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Dinâmica Pastoral da Quaresma ao Pentecostes 2013 IÇAR AS VELAS DA FÉ, NA BARCA DA IGREJA… (DA QUARESMA À PÁSCOA) … PARA NAVEGAR AO SOPRO DO ESPÍRITO SANTO! (DA PÁSCOA AO PENTECOSTES) Uma proposta de trabalho de: Pe. Amaro Gonçalo, Pe. Artur Moreira, Pe. José Araújo, com sugestões dos padres da Vigararia de Matosinhos

IÇAR AS VELAS DA FÉ, NA BARCA DA IGREJA…¢mica Pastoral da... · encontro com Deus e depois voltar a descer, trazendo a força e o amor que daí derivam, para servir os nossos

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Dinâmica Pastoral da Quaresma ao Pentecostes 2013

IÇAR AS VELAS DA FÉ, NA BARCA DA IGREJA…

(DA QUARESMA À PÁSCOA)

… PARA NAVEGAR AO SOPRO DO ESPÍRITO SANTO!

(DA PÁSCOA AO PENTECOSTES)

Uma proposta de trabalho de:

Pe. Amaro Gonçalo, Pe. Artur Moreira, Pe. José Araújo,

com sugestões dos padres da Vigararia de Matosinhos

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FÉ DE MARINHEIRO

Aparelhei o barco da ilusão

E reforcei a fé de marinheiro.

Era longe o meu sonho, e traiçoeiro

O mar...

(Só nos é concedida

Esta vida

Que temos;

E é nela que é preciso

Procurar

O velho paraíso

Que perdemos).

Prestes, larguei a vela

E disse adeus ao cais, à paz tolhida.

Desmedida,

A revolta imensidão

Transforma dia a dia a embarcação

Numa errante e alada sepultura...

Mas corto as ondas sem desanimar.

Em qualquer aventura,

O que importa é partir, não é chegar

Miguel Torga

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INTRODUÇÃO

IÇAR AS VELAS DA NOSSA FÉ…NA BARCA DA IGREJA…

(da Quaresma à Páscoa)

“Içar as velas” é, segundo parece, uma expressão traduzida do francês “hisser le foc”. Mas esta mesma expressão

parece ter surgido de uma tradução, por via oral ou popular, do árabe “ézz al fog” que significaria “puxar para cima”. A

ordem náutica, em língua árabe, foi tomada, por assim dizer, à letra do ouvido, pelos nossos europeus, e deu “al fog”,

isto é, «ao fogo» ou, em português, «à vela».

Esta ingénua associação fonética entre “as velas” de uma barca, que se içam, para que esta avance ao sopro do vento,

e “as velas” de cera, que acendemos, por exemplo, no fogo do círio pascal (na celebração do batismo, na profissão de

fé e na noite de páscoa), vem-nos mesmo a calhar, para o propósito espiritual que nos guia, da Quaresma à Páscoa,

neste Ano da Fé: “um tempo precioso, para reavivar a fé em Jesus Cristo” (Bento XVI, Mensagem para a Quaresma 2013, n.4)1.

No fundo, toda a Quaresma, que se inicia, a partir das «cinzas», quer levar-nos a «reacender» a chama da nossa fé, que

simbolicamente exprimimos, na Liturgia, com o acender e reacender das velas, a partir da grande coluna de fogo, que

é o círio pascal. Com esse gesto, queremos firmar e afirmar, avivar e renovar a nossa profissão da nossa fé e as nossas

promessas batismais.

Portanto, falamos aqui de “içar as velas”, tendo em vista esse gesto litúrgico, que marca precisamente a liturgia da luz

e a liturgia batismal na noite de Páscoa, para a qual tende, aliás, todo o caminho quaresmal. E falamos de “içar as

velas”, pensando nas «velas» da grande “barca” da Igreja, que, avança, pelo mar da história, graças ao sopro e ao fogo

do Espírito Santo, que a impele. Isso mesmo nos é sugerido no logotipo do ano da fé, cuja riqueza simbólica importa

explorar.

… E DESFRALDÁ-LAS, AO SOPRO DO ESPÍRITO SANTO!

(Da Páscoa ao Pentecostes)

Para que esta barca da Igreja possa, continuamente, largar a vela, e retomar a sua rota, cortando as ondas sem

desanimar, é preciso que nos disponhamos corajosamente a desfraldar as velas, para permitir ao Espírito Santo, agir

com toda a Sua força impulsionadora. E esse é o propósito, que nos guiará da Páscoa ao Pentecostes, colocando, ao

longo do círio (mastro), uma vela (pano / papel) de sete faixas (ou sete faixas formando um conjunto de sete velas),

onde serão sinalizados, semana a semana do tempo pascal, em cores diferentes, os sete dons do Espírito Santo. Deste

modo, compreenderemos a Igreja como uma «barca que navega, bem neste mundo, ao sopro do Espírito Santo, com as

velas da Cruz do Senhor plenamente desfraldadas” (Santo Ambrósio, cit. Catecismo da Igreja Católica, 845).

1 Daqui em diante referimo-nos à Mensagem de Bento XVI para a Quaresma de 2013 com a sigla «MQ2013».

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I. O LEMA E O TEMA

O lema e o tema, de cada semana, são inspirados na liturgia da palavra de cada domingo e apresentados em

linguagem “de marinheiro”…

1ª semana (tentações – ponto de partida): DIZER ADEUS AO CAIS

2ª semana (transfiguração – a meta): RUMO AO CAIS DE CHEGADA

3ª semana (parábola da figueira): AVISO À NAVEGAÇÃO

4ª semana (parábola do pai misericordioso e dos filhos perdidos): CHEGAR A BOM PORTO

5ª semana (mulher adúltera): VIRAR DE BORDO

6ª semana (Semana santa): REMAR CONTRA A MARÉ

Vigília e dia de Páscoa: IÇAR AS VELAS

Tempo Pascal: DESFRALDAR AS VELAS, ao sopro do Espírito Santo

II. ATIVIDADE DE CADA SEMANA

Estamos, na prática, a apontar para dois grandes símbolos, a trabalhar nestes três meses, mais intensos do Ano da Fé:

a barca e o círio pascal.

- Da Quaresma à Páscoa, queremos construir a barca e introduzir o círio pascal familiar, que dentro dela, funciona

como uma espécie de mastro. Este círio deverá ser decorado, semana a semana, gravando (pintando) nele os diversos

componentes do logotipo do ano da fé: o quadrado que serve de moldura, a barca, o mastro, o trigrama, o círculo

solar que sugere a eucaristia. Estará pronto, para ser aceso, como vela içada, na Vigília pascal, e/ou colocado em casa,

como grande luzeiro, na receção à Visita Pascal.

- Da Páscoa ao Pentecostes, semana a semana, será desfraldada, uma chama da vela (ou uma sétima parte da vela), apoiada

no círio pascal, como seu mastro, sugerindo assim os sete dons do Espírito Santo. No Pentecostes, esta barca deverá

estar pronta e fazer-se ao mar e nós próprios, com a “fé de marinheiro reforçada” (M. Torga), poderemos então

avançar, cheios de confiança, “cortando as ondas, sem desanimar” (Ib.), obedecendo assim ao murmúrio das águas

batismais, como disse o poeta: “Chamam por mim as águas / Chamam por mim os mares. / Chamam por mim / levantando

uma voz corpórea, /os longes, / as épocas marítimas todas sentidas no passado/, a chamar” (Álvaro de Campos).

Obviamente, o objetivo da dinâmica aqui proposta não pode reduzir-se a um mero trabalho manual, feito em família

ou em ambiente paroquial. Importa que, na atividade proposta, na oração realizada e na assunção prática de uma

atitude concreta, a quaresma se viva, segundo o desiderato, de uma “renovada conversão ao Senhor” expresso pelo

Papa, na Carta Apostólica, para o Ano da Fé:

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“O Ano da Fé é convite para uma autêntica e renovada conversão ao Senhor, único Salvador do mundo. No

mistério da sua morte e ressurreição, Deus revelou plenamente o Amor que salva e chama os homens à

conversão de vida, por meio da remissão dos pecados” (Bento XVI, PF 6).

Como nos diz ainda o Santo Padre, na sua Mensagem, “a Quaresma, com as indicações que dá tradicionalmente

para a vida cristã, convida-nos precisamente a alimentar a fé, com uma escuta mais atenta e prolongada da Palavra

de Deus e a participação nos Sacramento e, ao mesmo tempo, a crescer na caridade, no amor a Deus e ao próximo,

nomeadamente através do jejum, da penitência e da esmola” (MQ2013, 3).

Nesse sentido, para integrar as indicações quaresmais acima referidas, a nossa dinâmica desenvolver-se-á, em

três campos de ação: atividade, oração, atitude.

Explicada a atividade, digamos uma palavra, sobre a oração e as atitudes ou compromissos.

III. ORAÇÃO

Proporemos que se redescubram algumas fórmulas de orações comuns, que propiciem “aquele encontro com

Deus, em Cristo, que suscita em nós o seu amor e nos abre o íntimo aos outros” (cf. DCE 31; cit. MPQ2013, n.1).

Na verdade, a prioridade da fé e a primazia da caridade, encontram a sua fonte comum, numa renovada prática

da oração cristã, como nos lembra o Santo Padre: “a existência cristã consiste num contínuo subir ao monte do

encontro com Deus e depois voltar a descer, trazendo a força e o amor que daí derivam, para servir os nossos irmãos

e irmãs, com o próprio amor de Deus” (MPQ2013,3). Vai neste sentido, a concretização do exercício da Oração, que

propomos, semana a semana, destacando uma a uma, algumas das suas expressões:

ORAÇÃO DA QUARESMA À PÁSCOA

- na 1ª semana, a oração diária do credo, como nos é sugerido, pela Carta Apostólica (Porta Fidei, n.9);

- na 2ª semana, “uma escuta mais atenta e prolongada da Palavra”, como nos lembra o Papa na sua Mensagem

para a Quaresma (MPQ2013,3) ;

- na 3ª semana, a prática tão esquecida e tão necessária do Exame de consciência (de que se deverá dar um

pequeno guia, na semana, para ser feito pessoalmente e em família);

- na 4ª semana, a oração do pai-nosso, que nos introduz na experiência do ser amado por Deus;

- na 5ª semana, a oração do “ato de contrição”, na sua forma mais breve ou mais longa;

- na 6ª semana, a oração penitencial feita pelo então Cardeal Ratzinger, na 9ª estação da Via Sacra de Sexta-Feira

Santa, no Coliseu, em Roma, poucos dias antes de ser eleito Papa, com o nome de Bento XVI. Segue-se aqui o

texto com algumas adaptações.

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Senhor, muitas vezes,

a vossa Igreja parece-nos uma barca que está a afundar,

uma barca que mete água por todos os lados.

Senhor, na seara da vossa Igreja,

quantas vezes

vemos mais joio do que trigo.

O vestido e o rosto, tão sujos, da vossa Igreja

são um horror que nos envergonha a todos.

Mas somos nós mesmos que os sujamos!

Somos nós mesmos que Vos traímos sempre,

depois de todas as nossas grandes palavras,

depois dos nossos grandes gestos.

Senhor, tende piedade da vossa Igreja:

pois também ,dentro dela,

o Homem velho, continua a cair.

Com a nossa queda,

somos nós que Vos deitamos, de novo, ao chão,

Mas, Vós, Senhor,

não ficareis para sempre prostrado, sobre a terra,

como que derrotado, com a queda da vossa Igreja.

Vós, Senhor, erguer-Vos-eis!

Vós levantastes-Vos do chão do pecado e da morte.

Vós ressuscitastes

e podeis agora levantar-nos também a nós.

Senhor, caído no chão, morto e ressuscitado,

Salvai e santificai a vossa Igreja.

Salvai-nos e santificai-nos a todos nós.

- na Páscoa, a oração será proposta pela pagela da Visita Pascal

ORAÇÃO DA PÁSCOA AO PENTECOSTES

- No Tempo Pascal, a oração consistirá na invocação de cada um dos dons do Espírito Santo, inspirada num texto

bíblico de referência:

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1ª semana: Dom da Sabedoria

Leitura bíblica: «Nesse mesmo instante, Jesus estremeceu de alegria sob a acção do Espírito Santo e disse: Eu Te

bendigo ao Pai, Senhor do Céu e da Terra, porque escondestes estas coisas aos sábios e aos inteligentes e as

revelastes aos pequeninos. Sim, Pai, porque tudo isto foi do teu agrado» (Lc.10,21) ...

Prece:

Vinde, Espírito Santo, Deus amável,

Dom inefável da SABEDORIA!

Dai-nos o gosto de saborearmos

Como sois bom e fonte de alegria.

2ª semana: Dom do Entendimento

Leitura bíblica: Jesus disse aos seus discípulos: «O Consolador, o Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome,

ensinar-vos-á todas as coisas» ( Jo. 14, 26).

Prece:

Vinde, Espírito Santo, Deus glorioso,

Dom luminoso do ENTENDIMENTO!

Enchei de vida todo o Universo:

A Criação é o vosso sacramento!

3ª semana: Dom do Conselho

Leitura bíblica: Diz-nos o Apóstolo Paulo: «Não vos conformeis com este mundo. Pelo contrário deixai-vos

renovar, pela transformação espiritual da vossa inteligência, para que saibais discernir qual a vontade de Deus a

vosso respeito, o que é bom, o que lhe agrada, o que é perfeito» (Rom.12,2).

Prece:

Vinde, Espírito Santo, Deus amigo,

Divino abrigo, Dom do bom CONSELHO!

Dai-nos a graça do discernimento,

P'ra decidir à luz do Evangelho!

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4ª semana: Dom da Fortaleza

Leitura bíblica: «Eis que Eu vos enviarei o que meu Pai prometeu. Por isso, permanecei na Cidade até serdes

revestidos da força do Alto», disse Jesus aos seus discípulos (Lc.24-49); «O Espírito Santo vem em auxílio da nossa

fraqueza», lemos na Carta aos Romanos (Rom.8,26);

Prece:

Vinde, Espírito Santo, Deus-Senhor:

dai-nos valor e Dom da FORTALEZA!

Quando tentados, a fidelidade;

Na hesitação, a graça da firmeza!

5ª semana: Dom da Ciência

Leitura bíblica: «Quando vos entregarem, não vos preocupeis com o que haveis de falar nem com o que haveis

de dizer. Não sereis vós a falar. O Espírito Santo falará por vós» (Mt.10,20).

Prece:

Vinde, Espírito Santo, Omnisciente:

A nossa mente implora o Dom da CIÊNCIA,

P'ra conhecermos e para louvarmos

Vossos sinais e a vossa providência!

6ª semana: Dom da Piedade

Leitura bíblica: «Todos aqueles que são movidos pelo Espírito de Deus, são filhos de Deus. Vós não recebestes

um Espírito de escravidão, para cair de novo no temor; pelo contrário, recebestes um Espírito de adopção, pelo

qual chamamos: 'Abba, Pai'» (Gal.4,6).

Prece:

Vinde, Espírito Santo, Deus-Ternura!

Vós sois doçura: dai-nos a PIEDADE!

Ao Pai queremos ter amor de filhos;

Com os irmãos, viver em amizade!

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7ª semana (Ascensão): Dom do Temor de Deus

Leitura bíblica: «Dar-vos-ei um coração novo e infundirei em vós um espírito novo; arrancarei do vosso peito o

coração de pedra e vos darei um coração de carne. Dentro de vós porei o meu espírito, fazendo com que sigais

as minhas leis e obedeçais e pratiqueis os meus preceitos»... (Ez 36,25-27)

Prece:

Vinde, Espírito Santo, Deus-Amor:

Dai-nos TEMOR, o Dom da admiração!

Vossa presença faça a nossa vida

Estremecer de assombro e de emoção.

Pentecostes: Oração da Sequência do Pentecostes

IV. ATITUDE - COMPROMISSO

A Mensagem do Santo Padre para a Quaresma de 2013, articula, sob muitíssimos aspetos, a relação entre fé e

caridade, na convicção expressa de que “crer no amor suscita caridade” (cf. I Jo.4,16). Por isso mesmo, esta

“caridade” não se esgota na prática da “esmola” ou da “partilha”. “De facto, por vezes, tende-se a circunscrever a

palavra caridade à solidariedade ou à mera ajuda humanitária” (MPQ2013.3). Neste sentido, as atitudes ou

compromissos, que sugerimos, ao longo da Quaresma, não são apenas «obras», “fruto do esforço humano” mas

«obras que nascem da própria fé” (MPQ2013).

Deste modo, procuramos amplificar o sentido da caridade, tendo em conta que esta também se manifesta, por

exemplo, no anúncio do evangelho, no serviço da Palavra (cf. Paulo VI, EN, 16), no cultivo e na vivência da amizade

com Cristo (cf. Jo.15,14-15), no esforço por caminhar na verdade (Ef.4,15), na prática do perdão acolhido na fé e

oferecido aos outros. Neste enquadramento propomos:

- na 1ª semana, dispor-se a renunciar, àquilo que mais pesa na “embarcação” da nossa vida. Esta renúncia tem um

duplo aspeto: renúncia ao pecado e renúncia a algum ou alguns dos “bens deste mundo”, que possam ser

obstáculo à prioridade da fé e à primazia da caridade (cf.MQ2013, 4).

- na 2ª semana, a par da leitura mais prolongada da Palavra de Deus, sugere-se a atenção concreta ao próximo, ao

mais próximo, aos que vivem debaixo do mesmo teto. “Subir ao monte da oração, trazendo o amor e a força que

daí derivam, para servir os nossos irmãos e irmãs com o próprio amor de Deus” (MQ2013,3).

- na 3ª semana, uma vez que ocorre, na rua e nas igrejas, o peditório anual para a Caritas, a proposta é colaborar

neste peditório, quer através do voluntariado, quer através da ajuda monetária;

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- na 4ª semana, o quadro bíblico da parábola do pai misericordioso e dos dois filhos, sugere-nos a prática da

Reconciliação, não apenas como sacramento (que terá também o seu momento, de acordo com o calendário paroquial), mas

também como prática concreta de aproximação àquele (s) de quem andamos mais distantes. “Saber-se amado

por Deus” terá como consequência uma capacitação maior para a prática da reconciliação.

- na 5ª semana, é-nos sugerido que deitemos ao chão todas as pedras que temos na mão. Sugerimos, nesta

semana, um diálogo, em casal e/ou em família, que resulte na partilha daquilo que, afinal, ainda temos uns contra

os outros, e que escondemos, como pedras na mão.

- na 6ª semana (semana santa), propomos que os fiéis “remem contra a corrente” que os atira para a diversão,

para as férias, e participem mais assiduamente nas celebrações do tríduo pascal. Temos de remar contra a maré,

contra ventos e costumes que se instalam e que nos levam, por exemplo, a viver uma semana santa sem

exigência, sem combate, sem proximidade com o Senhor.

- no Tempo Pascal, pretende-se continuar esta dinâmica de vida nova, abrindo o coração ao «sopro» do espírito.

A distribuição, semana a semana, de uma chama / dom do Espírito Santo pretende fidelizar as famílias, na prática

dominical e na participação da vida comunitária.

Será o tempo das festas da catequese, das jornadas vicariais da fé… O objetivo é “desfraldar as velas”, preparar-

se, para se fazer ao mar, assumindo, em comunhão, a missão da Igreja.

Nas celebrações do Pentecostes deverão ser apresentados os barcos, com o respetivo círio e as suas sete velas,

numa celebração, a cuidar, de modo que tenha expressividade litúrgica todo o caminho percorrido.

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IÇAR AS VELAS DA FÉ, NA BARCA DA IGREJA…

(DA QUARESMA À PÁSCOA)

SEMANA TEMÁTICA ATIVIDADE ORAÇÃO ATITUDE

1ª semana

DIZER

ADEUS

AO CAIS

A primeira semana coloca-nos no ponto de

partida. Iniciámos uma viagem, “impelidos pelo

sopro do Espírito Santo” (cf. Evº). A 1ª leitura

lembra-nos que “o Senhor nos fez sair do Egipto”,

que nos “fez atravessar o Mar”. E o próprio Jesus,

também “se retirou das margens” para mergulhar

no oceano infinit0 do amor do Pai. O desafio

desta semana é “dizer adeus ao cais”, para iniciar

a grande viagem da fé.

CONSTRUIR

O BARCO

Na 1ª leitura

temos o credo

histórico de Israel.

São Paulo fala-nos

em professar a fé

com o coração

e com a boca:

Rezar

diariamente

o Credo

Quem vai para o

mar, avia-se em

terra.

Criar condições

para partir.

Que coisas tenho de

largar?

Renúncia ao pecado

Renúncia aos bens

2ª semana

RUMO

AO CAIS

DE

CHEGADA

A segunda semana coloca-nos perante a meta de

todo o caminho quaresmal: a transfiguração,

como experiência de transformação e

antecipação da ressurreição. É preciso divisar a

meta. São Paulo exorta-nos a pôr olhos na

esperança da pátria futura. E Abraão, na 1ª

leitura, é desafiado a olhar o céu e as estrelas.

Para conhecer o rumo e chegar à meta,

precisamos de percorrer o caminho certo. A

nossa Carta de marear é a palavra da Escritura

que nos orienta, como bússola. Precisamos de ler

e de escutar esta Palavra na voz do Filho:

«Escutai-O» (cf. Evangelho).

COLOCAR O CÍRIO

NO BARCO

Início do desenho do logotipo da

Barca no círio

Desenhar retângulo,

letras e números

“Este é o meu

Filho: escutai-O”

(Evº).

Deixar-se guiar

pelo evangelho

do dia.

Tomar a Palavra,

como uma

bússola

“Subir ao monte da

oração, trazendo o

amor e a força que

daí derivam, para

servir os nossos

irmãos e irmãs com o

próprio amor de

Deus” (MQ2013,n.3).

Maior atenção e

serviço às pessoas

que vivem debaixo

do mesmo teto.

3ª semana

AVISO

À

NAVEGAÇÃO

A terceira semana coloca-nos bem no coração de

uma quaresma de sabor penitencial. Quer Jesus,

quer São Paulo, deixam-nos claros avisos ou

advertências à navegação: «se não vos

converterdes morrereis todos» (evº), «quem se

julga de pé tome cuidado para não cair» (2ª leitª).

Passar através do mar, receber o batismo, não é

um seguro de viagem! É preciso mesmo mudar

de rumo…

Desenhar

no círio

a barca

“Quem se julga de

pé, tenha cuidado

para não cair” (cf.

2ª leitura)

Fazer todos os

dias o exame de

consciência

Colaborar no

Peditório

da Caritas:

Voluntariado

e partilha

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4ª semana

CHEGAR

A BOM

PORTO

Na quarta semana, experimentamos já a alegria

do Povo de Deus, que celebra a Páscoa «em

terra», e a alegria do Pai por causa do «filho que

estava morto e voltou à vida», mas sentimos

ainda como é difícil fazer entrar na mesma

“barca” do amor divino, «o filho mais velho». A

parábola do pai misericordioso sugere-nos o

regresso a casa e ao coração do Pai como

experiência de quem chega ao bom «porto da

misericórdia e da paz» (Pref. Quar.VI).

Desenhar no círio,

dentro do quadrado o

trigrama

Responder ao

amor do Pai, com

amor de Filho:

Rezar todos os

dias o Pai-Nosso

Reconciliar-se,

aproximar-se,

voltar à paz,

regressar

ao diálogo,

5ª semana

VIRAR

DE

BORDO

O Senhor abre caminhos através do mar (1ª

leitura) e, com o seu perdão, dá-nos possibilidade

de refazer e de recriar a vida: «vai e não voltes a

pecar” (evº). No caminho da perfeição, a meta

nunca está alcançada. É preciso “cortar as ondas

sem desanimar, pois em qualquer aventura, o que

importa é partir, não é chegar” (M. Torga).

Desenhar

no círio

o círculo

eucaristia

“Vai e não voltes

a pecar”. Rezar

todos os dias o

Ato de Contrição

ou compor um

ato de contrição

pessoal

Deitar para fora da

barca da nossa vida,

todas as «pedras»

escondidas na mão,

contra os outros.

Diálogo em casal e/

ou em família, em

ordem ao perdão.

semana

Semana

santa

REMAR

CONTRA

A MARÉ

Estamos em plena semana santa. Jesus é o Servo,

que tem de tornar o seu rosto duro como pedra,

para afogar em abundância de bem, todas as

forças do mal, que contra ela avançam.

“Desmedida, a revolta imensidão, transforma, dia a

dia, a embarcação numa errante e alada sepultura, mas

corto as ondas sem desanimar” (M. Torga). “Também

Jesus sentirá medo e angústia: quando chegar a

sua hora, Ele sentirá sobre si mesmo todo o peso

dos pecados da humanidade, como uma onda

alta que está prestes a cair sobre Ele. Esta, sim,

será uma tempestade terrível, não cósmica, mas

espiritual. Será o derradeiro e extremo assalto do

mal contra o Filho de Deus” (Bento XVI, Homilia,

21.06.2009)

Colocar ou

desenhar

debaixo do

barco, as

ondas

Colocar no

círio o traço

horizontal

da Cruz

Oração de

J. Ratzinger

Via Sacra 2005

9ª Estação

Participar

Nas celebrações

do Tríduo Pascal

Vigília

e dia de

Páscoa

IÇAR AS

VELAS

Nesta noite de Páscoa, acendemos o lume novo,

e nele “içamos as nossas velas”, para que, de

velas acesas, professemos a nossa fé. Traremos

de casa, um círio, que serve de mastro, na barca.

Terá gravado o logotipo do ano da fé. Na Visita

Pascal, este círio deve estar aceso e acompanhar

a oração prevista para o momento.

Oração

da Visita Pascal

(a elaborar)

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… PARA NAVEGAR AO SOPRO DO ESPÍRITO SANTO!

(DA PÁSCOA AO PENTECOSTES)

ATIVIDADE Temática Breve explicação do dom do

Espírito Santo

Oração

Invocação do

Espírito Santo

I SEMANA DA

PÁSCOA

Colar

ou Inscrever

na vela

a chama da

Sabedoria

“Sempre de novo a pequena barca da

Igreja é abalada pelo vento das

ideologias, que com as suas águas

penetram nela e parecem condená-la a

afundar. E contudo, precisamente na

Igreja sofredora Cristo é vitorioso.

Apesar de tudo, a fé n'Ele retoma força

sempre de novo. Também hoje o Senhor

ordena às águas e demonstra-se o

Senhor dos elementos. Ele permanece

na sua barca, na barca da Igreja” (Bento

XVI, Homilia, 29.6.2006)

SABEDORIA (SAPIÊNCIA):

É o dom de experimentar o sabor, o

gosto “conatural” da vida de Deus,

da sua vontade (bondade) amorosa,

das realidades divinas e a alegria de

servir o seu Espírito. A sabedoria

das coisas vividas em Deus não

resulta de nenhum esforço cerebral

mas é dom do Espírito. Os simples

«sabem» mais de Deus que os

inteligentes...

Invocar

o dom

da Sabedoria

II SEMANA DA

PÁSCOA

Colar ou Inscrever

na vela

a chama do

Entendimento

“A vida humana é um caminho. Rumo a

qual meta? Como achamos o itinerário a

seguir? A vida é como uma viagem no

mar da história, com frequência

enevoada e tempestuosa, uma viagem

na qual perscrutamos os astros que nos

indicam a rota. As verdadeiras estrelas

da nossa vida são as pessoas que

souberam viver com retidão. Elas são

luzes de esperança” (Bento XVI, Spe Salvi, 49)

ENTENDIMENTO (INTELIGÊNCIA):

É o dom de compreender e penetrar

a Palavra de Deus e alcançar o

mistério do amor proclamado, que é

Jesus Cristo, e ainda o dom de o

atualizar; Este dom permite o

discernimento da presença de

Deus... Entender os apelos de Deus

não é uma questão de

superioridade intelectual, mas dom

do Espírito àqueles que

humildemente procuram a Deus...

Invocar

o dom

do

Entendimento

III SEMANA DA

PÁSCOA

Colar ou Inscrever

na vela

a chama do

Conselho

“Mantende viva a vossa fé em Cristo,

amai a Igreja de que sois membros

ativos. À semelhança do que Cristo disse

a Pedro, repito a todos: Sede pescadores

de homens. Sobre a barca da Igreja

todos nós devemos remar. Ninguém se

pode limitar a ser espectador. «Toda a

Igreja é chamada a evangelizar» (E.N.66)

(Card. Ângelo Sodano, Homilia no Mosteiro dos

Jerónimos,28.061998)

CONSELHO:

É o dom do discernimento da

vontade amorosa de Deus na vida

concreta, dos seus apelos nas várias

situações e acontecimentos da vida

e do mundo, da descoberta dos

valores evangélicos, de modo a

viver uma vida santa e agradável a

Deus. É o dom da lucidez da fé para

interpretar os acontecimentos.

Invocar

o dom

do Conselho

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IV SEMANA DA

PÁSCOA

Colar ou Inscrever

na vela

a chama da

Fortaleza

“Vimos que a fragilidade humana está

presente também na Igreja, que a barca

da Igreja continua a navegar inclusive

com vento contrário, com tempestades

que ameaçam a barca, e às vezes

pensamos: «O Senhor dorme e

esqueceu-nos»” (Bento XVI, Discurso,

11.06.2012)

FORTALEZA:

Anima a nossa fidelidade

quotidiana. Trata-se do dom da

firmeza na opção por Cristo, da

fidelidade à identidade cristã, da

força para o “confessar” e anunciar,

para crescer na comunhão com Ele

e na esperança n’Ele. Trata-se

também de um dinamismo de

crescimento e de esperança em

Jesus Cristo. Perseverar no caminho

da fé não é uma questão de

temperamento forte mas um dom

àqueles que procuram e encontram

em Deus a sua força...

Invocar

o dom

da Fortaleza

V SEMANA

DA PÁSCOA

Colar ou Inscrever

na vela

a chama da Ciência

Falando da Igreja disse Santo Ambrósio:

“Ela é esse navio que navega bem neste

mundo ao sopro do Espírito Santo, com

as velas da Cruz do Senhor plenamente

desfraldadas” (Catecismo da Igreja Católica,

845)

CIÊNCIA (CONHECIMENTO): Trata-

se do conhecimento da verdade e

do erro. O Espírito de Deus dá-nos

aquilo que a linguagem teológica se

chama «sensus fidei», uma espécie

de «sexto sentido» da fé. Trata-se

da ciência comum da vida cristã em

ordem a «ler» a vida e a valorá-la à

luz da Palavra de Deus. Faz a ligação

entre a fé e a Vida.

Invocar

o dom

da Ciência

VI SEMANA

DA PÁSCOA

Colar ou

Inscrever na vela

a chama da

Piedade

Apesar de poder parecer às vezes, como

sucedeu no episódio evangélico da

tempestade acalmada (cf. Mc 4, 35-41; Lc 8,

22-25), que Cristo dorme e deixa a sua

barca à mercê das ondas impetuosas, é

pedido à Igreja da Europa que cultive a

certeza de que o Senhor, através do dom

do seu Espírito, está sempre presente e

ativo nela e na história da humanidade.

Ele prolonga no tempo a sua missão,

fazendo da Igreja uma corrente de vida

nova que flui dentro da vida da

humanidade como sinal de esperança

para todos” (João Paulo II, Ecclesia in Europa

27)

PIEDADE:

É o dom da relação confidente e de

confiança alegre com Deus e de

uma relação fraterna com os

irmãos. O Espírito é Aquele que reza

em nós, Aquele que nos dá a

experiência da filiação divina. Ele

testemunha interiormente em nós e

cria em nós aquela «conaturalidade»

(à vontade) da relação filial com

Deus e ao mesmo tempo é Aquele

que realiza a comunhão entre nós.

Invocar

o dom

da Piedade

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VII SEMANA

(DEPOIS DA

ASCENSÃO)

Colar ou Inscrever

na vela a chama do

Temor de Deus

Os documentos do Concílio Vaticano II,

sobre os quais é preciso meditar, são,

também para o nosso tempo, uma

bússola que permite à barca da Igreja

fazer-se ao largo, no meio de

tempestades ou de ondas calmas e

tranquilas, para navegar com segurança

e chegar à meta (Bento XVI, Audiência, 10 de

Outubro 2012).

TEMOR DE DEUS

Trata-se da nossa dependência

criatural, da nossa adoração de

Deus e também das nossas

limitações e das nossas fraquezas

perante a santidade e a

transcendência de Deus. Isto suscita

no crente o desejo de uma

conversão constante e permanente.

Invocar

o dom

do Temor

de

Deus

VIGÍLIA E DIA DE

PENTECOSTES

TRAZER O BARCO

PRONTO, COM O

CÍRIO (MASTRO)

E A (S) VELA (S)

= 7 DONS DO

ESPÍRITO SANTO

“O Espírito é como o vento que sopra a

vela da grande barca da Igreja. Esta,

todavia, considerando bem, vale-se de

outras inúmeras pequenas velas que são

os corações de cada um dos batizados.

Cada um, caríssimos, é convidado a içar a

própria vela e a desfraldá-la com

coragem, para permitir ao Espírito agir

com toda a Sua força santificadora.

Consentindo ao Espírito agir na própria

história pessoal, oferece-se também o

melhor contributo à missão da

Igreja. Não tenhais medo de desfraldar

a vossa vela ao sopro do Espírito!

Deixai que a Sua força da verdade e do

amor anime cada dimensão da vossa

jovem existência” (João Paulo II, Discurso aos

seminaristas, 30-04.1998)

“Içar a própria vela e desfraldá-la

com coragem” (J. Paulo II)!

"Chamam por mim as águas,

Chamam por mim os mares.

Chamam por mim,

levantando uma voz corpórea,

os longes,

as épocas marítimas

todas sentidas no passado,

a chamar”.

Álvaro de Campos,

Ode Marítima

“Faz-te ao mar”!

(Lc.5,4)

Rezar a

Sequência do

Pentecostes

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A concluir, um texto para meditar:

Eu, a vela. Ele, o vento. Nós, na barca!

Somos um barco à vela. Estamos inseridos numa imensidão azul de possibilidades. Possuímos um leme, que nos permite ir

para a direita ou para a esquerda, mas se nos faltar o sopro do vento não vamos a lugar nenhum. Não conseguimos ver esse

vento, mas temos que estar sensíveis a ele e entender um pouco como ele age para estarmos preparados para içar as velas

no tempo certo.

Às vezes não nos contentamos com o vento que temos, e queremos ir mais rápido. Então lançamos fora, partes importantes

nossas, para ficarmos mais leves, e colocarmos velas maiores, que mal podemos suportar.

O barco fica instável e vulnerável, qualquer onda mais forte pode virá-lo. Mais à frente, cansados de depender do vento,

resolvemos trocar por um barco a motor. Tiramos as velas, colocamos um motor e ficamos independentes do vento. Agora

podemos escolher tanto a direção como a velocidade. Parece bom no começo, mas a viagem é longa. No percurso, um dia o

combustível vai acabar ou o motor pode quebrar. Então não teremos força nenhuma, para chegarmos ao destino, pois

deixamos para trás as velas que nos conectavam ao vento.

O vento pode soprar mais forte, mais fraco ou nem soprar em alguns momentos. Ele pode soprar da terra para o mar ou do

mar para a terra. Pode ser quente ou gelado. Nunca vamos conseguir controlá-lo, mas ele nunca vai acabar. Estará sempre

soprando em algum lugar. A nossa viagem é tão longa que nenhum combustível pode durar o tempo suficiente. Nenhum

motor pode suportar tanto tempo funcionando. Só o vento nos pode levar até lá. Quando o nosso vento se chama Deus

podemos ficar tranquilos, pois Ele sabe como, quando e aonde nos levar.

http://pedropamplona.wordpress.com/2010/04/06/barco-a-vela/