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Copyright 2012, Instituto Brasileiro de Petrleo, Gs e Biocombustveis - IBP
Este Trabalho Tcnico foi preparado para apresentao na Rio Oil & Gas Expo and Conference 2012, realizado no perodo de 17 a
20 de setembro de 2012, no Rio de Janeiro. Este Trabalho Tcnico foi selecionado para apresentao pelo Comit Tcnico do evento,
seguindo as informaes contidas no trabalho completo submetido pelo(s) autor(es). Os organizadores no iro traduzir ou corrigir os
textos recebidos. O material conforme, apresentado, no necessariamente reflete as opinies do Instituto Brasileiro de Petrleo, Gs e
Biocombustveis, Scios e Representantes. de conhecimento e aprovao do(s) autor(es) que este Trabalho Tcnico seja publicado
nos Anais da Rio Oil & Gas Expo and Conference 2012.
______________________________ 1 Doutorando PPGCEMat/UFCG
2 Mestre, Tcnico UFCG
3 Doutor, Professor UFCG
4 Doutor, Professor UFCG
5 Doutor, Professor UFCG
6 Doutorando PPGCEMat/UFCG
IBP1540_12
DETERMINAO EXPERIMENTAL DAS TENSES
RESIDUAIS E SUSCEPTIBILIDADE FRAGILIZAO POR
HIDROGNIO DE JUNTAS SOLDADAS DE AO API 5L X80
Bruno A. Arajo1, Emanuel P. Soares
2, Theophilo M. Maciel
3, Antonio
A. Silva 4
, Eudsio O. Vilar5, Jorge A. P. Carrasco
6
Resumo
O presente trabalho apresenta resultados de avaliao de tenses residuais e susceptibilidade fragilizao por hidrognio
de trs juntas soldadas de ao API 5L X80. As tenses residuais transversais foram analisadas por difrao de raios-x nas
regies superior e inferior das juntas soldadas. Testes de susceptibilidade fragilizao por hidrognio foram realizados
de acordo com a norma ASTM G129-00(2006) empregando-se a soluo A da norma NACE/TM0177(2005). Na regio
superior das juntas soldadas foi verificado que os nveis de tenses residuais transversais foram dependentes do aporte
trmico, sendo mais compressivos para maiores nveis de aportes trmicos. Para o caso da regio inferior das juntas
soldadas, quanto maior o aporte trmico maiores foram as tenses residuais transversais trativas na regio do Metal de
Solda, e mais compressiva ficaram as tenses na vizinhana do Metal de Solda. Todas as juntas mostram-se susceptveis
fragilizao por hidrognio, mas a junta executada com maiores intensidades de corrente, e velocidade, apresentou um
menor ndice de fragilizao. Todas as amostras ensaiadas em soluo, nas diferentes condies de soldagem,
apresentaram modo de fratura dctil com regies de quase-clivagem, caractersticas em processos de fragilizao por
hidrognio.
Abstract
This paper presents results of evaluation of residual stress and susceptibility to hydrogen embrittlement of three API 5L
X80 steel welded joints. The transverses residual stresses were analyzed by x-ray diffraction in the top and bottom region
of the joint. Tests of susceptibility to hydrogen embrittlement were performed according to ASTM G129-00 (2006)
employing the solution A of standard NACE/TM0177 (2005). In the top region of the weld has been found that the levels
of transverse residual stresses are dependent on heat input, being more compression to higher levels of heat inputs. In the
case of the bottom of welded joints, with higher heat inputs was found higher levels of tensile residual stresses in the weld metal, and the stresses were more compressive in vicinity of Weld Metal. All joints appear to be susceptible to hydrogen
embrittlement, but the joint runs with higher current intensities, and higher velocity, showed a lower embrittlement index.
In tests of embrittlement all samples showed ductile fracture mode with regions of quasi-cleavage, which is a
characteristic in hydrogen embrittlement process.
1. Introduo
Com a evoluo tecnolgica dos vrios segmentos industriais, principalmente nas ltimas dcadas, ocorreu um
aumento da demanda de transporte de gs natural e petrleo por tubulaes. Assim, elevados investimentos tem sidos
Rio Oil & Gas Expo and Conference 2012
2
realizados na montagem de novas redes de transporte e distribuio de hidrocarbonetos. Alm disso, a necessidade de
canalizar insumos provenientes de locais de extrao recm descobertos e de abastecer centros consumidores com
demanda em ascenso, tambm tem contribudo para o crescimento da rede dutoviria (Fedele, 2002; Gorni et al., 2009).
Dentre os aos empregados para as novas linhas de distribuio utilizadas no Brasil destaca-se o ao API 5L
X80. Os aos API 5L X80 so aos ARBL (Alta Resistncia e Baixa Liga) de fabricao recente para atender os
requisitos de alta resistncia mecnica associado com alta tenacidade para a fabricao de tubulaes para o transporte de
petrleo e gs. O uso deste ao na Europa e Japo j bastante significativo, entretanto no Brasil o seu uso ainda restrito
sendo, portanto, alvo de pesquisa, principalmente, para avaliao da sua soldabilidade (Caloi, 2008).
Uma das grandes preocupaes em estudos realizados sobre a soldabilidade de uma determinada junta o seu
comportamento em relao aos processos de degradao das propriedades que podem ser causados pelo hidrognio. Nos
aos, particularmente em juntas soldadas, os danos induzidos por hidrognio, segundo Cwiek (2005) podem ocorrer
durante: fabricao e construo na forma de trincamento frio (Cold Cracking); operao em ambiente corrosivo na
forma de fragilizao por hidrognio (Hydrogen Embrittlement); trincamento induzido por hidrognio (Hydrogen Induced
Cracking); corroso sob tenso intensificada por hidrognio (Hydrogen Enhanced Stress Corrosion Cracking).
Considerando transporte de hidrocarbonetos, conhecido que, por serem maus condutores inicos, os
hidrocarbonetos no do suporte s reaes redox. Por essa razo, no so capazes de interagir eletroquimicamente com
ligas metlicas, u seja, no so corrosivos. Entretanto, o petrleo sempre contm, em maior ou menor extenso,
contaminantes inorgnicos e orgnicos, como por exemplo, os sulfetos (como H2S) e os compostos orgnicos sulfurados
(Alvisi, 2010). Aos expostos a ambientes ricos em H2S absorvem mais facilmente hidrognio produzidos sobre sua
superfcie devido s reaes de corroso e, desta forma, esto em condies mais favorveis de susceptibilidade
fragilizao (Beidokhti et al., 2009).
Todos esses fenmenos intensificam-se quando considerado o caso de uma junta soldada, principalmente devido
s alteraes metalrgicas sofridas pelo Metal de Base (MB) quando submetido aos ciclos trmicos de soldagem. Muitas
so as alteraes metalrgicas sofridas pelos materiais quando submetidos a um ciclo trmico de soldagem, destacando-se
o surgimento de tenses residuais (Kou, 2002). O surgimento de tenses residuais exerce considervel influncia sobre as
propriedades mecnicas das juntas soldadas e seu controle permite evitar possveis falhas da estrutura soldada (Assis et al.
2002). Nesse sentido, o grande desafio , portanto, manter a alta resistncia sem prejuzo da tenacidade devido a Zona
Termicamente Afetada (ZTA), principalmente considerando-se o processo de corroso e demais processos de fragilizao
(Ballesteros et al., 2010), dependentes, tambm, dos nveis de tenses residuais oriundas dos processos de soldagem.
Portanto, o objetivo deste trabalho foi avaliar as tenses residuais oriundas dos processos de soldagem de trs
juntas soldadas de ao API 5L X80 e estabelecer sua susceptibilidade fragilizao por hidrognio em testes sob baixas
taxas de deformao (BTD) segundo a norma ASTM G129-00 (2006). Para isto foi empregado como ambiente
fragilizante a soluo A recomendada pela norma NACE TM 0177/2005, substituindo-se o borbulhamento de H2S por
adio de tiossulfato de sdio. Foram avaliados os parmetros obtidos nos testes de trao e os ndices de fragilizao,
obtidos diretamente pela relao entre as variaes do alongamento, ao ar e em soluo.
2. Materiais e Metodologia
Neste trabalho utilizou-se uma chapa do ao API 5L X80, conforme Figura 1a, de 120 mm x 360 mm e 17 mm
de espessura, chanfrada com ngulo de 60. Os processos de soldagem utilizados para o passe de raiz foram o processo
SMAW com eletrodo AWS E 6010 de 3,25 mm de dimetro, e o processo GTAW com arame AWS ER 70S de 4 mm de
dimetro. Os passes quentes, de enchimento e de acabamento foram realizados pelo processo SMAW, conforme indicado
na Tabela 1. O gs de proteo utilizado no processo GTAW foi o Argnio. Foram executados 8 passes de soldagem
conforme ilustrado na Figura 1b. A Temperatura de interpasse foi de 175C e as soldas foram executadas com as chapas
sem restrio. O espaamento entre as juntas foi a medida do dimetro do eletrodo empregado. O rendimento trmico da
fonte de energia adotado para o processo SMAW foi de 0,8 e para o processo GTAW foi de 0,65 de acordo com Machado
(2000). Na Tabela 2 so apresentadas as sequncias de soldagem empregadas nas trs juntas estudadas (juntas T1.0, T2.0
e E1.0) com os respectivos consumveis empregados. Nas Tabelas 3, 4 e 5 so apresentados os parmetros de soldagem
das trs juntas.
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(a) (b)
Figura 1. Junta a ser soldada. a) Representao das chapas e respectivos chanfros; b) Representao da sequencia de
passes a ser executado durante a soldagem.
Tabela 2. Consumveis empregados nas diferentes condies de soldagem.
Consumveis empregados
Sequncia Passe de Raiz Passe Quente Passe de Enchimento Passe de Acabamento Processos
T1.0 ER70S - GTAW E8010 E8018-G E8018-G GTAW+SMAW
T2.0 ER70S - GTAW E9010 E9018-G E9018-G GTAW+SMAW
E1.0 E6010 - SMAW E8010 E8018-G E8018-G SMAW
Tabela 3. Parmetros de soldagem para a condio de soldagem T1.0.
Passes I (A) V (V) H (KJ/cm) v (mm/s)
1 Raiz 152,4 12,04 9,55 1,25
2 Quente 68,8 33,38 12,22 1,50
3 Enchimento 110,9 20,88 16,13 1,15
4 Enchimento 130,6 20,11 9,24 2,27
5 Enchimento 130,9 20,52 12,38 1,73
6 Acabamento 130,8 20,85 10,29 2,12
7 Acabamento 130,8 20,16 8,88 2,37
8 Acabamento 130,7 19,73 9,87 2,09
Tabela 4. Parmetros de soldagem para a condio de soldagem T2.0.
Passes I (A) V (V) H (KJ/cm) v (mm/s)
1 Raiz 156,6 12,56 13,23 0,96
2 Quente 86,5 34,56 15,13 1,58
3 Enchimento 113,4 23,49 17,62 1,21
4 Enchimento 116,6 21,68 10,82 1,87
5 Enchimento 116,5 21,74 9,57 2,12
6 Acabamento 116,5 21,42 10,83 1,84
7 Acabamento 116,7 22,29 8,68 2,39
8 Acabamento 118,5 21,85 7,90 2,62
Tabela 5. Parmetros de soldagem para a condio de soldagem E1.0.
Passes I (A) V (V) H (KJ/cm) v (mm/s)
1 Raiz 54,2 35,76 15,50 1,00
2 Quente 81,8 33,17 14,09 1,54
3 Enchimento 160,5 21,78 15,71 1,78
4 Enchimento 165,5 21,20 10,31 2,72
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4
5 Enchimento 165,3 22,19 10,70 2,74
6 Acabamento 165,1 22,40 11,83 2,50
7 Acabamento 165,4 22,19 10,15 2,89
8 Acabamento 165,3 22,52 9,48 3,14
Antes de serem realizadas as anlises de tenso residual por difrao de raios-x as juntas soldadas foram
submetidas a um ataque eletroltico para a remoo de camada de xidos de modo a no interferir nas anlises posteriores.
A soluo empregada para a realizao do ataque foi cido clordrico (HCl) com 10% de concentrao numa densidade de
corrente de 0,25A/cm por um tempo de 20 minutos, conforme sugerido por Costa et al. (2007). Foi empregado um ao
inoxidvel ferrtico como ctodo.
Para anlise das tenses residuais foi utilizado um difratmetro porttil - Portable stress analyser STRESSRAD
(RADICON Ltd. Scientific Instruments) juntamente com o software de anlise do equipamento Stress. Para as medies
das tenses residuais nas juntas soldadas foram adotados os planos 211 com um comprimento de onda de = 2,2911.
Este comprimento de onda produzido por um tubo andico de Cromo (Lu et al., 1996). O mtodo empregado foi o
sen, com medidas realizadas para =0, 20, 30, 35, 45.
Foram realizadas anlises em trs regies distintas (A, B e C) de todas as juntas, tanto na regio inferior da junta
(Passe de raiz) quanto na regio superior (Acabamento). A Figura 2 ilustra a disposio dos pontos analisados nas juntas.
Ao longo de cada regio foram analisados 31 pontos espaados de 2 mm. A origem das medidas foi colocada como sendo
o centro do cordo de solda, sendo analisados 15 pontos sua direita e 15 pontos sua esquerda. No presente trabalho
foram analisadas apenas as tenses residuais transversais, tendo em vista que elas so consideradas as mais importantes
em fenmenos de fragilizao por hidrognio e corroso-sob-tenso (Hayashi et al., 2000).
Figura 2. Regies a serem analisados os perfis de tenses residuais
Para determinar a susceptibilidade fragilizao por hidrognio das juntas foram realizados testes de trao
uniaxial e Baixa Taxa de Deformao (BTD), de acordo com a norma ASTM G129-00 (2006), ao ar e em soluo a uma
taxa de deformao de 2,5x10-5
s-1
, em corpos de prova cilndricos de acordo com a norma ASTM E8/E8M-09. As
superfcies de fratura dos corpos de prova ensaiados ao ar, e em soluo, foram examinadas no Microscpio Eletrnico de
Varredura, onde foi verificada a influncia do ambiente fragilizante sobre o modo de fratura. Para cada condio de teste
empregada foram testados 3 corpos de prova, onde obteve-se a mdia dos parmetros obtidos.
Este tipo de teste, tambm conhecido por SSRT (Slow Strain Rate Testing), amplamente empregado para
avaliar a suscptibilidade corroso sob tenso e fragilizao por hidrognio, sendo uma importante ferramenta para
investigar possveis materiais a serem empregados na indstria de leo e gs, podendo ser realizados um nmero
relativamente satisfatrios de testes dentro de um tempo relativamente curto (Bott et al., 2005).
A soluo utilizada foi a soluo A da norma NACE TM0177/2005 composta de NaCl (5%) com cido actico
(0,5%), adicionando-se tiossulfato de sdio (10-3
mol.l-1
) em substituio ao borbulhamento de H2S, ficando o pH da
soluo em torno de 3,1, conforme sugerido pela norma NACE. Esta adio de tiossulfato de sdio em substituio ao
borbulhamento de H2S foi proposta por Tsujikawa et al. (1993) para simular baixos teores de H2S, como alternativa s
solues propostas pela NACE que so bastante agressivas. Quando o corpo de prova imerso nesta soluo o H2S
gerado sobre sua superfcie, e segundo Tsujikawa, esta soluo pode gerar H2S numa faixa significante por 24 horas.
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5
Sendo a concentrao de tiossulfato de sdio de 10-3
M a concentrao de H2S da ordem de 5.10-4
M. O objetivo em
trabalhar-se com tiossulfato de sdio, simulando-se, desta maneira, baixos teores de H2S, reside no fato de que as solues
NACE (Soluo A TM0177/2005, por exemplo) so bastante agressivas e utilizadas para simular ambientes com
elevados teores de H2S. Alm disso, sabe-se que o gs sulfdrico bastante txico e nocivo ao homem e os custos com
equipamentos de segurana para a realizao destes ensaios poderiam ser bastante elevados (Girelli, 2006).
3. Resultados e discusses
3.1 Anlises de Tenses Residuais
A partir dos dados obtidos por difrao de raios-x foi possvel plotar os resultados de tenses residuais
transversais para as juntas analisadas. Os experimentos foram realizados inicialmente na parte superior da junta e
posteriormente na parte inferior da junta. As Figuras 3, 4 e 5 mostram a distribuio de tenses residuais transversais no
Metal de Solda (MS) e no Metal de Base (MB) das partes superior e inferior das respectivas juntas estudadas.
-30 -20 -10 0 10 20 30-800
-600
-400
-200
0
200
400
600
800
Te
ns
es T
ran
sve
rsa
is (
MP
a)
Distncia do centro da solda (mm)
T1.0 Tens. Trans. (A)
T1.0 Tens. Trans. (B)
T1.0 Tens. Trans. (C)
MBMSMB
-30 -20 -10 0 10 20 30-800
-600
-400
-200
0
200
400
600
800
Te
ns
es T
ran
sve
rsa
is (
MP
a)
Distncia do centro da raiz (mm)
T1.0 Tens. Trans. (A)
T1.0 Tens. Trans. (B)
T1.0 Tens. Trans. (C)
MB MS MB
(a) (b)
Figura 3. Distribuio de tenses residuais transversais ao longo da junta T1.0; (a) parte superior da junta e (b) parte
inferior da junta.
-30 -20 -10 0 10 20 30-800
-600
-400
-200
0
200
400
600
800
Te
ns
es T
ran
sve
rsa
is (
MP
a)
Distncia do centro da solda (mm)
T2.0 Tens. Trans. (A)
T2.0 Tens. Trans. (B)
T2.0 Tens. Trans. (C)
MBMSMB
-30 -20 -10 0 10 20 30-800
-600
-400
-200
0
200
400
600
800
Te
ns
es T
ran
sve
rsa
is (
MP
a)
Distncia do centro da raiz (mm)
T2.0 Tens. Trans. (A)
T2.0 Tens. Trans. (B)
T2.0 Tens. Trans. (C)
MB MS MB
(a) (b)
Figura 4. Distribuio de tenses residuais transversais ao longo da junta T2.0; (a) parte superior da junta e (b) parte
inferior da junta.
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-30 -20 -10 0 10 20 30-800
-600
-400
-200
0
200
400
600
800
Te
ns
es T
ran
sve
rsa
is (
MP
a)
Distncia do centro da raiz (mm)
E1.0 Tens. Trans. (A)
E1.0 Tens. Trans. (B)
E1.0 Tens. Trans. (C)
MBMSMB
-30 -20 -10 0 10 20 30-800
-600
-400
-200
0
200
400
600
800
Te
ns
es T
ran
sve
rsa
is (
MP
a)
Distncia do centro da raiz (mm)
E1.0 Tens. Trans. (A)
E1.0 Tens. Trans. (B)
E1.0 Tens. Trans. (C)
MB MS MB
(a) (b)
Figura 5. Distribuio de tenses residuais transversais ao longo da junta E1.0; (a) parte superior da junta e (b) parte
inferior da junta.
As regies superiores das juntas que foram submetidas anlise de tenses residuais so compostas dos passes
de acabamento e do metal de base. Consideraes podem ser realizadas em funo do nvel de tenses residuais
transversais considerando-se os parmetros de soldagem empregados. As juntas T1.0, T2.0 e E1.0 foram soldadas com
aportes trmicos mdios nos passes de acabamento de aproximadamente 9,68 KJ/cm, 9,13 KJ/cm e 10,48 KJ/cm,
respectivamente. As correntes mdias empregadas nos passes de acabamento para as juntas T1.0, T2.0 e E1.0 foram de
130,7 A, 117,2 A e 165,2 A, respectivamente. Conforme mostrado na Tabela 2, as juntas T1.0 e T2.0, apresentaram os
mesmos consumveis nos passes de acabamento. Logo, pode ser verificado que, para o presente caso, o emprego de um
maior aporte trmico acarretou um uma intensidade ligeiramente maior de tenses residuais compressivas, conforme pode
ser observado na junta E1.0. Para o presente trabalho, considerando-se principalmente as junta T1.0 e T2.0, as diferenas
nos aportes trmicos no alteraram de forma substancial a intensidade das tenses residuais transversais, embora,
conforme j mencionado, tenham intensificado as tenses residuais compressivas ao longo da junta E1.0. Sabe-se que o
emprego de um maior aporte trmico gera um maior nvel de tenses residuais (Marques et al., 2009; Francis et al., 2007).
Deve-se salientar que os casos apresentados na literatura so muitas vezes decorrentes de diferentes processos de
soldagem, juntamente com diferentes condies e geometrias de juntas soldadas. Estudando as tenses residuais em soldas
de ao HSLA-100, Gao et al. (1997) encontraram resultados semelhantes aos aqui encontrados, onde as tenses residuais
eram sempre compressivas sobre a superfcie da solda, e nas suas proximidades, tornando-se gradualmente trativas a
medida que a distncia a partir da solda aumentava, sendo esse fenmeno atribudo ao efeito de transformaes de fase no
ao, uma vez que a expanso volumtrica associada transformao da austenita para martensita/bainita podem aumentar
o nvel de tenses compressivas.
Analisando-se agora as tenses residuais transversais ao longo da regio inferior de junta, foi verificado que, no
caso das juntas T1.0 e T2.0 que utilizaram os mesmos consumveis e processo de soldagem (GTAW), a diferena entre os
nveis de tenses residuais transversais pode ser atribuda aos diferentes aportes trmicos e diferentes velocidades de
soldagem, j que a corrente foram similares para as duas juntas. Foi verificado que se diminuindo a velocidade de
soldagem, permanecendo a corrente constante, os nveis de tenses residuais transversais intensificam-se no MS, mas as
tenses residuais trativas so deslocadas para pontos mais afastadas do MS e ZTA, conforme pode ser observado para a
junta T2.0. Para o caso da junta T1.0 observado que um menor aporte trmico, embora no tenha um nvel de tenses
residuais to intenso ao longo do MS, os nveis de tenses residuais trativas so maiores ao longo da provvel regio da
ZTA, diferente dos resultados obtidos para a junta T2.0. A junta E1.0 foi soldada empregando-se o processo SMAW com
maior aporte trmico e, como aconteceu para as juntas T1.0 e T2.0, os picos de tenses residuais transversais trativas
foram deslocados para pontos mais distantes do MS e ZTA. Sabendo-se que as tenses residuais desempenham importante
papel na susceptibilidade trincamento em condies de servio, em ambientes ricos em H2S, por exemplo, as tenses
residuais junto ao p do passe de raiz precisam ser analisadas, pois estas regies so regies preferncias para o
surgimento de trincamento em servio (Paradowska et al., 2006). Sendo assim, foi verificado que o emprego de maiores
aportes trmicos junto ao passe de raiz conduz a menores nveis de tenses residuais junto ao p do passe, o que por sua
vez pode diminuir a susceptibilidade a trincamento em servio.
3.2 Susceptibilidade Fragilizao por Hidrognio
Posteriormente s anlises de tenses residuais foi analisada a susceptibilidade fragilizao por hidrognio das
juntas soldadas. As curvas tenso-deformao das juntas soldadas obtidos a partir de testes ao ar, juntamente com os
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7
testes de fragilizao (testes em soluo), so apresentados na Figura 6. A anlise comparativa, a partir dos dados obtidos
apresentada na Tabela 6, onde possvel comparar os valores de limite de escoamento (LE), limite de resistncia
trao (RT), elongamento (El) e reduo de rea (RA). A susceptibilidade fragilizao por hidrognio das juntas
ensaiadas pode ser avaliada de acordo com a ndice de Fragilizao, de acordo com a Equao 1, onde possvel verificar
perda de ductilidade entre as amostras hidrogenadas (fragilizadas) e no-hidrogenadas (Miranda, 1987).
nH
HnH
El
ElElIF
(1)
Onde os valores de ElnH e ElH so os valores de elongamento das amostras no-hidrogenadas e hidrogenadas,
respectivamente.
Tabela 6. Parmetros obtidos nos testes de fragilizao.
T1.0 sem H T1.0 com H T2.0 sem H T2.0 com H E1.0 sem H E2.0 com H
LE (Mpa) 527 8,4 538 4,2 531 14,7 529,3 18,5 509 22,3 538 3,0
RT (Mpa) 669 35,3 657 7,7 637 0,5 603,3 61,2 665 20,2 675 8,0
El (%) 18,5 4,0 8,8 0,2 16,6 2,8 8,1 2,3 21,2 1,57 11,8 1,0
RA (%) 49,6 8,3 18,9 6,3 57,7 14,2 21,9 5,1 66,5 5,1 20,2 3,7
IF - 0,52 - 0,51 - 0,44
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 200
100
200
300
400
500
600
700
800
Te
nso
(M
Pa
)
Deformao (%)
T1.0 Sem H
T2.0 Com H
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 200
100
200
300
400
500
600
700
800
Te
nso
(M
Pa
)
Deformao (%)
T2.0 Sem H
T2.0 Com H
(a) (b)
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 200
100
200
300
400
500
600
700
800
Te
nso
(M
Pa
)
Deformao (%)
E1.0 Sem H
E1.0 Com H
(c)
Figura 6. Curvas tenso-deformao das amostras ensaiadas ao ar e em soluo; (a) junta T1.0, (b) junta T2.0 e (c) junta
E1.0.
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Atravs dos parmetros da Tabela 6 e da anlise da Figura 6 possvel verificar que ambas as juntas
apresentaram uma significante perda de ductilidade quando ensaiadas em soluo. Os valores de elongamento das juntas
T1.0, T2.0 e E1.0, quando ensaiadas ao ar, foram 18,5%, 16,6% e 21,2%. Quando ensaiadas em soluo esses valores
foram 8,8%, 8,1% e 11,8%, respectivamente. Os valores de ndice de Fragilizao (IF), indicam uma menor
susceptibilidade da junta E1.0. Deve-se salientar que os corpos de prova obtidos para os testes de fragilizao foram
usinados para obter-se, desta maneira, as dimenses conforme norma empregada nos testes (ASTM E8/E8M-09). Durante
a usinagem dos corpos de prova, os passes de raiz e de acabamento so retirados, permanecendo apenas parte dos passes
quente e de enchimento. Desta forma, pode-se considerar que a energia empregada no passe de raiz no dever interferir
nos testes de fragilizao obtidos. Portanto, apenas as energias de soldagem empregadas nas deposies dos passes
quente, de enchimento e de acabamento devem ser consideradas na anlise dos testes, pois, embora os passes de
acabamentos sejam retirados durante a usinagem dos corpos de prova, o efeito do revenimento causado por esses passes
permanecem nos passes anteriores, que no foram retirados. As energias mdias nos passes quente e de enchimento foram
de 12,49KJ/cm, 13,28kJ/cm e 12,7kJ/cm para as juntas T1.0, T2.0 e E1.0, respectivamente. Os passes de acabamento
foram realizados com aportes mdios de 9,68kJ/cm, 9,13kJ/cm e 10,48kJ/cm. Logo, verifica-se que a junta E1.0 foi
executada com um aporte trmico um pouco maior que o das outras duas, principalmente com relao junta T2.0.
Como se sabe, a energia de soldagem um parmetro cuja medida relativamente simples, sendo bastante
empregado em normas e trabalhos tcnicos para especificar as condies de soldagem. Mas, sua utilizao deve ser feita
com cuidado. Nem sempre existe uma relao direta entre a energia de soldagem e seus efeitos na pea, pois os
parmetros de soldagem (corrente, tenso e velocidade de soldagem) afetam de modo diferente a intensidade do arco e o
rendimento trmico do processo. Assim, embora utilizando o mesmo processo e energia de soldagem, possvel obter
soldas de formatos completamente diferentes pela variao individual dos parmetros de soldagem (Modenesi et al.,
2001). Consequentemente, mesmo empregando-se os mesmos consumveis e semelhantes energias de soldagem nos
passes quente e de enchimento das juntas T1.0 e E1.0, o fato da junta E1.0 ter sido executada empregando-se uma maior
velocidade de soldagem, pode ter gerado uma microestrutura ao longo do MS diferente das outras duas juntas.
Considerando que o fenmeno estudado depende fortemente de parmetros de difusividade, permeabilidade e
solubilidade, a microestrutura apresentada pelas juntas contribui para os diferentes resultados.
Para Arafin e Szpunar (2011), o tipo de teste empregado no presente trabalho, ou seja, testes SSRT, tambm
indicam a susceptibilidade a trincamento induzido por hidrognio (HIC). Numerosos estudos j apresentados, como os
realizados por Park et al (2008) e Chang et al. (2001) sugerem que a microestrutura do ao desempenha um papel
dominante em HIC. Infelizmente, no entanto, diversos estudos mostraram resultados contraditrios no papel dos
diferentes constituintes microestruturais em relao a HIC. Chang et al. (2001) mostraram que microestruturas contendo
maiores stios aprisionadores de hidrognio so mais efetivas na reduo da susceptibilidade a HIC, devido ao fato de
menor quantidade de hidrognio est disponvel para participar no processo de trincamento. Mesma concluso foi
realizada em estudo feito por Hardie et al. (2006). No entanto, outros trabalhos, como o de Huang et al. (2010),
mostraram que quanto menor a difusividade do hidrognio na microestrutura do ao, maiores seriam a eficincia de
aprisionamento e mais vulnervel seria o ao a HIC. Estudando o efeito do aporte trmico sobre os parmetros de
difusividade, permeabilidade e solubilidade em juntas soldadas de ao API 5L X80, Han et al. (2012) verificaram que o
emprego de um maior aporte trmico resultou em uma diminuio da difusividade efetiva em diferentes zonas da junta
soldada, podendo acarretar em uma maior solubilidade de hidrognio. Portanto, diante da natureza do ao em questo,
provvel que um o emprego de um maior aporte trmico na execuo da junta E1.0 tenha ocasionado uma reduo da
difusividade do hidrognio na microestrutura da junta, e corroborando com estudos apresentados de Chang et al. (2001) e
Hardie et al. (2006), reduzindo, desta forma, o ndice de fragilizao da respectiva junta. No entanto, conforme Arafin e
Szpunar (2011), no claro se mais stios aprisionadores poderiam ser sempre considerados como um indicador de uma
maior ou menor suscetibilidade a HIC, e, desta forma, uma quantificao microestrutural das juntas deve ser apresentadas
para um melhor entendimento dos resultados apresentados, ou seja comportamentos semelhantes entre as juntas T1.0 1
T2.0 e melhor eficincia da junta E1.0.
Embora ambas as juntas tenham exibido um comportamento dctil quando testadas ao ar, quando testadas em
soluo com tiossulfato de sdio o comportamento apresentou-se, de certa forma, frgil, j que a fratura apresentou zonas
caracterizadas como sendo de quase clivagem, o que d um indicativo, tambm, da susceptibilidade das juntas
fragilizao por hidrognio, conforme pode ser observada na Figura 7. A reduo da ductilidade observada pode ser
entendida, neste caso, como uma reduo na tenacidade do material. Esta perda de ductilidade pode ser associada,
tambm, presena de trincamento secundrio prximo superfcie de fratura e nas regies mais afastadas da superfcie
de fratura dos corpos de prova ensaiados em soluo. O trincamento secundrio comumente associado com o mecanismo
de recombinao tomo de hidrognio promovido pela presena de incluses no-metlicas (Bott et al., 2005).
Trincamento secundrio foi encontrado em todas as juntas ensaiadas em soluo. Estudos de susceptibilidade
fragilizao por hidrognio de juntas soldadas de aos API 5L X80 tambm foram executados por Ballesteros et al.
(2010) e Martins (2005). Em todos esses trabalhos as juntas soldadas dos aos da classe API apresentaram
susceptibilidade fragilizao por hidrognio quando ensaiados em tiossulfato de sdio.
Rio Oil & Gas Expo and Conference 2012
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(a) (b)
Figura 7. Modo de fratura apresentado pelas amostras ensaiadas ao ar (a) junta T1.0 (2000X); e sem soluo (b) junta
E1.0 (1000X).
4. Concluses
Neste trabalho, foi possvel determinar as tenses residuais transversais nas regies superiores e inferiores das
juntas soldadas. Os testes de susceptibilidade fragilizao por hidrognio mostraram-se bastante eficazes, confirmando a
eficincia da substituio de borbulhamento de H2S por adies de tiossulfato de sdio. Diante dos resultados obtidos foi
possvel concluir que:
Os nveis de tenses residuais transversais foram compressivos na regio superior da junta soldada, as quais
foram intensificadas com o aumento do aporte trmico.
Para o caso da regio inferior da junta, quanto maior o aporte trmico maiores foram as tenses residuais
transversais trativas na regio do Metal de Solda, e mais compressiva ficaram as tenses na vizinhana do Metal
de Solda.
Todas as condies de soldagem empregadas mostraram-se susceptveis ao fenmeno de fragilizao por
hidrognio com o procedimento utilizado.
O emprego de maiores velocidades de soldagem para um mesmo valor de aporte trmico acarretou uma reduo
no ndice de fragilizao por hidrognio.
5. Agradecimentos
Os autores agradecem aos Laboratrios de Soldagem (LABSOL-UFCG), Laboratrio de Engenharia
Eletroqumica (LEEq-UFCG), ao Laboratrio Multidisciplinar de Materiais e Estruturas Ativas (LaMMEA-UFCG), a
oficina mecnica da UFCG, ao Laboratrio de Caracterizao de Materiais (UAEM/UFCG) e a CAPES pelo auxlio por
meio de bolsa de doutorado.
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