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PUB Mais tarde ou mais cedo, os novos aterros de Macau estão aí. Con- tudo, o Governo ainda não sabe qual a percentagem de habitação pública a construir nas novas porções de terra conquistadas ao mar. Os deputados acusam o secretário das Obras Públicas e Transportes, Lau Si Io, de adiar políticas urgentes para além do seu mandato, independentemente da recondução no cargo. PÁGINA 2 NOVOS ATERROS Lau Si Io debaixo da mira da AL O Governo mantém a meta de 2016 como o ano da inauguração do Metro Ligeiro na Taipa, mas nada sabe sobre a ligação com a península. Aliás, o Executivo afirma mesmo que os contratos de concepção vão ser alterados. Deputados falam em “confusão” e “dor de cabeça”. PUB Ter para ler PÁGINA 3 AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB JULGAMENTO DE CALDERON O início de um filme cheio de equívocos TENTATIVA DE HOMICÍDIO PÁGINA 6 TRABALHO PARA EX-PRISIONEIROS Oportunidades levam a taxa de integração de 40% REINSERÇÃO SOCIAL PÁGINA 7 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ MOP$10 QUINTA-FEIRA 20 DE FEVEREIRO DE 2014 ANO XIII Nº 3034 hojemacau Linhas incertas O METRO NÃO SABE POR ONDE IR

Hoje Macau 20 FEV 2014 #3034

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Hoje Macau N.º3034 de 20 de Fevereiro de 2014

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Mais tarde ou mais cedo, os novos aterros de Macau estão aí. Con-tudo, o Governo ainda não sabe qual a percentagem de habitação pública a construir nas novas porções de terra conquistadas ao mar. Os deputados acusam o secretário das Obras Públicas e Transportes, Lau Si Io, de adiar políticas urgentes para além do seu mandato, independentemente da recondução no cargo. PÁGINA 2

NOVOS ATERROSLau Si Io debaixo da mira da AL

O Governo mantém a meta de 2016 como o ano da inauguração do Metro Ligeiro na Taipa, mas nada sabe sobre a ligação com a península. Aliás, o Executivo afirma mesmo que os contratos de concepção vão ser alterados. Deputados falam em “confusão” e “dor de cabeça”.

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Ter para ler

PÁGINA 3

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

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JULGAMENTO DE CALDERON

O início de um filme cheio de equívocos

TENTATIVA DE HOMICÍDIO PÁGINA 6

TRABALHO PARA EX-PRISIONEIROS

Oportunidades levam a taxa de integração de 40%

REINSERÇÃO SOCIAL PÁGINA 7

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ MOP$10 Q U I N TA - F E I R A 2 0 D E F E V E R E I R O D E 2 0 1 4 • A N O X I I I • N º 3 0 3 4

hojemacau

Linhas incertasO METRO NÃO SABEPOR ONDE IR

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O AL

CÂNT

ARA

2 hoje macau quinta-feira 20.2.2014

ANDREIA SOFIA [email protected]

E M ano de eleições para o Chefe do Executivo, e com uma possível mudança dos secre-

tários à vista, Lau Si Io, da tutela das Obras Públicas e Transportes, foi ontem acusa-do pelos deputados de “adiar” as políticas da habitação para um novo mandato ou para um possível sucessor. “Vai relegar o problema para o seu sucessor? Não sei se vai ser reconduzido no cargo, mas não deve esperar pela recondução. Isto deve ser feito no seu mandato”, acusou Ng Kuok Cheong, que queria saber mais in-formações sobre os futuros projectos habitacionais dos novos aterros.

Também José Pereira Coutinho lançou uma farpa. “De certeza que o senhor se-cretário vai ser reconduzido

C OUBE a Si Ka Lon protagonizar a segunda parte do debate de ontem, ao interpelar o Executivo sobre a concre-

tização do regime jurídico dos bairros antigos. Contudo, Lau Si Io não conseguiu avançar uma data para colocar de novo a proposta de lei na Assembleia Legislativa (AL). “Nunca disse que pus o problema na gaveta. O reordena-mento abrange uma área muito vasta e não se foca apenas num ponto. Não podemos optar por uma solução paliativa, há uma ordem de prioridades e espero que me compreendam. Estamos a prosseguir os trabalhos de estudo e concepção”, disse o secretário das Obras Públicas e Transportes, que não esqueceu a

necessidade da entrada em vigor das leis de terras, património e planeamento urbanístico.

Lau Si Io lembrou ainda que, até Outubro do ano passado, o Governo gastou 270 milhões de patacas em cerca de 2000 casos de reparação predial de casas antigas. “Vamos envolver a população e os trabalhos vão continuar.”

Do lado dos deputados as reacções foram negativas, tendo exigido um calendário. “A AL concorda com a necessidade de legislar (sobre o assunto), tanto que a proposta de lei foi aprovada na generalidade. Há mais de quatro mil edifícios com mais de 30 anos e não se consegue resolver o problema de raiz. O Governo tem de ter uma atitude mais activa.

Sem uma calendarização o problema só se vai arrastar”, avisou a deputada Kwan Tsui Hang.

Au Kam San deu o exemplo da zona norte do bairro Iao Hon. “As pessoas vivem em péssimas condições de habitabilidade, e a maioria são idosos. O bairro do Iao Hon está cada vez em pior estado de conservação, com falta de higiene.”

Si Ka Lon, o autor da interpelação oral, lembrou que a renovação dos bairros antigos não deve depender apenas dos privados, caso contrário o novo reordenamento “será difícil de concretizar”. - A.S.S.

Habitação pública IH quer acelerar escrituras A deputada Ella Lei levou ontem a plenário a problemática do atraso na assinatura das escrituras das casas públicas, uma vez que, entre a celebração do contrato promessa de compra e venda e a escritura em si chegam a passar oito a dez anos. O Governo garantiu que vai aumentar o número de notários privados para a realização dos trabalhos, uma vez que, até aqui, apenas um notário era responsável pelas escrituras de um só prédio. O deputado Chui Sai Cheong defendeu mesmo uma revisão da lei de habitação económica. “Temos de ser realistas. Se a senhora directora não consegue resolver o problema então apresente ao seu superior, ou até ao Chefe do Executivo, uma proposta de revisão da lei, porque ela causa problemas de operacionalidade.”

Vai relegar o problema para o seu sucessor? Não sei se vai ser reconduzido no cargo, mas não deve esperar pela recondução. Isto deve ser feito no seu mandatoNG KUOK CHEONG Deputado

Em mais uma sessão plenária, o Executivo foi parco em explicações sobre os novos aterros, não tendo ainda a percentagem de casas públicas a construir. Uma nova ronda de consulta pública arranca no quarto trimestre

NOVOS ATERROS DEPUTADOS PEDEM CASAS ALÉM DAS 43 MIL

Lau Si Io acusado de adiar políticas além do mandato

no cargo, porque age a favor dos empresários.”

Lau Si Io ouviu as cri-ticas e poucas novidades levou ao hemiciclo. Ainda não sabe quantas casas é que o Governo vai construir nos novos aterros, por oposição à habitação privada. Sabe apenas que a terceira ronda de consulta pública sobre o assunto arranca no quarto trimestre deste ano. “Temos de fazer uma análise e es-tudos profundos para saber quais as necessidades da po-

pulação. A percentagem (de casas públicas) será melhor definida depois de um pleno debate na sociedade, não se trata apenas de uma questão

BAIRROS ANTIGOS TRIBUNOS EXIGEM CALENDÁRIO PARA LEI

Problema fora da gaveta

técnica. Admito que estamos um pouco atrasados, mas vamos concluir os trabalhos o quanto antes.”

“Para o Governo os tra-

balhos prioritários incidem sobre a habitação. Não pla-neamos só por planear e há outros aspectos que têm de ser tidos em conta no plane-amento, como os transportes ou habitações sociais”, disse ainda.

MAIS CASAS, POR FAVOR O texto que está disponível para consulta pública apre-senta duas soluções: ou serão construídas 33 mil casas, ou 43 mil, sendo que as mesmas serão públicas e também

para o mercado privado. Mas os deputados pedem mudanças no texto. “Tendo em conta as necessidades é que se deve ver o número de habitações a construir e ir além das 43 mil fracções. O Governo não precisa das receitas destes terrenos, devido ao jogo. Porque é que só facilitam os empre-endedores?”, questionou Melinda Chan.

Também Zheng Anting pediu para se ir além das 43 mil casas. “Será que o número pode aumentar? A população está a aumentar de dia para dia e as necessidades devem ser tidas em conta.”

Outro membro do Go-verno garantiu que “não basta definir um número de habitações”. “Estas casas vão ser públicas e privadas e temos que as distinguir. A sua distribuição não será igual (em termos da altura dos edifícios).”

POLÍTICA

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3 políticahoje macau quinta-feira 20.2.2014

A directora dos Serviços de Turismo (DST), Helena de Senna Fernandes, defendeu

ontem no plenário que o panorama de combate ao alojamento ilegal pode passar pela criminalização. “Teremos de ver se vamos aumentar as sanções ou caminhar rumo à criminalização, mas temos de ver qual é a melhor opção e temos de analisar em conjunto com os Ser-viços para os Assuntos de Justiça (DSAJ).” Segundo a lei em vigor, os estabelecimentos que não cumprem

a lei apenas são selados, em acções de parceria com as autoridades po-liciais, e pagam depois uma coima. Segundo dados apresentados aos deputados, já foram realizadas mais de oito mil acções de fiscali-zação, vistas 2027 casas e seladas 468. Há casos em que, depois de fechadas pelas autoridades, as ca-sas voltam a funcionar como uma pensão ilegal. Contudo, Helena de Senna Fernandes garantiu que “as situações de reincidência não são preocupantes”.

Cerca de 36,6% das pensões ilegais encontram-se na zona do Porto Exterior, 28,6% junto ao terminal marítimo, 13% na zona do Dinasty Plaza e apenas 4% na Taipa. Mas os Serviços de Turismo garantem que a solução está con-trolada. “Não estamos a ver uma transferência desses espaços ilegais para outros lugares. As medidas levadas a cabo até aqui resultaram no encerramento de um grande número de estabelecimentos”, disse Helena de Senna Fernandes, que

adiantou que existem cerca de 54 inspectores a trabalhar nas acções de fiscalização.

Contudo, a deputada Angela Leong, autora da interpelação ao Executivo, não se mostrou satisfeita com as explicações e pediu mais medidas de combate. “Quando é desmantelado um estabelecimento ilegal é logo criado outro.” “Este processo é complicado, mas vamos reforçar os trabalhos. Não quere-mos ver o fenómeno a alastrar”, disse a directora da entidade. - A.S.S.

Complexode Seac Pai Van“é uma miséria”O deputado José Pereira Coutinho questionou a tutela de Cheong U, dos Assuntos Sociais e Cultura, sobre os prazos para a concretização dos equipamentos sociais na habitação pública de Seac Pai Van. Coube a membros da equipa de Cheong U responder, uma vez que o secretário não esteve presente. “Temos vindo sempre a articular com os diferentes serviços públicos, e quanto aos autocarros as carreiras já foram reforçadas.” Contudo, os deputados enumeraram os diversos problemas sentidos pelas poucas famílias que já vivem no complexo de habitação pública. Os supermercados são poucos, têm pouca oferta de produtos, e para apanhar um autocarro é necessário uma hora. Foi ainda questionada a construção da escola, bem como a contratação dos respectivos recursos humanos. “Em todo o ano de 2013 não se fez nada para a construção de habitações sociais. De maneira como falam aquilo parece um paraíso, mas não, é uma miséria”, disse Au Kam San.

Manuel Piresem silêncio depoisde nomeaçãopara a TDMQuestionado pelos jornalistas à saída do plenário, o ainda vice-presidente da Direcção dos Serviços de Turismo recusou adiantar mais informações sobre a sua nomeação para a presidência da administração da Teledifusão de Macau (TDM). “No dia 1 de Março começo as minhas funções na TDM e portanto vou-me inteirar dos assuntos e, naturalmente, depois disso, posso comentar melhor. Parece-me pouco correcto, relativamente à minha actual posição e à TDM, estar a pronunciar-me sobre isso. Mas em devido tempo poderemos falar.”

O Governo mantém a meta de 2016 para a inauguração do traçado do Metro Ligeiro na Taipa, mas ainda vai definir como vai ser feita a sua ligação com a península. Lau Si Io não avançou um orçamento global

METRO LIGEIRO LIGAÇÃO ENTRE A TAIPA E PENÍNSULA ESTÁ POR DEFINIR

Contratos de concepçãovão ser mudados

TURISMO CASOS DE REINCIDÊNCIA NÃO SÃO PREOCUPANTES

Defendida criminalização de pensões ilegais

ANDREIA SOFIA [email protected]

“D OR de cabeça”. “Con-fusão”. Foram estas as palavras utilizadas pelos deputados para

falar da construção do Metro Ligei-ro. Kwan Tsui Hang interpelou o governo sobre a aquisição de mais 48 carruagens, orçamentadas em 800 milhões de patacas, e quis também saber como será feita a ligação entre o segmento da Taipa e o de Macau.

Contudo, o Governo ainda não tem uma ideia concreta. “O traçado de Macau está em concepção e o troço da Barra vai sofrer ajustamentos. Neste momento não podemos adiantar mais pormenores sobre o traçado de Macau. Definimos que em 2016 o traçado da Taipa entrará em funcionamento e vamos fazer os possíveis para que esteja liga-do a Macau. Em tempo oportuno vamos anunciar”, disse Lau Si Io, que prometeu mais esclarecimen-tos junto do hemiciclo.

Outro membro do Governo, da equipa do secretário das Obras Públicas e Transportes, garantiu que “há necessidade de ajustar contratos, porque temos novos traçados. Os contratos de con-cepção já celebrados têm de ser

remodelados. A zona da Barra vai ter que sofrer grandes transfor-mações”. “O segmento de Macau tem factores não determinados e no primeiro semestre deste ano temos de fazer uma avaliação técnica. Não sabemos quando pode entrar em funcionamento, porque ainda temos de avaliar o traçado”, acrescentou.

Até meados do ano o Executi-vo promete analisar a implemen-tação de um traçado periférico, a passar por debaixo da ponte Nobre de Carvalho, junto à zona de Sai Van, e que fará ligação com a estação da Barra. “Vai apresentar grandes desafios, porque vai passar debaixo da ponte. Até meados do ano vamos analisar várias opções.”

ORÇAMENTO QUESTIONADOPerante as respostas do Execu-tivo os deputados questionaram o lado operacional de um meio de transporte público que corre o risco de só funcionar, durante um período, na zona da Taipa. “Temos que ter um Metro Li-geiro que funcione, e só com um traçado não funciona”, disse Ng Kuok Cheong.

“Temos de ter em conta a li-gação a pontos essenciais como é o caso das Portas do Cerco, caso contrário a utilidade do Metro Ligeiro será baixa. Devem ser concluídas as ligações à Barra”, disse Ella Lei. Já José Pereira Coutinho perguntou “porque é que o traçado não pode ser definido em simultâneo, entre a Taipa e Macau? O Governo tem que ter a iniciativa de vir cá explicar-se”.

A equipa de Lau Si Io foi ainda questionada com os valores glo-bais do custo do projecto, mas o Governo nada disse. “Não falamos do valor por traçado mas sim por quilómetros. Temos estes dados mas é melhor avançarmos numa próxima fase.” “O Governo tem de fazer uma avaliação mais completa para ver o orçamento, porque está em causa o erário público”, lem-brou Song Pek Kei.

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RITA MARQUES [email protected]

O cartão de segurança ocu-pacional não pode servir de certificação profissio-

nal. A discussão foi levantada pelos assessores da Assembleia Legis-lativa (AL), no seio da comissão que estuda o novo regime jurídico de acreditação nos domínios da construção civil e urbanismo, mas ficou esclarecido que o regime apenas pretende alcançar maior protecção para os trabalhadores da indústria. “Para nós é muito claro. Não tem nada a haver com a aptidão profissional que é exigida para traba-lhar na construção civil. A AL já tem em mãos outra proposta que fala de credenciação profissional. Este regime obriga a que todos os que traba-lham em estaleiros e obras de reparação e

CONSTRUÇÃO CIVIL CARTÃO DE SEGURANÇA OCUPACIONAL NÃO É SINÓNIMO DE CERTIFICAÇÃO PROFISSIONAL

Maior “protecção” para habitações privadas

Aviso

Avisam-se todos os interessados que estão abertos os concursos comuns, de ingresso externo, de prestação de provas, para o preenchimento dos seguintes lugares, como pessoal de contrato de assalariamento da Direcção dos Serviços de Educação e Juventude, de acordo com as condições referidas no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau, n.° 8, II Série, de 19 de Fevereiro de 2014, e cujo prazo de apresentação das candidaturas termina no dia 11 de Março:

Carreira de docente do ensino secundário de nível 1, 1.º escalão:- Área disciplinar: língua portuguesa – um lugar

Carreira de docente dos ensinos infantil e primário de nível 1 (primário), 1.º escalão:- Área do ensino especial – um lugar *

(* Exercer funções na subunidade administrativa.)

Direcção dos Serviços de Educação e Juventude, aos 10 de Fevereiro de 2014.

A DirectoraLeong Lai

manutenção tenham de possuir um cartão de segurança ocupa-cional”, clarificou Kwan Tsui Hang, presidente da 1.ª Comissão Permanente da AL.

Ao Governo compete agora apenas introduzir algumas altera-ções técnicas à proposta de lei. Os deputados estão, por isso, a postos para redigir o parecer do diploma que deverá chegar ao plenário em Março.

Kwan Tsui Hang concluiu que o articulado não apenas ajudará a minimizar os riscos de acidentes da construção civil, mas também dará garantias aos responsáveis de habitações privadas que con-tratem estes serviços. “Quando se trata de obras de reparação ou manutenção em empreendimento privado, o empregador pode correr os seus riscos pelo facto da pessoa não ter esses conhecimentos, por exemplo, na montagem de instala-ções eléctricas. Pode pôr em risco

a segurança da habitação. Por isso, [a exigência de obtenção do cartão] não só protege os trabalhadores, mas as pes-soas que recorrem a este tipo de trabalho”, explica a deputada.

O novo diploma impõe que todos os

trabalhadores em construção civil e urbanismo obte-nham o cartão de

segurança ocupacio-nal – válido por cinco

anos - para poderem trabalhar sem risco de

empregados e patronato terem de pagar multas. Os trabalhadores são punidos no valor de 500 patacas e os empregadores entre 1000 a 7000 patacas por empregado.

O cartão de segurança ocupa-cional é conseguido depois de os trabalhadores fazerem um exame público (acessível online), ao qual estarão mais facilmente aptos a passar aqueles que frequentem um curso de seis horas fornecido

pela Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL).

Segundo últimos dados do organismo, mais de 90 mil traba-lhadores têm um cartão – atribuído, até aqui, por acção voluntária do empregado - que se manterá válido.

A lei entra em vigor 180 dias após publicação. Desta forma, os trabalhadores que ainda não têm cartão possam ter tempo para obtê--lo e estarem aptos a trabalhar.

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hoje macau quinta-feira 20.2.2014 5 política

RITA MARQUES [email protected]

O relatório intercalar de execução orçamental, entre Janeiro e Junho de 2013, foi entregue

à Assembleia Legislativa (AL) antes do fim da última sessão legislativa. Porém, só agora os deputados se vão debruçar sobre as contas apresentadas pelo Governo antes do Verão passado.

O Executivo, para já, também ainda não fez chegar a Nam Van

S E o actual Executivo se mantiver no poder, o pro-cesso de revisão sobre as

licenças de concessão de jogo terá lugar no próximo ano e em 2016. De momento, porém, o Governo ainda não toma qual-quer posição sobre a matéria.

As palavras são de Francis Tam ao Hong Kong Economic Journal. O secretário para a

Fundação Macau atribuiu mais 16,7 milhões do que anunciado Os subsídios atribuídos pela Fundação Macau nos últimos três meses do ano passado foram mais do que os inicialmente apresentados pela instituição. Ontem, um despacho publicado no Boletim Oficial rectificou o montante dos fundos atribuídos, que aumentaram em 16,7 milhões de patacas. A Fundação Macau atribuiu, assim, um total de 129,323,589 patacas e não 112,652,615 patacas, como vinha mencionado na primeira listagem e foi noticiado pelo HM. O despacho não indica, contudo, em que montantes atribuídos é que houve inexactidão dos números apresentados.

GEP recebe fundo permanente de quase 600 milhões de patacasFrancis Tam atribuiu um fundo permanente de 558950 milhões de patacas ao Gabinete de Estudo das Políticas do Governo da RAEM, a pedido do próprio organismo. O montante será gerido por uma comissão administrativa a que preside o coordenador do gabinete, Lao Pun Lap. O fundo, publicado ontem, retroage a 1 de Janeiro deste ano.

FINANÇAS PÚBLICAS COMISSÃO VAI ANALISAR RELATÓRIO DO PRIMEIRO SEMESTRE DO ANO PASSADO

Fiscalização de obras está um passo atrás

LICENÇAS DE JOGO FRANCIS TAM FALA NUMA “REVISÃO ESTRATÉGICA” NA ECONOMIA

Governo tarda em ter uma posição

Está atrasada a fiscalização sobreas contas das obras públicas referentes ao ano passado. A demora na discussão sobre o relatório intercalar de execução orçamental, entre Janeiro a Junho de 2013, entregue pelo Governo antes do Verão passado é justificada pela interferênciadas eleições

A ordem dos trabalhos será definida na próxima semana, an-tes do Executivo ser chamado a pronunciar-se caso a caso. “A 27 de Fevereiro, vamos reunir-nos para ver quais os assuntos que vamos acompanhar, nomeada-mente, problemas decorrentes de desperdícios do erário público e despesas não adequadas. Temos que determinar os assuntos tendo em conta a sua urgência”, revela o deputado.

“Temos de ver como definir a calendarização, definir uma ordem e depois marcar as reuniões com o Governo para discutir as despesas de cada uma das obras públicas.”

Questionado sobre a fiscaliza-ção das obras do Metro Ligeiro e do campus da Ilha da Montanha, dois empreendimentos de grande envergadura, Mak Soi Kun disse que não seriam excluídos como parte do “domínio público” até porque os “assuntos que mais preocupam a população” serão alvo de maior atenção.

O encontro dos deputados com Francis Tam está previsto para finais de Março.

dados mais actualizados. “Quando o secretário [para a Economia e Finanças] Francis Tam apresentar o relatório de execução para 2013 haveremos de acompanhar o assun-to, agora temos um trabalho não concluído para finalizar.[...] Como foi entregue no ano passado, antes das eleições, não tivemos tempo de desenvolver o nosso trabalho de análise”, explica Mak Soi Kun, presidente Comissão de Acom-panhamento para os Assuntos de Finanças Públicas, que se reuniu ontem de manhã.

Economia e Finanças revela que o “processo está não ape-nas relacionado com a renova-ção das licenças, mas com uma revisão estratégica importante inerente ao desenvolvimento geral da economia de Macau”. No entanto, Tam salvaguarda que a “calendarização terá de ser decidida pelo próximo Governo”.

De momento, revela o responsável, nenhuma das seis operadoras apresentou qualquer opinião sobre o futuro modelo de renovação das licenças nem tampouco o Governo Central.

O governante disse ainda que a Administração mantém uma atitude aberta para recolha de opiniões e espera definir

uma matéria de revisão que seja aceite pelos diferentes sec-tores da sociedade. Recorde-se que o prazo das actuais licen-ças de concessão termina em 2020 e 2022.

À mesma publicação, Francis Tam disse ainda que não ver necessidade de au-mentar as licenças de jogo. E, por outro lado, a meta de 3% de crescimento médio anual do número de mesas, em dez anos, não será alterada. Esta é a resposta às críticas das as-sociações dos trabalhadores do sector, mas Tam assegura que não se prevê a abertura de novos empreendimentos pelo que o aumento será, de certeza, inferior a esta meta.

A SJM só poderá colocar mesas de jogo no Jockey Club se as for buscar a casinos da sua cadeia já em operações. Esta é resposta de Francis Tam ao pedido da operadora de jogo. Sobre a contratação de croupiers, o responsável reafirma que o emprego continuará exclusivo a resi-dentes. - R.M.R.

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6 hoje macau quinta-feira 20.2.2014SOCIEDADEJOANA [email protected]

D ÚVIDAS e mais dúvi-das. Começou ontem o julgamento que tem Arturo Chiang Calderon

como um dos arguidos, mais de um ano depois da detenção daquele que era conhecido por ser o braço direito de Pan Nga Koi ter sido detido, em Novembro de 2012. O caso está relacionado com uma ale-gada tentativa de homicídio, onde Chiang – que se senta no banco dos réus com mais três arguidos – é visto como tendo sido quem organizou o plano. O Ministério Público acusa os arguidos de ten-tativa de homicídio em co-autoria, acolhimento de emigrante ilegal e posse de armas proibidas.

A primeira sessão do julga-mento, contudo, ficou marcada por muitas dúvidas, surgidas após o depoimento de duas testemunhas e a audição de sete gravações de escutas telefónicas. Nas conver-sas por telefone entre os quatro arguidos é utilizada linguagem em código, como “vender a casa”, “obras de remodelação” e “mestre de obras / operários”. A Polícia Judiciária assegura que as expressões se referem à mulher do primeiro arguido – Lam Peng Chi, intermediário de jogo que terá contratado Calderon para assassinar a esposa – , “à ordem de matança” e ao profissional do interior da China que foi contratado para cometer o crime. Este é Chong Kit, quarto arguido no processo, que estava em Macau ilegalmente, alegadamente a mando de Calde-ron. A defesa, contudo, apresentou outras hipóteses para descodificar as mensagens.

Álvaro Rodrigues, defensor de Lam Peng Chi em conjunto com Icília Berenguel, colocou em causa a versão da PJ e fê-lo perante Lam Man Wai, agente da polícia que deu início à investigação e que ontem foi a segunda testemunha a ser ouvida. “Como é que tem tanta certeza que a “casa” [alvo] era a mulher? A defesa, por exemplo, tem outra suspeita: a de que o alvo poderia ser o “cão” [amante], como lhe chamam nas escutas, e que a ofendida era a isca para apanhá-lo. Posso tirar a minha conclusão assim.” Lam Man Wai admitiu respeitar a conclusão da defesa, ainda que não tenha retira-do a sua convicção. Ainda assim, a PJ admitiu que, no início, essa hipótese não foi colocada de lado. “Admitimos que o alvo podia ser o amante ou ambos”, disse Lam Man Wai, até que decidiram ficar--se apenas pela mulher com base nas escutas telefónicas.

VERSÕES DIFERENTESO advogado, no entanto, não se ficou por aqui e apresentou ainda outra tese perante o agente da PJ: para a bancada da defesa,

TENTATIVA DE HOMICÍDIO COMEÇOU ONTEMO JULGAMENTO DE ARTURO CHIANG CALDERON

Enredo digno de filme

Chong Kit tinha consigo uma chave de fendas, que a polícia diz que seria a arma do crime para matar a mulher de Lam

Começou o julgamento do ex-investigador da PJ, Arturo Calderon, e de outros três homens detidos em 2012 por, alegadamente, estarem a planear o assassinato de uma mulher. As dúvidas encheram a primeira audiência de julgamento, com a defesa a pôr em causa a acusação de tentativa de homicídio, algo que a PJ nunca mencionou, mas que ficou como peça central na acusação do MP

é difícil compreender porque é que a acusação fala em tentativa de homicídio, uma vez que “em nenhuma conversa” se falou em matar ou ordem para matar alguém. O agente da PJ admitiu nunca ter ouvido ninguém falar sobre um possível homicídio, mas negou a hipótese apresentada por Álvaro Rodrigues, de que, se houve um plano organizado entre os arguidos, poderia ser apenas com a intenção de assustar a mulher. “Se fosse uma mera ameaça, porque é que teriam de contratar alguém do interior da China para isso?”, contestou Lam Man Wai. “Não se pode interpretar códigos desta forma e imputar um

crime tão grave a pessoas”, atirou a defesa.

A acusação do MP conclui que foi uma tentativa de homicídio que se deu devido a um conflito extra-conjugal, mas o relatório da PJ admite apenas que pode ter sido uma tentativa de “ofensa grave à integridade física”, não falando em assassinato. Na altura dos factos, entre Outubro e Novembro de 2012, as autoridades já tinham começado a investigar o caso, devido a uma denúncia anónima. A carta enviada à polícia não men-cionava nomes de eventuais alvos, nem falava em possível homicídio. “Estava escrito que era uma ofensa

muito grave, uma agressão.” A carta mencionava apenas o nome de Fong Tin Wo, terceiro arguido.

A PJ começou então vigi-lâncias, perseguições e escutas

telefónicas ao telefone de Fong, através do qual percebeu a ligação aos outros três réus. Os agentes dizem ter visto Fong e Chon Kit a vigiar o Galaxy, onde trabalhava a mulher, mais do que uma vez e conseguiram ouvir um telefonema entre Fong e Calderon, onde este mencionava que “o trabalho das obras de reparação era para fazer rápido” e incentivava Chong Kit a vir da China para Macau de lancha. “Ou seja, de forma ilegal”, atirou o agente da PJ, fazendo notar que o arguido estava impedido de entrar no território.

No dia escolhido para o ataque, a polícia viu Chong Kit a passar cara-a-cara frente à esposa de Lam, indo depois atrás dela. O agente ontem ouvido diz que Chong atra-vessou a rua, quando a mulher o fez e foi aí que a polícia interveio, detendo o quarto arguido. Chong Kit tinha consigo uma chave de fendas, que a polícia diz que seria a arma do crime para matar a mu-lher de Lam.

OFENDIDA E TESTEMUNHA CONFUSAA primeira testemunha a ser ouvida foi a esposa do primeiro arguido, também tida como a ofendida no caso. As declarações da mulher foram vistas como tendo algumas discrepâncias, tanto pela defesa, como pelo tribunal. A testemunha começou por dizer, por exemplo, que sempre quis o divórcio, mas que Lam nunca o quis dar, quando Teresa Silva Teixeira, advogada de Fong e Chong, explicou que houve uma acção de divórcio em tribunal, interposta pelo próprio arguido, ainda que por iniciativa dela. Ambos desistiram do processo de divórcio. A testemunha disse ainda que nunca tinha tido um amante, tendo depois desmentido, e que dois apartamentos do casal foram comprados com o dinheiro dela, ainda que tenha ficado provado que estavam no nome do primeiro arguido.

Apesar de a defesa ter apostado em descredibilizar a testemunha, a mulher disse perante o tribunal que conhecia Arturo Calderon, que os dois homens eram “manos” e que era assim que se tratavam por serem de uma seita. A mulher ainda fez queixas à polícia por agressões da parte do marido. “Ele chegou a dizer que eu ia encontrar perigo quando chegasse ou saísse do tra-balho e disse que conhecia pessoas para ajudá-lo a magoar-me.”

À questão da defesa sobre porque é que não fez queixa à polícia se temia tanto pela vida, a testemunha disse apenas que “achou que a situação era grave mas não quis ir à polícia.” A mu-lher desistiu também de queixas anteriores. Na audiência de ontem ficou ainda a saber-se que a defesa tem como suas testemunhas o pai, a irmã e o cunhado da ofendida, que vão depor contra ela e a favor do primeiro arguido.

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7 sociedadehoje macau quinta-feira 20.2.2014

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CECÍLIA L [email protected]

D ESDE 2006, 176 ex--reclusos foram recru-tados pelo Departa-mento de Reinserção

Social (DSR) da Direcção dos Serviços de Assuntos de Justiça (DSAJ), através de um programa de incentivo ao emprego. No mesmo período, saíram da prisão 421 indivíduos, o que leva a con-cluir que a taxa de integração no mercado de trabalho ultrapassa os 40%, segundo dados cedidos à TDM. Contudo, ainda há quem

A Associação de Pro-tecção aos Animais Abandonados de

Macau (APAAM) não aceita os discursos dos deputados que serviram de justificação ao chumbo do projecto de lei de protecção dos animais. Por essa razão, a associação já se encontra a preparar duas manifestações, em Ju-lho e Dezembro, para exigir uma legislação. A ideia é também proibir a criação de cães nas obras porque a maioria servirá como refei-ção para os trabalhadores.

A vice-presidente da APAAM, Josephine Lau,

REINSERÇÃO SOCIAL PROGRAMA DE INCENTIVO AO EMPREGO RECRUTOU 176 EX-PRISIONEIROS

Depois da prisão, o regresso ao trabalho

diga que se sentiu “confuso” na vida depois da prisão.

Ruth, ex-prisioneira, explicou que, antes de sair da prisão, as autoridades não lhes providenciam aconselhamento. “Quando saí do estabelecimento prisional, não sabia o próximo passo a dar na minha vida”, conta à TDM.

No seu entender, a sociedade ainda não está preparada para acei-tar os ex-reclusos, por isso, muitos dos seus companheiros na prisão podem apenas pedir ajuda económi-ca do Governo para sobreviver, ou ainda pior, fazem o que faziam antes de entrar na prisão. “Muitas pessoas

A taxa de integração dos ex-prisioneiros no mercado de trabalho é de 40%. Os dados colectados pelo Departamento de Reinserção Social, desde 2006, mostram que hoje há apenas 30 empresas participantes

olham para nós com preconceitos, não nos aceitam como empregados. E há ex-reclusos que não são acei-tes pelos familiares. Estas pessoas, normalmente voltam a meter-se em maus caminhos, por exemplo, nas teias do tráfico ou no consumo da droga”, explica Ruth, condenada a uma pena de prisão de quatro anos por um crime relacionado com o comércio, que acabou por sair mais cedo por bom comportamento. A ex-condenada não teve dificuldades em encontrar um emprego porque detinha uma loja antes de entrar na prisão, mas o mesmo não aconteceu com outros reclusos.

Neste programa de incentivo ao emprego e à reinserção social, a DSAJ coopera não apenas com o Estabelecimento Prisional de Macau (EPM) como também com empresas privadas.

EMPREGADOSDE MESA E PORTEIROSSegundo a DRS, 56 empresas participaram neste programa, mas algumas já fecharam ou viraram-se

para outras áreas ou indústrias. Por isso, agora, apenas pouco mais de 30 empresas estão a cooperar com o Governo. Os cargos oferecidos são para empregados da mesa e porteiros, ou seja, empregados com menos qualificações.

No entanto, segundo Ruth, os empregadores normalmente não vão questionar os reclusos sobre as suas habilidades. Além disso, em certos casos, os patrões não estão para aguardar pelo fim do trabalho social a cumprir em regime de li-berdade, decretado pelo tribunal. “O tribunal também pode entender, em período de liberdade condicional, que a pessoa não tem capacidade ou não está apta a ganhar dinheiro durante esse ano”, refere.

A responsável do departamento, Tang Lai Peng, contou à TDM que

falou com alguns empregadores, que lhe dizem que não se im-portam com o passado dos cri-minosos, mas dão atenção à sua

capacidade do trabalho. “Se tiver capacidade e conseguir suportar o

trabalho, pode igualmente ser pro-movido no cargo”, sublinhou Tang. “Normalmente apenas os emprega-dores sabem que o empregado é um ex-recluso, os outros trabalhadores não sabem. Os patrões evitam que se saiba”, revelou.

Segundo Tang Lai Peng, as operadoras de jogo têm os requisitos mais apertados para o comportamen-to criminal dos empregados, por isso, os ex-reclusos ainda não podem trabalhar nos casinos logo depois de sair da prisão. Mas depois de um período, o registo de comportamento criminal pode ser limpo. Nesse caso, poderão candidatar-se a um emprego no sector do jogo. A responsável re-velou ainda que, este ano, o trabalho mais importante em mãos é apoiar as famílias dos ex-reclusos.

PROTECÇÃO ANIMAL APAAM NÃO ESTÁ SATISFEITA COM DISCURSOS DOS DEPUTADOS

Manifestações na calhadisse à imprensa chinesa que está desapontada com o facto de os deputados terem chumbado uma intenção legislativa pela segunda vez, embora tenham existido mais votos a favor. Ainda que a proposta não seja ideal, indica Lau, pode ser revista no futuro.

Josephine mencionou, em particular, o discurso do deputado Vítor Cheung, que disse que o Governo deveria cuidar primeiro dos grupos vulneráveis, só depois discutir o projecto da lei dos animais. “Os grupos vulneráveis são importan-

tes, mas a lei da protecção animal é outra questão. Não há relação entre os dois as-suntos”, frisa Lau, deixando duras críticas ao deputado. “Apenas quando melhorar a economia, quando houver excesso de caridade é que pensa estudar o projecto de lei da protecção dos ani-mais”, ironiza.

A vice-presidente da associação considera que todos têm o seu ponto de vista sobre a economia de Macau, por isso, não há razão para deixar os animais serem alvo de abusos que os levam até à morte.

Lau explicou que a exis-tência dos animais abando-nados é fruto da irresponsa-bilidade do ser humano. “Por exemplo, os cães das obras são sempre abandonados depois de terminarem as obras. O pior é que, às vezes, eles vão servir de refeições aos trabalhadores, por isso, é necessário criar um regula-mento para proibir a criação dos cães nas obras.” - C.L.

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8 hoje macau quinta-feira 20.2.2014CHINA

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ANÚNCIOHM-2ª vez 20-2-14

Processo Sumário de Execução nº (LB1-07-0009-LCT-B) Juízo Laboral

Exequente: Fundo de Segurança Social do Governo da RAEM, com sede na Rua Eduardo Marques, n.ºs 2 a 6, em Macau.Executada: Companhia de Serviços de Segurança e Administração Sanlek, Limitada, nº de Registo Comercial:4066(SO), com sede na Rua do Dr. Pedro José Lobo, n.ºs 34-36, Edifício “Associação Industrial de Macau, 12º andar, em Macau. Faz-se saber que nos autos acima indicados são citados os credores desconhecidos da executada para, no prazo de TRINTA E CINCO DIAS, ou seja, quinze dias que começa a correr depois de finda a dilação de vinte dias, contada da data da segunda e última publicação do anúncio, reclamar, nos termos do art. 758º do Código de Processo Civil, o pagamento dos seus créditos pelo produto das seguintes contas bancárias penhoradas:

Depósito bancário penhorado pertencente àCompanhia de Serviços de Segurança e Administração Sanlek,

LimitadaInstituições de crédito de Macau Moeda Montante

Banco Industrial e Comercial da China (Macau), S.A.

MOP $92,000

Banco Tai Fung, S.A. MOP $92,000

Aos 18 de Dezembro de 2013.

A China rejeitou as “críticas não razoáveis” ex-postas num novo

relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre os abusos dos direi-

Dois altos dirigentes chineses alvode investigação por corrupçãoO vice-presidente da Conferência Consultiva Política da província central chinesa de Shaanxi, Zhu Zuoli, está a ser investigado pelo órgão anti-corrupção do Partido Comunista, revelou a agência Xinhua. Num breve comunicado da Comissão Central de Inspecção e Disciplina, Zhu Zuoli, 59 anos, ocupava o cargo desde Janeiro e está a ser investigado por “graves violações disciplinares”, a norma utilizada para referir investigações por corrupção no seio do poder chinês. Zhu Zuoli é o 20.º elemento da liderança chinesa objecto de investigações na luta contra a corrupção no país desde a mudança de líderes em Novembro de 2012, quando o novo secretário-geral do partido e actual Presidente da China, Xi Jinping, prometeu uma luta sem tréguas à corrupção no país. Também por “graves violações” à disciplina partidária está a ser investigado o vice-governador da província de Hainão, Ji Wenlin, relatou ontem o diário de língua inglesa que se publica em Hong Kong, South China Morning Post.

Pós-graduado é condenado à mortepor envenenar companheiro de quartoUm estudante pós-graduado de medicina de uma prestigiada universidade de Xangai foi condenado à pena de morte esta terça-feira após ter sido declarado culpado de assassinar o seu companheiro de quarto com veneno d em Abril do ano passado. O 2.º Tribunal Popular Intermediário de Xangai condenou Lin Senhao, pós-graduado da Universidade Fudan, de homicídio intencional no seu primeiro veredicto. Lin usou N-Nitrosodimethylamine, um composto químico fatal que tirou do laboratório da universidade, para contaminar um filtro de água no seu dormitório no dia 31 de Março. O seu companheiro de quarto Huang Yang bebeu a água do filtro no dia 1 de Abril e morreu de falência múltipla dos órgãos dias depois, apesar dos esforços médicos.

O maior consumidor mundial de ouroA China tornou-se em 2013 e pela primeira vez o maior mercado de ouro, indica um relatório do World Gold Council (WGC) citado ontem pela agência noticiosa oficial chinesa Xinhua. A procura de ouro na China atingiu o ano passado o montante recorde de 1.066 toneladas, um aumento de 32% em relação a 2012, enquanto no conjunto do mundo caiu 15%, para 3.756 toneladas, diz o relatório. As jóias, no entanto, registaram o maior aumento desde 1997, representando 2.209 toneladas, mais 17% do que em 2012. “A China deverá continuar nesta via de crescimento e muito provavelmente ainda será o maior mercado do mundo no final deste ano”, disse um responsável da World Gold Council, organização com sede em Londres.

Acreditamos que politizar as questões dos direitos humanos não propicia a melhoria dos direitos humanos num país. Acreditamos que levar as questões de direitos humanos ao Tribunal Penal Internacional não é útil para melhorar a situação HUA CHUNYING Porta-voz da chancelaria chinesa

ONU PEQUIM REJEITA CRÍTICAS À COREIA DO NORTE, MAS EVITA CITAR VETO

Contra politizaçãodos direitos humanos

tos humanos na Coreia do Norte, mas não esclareceu se vetará qualquer tentativa de punição a Pyongyang por parte do Conselho de Segurança.

Os chefes de segurança

da Coreia do Norte e pos-sivelmente até o dirigente máximo Kim Jong-un po-dem enfrentar processos judiciais internacionais por ordenarem o uso sistemático de tortura, fome e assassina-tos, em grau comparável às atrocidades nazis, disseram os investigadores de direitos humanos na segunda-feira.

A inédita repreensão pública a um chefe de Es-tado num inquérito da ONU deve isolar ainda mais Kim, complicando possivelmente

os esforços para o convencer a moderar a retórica belige-rante e a abandonar o pro-grama de armas nucleares.

Os investigadores disse-ram também que a China, principal aliada da Coreia do Norte, pode estar “ a auxiliar estes crimes contra a humanidade” ao devol-ver migrantes e desertores à Coreia do Norte, onde estes podem sofrer várias formas de tortura e até ser executados.

Pequim respondeu com irritação a estas acusações. “É claro que não podemos aceitar estas críticas que não são razoáveis’, disse Hua Chunying, porta-voz da chancelaria chinesa, aos jornalistas na terça-feira.

“Acreditamos que politi-zar as questões dos direitos humanos não propicia a me-lhoria dos direitos humanos num país. Acreditamos que levar as questões de direitos humanos ao Tribunal Penal Internacional não é útil para melhorar a situação.”

Hua não quis revelar se a China usaria o seu poder de veto caso o relatório seja levado ao Conselho de Se-gurança. Alguns diplomatas dizem que provavelmente Pequim impediria qualquer medida.

A porta-voz também não quis comentar o facto de a China ter impedido o acesso de investigadores da ONU à fronteira com a Coreia do Norte, cruzada ilegalmente por muitos norte-coreanos. Limitou-se a dizer que Pe-quim não vê estas pessoas como refugiadas, e sim

como “migrantes norte--coreanos ilegais”.

Segundo Hua, a China trata estas pessoas “de acordo com as leis inter-nacionais e domésticas e

em consonância com os princípios humanitários”. Pequim não quis declarar as estimativas sobre quantos norte-coreanos já entraram ilegalmente na China.

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9 chinahoje macau quinta-feira 20.2.2014

REGIÃO

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O Presidente chinês, Xi Jinping, disse que a China “respeita o sistema social e estilo de vida de

Taiwan” e “está disposta a partilhar as oportunidades de desenvolvimento do continente com os compatriotas” da ilha. “Compreendemos plenamente o que os compatriotas de Taiwan sentem”, disse Xi Jinping num en-contro com o antigo vice-Presidente de Taiwan e presidente honorário do Partido Nacionalista (Koumintang), Lian Chan, na terça-feira, em Pequim.

“A afectividade familiar ajudará a sarar feridas passadas e a sinceridade ajudará a resolver os problemas exis-tentes. Pertencemos à mesma nação, e isso não mudou nem nunca mudará”, acrescentou.

Taiwan e a República Popular da China estão separadas desde o final da guerra civil no continente chinês, ga-nha pelo Partido Comunista, em 1949.

Desde então, as duas partes vive-ram quase sempre em estado de tensão e só em 2008 foram restauradas as ligações directas.

Xi Jinping reconheceu que, “por razões históricas e práticas, alguns problemas não podem ser resolvidos imediatamente”, mas mostrou-se

O governo chinês anun-ciou a abertura de 25

novos postos que permitem aos pais abandonarem com segurança os filhos inde-sejados.

Segundo a BBC, que cita a agência de notícias estatal Xinhua, as críticas a esta medida são inúmeras, uma vez que estes postos são vistos como uma forma

de encorajar o abandono de recém-nascidos, uma vez que garante o anonimato.

No passado, a política de filho único foi considerada culpada pelo alto número de meninas abandonadas pelos pais, pois dava-se preferência aos filhos do sexo masculi-no. No entanto, segundo as autoridades, os bebés que são abandonados são tanto

do sexo masculino quanto feminino. Estes novos locais incluem uma incubadora e um sistema de alarme criados para aumentar as hipóteses de sobrevivência dos bebés. Os pais devem então colocar o bebé na incubadora e pres-sionar o botão de alarme. Dez minutos depois, chega um funcionário para recolher o bebé.

Um dos postos criado em Guangzhou recebeu, só nas primeiras duas se-manas de funcionamento, 79 bebés.

Tailândia Autoridades elevampara cinco os mortos em confrontos

AS autoridades tailandesas revelaram ontem o aumento para cinco do número de mortos nos confrontos entre

polícia e manifestantes antigovernamentais registados terça--feira em Banguecoque. Um polícia e um manifestante de 52 anos morreram devido a ferimentos de tiro, e outros três civis morreram devido a causas ainda não apuradas. Além das vítimas mortais, as autoridades contabilizaram cerca de 70 pessoas feridas, entre as quais vários agentes, dezenas de manifestantes e dois jornalistas estrangeiros. Os confron-tos, em que foram registados disparos e a explosão de uma granada, aconteceram quando a polícia tentou dispersar um dos acampamentos dos manifestantes e deteve um dos seus líderes, Somkiat Pongpaibul, que, mais tarde, seria libertado. A polícia iniciou terça-feira uma operação contra os vários acampamentos que os manifestantes levantaram desde 13 de Dezembro do ano passado ocupando várias avenidas e edifícios governamentais em Banguecoque.

Índia Estado de Tamil Nadu pode libertar assassinos de Rajiv Gandhi

O estado indiano Tamil Nadu aprovou a libertação dos sete condenados pelo homicídio do antigo primeiro-

-ministro indiano Rajiv Gandhi, decisão que tem de ser ratificada pelo Executivo central, revelou o Governo na sua página da Internet. O Governo do estado onde foi cometido o crime em 1991 tomou a decisão um dia depois do Supremo Tribunal comutar a pena de três dos condenados para prisão perpétua e deixou nas mãos do executivo local um possí-vel indulto. O estado apresentou a resolução ao Governo central, como estabelece o código penal, para aprovação final da libertação dos assassinos de Rajiv Gandhi que era o chefe do partido do Congresso, hoje no poder, e marido da actual líder dessa formação política, Sonia Gandhi. O Governo central tem agora três dias para responder o que, a não acontecer, os presos serão libertados.

A afectividade familiar ajudará a sarar feridas passadas e a sinceridade ajudará a resolver os problemas existentes. Pertencemos à mesma nação, e isso não mudou nem nunca mudaráXI JINPING Presidente da República Popular da China

China cria novos postos para abandono de bebés

XI JINPING PEQUIM “RESPEITA SISTEMA SOCIAL E ESTILO DE VIDA DE TAIWAN”

Sarar as feridas

confiante na abertura de “consultas políticas”. “Acredito que as pessoas dos dois lados do Estreito de Taiwan têm a sabedoria suficiente para en-contrar uma solução”, disse.

Xi Jinping é também secretário--geral do Partido Comunista Chinês e foi nessa qualidade que se encontrou com Lian Chan.

Taiwan, a ilha onde se refugiou o antigo Governo chinês e que continua a assumir-se como representante da República da China (sem o adjectivo popular), é vista por Pequim como

uma província e não uma entidade política soberana.

Ma Ying-jeou, o actual Presiden-te da ilha e líder do Koumintang, é sempre referido na imprensa oficial chinesa como “líder de Taiwan” e não como Presidente da República.

O Governo da República Popular defende a “reunificação pacífica”, segundo a mesma fórmula adoptada para Hong Kong e Macau (“um país, dois sistemas”), mas ameaça “usar a força” se Taiwan declarar a inde-pendência.

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10 hoje macau quinta-feira 20.2.2014EVENTOS

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REGRAS DA TRAIÇÃO • Christopher ReichEm 1980, um B-52 norte-americano despenha-se numas montanhas na fronteira entre o Paquistão e o Afeganistão. Quase trinta anos mais tarde, e percorrendo lugares por todo o mundo, uma verdade terrível será revelada. Jonathan Ransom regressa na qualidade de médico engenhoso que se vê lançado num mundo obscuro de agentes duplos e triplos onde não se pode confiar em absolutamente ninguém. Um romance magistral que faz jus à reputação de Christopher Reich de ser um dos mais admirados escritores de thrillers de espionagem da atualidade.

BAR FLAUBERT • Alexis StamatisYannis Loukas é um jornalista freelancer, filho de um prestigiado escritor, que aceita ajudar o pai a compilar uma autobiografia. Esquadrinhando o arquivo pessoal da família, Yannis descobre um misterioso manuscrito intitulado Bar Flaubert, cuja publicação o pai tinha recusado alguns anos antes. Ao lê-lo, a sensação de que alguém transpôs para o papel os seus sentimentos mais íntimos e secretos leva Yannis a querer encontrar o autor, um homem chamado Loukas Matthaiou. Mas quem é de facto esse homem e por que razão todos os que com ele se cruzaram parecem de alguma forma ter sido marcados pela sua personalidade carismática? Seguindo as pistas que Matthaiou foi deixando ao longo do seu livro, a vida de Yannis irá sofrer uma reviravolta imprevisível, numa demanda que cruza as fronteiras da ficção com a realidade.

O músico Fernando Tor-do já tinha anunciado que ia deixar o país no dia 18, com destino ao

Brasil onde pretende continuar a trabalhar na área musical.

Fernando Tordo, de 65 anos, tinha anunciado, no mês passado, em entrevista à TVI, a sua intenção de sair de Portugal, mas publicou no seu Facebook a confirmação da partida: “Regressei há dias do Brasil, para onde agora vou viver e trabalhar. Uma coisa não vai sem a outra, a vida aqui no meu País, ao fim de 50 anos de profissão tornou-se impossível, sem trabalho. Mas vou sem amargura, sem tristeza.”

No Facebook, o cantor e compo-sitor queixa-se da falta de trabalho: “Sou o primeiro a entender que meio século de actividade e exposição pública são coisas que saturam o

A S autoridades cubanas digitalizaram dois mil do-cumentos do escritor norte-

-americano Ernest Hemingway, que passam a estar disponíveis aos investigadores, através da Biblio-teca e Museu Presidenciais John F. Kennedy, em Boston.

Entre os documentos agora disponibilizados, e que irão inte-grar a Colecção Ernest Hemin-gway - http://www.jfklibrary.org/Research/The-Ernest-Hemingway -Collection.aspx -, encontra-se o te-legrama em que a Academia Sueca comunicou ao escritor ter ganhado o Nobel de Literatura.

Os documentos encontram-se no arquivo do Museu da Finca da Vigia, nos arredores de Havana, na antiga casa do escritor, e são relativos ao período de 1940 a 1950, tendo sido digitalizados e enviados para a John F. Kennedy Presidential Library and Museum, em Boston, no Estado de Massachusetts, noti-cia a Agência France Presse (AFP).

O escritor norte-americano, autor, entre outros, de “Por quem os sinos dobram”, residiu, entre 1939 e 1960, na Finca da Vigia, na vila de San Francisco de Paula, à saída de Havana. Actualmente, segundo a AFP, a Casa-Museu é visitada por milhares de turistas.

A John F. Kennedy Presiden-tial Library and Museum, em comunicado, qualificou como um “tesouro documental” o lote agora disponibilizado pelas autoridades de Havana, que inclui cartas, passaportes, telegramas, contas

domésticas e de bares, assim como receitas de culinária. “Temos o prazer de disponibilizar aos inves-tigadores cópias destes materiais que proporcionam uma visão única sobre a vida quotidiana de Ernest Hemingway”, disse Tom Putnam, director da Kennedy Presidential Library and Museum.

“Para uma figura literária que é frequentemente retratada como maior do que a vida, este tesouro de coisas efémeras pessoais serve para humanizar e para entender o escritor”, acrescentou.

Este é o segundo lote de docu-mentação relativa ao autor de “O Adeus às Armas” que Cuba envia por meio digital para a Kennedy Presidential Library and Museum. O primeiro lote, com 3.000 imagens digitalizadas, foi enviado em 2008.

O escritor, que participou na Guerra Civil Espanhola (1936-1939), pelos republicanos, recebeu o Prémio Nobel da Literatura em 1954. Do espólio agora digitali-zado fazem parte telegramas de felicitações de conterrâneos seus, designadamente o poeta Carl Sandburg, o actor Spencer Tracy, Veronica Cooper, mulher de Gary Cooper, e o cineasta John Huston.

Entre romances, contos e obras de não-ficção, Hemingway é autor, de “O velho e o mar”, “Ter e não ter”, “Paris é uma festa” e “Ilhas na corrente”.

Ermest Hemingway suicidou--se em Julho de 1961, em Ketchum, no Estado norte-americano do Idaho, quando contava 61 anos.

A 33.ª edição da Feira Interna-cional de Arte Contempo-rânea da capital espanhola,

ARCO Madrid, iniciou-se ontem, com a Finlândia em foco e a participa-ção de 13 galerias portuguesas, num total de 219, provenientes de 23 paí-ses. Organizada pela Feira de Madrid (IFEMA), vai decorrer até domingo e a organização está optimista sobre as vendas, devido à recente decisão do Governo espanhol de baixar o IVA para 10%, nas transacções de arte.

Portugal vai estar representado com um total de 13 galerias - tantas como as do país convidado deste ano, a Finlândia -, estando onze portugue-sas no programa geral e duas numa secção paralela, a Opening.

Nove galerias são de Lisboa, duas do Porto, uma de Braga e uma de Ponta Delgada, nos Açores.

MÚSICA FERNANDO TORDO EMIGROU ESTA TERÇA-FEIRA PARA O BRASIL

Este parte, aquele parte...CUBA DISPONIBILIZA ACERVO DE ERNEST HEMINGWAY À BIBLIOTECA JOHN F.KENNEDY

Tesouro documental

ARCO MADRID ARRANCOU ONTEM COM FINLÂNDIA EM FOCO

Treze galerias portuguesas marcam presença

No programa geral, encontram--se as galerias Baginski, Carlos Carvalho Arte Contemporânea, Cristina Guerra, Filomena Soares, Graça Brandão, Pedro Cera e Vera Cortés, de Lisboa, Quadrado Azul e Galeria Múrias Centeno, do Porto, Mário Sequeira, de Braga, e Fonseca Macedo Arte Contemporânea, de Ponta Delgada.

Na secção Opening, destinada a galerias com menos de sete anos, vão estar a 3+1 Arte Contemporânea e a Belo-Galsterer, ambas de Lisboa.

Em 2012, a ARCO Madrid recebeu 140 mil visitantes e, em 2013, a afluência caiu para 118 mil. Os visitan-

tes portugueses constituem sempre, segundo a organização, um número significativo das entradas.

Os Estados Unidos, Reino Unido, França, Holanda, Itália, Dinamarca, Brasil, Argentina e Áustria, entre outros, também vão marcar presença.

Em simultâneo, a capital espa-nhola acolhe ainda, desde ontem, a 5.ª edição da feira de arte JustMad, que conta com duas galerias portuguesas - a Kubikgallery (Porto) e a Módulo

(Lisboa) -, entre 33 galerias de 11 países, e a 9.ª edição da ArtMadrid, que conta com a lisboeta Art Lounge, uma

das veteranas do certame e a única portuguesa,

este ano, entre 43 galerias e 150 artistas.

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hoje macau quinta-feira 20.2.2014 eventos 11

público, e é sem qualquer azedume que aceito que há outras pessoas e imagens que o mesmo público agora deseja.”

No entanto, o músico que deu voz a temas tão populares como Tourada, Adeus Tristeza ou Cavalo à Solta, explicou ao DN que, mais importante do que as oportunidades de trabalho é a vontade de sair de Portugal. “Não quero estar aqui, não me identifico com isto, não estou bem aqui”, diz. “A necessidade e o quanto eu quero ir embora é muito superior àquilo que eu possa ir fazer.”

Sem querer adiantar pormenores, Tordo disse que tem alguns contac-tos já feitos no Brasil e que espera continuar a trabalhar no mundo das artes. “Se tudo correr bem espero poder fazer a divulgação da nossa cultura, mostrar ao Brasil que temos muito mais do que Fado.” O que vai

fazer? “Vou fazer música, escrever, ver, passar. Essencialmente, vou sair daqui.”

O post foi partilhado por mais de 200 pessoas no Facebook e já teve quase 300 comentários. “Estou muito feliz com todos os comentários. Há muitas pessoas a darem-me as boas vindas no Brasil.”

Fernando Tordo partiu esta terça--feira para Pernambuco. Com 65 anos, o músico sai do país desen-cantado com o país. Na entrevista à TVI24 o músico deixou ainda críticas ao governo. “É muito provável que aproveite estes últimos anos da minha vida, porque não os quero consumir aqui. Eu não quero, eu não aceito esta gente, não aceito o que estão a fazer ao meu país. Não votei neles, não estou para ser governado por este bando de incompetentes”, foram as palavras de Fernando Tordo.

U M artista destruiu uma obra de um outro artista, em pleno museu, para protestar contra a

forma como esse mesmo museu trata os artistas locais. O caso ocorreu no Perez Art Museum Miami, nos EUA, e envolveu um vaso de Ai Weiwei avaliado em cerca de sete milhões de patacas.

Maximo Caminero, de origem dominicana e radicado em Miami, entrou no Perez Art Museum Miami e aproximou-se de uma instalação do chinês Ai Weiwei, que englobava 16 vasos coloridos e um tríptico de foto-grafias do próprio Ai Weiwei a destruir um outro vaso. Caminero pegou num dos vasos e, depois de confrontado pelo segurança, deixou-o cair.

O acto, explicou, serviu como protesto contra a ausência de obras de artistas locais no museu de Miami. Caminero alega ter-se inspirado na obra do artista chinês, uma vez que o tríptico, intitulado “Dropping the Urn”, mostra Weiwei a dei-xar cair um vaso precioso por remontar à dinastia Han. “Vi-o como uma provocação de Weiwei para que me juntasse a ele num acto de performance de protesto”, defendeu-se Caminero, que foi detido e pode ser condenado a cinco anos de prisão.

O artista dominicano alega que deu voz a um protesto “de todos os artistas locais em Miami que nunca expuseram em museus” da cidade, os quais

“têm gasto tantos milhões em artistas internacionais”, reforçou.

O autor da instalação “Colored Vases”, que faz parte da mostra “Ai Weiwei: According to What?”, mostrou desagrado pela forma esco-lhido por Caminero para protestar. “Não apoio ninguém que faça algo como isto. As peças sobre as quais trabalho não pertencem a um museu ou a outras pessoas. Aqueles vasos pertencem-me”, afirmou Weiwei.

O artista chinês, que se tornou famoso como dissidente após uma detenção de 81 dias na China (em 2011), acrescentou que o acto de Caminero é “um pouco diferente” do que o próprio Weiwei fez para criar o tríptico “Dropping the Urn”, em 1995. Como exemplo, o artista chinês lembrou que está ‘vetado’ no próprio país.

MÚSICA FERNANDO TORDO EMIGROU ESTA TERÇA-FEIRA PARA O BRASIL

Este parte, aquele parte...

GUITARRISTA BOB CASALE, MORRE AOS 61 ANOS

Fundador dos DevoB OB Casale, guitarrista funda-

dor da banda Devo, morreu esta segunda-feira aos 61 anos

vitima de insuficiência cardíaca. A informação foi confirmada na pá-gina oficial da banda no Facebook.

VASO DE SETE MILHÕES DE PATACAS DE AI WEIWEI DESTRUÍDO EM MUSEU DE MIAMI

A arte do protesto

“Como membro original dos Devo, Bob Casale estava lá nas trincheiras comigo desde o início”, escreveu o músico e irmão do guitarrista, Gerald Casale. “Ele era o meu irmão mais equilibrado, um artista talentoso e um

fabuloso engenheiro de som, dando sempre mais do que tinha”.Casale disse que Bob estava animado com a possibilidade de a banda se reunir novamente. “A sua morte súbita de insuficiência cardíaca foi um choque total para todos nós”, diz a nota.

Em 2013, o ex-baterista da banda, Alan Myers, morreu também depois de lutar contra um cancro no cérebro. Na ocasião, Gerald lamen-tou a perda. “[Foi] o baterista mais incrível com quem tive o privilégio de tocar durante dez anos”, escreveu no seu Twitter na época. “DE-EVOLUÇÃO”Os Devo foram formados no esta-do norte-americano de Ohio, em 1974, por Gerald Casale e Mark Mothersbaugh, e entrou nos anos 80 na onda da ‘new wave’. Pouco depois, Gerald e Mark chamaram os seus irmãos para tocarem guitarra --ambos se chamavam Bob.

O nome da banda brincava com um conceito criado pelos músicos de que a raça humana, ao chegar ao auge da sua evolução, entraria no estágio de “de-evolução”, voltando assim à idade das cavernas.

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hoje macau quinta-feira 20.2.2014

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13

Carlos Morais José

Terá Camões estado ou não em Macau? E, em caso afirmativo, frequentaria a colina erma que hoje é coberta por um jardim? Certo é que essa colina tinha vista para um braço de rio, ficando do outro lado a inóspita ilha da Lapa, tam-bém ela pouco mais que um deserto. Não nos é difícil admitir que ao vate agradasse um pouco de solidão, que lhe permitisse fugir à cidade cristã e sua pequenez. Cidade de comerciantes, talvez a Macau do século XVI não fos-se exactamente o que mais conviria a quem estava habituado a lidar com ou-tros poetas, com artistas e com ladrões.

Daí que talvez Luís Vaz preferisse aquele ermo com vista, a protecção frí-gida das pedras, a solidão forçada mas recheada das vozes que trazia dentro da sua própria cabeça.

De então para cá, terá mudado mui-to aquele espaço? A vista foi obstruída por prédios, embora ainda se vislumbre o tal braço de rio, significativamente diminuído pelos aterros, e a tal vista, essa da China ali ao lado. O próprio es-paço em si foi completamente alterado, existindo hoje uma natureza domesti-cada em forma de jardim, por oposição às antigas árvores e ervas selvagens – o Jardim de Luís de Camões ou, segundo os chineses, o Jardim das Pombas.

Estou certo que o poeta apreciava essa selvajaria, natural, apreciava a vi-são distante dos rebanhos do Tou San, talvez das jovens pastoras que por ali pululavam juntamente com as cabras. E estou certo disso porque Luís Vaz não era bicho de deixar os seus créditos por alheias manápulas.

A História é histérica, no modo como transforma as coisas.

*

Mas para além da beleza da paisagem, da quietude do lugar, da distância aos seus semelhantes humanos, existiriam outras razões que levassem o poeta a deslocar-se aos penedos, a pernoitar na gruta? Estamos em crer que sim, por ra-zões que ainda hoje são fáceis de com-provar. É que determinados lugares estão de tal modo imbuídos de tradi-ção que não bastam os acontecimentos históricos para os modificar. O tempo passa, os homens sucedem-se, mas ele há coisas que continuam na mesma e não é como a lesma. Pelo contrário.

Ora sabe-se, pela sua semi-vasta e confessional obra epistolar, que o poeta não desdenhava da compa-nhia de quem ele próprio chamava

CAMÕES E AS POMBASde «ninfas de água doce» ou «damas de aluguer», e que as preferia mesmo aos chamados «mares nunca dantes navegados». E tanto era assim que não havia carta, escrita de remotas paragens a seus amigos de Lisboa, que não lhes referisse os trejeitos e as manias, específicas de cada local por onde se tresmalhava.

Camões apreciava o género femini-no e não era na sua vertente neo-plató-nica. Na sua romagem pelo Oriente são inúmeras as lendas que desabrocharam à passagem do poeta, esse mesmo que numa mão empunhava a pena e na ou-tra a espada, não se sabendo hoje qual delas era efectivamente uma metáfora, fruto de sua esmerada e erudita educação coimbrã. Cidade,

aliás, também conhecida pela local frutificação do belo, amável e acessível sexo.

Não custa, portanto, acreditar que nesse tempo remoto em que o poeta versejava e ainda certos animais fa-lavam, na famosa colina pululassem certas pombas. Está assim explicado o nome actual do jardim, porque não acreditamos que por ali tenha existido qualquer coleccionador de pássaros. Influenciados pela linguagem trabalha-da de Camões, pelo seu amor confes-sado ao feminino sexo, sobretudo na

sua vertente hedónica, terão os chine-ses transformado o seu reles e ordiná-rio vocábulo «galinhas» em delicadas «pombas» para nomear as moçoilas que por ali demandavam em busca de dinheiro e de prazer.

E tanto assim deve ter sido que ain-da hoje por lá esvoaçam, em bandos alegres e felizes, talvez na demanda da sombra desse Português generoso de Quinhentos. Quinhentos que hoje se transformaram em duzentos, trezentos e, por vezes, mil, mas isso é um porme-nor de somenos, talvez tema de sonetos.

E disto sabe quem não mete o carro à frente dos bois, animais que também não

faltam, como nunca faltaram, na cidade do santo nome do

Senhor.

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14 hoje macau quinta-feira 20.2.2014h

Júlio Amorim de CArvAlho*

I

Foi em junho de 2012 que conheci pes-soalmente Henrique Manuel Pereira, admirador de Guerra Junqueiro e devo-tado divulgador da sua obra, aquando da sua primeira visita à Casa Amorim de Carvalho com a finalidade de consultar a correspondência trocada entre Amo-rim de Carvalho e Maria Izabel, filha de Junqueiro. Henrique Pereira extraíu có-pias de avultado número de cartas con-servadas no Arquivo daquela Casa – o que foi ocasião, para mim, de reler parte dessa vasta colecção epistolar, por mim organizada, onde se encontra uma curta mas muito interessante missiva da Maria Izabel para Amorim de Carvalho, à qual ela anexara a transcrição de uma carta, com data de 5 de maio de 1962, que lhe fôra endereçada por Lopes d’Oliveira; nesta carta, Lopes d’Oliveira afirma: «Amorim de Carvalho é, entre nós, um escritor de extraordinários dotes, e sem dúvida o de maior envergadura críti-ca». Posteriormente – talvez num dos próximos Cadernilhos da Casa Amorim de Carvalho – me referirei à carta de Lopes d’Oliveira, relacionando-a com um co-mentário de Amorim de Carvalho sobre aquele excelente biógrafo de Junqueiro.

Ora, conversa vai, conversa vem, ofereceu-se-me a oportunidade, nes-se excelente convívio intelectual com Henrique Manuel Pereira, de evocar o próximo centenário da morte de Jun-queiro, em 2023. E adiantei a ideia de que – para conduzir e enquadrar con-venientemente as homenagens que, por essa altura, certamente se prestarão à memória do genial poeta, e para tentar conter ou compensar as banalidades, su-perficialidades e inverosimilhanças que não deixarão de se escrever, por essa ocasião, sobre ele, ou a respeito da sua obra – seria necessário preparar quanto antes a reedição do que de melhor se publicou sobre Junqueiro, dos pontos de vista biográfico e, sobretudo, da ava-liação estética da sua obra. Do ponto de vista biográfico, há os importantes livros de Lopes d’Oliveira. Quanto à avaliação estética da criação poética junqueiriana – está ela feita nos estudos incontorná-veis e definitivos de Amorim de Carva-lho: o que se publicou sobre Junqueiro, anteriormente aos estudos amorinianos sobre este poeta, tem pouco interesse; e o que, sobre o mesmo assunto, se foi editando posteriormente aos estudos de Amorim de Carvalho, limita-se, nos melhores casos, a «bordar à volta» (ex-pressão que utilizei na conversa com Henrique Pereira) do que aquele esteta escreveu.

Referindo-me, pois, ao essencial, isto é, à avaliação estética da obra junqueiriana, direi que os ensaios e comentários que se foram dando a conhecer ao público – com excepção, claro, dos estudos amori-nianos, – ou abordam assuntos marginais relativamente às linhas mestras da obra de

GUERRA JUNQUEIROE BAZILIO TELLES

Ideias para dois centenários

G. Junqueiro, ou são de interesse reduzi-do, sem altura de vistas, ou apresentam-se mesmo manifestamente incongruentes e falsos naquela mesma avaliação (Morei-ra das Neves, António Sérgio, José Ré-gio, Lindley Cintra, Sant’Anna Dionísio, Vieira de Almeida, Pierre Hourcade, e tantos outros). Isso tem-se confirmado, em recentes publicações, como em Coló-quio Guerra Junqueiro e a modernidade (1998), como em À volta de Junqueiro (2010) onde os depoimentos ou os comentários que Henrique Manuel Pereira pôde aí reunir são confrangedores1.

Seria, consequentemente, imperio-so, na perspectiva da próxima comemo-ração centenária junqueiriana, relançar a Obra do grande poeta na forma em que ela está organizada e introduzida por Amorim de Carvalho, isto é, segundo a edição de 19742 – mas em reedição que integrasse já, na introdução amoriniana, essas poucas rectificações e adições bi-bliográficas por mim feitas, em França, sob a supervisão e com a plena aceitação de Amorim de Carvalho3.

A melhor homenagem que se pres-tará à memória de Guerra Junqueiro (ao poeta filosófico, à sua poesia de pensamento – no sensato e claro significado que Amo-rim de Carvalho dá a estas expressões), há-de ser, com efeito, a reedição dos tra-balhos de Amorim de Carvalho – o mais notável estudioso da arte de Junqueiro –, os quais constituem, como dissemos, a avaliação estética objectiva, definitiva, da obra poética junqueiriana.

Podem distribuir-se os trabalhos de Amorim de Carvalho por dois volumes. O primeiro seria, evidentemente, uma 3.a

edição (se até lá não se publicar outra) de Guerra Junqueiro e a sua obra poética. (Análise crítica). Um segundo volume, excelente complemento à obra precedentemente citada, reuniria alguns outros substancio-

sos estudos, dispersos ou não, como: A personalidade de Junqueiro (1930); Junqueiro e a injustiça duma época [discurso oficial pro-nunciado junto do monumento do poeta inaugurado, no centenário do seu nas-cimento, em Freixo de Espada à Cinta] (1950); Guerra Junqueiro perante o modernismo (1950); As casas de Garrett e Junqueiro (1955); A influência de Camões e Junqueiro na poesia de Pascoais e Pessoa (1955); Papini e a Oração à luz de Junqueiro (1956); A estátua de Junqueiro (1958); A paisagem na poesia de Pascoais e de Junqueiro (1962); Problemas de versificação, (1) O decassílabo de Junqueiro, (2) O dodecassílabo de António Nobre (1968); O simbolismo na poesia portuguesa: Eugénio de Castro, Guerra Junqueiro e outros poetas até à Renascença portuguesa [cap. VI da obra «Dos trovadores ao Orfeu. Contribuição para o estudo do maneiris-mo na poesia portuguesa»] (2012).

Também não seria descabido or-ganizar uma colectânea das mais belas traduções das poesias de Junqueiro para as grandes línguas civilizadoras euro-peias – projecto esse a que Amorim de Carvalho não fôra insensível, pois o ini-ciara, ainda que muito modestamente, publicando, na sua revista «Prometeu», composições traduzidas para francês, espanhol e italiano.

II

O caso de Bazilio Telles é mais delicado.Junqueiro e Bazilio são as fortes e sig-

nificativas personalidades portuguesas da geração que apanhou ainda aquela pri-meira metade da guerra civil europeia de trinta anos, que começou em 1914 e que da pior maneira terminou em 1945 – per-sonalidades, no entanto, com característi-cas psicológicas e intelectuais totalmente diferentes uma da outra. Tudo, ou quase tudo, divergia entre eles: desde a sociabi-lidade extrovertida de Junqueiro e a rude

intransigência isolante de Bazilio, desde o lirismo do primeiro e o austero cien-tismo do segundo, até ao espiritualismo de um e o rígido materialismo do outro, e até mesmo às formas de combate polí-tico que um e outro diversamente privile-giaram. Os próprios proventos materiais de que dispunham, proporcionaram-lhes modos de vida muito diferentes. Ambos foram atentos à ciência da sua época. Am-bos lutaram pelo descoroamento daquele republicanismo instaurado, de facto, no de-albar do século XIX. Mas se nesse sistema político--social Junqueiro se ia acomo-dando, dele Bazilio cedo se retraíu (sem, no entanto, se desinteressar dos aconte-cimentos políticos e sociais do seu tem-po). Junqueiro e Bazilio foram amigos. O que havia também neles em comum, era esse incontestàvel e vigoroso patriotismo herdado pelos homens do velho regime instaurado em 1820 – regime que, no en-tanto, pela própria perversidade da sua natureza, levaria os seus políticos à im-potência e à grave hipoteca, durante um século, dos interesses nacionais. Perdera--se, com efeito, a energia pombalina... (uti-lizamos aqui a expressão de Amorim de Carvalho que não repugnaria a Bazilio Telles). E Bazilio seria, creio eu, entre os da sua geração, o espírito superior com melhores potencialidades mentais e psi-cológicas para entender a reforma das sociedades que, no continente europeu, o nacionalismo autoritário e social estava já ensaiando, ou propondo, nos anos que precederam a sua morte.

Se Junqueiro foi um génio artístico, um ínclito espírito criador, Bazilio (sem se pre-ocupar com exuberantes originalidades) afirmou-se na superioridade moral, numa como que santidade laica de desprendi-mento pelas coisas mundanas envolvendo um esforço de pensamento sério, intensa-mente crítico e objectivo, muito voltado para a ciência; era ele, por exemplo – es-crevia Amorim de Carvalho, – o autor do «melhor estudo português que conheço sobre o atomismo helénico».

Bazilio Telles morreu no dia 10 de março de 1923, na sua residência, em Matosinhos. Foi Amorim de Carvalho quem o encontrou morto.

Ora, pouca coisa se tem escrito so-bre Bazilio Telles. As melhores e mais sensatas considerações a respeito do publicista portuense são as de Amorim de Carvalho4. O resto é fraco, de pouco interesse ou está mal. A obra de Bazilio Telles não tem sido convenientemente divulgada pela edição recente.

Amorim ainda pôde, em heróica e desgastante luta, arrancar à Guimarães

Guerra Junqueiro Bazilio Telles

Page 15: Hoje Macau 20 FEV 2014 #3034

15 artes, letras e ideiashoje macau quinta-feira 20.2.2014

SE JUNQUEIRO FOI

UM GÉNIO ARTÍSTICO,

UM ÍNCLITO ESPÍRITO

CRIADOR, BAZILIO

(SEM SE PREOCUPAR

COM EXUBERANTES

ORIGINALIDADES)

AFIRMOU-SE NA

SUPERIORIDADE MORAL

Editores, de Lisboa, a publicação de um inédito de Bazilio – Figuras portuguesas. Es-tudos históricos (1961)5. Depois, foi a ten-tativa, cedo fracassada, de publicação, pela Portugália Editora, do conjunto das suas obras de que saíram, salvo erro, dois volumes apenas (1968 e 1969). E lá vinham, nestas duas últimas obras, os detestáveis textos de apresentação que nada adiantam, mais nefastos do que ou-tra coisa, desorientando o público inad-vertido, desenhando um falso perfil psi-cológico e intelectual de Bazilio Telles. Agostinho Fernandes, gerente da Por-tugália, pedindo a opinião de Amorim de Carvalho sobre esses textos, recebeu, por carta, a resposta do filósofo: «(...) Não gostei (...) [a apresentação] come-ça por repetir um julgamento (...) muito errado, de que Basílio Teles não era po-lítico (...). Que Basílio Teles não foi um homem de acção (...) – é outro erro gra-víssimo, pois foi um homem de acção de maneira por vezes intensiva (...) de uma «intrepidez que os republicanos do Porto lhe reconheciam» (...). Àparte as razões desta corrigenda da ideia errada e fácil sobre a figura de Basílio, o artigo do Costa Dias, como introdução ao Ul-timatum, diz muito pouco (...)»6.

Morto Bazilio Telles no mesmo ano do falecimento de Junqueiro, impor--se-ia, também desde já, para aquele (e também para uma homenagem digna no 1.° centenário da sua morte), a prepa-ração: 1.°) da retomada das edições de inéditos de Bazilio Telles (mas onde pa-rarão eles, e em que condições de con-servação?7); 2.°) das reedições das suas obras já publicadas, incluindo dispersos; e 3.°) da publicação dos poucos mas desmistificadores trabalhos de Amorim de Carvalho sobre esse político, de ac-

ção e pelo pensamento, «anti-semitista intransigente» (no dizer de Amorim), grande admirador da cultura helénica, marcado por certa germanofilia.

O essencial, pois, das referências de Amorim de Carvalho a Bazilio Tel-les (abordando assuntos de carácter científico, filosófico, social e biográfi-co – o que não tem interessado à actual intelectualidade portugalense, em geral sempre muito limitada, inculta, grande-mente sectária) – o essencial, dizia eu, das referências de Amorim a Bazilio po-der-se-ia reunir em um volume compor-tando os seguintes trabalhos: Basílio Teles. Algumas notas sobre os últimos anos da sua vida e sobre a sua morte (1936); Apontamentos para um estudo sobre Basílio Teles (1936); Basílio Teles e a emoção artística (1946); Basílio Teles: a ciência e a religião [cap. da obra «Deus e o Homem na poesia e na filosofia»] (1958); extracto de Das teorias geocêntricas da imobilidade da Terra às teorias heliocêntricas do movimento da Terra [cap. do estudo «O processo histórico do positivismo – para a História da Filosofia»] (inédito); No-tas biográficas (inédito); Relação dos lotes (numerados) de manuscritos para plano de publicação de inéditos (a verificar) de B. Teles (inédito); Opúsculos sobre política portuguesa e guerra de 14 (inédito); Plano para Obras completas de Basílio Teles (inédito); Notas da 1.a edição da obra de Basílio Teles Figuras portuguesas. Estudos históricos, organizada por Amorim de Carvalho (1961); Notas à margem dum livro póstumo de Basílio Teles (1961). Neste conjunto de notas e estudos da autoria de Amorim de Car-valho, integrar- -se-ia naturalmente o epistolário amoriniano incluído no ca-pítulo Sobre a obra e a personalidade de Basílio Teles do volume «Correspondência» que eu organizei para as «Obras reunidas de Amorim de Carvalho».

III

Ficam pois, aí, algumas ideias para as homenagens condignas aos dois vultos notáveis da cultura portuguesa que são Guerra Junqueiro e Bazilio Telles. A efectivação de tudo isso exige projectos coerentes, método na sua realização, mas também tempo para o amadureci-mento desses projectos, financiamentos, e a constituição de grupos coesos de co-laboradores dedicados, mas sobretudo intelectualmente honestos e competen-tes. Não basta fazer conferências, orga-ão basta fazer conferências, orga- fazer conferências, orga-nizar colóquios e seminários e publicar as suas actas, para exibir os nomes dos participantes...; também não basta es-crever artigos e editar livros: é necessá-

rio dar a conhecer os nomes de Junquei-ro e Bazilio e as suas obras, é necessário promovê-los voluntariosamente, mas com seriedade, junto do público ilus-trado do território portugalense e dos lusófilos europeus e ibero-americanos – sem saramagadas, sem considerações abstrusas, sem comentários desorienta-dores para os que os lerem, destacan-do a significação, as linhas mestras dos pensamentos estético, de Junqueiro, e social e filosófico de Bazilio Telles – já indicadas, aliás, por Amorim de Carva-lho. Os nove anos que nos separam dos centenários das mortes de Bazilio e Jun-queiro, não são muitos para se criarem as condições que permitam, em princí-pio, trabalho escorreito.

A Casa Amorim de Carvalho poderá colaborar nesse sentido, mas sob crité-rios e condições que o seu administra-dor definirá.

* Administradorda Casa Amorim de Carvalho

NOTAS:1 Nesta obra, por exemplo, um dos entrevistados, nascido na segunda metade do século XX, chega a declarar (é a primeira entrevista do volume) que descobriu, depois de reler várias vezes António Sérgio, que este não quis fazer crítica estética, mas pedagógica, a Junqueiro – assunto que já estava exaustivamente tratado por Amorim de Carvalho, desde 1945 – desde 1945! –, no estudo de referência sobre a obra junqueiriana que é Guerra Junqueiro e a sua obra poética. (Análise crítica). O livro À volta de Junqueiro fecha com um medíocre posfácio cujo título (só o título...) admito ter sido tomado a uma conferência (precisamente sobre Junqueiro) de Amorim de Carvalho que não foi citado pelo autor desse posfácio. O referido livro lançado por Henrique Manuel Pereira resultou num esforço inglório, porque a matéria prima utilizada pelo organizador era, efectivamente, fraca...2 Edição da Lello, s. d., com nove ilustrações fora do texto.3 Estão inseridas no respectivo estudo de Amorim de Carvalho intitulado Introdução à obra poética de Guerra Junqueiro incluído em «Opúsculos. Volume II. Temas diversos de literatura e artes plásticas» das Obras reunidas de Amorim de Carvalho. Uma dessas adições foi a referência à volumosíssima obra de Homem Christo Banditismo político (da qual forneci a Henrique Pereira, a seu pedido, a indicação das numerosas páginas em que o nome de Junqueiro é citado). Abro aqui um parêntesis de carácter bio-bibliográfico. Desse livro de Homem Christo, Amorim de Carvalho detinha um excelente exemplar encadernado que ficou em Lisboa, nessa parte da sua biblioteca que não acompanhou o poeta e filósofo português quando transferiu, em 1965, a residência para França – razão pela qual ele não o consultou, não o incluindo na bibliografia inserida nas 1.a e 2.a edições (1972 e 1974) da Obra poética de Guerra Junqueiro por ele organizada; o mesmo (isto é, a impossibilidade de consulta) tendo acontecido

com outras obras e periódicos incluídos, ou não, na referida bibliografia, cujas referências iam sendo fornecidas (quando o eram, e nem sempre com precisão) a Amorim residente em França, pela filha de Junqueiro já muito alquebrada. O exemplar, encadernado, do raríssimo Banditismo político que pertenceu a Amorim de Carvalho, encontra-se hoje na Livraria Antiga da Casa Amorim de Carvalho. Note-se que a obra de Homem Christo foi editada em Madrid, em 1912, com a indicação de ser o 1.° vol. de mais extenso estudo que não teve, aliás, continuação. 4 Afirmou-se – sem se trazer o mínimo começo de prova à afirmação – que Amorim era discípulo de Bazilio Telles ou que este teria exercido influência no pensamento daquele. É erro. Nada aponta para uma específica filiação filosófica do rico pensamento amoriniano ao materialismo bazilista. A convivência de Amorim com Bazilio Telles reforçou, certamente, naquele, a superior educação moral que recebia dos pais; e pode-se talvez admitir uma influência de Bazilio Telles nas teorias amorinianas do salário e da capitalização. Nada mais.5 Existe no Arquivo da Casa Amorim de Carvalho uma estupenda documentação sobre o que foi a luta travada por Amorim de Carvalho com um editor indigno (da Guimarães Editores) e com a pérfida Sociedade portuguesa de escritores – luta que acabou por levar o filósofo, nessa defesa da obra e da memória de Bazilio Telles, a demitir-se ruidosamente daquela Sociedade (e muito contribuindo, assim, para o seu definitivo descrédito) – mas tendo, Amorim, em antes, obrigado o editor, que faltara à palavra, a publicar o livro Figuras portuguesas. Vid., portanto, naquele Arquivo, a referida documentação em O caso Guimarães Editores-Cunha Leão / Sociedade portuguesa de escritores. No volume das Obras reunidas de Amorim de Carvalho em que se encontra uma extensa parte consagrada a este caso, transcrevem-se, de Amorim de Carvalho, dezasseis cartas para a herdeira de Basílio Teles, Maria Júlia Ferreira Pinto Basto; três cartas à Guimarãers Editores; cinco exposições e cinco cartas à Sociedade portuguesa de escritotes; uma proposta, um protesto e uma declaração apresentados na mesma Sociedade; uma entrevista; e outros documentos, anexos ou não aos precedentemente citados. 6 Ainda sobre o perfil psicológico e mental de Bazilio Telles: também se pretendeu contestar a afirmação feita por Amorim de Carvalho de que Bazilio utilizava, nos seus trabalhos, poucos livros de consulta. Mas lembremo-nos (além das indicações tiradas das próprias obras do publicista) que Amorim conviveu duràvelmente com ele, cuja residência frequentou, em certa época, quotidianamente. Meu Pai, rememorando as frequentes conversas havidas com Bazilio (tanto em casa deste, como em casa dos Amorins de Carvalho), dizia- -me como Bazilio Telles sabia, com grande intuição, aproveitar meticulosamente as fontes de informação que possuía na sua reduzida biblioteca. É certo que o notável publicista podia perfeitamente consultar numerosos livros que não lhe pertencessem, mas Amorim nunca deixou em aberto essa hipótese, com a rara excepção de uma ou outra obra que lhe pudesse ter sido emprestada por José Teixeira Rego, com quem, por sinal, Amorim também muito conviveu. 7 No importantíssimo volume «Correspondência» das Obras reunidas de Amorim de Carvalho, tenho redigida uma nota relativa à história do espólio de Bazilio Telles. Triste história...

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16 DESPORTO hoje macau quinta-feira 20.2.2014

Application for Inclusion in the Lists of Approved Consultants/Contractors

Macau International Airport Company Limited (hereafter “CAM”) has established the website for application for inclusion in the lists of approved consultants/contractors.

Any consultants/contractors which wish to apply for inclusion in the new Lists may visit the website ( http://www.macau-airport.com or http://www.camacau.com ) to complete the application online. CAM will evaluate all applications by using the information provided by the applicants in the completed application forms and supporting documents. Subject to confirmation of compliance with the required criteria, applicants that are found acceptable will be registered by CAM. CAM may at its sole discretion use the Lists for the purpose of issuing tender invitations.

All costs associated with any submission in response to this notice and application shall be entirely the responsibility of the applicant. For enquiry on the consultants/contractors prequalification application, please call (+853) 85988871.

O presidente da SAD do Be-lenenses disse ainda que o futebol português está

pior desde que Mário Figueiredo foi eleito presidente da Liga.

Rui Pedro Soares referiu que “a reunião tinha um único pro-pósito e que passava por orientar todas as questões para se agendar, para o mais breve possível, uma Assembleia-Geral que vai deliberar a destituição de Mário Figueiredo”. “Penso que Mário Figueiredo não tem conseguido fazer aquilo a que se propôs. Não é a opção dos clubes para o futuro. Senão vejamos: o futebol profissional está pior desde que iniciou o mandato, as receitas são piores, os patrocínios são meno-res. Por isso mesmo, acredito que é preciso fazer algo para isto mudar”, disse Rui Pedro Soares.

“Não quero personalizar críticas, porque acredito que isso não ajuda a resolver nada. Temos é que encontrar soluções para mudar. E é isso que temos feito”, afirmou à agência Lusa.

Fernando pré-convocado por Paulo BentoO portista Fernando tem o nome na extensa lista de 36 jogadores que estão pré-convocados por Paulo Bento para o Portugal-Camarões, do próximo dia 5, em Leiria. O médio nascido no Brasil naturalizou-se português a 14 de Dezembro do ano passado e a partir dessa data ficou disponível para ser chamado pelo seleccionador nacional, que neste momento ainda avalia jogadores que possam estar presentes no Campeonato do Mundo do Brasil, de 12 de Junho a 13 de Julho deste ano. Paulo Bento anunciará no próximo dia 28 a lista final com os 23 jogadores eleitos para o particular com os Camarões, mas a inclusão de Fernando nesta pré-convocatória é sinal de que o luso-brasileiro pode sonhar com uma presença no Campeonato do Mundo em representação da Selecção portuguesa, uma hipótese que até à data ainda não foi assumida de forma completamente clara por parte da Federação Portuguesa de Futebol. Fernando poderá estar na iminência de percorrer caminho semelhante aos de Deco, Pepe ou Liedson.

Assembleia Municipal de Lisboa aprova nome de rua para EusébioA Assembleia Municipal de Lisboa aprovou, esta terça-feira, por unanimidade a recomendação apresentada pelo CDS-PP para ser atribuído o nome de Eusébio a uma rua na cidade. Na recomendação apresentada pelo CDS-PP salienta-se que seria a melhor forma de homenagear toponimicamente o futebolista e marcar para a posteridade a sua ligação à cidade de Lisboa. Eusébio, recorde-se, morreu no passado dia 5 de Janeiro, com 71 anos.

Ciclismo Kristof Goddaert morre atropelado durante um treinoO ciclista Kristof Goddaert, de 27 anos, faleceu esta tarde vítima de um atropelamento, na cidade de Amberes, na Bélgica. O corredor, da IMA Cycling, estava em pleno treino quando caiu da bicicleta e foi colhido por um autocarro, sucumbindo face à gravidade dos ferimentos. Goddaert entrou recentemente na Volta ao Qatar. «Perdemos Kristof Goddaert, um profissional exemplar e um homem de qualidade», lamentou o presidente do clube suíço, Michel Thétaz.

FUTEBOL PRESIDENTE DA SAD DO BELENENSES CRITICA MÁRIO FIGUEIREDO

“Presidente da Liga não é a opção dos clubes para o futuro”

Rui Pedro Soares revelou ainda que “o pedido de demissão de Mário Figueiredo foi o único ponto de consenso” na reunião, que juntou 18 clubes das I e II Ligas, esclarecendo que não foram discutidas quaisquer

outras possibilidades para a lide-rança da Liga de clubes. “Temos primeiro que organizar estratégias e sintonizar as prioridades entre a Liga e os clubes, para depois poder-mos pensar no resto”, finalizou.

Page 17: Hoje Macau 20 FEV 2014 #3034

hoje macau quinta-feira 20.2.2014 FUTILIDADES 17

TEMPO POUCO NUBLADO MIN 7 MAX 14 HUM 45-80% • EURO 10.9 BAHT 0 .2 YUAN 1 .3

Pu YiPOR MIM FALO

Uma questão animal

CARINHA LAROCCA

Metisha Larocca é uma modelo e actriz famosa radicada em Miami (EUA). Chegou a terras americanas, em 2010, em busca do sonho de uma vida melhor. Com ela levou apenas a beleza exótica, capaz de despertar todas as atenções. E bastou. Em poucos meses tornou-se numa das manequins de maior sucesso, sendo rosto principal de várias revistas, anúncios de publicidade e participação em algumas séries.

Inglesa deixa crescer a barba e diz sentir-se mais sexy• Harnaam Kaur, de 23 anos, sofre da síndrome do ovário policístico também conhecido síndrome de Stein--Leventhal. Por causa disso, os pelos são constantes no seu rosto, braços e peito desde os 11 anos de idade. A condição fez Harnaam ser vítima de bullying na escola e ser ameaçada de morte na Internet. Agora, a mulher de Slough (Inglaterra), decidiu não depilar mais o rosto (fazia duas vezes por semana) já que a religião na qual foi recentemente baptizada – sikh – proíbe que as mulheres retirem quaisquer pelos.

Idosa confunde-se com câmara e faz ‘selfie acidental’• Durante uma partida de hóquei no gelo entre a equipa da casa e a Eslovénia nos Jogos Olímpicos de Inverno em Sochi, na Rússia, a imagem de uma senhora a tirar uma “selfie acidental” virou sensação na Internet, depois que foi postada nas redes sociais. Na imagem, que parece uma captura das imagens televisivas da emissora “Russia HD”, uma senhora confunde-se na hora de fazer uma foto da partida, e coloca a máquina fotográfica ao contrário, apontando a lente da câmara para o próprio rosto, fazendo uma selfie aproximada e tirando uma foto do próprio olho.

João Corvofonte da inveja

Como se vê agora, as armas nunca estiveram em boas mãos.

C I N E M ACineteatro

SALA 1ROBOCOP [C]Um filme de: José PadilhaCom: Joel Kinnaman, Gary Oldman, Michael Keaton, Abbie Cornish14.30, 16.30, 19.30, 21.30

WINTER’S TALE [B]Um filme de: Akiva GoldsmanCom: Colin Farrell, Jessica Brown Findlay, Jennifer Connelly14.30, 21.30

SALA 2 THE LEGO MOVIE [A](FALADO EM CANTONÊS)

Um filme de: Phil Lord, Chris Miller16.45, 19.30

SALA 3FROM VEGAS TO MACAU [C](FALADO EM CANTONÊSLEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS)Um filme de: Wong JingCom: Chow Yun-Fat, Nicholas Tse14.30, 21.30

ENDLESS LOVE [B]Um filme de: Shana FesteCom: Alex Pettyfer, Gabriella Wilde, Robert Patrick16.30, 19.30

ROBOCOP

“Tenho lá em casa um gato cheio de feridas no rabo, as moscas vêm, pá, comem-lhe a carne, é bestial, aquilo está cada vez pior, as moscas roem-lhe a carne que até se lambem”,

uma das pequenas diz: “que horror!”, deliciada, traça e destraça a perna, a outra não, que é preciso matá-lo,

“vais dar-lhe um veneno?”

“ná”, é o outro rapaz, “com um tiro é melhor”,

“pois é, mas acaba depressa”,

“um tiro?, que gozo é que isso dá, uma vez matei três mas foi à paulada, pá, meti-os num saco, pás, pás, pás, dei-lhes até não se mexerem mais”,os olhos delas brilham, o outro tem inveja,

“já eles estavam mortos com certeza e o saco cheio de sangue, nem se mexiam, e ainda eu arreava”,

os olhos delas brilham, fixos na mão larga que ele passa lentamente, para cima e para baixo, na penugem do peito”

Mário Dionísio, “Não há morte nem princípio”

Peço desde já desculpa pela violência das palavras, mas não julguem os meus leitores que esta situação acontece apenas nos romances contemporâneos. Sim, os animais são de facto maltratados por pessoas comuns que se sentam em esplanadas e que se riem num fim de tarde cheio de sol. A sua brutalidade esconde-se debaixo de capas cheias de normalidade. Macau, como o resto do mundo, não será diferente neste aspecto. Mas é-o numa coisa: não só não tem uma lei de protecção dos animais eficaz como os deputados rejeitam fazer uma com argumentos que pertencem a Marte, e não ao planeta Terra. O que se ouviu na sessão plenária desta segunda-feira não pertence a um território que se quer igual a um Estado de Direito e envergonha (ou deveria!) envergonhar a população de Macau.

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18 hoje macau quinta-feira 20.2.2014OPINIÃO

Gonçalo lobo [email protected]

E STA semana bateram-me forte as saudades de Portugal. Não as saudades da corrupção, dos sucessivos Governos incom-petentes, do desemprego, da precariedade. Não!

Lembrei-me das coisas boas e positivas que o meu país tem. Lembrei-me da terra dos meus avós, que fica na

Serra da Lousã. Lembrei-me do bairro de Alfama onde nasci. Lembrei-me do Alente-jo, das suas pessoas e da sua gastronomia. Lembrei-me de cidades que tanto amo como Guimarães, Évora, Aveiro e, claro, da mi-nha eterna Lisboa. Lembrei-me das praias maravilhosas que pontuam a costa do país. Lembrei-me dos rios e das praias fluviais portuguesas. Lembrei-me de Vila Nova de Milfontes, de Porto Côvo e da Zambujeira do Mar. Lembrei-me do Algarve, de Tavira, de Vila Real de Santo António, de Aljezur ou de Sagres.

Lembrei-me de Sesimbra, de Sintra, de Cascais, da Ericeira, de Peniche e da Nazaré. Lembrei-me da minha infância na Costa da Caparica. Lembrei-me da Serra da Estrela e quão bela é. Lembrei-me da neve e do sol. Lembrei-me do Queijo da Serra. Lembrei--me do azeite e do vinho, seja tinto ou branco, ou até verde vindo de um dos recantos que mais aprecio no meu país, o Minho.

Lembrei-me de Trás-os-Montes. Lembrei--me da “Alheira de Mirandela”. Vejam bem que até me lembrei do Mirandês, segunda língua oficial do meu país. Lembrei-me do “Javali com feijão”, das “Papas de Sarrabulho”, do “Arroz de Carqueja”, da “Sopa de Cação”, da “Carne do Alguidar com migas de espargos verdes”, da “Chanfana”, da “Açorda de Marisco”, da “Galinha de Cabidela”, do “Pudim de Abade de Priscos”, do “Pastel de Tentúgal”, do “Pastel de Belém”, lembrei-me...

Lembrei-me dos Santos Populares e da sardinha assada no braseiro. Lembrei-me do pão. Hummm, do maravilhoso pão de Mafra, do pão alentejano, da broa de Milho ou da broa de Avintes. Imaginei-me, por breves segundos, a fazer uma sandes num desses saborosos pães. Podia ser com chouriço de Arganil, com paio do Montoito, com mor-cela de arroz do Fundão ou com presunto de Chaves. Tanto faz.

Lembrei-me das cervejarias e das taber-nas. Lembrei-me dos croquetes, dos pastéis de bacalhau, dos rissóis e dos pastéis de massa tenra. Lembrei-me da bela cerveja e do belo marisco. Imaginei uma mesa farta de sapateira, camarão de Espinho, gambas,

Lembrei-me das festas nas aldeias. Do Quim Barreiros ao José Cid. Lembrei-me das quermesses, das rifas, do porco a rodar no espeto, das garraiadas e das bebedeiras

Saudades de Portugal

percebes, amêijoa, canivetes e berbigão. Lembrei-me dos caracóis e das caracoletas que nunca deixo de comer sempre que volto a Portugal.

Lembrei-me das festas nas aldeias. Do Quim Barreiros ao José Cid. Lembrei-me das quermesses, das rifas, do porco a rodar no espeto, das garraiadas e das bebedeiras.

Lembrei-me das rendas de bilros, dos ranchos folclóricos, dos Pauliteiros de Mi-randa, do Galo de Barcelos e do Sobreiro, aldeia típica de José Franco. Lembrei-me do Mosteiro dos Jerónimos, da Torre de Belém, do Mosteiro da Batalha, da Igreja do Bom Jesus de Braga, de Conímbriga ou da Torre dos Clérigos. Lembrei-me do CCB, da Casa da Música, do Parque das Nações ou do Museu do Chiado.

Lembrei-me do Bairro Alto, do Cais do Sodré, da Ribeira e da Foz do Porto. Lembrei--me da Comporta, de Barrancos, da Covilhã, de Góis, da Pampilhosa da Serra, da Sertã, de Arouca, de Ansião, de Coimbra, da Guar-da, de Bragança, de Mourão, de Monsaraz, de Santarém, de Viana do Castelo, de Vila Verde, de Peso da Régua, da Amadora, de

Belas, do Piódão, e de outras tantas locali-dades que me dizem tanto e onde, como diz o Malato, fui tão feliz.

Lembrei-me da Madeira e dos madei-renses, povo que tanto admiro. Lembrei-me de como me sinto em casa quando vou ao Funchal, como se algum dia, noutra qual-quer vida, tivesse ali vivido. Lembrei-me do bolo do caco, do bolo de mel, da poncha ou das maravilhosas e gigantescas lapas. Lembrei-me do Porto Santo. Lembrei-me dos Açores e das suas nove ilhas. Da varie-dade de pequenas culturas numa imensidão de pessoas naquele lugar no meio do Oceano Atlântico. Lembrei-me do chá Gorreana e do queijo de São Jorge.

Portugal é isto e muito mais. Não é Pas-sos Coelho, Sócrates, Cavaco Silva, Soares ou Relvas, e toda essa corja de políticos que, na verdade, se estão a marimbar para o sentido de ser português e da portugalidade. Preservem Portugal, sejam portugueses com orgulho como eu sou à distância. Portugal pode ser tudo, tem quase tudo. Vocês são uns privilegiados, nesse sentido, e eu lembrei-me que tenho tantas saudades do meu país...

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19 opinião

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editor Gonçalo Lobo Pinheiro Redacção Andreia Sofia Silva; Cecilia Lin; Joana de Freitas; José C. Mendes; Rita Marques Ramos Colaboradores Amélia Vieira; Ana Cristina Alves; António Falcão; António Graça de Abreu; Hugo Pinto; José Simões Morais; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros Colunistas Agnes Lam; Arnaldo Gonçalves; Correia Marques; David Chan; Fernando Eloy ; Fernando Vinhais Guedes; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau Pineda; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Gonçalo Lobo Pinheiro; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

hoje macau quinta-feira 20.2.2014

O fungágá da bicharada

O diploma do projecto de lei para a protecção dos animais foi apresenta-do pela segunda vez na passada segunda-feira na Assembleia Legislativa pelo deputado José Pereira Coutinho, e pela segunda vez foi chumbado, apesar de desta vez ter recebido

sete votos favoráveis, contra os quatro da primeira apreciação – perdido por um, per-dido por cem, assaz dizer. Não se esperava outra coisa, uma vez que dificilmente um deputado assumidamente desalinhado com o Executivo – pelo menos em teoria – viria um diploma tão fracturante e até algo sen-sível ser aprovado por uma câmara maio-ritariamente pró-sistema. O que se lamenta é o debate em torno do diploma, onde mais uma vez ficou provada a fraca qualidade material e humana do nosso hemiciclo. Se era para votar contra, votavam e acabou, nem precisavam de explicar porquê. A gente já percebeu, pronto, não vale a pena tapar o sol com uma peneira. Ao optarem por justificar o “não” à proposta apresentada pelo deputado da Nova Esperança, foi pior a emenda que o soneto.

Como Leocardo que sou, este é um assunto que naturalmente me preocupa: os direitos dos animais. Pena que os irracionais não tenham o engenho para entender o que estavam ali os (alegadamente) racionais a dizer deles e dos seus putativos direitos, senão iam fazer companhia à hiena num coro de risota. O diploma de Pereira Coutinho tem lacunas, é certo, não é perfeito, nada o é, mas era escusado recorrer a um tipo de argumentação que demonstra um grave desfasamento da realidade em que estamos inseridos. Mas que insistência é esta nos “animais selvagens”? Mas que animais selvagens – e falo no sentido restrito do termo – temos nós aqui que justifique entrar na discussão de uma lei que, e não sei se já conseguiram entender isto, visa apenas proteger os animais indefeso da brutalidade dos homens. Andar ali a falar de cobras, crocodilos, feras devoradoras de homens e outras inanidades até dar a entender que estamos ali na presença de crianças do ensino pré-primário. Mas afinal estamos em Macau, ou estamos no Sabá, em Bengala, ou quê?

Não sei se é só para embirrar, mas descon-fio que sim, senão caso contrário há por ali muito boa gente a precisar de um dicionário. Conceitos como “doméstico”, “selvagem”, “desnecessária” ou “sensibilidade” parecem ser estranhos a alguns dos deputados, que em muitos casos têm uma curiosa atracção pelo abismo do ridículo. Zheng Anting, por exemplo, acha que a lei protege pouco

bairro do or ienteLEOCARDO

Outra figura triste foi a da deputada Song Pek Kei, a “tal” nº 3 dos Cidadãos Unidos, que do cardápio da palermice não gosta tanto do ridículo, e por isso manda antes a vir a ignorância pura e simples

os donos dos animais, nomeadamente nas situações em que são atacados pelo próprio animal (?), e lembrou que “os cães não sabem conversar, e às vezes têm que ser fechados”. Ora, o sr. deputado Zheng é muito novo, muito verdinho, e por isso não se recorda do tempo em que os animais falavam. Foi antes da internet e dos telemóveis, antes dele nascer, quando ainda não passava de um reles “micróbio”.

E por falar em micróbios, essa é a pre-ocupação do seu colega de bancada Mak Soi Kun, que sendo o cabecilha da parelha, está preocupado que os micróbios sejam contemplados na lei, temendo que ao tomar um anti-viral esteja a cometer “violência desnecessária contra animais dotados de sensibilidade”. Sim, eu também gostava de saber se o meu bacilo de Koch de es-timação está protegido da brutalidade dos homens quando vai para o telhado uivar à Lua. Sábio e disciplinador, desafiou Pereira Coutinho a apresentar antes “diplomas que

protejam os direitos dos deficientes e dos idosos” – que como se sabe, não existem, e os “deficientes e idosos” são para o sr. Mak Soi Kun a mesma coisa que os cães e gatos. Para o sr. deputado, o ideal era que um jovem fosse visitar o avô ao Domingo, de preferência sob a supervisão de um as-sistente social e debaixo de escolta policial,

e que pelo caminho pisasse num gato, desse um pontapé num cão e dizimasse milhões de “micróbios”. Para acabar em beleza, reitera que o diploma pode “criminalizar práticas comuns”, citando como exemplo “os animais fazerem amor na rua”. Sem comentários, mas já agora alguém sabe o que andam a fumar lá em Jiangmen?

Outra figura triste foi a da deputada Song Pek Kei, a “tal” nº 3 dos Cidadãos Unidos, que do cardápio da palermice não gosta tanto do ridículo, e por isso manda antes a vir a ignorância pura e simples. Como quem acabou de descobrir a pólvora, identifica o grande rombo na proposta de Pereira Couti-nho: “E se eu matar um frango para comer? E a desratização?”. Eu não sei se comer um frango é considerado “violência desnecessá-ria contra animais”, e se é, ainda bem que a legislação não passou, pois comi um frango assado com piripiri ontem ao almoço, mas tenho a certeza que se a sra. deputada estiver no meio da rua a degolar um frango, é pelo menos multada, pois os locais designados para o efeito estão já regulamentados por lei. Sabia, menina? Quanto à desratização, uma questão de saúde pública e por isso também suportada por lei vigente, duvido que um rato se possa considerar “animal de estimação”. É possível que seja para ela, pois mesmo que não tenha ratos, tem pelo menos...bem, esqueçam.

O que me deixa um tanto ou quanto agitado é a visão que a deputada Song Pek Kei tem do mundo que a rodeia. O diploma prevê a elevação do estatuto dos animais de “coisas” para “animais”, o que é legítimo, e só se estranha que já não tenha sido feito antes. Mas a sra. deputada insiste que “É normal uma criança perguntar aos pais: se um animal não é uma coisa, o que é?”. Mal estará o mundo quando as crianças não souberem distinguir uma “coisa” de um “animal”. Se calhar Song Pek Kei faltou à aula da primeira classe onde ensinaram a diferença (deve ter perdido o autocarro, que estava cheio de trabalhadores não-residentes), mas eu explico de uma maneira tão simples que até a menina entende: coisa - mesa, carro, bacia; animal - cão, elefante, javali, sua anta.

Dos poucos que ainda disseram qualquer coisa que se aproveitasse esteve em destaque Chan Chak Mo, que falou da situação dos galgos do Canídromo e dos cavalos das cor-ridas de trote. Isto nem revela uma esperteza por aí além, pois são situações já conhecidas que de facto tornam complicado produzir esta tão necessária legislação. Resta então esperar pelo Governo, que terá certamente este autêntico Fungágá da Bicharada de pé nas duas patinhas e com a língua de fora, a dizer que “sim senhor, os micróbios são ani-mais, e não coisas, olha que disparate...”.

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TIAGO ALCÂNTARA

hoje macau quinta-feira 20.2.2014

cartoonpor Stephff

O AUTOCARROMGM dá novo bónusde um salário aos trabalhadores “após sucesso de 2013”

TDM assina acordo com Agência de Notícias de Moçambique

CECÍLIA L [email protected]

A Direcção dos Serviços de Edu-cação e Juventude (DSEJ) afirmou esta quarta-feira que o ensino do português terá

duas direcções: a promoção da língua e a formação de profissionais bilingue.

Actualmente, de um total de 200

A operadora de jogo em Macau MGM China

anunciou ontem que vai conceder um novo bónus, equivalente a um salário, aos seus trabalhadores, depois “do sucesso” obtido em 2013. “Este sucesso deve-se ao empenho e trabalho árduo da equipa da MGM em Macau e é apropriado partilhar as conquistas com os nossos colegas”, disse, em co-municado, Grant Bowie, administrador da MGM China.

O mesmo responsável salientou que o bónus equivalente ao vencimento junta-se ao mesmo bene-fício pago no Ano Novo Lunar, que se celebrou no final de Janeiro. “Estou muito satisfeito por parti-lhar o nosso sucesso com os membros da equipa que ajudam a criar a empresa.

O futuro da companhia será ainda mais excitante e inspirador para eles”, acrescentou Grant Bowie.

O administrador da MGM China salientou também que, à medida que se aproxima a abertura do empreendimento no Cotai, aterros entre as ilhas da Taipa e de Coloane, da MGM, a empresa procura “conceder mais oportu-nidades para as pessoas de Macau e trabalhar no objectivo de fazer crescer e diversificar Macau”.

A MGM tem como uma das suas principais accionistas Pansy Ho, filha de Stanley Ho, o fundador da Sociedade de Jogos de Macau, família que tem ainda em Lawrence Ho, irmão de Pansy, na estru-tura accionista da Melco Crown, outro operador de jogo.

A TDM assinou hoje um acordo de cooperação

com a Agência de Infor-mação de Moçambique (AIM). O acordo prevê, além de troca de produtos informativos, também formação aos jornalistas moçambicanos.

As primeiras acções de formação devem co-meçar dentro de dois meses, segundo revelou o director-geral da AIM. Em declarações difundidas pela Rádio Macau, Gus-tavo Mavie explica que o protocolo visa incrementar o “intercâmbio tecno-lógico na formação dos jornalistas”. “A tecnologia é que agora domina o fluxo de informação. Sem esse domínio tudo fica quase re-duzido a nada. O tempo em que usávamos os telexes já está ultrapassado”, nota o director-geral da AIM.

Já Frederico do Rosá-

rio, membro da comissão executiva da TDM, su-blinha que na base deste protocolo está a “troca de notícias entre Macau e os países de língua por-tuguesa”. “Claro que não são só notícias de Macau, mas também da China, que a TDM irá tratar, em português, para depois enviar para as agências noticiosas”, acrescenta.

No âmbito destes pro-tocolos que a TDM já assinou com seis países da lusofonia, foram já en-viados 25 documentários da CCTV, devidamente legendados em português, para as televisões de Bra-sil, Cabo Verde, Guiné Bissau, Moçambique e Timor-Leste. Na próxima segunda feira, a TDM assina um acordo com S. Tomé e Príncipe. Até ao momento só com Angola não há acordo.

DSEJ PROMOÇÃO E FORMAÇÃO DE BILINGUES SÃO DUAS FRENTES DE TRABALHO

Português chega para todosalunos, existem 90 profissionais a trabalhar em Macau - nas áreas de Tradução, Medicina e Direito - que estudaram em Portugal através dos planos do Governo.

A directora do Centro de Difusão de Línguas da DSEJ, Wu Kit, disse que não há contradição na tentativa de tentar popularizar a língua portuguesa e formar talentos bilingues (chinês-português).

Em todas as escolas públicas, o en-sino do português é parte obrigatória do currículo. Este ano lectivo 2013/2014, existem 20 escolas privadas com cursos de língua portuguesa, oito delas têm cursos incluídos no programa curri-cular, 11 fornecem cursos extracurri-culares, uma das escolas apresenta as duas opções. Há cerca de 2600 alunos a frequentar estes cursos.

Além disso, Wu Kit revelou que a DSEJ também criou cursos de três anos de português para os alunos das escolas secundárias. Cerca de 200 alunos já participaram neste curso.

A vice-presidente da Associação de Educação de Macau (AEM) en-tende a questão de forma diferente. Lei Pui Lam insiste que a direcção do ensino do português não deveria ser popularizar a língua, mas formar os talentos. “A língua é uma ferramenta de comunicação e também para ganhar dinheiro. Contudo, os alunos chineses já estão sobrecarregados no ensino. Obrigar todos os alunos a aprender português antes do ensino superior, não me parece realista.”

Lei Pui Lam sugere que o Gover-no use mais recursos para os alunos interessados, por exemplo, criar mais cursos de educação contínua. O vice--presidente também disse que para resolver a questão de falta de tradutores em Macau, as universidades podem criar mais centros de formação de língua portuguesa, por forma a me-lhorar o sistema de ensino superior em português.

TIAG

O AL

CÂNT

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