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TÍTULO: HOMEM JUSTIÇA – PRÓLOGO – Era um sábado, aos quinze dias do mês de abril do ano de 2006. A noit encoberto pelas nuvens, caía um chuvisco tão irrelevante, tão fino e através daquela luz alaranjada forte, irradiada pela lâmpada do único ante a mínima brisa que se fizesse. No portão da casa número 54, da rua Acre, um casal desfrutava os últ diversas vezes em que o namorado visitava a namorada. Estavam juntos Ela se chama Amanda de Castro Silva, naquele momento, vestia um casac jeans azul, um par de meias rosas com desenhos de florzinhas avermelhadas e calçava uma san dedo. Era ela sem dúvida de uma formosura incomparável. Amanda tinha dependendo da intensidade luminosa, tomavam uma cor meio esverdeada; claros, quase loiros; era de um corpo quase sem gorduras,e outrossim Sua altura era um pouco maior do que a média feminina, mais nada que 20 anos e iria completar 21 no mês de dezembro daquele ano. Desde de Ciências da Computação na instituição particular de ensino superior A cidade de São Gonçalo, no bairro Porta da Madama. Ambos eram evangélicos. Freqüentavam a primeira igreja Batista da Vil conheceram. Ele freqüentava esta igreja desde 1994, quando seu coraçã grupo de membros daquela casa de oração, a qual estava realizando uma de férias que se realizaria naquele ano. Hoje, com 20 anos de idade, Luís Paulo Moura Filho é um jovem com alt castanhos bem escuros. Tinha pernas grossas e muito fortes. Naquele m tênis branco e um blusa verde de manga comprida. Fazia faculdade de Engenharia de Produção em uma faculdade pública, a 2004. Sua mãe se chamava Celma Grassine, cabelos castanhos escuros e curtos e em 2006 com a idade de 52 anos; seu pai, Luís era um homem já meio possuía seus setenta e dois anos, olhos e cabelos negros, pele morena Ele não tinha amigos, mas antes, colegas, pois só considerava a palav realmente lhe demonstrasse ser-lho. Como sempre, era escarnecido por pular muros, soltar cafifa, brincar de bola de gude, jogar criança. Ele era um eremita. Ele era o Luís. Um dia, tudo isto iria mudar. Bre 1

HOMEM JUSTIÇA

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TTULO: HOMEM JUSTIA PRLOGO Era um sbado, aos quinze dias do ms de abril do ano de 2006. A noite estava fria e daquele cu rubro encoberto pelas nuvens, caa um chuvisco to irrelevante, to fino e leve que, quando se olhava as gotinhas atravs daquela luz alaranjada forte, irradiada pela lmpada do nico poste daquela rua, pareciam flutuar ante a mnima brisa que se fizesse. No porto da casa nmero 54, da rua Acre, um casal desfrutava os ltimos momentos de mais uma das diversas vezes em que o namorado visitava a namorada. Estavam juntos havia j uns 3 anos. Ela se chama Amanda de Castro Silva, naquele momento, vestia um casaco de l longo e escuro, uma cala jeans azul, um par de meias rosas com desenhos de florzinhas avermelhadas e calava uma sandlia de dedo. Era ela sem dvida de uma formosura incomparvel. Amanda tinha olhos castanhos claros, os quais dependendo da intensidade luminosa, tomavam uma cor meio esverdeada; possua lindos cabelos castanhos claros, quase loiros; era de um corpo quase sem gorduras,e outrossim era dona de uma boca linda e atraente. Sua altura era um pouco maior do que a mdia feminina, mais nada que desanimasse seu namorado. Possua 20 anos e iria completar 21 no ms de dezembro daquele ano. Desde de 2004, ela cursava faculdade de Cincias da Computao na instituio particular de ensino superior Aristolfo Veiga, a qual era sita na cidade de So Gonalo, no bairro Porta da Madama. Ambos eram evanglicos. Freqentavam a primeira igreja Batista da Vila Iara e, a saber, foram l que se conheceram. Ele freqentava esta igreja desde 1994, quando seu corao foi pescado com eficcia por um grupo de membros daquela casa de orao, a qual estava realizando uma campanha para uma escola bblica de frias que se realizaria naquele ano. Hoje, com 20 anos de idade, Lus Paulo Moura Filho um jovem com altura mediana, olhos e cabelos castanhos bem escuros. Tinha pernas grossas e muito fortes. Naquele momento, trajava um short preto, um tnis branco e um blusa verde de manga comprida. Fazia faculdade de Engenharia de Produo em uma faculdade pblica, a saber, UNIRIO desde o ano de 2004. Sua me se chamava Celma Grassine, cabelos castanhos escuros e curtos, olhos verdes bem claros, tez alva e em 2006 com a idade de 52 anos; seu pai, Lus era um homem j meio avanado em anos, portanto possua seus setenta e dois anos, olhos e cabelos negros, pele morena e forte, porm magro. Ele no tinha amigos, mas antes, colegas, pois s considerava a palavra amigo digna de uma pessoa que realmente lhe demonstrasse ser-lho. Como sempre, era escarnecido por no saber fazer o que eles sabiam: pular muros, soltar cafifa, brincar de bola de gude, jogar bola, dentre outras peraltices dignas de uma criana. Ele era um eremita. Ele era o Lus. Um dia, tudo isto iria mudar. Breve. 1

Muito obrigada por voc estar confiando em mim! Sinto-me muito feliz por isso. Falei-te isto somente porque a amo demais! Dito estas ultimas palavras, Lus preparou o pedal de sua bicicleta e desceu a rampa pouco inclinada que dava acesso garagem da casa de Amanda e tomou aquela rua deserta. Ela ainda ficou observando-o durante uns segundos, quando ento, entrou e fechou o porto. Aquele logradouro era pequeno; a casa n 54 de Amanda era separada da esquina com a avenida principal por duas outras residncias. A poucos metros do n 54, vindo da principal, havia um pequeno trecho em aclive que dava para um morro e ao fim da qual acabava-se a viela. Naquela elevao, havia um carro estacionado. Lus j o tinha percebido, mas no falou nada para Amanda, pois, na certa, julgara que ela tambm o tivesse observado. Num repente, aquele veculo ligou seu motor e, em marcha lenta, procurando fazer o mnimo de alarde possvel, veio parar em frente ao n 54. Era veculo azul claro, com pra-choque e pra-lama pretos e vidros escuros. Decerto que era roubado. Dele saram trs rapazes armados, um com pistola semi-automtica calibre 45, outro com uma submetralhadora e o condutor com um revolver moda Billy-de-Kid. O condutor vestia blusa verde clara de manga comprida e cala moletom, calava um par de tnis brancos, tambm na certa roubados. Seu apelido era Benedito Bacural e era o chefe do bando. Tinha olhos castanhos e cabelos pintados com uma tinta loira de qualidade muito inferior, era bem moreno e tinha uma cicatriz grande de golpe de faca na testa. Era grande e meio forte. O que acompanhava o Bacural no banco do carona tinha alcunha de Srgio Matador. Este, assim como os demais, era branco e tinha olhos e cabelos castanhos bem escuros. Tinha um bigodinho to ridculo que parecia at que foi colado em sua face. Este era o segundo lder daquela malta. Vestia uma camiseta vermelha por cima de uma camisa de manga azul e trajava bermudo preto e sandlias. O outro facnora chamava-se Franco, sujeitinho totalmente fora de forma, vestido de camisa plo branca com um desenho de uma caveira nas costas. Usava cala jeans azul-claro e calava tnis preto. Nas costas da sua mo direita tinha uma tatuagem de uma caveira. Bacural e Franco se posicionaram do lado da entrada da residncia dos Castro, um de cada lado e afastados a uma certa distncia da mesma. Matador tocou a campainha da residncia. Cuidou para no deixar a sua semi-automtica muito a vista de qualquer curiosos que porventura passasse por aquela rua deserta. Ansioso, tocou a campainha mais uma vez. Amanda, achando que era Lus, falou com voz alta, ao abrir a porta da sala, dirigindo-se para a varanda: Calma, meu filho! Ai, Lus, pra que tocar esse troo tantas vezes? Quando Amanda abriu o porto, Matador de imediato apontou a sua pistola para ela, e disse bem baixinho: Calminha, seno j sabe, belezinha! Fica quietinha antes que estouro seus miolos! Vem chefia, ta limpo! Perplexa demasiadamente, Amanda ficou quieta conforme a recomendao dos bandidos. Matador seguroua pelo pescoo e colocou a sua arma na cabea dela. Bacural tomou a frente do bando e foi entrando pela 2

casa. Lentamente, desceu a escadinha que saa da garagem e dava para o quintal daquela residncia, a qual estava abaixo do nvel da rua. Amanda, meio que sufocada pelo Matador, murmurou: O que vocs querem? Cala a boca, tah ligado?! disse Matador j prximo da porta principal. Ai, Lus, porque voc foi... Calada seno estouro sua cabea! bradou silenciosamente Bacural apontando sua arma para a testa dela. Na sala da casa dos Castro, estava o pai de Amanda, Jos Castro Dimas, sujeito alto e de pele branca porm queimada pelo sol, com bigode, cabelos e olhos castanhos, um pouco forte mas no algo que fosse proporcional ao seu tamanho. Nesse fatdico instante, ele estava deitado no seu sof assistindo televiso, trajando apenas uma bermuda. Ao ver aquela cena bradou em alta voz e com perplexidade: Que isso? Soltem minha filha! Ou... Ou o que, cupade? Ou o que? bom tu ficar calado seno mando todo mundo aqui com capim pela raiz, ta ligado? Calma, calma! Sem nervosismo! Acalmem-se por favor! disse Jos j forada e aparentemente mais calmo. Tambm pudera: Bacural estava apontando sua Bily-de-kid para o peitoral nenhum pouco definido de Jos. Que est havendo a, meu Amor?! bradou Elisa Silva Souza, esposa de Jos. Mulher banca, um pouco maior que sua filha Amanda, tambm de olhos e longos cabelos castanhos bem escuros. Soltem ela! Jos, faa algo! bradou mais uma vez Elisa ao descer as escadas que ligavam a sala ao piso superior daquele lar. Calada! No quero um pio aqui! Espero ter sido bem claro! No queremos machucar ningum aqui! S queremos o dinheiro que vocs devem ter uma poro! falou Bacural com o seu revolver apontado para Elisa. Pai! Me! O que isso? perguntaram quase que em unssono os dois irmos de Amanda, Junior e Fernando; este magro e um pouco mais alto que Amanda, com dezessete anos de idade; aquele cerca de onze meses mais novo que sua irm, porm era bem alto, quase da mesma altura do que Jos; tinha a estatura maior daquela famlia. Tambm estavam descendo as escadas logo atrs de sua me. Quando chegaram ao piso foram logo acurralados em um canto da sala por Franco. Como disse, a gente estamos aqui s por causa do dinheiro! Por isso, passem tudo o que vocs tiverem de valor. Olha s, a gente d tudo o que possumos de mais valor aqui nesta casa a vocs, mas apenas deixem a nossa famlia ilesa! falou Jos, tremendo em virtude de um misto de perturbao e medo de que lago de muito ruim acontecesse. Ento, assim ser! disse bacural com cautela por que ningum ouvisse o que ele dizia. Continuou em voz audvel Queremos essa princessinha ali tambm! Olha como ela bonita! disse Bacural apontando 3

sua arma para Amanda, a qual tentara se soltar mais uma vez dos braos de Matador, o qual apertou-a cada vez mais! No, seus vagabundos! Vocs no... nunca vo encostar nenhum dedo na minha filha, ouviram?!!! protestou Jos com uma fria a qual, dado o seu estado anterior de certo medo, causaria espanto qualquer um., desferindo um soco to forte na cara de Franco, que ele deslocou-se atabalhoadamente para trs, tropeando desequilibrando-se no sof e caindo no cho. Cale-se, seu idiota! falou Franco dando-lhe uma bordoada na face com a sua submetralhadora, a qual, pelo impacto que fez, fez um disparo na direo da televiso. Simultaneamente Matador e Franco, o qual j se recuperara do golpe e se levantara, atiraram em direo famlia: estes dois ltimos apertaram o gatilho contra Jos, Elisa, Junior e Fernando. Aquele apertara o gatilho contra Amanda... Lus j estava a meio caminho de sua residncia, quando Deus lhe houvera feito parar de pedalar subitamente. O Grande Eu Sou fez chegar aos ouvidos de Lus os gritos de seu Amor eterno. Meteu a mo no bolso e retirou algo. Sabia que no devia ter vindo embora! Devia ter ficado l! Oh Deus! Guarde-os at que eu chegue l.... Ele voltou.

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A ORIGEM

Eram quinze dias de junho daquele ano de 2696. Apesar de ainda ser inverno, fazia um calor demasiado forte. Uma cidade futurstica, mas ainda dona do mesmo nome: Rio de Janeiro. As configuraes geogrficas do pas mudaram pouco, mas a sua soberania sobremodo aumentou, haja vista que agora ele o pais mais desenvolvido do mundo, com uma tecnologia jamais vista. Devido ao atingimento de velocidades superiores a da luz, atravs de um dispositivo chamado Megalux, o qual poderia ser acoplado em qualquer veculo, quase todo Universo j houvera sido descoberto atravs de expedies espaciais. Muitos planetas cujos meio-ambientes eram viveis foram colonizados por humanos. No entanto, alguns foram explorados de forma terrvel, como o caso de Xagan, integrante da galxia Guarani I. Um mundo enorme, dentro do qual caberiam quatro Terras, fonte de riquezas incontveis, metais ultra-resistentes, os quais despertaram o interesse de cientistas de toda a Colnia Universal. Tal explorao ocasionou a ira dos xanganianos seres semelhantes aos humanos, exceto que no possuam orelhas que declaram guerra a todo os seus exploradores. Possuam uma tecnologia de vinte anos a frente da Colnia Universal. Com a anuncia de todos os colonos, o Brasil tambm declarou guerra ao planeta Xagan. As supracitadas expedies foram emcabeadas pela mente mais brilhante do Universo, Doutor Raphael Alves da Silva. Este era alto, cerca de um metro e oitenta de altura, e possua longos cabelos pretos, os quais estendiam-se at pouco abaixo de seus ombros. Tinha olhos castanhos escuros, tez branca, barba por fazer, um bigode bem espesso e nariz aquilino. Era o Dr. Raphael bem gordo e possua muita fora. Era casado com a senhora Gilda Gonalo Alves e pai de trs filho: um de 14 anos Jorge Gonalo Alves (este conseguia ler pensamentos, mas seu pai era o nico que no sabia, alm de ser, outrossim, o nico que no concordava com o fato de seu filho estar freqentando uma igreja) outro de 16 Isaque Gonalo da Silva e outro de 24 Aristeu Alves da Silva sendo este ltimo um dos maiores poetas do Universo; o penltimo, ainda estava fazendo pr-vestibular, mas apresentavam forte inclinao para a rea da administrao, e o primeiro, preparava-se arduamente para prestar provas para adentrar no Colgio Naval. Raphael era um cientista famosssimo pelas suas descobertas mirabolantes que muito contriburam para com a cincia daquela poca. Teve uma quota de participao no projeto Megalux 3, quando ainda era um jovem de 23 anos de idade. Aos 25 anos, inventou o chip teleptico, que implantava-se na cabea do indivduo permitindo-lhe comunicar-se com outros via pensamento, ao qual chamava telepatafone. Com 26 anos foi nomeado diretor do Ncleo de Computao e Biocomputao Eletrnica, da Universidade Federal

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do Rio de Janeiro, cargo em que se manteve por 4 anos, durante os quais tambm idealizou diversos aparelhos de imensa utilidade. Findo o perodo supracitado, foi to logo nomeado como Reitor daquela universidade, cuja permanncia foi de apenas um ano. Tinha ojeriza a papel. Gostava mesmo era de pesquisar e, sobretudo, de inventar. Portanto, renunciou a um dos cargos mais cobiados pelos catedrticos. Voltou para onde julgou nunca deveria ter sado, ou seja, para o laboratrio. Certa feita, enquanto testava um novo prottipo de um dispositvo que permitia surgir em qualquer lugar do Via Lctea, criando no espao uma espcie de buraco de minhoca, fazendo a demonstrao do mesmo para seus alunos de doutorado, foi interpelado por um sujeito que trajava uma roupa e sapatos pretos como petrleo. Era um sujeito alto e forte. Mal conseguia-se distinguir a cor daquele indivduo, dado que o chapu (tambm de cor preta) que ele usava fazia uma sombra na sua face, impossibilitando, de igual modo, reconcer-se-lhe a feio. Prostrou-se porta futurstica do Laboratrio de Anlises Fsicas da UFRJ, cujo acesso era restrito somente aos alunos e aos mestres. No entanto, o homem de preto deteve-se ali, em p, em posio de sentido, observando o que o doutor Rapahel estava ministrando. Tal gigante era um agente do governo brasileiro e estava incumbido de uma misso: convencer o doutor Raphael a construir uma mquina do tempo. Para persuadi-lo, utilizaria um jornal datado de 2006, encontrado nos escombros de um terremo ocorrido em 2503, que quase juntou as cidades de Rio de Janeiro e Nicteroy. Em tal peridico, havia a foto de um ser inumano que o agente afirmaria ser um xaganiano que voltara para o passado a fim de destruir uma Terra que para o povo de 2696 era primitiva. O agente Alfa disse ao doutor que a construo de uma mquina do tempo serveria no somente para voltar a 2006 e conter aquela ameao, mas tambm para atacar os xaganianos da mesma forma como eles fizeram conforme ilustrado no jornal. Raphael se mostrou recalcitrante, mas o governo o ameaou a ele e a sua famla de morte caso tal intento no fosse criado. Alm disso, desconfiado que estava da originalidade do jornal, o cientista fez um teste de idade do mesmo com um elemento descoberto no planeta Itaperuna, o Holodo 500, muito mais confivel do que o Carbono 14. Qual no foi a surpresa do mestre univiersitrio quando descobriu que o peridico, de fato, datava precisamente de 17/04/2006. Portanto, doutor Raphael no teve escolha e teve de elaborar o projeto. Afinal, tambm odiava os xaganianos e poderia ser muito renomado com esta inveno. Para auxili-lo, chamou dois de seus melhores alunos: Carlos Augusto de Carvalho, sujeito de pele branca, de estatura mdia, no entanto possua um certo porte fsico; tinha olhos castanhos e cabelo tipo sarar, motivo pelo qual ele matinha sua cabea raspada, apenas com uma sombra acinzentada, e Cristiane Junqueira Castro, garota de olhos castanhos meio esverdeados e tinha a ctis escura. Era um pouco maior que Carlos. Possua um fsico muito bonito: no tinha uma gordurinha sequer. Ambos eram alunos de doutorado do professor Raphael e grandes amigos, embora competissem arduamente quando o assunto era conhecimento. 6

Dois dias depois daquele encontro com Alfa, doutor Raphael foi intimado a ter uma reunio com os demais agentes do governo em um local para onde o agente Alfa o levara teletransportando-se. Era uma sala, no centro da qual havia uma mesa dourada, cujo tampo era suspenso no por pernas, mas antes, com a anti-gravidade que o material da mesma emitia. Havia tambm quatro cadeiras igualmente douradas, cuja sustentao era a mesma da mesa, sendo que uma delas estava na extremidade e ao centro e era ocupada por um sujeito militar que aparentava possuir uns 45 anos de idade. Era forte e muito alto, tinha olhos castanhos escuros e cabelos grisalhos nas pontas. Trajava uniforme camuflado de cor verde oliva. Pelos gales ao seu ombro, era, na certa, um coronel do Exercito; Coronel Machado, a saber. Com ele estavam dois indivduos em trajes civis: terno moda da poca. Um deles, agente Gama Alfa, possua cabelos loiros e olhos verdes, parecendo-se muito com uma pessoa de descendncia germnica; seu terno era preto com gravata automtica cinza claro. O outro, agente Beta Alfa, era calvo, possua olhos castanhos e um bigode muito espesso; trajava um terno azul bem escuro e uma gravata de cor vermelha. Em tal reunio, Doutor raphael mostrou-lhes o projeto da mquina do tempo que elaborara naquele interregno de dois dias. Chamou pelo seu holocomputador, digitou um comando e apareceu em forma hologrfica, em trs dimenses, o prottipo da mquina do tempo. Consistia em um portal cujas bordas arredondadas, com um dimetro de 20 centmetros, eram feitas de metalastium um metal elstico de cor preta, descoberto em 2346, no temido planeta Xagan. Era um metal muito forte visto que resistia a qualquer impacto sem mesmo arranhar sua estrutura. Em virtude da incrvel elasticidade e resistncia deste metal, poderiam passar por aquele portal objetos de variados tamanhos e formas, consoante fossem definidos pelo operador da mquina do tempo. Da maquete tridimensional elaborada por Raphael e Carlos, notava-se que aquela passagem deveria ficar no cho, cerca de cinco metros acima do qual havia uma galeria, encimada pela mesma distncia por outra galeria. Quando isto foi mostrado, notou-se que todo o complexo seria, na certa, do tamanho de um bairro mdio de uma cidade. Possua vrias cmaras onde a tripulao poderia descansar. Tambm possua uma espcie de garagem para acomodar os veculos que poderiam ser usados nas viagens temporais. Alm disso, havia outrossim, um ambulatrio muito bem equipado para eventuais emergncias mdicas. Voltando sala de comando principal, onde ficava o portal, havia na primeira galeria,dezenas de computadores, responsveis pela execuo da viagem no tempo, nos quais se ajustavam a data e o local da viagem, dentre outras vrias funes; a segunda galeria era aonde se situava os comandos reservas, caso os principais falhassem, e os computadores responsveis pela integridade de todo o complexo. Quando se ajustava o quando e o onde, a borda do portal cintilava entre o preto e o cinza, de forma extremamente aleatria. Paulatinamente via-se a imagem do local onde (e quando) o viajante iria parar. Ento, o mesmo ia para uma salinha anexa primeira galeria de onde se teletransportava para aparecer acima do portal, cair dentro dele e viajar pelo tempo, aps o que, toda mquina automaticamente desligava-se. Levava apenas um minuto para o restabelecimento do sistema, findo o qual, poder-se-ia executar outra viagem. Quando se quisesse levar uma coisa maior com o viajante, como um veculo, por 7

exemplo, bastava to somente, digitar o cdigo referente ao mesmo, pois automaticamente se teletransportava para o portal, em virtude de a garagem em que ficavam ser dotada de mecanismos que executavam esta tarefa. Era realmente algo grandioso aquela maquete tridimensional que era do tamanho do doutor Raphael e a qual o mesmo orgulhosamente exibia para os presentes quela reunio, na qual o professor e seus ajudantes tambm ganharam codinomes, a saber, Carlos Augusto de Carvalho, como agente Lambda Alfa; Cristiane Junqueira Castro, como agente Lambda Beta, e doutor Raphael, como agente Lamba. Determinou-se que este ltimo fosse temporariamente cedido Agncia Nacional de Inteligencia e que os demais seriam tidos como paraticulares servio do Governo. Alm da mquina do tempo a ser construda compulsoriamente, tambm determinou-se que fosse elaborado uma substncia que fosse capaz de aumentar a fora, resistncia e inteligncia de um ser humano, com o intuito de garantir a vitria sobre os xaganianos. Portanto, ficou assentado que Cristiane quem ficaria com a responsabilidade da criao desse elixir, pois era muito famosa com as combinaes qumicas que realizava no laboratrio da UFRJ, as quais lhes renderam muitos prmios na rea cientfica. Ela tambm seria responsvel por criar pico-robos robs de picometros de dimetro, do tamanho de tomos que deveriam ser colocados em bebidas que seriam oferecidas aos colaboradores daquela empreitada, na inteno de faz-los esquecer de tudo quanto fizeram, tendo em vista que a construo do aparato para viagens temporais deveria ser mantido sob sigilo absoluto. Iniciou-se, ento, a construo. Devidamente incomunicveis com ao mundo externo quela operao, submarinos equipados para realizao de obras trafegavam dez quilmetros de profundidade levando placas de metal para a construo da SALA; outros, equipados com escavadeiras, se encarregavam de preparar o buraco, onde a mquina do tempo ficaria, atravs de choques de ondas eletromagnticas . Dentro do submarino dito como chefe da operao, estava o doutor Raphael, o qual, atravs das janelas do mesmo, contemplava o seu invento sendo realizado, pensando constantemente em sua famlia, em sua mulher, em seus filhos, no Jorge que iria, dentro de quinze dias, prestar provas para o Colgio Naval e Raphael estaria ali, sem poder dar apoio a seu filho, como o Coordenador daquela operao, como o agente Lambda. Ao sair para aquela incurso, disse para sua famlia que iria trabalhar num experimento do Governo e que ficaria dois meses fora. Sua esposa, acostumada que estava com essas coisas, prontamente entendeu e, com corao muito apertado, deu um beijo em Raphael. Pensou ela: como se este fora o ltimo beijo que levei do meu amor!. Jorge, chorando muito, disse a seu pai: Pai! No v! Acho que no mais o veremos! Calma filho, s uma viagem de negcios! No nada de mais! disse com um receio imenso daquilo em que o meteram. Mas o que Raphael no sabia era que seu filho podia ler pensamentos e, dada a sua muita inteligncia, podia traar mentalmente linhas de tendncias muito precisas acerca dos fatos de que tinha conhecimento. 8

Carlos se encontrava em outro submarino, dando as coordenadas atravs das quais o servio ia sendo executado com preciso. Este rapaz s pensava no renome que teria ao trmino daquela empreitada. No imaginava ele que iria morrer na certa. Cristiane estava em terra, num laboratrio ultrasecreto das foras armadas, situado a dois quilmetros de profundidade, no municpio de Itamarac, Pernambuco, e criado em 16 de maio de 2210, com o fim de elaborar tecnologias para a ento Quarta Guerra Mundial. Naquela sala imensa, a agente temporria Cristiane estava sozinha e compenetradssima elaborando a poro que aumentaria a fora e inteligncia de qualquer individuo que a tomasse. Ela no estava gostando muito do fato de viajar no tempo, pois temia as conseqncias desta empreitada. Estava ela elaborando a poro quando um pensamento ruim a desconcentrou. que ela tinha muito problemas com seu passado. Tinha saudades dos tempos em que era criana e brincava com seu pai, o qual j havia falecido. Ao lembrar disso, uma lgrima escorreu do seu olho direito e, como ela estava usando culos de proteo, aquele liquido estava incomodando-a, ao que ela os retirou e os enxugou, quando, sem que ela visse, uma gotcula caiu naquela substncia poderosssima que estava na pipeta a qual ela segurava com uma pina e que foi despejada no bquer, no qual havia uma outra substncia. Visualmente, aquele liquido tomou a colorao esperada por ela, no entanto, aquela lgrima iria mudar muita coisa. Um soldado, que trazia um fuzil a laser e que, naquele momento, se teletranspotara para l, viu que havia lgrimas nos olhos dela e perguntou-lhe: Algo de errado, agente Lambda Beta? Nada. Veja! disse tomando o bquer e amostrando para o soldado Este o meu experimento! Melhor do que aquela mquina do tempo! No acha? No sei no senhora! No entendo disso! S sei que vocs tm prazo para acabar com isso! Isso o de menos, pois a minha parte eu j o fiz! e recolocou o bquer em cima da bancada, ao que o soldado respondeu: Est bem! e desapareceu em uma aura cintilante azul. Os agentes deram dois meses de prazo para que o cientista e seus alunos conclussem a mquina do tempo, qual do professor chamou de SALA. Entretando o tempo total para a concluso foi de dois meses e quinze dias. Um pequeno atraso foi tolerado pois um submarino escavador foi atingido por um torpedo laser, lanado por um submarino de guerra que patrulhava o local da obra. Tal aconteceu pois o piloto da escavadeira queria evadir-se do local levando toda aquela informao. No foi s ele quem morreu, mas toda a tripulao daquela nave. Foram dados como mortos a servio do Brasil e da Colnia Universal. Isto acarretou o referido atraso pois teve-se de construir outro submarino, o que demandou o excesso de prazo citado. Era o primeiro dia do ms de setembro de 2696. Os agentes Lambda, Lambda Alfa, e Lambda Beta foram teletransportados para aquele descampado, em Tangu. Eles estavam trajados com uma roupa preta 9

emborrachada, com a bandeira do Brasil estampada no peito e no brao. Usavam botas antigravitacionais de mesma cor. A agente Lambda Beta estava com seu arco dourado e havia alisado o seu cabelo para a ocasio. Estava tambm utilizando em ambos os braos uma pulseira de chumbo, a qual brilhava com prata, o que foi conseguido atravs de mtodos da poca. O agente Lambda Alfa havia rapado a sua cabea, deixando somente a sombra do cabelo, como gostava. O agente Lambda estava com um penteado moda da poca: uma mecha de cabelo entrelaado saindo da parte de trs de sua cabea. Estavam estes dois ltimos muito entusiasmados com aquele momento impar de suas vidas, sobretudo o agente Lambda Alfa. O Agente Lambda estava com o ego sobremodo enaltecido, mas estava meio receoso do que poderia estar por vir. Afinal no confiava nem um pouco em agentes do governo. A agente Lambda Beta estava feliz, entretanto, sempre que estava assim, o seu passado vinha-lhe a mente trazendo as lembranas de uma vida feliz l em Trs Rios, cidade onde nascera. Neste exato momento um misto de orgulho com tristeza tomou o seu ser e comeou a lacrimejar. Cuidou porque nenhum dos presentes vissem aquilo. Fez que ia coar os olhos e os enxugou. Disse: E ento, senhores? Vamos ficar aqui parados ou vamos testar a nossa inveno? Vamos nessa professor... disse com alegria o jovem Carlos se corrigindo digo, agente Lambda! Vamos l ento! e o doutor Raphael agachou-se e colocou a palma de sua mo em dada superfcie da grama, da qual brotou um bloco metlico at a altura de sua cintura. Na parte superior daquele paraleleppedo havia uma fechadura com uma chave, na qual Raphael colocou os dedos e prontamente foi reconhecido como usurio da mquina do tempo. Girou-a em um quarto no sentido horrio, findo o que, o bloco metlico engoliu a chave e tomou uma cor esverdeada. Uma voz eletrnica foi ouvida: Iniciar procedimento de reconhecimento em grupo. Favor ficar somente as pessoas habilitadas para o acesso em um raio de 5 metros. O doutor Raphael pediu para que os dez soldados ali presentes, vestidos em roupa preta e armados com fuzis de laser, sassem daquele local, para que no fossem cortados ao meio pelo laser emitido daquele bloco, tendo em vista que nenhum deles possua permisso de acesso; era isso o que aconteceria a qualquer um que tentasse entrar na SALA e no a tivesse. Os soldados afastaram-se cerca de vinte metros daquele local, pois estavam cientes das conseqncias. O doutor Raphael falou com certo medo, mas orgulhoso de si mesmo: Preparados, senhores? Sim senhor, agente Lambda! disse Cristiane. Vamos l! Vamos embora com isso! falou Carlos Ento, que assim seja! Reconhecer grupo! bradou para aquele paraleleppedo de metal, ao que ele retrucou: Voz confirmada. Agente Lambda. Reconhecendo grupo. de repente, o bloco comeo a emitir uma luz amarelada que encobriu o trio de cientistas. Tal luminosidade fazia uma checagem geral em quem estivesse 10

a um raio de cinco metros daquele bloco metlico e durava cerca de dez segundos. Findada o recognio do grupo, a voz eletrnica falou novamente: Grupo reconhecido. Agente Lambda, Agente Lambda Alfa, Agente Lambda Beta. e uma holoporta se abriu no cho, ao lado do bloco, o qual voltou de onde havia brotado. Um elevador saiu daquele buraco. Bom, acho que fomos reconhecidos. Vamos ento, senhores! disse o doutor Raphael adentrando primeiramente naquele elevador. Poxa agente Lambda, estou orgulhoso de mim mesmo! exclamou com um sorriso na face o agente Lambda Alfa. Ah, para com isso, seu metido! Eu que fiz algo que julgo muito melhor do que aquilo que voc fez no estou me enaltecendo! A propsito, senhor Carlos... disse Cristiane, que foi a ultima a entrar no elevador. A holoporta deste fechou-se e a viajem 50 quilometros terra a dentro iniciou-se. Aquele elevador comeou a descer incrvel velocidade de 400km/h. Agente Lambda Alfa para a senhora, senhorita Lambda Beta! disse interrompendo Cristiane, ao que retrucou: Ai, gente! Para com isso! Que bobeira! Agente isso, agente aquilo! Que troo bobo! Somos Cristiane, Carlos e o professor Raphael! Aqui estamos entre amigos! No precisamos destas formalidades bobas! Ela est certa, seu Carlos! disse o professor Raphael Gente, preciso lhes contar uma coisa. No sei se vo gostar. Para mim tanto faz. o seguinte... Professor, tambm temos de lhe contar algo. Mas conte o senhor primeiro. disse Carlos interrompendo o seu professor. Bom, ento vamos l. Vocs sabem que usaremos uma cobaia para esta viagem no tempo, no ? Sabemos sim, professor! disse Cristiane arrumando os cabelos com a mo direita. Pois bem. A cobaia que utilizaremos... trocando em midos... um condenado! Um condenado? Caramba! disse Carlos meio que assutado. Condenado? falou Cristiane assustada Mas professor? E se a experincia no der certo? E se ele morrer? E se ele se revoltar e nos matar? Ele est devidamente sedado. Modifiquei os picorobos que voc criou para fazer os operrios esqueceremse do que haviam construdo e injetamos na veia dele. Ter uma amnsia de, aproximadamente, trs mses! Isto , ficar trs meses sem se lembrar de nada. Tempo suficiente para completarmos esta experincia primeira. Ademais, se no der certo, ele um condenado mesmo! Tem mais que pagar pelos seus crimes! Ainda mais o que ele cometeu... Professor! interrompeu Cristiane No importa! Ele um ser humano! Se ele morrer, no me sentirei bem!

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Ah, Cristiane! falou Carlos com um sorriso como que de algum que est prestes a expurgar um mal da sociedade como o professor disse! Se ele foi condenado, que pague pelos seus erros! Alm do mais, no confia na poro mgica e fez um sinal de aspas com as mos que vossa senhoria fez? Confio sim! Mas e se a experincia de vocs no der certo? uma voz feminina eletrnica veio do elevador: 10 quilmetros restantes. J passamos da metade! falou Raphael, a cada quilmetro mais nervoso, porm orgulhoso de sua criao Bom, dizia eu que ele foi condenado por um crime brbaro! Deu um tiro a queima-roupa em uma criancinha de cinco anos de idade! um assassino! A me desta criancinha gritou muito de tristeza ao ver sua filha ensangentada no cho dizendo-lhe as ltimas palavras: Me, agora no vou poder mais chatear voc, viu.... e apagou! Emociono-me s de me lembrar destas frases que li no jornal hologrfico! E o pior de tudo: foi um crime com uma arma bem antiga, de 1950, mais ou menos, segundo a percia. Deve ou no deve morrer um bandido deste... ao que mais uma vez a voz informou: 5 quilmetros restantes. Poxa, professor! exclamou Carlos espantado com o que ouvira. Deve sim! Se sou o pai desta criancinha, eu mesmo o fao! No pense nisso rapaz! Com a justia gil que temos hoje em dia! Se fosse naqueles tempos, seria at razovel! Mas hoje! Se assassinar, amanh est na cadeia! Quer mais agilidade do que isso?! Ah, sei l professor! disse Cristiane Ainda estou receosa de faz-lo. Mas, Carlos, vamos contar para o professor... ao que foi interrompida pela voz eletrnica: Percurso completo. e um som como de turbinas de avio se desligando foi ouvido Holoporta se abrindo. Vamos l, pesoal! disse Raphael Vamos para outra etapa da nossa viagem. eis que, ao sairem do elevador, depararam-se com um compartimento iluminado por uma luz azulada. Era o teletransportador para o acesso ao elevador situado no fundo do oceano Atlntico. Vamos l! De dois a dois. Pessoal, vo vocs dois primeiro! Eu vou logo atrs. Sim senhor, professor! disse Carlos, entrando no compartimento, o qual emitiu uma luz amarelada que os reconheceu como estando aptos a fazer tal viagem. Caso contrrio, a mesma luz os queimaria. Sumiram repentinamente em um claro de cor esverdeada, aps o qu surgiu uma fumacinha branca. Agora a minha vez! Se Deus existisse, eu pediria que me ajudasse! e reapareceu prximo ao segundo elevador, perto do qual os seus alunos o aguardam cochichando algo. Emocionante, no , professor! disse Carlos. , de fato! Vamos adentrar ao elevador. o lugar a que chegaram era semelhante ao ltimo em que estavam. O doutor Raphael dirigiu-se at a porta daquele elevador pressionou um boto, o qual fazia tambm um reconhecimento da digital de quem o pressionasse. Apareceu-lhes um teclado hologrfico 12

vermelho, no qual todos digitaram as suas respectivas senhas individuais, ao que a holoporta do elevador tornou-se to intangvel que dava para ver o interior daquele aparelho que os levaria at a SALA. Vamos l senhores! disse Raphael adentrando ao recinto, atrs de quem vieram seus alunos. A holoporta tornouse ridida como titnio. A viagem comeou uma velocidade de 500 km/h. Professor disse Cristiane sem mais delongas, vamos ao assunto que temos a tratar com o senhor. Pois no, senhorita Cristiane. o seguinte. Eu e o Carlos somos agentes da Polcia Federal. Claro mocinha! Agora todos somos! Agente Lambda, Lambda Alfa e Lambda beta! disse isso apontando para cada pessoa correspondente ao seu codinome. srio, professor! disse Carlos, estendendo-lhe a mo e fazendo aparecer a sua identidade funcional hologrfica, fato este imitado por Cristiane. Viu? disse Cristiane. Somos policiais federais! Cruzes! falou com extremo espanto o doutor Raphael Estou cercado de federais! Que palhaada essa? Por que nunca me disseram? No podamos! disse Cristiane Estamos investigando a Agncia Nacional de Inteligncia. Ficamos sabendo que existem interesses xaganianos em jogo. A Polcia Federal, em conjunto com as demais polcias nacionais terrqueas est investigando isso a tempos... No se iluda professor! A corja de xaganianos usar a mquina do tempo que inventamos para lev-los para o passado! Eles no possuem mquina do tempo em Xagan. No vamos impedi-los de atacar a terra pela raiz... e tem mais uma coisa: grande parte do governo est sendo controlado por xaganianos atravs de um aparelho, isso inclui o Coronel Machado. Ele est fora de si! Ademais, ficamos sabendo que existem soldados l na SALA no para guardar-nos, mas antes, para matar-nos, sob influncia do dito aparelho que possui grande alcance! brincadeira! exclamou o doutor Raphael, dando um murro na parede metlica do elevador Ento porque no me controlaram?! E nem a vocs?! que usamos aparelhos que bloqueiam o controle, como os seus adornos de chumbo... respondeu Carlos Eles no o percebem. Acham que o aparelho controlador simplesmente no funciona em mentes avanadas, sei l... alem de assassinos, so burros! U! Ento vocs sabiam disso! Por que no me contaram?! Sabamos, sim, professor! exclamou Cristiane Desde quando nos incumbiram desta misso e nos puseram para cursar doutorado com o senhor. Professor, nem o presidente sabia desta empreitada. Disseram-lhe que iria ser algo para aquisio de tecnologia, etc... no tentaram manipul-lo com a mquina, pois temiam no dar certo. Apenas foi convencido pelos malditos ETs. Mas quando soube a verdade, mandaram-nos investigar. J sabamos, inclusive que a cobaia vai ser o senhor Feitosa Barros da Silveira, condenado a morte pelo homicido de Rebecca Silva Santos.

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Caramba! Que coisa terrvel! Mas, e se por acaso, vejam: se por acaso, eu no os tivesse escolhido? ao que Carlos responde: Isso era praticamente inevitvel, mas tnhamos de tentar... uma coisa certa: vo nos apagar na certa quando ensinarmos a eles os procedimentos para se viajar no tempo. Depois, como so humanos, o coronel Machado e sua equipe de Comandos Cientistias levaro as informaes para os xaganianos, depois estes os mataro e utilizaro a nossa inveno para nos destruir... alm disso vo bater no peito e dizer que ns brasileiros que contribumos para a destruio da terra... que raa maldita! Pra que fomos explorar esse maldito Planeta Xagan?! Deus do Cu! Droga! Estou morto!!! ao que Cristiane responde: Calma, doutor! Existem dez cientistas do Instituto Militar de Cincias l embaixo, os quais foram devidamente preparados para combates. Mas, acalme-se professor! O senhor est entre amigos! Vamos livrar o senhor dessa! Temos uma misso e cumpri-la-emos! Alm disso, temos, tambm um plano! Dentro do frasco que preparei existem pico-robs programados para liberar uma carga eltrica que far a nossa cobaia despertar, pois at ento, ele s despertaria no ano em que fosse lanando, no ? Ento, isto acontecer aps injetarmos nele a minha poo de aumento de fora e inteligncia, o que o far resistente aos tiros de fuzil laser. Mas, e se ele se voltar contra ns? respondido por Carlos: Ele no se esqueceu de tudo? Vamos acord-lo e ele no saber quem do bem e quem do mal. Diremos que os soldados so os... ao que interrompido pela voz eletrnica: 10 quilmetros restantes. Vamos l, senhor Carlos, j estamos chegando! Sim, diremos que os cientistas milicos querem nos matar, inclusive a ele tambm. Provavelmente ele se levantar e querer matar os bandidos! Grande, garoto! Provavelmente! disse o doutor Raphael abismado com esta palavra enunciada por Carlos Provavelmente! E se ele achar que somos ns que somos os bandidos? E se ele no acreditar em ns? O que faremos? O que faremos?! bradou se jogando em cima de Carlos e suspendendo-o pela sua roupa at que seu umbigo ficasse na direo do queixo de Raphael. Calma, cara! Calma! Temos que arriscar! disse Carlos assutado Temos que arriscar! O mesmo risco que voc corre, corremos tambm! Calma! Vai dar tudo certo! Confie pelo menos uma vez em Deus! professor! Acalme-se! Acalme-se! Acalme-se! e recolocou Carlos no cho novamente porque no foram vocs que tiveram a famlia ameaada como eu! Bem que meu filho havia-me dito para no ir! Parece que ele advinha as coisas! Sabemos at que sua famlia foi ameaada! disse Cristiane. Ento por que no agiram? disse debochadamente a ultima palavra, ao que Carlos respondeu. 14

Porque o governo tem interesse neste experimento tambm! Mas no para o fim a que o querem destinar, mas antes para fazer o que o senhor j pensou antes: voltar no tempo e destruir o planeta deles quando eles ainda nem possuam a tencnologia que tm!!! Percurso completo. Bem vindos SALA. disse a voz feminina eletrnica. Vamos professor, quando isto tudo terminar, conversaremos com mais calma. disse Cristiane. Ao chegarem na SALA, a holoporta do elevador se abriu. Eis que, como os agentes Carlos e Cristiane disseram, estavam l dez homens fortes e altos, todos na primeira galeria daquela sala e um dentre os quais era o Coronel Machado, trajando uma roupa camuflada verde oliva e uma boina vermelha com um desenho de uma caveira cruzada por dois fuzis. Tal como ele estava trajado, estavam todos os demais cientistas militares ali presentes e cada um deles portava um fuzil laser a tiracolo. No cho da SALA estava o portal do tempo, que refletia o teto daquele recinto, no qual estava pintada a bandeira do Brasil, assim como em todas as quatro paredes que o ladeavam naquele nvel. O portal estava com o dimetro padro: do tamanho de uma pessoa de estatura mdia. Coronel Machado quebra o silncio: Ora, ora, ora! Se no o agente Lambda! Como vai a sua pessoa? Vou bem, coronel! respondeu Raphael muito receoso. Agente Lambda Alfa e... permita-me o gracejo, senhorita:a gatinha Lambda Beta! disse dando um sorriso meio safado. Oi, senhor coronel Machado! Como vai o senhor e seus subordinados aqui presentes? perguntou Cristiane, seguido pelo cumprimento de Carlos: Senhor Machado! Qual no a minha alegria em rev-lo! Prezado agente Lambda Alfa! disse fazendo reverncia Senhores disse dirigindo-se aos seus homens cumprimentem os prezados cientistas civis que aqui se encontram. e todos os demais militares fizeram gestos sutis de cumprimento ao trio. Podemos comear a experincia, senhor Machado? peguntou Raphael. No podemos perder muito tempo. Ok! Vamos ver se esta geringona funciona. Antes de iniciarmos, gostaria de ressaltar que estes soldados esto aqui para proteger-nos caso acontea algo fora do normal, prezados agentes... ao que Carlos, cochicha logo atrs de Raphael: Mentira... v como ele est sendo mainpulado mentalmente! e o agente Lambda fica ainda mais nervoso e diz: Tudo bem, coronel! Agradecemos a vossa colaborao! Agora, procedamos, pois, aos testes. Aonde est a cobaia? Hum hum! A cobaia est no lugar combinado. Siga-me. e o trio o seguiu pela primeira galeria at a outra ponta da mesma, ao que a holoporta do elevador que os trouxera quele local fechou-se e este subiu. Esto cientes de que esta cobaia nada mais do que um vil condenado. Chama-se Feitosa Barros da 15

Silveira. Foi condenado por matar com um disparo de revolver calibre 38 milmetros Rebecca Silva Santos o doutor Raphael se assusta mais ainda, pois percebe que seus alunos falavam a verdade No sabemos como ele teve acesso a uma arma to antiga dessas. S sabemos que merece o que, ao meu ver, muito pouco provvel acontecer com ele: a morte! Aqui, chegamos ao compartimento. Abra-se! e a holoporta da salinha onde a cobaia estava abriu-se. Era um cubculo de cerca de 1,50 m por 1,50 m; s cabia mesmo a cadeira flutuante em que estava o sujeito, o qual estava de costas para a holoporta daquele recinto estreito. Bom, podem comear. Ficaremos a distncia para o caso de algo dar errado! Est bem coronel! disse Carlos que passou a controlar a cadeira flutuante atravs de um teclado alfanumrico hologrfico azul que lhe apareceu a frente. Efetuando os comandos necessrios, Carlos retirou-a de dentro do cubculo, ao que a holoporta fechou-se automaticamente. O sujeito que nela estava era muito forte e alto. O cabelo preto escorrido estava um pouco grande e despenteado. Trajava uma veste branca, como se fosse um vestido bem largo. No seu rosto de tez alva havia cicatrizes oriundas de uma briga muito feia, as quais despertaram a ateno de Cristiane: Olha s isso! Parece que foi briga de cadeia! Deram uma coa neste patife! U, no era a senhorita que estava defendendo-o ainda pouco? disse Carlos E no sou mesmo a favor de que o matem! Mas mesmo assim ele um patife! Matar uma criana inocente! Uma garotinha! Agentes! falou meio nervoso doutor Raphael Por favor! Trabalhem! Vamos nos concentrar nesta experincia. o doutor Raphael olhou de soslaio para o coronel Machado, que estava a uma distncia de dez metros e cochichava algo com os seus subordinados: Prestem ateno no que eles esto fazendo! Ao findar disso, mat-los-emos! J o sabem! -Sim senhor! murmuraram seus subordinados. Olha l, professor! disse Cristiane em um tom audvel somente pelos que estavam proximos a ela. Ela estava pegando uma seringa osmtica (clindro transparente que injeta substncias atravs do processo de osmose ao encostar na pele) vazia e preparando-a para obter o lquido mgico de um tanque metlico, cuja forma era caracterstica daqueles tempos Esto tramando contra ns! ao que Carlos, olhando tambm de esguelha para os cientistas militares, falou: Vai dar tudo certo professor! e deu um tapinha nas costas de Raphael. Isto foi visto com reprovao por Machado: Ei! Vamos l, agentes! Trabalhem! Andem logo com isso! Ele pediu, Cristiane! disse Carlos olhando para ela e piscando Vamos logo com isso! Ok, ento! Vamos l! e Cristiane injetou a agulha da seringa no recipiente metlico, do qual retirou a substncia de cor esverdeada. Por causa da lagrima derramada naquela poo, a colorao comeou a ficar mais escura, fato este percebido por Cristiane O que isso? Est tomando uma cor escura!

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Ah, Cristiane! Estas coisas mudam de cor mesmo! Anda logo! No quero ser dado como morto em servio! disse Carlos. Sei l! Mas no era para ser assim! ento, Cristiane segurou o brao direito da cobaia e injetou todo o contedo daquela seringa, no qual continha os pico-robos que o acordariam. Cristiane no sabia, mas aquela substncia tornara-se fortemente reativa ao contato com chumbo, de que eram fabricadas as pulseiras que usava. No mais serviria para o fim a que se destinou previamente. A regio prxima veia da cobaia foi ficando esverdeada, e as carnes comearam a se mexer fazendo verges. Aquela mancha verde foi ficando escura medida que aumentava de rea. Cristiane, ao ver este fenmeno, tentou retirar a seringa, mas no conseguiu. Carlos! Algo deu errado! Ajude-me a retirar esta seringa! O que est havendo, Cris? Caramba! Ele est todo cheio de manchas negras! O que isso! No sei o que est havendo! Ajude-me! disse Cristiane espantadssima com aquela situao. Estranhamente, as veias da cobaia estavam sugando aquele o lquido contido na seringa. Espera! e Carlos prontamente correu em ajudar sua amiga. O doutor Raphael, atnito quilo que estava vendo, falou: O que voc fez, Cristiane? No sei professor! e agora, as manchas, que cintilavam entre verde, azul, cinza e preto, estavam em vrios pontos do corpo da cobaia e estas passeavam de um lado para o outro aleatoriamente. O coronel Machado aproximou-se daquela situao, empunhou seu fuzil e, assustado, mas demonstrando muita coragem, falou: O que vocs esto fazendo com a cobaia? Que negcio esse? Num repente, todas as manchas de Feitosa convergiram para o centro de sua testa. Silncio absoluto tomou aquele lugar. A seringa estava vazia. Cristiane conseguiu retir-la sem dificuldade. O trio se entreolhou. Os soldados, embasbacados, abaixaram seus fuzis, embora ainda estivessem muito alerta, mas temerosos. No crebro da cobaia, os pico-robos disparam os lasers a fim de acord-la. Ao faz-lo, Feitosa comeou a tremer quase que imperceptivelmente. Cristiane olhou para Carlos, que olhou para Raphael. A tremedeira durou apenas dez segundos. Silncio novamente. Coronel Machado quebra o silncio: Quem pode me explicar o que est havendo aqui? Doutor Raphael Alves da Silva, o senhor tem dez segundos para dar um jeito nessa... que isso? os ps de Machado estavam misteriosamente afundando-se no cho da galeria. Os soldados ficaram apostos novamente e, de onde rigidamente estavam, miraram seus fuzis contra Feitosa. Assustado, e j com o cho na direo do joelho, Machado brada: Socorro! O que isso? ao olhar a sua volta, ele v que o mesmo acontece com seus cientistas milicos. Deveras atemorizado, Machado, que agora estava com o piso da galeria na direo da barriga, diz: Foram estes desgraados! Seus... interrompido por uma voz maliciosamente sorridente: No, no, no, coronel Machado! Eles foram apenas o caminho! Sou eu quem fao isso com vossa senhoria! sobressaltados, o doutor Raphael, Cristiane e Carlos olham para a cobaia e vem que ela se 17

levanta e os encara com aqueles olhos pretos Vocs, vocs me deram a oportunidade de novo! Obrigado! Darei recompensa a vocs! Cristiane, est dando certo! Ele se voltou contra o soldados! cochichou Carlos para Cristiane. Murmurou tambm para o professor: Viu, professor, eu disse que iria dar certo! A essa altura, o coronel Machado estava afundando mais lentamente agora e tinha o cho na direo do peitoral, e assim estavam a maioria de seus nove homens, todos eles com os braos que empunhavam o fuzil estendidos. Coronel Machado falou sobremodo atemorizado: Voc no deveria acordar depois de o jogarmos na mquina! Seu assassino! Assassino? Foi o modo que encontrei para vir parar aqui! Hahahaha! disse dando uma risada gutural e maligna. Agora, soldado, porque no atira em mim com esse brinquedinho? e Machado, atendendo ao seu pedido, brame em alta voz: Atirem neste condenado! Matem-no! e eis que todos os que ainda tinham o brao por cima do cho da galeria tentavam mirar em Feitosa, e, os que conseguiam nele acertar, os lasers, ao atingir aquele corpo, perpassavam-no sem causar dano algum quela estrutura de carne e ossos. O trio de cientistas procurou se esconder como puderam. Carlos foi atingido de raspo no brao. Feitosa novamente riu-se: Hahahaha! Nunca me destruiro! Jamais! Agora minha vez! e, estendeu ambas as mos para a posio em que o coronel Machado estava, disse: A gente se esbarra no inferno! Hahahaha! o piso em que o coronel estava submergido ficou totalmente permevel e Machado caiu da galeria em cima do cho onde ficava o portal. Deu um grito de dor, mas foi interrompido quando Feitosa f-lo transpassar este pavimento tambm. O coronel foi caindo, passando atravs da terra at que, em certo ponto, Feitosa fechou as mos, as quais ficaram mais avermelhadas ainda, e Machado ficou slido novamente. Como duas coisas no ocupam o mesmo lugar, ao mesmo tempo, no espao, este militar morrera. O doutor Raphael, escondido atrs de uma mesa de metal, junto com Cristiane, falou baixinho para ela: Cris?! O que voc fez, Cristiane?! O que voc fez?! No sei professor! E o pior que ele no se esqueceu de nada! Ser que foram os pico-robos?! No, impossvel! So apenas robs de clcio e esto protegidos por uma camada de protenas! S pode ter sido sabotagem! Professor! Sabotagem! Mas quem? enquanto Cristiane confabulava, Feitosa matava todos os soldados ali presentes da mesma forma que fez com Machado. Ai! Professor! Ele vai vir atrs de ns! Estamos ferrados! Que drogra! Estes xaganianos nos meteram numa fria! Primeiro colocam o senhor nesta situao e depois sabotam a poo! Ces! Feitosa se dirige ao ltimo dos militares. Era um jovem, talvez o mais novo daquele grupo. Estava com o piso na direo do pescoo. A cobaia olhou para ele e deu um sorriso irnico. O soldado retribui com um cuspe no p de Feitosa e diz: Pelo Brasil! e morto pela cobaia, o qual fez o metal do piso ficar slido, decepando o cientista milico. O corpo deste caiu e transpassou o andar inferior, ao passo que a cabea, que jazia por sobre a galeria, ainda 18

a perpassara primeiramente para tomar o mesmo rumo do restante do corpo. No adianta se esconder, senhores! Aonde estiverem, posso matar vocs fazendo vocs afundar neste pisos de metal... que metal este, professor Raphael? inquiriu dando pesadas no cho da galeria. agaprata. Agaprata... responde Raphael saindo de onde estava e aparecendo a Feitosa, ao que este retrucou: Aga o qu? Aganata? Agamata? Agaprata! responde Carlos, saindo de seu esconderijo atrs do mainframe da SALA. -Agaprata?! Que @#@#@ essa?! Isso no do meu tempo! Bom, tenho uma proposta pra vocs, ta ligado?! A parada o seguinte: A gostosinha a vai preparar cem frasquinhos destes para mim. Os dois viadinhos a, vo ajustar esta 2#@## aqui para retornar ao ano de 2006. Mais precisamente em quinze de abril de 2006, s quinze horas, que a hora boa l no morro do Salgueiro, em So Gonalo. As coordenadas so estas aqui: e entregou a Carlos um papelzinho contendo, com uma grafia lastimvel, as coordenadas onde iria parar. Agora, senhores, a escolha de vossas senhorias. Ou me do uma moral, ou vo comer capim pela raiz. Cs que sabem! Jamais ajudaremos um criminoso, disse Carlos tentando encar-lo. Seus ps comearam a afundar. Pode me matar, desgraado! No o ajudarei! E afundou mais rpido. Pare! bradou Cristiane Por favor, pare com isso! Ns o ajudaremos! Carlos, ele pode ser um criminoso, mas nos livrou de sermos mortos pelos milicos! Ela tem razo, Carlos! Se no fosse o Feitosa, estaramos mortos como vocs me disseram! Feitosa, tenha a bondade de retir-lo da! disse Raphael apontando para Carlos, que j estava com meio corpo submerso. Eu?! Vocs que se virem! Eu quero a situao agora! Se no j sabem! e Cristiane e Raphael vo at Carlos e o puxam daquele local. Cristiane, providencie a carga dele! disse Raphael com ares de chefe. Mas professor, imagine o que ele far com isso em 2006?! exclamou Carlos possudo de raiva. 2006 foi h 690 anos atrs, aluno! E como eu disse, no adianta de nada contruir maquina do tempo! Tudo o que para ser, ser! No possvel alterar o passado; caso contrrio o futuro como conhecemos hoje no existiria e seria um paradoxo. Portanto, deixe-o levar tudo isto. Vidas morrero! Mas no poderemos impedi-lo de fazer isto! Se no fizermos, morreremos ns e ele dar o jeito dele para obter o que precisa. Cristiane! Entregue as caixas contendo sua poo para ele! Entregue quantas ele puder levar! S preciso de uma, gracinha! S uma! Salvo engano, estas caixas contem 100 pipetas, no ? Doutor Raphael Alves da Silva?! Como sabe meu nome?! E como sabe quantas pipetas contem cada caixa?! que... passei por aqui outras vezes, tah ligado! Cristiane e Carlos trouxeram com muito esforo a caixa metlica, a qual pesava 40 quilos e tinha dimenses de 50 cm X 50 cm X 50 cm. Cristiane diz assustada,

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porm aliviada por ainda estar viva e por, embora no adequadamente, ter cumprido a misso de salvar Raphael: Aqui est, Feitosa! Agora, deixe-nos em paz! S depois que os mocinhos a me mandarem para 2006. e passou aquelas manoplas na face de Cristiane, ao que ela, com raiva, retirou-as de sobre si e falou: Olha aqui, senhor Feitosa, no abuse de nossa hospitalidade! No sei quanto ao doutor Raphael e ao Carlos, mas eu, como agente da Polcia Federal, estou disposta a morrer pelo meu pas! Ah, ento voc policia?! Bom saber, fil! Bom saber! Por que, o que vai fazer a ela, seu idiota! Disse Carlos partindo para cima de Feitosa, ao que retrucou: Olha, tu cuidado comigo que te parto em dois com as mos! Seu vidadinho! Agora vou deixar de ser bonzinho! Vocs viram do que eu sou capaz! Andem logo! o doutor Raphael diz baixinho para Carlos: Carlos, Carlos! Deixa! Vamos fazer o nosso agora! Ligue o mainframe central para acionar o portal... ao que Carlos, encarando friamente Feitosa, obedeceu ao seu professor. Fez um gesto com a sua mo e um computador hologrfico lhe apareceu a sua frente, no qual digitou uma senha e eis que uma pea metlica do tamanho de uma geladeira surgiu em um dos quatro cantos da SALA. Daquele aparato em metal, surgiram um teclado slido e uma tela, com as seguintes inscries: Coordenadas, hora e data. Era a partir deste console, chamado de Mainframe Central 1 (porque o de nmero 2 ficava na segunda galeria, a qual possua os comandos de emergncia para o caso de uma pane) que se ativava o portal para viajar pelo tempo. Ao ver o mainframe, doutor Raphael disse: Agora, Carlos, deixa comigo! E comigo tambm! disse Feitosa, que passou a seguir Raphael To ligado que capaz de que tu me mande pra algum lugar bem diferente! Tu acha que sou quem? Sabe o que sou? Um bandido! bradou Carlos, o qual veio logo atrs de Feitosa Tambm, sua bichinha! Eu sou o mais procurado traficante de drogas do Rio de Janeiro! Sou o chefe da boca de fumo deste lugar em So Gonalo, hahahaha! Traficante de Drogas? perguntou Raphael perplexo com o que ouvira e parando a meio caminho, voltando-se para Feitosa Chefe de boca de fumo? E voc disse que j esteve aqui antes? Como isso? Sim, porque traficantes de drogas no existem mais hoje em dia! Foram totalmente extintos em 2150, salvo engano! Cupade! Se liga nessa parada e no pergunta muito, ta ligado! Se no te corto ao meio! No quero machucar ningum aqui, no! Faz o teu a, coroa! Eu sou um Policial Federal tambm, seu canalha! disse Carlos depositando sua mo direita no ombro de Feitosa, o qual olhou de soslaio para ele e, rapidamente, girou e deu-lhe um soco no nariz. Carlos desequilibrou-se e tropeou em seu prprio p, caindo e batendo a cabea no cho. Levantou-se meio desorientado e foi para cima de Feitosa com uma voadora, mas este se desviou e o agente Lambda Alfa caiu 20

novamente. Desgraado! Vai pagar por isso! e tentou dar socos e chutes no inimigo, mas este se desviava facilmente. Afinal, depois daquele soco, Carlos j estava totalmente desnorteado, at que, Feitosa colocou o p na direo do caminho daquele bravo policial e este caiu mais uma fez de peito no cho. Feitosa agachou-se e colocou seu dedo na cocha de Carlos, dizendo: Carlos, Carlos, Carlos! e fez com que a carne da coxa de Carlos ficasse intangvel a seu dedo, que foi entrando devagarzinho, ao que o federal gritou tamanha era sua dor: Ahhhh!!! Maldito! Pare com isso, seu bandido! clamou em alta voz Cristiane, correndo para acudir seu colega de farda, atitude esta imitada tambm por Raphael, mas foi em vo pois Feitosa fez que os ps daqueles dois se afundassem o suficiente para desequilibr-los a fim de carem no cho. Eu disse a vocs para no brincarem com o poderoso traficante! e enfiou meia mo no bceps femoral de Carlos Disse, no disse?! Agora, seu policia de bosta, sinta a dor que vocs causam nas favelas! e puxou com fora o msculo semitendioso da coxa de Carlos, o qual gritou ainda mais alto e com mais fora: Ahhhhhhhhhhhhh! e desmaiou de dor. Feitosa retirou a mo de onde estava e deixou um buraco do tamanho de um celular na coxa de Carlos. Agora, com o senhor mesmo, doutor! ao que Raphael, se levantando, diz com dio: Maldito! Maldito! Voc quer ira 2006, no ! No ! Pois ento que assim seja! dirigiu-se at o mainframe, digitou a data e a hora para as quais Feitosa iria. Bandido, qual so as coordenadas? perguntou Raphael, em cuja testa um ferimento sangrava muito em virtude do tombo, olhando para Feitosa com os olhos fulminantes. Esto no papelzinho que lhe dei, tah ligado! Cad o papelzinho? Sei l! Sei l de papelzinho! Sem as coordenadas, impossvel ativar a mquina do tempo! D teu jeito! Ah! Lembrei! Tu um otrio mesmo! Por isso profesor! Estava com a oportunidade de me mandar para um lugar diferente! Hahahaha! Mas lembrei! S sei que comeava por 15 Lat e 9 Long, uma parada assim, tah ligado?! 15 latitude e 9 longitude, o que voc quis dizer, no ?! Bom, ento vamos l! e Raphael digitou no teclado do mainframe as coordenas informadas pelo bandido. Cristiane, levantou-se do lugar em que cara, pois houvera batido com a cabea em algo e ficou desacordada. Seu cachorro! Bandido! Vocs no merecem o perdo da sociedade! passou a mo em um corte na lateral de sua cabea e continuou Que voc v para aquele ano! Certamente ser abatido! A polcias nunca desistem! Ih, filezinho! Tu ta muito desinformada mesmo! Neste futuro vocs no estudam mais historia no colgio? No sabe tu que a polcia do sculo 21 corrupta! Corrupta! Pode ser civil, militar, federal a bosta que seja! tudo um bando de ladro e, se duvidar, hahahah riu de forma gutural mais bandida que a gente! nois 21

que manda na cidade! nois que toca o terror! A polcia corre de medo da gente ou, como sempre acontece, se alia a nois! Pode at ser, filzinha, que a policia deste ano, pode at ser, ein, que seja menos corrupta, mas... fez uma pausa ...ainda so uma bando de ladro! esta ltima palavra mencionada por Feitosa, despertou a raiva em Cristiane, que pulou o mais alto que pode, deu um giro no ar e esticou a perna com o intuito de atingir Feitosa, ao que este ficou intangvel e Cristiane caiu fora da galeria, em cima do portal. Ficou desacordada mais uma vez. Raphae bradou: Cris! Droga! Seu... , , ! No tente fazer nada! Agora tu vai mudar esta data de 2006 e vai colocar 1990, se ligou? 1990! Ou, antes que voc diga Nunca, j te dou o papo que ela vai parar no centro da Terra! e Feitosa estendeu a mo esquerda para o corpo de Cristiane, que jazia sobre o portal Anda! e, a mo estendida tomou uma cor vermelha muito escura. Bandido! Prefiro ela viva em 1990 do que morta em 2696! e, possudo de extrema raiva, Raphael apagou o ano de 2006 e digitou 1990. Manteve o mesmo horrio e coordenadas. Afinal, Feitosa j estava prximo o suficiente para poder ver se o doutor iria aprontar alguma. Pressionou o boto vermelho do teclado do console. Comeou. Um zumbido como que de turbina de avio bem baixinho foi ouvido. Manchas luminosas negro-acinzentadas na borda nigrrima do portal apareceram e comearam a cintilar velozmente. Uma voz feminina eletrnica veio dos auto-falantes da sala: Seqncia iniciada. Viajem no espao tempo para 14 de abril do ano de 1990. Coordenadas 15 latitude e 9 longitude. So Gonalo, Estado do Rio de Janeiro, Brasil, Terra, Sistema Solar. Dados do viajante... pausou durante cerca de dois segundos. Como Cristiane j se encontrava em cima do portal, a SALA a identificou rapidamente. 1 ser humano. e a borda do portal com suas manchas iriantes comeou a girar lestamente no cho da SALA. A abertura manteve-se no padro. Logo a imagem do local apareceu. Cristiane foi rapidamente engolida por aquela boca de lbios negros. Raphael, ao ver aquilo, falou com muito pesar: Pobre Cristiane! To jovem! Culpa minha, minha!!! Puxa vida, sou um cientista inteligentssimo mas sem sabedoria... a voz eletrnica feminina novamente ecoou: Sistema indisponvel. Favor aguarde o tempo de um minuto. Sem lamentaes, doutor! interrompeu Feitosa Agora voc vai cancelar estes dados para ningum nunca mais usar! Ou tu acha que eu no to ligado que tu vai querer ir buscar ela quando me mandar longe daqui? Anda! ao que o doutor Raphael, abismado, pensou: Como ele sabe que eu poderia fazer isso? Tem algo muito estranho nisso tudo. De qualquer forma, vou cancelar estes dados, mas posso chegar l um segundo aps ela... Exclua toda a possibilidade de voltar ao ano de 1990. Pode apertar aquele botozinho ali! disse Feitosa apontando para um boto verde no teclado do Mainframe. Raphael pensou de novo:

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Desgraado! Agora j era mesmo! Se eu me recusar a apertar o boto, ele me mata e no poderei salv-la de qualquer jeito. Se o Carlos acordar, ele no estar em condies fsicas de busc-la e tambm no saber em quando ela foi jogada. Droga como sou burro! e disse em voz alta Como sou burro! e apertou o boto, ao que foi perguntado pelo mainframe se realmente desejaria apagar qualquer possibilidade de se viajar para aquele ano. Respondeu que sim. No entanto, um sentimento veio-lhe a mente e matutou: Entretanto, posso resgatar novamente este ano! Disso ele no sabe! Ufa! e levantou as sobrancelhas espessas ao pensar esta ltima interjeio. Agora a vez deste galzinho aqui! disse Feitosa pegando o Carlos nas costas e arremessando-o no portal. Seu canalha! Mal... Digita a! interrompeu o traficante digita a: mesma data, mesma hora, mesmo local, ano de 1930. Hahahaha! Que divertido brincar com esta inveno que tu inventou! Se o pessoal da minha comunidade souber disso, ih! Nem te conto! Hahahah! Droga! pensou Raphael voltando-se para o console e reprogramando-o novamente para aquele ano Mas da mesma forma eu o resgatarei. No est perdido! e pressionou o boto vermelho. As mesmas palavras foram ouvidas pela voz feminina oriunda da sala, exceto, claro, o ano. Carlos foi rapidamente tragado e, em razo disso, acordou e deu seu ltimo brado em 2696: Ahhhhhh! Doutor! No precisa nem dizer, n? Apague logo este ano, seu idiota! ao que o doutor Raphael o realizou torcendo por que tudo aquilo acabasse logo. Agora a minha vez, doutor! A mesma data, ano de 2006! To de olho no senhor! disse pondo o dedo indicador da mo direita na sua ppebra inferior do mesmo lado, puxando-a e deixando aparecer a vermelhido de seus olhos de drogado. Raphael procedeu execuo das ordens de Feitosa com muito desprazer. Apertou novamente o boto vermelho do console. Aquela voz eletrnica feminina novamente ecoou pelos ares da SALA: Seqncia iniciada. Viajem no espao tempo para 14 de abril do ano de 2006. Coordenadas 15 latitude e 9 longitude. So Gonalo, Estado do Rio de Janeiro, Brasil, Terra, Sistema Solar. Dados do viajante... pausa de dois segundos desconhecido. Aguardando dados oriundos do teleportador. Agora, seu desgraado, disse Raphael, olhando para Feitosa cheio de furor, no entanto, sentindo-se recompensado por se ver livre daquela besta. entre no teleportador! H-H! Vamos l! e esboou um sorriso enorme na face enquanto caminhava direo ao teleporte. No tente me telport sei l o que para o Oceano l em cima no ein, doutor?! To ligado no senhor! e antes de adentrar no cubculo de teleporte, o qual era iluminado por uma luz esverdeada, ele se voltou para o doutor Raphael e disse olhando seriamente para este:

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Cupade, Tu vai morrer agora! estendeu rapidamente as mos para o local da galeria onde Raphael estava pisando e fez com que ele ficasse to permevel que o doutor perpassou lestamente o piso at que Feitosa fez com que a sua queda parasse na direo do seu peitoral. Os braos de Raphael estavam presos no cho daquela galeria. Parecia que aquela seria a ltima vez que ele ouvira uma pessoa falar com ele. Faa tuas oraes, doutorzinho! Acho que a companhia de limpeza vai ter um trabalho catando as gorduras de cada parte do seu corpo. Maldito! No me mate! Por favor! Eu tenho uma famlia para criar! Meus filhos precisam de mim! Minha esposa Gilda! e comeou a lacrimejar. Quando viu que o Feitosa estava disposto a perfazer seu plano, bradou em voz alta: Deus! Se tu existe mesmo, tira-me desta! quando Feitosa iria fechar as mos para tornar solido novamente o piso, o que iria cortar Raphael em dois, algo como um laser de cor amarelada, procedente de algum lugar da sala o atingiu em cheio no peitoral com tanta fora, que arremessou a ele e sua caixa contendo as poes, para dentro do teleporte, o qual foi ligado automaticamente pelo temporizador que Raphael havia ligado segundos antes de ser vtima do poder de Feitosa. Este apareceu em cima do portal e caiu dentro dele, seguido pela caixa metlica. Como no pode completar o movimento que mataria o doutor Raphael, este terminou de atravessar o piso e caiu de uma altura de aproximadamente trs metros no cho, cerca de seis metros do portal, que acabara de se desligar automaticamente, fazendo um zumbido muito similar a uma turbina de avio desligando-se, porm em um volume normal, sem incomodar os ouvidos. Raphael, meio desacordado, disse: Deus, acho que o Senhor existe mesmo... e apagou. A voz eletrnica novamente falou: Sistema indisponvel. Favor aguarde o tempo de um minuto.

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O RENASCIMENTO So Gonalo, 14 de abril de 2006. Era um dia ensolarado. Ao longe se via que nuvens se formavam. Em um matagal prximo aos morros que ladeiam o bairro do Salgueiro, em uma poa de lama, um jacar arquitetava o seu bote contra um corpo de uma pessoa, o qual estava de costas para a luz solar. O pobre animal no sabia que ele estava morto, no entanto seu estinto lhe dizia que ainda estava fresco, pois o cheiro do sangue que escorria das costas crivadas de balas despertavam o seu apetite. Algo de estranho comeou a acontecer, e o jacar que estava j pronto para deliciar-se, recuou at sair da poa, uma vez que, pouco acima dele, uma nuvem cinzenta do tamanho de um carro apareceu do nada. Os olhos do jacar refletiam os pequenos, porm ofuscantes, relmpagos amarelados que apareciam de forma aleatria. Um redemoinho se formou logo abaixo da nuvem e um estrondo como que de trovo, guardadas as devidas propores, foi ouvido. Deste saiu Feitosa que caiu ao lado do corpo que jazia na poa. A sua caixa veio logo depois, caindo em cima de sua cabea. O redemoinho sumiu e, segundos aps, novamente um estrondo muito forte foi ouvido e a nuvem toda sumiu sem deixar rastro algum, apenas um cheiro caracterstico agre-doce bem fraquinho. O jacar, ao ver que um novo ingrediente foi acrescentado em seu prato, partiu para degust-lo. No momento em que iria dar o bote no naquele monte de carne quente, entrou terra a dentro e parou a dois metros de profundidade. Um grunhido ainda foi ouvido. Feitosa abriu malmente seu olho direito, pois o outro no tinha ainda foras para abrir. Paulatinamente, foi recobrando-as e se levantou, ficando sentado naquela lama, a qual j estava com cor um pouco avermelhada pelo sangue do defunto. Ao olhar para este, Feitosa fez com que se afundasse tambm no cho at onde seu poder permitia: o corpo s foi parar a dez quilmetros da superfcie da terra. Em virtude da pancada na cabea e por causa daquele laser que o atingira na SALA, os pico-robos responsveis por apagar a sua memria comearam a executar a tarefa de forma bastante precria e conseguiram extinguir algumas informaes da cabea daquele marginal. Putz grilo! Caramba, rap! Que troo alucinante! Que viajem de corno! Putz grilo! O pior que no lembro algumas informaes importantes... droga. Cad minha caixinha com os remedinhos! e, ainda sentado, olhou para todos os lados, at a encontrar logo atrs de si, com a tampa emborcada. Ah, est ali! Agora, cupade, tu vai ser o maior traficante do mundo! Hahahah! Caramba! disse se levantando e, logo aps, apanhando a caixa metlica Ainda bem que esta tampa de..., de.... de.... qual metal mesmo que aquele doutorzinho de bosta falou? Sei que l prata, acho! Deveria ter pego uns metais deste para produzir balas! Mas isso aqui j d para o gasto! J sei o que vou fazer! Caveiro nenhum vai subir contra Feitosa! Esto ferrados os PMs e os inimigos!

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Levantou-se. Segurou firmemente a caixa e saiu por uma trilha de dificlimo acesso, atravs da qual os bandidos chegavam at aquele local para torturar as vtimas de suas violncias. Feitosa olhou para traz, para aquela poa e disse: Os caras to ligado mesmo! Vai ver que aquele presunto que mandei diretamente para o inferno estava devendo! Otrio! Otrio! Esperto quem ta ligado na situao! quem d o papo certo! Puxa, disse olhando para a sua roupa que j no era mais branca, mas estava salpicada de sangue e daquela lama rubra tenho que tirar esta porcaria e colocar minha farda: chinelo de dedo e bermudo de flor! retomou o caminho e pensou Caraca! Os parcero deve ter me substitudo por outro. No vai ser problema algum para mim! Hahahah! olhou para as mos que novamente tomaram uma cor ainda mais vermelha e as estendeu para as rvores a sua frente, fazendo-as serem engolidas pela terra, abrindo, assim, um caminho maior para que ele passasse. Um pouco mais a frente viu outro jacar. Jacar feio! Se tu me atacar eu te mato! ao que o jacar o fez Ah, seu desgraado! e o bicho ficou com metade do corpo preso no cho, sendo divido em dois pelo fechar das mos do traficante. Otrio! Eu te disse! Feitosa caminhou por volta de dois quilmetros desde aquela masmorra at onde pudesse ver a sua favela. Olhou para ela e, decididamente, comeou a caminhar mais rpido, derrubando tudo o que estivesse em seu caminho. At um velho casebre abandonado, o qual estava sem teto, com vrias rachaduras e com tijolos antigos a vista, Feitosa f-lo ser engolido pelo cho. Entretanto, havia uma pessoa magra e branca, calcando apenas chinelo de dedo todo corrodo pelo muito andar, um short roxo bem sujo e um camiseta amarela rasgada. Tinha cabelos oxigenados. Portava uma metralhadora a tira-colo e estava com um rdio mo direita. O traficante, ao ver aquela cena, parou onde estava, tomando o cuidado de no fazer barulho algum e pensou: Droga! um olheiro! Vou faz-lo afundar neste oceano de terra... Feitosa se assustou com uma formiga sava que estava passeando pelo seu p descalo e pisou em um graveto. O olheiro ouviu e olhou para trs. No pensou duas vezes e atirou. As balas atravessaram o corpo intangvel de Feitosa sem causar dano algum quela pele branca. To somente desequilibrou-se novamente e caiu no cho. O olheiro, sobremodo atnito ao que via, dirigiu-se at o traficante cado no cho, apontou o fuzil para a cabea dele e disse: Quem tu? silncio. Feitosa apenas o encarava com um sorriso enorme esboado em sua face. Anda amigo, d o papo! Quem tu cupade? Dane-se! e puxou o gatilho. O balao oriundo do fuzil perpassou o crnio de Feitosa sem feri-lo. O olheiro deu outro tiro. A mesma coisa. Assombrou-se: Quem tu cupade?!!! Hahahaha! disse o viajante do tempo se levantando e ficando em p. Essa zorra nem me arranhou, ta ligado! Vou te dar duas opes: ou se junta a mim para tomar esta comunidade ou morre! Qual tu escolhe, filho?!

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Qual cupade?! Ta pensando que quem! disse apontando a arma para Feitosa, mas to amedrontado que seus punhos tremiam. Utilizou a mo esquerda, que estava servindo de apoio para empunha a arma e tomou o rdio. Vai chamar quem? Mame?! Ela no pode te salvar. Acho que voc fez a escolha errada, otrio! no momento em que o olheiro ps o rdio na boca, Feitosa f-lo ficar intangvel, e as mos do rapaz entraram por dentro do aparelho, quando o traficante retornou a solidez do mesmo. A mo do olheiro praticamente explodiu juntamente com o rdio. Comeou a disparar a arma e a gritar, ao que Feitosa deu um soco na cabea dele e a sua mo a atravessou, pois esta estava intangvel. F-la ficar solida novamente e a cabea daquele funcionrio da favela rachou ao meio. Num repente, o corpo daquele jovem foi tragado pelo cho e a arma ficou para que Feitosa pudesse dela fazer uso. Tomou-a e seguiu o seu caminho. Te falei, otrio! Putz, estou carregando muita coisa! fez uma pausa aps esta descoberta. Ento, arremessando a sua arma para dentro da terra, continuou No preciso de armas! Preciso disto aqui! bateu na tampa da caixa metlica O meu poder que vai me fazer subir o morro e tomar a favela sozinho! A caminhada de Feitosa terminou. A favela se lhe despontava a frente. Apesar da frente fria que estava chegando, o sol estava causticante. De onde estava podia vislumbrar agora muito melhor a comunidade onde fora criado. Casas humildes, e muita gente na rua. Uns garotinhos jogavam bola de gude; outros soltavam cafifa; outros ainda jogavam uma peladinha em uma rua totalmente esburacada. Mais a frente, uma patamo da Polcia Militar parou. Dela saram dois policiais, um cabo e um soldado; este era magro e alto; aquele era bem gordo e de tez bem escura. Dirigiram-se at uma birosquinha. Detiveram-se l por alguns instantes, voltaram, entraram na viatura, manobraram-na tranquilamente e foram-se daquele local. Feitosa comentou consigo: Isto nunca vai acabar! Ahahaha! esboou um sorrizinho na face Os prprio mocinhos esto corrompidos! continuou a caminhar. Por onde passava era observado pelos moradores da favela do Vida Feliz. Homens idosos, mulheres bem soltinhas, crianas, senhoras, todos o olhavam e se entreolhavam. E no era para menos, afinal, Feitosa estava trajando aquelas vestes que j no estavam nem mais brancas, mas sim negras de sujeira e manchada de sangue seco. Alm disso, ainda trazia uma caixa enorme e pesada consigo. Parou e olhou para uma mocinha alta de uns dezesseis anos que o observava com curiosidade da janela de sua casinha pequena. Era moreninha e tinha olhos e cabelos encaracolados castanhos, sobre os quais tinha um arco azul; vestia uma minisaia rosa e uma camisetinha vermelha bem sutil; usava nas orelhas pequenas brincos grandes de bijouteria. Feitosa dirigiu-se at ela e falou: Gatinha, voc me lembra muito uma pessoa! disse desconfiando dela achando que poderia ser uma filha de Cristiane ou at mesmo a prpria Qual teu nome? Pra que tu quer saber? Ih, sai daqui! Meu namorado te quebra! Olha, melhor tu me dizer, ein?! 27

Ih, olha s! Ta bom, maluco! Meu nome Priscila! Priscila de que?! Priscila... oi, amor! disse Priscila olhando para o namorado que chegava logo atrs de Feitosa. Era alto e um pouco gordo. Tez escura e olhos castanhos. Cabelos pintados de verde. Usava um brinquinho na orelha esquerda. Alguns dos dentes estavam careados. Estava trajando uma bermuda jeans e estava sem camisa, deixando a mostra um peito com poucos cabelos. Qual , famlia?! disse o rapaz mal encarado, ao que Feitosa repondeu: Esta voz eu conheo! S pode ser de uma pessoa! virou-se Claro! J tava ligado que era tu, Dodzinho! Dodozinho o caramba! Tu largou esta favela aqui h muito tempo! Seu covarde! Tem medo de PM! Otrio! Agora esta a manjando minha mina? Perdeu a noo, guerreiro?! Agora eu posso de quebrar! e retirou um revolver que trazia logo atrs da cala. Apontou-o para Feitosa e continuou Agora quero ver! Quero ver o homem! Quando era chefo da situao aqui, s vivia humilhando nois! Na hora que a PM subia este morro, tu se escondia e deixava nois se danando aqui no morro! Fui preso, sabia! Fui preso! Tive de me humilhar! Dizer que era trabalhador, que tinha cinco filhos, inventei que tinha uma me doente e o escambal! Sorte que um civil (policial civil) tava ligado e dei um qualquer para ele e ele me soltou no outro dia! Isso afora os outros que morreram e to comento capim pela raiz! Agora tu aparece do nada com estas roupas escrotas e com essa caixinha e ainda fica tirando onda com minha garota! Mata ele logo, D! disse a garota sorrindo. Logo, alguns transeuntes se aproximaram daquela situao, sendo que alguns deles, uns sujeitos mal encarados, estavam armados com pistolas. Um destes perguntou a Dod: Que que ta pegando a, Dod? Qual cupade?! No ta lembrando deste covardo a no? Ah, to ligado! Feitoso peido! e todos riram, inclusive o Feitosa. Vamo encher ele de bala! Larga o ao nele, galera! e todos atiraram contra a cabea de Feitosa. As pessoas que estavam ali se agacharam na tentativa de se esquivarem dos tiros que pelo traficante passavam sem machuc-lo, sendo que um dos quais, passou pela testa de Feitosa e acertou em cheio a de Priscila, que estava logo atrs dele. Dod bradou: Priscila! Seu desgraado! Maldito! O que voc fez?! Eu! disse Feitosa apontando para sei mesmo Eu?! Voc quem atirou nela! Eu mirei em voc, otrio! Como voc fez isso! que... e ergueu a mo direita para um dos que estava ao seu lado. ...agora eu tenho a fora! ao que o rapaz que estava na mira da mo do traficante disse: Que zorra essa! Ta querendo me cumprimentar! Dod, isto macumba! Ele deve estar com corpo fechado! 28

No, no! No macumba no! At que gosto de uns batuques no terrreiro... ainda tem aquele terreiro l, Dod? Cala a boca! Cala a boca, tah ligado! Cala a boca!!! gritou Dod. Olha s.. e fez com que todos que estavam a sua volta rapidamente fossem engolidos pelo concreto da calada em que estavam. Apenas Dod ficou. Todos que olharam aquilo ficaram sobremaneira assustados. Disseram que era macumba, outros acharam que tinham bebido demais, outros ainda achavam que estavam sonhando. Feitosa continuou sua explanao Te dou duas opes: ou me ajuda a tomar esta favela ou morre! Que isso, cara! Como tu fez... que isso? Que zorra essa? Que macumba essa, cupade?! Caraca, to bolado com isso! Devo ta sonhando! No est no! poupou a vida de Dod, pois julgava ser ele um bom atirador e fiel parceiro. Feitosa entrou na casa de Priscila e trancou a porta a sua maneira: fazendo-a entrar no portal de madeira. L dentro ele viu o corpo da garotinha que julgava provavelmente ser filha de Cristiane. Deteve-se Quem voc, fil? perpassou a mo no rosto da menina, que estava deitada em uma poa de sangue. Ser que tu filha daquela doutora que mandei para 1990? No pode ser! Aquele doutor me enganou! No me lembro nunca de ter conhecido nenhuma Cristiane nesta favela! S se ela meteu o p daqui! Ah! Que se dane! Vamos l, senhor Feitosa, vamos nos trajar adequadamente para a ocasio. Feitosa deixou a caixa metlica em cima do sof daquela residncia humilde. Foi at o quarto da casa e, de um guarda-roupa cuja madeira estava em um estado de podrido bem avanado, retirou umas peas de roupa e substituiu aquele vestido que lhe deram na SALA. De dentro daquele recinto, pde ouvir vrias pessoas comentando sobre o ocorrido do lado de fora daquele casebre humilde. O que que estes caras to falando? perguntou-se enquanto vestia uma bermuda jeans azul. Nunca viro ningum mergulhar no?! Hahahahaha! Vai ser muito fcil! Acho que vou fazer desta casinha minha base temporria! paramentou-se com uma camisa de abotoar azul clara, findo o que, calou uns chinelos havaianas. Isto deve ser do Dod! Aquele pedfilo! Esta garotinha no tinha mais do que 16 anos! Um cara com quase trinta! Mas gente boa! O cara fiel! Falando em fiel, ser que existe ainda aquele baile Funk aqui? Putz, com este poder que possuo, vou fazer a limpa nas festas, hahahaha! Foi at a sala onde jazia o corpo daquela garota. Tomou-a nos braos e disse , gatinha, vai com corpo e tudo para o inferno! deixou-a cair e sumiu no piso, bem como sangue dela. Escutou, de repente, uma sirene de patamo. Ih, s faltava essa! ouviu as portas do carro abrirem-se e, rapidamente, bater com fora. Eram aqueles policiais que tinham ido buscar dinheiro no bar do Vida Feliz. O cabo bateu na porta e falou: Sai da ou vou entrar com tudo! e, ao verificar que a porta estava por dentro da parede, disse espantado: Que isso? Oh, polcia! Vem aqui! a cuja ordem o soldado obedeceu: Pois no, meu chefe!

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Que negcio esse aqui? Como fizeram isso?! disse mexendo na maaneta da porta, a qual, por mais fora que faziam, no se abria. Polcia, vamo embora! Deixa que o pessoal da favela cuida disso. A gente j pegamo o troco mesmo! de repente a mo do cabo atravessou a porta U? Que isso? Polcia, ajuda aqui! E caraca?! Que zorra essa? Puxa ela! No d! disse fazendo fora para tirar. Feitosa cortou a mo do cabo. Este gritou Ahhhhh! o soldado, ao ver aquilo, perplexamente, deu vrios tiros na porta daquele valhacouto, no entanto, no via furo algum nesta. Que negcio esse?! Paulatinamente, Feitosa surgiu, como que brotando da calada, atrs do soldado e fez aqueles dois policias serem engolidos pela terra. Toda a comunidade se assustou com aquilo. Saram correndo para todos os lados. Jovens, crianas, adultos, at pessoas que portavam armas de fogo. Naquela rua de So Jorge, s ficou Feitosa, o qual gargalhava em alta voz: No tem para ningum! Agora vou pegar emprestado esta patamo! entrou dentro do carro e dirigiu-se para onde julgava ser a sede do trfico do Vida Feliz. Em determinada ponto daquela rua So Jorge, dobrou a direita. Andou mais uns metros e o carro foi atingido no teto por um tiro de escopeta vindo de algum lugar da rua Matapato, na qual agora trafegava. Tenho que ficar ligado porque agora comea a ao de verdade! Ahahaha! Em um telhado de uma casa ainda em tijolos havia dois rapazes de tez morena e trajando somente short, os quais estavam atirando contra a patrulha dirigida por Feitosa. Um deles, que estava empunhando um rdio com a mo esquerda, disse ao outro: Se liga s, cupade! e deu um tiro de fuzil contra a patamo, mas a transpassou sem causar dano algum viatura Tah ligado, caraca! Esses caras da PM esto fazendo o que aqui no morro? ao que o outro respondeu: Sei l, muleque! S sei que ou a droga que usei me deixou doido ou o carro dos PMs no est sendo perfurado! Que zorra essa! e este deu um outro com a sua escopeta, mirando no pra-brisa do veculo, no entanto, foi em vo. Ser que compraram viatura de ao? A partir de agora, o carro de Feitosa era alvo de vrios tiros, originrios de diversas direes. Todas as pessoas que estavam naquela rua esconderam-se aonde puderam. Uma senhora rotunda, que aparentava 40 anos e corria caracteristicamente para se esquivar das balas, disse muito assustada: Esses PMs esto fazendo o que?! Depois morre gente a, oh! A a gente temos que dizer que foram eles que atiraram! e se escondeu em um bequinho. Feitosa, a uma velocidade bem devagar conduzia a viatura como se fosse um chofer conduzindo uma limousine. Via claramente os balaos e estilhaos das mesmas perpassarem seu veculo sem destru-lo. Engrenou uma segunda marcha para fazer uma curva e entrar em uma rua sem pavimentao, chamada de Rua do Machado. Ao ver este nome, lembrou sorridente: 30

Machado! Coronel Machado! Um heri morto! Hahahah! Pouco a pouco, os atiradores foram saindo dos becos daquele logradouro. Eram jovens brancos, escuros, negros, morenos, adultos, adolescentes, at mesmo uma criana que aparentava possuir uns 10 anos a qual segurava com muita dificuldade uma pistola semi-automtica; todos os demais estavam armados at os dentes. Feitosa parou seu carro. Puxou o freio de mo, o que fez um rangido caracterstico de coisa velha. Comeou a transpassar a viatura em direo superfcie da rua, sumindo nesta, por conseguinte. O carro, retomara a sua solidez e os bandidos furtaram-se a atirar contra a patamo. Rapidamente, esta foi se decompondo tendo em vista o calibre das balas que a atravessavam. Ficou irreconhecvel. Sirene totalmente destruda. Pneus dilacerados. Portas crivadas de balas. Perda total. Milagrosamente no explodira, razo pela qual um dos meliantes responsveis por aquela danao disse para que todos ouvissem: Galera, acho que os PMs esto mortos! Godofredo, vai l ver a situao! Anda cupade! Godofredo era um jovem de 19 anos. Era forte e branco, porm queimado pelo sol; estava em uma bermuda jeans toda suja, pois jogava bola em um campinho improvisado no alto do Vida Feliz, quando foi interrompido para ajudar seus colegas a liquidar os PMs. Putz, cara! Esta patamo deu trabalho! Muito frentico dois policia subierem morro sozinhos! Acho que ta fcil demais, tah ligado! ao que um dos garotos que estava a seu lado resmungou: Sei l, cupade! Um silncio sepulcral se fez. Godofredo, muito provavelmente em virtude de sua idade jovem e, sobretudo, por ter acabado de rolar um baseado, dirigiu-se corajosamente, com um sorriso de valento no rosto, at os destroos do carro, do qual saa umas fumainhas brancas. Segurou firme sua AR-15 e a manteve preparada para o caso de alguma surpresa, que julgava no existir. Quando se aproximou daquele monte de metal retorcido, verificou-o minuciosamente. Espantou-se deveras quando no encontrou corpo algum: Que zorra essa! Cad os caras! Que isso?! disse perplexo enfiando a cabea pela janela do motorista. Olhou para os bancos a fim de verificar se havia algum vestgio de sangue. Nada. Entretanto, repentinamente, foi se formando no banco do carona algo parecido com um rosto Que parada essa? paulatinamente a cabea foi-se formando. Era o Feitosa, o qual, com uma cara serissima, disse: Qual cupade? No tah me reconhecendo no? Qual Godofredo? Quem... quem... quem tu.... tu.... tu....? perguntou assustado o jovem. Fei... Fei... Feitosa? Voc no.... no era para ta... ta... ta... ta morto? Fan.... fantasma! Godofredo rapidamente tentou tirar a cabea de dentro do automvel, porm Feitosa havia feito o teto do mesmo ficar intangvel, e a cabea de Godofredo ficou agarrada no mesmo. Agora, Godo, tu vai conhecer o seu Criador! Se que Ele existe! Hahahaha! No! Qual cupa... e antes que Godofredo terminasse sua locuo, Feitosa o afundou naquele cho de terra batida. Os demais transeuntes que olhavam aquela situao, recomearam a atirar contra o que era uma patamo. O rapaz que havia enviado Godofredo para aquela misso, bradou: 31

Quem voc, desgraado! Cad o Godofredo? da mesma forma que fizera com o soldado da PM, Feitosa apareceu por detrs deste bandido e enfiou a sua mo nas costas dele, tornando-a solida e fazendo um estrago nestas. Ahhhhhhhhhhh! gritou caindo e atirando desorientado e aleatoriamente, ferindo e at mesmo matano alguns de seus colegas. Ao que todos se viraram para Feitosa e, demasiadamente amedrontados, fato este que podia se confirmar dado a forma como as armas tremiam, engatilharam-nas. O traficante os cumprimentou alegremente: Ol senhores! Presumo que a maioria aqui me conhece. Pois bem. Vocs to ligado que eu posso enterrar todo mundo aqui vivo de uma s vez! Ento, dou a vocs duas opes: e deu uma cusparada a esquerda ou se juntam a mim na tomada do Vida Feliz ou... morrem! Ahahahah! Ah! Lembro aos senhores que estas porcarias apontou para as armas dos bandurrilhas nem me arranham! Quero destruir o dono do Vida Feliz! um dos bandidos cochichou com outro: Cara, que negcio este?! Ser que essa droga que Z do Cangao trouxe to forte assim? ao que outro responde: S sei que isso s se v em filme americano! Ser que to filmando aqui no Vida Feliz? Sei l! Sei que melhor nos juntarmos a ele! Boa resposta, meu rapaz! disse Feitosa, e todos olharam os garotos que haviam cochichado Quer dizer que o chefe da boca chama-se Z do Cangao?! Vamos fazer uma visita a ele ento. Se no me engano por aqui, hahaha.... sua risada foi interrompida ao entrar na parede que havia logo atrs dele. Feitosa deslocou-se pelas alvenarias at chegar ao esconderijo de Z do Cangao. Era um casaro caracterstico de favela. Por fora parecia uma casa pauprrima, mas por dentro parecia casa de um shake rabe. A nica forma de chegar at l era a p, passando por vielas curtssimas cujo cho era barro puro. S com uma moto muito boa ou mesmo a p que se poderia bater a porta daquele covil. Z do Cangao j estava sabendo do que estava se passando no Vida Feliz, e, como estivesse muito ocupado torturando um jovem de classe mdia que estava devendo, no quis se juntar a seus subordinados, pois julgava ser algo de que dessem conta. Enganou-se e, portanto, mandou que vrios soldados guardassem sua fortaleza de todos os lados. Era um homem magro de pele morena e cabelo pintado de loiro, olhos castanhos e um bigode mal feito; possua 39 anos. Gostava de enfeitar-se de pulseiras, relgios e caneleiras de ouro puro. Estava usando um terno branco, o qual considerava ser o ideal para momentos de tortura, e no pescoo um medalho to dourado que ofuscava a vista de quem o olhasse contra alguma luz. Estava ele castigando um jovem magro e branco, o qual vestia apenas um short e uma camisa de marca. Este rapazinho de nome Miguel estava meio drogado mas ainda possua juzo tal para chorar em virtude de sua situao: estava com