A HISTRIA DO CONTRABAIXO por: Binno Finger (boyn@ieg.com.br) (edio e pdf by moog)

PARTE 1

VIOLONE

Os ancestrais ou parentes mais prximos de vrios dos instrumentos musicais de hoje podem ser traados com certa preciso. J para os instrumentos de arco, como o violino ou o violoncelo, so muitas as dificuldades em se estabelecer quando eles apareceram. O contrabaixo e outros instrumentos com este tipo de funo tambm encontram-se neste caso. As origens do contrabaixo remontam cinzenta Idade Mdia. Descendente de uma famlia chamada "Violas" e que se dividia em dois grupos: violas de brao e violas de perna , o contrabaixo hoje o herdeiro maior e de som mais grave deste segundo grupo. Porm, o caminho que foi percorrido para se chegar at a ele nem sempre fcil e seguro de ser traado.

Por volta do ano 1200, o nome Gige era usado para denominar tanto a rabeca (instrumento de origem rabe com formato parecido com o alade) como o "Guitar-fiddle" (espcie de violo com formato parecido com o do violino). Na Alemanha, naquela poca, quase todos os instrumentos tocados com arco eram chamados pelo nome de Gige. Havia o pequeno Gige e o grande Gige. A msica que era executada nesta poca era bastante simples. As composies situavam-se dentro de um registro bastante limitado e, no que tange a harmonia, as partes restringiam-se a 2 ou 3 vozes. Era muito comum os instrumentos e vozes dobrarem as partes em unssono.

VIOLA DA GAMBA (BASS) Com o desenvolvimento de novos estudos harmnicos, o nmero de partes foi se expandindo para quatro. Em 1450, aproximadamente, comeou-se a usar o registro de baixo, que at ento no era considerado. Com esta nova tendncia para os registros mais graves, os msicos precisavam de instrumentos especiais capazes de reproduzir ou fazer soar as partes desta regio. A soluo encontrada pelos construtores na poca (luthiers) foi simplesmente reconstruir os instrumentos existentes, s que em escala maior, aumentando-lhe o tamanho, mas sem trocar a forma ou a construo desses novos instrumentos. Verificamos a que a evoluo tcnica e artstica de qualquer instrumento est imprescindivelmente ligada histria da msica. Assim, a evoluo no nmero de partes da harmonia trouxe a necessidade de se criar outros instrumentos que desempenhassem satisfatoriamente aquela nova funo.

1

Muitas pedras rolaram at que um instrumento que reunisse as qualidades necessrias para a reproduo dos graves surgisse do meio de muitas tentativas. Historiadores narram que no ano de 1493 alguns msicos espanhis, ao visitarem a Itlia, ficaram maravilhados ao verem violas to grandes. Na Itlia, as violas tinham 3 tamanhos: a viola da gamba aguda, a tenor e a viola baixa. No fim do sculo XVI, a famlia chegou ao nmero de seis membros com a adio da pequeno baixo da Gamba , grande baixo da Gamba e Sub-Baixo da Gamba. Houve uma considervel experimentao com relao s violas. Algumas chegaram a ter corpos de tamanhos fantsticos, umas outras com vrios formatos e tamanhos.

CONTRABASS (GIGANTE)

O ancestral mais prximo do Contrabaixo foi o Violone. Esse nome que freqentemente encontrado referindo-se ao contrabaixo, originalmente aplicava-se a qualquer dos instrumentos da famlia das violas, fosse ele grande ou pequeno. No incio do sculo XVII, o Violone tornou-se o nome que designava o maior de todos: a Viola Contrabaixo. Durante mito tempo, assim ele foi chamado e somente aps a segunda metade do sculo XVIII o nome do contrabaixo separou-se do violone. O famoso compositor J.S. Bach sofreu muito na poca por causa da insuficincia dos contrabaixistas do seu tempo. De acordo com registros histricos, at o ano de 1730 no foi encontrada nenhuma referncia do instrumento j atuando em Orquestras.

VIOLONE BASS A partir da Segunda metade do sculo XVIII, com sua estrutura praticamente definida, o contrabaixo passou a integrar as mais diferentes formaes musicais, como orquestras, Big Bands e pequenos grupos de jazz (ragtime, dixland, Swing, Blues etc...). No incio dos anos 50, Clarence Leo Fender, perito em eletrnica de rdios e criador da guitarra eltrica que levava seu nome, observou que o contrabaixo acstico apresentava alguns inconvenientes para pequenas formaes musicais, como seu tamanho e a sua baixa sonoridade (em comparao com a guitarra eltrica), o que obrigava os contrabaixistas da poca a colocarem microfones para uma maior amplificao do instrumento. Sob este prisma, Leo Fender, em 1951, construiu o primeiro contrabaixo eltrico da histria, usado pela primeira vez na banda de Bob Guildemann (blues e rock) tendo como nome a designao Precision Bass.

2

PARTE 2 O PAI DO BAIXO ELTRICO

CLARENCE LEO FENDER. Este novo instrumento foi e ainda conhecido como FENDER BASS. Foi uma idia de Leo oferecer aos msicos da poca um instrumento preciso e leve, como as guitarras. Sua sonoridade mudou em definitivo a concepo de msica em nosso mundo. (THE FENDER BOOK)

Depois de haver inventado, literalmente, a guitarra eltrica com corpo slido em sua oficina de rdio em 1947, Clarence Leo Fender, com seu pequeno time de auxiliares, comeou a conceber, na primeira metade de 1949, um instrumento entre a guitarra eltrica e o grande contrabaixo acstico, utilizado, desde ento, por todos os msicos da poca. No somente Fender, como todos os demais baixistas da poca, achavam o baixo acstico, alm de grande e incmodo (em caso de transporte), deficiente em nvel de expanso sonora (apesar de tentativa de amplificar seu sinal mediante a utilizao de microfones e captadores "especiais", os resultados obtidos eram sofrveis...). Leo, alm de um profissional extremamente competente, estava sempre em contato com msicos na poca, integrando-se, portanto, a suas necessidades, entre as quais, a construo de um instrumento que pudesse substituir o acstico, gerando ainda uma maior expanso sonora. Leo Fender: - "O primeiro corpo slido destinado a ser um instrumento musical foi construdo em 1943. Nesta poca, eu tinha a patente dos sistemas de captadores. Sendo assim, neste perodo, eu no estava particularmente interessado em sons musicais e sim em captadores!! A amplificao de qualquer sinal me fascinava!!.... O baixo fender foi o prximo passo da evoluo aps a guitarra eltrica. Foi uma idia que se tornou uma obsesso..." - ..."Nesta poca, no existia cordas de contrabaixo ainda. Sendo assim, nos utilizamos de cordas especficas para o contrabaixo acstico. Tivemos que cort-las e adapt-las em nosso projeto. Revestimos as cordas em uma fina liga de ao permitindo assim que o sinal fosse magnetizado pelo im do sistema de captadores que tnhamos inventado. Mais tarde, iniciamos a fabricao de cordas especficas para nosso novo instrumento..." ..." O principal objetivo de iniciarmos este projeto foi comodidade! Queramos um instrumento que o contrabaixista pudesse obter uma maior sonoridade, que fosse confortvel de ser tocado e que coubesse no porta-malas de um carro!... Muitos amigos nossos diziam na poca: "Leo est completamente louco... Ele nunca vai conseguir vender isto!!... Mas eu tinha uma viso... Estes msicos precisavam de um novo instrumento... E eu iria faz-lo!!..." ..." O primeiro modelo foi construdo no final dos anos 50. Muitos dos msicos quiseram experimentar o primeiro prottipo. Todos tocavam guitarra e no conseguiram entender como executar este estranho instrumento. Um fato curioso tambm era que os guitarristas, acostumados com a tcnica de execuo de seu instrumento, no tinham a mnima idia de como criar "moldes rtmicos" no contrabaixo eltrico, uma vez que todos nunca "ouviram", com a devida ateno, as estruturas rtmicas criadas nas msicas executadas no perodo. No se esqueam: todos eram guitarristas. Muitos dos baixistas acsticos da poca solenemente desprezaram o novo instrumento, alegando dificuldade de execuo, bem como uma "sonoridade falsa" em comparao ao grande acstico.

3

As cordas eram afinadas de acordo com os moldes atuais, ou seja, E A D G. Assim sendo, quando se iniciaram as primeiras incurses do novo instrumento dentro do cenrio artstico mundial, ele se limitava simplesmente a repetir o que a guitarra tocava, somente uma oitava abaixo. O grande trunfo deste novo instrumento era, alm do tamanho e maior qualidade sonora resultante, o fato de ter um brao mais curto que o similar acstico, alm de possuir trastes, o que facilitava sobremaneira a execuo do mesmo. Foi desta forma que Leo Fender, em uma chuvosa tarde de dezembro de 1951, batizou seu novo invento: ... Sim, um instrumento que seja diferente do acstico... Que possua trastes para uma execuo "precisa"... isto mesmo: Um "Precision Bass..." O resto histria...

PARTE 3 Fender Precision Bass... O mundo conheceu um novo instrumento

O PRIMEIRO CONTRABAIXO FABRICADO NO MUNDO. LEVE, FCIL DE TOCAR E PRINCIPALMENTE DE SER TRANSPORTADO (AO CONTRRIO DOS GRANDES BAIXOS ACSTICOS), BASEADO NO DESIGN DA GUITARRA TELECASTER. A FOTO MOSTRA UM DOS PRIMEIROS EXEMPLARES. O CORPO FOI CONSTRUDO EM OUTUBRO DE 1950 E O BRAO EM NOVEMBRO DE 1951. (THE BASS BOOK) O famoso Fender Precision, com um nico captador, foi o primeiro contrabaixo eltrico a ser colocado venda no mercado americano. O ano: 1951. Preo: US$ 195.50. Mas o lendrio Precision Bass, vendido atualmente, um pouco diferente do modelo 51, j que a Fender mudou o desenho do corpo em 1954. O P-bass, como carinhosamente chamado, tambm soa um pouco diferente do modelo pioneiro, graas ao captador de bobinas separadas que foi instalado em 1957. Claro que seu preo, igualmente, sofreu alteraes: um Fender Precision, modelo 57, Vintage Series, est atualmente cotado em US$ 1.900,00 (instrumento em bom estado de conservao). Fora esta alterao, a estrutura bsica do instrumento continua a mesma h 46 anos! Isto algo incrvel! Afinal, nenhuma montadora de automveis coloca venda carros modelos 1957!

bvio que o contrabaixo sofreu algumas modificaes ao longo deste tempo todo, sendo as mais importantes os instrumentos construdos em modulus grafite e fibra de vidro, desenvolvidos por Ned Steinberger. Contudo, desde o Precision, a maioria dos baixos quase no tm sofrido modificaes eletrnicas que aprimorem o pioneiro trabalho de Leo Fender. Enquanto os amplificadores se tornavam mais eficientes e a inveno de Fender se difundia entre os msicos, o som do Precision, grave e

4

pesado, passou a no corresponder totalmente para alguns contrabaixistas da poca. "Faltam agudos ao Precision" diziam. Assim, o prximo passo lgico na evoluo do contrabaixo eltrico foi oferecer uma maior resposta s freqncias altas. Dois novos modelos surgiram. O primeiro foi Fender Jazz Bass, que nasceu em 1960. O segundo foi o Rickenbacker 4001, lanado logo depois. Ambos utilizavam dois captadores ao invs de um s e a idia era dar ao baixista a opo de criar o seu prprio timbre atravs da mistura dos dois captadores (um para os graves, outro para os agudos). No por coincidncia, o Jazz Bass e o 4001 possuam braos mais estreitos que o Precision Bass. Nem o Fender Jazz, nem o Rickenbacker 4001 agradaram completamente. Mesmo no possuindo uma boa resposta para as freqncias altas, o Precision, pelo menos, tinha um som contnuo e encorpado. Os baixos com captadores duplos, por contraste, soavam ricos em todas as freqncias, mas tendiam para certa falta de caracterstica e de peso nos timbres mdios. Muitos baixistas, entretanto, tiraram proveito desse som, com destaque para Larry Graham (Sly & the Family Stone) e seus "slaps" com o Jazz Bass e Chris Squire (Yes) com o seu Rickenbacker. Quando a Companhia Alembic comeou a construir guitarras e contrabaixos em 1968, seus engenheiros empregaram circuitos ativos que selecionavam ou filtravam certas freqncias antes do sinal partir para o amplificador. Em meados dos anos 70, as pirotecnias, de Stanley Clarke, com seu baixo Alembic, causaram sensao entre os baixistas da poca, consolidando a utilizao dos circuitos ativos em todo o mundo. Depois de vender sua companhia para a CBS, Leo Fender ajudou a desenvolver, no comeo da dcada de 70, outra lenda: o contrabaixo Music Man. Mais tarde, Leo Fender fundou a G&L, cuja estrela da linha de baixos com circuitos ativos foi o interceptor, cheio de graves e bem educados agudos. Contrabaixos com circuito ativo no necessitam ter mais botes do que o amplificador, mas s vezes as fbricas ficam mais interessadas no visual do que propriamente no aspecto funcional do instrumento. Tudo no passa de tentativas de refinar o conceito do baixo eltrico, isto , do pioneiro Precision. Basta folhearmos qualquer revista estrangeira de msica para depararmos com toda sorte de coisas. Dos ousados Steinberger ao Clevinger, um baixo de brao duplo. Tambm poderemos nos deparar com baixos de 8 cordas. Este instrumento, que possui mais 4 cordas afinadas, 2 oitavas acima da afinao normal, foi fabricado em 1963. No entanto, no foi aceito pelos contrabaixistas da poca, em virtude de seu peso excessivo, problemas de afinao e brao muito grosso. Alguns modelos surgiram com razovel aceitao, como os instrumentos fabricados pela B.C.Rich, com um desenho contemporneo e um brao inteirio que atravessa o corpo. Outros bons baixos de oito cordas so os fabricados pela Hammer e Kramer. Um novo salto da evoluo surgiu com os contrabaixos Kubicki Ex Factor, fabricados por Philip Kubicki em Santa Brbara, Califrnia. Seu projeto custou 18 meses de trabalho e tudo foi pensado ergometricamente: peso total, centro de gravidade, desenho do corpo... Tudo foi planejado para proporcionar maior comodidade ao contrabaixista. Os circuitos eletrnicos do Ex Factor possuem sete funes separadas, controladas por dois botes e um seletor rotatrio. Um outro fator interessante de sua construo so os dois trastes adicionais na corda E (Mi bemol e R), abrindo, na poca, novas fronteiras para os msicos.

5

O Kubicki Ex Factor pode ser ouvido e admirado nos trabalhos em vdeo do contrabaixista Stuart Hamm, onde so obtidas grandes variedades de sonoridades e timbres, mediante a utilizao das tcnicas de Slap e Tapping. Em 1982, atravs do visionrio Joe Zoon, foi criada a Zoon Guitars and Bass. Atualmente, o modelo "State of the Art" o Zoon Hyperbass fretless, desenvolvido para ser utilizado pelo maior contrabaixista da atualidade: Michael Manring. Este instrumento excepcional possui dispositivos Hipshot em cada tarracha para reafinao instantnea em qualquer tom, ponte com microafinao em dois nveis de ajuste para at dois tons, alm de sada estreo com plug de oito pinos (dois para cada corda) e brao inteirio feito em grafite e fibra de carbono (no existem tensores este tipo de brao no sofre oscilaes como os demais instrumentos). Preo? US% 9.000...

PARTE 4

Fender: O incio da Lenda...

FENDER PRECISION 57: AS MODIFICAES INTRODUZIDAS NESTE MODELO SO SIGNIFICATIVAS. A CAPTAO FOI MODIFICADA COM A INTRODUO DE 2 MODELOS SINGLE-COIL (SUBSTITUINDO OS HUMBUCKING DO MODELO ANTERIOR. O PICKGUARD SOFREU ALTERAES COM A RETIRADA DO ESCUDO DE ABAFAMENTO. CORPO E BRAO CONSTRUDO EM MAPLE. (THE BASS BOOK) No final dos anos 40, a amplificao j desempenhava um papel dominante na msica popular americana. Amplificadores, PAS, captadores e a guitarra Fender Telecaster eram os elementos principais de uma tendncia rumo msica em um volume mais alto. Alguns contrabaixistas limitados a enormes baixos acsticos instalaram captadores, usando amplificadores adaptados para esse fim. Outros seguiam o exemplo de Les Paul, ou seja, tocando seqncias de baixos nos bordes das guitarras eltricas.

6

FENDER PRECISION 63

ESTE MODELO INTRODUZ O PAU ROSA NA ESCALA. A PARTIR DESTA DATA, LEO INICIA A PRODUO DE BAIXO COM DIFERENTES CORES, QUE ERAM BASEADAS NOS AUTOMVEIS FABRICADOS PELA DUPONT. ESTE INSTRUMENTO FOI CONSTRUDO EM "PLACID BLUE", COR TPICA DO INCIO DOS ANOS 60. (THE BASS BOOK) O primeiro a aparecer com a idia de um contrabaixo eltrico foi o inventor Clarence Leo Fender. Consciente do problema que os contrabaixistas enfrentavam, Fender comeou, em 1950, a trabalhar num prottipo de um contrabaixo eltrico. Ele acreditava que, tornando o contrabaixo um instrumento tocado como a guitarra, ou seja, sustentado por uma correia pendurada, poderia haver uma enorme facilidade no apenas em nvel ergonmico, como tambm com relao ao transporte do mesmo. O primeiro baixo macio de Leo Fender o Fender Precision entrou em produo em 1951. Em apenas dois anos o instrumento havia se transformado num grande sucesso. O nome "Precision" havia sido escolhido porque o contrabaixo possua trastes na escala ao contrrio do grande instrumento acstico -, permitindo que as notas fossem obtidas com "preciso". Os primeiros Precision tinham um captador simples e controles de volume e timbre. A partir de 1956, o captador foi dividido em duas metades desalinhadas (single coil), tendo como finalidade minimizar a perda de sinal das cordas, bem como evitar, conforme a regio que o contrabaixista executava as notas, que o "ataque" em excesso prejudicasse a sonoridade final do instrumento.

7

EPIPHONE RIVOLI 60 A COMPANHIA EPIPHONE, SITUADA EM NOVA YORK, ERA UMA SUBSIDIRIA DA GIBSON INGLESA. ESTE MODELO FOI CONSTRUIDO EM 1959, VIRTUALMENTE IDNTICO AO MODELO GIBSON EB-2. ACSTICO, DE GRANDE SONORIDADE, TEVE SEUS SISTEMAS HUMBUCKING DE CAPTAO SUBSTITUDOS POR MODELOS SINGLE-COILS EM 1970. (THE BASS BOOK)

Precision Bass Durante os primeiros anos de produo, o desenho do Precision era muito parecido com o design das guitarras Telecaster, como nos modelos construdos em 1953. Em 1954, o corpo foi redesenhado para se parecer mais com a Stratocaster. Desde ento, a forma no foi mais mudada. No entanto, em 1968, a Fender lanou o baixo Telecaster, uma rplica quase exata do Precision Bass antes de 1954. As fotos deste instrumento, infelizmente, so muito raras.

Fender Jazz Bass O jazz bass foi lanado em 1960, como alternativa de dois captadores para o Precision. O instrumento ilustrado um dos primeiros modelos desse tipo; os marcadores de posio so ainda circulares (mais tarde viriam a ser substitudos por retngulos). O Jazz Bass tem o mesmo comprimento da escala que o Precision, mas o brao mais estreito na pestana. Muitos baixistas julgam que isso melhora um pouco a tocabilidade do instrumento.

Fender Bass VI Este um baixo de 6 cordas, afinado uma oitava abaixo da guitarra. Introduzido em 1962, tinha trs captadores de bobina simples e alavanca de trmolo. A forma do corpo e a disposio dos controles eram semelhantes s da guitarra Fender Jaguar. No entanto, o Bass VI nunca foi muito popular. A Fender deixou de produzi-lo no incio dos anos 70.

Baixos Gibson A resposta da Gibson ao Fender Precision apareceu em 1953. Foi chamado EB-1, mas a cpia que a Hofner fez dele, o modelo usado por Paul McCartney no comeo dos Beatles tornou-se conhecido como "baixo violino". Em 1958, a Gibson lanou o EB-2, verso e contrabaixo da guitarra ES-335. Em 1960 surgiram os modelos de baixos EB-0 e EB-3, com o novo corpo. Em formato SG (solid guitar) com recorte duplo, em forma de chifre. O EB-0 tinha um captador humbucking; o EB-3, dois deles. Quando, em 1963, a Gibson lanou suas Firebird, apareceu o baixo equivalente, o Thunderbird.

8

EB-1 O famoso corpo em forma de violino era feito de mogno slido. Na verdade, o corpo no oco; os orifcios "F" so falsos, simplesmente pintados sobre o tampo.

RICKENBAKER 4001S 1964 O BAIXO DESTA FOTO PERTENCE A PAUL MCCARTNEY (CONSTRUDO PARA CANHOTOS). FOI DADO A ELE DURANTE A EXCURSO DOS BEATLES PELA AMRICA NO MEIO DOS ANOS 60. PAUL O USOU EM DIVERSAS GRAVAES, NO APENAS COM OS BEATLES, COMO TAMBM NO GRUPO WINGS. ESTE MODELO UMA VERSO AMERICANA DO ORIGINAL. (THE BASS BOOK)

Baixos Rickenbaker A Rickenbaker se destaca como sendo quase to importante quanto a Fender no desenvolvimento do contrabaixo eltrico. Seu primeiro baixo, o 4000, foi lanado no final dos anos 50. Alguns anos mais tarde, juntaram-se a ele os modelos 4001, 4002 e 4003. Estes novos modelos possuam, alm das caractersticas do modelo 4000, sadas em estreo (uma verdadeira revoluo na poca!!). Quer ouvir sua poderosa sonoridade? Oua os primeiros discos da Banda Yes (Yes Album, Fragile e Close to the Edge) e voc ir saber o porque do assombro do mundo contrabaixstico quando os lendrios Rickenbaker iniciaram sua trajetria dentro da msica...

Baixos Alembic

Durante os anos 70, a Alembic estabeleceu-se como um dos principais fabricantes de baixos eltricos. Essa empresa foi uma das primeiras a introduzir pr-amplificadores e eletrnica "ativa" em seus instrumentos. So instrumentos de alto valor monetrio em virtude dos mesmos serem fabricados artesanalmente, obedecendo as especificaes tcnicas mais rigorosas, alm de serem usados, em sua fabricao, os melhores materiais e componentes disponveis. Alm da introduo dos circuitos ativos, a Alembic revolucionou tambm com relao aos componentes, como led luminosos em forma de diodos embutidos lateralmente no brao dos instrumentos.

BAIXOS FENDER: O prximo passo: MUSICMAN e G&L... Em 1965, ao vender sua empresa para a CBS, Leo Fender estabeleceu a continuao de seus trabalhos na mesma, pelo perodo de 5 anos, como um consultor especial no departamento de Pesquisas e Desenvolvimento. No entanto, Clarence era conhecido por sua obstinao e sua fora de vontade de realizar novos projetos. Assim sendo, ele continuou, apesar de trabalhar na CBS, a desenvolver novos projetos pessoais.

9

Juntamente com George Fullerton, um outro veterano da antiga Fender, Clarence fundou um novo escritrio de consultoria com o nome "CLF Research", na qual, rapidamente, foram adicionados mais dois novos membros: Tom Walker e Forrest White, especialistas em amplificao para instrumentos.

Quando Tom decidiu, em 1972, criar a MusicMan, cujo objetivo era propor novas fronteiras para o contrabaixo eltrico, imediatamente pensou que haveria somente um homem para tocar para frente tal projeto: Clarence Leo Fender!

A MusicMan, sem sombra de dvidas, estava destinada a continuar o esprito pioneiro anterior "fase CBS". A publicidade da nova empresa enfatizava no apenas a nova construo como tambm as novas matizes de sonoridades, obtidas com o revolucionrio circuito integrado, possibilitando uma nova gama de novos timbres, inexistentes nos modelos Fender.

O advento de novas guitarras e baixos, que apesar de serem construdos com novas tecnologias, conservavam a "grande tradio" dos instrumentos fabricados no passado.

A CLF Research e a MusicMan produziram instrumentos at o final dos anos 80. No vero deste ano, foi criada uma nova empresa com o nome "G&L" (as iniciais dos nomes George e Leo), juntamente com Dale Hyatt. Iniciaram a produo de novos modelos de contrabaixo.

Clarence Leo Fender faleceu em 1991. No entanto, os demais scios ainda continuam na G&L, sendo que o design destes instrumentos ainda conservam a lendria estrutura criada por Leo Fender atravs de modelos como o "Stingray"e "Sabre", bem como os modelos LSB-2 L-1000, 2000, El Toro e Interceptor.

10

PARTE 5 Evoluo...

GIBSON LES PAUL BASS 1970 ESTE INSTRUMENTO, ORIGINADO DA GUITARRA LES PAUL, FOI DESENHADO PARA SUBSTITUIR O MODELO TRUMPH BASS. ASSIM COMO MUITOS CONSTRUTORES DE INSTRUMENTOS, A GIBSON TENDE A SEGUIR NA FABRICAO DE CONTRABAIXOS APROVEITANDO OS DESIGNS DAS GUITARRAS ELTRICAS. (THE BASS BOOK) Dos grandes baixos acsticos utilizados na msica erudita e no jazz, aos versteis modelos atuais de baixos eltricos, j se vo quase 50 anos! Parece muito, mas no ! Principalmente porque a grande evoluo desses instrumentos vem acontecendo apenas de 15 anos para c. Na realidade, muitos msicos e luthiers apostam que os passos mais recentes no desenvolvimento da tecnologia dos instrumentos eltricos e em maneiras novas de tocar, tem surgido atravs do baixo.

11

STENBERGER XM2 C 1989 ESTE INSTRUMENTO FOI DESENHADO PELO CONSTRUTOR ROGER GIFFIN E PELO BAIXISTA MIKE RUTHERFORD, DO GRUPO GENESIS, QUE PROCURARAM SEGUIR OS PADRES ESTRUTURAIS CARACTERSTICOS DOS STENBERGER, OU SEJA, CORPOS MENORES COM DESING REVOLUCIONRIO. O MECANISMO DE AFINAO SE SITUA ACOPLADO PONTE. (THE BASS BOOK) Comparado guitarra, o sentido inverso: enquanto muitos guitarristas promovem um revival de modelos de 30 anos atrs, os baixistas justamente agora comeam a explorar o instrumento de maneira mais ampla e em todos os sentidos, como novas formas de tcnicas de execuo, em amplificao, na construo de modelos mais avanados e com novos recursos (5, 6, 7, 8, 10, 12 e 16 cordas!), bem como no uso de efeitos para incrementar o som do instrumento. E apesar de todo o progresso, parece que ainda h muito a ser feito!

ZON HYPERBASS 1994 O CONSTRUTOR CALIFORNIANO JOE ZON TORNOU-SE UM ESPECIALISTA EM BRAOS CONSTRUDOS EM GRAFITE. ESTE EXTRAORDINRIO INSTRUMENTO FOI DESENVOLVIDO EM CONJUNTO COM O BAIXISTA AMERICANO MICHAEL MANRING E OFERECE POSSIBILIDADES ILIMITADAS COM RELAO OBTENO DE NOVAS SONORIDADES NO BAIXO ELTRICO. (THE BASS BOOK) A transformao do contrabaixo acompanhou a eletrificao das guitarras. No se poderia eletrificar o baixo acstico, por sua prpria mecnica, seu tamanho, sua tcnica e dificuldade de transporte. Ento, a partir dos anos 50 foram surgindo os modelos eltricos parecidos com os atuais. Foi nos anos 50 que surgiram dois dos modelos clssicos de maior sucesso e muito procurados at hoje: Fender Precision e Jazz Bass. Outras marcas famosas na poca eram os Rickenbacker, Hofner, Ephiphone, Gretsche e Gibson - nomes que atravessaram as dcadas seguintes, chegando at hoje com razovel sucesso. A marca registrada destes instrumentos a construo cuidadosa, pesada e forte, propiciando a esses instrumentos um som caracterstico e que marcou poca. So instrumentos que refletem muito bem a evoluo de muitos estilos

12

ligados a eles. E, por isso, possuem um preciosismo procurado por muitos msicos. Fundamental na evoluo do instrumento foi que, em algum ponto da dcada de 70, luthiers americanos comearam importantes inovaes na construo dos baixos eltricos como a introduo de novos tipos de captadores (eletrnica ativa) desenvolvidos pela Alembic e utilizados por msicos como Stanley Clarke, Larry Grahan e Alphonso Johnson. Chegamos era dos instrumentos mais leves, de design arrojado, com construo mais elaborada (na escolha de madeiras e ferragens) e com a parte eltrica bem mais sofisticada, sendo que esta tendncia at hoje uma constante na fabricao dos instrumentos atuais. Marcas como Ibanez, Yamaha, Steinberger, Aria Pro, Fodera e Zon passaram, ento, a dominar a cena mundial de contrabaixos eltricos. Mas vale lembrar que, entre msicos profissionais, a preferncia ainda recai sobre o trabalho elaborado pelos luthiers entre os quais destaco o trabalho da CAST High Performance, criado pelo luthier Josino, onde so elaborados seguramente um dos melhores baixos do mundo! As madeiras mais usadas para construo de baixos so cedro, maple canadense, mogno, choupo, freixo, brumixava, jacarand, pau-rosa, marfim e grafite (mais atual). Na escolha das madeiras, segundo os luthiers, deve-se levar em considerao no apenas a sonoridade que se procura dar ao instrumento (algumas madeiras propiciam maior peso e sustain ao contrabaixo, enquanto outras propiciam instrumentos mais leves). O ideal que cada fabricante procure um ponto comum entre dois fatores: sonoridade e peso. Se o instrumento for muito pesado, pode haver problemas de ordem fsica para o msico (dor nas costas, por exemplo). Sendo assim, em um projeto de novo instrumento, a primeira coisa a fazer escolher o desenho bsico do contrabaixo (sua silhueta), visando uma maior comodidade ergonmica para o contrabaixista. Muitos msicos atuais, atravs das empresas de instrumentos, criam novos modelos com base em dados fornecidos pelos prprios msicos como o Hyperbass Michael Manrings signature, fabricado pelo Zon Instruments atravs de consultoria efetuada pelo prprio Michael Manring. Outros detalhes importantes so o formato do brao (para torn-lo anatmico), o tamanho da escala (para facilitar a execuo) e a opo entre o corpo e brao inteirio (formando uma s pea) ou separados (o brao colado ou parafusado ao corpo do instrumento). Essa escolha depende da finalidade. O brao inteirio tem mais sustain, porque a ressonncia das notas ir se repercutir atravs de todo o contrabaixo, sendo esta a tendncia atual. Nas ferragens e principalmente na parte eltrica onde tem surgido as maiores inovaes no baixo. Muitos modelos novos usam sistemas de microafinao e trazem novidades funcionais em tarraxas e pontes. Seguir os lanamentos de captadores e sistemas de controle de tonalidade tem se tornado virtualmente impossvel! Uma das maiores polmicas dos ltimos anos, por exemplo, tem sido em torno dos sistemas ativo e passivo de captao. A captao passiva tem problemas inerentes prpria construo do captador, como rudos, por exemplo. Os ativos tem resultados finais muito melhores neste sentido. Trabalham o som dentro de um espectro de tonalidade, mas voc sempre pode usar um equalizador paramtrico para ajustar a timbrarem de acordo com suas preferncias.

13

H, no entanto, quem critique os sistemas ativos justamente pela sua extrema preciso. Nesse sistema, o sinal que est sendo captado pela bobina processado com o auxlio de uma bateria de 9 volts. Essa placa tem um noise gate que filtra e comprime o som, contendo circuitos para controle de volume e equalizao. O som expandido muito mais "limpo", mas pode inviabilizar seu uso pelos rockers, porque os instrumentos ficam com um som muito "igual", ou seja, sem a saturao e harmnicos necessrios para a realizao deste tipo de estilo. Concluso: na escolha do circuito (ativo ou passivo), deve pesar fundamentalmente a finalidade musical e o gosto timbrstico. No intuito de procurar agradar a todas as tendncias, a Fender patenteou, em 1990, um sistema interessante, o Fender-lace. A idia captar, atravs de sensores mltiplos colocados nos captadores, toda a ressonncia do instrumento (madeira e cordas), e no apenas atravs da vibrao das cordas, como nos sistemas comuns. O resultado pode ser medido por um ganho de volume e maior fidelidade timbragem original do baixo. Para muitos profissionais, o contrabaixo eltrico um instrumento crtico, exigente e complicado em se tratando de montagem timbrstica, bem como na amplificao de seu som. A construo do instrumento, tipo de madeira e captao escolhida, tudo deve ser levado em considerao quando a expanso sonora ou a gravao se tornar necessria. No palco, por exemplo, o contrabaixo necessita de trs vias independentes de equalizao para graves, mdios e agudos, com caixas separadas. Esse sistema de equalizao fundamental, pois ao equalizar o instrumento voc poder perder freqncias em detrimento de outras, comprometendo o resultado final. Devido a essas exigncias, houve um salto impressionante na qualidade dos amplificadores para baixo ao contrrio de 30 anos atrs, quando baixistas sofriam ao usar aparelhos no exatamente desenvolvidos para o instrumento. Os principais problemas estruturais atualmente so os trastes (contorno irregular, construo no plana (ocasionando trasteamento), empenamento de brao, oitavas desreguladas, rudos (motivados por problemas no circuito terra, potencimetros ou captadores defeituosos). Para manuteno de seu instrumento, recomendo limpeza constante com um pano seco (para tirar o suor natural das mos), cuidado quanto aos produtos que so escolhidos para limpar o corpo e brao, evitar deixar o instrumento em locais com temperaturas elevadas (porta-malas de automveis, por exemplo, onde a temperatura pode chegar a 40 ou 50 graus). Uma proteo mais efetiva seria a aquisio de um estojo ou capa visando manter a integridade do contrabaixo eltrico.

Binno Finger (boyn@ieg.com.br)

14