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I - RELATÓRIO · 2018. 5. 10. · CEEE-O, referente á irregularidade na medição de consumo de energia elétrica na Instalação nO 97473, queresultou na cobrançaderecuperaçãode

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Page 1: I - RELATÓRIO · 2018. 5. 10. · CEEE-O, referente á irregularidade na medição de consumo de energia elétrica na Instalação nO 97473, queresultou na cobrançaderecuperaçãode

CONSELHO SUPERIOR

Data: 10/05/2018

Processo: 001786-39.00/15-6

Assunto: Irregularidade na medição de consumo de energia elétrica ­

Análise do recurso do usuário

Conselheira Relatara: Eleonora da Silva Martins

Conselheiro Revisor: João Nascimento da Silva

I - RELATÓRIO

O processo teve inicio com o recurso interposto pelo usuário

Gilberto Carvalho, representado por procurador devidamente habilitado,

junto á Ouvidoria da AGERGS em 02 de julho de 2015 contra cobrança da

CEEE-O, referente á irregularidade na medição de consumo de energia

elétrica na Instalação nO 97473, que resultou na cobrança de recuperação de

consumo no valor total de R$ 6.343,29 (seis mil, trezentos e quarenta e três

reais e vinte e nove centavos).

Em síntese, o recorrente informa que em 08 de outubro de 2014,

sem a sua presença, foi realizada fiscalização da qual resultou a imposição de

penalidade sem a possibilidade de defesa.

J-AGERGS

Alega que o recurso administrativo foi julgado de forma padrão,

sem considerar a sua ausência na pericia, uma vez que recebeu a

comunicação posteriormente á sua realização, e sem considerar o resultado

da perícia, que apontou defeito no disco do medidor, demonstrando a (\

ausência de fraude. .L \

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�AGERGS

Diz que a imposição da cobrança no periodo de 25 de outubro de

2011 a 08 de outubro de 2014 é abusiva e unilateral, pois o equipamento não

foi manipulado e o recorrente não teve o consumo referido.

Cita a Nota Técnica nO 034/2003-SRC da ANEEL, que tratou de

questão associada á instalação de medição externa ás unidades

consumidoras.

Entende que há excesso por parte da Companhia, já que a

ausência de lacres é verificável por simples visita dos funcionários e que se

trata de defeito em equipamento de responsabilidade da CEEE.

Refere que não é admissível a cobrança por 3 anos de consumo,

sendo que o prazo máximo permitido pela ANEEL é de 12 meses. Também

acha injusto nivelar o consumo de 5 anos atrás pelo consumo dos días atuais.

Reforça que a pericia apontou defeito no medidor, não podendo

ser imputada a cobrança ao recorrente, pois inexiste fraude, como já decidiu a

3" Câmara Cível do Tribunal de Justiça do RS.

Afirma que não há como comprovar que a energia paga

mensalmente pelo usuário não foi consumida de forma correta.

Menciona que o valor da conta de luz não é baixo, mas não chega

ao valor apontado de 12 kWh/dia. As contas dos 4 meses posteriores á

regularização do equipamento apontam consumo médio de 172,25 kWh/mês,

correspondente a 5,74 kWh/dia, valor que demonstra o excesso na cobrança

e que, se não corrigido administrativamente, será levado ao Poder Judiciário.

Alude ao fato de as medições mensais ou bimestrais não terem (\

apurado nenhuma irregularidade. Dessa forma, entende que deve ser � \

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�AGERGS

corrigido apenas 0 valor referente ao mes de apura9ao, bem como

recolocados os lacres, nao havendo se falar em dano quando 0 desgaste e

natural.

Prop6e 0 calculo relativo a 365 dias e, utilizando a media de 5,74

kWh/dia e descontando 0 valor faturado no periodo da irregularidade, chega

ao valor de R$ 91,56, mais ICMS, valor este que concorda em pagar.

Considera que nao houve dano causado pelo recorrente e tampouco custo

administrativo.

Alega que a CEEE nao provou 0 inicio da irregularidade.

Diz que a Concessionaria, ao cobrar valor abusivo, elevando a

quantia mensal ja paga, quebrou 0 equilibrio contratual e tornou 0

fornecimento do servi90 demasiadamente oneroso.

o recorrente informa que em momento algum se negou a prestar

esclarecimentos ou impediu 0 acesso dos funcionarios da Companhia a suas

instala96es, bem como manteve 0 pagamento das faturas mensais em dia.

Apenas nao aceita tal pratica extorsiva e criminosa.

Refere que a CEEE descumpriu 0 prazo para resposta ao usuario,

previsto no artigo 78 da Resolu9ao nO 456 de 2000 da ANEEL, e imputou ao

recorrente 0 defeito no rel6gio, devendo ser anulada a cobran9a.

Afirma, ainda, que a rela9ao entre as partes e regida pelo C6digo

de Defesa do Consumidor, 0 qual esta sedimentado no principio da boa-fe,

sendo a sua viola9ao tao ou mais prejudicial do que a agressao a uma norma

legal.

Por fim, requer 0 provimento do seu recurso com a consequente �

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�AGERGS

anulayao e baixa definitiva da cobranya. Juntou procurayao e faturas de

novembro/2014 a fevereiro/2015.

A CEEE-O se manifestou informando os procedimentos

irregulares constatados: lacres da caixa de mediyao violados, lacres da

tampa do bloco de terminais violados, medidor danificado/destruido.

Juntamente com 0 Termo de Ocorrência e Inspeyao e com 0 registro

fotogrâfico, a empresa encaminhou c6pia de diversos documentos, dentre

eles relat6rio de avaliayao tècnica, hist6rico de consumo, grâfico de

consumo, mem6ria descritiva do calculo, carta de cobranya e

correspondência à Ouvidoria da AGERGS.

A Ouvidoria da AGERGS se manifestou em 09 de novembro de

2015, atravès da Informayao n° 336/2015 - SOA, esclarecendo que:

1- a documentayao trazida aos autos pela Companhia permite

caracterizar a irregularidade por ela apontada na Instalayao

Consumidora n° 97473, em conformidade com 0 disposto no

artigo 129 da Resoluyao n° 414/2010 da ANEEL;

2- na apurayao do consumo de energia a ser recuperado, a

CEEE-O utilizou 0 critèrio estabelecido no inciso 111 do artigo

1301 da Resoluyao n° 414/2010 da ANEEL, ante a

impossibilidade de utilizayao dos incisos anteriores;

3- 0 intervalo de tempo considerado para a cobranya foi de 1079 [\

-'-A-rt-.-1-3-0---C-o-m-p-r-o-va-d-o-o-procedimento irregular, para proceder à recupera�ao da �eila, adistribuidora deve apurar as diferen�as entre os valores efetivamenle faturados e aquele apurados

por meio de um dos critèrios descrilos nos incisos a seguir, aplicàveis de forma suc ssiva, sem

prejuizo do disposlo nos arls. 131 e 170:

111 - uliliza�ao da mèdia dos 3 (très) maiores valores disponiveis de consumo de energia elètrica,

proporcionalizados em 30 dias, e de demanda de potèncias alivas e realivas excedentes, ocorridos

em alè 12 (doze) ciclos complelos de medi�ao regular, imediatamenle anleriores ao inicio da

irregularidade;

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J-AGERGS

dias, isto e, de 25 de outubro de 2011 ate 08 de outubro de

2014, apurando-se uma diferene;:a de 11.295 kWh a ser

recuperada:

4- e facultado a concessionaria cobrar, adicionalmente, o custo

administrativo incorrido com a realizae;:ăo da inspee;:ăo,

conforme o disposto no art. 1312 da ja citada resolue;:ăo da

ANEEL;

5- opina pela indeferimento da contestae;:ăo formulada pela

consumidor.

A Ouvidoria da AGERGS, com base no art. 206 do Regimento

Interno vigente a epoca, encaminhou o processo para apreciae;:ăo do

Conselho Superior em 09 de novembro de 2015.

Durante o trâmite deste processo foi alterado o Regimento Interna

da AGERGS atraves da Resolue;:ăo Normativa 26/2016, dispondo sobre a

competencia do Gerente de Energia Eletrica para decidir os processos de

irregularidades na medie;:ăo de energia eletrica.

Assim, o presente expediente foi encaminhado a Gerencia de

Energia Eletrica e o respectiva Gerente decidiu pela indeferimento do

pedido, oficiando as partes da decisăo em 28 de mare;:o de 2017.

Notificado da decisăo em 12 de abril de 2017, o usuario interp6s

recurso em 28 de abril de 2017 pela qual reitera as alegae;:6es contidas em

seu recurso inicial. Acrescenta que apas a regularizae;:ăo, o consuma maxima

foi de 170 kWh, sendo a media mensal de dezembro/2015 a mare;: 17 de �

2 Ar!. 131 - Nos casos de recupera�ăo da receita, a distribuidora pode cobrar, adicionalmente, ioadministrativo incorrido com a realiza�ăo de inspe�ăo in loco, segundo o grupo tarifario e o ipo de

fornecimento da unidade consumidora, conforme valores estabelecidos em resolu�ăo especifi a.

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LAGERGS

119,52 kWh, ou seja, 2.749 kWh em 455 dias, comprovando 0 absurdo na

cobran«;:a da CEEE. Requer a anula«;:ao da cobran«;:a ou, sucessivamente, a

cobran«;:a de 69,52 kWh (considerando a media mensal de 119,52 kWh e

descontando 50 kWh ja pagos). Juntou faturas diversas de 2015, 2016 e

2017.

Notificada do recurso apresentado pelo usuario atraves do Oficio

nO 661/2017-GPE, a CEEE nao apresentou contrarraz6es.

Em 11 de agosto de 2017 a GerE!ncia de Energia Eletrica

apontou a intempestividade do pedido de reconsidera«;:ao do usuario,

manteve a decisao e encaminhou 0 processo ao Conselho Superior.

E 0 relat6rio.

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J-AGERGS

II-FUNDАМЕNТА<;Ао

А materia foi devidamente analisada по рагесег da Ouvidoria da

AGERGS, ао qual те reporto.

Conforme constatou а gerencia de Energia, о recurso foi

considerado intempestivo е пэо apresentou novos argumentos. Entretanto,

mesmo se tempestivo fosse, verificou-se que а distribuidora observou todos

os procedimentos previstos рага а сагасtегizщ:эо da irregularidade е рага а

аргеsепtщ:эо da соЬгапуа efetuada, conforme explicitado а seguir.

No Тегто de Ocorrencia е Iпsреgэо (TOI), emitido ет 08 de

outubro de 2014, ha as оЬsеrvаgбеs: "Lacres de аfегigэо violados. Disco

riscado. Constatado 0,51А е 4,2ЗА е disco parado". No referido documento,

consta о registro de discoгdancia е а assinatura do usuario.

О Relat6rio de Аvаliаgэо Tecnica do Medidor traz сото resultado

"Irregularidade Caracterizada" е apresenta as dеsсгigбеs: "Medidor сот

lacres de аfегigэо superior е inferior da tampa principal violados. Disco do

medidor trancando, apresentando atrito ет sua face inferior, пэо registrando

consumo correto".

Diante disso, foi caracterizada а irregularidade, consoante о

disposto по art. 129 da Rеsоlugэо Normativa по 414/2010 da ANEEL.

Ое acordo сот о artigo 167, 111, da Rеsоlugэо по 414/2010 da

ANEEL, о consumidor е responsavel "pelos danos causados aos

equipamentos de mеdigэо ou ао sistema eletrico da distribuidoгa,

decorrentes de qualquer procedimento irregular ou deficiencia tecnica da (\

ooid,de ",",omid,,,". l-r -L \

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�AGERGS

o pagamento da recuperac;:āo do consumo decorre, portanto, da

utilizac;:āo da energia fornecida e nāo registrada, nāo se discutindo a autoria

com relac;:āo a irregularidade constatada. Nesse sentido, o d€lbito e de

responsabilidade do titular da unidade consumidora, que foi quem se

beneficiou da inexistencia da medic;:āo do consumo rea!.

o periodo de durac;:āo da irregularidade, de 25/07/2007 a

08/10/2014, foi estabelecido corretamente com base no caput do artigo 1323

da Resoluc;:āo Normaliva nO 414/2010 da ANEEL. O grafico de consumo

lamb€lm demonslra reduc;:āo perceptivel no patamar de consumo da

instalac;:āo, caracterizando o periodo em que ocorreram registros inferiores

aos corretos.

Ja o periodo de cobranc;:a, de 25/10/2011 a 08/10/2014, ficou

limilado ao prazo maximo de cobranc;:a retroativa (trinta e seis meses),

conforme artigo 132, �504, da referida Resoluc;:āo, visto que o periodo

irregular ultrapassa tai prazo.

Quanto a alegac;:āo de que a cobranc;:a considera o consumo dos

dias atuais, cumpre destacar que o calculo da m€ldia de consumo foi feito

com base nos ciclos de 01/2007, 02/2007 e 04/2007, conforme o previsto no

inciso III do artigo 130, Resoluc;:āo Normaliva nO 414/2010 da ANEEL.

Sendo assim, com base nos pareceres t€lcnicos juntados ao

processo e na legislac;:āo do setor el€llrico,

3 Art. 132. O perlodo de dura�āo, para flns de reeupera�āo da reeeita, no easo da pratlea eo provadade proeedimentos irregulares ou de defieil!neia de medi�āo deeorrente de aumento de earga revelia,

deve ser determinado teenieamente ou peia analise do hist6rieo dos eonsumos de energia letriea e

demanda de potl!neia, respeitados os Iimites instituldos neste artigo.

4 Art. 132, 35° O prazo maximo de eobran�a retroativa e de 36 (trinta e seis) meses.

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J-AGERGS

111 - VOTO POR

1 - Conhecer e negar provimento ao recurso interposto por

Gilberto carvalho, mantendo a decisao da GPE relativa à

cobran<,a no valor de R$ 6.343,29 (seis mil, trezentos e

quarenta e très reais e vinte e nove centavos) pela CEEE-D,

em conformidade com a Resolu(fao Normativa ANEEL n°

414/2010.

2 - Recomendar à Concessionària o parcelamento da

divida.

3 - Oficiar as partes da presente decisao, com prazo de

dez dias para apresenta(fao de recurso à ANEEL, a partir

do recebimento da notifica(fao.

E como voto, Senhor Presidente e Senhores Conselheiros.

�:�'!da'i:;'a,""'Conselheira Relatora

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J-AGERGS

IV - REVISAo

Em conformidade com o disposto no Regimento Interno da

AGERGS, revisei o relatório e confirmo a sua corret;ao quanto à descrit;ao

dos fatos e à fundamentat;ao das partes, bem coma o respeito ao

contraditório e à ampla defesa.

Quanto ao mèrito, reporto-me à fundamentat;ao apresentada pela

Conselheira Relatora, acompanhando o seu voto.

Y-Jto da Silva

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