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FLG 1254 – Pedologia Horizontes diagnósticos e Classificação Brasileira de Solos

Horizontes diagnósticos e Classificação Brasileira de … · • Constitui-se um parâmetro diferencial na classificação dos solos caracterizado pelo maior ou menor teor de material

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FLG 1254 – Pedologia

Horizontes diagnósticose Classificação Brasileira

de Solos

HORIZONTES PEDOGENÉTICOS E DIAGNÓSTICOS

• Horizonte pedogenético: corresponde a cada uma das seções do solo resultante dos processos pedogenéticos, as quais guardam relações pedogenéticas entre si. Cada uma das seções está separada da outra por variações em aspectos morfológicos (cor, textura, estrutura, porosidade, consistência etc) ou em sua constituição.

• Horizonte diagnóstico: corresponde a uma seção do solo que apresenta determinados atributos selecionados. Devido ao fato de as manifestações antrópicas serem menos acentuadas em profundidade, os pedólogos utilizam na diagnose das classes de solos os horizontes de subsuperfície, com algumas exceções.

• Constitui-se um parâmetro diferencialna classificação dos solos caracterizado pelo maior ou menor teor de material orgânico versus material mineral existente nos horizontes A e B, respectivamente. Os horizontes diagnósticos são utilizados para classificação dos solos, possuindo valores determinados através de análises químicas e físicas, de maneira a agrupar solos semelhantes em classes semelhantes.

• Horizontes diagnósticos de superfície: horizontes A chernozêmico, A proeminente, A húmico, A antrópico, A fraco, A moderado e horizonte hístico.

• Alguns horizontes diagnósticos de subsuperfície: E álbico, B latossólico, B textural, B incipiente, B espódico, B plânico, B nítico, plíntico, litoplíntico, petroplíntico, glei, cálcico, petrocálcico, vértico.

• horizonte hístico, que pode aparecer tanto superficial como subsuperficialmente.

Horizontes A

• São organo-minerais, e constituem o primeiro horizonte do solo, freqüentemente alterados pelo homem; são ricos em matéria orgânica em comparação aos horizontes subjacentes, a depender do clima, da cobertura vegetal, do tipo de rocha, da topografia, etc; apresentam cores mais escuras do que aquelas dos horizontes inferiores devido à presença da matéria orgânica.

Horizontes diagnósticos superficiaisHorizonte A antrópico

• É um horizonte formado ou modificado pelo uso contínuo do solo pelo homem, como local de residência ou cultivo, por períodos prolongados, com adição de material orgânico em mistura ou não com material mineral, ocorrendo, às vezes, fragmentos de cerâmica e restos de ossos e conchas.

• Exemplo: a camada escura dos sambaquis catarinenses representa A antrópico.

Horizonte A fraco• Horizonte mineral, fracamente desenvolvido, seja pelo

reduzido teor de colóides minerais ou orgânicos ou por condições externas de clima e vegetação, como as que ocorrem na zona semi-árida, com vegetação de caatinga.

• Apresentam estrutura em grãos simples, maciça ou com grau fraco de desenvolvimento; teor de carbono orgânico inferior a 0,6%; espessura menor que 5cm.

• É um horizonte pobre em matéria-orgânica, sendo em geral de textura arenosa, apresenta baixa capacidade de retenção de cátions. São solos bastante permeáveis.

Horizonte A chernozêmico• Horizonte superficial com estrutura granular moderada

a fortemente desenvolvida, consistência seca, no máximo dura, de cor escura, teor de carbono orgânico superior a 0,6%, alta saturação por bases (V% ≥ 65) e espessura igual ou superior a 10cm se o horizonte A é seguido de rocha, ou igual ou superior a 18cm se o solo tiver menos de 75cm de espessura, ou espessura igual ou superior a 25 cm se o solo for mais espesso.

• É um horizonte com excelentes propriedades físicas e químicas, típica de solos bastante férteis.

• Geralmente apresentam horizontes subsuperficiais também ricos em nutrientes.

Horizonte A húmico• Horizonte superficial de cor escura e saturação por

bases inferior a 65%.• A gênese deste horizonte ainda não é totalmente

conhecida, mas parece constituir uma relíquia de condições climáticas pretéritas favoráveis à formação dessas espessas camadas adicionadas de argila-húmus.

• Apresentam, em geral, estrutura pequena média granular, consistência macia a ligeiramente dura quando seco e friável quando úmido, além de boa permeabilidade.

• É vendido como “terra preta” para jardins, apesar de a maioria ser de baixa fertilidade.

Horizonte A proeminente

• Apresenta todos os requisitos do A chernozêmico, exceto a saturação por bases (V%), que é inferior a 65%. Difere do horizonte A húmico por não satisfazer a conjugação de espessura e teor de carbono requerida para este horizonte.

• São horizontes mais pobres em matéria-orgânica e menos espessos que os horizontes A húmicos.

Horizonte hístico

• É um horizonte superficial, anteriormente denominado horizonte turfoso, é resultante da deposição e decomposição de vegetais.

• Quando apresenta 40cm ou mais de profundidade é considerado diagnóstico para identificar um Organossolo.

• É de constituição orgânica, escuro, espessura > 20cm quando sobre material mineral, compreende materiais depositados sob condições de excesso d'água por longos períodos ou todo o ano, devendo atender um dos itens a seguir:

• 12% ou mais de Carbono orgânico se tiver 60% ou mais de argila;

• 8% ou mais de Carbono orgânico se não contém argila;

• porcentagem intermediária de Carbono orgânico proporcional a variações dos teores de argila entre 0 e 60%.

Horizonte A moderado

• Estão incluídos nesta categoria horizontes superficiais que não se enquadram no conjunto das definições dos demais horizontes A.

• É o horizonte superficial mais comum entre os solos brasileiros, ocorrendo desde solos situados em planícies aluviais, mal drenados, até solos excessivamente drenados, arenosos, das partes altas.

• Em geral, sua espessura varia de 20 a 35cm.

• São horizontes que não se enquadram em nenhuma das categorias acima descritas. Em geral o horizonte A moderado difere dos horizontes A chernozêmico, proeminente e húmico pela espessura e/ou cor e do A fraco pelo teor de carbono orgânico e estrutura, não apresentando ainda os requisitos para caracterizar o horizonte hístico ou o A antrópico.

Horizontes subsuperficiais• Um solo é dito maduro quando, depois de

sujeito por longo período a diferentes condições climáticas, adquire características peculiares. A seção de um solo maduro mostra um perfil constituído por três horizontes principais, designados A, B e C, que diferem em cor, textura, estrutura e composição e variam em espessura.

• De forma grosseira diz-se que:• *Horizonte A é fofo, rico em matéria orgânica• *Horizonte B, rico em argilas ou em minerais de

ferro e pobre em húmus, • *Horizonte C corresponde principalmente à

rocha decomposta.

Horizontes diagnósticos subsuperficiaisE Álbico

• Comumente subsuperficial, no qual a remoção ou segregação de material coloidal e orgânico progrediu a tal ponto que a cor do horizonte é determinada principalmente pela cor das partículas primárias de areia e silte e não por revestimento nessas partículas.

• Geralmente precede uma camada impermeável que restrinja a percolação da água.

Horizonte B latossólico• Horizonte subsuperficial que não apresenta

características diagnósticas de horizonte glei, B textural, B nítico e plíntico e as seguintes características: pouca diferenciação entre os horizontes; estrutura forte muito pequena a pequena granular (microagregada) ou blocos subangulares; espessura mínima de 50cm; textura franco-arenosa ou mais fina, com baixos teores de silte, menos de 4% de minerais primários alteráveis; avançado grau de intemperismo; boas condições de permeabilidade pela sua grande quantidade de macroporos.

• É horizonte diagnóstico dos Latossolos. Mais da metade do território brasileiro está coberto por esses solos.

Horizonte B textural• Apresenta textura franco-arenosa ou mais fina (mais

de 15% de argila), onde houve incremento de argila, resultante da acumulação decorrente de processos de iluviação e/ou formação in situ, sendo o conteúdo de argila neste horizonte maior do que no horizonte A. Mudança textural abrupta com grande aumento de argila total do horizonte A para B.

• O desenvolvimento da estrutura e da cerosidade são critérios determinantes na identificação de B textural.

• É diagnóstico das ordens: Argissolo, Chernossolo, entre outros.

Horizonte B nítico• Horizonte mineral subsuperficial, não-hidromórfico,

textura argilosa a muito argilosa,estrutura em blocos subangulares, angulares ou prismática moderada ou forte, com superfícies reluzentes dos agregados (cerosidade).

• Sua espessura é de 30cm ou mais.• É horizonte diagnóstico dos Nitossolos (antigas

Terras Roxas Estruturadas).• São solos que apresentam menor erodibilidade que

aqueles com B textural, por serem menos arenosos.• Em geral, são solos férteis e originários de rochas

básicas.

NitossoloEsalq-USPFoto de Déborah de Oliveira

Horizonte B espódico – “ortstein”

• Horizonte subsuperficial que apresenta acumulação iluvial de matéria-orgânica e compostos de alumínio, com presença ou não de ferro iluvial.

• Possui espessura mínima de 2,5cm.• Quando apresenta-se consolidado, cimentado com

ferro e matéria-orgânica, recebe o nome de “ortstein”.• Sua textura é predominantemente grosseira, sendo a

arenosa muito mais freqüente que a média.• No Brasil ocorrem na região litorânea e na Amazônia.

(Espodossolos ou antigos Podzóis).• São solos pobres quimicamente, ácidos e com

baixíssimos teores de bases trocáveis.

• Em função dos compostos iluviais dominantes, e do grau de cimentação, o horizonte espódico pode ser identificado como:

• Bs – usualmente apresenta cores vivas de croma alto, indicando que os compostos de ferro são dominantes;

• Bhs – identificado pela iluviação expressiva de ferro e matéria orgânica;

• Bh – iluviação dominante de complexos matéria orgânica-alumínio, com pouca ou nenhuma evidência de ferro iluvial. Relativamente uniforme.

Horizonte B incipiente• Deve ter, no mínimo, 10cm de espessura e não mais

que 50cm e apresentar as seguintes características: não satisfazer os requisitos estabelecidos para caracterizar um horizonte plíntico, B textural, B nítico, B espódico, B plânico e B latossólico, além de não apresentar cimentação ou endurecimento característicos de duripã ou a consistência quebradiça do fragipã. Predominância de cores brunadas, amareladas e avermelhadas, podendo conter também cores acinzentadas com mosqueados. 4% ou mais de minerais primários alteráveis.

• Reflete estágio de intemperismo pouco acentuado.• Predominam as texturas média e argilosa.• É um horizonte diagnóstico da classe dos

Cambissolos.

Horizonte B plânico (antigo nátrico)

• É um tipo especial de horizonte B textural, subjacente ao horizonte A ou E e precedido por mudança textural abrupta.

• Apresenta estrutura prismática, ou colunar, ou em blocos angulares e subangulares grandes ou médios, permeabilidade lenta ou muito lenta e cores acinzentadas ou escurecidas.

• É horizonte diagnóstico da ordem dos Planossolos. Geralmente estão situados em relevo pouco declivoso e são suscetíveis a erosão.

B Plíntico• Presença de plintita* em quantidade igual ou superior a 15%

(por volume) de solo e espessura de pelo menos 15cm.• Arranjos de cores vermelhas e acinzentadas ou brancas,

formando um padrão reticulado, poligonal ou laminar.• Textura é franco arenosa.• Forma-se em terrenos com lençol freático alto ou que pelo

menos apresente restrição temporária à percolação da água. • Regiões de clima quente e úmido, com relevo plano a suave

ondulado. Permitir que o terreno permaneça saturado com água, pelo menos, uma parte do ano e sujeito a flutuações do lençol freático.

• É horizonte diagnóstico da ordem dos Plintossolos.• *Material com baixo teor de matéria orgânica, alto teor de

óxidos de ferro e alumínio, e baixo teor de bases trocáveis e nutrientes.

B Litoplíntico

• Constituído por petroplintita.• Podendo englobar uma seção do perfil

muito fraturada.• Para ser considerado diagnóstico, deve

ter uma espessura de 10cm ou mais. • Constitui um sério impedimento para

penetração das raízes e da água.

• A plintita é um material contendo argila, quartzo, baixo teor de matéria orgânica e alto teor de ferro e alumínio.

• Ao longo do tempo esse mesmo material passa a ser denominado de petroplintita somente quando endurece irreversivelmente. Portanto, a plintita é um material precursor da petroplintita.

Horizonte cálcico• O horizonte cálcico é um horizonte de

acumulação de carbonato de cálcio, apresentando 15cm ou mais de espessura e contendo 15% ou mais de carbonato de cálcio e tendo no mínimo 5% a mais de carbonato que o horizonte C.

• Ocorre em solos situados em regiões com importante déficit de água, como no nordeste brasileiro.

• Normalmente está no horizonte C, mas pode ocorrer no horizonte B ou A.

Horizonte petrocálcico• O horizonte petrocálcico é impermeável. Não existe

no Brasil.• O horizonte cálcico tende progressivamente a se

tornar obturado com carbonatos e cimentado, formando horizonte contínuo, endurecido, maciço, tornando-se petrocálcico.

• É um horizonte contínuo, resultante da consolidação e cimentação de um horizonte cálcico por carbonato de cálcio, ou em alguns locais, com carbonato de magnésio.

• Quando seco, não permite a penetração da pá ou do trado.

• Maciço ou de estrutura laminar, extremamente duro e firme quando seco e úmido, respectivamente. Os poros não capilares estão obstruídos e o horizonte não permite a penetração das raízes.

Horizonte glei

• Horizonte com condições de umidade excessiva por longo período, com mobilização do ferro, causando despigmentação do solo, o qual adquire cores acinzentadas, oliváceas ou azuladas.

• Horizonte da ordem dos Gleissolos.• Situam-se, geralmente, em planícies

aluviais.

• Subsuperficial ou eventualmente superficial, é caracterizado por redução de ferro e prevalência do estado reduzido, devido principalmente à água estagnada.

• Espessura de 15cm ou mais com menos de 15% de plintita.

• Horizonte fortemente influenciado pelo lençol freático e regime de umidade redutor.

• Pode ter mosqueados proeminentes, mas usualmente há uma trama de lineamentos ou bandas de croma baixo contornando os mosqueados.

GleissoloJandira-SPFoto de Déborah de Oliveira

Horizonte vértico • É um horizonte subsuperficial que, devido a

expansão e contração das argilas, apresenta feições pedológicas típicas, que são as superfícies de fricção (slickensides).

• Sua textura mais freqüente varia de argilosa a muito argilosa, com presença de argilas expansivas (esmectitas), com teores de argila superiores a 30%.

• Apresenta espessura mínima de 20cm.• Horizonte da ordem dos Vertissolos.• São solos muito suscetíveis a erosão.

VertissoloEtiópiaFoto de Déborah de Oliveira

• SÚMULA DE SUFIXOS APLICADOS AOS SÍMBOLOS DE HORIZONTES E CAMADAS PRINCIPAIS

• a – propriedades ândicas (vulcanoclásticas) Aa• b – horizonte enterrado Ab• c – concreções ou nódulos endurecidos Bc• d – acentuada decomposição de MO Od, Hd• e – escurecimento externo dos agregados por MO

Be• f – presença de plintita Bf, Cf• g – glei Bg, Cg• h – acumulação iluvial de MO Bh• i – desenvolvimento incipiente do Horizonte B Bi• j – tiomorfismo (permanente ou temporariamente

alagado – sulfídrico) Bj

• k – presença de carbonatos Ck• m – extremamente cimentado Bm• n – acumulação de sódio Bn• o – MO mal ou não decomposta Oo, Ho• p – Horizonte lavrado ou revolvido Ap• q – acumulação de sílica Bq, Cq• r – rocha branda ou saprólito Cr• s – acumulação iluvial de Fe e Al com MO Bs• t – acumulação de argila iluvial Bt• u – modificações antropogênicas

• v – características vérticas Bv• w – intenso intemperismo do Horizonte B

Bw• x – cimentação aparente que se desfaz

quando umedecido Bx• y – acumulação de sulfato de cálcio By• z – acumulação de sais mais solúveis que

sulfato de cálcio Bz

http://www.portalbrasil.net/brasil_solo.htm

Classificação brasileira anterior a 1999

Classificação brasileira posterior a 1999

Bibliografia básica• OLIVEIRA, J. B. Pedologia Aplicada, Piracicaba,

FEALQ, 2005.• http://intranet.iac.sp.gov.br/aulas/Pedologia/PaginadeAul

a.asp• http://www.daqbi.cefetpr.br/professores/mauricio/PEDOL

OGIA/Classificaçao1999%20EMBRAPA.pdf• http://www.pedologiafacil.com.br• OLIVEIRA, João Bertoldo. Evolução e estágio atual da

classificação de solos no Brasil. Palestra proferida no dia 07 de agosto, no XIII Congresso Latinoamericano de Ciência do Solo, Águas de Lindóia, SP.

• Angela Andreassa• Elisabeth Pugsley