Http Ead.almg.Gov.br Moodle File.php File= 124 Comentadores I

Embed Size (px)

Citation preview

  • Participao dos Comentadores

    Comentadores so ex-alunos selecionados das turmas anteriores do curso de Histria

    Poltica de Minas Gerais uma introduo crtica [turmas I a VI], e que se destacaram por

    sua participao e seu interesse nos assuntos. Foram convidados para escrever um breve

    texto para cada mdulo, complementando temas no abordados; bem como comentar as

    respostas dos alunos nos fruns de debate, em turmas posteriores.

    Mdulo I -

    Isalino Albergaria

    "A vida cultural na Amrica portuguesa tem seu ponto de maior destaque na regio das Minas

    Gerais, que rene a primeira sociedade urbanizada da colnia. Sua maior expresso conhecida

    como o barroco mineiro, uma forma peculiar da arte barroca, expressa sobretudo na arquitetura e na

    decorao de seus templos. Igrejas e capelas, mantidas pelas ordens terceiras (irmandades leigas

    que expressam devoes ligadas s diversas classes sociais e profissionais) , simbolicamente

    erguidas nos pontos de maior destaque da vila, compem o grande cenrio onde ecoaro a msica

    composta em Minas e a palavra dos oradores sacros.

    Se o barroco uma arte de feio popular e tardia (o neoclassicismo j era a voga nos grandes

    centros da Europa), a literatura mostra-se mais atualizada no estilo com o qual se expressa, pois o

    arcadismo praticado pelos poetas ligados Inconfidncia Mineira reflete uma erudio pertinente a

    uma elite branca, geralmente educada em Coimbra, derivada do gosto pelos poemas buclicos, de

    inspirao italiana, declamados nos seios das arcdias (confrarias ou academias de poetas).

    A msica e especialmente as artes plsticas, com nfase na escultura, so criadas por artistas

    mulatos e sem instruo formal, autodidatas ou que aprendem uns com os outros. Tal o caso de

    Aleijadinho, o principal artista dessa escola, tambm um arquiteto, que traz vrias inovaes em

    seus modelos construtivos, como o uso das curvas que movimentam as fachadas de seus templos.

    Mestio, filho de um portugus e de uma escrava.

  • Algumas obras literrias, como o poema "Vila Rica", de Cludio Manuel da Costa, e sobretudo as

    Cartas Chilenas, atribudas a Toms Antnio Gonzaga, tornaram-se tambm documentos histricos,

    narrando o surgimento de uma cidade ou as intrigas polticas que envolviam o ento governador

    da capitania."

    Isalino Albergaria graduado em Letras (UFMG) e Comunicao Social (PUC-MG), mestre em Editorao (Universidade Paris XIII) e doutor em Literaturas de Lngua Portuguesa (PUC-MG), escritor, sobretudo na rea infanto-juvenil, e professor de Literatura Brasileira na PUC-MG e de Design e Cultura na ps-graduao em Design de Ambientes no Unicentro Izabela Hendrix. Exerce atualmente o cargo de redator da Assembleia Legislativa, na Secretaria-Geral da Mesa. Foi aluno da primeira turma do curso HPMG.

  • Paulo Alves de Oliveira

    "Minas Gerais comeou a plantar as sementes de uma punjante economia agropastoril ainda no

    alvorecer de sua histria. O complexo minerador que se instalou por entre suas montanhas, que por

    muito tempo recebeu maior ateno dos historiadores, desenvolveu-se em paralelo com a

    necessidade de se produzir aqui mesmo o sustento da crescente massa de trabalhadores empregada

    na lavra. A auto-suficincia na produo de alimentos foi decisiva para o sucesso da minerao e

    para a sustentao da economia quando a extrao mineral comeou a declinar. A Europa de ento,

    grande mercado consumidor do acar brasileiro, era auto-suficiente na produo dos demais

    gneros alimentcios bsicos. E a carente infra-estrutura interna (estrutura de transporte precria,

    dada a escassez de caminhos para o ir-e-vir de produtos de primeira necessidade) tornava invivel a

    importao de alimentos. Estabeleceu-se, ento, progressivamente, na regio uma articulao entre

    as atividades agropastoris e comerciais. Relatos de 1711 do conta de que "/aqui h roas de milho,

    abboras e feijo que so as lavouras feitas pelos descobridores das minas e por outros, que por a

    querem voltar. E s disto contam aquelas e outras roas nos caminhos e paragens das minas, e,

    quando muito, tm de mais algumas batatas. Porm, em algumas delas, hoje acha-se criao de

    porcos domsticos, galinhas e franges, que vendem por alto preo aos passageiros, levantando-o

    tanto mais, quanto maior a necessidade dos que passam...". /(ANTONIL. Cultura e Opulncia do

    Brasil por suas drogas e minas, 1711)./ /

    Temos aqui uma agricultura de subsistncia que se mescla com produtos comercializveis

    internamente ("porcos, galinhas, franges"). A preocupao da Coroa em desenvolver na Colnia

    alternativa decadncia da produo do acar certamente foi outro impulso economia das Minas,

    a partir de 1770, j no perodo ps-pombalino. Vem desse tempo a introduo do fumo na Bahia, do

    arroz no Par e no Maranho.

    Sob essas novas luzes, a economia agrria se desenvolveu mesclando elementos culturais indgenas,

    africanos e da sociedade colonial, de forte influncia europeia, forjando desde cedo uma "cultura

    gastronmica" prpria. Destaquem-se as prticas de salga e de defumao; o uso da carne de porco

    e de frango, do toucinho, do fub, do inhame, da batata-doce e da mandioca, no apenas por se

    tratarem de produtos de preos mais acessveis, mas por expressarem as preferncias do nativo e do

    negro . A carne bovina e os cereais, mais caros, eram consumidos por poucos abastados.

    O emprego da agricultura familiar tambm fica marcado no texto acima. Enquanto a produo de

  • carne bovina demanda grandes extenses de pastagens e manejo de rebanho, o frango e o porco so

    criados nos arredores dos quintais, aos cuidados da mulher e dos filhos, geralmente numerosos.

    Mesma facilidade havia para o cultivo dos tubrculos. Vem desta nascente sociedade setecentista e

    da mistura das raas a semente da hoje festejada culinria mineira, fundada em pratos elaborados

    base de carnes de porco e de frango, de cereais (milho e arroz), de tubrculos (mandioca,batata-

    doce, e de leguminosas, representadas pelo feijo. Com esses ingredientes criaram-se verdadeiros

    cones da nossa culinria, tais como o tutu mineira, o feijo tropeiro, a canjiquinha com

    costelinha, o frango ao molho pardo, o torresmo, o leito pururuca, a feijoada e, mais ao norte, a

    carne de sol, alm de variadas tipos de quitandas (broa de milho, biscoito de polvilho) e de doces

    (goiabada-com-queijo que delcia!). Estamos falando de um processo em constante marcha (muito

    provavelmente, as quitandeiras dos tempos da minerao no imaginavam que o queijo de minas

    que ajudaram a desenvolver seria, um dia, acrescentado ao biscoito de polvilho para fazer nascer o

    mundialmente apreciado po-de-queijo, produto aperfeioado por uma famlia mineira na ltima

    dcada do Sculo XX).

    Essa mescla de cultura gastronmica (do europeu, do negro e do ndio) subiu montanhas e desceu a

    longnquos vales em lombo de mulas, nico meio de transporte possvel. Conduzindo tropas por

    longas jornadas, os tropeiros tornaram-se o elo entre as regies produtoras e os centros

    consumidores, interligando as diferentes regies do interior do territrio mineiro entre si e aos

    portos. Tornaram-se os responsveis at pela oscilao de preos, uma vez que por eles, e s por

    eles, os produtos vindos da coroa chegavam ao interior mineiro, e s no lombo de suas mulas era

    possvel fazer circularem os produtos comercializveis. Assim, impunham preos conforme a

    necessidade do fregus; ditavam moda. Responsabilizando-se pela comercializao, completavam,

    com a produo e o consumo, o trip do desenvolvimento econmico. Tornaram-se figuras

    folclricas, fontes de inspirao do cancioneiro popular na construo de obras musicais para a

    viola caipira mineira, e foram, por muito tempo, os responsveis pela integrao de Minas com o

    Brasil."

    Paulo Alves de Oliveira graduado em Medicina pela UFMG em 1993 e especialista em cardiologia pela Sociedade Brasileira de Cardiologia. funcionrio concursado da Assembleia Legislativa de Minas Gerais e trabalha no Servio Mdico. Participou da terceira turma do curso a distncia: "Histria Poltica de Minas Gerais - uma introduo crtica".

  • Carlos Frederico Gusman Pereira

    A educao no Brasil, em grande parte do perodo colonial, foi marcada pela atuao dos

    religiosos jesutas. A congregao, cujas regras foram aprovadas pelo papa Paulo III em 1540, teve

    como fundador o espanhol (basco) Incio de Loyola. Aps ser ferido em guerra contra os franceses,

    passa longo tempo em recuperao, o que lhe permitiu meditar sobe o sentido da existncia.

    Decidiu-se por dedicao integral vida religiosa, fundando, com alguns companheiros, a

    sociedade de Jesus.

    Marcada pelo combate reforma protestante e por extremado zelo na expanso do catolicismo, j

    em 1549 os primeiro jesutas, chefiados pelo pe. Manuel da Nbrega, chegavam ao Brasil,

    juntamente com o governador-geral Mem de S.

    Da, at meados do sculo XVIII, quando foram expulsos de Portugal e seus domnios, praticamente

    monopolizaram a instruo na Colnia.

    Sempre construam junto a locais onde se fixavam colgios (o de S. Paulo, em torno do qual surgiu

    a cidade, foi fundado por Anchieta em 1554), e l ministravam currculo definido pela Congregao

    para todas suas escolas - "ratio studiorum"-, com nfase nas humanidades clssicas e no preparo

    para o estudo da Teologia.

    Catequizavam ndios, ensinavam aos filhos de colonos, dirigiam seminrios (mesmo os no

    integrantes da Companhia de Jesus), e, indiretamente, influam nas casas-grandes, visto que vrias

    delas possuam capeles formados pelos jesutas. Dada a proibio de serem criadas universidades

    na Colnia, a elite local frequentava cursos superiores (principalmente medicina e direito)

    em Coimbra, cuja universidade era, desde 1555, dirigida pelos jesutas. Isto mostra que no perodo

    colonial, por mais de duzentos anos, aqueles religiosos dominaram todo o ciclo educacional, o que

    deixou marcas bastante profundas na formao cultural brasileira."

    Carlos Frederico Gusman Pereira, bacharel em Filosofia pela PUC/MG (1977) e em Direito, pela UFMG(1983); atualmente ocupa o cargo de Procurador da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (desde 1990) e de advogado de sindicatos de servidores pblicos federais (desde 1983). Foi aluno do curso HPMG na primeira turma.

  • Vera Lcia Ftima de Castro Assis

    O marco mais divulgado pela histria para o incio da imprensa no Brasil a Imprensa Rgia, que

    surge com a chegada da Famlia Real ao Brasil. D. Joo VI assina a Carta Rgia abrindo os portos

    brasileiros s naes amigas e cria tambm o jornal oficial da Corte. No dia 10 de setembro de 1808

    foi publicado o primeiro jornal brasileiro oficial: A Gazeta do Rio de Janeiro, com notcias sobre

    Europa, documentos oficiais e, naturalmente, apresentando um vis poltico fortemente favorvel

    Coroa e aos interesses diretos da Famlia Real. Contudo, desde essa poca a incipiente imprensa

    brasileira j conhecia a disputa pela informao entre jornais ideologicamente antagnicos, pois

    circulavam tambm peridicos no oficiais como o O Correio Brasiliense ou Armazm

    literrio, editado em Londres por Hiplito Jos da Costa Pereira Furtado de Mendona e

    contrabandeado para o Brasil; era vendido em territrio brasileiro com periodicidade mensal,

    apresentava, em mdia, mais de 100 pginas e pregava a libertao do Brasil dos domnios de

    Portugal.

    H indcios, porm, de impressos anteriores vinda da Famlia Real portuguesa. Em 1706 a

    metrpole determinou o fechamento de uma tipografia instalada na cidade do Recife. Depois, em

    1747, no Rio de Janeiro, a partir das atividades tipogrficas e de edio iniciadas por Antnio

    Isidoro da Fonseca, a Corte expediu uma Resoluo do Conselho Ultramarino e uma Ordem Rgia,

    mandando fazer o sequestro de todas as letras de imprensa que fossem encontradas no Brasil

    provincial. Mais tarde (1807), na provncia de Minas Gerais, em Vila Rica, foi publicado um

    opsculo de 18 pginas, trabalho atribudo ao padre Jos Joaquim Viegas de Menezes que, na

    opinio de alguns historiadores, seria um dos pioneiros da imprensa brasileira. Nesse cenrio figura

    ainda o naturalista mineiro Frei Jos Mariano da Conceio Veloso, que aps levar para publicar em

    Portugal os originais de sua obra Flora Fluminensis , o que no chegou a conseguir, tornou-se um

    grande editor frente da Casa Literria do Arco do Cego, em Lisboa."

    Vera Lcia trabalha na Assembleia Legislativa de Minas, na Gerncia de Relaes Pblicas. Foi aluna do curso

    HPMG, na primeira turma.