.L.

milhões. De Taiwan, também chegaram menos visitantes entre Janeiro e Novembro - 983.238 ou menos 12,9 % em termos anuais.

De Taiwan, também che-garam menos visitantes entre Janeiro e Novembro - 983.238 ou menos 12,9% em termos anuais.

Da Europa, Macau rece-beu 239.864 visitantes, mais 4,2% do que nos primeiros 11 meses de 2011, enquanto da América 280.451, reflexo de uma descida anual de 0,8%.

Só em Novembro, en-traram na Região Admi-nistrativa Especial mais de 2,3 milhões de visitantes, menos 1,8% face ao mês anterior, tendencialmente forte devido aos feriados que se acumulam.

Mais de metade (51,1%

ou 1,2 milhões) dos visitantes de Novembro viajou inserido em excursões.

Os dados oficiais indi-cam ainda que os visitantes permaneceram em Macau por um período médio de 1 dia, sendo que os turistas se hospedaram por um período médio de 1,8 dias.

No mês passado, Macau acolheu 1,5 milhões de visitan-tes do interior da China, mais 2,9% do que em Novembro de 2011, sobretudo das províncias de Guangdong (654.625) e de Fujian (68.307).

Do total de visitantes do interior da China, 632.640 possuíam visto individual, valor que reflecte um aumen-to anual de 12,8%.

Em Novembro, o núme-ro de visitantes da Coreia do Sul (34.686) sofreu um aumento de 14,2%, em ter-mos anuais, enquanto o de Hong Kong (529.911), de Taiwan (79.884) e da Malásia (34.318) desceu 10%, 11% e 3,3%, respectivamente.

O total de visitantes de continentes mais distantes como a Europa (28.763) cresceu 7,7%, por oposição, ao número de visitantes da América (29.847) e da Oceâ-nia (10.359), com quebras res-pectivas de 3% e 7,3%. - Lusa

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segunda-feira 31.12.2012nacional10

QUATRO novas secções do metro de Pequim foram ontem inaugu-radas, aumentando para 442 quilómetros a exten-

são da rede da capital chinesa com 16 linhas em funcionamento, o que a transforma na maior do mundo.

Três linhas já existentes (8, 9 e 10) foram ampliadas e foi criada uma nova linha, a 6, com o objecti-vo de estimular o uso do transporte público e aliviar o trânsito nas estradas de Pequim.

Com a inauguração das novas secções do metro, Pequim passa a deter a rede de metro com mais quilómetros do mundo, ultrapas-sando Londres (402 quilómetros), Seul (406,2 quilómetros) e Xangai (425 quilómetros).

O sistema de metro de Pequim

O grupo mineiro chinês Han-long vai adquirir a empresa

australiana Sundance, o que lhe permitirá controlar a maior mina de ferro metálico em África, a Mbalam, que se estende entre os Camarões e o Congo.

Em comunicado, a empre-sa sedeada em Chengdu, na província chinesa de Sichuan, informou que a aquisição da Sundance vai iniciar-se a 26 de Fevereiro e estará concluída a 1 de Março de 2013, depois de a Comissão Australiana de Valores e Investimentos ter aprovado a operação.

Segundo o acordo alcan-çado entre as empresas em Agosto, a Hanlong pagará cerca de 8,92 mil milhões de patacas para passar a contro-lar a 100 por cento a mineira australiana.

A Sundance é proprietária da mina Mbalam, com capacidade entre os 865 milhões e os 925 milhões de toneladas de ferro

Apple multada Um tribunal de Pequim multou a norte-americana Apple em cerca de 1,3 milhão de patacas por vender versões electrónicas de livros sem a autorização dos seus autores, informou a imprensa local. A multa será paga a oito escritores chineses e a duas empresas por violação dos seus direitos de autor, segundo a agência oficial Xinhua. Os autores reclamavam compensações de cerca de 16 milhões de patacas por a Apple vender na sua loja ‘online’ cópias das suas obras sem a sua autorização.

China reforça controlo da Internet com nova lei A China aprovou sexta-feira uma lei que determina que os registos de acesso à Internet e a outros serviços de telecomunicações têm de ser feitos com os nomes verdadeiros dos utilizadores. A nova lei está a ser encarada com desconfiança por alguns sectores que defendem que a medida representa o endurecimento do controlo, actualmente já apertado, da Internet no país. “Os fornecedores dos serviços vão pedir aos utilizadores que forneçam informações verdadeiras sobre a sua identidade na altura da assinatura dos contratos de acesso à Internet, telefones fixos ou dispositivos móveis que permitam aos utilizadores publicar informações de domínio público”, indica o diploma, que integra 12 artigos. De acordo com informações divulgadas esta semana por vários meios de comunicação social oficiais, a nova lei obriga, na prática, os cidadãos chineses a apresentarem os seus documentos de identificação na altura da assinatura do contrato.

Rede de metro de Pequim é a maior do mundo desde ontem

Mais de mil quilómetros em 2020

Empresa chinesa Hanlong vai controlar a maior mina de ferro africana

Mais poder para fixar o preço do minério

conheceu um rápido crescimento na última década, com a criação de 13 das 16 linhas existentes, principal-mente devido à eleição de Pequim como sede dos Jogos Olímpicos de verão de 2008 e ao pacote de estímulo para combater a crise finan-ceira global que o Governo chinês implementou em Novembro de 2008 e que foi essencialmente aplicado na construção de infra-estruturas.

De acordo com a Comissão Municipal de Transporte de Pe-quim, o número de linhas de metro na capital chinesa atingirá as 19 em 2015, com um total de 561 quilómetros, podendo superar os mil quilómetros em 2020, se forem cumpridos os projectos previstos.

O sistema de transporte público de Pequim, incluindo autocarros, serviu diariamente uma média de

20,6 milhões de pessoas este ano, calculando-se que cerca de 44 por cento dos residentes da cidade utilize o transporte público, a per-centagem mais elevada de todas as cidades chinesas.

O metro de Pequim tem os bi-lhetes mais baratos do mundo, de cerca de 2,4 patacas para qualquer trajecto à excepção da linha mais rápida com destino ao aeroporto, que custa cerca de 30 patacas.

A rede existente não é, no entanto, suficiente para satisfazer adequadamente as necessidades da cidade, que sofre vários congestio-namentos todos os dias.

Para aliviar o volume de trá-fego, as autoridades municipais limitaram no ano passado o número máximo de matrículas de veículos para 240 mil anuais, o que supõe um terço dos veículos que se regis-taram anualmente antes da entrada em vigor da norma.

As autoridades proíbem ainda uma vez por semana a circulação de automóveis nas estradas da cidade, com base nos números das matrículas.

metálico, sendo a maior do con-tinente africano.

Até ao momento, e como ac-cionista da Sundance, a Hanlong investiu cerca de 40 milhões de patacas para desenvolver o projecto mineiro, assim como construir uma via ferroviária de 550 quilómetros e um porto, que deverá começar a funcionar em 2014.

Com o controlo desta mina, vários analistas garantem que a Hanlong “dará à China uma maior influência” nas negocia-ções internacionais para fixar o preço do ferro.

Nos últimos anos, as auto-ridades chinesas exortaram as empresas do país a adquirirem activos de recursos energéticos e matérias-primas no estrangeiro para satisfazer a procura interna.

O grupo Hanlong tem partici-pações em mais de 30 empresas com activos num valor total de cerca de 40.370 milhões de patacas.

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segunda-feira 31.12.2012 11www.hojemacau.com.mo região

A indiana de 23 anos que morreu na sequência da violação colectiva de que foi vítima a 16

de Dezembro foi ontem cremada numa cerimónia realizada em Nova Deli, informou a polícia local. “Estamos a pedir às pessoas para não entrarem no local da crema-ção, uma vez que a família pediu para que esta fosse uma cerimónia privada”, disse um polícia citado pela agência noticiosa AFP.

O funeral teve lugar no distrito de Dwarka, em Nova Deli, onde a jovem vivia quando estudava medicina e, segundo um agente da polícia, alguns políticos marcaram presença na cerimónia.

Vários polícias concentraram--se nas imediações do local onde decorreu o funeral, realizado cerca de quatro horas depois de o corpo da vítima ter chegado a Nova Deli proveniente de Singapura, onde a jovem estava internada e acabou por morrer no sábado.

O primeiro-ministro indiano, Manmohan Singh, esperou no ae-roporto internacional Indira Gan-dhi, em Nova Deli, pela chegada do corpo da jovem para manifestar as suas condolências à família.

Milhares de pessoas realizaram uma vigília à luz das velas na noite de sábado em Nova Deli, bem como noutras localidades do país, como Mumbai, Calcutá e Hydera-

Coreia do Norte prepara-se para novo teste nuclearA Coreia do Norte reparou os danos causados pelas inundações no seu centro nuclear e poderá avançar para o seu terceiro teste sem atrasos, defendeu sexta-feira um centro de estudos norte-americano, baseando-se em imagens satélite. As imagens que datam de 13 de Dezembro, depois do lançamento de um foguete considerado por Washington como um míssil balístico, revelam que Pyongyang tem mantido em estado de preparação permanente o centro nuclear de Punggye-ri, de acordo com o instituto americano-coreano da Johns Hopkins University. Um teste nuclear poderá ser realizado nas próximas duas semanas na sequência de uma decisão nesse sentido, de acordo com o mesmo instituto.

Tempestade que afectou as Filipinas causou 20 mortosAs autoridades filipinas elevaram ontem para 20 o número de mortos causados pela tempestade Wukong no dia de Natal, quase três semanas depois de um tufão ter provocado mais de mil mortes. Nove cadáveres foram encontrados recentemente pelas equipas de socorro na ilha de Panay, informou a Protecção Civil das Filipinas. A tempestade Wukong deixou cerca de 23 mil pessoas sem casa, estando refugiadas em vários abrigos temporários criados pelas autoridades. A tempestade atravessou as províncias do centro do arquipélago, depois de no início do mês o tufão Bopha ter causado 1.091 mortos, 834 desaparecidos e 6,2 milhões de pessoas afectadas.

Mortes em hospital japonês devido ao norovírusQuatro pessoas morreram num hospital da cidade japonesa de Yokohama aparentemente infectadas com norovírus, que afectou ainda outras 100 pessoas, informaram as autoridades locais. As vítimas mortais tinham idades entre os 80 e os 97 anos e morreram devido a problemas respiratórios e a pneumonia entre quarta e sexta-feira depois de terem registado diarreia e vómitos, indicaram fontes do Hospital Denentoshi no sábado. Um total de 72 pacientes, incluindo os quatro que acabaram por morrer, e 27 funcionários do hospital foram infectados desde terça-feira, segundo as mesmas fontes. Os testes realizados permitiram confirmar a presença do norovírus em 11 pacientes infectados. O norovírus, que é altamente contagioso, causa diarreia e vómitos e surge normalmente no inverno, já causou também a morte a seis pacientes idosos de um hospital em Miyazaki e a outros dois num hospital de Osaka no início deste mês.

Corpo da indiana abusada sexualmente e agredida foi ontem cremado em Nova Deli

Um caso de violação a cada 18 horas

bad, depois de Singh ter apelado à calma para evitar novos protestos violentos e a polícia ter indicado que os seis homens acusados de homicídio da jovem arriscam a pena de morte.

Nova Deli tem sido considerada a “capital da violação” da Índia,

registando em média um caso a cada 18 horas, segundo os dados da polícia. De acordo com a edi-ção de ontem do jornal Hindustan Times, mais de 20 mulheres foram violadas desde 16 de Dezembro, mas a realidade deve superar esse número, já que a maioria das ví-

timas acaba por não denunciar os casos de violação.

Debangana, de 16 anos, vive em Bengala Ocidental e no verão de 2010, quando trabalhava na loja da família em Sonarpur, dois rapazes ofereceram-lhe um refrigerante, que continha sedativos.

Quando acordou, a jovem, com 14 anos na altura, estava num comboio com três homens, que a tinham sequestrado e levado para um apartamento em Nova Deli. “Fecharam-me num quarto, forçaram-se a ficar em silêncio atacando-me com sapatos e paus, enquanto me violavam”, contou em declarações à AFP.

A jovem foi depois vendida a um bordel de Nova Deli, onde alega ter sido “explorada durante um ano” e acabou por ser resga-tada com outras 10 raparigas pela polícia.

Ao chegar a casa não obteve apoio para denunciar o seu caso. “Na cidade, uma rapariga tem a liberdade de decidir, mas numa aldeia tem de obedecer ao seu pai, irmãos, aos homens”, constatou.

Debangana decidiu mesmo assim apresentar queixa na polí-cia, contando com o apoio legal oferecido por uma organização voluntária.

Três dos seus raptores foram detidos e acusados, mas dois anos depois foram libertados. A casa da sua família foi destruída e o campo de arroz que cultivava também, depois de ter recusado desistir do caso.

A jovem estudante de Nova Deli “morreu e eu tenho de viver para continuar a lutar”, concluiu Debangana.

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segunda-feira 31.12.2012www.hojemacau.com.mo12 fotografia

DEPOIS do que foi o pro-cesso colectivo de aqueci-mento da economia com as compras de Natal, que tal

conhecer um pouco de onde vêm todos esses mimos de fim de ano – mesmo que seja de uma fábrica deprimente na China.

Apesar de só agora verem a luz do dia, as fotografias são o resultado de uma visita do fotógrafo Michael Wolf, em 2006, uma fábrica de brinquedos, bonecos e todo tipo de quinquilharia em que caiba (nem sempre) discretamente a inscrição “made in China”, e conseguiu algu-

mas imagens bem chocantes para quem acreditava que todos esses produtos eram feitos por complexas máquinas chinesas. Digamos que a verdade é mais para pequenas mãos de operários mal pagos do que fábricas de ultra tecnologia da Volkswagen.

Mostramos algumas das fotos da reportagem, mas o leitor pode ver muito mais no site do fotógrafo em http://photomichaelwolf.com, nem que seja para lembrar mais uma vez de onde vem aquele Bob Esponja tão bonitinho debaixo da sua árvore de Natal.

Festas natalícias são mais depressivas numa fábrica de brinquedos chinesa

A indústria Natal

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13segunda-feira 31.12.2012 www.hojemacau.com.mo fotografia

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segunda-feira 31.12.2012publicidade14

Anúncio

O Pedido do Projecto de Apoio Financeiro do FDCT para à 1ª vez do ano 2013

(1) Fins O FDCT foi estabelecido por Regulamento Administrativo nº14/2004

da RAEM, publicado no B. O. N° 19 de 10 de Maio, e está sujeito a tutela do Chefe do Executivo. O FDCT visa a concessão de apoio financeiro ao ensino, investigação e a realização de projectos no quadro dos objectivos da política das ciências e da tecnologia da RAEM.

(2) Alvos de Patrocínio(i) Universidades, instituições de ensino superior locais, seus institutos

e centros de investigação e desenvolvimento (I&D);(ii) Laboratórios e outras entidades da RAEM vocacionados para

actividades de I&D científico e tecnológico;(iii) Instituições privadas locais, sem fins lucrativos;(iv) Empresários e empresas comerciais, registadas na RAEM, com

actividades de I&D;(v) Investigadores que desenvolvem actividades de I&D na RAEM.

(3) Projecto de Apoio Financeiro(i) Que contribuam para a generalização e o aprofundamento do

conhecimento científico e tecnológico;(ii) Que contribuam para elevar a produtividade e reforçar a

competitividade das empresas;(iii) Que sejam inovadores no âmbito do desenvolvimento industrial;(iv) Que contribuam para fomentar uma cultura e um ambiente propícios

à inovação e ao desenvolvimento das ciências e da tecnologia;(v) Que promovam a transferência de ciências e da tecnologia,

considerados prioritários para o desenvolvimento social e económico;

(vi) Pedidos de patentes.

(4) Valor de Apoio Financeiro(1) Igual ou inferior quinhentos mil patacas. (MOP$500.000,00)(2) Superior a quinhentos mil patacas. (MOP$500.000,00)

(5) Data do PedidoAlínea (1) do número anterior Todo o anoAlínea (2) do número anterior A partir do dia 2 – Jan. – 2013 até 4 – Mar. – 2013 (O próximo pedido será realizado no dia 2 – Maio – 2013 ao 2 – Julho – 2013)

(6) Forma do PedidoDevolvido o Boletim de Inscrição e os dados de instrução

mencionados no Art° 6 do Chefe do Executivo nº 273 /2004,《Regulamento da Concessão de Apoio Financeiro》, publicado no B. O. N° 47 de 22 de Nov., para o FDCT. Endereço do escritória: Alameda Dr. Carlos d’Assumpção, n° 411-417, Edf. “Dynasty Plaza” 9° andar, Macau. Para informações: tel. 28788777; website: www.fdct.gov.mo.

(7) Condições de AutorizaçõesPor despacho do Chefe do Executivo nº 273 /2004, processa o

《Regulamento da Concessão de Apoio Financeiro》.

O Presidente do C. A. do FDCT, Tong Chi Kin 27 / 12 / 2012

www.hojemacau.com.mo

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15segunda-feira 31.12.2012 www.hojemacau.com.mo vida

LISA Jackson, a adminis-tradora da Agência de

Protecção Ambiental (EPA) dos Estados Unidos mais odiada pelos republicanos – e também por alguns democra-tas – por ter imposto os limites mais abrangentes na emissão de poluentes com efeito de es-tufa das últimas duas décadas, apresentou a sua demissão a Barack Obama.

A sua saída – que deve-rá ser concretizada após o discurso do Presidente dos EUA sobre o estado da Nação, em finais de Janeiro – não é propriamente uma surpresa, após quatro anos no cargo. Quando Obama viu que não conseguiria avançar por via legislativa relativamente às alterações climáticas, Jackson tentou obter controlar as emis-sões de gases com efeito de estufa, que fazem aumentar a temperatura média do planeta, através da regulamentação.

Amada por ambientalista, odiada pelos republicanos

Lisa Jackson sai da Administração Obama

HOJE NO PRATO

Diospiro

Paula BichoNaturopata e Fitoterapeuta • [email protected]

Nome botânico: Diospyros kaki Thunb.

Família: Ebenaceae

Nomes populares: Caqui; Damasco-do-Japão;

Diospireiro.

Originário da China onde se cultiva há muitos

séculos, o Diospireiro é uma árvore de lindas

flores beges e frutos de cor alaranjada mais

ou menos intensa. Os seus frutos, doces e de

agradável textura, estão possivelmente na

origem do nome diospyros que, em grego,

significa comida dos deuses. Mas também

a Oriente têm sido muito apreciados, já que

em japonês são designados por alimento

celestial.

Atualmente são cultivadas inúmeras va-

riedades de Dióspiros com variações na

sua cor, forma e tamanho, mas todos eles

com propriedades semelhantes. Podem ser

agrupados em dois tipos principais: os que

são adstringentes até atingir a maturação e

os que não são adstringentes; os primeiros

amolecem à medida que amadurecem, os

segundos mantêm-se rijos. Uma terceira

variedade adstringente é a chocolate.

Além de deliciosos, os Dióspiros proporcio-

nam-nos vários benefícios. Também as folhas

têm sido aproveitadas pela medicina chinesa

no tratamento de várias afeções.

COMPOSIÇÃO

Muito rico em açúcares simples, algumas

proteínas e zero gorduras, o Dióspiro con-

tém igualmente fibras (pectina), vitaminas

(A, B1, B2, B3, B6, ácido fólico, C), minerais

(cálcio, enxofre, fósforo, magnésio, potássio),

oligoelementos (cobre, ferro, iodo, zinco),

carotenoides (betacaroteno, licopeno) e

compostos fenólicos (proantocianidina,

epicatequina, ácidos gálico e p-cumárico).

A pele apresenta um teor mais elevado em

compostos antioxidantes e fibras.

ACÇÃO TERAPÊUTICA

O Dióspiro ajuda a controlar os níveis de

açúcar no sangue, diminui os níveis de coles-

terol e triglicéridos, combate a hipertensão

e a arteriosclerose e contribui para a saúde

cardíaca. Tonifica o baço sendo recomendado

em caso de anemia.

Muito rico em fitoquímicos antioxidantes,

fortalece o sistema imunológico protegendo

as células dos danos dos radicais livres e

prevenindo alguns tipos de cancro. É uma

fruta sazonal, de Inverno, rica em vitamina

C importante para o combate às afecções

típicas desta época do ano; em caso de tosse,

acalma-a se for seca e auxilia a expetoração

se for produtiva.

OUTRAS PROPRIEDADES

Consumido antes da maturação o Dióspiro é

adstringente e combate as diarreias; quando

maduro é laxativo; este fruto ainda auxilia a

digestão, acalma e suaviza a mucosa gastrin-

testinal, contribui para uma flora intestinal

saudável e estimula o funcionamento do fígado

aliviando as enxaquecas de origem alimentar.

Nutritivo e tónico, o Dióspiro fortalece o

sistema nervoso pelo seu teor em vitaminas

do grupo B sendo útil aos debilitados e de-

primidos. Em caso de consumo excessivo de

álcool, saiba que este fruto celestial atenua

as consequentes dores de cabeça, sacia a

sede e contribui para reduzir os níveis de

álcool no sangue.

COMO CONSUMIR

O dióspiro é uma fruta frágil, por isso deve

adquiri-los antes que estejam completamente

maduros. Devem estar ainda firmes, com as

folhas verdes e o pedúnculo, e apresentar uma

cor viva e forma regular. Se pretender acelerar

o processo de amadurecimento coloque-os

ao pé de bananas ou maçãs. Quando bem

maduro a polpa apresenta-se gelatinosa e

perde a adstringência que se manifesta numa

aspereza na boca; podem ser colocados no

frigorífico durante um curto período de tempo

para aumentar a sua doçura.

No momento de os consumir deve lavá-los

bem e retirar o pedúnculo com as folhas.

A pele pode ser ingerida mas é indigesta. O

mais frequente é comê-lo com uma colher,

raspando a polpa e deixando a pele.

Outras sugestões:

• Em sumo

• Adicionado ao iogurte

• Em saladas de frutas

• Em compotas e marmeladas

• Em gelados, panquecas, crepes, bolos e

pudins.

PRECAUÇÕES

Contraindicado na diabetes pelo seu conteúdo

em açúcares rapidamente assimiláveis.

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Direcção dos Serviços de Assuntos de Justiça, aos 28 de Dezembro de 2012.A Directora, Substª.,

Diana Costa

Aviso Informa-se que a partir do próximo dia 2 de Janeiro do ano 2013, o Segundo Cartório Notarial e as Conservatórias abaixo indicados funcionam nos seguintes locais:Serviço Local de Funcionamento Tel.Segundo CartórioNotarial Ed. Adm.Púb.3º andar 28554460Conservatória doRegisto Predial Ed.Adm.Púb.2º andar 28571550Conservatória doRegisto Civil Ed.Adm.Púb.2º andar 28550110Conservatória dosRegistos Comerciale de Bens Móveis Ed.Adm.Púb.1º andar 28374371

AVISO

RENOVAÇÃO DE INSCRIÇÃO NA D.S.S.O.P.T.

Avisa-se, nos termos do disposto no nº2 do artigo 10° do Decreto-Lei N° 79/85/M, de 21 de Agosto, que os técnicos, construtores civis e empresas, já inscritos nestes Serviços, devem proceder a renovação da sua inscrição dentro do mês de Janeiro de 2013 na Secção de Atendimento e Expediente Geral da DSSOPT. Passado o prazo mencionado, caduca-se a respectiva inscrição.

Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes, aos 27 de Dezembro de 2012.

O Director dos Serviços, Substituto

Shin Chung Low Kam Hong

A construção da parte mais a norte deste pipeline tem estado parada enquanto são avaliados os efeitos que pode ter no ambiente.

Muitos congressistas republicanos e organizações industriais, recorda o jornal The Washington Post, acu-saram Lisa Jackson de ter feito “uma guerra contra o carvão”. Mitt Romney fez campanha prometendo demi-ti-la. Para os ambientalistas, esta engenheira química de 50 anos era uma heroína.

Quanto a Obama, divul-gou uma declaração sobre Jackson. Sob a sua liderança, disse, “a EPA deu passos sen-satos e importantes para pro-teger o ar que respiramos e a água que bebemos, incluindo o primeiro padrão nacional para poluição por mercúrio e agir para combater as alte-rações climáticas, ao abrigo da Lei do Ar Limpo”.

Entre as várias regula-mentações publicadas pela EPA nos últimos quatro anos incluem-se o primeiro padrão de emissões de gases com efeito de estufa para veículos, e cortes nos níveis permitidos de mercúrio e outros po-luentes tóxicos emitidos por fábricas, e baixou os limites autorizados de cinzas no ar – o poluente mais comum e mais mortífero nos EUA.

Jackson foi também uma das principais vozes da oposição à construção do polémico oleoduto Keystone XL, que leva petróleo das areias betuminosas do Cana-dá para o Golfo do México.

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segunda-feira 31.12.2012cultura16

ELES vivem depressa, vivem glamourosamen-te, são a encarnação das nossas ambições e

fantasias. Mostram-nos que, como cantava o Conjunto Académico João Paulo, “existe um mundo melhor para lá...” Eles, as estrelas da música, morrem mais cedo que nós, comuns mortais. É o que diz um estudo do Centro de Saúde Pública da Universidade John Mo-ore, em Liverpool. Título: Dying to be famous [Morrendo para ser famoso, em tradução literal].

O estudo, publicado no British Medical Journal, centrou-se no mundo anglo-saxónico - Reino Unido e EUA - e teve como base 1489 músicos que atingiram a fama, ou seja, a presença no Top 40 americano ou britânico, entre 1956 e 2006. Definido o grupo de estudo, foi comparada a sua longevidade com a expectativa de vida geral, tendo em conta o sexo, nacionalidade e origem étnica, no momento em que cada um dos músicos ganhou notoriedade - por

Estudo diz que estrelas musicais morrem mais cedo

O outro lado do glamour: Viver depressa

exemplo, Elvis Presley, que saltou para o estrelato em 1956, teve como base de comparação a longevidade de um americano branco de 21 anos em 1955.

Registe-se que 9,2% das estre-las analisadas morreram durante o período analisado; que o estilo de vida é determinante, com tan-tos mortos em consequência da dependência de drogas e álcool, quanto de cancro e doenças car-

diovasculares. E que as estrelas americanas, e em particular as negras, registam mortalidade mais elevada. Quarenta anos após atingirem a fama, as possibilida-des de sobrevivência dos músicos americanos, comparadas com as da população normal, são de 87,6%. Já os britânicos mantêm-se abaixo da média até 36 anos de estrelato, regressando depois aos valores do povo não músico e não famoso.

Segundo os autores, esta discre-pância pode ser justificada pelas diferenças na assistência social e acesso a cuidados de saúde na Europa e nos Estados Unidos - o Estado social parece fazer a dife-rença. Além disso, afirmou um dos autores do estudo, Mark Bellis, “o comportamento de risco nos Estados Unidos é diferente, dado o fácil acesso a armas”.

Que as estrelas “pop/rock, punk, rap, R&B, electrónica e new age” - géneros abordados no estudo - têm vidas mais curtas é convicção presente na cultura popular em lemas como “Vive depressa, morre jovem e deixa um cadáver bonito”, e, claro, no famoso “Clube dos 27” a que pertencem Jim Morrison, Brian Jones, Jimi Hendrix, Janis Joplin, Brian Jones, Kurt Cobain ou Amy Winehouse. O estudo confirma maior tendência para a morte prematura, mas destrói a ideia dos 27 anos como fronteira trágica. Entre os 137 mortos iden-tificados, apenas dez pertencem ao dito clube: a idade média é 45,2

anos para os americanos e de 39,6 para os britânicos.

O estudo apresenta ainda curio-sidades. Músicos a solo têm mais probabilidades de morrer prema-turamente que os integrados numa banda (9,8% vs 5,4% no Reino Unido; 22,8 vs 10,2% nos EUA). E, se os anos 1960 e 1970 foram as décadas de todos os excessos - “sexo, drogas e rock n’ roll”, recordemos -, a partir da de 1980 aumenta a taxa de sobrevivência das estrelas, mais protegidas pela indústria e pela medicina. A ênfase, porém, é posta noutros dados. Dos músicos mortos 47,2% provinham de famílias disfuncionais ou des-favorecidas. E quatro em cinco dos que morreram por abuso de substâncias ou em contexto de vio-lência sofreram abusos na infância. Conclusão de Mark Bellis, citado pelo Independent: “As pessoas podem ver a música como uma saída. Muitos podem pensar que milhões de libras acabará com o trauma. Mas esse não parece ser o caso.”

A ASSOCIAÇÃO DOS MACAENSESDESEJA A TODOS

BOAS FESTASE FELIZ ANO NOVO

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17culturasegunda-feira 31.12.2012 www.hojemacau.com.mo

O cineasta português Pau-lo Rocha, autor de “Os Verdes Anos” (1963), morreu na manhã de

sábado aos 77 anos, no Hospital da Arrábida, em Vila Nova de Gaia. “Cada um dos filmes de Paulo Ro-cha é um objecto singular”, disse o realizador e professor de Cinema João Mário Grilo ao jornal Público. “São grandes documentários da vida portuguesa.”

Fonte da família disse que o realizador, que estava doente há algum tempo, se encontrava hospitalizado. Paulo Rocha sofreu um acidente vascular cerebral há cinco anos.

Com a morte de Paulo Rocha, e depois do desaparecimento de Fernando Lopes, perde-se mais uma das referências do Cinema Novo português. “É um momento muito triste para a cultura portu-guesa e para o cinema português em particular”, frisa João Mário Grilo, que considera que Paulo Rocha “foi o que melhor soube fazer a relação entre a poética do cinema e a poética do país”, com uma visão artística que incluía a ideia de “mudar o cinema para mudar o país”.

Na década de 1960 em que Rocha começou a filmar, diz Gri-lo, tanto Rocha quanto Fernando Lopes “usam a arte para interpelar a vida”, tendo de “filmar contra a maré, fazendo literalmente das tripas coração, numa altura em

O jornalista Manuel Lage, que foi também assessor

de imprensa no Governo de Sócrates, morreu ontem aos 62 anos, disse à Lusa fonte familiar.

Manuel Guilherme do Nas-cimento Pereira Lage nasceu a 24 de Dezembro de 1950 em Lisboa e em 1974 chegou ao jornalismo pela Rádio Clube Português, onde permaneceu durante um ano.

Ao longo da vida passou pela RTP, pela RDP, pela TDM (Televisão e Rádio de Macau) e pela assessoria de imprensa na Câmara de Sintra, na Auto-ridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) e, entre 2008 e 2009, no Ministério da Administração Interna.

Entre 1985 e 1988 foi

correspondente para vários meios de comunicação social, entre eles a agência Lusa, nos Estados Unidos, de onde partiu para Macau para coordenar o telejornal diário “24 Horas” e editar e apresentar o programa de informação “Mosaico”.

Durante os anos de 2000 e 2001 ocupou cargos de destaque na política enquanto adjunto do ministro-adjunto do primeiro-ministro e adjun-to do ministro do Desporto e Juventude.

O velório está marcado para as 18:00 de hoje na igreja do Seminário de Alfragide. A missa fúnebre decorrerá pelas 15:00 de domingo na igreja, de onde o corpo seguirá para o Cemitério do Alto de S. João, Lisboa. - Lusa

México Arqueólogos descobrem 12 esqueletos com 800 anosArqueólogos descobriram no centro do México esqueletos de 12 crianças e adultos com cerca de 800 anos, informou um especialista do Instituto Nacional de Antropologia e História do México citado pela agência AFP. Os esqueletos foram descobertos quando os arqueólogos estavam a supervisionar a instalação de um novo sistema de drenagem em Cholula, uma cidade a cerca de 120 quilómetros a norte da capital mexicana. As descobertas foram feitas entre o dia 08 de Dezembro e quinta-feira, tendo sido identificados um total de 12 esqueletos. Os investigadores terão agora de identificar o sexo e a origem étnica dos mesmos. Em Abril, 17 esqueletos com cerca de 700 anos também foram descobertos na mesma região.

Paulo Rocha, realizador de “Verdes Anos” e estudioso da obra de Wenceslau de Moraes

Morreu o rosto do Cinema Novo português

Jornalista passou pela TDM

Manuel Lage morreu aos 62 anos

que rebentam as novas vagas [ci-nematográficas]” em França ou em Itália. “Há uma conjuntura que o Paulo lê muito bem e incorpora--a. Cada um dos filmes do Paulo Rocha é um objecto singular em que há uma relação directa entre as personagens e a história - são grandes documentários da vida portuguesa.”

PATRIMÓNIO PARA AS NOVAS GERAÇÕESCom uma carreira de 50 anos, Pau-lo Rocha frequentou o curso de Direito, mas iniciou-se no cinema em 1959, ano em que decide partir para Paris para estudar realização. Três anos depois conclui o curso e torna-se assistente de realização do cineasta francês Jean Renoir.

Logo depois volta a Portugal, onde trabalha como assistente de Manoel de Oliveira em “Acto de Primavera”, em 1963. Nesse ano, assina umas das mais importantes obras do cinema português, “Os Verdes Anos”. Com produção de António da Cunha Telles, é com esta primeira longa-metragem que se torna num dos nomes de referência do Cinema Novo. Pro-tagonizado por Isabel Ruth, Rui Gomes, Ruy Furtado, Cândida Lacerda, Paulo Renato e Carlos José Teixeira, premiado no Festival de Locarno e no Festival de Aca-pulco, é um retrato da Lisboa em expansão dos anos 1960, do seu provincianismo e do sufoco de

uma geração jovem. Esse patri-mónio era intrínseco ao cinema de Pedro Costa, Teresa Villaverde ou Joaquim Sapinho tal como se mostraram ao mundo nas suas obras de estreia, respectivamente “O Sangue”, “A Idade Maior” ou “Corte de Cabelo”. E continua a ser uma referência afectiva no cinema de João Salaviza.

A força e influência desse le-gado explica-se para João Mário Grilo porque na década de 1960

“as pessoas tinham muito poucos meios para filmar e os filmes só são possíveis através de alianças muito sólidas - e hoje há uma atenção a isso, à ideia de que é na realidade, no mundo, que estão os principais aliados dos filmes”. “Porque o ecrã é isso também uma pele muito fina entre o cinema e a vida. Hoje voltou-se a ganhar [nesse novo cinema dos jovens cineastas portugueses] a realidade que a televisão foi empobrecendo.

O cinema está hoje a redescobrir uma poética na própria vida. O Paulo descobriu no país uma série de camadas sobrepostas e foi capaz de as filmar nessa sobreposição, algo diferente do que fazem os média [e os telejornais, em que tudo surge segmentado].”

Foi director do Centro Português de Cinema, de 1973 a 1974, de-pois de ser membro da comis-são instaladora da Escola de Ci-nema. Entre 1975 e 1983 foi adido cultural da Embaixada de Portugal em Tóquio, no Japão, onde estudou a vida e obra de Wenceslau de Moraes, o escritor português que em finais do século XIX partiu para o Oriente, onde morreu em 1929. Paulo Rocha interessou-se tanto por Moraes que acabou por realizar dois filmes baseados na sua vida e obra: “A Ilha dos Amores” (1982) - sobre o choque entre os dois mundos e as duas culturas do Ocidente e do Oriente; integrou, em 1982, a selecção oficial do Festival de Cinema de Cannes - e “A Ilha de Moraes” (1983). Esse período marcou também as suas escolhas na abordagem ao cinema, com um forte pendor pela cinematografia nipónica. Ainda influenciados pela cultura nipónica: “O Desejado – As Montanhas da Lua” (1917), “Por-tugaru San - O Senhor Portugal em Tokushima” (1993), uma peça de teatro filmada, e “Imamura, o Livre Pensador” (1995).

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segunda-feira 31.12.2012publicidade18 www.hojemacau.com.mo

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19segunda-feira 31.12.2012 www.hojemacau.com.mo desporto

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O ano de 2012 não terminou e faltam quase cinco me-ses para acabar a

época, mas para este Sporting já não há esperança. Em mais uma prestação deprimente, os “leões” foram humilhados pelo Rio Ave (3-0) e apenas um milagre permitirá aos “verdes e brancos” conseguir o apuramento para as meias--finais da Taça da Liga, a única prova que o Sporting ainda tinha hipóteses reais de vencer. O poço parece não ter fundo em Alvalade.

Na antevisão do jogo, Vercauteren confidenciou que encontrou no regresso das miniférias um plantel “faminto”. O treinador elogiou os jogadores, que foram “agressivos no trei-no”. “Joga-se como se trei-na”. Apesar do optimismo do belga, o que se viu em Vila do Conde foi mais do mesmo: jogadores do

Sporting abandona Vila do Conde com o sabor da derrota

Mais um prego no caixãoMaradona defende MourinhoUm dos maiores astros da história do futebol, Diego Armando Maradona também não se coibiu a dar a sua opinião sobre um dos temas quentes do momento: a opção de José Mourinho em sentar Iker Casillas no banco de suplentes do Real Madrid. E o que acha o argentino? O português esteve em grande. “O que acho? Acho estupendo! Parece-me estupendo que Mourinho tenha conseguido fazer isso e tenha sentado Casillas. É ele quem manda. Ele é que é o treinador, não o Casillas nem mais ninguém. Senão para que serve contratar um treinador, se não é para ele tomar as opções que entende serem melhores?”, afirmou, à imprensa espanhola. Maradona reiterou ainda que entende que “Mourinho é o melhor, juntamente com Guardiola”, tal como “Cristiano Ronaldo e Messi, que são ambos fantásticos, mas Messi tem uma equipa que o apoia”.

Xabi Alonso ainda não renovouXabi Alonso revelou que ainda não sabe quando vai renovar com o Real Madrid. O contrato irá expirar em 2014 e o espanhol já afirmou que só renovará se sentir que conseguirá manter o mesmo nível de jogo. “Nem eu sei o que se vai passar. O mais importante é que o Real Madrid consiga vencer a Real Sociedad no próximo jogo da liga espanhola e mudar a situação em que se encontra”, declarou o médio no final de um jogo particular entre uma selecção de jogadores bascos e a Bolívia. Xabi Alonso ainda foi questionado sobre a polémica entre Casillas e Mourinho, mas escusou-se a tecer opinião: “Neste momento não há que comentar esse tema. Talvez noutro dia.”

Jesus manda calar os empresáriosExcesso de opções para as posições mais adiantadas tem provocado incómodo entre os futebolistas menos utilizados, mas o treinador avisa que não passa cartão aos seus representantes. Jorge Jesus não gosta de ser pressionado. Por isso, depois das recentes declarações dos empresários de Bruno César, Kardec e Sidnei a manifestarem a vontade de os atletas mudarem de clube em Janeiro, face à escassa utilização, o técnico encarnado fez questão de marcar posição, garantindo que ninguém vai interferir com o seu trabalho.

Sporting amedrontados, passivos e sem atitude. Os condimentos ideias para motivar um rival.

Só a partir dos 15’, já de-pois de Cédric sair por lesão (entrou Dier), é que os “leões” conseguiram equilibrar, mas no final dos primeiros 25’ a estatística era reveladora: oito remates do Rio Ave, dois do Sporting.

Aos 33’, no melhor momento “leonino”, Jeffren

rematou ao poste, mas em cima do intervalo Dier teve uma entrada imprudente, o árbitro Rui Costa foi rigoroso, e o inglês acabou expulso. O pouco Spor-ting que havia na partida acabou aí.

Para equilibrar a equipa, Vercauteren colocou Esgaio a defesa direito e o Rio Ave agradeceu. Aos 54’, Tope rematou, Patrício defendeu, mas o inglês marcou na

recarga. Dez minutos depois, Edimar deixou Esgaio para trás, centrou, e Tarantini, à vontade, fez o 2-0. O “leão” estava morto.

Restavam 25 minutos, uma eternidade para o Sporting. Sem resistência do outro lado, o Rio Ave controlava como queria e, já no período de descon-tos, Hassan tornou ainda mais penosa a derrota do Sporting.

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segunda-feira 31.12.2012publicidade20 www.hojemacau.com.mo

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SALA 1TWILIGHT SAGA: BREAKING DAWN (PART 2) [C]Um filme de: Bill CondonCom: Robert Pattinson, Kristen Stewart, Taylor Lautner14.30, 16.30, 19.30, 21.30

WRECK-IT RALPH [3D] [B](Falado em cantonês)Um filme de: Rich Moore14.15, 16.00, 17.45, 19.30

SALA 2THE HOBBIT: AN UNEXPECTED JOURNEY [3D] [A]Um filme de: Peter JacksonCom: Ian McKellen, Martin Freeman, Richard Armitage21.15

SALA 3JACK REACHER [C]Um filme de: Christopher McQuarrieCom: Tom Cruise, Robert Duvall, Rosamund Pike, David Oyelowo14.15, 19.30, 21.45

LES MISÉRABLES [3D] [A]Um filme de: Tom HooperCom: Hugh Jackman, Russel Crowe, Anne Hathaway, Amanda Seyfried, Eddie Redmayne, Aaron Tveit, Samantha Barks18.45

segunda-feira 31.12.2012 21www.hojemacau.com.mo futilidades

[Tele]visão

Sudoku [ ] Cruzadas

[ ] Cinema Cineteatro | PUB

TDM13:00 TDM News - Repetição13:30 Jornal das 24h RTPi14:45 RTPi Directo18:30 Contraponto (Repetição)19:30 Resistirei20:30 Telejornal21:00 TDM Desporto22:00 A Engraçadinha23:00 TDM News23:30 Videoclip23:55 Espectáculo de Fim do Ano (Directo)00:15 Planeta Música01:30 Telejornal – Repetição02:00 RTPi Directo

INFORMAÇÃO TDM

RTPi 8214:00 Telejornal Madeira14:40 Venezuela Contacto - 2012 15:15 Rua Veloso e Amigos 16:00 Bom Dia Portugal17:00 Ano 2012 em Revista18:00 Vingança18:50 Escape. TV - SIC19:00 Pablo Alborán – Oeiras Cool Jazz Festival20:00 Jornal Da Tarde 21:15 Portugal no Coração

30 - ESPN11:30 Big Ten Conference Basketball 2012/13 Central Michigan vs. Michigan13:30 Southern Classic 2012 10-Ball Semifinal #116:30 FIBA 3x3 World Tour 2012 Highlights18:00 Hua Hin World Tennis Invitation Victoria Azarenka vs. Li Na19:30 (LIVE) Sportscenter Asia 201220:00 Great Run Review 201221:00 Chinese Badminton Super League - Highlights22:00 Sportscenter Asia 201222:30 2012 Espys

31 - STAR Sports10:00 (LIVE) Hyundai Hopman Cup XXV Serbia vs. Italy15:30 SBK Superbike World Championship 2012 - Season Review16:30 V8 Supercars Championship Series Season Review17:30 Intercontinental Rally Challenge 2012 - Season Review 18:30 FIA World Touring Car Championship 2012 - Season Review19:30 FIA F1 World Championship 2012 - Season Review21:00 Motorsports@petronas 201221:30 (LIVE) Score Tonight 201222:00 Game 201222:30 Hyundai Hopman Cup XXV Serbia vs. Italy

40 - FOX Movies12:45 Men In Black Ii14:20 The Mechanic15:55 Trespass17:30 201220:10 What’S Your Number?21:55 The Twilight Saga

41 - HBO12:00 Mission14:15 Abduction16:10 Kung Fu Panda 217:40 The Producers19:55 Bridesmaids22:00 New Year’S Eve00:00 Captain America

42 - Cinemax11:15 Sudden Death13:05 The Scorpion King 314:50 Firewalker16:35 Force 10 From Navarone18:40 The Long Kiss Goodnight20:35 Piranhaconda22:00 Salt23:40 Dragon Wasps

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FERNANDO PESSOA • Richard ZenithDiz-se, por vezes, que os quatro maiores poetas portugueses do século XX são Fernando Pessoa. Tal afirmação poderá parecer estranha para quem não conheça este fenómeno literário e torna-se ainda mais insólita se recordarmos que Pessoa apenas publicou um livro de versos em português, Mensagem, em 1934. Enquanto outros poetas só alcança-ram a celebridade a título póstumo, Pessoa, já na sepultura, surpreendeu o mundo não só por ter deixado muita poesia inédita mas por ser o criador de vários poetas desconhecidos, ou pouco conhecidos, e ainda de vários prosadores. Os três nomes de poetas, juntamente com o que recebeu à nascença, formam um quarteto assombroso que transformou a história da literatura portuguesa e, depois, da literatura europeia e mesmo mundial.

SUBMUNDO • Don DelilloA crónica de vidas ordinárias inseridas no último meio século da História americana. No imenso palco do romance, elas cruzam-se com figuras que marcaram a época - J. Edgar Hoover, Frank Sinatra, entre outras. DeLillo faz surgir uma obra de arte deslumbrante do outro lado, obscuro e escondido, da humanidade contemporânea.

SOLUÇÕES DO PROBLEMA

HORIZONTAIS: 1-Excede-se, exagera. Abalavamos. 2-Magnate ingles. 3-Nome de mulher. Sigla latina que indica data anterior à era cristã. Içar, levantar. 4-Ligariam, uniriam. Neste lugar. 5-Era-Cristã (abrev.). Recordarei. 6-Inaugurei. Acrescentar. 7-Com forma de roca. Cidade da Babilónia 8-Cobalto (s.q.). Referente ao Gerês. 9-Renque de árvores. Antes do meio-dia (abrev.). Consagrar. 10-Rumor brando, o m. q. frolo. 11-O m. q. aloé. Terreiro descoberto em frente das igrejas (pl.).

VERTICAIS: 1-Nome de mulher. Termina. 2-O açúcar, considerado como excipiente (Farm.). 3-Algumas. Brasil (abrev.). Uma das peças essenciais do vestuário litúrgico dos sacerdotes de Israel. 4-Sim (Ant.). Num aeroporto, conjunto de edifícios reservados aos passageiros e às mercadorias. 5-Expressão de alarve. Osmio (s.q.). 6-Ociosidade. Lago da URSS. 7-Seguir na companhia de alguém. Nome de determinados estabelecimentos de ensino. 8-Enfeitados como dama. Consoante repetida. 9-Meiguice, doçura (Fig.). Chalaceia. Bolo de farinha e sal, usado pelos Romanos nos sacrifícios. 10-Género de peixes acantopterígios. 11-Curai. Parte aquosa que se separa do leite depois de coagulado (pl.).

HORIZONTAIS: 1-ABUSA. IAMOS. 2-L. MILORDE. A. 3-ISA. AC. ALAR. 4-CASARIAM. CA. 5-EC. EVOCAREI. 6-ABRI. ADIR. 7-ARROCADO. IS. 8-CO. GERESANO. 9-ALEA. AM. DAR. 10-B. FROLIDO. O. 11-ALOES. ADROS.VERTICAIS: 1-ALICE. ACABA. 2-B. SACAROL. L. 3-UMAS. BR. EFO. 4-SI. AEROGARE. 5-ALARVICE. OS. 6-OCIO. ARAL. 7-IR. ACADEMIA. 8-ADAMADOS. DD. 9-MEL. RI. ADOR. 10-O. ACERINA. O. 11-SARAI. SOROS.

REGRAS |Insira algarismos nos quadrados de forma a que cada linha, coluna e caixa de 3X3 contenha os dígitos de 1 a 9 sem repetição

SOLUÇÃO DO PROBLEMADO DIA ANTERIOR

Aqui há gatoANO NOVO, VIDA VELHAEstamos a um dia de pisar 2013. O ano da Serpente não será muito diferente do ano do Dragão. Pelo menos a ver pelas políticas “arrojadas” do Governo da RAEM. Senão vejamos.Património. Trata-se de uma questão que se arrasta a uma velocidade inferior à de um caracol. A UNESCO avisou, avisou. A RAEM pediu desculpas e explicou-se e a UNESCO “aceitou”. Mas afinal o que custa fazer uma Lei de Salvaguarda do Património?Ambiente. Num território um prolifera a poluição são necessários mais e melhores espaços verdes na cidade. Dos poucos que há, o Governo ainda quer destruir para construir habitação pública – já lá vamos – como é o caso do desbaste da montanha de Coloane na zona de Seac Pai Van. Outra coisa que é preciso resolver são os Direitos Animais. Até quando, senhores políticos?Desporto. Onde estão os espaços para a prática de desporto? Será que o hóquei em patins ou as equipas de futebol podem contar com melhorias nas suas condições? Ilha da Montanha? Cotai? Ainda há espaço no território, mas parece que ninguém o vê.Habitação. São obscenos os valores que se cobram por aluguer e compra de casa. Se Macau fosse uma cidade de qualidade de vida superior ainda se podia entender. Mas, onde as construções são de fraca qualidade e onde tudo o que dá conforto à população está por fazer, a não ser o dinheiro, é completamente absurdo os valores que se praticam no mercado imobiliário. A culpa é única e exclusivamente de duas entidades: o Governo e as agências imobiliárias. O resto são lérias e a habitação pública não é opção.Inflação. Não é fácil travar. Aqui, com o poder de compra existente em cada mão, tudo se compra. E compra-se em duplicado, em triplicado, em quadruplicado. O capitalismo chegou à China e, tão cedo, não vai sair.Educação. As universidades de Macau estão “assim-assim”. Pelo menos é como estão os seus alunos. Quem frequenta o ensino superior e não sabe quem é Adolf Hitler, Nelson Mandela, Bob Marley, Albert Einstein ou Picasso, por exemplo, não o merece frequentar. Há coisas que estão acima da cultura geral e desconhecer protagonistas que ao longo da História se destacaram nas suas áreas é surreal.Turismo. Onde ele pára? Se assim continuar, nem daqui a 50 anos Macau será um Centro Internacional de Turismo. Quem vem ao território pouco sabe da sua História e quando regressa ao seu país, regressa na mesma, pouco sabendo. Os guias turísticos são ensinados a levar o pessoal para as lojas e para os casinos. Já para não falar de falta de espaços lúdicos, de esplanadas, de “outros negócios”. Assim, não há cepa que se aguente direita.Jogo. É o ganha-pão do Governo e, por conseguinte, da restante sociedade. É, para o bem e para o mal, o óleo de engrenagem da pesada máquina que é a Administração Pública e da sociedade ‘per si’. Mas, sem abdicar da sua dependência, o Executivo da RAEM terá, urgentemente, de repensar alternativas. É preciso não esquecer que a torneira pode fechar a qualquer momento.Saúde. Atrasada. Quase na Idade da Pedra. Os Serviços de Saúde da RAEM não produzem eficiência para que a população consiga criar empatia e confiança. São diversos os casos de negligência médica, de maus atendimentos, de falta de recursos humanos. As instalações estão obsoletas e o Governo tarda em criar um hospital moderno ao nível do que há nos países avançados. Na saúde, Macau é de terceiro mundo. E a Tailândia aqui tão perto...

Pu Yi

THE HOBBIT: AN UNEXPECTED JOURNEY

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segunda-feira 31.12.2012opinião22 www.hojemacau.com.mo

macau v is to de hong kongDavid Chan*

*Professor Associadono Instituto Politécnico de Macau

Galaxy Entertainment Maratona Internacional de Macau, uma organi-zação do Instituto do Desporto e da Asso-ciação de Atletismo de

Macau teve lugar no passado dia 2 no Estádio do Centro Olímpico do Desporto, na Taipa.

A Maratona e a Meia-Mara-tona estavam marcadas para as 5h e a Mini-Maratona para as 5h15. A Maratona foi dividida em três provas: Maratona, Meia--Maratona e Mini-Maratona. A Maratona foi dividida em cinco categorias em função da data de nascimento dos participantes; a meia e a mini-maratonas fo-ram divididas em quatro e três categorias respectivamente. As informações sobre a participação nestas provas ainda podiam ser vistas no site abaixo indicado à data em que escrevi este artigo: http://www.macaumarathon.com/en/event_info.php

Neste site estava indicado que os avisos indicadores de distância estavam localizados a cada 1 km totalizando 42 avisos. De acordo com o jornal Exmoo de 2012-12-5,

cartoon FELIZ ANO NOVOpor Steff

O que podem fazer o Instituto do Desporto e a Associação de Atletismo de Macau para remediar esta situação? Primeiro deveriam resolver a questão das queixas dos atletas. Como organização sujeita aos regulamentos internacionais mesmo que haja um erro de organização ou de julgamento os resultados desportivos têm de ser defendidos

Maratona Internacional de Macautodos os atletas receberam também um mapa em papel composto por duas partes, uma em palavras e outra por desenhos.

Quando lerem este artigo de certeza que já sabem o que acon-teceu. Como noticiava o Sun Daily o atleta que liderava a prova em vez de virar para a esquerda virou para a direita fazendo com que no final se tenham corrido mais três quilómetros.

Devido à inesperada mudança de percurso não foi atribuído o prémio a um dos atletas da Meia--Maratona de nome Lao. Em de-clarações ao jornal Exmoo no dia 3 de Dezembro Lao disse: “Não recebi o prémio porque cheguei um minuto e vinte segundos atrasado.”

Outro atleta chamado Lam disse ao mesmo jornal que houve três razões para o Instituto do Desporto de Macau ter cometido este erro patético:

1. O atleta que seguia à frente não estava familiarizado com o percurso da Maratona.

2. Os trabalhos da Maratona come-çaram antes das cinco da manhã o

que fez com que os atletas estives-sem demasiado cansados.

3. O percurso da maratona era demasiado complicado.

No entanto Lam discorda destas razões dizendo que: “Na maioria das Maratonas internacionais as or-ganizações não providenciam que os atletas reconheçam o percurso antes da prova. Se o traçado não fosse tão complicado o erro não teria acontecido. Para além disso a hora marcada para a prova, cinco da manhã, fez com que os atletas estivessem demasiado cansados.”

Depois deste acontecimento a organização pediu desculpa aos atletas. O pedido de desculpas pode ser visto no seu site do qual extraí as seguintes declarações: “O Comité organizador lamenta o erro técnico ocorrido na edição da Maratona deste ano e aproveita a ocasião para apresentar as suas sinceras desculpas a todos os atle-tas afectados por este erro.”

Nunca vi o mapa distribuído aos atletas. Mas acho muito curioso que usem palavras para descrever o percurso da Maratona. Os atletas

lêem o mapa ou lêem palavras? Se formos a um supermercado e comprarmos um mapa este é basi-camente composto por diagramas. As palavras estão lá mas apenas para indicar o nome de edifícios, etc. O mapa da Maratona parece ter sido feito por mais do que uma pes-soas com falta de experiência para elaborar este tipo de documentos.

Em relação ao problema de os indicadores de distância serem insuficientes ou com pouca visibi-lidade gostaria de contar uma his-tória. Quando comecei a aprender português confundia sempre duas palavras, “novo” e “nove”. Os leitores facilmente perceberão que este erro provoca declarações com sentidos completamente diferen-tes. A ocorrência de os indicadores de distância serem insuficientes ou confusos é exactamente igual. A palavra “descuido” é suficiente para descrever a situação. Se os funcionários do comité organi-zador tivessem tido o cuidado de fazer o percurso da Maratona andes de esta ter começado o problema teria sido evitado.

O que é que temos a aprender com este infeliz acontecimento? O Instituto do Desporto e a As-sociação de Atletismo de Macau deverão ter consciência de que isto prejudica toda a população de Macau porque é a reputação do território que está em jogo. Ser uma “anedota internacional” é a melhor descrição que se pode fazer do assunto. Os prejuízos causados aos atletas são óbvios e não vale a pena repeti-los. Haverá confiança do comité olímpico para que Macau

organize provas no futuro? Será que a população do resto do mundo aceita que Macau organize este tipo de provas? Será que a população de Macau confia na organização desta prova? As respostas a estas perguntas parecem-me que deve-rão ser negativas.

O que podem fazer o Instituto do Desporto e a Associação de Atletismo de Macau para remediar esta situação? Primeiro deveriam resolver a questão das queixas dos atletas. Como organização sujeita aos regulamentos internacionais mesmo que haja um erro de or-ganização ou de julgamento os resultados desportivos têm de ser defendidos. Por isso se o atleta Lao não alcançou os resultados previa-mente requeridos a decisão de não lhe ser atribuído prémio é positiva. Mesmo que o atleta apresente o seu caso ao Tribunal Administrativo de Macau não deve ter sucesso porque a lei internacional tem prevalência sobre a lei local.

Em segundo lugar é obrigatório compensar os atletas. O Instituto do Desporto e a Associação de Atletis-mo de Macau deveriam compensar os atletas pelas despesas que tiveram com a sua participação neste evento, tais como viagens e alojamento. Uma vez isto feito os atletas terão menos queixas e a insatisfação será imediatamente reduzida. No entanto os atletas não deverão ser compensados pelo tempo que gastaram a preparar-se para esta prova porque mesmo que tenha havido um erro os atletas devem ter a sua preparação em dia.

O Instituto do Desporto e a Associação de Atletismo de Macau deveriam pensar noutro tipo de compensação para os atletas locais uma vez que estes não têm despesas de deslocação ou de alojamento.

O objecto destas indemnizações é reduzir o mal causado à reputação de Macau enquanto entidade com-petente para organizar competições locais e internacionais. Um pedido de desculpas é fundamental mas insuficiente. É vital que se tomem acções para proteger a reputação da RAEM. O Instituto do Desporto e a Associação de Atletismo de Macau deveriam tomar medidas sérias nesse sentido. Um aconte-cimento deste tipo não pode voltar a acontecer no futuro.

A

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Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editor Gonçalo Lobo Pinheiro Redacção Andreia Sofia Silva; Cecilia Lin; Joana Freitas; José C. Mendes; Rita Marques Ramos Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Fernando Eloy; Hugo Pinto; José Simões Morais; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros Colunistas Arnaldo Gonçalves; Boi Luxo; Carlos M. Cordeiro; Correia Marques; David Chan; Gonçalo Alvim; Helder Fernando; Jorge Rodrigues Simão; José Pereira Coutinho, Leocardo; Maria Alberta Meireles; Mica Costa-grande; Paul Chan Wai Chi; Vanessa Amaro Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia António Falcão, Gonçalo Lobo Pinheiro; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

23opiniãosegunda-feira 31.12.2012 www.hojemacau.com.mo

bairro do or ienteLeocardo

2013por antónio conceição júnior

OMEÇO a pensar que a prevenção e combate à toxicodependência que se faz em Macau fora do âmbito privado é feito por gente que não sabe o que é droga. A sério. O tal Gabinete que apre-

senta aquelas enormidades a que chama “es-tatísticas” é composto por gajos que nunca viram droga na vida, ou só ouviram falar de droga na televisão e nos filmes. Enquanto a Polícia prende, o Ministério Público acusa e a prisão recebe os traficantes e afins, no que toca à prevenção e à análise do problema da toxicodependência e do consumo em geral, prima-se pela incompetência e até alguma ingenuidade.

Assim ficamos sempre a saber que o consumo diminuiu. Yupi! Haja saúde. Depois vem sempre um “mas” qualquer que contraria por completo essa asserção. Diminuiu, MAS há mais recaídas. Diminuiu MAS há cada vez mais jovens a experimen-tar. Diminuiu MAS consome-se cada vez mais em casa. Diminuiu MAS consome-se em maior quantidade. Quer dizer, se calhar diminuiu porque foram presos mais consu-midores, e talvez quando se anuncia a tal diminuição no número de consumidores, aparecem novos que substituíram os que tiveram menos sorte, coitados.

A informação é confusa e contraditória, e alguma chega a roçar o ridículo. Por exemplo o facto de se consumirem substâncias em casa. Se eu fosse toxicodependente ou adepto das drogas recreativas, preferia consumi-las no conforto do lar do que na rua, ou noutro local frequentado por gente que se calhar não ia achar muita piada e podia alertar as autoridades. Além disso algumas drogas requerem utensílios que não se encontram em bares ou cafés e não são fáceis de trans-portar no bolso, como seringas, colheres, papel de alumínio, cachimbos de água, etc. Deve ter sido uma surpresa enorme para esta gente quando se constatou que alguns utilizadores consomem – pasme-se – em casa! Onde vivem os pais, os irmãos e o cão! E eles que sempre pensaram que a droga se consumia principalmente ao ar livre, por causa da componente da “rebeldia” e da “afirmação”, uma teoria sempre atirada para cima da mesa para explicar o facto de cada vez mais jovens começarem a consumir. Psicólogos de vão de escada.

Um dos maiores problemas das cam-panhas de prevenção é não especificar que existem vários tipos de drogas, algumas piores que outras. Isto até está tabelado por lei, e não é novidade nenhuma. Como tive a sorte de obter o grosso da minha educação num lugar onde existe uma visão mais larga, aprendi que a imensa variedade de drogas existentes não se limita ao grupo da “droga”, e que toda a “droga” é má, porque é “droga”, ponto final. Não são todas as drogas que provocam dependência, e a designação de “drogas duras” e “drogas recreativas” não é um eufemismo para iludir as pessoas de

O exemplo de Macau é gritante, e é pena que não se assuma o que é por demais evidente: a luta contra a droga está perdida. O Gabinete para a Prevenção e Tratamento da Toxicodependência, e agora deixando de lado o facto de que está servido por gente que não percebe nada de droga, está de pernas e braços atados

O fruto proibidoque existem drogas que não fazem mal. A cannabis, que faz tanto ou menos mal que o tabaco e certamente menos mal que o álcool não foi sempre uma “droga”, ou se-quer uma substância ilegal – convém estar dotado de algum conhecimento histórico, também. Mesmo a teoria de que se trata de uma “gateway drug”, que pode levar ao consumo de drogas pesadas carece de uma fundamentação mais convincente que a sim-ples “habituação” que leva a que se procure “uma substância mais forte”. Há gente que consumiu ou consome cannabis há décadas e nunca mudou para outra substância.

Existem drogas naturais e sintéticas, e destas últimas nem todas transformam um jovem inteligente e saudável num bocado de ‘merda’ que se arrasta pelas ruas aos gritos, como vemos em algumas das campanhas televisivas. A droga na sua generalidade não destrói carreiras e famílias, não aliena amigos, não provoca danos irreversíveis à saúde e não “mata” assim com tanta facili-dade. Pelo menos não representa um perigo muito maior ou sequer ligeiramente maior que outros comportamentos de risco. A obe-sidade mata mais que a maioria das drogas e o seu consumo frequente, e que eu saiba a obesidade ainda não é uma “droga”. Como vão estes profetas da desgraça explicar que existam indivíduos dependentes da heroína – a rainha das drogas – há 30 ou 40 anos, e ainda estão vivos? O próprio alcoolismo mata mais a longo prazo que a heroína. A maior parte das drogas são de consumo controlável, e há indivíduos perfeitamente funcionais e até bem sucedidos que as con-somem regularmente. Venham desmentir isto, se forem capazes.

A mensagem inicial que se passa é que a droga é uma “armadilha”, e que a sua mera existência é uma trama diabólica com o objectivo de destruir a humanidade. Quando a mensagem inicial que se passa é errada, então nada mais a partir daí faz algum sen-tido. Isto pode parecer uma surpresa para

alguns, mas quem consome drogas fá-lo para se sentir melhor, e não pior. Para se sentir bem, e não mal. As razões porque o fazem são diversas, e se o fazem porque têm algum problema familiar ou pessoal, esse problema não foi certamente causado pelas drogas que passaram a consumir como escapatória. Eu próprio confesso que fui ví-tima deste preconceito…quando tinha 7 ou 8 anos. A minha ignorância infantil levava-me a pensar que a droga era um instrumento de agentes do mal destinados a corromper os anjinhos (o que até se pode considerar um pensamento elaborado, atendendo à minha limitada capacidade cerebral de então). Depois cresci e aprendi que a droga é uma cultura muito própria, a tal “drug culture”, que tem uma História muito particular, e que não é o produto de nenhuma falência social ou decadência dos valores. Sempre existiu, das mais variadas formas, e antes do evento da criminalização já se fazia muita arte, arquitectura e literatura “psicadélica”.

Já defendi neste blogue a legalização de todas as drogas para que se corte pela raiz a es-sência do “problema”: o lucro. A droga é acima de tudo um negócio, e realisticamente, não é produzida em massa à escala mundial para que as pessoas se divirtam ou se abstraíam dos seus problemas. É produzida porque é lucrativa, e o facto de ser ilegal torna-a mais cara, e portanto um negócio ainda mais apetecível. Legalizando todas as drogas, mesmo as ditas pesadas, torna o seu acesso mais facilitado e retira-o da esfera da criminalidade, baixa os preços representando uma menor carga financeira para os toxicode-pendentes e as suas famílias, permite um melhor controlo de qualidade evitando muitas mortes por consumo de drogas adulteradas, ajuda a prevenir a propagação de doenças derivadas da partilha de seringas, e o mais importante de tudo: pode ser que uma vez que deixe de ser bastante lucrativo, há quem desista de as produzir e angariar novos consumidores. É assim tão disparatado?

O exemplo de Macau é gritante, e é pena que não se assuma o que é por demais evidente: a luta contra a droga está perdida. O Gabinete para a Prevenção e Tratamento da Toxicodependência, e agora deixando de lado o facto de que está servido por gente que não percebe nada de droga, está de pernas e braços atados. Em Macau quais são as alternativas para um jovem que não tem nada que fazer? Já sei, o desporto, que é apresentado como uma panaceia anti-droga, ao ponto de se dar a entender que quem não pratica desporto arrisca-se a cair nas malhas da droga. E realmente quem os pode cen-surar? Que outras opções existem para um jovem adulto nas áreas da cultura, da arte ou do entretenimento para ocupar o seu tempo

livre? Que outra formação profissional de monta existe que não esteja ligada ao jogo e aos casinos? Se não está na escola ou em casa com os pais a jantar e a dormir, anda pelos salões de jogos, discotecas e salas de karaoke, onde como se sabe, não é difícil encontrar drogas, e daquelas mesmo ma-zinhas, que se engolem e que se cheiram.

Enquanto a recuperação dos toxicodepen-dentes e o combate ao tráfico e à criminalidade são feitas de forma competente no território, a prevenção continua a marcar passo, e a infor-mação é deficitária. Não se educam os jovens sobre os efeitos das drogas, do seu impacto social, ou mesmo da sua história, origem e composição, porque não? Diz-se apenas: “não se metam nisso, porque é mau”. Se lhes dizem que é “mau” simplesmente porque sim, então estão a despertar-lhes uma curiosidade que não existiria se tratassem do assunto de uma forma mais aberta, usando bases científicas para sustentar os seus argumentos. Uma campanha educativa bem feita era até capaz de afastar os jovens do ‘Starbucks’, porque “a cafeína é um estimulante”. Assim só dão a conhecer o fruto proibido, que como se sabe, é o mais apetecido.

C

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segunda-feira 31.12.2012www.hojemacau.com.mo

Maria João BelchiorEm Pequim

E se de repente, pu-desse pedir um empréstimo onli-ne? A ideia surgiu

há alguns anos no gigante de comércio online chinês Alibaba. O inicialmente pequeno negócio surgiu pela cooperação com dois bancos nacionais chineses e teve autorização dada pelo Banco Central da China. A partir de 2007 o grupo Alibaba começou a dar os primeiros empréstimos on-line na China. Hoje tem um funcionamento de qualquer instituição financeira e mo-vimenta tanto dinheiro como um banco regional chinês.

EMPRÉSTIMOS COM UM CLIQUEO projecto veio facilitar as compras online. Um grupo que era uma minoria há uns anos é hoje um universo em expansão com a internet chinesa a ter já mais de 530 milhões de utilizadores. Os empréstimos são dados de uma forma mais rápida que nos bancos e por não se tratar de grandes inves-timentos, permitem um retorno mais rápido.

China Mercado paralelo cada vez maior

Alibaba já dá empréstimosEmbora a data financeira

da empresa não seja publi-cada, a revista chinesa de negócios e economia “Cai-xin” publicou recentemente dados vindos de uma fonte da empresa sobre como fun-ciona o Alibaba financeiro.

No espaço de cerca de um ano, desde Abril de 2010 a Julho de 2011, os emprés-timos Ali, assim chamados por serem uma empresa sub-sidiária do grupo Alibaba, foram concedidos a mais de 129 mil pequenos negócios através de diferentes plata-formas na internet.

Num valor que pode che-gar até aos 26 mil milhões de Renminbi concedido em empréstimos, o grupo Alibaba movimenta tanto capital como um banco regional chinês. As taxas de juro de tantos empréstimos terão chegado a um milhão de Renminbi diariamente, valores que mostram como o sistema se tornou eficiente.

O Taobao, alojado no grupo Alibaba, é o sítio favorito de compras para muitos chineses que prefe-rem escolher online o que querem comprar. A eficiên-cia do serviço de entrega tem justificado o sucesso de mi-lhões de pequenas empresas desde roupa a mobiliário ou peças de bicicletas, vendidas através de armazéns que estão espalhados por todo o país. Para comprar online no Taobao só há uma condição que é ter um cartão de crédito chinês.

INFORMAÇÃO PRIVILEGIADACom mais de cinco anos de experiência a conceder em-préstimos, o grupo Alibaba dispõe agora de uma base de dados com informação sobre mais de 80 milhões de utilizadores. A informação financeira é uma mais-valia para as análises de risco de concessão de crédito.

No serviço ligado ao Taobao, o número de uti-lizadores dos serviços de compras online chega aos 125 milhões. É o grande volume de informação que permite uma maior eficiên-cia e rapidez ao conceder empréstimos.

Esta presença forte no mercado do ciberespaço é quase exclusiva do serviço do grupo Alibaba, uma das maiores empresas chinesas. A nível financeiro trabalha com o Banco de Constru-ção da China e com Banco de Comércio e Indústria,

o maior banco comercial chinês. Na opinião de alguns analistas, o Alibaba tem hoje possivelmente mais informação que a entida-de reguladora dos bancos chineses. Para um chinês médio, é mais fácil pedir o empréstimo online do que dirigir-se a um banco nacio-nal onde a probabilidade de ter o crédito negado é muito maior.

O grande grupo não tem registado problemas de maus pagadores e continua a facilitar a vida de quem quer pedir empréstimos

para negócios. Mas há limi-tes para a continuidade de dinheiro que o Alibaba pode conceder. Em 26 meses os dados agora divulgados mostram que foram con-cedidos 26 mil milhões de Renminbi. Os regulamentos dizem que os bancos nacio-nais podem ceder até 800 milhões para a concessão de crédito Alibaba. A isto junta-se o capital registado das subsidiárias do grupo que chegam aos 1.6 mil milhões. Tudo somado o valor do crédito dado pode ir até aos 2.4 mil milhões de Renminbis. O valor de 26 mil milhões concedidos em cerca de um ano pode significar que foi superado o que é permitido pela Comis-são Reguladora dos Bancos Chineses. Mas são contas que tem de ser o Alibaba a prestar à Comissão.

Para o consumidor o dinheiro continua a ser dado. Os clientes são prin-cipalmente consumidores finais e pequenas e médias empresas. Pouco a pouco, o que impressiona na ima-gem final é a dimensão de um negócio de crédito que não pára de crescer e está à distância de um clique.

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E fico em casa sem camisa.(Tu que consolas, que não existes e por isso consolas,Ou deusa grega, concebida como estátua que fosse viva,Ou patrícia romana, impossivelmente nobre e nefasta,Ou princesa de trovadores, gentilíssima e colorida,Ou marquesa do século dezoito, decotada e longínqua,Ou cocote célebre do tempo dos nossos pais,Ou não sei quê moderno - não concebo bem o quê -Tudo isso, seja o que for, que sejas, se pode inspirar que inspire!Meu coração é um balde despejado.Como os que invocam espíritos invocam espíritos invocoA mim mesmo e não encontro nada.Chego à janela e vejo a rua com uma nitidez absoluta.Vejo as lojas, vejo os passeios, vejo os carros que passam,Vejo os entes vivos vestidos que se cruzam,Vejo os cães que também existem,E tudo isto me pesa como uma condenação ao degredo,E tudo isto é estrangeiro, como tudo.)Vivi, estudei, amei e até cri,E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu.Olho a cada um os andrajos e as chagas e a mentira,E penso: talvez nunca vivesses nem estudasses nem amasses nem cresses(Porque é possível fazer a realidade de tudo isso sem fazer nada disso);Talvez tenhas existido apenas, como um lagarto a quem cortam o raboE que é rabo para aquém do lagarto remexidamenteFiz de mim o que não soubeE o que podia fazer de mim não o fiz.O dominó que vesti era errado.Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.Quando quis tirar a máscara,Estava pegada à cara.Quando a tirei e me vi ao espelho,Já tinha envelhecido.Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.Deitei fora a máscara e dormi no vestiárioComo um cão tolerado pela gerênciaPor ser inofensivoE vou escrever esta história para provar que sou sublime.Essência musical dos meus versos inúteis,Quem me dera encontrar-me como coisa que eu fizesse,E não ficasse sempre defronte da Tabacaria de defronte,Calcando aos pés a consciência de estar existindo,Como um tapete em que um bêbado tropeça

Ou um capacho que os ciganos roubaram e não valia nada.Mas o Dono da Tabacaria chegou à porta e ficou à porta.Olho-o com o deconforto da cabeça mal voltadaE com o desconforto da alma mal-entendendo.Ele morrerá e eu morrerei.Ele deixará a tabuleta, eu deixarei os versos.A certa altura morrerá a tabuleta também, os versos também.Depois de certa altura morrerá a rua onde esteve a tabuleta,E a língua em que foram escritos os versos.Morrerá depois o planeta girante em que tudo isto se deu.Em outros satélites de outros sistemas qualquer coisa como genteContinuará fazendo coisas como versos e vivendo por baixo de coisas como tabuletas,Sempre uma coisa defronte da outra,Sempre uma coisa tão inútil como a outra,Sempre o impossível tão estúpido como o real,Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície,Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra.Mas um homem entrou na Tabacaria (para comprar tabaco?)E a realidade plausível cai de repente em cima de mim.Semiergo-me enérgico, convencido, humano,E vou tencionar escrever estes versos em que digo o contrário.Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-losE saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos.Sigo o fumo como uma rota própria,E gozo, num momento sensitivo e competente,A libertação de todas as especulaçõesE a consciência de que a metafísica é uma consequência de estar mal disposto.Depois deito-me para trás na cadeiraE continuo fumando.Enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando.(Se eu casasse com a filha da minha lavadeiraTalvez fosse feliz.)Visto isto, levanto-me da cadeira. Vou à janela.O homem saiu da Tabacaria (metendo troco na algibeira das calças?).Ah, conheço-o; é o Esteves sem metafísica.(O Dono da Tabacaria chegou à porta.)Como por um instinto divino o Esteves voltou-se e viu-me.Acenou-me adeus, gritei-lhe Adeus ó Esteves!, e o universoReconstruiu-se-me sem ideal nem esperança, e o Dono da Tabacaria sorriu.

Álvaro de Campos

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