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AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB GONÇALO LOBO PINHEIRO POLÍTICA PÁGINA 4 EVENTOS CENTRAIS POLÍTICA PÁGINA 5 PÁGINA 22 SOCIEDADE PÁGINA 7 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 QUINTA-FEIRA 30 DE ABRIL DE 2015 ANO XIV Nº 3321 Estamos muito longe do que vemos lá fora hojemacau MACAU | ZHUHAI Os bons vizinhos SVIATOSLAV RICHTER Quando a terra tremia ao som do piano ENTREVISTA PÁGINAS 2-3 FRENCH MAY Invasão de cultura gaulesa AL | LEI SINDICAL Será que é desta? CORRUPÇÃO IC afasta mau chefe PETER STILWELL REITOR DA UNIVERSIDADE DE SÃO JOSÉ Foram mais de mil os investi- mentos locais em Zhuhai, no ano de 2014. A informação veio do Governador da região vizi- nha, de visita ao território, onde fez questão de dizer que sem Macau, Zhuhai não existia. A diversificação do Jogo pode e deve passar pela aposta no ensino superior. Defende o reitor da USJ que, embora admita que muito tem de ser melhorado para atrair gente de fora, não descarta a oportunidade de Macau se transformar numa plataforma internacional nesta matéria. h ‘‘ Dos desvios da tradição OPINIÃO

Hoje Macau 30 ABR 2015 #3321

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Hoje Macau N.º3321 de 30 de Abril de 2015

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Os bons vizinhos

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Foram mais de mil os investi-mentos locais em Zhuhai, no ano de 2014. A informação veio do Governador da região vizi-nha, de visita ao território, onde fez questão de dizer que sem Macau, Zhuhai não existia.

A diversificação do Jogo pode e deve passar pela aposta no ensino superior. Defende o reitor da USJque, embora admita que muito tem de ser melhorado para atrair gente de fora, não descarta a oportunidade de Macau se transformar numa plataforma internacional nesta matéria.

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opinião

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2 hoje macau quinta-feira 30.4.2015entrevista

Depois de muitos atrasos, o novo campus da Universidade de São José na Ilha Verde deverá estar pronto em Setembro, estando as primeiras mudanças previstas para o segundo semestre do próximo ano. Peter Stilwell, garantiu ainda que Alexis Tam deverá dar luz verde para o recrutamento de alunos do continente, algo que tem vindoa condicionara universidade

Peter Stilwell, reitor da USJ, confirma conclUSão do novo camPUS Para Setembro

“Os melhores alunos tendem a procurar o ensino superior de fora”

A conclusão do novo campus da Universidade de São José (USJ) estava prevista para este mês, algo que ainda não aconteceu. Há uma data concreta?Não, ainda não temos. O que estava no contrato era a entrega até ao final de Abril. Estamos em cima do final de Abril e aquilo não está em condições de ser entregue. Houve um atraso, por várias razões. Isso competirá depois à discussão quem é que atrasou o quê, mas falaram-nos em Dezembro, ou Julho. Neste momento julgo que será sensato pensar algo como Setembro, depois ainda haverá um período em que é preciso obter licenças do Corpo de Bombeiros, Obras Públicas e Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ), porque vai haver uma secção da construção para a escola secun-dária. Estamos a pensar deslocar actividades para o novo campus no segundo semestre do próximo ano lectivo.

Poderemos falar de razões de ordem financeira e de recursos humanos para o atraso?Genericamente houve atrasos em ob-ter algumas licenças, que foi preciso desbloquear nas Obras Públicas. Na altura as coisas eram muito lentas. Assinámos o contrato em Novembro mas só em Março é que a empresa pôde tomar posse do terreno. Outra questão é que tínhamos um contrato difícil para qualquer empresa, de construção por etapas.

Na área académica, segundo o último relatório anual da uni-versidade, é dito que sentem uma grande pressão por ainda não poderem recrutar alunos do continente. Quando é que o Governo poderá dar esse aval?Sei que o Secretário, Alexis Tam, tem tomado isso a peito. Não me quero antecipar mas julgo que ele terá notícias positivas para dar. Julgo que está desbloqueado o processo por iniciativa dele pró-prio, que na sua última deslocação

a Pequim se encarregou de tomar isso em mãos e tratar directamente com o Governo em Pequim.

É uma situação de desvantagem para esta universidade.

“Creio que não digo nenhuma novidade, mas as universidades e as escolas superiores locais, não sendo más, estão muito longe do quevemos lá fora”

Sim, claro, porque Macau cresceu em termos de oferta das universi-dades que tem e uma delas cresceu significativamente, a Universidade de Macau (UM), com o novo cam-pus. Mas a demografia mostra uma quebra face aos alunos que saem do ensino secundário. Se acompa-nharmos isso com a informação de que em Taiwan há igualmente uma quebra demográfica e as universi-dades estão a procurar gente que as encha, e Macau tradicionalmente olhava para Taiwan como um lugar de formação dos filhos, significa que temos aí uma dificuldade em con-correr neste mercado do ensino su-perior. Podemos prestar um serviço aos estudantes da China continental, que nos permite completar aquilo que nos falta para sermos rentáveis em termos de propinas e fazer o que era o objectivo da universidade, que é um espaço de culturas. Creio que temos condições para isso.

Acredita que o ensino superior é sustentável do ponto de vista do

“Podemos prestar um serviço aos estudantes da China continental, que nos permite completar aquilo que nos falta para sermos rentáveis em termos de propinas e fazer o que era o objectivo da universidade, que é um espaço de culturas. Creio que temos condições para isso”

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3 entrevistahoje macau quinta-feira 30.4.2015

P eter Stilwell, que fez a sua tese de doutoramento sobre a obra do poeta português

ruy Cinatti, adiantou ainda ao HM que a USJ está a liderar a or-ganização do espólio de Cinatti, que ficará disponível para con-sulta na Universidade Católica Portuguesa (UCP), em Lisboa. O projecto está a ser parcialmente financiado pela Fundação Macau (FM) e deverá estar concluído já em Agosto.

“O espólio de ruy Cinatti tem muito material que interessa a esta zona do mundo, onde ele passou uma parte da sua vida e que acompanhou sempre na sua vida profissional. Em Timor mas também em Macau, de onde era a

Peter Stilwell, reitor da USJ, confirma conclUSão do novo camPUS Para Setembro

“Os melhores alunos tendem a procurar o ensino superior de fora”

Universidade de sãO JOsé aJUda a Organizar espóliO de rUy Cinatti

O material “que interessa a esta zona do mundo”

número de alunos para os próxi-mos anos, tendo em conta que este é um pequeno território? Estamos a criar grandes infra-estruturas que depois não serão preenchidas?Podíamos correr esse risco, mas Macau tem uma vantagem em ter um alto rendimento e poder investir no ensino superior. Neste momento o ensino superior é uma indústria de carácter internacional. Podendo ter aqui universidades que sejam de nível internacional não estaríamos muito longe do que vemos aconte-cer em alguns países árabes, que são muito ricos por causa do seu petróleo e que têm investido no ensino superior. Creio que Macau, se quiser diversificar em relação ao Jogo, tem no ensino superior uma das formas possíveis. Se as univer-sidades tiverem um nível suficiente para atrair público de fora, Macau e a China serão conhecidas por gente que vem de várias partes do mundo. Macau pode ser uma plataforma para essa internacionalização do ensino superior. Creio que não digo nenhuma novidade, mas as universidades e escolas superiores locais, não sendo más, estão muito longe do que vemos lá fora.

Continuam a estar afastadas dos rankings. Os rankings são sempre um bocado enganadores. Mas comparando com Hong Kong, lá há um nível de exigência muito superior. A OCDe está a desenvolver novos critérios de avaliação das universidades, que parecem interessantes, embora difícil de os pôr em prática, mas

já vão na quarta fase. e um dos critérios é olhar para o nível dos alunos quando entram e saem da universidade. Mas podemos ima-ginar uma universidade do Burkina Faso que é capaz de colocar os seus alunos, que saem de jogar à bola na rua, em mestrados em Inglaterra. O que essa universidade faz é, se calhar, mais do que Harvard ou Cambridge.

Sobre esse critério da OCDE. Como avalia essa questão em Macau? As escolas secundárias não estão a preparar bem os alunos?O que posso dizer é que ao nível do inglês, que usamos como língua veicular nos nossos cursos, os alu-nos das escolas de língua chinesa têm dificuldade em usá-lo como língua do quotidiano. Chegam mui-to limitados. Sei que nos exames do PISA, Macau encontrava-se no sexto lugar, e Portugal no 26º. Não podemos então dizer que os estudantes de Macau são de inferior qualidade. Mas há outro fenómeno: os melhores alunos tendem a ir procurar o ensino superior fora de Macau. Números oficiais mostram que um terço dos nossos alunos vão para estados Unidos, Canadá, Inglaterra, fazer as suas licenciatu-ras. Isso significa que apanhamos os que ficam num escalão mais abaixo. e aí entra o critério da OCDe: somos capazes de pegar nesses alunos e motivá-los?

O território não atrai, portanto, alunos de excelência, que consi-

deram que lá fora conseguem a qualidade que ainda não há aqui. Sim. Sem dúvida. Creio que essa é uma batalha para nós, para aqueles que ensinam, perceber que temos de melhorar. e isso não é só no ensino superior, não é uma ques-tão de publicidade e multiplicar o dinheiro que usamos. As pessoas inscrevem-se no ensino superior muito por “ouvir dizer”. Os pais não mandam os filhos para uma universidade que não tenham a certeza de ser boa. Há esta rede de informação que passa de boca em boca e que é muito importante, mas isso leva tempo e sobretudo uma autenticidade. É preciso in-vestir no trabalho que se faz numa universidade, não é só publicidade.

Deveria haver uma melhor se-lecção de cursos, uma vez que estamos num território pequeno, com um pequeno mercado labo-ral? Não haverá universidades a mais, com muitos cursos?Sim. Em Portugal fizeram isso nas universidades públicas e fecharam centenas. Aqui creio que as instituições farão isso por elas próprias. As escolas públicas têm uma maior defesa, porque podem não ser rentáveis em termos de número de alunos. Mas uma pequena universidade como a nossa não pode manter essas condições, a não ser por uma opção estratégica. Fazemos isso com o curso de Arquitectu-ra, que tem um número mínimo de alunos, e não é tão rentável como o curso de Gestão. Quando

cheguei a Macau uma das coisas que fiz foi passar a pente fino os cursos que tínhamos e andou por volta dos 30 os cursos que fechei. O ano passado e este ano são os últimos com alunos desses cursos que vão terminar. Isso deixam-nos reduzidos ao essencial.

Falando da nova Lei do Ensino Superior. Os deputados preten-dem saber se o futuro Fundo de Financiamento do Ensino Superior também vai abranger TNR e os seus filhos. Defende a igualdade de acesso?Não sei se devo intervir nesses de-bates, mas partindo da Lei Básica, que diz que não deve haver discri-minação, creio que se as pessoas se encontram legalmente no território para trabalhar e querem melhorar as suas competências, parece-me que seria justo. Nas discussões que estão a ser feitas na europa sobre a emigração, vê-se que a maior parte das economias não funcionariam sem emigrantes. em Macau não há uma população a envelhecer, mas é um território onde a indústria está a crescer de uma forma exponencial e tem que recrutar gente de fora. Não faz sentido que essas pessoas, que prestam serviço à economia, e que pagarão os seus impostos, não terão também acesso. A própria fonte de receitas de Macau vem de pessoas que vêm cá e deixam o dinheiro. Não vejo mal até que haja bolsas de estudo para essas pessoas e outras pessoas que sejam de zo-nas carenciadas do mundo e que Macau possa ter um certo número de bolsas de estudo para pessoas vindas, por exemplo, de Angola e Moçambique. Implementava-se a chamada plataforma e valorizava--se o ensino superior pela sua internacionalização.

Andreia Sofia [email protected]

“Creio que Macau, se quiser diversificar em relação ao Jogo, tem no ensino superior uma das formas possíveis. Se as universidades tiverem um nível suficiente para atrair público de fora, Macau e a China serão conhecidas por gente que vemde várias partesdo mundo”

sua avó. O avô era chefe da polícia marítima e depois foi cônsul de Portugal em Cantão. O ruy era o único descendente do avô e ficou com os papéis dele. Na proposta que apresentei, para além dos escritos do Ruy, ficou incluída a organização dessa documentação por forma a facilitar o acesso dos historiadores”, explicou o reitor ao HM.

O projecto inclui ainda uma segunda parte, constituída por uma página na internet com a poesia e obra científica de Ruy Cinatti, incluindo teses académicas de universidades portuguesas e brasileiras.

O reitor da USJ referiu ainda que o que era preciso era que o

espólio ficasse organizado. “Fui responsável por depositar o es-pólio na biblioteca da UCP, mas faltavam fundos e possibilidades de fazer o tratamento do espólio

para que ele ficasse disponível a um público mais largo. Mas é impensável deslocar um espólio de Lisboa para aqui e o que interessa é conservá-lo ali, digitalizar toda a documentação e base de dados, para estar acessível a todo o mundo. É o que estamos a fazer, sob minha orientação.”

Na calha está ainda a publi-cação de dois livros com escritos dispersos de Cinatti. “Ainda estamos a ver onde é que essas publicações terão mais impacto, se em Macau, se em Lisboa. Fui eu que supervisionei isso e tenho estado a trabalhar com um amigo e colaborador, Vasco rosa. entre o que recolhi para a minha tese, e aquilo que ele andou a reco-

lher, encontrámos muita poesia e textos que Cinatti publicou em jornais e revistas. Fizemos a recolha para dois volumes, um desde a juventude até 1945, e outro a que chamamos “escritos do Oriente”, que vão desde 1946 quando foi pela primeira vez para timor, até 1965. esperamos que se consigam publicar até Agosto. Se não for aqui, será em Lisboa”, concluiu.

todos estes projectos da USJ se coadunam com efemérides relacio-nadas com a vida e obra do poeta. Não só este ano se celebra o cen-tenário do seu nascimento, como em 2016 faz 50 anos que Cinatti chegou a timor pela primeira vez e 30 anos sobre a sua morte. A.S.S.

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4 hoje macau quinta-feira 30.4.2015política

F oram mais de 1200 as empresas que investiram em Zhuhai no ano passado. o Governador daquela província, Jiang Ling, diz que este

perfez 40% do investimento total estran-geiro. a informação foi adiantada ontem pelo líder, à margem de uma cerimónia de assinatura de dois acordos de cooperação entre as duas regiões. Jiang Ling disse ainda que “sem macau não havia Zhuhai”, enquanto explicava que o investimento do território naquela zona é essencial para a sua sobrevivência.

Para o Secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, há ainda muito para fazer na Ilha da montanha e em Zhuhai, nomeadamente projectos relacio-nados com os jovens empreendedores da

raEm. No entanto, quando questionado sobre o investimento neste sector da sociedade, Leong afirmou que é preciso “muito cuidado” nos gastos, uma vez que se trata do erário público.

“Temos de utilizar bem [o erário pú-blico], sem esbanjar. Temos de ter muito cuidado e através da legislação melhorar esses procedimentos para que esse projec-to de apoio possa ir até à Ilha da montanha ou outras zonas de cooperação”, advertiu o Secretário, em declarações aos média.

Lionel Leong frisou ainda a necessi-dade de “melhorar os diplomas” legais que dizem respeito ao investimento local na Ilha da montanha, bem como de me-lhor esclarecer os investidores e jovens empreendedores sobre as ferramentas

para o sucesso. Lionel Leong assegurou que o Governo planeia continuar com a atribuição de bolsas e financiamento a PmE e jovens empresários, mesmo que de forma cautelosa.

“Também temos que fazer outros trabalhos que têm que ver com o me-lhoramento dos projectos apresentados e a formação a ter depois da inscrição”, acrescentou o responsável.

Na calha está ainda a criação de um “vale de criação de negócios para os jovens de macau na Ilha da montanha”, conforme já tinha sido anunciado. os acordos agora assinados servem para as áreas de Cultura e Turismo.

Leonor Sá [email protected]

L IoNEL Leong adverte a população para possíveis medidas de austeridade,

mas assegura que não vão ser cortados os benefícios fiscais. Num comunicado enviado na terça-feira à noite, após o fecho da edição e de terem sido anunciadas mais rectificações ao orçamento, o Secretário para a Economia e Finanças sublinhou que a descida das receitas não põe em causa os benefícios sociais.

“apesar de se conseguir manter um equilíbrio orça-mental, o Governo deve-se preparar para enfrentar tempos difíceis e ponderar, atempadamente, propostas de medidas de austerida-

Medidas de austeridade coM garantias de benefícios sociais

Função Pública a salvode”, começa por apontar o comunicado do Gabinete do Secretário. “[mas] a descida das receitas do Jogo não põe em causa os benefícios sociais nem as despesas ‘rígidas’ (difíceis de cortar), sendo que o Governo prome-te estar atento às alterações económicas e manter uma boa comunicação com os diversos serviços.”

o mesmo responsável indicou que estas despesas e os benefícios sociais, tal como as remunerações dos

trabalhadores da Função Pública ou as comparticipa-ções pecuniárias, não serão afectadas pelo ajustamento das receitas de Jogo e que ou-tras despesas serão revistas conforme o valor da quebra das receitas.

Lionel Leong explica que, após a rectificação orçamental, efectuada com base na média de 20 mil milhões patacas de receitas do Jogo, prevê-se que seja ainda possível registar um superavit de dez mil milhões

de patacas, em 2015. No caso de se registar uma descida na receita mensal, passando esta para 18 mil milhões de patacas, então o “orçamento da raEm estará à tangente da linha do défice”, diz o Secretário, explicando que “se se começar a pensar em manter o equilíbrio orça-mental apenas nessa altura, poderão surgir problemas”.

Caso as receitas de abril atinjam os 18,5 mil milhões de patacas, a média nos primeiros quatro meses do

corrente ano continua acima dos 20 mil milhões, pelo que “não haverá necessidade imediata de se aplicarem medidas de austeridade”. No entanto, adverte, os Serviços de Finanças devem estar atentos para a possibilidade de se enfrentarem tempos difíceis e responder opor-tunamente.

“a quebra das receitas do Jogo não afectará o bem-estar social e serviços públicos”, disse ainda Lionel Leong, “fazendo votos de que se possa elevar a taxa de cumprimento do Plano de Investimentos e Despesas de Desenvolvi-mento da administração (PI-DDA), a fim de impulsionar a economia”. J.F.

Quase 20 novos projectos em andamentoJá há 17 novos projectos na Ilha da montanha que têm a assinatura de investimento local. o anúncio foi feito ontem por Lionel Leong, Secretário para a Economia e Finanças, à margem de um encontro com as autoridades de Zhuhai. “Há 17 projectos cujo processo já está a ser iniciado”, afirmou o líder. A resposta surgiu depois de Leong ter sido questionado sobre o andamento dos restantes 16 projectos de um total de 33 anunciados no início do ano passado. “Esses projectos têm de passar pelo processo de aprovação, o desenvolvimento dos trabalhos, mas nesta reunião também discutimos como é que vamos pôr em prática e como vamos atrair mais pessoas para participarem nestes projectos”, começou o responsável por dizer. “Solicitámos ajuda sobre como é que, futuramente, podemos aperfeiçoar os projectos”, continuou o Secretário.

Quatro novas condutas de água para macauo Governador de Zhuhai, Jiang Ling anunciou que em Julho começam os trabalhos para a criação de quatro novas condutas de água para macau, prevendo ainda que o projecto esteja finalizado em 2016. “Em Julho vamos criar quatro condutas de água para macau, para que esta esteja estabilizada ao nível da qualidade e da quantidade”, disse o dirigente aos jornalistas. Futuramente há ainda espaço para aumentar o número de postos de controlo automático e a eventual implementação de um local do género na fronteira para automóveis. Durante o encontro de ontem com Lionel Leong, foi ainda discutida a viabilidade de prolongar o horário de funcionamento do posto fronteiriço do Porto Interior e o cais de Wanchai.

macau e Zhuhai querem reforçar a cooperação e assinaram acordos neste sentido no dia em que se soube que mais de mil empresas locais fizeram investimentos no território vizinho em 2014. os números foram avançados pelo Governador de Zhuhai, que esteve cá ontem para lembrar que sem macau, Zhuhai não existia

cooperação Mais de Mil eMpresas investiraM eM Zhuhai eM 2014

Macau, a peça essencial

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5 políticahoje macau quinta-feira 30.4.2015

PSP confirma13 associações no Diado Trabalhador O Corpo de Polícia de Segurança Pública (PSP) confirmou que 13 associações vão manifestar-se amanhã em seis locais diferentes, por ocasião do 1º de Maio, sendo que o número total de participantes irá rondar as duas mil pessoas. Segundo o canal chinês de Rádio Macau, sete associações vão começar os protestos no Jardim Iao Hon, duas na Praça Tap Seac, enquanto que outras associações irão arrancar a partir da Praça das Portas do Cerco, Jardim do Triângulo, Praça de Amizade e o espaço junto à Torre de Macau. A PSP confirmou que os protestos irão realizar-se entre as 10h00 e 17h00, prevendo-se a entrega de cartas junto da sede do Governo e o Gabinete de Ligação do Governo Central da RAEM.

Associaçãodiz que índice salarial mínimoestá “desligadoda realidade”

É mais uma entidade a participar no 1º de Maio. A Associação

dos Trabalhadores da Função Pública de Origem Chinesa vai estar nas manifestações a pedir o ajustamento do índice salarial mínimo para os trabalhadores do Governo.

Segundo o jornal Ou Mun, a associação considera que, embora o valor do índice salarial tenha aumentado para 79 patacas, esse aumento representa apenas mais 500 patacas mensais para os funcionários públicos da camada mais baixa. Por isso, dizem que o Governo devia ajustar o salá-rio conforme a classificação do trabalhador.

“Tendo em conta o aumento contínuo do custo de vida, no valor 110 do índice salarial, os valores mínimos estão totalmente desligados da realidade, sendo que o aumento desse valor não ajudou muito os funcionários”, pode ler--se no comunicado da associação citado pelo jornal.

O aditamento dos funcionários no regime de previdência é outra das solicitações. A associação con-sidera que quando um funcionário atingir os 25 anos de serviço, ou chegar aos 65 anos de idade, deve sair da Função Pública, conti-nuando a receber os subsídios de residência e os prémios de contri-buição, por forma a “assegurar a qualidade de vida dos reformados”.

A associação pede ainda a criação de um “mecanismo de queixas”, para o tratamento de situações em que as pessoas são mal atendidas nos serviços públi-cos. F.F.

O deputado José Pereira Coutinho, através da sua mais recente associação

de apoio aos trabalhadores do Jogo, entregou esta semana o projecto de Lei Sindical e de or-ganização colectiva. Esta já não é uma iniciativa nova do deputado, que já viu este diploma ser chum-bado no hemiciclo.

“Vamos ver se de facto, desta vez, a Assembleia Le-gislativa (AL) vota a favor para que os trabalhadores dos casinos não sejam explorados como têm vindo a ser desde o estabelecimento da RAEM e as associações possam defender os interesses dos trabalhadores”, disse ao HM. Pereira Coutinho acredita que, desta vez, “vai

Lei SindicaL Pereira coutinho voLtou a entregar Projecto na aL

Na persistência é que está o ganho?haver uma mudança”, uma vez que, defende, estamos perante o novo mandato do Chefe do Executivo, temos novos Secre-tários e a atitude dos deputados nomeados pode mudar. “Eu sei que o Chefe do Executivo sabe que falta regulamentar o artigo 27 da Lei Básica”, acrescentou o deputado directo.

A FAlAr nos entendemosO deputado falou ao HM no dia em que organizou um debate so-bre os direitos dos trabalhadores do Jogo, tendo sido discutidos quatro pontos a alterar no actual sistema de direitos. “É preciso pressionar o Governo para que interceda junto das operadoras de Jogo, no sentido de rever as

P ETER Lam é, desde on-tem, membro do Conselho de Curadores da Funda-ção Macau. A nomeação

acontece menos de quatro me-ses depois de Lam ter pedido a demissão da mesma Fundação, onde desempenhava o cargo de vice-presidente do Conselho de Administração desde 2011. Peter Lam integrou, em 2013, o Conse-lho Executivo do Governo, tendo sido nomeado para o Conselho de Administração da Universidade de Macau um ano depois. Agora, regressa à Fundação Macau.

De acordo com um despacho publicado ontem em Boletim Oficial, e assinado pelo Chefe do Executivo, a nomeação para o Conselho de Curadores foi feita no dia 28 de Abril, tendo entrado em vigor no mesmo dia em que foi publicada oficialmente.

Peter Lam foi já vice-presi-dente do Conselho de Adminis-tração da Fundação Macau, até 20 de Dezembro de 2014, quando

Peter Lam saiu da Administração da Fundação Macau por motivos pessoais, mas meses depois está de regresso ao organismo. A nomeação foi ontem feita por Chui Sai On, Chefe do Executivo e presidente do Conselho de Curadores,que agora recebe Lam

Fundação Macau PETER LAM REGRESSA PARA COnSELHO dE CuRAdORES

trocas e baldrocas

foi substituído por Cheong U. Conforme avançado pelo HM na altura, a saída de Lam da vice-presidência deveu-se a “motivos pessoais” e foi feita a 19 de Dezembro, um dia antes de Cheong U, anterior Secretário para os Assuntos Sociais e Cul-tura, assumir o cargo.

Já antes de ser vice-presidente desta Fundação, Peter Lam – empresário – era membro da direcção do organismo. Numa nota sobre a saída de Lam, a Fundação Macau escrevia ter sido “positivo contar com uma figura de prestígio” como Lam no quadro.

em revisãoA criação do cargo de vice--presidente do Conselho de Ad-ministração foi uma das alterações introduzidas nos novos Estatutos da Fundação Macau em 2011. Esta semana, estes estatutos viram nova revisão do Conselho Execu-tivo – ao qual Peter Lam pertence

também -, sendo que, ao invés do limite máximo de 19 membros, o Conselho de Curadores passa a ter 21.

O Conselho de Curadores, do qual é presidente o Chefe do Executivo, é o grupo responsável por aprovar a concessão de apoios financeiros de valor superior a 500 mil patacas, bem como gerir o orçamento e as actividades do organismo.

Natural de Macau, Peter Lam é dono da empresa da City In-vestment and Construction e é membro do Comité Nacional da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês. Foi ainda presidente do Conselho de Administração do World Trade Center de Macau e é um dos vice-presidentes da Associação Comercial de Macau.

Joana [email protected]

contribuições do regime de previ-dência de 5%, que é muito pouco para eles poderem continuar sem preocupações na sua velhice”, explicou. Pedindo novamente o pagamento de subsídios de turnos e de trabalho nocturno, Pereira Coutinho fala ainda de “pressões” que têm sido feitas junto dos trabalhadores, através do envio de cartas. “Talvez de-vido à diminuição dos lucros, as empresas estão a pressionar os trabalhadores através do envio de cartas de aviso e à medida que forem acumulando podem cons-tituir justa causa para o despedi-mento. Consideramos isso como formas de pressão para diminuir o número de trabalhadores locais”, concluiu. A.s.s.

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“As pessoas ao longo dos anos não se têm recenseado e essa não é a forma mais correcta de manifestarem as suas opiniões”AméliA António Presidenteda Casa de Portugal em macau

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6 política hoje macau quinta-feira 30.4.2015

DSEC Ieong Meng Chao é novo director A Direcção dos Serviços de Estatística e Censos tem agora Ieong Meng Chao como director. Antes de ocupar este cargo, para o qual foi nomeado ontem pelo Secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, Ieong ocupava já o cargo de director substituto, tendo ainda cumprido funções enquanto técnico superior de Informática e programador no mesmo organismo. Ieong encontra-se a trabalhar na DSEC desde 1989. Em despacho publicado em Boletim Oficial, Lionel Leong justifica a nomeação com a “vacatura do cargo” e a existência de competências profissionais que permitem a entrada em funções na direcção. Ieong foi agora nomeado para ser director durante um períodode um ano.

Chan Pou Ha substituída por Cheong Ion Man A ex-subdirectora dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), que regressou em Janeiro deste ano ao cargo de técnica superior do organismo, foi agora substituída por Cheong Ion Man noutros dois cargos. De acordo com dois despachos ontem publicados em Boletim Oficial, Cheong Ion Man vai passar a ocupar o cargo de membro permanente da Comissão de Investimentos do Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau, como representante da DSSOPT, e ainda o cargo de vogal do Conselho do Planeamento Urbanístico. Ambos os cargos vão ser ocupados até Julho deste ano.

Assédio sexual ANM estende consulta pública até 10 de MaioA Associação Novo Ma-cau vai estender o

prazo da consulta pública sobre a proposta de criação de uma lei sobre o assédio sexual até 10 de Maio. Em comunicado, a Associação diz que a população “ficou sem paciência para esperar pela implementação da legislação referente ao assé-dio sexual”, justificando por isso necessidade de acelerar os trabalhos.

A consulta pública criada pela ANM visa recolher a opinião da sociedade sobre o que deve, ou não, conter

o diploma contra o assédio sexual, que gerou bastante polémica em meados do ano passado. Uma vez que ainda não foi possível recolher toda a informação necessária, a entidade decidiu prolongar o prazo-limite da resposta ao questionário. Inicialmente, havia sido definido o dia 26 deste mês, mas continua a ser possível participar até 10 de

Maio. O documento foi publi-camente disponibilizado a 19 de Março e até agora foram organizadas, de acordo com o mesmo comunicado, um fó-rum público de debate, envio de questionários a organiza-ções sociais e escolas. Um dos principais obstáculos durante a criação de uma eventual lei, dizem, está relacionada com a definição dúbia que pode

surgir da expressão “assédio sexual”, das sanções e de pro-ceder com as investigações policiais dos casos.

A ANM vai ainda orga-nizar uma sessão de consulta pública às 14 horas deste domingo no Centro de Edu-cação Permanente. Recorde--se que o assédio sexual é definido pelo Código Penal e punido como sendo insulto.

D EsdE esta terça-feira que Ricardo Mota, ar-quitecto, já não tem mais desculpas. A abertura do

novo balcão de recenseamento do Consulado-Geral de Portugal em Macau vai permitir-lhe fazer o que há muito adiava. “É algo bastante útil. Estava a adiar há algum tempo a ida ao consulado, por uma questão de horários e esta iniciativa ajuda a que as pessoas se dirijam lá à hora de almoço”, disse ao HM.

Como Ricardo, muitos portu-gueses residentes em Macau têm optado por tratar de fazer o seu recenseamento eleitoral, por forma a poderem participar nas eleições portuguesas na RAEM. Muitos fazem-no por consciência do de-ver cívico, ou apenas para terem a papelada em dia.

Num território onde, num universo de 160 mil portadores de passaporte português, estão recen-seadas apenas 11 mil pessoas, há muitos que nem esperaram pela abertura do balcão. É o caso de um residente português, que não quis ser identificado. “Fui-me recensear para votar no Partido socialista (PS), em 2014. Fiz isso devido à

No segundo dia da abertura do novo balcão de recenseamento eleitoral, entre 40 a 50 pessoas já foram ao Consulado-Geral de Portugal em Macau. Há residentes a aproveitar o novo balcão e outros que já tinham feito a sua inscrição, num território onde o número de eleitores ainda é baixo

ElEiçõEs MAIS DE 40 PESSOAS Já SE rECEnSEArAM nO COnSULADO

luta contra a inércia

expectativa de realização de elei-ções legislativas em Portugal, nas quais não quero deixar de participar, porque sou um cidadão completo e consciente dos meus direitos cívicos”, disse ao HM.

No primeiro ano em que o Consulado disponibiliza um balcão apenas para este fim, o balanço, ao fim de dois dias de actividade, já é positivo. Ricardo silva, chanceler do Consulado, referiu que a activi-dade tem sido publicitada nas redes sociais e associações de matriz

portuguesa. Mas funciona muito com o passa-palavra.

“O número de pessoas que vieram ao balcão de recenseamento aumentou bastante, em comparação com os dias normais. Ontem e hoje atendemos 44 e 45 pessoas. É um número bastante superior, já que antes se fazia cerca de uma pessoa por dia”, disse ao HM.

Cenas da vida portuguesa O maior número de eleitores pode representar uma maior participação nas eleições, tendo em conta que, no último acto eleitoral, só mil pessoas foram à boca das urnas? Miguel Bailote, presidente da Comissão Política da secção do Psd em Ma-cau, fala do trabalho “meritório” de Vítor sereno, cônsul-geral, e acre-dita que os números podem subir.

“Quanto, não sei, mas penso que os números podem subir. Nas últimas eleições acabávamos por ter muitos votos nulos, ou porque as pessoas não tinham o recen-seamento feito ou era difícil ir ao consulado”, disse ao HM.

Já Ricardo Mota não acredita numa grande subida de votantes. “Não sei se aumenta, porque acho

que a inércia é grande. Mas pelo menos [o balcão] é menos uma des-culpa que as pessoas têm. Acho que é menos aliciante para as pessoas participarem, apesar de achar que é um dever.”

E a falta de atractivos poderá vir da crise que se vive no país e no descontentamento gerado. “Não acho que [os baixos valores de re-censeamento] sejam uma questão de Macau, Luxemburgo ou Paris: acho que é uma questão do proble-ma da vida política portuguesa, que tem afastado as pessoas”.

Amélia António, presidente da Casa de Portugal em Macau, diz que, descontentamentos à parte, é preciso estar registado. “Pode não aumentar a participação eleitoral, mas se as pessoas estiverem recen-seadas e não votarem, é uma forma de se manifestarem e dizer que não se interessam ou não concordam com uma proposta que lhes é feita.”

O novo balcão é, assim, “uma coisa importante porque a grande maioria dos portugueses em Macau não está recenseada”. “Isso aconte-ce ou por desinteresse das pessoas, ou por falta de informação. As pessoas ao longo dos anos não se têm recenseado e essa não é a forma mais correcta de manifestarem as suas opiniões”, concluiu Amélia António ao HM.

andreia sofia [email protected]

“É algo bastante útil. Estava a adiar há algum tempo a ida ao consulado, por uma questão de horáriose esta iniciativa ajuda a que as pessoas se dirijam láà hora de almoço”RiCARdo motA Arquitecto

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7sociedadehoje macau quinta-feira 30.4.2015

CCAC Número de casos diminui em 2014DimiNuíram em 31 os casos investigados pelo Comissa-

riado contra a Corrupção (CCaC) em 2014, mas ainda assim o orga-nismo agora liderado por andré Cheong recebeu um total de 865 denúncias. Dados disponíveis no relatório de actividades do CCaC relativo ao ano passado indicam que, destes, quase 300 eram de natureza criminal.

De acordo com o CCaC, a maioria dos casos começou a ser investigado graças a denúncias de

cidadãos. isto representa um total de 96,2% do total dos casos, uma média semelhante aos dos anos passado. Em apenas 19 casos, foi o próprio CCaC a investigar por iniciativa própria (2,2% dos casos), enquanto seis casos foram investigados por solicitação de autoridades do exterior e oito foram enviados ao CCaC por entidades públicas.

O número de casos recebidos representa a primeira descida, ain-

da que ligeira, desde 2010, uma vez que os casos têm vindo a subir. Já a fatia destes casos que diz respeito a casos de natureza administrativa subiu: em 2011 eram 454 casos, tendo aumentado em 2012 e 2013, para chegar a 567 o ano passado.

Contudo, apesar de quase che-garam aos 900 os casos recebidos só no passado, alguns não reuniram condições para serem investigados. De acordo com o CCaC, isto

aconteceu por “ou não caberem na competência do CCaC, ou por insuficiência das informações fornecidas”.

ainda assim, o organismo teve em mãos 1675 casos em 2014, uma vez que alguns transitaram de 2013. “Foi concluída a investigação de

492 casos no ano de 2014, tendo os mesmos sido encaminhados para o ministério Público ou arquivados. No âmbito da Provedoria de Justiça, 563 casos foram dados por concluí-dos e arquivados”, explica o CCaC.

O organismo considera neces-sário analisar a descida ligeira nas denúnicas, “de forma a se poder determinar as razões subjacentes a essa mudança e a se poder definir as correspondentes estratégias de acção no plano de actividades” deste ano. J.F.

o ano passado foram recebidas 567 queixas e denúncias no âm-bito da Provedoria

de Justiça, o que representou um aumento face aos anos anteriores. a maioria estava relacionada com o regime da Função Pública, a gestão dos corpos disciplinares e a execução da lei por parte dos mesmos e assuntos municipais. De acordo com o Comissariado contra a Corrupção (CCaC), que apresenta os dados no seu mais recente relatório de actividades, o aumento de casos deve-se, sobre-tudo, ao desenvolvimento social.

“Os serviços públicos da raEm têm vindo a prestar cada vez mais serviços ao público, o que também

U m Chefe de Departamento do instituto Cultural (iC) foi acusado de corrupção e está agora a cargo do ministério Público.

apesar do caso ter sido descoberto em 2007, só ontem o Comissariado contra a Corrupção (CCaC) o tornou público, através do relatório de actividades do organismo referente ao ano passado. O caso levou o Executivo a gastar mais de dez milhões de patacas.

O CCaC diz ter descoberto, durante a in-vestigação de um caso de corrupção, que um Chefe de Departamento do iC teria violado a lei, quando, em 2007, propôs o ajuste directo de uma obra a uma empresa que tinha a sua esposa como uma das accionistas. O organismo diz que o homem, que não é identificado, aproveitou a sua posição para sugerir que a obra fosse feita de forma urgente.

“No âmbito de procedimento de adjudicação de

um serviço de concepção de projecto, aproveitando a sua competência funcional e invocando a alegada urgência do serviço, propôs o ajuste directo, com isenção do normal processo de consulta, a uma empresa da qual o seu cônjuge era accionista”, começa por apontar o CCaC. “O Chefe de Departamento propôs o ajuste directo à empresa empreiteira, encobrindo o facto da sua cônjuge ser accionista da mesma, o que permitiu que esta viesse a obter também a adjudicação posterior dos serviços de assistência e de alteração do projecto.”

Aumento de dez milhõesCom esta adjudicação, a empresa conseguiu obter inicialmente cerca de dois milhões de patacas por serviços prestados. Contudo, “devido a deficiências da empresa empreiteira verificadas na concepção do projecto e à demora por mais de um ano na alteração do mesmo”,

a obra foi sendo adiada. isto implicou que o Governo pagasse uma nova despesa de mais de dez milhões de patacas face ao preço inicial da adjudicação da obra.

Tanto o Chefe de Departamento do iC, como a esposa foram acusados da prática de crime de participação económica em negócio, sendo que o caso foi encaminhado para o ministério Público.

O Hm tentou obter mais informações sobre o caso, mas do lado do iC, apenas foi enviada uma nota dizendo que este é um caso isolado (ainda que haja mais casos a envolver funcionários do Instituto) e que o IC soube disto final do ano passado. “Foram feitos os tratamentos imediatos e tomadas as medidas preventivas. ao mesmo tempo, o iC deu também início a um processo disciplinar.” No relatório de actividades do CCAC não se identifica a obra, nem o depar-tamento em causa. J.F.

pedidode ajUdaà China O Comissariado contra a Corrupção (CCaC) pediu ajuda à China continental na investigação de seis casos no ano passado, sendo que um deles ainda está a ser acompanhado. De acordo com o relatório de actividades do organismo, o apoio foi solicitado principalmente às autoridades anti-corrupção do interior da China. mas, também o continente e Hong Kong precisaram da ajuda de macau. Por isso mesmo, em 2014, o organismo prestou apoio em três casos à Comissão independente contra a Corrupção (iCaC) de Hong Kong e à Polícia de Hong Kong e às autoridades anti-corrupção da China, noutros três casos. Dois terão sido concluídos, mas quatro ainda estão a ser acompanhados, segundo o CCaC. Desconhece-se os motivos da investigação.

aMCM anUloU ConCUrsos por haver ilegalidadea autoridade monetária de macau (amCm) foi acusada pelo CCaC de ilegalidades num concurso público. Depois de uma queixa, onde se alegava que em vários concursos públicos de recrutamento realizados pela amCm em 2013 não havia existido qualquer critério de avaliação nem havia sido indicada a ponderação dos métodos de selecção nos respectivos anúncios, o CCaC descobriu que havia, de facto, problemas que levaram a que os processos de recrutamento fossem anulados. “Em relação aos actos praticados pelo júri, pode razoavelmente suspeitar-se da definição da ponderação dos métodos de selecção e dos seus critérios de apreciação ‘à medida de determinados candidatos, prejudicando a imagem da justiça e a imparcialidade da administração”, acusa o CCaC. a amCm aceitou as recomendações do CCaC e revogou os concursos públicos, pelo que o caso foi arquivado.

menos corrupção passiva, mas maior abuso de poder e falsificação de documentos. São alguns dos crimes mais praticados por funcionários públicos. a amCm foi também acusada de irregularidades em concursos públicos

Provedoria de Justiça Função Pública motiva mais queixas

Por causa do desenvolvimento

originou o aumento dos casos de Provedoria de Justiça relacionados com os serviços prestados. Por isso, a completa resolução de um caso de Provedoria de Justiça não se limita somente a ‘restituir a justiça aos cidadãos’, revelando-se mais importante a promoção eficaz do aperfeiçoamento da prestação do serviço público, ao nível do funciona-mento em geral dos serviços públicos e dos respectivos regimes jurídicos aplicáveis”, revela o organismo.

Chefe de dePartamento do iC aCusado de CorruPção

uma obra para a minha mulher

Esse aperfeiçoamento parece vir a ser necessário, sobretudo, no âmbito dos crimes praticados por funcionários públicos, já que os crimes de falsificação de docu-mento, nomeadamente de registos de assiduidade, pertencem a uma percentagem “relativamente alta” dos casos. mas em causa estão também situações de abuso de poder, de burla e de peculato, ainda que se tenha registado uma descida do número de crimes de corrupção passiva praticados por funcionários públicos.

Nos casos relacionados com o regime da Função Pública, destacam-se 167 queixas. Destas, a maioria (52) está relacionada com a gestão por superiores, enquanto

46 se relacionam com direitos dos funcionários públicos, 38 devido a acções disciplinares e 32 a recru-tamento na administração.

a execução das leis (ou a falta dela) motivou 54 queixas, enquanto os conflitos laborais se elevaram a 19 casos. Habitação, saúde, subsídios do Governo, tráfego (36) e assuntos municipais (43) preenchem também a lista.

Em 2014, o CCaC concluiu ainda acções de investigação de dois casos relacionados com a inexactidão dos elementos prestados por fun-cionários públicos na declaração de bens patrimoniais e interesses e de um caso sobre riqueza injustificada.

Joana [email protected]

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8 sociedade hoje macau quinta-feira 30.4.2015

USJ diz ser “alheia”a conflito laboralno novo campusA Universidade de São José (USJ) emitiu ontem um comunicado onde afirmar “ser alheia” ao conflito laboral ocorrido na obra de construção do novo campus, na Ilha Verde. É referido que foi assinado um contrato entre a Fundação Católica de Ensino Superior Universitário de Macau (entidade titular da USJ) e a empresa Hsin Chong, pelo que a USJ “não é parte no contrato com a empresa”. A universidade privada afirma ter tido conhecimento do caso – levou trabalhadores a protestar contra salários em atraso esta semana - pela comunicação social e revela estar “confiante de que uma solução justa, rápida e eficaz possa ser alcançada em breve”. Isto porque a Hsin Chong “se apresenta como uma empresa credível, pelo que há razões para esperar o integral cumprimento dos contratos de empreitada”. Tanto a fundação como a USJ dizem “lamentar” o sucedido, mas afirmam não estar “em posição de encontrar as soluções que permitam ultrapassar o conflito”.

Terrenos Governo recupera mais dois lotes

O Governo recuperou mais dois lotes de terreno, com um total de 8254

metros quadrados. Um deles fica em Macau e outro na Taipa e juntos perfazem doze terrenos de uma lista de cerca de 50 que o Executivo tem tentado recuperar por caducidade do prazo de exploração.

Um dos lotes situa-se entre a Travessa do Laboratório e a Rua Marginal do Ca-nal dos Patos, na península, e pertencia a dez cidadãos, que detinham já outro dos terrenos recentemente recuperado pelo Governo.

Desde 1986 que estes detinham a con-cessão por arrendamento e com dispensa de concurso público, sendo que o local deveria ter sido aproveitado para construção de um edifício industrial de cinco pisos.

O prazo de arrendamento expirou em 19 de Outubro de 2011 e o aproveitamen-to do terreno previsto no contrato não foi executado por razões não imputáveis aos concessionários.

No outro caso, de um terreno na Tai-pa, na Estrada de Lou Lim Ieok, junto ao Jardim de Lisboa, o terreno foi retirado à Companhia de Investimento Predial Setefonte, Limitada, uma empresa que também detinha outro lote recuperado pelo Executivo a semana passada. Com mais de sete mil metros quadrados, o lote, detido desde 1993, iria ser apro-veitado para a construção de moradias unifamiliares.

As concessionárias têm agora um prazo de 30 dias para pedir recurso da decisão ao tribunal.

E SPECIALISTAS locais suge-rem que o Governo crie um mecanismo de sorteio rotativo de passe para estacionamento

económico de veículos nos parques de estacionamento públicos existen-tes. As sugestões foram transmitidas ontem, durante o programa Macau Talk, do canal chinês da Rádio Macau.

O debate surgiu na sequência do anúncio do Governo de promover a gestão de veículos por meios econó-micos. Entre as medidas anunciadas estão o aumento do custo de passe dos veículos e o cancelamento do passe mensal nos parques públicos, que não permite uma política de rotatividade. Para o programa foram convidados o vogal do Conselho Consultivo de Trânsito, Kou Kun Pang, e o secretário geral da Associação do Comércio de Gestão de Parques de Macau, Lei Kuong Wa.

Questões sentimentaisUm ouvinte do programa criticou a medida económica para controlar o aumento de veículos apresentada pelo Governo, alegando que esta não tem em conta “os sentimentos” da popu-lação. Kou Kun Pang explicou que

os meios económicos são “o passo mais fácil de dar” e considerou que a próxima etapa do Governo deve ser eliminar os veículos mais antigos velhos e fazer um planeamento de rede viária. Kou sugere ainda que não sejam disponibilizados lugares de estacionamento em artérias principais da cidade, algo que acredita podem expandir estas zonas, evitando que os carros circulem várias vezes num mesmo local à procura de lugar.

O secretário geral da Associação do Comércio de Gestão de Parques de Macau apontou que actualmente os passes mensais de parques de estacionamento públicos são tão baratos que nem chegam a atingir metade do preço pedido nos parques privados. Além disso, sublinhou que não existe um prazo limitado para o fim do aluguer, fazendo com que vários condutores se queixem de não conseguir passes mensais por falta de vagas. Lei sugere então a criação de uma política de sorteio de passes mensais, dando assim oportunidade para que todos os condutores possam ter lugar.

Flora [email protected]

O presidente da Associação Industrial de Macau (AIM), António Chui, sugeriu a criação de um website

para compras públicas, onde o Governo e operadoras de Jogo pudessem adquirir o mais variado tipo de produtos e onde existisse igualdade de candidaturas para todas as empresas interessadas, locais ou não locais.

As declarações, citadas pelo Jornal do Cidadão, foram proferidas à margem de um seminário organizado com o sector comercial. António Chui citou o relatório das Linhas de Acção Governativa (LAG), onde o Chefe do Executivo realçou o facto de querer “estudar e optar pela compra de produtos fabricados em

Macau”, aconselhando “as concessionárias de Jogo a comprar esses produtos, para que se torne numa medida de apoio das Pequenas e Médias Empresas (PME) e ao sector cultural e criativo, bem como industrial”.

Olhando para o actual sistema, António Chui considera que não beneficia as PME. “No ano passado as compras feitas pela Função Pública atingiram as 16 mil milhões de patacas, sendo que, da parte das concessionários, os valores foram maiores. Contudo, a maioria dessas compras foram feitas por despachos ou ofícios, privando as empresas mais pequenas do direito a candidatarem-se”, explicou.

A criação do website de compras públi-

cas poderia fazer com que mais PME locais participassem no processo. Para António Chui, os produtos, com nomes, tamanhos e modelos, poderiam estar no website, bas-tando um clique do interessado para fazer a compra. A ideia seria criar um mecanismo justo de acesso, com a criação de uma equipa para coordenar todo o processo de aquisição de produtos.

O presidente da AIM pede ainda que o Executivo e operadoras de Jogo escolham mais produtos “Made in Macau” ou aqueles que sejam feitos pelas PME.

Flora [email protected]

Criar um sistema de estacionamentos sorteados nos parques públicos da cidade e proibir a construção de lugares automóveis em artérias principais da região são duas das propostas de Kou Kun Pang e Lei Kuong Wa

Parques de estacionamento SUgErIdoS pASSES MEnSAIS roTATIVoS

sorteio para estacionar

Por um website de comPras Públicas Para Governo e oPeradoras

Os pequenos também têm direito

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9 sociedadehoje macau quinta-feira 30.4.2015

www. iacm.gov.mo

pub

AVISOFaz-se público que a Piscina do Parque Central

da Taipa, sob a dependência do IACM, estará aberta ao público, gratuitamente, entre 1 de Maio e 31 de Outubro de 2015, com o seguinte horário de funcionamento :

2a feira : 13h00 às 21h003a feira a Domingo: 7h00 às 12h00 e 13h00 às 21h00

Por razões de segurança, será implementado um limite de entradas na piscina de acordo com a ordem de chegada dos utentes. No período das 12h00 às 13h00 será realizada a limpeza das instalações (nesse período os utentes terão que abandonar as instalações).

À 2a feira, a piscina permanecerá encerrada durante o período da manhã para efeitos de limpeza e manutenção periódica, reabrindo às 13h00. Caso coincida com um feriado, a piscina permanecerá aberta, nesse dia, passando os serviços de limpeza e de manutenção para o período da manhã da 3a feira seguinte.

Macau, aos 24 de Abril de 2015.

O Presidente do Conselho de Administração,

Vong Iao Lek

Wynn com quebra de quase 60% nas receitas A Wynn Macau anunciou ontem uma quebra de 59,3% dos lucros líquidos do primeiro trimestre de 2015, para 111,6 milhões de dólares. Em comunicado enviado à Bolsa de Hong Kong, a Wynn Macau informa que obteve receitas líquidas de 705,4 milhões de dólares americanos – menos 37,7% do que no período homólogo de 2014. O EBITDA ajustado (resultados antes de impostos, juros, depreciações e amortizações) atingiu 212,3 milhões de dólares, traduzindo uma queda anual homóloga de 44,7%, devido sobretudo à fragilidade do segmento VIP, refere a empresa. O volume de negócios nas mesas de segmento VIP das operações da Wynn Macau caiu 52,4%, para 17,1 mil milhões de dólares entre Janeiro e Março, altura em que o número médio de mesas para grandes apostas diminuiu de 279 para 252 por causa de uma ampla renovação numa parte do casino, cujas obras foram concluídas em Fevereiro. O do segmento do mercado de massas sofreu uma queda de 14,5% em termos anuais homólogos, para 591,9 milhões de dólares (539,9 milhões de euros).

Macau Adelson refuta acusações

O patrão das Las Vegas Sands compareceu on-

tem num tribunal nos Estados Unidos para prestar depoi-mento, no caso que opõe o antigo director-executivo da Sands China, Steve Jacobs, a Sheldon Adelson. De acordo com a Rádio Macau, o magna-ta refutou todas as acusações que lhe são feitas, entre elas a relação com o advogado Leo-nel Alves. Denominando as acusações de Steve Jacobs como “uma mentira, um delírio”, o patrão da Sands terá tido uma “aparição combativa” em tribunal.

Em causa estão alegações do antigo director-executivo da Sands China, despedido por Sheldon Adelson, que alegava que a operadora tem ligações às tríades e procurou obter influência junto de Pequim. Em causa está ainda o papel de Leonel Alves, que foi advogado da operadora: Jacobs diz que o também deputado e membro do Conselho Executivo foi pago para exercer, de modo indevido, influência junto das autoridades, por indicação de Sheldon Adelson.

A Rádio cita ainda a imprensa norte-americana, dizendo que o magnata do jogo negou que a demissão de Jacobs estivesse relacio-nada com as objecções que o antigo responsável levantou em relação a Leonel Alves e acrescentou que não es-teve envolvido na primeira contratação do advogado, tentando demonstrar que teve sempre alguma distância em relação ao projecto de Macau. O Guardian, jornal norte--americano, assinala que ficou bem evidente a animosidade de Adelson em relação a Ja-cobs e diz que o demitiu por 35 violações contratuais que justificam um despedimento por justa causa.

A audiência, recorde-se, destinava-se a decidir uma questão de jurisdição – se é em Las Vegas ou em Macau que o caso deve ser julgado.

A S quebras nas receitas levam as operadoras de Jogo a depositar esperanças nos turistas que hão-de chegar a

Macau e na transformação do território no almejado Centro de Turismo e Lazer.

Apesar de só alguns dos relatórios de contas ontem tornados públicos pelas concessionárias referirem a campanha anti-corrupção da China, nenhum deles menciona este nome. Mas todos falam no turismo como aposta.

“O decréscimo das receitas do Jogo foi devido a diversos factores, designadamente, o rápido crescimen-to durante um período prolongado, um certo abrandamento da economia na República Popular da China e algumas medidas administrativas agora implementadas no país”, pode ler-se, por exemplo, no relatório da Sociedade de Jogos de Macau (SJM).

Operadoras de Jogo associam a quebra das receitas do Jogo a diversos factores, incluindo a campanha anti-corrupção na China, ainda que sem nunca mencionar este nome. Quase todas depositam esperanças na chegada de mais turistas e nas novas infra-estruturasque aí vêm

Jogo APOsTA nO TurIsMO E EnTrETEnIMEnTO PArA FugIr à quEBrA

Só vocês sabem porquenão ficam em casa

A operadora fundada por Stanley Ho assegura que se mantém “em es-tado financeiro sólido”, mas ressalva que não se pode prever “com rigor” quanto tempo vai demorar o período de ajustamento da indústria.

A mesma percepção têm opera-doras como a Galaxy, que atribui a descida nas receitas “à convergência de factores como a fase de distracção proporcionada pelo Campeonato Mundial de Futebol FIFA 2014, o abrandamento económico na China, o custo de mão-de-obra mais elevado e o programa de austeridade chinesa”.

Turismo é que éA esperança está, então, deposi-tada nos turistas. Mas também na construção de mais infra-estruturas relacionadas com o turismo. “O facto do número de visitantes de Macau se manter elevado e o seu poder de con-sumo pode revelar um certo potencial de aumento, com a expansão contínua das infra-estruturas de transportes destinadas à RAEM e da distribui-ção estratégica da rede de Jogos de fortuna ou azar, diz, por exemplo, a SJM, que assegura que vai apostar na diversificação com o Lisboa Palace.

Também a Galaxy se junta à SJM. “A atracção de Macau como principal destino de férias e lazer para uma ampla base de clientes continua a

intensificar-se, o que por sua vez está a transformar o mercado no segmento de jogo de massas. A Galaxy espera que esta mudança estrutural continue nos próximos anos, visto o número de visitantes continuar a registar um crescimento saudável com a melhoria de infra-estruturas ao longo desta dé-cada, tais como o Terminal Marítimo da Taipa, a Ponte Hong Kong-Zhuhai--Macau e o metro ligeiro de Macau, melhorando drasticamente o acesso a Macau a partir da China e as próprias ligações dentro de Macau.”

A abertura de novos grandes resorts é outros dos pontos referidos como sendo uma forma de melhorar e diversificar a indústria de exposições e convenções do território, as ofertas de lazer, restauração, comércio e entretenimento. “Deverá contribuir para trazer uma nova vaga de visitantes a Macau”, diz a Galaxy, garantindo que os seus projectos vão ser feitos neste âmbito.

A Venetian e a Melco apostam também nesta área, com a primeira a defender que o facto do Sands estar ao lado do Terminal Marítimo ajuda a chamar visitantes.

Já a Melco assegura “continuar em busca de novas oportunidades na área do Jogo e demais áreas com esta rela-cionadas”, como o entretenimento.

Joana [email protected]

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10 publicidade hoje macau quinta-feira 30.4.2015

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O Pedido do Projecto de Apoio Financeiro do FDCTpara à 2ª vez do ano 2015

(1) Fins O FDCT foi estabelecido por Regulamento Administrativo nº14/2004 da

RAEM, publicado no B. O. N° 19 de 10 de Maio, e está sujeito a tutela do Chefe do Executivo. O FDCT visa a concessão de apoio financeiro ao ensino, investigação e a realização de projectos no quadro dos objectivos da política das ciências e da tecnologia da RAEM.

(2) Alvos de Patrocínio(i) Universidades, instituições de ensino superior locais, seus institutos e centros de investigação e desenvolvimento (I&D);(ii) Laboratórios e outras entidades da RAEM vocacionados para actividades de I&D científico e tecnológico;(iii) Instituições privadas locais, sem fins lucrativos;(iv) Empresários e empresas comerciais, registadas na RAEM, com actividades de I&D;(v) Investigadores que desenvolvem actividades de I&D na RAEM.

(3) Projecto de Apoio Financeiro(i) Que contribuam para a generalização e o aprofundamento do conhecimento científico e tecnológico;(ii) Que contribuam para elevar a produtividade e reforçar a competitividade das empresas;(iii) Que sejam inovadores no âmbito do desenvolvimento industrial;(iv) Que contribuam para fomentar uma cultura e um ambiente propícios à inovação e ao desenvolvimento das ciências e da tecnologia;(v) Que promovam a transferência de ciências e da tecnologia, considerados prioritários para o desenvolvimento social e económico;(vi) Pedidos de patentes.

(4) Valor de Apoio Financeiro(1) Igual ou inferior quinhentos mil patacas. (MOP$500.000,00)(2) Superior a quinhentos mil patacas. (MOP$500.000,00)

(5) Data do PedidoAlínea (1) do número anterior Todo o anoAlínea (2) do número anterior A partir do dia 4 até 15 de Maio de 2015 (O próximo pedido será realizado no dia 1 ao 14 de Setembro de 2015)

(6) Forma do PedidoDevolvido o Boletim de Inscrição e os dados de instrução

mencionados no Art° 6 do Chefe do Executivo nº 273 /2004,《Regulamento da Concessão de Apoio Financeiro》, publicado no B. O. N° 47 de 22 de Nov., para o FDCT. Endereço do escritória: Alameda Dr. Carlos d’Assumpção, n° 411-417, Edf. “Dynasty Plaza” 9° andar, Macau. Para informações: tel. 28788777; website: www.fdct.gov.mo.

(7) Condições de AutorizaçõesPor despacho do Chefe do Executivo nº 273 /2004, processa o 《Regulamento da Concessão de Apoio Financeiro》.

O Presidente do C. A. do FDCTMa Chi Ngai2015 / 4 / 30

Comissão de Registo dos Auditores e dos ContabilistasAviso

Venho por este meio informar a V. Exa. que a Comissão de Registo dos Auditores e dos Contabilistas irá realizar um seminário de esclarecimento sobre o projecto do Estatuto dos Contabilistas, cujos respectivos detalhes se seguem. A CRAC prevê que o procedimento legislativo referente ao Estatuto dos Contabilistas irá ter lugar em 2015. Após a respectiva entrada em vigor, o Estatuto dos Contabilistas irá substituir os actuais Estatuto dos Auditores de Contas e Estatuto dos Contabilistas Registados.

Tema: Seminário de Esclarecimento sobre o projecto de Estatuto dos Contabilistas Data: 6 de Maio de 2015 (Quarta-feira) Hora: 18h30-20h30 Local: Sala Flor de Lótus, localizada no 5.º andar do Centro de Comércio Mundial de Macau. Destinatários: Auditores de contas, contabilistas registados, quem

pretenda registar-se como auditor de contas ou contabilista, e todos os interessados no presente tema;

Língua: Cantonês, com tradução simultânea para Português Lugares: 380 pessoas (sendo dada prioridade a auditores de contas e contabilistas registados) Telefone para a reserva de lugar: 8599 5343, 8599 5344 Prazo limite para a reserva de lugar: 5 de Maio de 2015

A fim de promover a conservação ambiental, mais se informa que, no seminário, não será facultada cópia do projecto de Estatuto dos Contabilistas, o qual será antes disponibilizado na área da CRAC do sítio da internet da DSF (http://www.dsf.gov.mo), de onde poderá ser descarregado por todos os interessados.

Direcção dos Serviços de Finanças, aos 28 de Abril de 2015

O Presidente, Iong Kong Leong

1. Faço saber que, o prazo de concessão por arrendamento dos terrenos da RAEM abaixo indicados, chegou ao seu término, e, que de acordo com o artigo 53.º da Lei n.º 10/2013 <<Lei de Terras>>, de 2 de Setembro, conjugado com os artigos 2.º e 4.º da Portaria n.º 219/93/M, de 2 de Agosto, foi o mesmo automaticamente renovado por um período de dez anos a contar da data do seu termo, pelo que devem os interessados proceder ao pagamento da contribuição especial liquidada pela Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes.

Localização dos terrenos: Avenida do Almirante Lacerda, n.ºs 35 a 35C, em Macau, (Edifício Industrial Wan Kao);

- Avenida do Conselho Borja, n.ºs 348 a 358, em Macau, (Edifício Fai Mun Kok);- Rua de Francisco Xavier Pereira, n.ºs 138 a 152, Rampa dos Cavaleiros, n.ºs 1 a 25 e Rua de Kun Iam Tong, n.ºs 5

a 65, em Macau, (Edifício Jardins Sun Yick);- Rua de Manuel de Arriaga, n.ºs 6D a 8A e Rotunda de Carlos da Maia, n.º 2E, em Macau (Edifício Chun Ian);- Avenida de Horta e Costa, n.ºs 44 a 44B e Rua de Pedro Coutinho, n.ºs 21 a 23C, em Macau, (Edifício Chio Fok

Centro);- Rua da Tribuna, n.ºs 118 a 166, Rua da Paz, n.ºs 3 a 49, Rua Oito do Bairro Iao Hon, n.ºs 71 a 121 e Rua da Sere-

nidade, n.ºs 4 a 50, em Macau, (Edifício Chun Pek Garden);- Largo do Aquino, n.ºs 8 a 12 e Rua do Seminário n.ºs 56 a 78, em Macau, (Edifício Fai Seng);- Avenida do Almirante Lacerda, n.ºs 6 a 10A, Rua de João de Araújo, n.ºs 81 a 97 e Rua de S. João de Brito, n.ºs 21

a 29, em Macau, (Edifício Hang Tak);- Estrada de D. Maria II, n.ºs 1A a 1H, em Macau, (Edifício Kin Chit);- Rua da Paz, n.ºs 2 a 46, Rua da Tribuna, n.ºs 180 a 232 Avenida da Longevidade, n.ºs 275 a 325 e Rua Oito do

Bairro Iao Hon, n.ºs 141 a 195, em Macau, (Edifício Son Tok Garden);- Avenida do Dr. Rodrigo Rodrigues, n.º 265, em Macau, (Edifício Fu Va);- Avenida do Rodrigo Rodrigues, n.ºs 263 a 263A, em Macau, (Edifício Escola Pui Tou);- Avenida Dr. Sun Yat Sen, n.ºs 634 a 708 e Caminho das Hortas, n.ºs 591 a 625, na Ilha da Taipa, (Edifício Chun

Hung Garden);- Avenida Dr. Sun Yat Sen, n.ºs 231 a 267 e Rua de Tai Lin, n.ºs 398 a 436, na Ilha da Taipa, (Edifício Lei Man),- Estrada Almirante Marques Esparteiro, s/n, na Ilha da Taipa, (Regency Hotel);- Rua do Minho, n.ºs 325 a 393 e Avenida de Kwong Tung, n.ºs 775 a 827 A, na Ilha da Taipa, (Edifício Hung Fat

Garden);- Largo de Pac On, n.º 218, Rua da Felicidade, n.º 151 e Estrada de Pac On, n.º 471, na Ilha da Taipa.

2. Agradece-se aos contribuintes que, no prazo de 30 dias subsequentes à data da notificação, se dirijam à Recebedoria destes serviços, situada no rés-do-chão do Edifício “Finanças” ao Centro de Serviços da RAEM, ou, ao Centro de Atendimento Taipa, para os efeitos do respectivo pagamento

3. Na falta de pagamento da contribuição no prazo estipulado, procede-se à cobrança coerciva da dívida, de acordo com o disposto no artigo 6.º da Portaria acima mencionada.

Aos, 31 de Março de 2015.

A Directora dos Serviços de Finanças, Vitória da Conceição

AVISOCOBRANÇA DA CONTRIBUIÇÃO ESPECIAL

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11chinahoje macau quinta-feira 30.4.2015

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AnúncioHM-2ª vez 30-4-15

PROCeSSO DeCLARAÇÃO De MORTe PReSUMIDA 3º JUÍzO CÍveL nº Cv3-15-0011-CPe

AUTORA: 葉鳳琼, casada, de nacionalidade chinesa, residente na “中國廣東省

珠海市香洲區南香里一街 36棟602”;---------------------------------------------------Réus: 文康根, casado, de nacionalidade chinesa, com última residência conhecida em “澳門台山九街11號”, ora ausente em parte incerta.-------------------------------文光耀, masculino, residente na “中國廣東省珠海市香洲區翠微西路688號幸福里3棟1701”.-------------------------------------------------------------------------文麗華, feminino, residente na “中國廣東省珠海市香洲區南香里一街36棟602”.----------------------------------------------------------------------------------------MINISTÉRIO PÚBLICO DA R.A.e.M., e-------------------------------------------INTeReSSADOS INCeRTOS.---------------------------------------------------------- FAz SABeR, que, pelo 3º Juízo Cível do Tribunal Judicial de Base da RAEM, correm éditos, respectivamente, de TRÊS MeSeS e TRINTA DIAS, contados a partir da segunda e última publicação do anúncio, citando o ausente文康根 e os INTERESSADOS INCERTOS para, no prazo de TRINTA DIAS, findos os dos éditos, contestarem a petição inicial dos autos acima identificados, apresentada pela autora, na qual pede se julgue procedente e provada a presente acção e, em consequência, se declare a morte presumida de文康根, devendo as provas ser requeridas com a contestação, tudo como melhor consta da petição inicial, cujos duplicados se encontram nesta Secretaria à sua disposição.------------

R.A.E.M., aos 23 de Abril de 2015

***

Sismo do Nepal causoupelo menos 25 mortos no TibeteO número de feridos no Tibete devido ao sismo do Nepal subiu para 383, com 47.500 deslocados, mantendo-se em 25 o número de mortos, numa altura em que prosseguem as buscas por quatro desaparecidos, segundo a agência Xinhua. O sismo, que matou mais de 5.000 pessoas no Nepal e deixou mais de 10.000 feridas, segundo os últimos dados, afectou também cerca de 300.000 pessoas no Tibete, que faz fronteira com o Nepal. Dados disponibilizados pelas autoridades regionais à agência oficial chinesa Xinhua indicam que cerca de 2.500 casas foram destruídas e outras 24.700 sofreram danos, assim como 82 templos tibetanos. As operações de busca e resgate no Tibete foram dificultadas pelas avalanches de neve que se seguiram ao sismo e às suas réplicas, e pelas más condições meteorológicas, com constantes nevões.

Anunciada reduçãode impostos sobre a importação O Governo chinês anunciou que vai reduzir os impostos sobre as importações para potenciar a procura interna e assim impulsionar uma reestruturação no sentido de uma economia mais baseada no consumo doméstico e menos no investimento. A notícia foi avançada pelo Conselho de Estado chinês numa reunião presidida pelo primeiro-ministro, Li Keqiang, que emitiu um comunicado, por sua vez citado pela agência oficial Xinhua. Entre as medidas adoptadas consta a redução dos impostos sobre a importação de bens com alta procura no mercado chinês, que se espera que entre em vigor antes de Junho. Vão ser também reduzidas as taxas sobre a compra de roupa ou produtos cosméticos. Será aumentado o número de lojas ‘duty free’ (livres de impostos) nos aeroportos e postos de entrada na China, assim como a variedade de produtos que nelas se vendem.

a aliança Estados Unidos-Japão não deve ser en-carada pela Chi-

na como uma provocação, disse esta terça-feira o Pre-sidente norte-americano, lembrando que os dois paí-ses partilham preocupação face às acções de Pequim no mar da China Oriental.

Barack Obama falava

Nada coNtra oNovo baNco asiáticoO Presidente norte-americano, Barack Obama, afirmou que não se opõe à ideia de um banco regional de desenvolvimento, criado por iniciativa da China, insistindo porém na necessária “transparência” do organismo. “Isso pode ser um desenvolvimento positivo”, afirmou Obama durante uma conferência de imprensa conjunta com o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe. Entretanto, insistiu, o Banco Asiático de Investimento em Infra-estruturas (BAII) deve dotar-se de directivas claras sobre o seu funcionamento, à semelhança do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional. O BAII, de que Portugal é um dos países fundadores, deve contribuir para financiar em toda a Ásia trabalhos de infra-estruturas, sector onde os investimentos fazem muita falta, mas também está a ser visto como contrapeso ao controlo exercido pelos EUA sobre os bancos Mundial e Asiático de Desenvolvimento.

“Não pensamos que a forte aliança entre os Estados Unidos e o Japão deva ser vista como uma provocação”

Obama ALiANçA COm JApãO NãO prETENDE prOVOCAr A ChiNA

palavras mansasO Presidente norte-americano falou à imprensa a propósitodo encontro com o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe

durante uma conferên-cia de imprensa com o primeiro-ministro japo-nês, Shinzo Abe, na Casa Branca, em Washington. “Não pensamos que a forte aliança entre os Estados Unidos e o Japão deva ser vista como uma provoca-ção”, declarou o chefe de Estado norte-americano, quando questionado sobre

como Pequim iria encarar a relação entre Tóquio e Washington.

“Como já disse antes, saudamos a ascensão pa-cífica da China”, acres-centou.

Obama frisou que os Estados Unidos e o Japão “partilham preocupações” sobre as actividades da Chi-na no mar da China Oriental, onde estão localizadas as ilhas não habitadas Diaoyu (designação chinesa), cuja soberania é disputada por Pequim e Tóquio.

“Os Estados Unidos e o Japão estão unidos no com-promisso com a liberdade de navegação, respeito pelo direito internacional e pela resolução pacífica de dis-putas sem coerção”, disse o Presidente norte-americano.

Washington denunciou recentemente também as “actividades desestabiliza-doras” da China no mar do sul da China, onde Pequim iniciou a construção de recifes no arquipélago das Spratlys, um conjunto de

ilhas e de recifes de coral rico em petróleo e mine-rais, disputadas há várias décadas por diversos países da região.

Os Estados Unidos têm desde 1960 um tratado de Defesa com o Japão, que obriga Washington a defen-der o país em caso de ataque.

Os dois países reforça-ram oficialmente a coope-ração militar na segunda--feira, após o Japão ter feito uma reinterpretação da sua Constituição de carácter pacifista.

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12 hoje macau quinta-feira 30.4.2015eventos

Graça Pacheco Jorgecom menus macaenses em Lisboa Entre os meses de Maio e Julho, às quartas-feiras, a Casa de Macau em Portugal vai disponibilizar menus de comida macaense confeccionados por Graça Pacheco Jorge, confreira de mérito da Confraria da Gastronomia Macaense e autora de várias publicações sobre a gastronomia local. Com um custo que varia entre as 110 e 130 patacas, o menu começa com um minchi como prato de entrada e tem bebidas incluídas. O Centro de Informação e Promoção Turística de Macau em Portugal apoia a iniciativa.

Cesar Millan Abertas inscrições para cães de MacauO “encantador de cães” Cesar Millan está a aceitar inscrições de cães do público geral para participarem no show que vai acontecer a 6 de Junho. O intuito é permitir uma maior interacção com a audiência e fazer com que alguns dos melhores amigos do homem tenham uma experiência única com aquele que é um dos mais conceituados e populares treinadores animais. Para se inscrever, os donos terão que entrar no website www.cesarsway.com/asiatourcasting até dia 31 de Maio e preencher determinados requisitos que mostrem que o cão merece partilhar o palco com Millan. A organização está à procura de animais com comportamentos anormais, hiperctivos, obsessivos ou reactivos. O espectáculo custa entre 280 e 880 patacas e compreende uma série de ensinamentos e experiências de Cesar Millan, que é não só um amante de cães, mas de todos os animais.

“Velocidade Furiosa 7” O maior sucesso da história do cinema na China

O filme norte-americano “Velocidade Furiosa 7” tornou-se o maior suces-

so comercial da história do cinema na China ao facturar mais de 2.000 milhões de yuan em 15 dias, noticiou ontem a imprensa oficial.

Aquela soma foi alcançada na terça--feira à noite e, a avaliar pelo número de salas que exibem o filme, vai continuar a subir.

No cinema Megabox de Sanlitun, na zona oriental de Pequim, três das oito salas exibiam ontem “Velocidade Furiosa 7”, com 16 sessões diárias e o bilhete para a versão 3D custava 130 yuan.

Desde a estreia, no passado dia 12 de

Abril, cerca de 52 milhões de pessoas já viram o filme na China, segundo os dados de uma empresa do sector citada pelo jornal China Daily.

O anterior recorde de bilheteira, detido também por uma superprodução de Hollywood, foi estabelecido no ano passado por “Transformers 4”, com uma receita de 1.970 milhões de yuans.

A China já é o segundo maior mer-cado cinematográfico do mundo, com as receitas de bilheteira a registarem taxas de crescimento anual de dois dígitos, e se o ritmo de mantiver, no final desta década, poderá ser primeiro, à frente dos Estados Unidos.

Segundo estatísticas da Adminis-tração Estatal da Imprensa, Cinema, Radio e Televisão, o organismo que tutela o sector, em 2014, as receitas dos cinemas cresceram 36% em relação ao ano anterior, para 29.600 milhões de yuan, e abriram em média 14 novas salas por dia.

Para proteger a produção nacional, o Governo chinês autoriza apenas a impor-tação de 37 filmes por ano (17 dos quais em formato 3D e IMAX).

Mesmo assim, em 2014, os filmes es-trangeiros, sobretudo norte-americanos, asseguraram 45,5% das receitas e já houve anos em que bateram os locais.

o festival French May já vai na sua 23ª edição e este ano aterra em Ma-cau e Hong Kong com o

mote de celebração dos 500 anos do reinado de Francisco I, materializan-do as celebrações com espectáculos de música clássica e jazz, exposições de arte contemporânea, e mostras multimédia. É ainda a primeira vez

O lema do festival é “1515 a 2015, Essencialidade Francesa”. “[O festival vai] explorar o espírito inovador de pintores, coreógrafos, escultores, dançarinos, cantores e realizadores de cinema franceses

French May FEsTIvAl dE ArTEs sInO-FrAnCês CElEbrA “EssEnCIAlIdAdE dE FrAnçA”

cultura de braço dado com a históriaFaz agora meio milénio desde o reinado de Francisco I, rei francês. É sob égide desta celebração que a 23ª edição do French May chega ao território, com uma série de espectáculos, workshops e actividades relativos à cultura daquele país

que a organização coopera com o Festival de Artes de Macau (FAM) em termos de espectáculos e convite de artistas.

Este ano, o lema do festival é “1515 a 2015, Essencialidade Francesa”. “[O festival vai] explo-rar o espírito inovador de pintores, coreógrafos, escultores, dançarinos, cantores e realizadores de cinema

franceses de forma a que estes se superem a si mesmos, numa procura permanente por um equilíbrio subtil entre a herança histórica e a moderni-dade, o passado e o futuro”, explica a organização em comunicado. No FAM participarão a companhia de dança francesa Beau Gest, do Centro Nacional de Coreografia de Tours. No território apresentam

“Transports Exceptionnels”. Há ainda espaço para as peças de teatro “Cocorico”, de Patrice Thibaud e Philippe Leygnac, “Roberto Zucco”, da Associação de Teatro Sonho, e “The Suit”, de Théâtre des Bouffes du Nord. Como em anos anteriores, o Le French May vai ainda organizar uma série de actividades gastronó-micas com direito a provas de vinho e comida tipicamente francófona. A participação de chefs, especialistas gastronómicos e importadores é já uma factor característico do festival, que integra o Le Gourmay, dedicado à comida.

O cinema francês mOra aqui O Galaxy volta a colaborar com o Le French May e este ano traz oito novos filmes, como são Saint Lau-rent, Renoir, Serial (Bad) Weddings ou The Finishers. O último conta a história de um rapaz imobilizado que pede ao seu pai para participar com ele numa prova de triatlo. Já o primeiro, Saint Laurent, retrata a vida e obra do conhecido estilista Yves Saint Laurent durante os 10 anos de apogeu da sua carreira. Serial (Bad) Weddings foi aclamado pela massa crítica francesa, por se tratar de uma comédia satírica em que as quatro

Serial (Bad) Weddings

Sebastien Fournier

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13 eventoshoje macau quinta-feira 30.4.2015

À venda na Livraria Portuguesa Rua de S. domingoS 16-18 • Tel: +853 28566442 | 28515915 • Fax: +853 28378014 • [email protected]

oS QuaTRo ComandanTeS da Cama voadoRa • david MachadoIlustrações de Margarida BotelhoO projecto parecia simples: Ernesto, Natália, Rufino e Heitor estavam decididos a atravessar o Oceano Atlântico na cama de Ernesto, que voaria suspensa por quatro enormes molhos de balões. Contudo, surgiram logo imprevistos. Onde guardar tantos balões? Como conduzir a cama para o rumo pretendido? E que fazer em caso de tempestade? Recorrendo à ajuda do sábio Professor Maior, todos juntos vão embarcar numa viagem inesquecível, vivendo momentos emocionantes e desco-brindo que tudo é possível e infinito com muita imaginação e vontade de sonhar…

um Homem veRde num BuRaCo muiTo Fundo • david MachadoIlustrações de Carla PottPara Simão e Celeste, as tardes são sempre o melhor momento do dia. Assim que chegam da escola, os dois irmãos correm para o parque de carvalhos que se estende diante de sua casa e entram no mundo encantado das brincadeiras sem fim. Um dia, convidam alguém especial para brincar com eles, um homem verde, luminoso e muito pequenino. Imaginação e fantasia é coisa que não lhes falta e, num segundo, o parque transforma-se na terra de todos os perigos e aventuras.

Cinema Estreia mundial de filme inédito de Manoel de Oliveira

O filme inédito de Manoel de Oliveira, denominado “Visita

ou memórias e confissões” terá a sua estreia mundial no dia 4 de Maio no Porto. O filme, rodado em 1982, estreia às 18.30h, no Teatro Municipal Rivoli, na cidade natal do realizador português.

O filme tem a duração de 68 mi-nutos e foi rodado para ser exibido apenas após a morte do realizador. As vozes são as de Diogo Dória e Teresa Madruga, apresentando um guião de Agustina Bessa-Luís, es-critora muito admirada por Manoel de Oliveira.

Para além deste filme, o realiza-dor transpôs para a sétima arte outras obras da escritora: Francisca (1981) ou Vale Abraão (1993), são exemplo de filmes que seguem esse padrão.

A exibição tem entrada gratuita, limitada aos lugares existentes, e é promovida pela Câmara Municipal do Porto, a pedido da família do cineasta.

O portal de notícias do Porto, gerido pela autarquia, divulga de-clarações do director da Cinemateca Portuguesa, José Manuel Costa, sobre o filme, uma vez que foi ali que a película de Manoel de Oliveira

esteve guardada mais de trinta anos.Após a morte do cineasta, José

Manuel Costa contou que o filme “começa por ser uma referência à casa onde vivia, que teve de deixar por vicissitudes da sua vida. Tem um carácter pessoal e foi por isso que ele pediu para só ser divulgado ampla-mente depois do seu falecimento”.

Segundo o responsável da Ci-nemateca Portuguesa, Manoel de Oliveira quis reservar a exibição para depois da morte, não porque quisesse ocultar qualquer facto, mas por que o filme acaba por ser uma espécie de memória pessoal e íntima.

O melhor do Jazz está prestes a chegar a Macau. Herbie Hancock e Chick Corea,

que fizeram parte de grandes bandas como a de Miles Davis, actuam no grande auditório do Centro Cultural de Macau (CCM) em Ju-nho. O concerto dos dois músicos norte-americanos, que detêm um espólio combinado de mais de 30 Grammys, será feito de improviso no dia 5, sexta-feira.

Considerados como os pianistas de jazz mais influentes do todos os tempos, Hancock e Corea tornaram--se lendas vivas depois da edição de álbuns clássicos gravados ao vivo e digressões nos anos 60 e 70. Com um de mais de cinco décadas de criatividade musical, os dois músicos percorreram já um longo caminho,

CCM Herbie HanCoCk e CHiCk Corea CHegaM eM JunHo

Príncipes do Jazzdas grandes bandas de Miles Davis dos anos 60, aos grupos que enchiam estádios e desafiavam géneros como os Head Hunters e os Return Forever nos anos 70.

“Este raro concerto que os volta a juntar é uma oportunidade histórica para os amantes da música celebrarem o longo percurso destes músicos geniais que têm sido justa-mente descritos como a realeza do jazz”, realça a organização.

tendênciasNascido em Chicago, Hancock apaixonou-se pelo jazz ainda no liceu, onde começou por beber das influências de Oscar Peterson e Bill Eves. Largamente influencia-do pela música electrónica e pela Ciência, contribuiu muito para a

composição de clássicos da mítica editora Blue Note tendo sido uma pedra fundamental do movimento de fusão jazz-rock dos anos 70 e 80.

Já Chick Corea passa do bebop ao jazz de fusão, tendo desenvolvi-do a arte de tocar teclado e compor ao lado de nomes como Stan Gets e Sarah Vaughan antes de enveredar por uma carreira a solo em 1966. Desde então que tem estado na vanguarda do jazz continuando a ter um impacto significativo no meio, como prova a conquista de três Grammys consecutivos entre 2007 e 2009.

Os bilhetes para o único espec-táculo, marcado para as 20h00, custam entre as 180 e as 580 pa-tacas e estarão à venda a partir de domingo.

FrenCH May Festival de artes sino-Francês celebra “essencialidade de França”

Cultura de braço dado com a históriafilhas de uma casal francês cristão se casam com homens de diferentes etnias e religiões. A trama gira em volta da forma como os pais lidam com as transformações.

Além do cinema francês, a ini-ciativa traz ainda ao território Gadjo Station, que promete um espectáculo cheio de música e ritmo, com fusão de estilo Romani e jazz. Já o colectiva Circa Tsuica vai tentar impressionar o público com uma performance que junta movimentos acrobáticos e música.

arte eM MoviMentoEsta 23ª edição traz ao território uma série de artistas e galerias daquele país europeu. At the Risk of Colour chega pelas mãos de Claude Viallat e Franck Chanlendard, dois artistas que verão os seus trabalhos expostos na galeria do Tap Seac, entre 29 de Maio e 9 de Agosto. “De Lorient a Oriente” é a exposição que mais tempo se mantém. Acontece de 30 de Maio e 30 de Agosto no Museu de Macau e pretende dar a conhecer aos visitantes um pouco da história da primeira embarcação francesa até Cantão, o barco L’Amphitrite. A mostra, que versa sobre cidades portuárias da China e de França,

tem em exposição roupas da época, porcelanas, alguns quadros e pin-turas e tecidos. A entrada custa 15 e 8 patacas para adultos e crianças respectivamente.

A galeria IAOHIN vai dedicar o seu espaço, até 2 de Julho, aos tra-balhos de escultura contemporânea do francês Mickael Obrénovitch, com Human Roots. O artista conta com um repertório de obras feitas a partir de árvores com 200 anos, provenientes da ilha indonésia de Java.

Franck Chanlendard

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hoje macau quinta-feira 30.4.2015

“E ra no Carnegie Hall que Sviatoslav richter estava a tocar piano. O chão ressoa-va e as paredes abanavam.

Tal aconteceu durante a tumultuosa passagem em oitavas duplas que abre o fugato da Sonata em Si menor de Liszt. O facto da força sobrenatural que eu pensei que tinha experimentado ter uma origem subterrânea mundana – a passagem do comboio BMT na linha por baixo do Carnegie – não tinha qualquer importância. Tinha-me apai-xonado pelo pianista cinco anos antes, quando tinha 16 anos. Sabia que ele conseguia fazer a terra tremer. richter, que nasceu há 100 anos, no dia 20 de Março de 1915, foi o mais notável pia-nista que alguma vez ouvi. assisti a 13 dos seus recitais durante as suas digres-sões nos EUa em 1960, 1965 e 1970. Embora nunca tenha regressado aos Estados Unidos e de eu nunca mais ter tido a oportunidade de o ouvir tocar, continua a ser o pianista que mais ve-nero. richter possuía uma técnica que ultrapassava quase todos os obstáculos, um som que dominava as cores do ar-co-íris e um intelecto e imaginação que permitiam ter uma compreensão digna de crédito do possivelmente mais vas-to repertório na história do piano. No entanto, ao contrário do seu eminente colega russo e quase exacto contem-porâneo Emil Gilels, richter nunca se propôs a ser um pianista. Nasceu em Zhytomyr no noroeste da Ucrânia, no seio de uma família de origem ale-mã. Não frequentou o conservatório quando jovem, mas recebeu formação suficiente do seu pai, um pianista e or-ganista, para conseguir ensinar-se a si próprio depois do seu pai ter sido as-sassinado numa das purgas de Stalin.”

Foi assim que Steve Wigler, cor-respondente americano da revista International Piano, crítico musical e perito de piano, iniciou a rubrica “Music Makers” da National Public radio (NPr), intitulada “Sviatoslav richter: The Pianist Who Made the Earth Move”, no passado dia 19 de Março, marcando os 100 anos do nas-cimento do pianista soviético e home-nageando um dos maiores vultos do piano do séc. XX.

SVIATOSLAV RICHTERO PIANISTA QUE FAZIA A TERRA TREMER

RichteR possuía uma técnica que ultRapassava quase todos os obstáculos, um som que dominava as coRes do aRco-íRis e um intelecto e imaginação que peRmitiam teR uma compReensão digna de cRédito do possivelmente mais vasto RepeRtóRio na históRia do piano

“o intéRpRete é, na Realidade, um executante, pondo em pRática as intenções do compositoR à letRa. ele não acRescenta nada que não esteja já na obRa. se foR talentoso, peRmite-nos vislumbRaR a veRdade da obRa, que é já de si genial e que se Reflecte nele. não deve dominaR a música,mas sim dissolveR-se nela”

Nascido ainda no Império russo, Sviastoslav richter foi separado dos seus pais em 1918 devido à Guerra Civil, indo viver com uma tia em Odessa até 1921, que lhe ensinou pin-tura, despertando o seu interesse pelas artes. Em 1921 a família reuniu-se nes-sa cidade, onde o seu pai ensinou no Conservatório. richter interessou-se então por música e por outras formas de arte como cinema, literatura e tea-tro, e começou a estudar piano. richter lia muito bem à primeira vista e ensaia-va regularmente com companhias de ópera e ballet locais. Desenvolveu uma paixão de toda a vida por ópera, mú-sica vocal e de câmara que encontrou expressão total nos festivais que criou em França e em Moscovo.

richter deu o seu primeiro recital no dia 19 de Março de 1934, no Clube de Engenheiros de Odessa, mas apenas começou a estudar piano formalmen-te três anos mais tarde, aos 22 anos de idade, quando decidiu, por sugestão de um amigo, procurar Heinrich Neuhaus, um pianista e professor famoso, pro-fessor de Gilels no Conservatório de Moscovo. Na audição com Neuhaus, tocou a Balada No 4 de Chopin, con-siderada por muitos pianistas a mais di-fícil, tanto técnica como musicalmente. Neuhaus aparentemente segredou para outro aluno: “este homem é um génio”. Embora Neuhaus tivesse ensinado nu-merosos grandes pianistas, incluindo Gilels e radu Lupu, diz-se que conside-rava richter “o aluno genial, por quem tinha esperado toda a vida”. Neuhaus refere que richter “tratava cada com-posição com uma vasta paisagem, que examinava cuidadosamente lá do alto com a visão de uma águia, abrangen-do ao mesmo tempo o todo e qualquer dos detalhes. Ele tocava como eu nunca tinha ouvido ninguém e eu não tinha nada para lhe ensinar.”

Nos vinte anos que se seguiram, richter adquiriu a reputação de um pia-nista que – na rússia, pelo menos – era apenas rivalizado por Gilels. Mas devi-do às suas origens alemãs, à morte do seu pai às mãos da polícia secreta russa e à sua amizade com artistas como Boris Pasternak – um escritor cujo romance Dr. Zhivago o transformou numa “não-

-pessoa” na União Soviética –, em cujo funeral actuou em 1960, o pianista, apesar de ter tocado com o violinista David Oistrakh no funeral de Stalin em 1953, era suspeito politicamente e não lhe foi permitido viajar para o oci-dente até esse ano, vários anos após as actuações no estrangeiro de Gilels e de outros músicos soviéticos

Em 1945, richter conheceu e acom-panhou em recital a famosa soprano soviética Nina Dorliak, que seria sua companheira até à morte, embora nun-ca tivessem casado. Dorliak acompa-nhou-o ao longo da sua complexa vida e carreira, assim como na sua doença, falecendo poucos meses após o pia-nista, em 17 de Maio de 1998, aos 89 anos de idade. Havia amplos rumores

sobre a homossexualidade de richter e de que ter uma companheira propor-cionava uma fachada social para a sua orientação sexual, visto que na época a homossexualidade era ainda um forte tabu e podia resultar em repercussões legais. O pianista tinha uma tendência para a privacidade e não dava entre-vistas. Nunca discutiu publicamente a sua vida pessoal até ao último ano de vida, que o realizador francês Bruno Monsaingeon o convenceu a ser entre-vistado para um documentário, intitu-lado, “richter, o Enigma”, lançado em 1998.

Em 1949, richter ganhou o Prémio Stalin, o que o levou a fazer exten-sas digressões de concertos na UrSS, Europa de Leste e na China. Deu os seus primeiros concertos fora da União na Checoslováquia em 1950. Em 1952, fez a sua estreia como maestro (um pa-pel que nunca mais assumiria) ao dirigir a estreia mundial do Concerto-Sinfonia para Violoncelo e Orquestra de Prokofiev, com Mstislav rostropovich como solista. Estreou também a Sonata No 7 de Prokoviev, que aprendeu em quatro dias, e a Sonata No 9, que o com-positor dedicou a richter. Entre os seus parceiros de música de câmara, contam--se, para além dos citados, Oleg Kagan, Yuri Bashmet, Natalia Gutman, Zoltán Kocsis, Elisabeth Leonskaja, Benjamin Britten e membros do Quarteto Borodin. acompanhava frequentemente cantores como Dietrich Fischer-Dieskau, Peter Schreier, Galina Pisarenko para além da sua companheira Nina Dorliak.

richter causou sensação desde o início da sua carreira e a sua mestria foi divulgada através de vários discos notáveis, apesar do seu som primiti-vo, fabricados na UrSS, através dos quais o ocidente tomou pela primeira vez contacto com o pianista. Um dos seus primeiros defensores no ocidente foi precisamente Emil Gilels. Os seus primeiros concertos no ocidente tive-ram lugar em Maio de 1960, quando foi autorizado a tocar na Finlândia, e no dia 15 de Outubro, em Chicago, onde tocou o Segundo Concerto para Piano de Brahms, acompanhado pela Orquestra Sinfónica de Chicago, sob a direcção de Erich Leinsdorf, criando

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15 artes, letras e ideiashoje macau quinta-feira 30.4.2015Er

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Michel Reis

sensação. Quando os seus cinco reci-tais, todos com um programa comple-tamente diferente, foram anunciados para o Carnegie Hall, em Nova Iorque, para os finais de Outubro de 1960, os bilhetes esgotaram em apenas algu-mas horas. O programa do primeiro concerto de Richter no Carnegie Hall incluiu cinco sonatas de Beethoven, três das quais eram praticamente des-conhecidas na época. Segundo Wigler, “o pianista não apenas era capaz de fazer com que essas peças desconhe-cidas soassem como obras-primas, mas também de fazer com que música muito tocada soasse de maneira com-pletamente nova, como foi o caso da

interpretação, a encerrar o recital, da conhecida e favorita “Appassionata”, que transformou numa enunciação as-sustadora. Nenhuma das pessoas que se encontrava na sala naquela noite po-derá esquecer a forma como a coda do finale explodiu. O pianista tinha trans-formado um concerto no Juízo Final.”

Em 1961, tocou pela primeira vez em Londres. O seu primeiro recital, com obras de Haydn e Prokoviev, foi recebido com hostilidade pelos críticos britânicos. No entanto, na sequência do concerto de 18 de Julho de 1961, no qual tocou os dois concertos de Liszt, os críticos mudaram de rumo. Em 1963, após uma pesquisa no Vale du

Loire, em França, por um local adequa-do para um festival de música, Richter descobriu La Grange de Meslay, alguns quilómetros a norte de Tours, onde estabeleceu um festival que se tornou anual, ainda hoje existente. Em 1970, visitou o Japão pela primeira vez, via-jando através da Sibéria de comboio e de barco, visto que não gostava de via-jar de avião. Acabaria por visitar o País do Sol Nascente oito vezes.

Embora gostasse muito de actuar em público, não gostava de planear concertos com anos de antecedência, e nos últimos anos resolveu tocar qua-se sem aviso, em auditórios pequenos e quase sem luz, com apenas um pe-

queno candeeiro a iluminar a pauta. Richter pensava que este cenário aju-dava o público a focar-se na música que era tocada, em vez de questões irrelevantes como as caretas e gestos do executante. Em 1986, efectuou uma digressão na Sibéria com o seu amado piano Yamaha, dando talvez 150 reci-tais, por vezes tocando em pequenas cidades que não tinham sequer uma sala de concertos.

Richter nunca repousava sobre os seus louros e o seu repertório, em vez de di-minuir, continuou a expandir-se pela sua vida fora. Alguns pianistas importantes ti-veram a coragem de programar uma peça obscura de Schumann ou uma peça de modernismo abstracto tão difícil como as Variações de Webern. Mas o que se pode dizer de um Don Quixote do piano cujos programas eram compostos quase na totalidade por obras de Schumann rara-mente ouvidas como as Quatro Fugas, as Blumenstück e as Nachtstücke? Ou cujos recitais de música do séc. XX continham frequentemente peças pouco conhecidas de Hindemith, Szymanowski, Bartók and Shostakovich?

Explicava a sua abordagem à execu-ção da seguinte forma: “O intérprete é, na realidade, um executante, pondo em prática as intenções do compositor à letra. Ele não acrescenta nada que não esteja já na obra. Se for talentoso, per-mite-nos vislumbrar a verdade da obra, que é já de si genial e que se reflecte nele. Não deve dominar a música, mas sim dissolver-se nela.”

Em 1995, já com 80 anos de idade, continuou a executar algumas das pe-ças mais exigentes do repertório pia-nístico, incluindo o ciclo Miroirs de Ravel, a Segunda Sonata de Prokofiev e os estudos e a Balada No 4 de Chopin. A última performance orquestral de Richter gravada foi de três concertos de Mozart em 1994 com a Orquestra Sinfónica de Shinsei, dirigida pelo seu velho amigo Rudolf Barshai. O último recital de foi uma reunião privada em Lübeck, na Alemanha, no dia 30 de Março de 1995, no qual tocou duas so-natas de Haydn e as Variações e Fuga sobre um Tema de Beethoven de Reger, uma peça para dois pianos, que tocou com o pianista Andreas Lucewicz. Richter faleceu no Hospital Central Clínico em Moscovo de ataque cardía-co no dia 1 de Agosto de 1997 aos 82 anos de idade. Sofria de depressão de-vido à sua incapacidade para tocar cau-sada por alterações na sua audição que alteravam a sua percepção da altura do som. Encontrava-se a ensaiar as Fünf Klavierstücke, D. 459 de Schubert.

As mãos de sviatoslav richter, fotografadas em 1961

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16 hoje macau quinta-feira 30.4.2015h

fichas de leitura* Manuel afonso Costa

A s rainhas da noite são flo-res muito discretas duran-te o dia mas que à noite, por um estranho sortilégio

adquirem uma vida intensa lançando para o ar um perfume poderosamente adocicado.

O autor confessa que o roman-ce Rainhas da Noite resulta de um acaso feliz. Passeando muitas ve-zes, sobretudo nas soalheiras manhãs de sábado, pela avenida Kim Il sung, que raio de nome, onde uma espécie talvez de alfarrabista expunha livros antigos no passeio, e usados alguns seguramente, e como ele diz muitas outras coisas impressas um pou-co sem nexo, partes de obras, etc.; um dia, foi atraído acidentalmente, no meio dessas bugigangas impres-sas, por um caderno preto que do conjunto sobressaía atraindo a sua curiosidade.

Tratava-se de um caderno onde uma pessoa, Maria Eugénia Murilo depositara em tempos apontamen-tos e notas que correspondiam, no essencial, a um texto do tipo diário. João Paulo Borges Coelho confessa que andava atrás de uma edição d’A Ilha de Próspero do poeta Rui Knopfli e que o negócio acabou por incluir aquele caderno preto.

Um acaso feliz de qualquer modo, pois com a ajuda do caderno o roman-cista produziu estas Rainhas da Noite que é sem sombra de dúvida um bom romance, para mim em nada inferior ao Olho de Hertzog, muito mais aclama-do; por enquanto. O ambiente em que decorrem as notas tem que ver com as minas de carvão de Moatize, situadas no centro de Moçambique, exploradas por uma empresa belga e onde trabalhava um engenheiro por-tuguês, o marido de Maria Eugénia Murilo justamente. Depois, com a leitura continuada e através de um esforço para intuir o que não estava lá escrito, mas que podia ser com al-guma liberdade intuído, abriram-se ao autor outras possibilidades temáti-cas. A prova de que se abriram está na existência do romance.

Coelho, João Paulo Borges, Rainhas da Noite, Nadjira, Maputo, 2013.

Descritores: Romance, Moçambique, Colonialismo, Exploração, Minas de Carvão de Moatize.

João Paulo Borges Coelho, sobrinho pelo lado paterno do grande historiador António Borges Coelho, nasceu em 1955 no Porto, filho de um português e de uma moçambicana. Foi, porém, muito cedo para Moçambique, tendo adquirido a nacionalidade deste país. Estudou na Universidade Eduardo Mondlane, onde se formou em História, tendo vindo a doutorar-se em História Económica e social pela Universidade de Bradford em Inglaterra. Enquanto romancista ganhou o Prémio Leya, em 2009, com o romance “O Olho de Hertzog”. Em 2012 recebeu um Doutoramento Honoris causa pela Universidade de Aveiro. saliento ainda outros textos: As Duas Sombras do Rio, As Visitas do Dr. Valdez e A Cidade dos Espelhos.

SortilégioS por entre caminhoS cruzadoS

João Paulo Borges Coelho pos-sui o génio narrativo para cruzar o tempo entre os anos cinquenta, em plena ditadura de salazar e atmosfe-ra colonial e os anos actuais, altura em que o caderno foi descoberto. Existem linhas de continuidade me-moriais, afinal não decorreu ainda muito tempo, pouco mais do que meio século, e o autor explora a memória através do diário e daquilo que a intuição, mas também a inves-tigação histórica lhe acrescenta e articula com a realidade dos nossos dias.

O autor deu a conhecer no seu livro Rainhas da Noite que Maria Eugénia é uma figura que vive ro-deada de inimigos íntimos. E é isso que o caderno nos mostra, essa in-triga íntima, tensa, misteriosa. “Não se trata de um caderno autobiográ-fico da Maria Eugénia, residente de Moatize, mas sim do terreno em que se regista a desconexão entre o ser humano e o que pela conversa anun-cia o seu lugar esvaziado”, sublinha o autor. A verdade é que este cami-nho é legítimo, muitas vezes é mes-mo a única possibilidade: “Não há dúvidas de que as coisas interferem umas com as outras até ao infinito”.

Assim se escrevem livros de fic-ção que podem afinal infectar a rea-lidade, como João Paulo faz constar em epígrafe. Podem infectá-la, mas também devolvê-la à sua aura pró-pria, uma vez queimado o invólucro que muitas vezes a esconde da sua verdade intrínseca. Algumas vezes queimado este fino papel de celofa-ne ou de papel pardo, tanto faz, fica a nu o que mais importa.

*No quadro da colaboração de Manuel Afonso Costa com a Biblioteca Central de Macau-Instituto Cultural, que consiste entre outras actividades no levantamento do espólio bibliográfico da biblioteca e na sua divulgação sistemática, temos o prazer de acolher estas “Fichas de Leitura” que, todas as quintas-feiras, poderão incentivar quem lê em Português.

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17hoje macau quinta-feira 30.4.2015 (F)utilidadestempo muito nublado min 23 max 30 hum 65-95% • euro 8 .8 baht 0 .2 yuan 1 .2

João Corvo fonte da inveja

C i n e m aCineteatro

O que fazer esta semana

Aconteceu Hoje 30 de abril

?Sala 1the avengerS: ageof ultron [3d] [b]Filme de: Joss WhedonCom: robert downey Jr., Chris Hemsworth, Mark ruffalo14.15, 19.15

the avengerS: ageof ultron [b]Filme de: Joss WhedonCom: robert downey Jr., Chris Hemsworth, Mark ruffalo16.45, 21.45

Sala 2faSt and furiouS 7 [c]Filme de: Jame WanCom: Paul Walker, Vin diesel, dwayne Johnson14.15, 16.45

helioS [c]Falado eM Cantonês legendadoeM CHinês e inglêsFilme de: longman leung, sunny lukCom: Jacky Cheung, nick Cheung, shawn Yue, Ji Jin-hee19.15, 21.30

Sala 3murmur of the heartS [b]Falado eM MandariM legendadoeM CHinês e inglêsFilme de: sylvia ChangCom: isabella leong, Joseph Chang, lawrence Ko, lee sinje14.30, 16.45, 19.15, 21.45

Fim da guerra do Vietname• A 30 de Abril, os comunistas tomam a cidade de Saigão e põem fim à guerra do Vietname. estávamos em 1975, quando se completa a retirada norte-americana. o regime sul-vietnamita entra em colapso, incapaz de conter as ofensivas dos vietcongs e do Vietname do norte. até que, no dia 30 de Abril, os comunistas tomam a cidade de Saigão, pondo fim à sangrenta guerra. a guerra do Vietname (ou ainda, segundo os vietnamitas, guerra americana) foi um conflito armado ocorrido no sudeste asiático entre 1955 e 1975. a guerra colocou em confronto, de um lado, a república do Vietname (sul) e os estados Unidos, com participação efectiva, porém secundária, da Coreia do sul, da austrália e da nova Zelândia, e, do outro, a república democrática do Vietname (norte) e a Frente Nacional para a Libertação do Vietname (FNL). A China, a Coreia do Norte e, principalmente, a União Soviética prestaram apoio logístico ao Vietname do Norte, mas não se envolveram efectivamente no conflito.em 1965, os estados Unidos enviaram tropas para sustentar o governo do Vietname do sul, que se mostrava incapaz de debelar o movimento insurgente de nacionalistas e comu-nistas, que se haviam juntado na Frente nacional para a Libertação do Vietname (FNL). Entretanto, apesar do imenso poder militar e económico, os norte-americanos falharam os seus objectivos, sendo obrigados a sair do país em 1973. dois anos depois, o Vietname foi reunificado sob um governo socialista, tornando-se oficialmente, em 1976, a república socialista do Vietname.na guerra, aproximadamente três a quatro milhões de vietnamitas dos dois lados morreram, além de outros dois milhões de cambojanos e laocianos, arrastados para a guerra com a propagação do conflito, e de cerca de 58 mil soldados dos estados Unidos.Depois do fim da Guerra, neste dia, Saigão passa a chamar--se Ho Chi Minh.Hoje, assinala-se ainda o dia internacional do Jazz.

Joseph Pistone. Agente do FBI que ficou conhecido pela sua incursão no mundo da máfia italo-americana de Nova Iorque. Esta é a biografia (quase) fiel de Pistone – igualmente conhecido como Donnie Brasco, identidade que assumiu enquanto trabalhava infiltrado num dos maiores e mais temidos grupos mafiosos daquela cidade norte-americana. Depois de uma viagem à Florida, várias detenções, algumas mortes e desmem-bramentos, Brasco acaba por se envolver mais naquele tipo de vida do que pretendia. O final da obra não importa neste caso, porque não sendo um filme particularmente inesquecível, é de referência. Parece ser mais próximo da realidade do que muitos outros, que fantasiam e ficcionam este tipo de ambientes. A Johnny Depp – na pele do protagonista – juntam-se Al Pacino, Michael Madsen e James Russo, Anne Heche e Zeljko Iva-nek. Pistone encontra-se neste momento a viver com a sua família sob protecção, num local desconhecido. Leonor Sá Machado

“Donnie BrASco”(Mike neweLL, 1997)

H O J E H á f i l m e

sexta-feiraConCerto de KatY PerrY Venetian, 20h00Bilhetes entre as 380 às 1680 patacas

lied ballet (FestiVal de artes de MaCaU)Centro Cultural de Macau, 20h00Bilhetes das 100 às 350 patacas

sábadolied ballet (FestiVal de artes de MaCaU)Centro Cultural de Macau, 20h00Bilhetes das 100 às 350 patacas

saVanna, UMa PaisageM iMPossíVel (FestiVal de artes)Centro Cultural de Macau, 11h00, 15h00 e 20h00Bilhetes a 150 patacas

doCUMentário “MaCaU MeMória” (30 MinUtos)teatro d. Pedro V, 10h00 às 19h45entrada livre

domingo documentário “Macau Memória” (30 minutos)teatro d. Pedro V, 10h00 às 19h45entrada livre

saVanna, UMa PaisageM iMPossíVel (FestiVal de artes)Centro Cultural de Macau, 15h00 e 20h00Bilhetes a 150 patacas

diariamente ExpoSição DE FotoGrAFiA DE ErwiN oLAF (Até 8 DE MAio) Casa gardenentrada livre

exPosição “HoMenageM a Mestres insPiradores”(até 10 de Maio) armazém do boi entrada livre

exPosição “ValqUíria”, de Joana VasConCelos(até 31 de oUtUbro)MgM Macau, grande Praça entrada livre

A importância de uma mentira é proporcionalà importância que damos ao mentiroso.

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18 publicidade hoje macau quinta-feira 30.4.2015

O IACM

SAÚDA O

1º DE MAIODIA DOS

TRABALHADORES

O Banco NacionalUltramarino

SAÚDA O

1º DE MAIODIA DOS

TRABALHADORES

Page 19: Hoje Macau 30 ABR 2015 #3321

19 publicidadehoje macau quinta-feira 30.4.2015

www. iacm.gov.mo www. iacm.gov.mo

Aviso de recrutamentoPretende admitir, mediante contrato individual de trabalho, nos termos do “Novo Estatuto de Pessoal do

Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais”, homologado pelo Despacho n° 49/CE/2010, trabalhadores para os seguintes cargos:

1. Um Técnico Superior de 2.ª classe, 1.º escalão (Área de electromecânica, referência n°1103/DLA-SAL/2015)2. Um Técnico Superior de 2.ª classe, 1.º escalão (Área de qualidade e controlo, referência n°1203/GQC/2015)3. Um Técnico Superior de 2.ª classe, 1.º escalão (Área de engenharia civil, referência n°1303/DR-SSVMU/2015)4. Um Técnico Superior de 2.ª classe, 1.º escalão (Área de formação, referência n°1403/DFD-SAA/2015)5. Um Técnico de 2.ª classe, 1.º escalão (Área de informática, referência n°1503/DI/2015)

Documentos de candidatura: Relativamente às condições, os documentos necessários e os pormenores do concurso, constantes do aviso,

podem ser obtidos na página electrónica (http://www.iacm.gov.mo/p/recruit/) deste Instituto ou consultados nos Centros de Prestação de Serviços ao Público e Postos de Atendimento e Informação;

O prazo de apresentação das candidaturas terminará no dia 19 de Maio de 2015; Os interessados ao concurso obrigam-se a entregar pessoalmente o boletim de inscrição devidamente preenchido

e assinado e os documentos referidos no aviso de concurso, no prazo acima referido e dentro das horas de expediente, nos seguintes Centros de Prestação de Serviços ao Público e Postos de Atendimento e Informação.

Locais e horário de expediente dos Centros de Prestação de Serviços ao Público e Postos de Atendimento e Informação: Centro de Prestação de Serviços ao Público da Zona Norte – Rua Nova da Areia Preta, n° 52, Centro de

Serviços da RAEM (Tel. 2847 1366) Centro de Prestação de Serviços ao Público das Ilhas – Rua da Ponte Negra, Bairro Social da Taipa, n° 75 K

(Tel. 2882 5252) Centro de Prestação de Serviços ao Público da Zona Central – Rotunda de Carlos da Maia, nos.5 e 7, Complexo

da Rotunda de Carlos da Maia, 3º andar (Tel. 8291 7233) Posto de Atendimento e Informação Central – Avenida da Praia Grande nos 762-804, China Plaza, 2° andar

(Tel. 2833 7676) Posto de Atendimento e Informação de T’ói San – Avenida de Artur Tamagnini Barbosa, n° 127, r/c, Edf. D.

Julieta Nobre de Carvalho, bloco “B” (Tel. 2823 2660) Posto de Atendimento e Informação de S. Lourenço – Rua de João Lecaros, Complexo Municipal do Mercado

de S. Lourenço, 4° andar (Tel. 2893 9006)Horário: Centro de Prestação de Serviços ao Público: 2ª a 6ª feira, das 09:00 às 18:00 horas, sem interrupção ao almoço.Posto de Atendimento e Informação: 2ª a 6ª feira, das 09:00 às 19:00 horas, sem interrupção ao almoço.

Macau, aos 23 de Abril de 2015. Presidente do Conselho de Administração

Vong Iao Lek

AVISOFaz-se público que as Piscinas Dr. Sun Iat Sen, de Hac-Sá e de Cheoc Van, sob a dependência do IACM, estarão abertas ao público durante a época balnear de 2015 entre 1 de Maio e 31 de Outubro, com o seguinte horário de funcionamento e tabela de preços:

Horário de Funcionamento das Piscinas Dr. Sun Iat Sen, de Hac-Sá e de Cheoc VanPiscina Dr. Sun Iat Sen

2a feira : 13h00 às 20h00 3a feira a Domingo : 7h00 às 12h00 e

13h00 às 20h00

Piscinas de Hac-Sá e de Cheoc Van

2a feira : 13h00 às 21h003a feira a Domingo : 8h00 às 12h00 e

13h00 às 21h00

* Às 2as feiras, as piscinas estarão encerradas durante o período da manhã para efeitos de limpeza e manutenção periódica, reabrindo às 13h00. Caso uma 2ª feira coincida com um feriado, as piscinas permanecerão abertas e o encerramento para a devida limpeza passará para o período da manhã de 3ª feira.

Preços, em patacas, dos Bilhetes de Ingresso e Passes da Piscina Dr. Sun Iat Sen

Tipo Bilhete Simples

PasseMensal Passe Trimestral Passe por

Época BalnearAdultos $15.00 $260.00 $610.00 $1,230.00

Portadores de cartãode estudante $7.00 $150.00 $440.00 $880.00

Crianças com idade inferior a 12 anos $5.00 $90.00 $210.00 $440.00

Seniores com idade superior a 65 anos $7.00 $150.00 $440.00 $880.00

Preços, em patacas, dos Bilhetes de Ingresso e Passes das Piscinas de Hac-Sá e de Cheoc VanTipo Bilhete Simples Passe Mensal

Adultos $15.00 $180.00Portadores de cartão de estudante $7.00 $75.00

Crianças com idade inferior a 12 anos $5.00 $75.00Seniores com idade superior a 65 anos $7.00 $90.00

* A aquisição de passes é efectuada na bilheteira das piscinas, mediante a apresentação de uma fotografia de 1.5” (uma polegada e meia) e uma fotocópia do documento de identificação válido.

Macau, aos 24 de Abril de 2015

O Presidente do Conselho de AdministraçãoVong Iao Lek

No 1º De MAIO, como de costume estaremos FeCHADOS ao público. No entanto, se gosta de confusão apareça em Hác-Sá. Pois com todos aqueles carros abandonados ocupando 90% dos parques, vai ser uma coisa linda!

ReABRIMOS dia 2 como sempre. Pedimos desculpas aos incautos. BOM FeRIADO!

Amigavelmente,

Restaurante Fernando

Assine-oTelefone 28752401 | fax 28752405

e-mail [email protected]

www.hojemacau.com.mo

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20 opinião hoje macau quinta-feira 30.4.2015

O dia do trabalhador, con-siderado como feriado, teve o seu início, a 1 de Maio de 1919, quando o Senado francês o procla-mou, aquando do estabe-lecimento das oito horas de trabalho diário. No nonagésimo sexto ano da sua celebração na maioria

dos países, deve-se fazer uma equação à economia mundial e à situação do emprego. Daí ser de realçar que a economia mundial continua a crescer, ainda que, registe taxas muito inferiores às anteriores à crise global de 2008 e não permita preencher as amplas rupturas laborais e sociais que surgiram.

O desafio, actualmente, é o de recuperar os níveis de desemprego e sub-emprego anteriores à crise, o que constitui uma difícil tarefa, com os consideráveis riscos sociais e económicos que a situação envolve.

A ruptura global de emprego causada pela crise continua a aumentar. Segundo as previsões laborais de diversas organizações internacionais, com particular destaque para a Organização Internacional do Trabalho (OIT), piorarão no mundo durante os próxi-mos cinco anos. Mais de duzentos milhões de pessoas estavam desempregadas em 2014, representando mais trinta milhões do que antes de surgir a crise global.

É de prever que o desemprego mundial aumente em mais três milhões de pessoas em 2015, e em oito milhões de pessoas durante os próximos quatro anos. A ruptura mundial do emprego, indica que o número de postos de trabalho perdidos desde o início da crise atingiu sessenta e um milhões de pessoas.

A serem incluídas as pessoas que irão incorporar o mercado de trabalho durante os próximos cinco anos, para preencher a lacuna no emprego que gerou a crise, será preciso criar duzentos e oitenta milhões de postos de trabalho, até 2019. Os jovens, em particular as mulheres jovens, continuam a ser afectados de forma desproporcionada, pelo desemprego.

Em 2014, cerca de setenta e quatro mi-lhões de pessoas, com idades compreendidas entre os quinze e os vinte e quatro anos procuravam trabalho. A taxa de desemprego dos jovens quase triplica a dos adultos. O aumento do desemprego dos jovens é co-mum a todas as regiões e prevalece apesar da melhoria do nível de educação, o que faz aumentar o mal-estar social.

Economia, trabalho e emprego“Stimulating investment is a step in the right direction to boost job creation. Since the height of the crisis, investment in the EU-28 remains well below pre-crisis levels and is too low to make a significant dent on unemployment and under-employment. The unemployment rate, at 9.7 per cent in the third quarter of 2014, is close to 3 percentage points above the level reached in the same quarter of 2007.”An Employment-Oriented Investment Strategy for Europe (Studies on Growth with Equity) International Labour Office

A situação do emprego está a melhorar em algumas economias avançadas, mas continua difícil em grande parte da Europa. O cenário laboral, nas regiões, sofreu uma mudança drástica. A recuperação do emprego continua a dar-se no conjunto das economias avança-das, ainda que, com importantes diferenças entre os diferentes países.

O Japão, Estados Unidos e alguns países europeus, vêem a situação do desemprego a diminuir e em alguns sectores começa a recupera para níveis anteriores à crise. A Eu-ropa meridional vê o desemprego a decrescer lentamente, ainda que, as taxas continuem excessivamente altas, e piora nas economias emergentes e em desenvolvimento.

Ao contrário, depois de um período de melhores resultados em comparação com a média global, a situação está-se a dete-riorar em algumas regiões e economias de rendimentos médios e em desenvolvimento, como as da América do Sul, Caraíbas, China, Federação Russa e alguns países árabes.

A situação laboral não melhorou muito na África Subsaariana apesar de apresentar melhores resultados no crescimento da economia. A maioria desses países prevê que o sub-emprego e o emprego informal se mantenham persistentemente altos durante os próximos cinco anos. A considerável queda dos preços do petróleo, que continuou até ao princípio de 2015, a manter-se, fará

melhorar as perspectivas de emprego nos países importadores. Não obstante, é pouco provável que compense as repercussões de uma recuperação ainda frágil e desigual, que não favorecerá os países exportadores de petróleo.

Assim, as melhorias no emprego vul-nerável estagnaram nos países emergentes e em desenvolvimento. É de prever que a incidência do emprego vulnerável se man-tenha constante, em termos gerais, em cerca de 45 por cento do emprego total, durante os próximos dois anos, em assinalado con-traste com as reduções observadas durante o período anterior à crise.

O número de trabalhadores com empre-

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21 opiniãohoje macau quinta-feira 30.4.2015

perspect ivasjorge rodrigues simão

O número de trabalhadores com empregos vulneráveis no mundo aumentou em vinte e sete milhões desde 2012, e actualmente situa-se em mais de mil e quatrocentos e cinquenta milhões. A África Subsaariana e a Ásia Meridional registam mais da metade do emprego vulnerável no mundo, afectando três em cada quatro trabalhadores

gos vulneráveis no mundo aumentou em vin-te e sete milhões desde 2012, e actualmente situa-se em mais de mil e quatrocentos e cinquenta milhões. A África Subsaariana e a Ásia Meridional registam mais da metade do emprego vulnerável no mundo, afectando três em cada quatro trabalhadores.

Assim, têm diminuído os progressos para reduzir o número de trabalhadores pobres. No final desta década, é de prever que um em cada catorze trabalhadores viverá em condições de extrema pobreza.

As desigualdades nos rendimentos au-mentaram, atrasando a recuperação mundial da economia e do emprego. Em média, nos países cujos dados estão disponíveis, 10 por

cento da população mais rica auferem 30 por cento a 40 por cento dos rendimentos totais. Em contrapartida, os 10 por cento da população mais pobre auferem 2 por cento dos rendimentos totais.

Em algumas economias avançadas, nas que tradicionalmente as desigualdades foram muito inferiores às dos países em desenvol-vimento, as desigualdades nos rendimentos pioraram rapidamente depois da crise e,

em alguns casos, estão a aproximar-se dos níveis registados em algumas economias emergentes. Em economias emergentes e em desenvolvimento onde, em geral, as de-sigualdades têm estado a diminuir, os níveis mantêm-se todavia elevados, e o ritmo de melhoria reduziu-se de forma considerável.

Alguns destes acontecimentos devem-se à redução durante os últimos anos dos postos de trabalho rotineiros e cansativos que reque-rem qualificações médias e que aconteceu paralelamente com a procura crescente de postos de trabalho nos extremos superior e inferior da escala de qualificações. Por consequência, trabalhadores relativamente formados, que costumavam ocupar estes pos-tos de trabalho que requeriam qualificações médias, vêem-se cada vez mais obrigados a competir por ocupações que requerem poucas qualificações.

Estas mudanças ocupacionais configura-ram as pautas e tabelas de emprego e também contribuíram para alargar as desigualdades nos rendimentos registados durante as últi-mas décadas. As crescentes desigualdades fizeram diminuir a confiança nos governos, com algumas poucas excepções.

A confiança nos governos veio a diminuir com particular rapidez nos países do Médio Oriente e da África do Norte, Ásia Oriental, América do Sul e também em economias avançadas. Interrogações desta grandeza, em particular, são acompanhadas por uma estagnação ou redução dos rendimentos, podendo contribuir para o mal-estar social.

O mal-estar social aumentou progressiva-mente devido à persistência do desemprego, que tendia a diminuir antes da crise global e aumentou desde então. Os países que regis-taram taxas altas ou rapidamente crescentes de desemprego dos jovens são especialmente vulneráveis a esse mal-estar social.

É possível desenvolver as políticas e programas laborais e sociais. Este panorama turbulento pode mudar se forem combati-das as principais deficiências subjacentes. Anteriores relatórios da OIT realçavam a necessidade de impulsionar a procura agre-gada e o investimento empresarial, inclusive, mediante políticas laborais, de rendimentos, empresariais e sociais.

Os sistemas creditícios devem reorientar--se para apoiar a economia real, em particular as pequenas empresas. É necessário enfrentar com determinação as deficiências da “Zona Euro” e as crescentes desigualdades devem ser abordadas com políticas de mercado de trabalho e fiscais, bem desenhadas.

Existe igualmente, a necessidade de enfrentar as persistentes vulnerabilidades sociais ligadas à frágil recuperação laboral, principalmente o elevado desemprego dos jovens, o desemprego de longa duração e o abandono do mercado de trabalho, sobretudo entre as mulheres. Para isso é preciso em-preender reformas do mercado de trabalho inclusivas, com o fim de apoiar a partici-pação, promover a qualidade do emprego e actualizar as qualificações.

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22 opinião hoje macau quinta-feira 30.4.2015

D e tempos a tempos o nosso sentido de Humanidade é posto à prova. Sentimo-nos solidários com a desgraça e a desolação que atingiram desta vez um povo doce, pobre, recolhido no isola-mento das montanhas que cercam as suas cidades an-tigas e as pequenas aldeias

que pontuam as suas escarpas? A resposta que se ouve é que não temos nada a ver com isso. Há instituições que foram criadas com esse objectivo e a elas cabe cumprir a função de prestar assistência. Uma outra resposta comum é ‘tudo bem, passo o cheque’ mas ‘exijo’ a fotografia no jornal para se ver quanto a minha empresa é solidária ou eu (o tycoon) sou ‘’ importante’.

A solidariedade oriunda da tradição, a caridade cristã não é nada disso. Tenho visto estes anacronismos repetirem-se vezes sem conta. Quando procurei detectar as razões mais profundas encontrei a resposta que aquela outra é a maneira de ser da comunida-de, que o chinês é ‘assim’. Seco, calculista,

crepúsculo dos ídolosArnAldo GonçAlves

Anacronismos

Macau é parte deste drama onde a elite se desligou do conjunto da população e não foi capaz de ir ao encontro das suas necessidades mais imediatas. A paz social ‘compra-se’ apenas até a um certo ponto. É isso que a história mostra

incapaz de se sensibilizar com o sofrimento dos outros, salvo quando pode tirar benefício disso, egoisticamente.

Confesso que perante uma outra calami-dade natural dei-me ao trabalho de consul-tar os textos de Lao Tzu, de Confúcio, de Mêncio, a ver se havia alguma coisa que eu desconhecia e que explicasse esta frigidez chinesa com a dor do próximo. Não encontrei nada. Aliás encontrei precisamente o con-trário: a importância da solidariedade para com o outro, o desfavorecido, o pobre, o que sofre, como veiculo do homem virtuoso, do espírito elevado, daquele que percebeu e interioriza o ‘ren’ (仁). Nos Analectos do Mestre: ‘Fan Chi’ih perguntou sobre a benevolência. O Mestre disse: ‘ama os teus semelhantes’ (Confúcio, Os Analectos, Livro VII, parágrafo 22).

Nas palavras de Lao Tzu ‘aqueles que possuem em elevado grau os atributos do Dao 道 (o caminho recto) não procuram exibi-lo, contudo possuem-no em grande quantidade. Aqueles que possuem esses atributos em pequena quantidade procuram não os perder mas na realidade não os possuem (Lao Tzu,

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Tao Te Ching, Capitulo 38 (Os atributos do Dao)’. Numa outra passagem ‘a virtude essencial é caracterizada pela ausência da auto-afirmação (wu wei) e por isso não é pretensiosa. A virtude ‘inferior’ é afirmativa e portanto torna-se pretensiosa’.

Os exemplos atrás demonstram a prática comum social de uma virtude ‘inferior’ de

baixa qualidade humana porque rotineira, uma prática social que ‘fica bem’ porque não desloca o autor do que em termos so-ciológicos se chamam a tribo.

Como explicar este desvio de tradições que são a raiz da cultura milenar chinesa e portanto da sua identidade?

Haverá provavelmente diversas explica-ções. A mais intuitiva: a lógica da revolução comunista e dos seus objectivos políticos mais imediatos. A revolução foi conduzida para ‘libertar’ o povo chinês da influência europeia e de séculos de cultura e filosofia confucionista que edificaram o mando do Filho do Céu e da sua corte imperial. Mando perpetuado por uma burocracia obediente que se auto-alimentava. Na visão de Mao apenas pela destruição das quatro ‘velha-rias’- os velhos costumes, cultura, hábitos e ideias – poderia a ideologia do ‘homem novo’ se afirmar e ser o élan da nova ordem na sociedade chinesa ao serviço da classe maioritária – o campesinato. Destruição não no sentido alegórico mas material, corpóreo: arrasamento de templos e centros de estudo e difusão do confucionismo e do taoísmo, repressão dos seus líderes, imposição da obediência cega ao Partido Comunista; obrigação do estudo do pensamento de Mao Zedong, repetição acrítica das suas máximas em todos os aspectos da vida colectiva.

A segunda explicação tem a ver com o es-pírito mercantilista que emergiu da abertura da China ao exterior sob a direcção de Deng Xiao Ping. Corroendo o sentido de serviço à comu-nidade que de certa forma explicara o sucesso e a aceitação da revolução socialista por largos extractos da sociedade. A acção do partido era vista, pela maioria da população, como o serviço do bem comum (‘servir o Povo’). Ao proclamar ‘a pobreza não é socialismo, ser rico é glorioso’ Deng Xiao Ping criou as condições para o aniquilamento da ideia do ‘homem novo’ que fora o princípio formador do maoismo. O homem rico e rico a qualquer preço é aquele que não tem quaisquer preocupações sociais com as dificuldades dos mais desfavorecidos, porque na sua lógica ‘venceu’ e os demais fo-ram derrotados porque não souberam ‘agarrar’ as oportunidades que se lhes apresentaram. A única coisa que preocupa o homem rico é ficar ainda mais rico.

A descrição anterior pode parecer simplista mas explica, a meu ver, como valores que marcaram a evolução e sucesso da civilização chinesa, praticamente até aos séculos XV ou XVI, são postos para o lado em nome de uma lógica de mercado capitalista absolutamente selvagem, onde o triunfo e o lucro justificam tudo. Estou convencido que esta é uma das metáteses que pode levar à implosão da sociedade chinesa e dos seus sonhos de retoma da grandeza imperial. Macau é parte deste drama onde a elite se desligou do conjunto da população e não foi capaz de ir ao encontro das suas necessidades mais imediatas. A paz social ‘compra-se’ apenas até a um certo ponto. É isso que a história mostra.

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23 opiniãohoje macau quinta-feira 30.4.2015

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D as recordações que guardo da infância e que comigo levarei da minha passagem pelo mundo estão certa-mente os anos que vivi com a minha avó paterna, e da criação de animais de capoeira que mantinha no quintal nas traseiras da sua casa. Tomei contacto muito

próximo com animais desde que nasci, e que me recorde só deixei de ter um cão já na idade adulta. agora não tenho cão, não porque não goste de cães, mas antes pela razão oposta: gosto tanto que não seria capaz de o fazer infeliz, na eventualidade de não lhe poder dispensar a atenção necessária. Por outro lado não aceito que alguém negligencie, abandone ou inflija maus tratos a um cão ou a qualquer outro animal de sangue quente, que sinta dor, tanto ou mais que um ser humano. assim sendo penso que qualquer sociedade que se preze deve dotar os animais de protecção legal contra a crueldade de alguns humanos, os que persistem em não dar a outro ser vivo um tratamento humanitário. Repare-se que aqui “humanitário” é no sentido de bondoso, benfazejo, e não significa necessariamente que se tenha que tratar um animal da mesma forma que se trata um ser humano. Esta é uma confusão que muitas vezes se tem feito e que tem levado à perversão de uma ideia inicialmente boa – o que inicialmente foi pensado para dotar os animais de protecção, tem sido usado pelos humanos como arma de arremesso contra outros humanos.

Esta forma de activismo é relativamente recente, datando ao início dos anos 70, pelo menos de forma organizada. a ideia partiu de um grupo de filósofos da Universidade de Oxford e ganhou rapidamente aceitação pública, muito graças às imagens fortes que ilustravam o uso de animais em experiências médicas e científicas, ou a crueldade dos abates nos matadouros ou ainda a lucrativa indústria de peles, tudo evidências de que num mundo em situação de relativa paz, existia uma espécie de “holocausto animal”, causado pela inconsciência e desprezo dos humanos, com as suas práticas suprema-cistas que levaram à extinção prematura de algumas espécies, bem como a danos irreversíveis nos biossistemas. Nos anos 80 o mundo falava de um tal “buraco” na camada de ozono, de uma “consciência ambientalista” e estava em marcha a reci-clagem, após se perceber finalmente que retirar da mãe natureza sem dar algo em troca levaria a que os recursos fossem ainda mais escassos. E é isso que temos feito sempre, retirar da natureza aquilo que precisamos, desde os alimentos aos combustíveis fósseis, passando pelos metais, pela madeira e lá está, os produtos animais.

O problema com as causas, e neste particular o da preservação das espécies ou do tratamento mais justo dado às mesmas peca por excesso: quem não adere começa a ser visto como um “inimigo” de quem luta – e aí está a palavra chave – por essa causa

Animais, até demais

E são exactamente os animais a face mais visível do consumo da natureza pelo Homem. E porquê? Porque gritam, porque sofrem, porque sentem dor. Não porque eles nos dizem, é evidente, e não passa pela cabeça de ninguém que uma vaca ou que um porco se divirtam enquanto estão sujeitos a uma dolorosa e penosa matança apenas porque vão ser convidados especiais num churrasco ou num banquete dado pelos humanos. E é aqui que gostaria de regressar novamente à infância e ao quintal da minha avó, onde como já se fazia criação de ani-mais ditos “de capoeira”, nomeadamente galinhas, patos e coelhos. De todos os bi-charocos que habitavam no quintal o cão, ou neste caso a cadela, era de longe o mais inteligente, respeitado por todos os outros, pois protegia-os dos intrusos e colocava um pouco de ordem quando as galinhas se comportavam ... como galinhas. E é aqui que eu queria chegar: uma galinha não serve para mais nada senão para dar ovos

ou para ser comida; uma galinha não pensa, não faz companhia, não nos diverte e nem sequer é um animal higiénico ou musical. se amanhã as galinhas fossem deixadas à sua sorte rapidamente se extinguiriam, pois nem de um simples rato se conseguem defender. Já os coelhos, por exemplo, eram um caso especial. Via-os nascer, crescer, e eventualmente acabava por comê-los. Isto pode parecer horrível, mas só para quem nunca criou coelhos. Para mim o que estava no prato feito à caçadora ou de cabidela não era o animal que vi crescer ou com o qual convivi: era uma carcaça de animal destinada ao consumo dos humanos.

É claro que para se dar essa transformação convém submeter o animal a uma morte rápi-da e com o menos sofrimento possível, mas lá está para que é nos vamos lembrar disto para depois ir fazer comparações descabidas com o Holocausto nazi? Uma galinha que vê outra morrer não tem o discernimento de saber que mais cedo ou mais tarde o mesmo

bairro do or ienteLeocardo

vai acontecer com ela. Não é um animal ra-cional, ponto. Não consigo entender como é que alguém pode comparar tal e qual a morte ou o sofrimento de um animal com o de um ser humano. se me quisesse rebaixar a pensar dessa forma perguntava a estes activistas e afins se os animais lhes agradeciam. Ai não? Ingratos, todos já para a panela. É de louvar que alguém opte por ser vegetariano, mesmo sendo discutível que no geral esteja a contribuir mais ou menos para o equilíbrio ambiental. Eu não sou vegetariano mas não tenho nem nunca tive carro, e bens vistas as coisas serei mais ecológico que qualquer vegetariano que conduz um automóvel.

O problema com as causas, e neste particular o da preservação das espécies ou do tratamento mais justo dado às mesmas peca por excesso: quem não adere começa a ser visto como um “inimigo” de quem luta – e aí está a palavra chave – por essa causa. Quando se chega a um ponto em que se respeita mais a vida de um animal do que uma vida humana, dá-se a falência do princípio inicialmente nobre, e gera-se um efeito perverso, com as pessoas que querem contribuir para um mundo melhor a afastarem-se por não quererem ser con-fundidas com fanáticos com queda para o terrorismo. Mesmo algo tão nobre e justo serve para que os humanos se ataquem, se odeiem, e se acabem ressentidos. E o que diriam os animais disto, se pudessem falar?

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cartoon por Stephff

hoje macau quinta-feira 30.4.2015

Taxa de desemprego mantém-se a 1,7% A taxa de desemprego de Macau entre Janeiro e Março deste ano manteve-se inalterada em 1,7%, indicam dados dos Serviços de Estatística e Censos. A taxa de desemprego foi idêntica à registada no primeiro e último trimestre do ano passado. No primeiro trimestre havia 6800 desempregados. Já a mediana do rendimento mensal da população de Macau subiu para 15 mil patacas, mais duas mil patacas em termos anuais. Entre Janeiro e Março deste ano, a população activa foi estimada em 406.300 pessoas e a população empregada em 399.500. Destes, 84.600 trabalhavam no sector das lotarias e jogos de aposta (menos 2400 pessoas em termos trimestrais) e 26.100 estavam empregados na hotelaria (menos 1800).

Quase uma centena de ilegais em dois mesesEm Fevereiro e Março foram encontrados 89 trabalhadores ilegais em Macau, de acordo com dados da Polícia de Segurança Pública (PSP). Em Fevereiro, a PSP detectou 33 trabalhadores ilegais em cem locais fiscalizados, incluindo obras de construção civil, residências e estabelecimentos comerciais e industriais, refere um comunicado. Já no mês de Março, foram encontrados 45 trabalhadores ilegais em acções da polícia realizadas em 303 locais. No mês passado, foram ainda encontrados 11 pessoas a trabalhar ilegalmente, durante operações conjuntas realizadas pela PSP e Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) realizadas em dois locais.

Museus Acervos históricos emsistema públicoO director do Museu de Macau, Chan Ieng Hin, garante que está a ser criado um sistema que reúne os acervos históricos por listar como património. De acordo com a Rádio Macau, que cita responsável numa conferência de imprensa, a plataforma vai incluir arquivos privados de algumas associações. “Estamos a fazer um sistema que acompanha e satisfaz os critérios internacionais. A lista dos acervos está a ser feita de acordo com as disposições da Lei de Salvaguarda do Património Cultural”, disse Chan Ieng Hin, sem adiantar qualquer data para a conclusão do projecto.

Zheng Anting denuncia falta de supervisão de carros modificados

O deputado Zheng Anting alega que há falhas no

sistema de inspecção a veículos modificados de forma ilegal depois da compra. De acordo com o deputado, a existência de carros alterados ilegalmen-te pode prejudicar não só os peões, mas também o trânsito circundante. Numa interpelação escrita, Zheng criticou o facto de estes automóveis prejudicaram a vida das pessoas e dos outros condutores, já que podem pro-vocar acidentes e ser um incó-modo para o descanso, durante a noite, da população.

O deputado lembra que a PSP já havia referido a inter-cepção, pelo Departamento de Trânsito, de vários casos suspeitos, tendo penalizado os condutores por diversas ilegali-dades, como excesso de veloci-dade. Contudo, de acordo com os regulamentos, os agentes policiais devem entregar estes carros ao Centro de Inspecções de Veículo, que não está aberto a todas as horas da semana e encerra ao fim de semana e aos feriados. Esta é, de acordo com Zheng, a lacuna que é preciso remediar.

“Vários residentes já se queixaram de acordar a meio da noite por causa do ruído e isto mostra que há espaço para fazer melhorias na lei existen-te”, explica. Zheng questionou o Governo quanto ao número de pessoas que foram penalizadas pelo ruído automóvel excessivo nos últimos três anos, sugerindo à PSP que sejam tomadas medi-das para “preencher a lacuna” que alega existir. A principal solução, diz, passa por prolon-gar o horário de funcionamento do centro de inspecções. F.F.

O S grupos Forefront of the Macau Gaming e a União dos Operários

vão afinal manifestar-se em conjunto amanhã, pedindo ao Governo que intervenha quanto à emissão de cartas de aviso das operadoras de Jogo, ao controlo na contratação de trabalhadores não residentes (TNR). Estes pedem ainda melhores regalias e um ambiente mais positivo de trabalho no sector. Segundo os líderes dos grupos, Ieong Man Teng e Cloee Chao, o tema da sua manifestação é “defender o emprego, procurar estabilidade e manter a saúde” dos trabalha-dores.

Como o HM já havia avança-do na semana passada, os grupos alegam que as operadoras de Jogo podem emitir cartas de aviso quando os seus funcionários

cometem erros leves, mas que mesmo assim levam ao despe-dimento, ainda que indirecto. Embora as concessionárias de Jogo já tivessem esclarecido que houve uma diminuição no número de emissão dessas cartas, os dois grupos continuaram a receber queixas de trabalhadores em consideram que se trata de uma tendência “grave”.

Sob preSSão“Já recebemos dezenas queixas de trabalhadores que foram despedidos por causa de cartas de aviso e isso provocou pressão aos trabalhadores e sabe-se que os mais mal humorados e menos bem dispostos podem cometer mais erros. É ainda provável que haja um corte nos custos se as receitas do Jogo continuarem a cair e por isso esperamos que

a Direcção dos Serviços para Assuntos Laborais intervenha”, disseram ontem ao HM.

Ieong Man Teng e Cloee Chao preparam-se ainda para reivindi-car a aprovação e aplicação da legislação de proibição total de tabaco nos casinos e a atribuição de subsídios para quem trabalha por turno e em dias de tufão. Além disso, pretendem ainda pedir que o Governo exerça um controlo mais apertado no que diz respeito à contratação de TNR. Recorde--se que também recentemente Ng Kuok Cheong chamou a atenção para esta questão, lembrando que o Executivo havia prometido um limite de 20%. Neste momento, a contratação de mão-de-obra não residente vai além dos 35%, segundo o deputado democrata.

Flora [email protected]

1º de Maio Trabalhadores do Jogo pedeM Mais esTabilidade

A oferta do sectorA Forefront of the Macau Gaming e a União dos Operários saem à rua amanhã para pedir mais regalias para quem trabalha no sector do Jogo por turnos e em dias de tufão, mas não esquecem um maior controlo na contratação de TNR e mais estabilidade no emprego

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