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DISSERTAÇÃO DE MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM ADMINISTRAÇÃO CONTROLE DE GESTÃO EM CONSÓRCIOS: UM ESTUDO DE CASO MARCELO SARAIVA DE ALMEIDA Orientador: Prof. Dr. Raimundo Nonato Co-orientador: Prof. Dr. Josir Simeone Gomes Banca: Prof. Dr. Luiz Flavio Autran Monteiro Gomes Prof. Dr. José Ricardo Maia de Siqueira Rio de Janeiro, 21 de setembro de 2004 F F F A A A C C C U U U L L L D D D A A A D D D E E E S S S I I I B B B M M M E E E C C C P P P R R R O O O G G G R R R A A A M M M A A A D D D E E E P P P Ó Ó Ó S S S - - - G G G R R R A A A D D D U U U A A A Ç Ç Ç Ã Ã Ã O O O E E E P P P E E E S S S Q Q Q U U U I I I S S S A A A E E E M M M A A A D D D M M M I I I N N N I I I S S S T T T R R R A A A Ç Ç Ç Ã Ã Ã O O O E E E E E E C C C O O O N N N O O O M M M I I I A A A

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DDIISSSSEERRTTAAÇÇÃÃOO DDEE MMEESSTTRRAADDOO PPRROOFFIISSSSIIOONNAALLIIZZAANNTTEE

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CONTROLE DE GESTÃO EM CONSÓRCIOS: UM

ESTUDO DE CASO

MARCELO SARAIVA DE ALMEIDA

Orientador: Prof. Dr. Raimundo Nonato

Co-orientador: Prof. Dr. Josir Simeone Gomes

Banca: Prof. Dr. Luiz Flavio Autran Monteiro Gomes

Prof. Dr. José Ricardo Maia de Siqueira

Rio de Janeiro, 21 de setembro de 2004

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ÍNDICE

Resumo 4

Abstract 5

1. INTRODUÇÃO 6

1.1. Objetivo do Estudo 6

1.2. Justificativa 7

1.3. Delimitação do Âmbito do Estudo 13

1.4. Organização do Estudo 13

2. REVISÃO DA LITERATURA E FUNDAMENTOS TEÓRICOS

2.1. Introdução 15

2.2. Controle Gerencial 16

2.2.1. Definição de Controle Gerencial 16

2.2.2. Primeiros Estudos sobre Controle Gerencial 17

2.2.3. Conceitos Modernos de Controle 19

2.2.4. Tipos de Controles 26

2.2.5. Estilos de Gestão 28

2.2.6. Organizações 30

2.2.7. As Novas Metodologias de Controle Gerencial 36

2.2.8. Controle Gerencial de Projetos 40

2.3. Cultura 43

2.3.1. Comportamento 44

2.3.2. Conflito. 47

2.4. Associações 53

2.4.1. Modalidades 54

2.4.2. Tipos 55

2.4.3. Motivos 55

2.4.4. Sinergia 56

2.4.5. Quadro de Referência 58

3. METODOLOGIA DA PESQUISA 61

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4. OS CONSÓRCIOS TRÊS LAGOAS E TERMOPERNAMBUCO 63

4.1. AS EMPRESAS CONSORCIADAS 63

4.2. DESCRIÇÃO E ANÁLISE DO CASO 67

5. CONCLUSÃO E SUGESTÕES PARA NOVOS ESTUDOS 86

BIBLIOGRAFIA 90

ANEXO 1 – QUESTIONÁRIO APLICADO 93

ANEXO 2 – CONTRIBUIÇÕES ADICIONAIS 95

QUADROS

1. Sistema de Controle 21

2. Desenho de Sistema de Controle Conforme Grau de Centralização 33

3. Equipes de Alta Performance 43

4. Produtividade nos Grupos 48

5. Conflito 49

6. Quadro de Referência 59

7. Fluxo de Informações Proposto 85

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Resumo

O Consórcio tem como característica a associação de empresas para

alcançar um objetivo comum, sem que com isso exista perda da autonomia e

personalidade das empresas participantes. Em consórcios onde este objetivo tem

um tempo determinado de duração, equipes oriundas das empresas consorciadas

são alocadas para a execução das atividades operacionais, sendo que possuem

práticas de gestão e culturas empresariais distintas. O objetivo do presente

estudo é entender como na prática passa a ser o controle de gestão do consórcio

dado essas características, buscando estabelecer quais os principais pontos

críticos do controle gerencial que devem ser observados de forma a se obter

maior eficiência com aumento de produtividade no empreendimento.

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ABSTRACT

The consortium of companies has the trait of associating the corporations in

order to achieve a common objective, without losing the autonomy and profile of

the participating companies. In consortiuns whenever the objective has an

established term, several teams from different corporations are allocated to "

hands on" perform the operational activities, considering the existence of different

managerial and cultural practices. The objective of this study is to actually

undestand, in practice, the managerial control of the pooling of companies given

its different traits and trying to establish which are the main critical issues of the

managerial control that must be taken into account in order to accomplish better

efficiency with an increase of entrepreneurial productivity.

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1.INTRODUÇÃO

1.1. OBJETIVO

O objetivo desta dissertação foi oferecer uma contribuição ao estudo das

características dos sistemas de controle gerencial empregados em consórcios

entre empresas de médio e grande porte para execução de empreendimentos

com curto prazo de duração (2/3 anos).

O ponto a ser atacado é como na prática passa a ser o sistema de controle

de gestão do consórcio, visto que as empresas possuem ao se associar,

diferentes culturas e processos. Deste conflito podem surgir melhorias ou perdas,

dependendo da forma como este confronto entre equipes e processos distintos é

tratado.

Suas limitações são decorrentes de ser um estudo realizado em dois

Consórcios entre mesmas empresas. Portanto desta forma as conclusões e as

características não podem ser consideradas como representativas do universo

completo dessa modalidade de associação para execução de um

empreendimento de curto prazo de duração. Não existe a expectativa de ser um

estudo conclusivo e sim uma contribuição para um melhor conhecimento científico

desta modalidade de associação.

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Com este estudo, pretende-se estabelecer os principais pontos críticos do

controle gerencial que devem ser observados de forma a se obter maior eficiência

com aumento de produtividade no empreendimento.

Uma vez identificados estes pontos, existe a intenção de se propor um plano

de ação para a implantação do sistema de controle gerencial a ser adotado no

consórcio. Neste plano o entendimento das diferenças culturais entre as

empresas, a definição da estrutura organizacional do consórcio bem como a

escolha dos processos que irão prevalecer dentre os atualmente utilizados pelas

empresas devem ser considerados caminhos críticos para o sucesso do

empreendimento.

1.2. JUSTIFICATIVA

O Consórcio de empresas é uma forma de associação, cuja finalidade é

alcançar um objetivo em comum, não possuindo personalidade jurídica própria.

Pode ser definido como um instrumento de ação cooperada entre empresas que

somam esforços e patrimônio para consecução de determinado empreendimento

– dentro dos termos e condições acertadas pelas partes. As empresas que o

integram conservam sua autonomia e personalidade, não havendo relação de

subordinação, mesmo que alguma delas tenha maior participação e/ou parcela de

responsabilidade no empreendimento. O consórcio, portanto, não interfere na

administração interna das empresas consorciadas.

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O que seria então o consórcio de empresas? Na verdade, vem a ser um

sistema organizacional implementado através do agrupamento de empresas,

reunido para relacionarem entre si e com terceiros, visando alcançar um

determinado objetivo, qual seja, racionalizar os esforços para tornar as empresas

consorciadas mais eficientes e economicamente mais viáveis, em função da

sinergia existente entre elas. Juntas elas passarão a ter maiores condições de

concorrer no mercado e diluir o risco existente em um empreendimento que

envolve grandes quantias e prazos exíguos.

“...teoricamente, todas as funções que hoje em dia esperamos que sejam desempenhadas por uma organização, poderiam ser executadas por um consórcio de Entidades econômicas independentes cada uma das quais contratada por um coordenador central que, por sua vez, não passa de uma mesa e um gerente único”.(PORTER, apud LEÃO RICCIO 2003)

Entre esta teoria de Porter e as características de um consórcio operante

para execução de um empreendimento específico, existem diferenças importantes

na medida em que as empresas montam uma estrutura própria para a gestão do

empreendimento. É neste ambiente que o presente estudo se desenvolveu.

Durante toda a fase de comercialização as empresas estão focadas em

como conquistar o contrato, incorrendo no custo mínimo necessário para atingir

tal objetivo. Porém como se dá o processo de transferência das rotinas e

processos de gestão das empresas distintas assim como a harmonização entre

as diferenças culturais, são pontos de extrema importância para a criação de

vantagem competitiva e otimização dos ganhos do consórcio.

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Existe de fato a constituição de uma nova empresa, com um corpo gerencial

próprio e peculiar, necessitando de uma adaptação veloz de forma a otimizar seus

resultados. Como esta equipe, oriunda de culturas diferentes, que ao término do

projeto retornarão a suas empresas de origem, recebem estas novas práticas é

de extrema importância.

Conflitos entre os controles gerenciais pré-existentes e falhas no processo

de transferência destas práticas, levam a criação de duplicidade de funções e

criação de rotinas distintas, levando a perda de produtividade e aumento de

custos.

A Crescente volatilidade no mundo globalizado e a capacidade de adaptação

a esta volatilidade se tornam cada vez mais importantes. Dentro deste ambiente o

Consórcio se apresenta como uma estrutura que propicia a agilidade necessária

para as empresas se adaptarem a esta volatilidade desde que possam estar

preparadas para os problemas oriundos desta associação.

A tipificação do consórcio se deu através da lei 6.404/76 que em seu capítulo

XXIII define o consórcio entre empresas. Conforme Xavier (2001, p.7), os

elementos essenciais do contrato de consórcio são dados pelo artigo 279 que

reza:

“Art. 279. O consórcio será constituído mediante contrato aprovado pelo

órgão da sociedade competente para autorizar a alienação de bens do ativo

permanente, do qual constarão:

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I - a designação do consórcio, se houver;

II - o empreendimento que constitua o objeto do consórcio;

III - a duração, endereço e foro;

IV - a definição das obrigações e responsabilidade de cada sociedade

consorciada, e das prestações específicas;

V - normas sobre recebimento de receitas e partilha de resultados;

VI - normas sobre administração do consórcio, contabilização, representação

das sociedades consorciadas e taxa de administração, se houver;

VII - forma de deliberação sobre assuntos de interesse comum, com o

número de votos que cabe a cada consorciado;

VIII - contribuição de cada consorciado para as despesas comuns, se

houver.

Parágrafo único. O contrato de consórcio e suas alterações serão arquivados

no registro do comércio do lugar da sua sede, devendo a certidão do

arquivamento ser publicada. “

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Desta forma, a ausência de uma legislação exaustiva sobre o assunto

confere às partes um grau razoável de autonomia na modelagem desse tipo

acordo, o que explica a sua utilização amplíssima e em quase todas as parcerias

constituídas para atuação no Brasil.

Em um consórcio para execução de um empreendimento pode-se ter dois

tipos de formatação, conforme acordo entre as partes e o cliente e que deve estar

explicitamente estabelecido tanto no contrato com o cliente quanto no instrumento

de acordo consorcial entre as partes.

A primeira onde cada parceira é responsável pela execução de uma

determinada parcela do escopo contratado com o Cliente, arcando

individualmente com todos os custos relativos a essa parcela, inclusive eventuais

custos e encargos não previstos ou considerados na fixação do preço da parcela,

bem como pelas multas, perdas e danos que causar ao Cliente e a terceiros. Por

outro lado, será a única beneficiária da remuneração recebida decorrente da

execução da referida parcela.

Apesar de responderem individualmente entre si pelas conseqüências da

execução das suas parcelas respectivas, pode ser exigido pelo Cliente que o

consórcio seja constituído sob o regime de responsabilidade solidária das

consorciadas visando evitar a diluição de responsabilidades e dificuldades na

identificação da consorciada inadimplente. Nesse caso, cada consorciada

responderá perante o Cliente e terceiros, pelo cumprimento integral do objeto do

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contrato e por quaisquer ações, omissões e repercussões da associação,

possuindo porém o seu escopo perfeitamente estabelecido.

Portanto, nessa modalidade de consórcio é imprescindível que as

consorciadas negociem à exaustão e nos mínimos detalhes, suas atribuições,

tarefas, trabalhos, fornecimentos e responsabilidades individuais que decorram da

parcela do escopo contratual que lhes caiba individualmente, especialmente nas

interfaces e conexões dessas parcelas. Dessa forma, minimiza-se discussões

internas acerca da consorciada efetivamente responsável pelas conseqüências e

danos causados ao Cliente e terceiros.

Outra questão que deve ser dirimida antecipadamente consiste em

determinar o tipo e o valor das garantias que serão trocadas entre as

consorciadas para reduzir (ou eliminar) a exposição de ambas em decorrência do

regime de solidariedade.

A segunda formatação possível é aquela onde as partes se responsabilizam,

entre si, pela execução de um escopo conjunto, arcando ambas com todos os

custos relativos, inclusive eventuais custos e encargos que não tenham sido

previstos ou considerados na formação do preço do contrato com o Cliente, bem

como pelas multas, perdas e danos que causarem ao Cliente e a terceiros. Os

resultados auferidos sob o consórcio, são rateados entre as partes na proporção

das suas participações. O escopo total do empreendimento é de responsabilidade

das duas empresas e ao longo do seu desenvolvimento ambas arcam com todas

as obrigações na proporção de sua participação no Consórcio.

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1.3. DELIMITAÇÃO DO ÂMBITO DO ESTUDO

No presente estudo, optou-se por pesquisar os sistemas de controle

gerencial adotados em dois consórcios para a construção de termoelétricas em

estados do Brasil.

Poderia ter sido elaborado segundo várias abordagens distintas, “três

campos de estudos causaram impacto na literatura sobre controle gerencial: O

desenvolvimento de modelos de decisão quantitativos, o estudo do

comportamento humano no cenário organizacional e a evolução dos sistemas de

informações gerenciais.” (American Accounting Association apud Gomes, 1983, p

10)

Esta pesquisa teve por meta identificar a existência de mecanismos tidos

como básicos para o processo de controle gerencial, dando ênfase também a

questão relativa as diferenças culturais entre as empresas e suas conseqüências

no que tange aos ganhos e perdas.

1.4. ORGANIZAÇÃO DO ESTUDO

Este estudo foi organizado da seguinte forma:

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No capítulo 1 é apresentada a introdução evidenciando a importância do

estudo relatando os objetivos da pesquisa, a delimitação do âmbito a forma como

se encontra estruturada a pesquisa.

O capítulo 2 é dedicado a revisão da literatura, onde procura-se apresentar o

estado da arte sobre controle gerencial, abordando os aspectos culturais.

Apresenta-se também as vantagens relativas ao modelo de associação em

consórcios entre empresas.

No capítulo 3 é apresentada a metodologia da pesquisa, as perguntas que

procura-se responder.

No capitulo 4 trata da descrição do caso, buscando relatar os principais

pontos de dificuldade na implantação e utilização do controle gerencial e quais

foram os sucessos obtidos durante todo esse processo, comparando a pratica

com o referencial teórico elaborado no capítulo 2.

Por fim são apresentadas as conclusões, recomendações e sugestões para

novas pesquisas.

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2. REVISÃO DA LITERATURA E FUNDAMENTOS TEÓRICOS.

2.1.INTRODUÇÃO

De forma a elaborar um quadro de referência, este capítulo visa abordar

alguns dos principais conceitos inerentes ao controle gerencial procurando

identificar um conjunto de teorias cujas abordagens se complementem no auxílio

da execução do presente estudo.

Sem o objetivo de se fixar nos procedimentos de rotina em termos de

controle de gestão, buscou-se abordar através da revisão de literatura os

principais fundamentos teóricos sobre o conceito de controle desenvolvidos

através de diferentes abordagens.

Uma fonte muito importante para a presente pesquisa foi o livro

“Management Control Theory – BERRY, BROADBENT & OTLEY, 1998” por

propiciar uma coletânea de diversos artigos de autores distintos elaborados que

apresentam o estado da arte em controle de gestão.

Procurou-se analisar as quatro correntes identificadas por Gomes e Amat

(2001) sobre controle de gestão que levam em conta os aspectos formais de

controle, psicossociais, culturais e macrossociais, não como correntes

concorrentes e sim como complementares dentro da área de controle gerencial,

buscando fornecer uma visão holística sobre controle gerencial.

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2.2. CONTROLE GERENCIAL

2.2.1. DEFINIÇÃO DE CONTROLE GERENCIAL

O Controle Gerencial é “o processo pelo qual os executivos influenciam

outros membros da organização, para que obedeçam às estratégias adotadas”

(Anthony & Govindarajan, 2002, p.34).

Segundo Gomes & Amat (2001, p. 22), o Controle Gerencial é fundamental

para assegurar que as atividades de uma empresa se realizem da forma como a

administração planejou, contribuindo para a manutenção das suas vantagens

competitivas. Isto significa, assegurar as informações e influenciar o

comportamento das pessoas para atuar sobre as variáveis internas e externas de

que depende o funcionamento da organização.

Define-se controle gerencial como:

“um sistema de informação organizacional buscando, reunindo e contabilizando com um desenho para retro alimentar de forma a garantir que a empresa se adapte as mudanças em seu ambiente e que o comportamento dos funcionários seja medido como referência para se definir as submetas operacionais (em conformidade com os objetivos principais) de forma a que a discrepância entre os dois possa ser reconciliada e corrigida.” (Lowe apud BERRY, BROADBENT, OTLEY, 1998, P. 105).

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2.2.2. PRIMEIROS ESTUDOS SOBRE CONTROLE GERENCIAL

Segundo GIGLIONE e BEDEIAN (1974, p. 292) as primeiras contribuições se

deram no aspecto da importância do significado de controle. Ao se analisar os

principais pontos identificados em seu estudo, vê-se que apesar dos autores

terem abordado cada um a sua maneira, todos convergem para dois principais

aspectos: Padrão e Avaliação, conforme pode-se identificar nos principais tópicos

abordados em seus estudos a seguir detalhados:

Emerson - 1911, considerado como o primeiro a fornecer contribuição

significativa à teoria sobre controle gerencial, dentre seus doze

princípios de eficiência aponta a padronização como sua principal

preocupação, sendo abordada em diversos dos seus princípios.

6o - Registros Confiáveis e Imediatos

8o – Padronização e Prazos

9o – Condições Padronizadas

10o – Operações Padronizadas

11o – Manuais de Praticas Padronizadas

Church - 1912, identificou cinco funções orgânicas da administração

sendo a terceira Controle e a quarta Comparação.

Robinson -1925, identificou três elementos principais de controle:

1 – Prever resultados;

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2 – Registrar resultados;

3 – Estabelecer responsabilidade sobre os resultados.

Urwick -1928, estabeleceu cinco princípios:

1 – Responsabilidade;

2 – Evidência;

3 – Uniformidade;

4 – Comparação;

5 – Utilidade.

Cornell -1928, em seus 16 princípios de gerenciamento tem no 11o

relativo ao princípio de controle uma abordagem exaustiva sobre a

importância da padronização, avaliação e ações corretivas.

Holden, Fish and Smith -1941, realizaram o primeiro estudo empírico

sobre organização e controle, tendo identificado controle como um

processo composto de três elementos:

1 – Objetivo;

2 – Procedimentos;

3 – Avaliação.

Newman - 1951, apresentou três passos essenciais no processo de

controle:

1 – Padrões;

2 – Avaliação e divulgação da performance;

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3 – Ações corretivas.

Neste estágio inicial sobre o controle gerencial muita ênfase foi dado aos

aspectos mais financeiros e somente posteriormente após o maior

amadurecimento da teoria é que se começou a dispor de uma abordagem mais

abrangente com os estudos sobre os principais aspectos da natureza humana

que influenciam e para os quais devemos estar atentos de forma a montar um

sistema de controle eficiente e eficaz.

2.2.3. CONCEITOS MODERNOS DE CONTROLE

Como observa Otley e Berry (1980, p.234), “ainda hoje em dia a

configuração mais comum do sistema de controle em empresas está baseada em

centros de responsabilidade financeira e além deste fato temos também que o

tipo de variável utilizada nos modelos de previsão da performance organizacional,

são tradicionalmente considerados fora do escopo da estrutura contábil.”

Duas razões levam a este comportamento:

1 – Eles freqüentemente precisam de informações de fontes externas à

empresa além das do mercado financeiro.

2 – Muitas das variáveis de previsão são difíceis de serem mensuradas em

termos quantitativos ou objetivos.

As duas razões levaram os contabilistas a acreditar que prover este tipo de

informação jaz além do escopo dos procedimentos contábeis, apesar de estudos

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sobre a demanda pelos gerentes de informações serem constantemente

requeridas na prática.

Uma descrição completa dos processos de controle organizacional deve

incluir uma análise dos procedimentos que agem de forma a manter a viabilidade

até se atingir as metas, dos que se preocupam com coordenação e integração

entra as partes distintas e daqueles preocupados em promover adaptações as

mudanças externas e internas.

Concluem então Otley e (1980, p.234), fica “evidente a necessidade de se

conciliar procedimentos contábeis e processos de controle ao tipo de organização

em que eles operam.” .

Como pode ser visto em Gomes e Salas (2001, p. 50-51), os conceitos

modernos de controle nos mostram que a configuração do sistema de controle

gerencial, deve levar em conta também:

1. o contexto social e organizacional;

2. a estratégia da empresa,

3. as características da organização (estrutura da

organização, o estilo dos gerentes, as relações interpessoais, o

grau de descentralização, a cultura organizacional).

O Controle Gerencial, não deve somente preocupar-se com os resultados

financeiros, ele precisa considerar os fatores acima para obter o controle

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gerencial efetivo, garantindo a implementação das estratégias, considerando as

variáveis internas e externas capazes de influenciar o ambiente empresarial e

orientado à melhoria contínua da posição competitiva da empresa.

Um sistema de controle gerencial consiste em um processo e estrutura

sendo o processo o conjunto de ações a serem tomadas e a estrutura os arranjos

organizacionais de forma a construir a informação que irá facilitar o processo.

QUADRO 1 – Sistema de Controle.

Sistema de Controle

Estrutura de Controle Processo de Controle

- Indicadores de controle

- Sistema de informação

- Planejamento

- Avaliação de Resultado

- Decisões corretivas

Fonte: (Gomes e Amat, 2001, p. 73)

Anthony e Dearden (1980 p.3-20) estabeleceram uma lista das principais

características de um sistema de controle gerencial, sendo elas:

1. Um sistema de controle deve ser focado em possuir um programa e

centros de responsabilidade, sendo entendido programa como um

produto ou uma atividade que a organização exerce de forma a atingir

seus objetivos, e o centro de responsabilidade uma unidade

comandada por um gerente responsável.

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2. As informações de um sistema de controle são de dois tipos: Os dados

planejados e os dados atuais, tanto internos quanto externos à

organização.

3. Normalmente um sistema de gestão é um sistema global no sentido

dele abranger todos os aspectos da operação de uma companhia.

4. Um sistema de controle é construído normalmente ao redor de uma

estrutura financeira, pois o dinheiro é o único denominador que pode

ser usado para combinar e comparar recursos heterogêneos.

5. Sistema de controle tende a ser ritmado, seguindo um padrão definido

em um determinado tempo.

6. Controle gerencial deve ou deveria ser um sistema coordenado e

integrado. As informações apesar de serem colhidas para diferentes

propósitos devem ser consistentes. Deste modo um sistema de controle

gerencial deve ser único.

Ainda segundo Anthony e Dearden (1980 p.19) Um sistema de controle

consiste em fases, que podem ser identificadas como:

1. Programação, que consiste no processo de decidir quais os projetos

que a companhia irá implantar, o orçamento que será alocado em cada

projeto.

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2. Orçar, consistindo no plano expresso em quantidades, usualmente

monetárias, dentro de um determinado período de tempo. O orçamento

deve ser elaborado dividido em centros de responsabilidade.

3. Operacionalizar e Medir – A coleta de dados deve ser feita tanto por

programas quanto por centro de responsabilidade de forma a

possibilitar a avaliação dos centros de responsabilidade, bem como

coletar dados que sirvam de base para programas futuros.

4. Relatórios e Análises – O sistema de controle gerencial serve como um

sistema de comunicação. A informação que é comunicada consiste

tanto em dados tangíveis e intangíveis, assim como por dados gerados

tanto dentro quanto fora da organização.

Já Tocher (apud OTLEY, BERRY, 1980 p.236) define pelo menos quatro

condições necessárias a serem satisfeitas antes que um processo possa ser dito

como controlado. São elas:

1. Um objetivo para o sistema ser controlado.

2. Meios de medir resultados através das dimensões definidas pelo

objetivo.

3. Um modelo de previsão para o sistema que esta sendo controlado.

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4. A escolha de relevantes alternativas de ação disponíveis para o

controlador.

“A estrutura de controle Gerencial deve ser desenhada, em primeiro lugar, de acordo com as variáveis-chaves que são derivadas do contexto social e da estratégia da empresa e, em segundo lugar, de acordo com as responsabilidades de cada administrador ou responsável por centros de responsabilidade”. Segundo Gomes & Amat (2001) -

Segundo Anthony & Govindarajan (2002), o sistema de controle gerencial

integra também a contabilidade gerencial, composta pela contabilidade diferencial

e a contabilidade de custo total. A contabilidade gerencial, diferentemente da

contabilidade financeira, prepara relatórios para a Administração e outros cargos

dentro da empresa, mas seus princípios não obedecem à autoridade de nenhum

órgão regulador, são orientados para a obtenção de informações úteis à

Administração da empresa.

“A contabilidade de custo total apura o custo total da produção, dos processos, dos serviços e outros custos; é importante para a formação dos preços de venda e para apuração da lucratividade dos produtos.... A contabilidade diferencial estima os custos que existiriam sob condições alternativas.” (Anthony & Govindarajan, 2002 p. 42).

O controle gerencial é resultado de uma série de características internas e

externas à organização sobre o comportamento dos indivíduos que formam parte

da mesma, portanto a influência da cultura organizacional ou do contexto social

do país, são elementos fundamentais que devem ser considerados na

compreensão do comportamento individual e organizacional e na estrutura de

controle gerencial definida.

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Para Gomes e Amat (2001) esta é a chamada perspectiva ampla sobre o

conceito de controle gerencial, nela o controle não é realizado somente pela

gerência, mas também por todas as pessoas que fazem parte da empresa; não é

a posteriori, mas permanentemente; não leva em conta só os aspectos técnicos,

deve adequar-se à cultura da organização e às pessoas; não deve centrar-se

exclusivamente nos resultados, mas ser utilizado de forma flexível, considerando

o processo de controle um instrumento orientado ao aperfeiçoamento contínuo e

desenvolvendo a consciência estratégica; o fundamento teórico baseia-se na

antropologia, sociologia e psicologia, além da economia e engenharia.

O objetivo final de um sistema de controle é alcançar a congruência entre os

interesses dos diversos colaboradores da organização, dentre eles os clientes,

acionistas, trabalhadores, fornecedores e governo.

Em decorrência de uma série de transformações que ocorreram no contexto

sócio econômico mundial, na última década foram efetuadas mudanças

significativas nos sistemas de controle gerencial das empresas. Até então, os

sistemas de controle eram essencialmente financeiros, buscavam a ampla

regulação de toda a atividade econômica. Atualmente, novos modelos e novas

tecnologias, ampliaram consideravelmente o escopo dos sistemas de controle de

gestão, que agora consideram novas idéias e conceitos e que a seguir serão

discutidos.

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2.2.4. TIPOS DE CONTROLES

De um modo geral, quanto maior for a empresa, mais formalizado deverá ser

o sistema de controle para garantir que a delegação de autoridade possa ser

adequadamente avaliada, assim como, na medida em que o contexto social é

mais dinâmico e competitivo, tende-se a uma maior descentralização e a

utilização de sistemas de controle financeiro orientados à gestão de resultados.

Deste modo, em função da combinação dos mecanismos utilizados pela

organização, obtemos os seguintes tipos de controle organizacional:

Gomes e Amat (2001) listam quatro tipos de controle:

1. Familiar - é um tipo de controle mais informal, utilizado em empresas

em que a dimensão é menor e há maior estabilidade do contexto social.

Normalmente o controle da gerência é muito centralizado, com certa

delegação. O controle está baseado na utilização de mecanismos

informais, na liderança do gerente, na centralização das decisões. As

limitações ocorrem quando a empresa se volta para um ambiente mais

competitivo e ao prevalecimento da fidelidade ao líder em detrimento da

eficácia e inovação.

2. Burocrático - é próprio também para ambientes pouco competitivos e

característico de empresas de grande porte e fortemente centralizadas,

com ênfase em mecanismos formais e à sofisticação dos sistemas de

controle financeiro. Neste tipo de controle predomina a criação e a

manutenção de uma cultura avessa à mudança. Este tipo de controle

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diminui a motivação e valoriza os aspectos políticos ligados à

exploração do sistema.

3. Resultados - costuma existir em contextos sociais muito competitivos e

é baseado em sistemas de controle financeiro. Neste caso, há um

elevado grau de descentralização através do estabelecimento de

objetivos e a utilização ampla de centros de responsabilidade. Aqui,

diferentemente do controle burocrático, o controle financeiro, não é

baseado somente em registros contábeis, na verdade ele é mais

abrangente, fazendo uso de outros critérios de gestão que compõem os

novos paradigmas do controle gerencial.

4. Ad-hoc - baseia-se fundamentalmente, na utilização de mecanismos

não formais que promovam o autocontrole, é próprio em ambientes

muito dinâmicos e de grande complexidade, como os encontrados em

organizações de alta tecnologia, design, publicidade, consultoria, etc... .

Se caracteriza por realizar atividades que dificulta a formalização dos

procedimentos e comportamentos, ele se desenvolve em ambientes

descentralizados e limitada utilização de medidas financeiras.

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2.2.5. ESTILOS DE GESTÃO

Para um mapeamento e levantamento sobre controle gerencial, devemos

também estudar e analisar os estilos de gestão. Dois autores apresentam duas

abordagens complementares para os diferentes estilos de gestão para

identificação do ambiente existente, são eles:

Rensis Likert (apud BUCKLEY and McKENNA, 1972 p.139) distinguiu quatro

estilos de gestão:

1. O tipo autoritário explorador que usa o medo e ameaças. A

comunicação é de cima para baixo; superiores e subordinados são

distantes psicologicamente e a maior parte das decisões são tomadas

no alto da pirâmide organizacional.

2. O tipo autoritário benevolente no qual os gerentes usam recompensas

para encorajar performance. A comunicação de cima para baixo é

limitada ao que os superiores querem escutar, subserviência aos

superiores é largamente difundida e apesar de quase todas decisões

serem tomadas no topo da pirâmide, decisões são delegadas aos níveis

mais baixos.

3. O tipo consultivo onde os gerentes usam recompensas, a comunicação

ocorre nos dois sentidos apesar da comunicação de baixo para cima

ser criteriosamente filtrada para o que os superiores preferem escutar,

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algum envolvimento é visto entre empregadores e subordinados que

possuem uma moderada influência em algumas decisões.

4. O tipo participativo onde recompensas econômicas são dadas e se faz

uso completo da participação do grupo e envolvimento em se fixar altas

metas de performance e improvisar métodos de trabalho. A

comunicação corre igualmente nos dois sentidos e é acurada,

subordinados e superiores são psicologicamente próximos e os

processos decisórios são largamente difundidos por toda a empresa

através de processos em grupo.

Mills (1972 p.370) definiu três estilos :

1. Estilo Centrado na Chefia - A fonte de segurança jaz no poder da

personalidade do gestor, e os critérios de performance são baseados

em seus valores pessoais. È particularmente importante nos estágios

iniciais de crescimento de um pequeno negócio.

2. Estilo Centrado nas Regras – A fonte de segurança reside no tipo das

regras, regulamentos, procedimentos e políticas que são aceitas por

todo o corpo de empregados da chefia para baixo.

3. Estilo Centrado nas Tarefas – A segurança surge das tarefas a serem

executadas, das demandas das situações de trabalho e da contribuição

tanto dos indivíduos quanto dos grupos para unir esforços. Este estilo

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tende a aglutinar as pessoas em times ao redor das tarefas, e a

autoridade surge das situações do trabalho. A criatividade, entusiasmo

e as diretrizes surgidas em um grupo com alto espírito de equipe, são

os grandes méritos deste tipo de comando.

2.2.6.ORGANIZAÇÕES

Outro componente importante para a estrutura do controle gerencial, é a

estrutura organizacional sendo que a estratégia de uma empresa tem importante

influência em sua estrutura organizacional.

March & Simon (apud OTLEY and BERRY, 1980 p.232) observaram que “é

fácil, e provavelmente mais utilizado, dar-se exemplos de organizações formais do

que definir o termo organização”.

O controle gerencial é um processo sistemático realizado pela administração

para assegurar que a empresa alcance seus objetivos. Este processo deve atuar

sobre uma estrutura que considera a estratégia, o contexto humano,

organizacional e social em que opera a organização. Para Anthony &

Govindarajan (2002), os controles devem ser projetados para as necessidades

específicas das estratégias adotadas. Estratégias diferentes requerem diferentes

prioridades de tarefas, de fatores críticos de sucesso e capacidades, perspectivas

e comportamentos.

As estratégias formarão a base para avaliar o valor dos componentes do

sistema de controle, dentre eles os centros de responsabilidade, preços de

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transferência, o planejamento estratégico, o orçamento, a avaliação do

desempenho e remuneração dos executivos. De um modo geral, os principais

objetivos são: lucratividade, maximizar o valor do acionista, minimizar riscos, mas

outros objetivos devem ser considerados que dizem respeito à satisfação de

clientes, funcionários e fornecedores.

Como pode ser visto em Anthony e Govindarajan (2002 p. 150-153), ...”o

princípio da estrutura organizacional foi desenvolvido por Frederick Taylor e

outros, para conseguir especialização de mão de obra...”. Segundo eles a

estrutura de uma organização pode ser agrupada em três categorias:

1. Funcional – Nesta estrutura cada executivo é responsável por uma

função específica. A principal vantagem é a eficiência porém existem

desvantagens tais como: a imprecisão na determinação da eficácia dos

executivos funcionais dado aos resultados serem conseqüência da ação

conjunta de seus executivos; a dificuldade de se mensurar qual função foi

a responsável pelo lucro; uma mesma função possui diferentes níveis

hierárquicos; inadequação quando a empresa diversifica seus produtos e

mercados; dificuldade de coordenação entre funções.

2. Unidade de empresa - Cada executivo de unidade é responsável pela

maioria das atividades de sua unidade, atuando como se fossem

empresas separadas, porém sem autoridade total. Suas vantagens

dentre outras são: propiciar o treinamento de gerentes gerais; maior

estreitamento do contato com o mercado gerando agilidade nas decisões

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e como desvantagem temos a possibilidade de duplicação de tarefas,

eventual dificuldade no mercado de especialistas que pode ser

contornada com a centralização de determinadas funções.

3. Matricial, na qual as unidades funcionais têm duplas responsabilidades.

Neste contexto, verificamos que o sistema de controle gerencial deve ser

analisado considerando duas perspectivas:

perspectiva estratégica – capacidade de facilitar a adaptação

estratégica da organização em seu contexto social;

perspectiva organizacional – capacidade de assegurar que toda a

organização se oriente conjuntamente na direção dos objetivos da

administração.

O grau de centralização de uma empresa possui influência direta com o

sistema de controle gerencial que deve ser adotado. Conforme nos demonstra

Gomes e Amat (2001, p. 127), quanto maior a descentralização mais importante a

existência de um controle formalizado, e desta forma conclui:

“Vê-se, assim, que antes de se desenhar um sistema de controle, será necessário definir claramente o poder de decisão que se transfere a cada responsável, em cada uma das diferentes funções que deve realizar.” (Gomes e Amat, 2001, pg 127)

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QUADRO 2 - Desenho de um sistema de controle em função do grau de

descentralização.

Tópicos

Estrutura Centralizada

Estrutura Descentralizada

Sistema de Controle Pouco sofisticado. Mecanismos informais. Normas rígidas.

Muito Sofisticado. Mecanismos formais. Controle financeiro.

Indicadores de Controle Qualitativos. Nem sempre orientados a resultados.

Quantitativos. Orientados a resultados.

Sistema de informação

Orientado ao resultado global. Pouco orientado ao controle de responsabilidades.

Orientado à tomada de decisões e ao controle da atuação dos responsáveis.

Processo de planejamento Inexistente ou intuitivo. Quando ocorre pode ter caráter burocrático.

É fundamental para lograr o consenso sobre os objetivos globais.

Sistema de Avaliação Baseado em informação não financeira.

Baseado em informação financeira e não financeira.

Fonte: Gomes e Amat (2001, p. 128)

O controle estratégico, busca identificar as variáveis chave do contexto social

e competitivo, que indicadores permitem identificar estas variáveis, como a

concorrência está realizando suas operações e quais são seus pontos fortes e

fracos, quais as mudanças percebidas no contexto social e competitivo a curto,

médio e longo prazos e quais as oportunidade e ameaças percebidas neste

contexto (setor, mercado, país, sociedade).

O controle organizacional, refere-se ao conjunto de ações formais ou

informais que efetivamente influenciam o comportamento das pessoas que fazem

parte da organização. Ele busca identificar quais são as responsabilidades de

cada unidade organizacional, que indicadores possibilitam ter uma seqüência do

exercício das responsabilidades, como deve atuar cada centro de

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responsabilidade e como tem sido sua atuação. Na medida em que os objetivos

individuais forem divergentes dos objetivos organizacionais, o controle

organizacional deve atuar para que estes sejam alinhados promovendo

mecanismos que oriente o comportamento individual. É importante que haja

congruência entre os objetivos organizacionais e os objetivos pessoais. Existem

alguns fatores informais que influenciam a congruência de objetivos, entre eles:

fatores externos – ética de trabalho; fatores internos – cultura, estilo de

gerenciamento, organização informal, capacidade de percepção e comunicação,

cooperação e conflitos. Existem também fatores formais que influenciam a

congruência de objetivos: regulamentos e o próprio processo de controle. É

importante destacar que neste momento a cultura e a estrutura organizacional

têm grande influência.

O estudo da organização e o estudo sobre controle tem sido altamente

correlacionados na medida em que controle é um dos aspectos centrais de todas

as organizações humanas.

Nos estudos de Otley e Berry (1980 p.232) são feitas citações de diversos

autores a respeito da definição sobre controle e organizações. ...“Segundo

McMahon & Ivancevich: “Existe praticamente um acordo universal que

organização implica controle”, já Tannembaum traz “Organização sem alguma

forma de controle é impossível.”. Etzioni define: “organizações são unidades

sociais deliberadamente construídas para atingir metas específicas”.

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Processos de controle são parte fundamental da atividade organizacional.

Uma organização pode ser vista como um processo de controle que ocorre

quando grupos de pessoas sentem a necessidade de cooperar de modo a atingir

propósitos que requerem ação conjunta sendo vital que o controle sobre se atingir

as metas seja estabelecido e mantido.

Uma descrição completa de processos de controle organizacional deve

incluir uma análise daqueles procedimentos que agem de forma a manter a

viabilidade até se atingirem as metas, dos que se preocupam com coordenação e

integração entre as partes distintas e daqueles preocupados em promover

adaptações as mudanças internas e externas. Desta forma o planejamento é um

aspecto importante do controle organizacional.

Apesar da grande atenção recente sobre teoria da função organizacional, é

notável que somente poucos estudos sigam a corrente lógica em estabelecer as

circunstâncias nas quais uma forma de organização é mais efetiva do que outra, e

sim parem na observação de sua existência (Otley e Berry 1980 p.233). Controle

é preocupado com toda a eficiência da organização e nesta área tanto os estudos

teóricos e empíricos são fracos.

Uma revisão na literatura sobre sistemas de controle (Lawer, apud Otley e

Berry 1980 p.233) conclui que poucas pesquisas foram feitas sobre o por que das

organizações terminarem com determinado tipo de controle que possuem.

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“..idealmente, a organização em si mesma e seus processos devem ser totalmente avaliados, entendidos e alterados, se necessário, antes de um sistema de controle ser construído. Isto é o desenho do sistema e o desenho da estrutura organizacional são realmente inseparáveis e interdependentes.” (Horngren, apud apud Otley e Berry 1980 p.235)

2.2.7 – AS NOVAS METODOLOGIAS DE CONTROLE GERENCIAL

O controle gerencial, ou a contabilidade gerencial, é praticada em um

ambiente de mudança onde muitas novas questões emergiram. Ao longo do

tempo, foram desenvolvidas novas metodologias que foram incorporadas à

estrutura do controle gerencial.

Com a abertura dos mercados financeiros ao redor do mundo, as melhorias

nas telecomunicações, a aceleração das mudanças tecnológicas e a globalização

dos mercados criou-se um novo ambiente no qual nota-se que tão difícil quanto

definir uma estratégia é transformar esta estratégia em ação, para tanto algumas

novas metodologias foram introduzidas como o Tableau de Bord e o Balanced

Scorecard, capazes de apoiar o desenvolvimento e a implementação da

estratégia. Estas metodologias podem ser um componente importante na

formação da estrutura do sistema de controle gerencial e sobre a qual irá atuar o

processo de controle. Elas podem ser fundamentais na definição de indicadores,

do sistema de informações e no sistema de incentivos.

Segundo Epstein e Manzoni (1998), o Tableau de Bord tem como objetivo

dar aos gerentes uma visão geral e sucinta dos principais parâmetros para a

tomada de decisão, entretanto esta idéia possui algumas implicações importantes.

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Primeiro, que o Tableau de Bord não pode ser um simples documento a ser

utilizado igualmente pela empresa inteira. Esses chamados painéis de bordo

deveriam ser integrados em uma estrutura de teia, com painéis adequados a

Corporação, às Divisões e às Funções/Departamentos. Além disso, os vários

Tableau de Bord usados dentro da empresa não deveriam ser limitados aos

indicadores financeiros. O desenvolvimento do Tableau de Bord implica, em

transformar a visão e a missão da unidade em um conjunto de objetivos; entre

estes, a unidade identifica seus Fatores Principais de Sucesso (FPS), traduzidos

em seguida em Indicadores Principais de Desempenho (IPD), porém o Tableau

de Bord não facilita a visualização estratégica da unidade.

O Balanced Scorecard é um documento que resume no Mapa Estratégico

um conjunto de indicadores de desempenho agrupados em quatro perspectivas

diferentes: financeira, consumidor, processos internos e aprendizagem e

crescimento. O conceito surgiu do entendimento que um simples indicador não

pode captar toda a complexidade do desempenho de uma organização. Os

indicadores financeiros são considerados defasados e menos pró-ativos do que

os indicadores operacionais (não financeiros). Kaplan e Norton (apud Epstein e

Manzoni, 1998) definem o BSC como um sistema de gestão estratégica

objetivando:

1. Esclarecer e traduzir a estratégia.

2. Comunicar e vincular objetivos e medidas estratégicas.

3. Planejar ações alinhadas e estabelecer metas estratégicas.

4. Retro alimentação e aprendizado estratégico.

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O modelo proposto por Kaplan e Norton (apud Epstein e Manzoni, 1998)

tem quatro características importantes:

1. Apresenta, em um simples documento, uma série de indicadores que

produzem uma visão mais completa do desempenho da empresa;

2. Esse documento deve ser curto e conectado com o sistema de

informação da empresa, para maiores detalhes;

3. Em vez de listar indicadores de modo ad hoc, o Balanced Scorecard

agrupa os indicadores em quatro perspectivas de desempenho da

empresa: financeira; consumidor; processos internos; aprendizagem e

crescimento;

4. Indicadores de desempenho apresentados devem ser escolhidos com

base em sua ligação com a visão e a estratégia da empresa/unidade. Ao

invés de começar uma lista de medidas de desempenho já disponível na

empresa, o processo de seleção deve ser um esforço consciente e

dedutivo, começando pelos objetivos que a empresa está tentando

alcançar e pelas formas em que o faz.

As quatro perspectivas dão uma visão equilibrada da empresa. O BSC

ressalta os trade-offs entre as medidas e é um meio da empresa comunicar e

reforçar sua estratégia através de seus níveis hierárquicos.

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O Balanced Scorecard procura conectar o mapeamento estratégico da

organização com um conjunto de indicadores de desempenho capazes de retratar

as interfaces e diferenças entre as diversas áreas das organizações, buscando

fornecer resposta para quatro perguntas básicas: como a empresa é vista pelos

acionistas; como os clientes vêem a empresa; quais são os pontos a serem

superados; e se é possível continuar a melhorar e criar valor.

A utilização destas metodologias favorece a construção de sistemas de

controle gerencial em empresas globalizadas, no século XXI, onde o

desempenho de curto e longo prazos serão progressivamente determinados por

três elementos: as idéias, a informação e o capital de investimento. As empresas

devem manter um equilíbrio do seu enfoque no retorno das idéias, no retorno da

informação e no retorno do investimento. As medições qualitativas do BSC

viabilizam a avaliação do capital intelectual, que compreende o capital humano e

o capital estrutural, estão relacionados às idéias ou uso das informações (ativos

intangíveis).

Segundo Anthony e Govindarajan (2002, p.565), para implementar o BSC

seria preciso quatro estágios:

Definição da estratégia;

Definição dos parâmetros da estratégia;

Integração dos parâmetros no sistema de gerenciamento;

Revisão freqüente dos parâmetros e dos resultados;

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É muito importante contemplar os resultados dos processos internos que

mais agregam valor ao negócio, aos clientes, ao capital estrutural e humano para

melhor avaliar o capital intelectual.

2.2.8 – CONTROLE GERENCIAL DE PROJETOS

Na medida em que a presente dissertação estudou as características do

controle gerencial em consórcios para a execução de projetos de

empreendimentos de curto prazo de duração é importante revisarmos o que a

literatura nos apresenta sobre controle gerencial em projetos.

Anthony e Govindarajan (2002, p. 974) apresentam um capítulo unicamente

dedicado a este tópico, onde são listadas as principais características de controle

em projetos, seu distanciamento perante as operações padrões e os cuidados

que devem ser tomados no processo de implantação de um projeto, cujos

principais tópicos são listados a seguir.

Definem projeto como: “ .... um conjunto de atividades destinadas a cumprir

determinado resultado final...” ( Anthony e Govindaraja, 2002, p. 974).

Estrutura da Organização – “Em muitos casos, a organização de um projeto

é imposta sobre a organização das operações normais.” (Anthony e Govindarajan,

2002, p. 976). Neste tópico eles alertam quanto a necessidade de se estabelecer

relações satisfatórias entre a organização do projeto e a organização normal.

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Padrões Menos Confiáveis – “Os padrões de desempenho tendem a ser

menos confiáveis para os projetos do que para as operações normais.” (Anthony

e Govindarajan, 2002, p. 976). O importante é ter a consciência que embora um

projeto possa ter similaridade com outros anteriormente executados, sua estrutura

é utilizada somente uma única vez e as alterações dos planos são freqüentes

necessitando existir contingências em contraste com as operações padrões

quanto ao cálculo de custos, tornando os padrões menos confiáveis.

Quanto a estrutura organizacional os autores enfatizam a necessidade de se

estabelecer relações satisfatórias de trabalho entre os profissionais alocados ao

projeto tanto entre si como perante as áreas de apoio bem como com as

empresas eventualmente contratadas para o desenvolvimento de parte do projeto.

Na medida em que os membros do grupo do projeto são funcionários da empresa,

surge uma organização matricial pois possuem “...dois “chefes”: o gerente do

projeto e o gerente do departamento funcional ao qual estão permanentemente

designados” (Anthony & Govindarajan, 2002 p. 978), gerando conflito de

interesses. Este conflito de interesses é inevitável e cria tensão “há uma

atmosfera de conflito construtivo” (Vancil apud Anthony & Govindarajan, 2002 p.

978).

“Num sistema de controle de projetos, a informação é estruturada por elemento de projeto. O elemento menor é chamado pacote de trabalho, e a forma como os pacotes de trabalho são agregados é chamada estrutura de agregação do trabalho.” (Anthony & Govindarajan, 2002, pg 981)

A importância da necessidade de se possuir um único gerente responsável

por cada pacote de trabalho, bem como a definição com antecedência sobre a

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designação das pessoas que aprovam e assinam a apropriação dos custos é

ressaltada juntamente com a grande dificuldade de se revisar informações a meio

caminho. Desta forma os autores recomendam fortemente: “... os planejadores do

projeto devem prestar muita atenção, antes de o projeto ter seu início, no projeto

e na implantação de um sadio sistema de controle gerencial.” (Anthony e

Govindarajan, 2002, p. 982).

Ainda na fase de planejamento do projeto os autores enfatizam como tarefa

do grupo responsável, a transformação das estimativas em especificações e

cronogramas detalhados bem como a elaboração do orçamento de custos,

definindo desta forma as três partes do plano final: escopo; cronograma e custo.

Deve ser estruturado também o sistema de controle gerencial e os

respectivos sistemas de controle de tarefas, bem como o organograma, cujas

posições serão gradualmente preenchidas com o nome dos funcionários que irão

gerenciar os trabalhos. Dentro das atividades de planejamento existe após a

designação dos funcionários a necessidade deles se conhecerem como eles se

encaixam na organização do projeto, o que é esperado e o que podem esperar.

“A informação obtida e as expectativas criadas neste estágio são parte do clima

de controle e podem ter um profundo efeito no sucesso do projeto.” (Anthony &

Govindarajan, 2002, p. 986)

São definidos pelos autores três tipos de relatórios necessários para a

administração sendo eles: relatórios de problemas; relatórios de progresso e

relatórios financeiros ( Anthony & Govindarajan, 2002, p. 987).

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A quantidade de relatórios pode ser excessiva gerando custos extras para

coleta dos dados bem como o dispêndio do tempo dos executivos em sua leitura.

Desta forma os autores recomendam que durante o projeto o conjunto de

relatórios sejam revisados, o que pode conduzir a eliminação de alguns e

simplificação de outros.

Por final Anthony & Govindarajan (2002, p. 992) abordam as revisões do

plano em projetos longos e/ou complexos, na medida em que existe grande

possibilidade dele não ser obedecido em um ou mais de seus três aspectos:

escopo; cronograma ou custo. Neste ponto são abordadas várias questões

relativas a tomada de decisão quanto a este descolamento do plano original,

dentre elas descatam-se:

Aceitar a variação e continuar o projeto x abandono do projeto.

Controlar o progresso futuro pelo plano revisado x pelo plano

original. Neste ponto tem-se o risco de um executivo persuasivo

negociar aumentos de custos indesejáveis, camuflando ineficiências

acumuladas até a data. Uma das soluções é a comparação do

custo real pelos dois custos, original e revisado.

2.3. CULTURA

“O estudo da cultura e sua influência no desenho de sistemas de controle de gestão é de fundamental importância, já que eles devem refletir e, ao mesmo tempo influir na cultura organizacional e no meio ambiente, à medida que tanto o desenho como a utilização

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do sistema de controle de uma organização deve espelhar os valores, crenças, expectativas das pessoas ou grupos que com ela se relacionam” (Gomes e Amat 2001, p.133)

Controle gerencial é um processo orientado para pessoas. Como os

gerentes são seres humanos, considerações psicológicas são dominantes no

controle gerencial. Atividades como comunicação, persuação, incentivo,

inspiração e críticas são partes importantes no processo.

Os estudiosos sobre Organização tendem a enfatizar o exercício do poder,

autoridade e influencia dentro das organizações, e deram pouca atenção para

como padrões viáveis de comportamento são atingidos.

Segundo Gomes & Amat (2001, p. 133), com relação à cultura, a sua

influência e inter-relação com os sistemas de controle podem resumir-se nos

seguintes aspectos: (a) a cultura é um mecanismo de controle e influência no

comportamento; (b) o desenho, a implantação e a utilização de um sistema de

controle são influenciados pelas características da cultura organizacional; (c) o

sistema de controle pode promover determinada cultura e favorecer determinados

valores na organização; (d) o sistema de controle pode ter um caráter simbólico

que reflita as culturas e valores dominantes.

2.3.1. COMPORTAMENTO

Na medida em que cultura é decorrente das crenças e expectativas das

pessoas, é importante que seja abordado também o que nos diz a teoria sobre

comportamento humano correlacionado com controle gerencial.

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Douglas McGregor (apud BUCKLEY and McKENNA, 1972 p.139) postulou a

teoria X e Y de comportamento, na qual são apresentados os seus principais

conceitos.

Na teoria X são colocados os conceitos de que a média dos seres humanos

possuem um inerente desgosto pelo trabalho e irá evitá-lo tanto quanto puder; por

causa desta característica de desgostar do trabalho, a maioria das pessoas deve

ser controlada, coagida, dirigida e ameaçada com punição de forma a fazê-las

colocar o esforço adequado para atingir as metas organizacionais; o ser humano

médio prefere ser dirigido, deseja evitar responsabilidades, possui relativamente

pouca ambição e deseja segurança acima de tudo. (Douglas McGregor apud

BUCKLEY and McKENNA, 1972 p.139).

Devido a esta teoria do comportamento gerencial ter começado a prevalecer

menos nas organizações que se moveram através da democracia industrial,

McGregor propôs uma teoria alternativa para o comportamento humano nas

empresas, chamada teoria Y.

Os corolários da teoria Y são importantes, são eles:

1. Várias pessoas nas empresas são capazes de contribuir

construtivamente através da solução de problemas; a principal

recompensa no ambiente de trabalho é a satisfação do indivíduo em sua

necessidade de alto satisfação; o potencial de uma pessoa média em

uma organização não é completamente utilizado.

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2. Como as metas de uma organização dependem de sua estrutura, cultura

e comportamentos individuais, estas foram abordadas no estudo

elaborado por Buckey e Makenna (1972, p.138) em seu artigo sobre

controle orçamentário nos negócios onde destacam-se:

“As metas de uma companhia são uma série de restrições mais ou menos independentes impostas na organização através de um processo de barganha entre os potenciais membros de coalizão e elaborados ao longo do tempo em resposta às pressões de curto prazo. As metas aparecem de uma determinada forma devido a companhia ser de fato uma coalizão de participantes com demandas distintas, habilidades limitadas para atender a todos os problemas corporativos simultaneamente.” (Cyat, March apud BUCKLEY and McKENNA, 1972 p.138). “O conceito da teoria comportamental das companhias implica que não é significativo falar de uma meta organizacional única. São os participantes que possuem objetivos pessoais e as metas organizacionais só podem significar as metas dos membros dominantes da coalizão.” (Buckley, McKenna apud BUCKLEY and McKENNA, 1972 p.138). “A alta diretoria que detém pouca ou nenhuma ação da companhia, possui três objetivos básicos: crescimento; pois o crescimento propicia satisfação no trabalho, expansão do trabalho, salários e bônus maiores e prestígio; continuidade do emprego, que significa para o time como um todo evitar uma venda hostil da companhia; e um tratamento razoável dos acionistas e geralmente boas relações com o mundo financeiro.” (Robin L. Marris apud BUCKLEY and McKENNA, 1972 p.138).

A teoria comportamental baseada nas observações de quão complexas são

as funções empreendedoras de um negócio, vislumbra uma série de metas – as

metas dos membros chave da coalizão gerencial – como decisões baseadas em

motivações. Como foi apontado por Edwin H. Caplan (apud BUCKLEY and

McKENNA, 1972 p.139) “ a maior parte das tentativas de explicar, predizer ou

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motivar o comportamento humano baseado somente nos fatores econômicos

sozinhos tendem a ter um notável insucesso”.

2.3.2. CONFLITOS

Conflitos são inerentes a natureza humana e como tal devem ser objeto de

estudo na forma como são tratados dentro da cultura de uma organização.

Os conflitos podem ser direcionados para dois tipos de caminho, um

baseado na FORÇA CONSTRUTIVA e o outro na FORÇA DESTRUTIVA.

Hersey e Blanchard (1986) abordam este tema no tópico sobre implantação

de mudanças, onde os conflitos tendem a surgir, podendo afetar a produtividade

global da empresa

“esse problema existe porque à medida que se empenham mais nos seus objetivos e normas, os grupos poderão entrar em concorrência com outros e tentar sabotar as atividades de seus rivais, tornando-se assim um obstáculo para a organização como um todo. O problema geral será, então, o de estabelecer relações intergrupais de alta produtividade, de colaboração.” (H Shein apud Hersey e Blanchard, 1986 p. 354)

Ainda segundo Shein (apud Hersey e Blanchard, 1986 p. 354), vemos que

dentro de uma mesma situação as duas forças (construtiva e destrutiva) do

conflito podem aparecer.

A Força Construtiva o vetor de uma competição intergrupos resulta em uma

maior coesão do grupo, servindo como motivo para se deixar de lado

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momentaneamente as diferenças internas, aumentando a lealdade entre seus

membros. O grupo tende a aceitar a existência de um líder fazendo com que o

estilo de liderança seja mais autocrático, tornando-se mais organizado e

estruturado, exigindo desta forma mais lealdade e conformidade de seus

membros.

Podemos relacionar o efeito desta força construtiva do conflito como o vetor

motivador do deslocamento para o quadrante de produtividade elevada abordado

por Wagner III e Hollenbeck (2000, p. 223), onde a alta coesão aliada ao sólido

acordo quanto a normas favorecem elevada produtividade grupal.

QUADRO 4 – Produtividade em Grupo

ALTAS

Normas de

Produtividade

em Grupo

BAIXAS

Produtividade Moderada

Acordo Parcial quanto a normas

que favorecem elevada

produtividade grupal.

Produtividade Elevada

Sólido acordo quanto às normas

que favorecem elevada

produtividade grupal.

Produtividade Moderada

Acordo parcial quanto às normas

que favorecem baixa produtividade

grupal.

Produtividade Baixa

Sólido acordo quanto às normas

que favorecem baixa produtividade

em grupo.

BAIXA Coesão do Grupo ALTA

Fonte: Wagner III, Hollenbeck (2000, p. 223)

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Já na Força Destrutiva, este mesmo vetor pode provocar um efeito

exatamente oposto nas relações intergrupos. Os grupos começam a ver o outro

como inimigo, tendendo a distorcer sua percepção da realidade e somente

identificar os defeitos do outro grupo e somente suas próprias qualidades.

Conseqüências nas relações entre grupos:

Aumento de hostilidade.

Diminuição da comunicação.

O administrador deve procurar meios de reduzir a tensão quando o conflito

assumir a característica abaixo, tanto intragrupo quanto intergrupos:

Wagner e Hollenbeck (2000, p.217) definem os papéis para conservação do

grupo, e dentre eles identifica o papel de harmonizadores, que tentam minimizar

os efeitos negativos de conflitos entre os membros do grupo, aliviando a tensão.

O que na visão de Blanchard e Hersey deve ser o papel a ser assumido pelo

administrador, conforme acima mencionado.

De forma a melhor identificar quais as atitudes que podem ser adotadas

pelas pessoas em situações de conflito temos o modelo de BLAKE, SHEPARD E

MOUTON.

De acordo com este modelo, existem três atitudes que as pessoas podem

adotar me relação aos conflitos, conforme identificadas no quadro esquemático

abaixo:

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QUADRO 5 - VISÃO A RESPEITO DO CONFLITO

GGRRAAUU DDEE

IIMMPPOORRTTÂÂNNCCIIAA

O Conflito é

inevitável e o

acordo

impossível

O Conflito não é

inevitável, mas o

acordo é

impossível

Embora haja

conflito, o acordo

é possível

ATITUDE

PERANTE

A

SITUAÇÃO

IMPORTÂNCIA

ALTA

Luta de ganha ou

perde pelo poder Retirada

Solução de

problemas

ATIVO

PASSIVO

IMPORTÂNCIA

MODERADA

Intervenção de

terceiros Isolamento

Composição das

divergências

(compromisso,

negociação, etc.)

Mediação

POUCA

IMPORTÂNCIA

Sorte Indiferença ou

desconhecimento Coexistência

Fonte: Blake, Shepard e Mouton (apud Hersey e Blanchard 1986 p. 357)

Hersey e Blanchard (1986 p. 357) se utilizando desta teoria em suas

consultorias, chegaram a conclusão de que quando possuem algum

conhecimento das atitudes das pessoas e a importância dada a respeito de um

conflito potencial é possível prever o comportamento e vice-versa.

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Como disseram, é difícil se reduzir um conflito de força negativa, depois que

ele se desenvolveu, sendo assim é desejável prevenir sua ocorrência, o que pode

ser feito de várias maneiras pela Administração.

As contribuições para o objetivo geral da organização devem ser

mais enfatizadas do que os objetivos dos subgrupos ou indivíduos.

Deve ser feito um esforço no sentido de se aumentar a freqüência e

qualidade das comunicações.

Estabelecer um sistema de recompensa para grupos e indivíduos

que se ajudem entre si.

Promover, na medida do possível, a rotatividade de sua equipe

pelos vários grupos de forma a aumentar a empatia com todos os

grupos e conhecimento dos problemas intergrupais.

Ainda segundo Hersey e Blanchard (1986, p. 356), organizações baseadas

numa filosofia de colaboração, apresentam elevados índices de conflitos

referentes às tarefas melhorando a eficácia global, sendo fatores para este

resultado as condições de confiança mútua entre as pessoas e abertura para

compartilhamento de informações e idéias.

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Já situações competitivas baseadas na estrutura ganha-perde a seu tempo

geram o não compartilhamento das informações, conflitos velados e pouca

interação entre as pessoas e grupos.

Quatro podem ser as abordagens utilizáveis pelo líder e membros do grupo :

1.Evitando o Conflito – Criando-se grupos homogêneos e com os mesmos

valores. Tendência destes grupos é a falta de criatividade e implantação

de novos métodos.

2.Reprimindo o Conflito – A repressão não suprime as divergências,

deixando os conflitos reprimidos como em uma panela de pressão,

podendo vir a e explodir.

3.Aguçando as Divergências – Reconhecimento e expressão aberta do

conflito, podendo ocorrer aprendizagem significativa, mas necessitando

de um trabalho posterior a resolução do conflito, para se fortalecer o

relacionamento entre os oponentes.

4.Transformando as Diferenças em Resolução de Problemas – Nesta

abordagem vale o ditado que “duas cabeças pensam melhor do que

uma”. As divergências são tratadas como uma oportunidade valiosa.

Blake e Mouton (apud Blanchard, 1986, p.356), falando sobre o grau de

preocupação com as pessoas e a preocupação com os resultados estabelece 5

estilos básicos de abordagem de conflitos.

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1. Evasão – onde se evita o conflito a qualquer custo, assumindo-se

posições neutras de distanciamento, até o ponto de extrema alienação –

Conforme a esquema apresentado no livro de Blanchard identificamos

esta abordagem como sendo pertencente as onde a visão do conflito é

que ele é inevitável porém que o acordo é impossível,

independentemente do grau de importância que seja dado ao conflito.

2. Harmonização – Preferência da aceitação pessoal à busca de validação

para as soluções. Concordâncias superficiais em detrimento de

convicções e criatividade. No quadro esquemático podemos alocar este

estilo no quadrante onde o acordo é possível porém se dá pouca

importância assumindo-se uma atitude passiva

3. Supressão – Controle do conflito pela força. Já este estilo pode-se

encaixar no quadrante onde o acordo é impossível, e onde se dá alta e

moderada importância ao conflito.

4. Acomodação – Superação do conflito através de negociação de solução

intermediária. Já este estilo se enquadra no de possível negociação com

importância moderada.

5. Confrontação – abordagem difícil na resolução de problemas, onde as

idéias são discutidas abertamente trabalhando-se nas discordâncias para

alcançar uma solução válida para ambos. Oponentes se tornam

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colaboradores. Este é o quadrante do esquema onde o acordo é possível

e a importância é elevada.

Vê-se então a importância dos aspectos cultural e de comportamento para o

bom funcionamento de uma organização.

2.4. ASSOCIAÇÕES

Novas tendências surgem para as estratégias de integração, sendo o

consórcio uma alternativa dentro deste novo mundo globalizado e volátil. A

agilidade é um fator primordial nos dias de hoje de forma a capacitar as empresas

na ampliação da capacidade de geração de benefícios de seus ativos, e não

necessariamente a ampliação das empresas.

A facilidade das empresas se unirem e se separar em operações de

consórcios para a execução de projetos específicos é um fator importante na

análise da idéia de consórcios. As empresas podem se valer da sinergia

decorrente das aquisições tradicionais, sem os ônus decorrentes destes

processos.

É importante então vermos o que a literatura nos fornece quanto ao tema de

aquisições e quais são seus benefícios e riscos.

2.4.1. MODALIDADES DE AQUISIÇÃO

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“Há três procedimentos legais básicos que uma empresa pode adotar para

adquirir outra organização” (Ross, Westerfield, Jaffe, 1995, p.587).

1. Fusão ou consolidação

2. Aquisição de Ações

3. Aquisição de Ativos

1. Fusão ou Consolidação

O que os autores denominam como fusão e consolidação, é equivalente ao

descrito na lei 6.404 como fusão e incorporação, com algumas diferenças onde a

incorporação é a absorção de uma empresa por outra de todos os seus ativos e

passivos, a qual após a fusão deixa de existir como uma entidade independente.

Na fusão tem-se uma empresa inteiramente nova, onde as duas empresas

deixam de existir em termos jurídicos e passam a integrar uma nova sociedade.

2. Aquisição de Ações.

Consiste na compra das ações com direito a voto, podendo ser uma oferta

privada ou pública.

3. Aquisição de Ativos.

Outra forma de aquisição se dá através da compra dos ativos de uma

empresa a qual necessita da aprovação formal de seus acionistas para a venda.

2.4.2. TIPOS DE AQUISIÇÕES

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Os tipos de aquisição são classificados em três (Ross, Westerfield, Jaffe,

1995, p.589).

Aquisição horizontal onde as empresas competem no mesmo

mercado no mesmo setor.

Aquisição vertical que envolve empresas em estágios distintos de

um mesmo processo produtivo.

Conglomerado que se traduz pela desvinculação total entre as

atividades das duas empresas.

2.4.3. MOTIVOS QUE LEVAM AS AQUISIÇÕES

A sobrevivência das empresas passa pela busca de mecanismos de

manutenção e crescimento, os quais podem ser o crescimento interno através do

investimento para o desenvolvimento de ativos próprios ou o externo através de

aquisição, fusões e associações.

O ambiente altamente mutante e volátil do atual mundo globalizado, onde a

velocidade do mercado tende a ser cada vez maior, tem privilegiado a segunda

alternativa como uma vantagem competitiva. 1

2.4.4. SINERGIAS NAS AQUISIÇÕES

1 PORTER, Michael E. Vantagem competitiva: criando e sustentando um desempenho superior. Rio de

Janeiro: Campus, 1992

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As fontes possíveis de sinergia em aquisições passam por quatro categorias

básicas, sendo elas: aumento de receitas; redução de custos; reduções de

impostos e diminuição do custo de capital (Ross, Westerfield, Jaffe, 1995, p.593).

O aumento de receitas passa por três áreas:

1. Ganho de marketing, oriundo de uma melhor aproveitamento do esforço

de mídia e propaganda até então ineficazes.

2. Benefícios estratégicos na medida em que mercados novos podem se

abrir mais como uma opção do que uma oportunidade tradicional.

3. Poder de mercado, oriundo do aumento do market share. (Ross,

Westerfield, Jaffe, 1995, p.594).

A redução de custos tem como premissa uma operação mais eficiente do

que a das duas empresas independentes, onde podemos mencionar:

Economia de escala, que é um dos benefícios óbvios das fusões

horizontais, através do uso compartilhado dos recursos centrais;

Economia resultante da integração vertical, que passa pela

facilidade da coordenação das atividades correlatas e da

transferência de tecnologia. Este tipo de economia, no entanto, deve

ser muito bem mensurado e possuir um critério bem definido quanto

aos custos de transferência os quais não existindo podem passar a

ser um fator de ineficiência e de atritos entre as diversas áreas da

nova empresa.

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Recursos complementares que pode ser exemplificado como a

otimização dos recursos de duas atividades com ciclos de vendas

distintos ao longo do ano, propiciando um uso mais eficiente de sua

capacidade operacional. (Ross, Westerfield, Jaffe, 1995, p.594).

Os ganhos fiscais passam pelo uso de prejuízos operacionais não

aproveitados, pelo uso de capacidade ociosa de endividamento e fundos

excedentes.

Custo de capital pode também ser reduzido em função do ganho de escala

obtido para a emissão de títulos para captação de recursos no mercado, assim

como pela redução do risco após a aquisição, aumentando a capacidade de

endividamento.

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2.5. QUADRO DE REFERÊNCIA

Com base nos tópicos resumidos abaixo, estará sendo elaborado o roteiro

das entrevistas.

QUADRO 6 – Quadro de Referência.

ANTHONY E DEARDEN

(1980 apud BERRY, BROADBENT, OTLEY, 1988)

Fases do Sistema de Controle

Programação

Orçamento

Operacionalização e Medição

Relatório e Análises

Centros de Responsabilidade Como foram definidos e se estão bem

delimitados os centros de

responsabilidades entre os gerentes.

Controle Orçamentário Dados Planejados x Atuais

Consistência das Informações Os diversos relatórios gerados para

diferentes propósitos devem se basear

em uma mesma fonte de dados de forma

a existir consistência entre eles.

ANTHONY & GOVINDARAJAN (2002)

Contabilidade Gerencial Contabilidade de Custos

Contabilidade Diferencial

Controles x Estratégia Os controles devem ser elaborados

conforme a estratégia adotada

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GOMES & AMAT (2001)

Congruência dos Objetivos Clientes

Acionistas

Fornecedores

Governo

Perspectiva Ampla Controle não é realizado somente pela

Gerência

Não é a posteriori e sim permanente.

Não deve ser levado em conta apenas

aspectos técnicos .

Não deve centrar-se exclusivamente

nos resultados.

Tipos de Controle Familiar

Burocrático

Resultados

Ad-hoc

Grau de Centralização Centralizado

Descentralizado.

Estilos de Gestão

LIKERT

(apud BUCKLEY, 1998)

Autoritário Explorador

Autoritário Benevolente

Consultivo

Participativo

MILLS (1998)

Centrado na Chefia

Centrado nas Regras

Centrado nas Tarefas

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CULTURA

CONFLITOS

Shein (apud Hersey e Blanchard, 1986)

Força Construtiva

Força Destrutiva

Importância dada ao Conflito

Abordagem

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3. METODOLOGIA

O trabalho foi desenvolvido a partir do estudo teórico dos sistemas de

controles gerenciais e a comparação com a prática adotada em dois consórcios

para construção de usinas Termoelétricas.

A escolha destes dois consórcios como fonte de dados para o presente

estudo deve-se a facilidade de acesso as informações, bem como a experiência

pessoal na função de gerente adjunto financeiro dentro desses consórcios. Sendo

uma das primeiras experiências em consórcio por uma das empresas com

empresas de mesmo porte e/ou superior ao seu porte, o que acarreta a divisão de

gestão, esses dois casos fornecem também uma rica fonte de dados.

Com o estudo da teoria, foi elaborado um quadro de referência para o

confronto com a prática, de forma a identificar os processos porventura omitidos e

suas principais conseqüências.

Perguntas da pesquisa:

1. Quais as características dos controles implantados em um consórcio.

2. Qual a relação em termos de proximidade e afastamento entre a

orientação teórica e a pratica existente.

3. Como foi o processo de harmonização das culturas empresariais.

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O desenvolvimento do trabalho se deu através do estudo de caso com

pesquisa de campo de natureza exploratória. As pesquisas exploratórias “tem por

objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo

mais explicito ou a construir hipóteses.” (Gil apud Gomes, 2002). Desta forma a

presente pesquisa possibilita o aprimoramento das idéias bem como o

reconhecimento e consolidação das situações reais de trabalho no que diz

respeito a tratamento dado as dificuldades surgidas ao longo do projeto.

A Coleta dos dados primários se deu através de observações em

campo onde a experiência diária no desenvolvimento das atividades

de gerente adjunto financeiro propiciou a participação em diversas

reuniões e o conhecimento profundo acerca dos principais pontos de

controle gerencial dos empreendimentos. Foi elaborado também um

questionário cuja finalidade foi obter de forma estruturada opiniões

distintas sobre os pontos principais levantados ao longo do presente

estudo. Este questionário foi respondido por dois diretores e quatro

gerentes responsáveis pelas áreas de construção, administração

contratual, suprimentos e administrativo/financeiro.

Os dados secundários foram coletados através dos documentos

disponibilizados para análise e conhecimento de rotinas.

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4. OS CONSÓRCIOS TRÊS LAGOAS E TERMOPERNAMBUCO

Com o advento da crise de energia pela qual passou o Brasil no ano de 2000

/ 2001, as empresas Construtora Norberto Odebrecht e Promon decidiram se

associar em consórcios para a execução de usinas termoelétricas aproveitando a

sinergia existente entre as empresas de forma a se fortalecerem neste novo e

promissor mercado.

4.1. AS EMPRESAS CONSORCIADAS

É de extrema importância entendermos o tamanho e características das

empresas objeto do presente estudo. Os dados a seguir foram colhidos do site

das empresas e fornecem uma excelente fonte inicial para o conhecimento da

cultura das duas empresas.

Construtora Norberto Odebrecht S.A.

A Construtora Norberto Odebrecht, foi fundada em 1945 em Salvador (BA)

por Norberto Odebrecht, dando origem a Organização Odebrecht.

Com planejamento, disciplina e inovações, a empresa promoveu grandes

transformações nos métodos construtivos tradicionais nos anos 40 - e, ao longo

da década seguinte, consolidou sua presença no mercado baiano.

Nos anos 60, a Construtora Norberto Odebrecht expandiu sua atuação para

o Nordeste, acompanhando o desenvolvimento da infra-estrutura industrial da

região, estimulado pela ação da Sudene. Na década de 70, a Construtora

Norberto Odebrecht iniciou sua expansão para o Sudeste do país. Na época, o

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desafio no campo da engenharia eram as obras de tecnologia especial, como

metrôs, usinas nucleares, emissários submarinos, aeroportos e grandes pontes..

A Construtora Norberto Odebrecht S.A tem como foco a prestação de

serviços EPCM (Engineering, Procurement, Construction and Management -

Engenharia, Suprimento, Construção e Gerenciamento).

Sua larga experiência abrange construção de edificações, usinas

termelétricas e hidrelétricas, centrais nucleares, usinas siderúrgicas, centrais

petroquímicas, rodovias, ferrovias, portos e aeroportos e projetos de mineração,

saneamento básico e irrigação.

Presente há mais de 20 anos no exterior, em países da América do Sul,

América do Norte, África e Europa, as empresas de Engenharia e Construção da

Odebrecht são responsáveis pela maior exportação brasileira de serviços.

Em 2000, pesquisa publicada pela revista norte-americana ENR

(Engineering News Records), da editora McGraw-Hill, em sua edição de

dezembro de 2000, classificou a Odebrecht como a maior empresa de Engenharia

e Construção da América Latina e uma das 30 maiores exportadoras desses

serviços em todo o mundo.

A atuação descentralizada, com delegação plena e planejada, propicia a

vivência de crescentes desafios no cumprimento da tarefa empresarial, fazendo

do ambiente de trabalho um espaço educacional. Assim são formadas sucessivas

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gerações de Empresários-Parceiros. A empresa considera como empresários

parceiros todos aqueles que se encontram até o nível de diretor de contrato.

Promon Engenharia S.A.

A Promon nasceu em 1960, de uma aliança entre a empresa norte-

americana Procon, Inc. e a brasileira Montreal Engenharia S.A. As duas se uniram

em um consórcio para disputar a concorrência internacional para o projeto de

quatro unidades da Refinaria Presidente Bernardes, da Petrobras, e conquistar

espaço no nascente mercado de engenharia de grandes projetos no Brasil. A

Promon Engenharia S.A. venceu a concorrência e, assim, executou o primeiro

trabalho desse gênero realizado no país.

A história da Promon Engenharia se confunde com a da própria Organização

Promon. Desde a sua fundação, em 1960, a empresa iniciou suas atividades com

uma contínua busca da excelência, especialmente na sua atividade principal –

Engenharia.

Rica em inovações e realizações, a Promon Engenharia vem participando de

todos os ciclos de desenvolvimento e investimentos em infra-estrutura no Brasil,

antecipando-se às necessidades do mercado, investindo constantemente na

capacitação de sua equipe e qualificando-se como uma empresa de classe

mundial em engenharia.

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Hoje, tendo como referência essa competência, desenvolve e implementa

soluções completas de engenharia para auxiliar na montagem e no

desenvolvimento de negócios para seus clientes, realizando desde estudos de

viabilidade até a implantação de empreendimentos na modalidade EPC

(engenharia, suprimentos e construção).

Considerados como matéria-prima do sucesso de suas realizações, os

profissionais compartilham informações e recebem as orientações e o suporte

necessário para o perfeito entendimento e alinhamento de processos e

procedimentos operacionais e técnicos durante a realização de um

empreendimento.

Por meio de um grupo de apoio, são desenvolvidas atividades para que as

equipes de cada contrato estejam alinhadas e em perfeita sintonia com as

políticas e práticas de gerenciamento de empreendimentos da Organização.

Para maior controle e otimização de resultados, a Promon Engenharia utiliza

pontos de avaliação e de processos de decisão para a condução das ações

previstas no planejamento. Alguns eventos básicos garantem a eficiência nesse

procedimento: transferência do contrato entre as áreas comercial e operacional,

início do contrato, consolidação interna do contrato e encerramento.

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4.2. DESCRIÇÃO E ANÁLISE DO CASO

A empresa líder dos consórcios é a Construtora Norberto Odebrecht (tratada

como CNO deste momento em diante), o que implica na responsabilidade da

guarda de toda documentação fiscal conforme a legislação pertinente. Esta

situação de partida definiu o sistema contábil a ser utilizado no Consórcio (que foi

o sistema da CNO) visto a obrigatoriedade da apresentação dos documentos

pertinentes quando solicitado pela fiscalização.

Várias foram as dúvidas iniciais quanto a forma de operação do Consórcio,

se as compras e contratações tanto de serviços quanto dos funcionários

poderiam ser efetivadas diretamente na razão social do Consórcio ou deveriam

ser realizadas em nome das empresas consorciadas dado o Consórcio não

possuir personalidade jurídica. Inicialmente no que tange a esta questão, as

compras eram elaboradas por uma das empresas e as contratações dos serviços

por outra, visando desta forma buscar um equilíbrio entre o nível de

compromissos assumidos em nome de cada empresa. Esta solução não se

mostrou satisfatória na medida em que os volumes financeiros das compras e

contratações bem como os riscos envolvidos eram bastantes distintos e não

propiciavam o equilíbrio desejado. No que diz respeito aos funcionários alocados

aos projetos sua contratação quando necessária se dava através de uma das

empresas, o que também não se mostrou eficaz quando aumentou a necessidade

de pessoal temporário para a execução do empreendimento, funcionários estes

que obrigatoriamente acabariam tendo os mesmos benefícios das empresas

consorciadas, o que acabaria por onerar os custos da mão de obra.

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Dúvidas quanto às questões relativas a contabilidade fiscal geraram várias

reuniões entre os setores corporativos responsáveis, até mesmo a emissão de

uma ordem de pagamento era uma tarefa difícil de ser executada no início.

Após diversas reuniões e consultas aos escritórios especializados na

matéria, chegou-se as seguintes conclusões que podem ser de grande utilidade

para os pesquisadores do assunto.

O consórcio apesar de não possuir personalidade jurídica, pode comprar,

contratar empresas e funcionários bem como emitir notas fiscais relativas ao

objeto específico de seu contrato de constituição. Não existe a obrigatoriedade

destas contratações e emissões de documentos fiscais serem feitas sempre de

uma única forma, podendo ser distribuídas de forma aleatória entre as empresas

consorciadas e o consórcio, conforme venha a ser definido pelas empresas.

Foi necessário proceder a revisão de vários procedimentos de ordem

contábil e fiscal na medida em que foram sendo esclarecidas as dúvidas quanto a

estas questões. Em alguns casos esta revisão acabou sendo elaborada pela

necessidade prática, sem que houvesse uma programação prévia. Estas dúvidas

geraram uma improdutividade inicial a qual foi arcada principalmente pelo

consórcio de Três Lagoas por ter sido o primeiro a entrar em funcionamento,

porém por se tratarem de natureza fiscal foram equacionadas através de

consultas a especialistas

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Um dos primeiros choques relativo a cultura das empresas se deu quanto a

definição do local onde seria implantado o escritório gestor do consórcio. Por um

lado a CNO com sua cultura descentralizada onde para todos os novos

empreendimentos é criada uma filial e o seu diretor de projeto monta sua equipe

de gestão no local da obra e por outro a Promon com uma cultura onde a gestão

dos empreendimentos é executada em seus escritórios com a participação e

envolvimento de toda sua estrutura operacional com somente a parte técnica

sendo gerida diretamente na obra.

Em decorrência destas diferenças durante algum tempo houve uma

indefinição quanto a localização do escritório para a equipe de gestão.

Inicialmente foi implantado um escritório no Rio de Janeiro, porém esta

localização não era totalmente aceita, existindo ainda a possibilidade de mudança

para o local das obras (Mato Grosso e Pernambuco). Somente passados

aproximadamente oito meses no início do contrato, houve a efetiva definição da

continuidade da gestão dos empreendimentos no escritório do Rio de Janeiro,

com a otimização da utilização de parte da equipe entre os dois consórcios, a

saber: contabilidade; tesouraria; finanças e suprimentos.

A definição de quais os profissionais iriam compor as equipes foi bastante

complexa. Houve uma disputa entre as empresas para definir quem iria indicar os

gerentes, como seria a distribuição dos postos de trabalho entre as empresas

bem como qual seria o modelo de controle a ser implementado.

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Surge uma estrutura totalmente nova com características de estrutura

matricial tanto dentro das empresas como entre as empresas. Um funcionário

dependendo da posição que ocupe bem como da estruturação da gerência em

que se encontra pode ter que responder a mais de 3 chefes distintos, onde sua

lealdade básica é com a sua empresa de origem. Os conflitos resultantes desta

estruturação são naturais e foram importantes.

Uma ação tomada pelos diretores do consórcio de Termopernambuco de

forma a reduzir os conflitos e mostrar a importância do trabalho em equipe foi

promover o seminário TEAL no Hotel Rosa dos Ventos em Teresópolis obtendo

desta forma uma maior integração da equipe. Este seminário pode ser visto como

um marco na relação dentro do consórcio, onde todos puderam ter uma maior

compreensão da importância do papel de cada um, bem como saber abandonar

sua zona de conforto de forma a buscar nos conflitos e nas diferenças uma

atmosfera construtiva.

Após esta experiência do consórcio de Termopernambuco, houve um

movimento similar pela direção do consórcio de Três Lagoas no sentido de buscar

uma maior integração entre as equipes, tanto entre as empresas quanto entre os

dois escritórios (Rio de Janeiro e Obra). Este segundo seminário por ter tido uma

característica mais acadêmica, onde foram abordadas as teorias

comportamentais sem um maior exercício de integração, não surtiu o mesmo

efeito do que o primeiro.

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É importante ressaltar que este aprendizado não se limitou a apenas um

seminário e que ao longo do projeto como um todo, saber contornar estes

conflitos de forma construtiva foi uma tarefa de grande importância dentro do

ambiente dos consórcios. Deve-se ter consciência de que a lealdade básica das

equipes é com as empresas de origem apesar de todos estarem empenhados

para otimização do resultado do projeto. Este aspecto é de grande relevância

para o processo de gestão da equipe como um todo e da manutenção do bom

relacionamento entre as empresas.

Conforme já mencionado anteriormente, o fato da CNO ser a empresa líder

dos Consórcios foi o fator determinante para a definição do sistema a ser utilizado

na contabilidade dos empreendimentos. Como o sistema contábil sozinho não é

suficiente para o controle gerencial, houve a necessidade de se definir quais

seriam os sistemas e processos a serem implantados na gestão do

empreendimento. Devido a utilização do sistema contábil da CNO houve um viés

a favor da implantação das demais ferramentas de controle da líder, porém as

funcionalidades da ferramenta eram mais adequadas para o controle de um

projeto executor e não gestor1 como era o caso dos dois empreendimentos.

Alguns meses foram perdidos ao se chegar a esta conclusão e desta forma o

empreendimento de Três Lagoas não conseguiu implantar totalmente a mesma

ferramenta que foi implantada em Termopernambuco.

1 Por projeto gestor entende-se um projeto onde a empresa contratada (consórcio no caso) não irá contratar

profissionais para a execução direta das atividades e sim empresas que serão responsáveis por pacotes de

trabalho as quais serão gerenciadas pelos membros da equipe da empresa contratada (consórcio).

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De qualquer forma a decisão de se utilizar esta ferramenta foi o tomada

através de consenso entre os diretores do projeto, principalmente o da empresa

que não era a proprietária. Este é um dos episódios que demonstra a

necessidade de existir uma boa relação entre os diretores do consórcio onde a

decisão quanto aos controles a serem implantados deve ser tomada de comum

acordo e acima de tudo que eles se empenhem em transmitir a equipe que está

tendo contato pela primeira vez com o processo e a ferramenta, a importância de

se adaptarem as novas práticas. A mistura de ferramentas de controle das duas

empresas gerou inconsistência nas informações, sendo necessário se criar

mecanismos de controle adicionais.

Três Lagoas por ter sido o primeiro consórcio funcionou um pouco como

laboratório para acertos dos pontos a serem melhorados. Podemos dizer que este

aprendizado não foi tão oneroso ao Consórcio pela obra ter tido seu cronograma

dilatado na medida da existência de problemas do cliente na obtenção das

licenças ambientais necessárias para o andamento da obra, propiciando um maior

tempo de adaptação.

Houve em um primeiro momento uma posição bastante reativa entre os

profissionais alocados aos projetos quanto ao trabalho em consórcio. O curto

prazo para execução de um empreendimento deste porte com cronogramas

apertados em todas as suas etapas, desde o projeto até a execução, por si só

leva a uma postura de se acelerar a execução das atividades e neste sentido a

forma de trabalho com que cada equipe já estava acostumada em sua empresa

de origem era vista como a mais natural e a melhor a ser utilizada. Quaisquer

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questionamentos e sugestões sobre processos, atividades e ferramentas eram

vistos como entraves à produtividade.

Por outro lado, a falta de conhecimento mútuo entre as empresas tanto dos

processos quanto dos profissionais alocados por sua contraparte, gerou

insegurança se as atividades estavam sendo realizadas dentro dos padrões

esperados para o bom desenvolvimento do projeto. Desta forma se mesclar nos

departamentos funcionários das duas empresas foi um ponto importante que

propiciou um maior conforto para as empresas.

Os profissionais alocados no consórcio devem ter sempre em mente que

Independente da gerência estar sendo exercida por um profissional da outra

empresa, é fundamental se posicionar como em uma estrutura matricial não

adotando uma postura de subordinação como em uma estrutura tradicional, e sim

levantando suas dúvidas quanto a eventuais tomadas de decisão que não

estejam em conformidade com seu conhecimento tradicional, caso não se

convença da decisão final tomada, deve buscar em sua empresa o apoio

necessário para esclarecimento de qual atitude deve ser tomada. Este tipo de

posicionamento em um primeiro momento pode ser visto como um fator de

diminuição da produtividade porém a médio e longo prazo pode trazer grandes

benefícios, propiciando a transferência de conhecimento entre as empresas, e

transmitindo a segurança necessária as empresas quanto as práticas efetivas que

estão sendo adotadas.

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Na aplicação dos questionários pode-se notar que o ponto de vista é

bastante similar no que tange aos tópicos abordados, conforme abaixo resumido.

Ao se questionar sobre o principal ponto de aprendizado ao longo da

execução do empreendimento as respostas transitaram entre o relacionamento

humano, buscando flexibilização dos pontos de vista, procurar enxergar os pontos

positivos da cultura do parceiro e da necessidade de se estabelecer a princípio os

processos administrativos e operacionais.

Quanto a principal dificuldade no processo de gestão dos empreendimentos

o ponto ressaltado foi a diferença entre as empresas no que tange a uma cultura

executora versus uma cultura gestora, tendo sido um dos principais pontos de

conflito e divergência.

O principal ponto positivo dentro do desenvolvimento do empreendimento foi

a capacidade de superar as desavenças, com a tentativa constante de não se

perder o foco no negócio que gerou a associação das empresas. A capacidade de

se deixar as diferenças e interesses particulares para se vencer os enormes

desafios que se apresentam ao longo de um empreendimento desta magnitude foi

fundamental.

No aspecto relativo ao aumento dos conflitos em um consórcio, todos foram

unânimes em afirmar que existe a tendência deles aumentarem devido ao

corporativismo existente nas empresas, interesses pessoais, diferentes formas de

avaliação de desempenho, preocupações quanto a serem chamados a participar

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em futuros projetos e outros. Para superar estes conflitos a importância na ênfase

do trabalho em equipe com os diretores e gerentes atuando como exemplo,

procurar se criar uma atmosfera de uma única empresa onde não fique evidente

as empresas de origem dos profissionais.

Quanto as fases do sistema de controle segundo Anthony e Dearden, os

pontos ressaltados como os que devem ser objeto de uma maior atenção em

empreendimentos com a mesma características foram o de programação e

orçamento.

Os pacotes de trabalho não foram bem definidos, acarretando dificuldades

de se medir os desvios, visualização dos serviços a serem contratados, custos

gerados por terceiros sendo alocados nas rubricas de controle sem prévio

conhecimento do profissional responsável. Desta forma a gestão do orçamento do

consórcio foi um dos pontos a serem melhorados.

Com relação as fases do sistema de controle houveram falhas no que tange

a programação e orçamento, uma vez que o empreendimento iniciou sem a

existência de um organograma bem definido, gerando a falta de definição dos

centros de responsabilidades a partir dos quais o orçamento deveria ter sido

refeito e reempacotado, o que acarretou problemas no processo de controle

orçamentário.

Quanto a operacionalização e medição, os processos foram sendo

aprimorados ao longo do desenvolvimento do empreendimento, bem como os

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relatórios de análise em consonância com a perspectiva ampla definida por

Gomes e Amat onde o controle não é a posteriori e sim permanente.

Os relatórios de análise sofreram modificações tendo sido adaptados as

necessidades efetivas de controle, sendo alguns abandonados ao longo do

desenvolvimento do projeto e outros novos desenvolvidos.

Houve dificuldade na comparação entre os dados planejados e os atuais em

decorrência de diversos fatores.

Inicialmente o período de desenvolvimento do projeto foi bastante

conturbado no que diz respeito aos aspectos macroeconômicos do país. O

período pré-eleitoral bem como a posterior eleição do Presidente Luiz Inácio Lula

da Silva, gerou grandes impactos nos indicadores econômicos. Houve uma

expansão inflacionária puxada por alguns fatores, sendo difícil se estabelecer os

melhores indexadores para se ter o valor do orçamento atualizado de forma a se

poder comparar com os dados planejados inicialmente. Foram feitas várias

tentativas de se expurgar o efeito da inflação no orçamento de custo, porém todos

elas trouxeram distorções.

Qual seria o melhor critério para expurgar o efeito inflacionário da compra de

suprimentos, o da data da entrega do material ou o quando da formalização do

pedido de compra? Caso fosse um período de maior estabilidade na economia,

esse aspecto não faria muita diferença pois a expectativa inflacionária estaria

embutida na formação dos preços. Porém como houve uma situação de

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descontrole, pode haver uma avaliação positiva de uma performance de

orçamento quanto uma negativa e na prática nenhuma dessas duas hipóteses

podem estar de acordo com a realidade. Conclui-se que na medida em que o

ambiente macroeconômico se desestabilizou, os mecanismos de controle não

estavam adaptados para refletir com precisão uma comparação entre o real e o

realizado.

Outro ponto importante de dificuldade na comparação entre os dados

planejados e os ocorridos foi em decorrência dos pacotes de responsabilidade

não terem sido claramente definidos, gerando apropriação de custos em rubricas

distintas das inicialmente utilizadas na subdivisão do orçamento. Em um

empreendimento desta magnitude as decisões acerca de modificação na forma

de contratação interferem em diversos centros de responsabilidade e caso não

exista um monitoramento adequado de forma a modificar os dados planejados em

função dessas modificações, a comparação entre os dados planejados e os reais

fica bastante prejudicada. Esse foi um dos pontos de dificuldade na comparação

entre os dados planejados e os reais.

A falta de indicadores para os profissionais alocados tanto no campo quanto

na engenharia foi outro fator que gerou distorções no processo de comparação.

No que tange ao ponto relativo a consistência das informações, vemos que

houve inconsistências em função da forma como as informações estavam sendo

geradas e analisadas. Podemos ver que esta questão diz respeito aos diversos

controles paralelos desenvolvidos pelas áreas em função da ausência de um

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sistema padronizado e também devido aos problemas oriundos da não definição

clara dos centros de responsabilidades.

Este aspecto foi identificado e as áreas envolvidas foram acionadas para que

se pudesse ter certeza de qual a fonte que estava refletindo fidedignamente a

realidade, principalmente no que tange as projeções sobre os custos futuros a

serem incorridos.

Um dos problemas identificados diz respeito a questão do fluxo de

informações, onde o departamento responsável pelo planejamento e controle

orçamentário não estava sendo munido de todas as informações.

O fluxo de informação de grande parte do empreendimento ocorreu da

seguinte forma:

Inicialmente a Engenharia municiou a área de planejamento e a obra com as

informações existentes naquele momento, com base nestas informações o

orçamento foi elaborado e subdivido entre as áreas.

No decorrer do projeto as alterações ocorreram tanto no projeto quanto

diretamente na obra, as quais foram sendo passadas diretamente para os

departamentos, sem o conhecimento da área de planejamento.

Como os departamentos passavam para a área financeira a previsão de

desembolso, foi possível identificar a inconsistência entre as informações das

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áreas e o orçamento total que estava sendo trabalhado, quando da conciliação

das informações. Esta análise da inconsistência não pode ser imediata pois para

se fazer a conversão da visão de orçamento para caixa foi necessário a

implantação de novos relatórios de controle visto o sistema não estar preparado

para fornecer a informação com esta formatação.

Como a freqüência de revisão do valor total do orçamento pela área de

planejamento sob responsabilidade de uma das empresas não era adequada para

a sua associada, acabou sendo gerado um controle paralelo para se conseguir

avaliar da melhor forma possível a tendência do orçamento. Podemos dizer que

não houve uma boa integração entre as empresas para a validação dos valores

orçados na periodicidade necessária para um bom acompanhamento do

orçamento.

No que diz respeito a Contabilidade Gerencial, vê-se que na realidade o

departamento contábil atuou mais enfocado na contabilidade fiscal, tendo sido a

contabilidade de custo ficado a cargo de departamento de planejamento e

orçamento.

Quanto ao tipo de controle existente nos consórcios o mais próximo da teoria

é o controle por resultados, apesar de terem existido problemas na utilização dos

centros de responsabilidade.

Considerando que o grau de centralização existente nas duas empresas

consorciadas diferem bastante, a CNO tem como característica operacional de

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abrir uma filial no local da obra para cada um de seus projetos, onde todas as

atividades de natureza administrativa e financeira ficam integralmente a cargo

desta unidade. Já a Promon possui uma grande descentralização no que diz

respeito aos aspectos técnicos inerentes aos empreendimentos, porém todas as

atividades administrativas financeiras são desenvolvidas dentro de seu escritório,

com as operação contábeis e de tesouraria totalmente centralizada em sua matriz

em São Paulo. Esta característica um dos fatos geradores de conflitos no

empreendimento. Ao passo que em determinados momentos a decisão de acordo

com a visão de uma empresa deveria ser tomada pela direção do

empreendimento, em contrapartida a empresa consorciada entendia que a

decisão deveria ser compartilhada com a corporação.

O estilo predominante de gestão foi o centrado nas tarefas onde as

demandas das situações de trabalho aglutinaram as equipes unindo esforços para

a solução, este estilo foi de grande importância aliado a uma boa gestão da

harmonização das culturas.

O conflito de interesses conforme a teoria sobre controle gerencial em

projetos tende a aumentar, na medida em que o empreendimento é realizado em

um consórcio este conflito tende a tomar maior proporção podendo vir a ser um

fator determinante no sucesso do projeto. A boa integração entre a diretoria do

consórcio, sabendo lidar com as diferenças culturais e não permitindo se criar um

campo fértil para a propagação das forças destrutivas oriundas dos conflitos entre

as equipes e entre as empresas tende a ser uma das principais tarefas iniciais

dos gestores.

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Buscar gerir o consórcio mantendo o foco dos integrantes na conclusão do

empreendimento dentro do prazo, qualidade e custo projetados foi uma tarefa

fundamental dos seus diretores conseguindo que os conflitos se encaminhassem

no sentido da força construtiva. Nas entrevistas foram relatados alguns exemplos

de empreendimentos em consórcios que não tiveram um bom resultado final

devido as forças destrutivas dos conflitos terem tomado proporções superiores ao

objetivo comum, e conforme preconizado pela teoria, na medida em que uma

força destrutiva se instala, reverter o processo é uma tarefa bastante difícil.

Apesar da grande integração entre as equipes notam-se algumas práticas

que poderiam ter sido adotadas no Consórcio, sendo somente adotadas no

âmbito de cada empresa. Pode-se atribuir diversos fatores para esse

comportamento tal como tentar resguardar conhecimento através de não se

divulgar alguns procedimentos internos e diferentes critérios de avaliação de

performance e incentivos existente dentro da política de RH de cada uma das

empresas. Deve-se ter em mente porém que minimizar essas questões é uma

atitude que agrega um elevado grau de produtividade.

Dado todos os pontos anteriormente abordados e vividos durante o estudo

do presente caso vemos que a teoria sobre controle gerencial é de grande valia

para as empresas que estão se associando em forma de consórcio para a

execução de um empreendimento.

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O presente caso reforça a necessidade de se dar atenção especial ao

planejamento do empreendimento antes de iniciar sua execução. A criação de

um grupo tarefa para esta etapa é extremamente importante, este grupo deve:

1. Transformar as estimativas em especificações

2. Definição de Cronograma Detalhado

3. Organograma do Projeto

4. Elaboração do novo Orçamento de Custos conforme Organograma do

Projeto de forma a serem definidos os centros de responsabilidades

bem como os pacotes de trabalho, visando desta forma se possuir

sómente um responsável por cada pacote de trabalho.

5. Definição dos Indicadores de Avaliação para cada responsável por

centro de responsabilidade / pacote, os quais podem ser financeiros,

quantitativos e qualitativos. A engenharia e o pessoal de campo devem

ser envolvidos neste processo, respondendo segundo indicadores

próprios de forma a estarem comprometidos não apenas com as

características técnicas de seu desempenho e também com o resultado

final em congruência com o que foi objetivado quando se conquistou o

projeto. O estabelecimento de indicadores que forneçam o máximo de

envolvimento destas áreas nos resultados é de extrema importância,

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bem como sua proximidade com as áreas responsáveis pelas compras

e contratações.

6. Definição de sistema de incentivos. Se não for possível o

estabelecimento de um sistema de incentivo igual entre as empresas

algum tipo de incentivo comum ao consórcio deveria ser estabelecido

de forma a buscar uma melhor performance das equipes.

7. Sistema de Informação – Definição do sistema a ser utilizado. O estudo

dos sistemas de informação existentes com a menor parcialidade

possível é fundamental para se otimizar o controle gerencial do

empreendimento. Caso exista alguma particularidade que uma das

empresas necessite conforme determinado pelo seu controle

corporativo esta deve ser colocada e o consórcio deverá se estruturar

para fornecê-la.

Como é tratado por Anthony e Dearden (apud BERRY, BROADBENT,

OTLEY, 1998, p.19-36), é importante o estabelecimento de um fluxo de

informação entre os profissionais alocados tal que exista consistência entre as

informações coletadas para diferentes propósitos, dentro de prazos previamente

determinados.

Desta forma o esquema a seguir representa como deveriam fluir as

informações dentro do empreendimento diferentemente do fluxo encontrado no

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presente estudo. As fronteiras são pontilhadas indicando a necessidade da

informação permear todas as áreas envolvidas.

QUADRO 7 – PROPOSTA PARA FLUXO DE INFORMAÇÕES

A área financeira deve ser informada e cobrar dos demais a melhor

expectativa quanto a finalização do empreendimento, preparando os relatórios

ENGENHARI

A

OBRA

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para controle dos indicadores previamente determinados e efetuando os

questionamentos sobre as informações que não estejam consistentes.

O acompanhamento de perto por funcionários das empresas consorciadas é

um fator de extrema importância. Ele serve para validar e proceder a eventuais

correções das práticas efetivamente adotadas, dando maior tranqüilidade as

corporações e contribuindo para a melhoria na relação entre elas na medida em

que controles distintos aos corporativos podem estar sendo adotados. Este ponto

pode ser visto por alguns como uma duplicidade de funções, porém os problemas

decorrentes da falta deste acompanhamento pode ser um fato gerador de

conflitos entre as empresas.

A implantação de um controle e acompanhamento dos riscos existentes em

um empreendimento como este também deve ser realizada por esse grupo tarefa

de forma a imbuir toda a equipe desde o início nesse processo.

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5. CONCLUSÃO E SUGESTÕES PARA NOVOS ESTUDOS

Projetos executados em consórcios possuem uma característica bastante

peculiar que merecem ser objeto de novos estudos. Foi encontrado pouco

material a respeito de associações em consórcio e sendo essa modalidade de

associação uma forma das empresas aproveitarem as sinergias sem a

necessidade de uma associação definitiva, estudos que demonstrem os

benefícios oriundos dessa modalidade bem como os pontos que devem ser

observados antes de se entrar em uma associação como essa são de grande

importância, inclusive para salientar os cuidados necessários que devem ser

tomados de forma que a experiência não seja negativa, inviabilizando novas

oportunidades.

As associações em consórcio para a execução de um projeto específico

diferem das associações para a exploração de atividades contínuas pois a

primeira modalidade possui um tempo determinado (de curto prazo) após o qual a

associação se desfaz e este foi o objetivo inicial desse estudo de forma a mostrar

a importância de um planejamento prévio e os principais pontos que devem ser

observados ao se ingressar nesta experiência.

Os casos estudados comprovam a importância acerca da teoria sobre

controle gerencial, tendo sido as práticas adotadas bastante aderente aos

conceitos estudados na revisão de literatura.

Os problemas em empreendimentos desse porte são inúmeros e comprovam

a necessidade de se possuir congruência dos objetivos conforme abordado por

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Gomes e Amat (2001) onde devem ser conciliados Clientes, Acionistas,

Fornecedores e Governo. Devido às limitações do presente estudo foi abordado

apenas as questões mais internas do controle gerencial, sendo um estudo a

respeito de como ocorre a harmonização desses quatro elementos distintos uma

excelente fonte para novas pesquisas.

Podemos concluir que o controle gerencial adotado nos empreendimentos

poderia ter sido mais eficiente se tivesse sido dada a atenção necessária a parte

de Programação e Planejamento prévio, e este é um ponto extremamente

relevante pois o início de um projeto desse porte requer um esforço intenso em

diversas frentes diferentes que existe uma dificuldade de se implantar um grupo

tarefa que se concentre unicamente nessa fase de planejamento.

Os problemas técnicos surgidos ao longo dos empreendimentos

comprovaram a teoria acerca de controle de gestão em projetos onde segundo

Anthony e Govindarajan os padrões de desempenho tendem a ser menos

confiáveis em comparação a operações normais.

O presente estudo comprova a teoria quanto a importância da capacidade

dos diretores e gerentes de administrar os conflitos de interesse entre os grupos e

as empresas de forma a transformá-los em pontos positivos sem a perda do foco

no objetivo comum que é a conclusão de um empreendimento deste porte a

tempo e custo compatíveis com o planejado.

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Um outro aspecto que se mostrou bastante positivo foi o de se mesclar

profissionais das duas empresas o que propiciou a que elas estivessem a par dos

procedimentos que estavam sendo adotados nos diferentes departamentos

gerando ao longo do tempo maior confiança. A transparência dos processos

adotados com abertura para quaisquer auditorias e questionamentos deve ser

incentivada por ser extremamente saudável e contribuir para o bom resultado do

empreendimento na medida em que minimiza conflitos não diretamente

relacionados com o objetivo principal da associação.

Pode-se notar que é de grande importância para as empresas que estejam

interessadas em se consorciar o estudo da teoria acerca do controle gerencial,

aspectos fiscais e jurídicos pertinentes a esse tipo de associação, bem como o do

comportamento humano.

A experiência reforça a importância de ser discutido previamente o máximo

de questões de forma a minimizar conflitos posteriores quanto a divergência de

entendimento.

O ponto a respeito dos custos incorridos pelas empresas e que seriam

repassados para os Consórcios foi objeto de diversos embates entre as

empresas.

Novos estudos de caso nesta área serão de grande importância para o

crescimento do conhecimento acerca desta modalidade de associação gerando

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possibilidade de futuros empreendimentos terem maior sucesso desde sua

formatação.

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ANEXO 1

Questionário:

1 – Qual o principal ponto de aprendizado ocorrido ao longo da

execução do empreendimento relativo a operação em consórcio?

2 – Qual a principal dificuldade no processo de gestão dos

empreendimentos em função desta modalidade de execução – Consórcio Gestor?

3 – Qual foi o ponto positivo mais importante em sua visão para o

sucesso do empreendimento?

4 – Conflitos de interesse são comuns entre membros de um grupo

para execução de um projeto. Esses conflitos dentro de um ambiente de

consórcio em sua opinião tendem a aumentar ou diminuir?

5 – Caso sua resposta na pergunta anterior tenha sido aumentar, em

sua opinião quais devem ser as ações a serem tomadas pelo gerente / diretor do

projeto de forma que estes conflitos sejam administrados de forma construtiva?

6 – Qual o grau de importância em sua visão para a diferença de

cultura entre as empresas consorciadas?

7 – Um sistema de controle segundo Antonhy & Dearden consiste em 4

fases a saber: 1 – Programação; 2 – Orçamento; 3 – Operacionalização; 4 –

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Relatórios e Análise. Dentro desta divisão, quais as etapas melhor trabalhadas e

qual /quais a/as que deveriam ser objeto de maior atenção em um próximo

empreendimento similar?

8 – Com relação ao Orçamento, os pacotes e os centros de

responsabilidades foram bem definidos?

Sim

Não

9 – Caso sua resposta tenha sido negativa, quais foram as dificuldades

resultantes em função desta falta de definição?

10 – Considerando as ferramentas utilizadas para o processo de

gestão do empreendimento, quais as que funcionaram a contento e quais as que

poderiam ser aprimoradas ou substituídas?

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ANEXO 2

Contribuições adicionais

Como a falta de uma legislação exaustiva sobre associações em Consórcios

por um lado propicia um razoável grau de autonomia na modelagem desse tipo de

acordo no Brasil, por outro contribui por gerar muitas dúvidas com relação aos

aspectos contábeis, tributários e outros na forma de se operar um consórcio. A

seguir é apresentado como foram operadas as principais questões objeto de

grandes dúvidas no início dos projetos. As conclusões e considerações

apresentadas foram objeto de consultas a diversos especialistas e mesmo não

sendo possível citar as fontes com certeza podem ser de grande valia aos

interessados no assunto.

Um consórcio não possui personalidade jurídica mesmo antes da Lei

6.404/76, e esse entendimento foi confirmado pela Decisão No. 18 de 14.06.99,

da Divisão de Tributação 1ª Região (DOU 21.07.99), porém deve ter seu acordo

consorcial e seus aditivos, registrados na junta comercial e proceder ao registro

no CNPJ (IN-SRF No. 14/98; RIR/99 – aprovado Decreto No. 3000, de 26.03.99);

INSS, CREA, Estado, Município (dependo da característica operacional do

consórcio) e registro de importador .

Não possuindo personalidade jurídica toda a sua contabilidade é elaborada

em separado, sendo os balancetes transferidos para as consorciadas na

proporção de sua participação, onde o lucro será incorporado ao restante da

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empresa e desta forma ser submetido a tributação. Como o consórcio é

constituído para uma finalidade específica, ele não pode prestar serviços distintos

ao seu objeto sob pena de ser reconhecido como pessoa jurídica, e desta forma

seu resultado ficar sujeito a tributação.

A emissão de documentos fiscais para faturamento contra o cliente pode ser

feita de diversas formas, sendo a modalidade escolhida de acordo com

circunstâncias e necessidades específicas de cada empreendimento. As notas

fiscais podem ser emitidas diretamente pelo Consórcio, ou por cada uma das

empresas isolada ou conjuntamente, sendo certo no entanto que a contabilização

e escrituração deve ser procedida no Consórcio. Esta característica é importante

de forma a facilitar o relacionamento com os órgãos municipais no que tange ao

recolhimento no município devido do ISS sobre os distintos serviços executados

em um empreendimento dessa natureza. Para tal o contrato junto ao cliente

também deve ser bem elaborado de forma a não se ter problemas junto ao fisco

no que tange aos interesses distintos de cada estado/município.

O recolhimento do Pis e Cofins devido pelo Consórcio foi feito em guias em

nome de cada empresa de acordo com a sua participação, apesar de serem

contabilizados no consórcio. Esse procedimento deve ser feito pois quando da

integração mensal do resultado do consórcio com o resultado de cada empresa, o

efetivo imposto devido por cada empresa deve ser calculado somando-se os dois

resultados mas porém a guia do imposto recolhido relativo ao consórcio é parte

do pagamento da empresa da totalidade de seu débito junto ao fisco.

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Pode ocorrer também dos recebimentos serem feitos direto na conta das

empresas ou em uma conta corrente específica do consórcio. Em um dos casos

estudados houve recebimentos diretamente na conta corrente de cada

consorciada na proporção de sua participação em um primeiro momento, tendo

sido posteriormente adotada uma estrutura financeira e contábil totalmente

separada para os Consórcios.

O consórcio pode proceder a todas as contratações em seu nome, incluindo-

se aí os funcionários para compor seu corpo gerencial; fornecedores e

subcontratados no Brasil e Exterior, sendo as Faturas e Invoices emitidas em

nome do Consórcio.

Concluídas pelas Consorciadas todas as atividades, individuais e conjuntas,

no âmbito do Consórcio e emitido o termo de encerramento contratual pelo

Cliente proprietário do empreendimento implantado pelas Consorciadas, deve-se

providenciar:

A formalização do Termo de Distrato do Consórcio, mediante o qual

as consorciadas declararão formalmente a ausência de quaisquer

pendências e a quitação plena e recíproca;

Registro do Termo de Distrato na Junta Comercial do estado onde

se localizarem a sede e as filiais do Consórcio;

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Baixa ou cancelamento das inscrições e registros do Consórcio

perante o Ministério da Fazenda – CNPJ; INSS, Estado e

Municípios da sede e filiais do Consócio.