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ARTM Catorze anos a combater a droga URBANISMO Acreditação está nas mãos do Governo SUFRÁGIO UNIVERSAL Protestos em dia de visita presidencial BA DA SHAN REN AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 SEGUNDA-FEIRA 15 DE DEZEMBRO DE 2014 ANO XIV Nº 3234 hojemacau A celebração dos 15 anos da transferência de Macau para a China está à porta. Durante os próximos cinco dias relembram-se os acontecimentos que marcaram o período entre 1999-2014. Em cada dia percorremos três anos da História desta região especial. A vinda de Xi Jinping a Macau está oficialmente confirmada. A Associação Novo Macau espera autorização para se manifestar. O Conselho que deverá emitir as cédulas profissionais para arquitectos e engenheiros é na sua maioria constituído por membros do sector público. Admirável Jogo novo PÁGINA 6 PÁGINA 4 PÁGINA 7 h Ba Da Shan Ren entre os Ming e os Qing PUB RAEM 15 ANOS OS PRIMEIROS PASSOS PÁGINAS 2-3

Hoje Macau 15 DEZ 2014 #3234

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Hoje Macau N.º3234 de 15 de Dezembro de 2014

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Page 1: Hoje Macau 15 DEZ 2014 #3234

ARTMCatorze anosa combatera droga

URBANISMOAcreditação estánas mãos do Governo

SUFRÁGIO UNIVERSALProtestos em diade visita presidencial

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AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

PUB

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 S E G U N DA - F E I R A 1 5 D E D E Z E M B R O D E 2 0 1 4 • A N O X I V • N º 3 2 3 4

hojemacau

A celebração dos 15 anos da transferênciade Macau para a China está à porta. Durante

os próximos cinco dias relembram-seos acontecimentos que marcaram o períodoentre 1999-2014. Em cada dia percorremostrês anos da História desta região especial.

A vinda de Xi Jinping a Macau está oficialmente confirmada. A Associação Novo Macau espera autorização para se manifestar.

O Conselho que deverá emitir as cédulas profissionais para arquitectos e engenheiros é na sua maioria constituído por membros do sector público.

Admirável Jogo novo

PÁGINA 6 PÁGINA 4 PÁGINA 7

hBa Da Shan Renentre os Ming e os Qing

PUB

RAEM 15 ANOS OS PRIMEIROS PASSOS

PÁGINAS 2-3

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CRONOLOGIA

2 hoje macau segunda-feira 15.12.2014RAEM 15 AN S

EM dias de celebrações, é inevitável que o passado nos bata à porta da memória. Por isso mesmo, a fazer 15 anos desde que a transferência de soberania de Macau para a China aconteceu, relembramos o que

mereceu ser destacado nas páginas dos jornais. Do Macau Hoje ao Hoje Macau, de 1999 a 2014, pas-seámos nas notícias para lhe mostrar o que, nestes 15 anos, se manteve igual, o que mudou, o que era

• Cidadãos com passaporte de Taiwan vão “necessariamente deixarde poder entrar em Macau com passaporte da ilha, uma vez que Macau pertenceà China”

• As exportações para Portugal deixam de ser primordiais, depoisde “um movimento de contentores intenso” em 1999. A “exportaçãopara outros mercados” começou de imediato a ser explorada

• Edmund Ho apoia ponte Hong Kong – Macau. “Os responsáveis de Macaue Hong Kong têm falado no assunto e seria benéfico para todos.”

• Raimundo Arrais do Rosário (indigitado este ano como novo Secretáriopara as Obras Públicas e Transportes) é nomeado como representante permanentede Macau na Organização Mundial do Comércio

• Inauguração do Hotel China • China oferece uma ursa para fazer companhia ao urso Bo Bo, do Jardim

da Flora. A ursa viria a morrer mais tarde. Bo Bo ainda vive.• Manuel Geraldes, tenente-coronel do Exército Português, porta-voz

das Forças de Segurança em Macau e delegado da ICEP em Macau, acusadode ter cometido o crime de peculato

• Inaugurado Posto Fronteiriço da Flor de Lótus e Ponte de Flor de Lótus • Palácio da Praia Grande passa a ser sede do Governo • CEM reduz as tarifas da luz em 4,3% • Instituto Cultural anuncia que vai dar prioridade à divulgação

da cultura chinesa• Inquérito do IFT indica que comunicação e aparência dos taxistas

recebe nota negativa de turistas e residentes • Rita Santos deixa a presidência da ATFPM, entregue a José Pereira Coutinho • Disciplina de Português deixa de ser obrigatória na UMAC• AL instala-se perto dos Lagos Nam Van, onde ainda se mantém • TV Cabo chega e oferece 40 canais televisivos • IPM assegura que a aposta no ensino do Português era para continuar• Poluição ambiental de Macau é motivo de preocupação • Governo anuncia liberalização do mercado das comunicações móveis,

monopólio da CTM• Deputados autorizados a interpelar o Governo• Pavilhão onde decorreu a cerimónia de transição é deitado abaixo

por “não ser considerado seguro” • Começa a ser ponderada a liberalização da internet • Barracas da Ilha Verde são deitadas abaixo (mais tarde regressam,

para serem deitadas abaixo em 2011)

• Aprovada criação dos Serviços de Polícia Unitários • Reserva financeira atinge os 10,6 mil milhões. Hoje tem

mais de 240 mil milhões • CEM anuncia instalação da rede de fibra óptica • Inauguração da Torre de Macau • Lançada a primeira pedra da MUST • Lei Chin Ion, actual director dos Serviços de Saúde, nomeado director

do São Januário• Abertura de uma nova rota marítima Hong Kong-Macau • Aprovada alteração do Código Penal que introduz a figura de inimputabilidade • Rita Santos nomeada directora municipal pela Câmara Municipal

de Macau Provisória • CAM vê contrato prorrogado por mais 25 anos • Lançamento do dicionário de patuá “Maquista Chapado” • IACM é criado• Colhereiros de cara preta dados como em risco de extinção• Criados três grupos de trabalho para resolver problemas de saúde

• Anúncio de construção do Grand Lisboa

no Campo de Futebol dos Operários • Fundação Jorge Álvares começa a funcionar apesar de toda a polémica • Governo promete reabilitar São Lázaro • José Chu toma posse como director dos SAFP• Criada Fundação Henry Fok • Governo anuncia que não serão construídos aterros para o metro ligeiro

e que este vai ser de superfície e passar pela ponte Sai Van • Governo anuncia que “Mercado da Taipa” afinal não vai ser destruído, depois

de ter sido anunciada a construção de um Centro Cultural no seu lugar• 1ª. Comissão Permanente da AL pedia revisão de Lei do Orçamento para mais

fiscalização dos deputados • Ano Judiciário abre com críticas à falta de magistrados

e profissionais experientes • Casino Flutuante muda para o Fai Chi Kei, para dar lugar

à Doca dos Pescadores

Ilha da Montanha: sonho desde 2002

AS autoridades de Macau começaram a estudar o desenvolvimento da Ilha da Montanha já em 2002. A ideia era desenvolver “um

pólo turístico” para ser desenvolvido em conjunto. Os responsáveis dos dois lados asseguravam que “iria ser fácil” a concretização desse projecto, ainda que se tivesse de pedir autorização ao Governo Central, de forma a que as regras também não fossem “tão rígidas” do lado de lá da fronteira. Na mesma altura, empresários das indústrias têxteis e de outras ainda comuns em Macau, pediam ao Governo que as fábricas não passassem para Henqgin, de forma a que não se perdesse as indústrias para o continente. A ideia destes empresários era que as fábricas fossem todas colocadas na Ilha Verde, onde barracas foram desmanteladas um ano antes.

JOANA [email protected]

“O primeiro dia do novo milénio prenuncia um futuro prós-

pero para Macau”, dizia Edmund Ho na passagem de ano de 1999 para 2000. Talvez o então Chefe do Executivo da RAEM já adivinhasse que, à porta, estaria a liberalização do Jogo, o levantar da economia e o início de uma caminhada que colocaria muito dinheiro nos cofres do Governo.

O ano de 1999, es-pecialmente o mês de Dezembro, foi motivo de inseguranças e medos por parte de portugueses e macaenses.

Depois, surge a questão da nacionalidade – a escolha entre ser chinês ou portu-guês – e uma golpada na imagem de Portugal devido ao rombo de 50 milhões de patacas dos cofres da Fundação para o Desen-volvimento de Macau, pelo último Governador portu-guês, Vasco Rocha Vieira.

Entretanto, na RAEM, “bandeiras e símbolos chi-neses” começam a ser has-teados nos edifícios gover-namentais. Os funcionários públicos passam a ser iden-tificados com nomes portu-gueses e chineses.

Edith Silva, presidente

TRANSFERÊNCIA DE SOBERANIA OS PRIMEIROS TRÊS ANOS

Nasce a RAEM. As polémicas e a liberalização do Jogo

da Escola Portuguesa de Macau, dizia-se confiante no futuro. Dois anos mais tarde, em 2002, inicia-se a especulação em torno da mudança de instalações.

JUSTIÇA E VIOLÊNCIA Numa altura em que uma refeição completa num res-taurante português rondava as “58 patacas”, dizia-se necessário rever os grandes Códigos legislativos. A reforma legislativa era um do cavalos de batalha de deputados e Governo.

Em Macau ainda decor-riam processos das seitas e violência nas ruas. E conseguia-se ver casos de violência no Estabelecimen-to Prisional de Macau.

Ainda no arrefecimen-to da condenação de Wan Kuok Koi, líder da 14K, as Nações Unidas aceitam uma queixa de Pedro Re-dinha, advogado de ‘Dente Partido’ sobre alegadas ilegalidades no julgamen-to. No mesmo ano em que Cheong Kuok Vá anuncia que a criminalidade violen-ta aumentou em 15%, dá-se o rapto do advogado Neto Valente. Os raptores não chegaram a pedir qualquer resgate.

Quanto à prisão de Co-loane, “estava a lotar” e já em 2001 e 2002, Cheong Kuok Vá pedia uma nova prisão.

A violência doméstica

já era problema e pedia-se o reforço das leis.

O NASCIMENTO DO DRAGÃONum ano em que as páginas dos jornais escreviam que “Lauryn Hill dominou os grammy americanos” e em que a Torre de Macau ainda estava a meio de ser “a oitava maior do mundo”, Stanley Ho, que detinha o monopólio dos casinos do território, começa a ser confrontado com a possibilidade da li-beralização do Jogo.

“Recuperação da eco-nomia é prioridade”, as-segurava o Governo em 2000. Em 2001, mais de cem empresas manifestaram interesse em apostar em Macau. No mesmo ano, três foram escolhidas: Sociedade de Jogos de Macau (SJM), Galaxy e Wynn.

Na altura, Stanley Ho era confrontado com protestos dos seus trabalhadores, que temiam ser despedidos ou ver os seus salários a não ser pagos. Ao mesmo tempo que Ho assegura que “se recebes-se a sua licença” ninguém ia ser despedido, David Chow, que viu em 2000, ser dada luz verde à construção da Doca dos Pescadores, alertava: as operadoras que ganharem as licenças “vão precisar de tempo para compreender a cultura local”. E mais: o empresário pedia que fos-sem cobrados impostos a

dobrar aos “promotores de Jogo” estrangeiros, algo em que o Governo não cedeu.

Falava-se ainda na trans-missão do Casino Lisboa para as mãos do Governo, uma hipótese que ficou fora de questão, no mesmo ano em que Winnie Ho e Stanley Ho estiveram em tribunal devido a confrontos sobre a STDM.

Ho, que dizia em 2002 que cabiam apenas mais quatro casinos em Macau, apresentara um projecto que mostrava um casino da SJM com montanha russa, marina e parque temático.

TODOS A BORDO Em Janeiro de 2000, um dos primeiros “prenúncios” da Administração era o au-mento de turistas chineses em Macau. Sob o título “Turistas da China serão cada vez mais” adivinha-se um “aumento de 100%” na entrada de visitantes do continente: três milhões poderiam visitar a RAEM só em 2000.

Até então, os números cingiam-se a 1,3 milhões de chineses que entraram em Macau no derradeiro ano sob administração lusa. As contas diziam que, no total, foram 7,6 milhões os turistas que cá chegaram.

Os números vão aumen-tado de ano para ano. De turistas “que ficavam planta-

1999-2002

2000

2001

2002

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O QUE ELES DIZIAM...

SABIA QUE...

hoje macau segunda-feira 15.12.2014

• Há um asteróide chamado “Estrela Macau”, que foi descoberto por astrónomos chineses em 1997? Em 2000, Edmund Ho recebeu um certificado que atesta isso mesmo da parte de Lu YongXiang, presidente da Academia de Ciências da China. O “Estrela Macau” situa-se entre Marte e Júpiter

• O orçamento da RAEM para o ano 2000 não subiu acimados 12 milhões de patacas? Actualmente, o orçamento rondaos mais de 150 milhões de patacas.

• As obras públicas e privadas foram a arma escolhidapelo Governo para solucionar o problema da falta de empregoem Macau, em 2002?

para ser e não foi. Ou o que ainda está por aconte-cer e o que, simplesmente, ficará no passado. Nos próximos cinco dias, o HM faz a selecção do que mais marcou a actualidade da RAEM nos últimos

15 anos, sendo que, a cada dia, serão abordados três anos. E, porque se começa pelo princípio, fique hoje com os anos de 2000 a 2002, bem como com um leve cheirinho de 1999.

54%foi a queda no número de espectadores

do Centro Cultural de Macau em 2001,

numa altura em que a exploração

estava entregue à Bel Canto

244milhões de patacas

foi quanto custaram

as comemorações

da transferência

“Podemos não ser indispensáveis, mas temos de demonstrarque somos úteis”Leonel Alves, advogado e deputado, sobre os macaenses em 2000

“A ditadura foi um regime apertado para o anterior Governo (...)e os Secretários-adjuntos daquela altura executaram apenasas políticas escolhidas pelos anteriores governadores”Stanley Au, na AL, onde era deputado, critica a administração portuguesa

“Macau irá consolidar a sua economia liberal, através de uma maior defesa da propriedade intelectual e da liberalização do mercadodas concessões exclusivas”Francis Tam, Secretário para a Economia e Finanças, 2001

“Tenho fortes dúvidas sobre a possibilidade de pôr toda a gente[da comunidade portuguesa] em volta de um projecto desses. Comoé que essa entidade assumiria publicamente a representatividade dos portugueses de Macau?”Jorge Rangel, sobre a possibilidade de se criar um porta-vozque representasse a comunidade em Macau

“Foram resolvidos problemas de carências da cidade, alargadoo leque de actividades culturais, para além de ter melhoradoa imagem de Macau no estrangeiro”José Luís Sales Marques a fazer um balanço do trabalho da Câmara Municipal de Macau Provisória

“Não queremos o aumento de tarifas [de 10 patacas], porquea economia de Macau não está a atravessar a melhor fase”Tony Kuok, presidente da Associação do Mútuo Auxílio dos Condutoresde Táxi, em 2002

“A Torre de Macau não vai ter casino”Pansy Ho, proprietária, em 2002. Actualmente, a Torre contacom um casino Mocha

“É bom que [as tríades] mantenham ‘low profile’. As coisas não se resolvem à força, nem cacetada. (...) A polícia não vai tolerar casos semelhantes aos do passado”Cheong Kuok Vá, Secretário para a Segurança, em 2001

“A RAEM não se pode dar ao luxo de perder a língua portuguesa”Lei Heong Iok, presidente do IPM, em 2002

“Sinto um profundo desgosto”Charters de Almeida, autor das Portas do Entendimentosobre a degradação do monumento, em 2002

dos nos autocarros enquanto outros iam às compras”, passamos a ter turistas que só compram.

MARCHAR, MARCHAR É certo que Macau viu a sua maior manif desde 1999 ainda recentemente, mas em 2000, além de activistas que ainda hoje estão activos, houve mais gente a sair às ruas da já RAEM.

“Mais de 500 trabalha-dores da construção civil manifestaram-se contra o desemprego junto às insta-lações do Governo, o que culminou em confrontos com a polícia”, anunciava uma manchete do Macau Hoje do ano 2000.

Num período em que a taxa de desemprego atingia os 6,7% e a população era de 438 mil pessoas, o Governo anunciava ser intolerante face a manifestações ilegais. Mas estas continuavam, or-ganizadas pela União Geral dos Operários.

E, se ao longo dos anos, há coisas que não mudam, nada que sirva de melhor exemplo do que o facto de que estes trabalhadores também saíam à rua para

pedir o fim da importação de mão-de-obra estrangeira. “Principalmente filipina”.

Entre boas notícias da altura - como o facto de André Couto “ter regressado aos grandes dias” nos anos 2000 – havia os problemas ainda hoje comuns: as ruas de Macau já ficavam inun-dadas sempre que chovia.

Mas nem a chuva demo-veu as manifestações, que se repetiram, até que o Governo decidiu “rever a lei de im-portação de mão-de-obra” e dispersar os manifestantes com gás lacrimogénio “pela primeira vez desde 1966”.

PRIORIDADESEm 2000, Edmund Ho concretizava um dos pon-tos ditados pela sabedoria popular: um homem tem de “plantar uma árvore, escrever um livro e ter um filho”. Na Taipa, ilha onde o rural ainda era superior ao cimento, o então Chefe do Executivo plantou “o marco de uma nova era”. Não sa-bemos se a árvore ainda lá está, mas sabemos que Chui Sai On anunciava que todas as especificidades de Macau iriam ser “bem preservadas,

para que fosse uma verda-deira cidade de cultura”. Ao mesmo tempo, o na altura Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura tinha de lidar com uma Saúde em muito mau estado no qual, personalidades defendiam, “não havia confiança”.

No ano em que o Gover-no liberaliza o mercado das telecomunicações móveis, é anunciado o regresso de Al-berto Lisboa, actual treinador da selecção de hóquei, para “salvar” a equipa do território.

COTAI, A MUDANÇA CONSTANTE Ao Man Long era Secretário para os Transportes e Obras Públicas quando, em 2000, lançou a primeira pedra daquela que seria a Avenida Nossa Senhora da Esperança, a “base” dos aterros entre a Taipa e Coloane. Aqueles que iriam criar a, na altura chamada, “Cidade do Cotai”.

Se agora, as luzes dos ca-sinos impedem que o Cotai durma, não eram esses os planos iniciais do Governo para aquela zona.

“O coordenador do Ga-binete para o Apoio ao De-senvolvimento dos Aterros

Taipa-Coloane da Cidade de Cotai revelou que os 700 hectares da Cidade deverão estar suficientemente de-senvolvidos para albergar uma população de 150 mil pessoas dentro dos próximos 15 anos”, podia ler-se numa notícia do Macau Hoje do final do ano 2000.

Era o “Cotai do Futuro”. Em 2002, é lançada a primei-ra pedra de um projecto que nunca chegou a acontecer: o “Satellite TV City”, uma cidade áudio-visual que iria ter um mega-projecto de produção televisiva. A empresa, eSun Holdings, assegurava cerca de dois mil postos de trabalho. Falava em importar areia de Zhon-gshan devido à qualidade do terreno de Macau. Prometia a capacidade de gravar cinco mil horas de programação por ano e que ficaria pronta em 2004. O terreno era de uma empresa que tinha o conhecido empresário Ng Fok na direcção.

Resta saber que mudan-ças terá o Cotai em 2003. E o resto. É que, se em 2002, “a RAEM passou o baptismo de fogo”, como dizia Edmund Ho, ainda há mais para vir.

3 raem 15 anos

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4 POLÍTICA hoje macau segunda-feira 15.12.2014

É já na próxima sexta-feira, 19, que Xi Jinping, presi-dente chinês, chega a Ma-cau para uma visita oficial

que marca os 15 anos de transfe-rência de soberania do território para a China. Depois dos rumores, a confirmação oficial chegou este fim-de-semana.

Segundo uma nota emitida pelo gabinete do porta-voz do Governo de Macau, citada pela agência Lusa, “o Secretário-geral do Partido Comunista da China, Presidente da República Popular da China e Pre-sidente da Comissão Militar Central da República Popular da China, Xi Jinping, estará, nos dias 19 e 20 de Dezembro, em Macau, para partici-

Lei Kin Ion também quer protestar no dia 20O activista Lei Kin Ion também deseja organizar um protesto por ocasião da visita de Xi Jinping a Macau, em nome da associação de cariz político “Partido dos Trabalhadores”. O activista referiu este facto na sua página pessoal no Facebook, tendo depois confirmado ao HM que já foi enviado o pedido à Polícia de Segurança Pública, que ainda não terá respondido. Lei Kin Ion também vai protestar a favor do sufrágio universal para as eleições do Chefe do Executivo e Assembleia Legislativa, exigindo ainda um calendário para a habitação pública e o aumento do número de casas.

APN Mais esclarecimentos sobre “Um país, dois Sistemas”

“Vamos apenas pedir o sufrágio universalem Macau, mas não temos nada a ver como movimento Occupy Central e como que tem acontecido em Hong Kong”BILL CHOU Vice-presidente da ANM

Está confirmadaa visita oficialdo presidentechinês à RAEM.À semelhançados outros anos,a Associação Novo Macau quer liderar um protestoa favor do sufrágio universal, masas autoridades ainda não confirmaramo pedido de manifestação

ASSOCIAÇÕES QUEREM MANIFESTAR-SE DURANTE VISITA DE XI JINPING

Transferência com vozes de protesto

ANDREIA SOFIA [email protected]

CECÍLIA L [email protected]

par nas actividades comemorativas do 15º aniversário do retorno da Região Administrativa Especial de Macau à pátria, assim como na tomada de posse do 4º Governo”.

Xi Jinping deverá participar num Sarau Cultural e num jantar de boas--vindas. Depois de assistir à tomada de posse dos novos membros do Go-verno e do Conselho Executivo, Xi Jinping regressa no dia 20 a Pequim.

À ESPERA DE RESPOSTAFora da agenda oficial, a visita do presidente chinês poderá ficar

marcada por protestos organiza-dos por associações locais, no-meadamente a Associação Novo Macau (ANM) e o grupo Macau Consciência. Contudo, o pedido oficial ainda não foi aceite por parte da Polícia de Segurança Pública (PSP), apesar de ter sido feito há quase um mês.

“Perguntaram-nos se íamos entregar uma carta ao Gover-no, respondi que não. Depois disseram-nos que teriam de avaliar a agenda oficial da visita do presidente chinês, e até então

O vice-presidente do Comité Permanente da Assembleia

Popular Nacional, Zhang Ron-gshun, disse ontem ser neces-sário “esclarecer” os residentes de Macau e Hong Kong sobre o princípio de “Um país, Dois Sis-temas”. É que segundo notícia do jornal South China Morning Post, o representante considera que há, nas duas regiões es-peciais administrativas, quem ainda não se tenha apercebido que vive numa mesma nação, ainda que sob sistema e poderes diferentes.

“Depois da transição, as pessoas de Macau e de Hong, bem como as do continente, vivem [agora] sob a mesma ban-deira nacional. Há, no entanto, algumas pessoas em Macau e em Hong Kong que ainda não sabem qual é o sentimento de estar numa só nação”, disse Zhang ontem, na conferência anual da Associação de Estudos de Hong Kong e Macau, em Shenzhen.

“A sociedade de Hong Kong faz uma interpretação totalmente diferente da do continente. Isso requer que prestemos atenção e expliquemos melhor”, continuou Zhang, dois dias antes da desmo-bilização final dos manifestantes do movimento Occupy Central. Quando questionados sobre a eventualidade do sistema de su-frágio directo nas eleições para o Chefe do Executivo de Hong Kong em 2017, tanto o Governo

Central como o da região vizinha responderam que tudo teria que estar de acordo com a Lei Básica e o quadro da reforma eleitoral de Pequim. “Nem todos os cida-dãos e estudantes tiveram aulas detalhadas sobre a Lei Básica ou a ideologias por detrás da sua redacção”, explicou a deputada de Hong Kong, Starry Lee Wai-king. É, para a representante, necessário focar a educação deste assunto nas escolas.

não houve mais respostas”, disse ao HM Sou Ka Hou, presidente da ANM.

À semelhança do que aconteceu em 2009, aquando da visita de Hu Jintao, a manifestação irá servir para apelar à implementação do sufrágio universal para a eleição do Chefe do Executivo e por uma reforma política.

Bill Chou, vice-presidente da ANM, disse estar confiante de que o pedido de protesto será aceite. “Acreditamos que a polícia vai aceitar o pedido para a manifes-tação. Fazemos uma manifesta-

ção por altura do aniversário da transferência de soberania todos os anos”, referiu ao HM.

Questionado se este protesto poderá ter uma maior força, depois dos acontecimentos protagoni-zados pelo movimento Occupy Central, em Hong Kong, Bill Chou negou qualquer tipo de influência.

“Vamos apenas pedir o sufrágio universal em Macau, mas não te-mos nada a ver com o movimento Occupy Central e com o que tem acontecido em Hong Kong. Temos organizado também protestos no passado que não têm nada a ver com esses movimentos”, explicou.

NEGAS NA FRONTEIRA?Em declarações ao HM, Sou Ka Hou falou de alguns residentes de Hong Kong cuja entrada em Macau foi negada. Trata-se de duas pes-soas que participaram nos protestos liderados pelo Occupy Central, cuja entrada no território foi autori-zada em Outubro. Seguem-se dois jornalistas do jornal Apple Daily, incluindo um fotógrafo, bem como dois estudantes universitários que não pertencem a qualquer associa-ção ou organização.

“Pelas informações que recebi, já houve dez pessoas cuja entrada foi proibida em Macau, mas todas estas pessoas já tinham consegui-do entrar em Macau”, explicou o presidente da ANM.

Citado pela imprensa chinesa, Wong Sio Chak, ainda director da Polícia Judiciária (PJ) e futuro Secretário para a Segurança, ne-gou existir uma “lista negra” de pessoas cuja entrada na RAEM é proibida, tendo apenas frisado que as autoridades policiais vão seguir as informações com vista à manutenção da segurança pública. O ainda director da PJ referiu não poder dar mais informações ao público se há de facto o risco de perturbação da ordem pública por parte destas pessoas.

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5 políticahoje macau segunda-feira 15.12.2014

Florinda Chan quer dedicar-se ao voluntariadoA ainda Secretária para a Administração e Justiça, Florinda Chan, falou à imprensa chinesa durante a Marcha de Caridade para Um Milhão, frisando que ainda não tem planos concretos para quando deixar o Governo. Contudo, Florinda Chan referiu que gostaria de se dedicar ao voluntariado religioso. Em relação ao trabalho feito nos últimos 15 anos, Florinda Chan disse que fez o que estava ao seu alcance, mas que existe sempre espaço para melhoria. “Considero que não fiz quaisquer abusos da posição para a qual fui nomeada pelo Governo Central e Chefe do Executivo. Espero que a nova Secretária se possa esforçar”, disse Florinda Chan, esperando que Sónia Chan Hoi Fan possa acompanhar o processo de consulta pública sobre o Regime de Garantias dos titulares dos principais cargos.

Lionel Leong prevê receitas de Jogo de 20 mil milhões O Secretário indigitado para a pasta da Economia e Finanças, Lionel Leong Vai Tac, disse ontem à margem da Marcha de Caridade por Um Milhão que as receitas do Jogo no próximo trimestre de 2015 não deverão ultrapassar as 20 mil milhões de patacas. Segundo o canal chinês da Rádio Macau, Lionel Leong Vai Tac falou de um “ajustamento” no quarto trimestre, lembrando que o pico das receitas foi de 38 mil milhões no primeiro trimestre do ano passado. Em relação à agenda enquanto Secretário, Lionel Leong Vai Tac prometeu dar atenção ao ajustamento das receitas do Jogo, lembrando que “a economia de Macau deve demonstrar mais confiança, especialmente quando, em termos gerais, as coisas não corram tão bem”. Lionel Leong prometeu ainda não levar a cabo grandes mudanças em termos de funcionários no seu gabinete, esperando uma boa transição em relação aos mandatos de Francis Tam.

Medicina Wong KitCheng pede basede médicos especialistasWong Kit Cheng vai enviar uma carta aberta ao Governo a pedir a promoção do desenvolvimento dos serviços de saúde locais. No documento, pede ainda a criação de uma base de dados de médicos de diferentes especialidades. A deputada referiu que a Universidade de Macau (UM) está a criar um centro de formação de médicos, onde espera que seja possível proceder à formação de especialistas. Tudo isto, escreve na carta, porque acredita que tal medida pode ajudar a aumentar o nível de tecnologia e qualidade de Medicina, bem como a reservar talentos nesta área para o complexo dos serviços de saúde do Cotai. Wong Kit Cheng disse que, actualmente, o tempo de espera para uma consulta de especialidade é longo e faltam recursos humanos com qualidade profissional. A deputada acrescentou ainda que a criação de uma base de formação de profissionais médicos pode ajudar a promover o reconhecimento dos médicos especialistas no território.

Li Gang apela à diversificação económica

O Chefe do Execu-tivo, Chui Sai On, garantiu ontem aos jornalistas que nos

próximos cinco anos “o Governo vai controlar o número total de funcionários públicos”, sendo que “não espera que o orçamen-to com esta matéria registe um grande crescimento”. À mar-gem da 31ª edição da Marcha de Caridade por Um Milhão, o Chefe do Executivo frisou ainda que “o pessoal das Forças de Segurança e da área da saúde são importantes para os serviços públicos, por isso o recrutamento deve ser ponderado de acordo com a realidade”. Chui Sai On promete apresentar dados mais concretos aquando da divulgação do relatório das Linhas de Acção Governativa (LAG) para 2015, algo que acontece em Março. Recorde-se que o orçamento para 2015 prevê a contratação de mais 2.200 funcionários públicos, o que representa um aumento de orçamento na ordem das três mil milhões de patacas.

ATERROS DENTRO DO PREVISTOEm relação à zona A dos novos aterros, está a ser planeada con-forme o calendário inicial, sendo

16milhões de patacas angariadas

durante o a Marcha da

Caridade por Um Milhão

LI Gang, director do Gabinete de Ligação do Governo Central na

RAEM, também participou na Mar-cha para a Caridade por Um Milhão, ocorrida ontem. Aos jornalistas, Li Gang voltou a falar da necessidade da diversificação económica em Macau, defendendo que a existência de uma única indústria “pode fazer com que Macau tenha prosperidade, mas que também possa sofrer consequências negativas”. Lembrando o surto de pneumonia atípica, que abalou China, Macau e Hong Kong nos anos de 2002 e 2003, Li Gang referiu que com esses acontecimentos “a economia pode deixar de registar um crescimento e se o principal sector de actividade

sofrer prejuízos, os cidadãos também vão ser vítimas”. Por isso, Li Gang pede que haja “um desenvolvimento saudável do sector do Jogo”, mas com a promoção de uma economia diversificada, com a aposta nas áreas financeiras, na plataforma de serviços e comércio com países de língua portuguesa, medicina ou indústrias culturais e criativas.

O director do Gabinete de Ligação disse ainda que Macau tem limitações em termos de área geográfica, e que se tiver mais ligações a terrenos do continente, tal como já acontece com a Ilha de Hengqin, Nansha e Jiangmen, isso poderá trazer mais garantias ao território. - C.L.

As declarações de Chui Sai On surgem à margem da Marcha da Caridadepor Um Milhão que reuniu cerca de 40 mil pessoas

CHUI SAI ON VAI CONTROLAR NÚMERO DE FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS

Recrutamento e realismo

que o complexo habitacional de Seac Pai Van poderá servir como exemplo para as futuras casas pú-blicas a serem construídas nessa zona, disse Chui Sai On, citado por um comunicado oficial. “A zona A dos novos aterros é muito importante para o desenvolvi-mento sustentável de Macau” e que por isso o Governo “tem auscultado todas as opiniões no

processo de consulta pública, aproveitando as experiências aquando do planeamento da ha-bitação pública de Seac Pai Van, a fim de melhorar e aperfeiçoar a construção da zona A dos novos aterros”, referiu. O Chefe do Executivo referiu ainda que “os trabalhos do planeamento e con-sulta da zona A dos novos aterros seguem de forma programada e

de acordo com a calendarização de trabalho do governo”.

Chui Sai On participou em mais uma edição da Marcha da Caridade por Um Milhão organizada pela Associação de Beneficência dos Leitores do Jornal Ou Mun, na qual terão participado 40 mil pessoas, tendo sido angariadas mais de 16 mi-lhões de patacas. - A.S.S.

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6 política hoje macau segunda-feira 15.12.2014

URBANISMO ACREDITAÇÃO DEPENDENTE DO GOVERNO PREOCUPA DEPUTADOS

Auto-regulação vai ter de esperar

ANÚNCIO

ANDREIA SOFIA [email protected]

E STÁ concluída a análise na especia-lidade do novo sis-tema de acreditação

profissional para enge-nheiros e arquitectos. Os deputados da 1.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL) assinaram na sexta-feira o parecer

Uma das novidades introduzidas com o novo Regime de qualificações nos domínios da construção urbana e urbanismo prende-se com a obrigatoriedade dos fiscais das obras no sector privado serem obrigados a assinar um termo de responsabilidade. Tal regra já existe nas obras públicas. “O Governo referiu ainda que pretende com esta proposta de lei introduzir uma nova exigência aos técnicos responsáveis pela fiscalização: a obrigatoriedade de subscrição de um termo de responsabilidade, aquando da apresentação do pedido de licença para a realização de obras privadas”, refere o parecer. Nas reuniões entre deputados e Executivo, ficou

claro que essa nova regra, caso a proposta de lei seja aprovada, pretende evitar novos casos de prédios em riscos de queda, tendo sido apresentado o exemplo do edifício Sin Fong Garden. “Na última reunião que a comissão realizou com o Governo, discutiu-se a questão da optimização do regime de fiscalização das obras de construção civil, a fim de evitar o reaparecimento de problemas de segurança de edifícios verificados no passado, nomeadamente o caso do edifício Sin Fong Garden, que causaram impactos negativos incalculáveis para a sociedade”, conclui-se. - A.S.S.

Os deputados concluíram a análise do Regime de qualificações nos domínios de construção urbana e urbanismo. Arquitectos e engenheiros devem ver a sua cédula profissional emitida por um Conselho que tem mais membros do sector público do que do privado

jurídico referente ao novo Regime de qualificações nos domínios da construção urbana e urbanismo. Con-tudo, permanecem dúvidas quanto à independência do Conselho de Arquitectura, Engenharia e Urbanismo (CEAU), o qual será respon-sável pelo processo de acre-ditação dos profissionais. Ou seja, a comissão, liderada pela deputada Kwan Tsui

Hang, receia que o sector não seja auto-regulado, por ser “um órgão cujas deci-sões dependem, em última instância, da vontade do Governo, uma vez que os seus representantes estão ne-cessariamente em maioria”.

“A opção política da constituição de um ór-gão administrativo, em detrimento de um modelo de auto-regulação pela própria classe profissional, suscitou dúvidas aos deputados. Em particular, o facto de a pro-porção dos representantes da Administração Pública ser maior constituiu motivo de preocupação quanto à independência do CAEU na tomada de decisões”, pode ler-se no parecer.

O Governo garantiu que a total independência, a acontecer, não será nesta fase. “O proponente infor-mou que não é sua intenção que o Conselho, nesta fase, seja um órgão independente e totalmente desvinculado da liderança do Governo. Quanto à possibilidade do conselho funcionar, no futuro, de forma indepen-

dente, é um assunto que está dependente da evolução do sector e da análise do fun-cionamento do órgão ora criado”, descreve o parecer.

As novas regras para se exercer engenharia, ar-quitectura ou trabalhos de fiscalização de obras em Macau determinam que os profissionais, que devem ser residentes da RAEM, tenham de ter licenciatura, mestrado ou doutoramento na área e realizar um estágio de dois anos, a tempo inteiro,

ou de cinco anos a tempo parcial. O profissional terá depois de realizar exames de admissão e ter a cédula emitida pelo CAEU.

MISTÉRIO NA ESCOLHA DOS MEMBROSOutra das questões levanta-das pelos deputados prende--se com os critérios para a escolha dos membros do CAEU, permanecendo dú-vidas sobre as qualificações para avaliar profissionais.

“Os deputados manifes-taram igual preocupação com o facto de a proposta de lei ser omissa quanto aos cri-térios a observar na escolha dos membros do CAEU ao nível da sua representativi-dade e qualificações, assim como quanto ao número de membros a compor o con-selho”, refere o documento.

Da parte do Governo, ficou a promessa de se “efec-

tuar uma selecção cautelosa dos candidatos a integrar o Conselho”. Foi ainda dito que “as habilitações académicas, a experiência profissional e as capacida-des técnicas serão factores prioritários a considerar, por forma a evitar que aquele órgão integre membros cuja qualificação profissional seja inferior à dos reque-rentes e não consiga dar cobertura a todas as áreas de especialização”.

REGIME REVISTO DAQUI A DOIS ANOSA proposta de lei prevê ainda que o regime de acreditação seja revisto dois anos após a sua entrada em vigor, algo considerado importante pelos deputados. “A comissão considera relevante que seja avaliado o impacto que o regime ora aprovado terá na sociedade local e a sua eficácia em alcançar os objectivos pretendidos. Esta actividade de monitorização deve ser permanente”, pode ler-se no parecer.

FISCAIS DE OBRAS PRIVADAS COM TERMO DE RESPONSABIL IDADE

“Quanto à possibilidade do conselho funcionar, no futuro, de forma independente, é um assunto que está dependente da evoluçãodo sector”PARECER DA 1.ª COMISSÃO PERMANENTE DA AL

Caberá ao CAEU grande parte das decisões referentes ao processo de acreditação, sendo que o director dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) terá a última palavra sobre os processos. Contudo, grande parte das competências do Conselho serão reguladas mais tarde através de regulamentos administrativos, o que levou os deputados a questionar se isso “pode afectar a com-preensão e integralidade” da proposta de lei aquando da entrada em vigor. Mas o Governo disse que, no máximo, serão criados três regulamentos administrati-vos. A proposta de lei terá a sua votação final no plenário agendado para o dia 17.

HM - 1.ª vez - 15.12.14Proc. Execução Ordinária nº. CV3-13-0011CEO 3º Juízo Cível

EXEQUENTE: MELCO CROWN JOGOS (MACAU) S.A., sociedade comercial com sede em Macau, na Avenida Dr. Mário Soares, n.º 25, Edifício Montepio, 1º andar, Com. 13.------------------------------------------------------------EXECUTADOS: MACAU ZHE JIANG PROMOÇÃO DE JOGOS – SOCIEDADE UNIPESSOAL LIMITADA, sociedade comercial com sede em Macau, na Avenida Dr. Rodrigo Rodrigues, n.º 600-E, Edf. Centro Comercial First Nacional, 12º andar, Apt. 05; e JIANG DAGONG, ora ausente em parte incerta, com última residência conhecida no Hotel Trader, 101, Middle Jinshan Road, Cidade de Linhai, República Popular da China.--------------------------

*** FAZ-SE SABER que, pelo Tribunal, Juízo e processo acima referidos, correm ÉDITOS DE TRINTA (30) DIAS, a contar da data da segunda e última publicação dos respectivos anúncios, citando, o executado JIANG DAGONG, para no prazo de VINTE (20) DIAS, decorridos que sejam os dos éditos, pagar ao exequente a quantia de MOP$35.041.497,14 (trinta e cinco milhões, quarenta e uma mil, quatrocentas e noventa e sete patacas e catorze avos), acrescida de juros e custas, ou no mesmo prazo, deduzir oposição por embargos ou nomear bens à penhora, sob pena de não o fazer ser devolvido à exequente o direito de nomeação, seguindo o processo os ulteriores termos até final à sua revelia, com a advertência de que é obrigatória a constituição de advogado, caso sejam opostos embargos ou tenha lugar a qualquer outro procedimento que siga os termos do processo declarativo.--- Caso o citando pretenda beneficiar do regime geral de apoio judiciário, deverá dirigir-se ao balcão de atendimento da Comissão de Apoio Judiciário, sito na Rua do Campo, n.º 162, Edifício Administração Pública, 1.º andar, Macau, para apresentar seu pedido, sendo que poderá pedir esclarecimentos através do telefone n.º 2853 3540 ou correio electrónico [email protected] Para o efeito, terá de comunicar ao processo a apresentação do pedido àquela Comissão, para beneficiar da interrupção do prazo processual que estiver em curso, nos termos do n.º 1, do art.º 20.º, da Lei 13/2012, de 10 de Setembro. Tudo conforme melhor consta do duplicado da petição inicial que neste 3º Juízo Cível se encontra à sua disposição e que poderá ser levantado nesta Secretaria Judicial nas horas normais de expediente.---------------------------------------------

Macau, 30 de Outubro de 2014

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hoje macau segunda-feira 15.12.2014 7SOCIEDADEANDREIA SOFIA [email protected]

H Á 14 anos atrás, nascia em Macau a Associação de Reabilitação dos

Toxicodependentes de Ma-cau (ARTM), destinada a ajudar aqueles que estavam dependentes do consumo de droga, mas o arranque não foi fácil.

“Passámos por várias dificuldades no início de aceitação até da parte do Governo, e acabámos por nos afirmar como uma ins-tituição sólida e de apoio com bastante sucesso entre os toxicodependentes. Isso fez com que a ARTM se tenha tornado numa voz e numa opinião, ao sermos convidados para diversas comissões do Governo na área da droga e da preven-ção ao HIV”, disse Augus-to Nogueira, presidente da entidade, ao HM.

“Muitas pessoas passa-ram por nós, muitas estão bem, muitas infelizmente não estão, mas ficamos orgulhosos por todas as pessoas que passaram por nós e que singraram na vida. Vamos continuar a ajudar todos aqueles que nos procuram”, disse ainda.

14 anos depois, a ARTM tem hoje dois centros de tratamento, para homens e mulheres. Faz a distribui-ção de seringas, prevenção

LEONOR SÁ [email protected]

O território vai acolher, entre os dias 14 e 16 deste mês, uma delegação de

80 pessoas de 10 países em vias de desenvolvimento para a rea-lização de um seminário sobre como criar um “ambiente sem barreiras arquitectónicas”.

De acordo com comunicado do Instituto de Acção Social (IAS), Macau deverá servir de exemplo no que diz respeito à estruturação de uma cidade própria para a deslocação de ci-dadãos portadores de deficiência. Presentes estarão também repre-sentantes das Nações Unidas, do interior da China, de Hong Kong e do território. Será ainda reali-zada uma visita de estudo “por forma a conhecer a experiência de Macau na criação” de uma

WiFi GO Mais 20 novos pontos de acessoO sistema de banda larga sem fios WiFi GO, tem, a partir de hoje, 20 novos pontos de acesso. Isso mesmo confirmou a Direcção dos Serviços de Regulação de Telecomunicações (DSRT) ontem, em comunicado. Até Outubro passado foram efectuadas 15 milhões de entradas na internet através deste serviço e a DSRT assegura que estarão então em funcionamento um total de 164 pontos de acesso. No mesmo documento, prometem ainda ter elevado a eficácia e rapidez da linha de internet, devido ao aumento do número de utilizadores.

ARTM 14 ANOS AUGUSTO NOGUEIRA FALA DE MUDANÇAS NO CONSUMO

O jogo do rato e do gato

“Muitas pessoas passaram por nós, muitas estão bem, muitas infelizmente não estão, mas ficamos orgulhosos por todas as pessoas que passaram por nós e que singraram na vida”AUGUSTO NOGUEIRA Presidente da ARTM

DEFICIENTES MACAU “SEM BARREIRAS ARQUITECTÓNICAS”

Em busca de um novo ambiente

A Associação de Reabilitação dos Toxicodependentes de Macau celebra 14 anos de vida com a certeza de que é uma “instituição sólida”. Augusto Nogueira fala do decréscimo no consumo de heroína e da adaptação aos novos estupefacientes

Macau. Isso fez com que tenha havido uma redução substancial no consumo de heroína”, explicou.

“Notámos uma redu-ção enorme no consumo de heroína, o ano passado tínhamos distribuído cerca de 45 mil seringas, este ano só distribuímos oito mil. Isso também mostra o bom trabalho que tem sido feito pelo Governo no combate”, disse Augusto Nogueira.

Questionado sobre a possibilidade dos novos horários das fronteiras vi-rem a provocar um aumento do tráfico e do consumo, Augusto Nogueira descar-ta a ideia. “Não acredito que isso possa ter uma influência muito grande no consumo e no tráfico. É natural que possa haver algum aumento, mas de certeza que a polícia está atenta. Esperamos que instalem as máquinas de raio-x”, frisou.

Para os próximos anos, a ARTM assume pretender ajudar todos aqueles que baterem à sua porta, adap-tando-se aos novos tempos e a novos desafios. “Temos de mudar o nosso plano terapêutico para que possa-mos responder a estas no-vas drogas, antes tínhamos um plano de tratamento de um ano, mas agora vamos ter de o tornar mais curto e incisivo, porque é tudo diferente”, exemplificou Augusto Nogueira.

nas escolas, faz parte da Comissão de Luta contra a Droga e do HIV.

Augusto Nogueira diz que o trabalho de combate e prevenção à droga está a ser feito tanto pelas associa-ções como pelo Governo, mas que é sempre neces-

sário o apoio de escolas e das famílias.

“O combate à droga é um jogo do gato e do rato. A polícia e o Governo tentam minimizar a todo o custo a entrada das substâncias em Macau e os traficantes fazem o contrário. Mas nada é perfeito, há sempre trabalho para fazer e tudo vai mudando, porque hoje os consumos são diferentes e as abordagens também. Há que trabalhar e alertar as pessoas”, acrescentou o presidente da ARTM.

GUERRA À HEROÍNAAugusto Nogueira fala das bem sucedidas medidas de combate adoptadas pelas autoridades policiais, o que fez diminuir o consu-mo de heroína. “As novas medidas, como a colocação das máquinas de raio-x no aeroporto, têm sido bas-tante eficazes para evitar a entrada da heroína em

cidade deste género. A iniciativa foi organizada pela Comissão Económica e Social das Nações Unidas para a Ásia e Pacífico e pela Federação de Deficientes da China. Tudo isto, assegura o IAS, está a ser feito para ir ao encontro de um dos objectivos da Estratégia de Incheon, o terceiro plano decenal de acção sobre as pessoas com deficiência, que deverá ser cumprido até 2022. A Estratégia de Incheon dita que seja implementado, a partir deste ano, um projecto de promoção da Acessibilidade das Pessoas com Deficiência.

A visita ao território está integrada no percurso que leva a delegação a Guangzhou e Hong Kong, entre 10 e 19 deste mês, para seminários sobre o mesmo tema. O seminário na RAEM vai acontece no Sheraton Macao Hotel, pelo que em seguida a

delegação deverá visitar o sistema de circulação pedonal da Estrada da Baía de Nossa Senhora da Es-perança, da habitação pública do Fai Chi Kei, entre outros locais.

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hoje macau segunda-feira 15.12.20148 sociedade

Os habitantes do bairro da Areia Preta esperam há dez anos que o Governo cumpra a promessa de reconstrução das habitações

CECÍLIA L [email protected]

O S moradores do bairro Iao Hon que-rem que os edifícios deste local sejam

reconstruídos ao invés de serem apenas alvo de manutenção. Um grupo dos moradores do Iao Hon realizou uma palestra este sábado, que serviu para os moradores exporem as suas queixas relati-vamente ao facto daquele bairro não ter ainda sido reconstruído. A promessa do Governo, assegu-ram, foi feita há mais de dez anos.

Segundo o estudo feito aos sete prédios antigos do Iao Hon, realizado pela Associação de Confraternização dos Moradores do Bairro do Antigo Hipódromo Areia Preta e Iao Hon de Macau, 70% edifícios não tem portões ou ferro ou foram destruídos, 40% dos medidores de água estão com problemas, há 416 locais com vergas de betão expostas através de buracos na parede.

De acordo com notícia do jornal Ou Mun, o Instituto de Habitação (IH) também esteve presente na palestra e apresentou os planos de financiamento e empréstimo aos moradores sobre a manutenção dos prédios. No en-tanto, os que ali moram parecem querer mais, já que consideram

Convento Ilha Verde PJ nega intervenção de seitasA revista Next, publicada em Hong Kong, avançou a semana passada que os conflitos de propriedade no convento jesuíta da Ilha Verde teriam a intervenção da seita 14 K, de Pan Nga Koi. À margem da Marcha de Caridade por Um Milhão, o ainda director da Polícia Judiciária (PJ), Wong Sio Chak, disse à imprensa chinesa não existir informações da ligação do conflitos a seitas. O futuro Secretário para a Segurança disse ainda estar “confiante de que a polícia terá capacidade para manter a ordem na sociedade”. Wong Sio Chak explicou que o Governo sempre garantiu o desenvolvimento dos terrenos de acordo com a lei, com a cooperação com a polícia. “As seitas de Macau tornaram-se discretas depois da transição, e as suas actividades também estão escondidas. Mesmo que aconteça alguma coisa, a polícia e as entidades judiciais vão tratar seriamente do caso”, apontou.

UM quer criar centro de formação de medicinaDeng Chuxia, o novo director da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade de Macau (UM), disse ao jornal Ou Mun que existe a intenção, por parte desta instituição, em criar um centro de formação de medicina, por forma a oferecer formação aos médicos de Macau. Contudo, Deng Chuxia garantiu que o Governo ainda não discutiu com a UM a possibilidade de criar uma faculdade de medicina. O futuro centro de formação de medicina fará, segundo Deng Chuxia, uma coordenação com os hospitais de Macau, por forma a dar resposta às vagas de médicos que necessitam de ser preenchidas e as especialidades onde existe maior necessidade de formação. O director da faculdade garantiu que o novo centro poderá ser construído no próximo ano, estando prevista a primeira vaga de formação de médicos em 2016. Esta é apenas uma ideia inicial da UM, disse Deng Chuxia, não tendo sido discutidos mais detalhes com o Executivo.

U M inquérito intitulado “Res-trições e intenção de mudan-

ça de trabalho dos profissionais de aconselhamento a estudantes”, feito pela União Geral das Asso-ciações de Moradores (UGAMM), revela que a maioria dos pro-fissionais deseja abandonar a profissão. Os dados, publicados na imprensa chinesa, revelam que 82% dos entrevistados, de um

total de 155 pessoas, pensaram em mudar de emprego nos últimos três meses, sendo que a maioria já dá aconselhamento profissio-nal a estudantes há cinco anos. “Identidade profissional confusa”, “ausência de uma carreira ideal” e a “falta de sistema de formação” são as principais razões apontadas pelos entrevistados para quererem mudar de emprego.

As principais causas de descon-tentamento são os baixos salários praticados, as pressões do trabalho e a falta de orientação na carreira. Lam Ka Lai, chefe de aconse-lhamento do Centro de Serviços Integrais de Jovens da UGAMM, disse que é necessário criar um regime de acreditação para estes profissionais, bem como criar cursos de formação. - F.F.

IAO HON MORADORES QUEREM RECONSTRUÇÃO DOS EDIFÍCIOS

Por uma nova vida

“Instamos o Governo a proceder à reconstrução em vez de apenas fazer manutenção. Os edifícios já estão tão estragados que a manutenção não chega”REPRESENTANTE DOS MORADORES

que os planos para manter os edifícios ficam aquém das suas expectativas.

A mesma notícia informa que a reconstrução dos bairros antigos foi apresentada por Edmund Ho, antigo Chefe do Executivo na

sua campanha de reeleição. Não há, contudo, qualquer novidade sobre o assunto. No ano passado, o Governo recuou com a proposta da lei de Reordenamento dos Bairros Antigos na Assembleia Legislativa (AL) e os moradores

pediram que tal voltasse a ser discutido. “Instamos o Governo a proceder à reconstrução em vez de apenas fazer manutenção. Os edifícios já estão tão estragados que a manutenção não chega”, reclamaram no passado sábado. “A manutenção é inútil, é gastar o dinheiro público, entende?”, continuaram os moradores da-quela zona a frisar, citados pelo Ou Mun.

À ESPERAO representante do IH no local disse que a proposta de manter os edifícios não resolver todos os problemas de uma vez, mas é já uma ajuda que o Governo pode dar, já que não pode intervir nas unidades de habitação privadas. Nestes casos, o único auxilio que pode ser prestado pelo IH é ao nível do vazamento de água.

A associação dos moradores espera que o Governo possa re-solver estes problemas do bairro Iao Hon como se de um caso especial se tratasse. Ao Ou Mun, estes mostraram-se confusos e preocupados com questões de segurança, bombeiros e saúde. “Os moradores esperam que a reconstrução dos bairros antigos possa mudar totalmente a sua qualidade de vida e o facto do Governo ter retirado a proposta da lei da AL deixou-os muito desapontados. Esperamos que o Governo ouça as opiniões do povo para reiniciar o plano, acelerar a reconstrução dos bairros antigos e permitir que a reconstrução do Iao Hon tenha uma base legal”, referiu mesmo Cheng Lai Ha, directora da associação.

Profissionais de aconselhamento descontentes com profissão

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9 sociedadehoje macau segunda-feira 15.12.2014

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ANÚNCIO

COMISSÃO DO GRANDE PRÉMIO DE MACAU

Angariação de patrocínio dos carros de segurança, médico, intervenção rápida e oficiais para os 62.o e 63.o

Grande Prémio de Macau

A Comissão do Grande Prémio de Macau tem a honra de convidar todas as entidades interessadas no Patrocínio dos carros de segurança, médico, intervenção rápida e oficiais para os 62.° e 63.o Grande Prémio de Macau para apresentarem uma proposta de angariação de patrocínio.

Processo da Angariação: O processo da presente angariação, incluindo o seu programa e demais documentos complementares, encontra-se patente na Comissão do Grande Prémio de Macau, sita na Av. da Amizade n.º 207, Edifício do Grande Prémio, onde correrá os seus termos o procedimento administrativo de selecção. Nos dias úteis e durante o horário normal de expediente pode ser examinado e levantadas cópias do mesmo, desde a data da publicação do presente anúncio até ao dia 23 de Janeiro de 2015.

Local, dia e hora limite para entrega das propostas: Comissão do Grande Prémio de Macau, sita em Macau, na Avenida da Amizade n.º 207, Edifício do Grande Prémio, até às 17.30 horas do dia 23 de Janeiro de 2015.

Sessão de esclarecimento: Terá lugar às 10.00 horas, do dia 18 de Dezembro de 2014, do Edifício do Grande Prémio de Macau.

Local, dia e hora do acto público do angariação de patrocínio:

Local: Comissão do Grande Prémio de Macau;

Dia e hora: 26 de Janeiro de 2015, pelas 10.00 horas.

Os proponentes deverão fazer-se representar no acto público de abertura das propostas para apresentação de eventuais reclamações e/ou esclarecimento de dúvidas acerca da documentação integrante da proposta.

Esclarecimentos:Quaisquer esclarecimentos sobre a presente angariação de patrocínio poderão ser solicitados à Comissão do Grande Prémio de Macau através dos seguintes números de telefone: 87962 242 ou 87962 210.

A Comissão do Grande Prémio de Macau, aos 11 de Dezembro de 2014.

O CoordenadorJoão Manuel Costa Antunes

FLORA [email protected]

A Direcção dos Servi- ços de Protecção Ambiental (DSPA)

já publicou no seu website a “lista classificativa de projec-tos que precisam de se sujeitar à avaliação de impacto am-biental”, a título experimental. Tudo para que se implemente, no futuro, as regras para a elaboração dos relatórios de impacto ambiental.

Contudo, a lista foi critica-da por Leong Hong Sai, sub--director do Centro de Política de Sabedoria Colectiva. Em declarações à imprensa chine-sa, o responsável defendeu que devem ser incluídas avaliações ao património histórico de Macau e o impacto paisagístico de alguns edifícios.

Leong Hong Sai lembrou que a lista apenas contempla lugares como instalações de fornecimento de água, rodo-vias, espaços de indústria e transfronteiriços, mas nada refere sobre o património,

Português Alvis Lo quer ensinoda língua para mais novosO presidente da Associação de Nova Juventude Chinesa de Macau, Alvis Lo, encoraja a que os jovens locais aproveitem oportunidades com a Cooperação entre Guangdong e Macau. “Muitos jovens voltaram para Macau depois de estudarem no estrangeiro, mas não conseguem arranjar um emprego que faça uso das suas capacidades. Assim, estes devem ter uma visão mais alargada e procurar oportunidades que envolvam assuntos do continente, contribuindo com os seus esforços na cooperação entre o interior da China e Macau”, disse o responsável. Alvis Lo acrescentou ainda que é preciso fortalecer o ensino do português no território e reservar mais talentos bilíngues, de forma a promover a plataforma entre a China e os Países de Língua Portuguesa.

A lista apenas contempla lugares como instalações de fornecimentode água, rodovias, espaçosde indústria e transfronteiriços,mas nada refere sobre o património, ao contrário do que aconteceem Hong Kong, Taiwan e na Europa

IMPACTO AMBIENTAL INCLUIR PATRIMÓNIO HISTÓRICO

A bem da culturaA lista experimental de avaliação de impacto ambiental da DSPA não contempla o património.O facto foi já criticado pelo sub-director do Centrode Política de Sabedoria Colectiva, Leong Hong Sai

ao contrário do que acontece em Hong Kong, Taiwan e na Europa.

LIGAR AO EXTERIORO sub-director deu mesmo uma sugestão de maior ligação do trabalho da DSPA, a este nível, com as regras interna-cionais, bem como com a Lei do Planeamento Urbanístico e Lei de Salvaguarda do Património Cultural. Para Leong Hong Sai, o Instituto Cultural (IC) poderia fazer uma avaliação do património existente, enquanto que cabe-ria à Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Trans-

portes (DSSOPT) a avaliação do impacto paisagístico dos edifícios.

O responsável acredita que, se os trabalhos forem desenvolvidos pelos diver-sos departamentos do Go-verno, o processo poderá ser “complicado” e “incomodar os residentes”, pelo que é fundamental incluir estas áreas na lista classificativa de futuras avaliações, para “evitar a falta de comunica-ção entre os departamentos”.

Segundo a lista publicada no website da DSPA, lugares como hospitais, fábricas, postos transfronteiriços, o canídromo ou espaços de tratamento de resíduos, entre outros, poderão ser alvo de avaliações e relatórios de impacto ambiental. Sem es-pecificar em concreto lugares históricos, a lista diz ainda que poderão ser incluídos “outros projectos de estabelecimento, parcial ou totalmente localiza-dos em reservatórios, lagos, colinas, zonas ecológicas ou de reserva”.

HOJE MACAU

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NOCTURNO EM MACAU • Maria Ondina Braga“Porque construída sobre um poço de águas ácidas, a casa-das-professoras de Santa Fé, os gatos a rondarem-na nas noites de cio. As mesmas noites em que Ester, a única ali não chinesa, encontra o seu conforto na contemplação da carta de Lu Si-Yuan, carta que aliás nunca chegará a ler: ‘(...) ia desenrolando a folha de papel de arroz, ia-a estendendo na mesa dos livros, aspirava-lhe o perfume. A ressaltar do fundo branco, os ideogramas a tinta-nanquim como um baixo-relevo - linhas regulares, a prumo, linhas deitadas e paralelas em pauta de música, e arcos, e ângulos, e asas. Uma arquitectura. Um templo de nove pisos e nove vezes nove empenas a perscrutar os ares. Um bosque de bambus depois das chuvas’”. Este belo romance que mereceu o Prémio Eça de Queirós situa-se na Cidade do Santo Nome de Deus de Macau nos anos sessenta, na casa-das-professoras de um colégio de meninas

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • [email protected]

SILÊNCIO • Shusaku EndoSilêncio, cuja acção decorre no século XVII, conta-nos a história de um missionário português envolvido na aventura espiritual da conversão dos povos orientais, o qual acaba por apostatar, após ter sido sujeito às mais abomináveis pressões das autoridades japonesas, para evitar que um grupo de fiéis seja por ordem delas torturado até à morte. Antes de chegar ao Japão, a sua viagem leva-o a Goa, depois a Macau e, finalmente, a Nagasáqui e Edo, em etapas que pouco a pouco o transportam a esse Oriente hostil, onde no entanto já se contam alguns milhares de convertidos à fé católica. Aí descobre, na luta contra as pessoas e o ambiente adversos, a verdadeira fé, liberta de todo o aparato externo, eclesiástico ou mundano. E aí acaba por experimentar a derradeira solidão, que é o destino daqueles que quebram a comunhão com o que mais profundamente marca a sua identidade.

10 hoje macau segunda-feira 15.12.2014EVENTOS

LEONOR SÁ MACHADO [email protected]

A festa anual Desfile por Macau, Ci-dade Latina teve início às 16 horas

de ontem, nas Ruínas de S. Paulo. Pela escadaria e cal-çada portuguesa daquela zona passaram vários grupos artís-ticos, perfilados de dançarinos e outros artistas portugueses. Às 16.30 horas já a praça do Leal Senado estava cheio de visitantes, incluindo turistas norte-americanos e uma es-magadora maioria do interior da China. Todos eles se pos-tavam frente ao ecrã gigante colocado naquele lugar pelas entidades organizadoras.

A iniciativa contou com a participação de mais de 50 grupos performativos que dançaram, cantaram e fizeram malabarismo das ruínas, até ao Tap Seac, passando pela zona do Albergue SCM. Os colectivos eram provenientes de todo o mundo, incluindo Argentina, Brasil Cuba, Itália, Panamá, Equador, França e Espanha. De acordo com o Instituto Cultural, a entidade organizadora da festa, foram mais de 80 mil os espectado-res no local e que assistiram ao evento em directo, na televisão.

Rua acima, o trânsito de pessoas fazia-se com difi-culdade e os acessos estava congestionados pela amál-gama de gente, sedenta por participar nesta festa anual. O HM percorreu as ruas e con-seguiu falar com Megan, uma jovem do Texas que está de

A cerimónia anual que celebra a diversidade do território contou, segundo a organização, com cerca de 80 mil espectadores

CULTURA DESFILE POR MACAU, CIDADE LATINA AQUECEU O DIA

FOLCLORE E DIVERSIDADE

passagem pelo território com a família. “Vim simplesmente ver como acontece um evento cultural típico em Macau e, até agora, estou a gostar”, disse. De olhos postos no grande ecrã, alguns munidos de pe-

FADISTA LIANA ESTREIA ESPECTÁCULO NA UNIVERSIDADE DE PEQUIM

Uma primeira vez para tudoA fadista portuguesa

Liana actuou na passada sexta-feira,

para um público de cerca de 200 estudantes naquela que foi a sua estreia na capital chinesa, na Universidade de Línguas e Cultura de Pe-quim. O concerto, intitulado Sons de Portugal, pretendia dar a mostrar a música por-tuguesa aos estudantes desta instituição de ensino. “Foi muito bonito poder estar a falar português com tantas pessoas no meio da China”, disse a cantora no final do evento. De acordo com no-tícia da agência Lusa, tam-bém estiveram presentes o Embaixador de Portugal, Jorge Torres-Pereira, e um vice-reitor da universidade, Cao Zhiyun.

VANTAGENS LUSÓFONASEsta é uma das cinco uni-versidades de Pequim com licenciaturas em português, mas há mais duas que tam-bém ensinam português como língua opcional. Não contando com Macau, em toda a China há mais de

vinte universidades onde se pode aprender a língua de Camões. “Há cada vez mais interesse da China e das empresas chinesas em mercados onde se fala português. Aqueles que aprendem português têm mais facilidade em encon-trar emprego”, afirmou o embaixador Torres-Pereira. De acordo com um pro-fessor chinês, este foi o primeiro concerto de Fado alguma vez realizado numa universidade da capital.

O evento contou ainda com a participação de estu-dantes portugueses e chine-ses que recitaram poemas dos autores lusos, Sophia de Mello Breyner Andresen e Fernando Pessoa. Estes, por sua vez, estão integrados no curso de chinês do Instituto Politécnico de Leiria, cujo segundo ano é feito nesta universidade da capital da China. “Espero que este evento contribua para impul-sionar as relações culturais com os países de língua por-tuguesa”, disse o vice-reitor da universidade. - HM/Lusa

quenas bandeirolas, pinturas faciais e chapéus comemo-rativos feitos de papel, todos pareciam estar a apreciar a enchente de cor e luz que este desfile trouxe a Macau. Questionada sobre a lógica do

nome escolhido – Desfile por Macau, Cidade Latina – para o evento, Megan desconhece a sua origem, mas “foi uma boa opção”, confessa, já que conta com a participação de grupos artísticos dos quatros

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11 eventoshoje macau segunda-feira 15.12.2014

Cardo-mariano

Paula BichoNaturopata e Fitoterapeuta • [email protected]

HOJE NA CHÁVENA

Nome botânico: Silybum marianum (L.) Gaertn. = Carduus marianus L.Família: Asteraceae (Compositae).Nomes populares: Cardo-de-Santa-Maria; Cardo-leiteiro.

Originário da região mediterrânica, o Cardo-mariano cresce em solos secos e pedregosos, impondo-se na paisagem pelo seu aspeto resistente e espinhoso; pode atingir mais de 1,5 metros de altura, sendo um dos maiores e mais elegantes cardos. Apresenta grandes folhas, brilhantes e verdes, ornamentadas de branco, e as flores dispõem-se em capítulos terminais de cor púrpura-violácea. Diz a lenda, que as suas manchas brancas são gotas de leite que caíram da Virgem Maria enquanto dava de mamar ao seu Filho, quando fugia da perseguição de Herodes.Cultivado como planta medicinal desde a Idade Média, era utilizado para aumentar a secreção de leite às parturientes e amas--de-leite; só mais tarde, o médico alemão Johann Gottfried Rademacher (1772-1850) o recomendou no tratamento das doenças hepáticas. Atualmente é uma planta muito investigada e apreciada, sendo empregue um dos seus constituintes, a silimarina, em medicina alopática. Em fitoterapia são usados os frutos.

COMPOSIÇÃOSilimarina, considerada um flavonoide, é na realidade uma mistura de três isómeros de flavonolignanos; flavonoides, lípidos, vitamina E, fitosteróis, um princípio amar-go, ácidos orgânicos, poliinas, proteínas, mucilagem em baixo teor, histamina, tiramina, óleo essencial e tanino.

AÇÃO TERAPÊUTICAUma das mais poderosas plantas prote-toras sobre o fígado, o Cardo-mariano fortalece a membrana das células hepáticas dificultando a entrada de substâncias potencialmente agressoras, ao mesmo tempo que promove a saída de substâncias tóxicas e regenera as células danificadas; desta forma pode retardar o aparecimento dos sintomas de uma intoxicação ou até mesmo anulá-los, sendo um antídoto particularmente eficaz contra as toxinas do Amanita phalloides, o mais tóxico dos cogumelos. Tem ainda atividade anti-inflamatória e antioxidante. Tem sido utilizado na drenagem do fígado por má alimentação, abuso de álcool ou

medicamentos, fígado gordo, hepatites agudas ou crónicas, intoxicações alimen-tares, ingestão acidental de venenos e cirrose hepática.Esta erva promove ainda a produção e secreção de bílis e favorece a digestão, aumentando o apetite e a capacidade física, e é laxante, pelo que tem sido empregue na anorexia, náuseas, vómitos e enjoos por movimento, más digestões com sensação de enfartamento e azia, flatulência, dores de estômago, mau funcionamento da vesícula (vesícula preguiçosa) e cálculos biliares.

OUTRAS PROPRIEDADESComo antioxidante, o Cardo-mariano tem sido usado na prevenção do cancro e como adjuvante no seu tratamento, reduzindo os efeitos secundários da quimioterapia e aumentando a qualidade de vida dos pa-cientes. Como antialérgico, tem indicação na rinite, asma e urticária.Depurativo, o Cardo-mariano favorece igualmente a eliminação das toxinas pelos rins e pele. Tradicionalmente tem sido ainda empregue nas enxaquecas, varizes, nevralgias, ausência de fluxo menstrual, hemorragias uterinas, para estimular a lactação nas lactantes, nas afeções do baço, colesterol elevado e diabetes.

COMO TOMAR• Uso internoInfusão: 1 colher de sobremesa por chá-vena de água fervente, 10 a 15 minutos de infusão. Tomar 3 ou 4 chávenas por dia. Como a silimarina não é solúvel em água, a infusão torna-se pouco eficaz como protetor hepático e anticancerígeno; para estes efeitos devem ser utilizadas outras preparações.Em ampolas, xarope, tintura, cápsulas, drageias e comprimidos.Nos casos de envenenamento por cogu-melos, administra-se a silimarina por via endovenosa em urgência hospitalar.As folhas tenras e sem espinhos, bem como o coração das alcachofras, podem ser ingeridos em saladas.

PRECAUÇÕESA planta fresca pode provocar dermatites de contacto. Quando tomado em conco-mitância, pode interagir com a iombina e fentolamina (efeito antagonista). Em caso de dúvida, consulte o seu profissional de saúde.

“É uma festa muito boa, porque mistura as culturas orientale ocidentalnum só espaço”WONG Residente

CULTURA DESFILE POR MACAU, CIDADE LATINA AQUECEU O DIA

FOLCLORE E DIVERSIDADE

cantos do mundo. “Talvez a opção de incluir ‘latina’ no nome do festival se deva ao facto de ser uma festa com muita cor e música, o que pode remeter para os países latinos”, colmatou.

FESTA “MUITO BOA”Por ali, palhaços e outros mascarados vão metendo conversa com os presen-tes, que querem, a todo o custo e fazendo fila, tirar fotografias para eternizar o momento. Wong é residente no território e também apre-cia este tipo de eventos. “É uma festa muito boa, porque mistura as culturas oriental e ocidental num só espaço”, salientou. De chapéu em ris-

te, preferiu ficar-se pelo Leal Senado, não vá a multidão itinerante impossibilitar que Wong veja todo o festival em tempo real.

O desfile findou na praça do Tap Seac, por volta das

19 horas, sendo este acom-panhado em directo em três línguas: mandarim, cantonês e português. É que um dos objectivos para a realização do certame é precisamente a comemoração da transfe-rência de soberania, que tem lugar anualmente, a 20 de Dezembro. Sunny e Winnie são duas pequenas meninas de Foshan, cidade situada na província de Guangdong. “Estamos em Macau para o fim de semana e aprovei-támos para ver o desfile”, referiu o pai das duas. À porta dos acesso para as ruínas, um grupo de quase 100 pessoas esperava impacientemente 20 minutos para entrar na zona festiva.

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12 CHINA hoje macau segunda-feira 15.12.2014

O principal órgão de fis-calização de casos de

corrupção da China disse sexta-feira que vai enviar, pela primeira vez, os seus in-vestigadores ao Parlamento, numa forma de demonstrar o domínio do partido nos órgãos do Estado.

Todas as estruturas gover-nativas da China, dos órgãos legislativos ao Governo e exército, são controlados pelo Partido Comunista.

No entanto, esta é a primei-

Investigadores anti-corrupção no Parlamentora vez que a Comissão Cen-tral de Disciplina vai enviar “supervisores” à Assembleia Popular Nacional (APN), disse Chen Wenqing, um dos responsáveis pelo organismo anti-corrupção, num comuni-cado publicado online.

“Alguns casos de corrup-ção descobertos nos últimos anos têm causado um impacto negativo na sociedade e, por isso, é necessário e urgente fortalecer a supervisão” das agências, explicou.

Além da APN, os investi-gadores vão também super-visionar seis outras agências públicas, incluindo órgãos responsáveis por avaliar o desempenho dos dirigentes e decidir promoções, e o De-partamento de Propaganda.

A instalação de gabine-tes da Comissão Central de Disciplina nas sete organi-zações tem o objectivo de “intensificar concretamente a supervisão sobre líderes e membros de departamentos

relevantes”. Os “supervi-sores” vão focar-se na in-vestigação de possíveis más condutas ou ilegalidades por parte de dirigentes, tendo acesso às contas das agên-cias e aos relatórios sobre as actividades e finanças pessoais dos funcionários e seus familiares, indica a agência Xinhua.

A campanha anti-cor-rupção na China começou quando Xi Jinping subiu à presidência do país e já levou à detenção de centenas de quadros dirigentes, alguns de nível ministerial.

OCCUPY ÚLTIMO ACAMPAMENTO DESMANTELADO HOJE

Capítulo final

LIBERTADOSOs 247 manifestantes pró-democracia, detidos na quinta-feira em Hong Kong, durante uma operação de desimpedimento das ruas, já foram libertados, avança a Rádio e Televisão Pública de Hong Kong. Alguns, incluindo os 15 deputados pró-democratas e o líder estudantil Alex Chow, não pagaram fiança e não estão obrigados a apresentarem-se à polícia, apesar de as autoridades se reservarem o direito de vir a apresentar queixa. Outros, diz a RTHK, tiveram de pagar uma caução e terão de se apresentar, mais tarde, à polícia. - HM/Lusa

O derradeiro passo para pôr fim aos protestospacíficos que duram há mais de dois meses na antiga colónia britânica deverá ser hoje dado

O último acam-pamento dos manifestantes integrados no

movimento Occupy Central, situado em Causeway Bay, deverá ser desmantelado hoje. Para isso, as autorida-des mobilizaram mais de 100 agentes, disseram as forças policiais à agência Lusa.

O acampamento encontra--se situado numa zona comer-cial e com grande densidade populacional e houve mesmo quem começasse a abandonar o local durante o dia de ontem, devido ao facto de aí terem vários dos seus bens pessoais de mais de dois meses de ocu-pação. O porta-voz da polícia, Steve Hui, fez o anúncio no sábado numa declaração em que realçou a ocupação “ile-gal” que provoca “complica-ções sérias” na circulação de pessoas e veículos. “A polícia deve despejar a zona para que seja permitido o regresso à normalidade”, acrescentou Hui que advertiu também que aqueles que não abandonarem a zona de forma voluntária serão detidos embora a polícia garanta “não usar a força” para com os que abandonem o local voluntariamente.

Um total de 209 pessoas foram detidas por resistir de forma pacífica à “limpeza” de Admiralty, ainda que a maioria tenha sido colocada em liberdade durante essa mesma noite. Para a operação

de segunda-feira, a polícia mobilizou centenas de agen-tes, como revelou ontem o diário de Hong Kong, South China Morning Post.

Este será, de acordo com a Lusa, o último passo para o fim dos protestos “pacíficos” que duram já desde Outubro. As tentativas de negociação entre os líderes do movi-mento e o Governo da região determinaram que poderá haver um sufrágio directo em 2017, ainda que os go-vernantes sejam escolhidos por Pequim. As autoridades chinesas decidiram esse caminho, mas os candidatos a líder do Governo terão, primeiro, de conquistar o apoio de uma comissão elei-toral, que Pequim consegue controlar, e só depois, entre os eleitos, será escolhido um pela população.

ACADÉMICOS OPINAMDe acordo com a Lusa, o director do Centro de Estu-dos Franceses sobre a China Contemporânea em Hong

Kong, Sebastian Veg, disse que “Pequim não quer fazer concessões substanciais” e o mesmo confirma o edito-rial do jornal China Daily o Governo Central “nunca fará concessões” no que diz respeito a questões de prin-cípio. Tudo isto, acrescenta o editorial, vem minar os objectivos da revolução dos chapéus-de-chuva.

Também o politólogo do território vizinho, Willy Lam, considera que o protesto mas-sivo poderá vir a ter um efeito inverso daquele desejado pe-los manifestantes, “acelerando a mudança da equação um país, dois sistema, para um país, um sistema”, assim dan-do a entender que poderá vir a ser imposto o sistema político do Partido Comunista Chinês. Para Veg, tudo isto apenas permitiu que os participantes do Occupy Central imaginem uma “influência mais aberta” no que diz respeito ao grupo de trabalho que vai escolher os candidatos a Chefe do Execu-tivo da RAEHK em 2017.

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13 chinahoje macau segunda-feira 15.12.2014

A nova medida que deverá entrar em vigor a partir de 1 de Janeiro visa combater o extremismo religioso

A S autoridades de Uru- mqi, capital do Xin-jiang, região do no-roeste da China, de

maioria muçulmana, vão proibir o uso de burcas em locais públicos, para “combater a propagação do extremismo religioso”, anunciou sexta-feira a imprensa oficial chinesa.

A proibição, que deverá entrar em vigor no próximo dia 01 de Janeiro, foi aprovada pelo Comité Permanente da Assembleia Popu-lar de Urumqi, o órgão legislativo local.

Peça de vestuário que cobre todo o corpo das mulheres, in-cluindo o rosto e os olhos, a burca não faz parte da tradição uigure, a maior etnia do Xinjiang, mas o seu uso tem aumentado desde 2012, disse um investigador citado pelo Global Times.

“A nova legislação visa ajudar o governo a gerir esse fenómeno e, mais importante do que isso, a impedir a propagação de ideias extremistas”, afirmou o investigador, Pan Zhiping, da Academia de Ciências Sociais do Xinjiang.

Segundo o director do Gabi-nete de Assuntos Religiosos da Escola Central do Partido Comu-nista Chinês, Jin Wei, as burcas são “uma restrição aos direitos das mulheres”.

As burcas “não têm nada a ver com uma vida feliz”, disse o Diário do Xinjiang, o órgão ofi-cial do governo daquela Região Autónoma da China.

Um outro académico ouvido pelo Global Times admitiu que a

Segundo banco privado autorizado a operar As autoridades reguladoras chinesas deram luz verde ao início das operações do segundo banco privado do país, o Webank, no âmbito do processo de reforma do sector financeiro. A decisão da Comissão reguladora da Banca da China (CRBC), revelada pela agência Xinhua, acontece depois do organismo ter autorizado recentemente a criação de cinco bancos privados. O accionista maioritário do banco é o gigante Tencent, a maior companhia de serviços de internet para telefones móveis da China, com sede na Zona Económica Especial de Shenzhen, adjacente a Hong Kong. O novo banco terá um capital de 3.000 milhões de yuan e prevê uma actividade centrada na banca privada e corporativa e operações internacionais, refere a comissão. A criação de novos bancos privados integra um programa piloto para continuar com a liberalização do sector financeiro do país e também aumentar e facilitar o acesso ao crédito das pequenas empresas.

Rio artificial de 1.400 quilómetros já correUm rio construído artificialmente durante 11 anos na China e com um custo de 81 mil milhões de dólares, começou sexta-feira a bombar água do sul para o norte do país, anunciaram as autoridades locais. O controverso Projecto de Diversificação de Água Sul-Norte pretende, através de canais e fluxos de água, levar quase 10 mil milhões de metros cúbicos por ano do sul para o norte do país, onde a falta de água crónica afecta as populações e as empresas. Obrigando a deslocar 330 mil pessoas, o elemento central deste projecto custou 33 mil milhões de dólares. O fluxo de água estende-se por mais de 1.400 quilómetros, e as autoridades esperam que a água comece a chegar a Pequim dentro de 15 dias. O Projecto, que deverá no total ter três rotas de água e um custo total de 81 mil milhões de dólares, é no entanto alvo de muitas críticas, por causa do nível de poluição envolvido e pela diminuição das chuvas no sul, que afectará, a prazo, o fornecimento de água ao norte do país.

A polícia de Zhaoqing, na província conti-

nental chinesa de Guang-dong, sul do país, deteve um jovem filantropo que se dedicava durante o dia a trabalhos de beneficên-cia e, à noite, a roubar edifícios de luxo, revelou a agência Xinhua.

O caso do “Robin dos bosques” chinês começou no início deste ano, quan-do um residente denunciou à polícia o roubo de nu-merosos objectos de valor da sua propriedade, como jóias, ouro e um tablet.

XINJIANG USO DE BURCAS VAI SER PROIBIDO

Mulheres sem restrições

“A nova legislação visa ajudar o governo a gerir esse fenómeno e, mais importante do que isso, a impedir a propagação de ideias extremistas”PAN ZHIPING Da Academia de Ciências Sociais do Xinjiang

Guangdong “Robin dos bosques” detido

As autoridades locais registaram o caso e, foram apercebendo-se, de outros roubos idênti-

cos, nomeadamente em prédios das classes mais abastadas.

As investigações con-

cluíram que o suspeito entrava nas casas pelas condutas de gás e sem-pre às primeiras horas da noite.

Apesar de não detalhar a investigação, a polícia explicou ter descoberto a vida dupla de Yu, um jovem de 27 anos, de família da classe média, que confessou ter rouba-do artigos com um valor aproximado a 500.000 yuan em cerca de duas

dezenas de casas e desde Novembro de 2013.

O agora detido, apelida-do de “chefe Yu” pelos seus familiares, era conhecido pela sua dedicação às pes-soas mais desfavorecidas e deslocava-se diariamente a instituições de caridade.

Desde o final de 2013 que Yu vivia num hotel de luxo e frequentava clubes e hotéis de requinte du-rante a noite, momento em que abandonava a sua ‘pele’ de boas maneiras para viver uma vida dupla como ladrão de casas.

proibição do uso de burcas se es-tenda a outras cidades do Xinjiang.

COMBATE QUE SE REPETEAs restrições à prática do Islão no Xinjiang não são novas.

Este ano, os funcionários pú-blicos, estudantes e professores daquela região foram proibidos de jejuarem durante o dia durante o mês do Ramadan.

O governo chinês responsabi-

liza “extremistas religiosos liga-dos à Al-Qaeda” e “separatistas radicados no estrangeiro” pela vaga de atentados que nos últimos anos tem abalado o Xinjiang.

Em Maio passado, um atenta-do suicida com explosivos num mercado de Urumqi, a capital do Xinjiang, causou 43 mortos

Situado a mais de dois qui-lómetros de Pequim, o Xinjiang é um território quase 17 vezes

maior que Portugal e apenas 23,5 milhões de habitantes, muito rico em recursos minerais, que confina com o Afeganistão, Paquistão e várias ex-repúblicas soviéticas da Ásia Central.

Os uigures, etnia de religião muçulmana e cultura turcófona, constituem 46% da população, mas há cerca de meio-século ul-trapassavam os dois terços.

Entretanto, milhares de fa-mílias han, a principal etnia da China, começaram a radicar-se no Xinjiang, e hoje constituem já cerca de 40% da sua população. Na capital, Urumqi, ultrapassaram mesmo os uigures.

Oficialmente, em toda a China há cerca de 21 milhões de muçul-manos, correspondendo a menos de 2% da população do país.

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14 hoje macau segunda-feira 15.12.2014

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IDEI

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Rui CasCais

B A Da Shan Ren integra em si as tensões que nasceram da transição violenta da Dinastia Ming para a Dinastia Qing.

Essa passagem constituiu na vida pessoal do pintor, como na vida do Império, uma ruptura que iria ter con-sequências não só políticas e sociais como também estéticas.

O espelho da tradição artística chi-nesa, nomeadamente no que se refere à pintura, estilhaçou-se pois a emer-gência do indivíduo se configurava no horizonte de uma forma nova que inau-guraria experiências de criação fora da convenção já milenar, sancionada pelas instituições da sociedade chinesa, da entrega de testemunho de mestre a dis-cípulo.

O abandono a que Zhu Da se vota, desde logo trocando o nome por uma espécie de título auto conferido, co-loca-o nas margens do fazer artístico, nas margens da experiência religiosa e nas fronteiras da comunidade que, atra-vés da tragédia pessoal, havia deixado de fazer sentido. Sentido encontra-o o pintor na construção de uma crítica não só ao Império e à nova Dinastia

BA DA SHAN REN O ESPELHO QUEBRADO DA TRADIÇÃO

mas à própria existência, uma crítica configurada talvez no abandono e na impermanência, tal como surge neste poema anónimo da Dinastia Yuan:

Quando era jovem escutava-a no pavilhão das cantorasOnde, à tarde, lanternas vermelhas iluminavam as cortinas de seda.

Depois, escutei-a nos barcos,sobre os vastos rios, com o grito do corvono vento de Outono.

Agora, cabelos brancos,escuto-a entre os monges.

Alegria, tristeza, reunião, separaçãopassam indiferentes.Possa a chuva cair sobre os caminhos, gota a gota,durante toda a noite.

Zhu Da ( 1626- 1706) era um des-cendente de Zhu Yuanzhang, funda-dor da Dinastia Ming, e cresceu em Nanchang, na província de Jiangsu. Enquanto rapaz, Zhu Da estudou poe-sia e arte, mas a sua existência tranquila

terminou quando os Manchús toma-ram Nanchang no ano de 1645 e a fa-mília de Zhu, que contava agora deza-nove anos, foi forçada a tomar refúgio nas montanhas. A série de infortúnios que se abateram sobre a sua família roubaram a vida a seu pai, a sua mãe e ao irmão e determinaram a escolha de uma existência monástica. Zhu Da muda definitivamente o seu nome para Ba Da Sha Ren ( Homem das Oito Grandes Montanhas) e inicia-se na prática do bu-dismo Chan ( dhyana, em sânscrito) que enfatiza a meditação e a atenção como formas de atingir a iluminação, relegando o ensinamento das escrituras para um plano muito afastado.

A experiência directa do real e a intuição súbita da sua natureza estão no centro desta prática que procura uma sintonia total com pedagogia de Sakyamuni, praticando o ensinamento despido da ganga animista e popular que havia contaminado o Budismo no seu caminho para oriente.

O segundo elemento que informa a sua visão é o Taoísmo, pelo qual se inte-ressa próximo dos trinta anos de idade. Este interesse, que o levou a frequentar

o templo taoísta de Qingyunpu, pren-de-se com uma viragem na direcção da natureza - lugar de energias e fluxos de energia - e num desejo de a representar na sua pureza e na sua contingência, para além, portanto, das fórmulas esta-belecidas, das normas de academia, do jugo da moralidade retórica e ritual da sociedade chinesa.

No entanto, a sensibilidade extre-ma de Ba Da Shan Ren, não se deixa-ria conquistar nem pelo austero des-prendimento budista, nem pela de-manda de harmonia do Tao. Conta-se que um dia, ao ouvir rumores de que alguns dos seus poemas teriam sido usados por um oficial para louvar os governantes Ching, Ba Da Shan Ren terá enlouquecido perdendo o con-trole das suas emoções, chorando e rindo alternadamente. Se, apesar dis-to, a sua lucidez não se perdeu, como demostra a ironia das suas obras, o es-pelho estava definitivamente quebra-do: Ba Da Shan Ren abdica do uso da linguagem.

As pinturas de Ba Da Shan Ren apa-recem, aos olhos do público, e mesmo aos dos seus pares, como estranhas e

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15 artes, letras e ideiashoje macau segunda-feira 15.12.2014

Carlos Morais José

D ESDE o primeiro quartel do século XVII que os go-vernantes da dinastia Ming experimentavam grandes

dificuldades em controlar o país. Depois de um período de grande florescimento no início do século, no qual se assistiu à introdução de novas plantas vindas da América como o milho, a batata doce e o amendoim, a população quase duplicou. As actividades económicas diversifica-vam-se, a riqueza provinha agora mais do comércio e das indústrias manufactu-reiras e menos da agricultura. A entrada de grandes quantidades de prata no país resultou num enorme boom económico e financeiro. Mercadores, banqueiros e homens de negócios constituíam agora uma nova classe emergente de fortu-na considerável. Ao mesmo tempo, os gostos refinavam-se e o consumo subia em flecha. As novas classes juntavam--se aos nobres, partilhavam dos seus hábitos caros e comportamentos deca-dentes. As artes decorativas floresciam, construíam-se palácios luxuosamente decorados, os homens enveredavam por uma vida de luxúria e dissipação. No en-tanto, a burocracia estatal aumentava e não acompanhava o correr da História, revelando um imobilismo que se viria a revelar fatal.

A verdade é que o gigantismo do edifício burocrático (um enorme sorve-douro de riqueza) aliado a inesperados esforços de guerra, como na Coreia contra os Japoneses, tinha esvaziado os cofres do Estado. O governo cen-tral via-se impotente para responder às catástrofes naturais, como a “Pequena Glaciação” que gelou todos os lagos e afectou decisivamente as colheitas, impondo uma vastíssima onda de fome e desespero entre o povo. A riqueza não era partilhada, o imperador não conseguia (nem parecia interessado) controlar os privados. A fome acen-dia por todo o lado focos de revolta. Desertores e soldados desempregados formavam grupos de rebeldes que pi-lhavam as aldeias, perante a ineficácia e desnorte do exército imperial. Dia após dia, ano após ano, estes exércitos de rebeldes iam ganhado cada vez mais acólitos. Em 1636 dois líderes tinham emergido: Li Zicheng, um ex-pastor, chefiava um grande número de homens no Norte; e Zhang Xianzhong, um ex--soldado, que semeava o pânico entre o

A QUEDA DOS MING,O ADVENTO DOS QING

Rio Amarelo e o Rio Yangzi. Por todo o império alstrava a revolta, quer nos campos quer nas cidades, o que torna-va ainda mais difícil a tarefa aos colec-tores de impostos. O Estado empobre-cia a olhos vistos e perdia o controlo da situação. Por outro lado, o facto de os Japoneses terem fechado os portos aos estrangeiros de Macau e as más re-lações dos Chineses com os Espanhóis nas Filipinas tinha interrompido o flu-xo de entrada de prata na China, o que acarretou, primeiro, o açambarcamen-to do precioso metal, seguido do açam-barcamento de cereais (provocando o aparecimento de epidemias de fome artificiais) e, em segundo lugar, uma apreciável deflação, espalhando a po-breza. Neste contexto, a que se juntava um inevitável sentimento de revolta popular, tornou-se impossível ao go-

verno central cobrar sequer os impos-tos normais quanto mais preparar-se para campanhas militares.

Entretanto, em 1644, os rebeldes de Li Zicheng, que detinham já o controlo total das províncias de Hubei, Henan e Shaanxi, avançaram através de Shanxi e Hebei até às portas de Pequim. O exér-cito imperial fugiu ou rendeu-se. Em desespero de causa, o último imperador Ming cometeu suicídio. Nos momentos finais, Chongzhen mandou reunir o seu conselho, cujos membros se mantive-ram em silêncio sendo que muitos cho-ravam, para dar as suas últimas ordens e indicações. Depois, embriagado, e após de ter arranjado a fuga de dois filhos que se sumiram disfarçados, arrastou--se trôpego pelos corredores do palá-cio exigindo às mulheres o suicídio. De madrugada, subiu a uma pequena colina nas traseiras do palácio e enforcou-se. No seu fato de seda amarela e púrpura deixou escrita a seguinte mensagem:

Eu, fraco e de pouca virtude, ofendi o Céu; os rebeldes tomaram a minha capital porque os meus ministros me enganaram. Morro com vergonha de enfrentar os meus antepassados. Dispo o meu fato imperial e com o cabelo em desalinho sobre a face, deixo aos rebel-des o desmembramento do meu corpo. Não os deixem fazer mal ao meu povo!

A Leste, na província de Sichuan, os rebeldes de Zhang Xianzhong eram responsáveis por enormes matanças na conquista das cidades de Chongqing e Chengdu, que acabaram por conquis-tar. Ambos os líderes rebeldes procla-maram a fundação de novas dinastias, mas foi glória de pouca dura. Do lado Norte da Grande Muralha, um outro povo aguardava o momento certo para reclamar o trono do Dragão.

Ainda em 1644, os Manchús atra-vessaram a Grande Muralha e tomaram Pequim, com ajuda de alguns generais Ming que queriam expulsar os rebel-des da capital, na esperança de que os Manchús depois retirassem. Puro en-gano. Já constituídos em dinastia de seu nome Qing (Pura), os homens do Norte instalaram-se firmemente no po-der que só abandonariam em 1911, já decadentes como os seus antecessores. Para já a China ia ficando aos pucos nas mãos destes “estrangeiros”.

deslocadas. Os pássaros e peixes nas suas imagens surgem sempre de cabe-ça erguida, por exemplo. Os seus olhos desenhados em exageradas dimensões - por vezes mesmo de formato quadra-do- demonstrando as emoções do ar-tista.

As suas amargas experiência pes-soais, e o seu ódio aos governantes Qing, emergem em toda a linha e definem o seu estilo distinto. O seu “Retrato de Pavões” apresenta dois pássaros agachados num rochedo de forma estranha e em instável equilí-brio. Os pavões são extremamente feios, com estranhos e grandes olhos. Cada um apresenta três penas de cau-da como os símbolos usados nos cha-péus dos oficiais Ching. O poema que acompanha a pintura ajuda a esclare-cer esta mordaz crítica. As plumas são usadas para ridicularizar os oficiais imperiais; a estranha e instável rocha significa que a Dinastia Qing não pos-suía fundações firmes e, mais tarde, ou mais cedo cairia.

Tal como Yuan-chi (1641-1707), Gong Xian (1619-1689) e Hong-Ren (1610-1673) para citar os mais relevan-tes, a pintura de Zhu Da pode ser pen-sada de acordo com as seguintes linhas:

• variedadedeestilos• individualismo,liberdadeartística• revitalizaçãodecertosaspectoses-

téticos e éticos dos secs. XIII e XIV• oposiçãoàartederivativa• importânciadacaligrafiacomore-

curso de redução de ambiguidade.

Apesar do seu método se basear em técnicas da pintura tradicional es-tes elementos que caracterizam o seu fazer, como o de outros artistas seus contemporâneos, são índices inequí-vocos de ruptura.

Um famoso pintor posterior, Zheng Banqiao, disse das pinturas de Ba Da Shan Ren que estas continham mais lágrimas que traços de pincel e tinta da china.

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16 publicidade hoje macau segunda-feira 15.12.2014

Atribuição de subsídio a pilotos locais participantesnas corridas no exterior em 2015

Os interessados podem apresentar o requerimento, a partir do dia 9 de Dezembro de 2014 até ao dia 15 de Janeiro de 2015, na Comissão do Grande Prémio de Macau.

I. Requisitos do pedido e critérios de atribuição do subsídio que se passam a citar: 1. O requerente, ao abrigo do n.o 1 do artigo 34.o do Decreto-Lei n.o 67/93/M, de 20 de Dezembro, deve satisfazer uma das seguintes condições: 1) Ser natural da Região Administrativa Especial de Macau (R.A.E.M); 2) Ser de nacionalidade portuguesa ou chinesa e ter na R.A.E.M. a sua residência há mais de 1 ano; 3) Residir na R.A.E.M. há, pelo menos, 3 anos.2. O requerente deve, ainda:

a) Ser sócio da Associação Geral de Automóvel de Macau, China (AAMC), e ser portador de todas as licenças legais e indispensáveis para a participação em corridas no exterior, bem como obter a representividade da AAMC;

b) TerterminadoeobtidoclassificaçãooficialnascorridasdoGrandePrémiodeMacau (GPM) realizado no ano de 2014.

3. A atribuição de subsídio em 2015 será limitada à participação em corridas homologadas pela Fédération Internationale de Motocyclisme (FIM) ou pela Fédération Internationale de l’Automobile (FIA), devendo estas competições no exterior ser do mesmo tipo e de nível equivalente ao da efectivamente participada pelo piloto requerente no GPM em 2014 (motos, carros de turismo ou fórmula 3). A atribuição está sujeita aos seguintes padrões de avaliação:

1) ClassificaçãogeralnumadascorridasdoGrandePrémiodeMacaurealizadonoanode 2014 (em comparação com o resultado dos primeiros 3 classificados na mesmacorrida), analisando o nível de competição do requerente nestas corridas;

2) Classificaçãogeraldorequerentenascorridasrealizadasnoexterior(emcomparaçãocomoresultadodosprimeiros3classificadosdamesmacorrida),analisando-seonívelde competição do requerente nestas corridas;

3) Potencialidade de desenvolvimento do requerente no desporto motorizado (incluindo idade, etc.);

4) Importância e popularidade da corrida em que irá participar, analisando-se o nível de competição do requerente em diferentes tipos de corridas, internacionais ou regionais;

5) Efeito promocional e divulgação de Macau.4. A atribuição será calculada com base na percentagem correspondente à participação efectiva

nas corridas declaradas pelo piloto no pedido de atribuição de subsídio no ano de 2014.

II. Documentos a apresentar com o formulário especial para a atribuição de subsídio a pilotos locais participantes nas corridas no exterior: 1) Carta de pedido, indicando obrigatoriamente o valor do subsídio requerido; 2) Plano de actividades (incluíndo a designação, datas, locais e os nos. das corridas no exterior da RAEM e respectivas mangas); 3) Mapa pormenorizado das despesas previstas; 4) Curriculum vitae do requerente; 5) Cópia do B.I.R. do requerente; 6) Cópia do cartão de sócio na Associação Geral de Automóvel de Macau, China; 7) Cópia de todas as licenças legais e indispensáveis para a participação em corridas no exterior da RAEM; 8) Documento comprovativo da obtenção de representatividade da Associação Geral de Automóvel de Macau, China; 9) Prova de participação obrigatória e obtenção de resultados oficiaisdascorridasdo Grande Prémio de Macau no ano de 2014; 10)Provadaclassificaçãofinaleoficialdorequerenteobtidaemcorridasrealizadasno exterior da RAEM no ano de 2014.

III. Qualquer alteração às informações apresentadas deve ser comunicada dentro do prazo de 30 dias a contar da apresentação do pedido de subsídio, com declaração expressa do motivojustificativo,findooqual,salvocomprovadassituaçõesdecancelamentoporparteda organização do evento ou motivos de força maior, o piloto terá necessariamente que concretizar as restantes corridas que no pedido de atribuição de subsídio declarou ter a intenção de participar, para lhe ser reconhecido o direito à sua percepção.

Atribuição dos subsídios em 2015 seja concedida na seguinte forma:• Apósaanálisedopedido,serconcedido50%dosubsídioautorizadosendoosrestantes50% concedidos após a conclusão da participação na corrida declarada (com partidaefectuada) e apresentação do respectivo relatório. (O subsídio será calculado de acordo com a participação efectiva em cada evento)

• Caso se venha a confirmar que a corrida participada não foi a corrida declarada nopedido,osrestantes50%dosubsídionãoserãoatribuídoseomontantejárecebido,deveserreembolsado.

Endereço da Comissão do Grande Prémio de Macau: N.o 207, Av da Amizade, Edif. do Grande Prémio de Macau. Telefone: (853) 87962200 ou 87962204.

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hoje macau segunda-feira 15.12.2014 (F)UTILIDADES 17

TEMPO MUITO NUBLADO MIN 15 MAX 20 HUM 60-90% • EURO 9 .9 BAHT 0 .2 YUAN 1 .2

ACONTECEU HOJE 15 DE DEZEMBRO

O QUE FAZER ESTA SEMANA?

João Corvo fonte da inveja

C I N E M ACineteatro

SALA 1EXODUS: GODS AND KINGS [C]Um filme de: Ridley ScottCom: Christian Bale, Joel Edgerton, Sigourney Weaver14.30, 21.00

EXODUS: GODS AND KINGS [3D] [C]Um filme de: Ridley ScottCom: Christian Bale, Joel Edgerton, Sigourney Weaver18.00

SALA 2THE THEORY OF EVERYTHING [B]Um filme de: James Marsh

Com: Eddie Redmayne, Felicity Jones, Emily Watson, Charlie Cox14.30, 16.45, 19.15, 21.30

SALA 3THE BEST OF ME [B]Um filme de: Michael HoffmanCom: Michelle Monaghan, James Marsden, Luke Bracey14.30, 21.30

BIG HERO 6 [B]Um filme de: Don Hall, Chris Williams16.45, 19.30

THE THEORY OF EVERYTHING

H O J E H Á F I L M E

A certeza é o fim de um caminho, mas os caminhos nunca têm fim.

“HUNGER GAMES”(GARY ROSS, 2012)

O início da saga “Hunger Games” é o retrato de um mundo futurista, onde a sociedade está dividida em 12 Distritos e a capital, sendo inspirado pelos livros de Suzanne Collins. Ao catapultar a actriz Jennifer Lawrence no papel de Katniss Everdeen, a protagonista, a obra mostra, através de belíssimos efeitos especiais e um enredo credível, o fosso económico e de regalias numa sociedade sedenta de regras. Donald Sutherland é Snow, o presidente da cidade e quem preconiza a necessidade dos Jogos da Fome, onde 24 homens e mulheres, escolhidos aleatoriamente através de sorteio, têm que sobreviver até ao final da competição onde resta apenas uma pessoa. O filme tem, claro, interessantes reviravoltas e prometer apaixonar todos os fãs de sci-fi e fantasia. Embora “Hunger Games” vá beber muito à irrealidade e aos efeitos especiais, a moral e a mensagem sociais estão bem presentes naquele que é apenas o primeiro de dois outros já lançados.- Leonor Sá Machado

Nasce Niemeyer, o arquitecto de um mundo feliz• Hoje é dia de lembrar Oscar Niemeyer, arquitecto brasi-leiro que deixa marca na sua arte, pela notável obra que o eterniza. Mas Niemeyer será também recordado como um homem simples, que se dizia feliz por ajudar o próximo. Neste dia, nascem Nero e Eifell e morrem Pero Vaz de Caminha e Walt Disney.Oscar Niemeyer nasceu no Rio de Janeiro, no dia 15 de Dezem-bro de 1907, data que hoje se assinala. Tornou-se célebre pela notável obra que espalhou pelo mundo, sobretudo no Brasil.Porém, mesmo depois do reconhecimento mundial, não colocava a arquitectura no centro da sua vida. Privilegiava a família, os amigos, e preocupava-se por ajudar na construção de um mundo melhor.Dizia que a arquitectura não era a sua profissão, mas um passatempo. Sentia-se feliz por ajudar o próximo. O arquitecto brasileiro morreu a 5 de Dezembro de 2012, no Hospital Samaritano, devido a problemas de desidratação, decorrentes da insuficiência renal de que padecia.Partiu aos 104 anos, a 10 dias de completar o 105.º aniver-sário. Teve uma vida longa, curta de mais para os homens singulares. Está sepultado no Rio de Janeiro, no cemitério São João Baptista. O seu saber permanece perene, em cada edifício que arquitectou.Uma curiosidade histórica junta Niemeyer a outro grande nome das Artes: Walt Disney. Ambos nasceram a 15 de Dezembro, ambos morreram a 5 de Dezembro. É a ciência dos números a juntar nomes imortais.Nasceram neste dia Nero, imperador romano (37), Gustave Eiffel, engenheiro e arquitecto francês que projectou a Torre Eiffel (1832), Antoine Henri Becquerel, físico francês (1852), Josef Hoffmann, arquitecto checo (1870), Oscar Niemeyer, arquitecto brasileiro (1907), António Garcia Barreto, escritor português (1948), e Don Johnson, actor norte-americano (1949).

• Sexta-feira“THE SMURFS” AO VIVO EM PALCO –

“THE SMURFS SAVE SPRING” (ATÉ DIA 21/12)

The Venetian Theatre, 15h45 e 19h45

Preço dos bilhetes: $100 Mop / $200 Mop / $300 Mop

• SábadoDJ D-WAYNE SOBE AO PALCO

(COM REMIXES DE TIËSTO, ENRIQUE

IGLESIAS AND JENNIFER LOPEZ)

Club Cubic, City of Dreams

Entrada a $250 Mop

• DiariamenteEXPOSIÇÃO “BEYOND PIXELS”

DE VICTOR MARREIROS

(ATÉ DIA 31/12)

Signum Living Store,

Rua Almirante Sérgio

Entrada livre

EXPOSIÇÃO PÁSSAROS DE MACAU,

DE JOÃO MONTEIRO (ATÉ DIA 29/12)

Consulado-geral de Portugal em Macau

Entrada livre

EXPOSIÇÃO OBRAS-PRIMAS RUBRAS: PEÇAS DE LACA DO

REINADO DO IMPERADOR QIANLONG – MUSEU DO PALÁCIO

IMPERIAL (ATÉ DIA 08/03)

Museu de Arte de Macau

Entrada livre

EXPOSIÇÃO “REGIÃO OBSCURA” DE HEIDI LAU

Museu de Arte de Macau

Entrada livre

COTAI WINTER

(PISTA DE GELO

E ACTIVIDADES)

Venetian Macau,

todo o dia

Entrada livre

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18 OPINIÃO hoje macau segunda-feira 15.12.2014

T ANTO em Hong Kong como em Macau, há um tipo de res-taurante que oferece ambos os estilos ocidentais e orientais. Aí pode apreciar-se uma gran-de variedade de comida chine-sa e ocidental. Os exemplos típicos de comida chinesa tra-dicional são o arroz chao chao (炒飯) e a massa frita (炒麵). Se

quiserem gozar pratos ocidentais ao mesmo tempo, podem encomendar “borscht” (羅宋湯), bife com alho e molho de pimenta (洋葱汁) ou com molho de cebola (蒜茸黑椒汁). Todos os pratos servidos nestes “restau-rantes ocidentais e orientais” (茶餐廳) não são caros e são ao mesmo tempo deliciosos.

Uma das características mais importantes destes estabelecimentos é a sua eficácia. A co-mida tem de ser preparada o mais brevemente possível e apreciada no mais curto espaço de tempo disponível. Tendo em conta que Hong Kong é um sítio frenético, torna-se neces-sário ser eficaz ou poupar tempo em outras actividades de maneira a deixar mais espaço aberto para o horá rio de trabalho. Assim, o design destes restaurantes obedece a esta exigência. Todos os talheres ou chopsticks são colocados numa gaveta situada debaixo da mesa. A sua distribuição não fica ao cargo dos empregados de mesa mas cai sim sobre a responsabilidade dos próprios clientes.

O “restaurante ocidental ou oriental” é geralmente de dimensões reduzidas. Não é um café propriamente dito pois isso im-plicaria a maioria do seu menu oferecer sempre café, sandes e outros aperitivos. Os cafés propriamente ditos são lugares geralmente mais tranquilos onde se costuma proceder à leitura de jornais e revistas. Mas estes “restaurantes ocidental ou oriental” visam a poupança de tempo, onde tudo se passa muito rapidamente. Estes atributos particulares são reconhecidos pelo Hong Kong Tourism Board (香港旅遊發展局), que os apelida de “E/W (Eastern and Wes-tern) Restaurant”.

Mas nos últimos anos estes atributos têm vindo a mudar. No dia 3 de Dezembro de 2014, o jornal de Hong Kong “Sun” publicou um artigo sobre as novas regras de funcionamento do restaurante “SeaView Congee Shop (海景粥店), em Mongkok, Hong Kong, que passaram a incluir:

1. Devido ao número limitado de lugares e à renda elevada, os clientes estão proibi-dos de observar vídeos.

2. Os clientes estão também proibidos de jogar jogos electrónicos nestas instalações. De acordo com a mesma fonte, e de

acordo com a entrevista concedida por Choi, o responsável da “Sea View Congee Shop”, “o nosso restaurante foi recomendado por

As leis não podem impedir o aumento dos preçose das rendas. Da mesma maneira, as leis não podem estipular o tempo utilizado para as nossas refeições

macau v is to de hong kongDAVID CHAN*[email protected] • http://blog.xuite.net/legalpublications/hkblog

*Professor Associadono Instituto Politécnico de Macau

As regras dos restaurantesocidentais e orientais

algumas revistas de viagens da Tailândia, o que nos trouxe muitos clientes da China, da Malásia e da Tailândia. Recentemente, temos vindo a descobrir clientes que jogam cartas e ou que vêem filmes aqui. Isso faz com que muitas pessoa não tenham lugar para se sentarem. A nossa renda mensal é muito elevada, custando agora 400 mil dólares de Hong Kong”. De modo a garantir que hajam suficientes clientes, as regras acima estipula-das foram implementadas há cinco anos atrás.

Diferentes estabelecimentos adoptam diferentes estratégias. Outro restaurante do

género optou em vez por aplicar os seguintes regulamentos:- 1 dólar de Hong Kong será cobrado por

cada lenço de papel usado- não peça direcções para lugar algumAlém destas regras, uma série de outras fo-ram também implementadas e não é possível definir todas aqui.

As respostas dos clientes a estes novos regulamentos variaram. Alguns responde-ram que “a vossa loja está correcta. Se um cliente precisar de mais de uma hora para acabar o seu almoço, então deve dirigir-se a

um dos restaurantes mais caros em Central em vez de frequentar este tipo de estabele-cimento. Este tipo de restaurante só pode fazer lucro nas horas de almoço e de jantar. Ver vídeos ou jogar jogos de computador faria com que estes restaurantes perdessem muito dinheiro”. “Como um cliente, percebo que passaria mais tempo a jogar este tipo de jogos do que a comer”.

“Este é o resultado de “Land and the Ruling Class in Hong Kong” , (hegemonia imóvel), (地產霸權). Isto causa rendas mais elevadas e leva à redução do tempo disponível para gozar as refeições”.

Outros porém perguntaram “porque é que não posso comer e jogar jogos ao mes-mo tempo? Eu tenho de alimentar a minha galinha electrónica”.

Ou então “o que é que acontece se eu não respeitar estas regras? Mostre-me por favor. Se vocês querem que um cliente se vá embora o mais depressa possível, por favor indiquem o melhor tempo para comer no vosso restaurante”.

Outros clientes ficaram mesmo zangados e partiram pratos e outra loiça enquanto discutiam com a gerência da loja.

Obviamente que não há uma só solução para resolver este problema. Como é que é possível impedir um cliente de ver vídeos ou de jogar jogos electrónicos enquanto goza as suas refeições? O website “digitaltrends” publicou uma solução no dia 17 de Janeiro de 2012. Aí, Brain Perez, um americano residente na Califórnia, desenvolveu um jogo electrónico para impedir responder a chamadas telefónicas ou a mensagens quan-do o seu utilizador se encontra a comer num restaurante. A aplicação chama-se “Called Phone Stack” mas de início foi apelidada de “Don’t ne A Di*k During Meals With Friends”. A maneira de jogar este jogo é muito simples. Quando o utilizador começa o seu almoço ou jantar, deixa o seu telemó-vel na mesa. A primeira pessoa que agarrar no telefone perde o jogo e tem de pagar a refeição aos outros participantes.

Brain disse ao jornal “New York Daily” que a razão que o levou a desenvolver este tipo de aplicação foi o facto de “não querer ser aquela pessoa que vai para a rua conhecer outras pessoas e passa o tempo todo agarrado ao telemóvel”.

A lei pode indicar os procedimentos que devem guiar o nosso comportamento na sociedade. Mas as leis não podem impedir o aumento dos preços e das rendas. Da mesma maneira, as leis não podem estipular o tempo utilizado para as nossas refeições. Talvez esta aplicação chamada “Called Phone Stack” possa impedir pessoas de jogar jogos, ver vídeos ou responder a chamadas durante essas alturas. Se quisermos ter um local e uma duração confortável para gozar a nossa comida, então o preço das rendas deve ser tomado em consideração. Se os “restaurantes ocidental e oriental” conseguirem controlar bem o custo da sua operação, os seus clientes saem beneficiados. Se decidirmos que os assuntos sociais devem ser resolvidos por fórmulas sociais em vez de por leis, vamos poder recuperar a nossa qualidade de vida.

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“Temos em vigor o regime da Função Pública do tempo da Administração portuguesa, quando o objectivo era proteger os funcionários públicos. Mas na sociedade actual,onde se exige eficiência, existe demasiada protecção”TONG NOI TONG• Comentador de assuntossociais e políticos, sobre o Regimeda Função Pública

“Muitos defendiam que deveria haver uma total renovação dos membros, mas eu não esperava mudanças. Não penso que haverão grandes mudanças ao nível da concepção de políticas”LARRY SO• Académico, sobre a nova composição do Conselho Executivo

“O Governo não cumpriu nenhuma das sugestões da ONU”JASON CHAO• Sobre o balanço dos Direitos Humanos na RAEM

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hoje macau segunda-feira 15.12.2014

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L I GUE - S E •PA R T I L H E •V I C I E - S E

POR CARLOS MORAIS JOSÉ

www.hojemacau.

com.mo

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Cecília Lin; Filipa Araújo; Flora Fong (estagiária); Leonor Sá Machado Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Hugo Pinto; José Simões Morais; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros Colunistas Agnes Lam; Arnaldo Gonçalves; Correia Marques; David Chan; Fernando Eloy ; Fernando Vinhais Guedes; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau Pineda; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

DIÁRIO 19DE BORDO

A China e o racismo

“Vamos apenas pedir o sufrágio universal em Macau,mas não temos nada a ver com o movimento Occupy Central

e com o que tem acontecido em Hong Kong.”Bill Chou, vice-presidente da ANM, sobre o protesto agendado para dia 20 | P. 4

UM DOS pontos em que a China persistentemente ataca os Estados Unidos a propósito dos direitos humanos é o ra-cismo. De facto, os EUA são ainda um país dividido entre etnias, nunca tendo constituí-do uma sociedade uniforme ou, se quisermos, pacífica e harmoniosa. Os direitos dos afro-americanos, por exemplo, são ainda espezinhados, um século e meio depois do fim da escravatura, como os acon-tecimentos recentes vieram demonstrar.No entanto, terá o País do Meio de ter cuidado com as pedras que atira não vão elas aterrar sobre o próprio telhado. E para isso convinha fazer uma enor-me campanha de informação no seio do seu povo para expli-car umas verdades científicas que escamoteariam algumas opiniões menos sólidas que são comuns entre os chineses.A verdade é que todos os povos são etnocêntricos (que é uma maneira suave de classificar o racismo) mas é sobretudo nos momentos de afirmação que essas características têm tendência a emergir. Veja-se a Alemanha dos anos 30. Ora, como se sabe, a China atraves-sa um período de afirmação no contexto mundial, recuperan-do o lugar que os seus números obviamente lhe proporcionam. Por outro lado, na falência da ideologia comunista, o gover-no tem compreensivelmente realçado valores nacionalistas como cimento do seu povo. O que é um jogo perigoso.Se quiser dotar-se de uma postura diferente na cena inter-nacional, o governo de Pequim não pode esquecer, apesar do nacionalismo inevitável, o internacionalismo, ou seja, a igualdade fraterna dos povos e a capacidade comum a todos os seres humanos de criar as suas próprias opções.Os homens não são todos iguais, mas as capacidades de um em nada são inferiores às capacidades de outro. Tudo depende do contexto e das necessidades dele decorrentes. Por isso, não pode existir dife-renciação a partir de etnias ou da genética.

OS PAÍSES participantes na Cimeira do Clima, no Perú, decidiram este domingo que todos terão de aprovar medidas para combater o aquecimento global. Entre eles, os países desenvolvidos comprometeram-se a reduzir as emissões e a contribuir com cem mil milhões de dólares de ajuda anual aos países do Sul, até 2020

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cartoonpor Stephff

ABECONOMIA OU NÃO-ABECONOMIA

hoje macau segunda-feira 15.12.2014

O Presidente chinês, Xi Jinping, instou ontem o Japão a reconhecer a sua

responsabilidade na matança na cidade de Nanjing, cometida por tropas nipónicas entre 1937 e 1938 durante a qual mais de 300.000 pessoas foram assas-sinadas, segundo os números chineses.

“A História não aceitará aqueles que negam o massacre de Nanjing”, afirmou Xi Jinping na sua intervenção na cerimónia oficial que assinala o 77.º ani-versário do início do massacre.

Apesar de, desde 1945, Tó-quio já ter pedido perdão em várias ocasiões pelo “sofrimento” provocado pelas suas políticas nos anos 30, a China e a Coreia do Sul não perceberam as pala-vras japonesas como um pedido de desculpas suficientemente completas e sinceras.

Xi Jinping salientou que os “crimes não devem ser esqueci-dos” e recordou que desde o final da Segunda Guerra Mundial, em 1945, os tribunais internacionais culparam o Japão do massacre em Nanjing, uma cidade si-tuada no leste da China e que

Couto penalizado perde título de campeãoAndré Couto perdeu o título de campeão asiático da Audi R8 LMS, depois de ter sido penalizado na prova deste sábado em Abu Dhabi. Couto acabou por ficar em segundo lugar no campeonato.O piloto de Macau foi penalizado em 25 segundos por ter saído de pista durante uma ultrapassagem e, depois, por não ter cedido passagem ao principal rival, Alex Yoong. Na classificação da prova de sábado, André Couto caiu da segunda posição para a nona, depois na penalização. Nesta temporada, Alex Yoong foi o vencedor da competição asiática com 189 pontos, seguido de André Couto com 177.

Teresa Almeida é campeã do mundo de bodyboardA portuguesa Teresa Almeida sagrou-se nesta sexta-feira campeã do mundo de bodyboard, ao vencer a final disputada a quatro nos campeonatos que decorreram no Chile. Na derradeira etapa, a atleta natural do Vimeiro levou a melhor sobre a venezuelana Yuleiner Gonzalez, a francesa Anne Cecile Lacoste e a brasileira Neymara Carvalho para conquistar a medalha de ouro no escalão feminino. Outros portugueses estiveram em destaque na competição, com Madalena Guerra a conquistar a medalha de bronze feminina em sub-18 e Miguel Adão a conseguir um 4.º lugar nos homens na mesma categoria. Um total de 170 atletas de 24 países disputaram o mundial, que se realizou este ano na Playa Cavancha, na estância balnear chilena de Iquique.

Japão Shinzo Abe vence eleições

O partido do primeiro-mi-nistro japonês Shinzo Abe

conseguiu ontem uma larga vi-tória nas eleições legislativas no Japão, onde a escolha se tornou um referendo a favor ou contra a sua política económica.

De acordo com as estimativas da cadeia de televisão pública NHK, o Partido Liberal Demo-crata (PLD, de direita), obteve entre 275 e 306 dos 475 lugares do parlamento, e poderá con-servar os dois terços da câmara baixa com o seu aliado do centro.

Este partido terá conquista-do, por seu turno, entre 31 e 36 lugares de deputados. A vitória da formação de Shinzo Abe não constitui uma surpresa, devido à divisão da oposição. De acordo com a NHK, o Partido Democrata do Japão, (PDJ, centro esquerda), segunda formação do país, não recolheria mais do que entre 61 e 87 lugares, falhando a margem da esperada centena.

O primeiro-ministro tinha reiterado, durante a campanha para as eleições, que a taxa de desemprego tinha baixado e que os salários começaram a aumentar, defendendo que a política económica que liderou deveria continuar. “As ´abe-nomics´ [conjunto de medidas económicas de Abe] são a única via”, disse em várias entrevistas.

Cerca de 150 milhões de japoneses foram ontem chama-dos às urnas para votar, mas a participação foi fraca durante o dia devido às condições atmosfé-ricas difíceis em parte do país.

NANJING XI JINPING DEFENDE QUE TÓQUIO DEVE ASSUMIR MASSACRE

História com memória

“A Histórianão aceitará aqueles quenegam o massacrede Nanjing”XI JINPING Presidente da China

Na cerimónia que assinalou o aniversário daqueleque foi um dos massacres mais atrozes da história da China,Xi Jinping pressionou, uma vez mais, o regime nipónicoa assumir as suas responsabilidades

actualmente tem oito milhões de habitantes.

A ÁRVORE E A FLORESTAApesar de salientar que há ain-da, no Japão, quem se recuse a admitir responsabilidades nas atrocidades japonesas e nos crimes de guerra cometidos, Xi Jinping estendeu também a mão a Tóquio.

“O facto de um punhado de militares ter começado uma guerra não é razão para odiar uma nação”, disse o Presidente chinês

ao salientar que na China “não se assinala o massacre com ódio” e que China e Japão “devem ser países amigos”.

Em 1937 o exército japonês invadiu Nanjing e nas seis sema-nas seguintes os seus soldados incendiaram, sequestraram e violaram milhares de mulheres, matando ainda entre 150.000 a 340.000 pessoas, segundo fontes distintas.

Na cerimónia de ontem, seis representantes da cidade soltaram 3.000 pombas em sinal de paz.

O aniversário do massacre decorre este ano num clima menos tenso entre os dois países depois da reunião, no início de Novembro, entre o Presidente chinês e o primeiro-ministro Shinzo Abe, em Pequim.

Mulher que morre de cancro e poupa bebé comove chinesesO sacrifício de uma apresentadora de televisão chinesa que morreu de cancro depois de ter recusado quimioterapia para poupar o feto que transportava suscitou sexta-feira reacções emotivas de milhões de internautas na China. Qiu Yuanyuan morreu na quarta-feira, aos 26 anos, exactamente 100 dias depois de ter tido o bebé. O 100.º dia de vida de um bebé é tradicionalmente festejado na China. Pouco depois do início da gravidez, foi-lhe diagnosticado um cancro do útero, que recusou tratar através de quimioterapia para preservar a saúde do futuro bebé e o tumor espalhou-se. O seu gesto tocou profundamente os chineses, mais de 10 milhões dos quais reagiram na Sina Weibo, o equivalente na China da rede social de mensagens curtas Twitter. No entanto, muitos dos internautas não se mostram de acordo com a opção tomada por Qiu Yuanyuan.