146
MARCELO DOS REIS ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO AMBIENTAL MARÍLIA - SP 2011

ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

MARCELO DOS REIS

ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO

AMBIENTAL

MARÍLIA - SP

2011

Page 2: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

2

MARCELO DOS REIS

ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO

AMBIENTAL

Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado em Direito da Universidade de Marília como requisito parcial para a obtenção do título de mestre em Direito, sob a orientação do Prof. Dr. Paulo Roberto Pereira de Souza.

MARÍLIA

2011

Page 3: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

3

MARCELO DOS REIS

ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO AMBIENTAL

Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado em Direito da Universidade de Marília, área de concentração Empreendimentos Econômicos, Desenvolvimento e Mudança Social, sob a orientação do Prof. Dr. Paulo Roberto Pereira de Souza.

Aprovado pela banca examinadora em ___/___/_____.

_______________________________________________

Prof. Dr. Paulo Roberto Pereira de Souza

_______________________________________________

Prof. (a) Dr.(a) Maria de Fátima Ribeiro

_______________________________________________

Prof. Dr. Nelson Borges

Page 4: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

4

Dedico este trabalho a minha esposa Ellen e aos meus filhos João Vinícius e Marcela, por todo apoio e inspiração, além de abdicar do tempo de convívio, em prol do desenvolvimento desta Dissertação, que terá grande relevância em busca da satisfação e do desenvolvimento intelectual. Dedico também a meus pais, por todo apoio desprendido na realização deste Mestrado.

Page 5: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

5

Agradeço a Deus por toda saúde e disposição para estar sempre buscando o conhecimento por meio das pesquisas por este Mestrado propostas. Agradeço a todos os professores que de alguma forma contribuíram para minha formação neste Mestrado, em especial a Coordenação do Curso.. Ofereço um agradecimento caloroso a meu Orientador que além de dirimir dúvidas quanto ao caminho a ser traçado neste trabalho, cendo um grande incentivador para se desenvolver a pesquisa aqui apresentada.

Page 6: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

6

Mesmo as noites totalmente sem estrelas podem anunciar a aurora de uma grande realização.

(Martin Luther King)

Page 7: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

7

ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO AMBIENTAL

Resumo: O meio ambiente equilibrado e sustentável, para as presentes e futuras gerações, é tratado como direito fundamental no texto da Constituição Federal. O Estado, por meio da instituição de tributo ambiental com a finalidade de proteção, exerce sua competência com mecanismos de comando e controle, com o objetivo de aplicar os recursos arrecadados na preservação do meio ambiente. Essas aplicações esbarram em preceitos tributários quanto à destinação de tais arrecadações, pois o imposto, sendo um tributo não vinculado, destina-se a atender às despesas gerais da administração. O objetivo desta pesquisa é apresentar a tributação ambiental, não mais como um imposto que sobrecarrega os contribuintes, mas, sim, como incentivo à preservação do meio ambiente. Nesse sentido, aparece o ICMS Ecológico. Trata-se de um tributo verde eminentemente extrafiscal, com o objetivo de estimular os municípios a preservarem suas biodiversidades, a partir de uma compensação financeira. Esse tributo possibilita também a criação de uma legislação municipal, que viabilizará o repasse de parte do valor arrecadado pelos municípios para aqueles proprietários de Reserva Particular do Patrimônio Natural – RPPN. A metodologia adotada é a de uma pesquisa exploratória, de caráter não-experimental, com abordagens qualitativas e utilização de dados secundários, mostrando que o ICMS Ecológico contribui de forma incontestável para a preservação das reservas naturais. Unidades de Conservação, que até então eram consideradas um problema para os municípios e seus proprietários, desde que cadastrados no órgão ambiental estadual e reconhecidas dessa forma, serão uma fonte de renda. O imposto, que antes dificultava o desenvolvimento, passa a ser utilizado como um grande aliado dos Municípios, em busca de um meio ambiente equilibrado e sustentável. Palavras-Chave: ICMS Ecológico. Instrumento de Incentivo. Preservação Ambiental.

Page 8: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

8

ICMS ECOLOGICAL AS A TOOL OF ENVIRONMENTAL PROTECTION

Abstract: The balanced and sustainable environment for present and future generations is treated as a fundamental right in the text of the Constitution. The State, through the imposition of environmental taxes, wields its authority with mechanisms of command and control and has the aim of applying the funds raised in the preservation of the environment. These applications are hindered by tax provisions regarding the disposition of such collections, once considering the tax as a tribute not a bound, they are intended to meet the overhead costs of administration. The objective of this research is to present environmental taxation, not as a tax burden to taxpayers, but rather as an incentive to the environment preservation. In this sense, the Ecological ICMS (Tax over Circulation of Goods and Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity from a financial compensation. This tribute also enables the creation of a municipal law that will allow the transfer of part of the amount collected by the municipalities for those owners of Private Natural Heritage Reserves (RPPN). The methodology is a non-experimental exploratory search with qualitative approaches using secondary data, showing that the Ecological ICMS contributes to the preservation of natural reserves. Conservation Units, previously considered a problem for the municipalities and their owners, provided that registered in the state environmental agency and recognized as such will become a source of income. The tax, which so far hindered development, shall be used as an important ally to the municipalities in the search of a balanced and sustainable environment. KeyWords: Ecological ICMS, Financial Compensation, Environmental Preservation.

Page 9: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

9

LISTA DE GRÁFICOS E TABELAS

Gráfico 1 - Distribuição do ICMS conforme previsto na Constituição Federal..............82

Gráfico 2 - Apresenta hipoteticamente os critérios de repasse do ICMS........................83

Gráfico 3 – Estatística das Unidades de Conservação no Paraná ...................................92

Gráfico 4 – Estatística das Unidades de Conservação no Rio Grande do Sul................ 94

Gráfico 5 – Estatística das Unidades de Conservação em São Paulo............................. 96

Gráfico 6 - Estatística das Unidades de Conservação em Minas Gerais ........................98

Gráfico 7 – Estatística das Unidades de Conservação no Mato Grosso do Sul...................99

Gráfico 8 - Estatística das Unidades de Conservação em Rondônia.............................101

Gráfico 9 - Estatística das Unidades de Conservação no Amapá .................................102

Gráfico 10 - Estatística das Unidades de Conservação no Mato Grosso.......................103

Gráfico 11 - Estatística das Unidades de Conservação em Pernambuco......................105

Tabela 12 - Tabela que ilustra os critérios de repasse do ICMS Ecológico..................107

Page 10: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

10

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

ICMS - Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação RPPN - Reserva de Patrimônio Particular Natural

MERCOSUL – Mercado Comum do Sul

REMA - Reuniões Especializadas em Meio Ambiente

ISO - International for Standardization Organization

LRF - Lei de Responsabilidade fiscal

CIDE – Contribuição de Intervenção do Domínio Econômico

IPTU - Imposto Predial e Territorial Urbano

ITR – Imposto Territorial Rural

EIA - Estudo de Impacto Ambiental

CONAMA - Conselho Nacional Do Meio Ambiente

OCDE - Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico

IPI – Imposto sobre produtos industrializados

IPVA - Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores

TCFA - Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental

IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

APAs - Áreas de Proteção Ambiental

PNB - Política Nacional de Biodiversidade

APP - Área de Preservação Permanente

IC – Índice de Conservação

UC`s – Unidades de Conservação

SNUC - Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza

TNC - The Nature Conservancy

CI - Conservação Internacional

IAP - Instituto Ambiental do Paraná

FREPESP - Federação das Reservas Ecológicas Particulares do Estado de São Paulo

CNRPPN - Confederação Nacional de RPPN

Page 11: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

11

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ......................................................................................................................12

1 DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E O MEIO AMBIENTE ..........................15

1.1 DESENVOLVIMENTO SOCIAL E CRESCIMENTO ECONÔMICO .....................15

1.2 ORDEM ECONÔMICA E PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE .............................26

1.3 POLÍTICAS AMBIENTAIS E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL...............28

2 TRIBUTAÇÃO AMBIENTAL E A PROTEÇÃO DO ECOSSISTEMA ................32

2.1 FISCALIDADE E EXTRAFISCALIDADE................................................................32

2.2 INCENTIVOS E BENEFÍCIOS FISCAIS X TUTELAS PROCESSUAIS DO MEIO

AMBIENTE .............................................................................................................................35

2.3 REPERCURSSÕES DA LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL NA

CONCESSÃO DOS INCENTIVOS E DEMAIS BENEFICIOS TRIBUTÁRIOS .................41

2.4 SISTEMA CONSTITUCIONAL TRIBUTÁRIO:.......................................................45

2.4.1 Da Necessidade de Tributar.......................................................................................45

2.4.2 Espécies Tributárias: Considerações .........................................................................48

2.4.3 Princípios Constitucionais Tributários de Proteção Ambiental.................................52

2.5 TRIBUTAÇÃO AMBIENTAL NA PRESERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE.........67

3 ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE INCENTIVO A PROTEÇÃO

AMBIENTAL .........................................................................................................................75

3.1 ASPECTOS CONSTITUCIONAIS DO ICMS ECOLÓGICO ...................................76

3.2 ICMS ECOLÓGICO NOS ESTADOS DA FEDERAÇÃO ........................................82

3.3 DA REPARTIÇÃO DOS RECURSOS DO ICMS ECOLÓGICO AOS MUNICÍPIOS.

....................................................................................................................................102

3.4 O REPASSE DA ARRECADAÇÃO DO ICMS ECOLÓGICO AOS

PROPRIETÁRIOS DE RPPN: ANÁLISE À LUZ DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL........104

3.5 AVALIAÇÃO E ANÁLISE DA EFETIVA CONTRIBUIÇÃO DO ICMS

ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PRESERVAÇÃO AMBIENTAL..................108

CONSIDERAÇÕES FINAIS...............................................................................................115

REFERÊNCIAS ...................................................................................................................118

ANEXOS ...............................................................................................................................128

Page 12: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

12

INTRODUÇÃO

O meio ambiente equilibrado e sustentável para as presentes e futuras gerações, diante

do crescimento econômico e da globalização, será o grande desafio desta pesquisa científica.

A manutenção do ecossistema é tratada como direito fundamental no texto

Constitucional, cabendo ao Estado e a toda sociedade, por meio de mecanismos de controle e

de comando, além da criação de políticas ambientais, os cuidados necessários para a

preservação ambiental.

A dificuldade de se estimar o quantum de prejuízo causado, a partir de catástrofes

ambientais, faz as medidas punitivas muitas vezes ineficazes, deixando de atingir seu objetivo

maior, que é a preservação do meio ambiente na sua integralidade.

Com o crescimento econômico, o Estado necessita de mecanismos eficientes para agir

em proteção da biodiversidade, com a finalidade de obter um desenvolvimento econômico

preocupado com as externalidades negativas que as questões econômicas podem causar a toda

sociedade, ao longo dos anos.

O fenômeno da globalização irradia, por todo o planeta, a poluição resultante do

crescimento econômico, ultrapassando os limites de fronteiras e provocando reações negativas

em nações menos industrializadas, sendo estas atingidas pelo mau uso dos recursos naturais

por países desenvolvidos. Nesse sentido, a tributação ambiental, pautada pela extrafiscal,

aparece como um instrumento econômico de caráter preventivo, capaz de contribuir

ativamente com a preservação ambiental.

Agindo não mais com finalidade meramente arrecadatória, os tributos extrafiscais, por

intermédio de benefícios e incentivos à preservação do meio ambiente, representam, por meio

de imposição tributária, a busca dos fins sociais.

Com a possibilidade legal da criação de incentivos e benefícios fiscais, aparece o

ICMS Ecológico, como um tributo verde com caráter eminentemente extrafiscal, com o

objetivo de estimular os municípios a preservarem sua biodiversidade, a partir de uma

compensação financeira.

A tributação ecológica do ICMS é uma espécie de Sanção Premial, de baixo custo

operacional, agindo na forma de reeducação institucional.

Na primeira seção, será feita uma análise dos reflexos que o crescimento econômico

causa ao meio ambiente, diferenciando desenvolvimento econômico e crescimento e

apresentando a importância das políticas públicas de estímulos fiscais para a manutenção da

Page 13: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

13

biodiversidade. Ainda nessa seção, referencia-se a necessidade da intervenção estatal,

inibindo ou desestimulando condutas consideradas lesivas ao meio ambiente, a partir de

preceitos previstos na ordem econômica, objetivando o desenvolvimento sustentável.

Superadas as questões econômicas, faz-se necessário apresentar, em uma segunda

seção, conceitos de fiscalidade e extrafiscalidade, demonstrando a eficácia da aplicabilidade

de tributos extrafiscais, por meio de incentivos e benefícios à proteção do ecossistema. Cabe

destacar a necessidade de obediência que esses estímulos tributários deverão ter em relação à

Lei de Responsabilidade Fiscal, sob pena de prática de crime de renúncia de receita.

As questões tributárias, no que tange a conceitos e princípios, farão parte do elo do

tributário ao ambiental, para uma melhor compreensão da tributação, cabendo também, nessa

mesma seção, a menção aos principais princípios que norteiam o direito ambiental e o

tributário, além de considerações sobre as espécies tributárias.

Os principais mecanismos de tutelas ambientais serão tratados por meio de uma

análise de possíveis resultados junto à proteção ambiental, em contraponto aos incentivos e

benefícios econômicos e a sua aplicabilidade na repartição das receitas do ICMS aos

Municípios.

Na última seção, o ICMS Ecológico será demonstrado sob todos os aspectos, desde a

previsão Constitucional para instituí-lo e a possibilidade de vinculação dos recursos, para

possíveis reparos junto ao ecossistema, até às legislações estaduais que possibilitam o repasse

de parte da arrecadação do ICMS às municipalidades. Essa seção trata dos resultados

alcançados por diversos Estados da Federação, após a implantação do ICMS Ecológico, além

da forma em que se dá o percentual do repasse aos municípios, ressaltando os pontos fortes da

legislação de cada Estado e a necessidade de alguns deles aprimorarem o texto já existente.

Inclui-se, nesse contexto, a possibilidade de se repassar parte dos valores arrecadados com

este tributo ecológico aos proprietários de Unidades de Conservação do tipo RPPN (Reserva

de Patrimônio Particular Natural).

Apresenta-se, também, a avaliação de doutrinadores e representantes de diversos

órgãos ambientais dos Estados da real contribuição que o ICMS Ecológico propicia à proteção

ambiental, nos diferentes tipos de Unidades de Conservação. Como contraponto, faz-se uma

análise da eficácia do ICMS Ecológico diante dos problemas ambientais atualmente vividos

nas cidades, quanto ao lixo residencial e industrial e seu correto manejo.

Os Estados da Federação instituíram legislações próprias, de acordo com a

necessidade de incentivo, conforme a biodiversidade local.

Page 14: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

14

No final desta pesquisa, consta um anexo com algumas das legislações estaduais

vigentes que obtiveram resultados positivos quanto ao aumento de áreas preservadas em seu

território, após a criação da Legislação do ICMS Ecológico.

Page 15: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

15

1 DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E O MEIO AMBIENTE

1.1 DESENVOLVIMENTO SOCIAL E CRESCIMENTO ECONÔMICO

O crescimento econômico, ao longo dos anos, era visto como independente e que, a

qualquer custo, estava embasado no conceito de satisfação pessoal, levando em conta somente

o caráter financeiro, desprezando o aspecto qualitativo.

O desenvolvimento econômico possui um conceito bem mais amplo do que o simples

crescimento econômico, tendo como premissa o aspecto qualitativo e desprezando o

desenvolvimento pautado pelo crescimento quantitativo.

Para melhor assinalar, Josué de Castro1 retrata: “[...] o conceito de desenvolvimento

não é meramente quantitativo, mas compreende os aspectos qualitativos dos grupos humanos

a que concerne”.

O crescimento econômico não valoriza a solução de problemas sociais e nem contribui

na correção das desigualdades regionais e na melhoria da distribuição de renda.

Diante do crescimento, as questões ambientais também ficaram em segundo plano, e,

nesse sentido, Adriana Migliorini Kieckhofer2 relata:

Durante décadas o segmento econômico foi privilegiado em detrimento do social e do ambiental, pois se acreditava que somente com um setor produtivo forte e atuante poderiam ser resolvidos os problemas sociais, uma vez que a remuneração, advinda do emprego de mão-de-obra, proporcionaria a satisfação das necessidades da população. Isto, de certa forma, não estava errado. Entretanto foram esquecidos neste sistema os valores de repartição e distribuição dos rendimentos advindos da produção. Isso fez com que as diferentes classes se tornassem ainda mais distantes dando origem a graves problemas sociais como a miséria e suas enormes conseqüências. Foram esquecidos também os valores ambientais, pois se acreditava que na natureza tudo era infinito, ou seja, que ela estava à disposição do homem para servi-lo infinitamente. (destacou-se)

Ao contrário do crescimento econômico, o desenvolvimento é mais abrangente e se

preocupa com as consequências que as questões econômicas podem trazer a toda sociedade,

ao longo do tempo.

1 CASTRO, Josué de. Desenvolvimento e subdesenvolvimento apud KIECKHOFER, Adriana Migliorini.

Empreendimentos Econômicos e Desenvolvimento Sustentável. Marília: Arte e Ciência, 2008, p.22. 2 KIECKHOFER, Adriana Migliorini. Empreendimentos Econômicos e Desenvolvimento Sustentável. Marília: Arte e Ciência, 2008, p.31, 32.

Page 16: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

16

O desenvolvimento sustentável deve ser o objetivo a ser alcançado, moldando

questões meramente econômicas para que não cause danos a toda a sociedade. Desta forma,

Maria de Fátima Ribeiro e Jussara Suzi Assis Borges Nasser Ferreira3 esclarecem:

O desenvolvimento sustentável exige três situações: crescimento econômico, qualidade de vida e justiça social. [...] O crescimento econômico tem que continuar a acontecer. Porém, deve-se procurar alternativas e formas de crescimento econômico que não sejam degradadoras do meio ambiente, que não sejam impactantes, e, se o forem, devem ser procuradas fórmulas a fim de neutralizar os efeitos nocivos para que o crescimento econômico continue, proporcionando as duas outras situações acima mencionadas: Qualidade de vida e Justiça social.

O crescimento econômico se faz necessário. Contudo, a responsabilidade social desse

crescimento deve ser observada com o intuito de reprimir as influências negativas que possa

causar.

O crescimento econômico traz consigo riscos iminentes de danos ambientais,

comportando uma maior necessidade de proteção ambiental. Diante da necessidade legal de

proteção ambiental, ocorreu um aumento dos gastos em investimento de novas tecnologias

para que o ecossistema não seja prejudicado, mesmo que de forma parcial.

Com o aumento do crescimento econômico, cresce também a necessidade de se

estabelecer limites e cuidados necessários para com os recursos naturais. Adriana Migliorini

Kieckhofer4, nesse sentido, apresenta:

A primeira Conferência Mundial do Meio Ambiente, realizada em Estocolmo, colocou a questão ambiental nas agendas internacionais. Pela primeira vez, representantes de governo se uniram para discutir a necessidade de medidas efetiva de controle dos fatores que causam a degradação ambiental, rompendo a idéia de ausência de limites para a exploração dos recursos naturais, e se preocupando com questões como o crescimento populacional, o processo de urbanização e a tecnologia envolvida na industrialização.

Nos últimos anos, ocorreu um avanço significativo nos investimentos para a proteção

do meio ambiente, interferindo diretamente no custo da produção, que q rigor na

3 RIBEIRO, Maria de Fátima; FERREIRA, Jussara Suzi Assis Borges Nasser. O Papel do Estado no Desenvolvimento Econômico Sustentável: Reflexões sobre a Tributação Ambiental como Instrumento de Políticas Públicas. IDTL, 16 setembro de 2.005. Disponível em: <http://idtr.com.br/artigos/133/pdf>. Acesso em: 28 jan. 2011. 4 KIECKHOFER, Adriana Migliorini. Empreendimentos Econômicos e Desenvolvimento Sustentável. Marília: Arte e Ciência, 2008, p.26.

Page 17: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

17

regularização do uso dos recursos naturais requer investimentos de maiores valores. Contudo,

as políticas públicas se restringem às sanções penais e administrativas, deixando a desejar no

que concerne a incentivos e benefícios ou até mesmo a medidas compensatórias que

estimulem a preservação ambiental, sem causar prejuízos ao crescimento econômico.

Entretanto, a doutrina tem apontado de forma expressiva para a necessidade de se

incentivar os estímulos tributários e uma melhor aplicação dos recursos advindos dessas

arrecadações. Acerca desse tema, Maria de Fátima Ribeiro, Daniela Braga Paiano e Sérgio

Cardoso5 ratificam:

No Brasil pode ser observado que as políticas públicas no sentido de incentivo à proteção ambiental precisam ser intensificadas, mesmo considerando o meio ambiente positivamente inserido na ordem social. Qualquer política ambiental deve estar integrada com o planejamento urbanístico, com a saúde pública, com o desenvolvimento entre outros aspectos. Assim, é necessário que o governo, em todos os seus segmentos, disponha de política econômica, financeira e tributária que faça com que haja efetivamente este desenvolvimento sustentado, destacando no artigo 225 da Constituição Federal. Embora a Constituição brasileira determine que o Estado e a sociedade sejam responsável pela preservação ambiental, poucos são os mecanismos para que essa preservação se efetive.

Para o cumprimento das disposições legais e administrativas, aparecem no mercado

empresas capazes de auxiliar o crescimento econômico, objetivando um mínimo de equilíbrio

ambiental. Essas indústrias, especializadas em limpeza ambiental, têm como objetivo a

produção de aparelhos capazes de sanar os estragos decorrentes da má gestão do lixo

industrial.

A propósito das atividades desenvolvidas por tais empresas, vale ressaltar a visão de

Cristiane Derani6 :

Tais indústrias incorporam o produto interno e fazem-no crescer, embora não haja aumento de qualquer produção para consumo social. O que ocorre é uma “meta-industrialização”. É toda mobilização de recursos e energia para produção de corretores de uma produção existente.

5 RIBEIRO, Maria de Fátima; PAIANO, Daniela Braga; CARDOSO, Sérgio. Tributação Ambiental no Desenvolvimento Econômico: Considerações sobre a Função Social do Tributo. IDTL, 16 setembro de 2005. Disponível em: <http://idtr.com.br/artigos/133/pdf>. Acesso em: 28 jan. 2011. 6 DERANI, Cristiane. Direito Ambiental Econômico. São Paulo: Max Limonad, 1997, p. 105.

Page 18: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

18

O produto interno produzido e oferecido por essas indústrias, não aumenta a produção

de lixos ou resíduos, mas cria uma sustentabilidade ambiental juntamente com o

desenvolvimento econômico, como uma correção da produção já existente.

Nem todos podem consumir os bens que são produzidos pelas indústrias, existindo

diferenças entre as possibilidades de crescimento, o que leva a entender que existem dois tipos

de bem-estar: o bem-estar oligárquico e o bem-estar democrático.

Analisando o fator natureza de produção, algumas formas de bem-estar não podem ser

generalizadas, enquanto a economia não conseguir solucionar os problemas derivados do

consumo de matéria prima e da energia.

O processo de industrialização traz consigo o chamado bem-estar industrial para

aqueles que fazem parte das sociedades industrializadas.

Nesse sentido Cristiane Derani7 preleciona que:

[...] podem as sociedades industrializadas gozar da comodidade do bem-estar industrial, tão somente enquanto o mundo ainda não totalmente industrializado permanecer desindustrializado. Fosse o mundo ilimitado, fossem as possibilidades do planeta de absorver materiais danosos infinitas, não haveria tal problema.

O desenvolvimento econômico traz, para uns, a comodidade desse desenvolvimento,

mas ainda existe uma grande parte que não se utiliza desse beneficio, ficando parada no

tempo, limitada por si só.

Na economia clássica, o bem-estar está totalmente ligado à satisfação individual, que

depende principalmente do crescimento do consumo.

Para se manter o poder de compra e não interferir em despesas de trabalho, é reduzido

o custo de produção por meio do barateamento de recursos naturais, buscando-se, mesmo

assim, um avanço tecnológico.

A necessidade social faz com que sejam moldadas as atividades coletivas, as relações

individuais e sociais. A necessidade natural também molda a sociedade, mesmo sendo uma

necessidade que surge naturalmente, sem que sociedade a “fabrique”.

Diante das necessidades individuais, bem-estar e crescimento econômico, Cristiane

Derani8 traduz:

7 DERANI, Cristiane. Direito Ambiental Econômico. São Paulo: Max Limonad, 1997, p. 133-134. 8 Op. Cit. p. 136.

Page 19: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

19

Portanto, atrelar-se a noção de bem-estar ao apaziguamento das necessidades individuais no modo de produção capitalista é procurar preencher o que não deve ser preenchido, uma vez que a produção material precisa deste motor da vontade para sua necessária expansão.

O mercado é sustentado pelo consumo, com finalidade exclusiva de suprir as

necessidades individuais.

O bem-estar social, a partir da pacificação das necessidades individuais, dentro do

modo capitalista, é fator que influencia diretamente o crescimento econômico.

O desenvolvimento sustentável visa a desenvolver uma estrutura econômica e social

que torne capaz a realização de um equilíbrio entre distribuição de produção social e dos

sistemas naturais, satisfazendo somente as necessidades de consumo considerados como

primordiais para a sobrevivência humana.

A necessidade de crescimento econômico ultrapassa os limites territoriais. A busca de

novos mercados coloca em risco o desenvolvimento social e o equilíbrio ambiental.

O crescimento além das fronteiras é conhecido como o fenômeno da globalização, que

é um processo de integração social, econômica, política e cultural que permite aos países

centrais a conquista de maiores mercados, pois os mercados internos já estão saturados. A

globalização traz consigo uma expansão capitalista, que é realizada por meio de transações

financeiras. Devido a essa expansão capitalista, a globalização afeta principalmente o

comércio internacional, a comunicação e a liberdade de movimentação.

O comércio internacional trouxe a divisão mundial de produção, facilitando aos

interessados uma maior mobilidade e facilidade para adquirir produtos e serviços. Mas essa

divisão mundial promoveu um aumento desigual de distribuição de riquezas, ou seja, para

alguns países a riqueza aumenta de forma grandiosa, enquanto diminui drasticamente em

outros. Isto não pode ser considerado como referência, pois existem países ricos com alto

nível de vida, mas parte da população vive em extrema miséria, com poucas condições dignas

de sobrevivência.

Assim, o bem-estar não se torna um privilégio de um determinado país, mas de uma

determinada faixa de população.

Os países que possuem balança comercial favorável, poderão se relacionar

internacionalmente e obter grande sucesso, enquanto que, para os países que possuem uma

balança comercial desfavorável, serão necessários ajustes em sua estrutura social na relação

Page 20: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

20

internacional. Nesse sentido, Cristiane Derani9 relata: “[...] não é possível modificar-se a

estrutura de produção interna sem se reformar toda relação econômica externa”.

Diante da má divisão de renda e da má gestão dos recursos naturais, é possível a um

país como o Brasil, que possui o oitavo lugar na economia mundial e com grande potencial

industrial, abrigar em seu território uma população com alto nível de miséria e pobreza.

Para que haja um desenvolvimento sustentável, deve ser observada, em nível regional

ou nacional, a diminuição de recursos naturais diante da capacidade de produção local. Isso

tudo afeta a conservação da natureza, ligada diretamente ao desenvolvimento do mercado

internacional. Se há desenvolvimento desordenado, há também destruição ambiental.

A destruição ambiental pertence a um processo global, por via da produção. Isso

significa que nem todos os efeitos e causas da destruição estejam ligados a um único território

nacional.

As nações que possuem crescimento favorável dentro do mercado internacional

precisam ter a sua disposição recursos naturais baratos e em grandes proporções, sob pena de

terem que consumir de nações que são menos industrializadas.

A transferência de matéria prima e de alimentos pela América Latina e África aos

países considerados ricos, torna cada vez mais claras a desigualdade e a dependência

financeira, ocorrendo situações em que as transações feitas por esses países praticamente não

cobrem os custos de produção.

A globalização é responsável pelo aumento de desigualdades de renda e,

consequentemente, pelo aumento de índices de concentração de riquezas, sendo muitas vezes

considerada como a causadora de crises financeiras internacionais, levando ao desemprego e à

miséria aqueles que vivem em países menos desenvolvidos.

Nas ultimas décadas, houve uma tendência ao crescimento dessas desigualdades

dentro do plano global. O resultado da globalização criou um abismo social, em que fome e

miséria são vistas continuamente.

Os países explorados economicamente sentem os efeitos da destruição do ecossistema,

estimulando o aumento de catástrofes naturais e climáticas, que, querendo ou não, acabam por

atingir a toda a humanidade.

Os Estados Unidos, como país desenvolvido e beneficiado por transações econômicas

internacionais, não são responsabilizados pela emissão de gases que proliferam em todo

9 DERANI, Cristiane. Direito Ambiental Econômico. São Paulo: Max Limonad, 1997, p. 121.

Page 21: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

21

globo, fazendo-se omisso quanto à necessidade de diminuir a emissão de moléculas de

carbono.

Joseph E. Stiglitz10 traduz a falta de cuidados das grandes potências econômicas nos

seguintes termos:

Não surpreende que os Estados Unidos, o pior poluidor do mundo, que acrescentam quase 6 bilhões de toneladas de dióxido de carbono por ano à atmosfera, finjam que não acreditam nas provas de que é preciso diminuir sua emissão de gases de efeito estufa. Se esses gases ficassem apenas sobre os Estados Unidos, o país poderia levar adiante seu próprio experimento; infelizmente, as moléculas de dióxido de carbono não respeitam fronteiras. E, embora as emissões americanas afetem a atmosfera global, os Estados Unidos (ou China, ou qualquer outro pais) não tem de pagar pelos efeitos fora de suas fronteiras. Em conseqüência, têm incentivos insuficientes para reduzir suas emissões [...].

O desenvolvimento econômico internacional a qualquer custo coloca em risco a

qualidade de vida e o bem-estar de todo o planeta, devendo-se destacar que não haverá

crescimento econômico no futuro, tanto em países ricos como nos pobres, se não se

intensificarem os cuidados com as riquezas naturais.

Para Joseph E. Stiglitz11:

Fazer a globalização econômica funcionar terá pouca utilidade se não resolvermos nossos problemas ambientais globais. Nossa atmosfera e nossos oceanos são recursos globais; a globalização e o assim chamado progresso econômico aumentaram nossa capacidade de explorar esses recursos de um modo mais impiedoso e num ritmo mais rápido do que o crescimento de nossa capacidade de geri-las.

Neste momento, deve-se ressaltar a necessidade da criação de mecanismos que

contenham o uso indiscriminado dos recursos naturais ante o crescimento descontrolado da

economia globalizada.

Diante do crescimento econômico e da globalização, é inevitável que os recursos

naturais sejam comprometidos. Desta forma, Fernando Alcoforado12 expressa a importância

do desenvolvimento sustentável até o ano de 2030:

10 STIGLITZ, Joseph E. Globalização: como dar certo. São Paulo: Companhia das Letras, 2007, p.274. Traduzido por: Pedro Maia Soarez. 11 Op. Cit. p.275. 12 ALCOFORADO, Fernando. Globalização. São Paulo: Nobel, 1997, p.80.

Page 22: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

22

Com o atual modelo de desenvolvimento da sociedade, não há como evitar a degradação do meio ambiente do planeta. De acordo com a Wordwtch Institute para se promover o desenvolvimento sustentável em todo o planeta, é preciso faze-lo até o ano 2.030. Se não alcança-lo dentro deste prazo, é provável que a deterioração do meio ambiente e o declínio econômico alimentam-se reciprocamente, arrastando-nos em uma especial descendente de desintegração social, que tende a assumir proporções catastróficas não apenas pelo declínio econômico decorrentes das restrições ambientais, mas também pela exclusão social resultante do processo em curso de inovação tecnológica e gerencial em todo o sistema capitalista mundial no contexto da globalização.

Os países mais ricos, que muitas vezes não estão comprometidos com a gestão

ambiental em suas produções, afetam todo planeta, pois os problemas causados ao meio

ambiente ultrapassam suas fronteiras. Sobre esse aspecto, Antonio Carlos Brasil Pinto13

apresenta a necessidade de conscientização das nações na tentativa de inibir as consequências

negativas causadas pela globalização:

A temática ambiental afigura-se como emblemática no estudo do processo de globalização, sobretudo em relação às recentes possibilidades de inter-relação entre os dois fenômenos. O ponto de partida para esta abordagem pode ser traduzido na evidência da conscientização de que os problemas ambientais não respeitam fronteiras políticas e, com bastante freqüência, apresentam conseqüências também globais [...].

O controle da poluição terá que ultrapassar as fronteiras, pois as normas internas de

cada país são insuficientes diante da globalização da economia.

Os tratados internacionais são mecanismos hábeis para solucionar questões além das

fronteiras e deverão ser instituídos na busca do desenvolvimento sustentável. Nesse sentido,

Cristiane Derani14 apresenta a importância de se criar um desenvolvimento pautado pela

sustentabilidade:

[...] Por isto, paralelamente ao desenvolvimento normativo interno, julgo de extrema importância o trabalho coordenado com tratados e normas internacionais. E não me refiro somente àqueles propriamente destinados à conservação de determinados recursos, mas, sobretudo àqueles referentes à importação, exportação, exploração de recursos naturais, bem como os relativos à transferência de tecnologia e produtos.

13 PINTO, Antonio Carlos Brasil. A Globalização, o Meio Ambiente e os movimentos ecológicos. In LEITE, José Rubens Morato; FILHO, Ney de Barros Bello (Org). Direito Ambiental Contemporâneo. Barueri: Manole, 2004. 14 DERANI, Cristiane. Direito Ambiental Econômico. São Paulo: Max Limonad, 1997, p. 126.

Page 23: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

23

O desenvolvimento normativo interno deve beneficiar a todos os países sem distinção,

pois se o desenvolvimento econômico é necessário, o equilíbrio natural é ainda mais

importante e deve ultrapassar os limites territoriais.

Diante do desenvolvimento econômico, os países deverão adotar mecanismos internos

de controle da exploração dos recursos naturais face ao crescimento da economia, oferecendo

estímulos e políticas públicas que favoreçam significativamente aquelas pessoas físicas ou

jurídicas que contribuírem para a proteção ambiental.

A União Europeia há anos vem lutando para a conservação do meio ambiente,

incentivando o uso responsável de recursos naturais e buscando alternativas empresariais sem

desestimular o crescimento econômico.

A saúde ambiental e o desenvolvimento com sustentabilidade fizeram com que a

União Europeia criasse medidas educativas para que o próprio consumidor participe

efetivamente da exclusão do consumo daqueles produtos que se utilizam de forma

irresponsável dos recursos naturais15.

O Tratado de Assunção constituído pela República Argentina, República Federativa

do Brasil, República do Paraguai e República Oriental do Uruguai, denominados "Estados

Partes", conhecido como MERCOSUL, desde o início de sua instituição demonstrou, como

um dos seus objetivos, o desenvolvimento econômico por meio da integração dos países

participantes, e, no preâmbulo do tratado, destacou que a preservação ambiental seria uma de

suas preocupações.

O decreto nº. 351, de 21 de novembro de 1991, promulga o Tratado de Assunção e,

em sua introdução enfatiza que os objetivos do MERCOSUL deverão ser construídos em

obediência aos seguintes aspectos:

TRATADO PARA A CONSTITUIÇÃO DE UM MERCADO COMUM ENTRE A REPÚBLICA ARGENTINA, A REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL, A REPÚBLICA DO PARAGUAI E A REPÚBLICA ORIENTAL DO URUGUAI

(Tratado de Assunção) A República Argentina, a República Federativa do Brasil, a República do Paraguai e a República Oriental do Uruguai, doravante denominados "Estados Partes"; Considerando que a ampliação das atuais dimensões de seus mercados nacionais, através da integração, constitui condição fundamental para acelerar seus processos de desenvolvimento econômico com justiça social; Entendendo que esse objetivo deve ser alcançado mediante o aproveitamento mais eficaz dos recursos disponíveis, a preservação do meio ambiente, o melhoramento das interconexões físicas, a coordenação de

15Disponível em: <http://europa.eu/pol/env/index_pt.htm>. Acesso em: 28/03/2011.

Page 24: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

24

políticas macroeconômicas e a complementação dos diferentes setores da economia, com base nos princípios de gradualidade, flexibilidade e equilíbrio;(destacou-se).16

A tendência proposta no tratado do MERCOSUL tem sua previsão pautada em

desenvolvimento econômico com sustentabilidade.

A REMA (Reuniões Especializadas em Meio Ambiente) teve um papel importante no

estudo ambiental, diante da abertura de mercado proposta pelo Tratado, recomendando a seus

participantes a proteção associada ao crescimento econômico, e, nesse sentido, foi criada a

Resolução nº. 10/9417, disciplinando diretrizes de política ambiental.

Após a criação da Resolução nº. 10/94, surge, a partir da Declaração de Taranco, o

subgrupo nº. 6, com o objetivo de direcionar a solução das questões ambientais.

A grande dificuldade de uniformizar os principais temas ambientais está na

diversidade apresentada nas legislações de cada membro do MERCOSUL, tendo como foco

16 BRASIL. Decreto nº. 351 de 21 de novembro de 1991. Disponível em: <www.planalto.gov.br>. Acesso em: 28 mar. 2011. 17 O GRUPO MERCADO COMUN RESOLVE: Art. 1 - Aprovar o Documento "Diretrizes Básicas em Matéria de Política Ambiental" que figura como Anexo à presente Resolução. ANEXO 1 - Assegurar a harmonização da legislação ambiental entre os Estados Partes do Tratado de Assunção, entendendo - se que harmonizar não implica o estabelecimento de uma legislação única. Para fins de análise comparativa de legislações serão consideradas tanto as normas vigentes como sua real aplicação. Em caso de lacunas nas legislações ambientais, será promovida a adoção de normas que considerem adequadamente os aspectos ambientais implicados e assegurem condições equânimes de competitividade no MERCOSUL. 2 - Assegurar condições equânimes de competitividade entre os Estados Partes pela inclusão do custo ambiental na análise da estrutura de custo total qualquer processo produtivo. 3 - Garantir a adoção de práticas não degradantes do meio ambiente nos processos que utilizam os recursos naturais. 4 - Assegurar a adoção do manejo sustentável no aproveitamento dos recursos naturais renováveis a fim de garantir sua utilização futura. 5 - Assegurar a obrigatoriedade de adoção de prática de licenciamento/habilitação ambiental para todas as atividades potencialmente degradante ao meio ambiente nos Estados Partes, tendo como um dos instrumentos a avaliação de impacto ambiental. 6 – Assegurar a minimização e/ou eliminação do lançamento de poluentes a partir do desenvolvimento e adoção de tecnologias apropriadas, tecnologias limpas e de reciclagem, e do tratamento adequado dos resíduos sólidos, líquido e gasosos. 7 - Assegurar o menor grau de deterioração ambiental nos processos produtivos e nos produtos de intercâmbio, tendo em vista a integração regional no âmbito do MERCOSUL. 8 - Assegurar a concertação das ações objetivando a harmonização de procedimentos legais e/ou institucionais para o licenciamento/habilitação ambiental, e a realização dos respectivos monitoramentos das atividades que possam gerar impactos ambientais em ecossistemas compartilhados. 9 - Estimular a coordenação de critérios ambientais comuns para a negociação implementação de atos internacionais de incidência prioritária no processo integração. 10 - Promover o fortalecimento das instituições para a gestão ambientalmente sustentável mediante o aumento da informação substantiva para a tomada decisões; o melhoramento da capacidade da avaliação; e o aperfeiçoamento das instituições de ensino, capacitação e pesquisa. 11 - Garantir que as atividades relacionadas ao desenvolvimento do turismo entre os Estados Partes considerem os princípios e normas que assegure equilíbrio ambiental.

Page 25: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

25

principal não a imposição de uma regra absoluta, mas sim de se harmonizar as peculiaridades

legais de cada país.

No ano de 2001, em Assunção, foi instituído o acordo para harmonizar as políticas

ambientais conhecido como Acordo Quadro sobre Meio Ambiente18, estabelecido diante dos

preceitos da Agenda 21 e da Declaração do Rio, no qual os países membros do MERCOSUL

deverão ser orientados a partir dos preceitos nele estabelecido.

Como já visto, os danos causados ao ecossistema diante do crescimento econômico

globalizado, não respeitam fronteiras, estendendo-se ilimitadamente por todo o globo.

A Declaração de Canela, que teve a assinatura do Brasil, Paraguai, Uruguai e

Argentina, além do Chile, teve grande influência na tentativa de conter os danos aos recursos

ambientais, impondo que deverão ser incluídos os custos ambientais nas etapas de produção,

inibindo assim a transferências dessas externalidades negativas para as gerações futuras.

Para que se tenha crescimento econômico com sustentabilidade, as relações

comerciais e questões ambientais deverão caminhar juntas, e, nesse sentido, o Tratado de

Assunção, em seu texto, prioriza a preservação ambiental. Entretanto, os temas pertinentes à

preservação ambiental, em muitos momentos, são deixados em segundo plano, priorizando as

discussões de assuntos relacionados diretamente ao crescimento econômico. A inexistência de

18 ACORDO-QUADRO SOBRE MEIO AMBIENTE DO MERCOSUL DECISÃO CMC/DEC/02, de 22 de junho de 2001, firmada em Assunção, Paraguai [...] Art. 3º Em suas ações para alcançar o objetivo deste Acordo e implementar suas disposições, os Estados Partes deverão orientar-se, inter alia, pelo seguinte: a) promoção da proteção do meio ambiente e aproveitamento mais eficaz dos recursos disponíveis mediante a coordenação de políticas setoriais, com base nos princípios de gradualidade, flexibilidade e equilíbrio; b) incorporação da componente ambiental nas políticas setoriais e inclusão das considerações ambientais na tomada de decisões que se adotem no âmbito do MERCOSUL para fortalecimento da integração; c) promoção do desenvolvimento sustentável por meio do apoio recíproco entre os setores ambientais e econômicos, evitando a adoção de medidas que restrinjam ou distorçam de maneira arbitrária ou injustificável a livre circulação de bens e serviços no âmbito do MERCOSUL; d) tratamento prioritário e integral às causas e fontes dos problemas ambientais; e) promoção da efetiva participação da sociedade civil no tratamento das questões ambientais; e f) fomento à internalização dos custos ambientais por meio do uso de instrumentos econômicos e regulatórios de gestão. CAPÍTULO II Objetivo Art. 4º O presente Acordo tem como objetivo o desenvolvimento sustentável e a proteção do meio ambiente mediante a articulação entre as dimensões econômica, social e ambiental, contribuindo para uma melhor qualidade do meio ambiente e de vida das populações. CAPÍTULO III Cooperação em Matéria Ambiental Art. 5o Os Estados Partes cooperarão no cumprimento dos Acordos Internacionais que contemplem matéria ambiental dos quais sejam parte. Esta cooperação poderá incluir, quando se julgar conveniente, a adoção de políticas comuns para a proteção do meio ambiente, a conservação dos recursos naturais, a promoção do desenvolvimento sustentável, a apresentação de comunicações conjuntas sobre temas de interesse comum e o intercâmbio de informações sobre posições nacionais em foros ambientais internacionais. [...].

Page 26: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

26

uma agenda que dê primazia à solução dos problemas ambientais, coloca em risco o futuro do

desenvolvimento equilibrado em todo o globo.

1.2 ORDEM ECONÔMICA E PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE

O texto Constitucional aborda a ordem econômica com duas especificações, podendo

ser utilizado quando se referir ao “mundo do dever ser”, ou seja, ao conjunto de prescrições

normativas por meio dos quais serão moldadas as relações econômicas e, também, à ordem

econômica que é usada para determinar o conjunto das práticas, ou seja, o “mundo do ser”.

Diante dessas duas abordagens, tem-se que ambas estão praticamente interligadas,

relacionando fático e normativo. Isso acontece devido a uma simbiose entre os elementos do

mundo do dever ser e do mundo do ser, não existindo, nesse caso, mundos distintos.

A partir de tais afirmações, Cristiane Derani19 nos apresenta: “A ordem econômica

(mundo do ser) compõe as prescrições relativas ao dever ser da ordem econômica, que por sua

vez atuam imediatamente produzindo modificações no mundo dos fatos, pois as prescrições se

substantivam”.

Desenvolvimento econômico e equilíbrio estão constitucionalmente prescritos no

artigo 170 e têm como objetivo o aumento da produção e, consequentemente, do nível de

emprego, estando sempre, no entanto em obediência aos princípios da atividade econômica

conforme os ditames da justiça social, de forma racional e equilibrada.

O artigo 174 da Constituição Federal estabelece que o próprio Estado tem autonomia

para fiscalizar, incentivar, regular, planejar, tornando-se um agente normativo, desde que siga

os princípios nela contidos, limitando-se sobre ações administrativas, conforme dispõe:

Art. 174. Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado exercerá, na forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este determinante para o setor público e indicativo para o setor privado. § 1º - A lei estabelecerá as diretrizes e bases do planejamento do desenvolvimento nacional equilibrado, o qual incorporará e compatibilizará os planos nacionais e regionais de desenvolvimento.[...].20

Cabe ao Estado e a toda a coletividade a manutenção do meio ambiente saudável e

equilibrado, tanto por via do poder de polícia do Estado, quanto por meio de incentivos,

benefícios e políticas públicas. 19 DERANI, Cristiane. Direito Ambiental Econômico. São Paulo: Max Limonad, 1997, p. 235. 20 BRASIL. Constituição (1988). Disponível em: <www.planalto.gov.br>. Acesso em: 01 fev. 2011.

Page 27: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

27

A intervenção do Estado na economia contribui de forma significativa para a

preservação do ecossistema, podendo tanto inibir algumas condutas lesivas como até mesmo

desestimula-las com a cobrança de tributos.

No que tange a desenvolvimento e a equilíbrio, nos dias de hoje, para se falar em

desenvolvimento econômico segundo as normas Constitucionais, dever-se-á, necessariamente,

associá-lo ao eficiente uso dos recursos naturais, visando à proteção ambiental e à

consequente sustentabilidade.

O texto constitucional demonstrou extrema preocupação com o ambiente natural,

tratando este como direito fundamental e criando um capítulo que estabelece todos os

cuidados necessários e a responsabilidade sobre os danos a ele causados.

O artigo 225 da Constituição Federal trata do direito ao meio ambiente equilibrado,

não impedindo o desenvolvimento econômico, mas demonstrando a necessidade de sua

proteção.

Diante do exposto, faz-se necessário ressaltar:

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. [...] § 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.21

A preocupação com o desenvolvimento econômico racional não está esquecida e está

contemplada no Título VII da CF/88 que trata da Ordem Econômica e Financeira, ressaltando

a defesa do Meio Ambiente como um dos Princípios Gerais da Atividade Econômica.

O artigo 170, VI assegura ser viável e importante o desenvolvimento, desde que

observe o cumprimento do princípio que visa à defesa do meio ambiente, evitando o máximo

possível de impactos negativos:

Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: [...]

21 BRASIL. Constituição (1988). Disponível em: <www.planalto.gov.br>. Acesso em: 01 fev. 2011.

Page 28: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

28

VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação.22

A sustentabilidade traz consigo a qualidade de vida, a satisfação de liberdade, de

poder usufruir de bens, como paisagens, áreas verdes, lugares de recreação, entre outros.

A proteção ao ecossistema e a biodiversidade abrange todas as medidas necessárias

para a melhoria e sua manutenção, que possam evitar ou pelo menos diminuir os danos

causados, incentivando a correta utilização dos recursos naturais.

1.3 POLÍTICAS AMBIENTAIS E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

A política nacional de defesa ambiental e a criação de competências legislativas

tiveram seu aprimoramento com o advento da Constituição, que recepcionou o texto da lei

6.938/81.

Tanto a previsão infraconstitucional quanto a Constitucional vieram para disciplinar as

matérias pertinentes à proteção ambiental, ante a necessidade de um ecossistema equilibrado e

um adequado caminho.

As políticas ambientais juntamente com as políticas econômicas, como pressuposto de

um desenvolvimento sustentável, têm a função de diminuir a tensão potencial que está ligada

ao desenvolvimento econômico e também à sustentabilidade ecológica.

Para Maria de Fátima Ribeiro, Sérgio Cardoso e Daniela Braga Paiano23, o referido

tema deve assim se apresentar:

O desenvolvimento econômico equilibrado implica em dispor de uma política ambiental onde de ser determinado pelo país, que organiza e efetiva, diversas ações que visam à preservação e melhoramento da natureza e consequentemente da vida humana. Dentre as Diretrizes da Política Nacional de Meio Ambiente está a compatibilizarão da proteção ambiental com o objetivo de desenvolvimento sócio-econômico. Em um primeiro momento, pode ocorrer colisão entre as políticas de proteção ambiental com as políticas de desenvolvimento econômico [...].

22 BRASIL. Constituição (1988). Disponível em: <www.planalto.gov.br>. Acesso em: 01 fev. 2011. 23 RIBEIRO, Maria de Fátima; PAIANO, Braga Daniela; CARDOSO, Sérgio. Tributação Ambiental no Desenvolvimento Econômico: Considerações sobre a Função Social do Tributo. IDTL, 16 setembro de 2005. Disponível em: < http://idtr.com.br/artigos/133/pdf>. Acesso em: 28 jan. 2011.

Page 29: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

29

O desenvolvimento sustentável delimita-se a partir do compromisso com as futuras

gerações, assegurando-lhes o desfrutar de uma vida com qualidade.

A busca de um ponto de equilíbrio entre o desenvolvimento social, a utilização de

recursos naturais e o crescimento econômico exige um planejamento territorial que não

ultrapasse os limites da sustentabilidade, tanto nas áreas rurais quanto nas urbanas.

O desenvolvimento econômico e a preservação ambiental devem caminhar juntos,

sem que um acarrete a anulação do outro.

Para Cristiane Derani24: “[...] além da sua função na manutenção dos processos dos

ecossistemas, os bens ecológicos (ou recursos naturais) possuem um valor sócio-econômico,

que nem sempre é fácil de visualizar”.

O valor dos recursos naturais dependerá sempre de sua utilização, que, para Franco

Archibugi25, pode ser classificado da seguinte forma:

a) valor de uso; b) valor do afastamento de risco; c) valor de quase opção; d) valor moral ou existencial; e) valor de uso virtual; f) valor de herança.

O recurso natural que recebe um determinado valor, torna-se um bem ambiental.

Assim, o desenvolvimento sustentável caminha junto com a realidade, passando a ser tratada

como problema de escolha, de opção política.

Uma indústria, mesmo afirmando certo consumo, irá sempre necessitar de mais

recursos naturais.

Praticamente todos os processos econômicos são considerados irreversíveis, pois

transformam matéria e energia. Devido a isso as condições para o desenvolvimento, como

também os limites dos processos, não podem possuir dados fixos ou seja, a atividade

econômica é instável, pode haver crescimento negativo ou positivo. Essas atividades

modificam totalmente o meio ambiente e isso significa uma restrição externa, pois um recurso

que, por sua vez, foi consumido, não poderá ser reutilizado.

Para Elmar Altevater26: “Industrialização é um luxo exclusivo para parte da população

mundial, e não para a grande maioria que somará, no início do próximo milênio, algo como

6,25 bilhões de pessoas”. 24 DERANI, Cristiane. Direito Ambiental Econômico. São Paulo: Max Limonad, 1997, p. 136. 25 ARCHIBUGI, Franco [Et al.], 1989, p. 5-6 apud DERANI, Cristiane. Direito Ambiental Econômico. São Paulo: Max Limonad, 1997, p. 137.

Page 30: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

30

O desenvolvimento sustentável deve ser orientado por uma política ambiental e

também uma política econômica.

Um grande desafio das atividades econômicas está ligado diretamente a manter a

reprodução derivada dos sistemas ecológicos e a produção econômica. Essas atividades

acabam por liberar substâncias químicas que formam materiais de moléculas estranhas no

meio natural.

O ecossistema, hoje, vem armazenando milhares de produtos químicos altamente

tóxicos e concentra grandes toneladas de metais pesados. Esses fatores não podem ser

esquecidos dentro do desenvolvimento sustentável.

Cristiane Derani27 discorre sobre a realidade do sistema econômico:

A realidade do sistema econômico é um sistema aberto que precisa extrair, processar e descartar grande quantidade de matéria. O modelo de analise econômica dentro da corrente neoclássica consiste basicamente na redução das atividades produtivas a função de custo - beneficio, nem pré-existente conjunto composto por recursos independentes, “commodities” e serviços. Este modelo é fechado, trabalha com recursos abstratos, a serem infinitamente convertidos em bens e serviços abstratos, que, por sua vez, são “consumidos” por um trabalho abstrato e finalmente, retornam como recurso. [...]

Esse modelo fechado é o ideal, pois não estaria afetando totalmente o meio ambiente,

como é o caso do sistema aberto.

As políticas ambientais têm como objetivo a preservação e a recuperação do

ecossistema, assegurando o desenvolvimento econômico e social, por meio de ações

governamentais, educação ambiental e incentivo para o uso racional do solo e dos recursos

hídricos.

A falta de políticas ambientais causa preocupação com o impacto ambiental,

principalmente com o crescimento econômico descontrolado. Nesse sentido, Maria de Fátima

Ribeiro e Jussara Suzi Assis Borges Nasser Ferreira28 expõem:

Enquanto a economia preocupa-se com a lei da oferta e da procura com a busca de novos mercados; no meio ambiente pode ser observado que o

26 ALTVATER, Elmar, 1992, p. 22, apud DERANI, Cristiane. Direito Ambiental Econômico. São Paulo: Max Limonad, 1997, p. 139. 27 DERANI, Cristiane. Direito Ambiental Econômico. São Paulo: Max Limonad, 1997, p. 140. 28 RIBEIRO, Maria de Fátima; FERREIRA, Jussara Suzi Assis Borges Nasser. O Papel do Estado no Desenvolvimento Econômico Sustentável: Reflexões sobre a Tributação Ambiental como Instrumento de Políticas Públicas. IDTL, 16 setembro de 2005. Disponível em: <http://idtr.com.br/artigos/133/pdf>. Acesso em: 28 jan. 2011.

Page 31: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

31

comportamento humano muitas vezes pode gerar um impacto ambiental provocado pelo desenvolvimento de determinada atividade econômica, se não forem observados os cuidados com a proteção ambiental.

Diante da necessidade de um Desenvolvimento Sustentável, na busca de um

crescimento econômico ordenado, faz-se o seguinte questionamento: que vem a ser

Desenvolvimento Sustentável? Para Paulo Roberto Pereira de Souza29: “Desenvolvimento

Sustentável é aquele tipo de desenvolvimento onde se atende às necessidades das gerações

atuais sem comprometer a vida das gerações futuras”.

Cabe esclarecer, que em dias atuais, quando o assunto é a preservação de áreas rurais,

diante do desenvolvimento e do aprimoramento da produção agrícola e da pecuária, as Áreas

de Preservação Permanente e as Áreas de Reservas Legais, são por muitos consideradas

improdutivas, necessitando, assim, de rigorosa legislação e multas administrativas, para coibir

a degradação e o mau uso das áreas de preservação ambiental.

Políticas de incentivos ambientais aparecem em pequenas proporções para solucionar

a questão da sustentabilidade, dando aparência de que desenvolvimento econômico e

sustentabilidade não podem caminhar juntos.

Para Paulo Roberto Pereira de Souza30: “[...] é possível continuarmos a ter

desenvolvimento econômico, atividades econômicas de maneira em geral, e o mais

importante, é possível fazer tudo isso de uma forma sustentável”.

Quando se fala em crescimento econômico, a tributação com a simples função

arrecadatória interfere negativamente junto ao desenvolvimento.

Em se tratando de meio ambiente, não poderia ser diferente: impostos, taxas e

contribuições são criadas sem que seus recursos sejam destinados à recuperação e à

preservação do ambiental.

Os incentivos são meios eficazes que poderão se associar ao desenvolvimento

econômico em todas as áreas e nas mais diversas atividades, contribuindo de forma

significativa com o ambiente natural e, acima de tudo, transformando todos aqueles potenciais

poluidores em aliados das lutas ambientais.

Desenvolvimento e meio ambiente terão que caminhar juntos em busca do

crescimento e do bem estar social, diante da ordem econômica, objetivando por através de

incentivos e benefícios de ordem econômica, meios eficazes na procura do equilíbrio e da

sustentabilidade. 29 SOUZA, Paulo Roberto Pereira de. O Direito e a Sociedade Sustentável – I Jornada de Estudos da Justiça Federal Circunscrição Judiciária de Maringá. 2002. Videoteca/Lab. Com.Social – Faculdade Maringá. 30 Op. Cit.

Page 32: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

32

2 TRIBUTAÇÃO AMBIENTAL E A PROTEÇÃO DO ECOSSISTEMA

2.1 FISCALIDADE E EXTRAFISCALIDADE

A Constituição Federal trata da possibilidade de se cobrar tributos por meio do

Sistema Tributário Nacional, estabelecendo competências e espécies tributárias que serão

objeto de arrecadação por parte da União, Estados Membros, Municípios e Distrito Federal. O

texto constitucional é taxativo na imposição de limites ao poder de tributar, com o objetivo de

assegurar o direito de os contribuintes não serem surpreendidos com exações que extrapolem

o poder estatal.

O princípio da legalidade atua diretamente na necessidade da criação de lei para

instituir ou aumentar tributos, garantindo ao cidadão um processo legislativo para a alteração

da carga tributária. Ainda exemplificando os limites ao poder de tributar, deve ser garantida

ao contribuinte a observância ao princípio da anterioridade, que tem o condão de impor um

período de vacatio legis para que se tenha ciência da entrada em vigor de uma nova cobrança

tributária ou do aumento de um tributo existente.

As imunidades tributárias também aparecem como vedações da cobrança de alguns

tributos sobre pessoas e coisas que estão previstas constitucionalmente.

A cobrança de um tributo deve estar diretamente ligada ao seu fato gerador,

respeitando os limites constitucionais do poder de tributar.

O Estado, por meio da arrecadação de tributos e respeitadas as competências político-

administrativas dos entes federativos, fará a obtenção de recursos financeiros para custear as

atividades estatais. Esta arrecadação, com finalidade meramente arrecadatória para custear as

atividades do Estado é conhecida no mundo jurídico tributário, como Fiscalidade. A

Fiscalidade é o principal meio utilizado para arrecadar recursos financeiros destinados a

movimentar a máquina administrativa, além de garantir direitos básicos constitucionalmente

previstos aos cidadãos.

Nesse sentido, Cláudia Campos de Araújo31 apresenta:

O objetivo dos tributos sempre foi angariar recursos financeiros para o Estado. Certamente, essa é a imposição tradicional do direito tributário,

31 ARAÚJO, Cláudia Campos de [et al.]. Meio Ambiente e sistema tributário: novas perspectivas. São Paulo: Ed. Senac, 2003, p.29.

Page 33: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

33

denominada tributação fiscal, que visa à arrecadação de tributos cuja finalidade é custear serviços fornecidos pelo poder público.

Um tributo é fiscal quando sua cobrança visa à arrecadação de recursos financeiros

para os cofres públicos, objetivando a sustentação dos encargos dos órgãos centrais da

administração. 32

Para garantir os direitos fundamentais aos cidadãos, a tributação fiscal terá como

objetivo angariar recursos de forma compulsória, respeitando competências para a imposição

e fiscalização dos tributos.

Assim, os artigos 145, 148, 149 e 149-A da Constituição Federal, prescrevem:

Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos: I - impostos; II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição; III - contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas. [...] Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos compulsórios: [...] Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, [...]. Art. 149-A Os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir contribuição, na forma das respectivas leis, para o custeio do serviço de iluminação pública, observado o disposto no art. 150, I e III.33

Os entes da federação deverão instituir tributos diante do exercício de sua atividade

estatal, observados os preceitos constitucionais. Entretanto, diante do crescimento econômico

e da globalização, a tributação pode ter outros objetivos além da simples arrecadação de

tributos, ou seja, poderá intervir na economia com finalidade diversa da meramente fiscal. A

tributação poderá ser utilizada como instrumento de regulação, incentivando ou até mesmo

desestimulando o exercício de alguma atividade prejudicial à sociedade ou até mesmo o

consumo de produtos.

Os incentivos fiscais e o desestímulo à prática de determinados atos nocivos dão uma

nova face à aplicação da tributação. A busca do desenvolvimento sócio-econômico, a partir da

tributação como sanção premial ou compensatória, apresenta o caráter extrafiscal do tributo.

32 FANUCHI, Fábio. Curso de direito tributário brasileiro. 3. ed. Brasília: Resenha Tributária – MEC, 1975, p.55. 33 BRASIL. Constituição (1.988). Disponível em: <www.planalto.gov.br>. Acesso em: 01 fev.. 2011.

Page 34: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

34

A extrafiscalidade no tributo interfere na economia com objetivos diversos daqueles tributos

com finalidades meramente arrecadatórias.

Para Hely Lopes Meirelles34, a extrafiscalidade deve ser interpretada da seguinte

forma:

A extrafiscalidade é a utilização do tributo como meio de fomento ou desestímulo a atividade reputada conveniente ou inconveniente à comunidade. È ato de polícia fiscal, isto é de ação do governo para o atingimento de fins sociais através da maior ou menor imposição tributária.

Cabe, neste momento, ressaltar o previsto no artigo 151, I da Constituição Federal,

que apresenta a possibilidade de criar incentivos para o desenvolvimento sócio-econômico:

Art. 151. É vedado à União: I - instituir tributo que não seja uniforme em todo o território nacional ou que implique distinção ou preferência em relação a Estado, ao Distrito Federal ou a Município, em detrimento de outro, admitida à concessão de incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do desenvolvimento sócio-econômico entre as diferentes regiões do País;[...]35. (destacou-se)

A corroborar, a Constituição no artigo 150, § 6º expressa:

[...]

§ 6.º Qualquer subsídio ou isenção, redução de base de cálculo, concessão de crédito presumido, anistia ou remissão, relativos a impostos, taxas ou contribuições, só poderá ser concedido mediante lei específica, federal, estadual ou municipal, que regule exclusivamente as matérias acima enumeradas ou o correspondente tributo ou contribuição, sem prejuízo do disposto no art. 155, § 2.º, XII, g 36.

A Constituição Federal não poupou esforços para garantir o direito de criação de

incentivos e benefícios fiscais, fortalecendo ainda mais o uso desses artifícios para garantir os

direitos fundamentais individuais e, principalmente, aqueles que abrangem toda a

coletividade.

Como já exposto no capítulo que trata do desenvolvimento econômico, a manutenção

do ecossistema é tratada como direito fundamental no texto Constitucional, necessitando de

mecanismos e políticas ambientais eficientes, ante as destruições causadas por pessoas físicas 34 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 24. ed. São Paulo: Malheiros, 1999, p. 45. 35

BRASIL. Constituição (1988). Disponível em: <www.planalto.gov.br>. Acesso em: 01 fev. 2011. 36

Op. Cit

Page 35: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

35

e jurídicas, sendo que a preservação ambiental é um dever do Estado e de todos os cidadãos,

podendo se dar por meio de repressão ou até mesmo por meio de incentivos e benefícios

econômicos.

Na tributação ambiental, a extrafiscalidade cumpre um papel de extrema relevância,

estimulando os potenciais poluidores a participarem efetivamente do processo de preservação

ambiental, além de o Estado possuir uma ferramenta importante para coibir, por meio do

desestímulo, a proliferação de produtos que possuem alta potencialidade de degradação

ambiental.

2.2 INCENTIVOS E BENEFÍCIOS FISCAIS X TUTELAS PROCESSUAIS DO MEIO

AMBIENTE

O direito ao meio ambiente equilibrado e sustentável, instituído constitucionalmente

como Direito Fundamental, deve ser objeto de proteção por parte do Poder Público e de toda a

sociedade. Ferramentas processuais foram incorporadas à legislação, dando ao poder público

e, principalmente, a todos os cidadãos, a possibilidade e o dever de exercê-las em proteção ao

ecossistema.

A proteção ambiental ultrapassa os limites territoriais, utilizando-se da legislação

constitucional, além de mecanismos internacionais capazes de combater os danos causados ao

ecossistema.

Devido à grande necessidade de proteger o meio ambiente mundialmente, criaram-se

na esfera internacional, documentos com a finalidade de combate à poluição e a degradação

ambiental.

A tutela internacional do meio ambiente é definida por diversos documentos firmados

entre os países participantes: tratados, convenções, recomendações, regras, declarações,

diretrizes e normas protetivas.

Geraldo Eulálio do Nascimento e Silva37 conceitua o direito internacional do meio

ambiente “[...] como sendo o conjunto de regras e princípios que criam obrigações e direitos

de natureza ambiental para os Estados, as organizações intergovernamentais e os indivíduos”.

De forma objetiva fica demonstrado, a partir do conceito referenciado, que as regras e

princípios devem ser seguidos e, a partir deles, criado obrigações e direitos.

37 SILVA, Geraldo Eulálio do Nascimento. Direito Ambiental Internacional. Rio de Janeiro: Thex, 1995, p. 5.

Page 36: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

36

As principais fontes do direito internacional ambiental são os tratados, as convenções,

os atos das organizações, os costumes internacionais, os princípios gerais do direito, a

doutrina internacional e a jurisprudência internacional. Os tratados e as convenções são fontes

de excelência do direito internacional, pois são regras escritas que acabam integrando o

ordenamento jurídico. Diante das fontes de direito internacional, a jurisprudência

internacional são os precedentes firmados pela Corte Internacional de Justiça.38.

Cabe aqui ressaltar a criação da ISO (International for Standardization Organization),

uma entidade internacional que visa assegurar a qualidade de produtos da ISO 14.000, que

indica se a empresa possui uma política ambiental implantada conforme as exigências e se os

produtos são adequados ao uso e apresentam um menor impacto ambiental. Com a

necessidade de exportar produtos, o Brasil se associou à ISO, razão pela qual os empresários

brasileiros estão cada vez mais se adequando aos moldes das legislações internacionais, para

tornar suas empresas competitivas internacionalmente.

O Mercosul e as Comunidades Européias aumentam gradativamente suas exigências,

impondo barreiras rígidas para a entrada de produtos importados, criando a Norma ISO

14025, objetivando um melhor equilíbrio do ecossistema.

O objeto de tutela jurídica é a proteção da qualidade do ambiente em função da

qualidade de vida. A tutela se divide em dois tempos: o imediato, que significa a qualidade do

meio ambiente; e a mediata, que expressa a qualidade de vida das pessoas.

A presença do Poder Judiciário, para dirimir os conflitos ambientais, é hoje uma

conquista social muito importante, pois abrange os países desenvolvidos e os em

desenvolvimento.

O acesso ao Judiciário tem diversas vias quando se trata da tutela do meio ambiente.

A Ação Civil Pública Ambiental, regulada pela lei 7.347, de 24/07/1985, pela qual

destacou-se por abrir as portas do Poder Judiciário, visando a proteger o meio ambiente, o

consumidor e os bens e interesses de valor artístico, estético, paisagístico, turístico e histórico,

dentre outros interesses difusos e coletivos.

Além do Ministério público, os Estados, a União, Municípios e o Distrito Federal,

autarquias, empresas públicas, fundações, sociedades de economia mista ou associações, têm

legitimidade para propor a Ação Civil Pública. O Ministério Público teve um valor de suma

importância em prol dos interesses difusos e coletivos.

38 SIRVINSKAS, Luis Paulo. Manual de Direito Ambiental. São Paulo: Saraiva, 2006, p.424-425.

Page 37: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

37

Para Paulo Affonso Leme Machado39, “[...] as finalidades da ação civil pública são:

cumprimento da obrigação de fazer, cumprimento da obrigação de não fazer e/ou a

condenação em dinheiro.”

No caso da indenização, o valor recebido não irá para as pessoas lesionadas, e, sim,

para o Fundo de Defesa dos Direitos Difusos, e é ele que irá reparar o dano causado.

O Inquérito Civil é uma medida preparatória de eventual ação civil pública, sendo este

de suma importância, pois é por via do inquérito policial que se faz a coleta de materiais que

irão dar suporte à ação, na qual o Ministério Público poderá, de imediato, ajuizar ação civil ou

arquivar as peças de informação.

Para Celso Antonio Pacheco Fiorillo40:

[...] uma vez arquivado o inquérito civil, o Ministério Público não poderá mais propor a ação civil pública, pois é instaurado para formar a opinio actio

do Parquet, esclarecendo-se nada tem que ver com os outros colegitimados à propositura da ação civil pública.

Isso acontece porque o inquérito civil é regido pelo procedimento inquisitório, não

sendo assegurado o principio do contraditório, pois ele serve apenas como instrumento de

reunião de provas.

Em casos em que o Ministério Público verifica, no inquérito civil, materialidade de

crime e indícios de autoria, poderá promover ação civil pública e ação penal pública, em um

só tempo.

Conforme dispõe o artigo 5.º, § 6º da lei 7.347/8541: “Os órgãos públicos legitimados

poderão tomar dos interessados compromisso de ajustamento de sua conduta às exigências

legais, mediante cominações, que terá eficácia de título executivo extrajudicial”.

O compromisso de ajustamento é um acordo entre Ministério Público e empresa

infratora ou grupo de pessoas, para que se regularize no prazo estipulado pela justiça. Trata-se

de um ajuste de conduta e deve ser cumprido. E em caso de descumprimento, poderá sofrer as

sanções impostas pela justiça, pois esta ação tem força de título executivo extrajudicial. O

próprio Ministério Público poderá entrar em juízo, caso a empresa não cumpra o acordo.

Celso Antonio Pacheco Fiorillo42, enumera os seguintes requisitos.

39 MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental Brasileiro. São Paulo: Malheiros, 2001, p. 351. 40 FIORILLO, Celso Antonio Pacheco. Curso de Direito Ambiental Brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2008, p. 477. 41 BRASIL. Lei nº. 7347 de 24 de julho de 1985. Disponível: <www.planalto.gov.br>. Acesso em: 26 fev. 2011. 42 FIORILLO, Celso Antonio Pacheco. Curso de Direito Ambiental Brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2008, p. 479.

Page 38: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

38

a) Necessidade da integral reparação do dano, em razão da natureza indisponível do direito violado; b) Indispensabilidade de cabal esclarecimento dos fatos, de modo a ser possível a identificação das obrigações a serem estipuladas, já que desfrutará de eficácia de titulo executivo extrajudicial; c) Obrigatoriedade da estipulação de cominações para a hipótese de inadimplemento; d) Anuência do Ministério Público, quando não seja autor.

Para que haja validade da homologação do compromisso de ajustamento de conduta, é

necessário seguir esses requisitos.

Quanto à Ação Popular Ambiental, tem-se nesta um verdadeiro exercício de cidadania

e de efetiva participação popular, pois pode ser proposta por qualquer cidadão, desde que

esteja em pleno gozo de seus direitos políticos, com o intuito de anular ato lesivo ao meio

ambiente e ao patrimônio histórico e cultural.

José Afonso da Silva43 afirma que o objetivo imediato da demanda popular consiste

na anulação do ato lesivo e na condenação dos responsáveis, conforme dispõe:

O objeto imediato da demanda popular consiste na anulação do ato lesivo ao meio ambiente e na condenação dos responsáveis pelo ato, incluindo os seus destinatários, ao pagamento de perdas e danos ou, alternativa ou cumulativamente, a repor a situação no status quo, ou seja, a recuperar o meio ambiente degradado. O objeto mediato se constitui na proteção do meio ambiente, o que envolve a idéia de conservação, recuperação, preservação da sua qualidade.

Em relação à competência dessa ação, o julgamento caberá ao juízo do local onde

ocorreu ou deva ocorrer o dano, independente do local de sua origem.

A legitimidade passiva será qualquer pessoa responsável pelo ato lesivo ao meio

ambiente, ao qual caberá o cumprimento das sanções.

A legitimidade ativa, segundo os estudos de Luis Paulo Sirvinskas44, não deveria ficar

somente nas mãos dos cidadãos, mas, sim, de todos os brasileiros ou estrangeiros residentes

no Brasil, conforme segue:

Há quem entenda que a legitimidade ativa para a propositura da ação popular ambiental com a finalidade da proteção do meio ambiente ecologicamente equilibrado – direito atribuído a todos – não poderia ficar nas mãos somente do cidadão, mas de todos os brasileiros ou estrangeiros residentes no Brasil.

43 SILVA, José Afonso da. Direito Ambiental Constitucional. São Paulo: Malheiros, 1995, p. 222. 44 SIRVINSKAS, Luis Paulo. Tutela Constitucional do Meio Ambiente. São Paulo: Saraiva 2008, p. 147.

Page 39: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

39

[...] Para que a proteção do meio ambiente (bem difuso) deveria haver uma abrangência maior dessa legitimidade.

Somente são considerados cidadãos aquelas pessoas que se encontrem em dia com a

justiça eleitoral e, nesses casos, muitos brasileiros estão impedidos de propor essa ação tão

importante.

A efetiva utilização dos mecanismos processuais referenciados neste capítulo tem

como objetivo central a proteção ambiental, podendo ser exercido por um número expressivo

de legitimados.

Diante da Ação Civil Pública e da Ação Popular e de suas peculiaridades, deve-se dar

ênfase à aplicabilidade de cada uma, tendo essas tutelas ambientais o caráter punitivo e

preventivo.

A doutrina majoritária possui grande rejeição quanto ao uso intensificado de medidas

punitivas, e, nesse sentido, Jônatas Luiz Moreira de Paula45 preleciona:

As medidas punitivas e as pequenas taxas de fiscalização – as únicas exações realmente vinculadas na atualidade à questão ambiental – são ineficazes, pois , uma vez praticado o dano, na maior parte das vezes ele é irreparável e o encargo recai sobre a sociedade, que perde em qualidade de vida. O ônus para recuperar uma área degradada é muito maior que os gastos despendidos para sua preservação.

A tributação ambiental, por via de seu caráter extrafiscal e a criação de incentivos e

benefícios fiscais como a anistia, remissão, isenção em caráter não geral, dentre outros,

apresentar-se-ão como uma forma eficaz e preventiva com o objetivo essencial de preservação

do ecossistema.

A utilização do tributo como meio de preservação não significa criação de impostos

ou contribuições, mas, sim, melhor forma de utilizar aqueles existentes, podendo-se intervir

na economia estimulando ou desestimulando a prática de determinados atos lesivos.

Jônatas Luiz Moreira de Paula46, em Direito Ambiental e Cidadania, faz a seguinte

menção:

Muitas vezes a criação de novos tributos não é necessária. Basta a releitura dos dispositivos legais existentes; a adequação ambiental das alíquotas tributárias, por exemplo, pode servir como excelente instrumento de incentivo a adoção de processos produtivos limpos. Outras soluções, como a

45 PAULA, Jônatas Luiz Moreira de. Direito Ambiental e Cidadania. Leme: J. H. Mizuno, 2007, p. 25. 46Op. Cit. p. 27.

Page 40: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

40

repartição orçamentária, podem ser utilizadas para promover o meio ambiente equilibrado e saudável. Sopesando os princípios constitucionais tributários e a sua relação com a função ambiental do Estado e as experiências e possibilidades econômicas voltadas para a questão ambiental, o ICMS Ecológico constitui um exemplo real voltado para a utilização do federalismo fiscal em beneficio do meio ambiente.

A tributação ambiental apresenta impostos com função eminentemente extrafiscal, que

atua de forma preventiva, sendo utilizado como estímulo.

Não restam dúvidas quanto à eficácia de estímulos fiscais e sua concessão a pessoas

físicas e principalmente às pessoas jurídicas na proteção do ecossistema, atuando o tributo não

mais na forma de punição, cabendo, nesse momento, a concepção trazida por Barry C. Fied47:

Há muitas perguntas sobre como o sistema pode funcionar, principalmente o que as empresas devem fazer para evitar citações ambientais, como pontuação reflete muito a classificação das emissões reais das substâncias, e outras questões semelhantes. No entanto, a questão fundamental é que, aparentemente, as autoridades reconheceram a importância da mudança dos sistemas de incentivos com empresas poluentes para incentivá-los a buscar formas de reduzir suas emissões. Em anos recentes ênfase maior tem sido em relação à incorporação de projetos de incentivos econômicos os sobre as políticas ambientais nos níveis federal e local. A essência da proposta é reestruturar os incentivos enfrentados pelas empresas e os consumidores para que eles mobilizem as suas próprias energias e criatividade para encontrar formas de reduzir seu impacto no meio ambiente.

A inserção de incentivos de cunho econômico faz da tributação um mecanismo

incontestável de proteção ambiental.

Cumpre assinalar, que após anos de experiências, os estímulos têm se apresentado

com resultados satisfatórios, estando presente como incentivo para se conter as práticas

lesivas ao ecossistema de forma preventiva. Nesse sentido, a nova Lei de Resíduos Sólidos,

instituída com sob o nº. 12.305 de agosto de 2010, apresenta em diversos momentos,

incentivos ao melhor gerenciamento do lixo urbano, conforme dispõe:

Art. 8o São instrumentos da Política Nacional de Resíduos Sólidos, entre outros: [...] IX - os incentivos fiscais, financeiros e creditícios; [...] Art. 44. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, no âmbito de suas competências, poderão instituir normas com o objetivo de conceder incentivos fiscais, financeiros ou creditícios, respeitadas as limitações da

47 FIELD, Barry C. Economia Ambiental. Colômbia: Martha Edna Suárez R,1995, p.10. (Tradução Geral).

Page 41: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

41

Lei Complementar no 101, de 4 de maio de 2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal), a: I - indústrias e entidades dedicadas à reutilização, ao tratamento e à reciclagem de resíduos sólidos produzidos no território nacional; II - projetos relacionados à responsabilidade pelo ciclo de vida dos produtos, prioritariamente em parceria com cooperativas ou outras formas de associação de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis formadas por pessoas físicas de baixa renda; III - empresas dedicadas à limpeza urbana e a atividades a ela relacionadas. [...]. (destacou-se).48

A possibilidade de se instituir incentivos está presente tanto na forma fiscal, quanto na

concessão de créditos, com o objetivo de estimular o correto manejo do lixo urbano, agindo

preventivamente, desde que respeitadas as limitações estabelecidas na Lei de

Responsabilidade Fiscal.

As tutelas apresentadas nesta seção, se utilizadas como medidas preventivas, poderão

ser fortes aliados a tributação extrafiscal nos cuidados com a ecologia. Contudo, é fato que o

tributo, sendo instituído em forma de incentivo e benefícios àqueles potenciais poluidores,

terá sua finalidade atingida com mais rapidez, além de ter o poluidor como forte aliado,

estimulado à prática de condutas elisivas e a não cometer atos que causem danos ambientais.

2.3 REPERCURSSÕES DA LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL NA CONCESSÃO

DOS INCENTIVOS E DEMAIS BENEFICIOS TRIBUTÁRIOS

A lei de responsabilidade na gestão fiscal brasileira, teve sua inspiração em

experiências e previsões estrangeiras como Nova Zelândia, União Européia, via tratado de

Maastricht, e dos Estados Unidos da América. O texto legal foi adaptado à realidade brasileira

abrangendo todos os níveis de governo. A finalidade essencial da Lei de Responsabilidade

Fiscal é estabelecer metas para a gestão fiscal, responsabilizando o gestor publico por desvios

de conduta que influenciam negativamente no equilíbrio das contas públicas. Nesse sentido, o

artigo 1º, caput e o §º 1º desse mesmo dispositivo da lei complementar nº. 101, de 2000,

expressam:

Art. 1o Esta Lei Complementar estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal, com amparo no Capítulo II do Título VI da Constituição.

48

BRASIL. Lei nº. 12305 de 02 de agosto de 2010. Disponível: <www.planalto.gov.br>. Acesso em: 13 abr. 2011.

Page 42: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

42

§ 1o A responsabilidade na gestão fiscal pressupõe a ação planejada e transparente, em que se previnem riscos e corrigem desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas, mediante o cumprimento de metas de resultados entre receitas e despesas e a obediência a limites e condições no que tange a renúncia de receita, geração de despesas com pessoal, da seguridade social e outras, dívidas consolidada e mobiliária, operações de crédito, inclusive por antecipação de receita, concessão de garantia e inscrição em Restos a Pagar. § 2o As disposições desta Lei Complementar obrigam a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. 49 (destacou-se).

A responsabilidade do administrador consiste no dever jurídico de cumprimento das

previsões legais previamente regulamentadas na Lei de Responsabilidade Fiscal, cabendo ao

gestor sofrer as sanções impostas pela não aplicação de seus preceitos legais.

A responsabilidade impõe sanções na falta de observância das imposições legais, e,

nesse sentido, Hans Kelsen50 traduz: “[...] um indivíduo é juridicamente obrigado a uma

determinada conduta quando uma oposta conduta sua é tornada pressuposto de um acto

coercitivo (como sanção)”.

Quanto às ações planejadas para a prevenção de riscos e correção de desvios capazes

de afetar o equilíbrio das contas públicas, cabe ressaltar que o administrador público, em se

tratando de receitas públicas, deverá cumprir a previsão constitucional e, obrigatoriamente, de

acordo com os limites a ele conferidos, impor a seus jurisdicionados a cobrança de tributos

previstos em lei.

A competência impositiva é ato vinculado do administrador, que descumprindo-a

incorrerá em renúncia de receita, podendo ser responsabilizado por essa omissão, conforme

apresenta o artigo 11 da LRF51: “Constituem requisitos essenciais da responsabilidade na

gestão fiscal a instituição, previsão e efetiva arrecadação de todos os tributos da competência

constitucional do ente da Federação”.

O chefe do poder executivo poderá, mediante aprovação de lei, promover incentivos e

benefícios, desde que acompanhados de medidas de compensação.

Assim, o artigo 14 da Lei de Responsabilidade Fiscal dispõe:

49 BRASIL. Lei Complementar nº. 101 de 4 de maio de 2000. Disponível: <www.planalto.gov.br>. Acesso em: 01 abr. 2011. 50 KELSEN, Hans. Teoria Pura do Direito apud NASCIMENTO, Carlos Valder do. Comentários à Lei de Responsabilidade Fiscal. In MARTINS, Ives Gandra da Silva; NASCIMENTO, Carlos Valder do (Org). Comentários à Lei de Responsabilidade Fiscal. São Paulo: Saraiva 2009, p.11. 51 BRASIL. Lei Complementar nº. 101 de 4 de maio de 2000. Disponível: <www.planalto.gov.br>. Acesso em: 01 abr. 2011.

Page 43: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

43

Art. 14. A concessão ou ampliação de incentivo ou benefício de natureza tributária da qual decorra renúncia de receita deverá estar acompanhada de estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva iniciar sua vigência e nos dois seguintes, atender ao disposto na lei de diretrizes orçamentárias e a pelo menos uma das seguintes condições: I - demonstração pelo proponente de que a renúncia foi considerada na estimativa de receita da lei orçamentária, na forma do art. 12, e de que não afetará as metas de resultados fiscais previstas no anexo próprio da lei de diretrizes orçamentárias; II - estar acompanhada de medidas de compensação, no período mencionado no caput, por meio do aumento de receita, proveniente da elevação de alíquotas, ampliação da base de cálculo, majoração ou criação de tributo ou contribuição. 52 (destacou-se).

Renunciar a uma determinada receita significa abrir mão da cobrança de um tributo,

ou seja, qualquer benefício fiscal, em um primeiro momento, terá um impacto negativo nas

finanças públicas. A previsão constitucional permite a concessão de incentivos e benefícios,

porém a LRF é taxativa em ressaltar a necessidade de medida compensatória que poderá se

dar no aumento de alíquotas, da base de cálculo ou ainda do aumento ou da instituição de

tributos. A renúncia de receita praticada pelo administrador público é considerada ato de

improbidade administrativa, a respeito do qual a lei 8249, de 02 de julho de 1992, dispõe:

Dos Atos de Improbidade Administrativa que Causam Prejuízo ao Erário Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas no art. 1º desta lei, e notadamente: [...] VII - conceder benefício administrativo ou fiscal sem a observância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie; 53 (destacou-se).

A concessão de benefícios e incentivos fiscais, sem a observação dos ditames da lei,

constitui ato de improbidade, respondendo o gestor público pela ação ou omissão que causou

lesão ao erário. Ainda em se tratando da lei de improbidade administrativa, está previsto que

aqueles que infringirem o referido artigo 10 estarão sujeitos a sanções, que Marcelo

Alexandrino e Vicente Paulo54 traduzem nos seguintes termos:

52 BRASIL. Lei Complementar nº. 101 de 4 de maio de 2000. Disponível: <www.planalto.gov.br>. Acesso em: 01 abr. 2011. 53 BRASIL. Lei nº. 8.429 2 de junho de 1992. Disponível: <www.planalto.gov.br>. Acesso em: 01 abr. 2.011. 54 ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Direito Administrativo Descomplicado. 17. ed. Rio de Janeiro: Método, 2009, p. 835-836.

Page 44: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

44

Os atos classificados grupo acarretam neste, independentemente das sanções penais, civis e administrativas, previstas em legislação especifica, a obrigação de ressarcimento integral do dano, a perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, se concorrer essa circunstância, a perda da função pública, a suspensão dos direitos políticos por cinco a oito anos, o pagamento de multa civil de até duas vezes o valor do dano e a proibição de contratar com o Poder Público ou receber incentivos ou benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de cinco anos (art. 12, II).

Causar dano ao erário a partir da ação ou da omissão, dolosa ou culposamente,

sujeitará o infrator ao ressarcimento integral do dano, perda dos bens ou valores incorporados

ao patrimônio. Para o causador do dano (a partir do ato de improbidade administrativa) ser

responsabilizado, deverá estar presente um elemento de resultado, qual seja, a lesão ao erário,

já que, sem o prejuízo aos cofres públicos, não há ato de improbidade.

Marçal Justen Filho55 trata do tema da seguinte forma: “Lembre-se de que a infração

do art. 10 envolve um elemento material de resultado, sem o qual não há ilicitude. Trata-se da

lesão ao erário. Sem prejuízo, não há infração do art. 10”.

Sem resultado não há ilícito. A renúncia de receita a partir de benefícios e incentivos

fiscais, desacompanhada de medidas de compensação, fará com que o gestor público responda

pelos prejuízos que efetivamente causar aos cofres públicos. A extensão dos danos e a

vantagem patrimonial do causador serão levados em conta pelo juízo da causa para a

aplicação da pena ao agente. Nesse sentido, Lúcia Valle Figueiredo56 expõe: “O parágrafo

único do art. 12 atribui ao juiz – como, aliás, não poderia ser diferente, a possibilidade de

levar em conta a extensão do dano causado, assim como o proveito patrimonial obtido pelo

agente”.

A Lei de Responsabilidade Fiscal, diante da necessidade de proteger o erário dos atos

arbitrários do administrador público, reflete diretamente na concessão de incentivos e

benefícios fiscais, impondo regras para a instituição de tais estímulos diante do trato pessoal

que estas medidas acobertavam, em que gestores buscavam privilégios para seus parceiros

políticos, em troca de ajudas no pleito eleitoral. No entanto, estímulos fiscais devem ser

utilizados para promover o desenvolvimento econômico e corrigir as desigualdades sociais,

por meio de benefícios e incentivos, desde que acompanhados de medidas compensatórias, ou

até mesmo desestimulando o exercício de atividades que se fazem prejudiciais a toda a

coletividade.

55 JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Saraiva, 2006, p. 703. 56 FIGUEIREDO, Lúcia Valle. Curso de Direito Administrativo. 8. ed. SãoPaulo: Malheiros, 2006, p. 378.

Page 45: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

45

O desenvolvimento sustentável se faz necessário ante a busca incessante por novos

mercados. Para conter esse desenvolvimento globalizado, os incentivos e benefícios fiscais

aparecem para contribuir significativamente e, nesse sentido, o ICMS Ecológico se apresenta

como meio eficaz de uma melhor aplicação do Federalismo fiscal, para a proteção do

ecossistema.

2.4 SISTEMA CONSTITUCIONAL TRIBUTÁRIO:

2.4.1 Da Necessidade de Tributar

A história demonstra que um reino ou império, nessa atividade bélico-expansionista,

ao estender suas fronteiras em território que não lhe pertencia, impunha tributação sobre o

vencido. Quando um reino vencia outro reino ou uma tribo triunfava sobre outra, qual fosse o

motivo da avença, o vencedor submetia o vencido ao seu jugo, pagando este pela proteção

oferecida por aquele57.

Ao analisar a necessidade de instituição dos tributos, o estudioso é levado à gênese do

Estado. Instituído com a finalidade de prover segurança a seus jurisdicionados, necessitaria de

provisão para a manutenção dessa atividade primária, bem como das demais, tais como saúde,

educação, saneamento, dentre outras.

Neste momento, cabe ratificar que o meio ambiente equilibrado foi introduzido no

texto constitucional como um direito fundamental e difuso, cabendo ao Estado participar

efetivamente da proteção, buscando um desenvolvimento sustentável, por meio de políticas

públicas de proteção e do efetivo exercício do poder de polícia.

Um meio ambiente ecologicamente sustentável é garantia de bem-estar e, no que

tange à responsabilidade do Estado, o art. 225, § 1º, I a VII, dispõe:

§ 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas; II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético; III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção;

57 CUNHA, Aécio S. Os Impostos e a História. Texto para discussão nº. 258, Universidade de Brasília: 2002.

Page 46: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

46

IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade; V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente; VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente; VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade. 58

Ao Estado cabe a tarefa de cumprir os direitos e garantias individuais, coletivos e

difusos, tendo na tributação o meio financeiro de garantir os direitos. As ações se dão por

meio de prevenção ou ainda, em se tratando de poluição ambiental, pela internalização dos

danos pelos causadores (poluidores).

Diante da obrigação do estado em garantir a defesa do meio ambiente, Fernando

Magalhães Modé59 preleciona:

A tributação ambiental, por intermédio da internalização dos custos ambientais, busca a correção das distorções de mercado, que, pela dinâmica disposta pelas externalidades negativas, proporciona ao agente econômico poluidor uma subvenção de toda sociedade aos custos ambientais por ele gerados. De outro lado, a proposta da tributação ambiental é a de funcionar como instrumento de indução do comportamento dos agentes econômicos (potencialmente poluidores) de modo a que suas ações se realizem, sempre, de maneira menos custosa ao meio ambiente. Trata-se de um mecanismo de regulação econômica e não proibitivo/autorizativo de condutas.

Juntamente com a necessidade de tributar, estava a resistência à tributação, fator

existente até nossos dias em maior ou menor grau. Como se vê, a necessidade de tributar está

estritamente ligada à manutenção do Estado, ante os direitos e garantias fundamentais.

Para Luiz Felipe Silveira Difini60:

Tributos são prestações obrigatórias, em espécies, exigida pelo Estado, em função de seu poder de império, sem caráter sancionatório. Normalmente visa à finalidade fiscal: obter os recursos necessários para o regular funcionamento do Estado. Modernamente, porém, a isso se agrega finalidade extrafiscal: estimular (ou desestimular) certas atividades, como forma de intervenção do Poder Público no domínio econômico.

58 BRASIL. Constituição (1.988). Disponível em: <www.planalto.gov.br>. Acesso em: 01 fev. 2.011. 59 MODÉ, Fernando Magalhães. Tributação Ambiental, a função do tributo na proteção do meio ambiente. Curitiba: Juruá, 2003, p. 114 e 118. 60 DIFINI, Luiz Felipe Silveira. Manual de direito Tributário. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2008, p. 41.

Page 47: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

47

O Estado exige que os indivíduos, seus cidadãos ou jurisdicionados lhe forneçam os

recursos necessários, e, por isso, há a instituição do tributo, regido por aqueles que possuem

competência previamente estabelecida no texto constitucional.

O Estado é soberano e internacionalmente, tem o condão de representar a nação em

suas relações, tendo o poder de governar todos que se encontrem no seu território61.

Para Hugo de Brito Machado62

No exercício de sua soberania o Estado exige que os indivíduos lhe forneçam os recursos de que necessita. Institui o tributo. O poder de tributar nada mais é que um aspecto da soberania estatal, ou uma parcela desta. [...] Justifica-se o poder de tributar conforme a concepção que se adote do próprio Estado. A idéia mais generalizada parece ser a de que os indivíduos, por seus representantes, consentem na instituição do tributo, como de resto na elaboração de todas as regras jurídicas que regem a nação. O estudo deste aspecto, entretanto, não se comporta nos limites deste Curso, ou mesmo

desta disciplina, mas no campo da Ciência Política, eis que pertinente à legitimidade do próprio poder estatal.

A relação de tributação não é simples relação de poder, como alguns entendem que

seja, é uma relação jurídica, embora seu fundamento seja a soberania do Estado.

Também não devemos confundir o poder de tributar com a competência tributária,

pois o poder é aptidão para realizar a vontade, seja com ou sem lei, presente no mundo dos

fatos; já a competência está presente na idéia de direito.

Hugo de Brito Machado63 apresenta a relação entre poder e competência no direito

brasileiro da seguinte forma:

[...] No Brasil, o poder tributário é partilhado entre a União, os Estados Membros, o Distrito Federal e os Municípios. Ao poder tributário juridicamente delimitado e, sendo o caso, dividido dá-se o nome de competência tributária.

O instrumento de atribuição de competência é a Constituição Federal, pois, como se disse, a atribuição de competência tributária faz parte da própria organização jurídica do Estado [...].

A forma em que se apresenta o tema da presente seção nos leva a relacionar soberania,

poder de tributar e competência tributária sob a ótica da utilização do estado desses poderes,

para fazer da tributação um meio de arrecadar recursos, a fim de cumprir com os direitos e

61 MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário. 29. ed. São Paulo: Malheiros, 2008, p. 28. 62 Op. Cit. p. 29. 63 Op. Cit. p.30.

Page 48: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

48

garantias constitucionais, propostas a seus jurisdicionados. No meio ambiente não poderia ser

diferente: para que o estado exerça suas atividades estatais de proteção e prevenção, ele se

utiliza da tributação ambiental para arrecadar recursos, a partir do poder e da competência

conferida aos entes federativos.

2.4.2 Espécies Tributárias: Considerações

A legislação brasileira não tem o condão de atribuir conceitos aos institutos jurídicos e

tampouco aos ramos do Direito, cabendo ao doutrinador trazer grande parte desses conceitos.

Quando se fala em tributo, o caminho se deu de forma diversa. O legislador, no

Código Tributário Nacional, achou por bem e necessário atribuir, a partir de um artigo de sua

lei, a definição que estabelece limites para, posteriormente, regulamentar as competências e

suas espécies tributárias. Nesse sentido, tem-se a definição de tributo que, pelo artigo 3º do

Código Tributário Nacional, se apresenta: “Tributo é toda prestação pecuniária compulsória,

em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito,

instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada”.

Da mesma forma, cabe pontuar que a definição de tributo está implícita no texto

constitucional, quando expressamente estabelece competências para se instituir tributos e

dispõe sobre princípios limitadores ao poder de tributar, que serão necessários para o efetivo

exercício das atividades estatais e manutenção da máquina administrativa.

Do conceito constitucionalmente implícito, Leandro Pausen64 argumenta:

A Constituição Federal, ao estabelecer as competências tributárias, as limitações ao poder de tributar e a repartição das receitas tributárias, permite que se extraia do seu próprio texto qual o conceito de tributo por ela considerado. Cuida-se de prestações em dinheiro exigidas compulsoriamente, pelos entes políticos, de quem revele capacidade contributiva ou que se relacione direta ou indiretamente a atividade estatal especifica, com vista à obtenção de recursos para o financiamento geral do Estado ou para o financiamento de atividades ou fins realizados e promovidos pelo próprio Estado ou por terceiros no interesse público [...].

Segundo Regis Fernandes de Oliveira65, “[...] O conceito de tributo deve ser deduzido

dos contornos traçados pela Constituição Federal. Esta, ao estruturar o Estado, distribuindo

competências e limitando-as, assegurando os direitos e respectivas garantias individuais”. A

64 PAULSEN, Leandro. Direito Tributário: Constituição e Código Tributário à luz da doutrina e da jurisprudência. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2009, p.630. 65 OLIVEIRA, Regis Fernandes de. Taxas de Polícia. 2. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2004, p. 18.

Page 49: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

49

partir dessas definições, verificamos que tributo é uma obrigação pecuniária, pois decorre de

lei, em moeda, o qual não se constitui em sanção por ato ilícito e que tem, por sujeito ativo, o

fisco no papel do Estado e, por sujeito passivo, o devedor, qualquer pessoa, apontada na lei da

entidade tributante, cobrada mediante atividade administrativa vinculada.

Nos ensinamentos de Geraldo Ataliba66 tem-se que:

[...] juridicamente define-se tributo como obrigação jurídica ex lege, que se não constitui em sanção de ato ilícito, cujo sujeito ativo é, em princípio, uma pessoa pública e cujo sujeito passivo é alguém nessa situação posto pela vontade da lei.

Assim, pode-se ressaltar que tributo é prestação pecuniária ou financeira, compulsória,

que visa a assegurar ao Estado a execução de seus objetivos e cumprimento das garantias

constitucionais fundamentais, sendo o contribuinte obrigado a seu pagamento, em moeda

corrente, observando os princípios constitucionais tributários. De acordo com a definição de

tributos, extraem-se algumas características que, se não estiverem presentes em quaisquer das

espécies tributárias, indicarão que não se trata de tributo, mas de outro tipo de exação.

As características do tributo são relevantes para se verificar dados específicos, como a

competência, sua origem e destinação, entre outros que especificam sua finalidade social.

No entendimento de Alexandre Macedo Tavares67 “São características marcantes da

competência tributária: a privatividade, indelegabilidade, incaducabilidade, inalterabilidade,

irrenunciabilidade e facultatividade do exercício”.

A privatividade outorga competência às pessoas políticas, vedando a exploração do

mesmo campo por qualquer outro ente federativo. Dispõe o artigo 7º do Código Tributário

Nacional que a competência tributária é indelegável ou seja, a pessoa que recebeu a outorga

de competência não poderá renunciar a ela nem delegá-la a terceiros.

O alcance da competência tributária nasce constitucionalmente delimitado, ou seja,

não pode ser ampliado por qualquer pessoa política, permanecendo inalterável.

Assim como não podem delegar suas competências tributárias, as pessoas políticas

também não podem renunciar a essa competência. Muito embora seja irrenunciável e

indelegável, o exercício da competência tributária é facultativo, ou seja, a competência

tributária não se encontra submetida a prazo decadencial, podendo a pessoa política, criar o

tributo que lhe foi confiado quando lhe aprouver.

66 ATALIBA, 1997, p. 31 apud DIFINI, Luiz Felipe Silveira. Manual de direito Tributário. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2008, p. 19. 67 TAVARES, Alexandre Macedo. Fundamentos de Direito Tributário. 4. Ed. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 51.

Page 50: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

50

No Sistema Tributário Brasileiro, há cinco espécies de tributos, de acordo com a

Constituição Federal de 1988: impostos, taxas, contribuições de melhorias, empréstimo

compulsório e contribuições especiais.

A primeira espécie a ser analisada é o Imposto, que, de acordo com o Código

Tributário Nacional68, em seu artigo 16, tem a seguinte definição: “É o tributo cuja obrigação

tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal específica,

relativa ao contribuinte”.

Imposto é uma quantia em dinheiro, paga obrigatoriamente por pessoas ou

organizações a um governo, a partir da ocorrência de um fato gerador, calculada mediante a

aplicação de uma alíquota a uma base de cálculo.

Diferentemente de outros tributos, como Taxas e Contribuição de Melhoria, é não

vinculado ou seja, é devido pelo contribuinte, independentemente de qualquer contraprestação

por parte do Estado.

Segundo leciona Hugo de Brito Machado69 “O fato gerador do dever jurídico de pagar

imposto é uma situação da vida do contribuinte, relacionada a seu patrimônio, independente

do agir do Estado”.

Os impostos são tributos não vinculados ou seja, não possuem situação dependente de

qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte, diferente das taxas e

contribuições de melhorias que são tributos vinculados. Destinam-se a atender às despesas

gerais da administração e só podem ser exigidos pela pessoa jurídica de Direito Público

Interno que tiver competência constitucional para tanto.

Quanto às Taxas, elas surgem com o intuito de custear os serviços públicos prestados

pelo Estado aos contribuintes e fiscalizar os descumprimentos legais diante das exigências

tributárias.

Segundo os ensinamentos de Ives Gandra da Silva Martins70

Em nossa literatura sobre a espécie tributária taxa, surge por vezes à palavra “panacéia”, relacionada à profusão de taxas instituídas pelos legisladores das três ordens de governo, que, na sua maioria, estava mais preocupada com a necessidade de preencher claros financeiros do erário público do que se submeter à taxa ao regramento legal e buscar uma real retribuição das despesas decorrentes de atividades especiais desenvolvidas pelas respectivas administrações.

68 BRASIL. Lei nº. 5172 de 25 de outubro de 1966. Disponível: <www.planalto.gov.br>. Acesso em: 01 abr. 2.011. 69

MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário. 29. ed. São Paulo: Malheiros, 2008, p. 297. 70

MARTINS, Ives Gandra da Silva. Curso de Direito Tributário. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2000, p. 753.

Page 51: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

51

Atualmente, no quadro tributário, a situação não é muito diferente do que existia,

porém houve uma grande evolução no critério conceitual, visto que a Constituição Federal

acolhe uma série de dispositivos que, direta ou indiretamente, se relacionam com a Taxa,

criando um mesmo subsistema constitucional.

De acordo com o Código Tributário Nacional, Taxas são tributos que têm como fato

gerador o exercício regular do Poder de Polícia ou utilização, efetiva ou potencial, de serviço

público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição.

Como outra espécie, tem-se a Contribuição de Melhoria que, de acordo com a

legislação brasileira, é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação que

representa um benefício especial auferido pelo contribuinte. Seu fim é atender às necessidades

do serviço ou à atividade estatal, previsto no artigo 145, inciso III, da Constituição Federal.

Nos dizeres de Hugo de Brito Machado71: “A contribuição de melhoria, portanto, é

uma espécie de tributo vinculado, vale dizer, tributo cujo fato gerador está ligado à atividade

estatal específica relativa ao contribuinte. Esse conceito, porém, também se aplica à taxa.”

Existem duas correntes doutrinárias sobre o fato gerador e fato imponível da

Contribuição de Melhoria: numa, é exigida a valorização imobiliária ou melhoria, em outra,

basta o benefício decorrente da obra pública, porém ambas devem ser amparadas em lei.

Pode-se também considerar como tributos as Contribuições Sociais que somente a

União pode instituir, com fundamento nos artigos 149 e 195 da Constituição Federal de 1988,

que se dividem em subespécies: contribuições de intervenção do domínio econômico,

contribuições de interesse de categorias profissionais ou econômicas, contribuições de

seguridade social e contribuição de iluminação pública.

Verificando, ainda, o ensinamento de Hugo de Brito Machado72:

Diante da vigente Constituição, portanto, pode-se conceituar a contribuição social como espécie de tributo com finalidade constitucionalmente definida, a saber, intervenção no domínio econômico, interesse de categorias profissionais ou econômicas e seguridade social.

Diante das espécies tributárias apresentadas, destacam-se as Contribuições de

Intervenção no Domínio Econômico, que são efetivamente utilizadas para regular a economia

por via de estímulos ou desestímulos, visando conter o desenvolvimento de atividades nocivas

71

MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário. 29 ed. São Paulo: Malheiros, 2008, p. 410. 72 Op. Cit.

Page 52: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

52

à vida humana e ainda frear o consumo de determinados produtos prejudiciais ao bem estar

social.

A CIDE tem papel fundamental na preservação do ambiental, pois permite ao Estado

atuar na regulação da economia, intervindo nas importações e na comercialização de produtos

nocivos, na busca do equilíbrio e da sustentabilidade. Assim, as contribuições especiais

podem ser consideradas como espécies de tributos porque possuem finalidade constitucional

definida, sendo-lhes aplicadas as normas gerais de Direito Tributário e demais princípios.

Diante da doutrina tributária brasileira, a partir da interpretação do artigo 3º do Código

Tributário Nacional, Empréstimo Compulsório é considerado um tributo e consiste na tomada

compulsória de certa quantidade em dinheiro do contribuinte, a título de empréstimo, para que

este o resgate em certo prazo, conforme as determinações estabelecidas por lei.

Na prática, o passado está recheado de episódios em que empréstimos compulsórios

só foram devolvidos após muito tempo.

Segundo leciona Ives Gandra da Silva Martins73

No Brasil, como os empréstimos a esse título não tiveram nem caráter de controle nem foram destinados à absorção temporária do poder aquisitivo, sempre se revestiram de notória inconstitucionalidade, até porque lançados apenas para aumentar a arrecadação de um tesouro em permanente exaustão, à falta de uma política tributária coerente e de uma lógica política administrativa.

Atualmente, o Empréstimo Compulsório serve para atender a situações excepcionais,

só podendo ser instituído pela União para atender às despesas extraordinárias decorrentes de

calamidade pública, guerra externa ou sua iminência, conforme artigo 148, inciso I, da

Constituição Federal de 1988.

2.4.3 Princípios Constitucionais Tributários de Proteção Ambiental

A subordinação que o Estado impõe aos seus tutelados, por via de um conjunto de

leis, tem como principal função a organização da vida em sociedade, em que a liberdade e a

igualdade só serão exercidas a partir da tutela dos direitos pelo ordenamento jurídico pátrio.

A ordem econômica constitucionalmente instituída deve observar o conjunto

normativo, não podendo priorizar, a todo custo, o desenvolvimento econômico, sobrepondo-o

a princípios que norteiam e tutelam o mundo jurídico e todas as gerações de direitos.

73 MARTINS, Ives Gandra da Silva. Curso de Direito Tributário. 7 ed. São Paulo: Saraiva, 2000, p. 485.

Page 53: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

53

Para o tema proposto, não há uma necessidade do trato de todos os princípios

tributários e ambientais, mas serão considerados aqueles diretamente ligados à pesquisa

proposta, qual seja, a tributação ambiental.

Ao aplicador do direito cabe o dever de interpretar os preceitos legais, identificando

princípios e normas que orientam sua criação. Em se tratando de tributação, não será

diferente: as competências positivas e negativas devem estar de acordo com princípios e

normas pré-constituídas.

Nesse sentido, Alexandre Macedo Tavares74 apresenta:

No que diz respeito às limitações de ordem jurídica, e ao que verdadeiramente nos interessa, encontram-se estruturalmente encartadas na Lei Maior sob a forma de princípios (explícitos ou implícitos) e/ou hipóteses de não-incidências constitucionalmente qualificadas (imunidades tributárias), voltadas, essencialmente, à regulamentação das limitações constitucionais ao poder de tributar.

No exercício do poder de tributar, o Estado pode exigir de seus tutelados subsídios

para o desempenho de suas atribuições, não sendo esse poder absoluto, devendo o

cumprimento fica sujeito a limites de garantias prescritas aos contribuintes.

A constituição impõe obediência a princípios, estabelecendo limites ao poder de

tributar, e, nesse sentido, tem-se o princípio da legalidade.

Com fundamento no artigo 5º, inciso II75 e no artigo 150, inciso I76 da Constituição

Federal, o Princípio da Legalidade preconiza a igualdade de trato que deve ser dispensado a

todos os cidadãos, devendo estes fazer ou deixar de fazer coisas que estão previstas em lei. O

texto legal referido estabelece que é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos

Municípios exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça, limitando o poder de tributar

do Estado à segurança jurídica.

Causaria insegurança jurídica permitir que a administração pública tivesse total

liberdade na criação e aumento dos tributos, sem garantia alguma que protegesse os cidadãos

74 TAVARES, Alexandre Macedo. Fundamentos de Direito Tributário. 4 ed. São Paulo: Saraiva, 2009, p.13. 75 Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: [...] II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei. 76 Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça.

Page 54: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

54

contra os excessos cometidos. De acordo com os ensinamentos de Luiz Felipe Silveira

Difini77:

O Princípio é muito antigo. Sua origem remota é a Magna Carta Inglesa, de 1215, que os barões impuseram a João Sem-Terra. Lá estava expresso que nenhum tributo poderia ser exigido sem prévia aprovação dos barões.

Sobre o mesmo tema, Bernardo Ribeiro de Moraes78 comenta: “Segundo diversos

autores, o princípio da legalidade tributária defende o patrimônio privado contra possíveis

atos arbitrários da administração pública”.

O entendimento que se deve ter, diante do texto constitucional, é da lei em sentido

estrito, ou seja, de uma norma jurídica aprovada pelo legislativo e sancionada pelo executivo,

diferentemente daquela em sentido amplo, que se entende como qualquer norma jurídica

emanada do Estado que obriga a coletividade.

Cabe pontuar as exceções ao Princípio da Legalidade tributária, que, previstas no

artigo 153, I, II, IV, V79, da Constituição Federal, especifica os casos em que é facultado ao

Poder Executivo alterar as alíquotas por meio da publicação de um decreto.

Para que o Estado possa tributar, a legislação constitucional estabeleceu competências

delegando a cada ente da federação os limites de atuação que deverão obedecer.

Quanto ao Princípio da Competência, deve-se ressaltar que o termo competência

tributária não se confunde com poder tributário, ainda que haja conexidade entre eles. Com a

competência tributária tem-se a manifestação da autonomia da pessoa política, diante de uma

imposição constitucional.

Hugo Machado de Brito80 conceitua Princípio da Competência nos seguintes termos:

O princípio da competência é aquele pelo qual a entidade tributante há de restringir sua atividade tributacional àquela matéria que lhe foi constitucionalmente destinada. Já sabemos que a competência tributária é o

77 DIFINI, Luiz Felipe Silveira. Manual de direito Tributário. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2008, p. 73. 78 MORAES, Bernardo Ribeiro de. Doutrina e Prática das Taxas. 2 ed. São Paulo: Quartier Latin do Brasil, 2007, p. 264. 79 Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: I - importação de produtos estrangeiros; II - exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados; [...] IV - produtos industrializados; V - operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários; [...] § 1º - É facultado ao Poder Executivo, atendidas as condições e os limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas dos impostos enumerados nos incisos I, II, IV e V. 80 MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário. 29. ed. São Paulo: Malheiros, 2008, p. 40.

Page 55: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

55

poder impositivo juridicamente delimitado, e, sendo o caso, dividido. O princípio da competência obriga a que cada entidade tributante se comporte nos limites da parcela de poder impositivo que lhe foi atribuída. Temos um sistema tributário regido, no qual as entidades dotadas de competência tributária têm, definido pela constituição, o âmbito de cada tributo, vale dizer, a matéria de fato que pode ser tributada.

Vale identificar que a expressão competência tributária pode ser apresentada como

sendo o poder, atribuído pela constituição federal, observadas as normas gerais de Direito

Tributário, de cobrar e fiscalizar o tributo, compreendendo a competência legislativa

regulamentar.

Assim, conceitua-se competência tributária como a parcela do poder de tributar

conferida pela Constituição Federal a cada ente político em seus territórios.

Diante do exercício da atividade estatal, os atos discricionários deverão estar

monitorados e submetidos a um controle para que não ocorram desvios de finalidades das

imposições ou restrições. É nesse sentido que os Princípios da Razoabilidade e da

Proporcionalidade atuam, controlando os atos discricionários do administrador81.

No exercício da competência tributária, as bases de cálculo e todas as influências para

o efetivo lançamento de tributos devem estar amparadas pela proporcionalidade e

razoabilidade, que, para Eduardo de Moraes Sabbag82, se traduz nos seguintes termos:

A técnica da proporcionalidade – obtida pela aplicação de uma alíquota única sobre uma base tributável variável - é um instrumento de justiça fiscal “neutro”, por meio do qual se busca realizar o princípio da capacidade contributiva. Vale dizer que a técnica induz que o desembolso de cada qual seja proporcional à grandeza da expressão econômica do fato tributado.

A aplicação do Princípio da Razoabilidade contribui de forma pontual à obediência ao

princípio da capacidade contributiva, objetivando, no mundo jurídico tributário, a efetiva

justiça tributária e a proporcionalidade nos meios aplicados pelo gestor público.

O Princípio da Progressividade deveria estar presente em todos os impostos, para que

efetivamente a capacidade contributiva de cada um seja respeitada, sem comprometer os

limites financeiros.

Cabe esclarecer que é por meio da progressividade fiscal ou extrafiscal que são

atribuídos valores aos tributos. Para Eduardo de Moraes Sabbag83, as exações se expressam

da seguinte forma: 81 ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Direito Administrativo Descomplicado. 17 ed. Rio de Janeiro: Método, 2009, p. 207. 82 SABBAG, Eduardo de Moraes. Manual de Direito Tributário. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2010, p.174.

Page 56: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

56

A progressividade traduz-se em técnica de incidência de alíquotas variadas, cujo aumento se dá a medida que se majora a base de calculo do gravame. O critério da progressividade diz com o aspecto quantitativo, desdobrando-se em duas modalidades: a progressividade fiscal e a progressividade extrafiscal. A primeira alia-se ao brocardo “quanto mais se ganha, mais se

paga“, caracterizando pela finalidade meramente arrecadatória [...]. A segunda, por sua vez, fia-se à modulação de condutas, no bojo do interesse regulatório”.

Vale identificar, neste momento, a progressividade extrafiscal, que se encontra

presente em diversos tributos, por meio de incentivos ou, ainda, criando imposições àquelas

pessoas que, de alguma forma, desviam a finalidade essencial de algum produto ou atividade

econômica.

A progressividade ainda não é aplicável a todos os tributos, conforme Luiz Felipe

Silveira Difini84 relata:

O Supremo Tribunal Federal vem decidindo, porém que a progressividade não é, entre nós, um princípio aplicável à generalidade dos tributos, sendo necessária autorização constitucional expressa para sua aplicação a cada tributo (REs 386.098/MT,227.033/SP, 234.105/SP, 225.132/RS e 229.457/SP, entre outros).

A constituição traz a possibilidade de progressividade nos Imposto de Renda,

Territorial Rural e Predial Territorial Urbano.

O Princípio da Não Cumulatividade, previsto na lei tributária, possibilita a

compensação por parte do comerciante das operações ocorridas anteriormente.

Para Aliomar Baleeiro85, a não cumulatividade assim se apresenta: “[...] o contribuinte

(comerciante) deve compensar, com o imposto incidente sobre as operações que realizar, o

imposto relativo às compras por ele efetuadas”. A cobrança do imposto é somente sobre o

valor que acresceu o preço da mercadoria, sendo vedado o efeito cascata da tributação. Assim,

cabe ao consumidor final suportar a tributação do produto consumido, cabendo ressaltar que,

tanto no IPI como no ICMS, o imposto não se dará cumulativamente.

A Constituição Federal, que objetiva a justiça tributária, tem como finalidade a

preocupação com a capacidade contributiva de cada cidadão, utilizando-se dos princípios

constitucionais como meio para delimitar a cobrança excessiva sobre algumas pessoas e para

determinados produtos.

83 SABBAG, Eduardo de Moraes. Manual de Direito Tributário. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2010, p.160. 84 DIFINI, Luiz Felipe Silveira. Manual de direito Tributário. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2008, p. 89. 85 BALEEIRO, Aliomar. Direito Tributário Brasileiro. 11 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2010, p.336.

Page 57: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

57

O Princípio da Seletividade tem como objetivo atribuir alíquotas diferentes para

produtos de acordo com a essencialidade de cada um.

Os produtos de primeira necessidade, tidos como essenciais para a sobrevivência

humana, terão tratamento diferenciado, em detrimento dos produtos considerados supérfluos.

Eduardo de Moraes Sabbag86 apresenta que a seletividade é:

Como mais um meio de exteriorização do postulado da capacidade contributiva, a seletividade é técnica de incidência de alíquotas, que variam na razão inversa da essencialidade do bem (maior alíquota – bem menos essencial) ou, em outras palavras, na razão direta da superfluidade do bem (maior alíquota – bem mais supérfluo).

Cabe esclarecer que produtos como arroz, feijão, dentre outros terão tratamento

diferenciado em relação a bebidas alcoólicas e cigarros ou ainda, pode-se dizer que a

essencialidade terá grande influência na preservação do ambiente, desestimulando o consumo

de produtos nocivos à saúde e ao ecossistema.

Ao passar por princípios que impõem a necessidade da edição de lei para instituir

tributos e do cumprimento dos limites de competência para exercer o poder de tributar, faz-se

de suma importância apresentar princípios constitucionais ambientais que deverão ser

considerados para nortear qualquer lei ou ato administrativo que visem à proteção do

ecossistema.

Num primeiro giro, o Princípio da Função Socioambiental da Propriedade norteia as

áreas urbanas e rurais de propriedade privada; na esfera urbana, os requisitos e o cumprimento

das funções sócio-ambientais caberão aos planos diretores municipais, estando obrigados a tê-

los aqueles municípios que possuírem população superior a 20.000 habitantes.

Para que o proprietário rural demonstre a função social da propriedade, é necessário

que estejam presentes requisitos estabelecidos em lei, como bem demonstra Fabiano Melo

Gonçalves de Oliveira87·:

a) aproveitamento racional e adequado; b) utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente; c) observância das disposições que regulam as relações de trabalho; d) exploração que favoreça o bem estar dos proprietários e dos trabalhadores.

86 SABBAG, Eduardo de Moraes. Elementos do Direito Tributário. 10. ed. São Paulo: Premier, 2009, p.43. 87 OLIVEIRA, Fabiano Melo Gonçalves de. Direito Ambiental. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2009, p.44.

Page 58: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

58

Como dispõe o artigo 186 da Constituição Federal, a função social da propriedade

rural só é atingida se seguir com integralidade estes três aspectos:

a) aspecto econômico, com o aproveitamento racional e adequado; b) aspecto ambiental, utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente; c) aspecto social, com observância das disposições que regulam as relações de trabalho e a exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores. 88

O direito à propriedade de áreas rurais será fruto da obediência aos requisitos legais

mencionados, cabendo ressaltar que o aspecto ambiental tem um papel importante no legítimo

reconhecimento da função social da propriedade rural.

No mundo globalizado, pensar em propriedade privada é pensar em preservação

ambiental, e, diante de tal afirmação, Paulo Afonso Leme Machado89 acrescenta:

[...] A fruição da propriedade não pode legitimar a emissão de poluentes que vão invadir a propriedade de outros indivíduos. O conteúdo da propriedade não reside em um só elemento. Há o elemento individual que possibilita o gozo e o lucro para o proprietário. Mas outros elementos aglutinam-se a esse: além do fator social, há o componente ambiental.

A responsabilidade dos proprietários de áreas rurais relaciona de forma direta a

produtividade com preservação ambiental, e, para que se cumpra a função social da

propriedade, deverá necessariamente haver uma adequada utilização dos recursos naturais.

A proteção ambiental, tanto em áreas urbanas quanto em áreas rurais, é um direito

fundamental protegido constitucionalmente, cabendo aos poluidores ou destruidores a

responsabilidade sobre os danos que causarem, tanto na reparação quanto no pagamento de

multas pecuniárias.

Neste momento, há que se ressaltar o Princípio do Poluidor Pagador, que visa em,

primeiro momento, impor ao poluidor o dever de arcar com as despesas em relação aos danos

que sua atividade possa ocasionar ao meio ambiente.

Em outro momento, visaria atribuir ao poluidor, a responsabilidade de reparar o dano

causado.

88 BRASIL. Constituição (1.988). Disponível em: <www.planalto.gov.br>. Acesso em: 01 fev. 2.011. 89 MACHADO, Paulo Afonso Leme. 2004, 12.ed.,p.127 apud SILVA, Anderson Furlan Freire da. Direito Ambiental. 1 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2010, p.115.

Page 59: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

59

Para Paulo Afonso Leme Machado90, existe uma controvérsia diante desse tema, como

comenta:

Este princípio reclama atenção. Não traz indicativo “pagar para poder poluir”, “poluir mediante pagamento” ou “pagar para evitar a contaminação”. Não se podem buscar através dele formas de contornar a reparação do dano, estabelecendo-se uma liceidade para o ato poluidor, como se alguém pudesse afirma: “poluo, mas pago”.

Nesse caso, a responsabilidade do poluidor estaria contrariando o próprio artigo 225

da Constituição Federal, no seu § 3º, pois o pagamento resultante da poluição não possui

caráter de pena nem de infração administrativa. Tem este princípio caráter econômico,

cautelar e preventivo, trazendo, para o poluidor ou àquele potencial poluidor, os custos

ambientais. Essa obrigatoriedade encontra apoio legal na Declaração do Rio/9291, no 16º

Princípio:

Tendo em vista que o poluidor deve, em princípio, arcar com o custo decorrente da poluição, as autoridades nacionais devem procurar promover a internacionalização dos custos ambientais e o uso de instrumentos econômicos, tendo em vista a abordagem segundo a qual o poluidor deve, em princípio, arcar com o custo da poluição, com a devida atenção ao interesses público e sem provocar distorções no comércio e nos investimentos internacionais.

A partir desse princípio, pode-se afirmar que o poluidor deverá arcar com os prejuízos

provocados, devendo atender aos interesses públicos, podendo-se observar que esse princípio

pode se apresentar tanto na forma preventiva como repressiva, no que concerne aos impactos

ambientais causados92. Quanto à forma preventiva, pode-se observar que este princípio atua

antes do dano causado. Porém, quando impossível atuar preventivamente, é necessário que o

princípio atue como repressor, exigindo do poluidor a reparação pelas agressões realizadas. A

responsabilidade por danos causados ao meio ambiente é, sem dúvida, uma das grandes

discussões no campo do Direito Ambiental, cabendo ao poluidor arcar com o prejuízo

causado ao meio ambiente da forma mais ampla possível.

Impera, em nosso sistema, a responsabilidade objetiva, em que bastam a comprovação

do dano, a autoria e o nexo causal, independentemente da existência da culpa. O Acórdão nº.

90 MACHADO, Paulo Afonso Leme. Direito Ambiental Brasileiro. São Paulo: Malheiros, 1992, p. 208. 91LOBATO, Anderson Orestes Cavalcanti; ALMEIDA, Gilson César Borges de. Direito Tributário Ambiental. São Paulo: Malheiros, 2005, p.629. 92 Op. Cit.

Page 60: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

60

70021139134 do Tribunal de Justiça do RS - Segunda Câmara Cível, de 25 de Fevereiro de

2009, demonstra:

APELAÇÃO CÍVEL. CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. RESPONSABILIDADE CIVIL POR DANO AMBIENTAL. QUEIMA DE CAMPO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. MULTA COMPENSATÓRIA. OBRIGAÇÃO DO CAUSADOR DO DANO. PRINCÍPIO DO POLUIDOR PAGADOR. PROCEDÊNCIA NA ORIGEM. IMPROVIMENTO EM GRAU RECURSAL. 1. Ante a incidência ao meio ambiente do instituto da responsabilidade civil objetiva, estando comprovada a existência do dano e o nexo de causalidade, exsurge a obrigação de reparar, sendo de todo desnecessária a prova da culpa. 2. Incontroverso o dano e ausente precauções no guarnecer a propriedade, comprovado, primeiro, porque sobre a propriedade não residia ninguém: a requerida não tem capataz e não mora ninguém sobre a propriedade (fl. 132); segundo, porque o campo incendiado estava necessitando de roçada, tanto que havia tratado com vizinho para executar o serviço: trabalho que restou prejudicado em razão da queimada (fl. 133); e terceiro, porque não haviam aceiros (fls. 131/133), circunstâncias que contribuíram para que a queimada ocorresse, autoriza a responsabilização da proprietária pela conduta omissiva. 3. Não há que se falar em nulidade do auto de infração por ausência de assinatura da proprietária do imóvel, uma vez que não se questiona a existência do fato (queima do campo), nem o local onde a queimada se deu (imóvel de propriedade da ré). RECURSO DESPROVIDO. (Apelação Cível Nº 70021139134, Segunda Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Arno Werlang, Julgado em 25/02/2009). 93

Cumpre destacar que o acesso aos recursos naturais é direito de todos, sendo que

poluidor que usa gratuitamente o ambiente natural, para nele lançar seus poluentes, invade a

propriedade de todos os outros que não poluem. Nesse sentido, pode-se afirmar que o meio

ambiente ecologicamente equilibrado é um direito de todos, cabendo ao poluidor adotar

medidas para que evite o dano, e repará-lo caso ocorra, pois é premissa inafastável para uma

existência humana digna.

A complementar o Princípio do Poluidor-Pagador, vale identificar a atuação do

Princípio do Usuário-Pagador, sendo visto ainda, por alguns doutrinadores, como um único

princípio. A base legal desse princípio encontra-se prevista na lei 6.938/1981, em seu artigo

4º, inciso VII, sendo um dos objetivos da política nacional do meio ambiente. A legislação

citada determina, ao usuário de recursos ambientais, que sua utilização ensejará cobrança.

93 RIO DE JANEIRO (Estado), Acórdão Nº. 70021139134 de Tribunal de Justiça do RS - Segunda Câmara Cível, de 25 Fevereiro 2009. Disponível em: <.http://br.vlex.com/vid/55544400>. Acesso em: 22/08/2010.

Page 61: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

61

Com a finalidade de valorar economicamente os recursos naturais, para que assim seja

evitado o desperdício ou mau zelo pela utilização, o “custo zero” deve ser evitado, pois, dessa

forma, a utilização será de forma excessiva94. Entretanto, para sua efetivação, a cobrança

deverá ter previsão legal, demonstrando, assim, a legalidade do princípio, um exemplo é a

cobrança do IPTU ou ITR, que são impostos pagos pela utilização do solo95.

É pacífico, entre os doutrinadores que medidas punitivas não representam a melhor

opção para a manutenção do equilíbrio natural.

Nesse sentido, o Princípio da Precaução constitui-se em um dos principais

orientadores das políticas ambientais, além de servir de base para a estruturação do direito

ambiental. Previsto no art. 225 da Constituição Federal, foi consagrado, pela Rio/92, como

conduta básica para a proteção do meio ambiente.

Paulo Afonso Leme Machado96 esclarece que:

A implementação do princípio da precaução não tem por finalidade imobilizar as atividades humanas. Não se trata da precaução que tudo impede ou que em tudo vê catástrofes ou males. O principio da precaução visa à durabilidade da sadia qualidade de vida das gerações humanas e à continuidade da natureza existente no planeta.

É com base nesse princípio que o Poder Público pode exigir do empreendedor a apresentação

prévia de Estudo de Impacto Ambiental (EIA), que pressupõe o controle preventivo de danos

ambientais. Uma vez constatado o perigo, deve-se ponderar sobre os meios de evitar ou minimizar o

prejuízo. Para Anderson Furlan e William Fracalossi 97:

[...] O princípio da precaução deve ser aplicado como elemento norteador de todas as condutas potencialmente lesivas ao meio ambiente. Seja como resultado da fiscalização estatal, seja como elemento de decisão dos poderes públicos e particulares diante da incerteza do risco ambiental.

Para melhor assinalar, cabe ao Poder Público exigir, na forma da lei, para a instalação

de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente,

estudo prévio de impacto ambiental, devendo-se dar publicidade ao estudo. Nele, avaliam-se

todas as obras e todas as atividades que possam causar degradação.

94 OLIVEIRA, Fabiano Melo Gonçalves de. Direito Ambiental. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2009, p. 48 95 Op. Cit. p. 49 96 MACHADO, Paulo Afonso Leme. Direito Ambiental Brasileiro. São Paulo: Malheiros, 2001, p. 56. 97 FURLAN, Anderson; FRACALOSSI, William. Direito Ambiental. 1 ed., Rio de Janeiro: Forense, 2010, p. 106.

Page 62: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

62

O texto Constitucional ratificou o disposto na lei nº. 6.938/81 art. 9º, III, que prevê a

avaliação dos impactos ambientais como instrumento da Política Nacional de Meio Ambiente.

Posteriormente, o decreto nº. 88.351, de 1983, regulamentou a referida lei e determinou que o

EIA deveria ser realizado segundo critérios básicos, a serem estabelecidos pelo CONAMA, o

que viria a ocorrer em 1986, por meio da sua Resolução 001/86.

Em 1.990, o CONAMA publicou o decreto nº. 99.274, que veio estabelecer os

critérios para Execução da Política Nacional do Meio Ambiente, atribuindo competências aos

diferentes níveis de governo. Com a publicação da Resolução 237/97, o CONAMA define, de

forma mais detalhada, a competência de cada ente de governo e traz, com maiores detalhes, os

critérios para o procedimento de licenciamento ambiental, licença ambiental, estudos

ambientais e impacto ambiental regional98. É de se ressaltar que, por esse princípio, não é

exigida a certeza científica da possibilidade da ocorrência do dano ambiental. Ainda que não

possa ser mensurado, o risco deve ser evitado, preservando o meio ambiente, ou seja, in dúbio

pro meio ambiente.

Quanto ao Princípio da Prevenção, constitui-se em um dos orientadores das políticas

ambientais. Funda-se no antever um resultado danoso e estabelecer condutas que impeçam ou

minimizem tais resultados. Nesse sentido, afirma Fabiano Melo Gonçalves de Oliveira “[...]

que o direito ambiental não pode ser concebido pela ótica reparadora, que o tornaria um

direito inócuo” 99. Por essa razão, o art. 225, IV da Constituição Federal, prevê o estudo

prévio de impacto ambiental, em que será possível identificar previamente os prováveis

efeitos que determinada atividade venha trazer.

98 RESOLUÇÃO Nº. 237, DE 19 DE dezembro DE 1997, Art. 1º - Para efeito desta Resolução são adotadas as seguintes definições: I - Licenciamento Ambiental: procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental competente licencia a localização, instalação, ampliação e a operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais , consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental, considerando as disposições legais e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso. II - Licença Ambiental: ato administrativo pelo qual o órgão ambiental competente, estabelece as condições, restrições e medidas de controle ambiental que deverão ser obedecidas pelo empreendedor, pessoa física ou jurídica, para localizar, instalar, ampliar e operar empreendimentos ou atividades utilizadoras dos recursos ambientais consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou aquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental. III - Estudos Ambientais: são todos e quaisquer estudos relativos aos aspectos ambientais relacionados à localização, instalação, operação e ampliação de uma atividade ou empreendimento, apresentado como subsídio para a análise da licença requerida, tais como: relatório ambiental, plano e projeto de controle ambiental, relatório ambiental preliminar, diagnóstico ambiental, plano de manejo, plano de recuperação de área degradada e análise preliminar de risco. IV – Impacto Ambiental Regional: é todo e qualquer impacto ambiental que afete diretamente (área de influência direta do projeto), no todo ou em parte, o território de dois ou mais Estados. 99 OLIVEIRA, Fabiano Melo Gonçalves de. Elementos do Direito, v. 15, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2009, p.45.

Page 63: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

63

Para Paulo Affonso Leme Machado100, a importância do princípio da prevenção

consiste em antever uma situação de danos ao meio ambiente e adotar as medidas capazes de

evitar sua consumação, e, nesse sentido, preleciona: “O dever jurídico de evitar a consumação

de danos ao meio ambiente vem sendo salientado em convenções, declarações e sentenças de

tribunais internacionais, como na maioria das legislações internacionais”.

Os danos causados ao ecossistema, na maioria das vezes, são irreversíveis e

irreparáveis.

O princípio 15 da Declaração do Rio de Janeiro sobre o Meio Ambiente dispõe:

Com o fim de proteger o meio ambiente, o princípio da precaução deverá ser amplamente observado pelos Estados, de acordo com suas capacidades. Quando houver ameaça de danos graves ou irreversíveis, a ausência de certeza científica absoluta não será utilizada como razão para o adiamento de medidas economicamente viáveis para prevenir a degradação ambiental.101

A política da prevenção deve efetivar-se por meio de uma consciência ecológica e terá

de ser desenvolvida por via de uma política de educação ambiental, voltada à formação de

agentes multiplicadores, tendo como meta da qualidade de vida almejada por toda sociedade.

O Princípio da Prevenção deve ser considerado o mais importante do Direito

Ambiental, pois a prevenção é preceito fundamental, já que muitas vezes os danos causados

ao meio ambiente não serão passíveis de reparação. A prevenção e a preservação devem partir

de uma consciência ecológica, por meio de uma política de educação ambiental, o que

propiciará um grande sucesso no combate preventivo dos danos.

Vale identificar a efetiva contribuição da Tributação Ambiental extrafiscal na proteção

ambiental, tendo no ICMS Ecológico como um dos tributos mais eficientes na preservação do

ecossistema.

Quanto à aplicabilidade do Princípio da Prevenção, Celso Antonio Pacheco Fiorillo102

relata:

Sob o prisma da Administração, encontramos a aplicabilidade do princípio da prevenção por intermédio das licenças, das sanções administrativas, da fiscalização e das autorizações, entre outros tantos atos de Poder Público, determinantes da sua função ambiental de tutela do meio ambiente.

100 MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental Brasileiro, 9. ed., São Paulo: Malheiros, 2001, P. 67. 101 BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Disponível em: < www.ana.gov.br>. Acesso em 20 fev. 2011. 102 FIORILLO, Celso Antonio Pacheco. Curso de Direito Ambiental Brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2006, p. 41.

Page 64: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

64

A efetiva prevenção do dano também deverá ser exercida pelo Estado, a partir de seu

caráter fiscalizatório e na correta aplicação das sanções àqueles poluidores, que, dessa forma,

estarão sendo desestimulado em suas ações.

Ao Estado está vinculada a função de preservar os recursos naturais, por meio de

sanções e de estímulos, na busca por um desenvolvimento econômico sustentável.

O Princípio do Desenvolvimento Sustentável vem nortear o crescimento da economia

sem abandonar as preocupações com a preservação ambiental.

O desenvolvimento sustentável deve ser entendido a partir da preservação dos

recursos naturais, impondo aos homens a responsabilidade pela exploração de tais recursos.

Para Paulo Affonso Leme Machado103, “[...] O homem não é a única preocupação do

desenvolvimento sustentável. A preocupação com a natureza deve também integrar o

desenvolvimento sustentável”.

A atividade humana, seja na produção ou na exploração dos recursos, deverá estar em

consonância com os ditames legais, como explica Luis Paulo Sirvinskas104: “[...] Tal princípio

procura conciliar à proteção do meio ambiente com o desenvolvimento socioeconômico para

a melhoria da qualidade de vida do homem”.

O desenvolvimento sustentável tem por conteúdo a manutenção das bases vitais da

produção e reprodução do homem e de suas atividades. O modo de vida e de produção

adotado terá influência diretamente no ambiente, cujos reflexos terão como consequência as

alterações no modo de vida futura.

Ao homem não basta viver em sociedade, é preciso viver com dignidade, como

expressam as palavras de Anderson Furlan e Willian Fracalossi105: “a dignidade refere-se não

apenas aos valores do espírito, mas também às condições de subsistência”. O princípio da

ubiquidade, para o Direito Ambiental, está relacionado com colocar as questões ambientais no

epicentro dos Direito Humanos e, sobretudo, impor aos empreendimentos econômicos a

obrigatoriedade de obediência aos ditames da legislação.

A análise ambiental deverá ser sempre uma prévia para os projetos, decisões,

planejamentos e políticas econômicas, pois a ótica ambiental antecede as questões

econômicas. Exemplos disso ocorrem na Lei Orçamentária Anual106.

103 MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental Brasileiro, 9ª ed., São Paulo: Malheiros, 2001, P. 44. 104 SIRVINSKAS, Luis Paulo. Manual de Direito Ambiental, 8ª ed., São Paulo: Saraiva, 2010, p 122. 105 FURLAN, Anderson; FRACALOSSI, William. Direito Ambiental. 1. ed., Rio de Janeiro: Forense, 2010, p. 149. 106 OLIVEIRA, Fabiano Melo Gonçalves de. Direito Ambiental. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2009, p. 51

Page 65: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

65

Nesse sentido assegura a aplicabilidade do artigo o Princípio 17º da declaração do

Rio:

A avaliação do impacto ambiental, como instrumento nacional, será efetuada para as atividades planejadas que possam vir a ter um impacto adverso significativo sobre o meio ambiente e estejam sujeitas à decisão de uma autoridade nacional competente.

Com a aplicabilidade do princípio da ubiquidade e de acordo com o principio 17º da

declaração do Rio, a autoridade competente decidirá, após as devidas avaliações de possíveis

impactos ambientais, se as atividades econômicas apresentadas poderão ou não ser

autorizadas.

Para Celso Antonio Pacheco Fiorillo107, a ubiquidade é uma forma de proteção à vida

e sua qualidade:

Este princípio vem evidenciar que o objeto de proteção do meio ambiente, localizado no epicentro dos direitos humanos, deve ser levado em consideração toda vez que uma política, atuação, legislação sobre qualquer tema, atividade, obra etc., tiver que ser criada e desenvolvida. Isso porque, na medida em que possui como ponto cardeal de tutela constitucional a vida e a qualidade de vida, tudo que se pretende fazer, criar ou desenvolver deve antes passar por uma consulta ambiental, enfim, para saber se há ou não a possibilidade de que o meio ambiente seja degradado.

Em todos os casos de criação de novas atividades comerciais ou industriais, antes de

sua instalação deverá ser observado se essa atividade será ou não prejudicial ao meio

ambiente. O princípio da ubiquidade submete todos aqueles que buscam o crescimento

econômico a uma avaliação prévia para seu funcionamento.

Em que pese a sustentabilidade, o princípio do equilíbrio atua diante da necessidade

de avaliação das intervenções, buscando-se mensurar os riscos ao meio ambiente e quais as

medidas de controle efetivo a serem adotadas, levando-se em conta os aspectos ambientais,

econômicos e sociais.

O princípio do equilíbrio é voltado para a administração pública, que tem como

função sopesar todas as implicações que podem ser desencadeadas por determinada

intervenção no meio ambiente, devendo adotar a solução que busque alcançar o

desenvolvimento sustentável.

107 FIORILLO, Celso Antonio Pacheco. Curso de Direito Ambiental Brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2006, p. 45.

Page 66: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

66

Nesse sentido, pode-se observar que o dever de restauração do equilíbrio ambiental

vai além da conduta ativa do sujeito, ficando patente quando o agente é obrigado a reparar um

bem ambiental em que não foi causador do seu desequilíbrio, como ocorre nos casos em que o

adquirente de propriedade sem a reserva legal é responsabilizado pela sua restauração.

Todo ser humano tem o direito de possuir uma condição de vida com qualidade, viver

em um ambiente equilibrado e sadio.

Para Fabiano Melo Gonçalves de Oliveira108, o equilíbrio:

[...] é o princípio que dispõe que todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida. Este princípio é a matriz do direito ambiental, elevado em nível Constitucional e Infraconstitucional

É o típico direito de terceira geração, pois incumbe, ao Estado e à própria

coletividade, a obrigação de preservar e defender o meio ambiente para as presentes e futuras

gerações.

Pode-se então definir, como meio ambiente ecologicamente equilibrado, um meio

ambiente sem poluição, com salubridade e higidez, com isso garantindo o direito à vida e,

mais ainda, uma vida com qualidade onde seja respeitada a dignidade humana.

Estando demonstrada a necessidade do equilíbrio, o princípio da responsabilidade

social pressupõe que, tanto para pessoas físicas quanto jurídicas, por ação ou omissão, será

atribuída a responsabilidade nos âmbitos administrativo, criminal e cível, impondo-se ao

agente causador do dano o dever de reparação.

Assim, o princípio da responsabilidade social tem o condão de punir os causadores de

danos ambientais.

Diante da responsabilidade, Celso Antonio Pacheco Fiorillo109 comenta: “[...] a

responsabilidade civil pelos danos causados ao meio ambiente é do tipo objetiva, em

decorrência de o art. 225, § 3º, da Constituição Federal”.

No âmbito do Direito Civil, para a configuração da responsabilidade, a culpa ou o

dolo é elemento fundamental, vez que sua configuração se dá de modo subjetivo, enquanto

que, no direito ambiental, a responsabilidade pelos danos é de modo objetivo, ou seja,

independe da vontade do agente, bastando apenas a ocorrência do dano. Assim, diante do

conceito de alguns dos princípios relacionados ao mundo tributário e ambiental, há de se

108OLIVEIRA, Fabiano Melo Gonçalves de. Direito Ambiental. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2009, p. 42. 109 FIORILLO, Celso Antonio Pacheco. Curso de Direito Ambiental Brasileiro, 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2006, p. 47.

Page 67: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

67

assinalar a prevenção como um dos mecanismos mais eficazes para a conservação do meio

ambiente equilibrado e sustentável, sem gerar qualquer precedente negativo ao ecossistema,

que, por se tratar de um direito difuso, torna difícil mensurar-se a dimensão dos danos a ele

acusado.

2.5 TRIBUTAÇÃO AMBIENTAL NA PRESERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE

A Tributação Ambiental, quanto aos seus conceitos, aplicabilidade e finalidade, está

diretamente ligada à idéia de desenvolvimento econômico, à globalização e, principalmente,

ao cumprimento Constitucional de propiciar à presente e às futuras gerações um meio

ambiente equilibrado e sustentável.

Exercer o poder de tributar, a partir das competências previstas, faz com que o Estado

tenha recursos para executar seus serviços e movimentar a máquina administrativa.

O caráter extrafiscal faz dos tributos ambientais um instrumento valoroso na

preservação ambiental.

Os países membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento

Econômico (OCDE) apresentam pesquisas que incentivam a utilização de tributos ambientais

como meios eficazes na busca da sustentabilidade.

Anderson Lobato e Gilson Almeida110 apontam:

Estatísticas da OCDE apontam que em 1989 existiam cerca de 81 imposições tributárias incidindo direta ou indiretamente na proteção do meio ambiente. Esse número, em meados dos anos 90, no Canadá, na Dinamarca, Finlândia e Noruega, países que decididamente investiram no emprego de tais instrumentos, representava 95 tributos ambientais. Nesse período agregando-se as exações já existentes na Áustria, Holanda, no reino Unido, na Suécia, Suíça e no Japão, chega-se a 176 espécies tributárias ambientais. Constata-se assim uma elevação quantitativa no número de tributos ambientais existentes, como também a presença de um considerável ingresso de receita tributária que passa a integrar o orçamento dos países desenvolvidos Como decorrência da utilização do tributo ambiental, diversos países implantaram reformas nos seus sistemas tributários com características nitidamente ambientais [...].

Atuando contra as externalidades negativas, percebe-se a utilização dos tributos

ambientais por países desenvolvidos com resultados práticos eficazes na proteção ambiental.

110 LOBATO, Anderson O. C.; ALMEIDA, Gilson C. B.. Tributação Ambiental: Uma Contribuição ao Desenvolvimento Sustentável. In TÔRRES, Heleno Taveira (Org). Direito Tributário Ambiental. São Paulo: Malheiros, 2005, p.633.

Page 68: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

68

No Brasil, a metodologia referenciada pelos países desenvolvidos está timidamente

sendo utilizada pelo legislador, restringindo-se a alguns impostos, contribuições e taxas.

A tributação ambiental foi instituída no Brasil por via do Imposto de Renda, tendo seu

início com o advento da lei nº. 5106 de 1966, em que aquelas pessoas físicas e jurídicas que

fizessem investimentos ambientais, como o reflorestamento, seriam beneficiadas no

pagamento do imposto111.

Outros impostos, diante do seu caráter extrafiscal, também podem exercer sua função

ambiental, como é o caso do IPI, podendo se prevalecer do princípio da seletividade, do

IPVA, ITR, IPTU.

Alguns Estados brasileiros, tendo como precursor o Estado do Paraná, adotaram o

ICMS Ecológico como seu grande aliado na busca das soluções ambientais, trazendo, em seu

texto legal, um generoso repasse aos Municípios que cumprirem os requisitos impostos para a

preservação das áreas dentro de seus limites territoriais.

Cabe ressaltar que a criação dos tributos ambientais tem como objetivo dificultar o

crescimento econômico das atividades e produtos que interferem expressivamente na

conservação do ecossistema e beneficiar aqueles que, de alguma forma, contribuírem para a

diminuição da poluição.

Para Fernando Magalhães Modé112:

[...] A tributação ambiental garante ao agente econômico uma margem de manobra para adequação de sua atividade, a regra de comando (proibitiva) lhe nega qualquer possibilidade de ajuste. O caráter inflexível das normas de comando e controle acaba por valorizar a opção pela via tributária por consistir um incentivo permanente ao agente econômico, para que busque, segundo sua maior conveniência, o meio mais adequado para a redução do potencial poluidor da atividade.

Regras de controle e comando, aos poucos, estão dando lugar a novas políticas no

campo tributário. A tributação tem tomado um significativo espaço, lastreado no conceito de

tributo extrafiscal, ou seja, oferecendo incentivos para a conservação do ecossistema.

111 LOBATO, Anderson O. C.; ALMEIDA, Gilson C. B.. Tributação Ambiental: Uma Contribuição ao Desenvolvimento Sustentável. In TÔRRES, Heleno Taveira (Org). Direito Tributário Ambiental. São Paulo: Malheiros, 2005, p.635. 112 MODÉ, Fernando Magalhães. Tributação Ambiental - A Função do Tributo na Proteção do Meio Ambiente. Curitiba: Juruá, 2003, p. 85.

Page 69: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

69

A Constituição Federal não se omitiu quanto à possibilidade de instituir tributo no

ordenamento jurídico brasileiro, dispondo, em seu artigo 225, a proteção do meio ambiente

como Direito Fundamental que deverá ser garantido a todos os cidadãos.

Neste mesmo sentido, o texto constitucional, em seu artigo 170, VI reafirma a

autorização para tal exação:

Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: I - soberania nacional; II - propriedade privada; III - função social da propriedade; IV - livre concorrência; V - defesa do consumidor; VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação;[...].(destacou-se).113

A defesa do ambiente, com a possibilidade de diferenciar os produtos e serviços que

causam maior impacto ou maior risco, está ratificada na permissão dada pelo constituinte,

com a instituição da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE), conhecida

como green tax, com a finalidade de intervir diretamente na economia, destinando seus

recursos à promoção de políticas ambientais.

A competência para instituir a CIDE fica a cargo da União, podendo os Municípios e

Estados intervir no domínio econômico a partir da utilização de seus impostos de maneira

extrafiscal114.

Cabe referenciar o texto legal, que tem como destaque a discricionariedade de

tratamento de acordo com o produto e seu uso e, principalmente, relacionado ao dano que este

poderá causar. Destaca-se também a vinculação, quanto à destinação dos recursos arrecadados

pela contribuição, que deverão ser destinados à proteção do meio ambiente.

Assim, dispõe a Constituição Federal:

Art. 177. Constituem monopólio da União: [...] A Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico tem amparo legal no artigo 177, § 4º da Constituição que estabelece: § 4º A lei que instituir contribuição de intervenção no domínio econômico relativa às atividades de importação ou comercialização de petróleo e seus

113 BRASIL. Constituição (1.988). Disponível: <www.planalto.gov.br>. Acesso em: 01 fev. 2.011. 114 RIBAS, Lídia Maria Lopes Rodrigues. Defesa Ambiental: Utilização de Instrumentos em Debate. In TÔRRES, Heleno Taveira (Org). Direito Tributário Ambiental. São Paulo: Malheiros, 2005, p. 701.

Page 70: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

70

derivados, gás natural e seus derivados e álcool combustível deverá atender aos seguintes requisitos: I - a alíquota da contribuição poderá ser: a) diferenciada por produto ou uso; b)reduzida e restabelecida por ato do Poder Executivo, não se lhe aplicando o disposto no art. 150,III, b; II - os recursos arrecadados serão destinados: a) ao pagamento de subsídios a preços ou transporte de álcool combustível, gás natural e seus derivados e derivados de petróleo; b) ao financiamento de projetos ambientais relacionados com a indústria do petróleo e do gás; c) ao financiamento de programas de infra-estrutura de transportes. (destacou-se). 115

O descumprimento da finalidade imposta de uma arrecadação voltada aos

investimentos com o meio ambiente tornará esse tributo inconstitucional. Nesse contexto, terá

relevância a individualização dos custos dos danos e de possíveis danos causados pelo

poluidor.

Os impostos e as contribuições se mostram meios eficazes na busca do meio ambiente

sustentável, e, desde que obedecidas a característica da extrafiscalidade os resultados são

otimistas.

A Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental (TCFA) também faz parte desse

conglomerado de legislações que tem como objetivo central a preservação ambiental.

A TCFA, regulamentada pela lei 10.165, de 2000, ocupou o lugar da antiga Taxa de

Controle e Fiscalização Ambiental, instituída pela lei nº. 6.938/81, que foi declarada

inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, por ter apontado irregularidades pontuais em

seu texto.

Ives Gandra da Silva Martins116 enumera as carências a serem supridas nos seguintes

termos:

1) alta de definição do serviço prestado; 2) falta de especificação dos contribuintes potencialmente poluidores que deveriam ser fiscalizados; 3) falta de definição de alíquotas ou valor devido (tributo fixo), em face da expressão econômica do contribuinte, com ferimento ao principio da isonomia.

115 BRASIL. Constituição (1.988). Disponível: <www.planalto.gov.br>. Acesso em: 01 fev. 2.011. 116 MARTINS, Ives Gandra da Silva. A Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental – TCFA. In TÔRRES, Heleno Taveira (Org). Direito Tributário Ambiental. São Paulo: Malheiros, 2005.

Page 71: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

71

O novo texto legal supriu cuidadosamente as carências anteriormente apontadas,

dando-se a nova regulamentação, nos artigos 17-B,C,D,F,G,H,I,O,P,Q, dos quais se fará

menção, aqui, apenas ao 17-B, da lei 10.165/2000, que dispõe nestes termos:

Fica instituída a Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental – TCFA, cujo fato gerador é o exercício regular do poder de polícia conferido ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – Ibama para controle e fiscalização das atividades potencialmente poluidoras e utilizadoras de recursos naturais."(NR)117

Assim, com a alteração feita na Política Nacional do Meio Ambiente, o IBAMA

poderá exercer efetivamente o seu exercício regular do Poder de Polícia, com a finalidade de

controlar e fiscalizar as atividades potencialmente poluidoras e que, de alguma forma, se

utilizam dos recursos naturais.

A Tributação Ambiental, tratada nesta seção, tem como função primordial apresentar

alguns dos tributos extrafiscais, mostrando a eficácia de sua utilização como instrumento de

proteção.

Em outro giro, há de se comentar as exações por sanção de ato ilícito, previstas em lei,

que serão cobradas mediante atividade administrativa plenamente vinculada, tendo esta, uma

finalidade adversa da extrafiscalidade, fugindo das finalidades e dos objetivos até então

alcançados pela tributação.

Sobre a aplicação de sanções, a lei 9.605/98 traz o rol de penas que poderão ser

aplicadas às pessoas jurídicas, dispondo em seu artigo 21 e incisos, que:

As penas aplicáveis isolada, cumulativa ou alternativamente às pessoas jurídicas, de acordo com o disposto no artigo 3º, são: I – multa; II – restritivas de direito; III – prestação de serviços à comunidade.118

Com foco nas penas aplicáveis às pessoas jurídicas, e de acordo com a previsão legal

feita a partir do artigo 21 da lei 9.605/98, inicia-se a análise das penas, de acordo com a ordem

apresentada nos incisos. As penas de multa, se comparadas às sanções administrativas, que

podem chegar até a R$ 50.000.000,00, são consideradas irrisórias. Para que se possa ter

117 BRASIL. Lei 10165 de 27 de dezembro de 2000. Disponível: <www.planalto.gov.br>. Acesso em: 02 marc. 2.011. 118 BRASIL. Lei 9605 de 12 de fevereiro de 1998. Disponível: <www.planalto.gov.br>. Acesso em: 02 marc. 2.011.

Page 72: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

72

conhecimento da sua sistemática, é necessária a menção a dois artigos de lei, sendo um

expresso na lei 9.605/98 e outro previsto do Código Penal Brasileiro.

A lei que tem por finalidade regulamentar as sanções penais e administrativas é a

9.605/98, que em seu artigo 18, expressa: “A multa será calculada segundo critérios do

Código Penal; se revelar-se ineficaz, ainda que aplicada no valor máximo, poderá ser

aumentada em até três vezes, tendo em vista o valor da vantagem econômica auferida”.119

Esse artigo de lei nos envia ao artigo 49 e § 1º do Código Penal Brasileiro, onde se

utilizará de sua regra para aplicação da multa:

A pena de multa consiste no pagamento ao fundo penitenciário da quantia fixadas na sentença e calculadas em dias-multa. Será, no mínimo, de 10 (dez) e, no máximo, de 360 (trezentos e sessenta) dias-multa. § 1º O valor do dia-multa será fixado pelo juiz não podendo ser inferior a um trigésimo do maior salário mínimo mensal vigente ao tempo do fato, nem superior a (cinco) vezes esse salário.120

Do texto legal retiramos a imposição de que os valores de multas aplicados, em se

considerando a punição a uma empresa média ou grande, serão desprezíveis em relação ao

dano causado a interesses difusos, não se destinando, à reparação dos danos.

Diante da destinação equivocada dos valores pagos pó meio das multas, afirma-se que

a importância da aplicação de pena é inquestionável, cabendo ao legislador rever seus valores

e cuidar para que eles sejam destinados a órgãos ambientais.

Com previsão no artigo 22 da lei 9.605/98, as penas restritivas de direitos trazidas pela

legislação estão expressa primeiramente na suspensão parcial ou total de atividades. A

suspensão de atividades ocorre quando pessoas jurídicas agirem de forma contrária à

legislação e seus regulamentos. Nesse sentido temos o dispositivo infraconstitucional: “A

suspensão de atividades será aplicada quando estas não estiverem obedecendo às disposições

legais ou regulamentares, relativas à proteção do meio ambiente” 121.

Considerada uma pena que atinge de forma parcial ou total a economia da empresa,

faz-se necessária na tentativa de coibir crimes ambientais praticados por pessoas jurídicas. Por

falta de legislação que apresente o período de suspensão, cabe ao juiz determinar de acordo

com o dano.

119 BRASIL. Lei 9605 de 12 de fevereiro de 1998. Disponível: <www.planalto.gov.br>. Acesso em: 02 marc. 2.011. 120 BRASIL. Código Penal Brasileiro. Disponível: <www.planalto.gov.br>. Acesso em: 03 marc. 2.011. 121 BRASIL. Lei 9605 de 12 de fevereiro de 1998. Disponível: <www.planalto.gov.br>. Acesso em: 02 marc. 2.011.

Page 73: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

73

Já na interdição temporária de estabelecimento, obra ou atividade, esta se dá até que

seja sanada a falta de autorização pela autoridade competente. Dessa forma tem-se o texto

legal: “A interdição será aplicada quando o estabelecimento, obra ou atividade estiver

funcionando sem a devida autorização, ou em desacordo com a concedida ou com violação de

dispositivo legal ou regulamentar”.122

Pode-se utilizar como exemplo a expedição de licença ambiental para o

funcionamento de uma indústria no perímetro urbano de um Município. O órgão ambiental do

Estado terá que expedir tal licença, sem o qual o funcionamento acarretará a interdição

temporária do estabelecimento, até que seja regularizada a situação junto ao órgão

competente.

Quanto à proibição de contratar com o Poder Público, bem como obter subsídios,

subvenções ou doações, essa pena veio, de forma positiva, proibir que pessoas autoras de

crimes ambientais possam ser contratadas com ou sem licitação, obter subsídios, subvenções

ou doações do Poder Público, com o fundamento de que não seria razoável pessoas jurídicas,

que prejudicaram de forma difusa a sociedade, utilizarem, em seu favor, dinheiro arrecadado

por meio de tributos pagos pelos contribuintes. Assim, tem-se a previsão feita na Lei de

Política Nacional do Meio Ambiente (6.938/81).

Na prestação de serviço a comunidade, o juiz fixará o tempo e o quantum, devendo a

prestação ser feita pela pessoa jurídica, utilizando como parâmetro o poder financeiro da

empresa e na proporção do dano causado.

Assim, a lei 9.605/98, em seu artigo 23 e incisos, especifica quais serviços deverão ser

prestados:

A prestação de serviço à comunidade pela pessoa jurídica consistirá em: I – custeio de programas e projetos ambientais; II – execução de obras de recuperação de áreas degradadas; III – manutenção de espaços públicos; IV – contribuições a entidades ambientais ou culturais públicas. 123

Percebe-se que, por essa passagem pelas sanções administrativas, se está diante do

Princípio do Poluidor Pagador que, para Anderson Furlan Freire da Silva e William

Fracolossi124, determina que:

122 O BRASIL. Lei 9605 de 12 de fevereiro de 1998. Disponível: <www.planalto.gov.br>. Acesso em: 02 marc. 2.011. 123 Op. Cit. 124 SILVA, Anderson Furlan Freire da; FRACALOSSI, William. Direito Ambiental. Rio de Janeiro: Forense, 2010, p.103.

Page 74: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

74

[...] Aquele que poluir o meio ambiente deve, em principio, reparar o dano causado (polluter pays principle). Trata-se de uma relação causa e efeito: “se degradou, deve reparar”. Isso não quer dizer que se pode poluir mediante pagamento ulterior, pois não existe um direito à poluição. [...].

A idéia de reparar o dano ambiental, após causá-lo, não traduz a melhor forma

experimentada na maioria dos países desenvolvidos. O caráter punitivo não trará o resultado

esperado na preservação do ecossistema. Deverá ser considerada a dificuldade de se aferir o

quantum que deverá ser pago para restabelecer uma Biodiversidade que muitas vezes não

possui valor estimado.

Assim, ao analisar a tributação ambiental e as sanções, percebe-se que a tributação

pautada pela extrafiscalidade será o meio mais eficiente na contenção das externalidades

negativas.

Para Carlos E. Peralta Montero125 :

[...] entre os tributos com fins extrafiscais, encontramos os denominados tributos ambientais, também chamados tributos ecológicos, verdes ou “ecotaxes”, que são considerados como um dos principais instrumentos econômicos com que conta o Estado para a proteção do meio ambiente.

O tributo ambiental é um instrumento incontestável para a manutenção do meio

equilibrado e sustentável, desde que haja um melhor aproveitamento de suas finalidades, que

deverão ser pautados no caráter extrafiscal, sendo utilizados como meio de incentivos e

benefício para estimular um melhor aproveitamento dos recursos naturais.

125 MONTERO, Carlos E. Peralta. O Fundamento e a Finalidade dos Tributos Ambientais. In MOTA, Mauricio (Org). Fundamentos Teóricos do Direito Ambiental. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008.

Page 75: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

75

3 ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE INCENTIVO A PROTEÇÃO

AMBIENTAL

O desenvolvimento econômico aliado, ao meio ambiente equilibrado, é uma tarefa que

pressupõe um conjunto de ações com apoio do poder público e de toda a sociedade. Políticas

públicas eficientes, com a conscientização da comunidade empresarial, diante da necessidade

da conservação do ecossistema, têm sido um dos grandes desafios na luta pela

sustentabilidade. A proteção Ambiental, através da legislação, apresenta diversos mecanismos

de comando e de controle, que deverão ser exercidos para coibir e punir as atividades que

causarem danos ambientais.

As tutelas processuais e as sanções aplicáveis contribuem de forma positiva com a

proteção ecológica, cabendo salientar que as medidas preventivas possuem uma maior

efetividade no controle dos poluidores.

No Brasil, a instituição de mecanismos de controle e comando com alto nível de

eficiência, esbarra na precária estrutura administrativa dos órgãos que possuem legitimidade

para exercer o poder fiscalizatório. As sanções administrativas e os meios processuais, que

objetivam responsabilizar de alguma forma os causadores de danos, muitas vezes ocorrem

após a depredação do ecossistema. Diante da necessidade de instrumentos que estimulem a

proteção do meio ambiente, tem-se o ICMS – Ecológico, como proposta eficiente que se

caracteriza por ser um meio eficaz e comprovado, por via de estatísticas e depoimentos de

ambientalistas, como um incentivo aos poluidores de se transformarem em grandes aliados na

conservação ambiental. Os meios até então utilizados, em sua grande maioria com a

finalidade de punição, não se mostram como melhor solução. Nesse sentido, Wilson

Loureiro126 traduz:

Embora o Estado tenha se ocupado em melhorar seu aporte institucional a partir dos anos 70 visando à busca do equilíbrio na regulação desta questão, as experiências mostraram que apenas a operacionalização do exercício do poder de polícia pela fiscalização “pós fato” e o licenciamento, não deram conta adequadamente a solução do problema.

A tributação ambiental se apresenta, neste momento, na sua forma extrafiscal, tendo

essencialmente no ICMS-E um instrumento de proteção ambiental. Portanto, este capítulo tem

126 LOUREIRO, Wilson. Icms Ecológico na Biodiversidade. Campo Grande: Rede Nacional Pró-Unidades de Conservação: Fundação O Boticário de Proteção à Natureza, 2.003 3v, p.572.

Page 76: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

76

como foco demonstrar a forma em que se apresenta esse incentivo fiscal, evidenciando sua

aplicabilidade e preceitos constitucionais e infraconstitucionais que possibilitam essa parceria

entre os Estados da Federação e os Municípios, em busca do equilíbrio e conservação

ambiental.

3.1 ASPECTOS CONSTITUCIONAIS DO ICMS ECOLÓGICO

O Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestação

de Serviços de Transporte Intermunicipal e de Comunicação foi instituído, no texto

Constitucional, em seu artigo 155, II, tendo uma efetiva participação na arrecadação de

recursos financeiros dos Estados. A competência para a cobrança de tal exação é dos Estados

e Distrito Federal, conforme a Constituição Federal dispõe:

Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: [...] II - operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior; 127

Para melhor assinalar, tem-se o ICMS na visão de Hugo de Brito Machado128:

O ICMS é tributo de função predominantemente fiscal. É fonte de Receita bastante expressiva para os Estados e o Distrito Federal. [...] A Constituição Federal de 1988 estabeleceu que o ICMS poderá ser seletivo em função da essencialidade das mercadorias e serviços (art. 155, § 2º, inc. III), facultando assim, o seu uso com função extrafiscal. (destacou-se).

Cumpre ressaltar que, no conceito apresentado, há a possibilidade de se ter o ICMS

com função extrafiscal, cuja arrecadação permitirá que uma parcela seja destinada aos

municípios.

Os municípios com grandes áreas de reservas possuem menores taxas de

desenvolvimento econômico, mesmo contribuindo de forma incontestável para a manutenção

do ecossistema, sofrendo diretamente para o cumprimento de suas atividades estatais, por

possuírem baixos índices de arrecadação de ICMS.

127 BRASIL. Constituição (1.988). Disponível: <www.planalto.gov.br>. Acesso em: 04 marc. 2.011. 128 MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário. 29. ed. São Paulo: Malheiros, 2008, p. 261.

Page 77: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

77

O ICMS Ecológico, em conformidade com o disposto na Constituição, tem o condão

de corrigir as distorções na repartição dos tributos arrecadados, fazendo com que os

municípios que possuem grande parte de seu território tomados por florestas obtenham uma

maior parcela de distribuição do ICMS, a partir da conservação do meio ambiente equlibrado.

A tributação ambiental, com caráter eminentemente extrafiscal, tem atuado de forma

positiva como mecanismo de proteção ao meio ambiente, tendo como seu grande

representante o ICMS – Ecológico. A sua instituição não depende de grandes esforços,

necessitando apenas de vontade política, exteriorizada por meio da criação de legislação

estadual.

Fernando Facury Scaff e Lise Vieira da Costa Tupiassu129 conceituam o imposto em

tela, da seguinte forma:

A política do ICMS Ecológico representa uma clara intervenção positiva do Estado, como um fator de regulação não coercitiva, através da utilização de uma forma de subsídio, tal como um incentivo fiscal intergovernamental. Tal incentivo representa um forte instrumento econômico extrafiscal com vista à consecução de uma finalidade constitucional de preservação, promovendo justiça fiscal, e influenciando na ação voluntária dos municípios que buscam um aumento de receita, na busca de uma melhor qualidade de vida para suas populações.

Cumpre esclarecer que o conceito dos autores apresenta o ICMS – Ecológico como

um efetivo instrumento de incentivo fiscal, com um objetivo maior de garantir o equilíbrio e a

sustentabilidade.

Para melhor assinalar, Jônatas Luiz Moreira de Paula130 preleciona:

O ICMS Ecológico nasceu trazendo resultados surpreendentes, capazes de conferir nova feição a todas políticas ambientais nacionais. A política do ICMS Ecológico representa uma clara intervenção positiva do Estado, como um fator de regulação não coercitiva, pela utilização de uma forma de subsídios, tal como um incentivo fiscal intergovernamental, representando um forte instrumento econômico extrafiscal para atingir a finalidade constitucional, influenciando na ação voluntária dos municípios que buscam um aumento de receita.

Vale identificar que o ICMS Ecológico, no melhor conceito e interpretação, tem um

caráter de sanção premial que, a partir da concessão de benefícios e estímulos e até mesmo de

129 SCAFF, Fernando Facury; TUPIASSU, Lise Vieira da Costa. Tributação e Políticas Públicas: OIcms Ecológico. In TÔRRES, Heleno Taveira (Org). Direito Tributário Ambiental. São Paulo: Malheiros 2005, p. 735. 130 PAULA, Jônatas Luiz Moreira de. Direito Ambiental e Cidadania. Leme: J. H. Mizuno, 2007, p. 30.

Page 78: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

78

compensação financeira, proporcionará uma retribuição aos Municípios que contribuírem para

a preservação das áreas verdes em seu território. Diante dos conceitos apresentados, observa-

se a não ocorrência de divergências quanto aos resultados positivos da aplicabilidade do

ICMS Ecológico, cabendo, a partir deste momento, demonstrar sua constitucionalidade e a

forma em que estão dispostas as legislações estaduais e a repartição das receitas aos

municípios.

De reconhecido caráter extrafiscal, tem-se no ICMS – Ecológico um estimulo a partir

da compensação entre Estados e municípios, possibilitando uma melhora da repartição das

receitas. Para a instituição desse incentivo deverá ser obedecido o princípio da Competência,

que deve estar em conformidade com o texto Constitucional. Os municípios que possuem

grandes áreas de preservação natural encontravam-se em desvantagem diante do modelo

inicial de repartição das receitas do ICMS, passando a buscar alternativas de aplicabilidade do

texto constitucional para solucionar suas questões de arrecadação. Territórios municipais com

grandes áreas de biodiversidades eram considerados como um grande problema para seus

gestores municipais.

A problemática instaurada por municípios com expressivas áreas de florestas teve, na

Constituição Federal, um dispositivo capaz de dar início à solução e atribuir aos Estados

competência para legislarem sobre parte da arrecadação do ICMS para posteriormente,

atribuírem diferenciais de arrecadação aos municípios que contribuírem na manutenção do

ecossistema.

Nesse sentido, dispõe o artigo 158, da Constituição Federal:

Art. 158. Pertencem aos Municípios: I - o produto da arrecadação do imposto da União sobre renda e proventos de qualquer natureza, incidente na fonte, sobre rendimentos pagos, a qualquer título, por eles, suas autarquias e pelas fundações que instituírem e mantiverem; II - cinqüenta por cento do produto da arrecadação do imposto da União sobre a propriedade territorial rural, relativamente aos imóveis neles situados, cabendo a totalidade na hipótese da opção a que se refere o art. 153, § 4º, III; III - cinqüenta por cento do produto da arrecadação do imposto do Estado sobre a propriedade de veículos automotores licenciados em seus territórios; IV - vinte e cinco por cento do produto da arrecadação do imposto do Estado sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação. Parágrafo único. As parcelas de receita pertencentes aos Municípios, mencionadas no inciso IV, serão creditadas conforme os seguintes critérios: I - três quartos, no mínimo, na proporção do valor adicionado nas operações relativas à circulação de mercadorias e nas prestações de serviços, realizadas em seus territórios;

Page 79: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

79

II - até um quarto, de acordo com o que dispuser lei estadual ou, no caso dos Territórios, lei federal. (destacou-se).131

Com o advento da referenciada legislação, o Estado terá poder de legislar sobre ¼ da

arrecadação do ICMS, podendo atribuir a essa parcela medidas compensatórias de proteção ao

meio ambiente.

Diante dessa possibilidade, Vinicius Duarte Ribeiro132 representa a distribuição do

ICMS conforme previsto na Constituição Federal:

Gráfico idealizado por Vinicius Duarte Ribeiro.

Para melhor demonstrar, Vinicius Duarte Ribeiro133 apresenta hipoteticamente os

critérios de repasse do ICMS:

131 BRASIL. Constituição (1.988). Disponível: <www.planalto.gov.br>. Acesso em: 01 fev. 2.011. 132 RIBEIRO, Vinicus Duarte. Distribuição do ICMS conforme a Constituição Federal. Disponível em: <www.icmsecologico.org.br>. Acesso em: 04 marc 2011. 133 RIBEIRO, Vinicus Duarte. Exemplo hipotético de critérios de repasse do ICMS de acordo com a

Constituição Federal. Disponível em: <www.icmsecologico.org.br>. Acesso em: 04 marc 2011.

Page 80: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

80

Gráfico idealizado por Vinicius Duarte Ribeiro.

Os Municípios receberão 25% do repasse do ICMS, ¼ dos quais o estado terá

discricionariedade para instituir mediante lei e, a partir de critérios regionais, definir a forma

como irá dispor dessa quarta parte da arrecadação. Portanto, aqueles municípios que se

encontra em desvantagem, a título de arrecadação, vislumbram uma possibilidade real de

terem melhoras significativas de entradas de recursos financeiros nos cofres públicos, para

cumprirem suas atividades estatais.

Quanto à vinculação de receita proveniente de imposto, o texto constitucional no

artigo 167, veda que os recursos provenientes da tributação ambiental sejam utilizados para a

finalidade de preservação ambiental, em obediência ao princípio da não afetação.

Para Ricardo Lobo Torres134, o princípio da não-afetação da receita dos impostos se

apresenta da seguinte forma:

O princípio da não-afetação tem por enunciado a vedação, dirigida ao legislador, de vincular a receita pública a certas despesas. Aparece explicitamente no art. 167, item IV... O principio da não afetação se restringe aos impostos, ao contrario do que ocorria no regime de 1967/69, quando abrangia todos os tributos, portanto, a vinculação da receita de taxas a órgãos ou a fundos [...].

134

TORRES, Ricardo Lobo. Curso de Direito Financeiro Tributário. Rio de Janeiro: Renovar, 2000, p. 106.

Page 81: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

81

A finalidade da vedação dos recursos advindos da arrecadação de impostos

estabelecidos na Constituição tem como preceito a manutenção da independência do

administrador público, em observância à legitimidade que lhe foi conferida por meio do voto.

Para Leandro Paulsen135:

Acreditamos que a razão desta vedação é resguardar a independência do Poder Executivo, que, do contrário, poderia ficar absolutamente amarrado a destinações previamente estabelecidas por lei e, com isso, inviabilizado de apresentar proposta orçamentária apta à realização do programa de governo aprovado nas urnas.

Diante da impossibilidade de se vincularem as receitas dos impostos, questiona-se:

qual a eficácia da tributação na proteção ambiental, se os recursos da arrecadação desses

tributos não podem ser destinados a políticas públicas ambientais? Não há dificuldade alguma

na resposta de tal questionamento, onde a imposição do imposto ambiental, de caráter

extrafiscal, atua diretamente na proteção ambiental, na forma de incentivos fiscais e

benefícios, em caráter preventivo, agindo ainda no controle de atividades que possuem alta

potencialidade para causar externalidades negativas.

Para as taxas, o texto legal tem o caminho inverso ao dos impostos, existindo a real

possibilidade de se vincularem seus recursos às questões ambientais, podendo-se ressaltar,

nesse caso, as taxas de serviços públicos e a taxa de poder de polícia. As contribuições

poderão ser utilizadas de forma eficiente, em conformidade com o princípio do poluidor-

pagador, podendo, no caso da CIDE, intervir nas atividades que possuem potencial poluidor.

A prevenção é uma das principais características que pode ser destacada na tributação

ambiental. A ordem econômica e tributária deve estar associada, na busca incessante do

estado e de toda a sociedade, para que as presentes e futuras gerações tenham um meio

ambiente equilibrado e sustentável, conforme constitucionalmente prescrito. Nesse sentido é

que o mundo jurídico tributário se utiliza do ICMS Ecológico como instrumento extrafiscal,

objetivando, acima de tudo, estimular a preservação do meio ambiente e da biodiversidade,

por se tratar de um mecanismo eficaz de prevenção.

135

PAULSEN, Leandro. Direito Tributário: Constituição e Código Tributário à luz da doutrina e da jurisprudência. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2009, p. 439.

Page 82: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

82

3.2 ICMS ECOLÓGICO NOS ESTADOS DA FEDERAÇÃO

A instituição do ICMS Ecológico, nos Estados da Federação, passa pela necessidade

do aprimoramento da legislação, por meio da criação de lei estadual que regulamente o

previsto no artigo 158 da Constituição Federal. Diversos Estados demoraram a entender a real

necessidade e os possíveis resultados que poderiam ser alcançados na luta pela preservação

ambiental, ignorando, por um longo período, a possibilidade de se instituir um imposto que

viria a ser um dos instrumentos mais eficazes de proteção ambiental.

O primeiro Estado da Federação a instituir o ICMS Ecológico foi o Paraná, em 1.991,

com a idéia centrada na compensação, cujo texto legal veio a favorecer os municípios que, até

então, não tinham grandes possibilidade de expansão econômica. Em situação desfavorável,

os municípios do Paraná, por possuírem grandes áreas de preservação, até momento da

criação da Lei do ICMS Ecológico, não dispunham de meios para terem números expressivos

em sua arrecadação, sobretudo tendo a obrigatoriedade impositiva de preservar seus recursos

naturais. A Constituição Paranaense, de 1989, trata do tema, assim trazendo, no texto atual do

seu artigo 132, em obediência à Constituição Federal:

Art. 132. A repartição das receitas do Estado obedece ao que, a respeito, determina a Constituição Federal. Parágrafo Único O Estado assegurará, na forma da lei, aos municípios que tenham parte de seu território integrando unidades de conservação ambiental, ou que sejam diretamente influenciados por elas, ou àquelas com mananciais de abastecimento público, tratamento especial quanto ao crédito da receita referida no art. 158 parágrafo único II da Constituição Federal. 136

Ao acrescentar tal dispositivo, a Lei Complementar nº. 9491, em seu artigo 2º, dispõe

que: “Regulamentado o art.132 e seu parágrafo único, da Constituição do Estado do Paraná,

aplicar-se-á aos municípios beneficiados por aquela norma, cinco por cento (5%)”. A previsão

legal, autorizando o repasse de 5%, necessitava de regulamentação para instituir o ICMS

Ecológico, e, nesse sentido, a Lei Complementar nº. 59/91 foi aprovada pela Assembléia

Legislativa do Estado do Paraná, da qual se faz necessário ressaltar os principais pontos:

Art. 1º. São contemplados na presente lei, municípios que abriguem em seu território unidades de conservação ambiental, ou que sejam diretamente influenciados por elas, ou aqueles com mananciais de abastecimento público.

136 PARANÁ (Estado). Constituição. Disponível: <www.pr.gov.br>. Acesso em: 05 marc. 2011.

Page 83: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

83

Art. 2º. As unidades de conservação ambiental a que alude o artigo 1º., são as áreas de preservação ambiental, estações ecológicas, parques, reservas florestais, florestas, hortos florestais, áreas de reservas indígenas, área de relevante interesse de leis ou decretos federais, estaduais ou municipais, de propriedade pública ou privada Parágrafo único. As prefeituras deverão cadastrar as unidades de conservação ambiental municipal junto à entidade estadual responsável pelo gerenciamento de recursos hídricos e meio ambiente. Art. 3º. Os municípios contemplados na presente lei pelo critério de mananciais, são aqueles que abrigam em seu território parte ou o todo de bacias hidrográficas de mananciais de abastecimento público para municípios vizinhos. Art. 4º. A repartição de cinco por cento (5%) do ICMS a que alude o artigo 2°. da Lei Estadual n°. 9.491, de 21 de dezembro de 1990, será feita da seguinte maneira: I - cinqüenta por cento (50%) para municípios com mananciais de abastecimento. II - cinqüenta por cento (50%) para municípios com unidades de conservação ambiental. Parágrafo único. No caso de municípios com sobreposição de áreas com mananciais de abastecimento e unidades de conservação ambiental, será considerado o critério de maior compensação financeira. 137(destacou-se)

No Paraná, quanto aos critérios ambientais, há de se destacar dois: a conservação da

biodiversidade e dos mananciais de abastecimento para municípios vizinhos138.

Para que se tenha direito a receber um determinado percentual, devem ser analisadas

as questões quantitativas e qualitativas, conforme apresenta Wilson Loureiro139:

A quantitativa leva em conta a superfície da área protegida na relação com a superfície total do município onde estiver contida. Esta relação é corrigida por um multiplicador que caracteriza o nível de restrição de uso da área protegida notadamente a categoria de manejo de Unidade de Conservação. A qualitativa considera além de aspectos relacionados à existência de espécies da flora e fauna, insumos necessários disponibilizados à área protegida, visando à manutenção e melhoria no processo de gestão da área.

Diante das questões apresentadas, as áreas que deverão ser analisadas para que se

saibam os valores a que cada município terá direito no repasse serão: “Unidade de

137

PARANÁ (Estado). Lei Complementar 59 de 01 de outubro de 1991. Disponível: <www.pr.gov.br>. Acesso em: 05 marc. 2011. 138

INTRODUÇÃO AO ICMS ECOLÓGICO. Disponível em: <www.tributoverde.com.br>. Acesso em: 05 marc 2011. 139

LOUREIRO, Wilson. Icms Ecológico na Biodiversidade. Campo Grande: Rede Nacional Pró-Unidades de Conservação: Fundação O Boticário de Proteção à Natureza, 2003 3v, p.575-576.

Page 84: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

84

Conservação, áreas de Terras Indígenas, Faxinais, áreas de Preservação Permanente e Reserva

Florestal Legal”140.

Na visão de Wilson Loureiro141, as Unidades de Conservação podem ser

consideradas:

[...] Reservas biológicas, estação ecológica, parques, florestas, reservas particulares do patrimônio natural, área de relevante interesse ecológico, áreas de proteção ambiental – APAs, áreas especiais e locais de interesse turísticos, refúgios de vida silvestre e os monumentos naturais.

As unidades de conservação, para que tenham resultados significativos ante a

preservação ambiental, poderão sofrer restrições para o acesso de presença humana. Para

Paulo Affonso Leme Machado142, as Unidades de Conservação terão a seguinte divisão:

O 1º em que a presença humana poderá ser proibida (estação ecológica, reserva biológica); o 2º, unidades de conservação em que a visitação pública é permitida, conforme dispuser o plano de manejo ou regulamento (parque nacional, monumento natural, refúgio de vida silvestre , reserva da fauna, reserva particular de patrimônio natural) e, por fim, o 3º tipo, unidades em que a ocupação humana parcial ou total faz parte da própria finalidades das unidades (área de proteção ambiental, área de relevante interesse ecológico, floresta nacional, reserva extrativista, reserva do desenvolvimento sustentável).

O critério qualitativo deverá ser observado pelos municípios, possuindo grande

relevância para o cálculo dos índices de arrecadação do ICMS Ecológico, caso em que a

restrição de pessoas em áreas de preservação se fará de suma importância, levando-se em

conta a biodiversidade de cada região do país. A manutenção da biodiversidade é um direito

constitucionalmente tutelado que está prevista no Decreto 4.339/2002, a partir da Política

Nacional de Biodiversidade (PNB), que objetiva, na visão de Anderson Furlan Freire da Silva

e Willian Fracalossi 143:

140

LOUREIRO, Wilson. Icms Ecológico na Biodiversidade. Campo Grande: Rede Nacional Pró-Unidades de Conservação: Fundação O Boticário de Proteção à Natureza, 2003 3v, p.575-576. 141

Op. Cit. P.575. 142 MACHADO, Paulo Affonso Leme. Os Tipos de Unidades de Conservação e a Presença Humana.. In ALVES, Alaôr Caffé; [Et al.]. (Org). Meio Ambiente, Direito e Cidadania. São Paulo: Signus 2002. 143 SILVA, Anderson Furlan Freire da; FRACALOSSI, William. Direito Ambiental. Rio de Janeiro: Forense, 2010, p.332.

Page 85: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

85

[...] A política Nacional de Biodiversidade tem como objetivo geral a promoção, de forma integrada, da conservação da biodiversidade e da utilização sustentável de seus componentes, com a repartição justa e eqüitativa dos benefícios derivados da utilização dos recursos genéticos, de componentes do patrimônio genético e dos conhecimentos tradicionais associados a esses recursos.

Como já mencionado, a conservação da biodiversidade está diretamente ligada à

sustentabilidade. Os municípios que, em seu território, tiverem Unidades de Conservação

Ambiental, reconhecidas pelo órgão ambiental, serão contemplados com o repasse de ICMS

Ecológico.

No que concerne às áreas de terras indígenas, além de se observar a qualidade de vida

nas comunidades, dever-se-á considerar a proteção do ecossistema. A lei 12.690/99 dispõe

sobre as áreas indígenas e regulamenta as receitas aos municípios, aconselhando, o órgão

ambiental, a criação de um fundo e de um conselho para administrarem esses recursos144.

Conhecidos pelo incentivo ao uso da terra de forma coletiva, os faxinais estimulam o

extrativismo florestal sem dar causa a impactos ambientais expressivos, tendo tido sua

origem, no Brasil, no Estado do Paraná, advindo dos modelos português e espanhol. Os

faxinais existem na região Centro-Sul paranaense, com maior incidência na floresta araucária.

As comunidades são constituídas por pequenas colônias que prezam pela coletividade no

cultivo agrícola e na criação de animais. Ocorre, nessas áreas, um estímulo a agroflorestas,

com grande ênfase às arvores que geram frutos, ao cultivo de plantas medicinais, dos

orgânicos e da erva-mate.

Nesse sentido, prescreve o decreto 3446 de 1997145:

Art. 1º - Ficam criadas no Estado do Paraná, as Áreas Especiais de Uso Regulamentado - ARESUR, abrangendo porções territoriais do Estado caracterizadas pela existência do modo de produção denominado "Sistema Faxinal", com o objetivo de criar condições para a melhoria da qualidade de vida das comunidades residentes e a manutenção do seu patrimônio cultural, conciliando as atividades agrosilvopastoris com a conservação ambiental, incluindo a proteção da "araucaria angustifolia" (pinheiro-do-paraná). § 1º - Entende-se por Sistema Faxinal: o sistema de produção camponês tradicional, característico da região Centro-Sul do Paraná, que tem como traço marcante o uso coletivo da terra para produção animal e a conservação ambiental. Fundamenta-se na integração de três componentes: a) produção animal coletiva, à solta, através dos criadouros comunitários; b) produção agrícola - policultura alimentar de subsistência para consumo e

144

LOUREIRO, Wilson. Icms Ecológico na Biodiversidade. Campo Grande: Rede Nacional Pró-Unidades de Conservação: Fundação O Boticário de Proteção à Natureza, 2003 3v, p.577. 145 PARANÁ (Estado). Decreto nº. 3446 de 14 de agosto de 1997. Disponível: <www.pr.gov.br>. Acesso em: 05 marc. 2011.

Page 86: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

86

comercialização; c) extrativismo florestal de baixo impacto - manejo de ervamate, araucaria e outras espécies nativas. (destacou-se).

A manutenção dos faxinais possui influência relevante para o cálculo do repasse de

ICMS Ecológico no Paraná, diante do trabalho de preservação realizado em parceria entre os

municípios e as comunidades rurais. Quanto à Reserva Florestal Legal e às Áreas de

Preservação Permanente, cabe destacar que são figuras jurídicas distintas, que têm como fim a

preservação do meio ambiente e a diversidades de espécies no ecossistema. Essas áreas

representam restrição ao direito de propriedade do Estado, em detrimento do particular,

restringindo a exploração da propriedade, em obediência ao interesse público. As restrições se

fazem necessárias, representando um direito fundamental tutelado constitucionalmente diante

da previsão do artigo 225 caput da Constituição Federal.

As áreas de preservação permanente servem de abrigo natural a diversas espécies da

fauna e da flora, contribuindo com a conservação do solo e atenuando a erosão, entre outras

situações, com o intuito de assegurar o bem-estar.

As APPs, definidas nos artigos. 2º e 3º do Código Florestal, são consideradas áreas de

vegetação natural, desta forma descritas:

a) ao longo dos rios ou de outro qualquer curso d’água; b) ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios d’água, naturais ou artificiais; c) nas nascentes, ainda que intermitentes e nos chamados "olhos d’água", qualquer que seja a sua situação topográfica, num raio mínimo de 50 (cinquenta) metros de largura; d) no topo de morros, montes, montanhas e serras; e) nas encostas ou partes destas com declividade superior a 45° equivalente a 100% na linha de maior declive; f) nas restingas, como fixadoras e dunas ou estabilizadoras de mangues; g) nas bordas dos tabuleiros ou chapadas, a partir da linha de ruptura do relevo, em faixa nunca inferior a 100 (cem) metros em projeções horizontais; h) em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros, qualquer que seja a vegetação.

146

No perímetro urbano, as áreas estão definidas por lei municipal, de acordo com o

Plano Diretor e Leis de Ocupação e Uso do Solo, respeitando os princípios e limites

estabelecidos pelo Código Florestal.147

A supressão total ou parcial de áreas de florestas de preservação permanente,

instituída por ato do Poder Público, só será admitida mediante ato administrativo,

146 BRASIL. Lei nº. 4771 de 15 de setembro de 1965. Disponível: <www.planalto.gov.br>. Acesso em: 06 marc. 2011. 147 Op. Cit.

Page 87: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

87

devidamente motivado, que levará em conta a relevância e a utilidade pública ou interesse

social que tal intervenção possa trazer à sociedade.

As áreas de proteção ao redor de curso e lagos d’água naturais ou artificiais são

considerados áreas de preservação permanente. A distância, em metros, que deve ser

preservado ou recomposta não foi estabelecida pelo Código Florestal, mas, pela Resolução

302/2002 do CONAMA. A redução ou ampliação desses limites estão previstas nos §§ 3º e 4º

do art. 3º da Resolução.148

Reserva Legal só se aplica à propriedade privada enquanto as APP’s tanto às áreas

públicas e privadas. Nas zonas urbanas, áreas de preservação permanente serão definidas de

acordo com a legislação municipal, o Plano Diretor e a lei de uso e ocupação do solo.

Para Luis Paulo Sirvinskas, “[...] As áreas de preservação permanente criadas por ato

administrativo são passíveis de indenização, pois ensejam uma limitação ao direito de

propriedade”.149

Nas propriedades rurais de domínio privado, além da área de preservação permanente,

o proprietário estará sujeito à constituição da reserva legal, que deverá atender aos percentuais

de 20 a 80%, conforme a localização em que se encontre a propriedade. Uma vez constituída

a reserva florestal legal, ela não poderá mais ser modificada, exceto com as exceções previstas

no Código Florestal. 150. Já a área de preservação permanente poderá ser suprimida, no todo

ou parcialmente, nos casos de utilidade pública ou de interesse social. 151

A Resolução do 369/2006 do CONAMA veio esclarecer as hipóteses de utilidade

pública, como sendo:

148 Art 3º Constitui Área de Preservação Permanente a área com largura mínima, em projeção horizontal, no entorno dos reservatórios artificiais, medida a partir do nível máximo normal de: [...] § 3º A redução do limite da Área de Preservação Permanente, prevista no § 1º deste artigo não se aplica às áreas de ocorrência original da floresta ombrófila densa - porção amazônica, inclusive os cerradões e aos reservatórios artificiais utilizados para fins de abastecimento público.§ 4º A ampliação ou redução do limite das Áreas de Preservação Permanente, a que se refere o § 1º, deverá ser estabelecida considerando, no mínimo, os seguintes critérios: I - características ambientais da bacia hidrográfica; II - geologia, geomorfologia, hidrogeologia e fisiografia da bacia hidrográfica; III - tipologia vegetal; IV - representatividade ecológica da área no bioma presente dentro da bacia hidrográfica em que está inserido, notadamente a existência de espécie ameaçada de extinção e a importância da área como corredor de biodiversidade; V - finalidade do uso da água; VI - uso e ocupação do solo no entorno; 149 SIRVINSKAS, Luis Paulo. Manual de Direito Ambiental, 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2010, p, 559. 150 BRASIL. Lei nº. 4771 de 15 de setembro de 1965. Disponível: <www.planalto.gov.br>. Acesso em: 06 marc. 2011. 151 Op. Cit.

Page 88: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

88

a) as atividades de segurança nacional e proteção sanitária; b) as obras essenciais de infra-estrutura destinadas aos serviços públicos de transporte, saneamento e energia; c) as atividades de pesquisa e extração de substâncias minerais, outorgadas pela autoridade competente, exceto areia, argila, saibro e cascalho; d) a implantação de área verde pública em área urbana; e) pesquisa arqueológica; f) obras públicas para implantação de instalações necessárias à captação e condução de água e de efluentes tratados; e g) implantação de instalações necessárias à captação e condução de água e de efluentes tratados para projetos privados de aquicultura, obedecidos os critérios e requisitos previstos nos §§ 1º e 2º do art. 11, desta Resolução. 152

Considera ainda, a referida Resolução, que as hipóteses de interesse social podem ser

entendidas como as atividades imprescindíveis à proteção da integridade da vegetação nativa,

o manejo agroflorestal, ambientalmente sustentável, praticado na pequena propriedade ou

posse rural familiar que cumprir todas as características legais, além da regularização

fundiária sustentável de área urbana e as atividades de pesquisa e extração de areia, argila,

saibro e cascalho outorgadas pela autoridade competente. Além dos requisitos dispostos pelo

Código Florestal, a Resolução 369/2006, no art. 3º, dispõe que a intervenção ou supressão de

vegetação em Área de Preservação Permanente, somente poderá ser autorizada quando o

requerente, entre outras exigências, comprovar:

I - a inexistência de alternativa técnica e locacional às obras, planos, atividades ou projetos propostos; II - atendimento às condições e padrões aplicáveis aos corpos de água; III - averbação da Área de Reserva Legal; e IV - a inexistência de risco de agravamento de processos como enchentes, erosão ou movimentos acidentais de massa rochosa. 153

Diante das áreas que devem ser protegidas por imposição legal, tanto as APPs quanto

as áreas de Reserva Legal, se protegidas pelos municípios, trarão aumento significativo no

repasse do ICMS Ecológico, tendo como pressuposto previsão em lei estadual, criando

estímulos para as referidas áreas, de acordo com modelo aplicado no Estado do Paraná.

Cumpre ratificar que os critérios utilizados para o cálculo do repasse dependerão de

especificação em legislação estadual, de acordo com a biodiversidade e o ecossistema de cada

região.

Os resultados alcançados no Paraná, após a implantação do ICMS – Ecológico, são

satisfatórios, com altos índices de aumento de áreas protegidas.

152 BRASIL. Resolução Conama nº. 369 de 28 de março de 2006. Disponível: <www.planalto.gov.br>. Acesso em: 06 marc. 2011. 153 Op. Cit.

Page 89: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

89

Nesse sentido, Vinicius Duarte Ribeiro154 apresenta dados estatísticos que comprovam

o crescimento daquelas áreas de conservação:

Área de Unidades de Conservação no Paraná nos três níveis de governo, antes e depois do ICMS Ecológico.

A partir da iniciativa do Estado do Paraná, surgem outros que já possuem legislação

do ICMS Ecológico, dentre eles: Acre, Amapá, Rondônia, Mato Grosso, Tocantins, Piauí,

Ceará, Paraíba, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do

Sul e Pernambuco. Outros Estados estão discutindo a criação de uma legislação, como é o

caso de Santa Catarina155.

Para melhor assinalar a aplicabilidade e os resultados alcançados com a

implementação do ICMS Ecológico, serão utilizados estados de diferentes regiões do país e

com biodiversidades de características diferentes.

Com sua legislação aprovada em 1997, o Rio Grande do Sul, a partir da lei nº. 11.038,

difere do modelo do Estado do Paraná, ao utilizar como parâmetro legal a superfície do

território do município, tendo a biodiversidade de unidades de conservação como critério.

Para melhor elucidar, tem-se parte do texto da lei que instituiu o ICMS – Ecológico no Estado

gaúcho:

154 RIBEIRO, Vinicus Duarte. Área de Unidade de Conservação no Paraná nos três níveis de governo, antes e depois do Icms Ecológico. Disponível em: <www.icmsecologico.org.br>. Acesso em: 06 marc 2011. 155 Disponível em: <www.icmsecologico.org.br>. Acesso em: 06 marc 2011.

Page 90: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

90

Art. 1º - O índice de participação de cada município na parcela de 25% (vinte e cinco por cento) do produto da arrecadação do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS), reservada aos municípios consoante o estabelecido no inciso IV do artigo 158 da Constituição Federal, será obtido conforme os seguintes critérios: [...] III - 7% (sete por cento) com base na relação percentual entre a área do município, multiplicando-se por 3 (três) as áreas de preservação ambiental e aquelas inundadas por barragens, exceto as localizadas nos municípios sedes das usinas hidrelétricas, e a área calculada do Estado, no último dia do ano civil a que se refere a apuração, informadas, em quilômetros quadrados, pela Divisão de Geografia e Cartografia da Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado - SAA;[...]156.(destacou-se)

A área do município e a área de efetiva proteção ambiental, em conjunto com as áreas

inundadas por barragens, serão consideradas como base para calcular o repasse de 7% da

arrecadação do ICMS, em relação à área em quilômetros quadrados de todo o Estado do Rio

Grande do Sul. Os números mostram a eficácia da legislação ambiental no Estado gaúcho,

atuando diretamente como estímulo à preservação ambiental, que Vinicius Duarte Ribeiro157

apresenta por meio da seguinte estatística:

Área de Unidades de Conservação no Rio Grande do Sul nos níveis estadual e federal antes e depois do ICMS Ecológico

156

RIO GRANDE DO SUL (Estado). Lei 11038 de 14 de novembro de 1997. Disponível: <www.rs.gov.br>. Acesso em: 06 abril. 2011. 157 RIBEIRO, Vinicus Duarte. Área de Unidade de Conservação no Rio Grande do Sul nos níveis estadual e federal, antes e depois do Icms Ecológico. Disponível em: <www.icmsecologico.org.br>. Acesso em: 06 marc 2011.

Page 91: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

91

O crescimento de áreas protegidas no Rio Grande do Sul serve como parâmetro do

resultado da implantação do ICMS Ecológico nos Estados brasileiros. Em1993, São Paulo

instituiu, por meio da lei 8.510, o ICMS Ecológico com incentivos aos municípios que

priorizassem a manutenção das unidades de conservação. Entretanto, há uma real necessidade

de incluir novas propostas na legislação vigente. Grupos vêm trabalhando, em apoio à

Secretaria de Meio Ambiente, para promover alterações na legislação, ampliando a

possibilidade de preservação ambiental em outras áreas até então não contempladas.

Sendo São Paulo o segundo Estado a criar legislação de ICMS Ecológico, a inclusão

de novas áreas se faz necessária, cabendo destacar a incorporação da RPPN – Reserva

Particular de Patrimônio Natural no novo texto legal, que, posteriormente por meio de lei

municipal, poderá promover a compensação financeira aos proprietários dessas áreas.

Entretanto, São Paulo se utiliza, até o presente momento, da mesma legislação que criou o

ICMS Ecológico em 1993 e que produziu seus efeitos a partir de 1994. Assim, o ICMS

Ecológico contribui para a proteção ambiental, nos seguintes termos:

Artigo 1.º - Os índices de participação dos municípios no produto de arrecadação do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação serão apurados, anualmente, na forma e prazo estabelecidos pelas Secretaria da Fazenda para aplicação no exercício seguinte, com observância dos seguintes critérios: [...] VI - 0,5% (zero vírgula cinco por cento), em função de espaços territoriais especialmente protegidos existentes em cada município e no Estado, observados os critérios estabelecidos no Anexo desta lei; [...] § 2.º - Para os efeitos do inciso VI a área total considerada como espaço territorial especialmente protegido em cada município será a soma das áreas correspondentes às diferentes unidades de conservação presentes no município, ponderadas pelos seguintes pesos: I - Estações Ecológicas - Peso 1,0 (um); II - Reservas Biológicas - Peso 1.0 (um); III - Parques Estaduais - peso 0,8 (oito décimos); IV - Zonas de Vida Silvestre em Áreas de Proteção Ambiental (ZVS em APA's) - peso 0,5 (cinco décimos); V - Reservas Florestais - peso 0,2 (dois décimos); VI - Áreas de Proteção Ambiental (APA's) - peso 0,1 (um décimo) VII - Áreas Naturais Tombadas - peso 0,1 (um décimo).158

O texto da lei evidencia a necessidade da inclusão de novos critérios que contribuam

com a realidade do Estado. Esses critérios devem estar pautados em políticas públicas, nos

158

SÃO PAULO (Estado). Lei 8510 de 29 de dezembro de 1993. Disponível: <www.sp.gov.br>. Acesso em: 06 abr. 2011.

Page 92: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

92

quais os municípios terão participação, desde a reeducação da população e das empresas até à

fiscalização na emissão de poluentes, esgoto e do correto manejo do lixo residencial e

industrial. Mesmo diante da necessidade de alterações na legislação do Estado de São Paulo,

são expressivos os resultados da proteção ao meio ambiente após a instituição de lei estadual

do ICMS Ecológico, incentivando cuidados especiais com as unidades de conservação, como:

estação ecológica, reservas biológicas, parques estaduais, zonas de vida silvestre, reservas

florestais, áreas de proteção ambiental e áreas naturais tombadas, que se apresentam da

seguinte forma:

Área de Unidades de Conservação em São Paulo no nível estadual, antes e depois do Icms Ecológico159

Diferentemente do Estado de São Paulo, Minas Gerais incrementa a legislação

paranaense, incorporando o tratamento de lixo, esgoto, além do patrimônio cultural, da

educação e das áreas cultivadas, levando em conta também o número de habitantes, entre

outros. Nesse sentido, a lei nº. 12.040, de 28 de dezembro de 1995, dispõe:

Art. 1º - A parcela da receita do produto da arrecadação do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação - ICMS - pertencente aos municípios [..], será distribuída nos percentuais indicados no Anexo I desta lei, conforme os seguintes critérios: [...] VIII - meio ambiente: observados os seguintes critérios:

159 RIBEIRO, Vinicus Duarte. Área de Unidade de Conservação em São Paulo no níveis estadual, antes e depois do Icms Ecológico. Disponível em: <www.icmsecologico.org.br>. Acesso em: 06 marc 2011.

Page 93: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

93

a) parcela de, no máximo, 50% (cinqüenta por cento) do total será distribuída aos Municípios cujos sistemas de tratamento ou disposição final de lixo ou de esgoto sanitário, com operação licenciada pelo órgão ambiental estadual, atendam, no mínimo, a 70% (setenta por cento) e 50% (cinqüenta por cento) da população, respectivamente, sendo que o valor máximo a ser atribuído a cada Município não excederá seu investimento, estimado com base na população atendida e no custo médio "per capita" dos sistemas de aterro sanitário, usina de compostagem de lixo e estação de tratamento de esgotos sanitários, fixado pelo Conselho Estadual de Política Ambiental - Copam -, bem como aos Municípios que comprovadamente tenham implantado em seu território sistema de coleta seletiva de resíduos sólidos urbanos; b) o restante dos recursos será distribuído com base no Índice de Conservação do Município, calculado de acordo com o Anexo IV desta lei, considerando-se as unidades de conservação estaduais, federais e particulares, bem como as unidades municipais que venham a ser cadastradas, observados os parâmetros e os procedimentos definidos pelo órgão ambiental estadual; [...] (destacou-se).160

O Estado de Minas Gerais instituiu uma das mais modernas legislações de incentivo à

proteção ambiental. O estimulo à manutenção do meio ambiente equilibrado, por meio do

repasse de uma maior fatia do ICMS aos Municípios que, além de preservarem as unidades de

conservação estaduais, municipais, federais e particulares, realizarem o correto manejo do

lixo, do esgoto e implantarem a coleta seletiva de resíduos sólidos urbanos, faz da legislação

mineira um diferencial na proteção do ecossistema.

Para Fernando Facury Scaff e Lise Vieira da Costa Tupiassu161, os resultados no

estado mineiro de traduzem:

Experiência vitoriosa e bastante difundida é a da implantação do ICMS Ecológico em Minas Gerais. Com a adoção da Lei Estadual nº. 12.040, de 28/12/1995 – conhecida como “Lei Robin Hood” - Minas Gerais revolucionou o critério de repasse dos 25% de ICMS aos municípios, passando a beneficiar não apenas os municípios que abrigam unidades de conservação, como também aqueles que possuem sistema de tratamento de esgoto ou disposição final de lixo atendendo a maior parte da população introduzindo também critérios de educação, patrimônio histórico e saúde, entre outros. (destacou-se)

160

MINAS GERAIS (Estado). Lei 12040 de 28 de dezembro de 1995. Disponível: <www.mg.gov.br>. Acesso em: 06 abr. 2011. 161

SCAFF, Fernando Facury; TUPIASSU, Lise Vieira da Costa. Tributação e Políticas Públicas: O Icms Ecológico. In TÔRRES, Heleno Taveira (Org). Direito Tributário Ambiental. São Paulo: Malheiros 2005, p. 740.

Page 94: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

94

Com os incentivos concedidos de maneira a abranger também as questões ambientais

urbanas, provocadas pelo crescimento do consumo e associadas a concentração populacional

nas grandes cidades, a adesão dos municípios se deu de forma rápida e em grande número,

dando reflexo imediato no repasse do ICMS, ocorrendo um aumento substancial das áreas

protegidas em Minas. A aplicabilidade da lei do ICMS Ecológico obtém, para os mineiros,

reflexos positivos quanto ao aumento de áreas preservadas nos três níveis de governo,

conforme se apresenta:

Área de Unidades de Conservação em Minas Gerais nos três níveis de governo, antes e depois do ICMS Ecológico.

162

As estatísticas demonstram a contribuição que o ICMS Ecológico traz para o meio

ambiente. Aqueles estados que colocam em prática a possibilidade constitucional de

legislarem sobre ¼ da arrecadação do ICMS, colhem os frutos de sua imposição. Nesse

sentido, o Estado do Mato Grosso do Sul, segue o caminho trilhado pelo Estado do Paraná.

Em dezembro de 2000, com o advento da lei nº. 2193, coloca à disposição dos Municípios a

possibilidade de aumentarem sua parcela de receita por meio de um melhor gerenciamento de

seus recursos naturais. Os estímulos concedidos aos municípios estão diretamente ligados às

unidades de conservação e aos mananciais de abastecimento, o que está expresso nos

seguintes termos:

162 RIBEIRO, Vinicus Duarte. Área de Unidade de Conservação em Minas Gerais nos três níveis de governo, antes e depois do Icms Ecológico. Disponível em: <www.icmsecologico.org.br>. Acesso em: 06 marc 2011.

Page 95: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

95

Art. 1º São beneficiados pela presente Lei, Municípios que abriguem em seu território unidades de conservação, ou que sejam diretamente influenciados por elas, ou aqueles com mananciais de abastecimento público. Art. 2º Para efeitos desta Lei, consideram-se unidades de conservação, sejam elas instituídas pelos Municípios, pelo Estado e pela União, as reservas biológicas, parques, os monumentos naturais, os refúgios de vida silvestres, as reservas particulares do patrimônio natural, as florestas, as áreas de proteção ambiental, as reservas de fauna, as estradas cênicas, os rios cênicos, as reservas de recursos naturais e as áreas de terras indígenas, consonante com o respectivo Sistema Estadual de Unidades de Conservação. [...]. (destacou-se). [...].163

O texto legal não apresentou preocupações com as questões urbanas, como o esgoto e

o lixo e o incentivo ao correto manejo dos resíduos sólidos residenciais e industriais,

resumindo-se a estimular a manutenção das reservas biológicas, parques, monumentos

naturais, áreas de reservas particulares de patrimônio natural, florestas, terras indígena, entre

outros. Na legislação do ICMS Ecológico do Estado do Mato Grosso do Sul, está nítida a

semelhança com o Estado do Paraná.

Para as áreas de Unidade de Conservação nos níveis municipal, estadual e federal,

Vinicius Duarte Ribeiro demonstra o aumento de áreas preservadas após a implantação do

tributo verde:

Área de Unidades de Conservação no Mato Grosso do Sul nos três níveis de governo, antes e depois do ICMS Ecológico.164

163

MATO GROSSO DO SUL (Estado). Lei 2193 de 18 de dezembro de 2000. Disponível: <www.mts.gov.br>. Acesso em: 06 abr. 2011. 164 RIBEIRO, Vinicus Duarte. Área de Unidade de Conservação no Mato Grosso do Sul nos três níveis de governo, antes e depois do Icms Ecológico.. Disponível em: <www.icmsecologico.org.br>. Acesso em: 06 marc 2011.

Page 96: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

96

No Estado de Rondônia, ocorreu uma redistribuição no percentual de 5%, que, em um

primeiro momento, foi efetuado um corte de 5% do valor repassado de ICMS aos Municípios

de forma isonômica, para, posteriormente, redistribuírem àquele que possuem áreas de

preservação ambiental.

Em 15 de janeiro de 1994, Rondônia disciplina, pela Lei Complementar nº. 115, a

distribuição da arrecadação do ICMS aos municípios, e, posteriormente, com a Lei

Complementar nº. 147, de 15 de janeiro de 1996, inclui em seu texto a possibilidade de

repasse aos municípios, no percentual de 5%, a partir da ocupação do território com as

unidades de conservação.

Nesse sentido, o novo texto legal reproduz:

ART. 1º - As parcelas de receita pertencentes aos municípios , provenientes do produto da arrecadação de impostos de competência do Estado e de transferência por este recebidas, serão distribuídas da seguinte forma: [...] e) 5% (cinco por cento) proporcionais à ocupação territorial dos municípios com unidades de conservação. [...] Art. 3º - As unidades de conservação de que trata a alínea “e” do inciso II, do art. 1º, são áreas protegidas e estabelecidas em ecossistemas significativos do território estadual no âmbito administrativo do governo Federal, Estadual e Municipal, nas categorias de Estação Ecológica, Reserva Biológica, Parque, Monumento Natural, área de Proteção Ambiental, Reserva Indígena, Floresta, Reserva Extrativista e outras inclusas em quaisquer categorias de unidade de conservação, criadas por Leis ou decretos municipal, estadual ou federal. Parágrafo único – Dentro do prazo anual, fixado pelo órgão fazendário do Estado, as prefeituras deverão cadastrar as unidades de conservação existentes no território municipal junto ao órgão estadual responsável pelo gerenciamento da política ambiental.165 (destacou-se).

O incentivo por meio do ICMS- Ecológico, nessa região Amazônica, contribui com a

preservação ambiental, em contraponto com a exploração de setores empresariais, em busca

do crescimento econômico sem a sustentabilidade. A tributação verde em Rondônia tem o

incentivo focado nas unidades de conservação, conforme definidas em lei, cabendo maior

destaque a reserva biológica, parque, monumento natural, área de proteção ambiental, reserva

indígena, floresta e reserva extrativista, deixando a possibilidade da criação de outras

unidades de conservação por quaisquer dos entes da federação.

165

RONDÔNIA (Estado). Lei Complementar nº. 147 de 15 de janeiro de 1996. Disponível: <www.ro.gov.br>. Acesso em: 06 abr. 2011.

Page 97: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

97

Rondônia deu prioridade a questões eminentemente Amazônicas e os resultados da

aplicação do ICMS – Ecológico, nos três níveis de Governo, ficam evidenciados com o

aumente de áreas preservadas após a implantação do incentivo aos municípios, que tiverem

considerável elevação nos repasses do ICMS. Vinicius Duarte Ribeiro apresenta,

estatisticamente, o aumento expressivo de áreas preservadas, após a instituição do ICMS –

Ecológico:

Área de Unidades de Conservação em Rondônia nos três níveis de governo, antes e depois do ICMS Ecológico.166

O Estado do Amapá não inovou, diante das legislações de outros Estados, mas fez

questão de instituir a legislação ambiental para incentivar os municípios a manterem as

unidades de conservação estadual, federal, particular e municipal. Assim, a lei nº. 0322, de 23

de dezembro do ano de 1996, apresenta a forma como se dará o repasse do ICMS para

municípios que preservarem as unidades de conservação:

Art. 1º - O Governo do Estado do Amapá, através da Secretaria de Estado da Fazenda, repassará aos Municípios: [...] II - 25% (vinte e cinco por cento) do produto da arrecadação do Imposto Estadual sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre a Prestação dos Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal de Comunicações; Art. 2º - [...]

166 RIBEIRO, Vinicus Duarte. Área de Unidade de Conservação em Rondônia nos três níveis de governo, antes e depois do Icms Ecológico. Disponível em: <www.icmsecologico.org.br>. Acesso em: 06 marc 2011.

Page 98: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

98

II - 1/4 (um quarto) será distribuído nos percentuais e nos exercícios do Anexo I desta Lei conforme os seguintes critérios: [...] § 7º - meio ambiente, observado o seguinte: a) os recursos serão distribuídos com base no Índice de Conservação do Município, calculado de acordo com o Anexo IV desta Lei, considerando-se as unidades de conservação estaduais, federais e particulares, bem como as unidades municipais que venham a ser cadastrados, observados os parâmetros e os procedimentos definidos pelo órgão ambiental estadual;167 [...]. (destacou-se)

Com o advento da legislação tributária incentivando a proteção do meio ambiente,

cabe demonstrar, nos três níveis de Governo, os resultados satisfatórios com o aumento de

áreas preservadas, após a instituição do ICMS Ecológico:

Área de Unidades de Conservação no Amapá nos três níveis de governo, antes e depois do ICMS Ecológico. 168

No Estado do Mato Grosso, a aplicação de estímulos tributários para a preservação do

meio ambiente consolidou-se com a aprovação da Lei Complementar 157 de 20 de janeiro de

2004. Os incentivos fiscais para os municípios são de 5% a mais na repartição do ICMS,

tomando como base, para esse repasse, o estímulo aos municípios a protegerem o meio

ambiente, que acontecerá por meio da preservação das unidades de conservação e de terras

167

AMAPÁ (Estado). Lei nº. 0322 de 23 de dezembro de 1996. Disponível: <www.ap.gov.br>. Acesso em: 06 abr. 2011. 168 RIBEIRO, Vinicus Duarte. Área de Unidade de Conservação no Amapá nos três níveis de governo, antes e depois do Icms Ecológico. Disponível em: <www.icmsecologico.org.br>. Acesso em: 06 marc 2011.

Page 99: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

99

indígenas. A preservação se dará nos três níveis: municipal, estadual e federal, conforme se

apresenta:

Art. 1º Ficam estabelecidas normas relativas ao cálculo dos Índices de Participação dos Municípios do Estado de Mato Grosso no produto da arrecadação do ICMS, nos termos desta lei complementar. [...] Art. 2º Os Índices de Participação dos Municípios no produto da arrecadação do ICMS serão apurados com observância dos critérios abaixo relacionados: [...] VI - unidade de conservação/terra indígena: 5% (cinco por cento) através da relação percentual entre o índice de unidade de conservação/terra indígena do Município e a soma dos índices de unidades de conservação/terra indígena de todos os Municípios do Estado, apurados pela Fundação Estadual do Meio Ambiente - FEMA.169 (destacou-se).

Os municípios do Mato Grosso serão recompensados, por meio de um incentivo

tributário, para protegerem suas unidades de conservação e terras indígena. A partir da

implantação da sua legislação, já se reproduziram resultados significativos, conforme gráfico

abaixo:

Área de Unidades de Conservação no Mato Grosso nos níveis estadual e federal, antes e depois do ICMS Ecológico.170

169

MATO GROSSO (Estado). Lei Complementar nº. 157 de 20 de janeiro de 2004. Disponível: <www.mt.gov.br>. Acesso em: 06 abr. 2011. 170 RIBEIRO, Vinicus Duarte. Área de Unidade de Conservação no Mato Grosso nos níveis estadual e federal de governo, antes e depois do Icms Ecológico..Disponível em: <www.icmsecologico.org.br>. Acesso em: 06 marc 2011.

Page 100: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

100

No Estado de Pernambuco, a legislação tributária que privilegia os municípios que

contribuírem com a preservação ambiental mostra-se diversificada. A legislação

pernambucana traz, em seu texto, não somente os cuidados com as unidades de conservação,

mas também as questões relacionadas ao lixo, a partir da criação de unidades de compostagem

e de aterros sanitários, incentivando o reaproveitamento dos resíduos. Nesse sentido, a Lei nº.

11899, de 21 de dezembro de 2000, oferece incentivos econômicos para todos os Municípios

que contribuírem significativamente com a proteção ao meio ambiente, assim se expressando:

Art. 1º “Art. 2º - A participação de cada município, na receita do ICMS que lhe é destinada, será determinada mediante a aplicação de um índice percentual correspondente à soma das seguintes parcelas: [...] III - a partir de 2003, 15% (quinze por cento), que serão distribuídos entre os municípios da seguinte forma: a) 1% (um por cento), a ser distribuído entre os municípios que possuam Unidades de Conservação, que integrem os sistemas nacional, estadual e municipal de unidade de conservação, com base em dados fornecidos, anualmente, pela Companhia Pernambucana do Meio Ambiente - CPRH, considerando-se a participação relativa de cada município na área total de conservação do Estado; b) 5% (cinco por cento), que serão distribuídos em parcelas iguais entre os municípios que possuam Unidade de Compostagem ou Aterro Sanitário Controlado, com base em informações fornecidas, anualmente, pela CPRH; § 1º No exercício de 2002, as parcelas de que tratam os incisos II e III serão alteradas em cinco pontos percentuais, passando a vigorar da seguinte forma: I - relativamente ao inciso II: 15% (quinze por cento); e II - relativamente ao inciso III: 10% (dez por cento). § 2º A redução referida no parágrafo anterior, relativamente à parcela prevista no inciso III, do "caput", será distribuída entre os critérios ali estabelecidos, observando-se o seguinte: I - fica mantido o percentual previsto na alínea "a"; e II - os percentuais referidos nas alíneas "b", "c", "d" e "e" passarão a ser, respectivamente, 4% (quatro por cento), 2% (dois por cento), 2% (dois por cento) e 1% (um por cento)”.171 (destacou-se).

Ainda no mesmo texto legal, o legislador conceitua no Art. 1º, § 9, II, o diferencial

que faz dessa legislação de incentivo ambiental uma das mais modernas da federação,

incorporando questões que envolvem, não apenas as unidades de conservação, mas também

problemas pontuais decorrentes do crescimento econômico em regiões urbanas:

§ 9º

171

PERNAMBUCO (Estado). Lei nº. 11.899 de 21 de dezembro de 2000. Disponível: <www.pe.gov.br>. Acesso em: 06 abr. 2.011.

Page 101: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

101

[...] II - Unidade de Compostagem ou Aterro Sanitário Controlado: implementação de soluções técnicas e institucionais, ambientalmente adequadas, que considerem as realidades regionais, buscando tratar o volume de lixo gerado, considerando alternativas para o reaproveitamento dos resíduos, utilizando-se de aterros sanitários controlados e equipamentos de compactação;172

Diante dos incentivos tributários aos Municípios que contribuírem com a preservação

do meio ambiente, têm-se os resultados, após a implantação do tributo ecológico no Estado de

Pernambuco, apresentados da seguinte forma:

Área de Unidades de Conservação no Pernambuco nos três níveis de governo, antes e depois do ICMS Ecológico.

173

Não há como contestar os números apresentados nos diferentes Estados da Federação,

mostrando a eficiência das medidas preventivas, por meio de benefícios e estímulos aos

municípios que contribuírem com a proteção do ecossistema. O ICMS ecológico, por se tratar

de um imposto extrafiscal, exterioriza-se na forma de uma sanção premial, como um

incontestável incentivo para que os municípios possam contribuir com a conservação do

ecossistema e da biodiversidade, sendo recompensados com um acréscimo na arrecadação do

ICMS, se cumprirem os requisitos estabelecidos na lei do seu respectivo Estado.

172

PERNAMBUCO (Estado). Lei nº. 11.899 de 21 de dezembro de 2000. Disponível: <www.pe.gov.br>. Acesso em: 06 abr. 2.011. 173 RIBEIRO, Vinicus Duarte. Área de Unidade de Conservação em Pernambuco nos três níveis de governo, antes e depois do Icms Ecológico. Disponível em: <www.icmsecologico.org.br>. Acesso em: 06 marc 2011.

Page 102: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

102

3.3 DA REPARTIÇÃO DOS RECURSOS DO ICMS ECOLÓGICO AOS MUNICÍPIOS

Com a implantação do ICMS Ecológico, os municípios terão a possibilidade de

receber parte dos recursos desse ICMS. O estímulo à preservação das áreas faz com que

economia e preservação ambiental caminhem juntos.

Para a repartição dos recursos provenientes da arrecadação do ICMS Ecológico, é

necessário que lei estadual disponha sobre critérios e percentuais a que os municípios terão

direito, de acordo com o tipo de preservação que o seu território estimule. Como o primeiro

Estado a implantar esse tributo ecológico, o Paraná aumentou significativamente a

preservação de suas áreas, a partir de incentivos para a manutenção de unidades de

conservação ambiental ( áreas de preservação ambiental, estações ecológicas, parques,

faxinais, reservas florestais, florestas, hortos florestais, áreas de reservas indígenas, entre

outros) ou que sejam diretamente influenciados por elas.

Para melhor assinalar os critérios de repartição das receitas dos recursos provenientes

do ICMS Ecológico, tem-se, a seguir, dados retirados das legislações estaduais que dispõem

sobre tal tributação, ilustrando, em alguns Estados, o percentual de repasse e as áreas que

deverão ser protegidas:

Estado % * Critérios para Receber o ICMS Ecológico (% do ICMS Ecológico por critério)

Municípios que possuem Mananciais de Abastecimento (2,5%)

Paraná 5% Municípios que possuem Unidades de Conservação Municipais, Estaduais e Federais, Áreas Indígenas, Faxinais, RPPN`s Áreas de Preservação Permanente e/ou Reserva Legal (2,5%)

São Paulo 0,5% Áreas Especialmente protegidas (0,5%) (Recebem o benefício apenas Unidades de Conservação Estaduais)

IC – Índice de Conservação – referente a unidades de conservação e outras áreas protegidas (incluindo RPPN) (0,5%)

Minas Gerais 1% ISA – Índice de Saneamento Ambiental – referente a aterros sanitários, estação de tratamento de esgoto e usinas de compostagem (0,5%)

Unidades de Conservação (0,45%, sendo que as prefeituras que criarem suas próprias UC`s terão direito a 0,20% deste percentual)

Qualidade da água (0,30%) Rio de Janeiro

1% (em 2009)

Administração dos Resíduos Sólidos (0,25%)

Unidades de Conservação estaduais, municipais e federais (1%)

Usinas de Compostagem e Aterro Sanitário (5%)

Pernambuco 15%

Desempenho na Área de Educação – de acordo com o número de alunos matriculados na rede municipal (3%)

Page 103: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

103

Desempenho na área de saúde – relacionado com a taxa de mortalidade infantil (3%)

De acordo com a Receita Tributária própria do Município (3%)

Mato Grosso 5% Unidades de Conservação e Terras Indígenas (5%)

Mato Grosso do Sul

5% Unidades de Conservação municipais, estaduais e federais (incluindo o entorno), terras indígenas e áreas com mananciais de abastecimento público (5%)

Amapá ? Índice de Conservação do Município – baseado nas unidades de conservação estaduais, municipais ou federais e particulares

Rio Grande do Sul

7%

Áreas de Preservação Ambiental e aquelas inundadas por barragens exceto aquelas localizadas no município sede de usinas hidrelétricas (7% – é feita uma relação entre a área dos municípios e as áreas de preservação multiplicadas por 3)

Política Municipal de Meio Ambiente (2%)

Unidades de Conservação e Terras Indígenas (3,5%)

Controle de queimadas e combate a incêndios (2%)

Conservação dos Solos (2%)

Tocantins 13%

Saneamento Básico e Conservação da Água (3,5%)

Acre 5% Unidades de Conservação e áreas afetadas por elas (entorno) (5%)

Ceará 2% Índice Municipal de Qualidade do Meio Ambiente (2,5%)

Rondônia 5%

Unidade de Conservação federal, estadual ou municipal e terras indígenas (5%) – divide-se o total das áreas de UC dentro do município (em hectares) pelo valor total das áreas de UC dentro do Estado e multiplica-se por 5%. O resultado é o chamado Fundo de Participação Municipal que indica quanto o município irá arrecadar do ICMS Ecológico.

Tabela que ilustra os critérios de repasse do ICMS Ecológico174.

Cumpre esclarecer que, cada Estado possui discricionariedade ao redigir o texto legal

que dispõe o percentual de repasse de suas arrecadações aos municípios. Cabe aos Estados

priorizar as peculiaridades regionais de vegetação, aterros sanitários e educação ambiental,

sendo que, o intuito de cada legislação é a proteção do meio ambiente e a manutenção da

biodiversidade em seu território.

174 CRITÉRIOS PARA RECEBER ICMS ECOLÓGICO. Disponível em: <www.icmsecologico.org.br>. Acesso em: 07 marc 2011.

Page 104: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

104

3.4 O REPASSE DA ARRECADAÇÃO DO ICMS ECOLÓGICO AOS

PROPRIETÁRIOS DE RPPN: ANÁLISE À LUZ DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL

A manutenção da biodiversidade se faz necessária na busca pelo equilíbrio e

sustentabilidade. A participação do Estado e de todos os cidadãos é de suma importância na

tentativa de coibir os danos causados. A conservação de áreas de florestas ultrapassa os

limites das propriedades públicas, necessitando de uma intervenção estatal em áreas de

propriedades privadas. O controle estatal do manejo de áreas em propriedade particular faz

com que este utilize de meios de repressão e de estímulos com o intuito de proteger o

ecossistema.

Cumpre assinalar a imposição legal que foi instituída em se tratando de Reserva

Florestal Legal, onde a área localizada no interior de uma propriedade, deverá ser preservada

de acordo com os limites estabelecidos em lei. Sua implantação deve compatibilizar a

conservação dos recursos naturais e o uso econômico da propriedade. A reserva legal é uma

limitação ao direito de propriedade. No entanto, há divergência na doutrina e, para alguns,

isso representa uma violação do direito de propriedade, como explica William Freire175:

A propriedade privada não só como direito e garantia individual, mas também como princípio da ordem econômica, foi destacado anteriormente a posição do constituinte sobre o assunto. Isto significa que se o Estado pretende interferir na propriedade deve indenizá-lo.

Doutrinadores, como Luis Paulo Sirvinskas176, entendem que:

Reserva legal é a área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, excetuada a de preservação permanente, necessária ao uso sustentável dos recursos naturais, à conservação e reabilitação dos processos ecológicos, à conservação da biodiversidade e ao abrigo e proteção da fauna e flora nativa.

Este instituto de preservação que, pelo seu percentual e destinação, mostra-se de

grande importância na política do meio ambiente, tem como fim principal a preservação da

biodiversidade da fauna e da flora, deixando um legado para as futuras gerações, e

melhorando a qualidade de vida presente.

175 FREIRE, William. Direito Ambiental Brasileiro. 2. ed. Rio de Janeiro: AIDE, 2000, p. 187. 176 SIRVINSKAS, Luis Paulo. Manual de Direito Ambiental, 8. ed., São Paulo: Saraiva, 2010, p. 561.

Page 105: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

105

No ordenamento jurídico brasileiro, as questões relacionadas ao meio ambiente são

prevista na Constituição Federal, em seu art. 24, VI, estabelecendo que compete à União, aos

Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: “[...] florestas, caça, pesca,

fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio

ambiente e controle da poluição, limitando-se a União em estabelecer as normas gerais”.

O legislador pátrio vem demonstrando grande preocupação com a preservação dos

recursos naturais, o que fica latente frente ao grande número de normas que disciplinam o

tema. Assim, em 1990, nasceu as RPPNs, através da edição de um decreto federal. Essas

Reservas Particulares do Patrimônio Nacional são tratadas de forma especial, diante do seu

compromisso com a conservação da biodiversidade.

Com o nascimento da lei federal nº. 9.985/00, foi instituído o Sistema Nacional de

Unidades de Conservação da Natureza (SNUC), incorporando, assim, a preservação de terras

privadas ao nível de Unidades de Conservação de Natureza:

CAPÍTULO DAS CATEGORIAS DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO [...] Art. 21. A Reserva Particular do Patrimônio Natural é uma área privada, gravada com perpetuidade, com o objetivo de conservar a diversidade biológica. (Regulamento) § 1o O gravame de que trata este artigo constará de termo de compromisso assinado perante o órgão ambiental, que verificará a existência de interesse público, e será averbado à margem da inscrição no Registro Público de Imóveis. § 2o Só poderá ser permitida, na Reserva Particular do Patrimônio Natural, conforme se dispuser em regulamento: I - a pesquisa científica; II - a visitação com objetivos turísticos, recreativos e educacionais; III - (VETADO) § 3o Os órgãos integrantes do SNUC, sempre que possível e oportuno, prestarão orientação técnica e científica ao proprietário de Reserva Particular do Patrimônio Natural para a elaboração de um Plano de Manejo ou de Proteção e de Gestão da unidade. 177

As RPPNS são legalmente reconhecidas como Unidades de Conservação, em que os

municípios que incentivarem a manutenção dessas áreas serão contemplados com o repasse de

recursos provenientes da arrecadação do ICMS Ecológico, desde que, previsto em legislação

estadual.

O decreto nº. 5.746/06 traz o seguinte conceito das RPPNs:

177 BRASIL. Lei nº. 9985 de 18 de julho de 2000. Disponível: <www.planalto.gov.br>. Acesso em: 07 marc. 2011.

Page 106: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

106

Art. 1º A Reserva Particular do Patrimônio Natural - RPPN é unidade de conservação de domínio privado, com o objetivo de conservar a diversidade biológica, gravada com perpetuidade, por intermédio de Termo de Compromisso averbado à margem da inscrição no Registro Público de Imóveis. Parágrafoúnico.As RPPNs somente serão criadas em áreas de posse e domínio privados.178

Cumpre esclarecer que, diante do decreto federal de 1990, alguns Estados legislaram

sobre o tema, sendo precursor o Mato Grosso do Sul, seguido do estado do Paraná.

A criação de uma RPPN deverá estar pautada em princípios que, para Wilson

Loureiro e Alexandre Martinez179, estão dispostos da seguinte forma:

a) a afetação da floresta no total ou em parte da floresta do imóvel onde a legislação florestal não determine outras restrições, a priori, como Reserva Florestal Legal e as áreas de preservação permanente;

b) domínio e posse plena do imóvel pelo legítimo proprietário proponente; c) manifestação expressa de interesse público pela autoridade florestal

competente na constituição da RPPN; d) gravame de perpetuidade; e) averbação no Cartório de Registro de Imóveis de um Termo de

Compromisso Perpétuo de Conservação de Ecossistema Florestal;

A competência para a criação das Reservas Particulares de Patrimônio Natural fica a

cargo do órgão ambiental, sendo o pedido para a sua criação de forma voluntária, dirigido ao

órgão estadual, municipal ou federal, de acordo com previsão legal. O proprietário dessas

áreas poderá vendê-las a qualquer tempo, respeitando-se apenas a perpetuidade averbada em

cartório.

A propriedade de áreas de grandes reservas, durante tempos, representou uma parcela

de terras improdutivas, sendo que sua posse, em muitos casos, impossibilitava expansão da

produtividade diante da obrigatoriedade de preservá-las.

A preservação ambiental não pode ser somente uma obrigação, deve-se ter a real

consciência da necessidade de proteger o ecossistema, tendo o Estado o dever de desenvolver

políticas públicas para que se cumpra o direito fundamental de todos os cidadãos de terem um

meio ambiente equilibrado.

178 BRASIL. Decreto nº. 5746 de 05 de abril de 2006. Disponível: <www.planalto.gov.br>. Acesso em: 07 marc. 2011. 179 LOUREIRO, Wilson; MARTINEZ, Alexandre. ICMS Ecológico como Instrumento de Apoio as RPPN no Paraná. Disponível em: <www.icmsecologico.org.br>. Acesso em: 07 marc 2011.

Page 107: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

107

O Estado do Paraná, ao desenvolver o ICMS Ecológico coloca à disposição dos

municípios um mecanismo de proteção da biodiversidade, caso em que às RPPNs, além de

fazerem parte dessa proteção, têm um grande significado de diversidade biológica. Diante

disso, os municípios têm uma maior participação nas repartições das receitas do ICMS.

Tendo ainda como referencia os paranaenses, foi instituída, por meio de uma parceria

que envolveu o órgão ambiental do estado, o Tribunal de Contas, o Ministério Público e a

Associação dos Proprietários de RPPN, a possibilidade de parte da arrecadação proveniente

do ICMS Ecológico ser repassada aos proprietários dessas áreas. Para referendar o repasse aos

proprietários, conforme supra-citado, haverá necessidade de lei municipal que autorize a

firmarem convênio com a Associação Paranaense dos Proprietários de RPPNs. Exemplo disso

é a lei nº. 096/2008, do município de Loanda:

Artigo 1º- Fica o Município de Loanda, Estado do Paraná, autorizado a firmar convênio com a Associação Paranaense do Proprietários de RPPNs – APPR, [...], objetivando incentivar e apoiar a conservação de RPPN, localizada no Município de Loanda, Estado do Paraná, através de fiscalização por intermédio do IAP – Instituto Ambiental do Paraná, com ações previstas no plano de conservação integrantes dos Termos do Convênio. [...] Artigo 3º - O valor do convênio ora em questão será de 45% (Quarenta e cinco) por cento da receita do ICMS Ecológico destinado ao Município de Loanda. [...] Artigo 5º - Para fazer face às despesas decorrentes da execução da presente Lei, fica o Poder Executivo Municipal autorizado a se utilizar de dotação do orçamento vigente do Município.180 (destacou-se).

O repasse só será possível mediante um convênio firmado entre os municípios e a

Associação, com o pacto de o município repassar uma parcela da arrecadação do ICMS-E do

montante arrecadado pelas RPPNs á associação, cabendo a esta entregar ao proprietário, o

valor equivalente da preservação dentro de sua propriedade. Diante da possibilidade de um

convênio entre a associação dos proprietários de RPPN e os municípios, no Estado do Paraná,

o município de Loanda firma o convênio nos seguintes termos:

CONVÊNIO Nº. 004/2009 – PML Convênio que entre si celebram o Município de Loanda, Estado do Paraná, e a Associação Paranaense de Proprietários de RPPN – RPPN PARANÁ, visando à regulamentação do disposto nas Leis 096/2008 e 021/2009.

180

LOANDA/PR (Município). Lei nº. 096 de 21 de dezembro de 2008. Disponível: <www.icmsecologico.org.br>. Acesso em: 14 abr. 2011.

Page 108: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

108

[...]CLÁUSULA 1ª/FINALIDADE E/OU OBJETO: Regulamentar o disposto no artigo 1º da Lei nº. 096/2008, que autoriza o Primeiro Conveniado a firmar convênio com o Segundo Conveniado, visando incentivar às RPPN, em razão do recebimento do ICMS Ecológico pelo Município, que possui em seus limites a RPPN Fazenda Malão. CLÁSULA 2ª/VALOR: O valor do convênio ora em questão será de 45% (quarenta e cinco) por cento da receita do ICMS Ecológico destinado ao Município de Loanda. CLÁUSULA 3ª/NORMAS REGULADORAS: Leis Municipais nº.s 096/2008 e 021/2009; Decreto Estadual nº. 4.262/1994; Portaria do IAP nº. 232/98; Lei Complementar Estadual nº. 59/1991; Art. 158, inciso IV da Constituição Federal. CLÁUSULA 4ª/OBRIGAÇÕES DO PRIMEIRO CONVENIADO: Repassar mensalmente o valor devido ao Segundo Conveniado, até o dia 15 (quinze) de cada mês, sob pena de ser comunicado ao IAP (Instituto Ambiental do Paraná) e/ou cobrado judicialmente a quantia devida. CLÁSULA 5ª OBRIGAÇÕES DO SEGUNDO CONVENIADO: Firmar termo de Repasse com o proprietário da RPPN, disponibilizando ao mesmo o valor recebido com a assinatura do presente Convênio e prestar contas ao Município 15 dias após o término do exercício mensal, salvo acordo entre as partes. [...]. 181 (destacou-se).

Vale identificar que, após a assinatura de um termo entre a associação e o proprietário,

o dono de Reservas Particulares será compensado financeiramente pela preservação de suas

áreas de reservas e de sua biodiversidade. As reservas em propriedades particulares que, até

então, eram consideradas um problema para seus proprietários, passarão a ser uma fonte de

renda, desde que cadastradas no órgão ambiental estadual e reconhecidas como RPPN,

estando, a partir de seu registro, em forma de servidão vitalícia, à disposição do Estado como

um gerador de riquezas naturais.

Está-se diante do Princípio do Provedor Recebedor, onde o imposto, que até então era

um grande vilão, passa a ser utilizado como um forte aliado dos proprietários de Reservas de

Patrimônio Natural, na busca de um meio ambiente equilibrado e sustentável.

3.5 AVALIAÇÃO E ANÁLISE DA EFETIVA CONTRIBUIÇÃO DO ICMS

ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PRESERVAÇÃO AMBIENTAL

Os estímulos e incentivos tributários têm um alto índice de eficiência para a

preservação do meio ambiente. Diante da pesquisa proposta, tem-se o objetivo de demonstrar

a efetiva contribuição do ICMS Ecológico como incentivo aos municípios para se

181

LOANDA/PR (Município). Convênio nº. 004/2009. Disponível: <www.icmsecologico.org.br>. Acesso em: 14 abr. 2.011.

Page 109: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

109

empenharem na melhor utilização do seu ecossistema. Sobretudo, objetiva-se também mostrar

as medidas preventivas como a melhor opção no combate à destruição do meio ambiente, já

que as medidas punitivas, que atuam pós-fato, dificilmente irão corrigir os danos causados.

Desenvolvimento econômico e sustentabilidade ambiental devem andar juntos. As sanções

civis, administrativas e penais dificilmente trarão de volta uma biodiversidade comprometida,

e, nesse sentido, deve-se pontuar que o objetivo maior é a proteção ambiental e não

simplesmente punir os poluidores.

Com tal objetivo, o ICMS Ecológico atua como um legitimo instrumento de proteção

ambiental que, se aplicado corretamente, estará imune de quaisquer interferências que não

visem ao incentivo à proteção ambiental. Para melhor assinalar, abaixo estão depoimentos de

diversos doutrinadores e estudiosos da conservação da biodiversidade, que relatam o

verdadeiro significado do ICMS Ecológico para a preservação ambiental.

Fernando Cesar da Veiga Neto182, Coordenador de Serviços Ambientais do Programa

de Conservação da Mata Atlântica e Savanas Centrais da The Nature Conservancy – TNC

expões:

O crescente uso de instrumentos econômicos para a conservação da biodiversidade, em complementação aos tradicionais instrumentos de comando e controle, é uma tendência mundial e que tem tido na América Latina um espaço de experimentação e desenvolvimento invejável. Entre estes, o ICMS-Ecológico merece, sem dúvida, um local de destaque no panorama nacional e internacional. Desenvolvido inicialmente no Estado do Paraná, em 1991, o ICMS-Ecológico é realidade hoje em mais de uma dezena de estados brasileiros e envolve o repasse de aproximadamente R$ 600 milhões/ano para os municípios que abrigam Unidades de Conservação ou se beneficiam através de outros critérios ambientais. Porém sabemos que toda e qualquer política pública precisa do engajamento da sociedade civil para torná-la real e manter o seu constante aperfeiçoamento. Pensando nisto e entendendo a grande importância do ICMS-Ecológico como instrumento de consolidação de Unidades de Conservação, assim como de incentivo econômico para os municípios brasileiros que abrigam Unidades de Conservação, e potencialmente para proprietários de RPPNs e comunidades tradicionais e sem perder de vista o seu grande papel como instrumento de gestão ambiental que estimula a aproximação entre gestores municipais e órgãos ambientais estaduais e federais, a Aliança para a Conservação da Mata Atlântica (Conservação Internacional e SOS Mata Atlântica) e a The Nature Conservancy – TNC, através da sua parceria para a conservação de Unidades de Conservação públicas e privadas na Mata Atlântica elegeu o ICMS-Ecológico como um de seus temas prioritários de trabalho.[...].

182 NETO, César da Veida. Depoimento sobre a importância do ICMS Ecológico na conservação da Biodiversidade. Disponível em: <www.icmsecologico.org.br>. Acesso em: 08 marc 2011.

Page 110: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

110

Em seu depoimento, Fernando César da Veiga Neto considera o ICMS - Ecológico

como prioritário para a conservação das Unidades de Conservação Pública e Privadas na Mata

Atlântica, ressaltando o uso de instrumento econômico como um a tendência mundial para a

preservação do meio ambiente. Ainda em relação à importância do ICMS – Ecológico para a

proteção da Mata Atlântica, Luiz Paulo de Souza Pinto183, Diretor do Programa Mata

Atlântica da Conservação Internacional – CI, ressalta:

Um aspecto essencial para a conservação da Mata Atlântica e outros biomas brasileiros é a busca permanente de incentivos econômicos que possam assegurar a proteção da biodiversidade a longo prazo. Nesse sentido, o ICMS Ecológico, já adotado por vários estados da Mata Atlântica, tem se mostrado uma ferramenta econômica inovadora e consistente ao estabelecer critérios objetivos, qualitativos e quantitativos, para sua aplicação, e ao criar elos entre estados e municípios e um espaço de diálogo com a sociedade civil organizada e proprietários rurais para a solução dos problemas ambientais.

A valorização da biodiversidade a partir de incentivos fiscais, faz os municípios

tratarem seu ecossistema não somente por suas contribuições ao bem estar e à saúde que ele

proporciona, mas ainda pelo caráter econômico do estímulo à manutenção das áreas

ambientais. A corroborar tal entendimento, Giovana Baggio de Bruns184, Coordenadora de

Conservação em Terras Privadas do Programa de Conservação da Mata Atlântica e Savanas

Centrais da The Nature Conservancy – TNC ratifica:

O ICMS Ecológico é uma das ferramentas mais efetivas de estímulo à conservação dos remanescentes de ecossistemas nativos no Brasil. Estimulando estados e principalmente municípios a encarar suas áreas verdes como ativos, valorizando-as não só ambientalmente, mas economicamente. É um novo modelo, é o reflexo de uma nova era, quando se passa a enxergar a natureza como uma vantagem ao desenvolvimento e não como um entrave ao crescimento econômico.

Diante do caráter econômico, ocorre um aumento das áreas protegidas, como Elcio

Rogério de Castro Mello185, Analista Ambiental do Instituto Estadual de Florestas – IEF –

Minas Gerais, discorre: “O ICMS Ecológico vem contribuindo e mostra claramente um

aumento de área protegida no Estado”.

183 PINTO, Luis Paulo de Souza. Depoimento sobre a importância do ICMS Ecológico na conservação da Biodiversidade. Disponível em: <www.icmsecologico.org.br>. Acesso em: 08 marc 2011. 184 BRUNS, Giovana Baggio de. Depoimento sobre a importância do ICMS Ecológico na conservação da Biodiversidade. Disponível em: <www.icmsecologico.org.br>. Acesso em: 08 marc 2011. 185 MELLO, Elcio Rogério de Castro. Depoimento sobre a importância do ICMS Ecológico na conservação da Biodiversidade. Disponível em: <www.icmsecologico.org.br>. Acesso em: 08 marc 2011.

Page 111: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

111

Sobre a origem, aplicabilidade e os resultados advindos do ICMS – Ecológico, Wilson

Loureiro186, do Instituto Ambiental do Paraná - IAP – Paraná, expressa:

O ICMS Ecológico, também conhecido como ICMS verde ou socioambiental, nascido no Paraná, foi uma saída encontrada pelos estados brasileiros, que visa aproveitar a oportunidade oferecida pelo modelo do federalismo fiscal em prol do exercício da cidadania, em especial ao criar condições à indução do comportamento pró-ativo dos municípios em defesa das causas ambientais, particularmente da conservação da biodiversidade. Quer seja pelo custo, pela criatividade ou pela oportunidade de reeducação institucional que proporciona, o ICMS Ecológico mostra que o Brasil tem jeito, que nós temos como dar jeito nele, basta nos dispormos a procurar os caminhos e caminhar. Não é panacéia, longe disto, é um processo de aprendizado, admirado em vários cantos do mundo, que nos ajuda e ajudará na criação de outros ICMS Ecológicos, no aprimoramento destes e na criação de modelos similares, construindo assim a base de políticas públicas que nos levarão ao encontro da sociedade que merecemos, ambientalmente adequada, mais justa e solidária!

Com uma experiência advinda desde o início da implantação do ICMS – Ecológico no

Brasil, Wilson Loureiro participou da implantação desse instrumento de proteção no Estado

do Paraná, que foi o primeiro Estado da Federação a criar esse incentivo que, ao longo dos

anos, foi utilizado como modelo e que, a cada dia, passa por um processo de aprimoramento e

modernização social. Wilson Loureiro descreve, dentre outros pontos fortes desse tributo

verde, em seu depoimento, o baixo custo, a criatividade e a reeducação Institucional.

Felipe Martins Cordeiro de Mello187, Analista Ambiental do Ministério do Meio

Ambiente – Espírito Santo, faz menção da importância da instituição da tributação ecológica,

por meio do ICMS, para a proteção das Unidades de Conservação, diante dos problemas de

preservação no Estado do Espírito Santo:

No Espírito Santo temos muitas áreas degradadas. Se conseguirmos inserir essa variável no ICMS creio que os municípios terão o cuidado de recuperar. Da mesma forma, cerca de 90% das matas ou estão em propriedades privadas ou são terras devolutas, portanto o ICMS Ecológico seria um grande impulsionador da conservação por meio das RPPN e UCs públicas.

186 LOUREIRO, Wilson. Depoimento sobre a importância do ICMS Ecológico na conservação da Biodiversidade. Disponível em: <www.icmsecologico.org.br>. Acesso em: 08 marc 2011. 187 MELLO, Felipe Martins Cordeiro de. Depoimento sobre a importância do ICMS Ecológico na conservação da Biodiversidade. Disponível em: <www.icmsecologico.org.br>. Acesso em: 08 marc 2011.

Page 112: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

112

Fernando José Pimentel Teixeira188, proprietário da RPPN Rio das Lontras – Santa

Catarina, comenta a contribuição que o ICMS – Ecologia trará aos proprietários de Unidades

de Conservação no Estado de Santa Catarina, após a sua implantação:

O ICMS Ecológico poderá, dentro de uma série de mudanças de rumo político-administrativas, contribuir de maneira que os municípios tenham ações em prol da conservação ambiental.

A respeito da contribuição da implementação do tributo ecológico para as Unidades de

Conservação, Ana Maria Juliano, Presidente da Charrua189 – Associação de Proprietários de

RPPN do Rio Grande do Sul, relata:

O instrumento é interessante tanto para os municípios como para as Unidades de Conservação, uma vez que estimula uma nova fonte de receita fundamentada na preservação e não em outros setores, tais como o primário e o secundário (agricultura e indústria).

Quanto à experiência vivida no Estado de São Paulo, João Rizzieri190, que é

Presidente da Federação das Reservas Ecológicas Particulares do Estado de São Paulo –

FREPESP, comenta:

Atualmente é o mais eficiente instrumento que os estados possuem para a implementação de políticas públicas ambientais e para promover o desenvolvimento sustentável de seus municípios, porém não basta, será sempre necessário haver vontade política e sincera de proteger a natureza.

Ainda sobre São Paulo, Flávio Ojidos191, sócio da Ojidos & Marinho Consultoria em

Meio Ambiente – SP, assinala:

Esse mecanismo cria uma oportunidade para o estado influir no processo de desenvolvimento sustentável dos municípios, premiando algumas atividades ambientalmente corretas. É um instrumento de inteligência administrativa em prol da conservação.

188 TEIXEIRA, Fernando José Pimentel. Depoimento sobre a importância do ICMS Ecológico na conservação da Biodiversidade. Disponível em: <www.icmsecologico.org.br>. Acesso em: 08 marc 2011. 189 CHURRUA, Ana Maria Juliano Presidente da. Depoimento sobre a importância do ICMS Ecológico na conservação da Biodiversidade. Disponível em: <www.icmsecologico.org.br>. Acesso em: 08 marc 2011. 190 RIZZIERI, João. Depoimento sobre a importância do ICMS Ecológico na conservação da Biodiversidade. Disponível em: <www.icmsecologico.org.br>. Acesso em: 08 marc 2011. 191 OIJOS, Flávio. Depoimento sobre a importância do ICMS Ecológico na conservação da Biodiversidade. Disponível em: <www.icmsecologico.org.br>. Acesso em: 08 marc 2011.

Page 113: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

113

A experiência vivida por São Paulo, a partir da instituição da tributação ecológica,

mostra que esse instrumento econômico contribui inquestionavelmente com a preservação das

áreas nos Municípios, reforçando ainda mais, após o depoimento de especialistas, os

resultados do crescimento no número de áreas preservadas em todo território paulista.

Para melhor assinalar, cabe aqui referenciar mais alguns depoimentos demonstrando,

nos Estados do Ceará, Rio de Janeiro, Alagoas e Piauí, o contentamento com o nascimento do

ICMS Ecológico, na expressão dos seguintes ambientalistas:

Rodrigo Castro192, Presidente da Confederação Nacional de RPPN – CNRPPN:

No Ceará estamos amadurecendo no processo e aprendendo bastante neste segundo ano de implantação do ICMS Socioambiental. As perspectivas são positivas, pois estamos avançando para incluir um conjunto cada vez maior de indicadores ambientais para aferir a gestão ambiental municipal em que a conservação da biodiversidade terá um peso relativo alto.

Maurício Ruiz193, Diretor Executivo do Instituto Terra de Preservação Ambiental –

Rio de Janeiro:

Fazer com que os recursos do estado retornem aos municípios segundo um critério verde já é realidade. Precisamos agora criar instrumentos para que os municípios façam com que esses valores cheguem aos proprietários das florestas, sejam elas públicas ou privadas.

André Ilha194, Diretor de Biodiversidade e Áreas Protegidas do Instituto Estadual do

Ambiente – INEA – Rio de Janeiro:

Saímos de 120 mil hectares de Unidades de Conservação de Proteção Integral no início deste governo estadual e já estamos em 178 mil hectares. A meta é dobrar, ou seja, chegar em 240 mil hectares e acreditamos que a implementação do ICMS Ecológico vai contribuir nesse sentido.

Fernando José Monteiro Passos195, Gerente Técnico e Administrativo da Associação

Macambira de Reservas Privadas – Alagoas:

192 CASTRO, Rodrigo. Depoimento sobre a importância do ICMS Ecológico na conservação da Biodiversidade. Disponível em: <www.icmsecologico.org.br>. Acesso em: 08 marc 2011. 193 RUIZ, Mauricio. Depoimento sobre a importância do ICMS Ecológico na conservação da Biodiversidade. Disponível em: <www.icmsecologico.org.br>. Acesso em: 08 marc 2011. 194 ILHA, André. Depoimento sobre a importância do ICMS Ecológico na conservação da Biodiversidade. Disponível em: <www.icmsecologico.org.br>. Acesso em: 08 marc 2011. 195 PASSOS, Fernando José Monteiro Depoimento sobre a importância do ICMS Ecológico na conservação da Biodiversidade. Disponível em: <www.icmsecologico.org.br>. Acesso em: 08 marc 2011.

Page 114: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

114

A contribuição para a biodiversidade é de vital importância, visto que a maior dificuldade hoje das Associações em emplacar mais áreas para a criação de novas RPPNs é a preocupação dos proprietários em ter algum retorno financeiro para aplicar nas áreas de preservação. Tendo uma legislação que incentive os municípios a apoiarem a criação de RPPNs, o ICMS Ecológico pode ser um grande aliado para o aumento de área protegida no Estado.

Francisco Rodrigues Soares196, Presidente da Fundação Rio Parnaíba – FURPA –

Piauí:

A questão econômica sempre foi e sempre será a raiz do crescimento da consciência ecológica no nosso país. Espero que o ICMS Ecológico amplifique a importância de todos na melhoria das condições de vida da população local e do meio ambiente.

Os depoimentos de doutrinadores e representantes de diversos órgãos ambientais vêm

reafirmar o exposto, em toda a pesquisa, quanto à real contribuição que as medidas

preventivas geram na preservação dos recursos ambientais. Os mecanismos de comando e

controle, aos poucos, dão lugar a instrumentos econômicos que aparecem na forma de

benefícios e incentivos. O ICMS Ecológico representa, pontualmente, a eficiência no uso de

estímulos na preservação ambiental, sendo considerado um símbolo incontestável na

manutenção da biodiversidade.

196 SOARES, Francisco Rodrigues. Depoimento sobre a importância do ICMS Ecológico na conservação da Biodiversidade. Disponível em: <www.icmsecologico.org.br>. Acesso em: 08 marc 2011.

Page 115: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

115

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O crescimento econômico não traz consigo preocupações quanto aos problemas

sociais e tampouco com as questões de desigualdades regionais, preocupando-se apenas com

o caráter financeiro e o aspecto quantitativo. Por sua vez, o desenvolvimento econômico é

mais abrangente e se preocupa com as consequências que as questões econômicas podem

trazer a toda a sociedade ao longo do tempo, valorizando o caráter qualitativo. Nesse sentido,

está presente na doutrina o sentimento de se ter desenvolvimento econômico pautado pela

sustentabilidade.

Os incentivos e benefícios devem estar presentes como estímulos à preservação do

meio ambiente, por meio da tributação extrafiscal, agindo preventivamente em sua proteção,

desde que respeitadas as limitações estabelecidas na Lei de Responsabilidade Fiscal.

A previsão constitucional permite a concessão de incentivos e benefícios, porém a

LRF é taxativa ao ressaltar a necessidade de medida compensatória que poderá se dar no

aumento de alíquotas ou da base de cálculo e, ainda, no aumento ou na instituição de tributos.

Regras de controle e comando, aos poucos, dão lugar a novas políticas no campo

tributário.

A Constituição Federal não se omitiu quanto à possibilidade de instituir tributo

ambiental no ordenamento jurídico brasileiro, dispondo, em seu artigo 225, a proteção do

meio ambiente como Direito Fundamental.

Os municípios com grandes áreas de reservas possuem menores taxas de

desenvolvimento econômico, mesmo contribuindo de forma incontestável para a manutenção

do ecossistema, sofrendo diretamente no cumprimento de suas atividades estatais, por

possuírem baixos índices de arrecadação de ICMS.

O ICMS Ecológico, em conformidade com o disposto na Constituição, tem o condão

de corrigir as distorções na repartição dos tributos arrecadados, fazendo com que os

municípios que possuem grande parte de seu território tomados por florestas obtenham uma

maior parcela de distribuição do ICMS, a partir da conservação do meio ambiente.

O primeiro Estado da Federação a instituir o ICMS Ecológico foi o Paraná, com a

ideia centrada na compensação, cujo texto legal veio a favorecer os municípios que, até então,

não tinham grandes possibilidade de expansão econômica.

Page 116: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

116

A previsão legal autoriza o repasse de 5%, para os municípios que tiverem cuidados

especiais com as Unidade de Conservação, áreas de Terras Indígenas, Faxinais, áreas de

Preservação Permanente e Reserva Florestal Legal.

Os resultados alcançados no Paraná, após a implantação do ICMS – Ecológico, são

satisfatórios, com altos índices de aumento de áreas protegidas. No mesmo sentido, São Paulo

instituiu ICMS Ecológico com incentivos aos municípios que priorizassem a manutenção das

unidades de conservação. Entretanto, há uma real necessidade de incluir novas propostas na

legislação vigente, contemplando os problemas ambientais vividos nas grandes cidades.

O Estado de Minas Gerais inovou ao instituir uma legislação de incentivo à proteção

ambiental para os municípios que, além de preservarem as unidades de conservação estaduais,

municipais, federais e particulares, realizarem o correto manejo do lixo, do esgoto e

implantarem a coleta seletiva de resíduos sólidos urbanos, fazendo da legislação mineira um

diferencial na proteção do ecossistema.

O Estado de Pernambuco seguiu o mesmo caminho dos mineiros, trazendo, em seu

texto, não somente os cuidados com as unidades de conservação, mas também as questões

relacionadas ao lixo, a partir da criação de unidades de compostagem e de aterros sanitários,

incentivando o reaproveitamento dos resíduos.

O ICMS ecológico, por se tratar de um imposto extrafiscal, exterioriza-se na forma de

uma sanção premial, consagrando-se como um incontestável incentivo para que os municípios

possam contribuir com a conservação do ecossistema e da biodiversidade, sendo

recompensados com um acréscimo na arrecadação do ICMS, se cumprirem os requisitos

estabelecidos na lei do seu respectivo Estado.

As reservas em propriedades particulares que, até então, eram consideradas um

problema para seus proprietários, passarão a ser uma fonte de renda, desde que cadastradas no

órgão ambiental estadual e reconhecidas como RPPN, estando, a partir de seu registro, em

forma de servidão vitalícia, à disposição do Estado como um gerador de riquezas naturais.

Nesse sentido, é muito valiosa a iniciativa do município de Loanda no Estado do

Paraná de incentivar os proprietários de RPPN na proteção da biodiversidade, por meio de

uma compensação financeira, oferecendo-lhes parte da arrecadação do ICMS Ecológico.

Os depoimentos de doutrinadores e representantes de diversos órgãos ambientais vêm

reafirmar o exposto, em toda a pesquisa, quanto à real contribuição que as medidas

preventivas geram na preservação dos recursos ambientais.

Page 117: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

117

O ICMS Ecológico representa, pontualmente, a eficiência no uso de estímulos na

preservação ambiental, sendo considerado um símbolo incontestável na manutenção da

biodiversidade.

Vale ressaltar que, ocorreu a redistribuição do ICMS, instituindo um novo critério

para os repasses de sua arrecadação aos Municípios. O ICMS – Ecológico, difundido na

maioria dos Estados, é um fundo de compensação de áreas protegidas, no qual os municípios

que contribuírem com a preservação do meio ambiente receberão uma maior parcela da

arrecadação do ICMS.

Assim, o ICMS Ecológico produz seus efeitos positivos, mas a concessão de

incentivos apenas a Unidades de Conservação torna inócua a maioria das legislações dos

Estados, pois estas desprezaram grandes problemas ambientais concentrados em regiões

urbanas, principalmente no que concerne ao manejo do lixo e esgotos. A exemplo de Minas

Gerais e Pernambuco, outros Estados da Federação deviriam promover a ampliação dos

incentivos, sob pena de se estarem indiferentes aos principais problemas ambientais

enfrentados na atualidade.

Page 118: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

118

REFERÊNCIAS

ALCOFORADO, Fernando. Globalização. São Paulo: Nobel, 1997.

ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Direito Administrativo Descomplicado. 17. ed. Rio de Janeiro: Método, 2009.

AMAPÁ (Estado). Lei nº.0322 de 23 de dezembro de 1996. Disponível: <www.ap.gov.br>. Acesso em: 06 abr. 2011.

ARAÚJO, Cláudia Campos de [Et. al.]. Meio ambiente e sistema tributário: novas perspectivas. São Paulo: Senac, 2003.

BALEEIRO, Aliomar. Direito Tributário Brasileiro. 11. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2010.

BRASIL. Código Penal Brasileiro. Disponível: <www.planalto.gov.br>. Acesso em: 03 marc. 2011.

_______. Constituição (1988). Disponível em: <www.planalto.gov.br>. Acesso em: 01 fev. 2011.

_______. Decreto nº. 5746 de 05 de abril de 2.006. Disponível: <www.planalto.gov.br>. Acesso em: 07 marc. 2011.

_______. Decreto nº. 351 de 21 de novembro de 1991. Disponível: <www.planalto.gov.br>. Acesso em: 28 marc. 2011.

_______. Lei 10165 de 27 de dezembro de 2000. Disponível: <www.planalto.gov.br>. Acesso em: 02 marc. 2011.

_______. Lei 9605 de 12 de fevereiro de 1998. Disponível: <www.planalto.gov.br>. Acesso em: 02 marc. 2011.

_______. Lei nº. 4771 de 15 de setembro de .965. Disponível: <www.planalto.gov.br>. Acesso em: 06 marc. 2011.

Page 119: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

119

_______. Lei nº. 5172 de 25 de outubro de 1966. Disponível: <www.planalto.gov.br>. Acesso em: 01 abr. 2011.

_______. Lei nº. 9985 de 18 de julho de 2000. Disponível: <www.planalto.gov.br>. Acesso em: 07 marc. 2011.

_______. Lei nº. 8429 de 02 de junho de 1992. Disponível: <www.planalto.gov.br>. Acesso em: 01 abr. 2011.

_______. Lei nº. 7347 de 24 de julho de 1985. Disponível: <www.planalto.gov.br>. Acesso em: 26 fev. 2011.

_______. Lei nº. 12305 de 02 de agosto de 2.010. Disponível: <www.planalto.gov.br>. Acesso em: 13 abr. 2011.

_______. Lei Complementar nº. 101 de 04 de maio de 2000. Disponível: <www.planalto.gov.br>. Acesso em: 01 abr. 2.011.

_______. Ministério do Meio Ambiente. Disponível em:.< www.ana.gov.br>. Acesso em 20 fev. 2011.

_______. Resolução Conama nº. 369 de 28 de março de 2006. Disponível: <www.planalto.gov.br>. Acesso em: 06 marc. 2011.

_______. Resolução Conama nº. 237/97 de 19 de dezembro de 1.997. Disponível: <www.planalto.gov.br>. Acesso em: 06 marc. 2.011.

_______. Resolução Conama nº. 302/2002 de 20 de março de 2002. Disponível: <www.planalto.gov.br>. Acesso em: 06 marc. 2011.

BRUNS, Giovana Baggio de. Depoimento sobre a importância do ICMS Ecológico na conservação da Biodiversidade. Disponível em: <www.icmsecologico.org.br>. Acesso em: 08 marc 2011.

CASTRO, Rodrigo. Depoimento sobre a importância do ICMS Ecológico na conservação da Biodiversidade. Disponível em: <www.icmsecologico.org.br>. Acesso em: 08 marc 2011.

Page 120: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

120

CHURRUA, Ana Maria Juliano. Depoimento sobre a importância do ICMS Ecológico na conservação da Biodiversidade. Disponível em: <www.icmsecologico.org.br>. Acesso em: 08 marc 2011.

CRITÉRIO PARA RECEBER O ICMS ECOLÓGICO. Disponível em: <www.icmsecologico.org.br>. Acesso em: 07 marc 2011.

DERANI, Cristiane. Direito Ambiental Econômico. São Paulo: Max Limonad, 1997.

DIFINI, Luiz Felipe Silveira. Manual de direito Tributário. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2008.

FANUCHI, Fábio. Curso de direito tributário brasileiro. 3. ed. Brasília: Resenha Tributária – MEC, 1.975.

FIELD, Barry C. Economia Ambiental. Colômbia: Martha Edna Suárez R.,1995. (Tradução Geral).

FIGUEIREDO, Lúcia Valle. Curso de Direito Administrativo. 8. ed. São Paulo: Malheiros, 2006.

FIORILLO, Celso Antonio Pacheco. Curso de Direito Ambiental Brasileiro. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2006.

FIORILLO, Celso Antonio Pacheco. Curso de Direito Ambiental Brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2008.

FREIRE, William. Direito Ambiental Brasileiro. 2. ed., Rio de Janeiro: AIDE, 2000.

FURLAN, Anderson, FRACALOSSI, William. Direito Ambiental. 1. ed., Rio de Janeiro: Forense, 2010.

ILHA, André. Depoimento sobre a importância do ICMS Ecológico na conservação da Biodiversidade. Disponível em: <www.icmsecologico.org.br>. Acesso em: 08 marc 2011.

INTRODUÇÃO AO ICMS ECOLÓGICO. Disponível em: <www.tributoverde.com.br>. Acesso em: 05 marc 2011.

Page 121: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

121

JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Saraiva, 2006.

KIECKHOFER, Adriana Migliorini. Empreendimentos Econômicos e Desenvolvimento Sustentável. Marília: Arte e Ciência, 2008.

LOANDA/PR (Município). Lei nº. 096 de 21 de dezembro de 2.008. Disponível em: <www.icmsecologico.org.br>. Acesso em: 14 abr. 2011.

LOANDA/PR (Município). Convênio nº. 004/2009. Disponível em: <www.icmsecologico.org.br>. Acesso em: 14 abr. 2011.

LOBATO, Anderson O. C.. ALMEIDA, Gilson C. B.. Tributação Ambiental: Uma Contribuição ao Desenvolvimento Sustentável. In TÔRRES, Heleno Taveira (Org). Direito Tributário Ambiental. São Paulo: Malheiros 2005.

________. Direito Tributário Ambiental. São Paulo: Malheiros, 2005.

LOUREIRO, Wilson. Depoimento sobre a importância do ICMS Ecológico na conservação da Biodiversidade. Disponível em: <www.icmsecologico.org.br>. Acesso em: 08 marc 2011.

__________. Icms Ecológico na Biodiversidade. Campo Grande: Rede Nacional Pró-Unidades de Conservação: Fundação O Boticário de Proteção à Natureza, 2003 3v.

LOUREIRO, Wilson; MARTINEZ, Alexandre. ICMS Ecológico como Instrumento de Apoio as RPPN no Paraná. Disponível em: <www.icmsecologico.org.br>. Acesso em: 07 marc 2011.

MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário. 29. ed. São Paulo: Malheiros, 2008.

MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental Brasileiro. 9. ed. São Paulo: Malheiros, 2001.

__________. Direito Ambiental Brasileiro. São Paulo: Malheiros, 1992.

Page 122: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

122

MACHADO, Paulo Affonso Leme. Os Tipos de Unidades de Conservação e a Presença Humana. In ALVES, Alaôr Caffé; [Et. al] (Org). Meio Ambiente, Direito e Cidadania. São Paulo: Signus 2002.

MARTINS, Ives Gandra da Silva. A Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental – TCFA. In TÔRRES, Heleno Taveira (Org). Direito Tributário Ambiental. São Paulo: Malheiros 2005.

__________. Curso de Direito Tributário. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2000.

MATO GROSSO (Estado). Lei Complementar nº. 157 de 20 de janeiro de 2004. Disponível: <www.mt.gov.br>. Acesso em: 06 abr.. 2011.

MATO GROSSO DO SUL (Estado). Lei nº. 2193 de 18 de dezembro de 2000. Disponível: <www.mts.gov.br>. Acesso em: 06 abr.. 2011.

MEIRELLES. Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 24. ed. São Paulo: Malheiros, 2.006.

MELLO, Elcio Rogério de Castro. Depoimento sobre a importância do ICMS Ecológico na conservação da Biodiversidade. Disponível em: <www.icmsecologico.org.br>. Acesso em: 08 marc 2011.

MELLO, Felipe Martins Cordeiro de. Depoimento sobre a importância do ICMS Ecológico na conservação da Biodiversidade. Disponível em: <www.icmsecologico.org.br>. Acesso em: 08 marc 2011.

MERCOSUL. Acordo-Quadro sobre meio ambiente Decisão CMC/02 de 22 de junho de 2001. Disponível em: www.mercosur.int/msweb. Acesso em:28 mar. 2011.

MERCOSUL. Resolução nº. 10/94 de 05 de agosto de 1.994. Disponível em: www.mercosur.int/msweb. Acesso em:28 mar. 2011.

MINAS GERAIS (Estado). Lei nº. 12040 de 28 de dezembro de 1995. Disponível: <www.mg.gov.br>. Acesso em: 06 abr.. 2011.

MODÉ, Fernando Magalhães. Tributação Ambiental, a função do tributo na proteção do meio ambiente. Curitiba: Juruá, 2003.

Page 123: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

123

MONTERO, Carlos E. Peralta. O Fundamento e a Finalidade dos Tributos Ambientais. In MOTA, Mauricio (Org). Fundamentos Teóricos do Direito Ambiental. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008.

MORAES, Bernardo Ribeiro de. Doutrina e Prática das Taxas. 2 ed. São Paulo: Quartier Latin do Brasil, 2007.

NASCIMENTO, Carlos Valder do. Comentários a Lei de Responsabilidade Fiscal. In MARTINS, Ives Gandra da Silva; NASCIMENTO, Carlos Valder do (Org). Comentários à Lei de Responsabilidade Fiscal. São Paulo: Saraiva, 2009.

NETO, César da Veida. Depoimento sobre a importância do ICMS Ecológico na conservação da Biodiversidade. Disponível em: <www.icmsecologico.org.br>. Acesso em: 08 marc 2011.

OIJOS, Flávio. Depoimento sobre a importância do ICMS Ecológico na conservação da Biodiversidade. Disponível em: <www.icmsecologico.org.br>. Acesso em: 08 marc 2011.

OLIVEIRA, Fabiano Melo Gonçalves de. Direito Ambiental. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2009.

OLIVEIRA, Fabiano Melo Gonçalves de. Elementos do Direito. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2009.

OLIVEIRA, Regis Fernandes de. Taxas de Polícia. 2. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2004.

PARANÁ (Estado). Constituição. Disponível: <www.pr.gov.br>. Acesso em: 05 marc. 2011.

PARANÁ (Estado). Lei Complementar 59 de 01 de outubro de 1991. Disponível: <www.pr.gov.br>. Acesso em: 05 marc. 2011.

_______.Decreto nº. 3446 de 14 de agosto de 1.997. Disponível: <www.pr.gov.br>. Acesso em: 05 marc. 2011.

PASSOS, Fernando José Monteiro Depoimento sobre a importância do ICMS Ecológico na conservação da Biodiversidade. Disponível em: <www.icmsecologico.org.br>. Acesso em: 08 marc 2011.

Page 124: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

124

PAULA, Jônatas Luiz Moreira de. Direito Ambiental e Cidadania. Leme: J. H. Mizuno, 2007.

PAULSEN, Leandro. Direito Tributário: Constituição e Código Tributário à luz da doutrina e da jurisprudência. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2009.

PERNAMBUCO (Estado). Lei nº.11899 de 21 de dezembro de 2000. Disponível: <www.pe.gov.br>. Acesso em: 06 abr. 2011.

PINTO, Antonio Carlos Brasil. A globalização, o Meio Ambiente e os movimentos ecológicos. In LEITE, José Rubens Morato; FILHO, Ney de Barros Bello (Org). Direito Ambiental Contemporâneo. Barueri: Manole, 2004.

PINTO, Luis Paulo de Souza. Depoimento sobre a importância do ICMS Ecológico na conservação da Biodiversidade. Disponível em: <www.icmsecologico.org.br>. Acesso em: 08 marc 2011.

RIBAS, Lídia Maria. Lopes Rodrigues.. Defesa Ambiental: Utilização de Instrumentos em Debate. In TÔRRES, Heleno Taveira (Org). Direito Tributário Ambiental. São Paulo: Malheiros 2005.

RIBEIRO, Maria de Fátima. FERREIRA, Jussara Suzi Assis Borges Nasser. O Papel do Estado no Desenvolvimento Econômico Sustentável: Reflexões sobre a Tributação Ambiental como Instrumento de Políticas Públicas. IDTL, 16 setembro de 2005. Disponível em: http://idtr.com.br/artigos/133/pdf. Acesso em: 28 jan. 2011.

RIBEIRO, Maria de Fátima. PAIANO, Braga Daniela. CARDOSO, Sérgio. Tributação Ambiental no Desenvolvimento Econômico: Considerações sobre a Função Social do Tributo. IDTL, 16 setembro de 2005. Disponível em: http://idtr.com.br/artigos/133/pdf. Acesso em: 28 jan. 2011.

RIBEIRO, Vinicus Duarte. Área de Unidade de Conservação em Minas Gerais nos três níveis de governo, antes e depois do Icms Ecológico. Disponível em: <www.icmsecologico.org.br>. Acesso em: 06 marc 2011.

_______. Área de Unidade de Conservação em Pernambuco nos três níveis de governo, antes e depois do Icms Ecológico. Disponível em: <www.icmsecologico.org.br>. Acesso em: 06 marc 2011.

Page 125: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

125

_______. Área de Unidade de Conservação em Rondônia nos três níveis de governo, antes e depois do Icms Ecológico. Disponível em: <www.icmsecologico.org.br>. Acesso em: 06 marc 2011.

_______. Área de Unidade de Conservação em São Paulo no nível estadual, antes e depois do Icms Ecológico. Disponível em: <www.icmsecologico.org.br>. Acesso em: 06 marc 2011.

_______. Área de Unidade de Conservação no Amapá nos três níveis de governo, antes e depois do Icms Ecológico. Disponível em: <www.icmsecologico.org.br>. Acesso em: 06 marc 2011.

_______. Área de Unidade de Conservação no Mato Grosso do Sul nos três níveis de governo, antes e depois do Icms Ecológico. Disponível em: <www.icmsecologico.org.br>. Acesso em: 06 marc 2011.

_______. Área de Unidade de Conservação no Mato Grosso nos níveis estadual e federal de governo, antes e depois do Icms Ecológico. Disponível em: <www.icmsecologico.org.br>. Acesso em: 06 marc 2011.

_______. Área de Unidade de Conservação no Paraná nos três níveis de governo, antes e depois do Icms Ecológico. Disponível em: <www.icmsecologico.org.br>. Acesso em: 06 marc 2011.

_______. Área de Unidade de Conservação no Rio Grande do Sul nos níveis estadual e federal, antes e depois do Icms Ecológico. Disponível em: <www.icmsecologico.org.br>. Acesso em: 06 marc 2011.

_______. Distribuição do ICMS conforme a Constituição Federal. Disponível em: <www.icmsecologico.org.br>. Acesso em: 04 marc 2011.

_______. Exemplo hipotético de critérios de repasse do ICMS de acordo com a Constituição Federal. Disponível em: <www.icmsecologico.org.br>. Acesso em: 04 marc 2011.

RIO DE JANEIRO (Estado). Acórdão Nº. 70021139134 do Tribunal de Justiça do RS - Segunda Câmara Cível, de 25 Fevereiro 2009. Disponível em: <.http://br.vlex.com/vid/55544400>. Acesso em: 22/08/2010.

Page 126: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

126

RIO GRANDE DO SUL (Estado). Lei nº.11038 de 14 de novembro de 1997. Disponível: <www.rs.gov.br>. Acesso em: 06 abr.. 2011.

RIZZIERI, João. Depoimento sobre a importância do ICMS Ecológico na conservação da Biodiversidade. Disponível em: <www.icmsecologico.org.br>. Acesso em: 08 marc 2011.

RONDÔNIA (Estado). Lei Complementar nº.147 de 15 de janeiro de 1.996. Disponível: <www.ro.gov.br>. Acesso em: 06 abr.. 2011.

RUIZ, Mauricio. Depoimento sobre a importância do ICMS Ecológico na conservação da Biodiversidade. Disponível em: <www.icmsecologico.org.br>. Acesso em: 08 marc 2011.

SABBAG, Eduardo de Moraes. Manual de Direito Tributário. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2010.

SÃO PAULO (Estado). Lei nº.8510 de 29 de dezembro de 1.993. Disponível: <www.sp.gov.br>. Acesso em: 06 abr.. 2011.

SCAFF, Fernando Facury. TUPIASSU, Lise Vieira da Costa. Tributação e Políticas Públicas: O Icms Ecológico. In TÔRRES, Heleno Taveira (Org). Direito Tributário Ambiental. São Paulo: Malheiros 2005, p. 735-740.

SILVA, Anderson Furlan Freire da. Direito Ambiental. 1. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2010.

SILVA, Anderson Furlan Freire da; FRACALOSSI, William. Direito Ambiental. Rio de Janeiro: Forense, 2010.

SILVA, Geraldo Eulálio do Nascimento. Direito Ambiental Internacional. Rio de Janeiro: Thex, 1995.

SILVA, José Afonso da. Direito Ambiental Constitucional. São Paulo: Malheiros, 1995.

SIRVINSKAS, Luis Paulo. Manual de Direito Ambiental. 8. ed., São Paulo: Saraiva, 2010.

SIRVINSKAS, Luis Paulo. Tutela Constitucional do Meio Ambiente. São Paulo: Saraiva 2008.

Page 127: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

127

SOARES, Francisco Rodrigues. Depoimento sobre a importância do ICMS Ecológico na conservação da Biodiversidade. Disponível em: <www.icmsecologico.org.br>.

SOUZA, Paulo Roberto Pereira de. O Direito e a Sociedade Sustentável – I Jornada de Estudos Da Justiça Federal Circunscrição Judiciária de Maringá. 2002. Videoteca/Lab. Com.Social – Faculdade Maringá.

STIGLITZ, Joseph E. Globalização: como dar certo. São Paulo: Companhia das Letras, 2007. Traduzido por: Pedro Maia Soarez.

TAVARES, Alexandre Macedo. Fundamentos de Direito Tributário. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2009.

TEIXEIRA, Fernando José Pimentel. Depoimento sobre a importância do ICMS Ecológico na conservação da Biodiversidade. Disponível em: <www.icmsecologico.org.br>. Acesso em: 08 marc 2011.

TORRES, Ricardo Lobo. Curso de Direito Financeiro Tributário. Rio de Janeiro: Renovar, 2000.

Page 128: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

128

ANEXOS

Lei Complementar 59 - 01 de Outubro de 1991 do Estado do Paraná. Súmula: Dispõe sobre a repartição de 5% do ICMS, a que alude o art. 2°. da Lei n°. 9.491/90, aos municípios com mananciais de abastecimento e unidades de conservação ambiental, assim como adota outras providências. A Assembléia Legislativa do Estado do Paraná decretou e eu sanciono a seguinte lei: Art. 1º. São contemplados na presente lei, municípios que abriguem em seu território unidades de conservação ambiental, ou que sejam diretamente influenciados por elas, ou aqueles com mananciais de abastecimento público. Art. 2º. As unidades de conservação ambiental a que alude o artigo 1º., são as áreas de preservação ambiental, estações ecológicas, parques, reservas florestais, florestas, hortos florestais, áreas de reservas indígenas, área de relevante interesse de leis ou decretos federais, estaduais ou municipais, de propriedade pública ou privada. Parágrafo único. As prefeituras deverão cadastrar as unidades de conservação ambiental municipal junto à entidade estadual responsável pelo gerenciamento de recursos hídricos e meio ambiente. Art. 3º. Os municípios contemplados na presente lei pelo critério de mananciais, são aqueles que abrigam em seu território parte ou o todo de bacias hidrográficas de mananciais de abastecimento público para municípios vizinhos. Art. 4º. A repartição de cinco por cento (5%) do ICMS a que alude o artigo 2°. da Lei Estadual n°. 9.491, de 21 de dezembro de 1990, será feita da seguinte maneira: I - cinqüenta por cento (50%) para municípios com mananciais de abastecimento. II - cinqüenta por cento (50%) para municípios com unidades de conservação ambiental. Parágrafo único. No caso de municípios com sobreposição de áreas com mananciais de abastecimento e unidades de conservação ambiental, será considerado o critério de maior compensação financeira. Art. 5º. Os critérios técnicos de alocação dos recursos serão definidos pela entidade estadual responsável pelo gerenciamento dos recursos hídricos e meio ambiente, através de Decreto do Poder Executivo, em até sessenta (60) dias após a vigência da presente lei. Art. 6º. Os percentuais relativos a cada município serão anualmente calculados pela entidade responsável pelo gerenciamento dos recursos hídricos e meio ambiente e divulgados de Portaria publicada em Diário Oficial e informados à Secretaria de Finanças para sua implantação. Art. 7º. Fica alterado de oitenta por cento (80%) para setenta e cinco (75%) o artigo 1°., inciso I, da Lei Estadual n°. 9.491, de 21/12/1990. Art. 8º. Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário. PALÁCIO DO GOVERNO EM CURITIBA, em 01 de outubro de 1991. Lei nº. 11.038, de 14 de novembro de 1997 do Estado do Rio Grande do Sul. Dispõe sobre a parcela do produto da arrecadação do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS) pertencente aos municípios.

Page 129: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

129

O GOVERNADOR DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL. Faço saber, em cumprimento ao disposto no artigo 82, inciso IV, da Constituição do Estado, que a Assembléia Legislativa aprovou e eu sanciono e promulgo a Lei seguinte: Art. 1º - O índice de participação de cada município na parcela de 25% (vinte e cinco por cento) do produto da arrecadação do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS), reservada aos municípios consoante o estabelecido no inciso IV do artigo 158 da Constituição Federal, será obtido conforme os seguintes critérios: I - 75% (setenta e cinco por cento) com base na relação percentual entre o valor adicionado nas operações relativas à circulação de mercadorias e nas prestações de serviços realizadas em cada município e o valor adicionado total no Estado, apurada segundo o disposto na Lei Complementar nº 63, de 11 de janeiro de 1990; II - 7% (sete por cento) com base na relação percentual entre a população residente no município e a residente no Estado, conforme dados do último censo oficial fornecidos pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, para os anos com dados de censo oficial, e estimativas da Fundação de Economia e Estatística - FEE, para os demais anos; III - 7% (sete por cento) com base na relação percentual entre a área do município, multiplicando-se por 3 (três) as áreas de preservação ambiental e aquelas inundadas por barragens, exceto as localizadas nos municípios sedes das usinas hidrelétricas, e a área calculada do Estado, no último dia do ano civil a que se refere a apuração, informadas, em quilômetros quadrados, pela Divisão de Geografia e Cartografia da Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado - SAA; IV - 5% (cinco por cento) com base na relação percentual entre o número de propriedades rurais cadastradas no município e o das cadastradas no Estado, no último dia do ano civil a que se refere a apuração informados pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária - INCRA; V - 1% (um por cento) com base na relação percentual entre o inverso da taxa de evasão escolar de cada município e o somatório dos inversos das taxas de evasão escolar de todos os municípios, medidos pela Secretaria da Educação do Estado no ensino municipal de 1º grau; VI - 1% (um por cento) com base na relação percentual entre o inverso do coeficiente de mortalidade infantil de cada município e o somatório dos inversos dos coeficientes de mortalidade infantil de todos os municípios, medidos pela Secretaria da Saúde e do Meio Ambiente do Estado, relativos ao ano civil a que se refere a apuração; VII - 0,5% (cinco décimos por cento) com base na relação percentual entre a pontuação de cada município no Plano Básico de Ações de Mútua Colaboração (Projeto Parceria - Lei nº 10.388, de 2 de maio de 1995 ) e o somatório de todas as pontuações de todos os municípios, apuradas pela Secretaria da Fazenda do Estado; VIII - 3,5% (três inteiros e cinco décimos por cento) com base na relação percentual entre a produtividade primária do município e a do Estado, no ano civil a que se refere a apuração, obtidas pela divisão do valor da produção primária, conforme levantamento da Secretaria da Fazenda, pelo número de quilômetros quadrados, referidos no inciso III. Parágrafo 1º - Se a taxa de evasão escolar (base 100), referida no inciso V, for menor do que 1, deverá ser considerada igual a 1, para efeito do cálculo previsto nesse inciso. Parágrafo 2º - O coeficiente do município, referido no inciso VI, fica limitado ao triplo do coeficiente de mortalidade infantil do Estado do Rio Grande do Sul, relativo ao ano do censo. Art. 2º - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação, produzindo efeitos, à razão de 1/3 (um teço) das alterações instituídas a cada ano, durante três anos, a partir de 1º de janeiro de 1998.

Page 130: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

130

Art. 3º - Revogam-se as disposições em contrário, especificamente as Leis nº 7.531, de 3 de setembro de 1981 e nº 10.012, de 15 de dezembro de 1993 . PALÁCIO PIRATINI, em Porto Alegre, 14 de novembro de 1997. ANTONIO BRITTO, Governador do Estado Lei nº 8.510, de 29 de dezembro de 1993 de São Paulo Altera a Lei nº 3201, de 23 de dezembro de 1981, que dispõe sobre a parcela, pertencente aos municípios, do produto da arrecadação do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação - ICMS. Citado por 37 O GOVERNADOR DO ESTADO DE SÃO PAULO: Faço saber que a Assembléia Legislativa decreta e eu promulgo a seguinte lei: Artigo 1º - Passa a vigorar com a seguinte redação o artigo 1.º da Lei nº 3201, de 23 de dezembro de 1981: Citado por 6 "Artigo 1.º - Os índices de participação dos municípios no produto de arrecadação do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação serão apurados, anualmente, na forma e prazo estabelecidos pelas Secretaria da Fazenda para aplicação no exercício seguinte, com observância dos seguintes critérios: I - 76% (setenta e seis por cento), com base na relação percentual entre o valor adicionado em cada município e o valor total do Estado nos dois exercícios anteriores ao da apuração; II - 13% (treze por cento), com base no percentual entre a população de cada município e a população total do Estado, de acordo com o último recenseamento geral, realizado pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE; III - 5% (cinco por cento), com base no percentual entre o valor da receita tributária própria de cada município e a soma da receita tributária própria de todos os municípios paulistas; IV - 3% (três por cento), com base no percentual entre a área cultivada de cada município, no ano anterior ao da apuração, e a área cultivada total do estado, levantadas pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento; V - 0,5% (zero vírgula cinco por cento), com base no percentual entre a área total, no Estado, dos reservatórios de água destinados à geração de energia elétrica e a área desses reservatórios no município, existentes no exercício anterior, levantadas pela Secretaria de Energia; VI - 0,5% (zero vírgula cinco por cento), em função de espaços territoriais especialmente protegidos existentes em cada município e no Estado, observados os critérios estabelecidos no Anexo desta lei; VII - 2% (dois por cento), com base no resultado da divisão do valor correspondente a esse percentual pelo número de municípios do Estado existentes em 31 de dezembro do ano anterior ao da apuração. § 1.º - Para os efeitos desta lei, considera - se receita tributária própria e contabilizada no exercício anterior ao da apuração, proveniente exclusivamente dos impostos previstos na Constituição da República. § 2.º - Para os efeitos do inciso VI a área total considerada como espaço territorial especialmente protegido em cada município será a soma das áreas correspondentes às diferentes unidades de conservação presentes no município, ponderadas pelos seguintes pesos: I - Estações Ecológicas - Peso 1,0 (um); II - Reservas Biológicas - Peso 1.0 (um); III - Parques Estaduais - peso 0,8 (oito décimos);

Page 131: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

131

IV - Zonas de Vida Silvestre em Áreas de Proteção Ambiental (ZVS em APA's) - peso 0,5 (cinco décimos); V - Reservas Florestais - peso 0,2 (dois décimos); VI - Áreas de Proteção Ambiental (APA's) - peso 0,1 (um décimo) VII - Áreas Naturais Tombadas - peso 0,1 (um décimo). § 3.º - A Secretaria da Fazenda publicará os índices previstos no incisos II e VII até o dia 30 de junho de cada ano." Artigo 2º - Esta lei entrará em vigor na data de sua publicação, produzindo efeitos a partir de 1.º de janeiro de 1994. Disposição Transitória Citado por 3 Artigo único - Para a aplicação no exercício de 1994 do disposto no artigo 1.º da Lei nº 3.201, de 23 de dezembro de 1981, com a redação dada pelo artigo 1.º desta lei, serão estabelecidos, até 31 de dezembro de 1993: Citado por 6 I - pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento: a área cultivada total do Estado, a área cultivada de cada município e o respectivo índice de participação; II - pela Secretaria do Meio Ambiente: a área especialmente protegida total do Estado, a área especialmente protegida de cada município e o respectivo índice de participação; III - vetado. Palácio dos Bandeirantes, 29 de dezembro de 1993 Lei nº 13.803, de 27 de dezembro de 2000 de Minas Gerais. Dispõe sobre a distribuição da parcela da receita do produto da arrecadação do ICMS pertencente aos municípios. (Publicação - Diário do Executivo - "Minas Gerais" - 28/12/2000) O Povo do Estado de Minas Gerais, por seus representantes, decretou e eu, em seu nome, sanciono a seguinte Lei: Art. 1º - A parcela da receita do produto da arrecadação do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação - ICMS - pertencente aos municípios, de que trata o inciso II do parágrafo único do art. 158 da Constituição da República, será distribuída nos percentuais indicados no Anexo I desta lei, conforme os seguintes critérios: I - Valor Adicionado Fiscal - VAF -: valor apurado com base nos critérios para cálculo da parcela de que trata o inciso I do parágrafo único do art. 158 da Constituição da República; II - área geográfica: relação percentual entre a área geográfica do município e a área total do Estado, informada pelo Instituto de Geociências Aplicadas - IGA -; III - população: relação percentual entre a população residente no município e a população total do Estado, medida segundo dados fornecidos pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE -; IV - população dos cinqüenta municípios mais populosos: relação percentual entre a população residente em cada um dos cinqüenta municípios mais populosos do Estado e a população total destes, medida segundo dados fornecidos pelo IBGE; V - educação: relação entre o total de alunos atendidos, os alunos da pré-escola inclusive, e a capacidade mínima de atendimento pelo município, publicada pela Secretaria de Estado da Educação até o dia 30 de abril de cada ano, relativamente aos dados do ano civil imediatamente anterior, calculada de acordo com o Anexo II desta lei, observado o disposto no § 1º deste artigo; VI - produção de alimentos os valores decorrentes da aplicação dos percentuais à frente de cada item serão distribuídos aos municípios segundo os seguintes critérios:

Page 132: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

132

a) parcela de 50% (cinqüenta por cento) do total será distribuída de acordo com a relação percentual entre a área cultivada do município e a área cultivada do Estado, referentes à média dos dois últimos anos, incluindo-se na área cultivada a área destinada à agricultura de pequeno porte; b) parcela de 25% (vinte e cinco por cento) do total será distribuída de acordo com a relação percentual entre o número de pequenos produtores rurais do município e o número de pequenos produtores rurais do Estado; c) parcela de 15% (quinze por cento) do total será distribuída entre os municípios onde exista programa ou estrutura de apoio à produção e à comercialização de produtos agrícolas, que atenda especialmente aos pequenos produtores rurais, de acordo com a relação percentual entre o número de pequenos produtores rurais atendidos e o número total de pequenos produtores rurais existentes no município; d) parcela de 10% (dez por cento) do total será distribuída aos municípios que tiverem, na estrutura organizacional da Prefeitura, órgão de apoio ao municípios que tiverem, na estrutura organizacional da Prefeitura, órgão de apoio ao desenvolvimento agropecuário, respeitada a mesma relação percentual estabelecida na alínea "b" deste inciso; VII - patrimônio cultural: relação percentual entre o Índice de Patrimônio Cultural do município e o somatório dos índices de todos os municípios, fornecida pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico - IEPHA -, da Secretaria de Estado da Cultura, que fará publicar, até o dia 30 de abril de cada ano, os dados apurados relativos ao ano civil imediatamente anterior, observado o disposto no Anexo III desta lei; VIII - meio ambiente: observados os seguintes critérios: a) parcela de, no máximo, 50% (cinqüenta por cento) do total será distribuída aos Municípios cujos sistemas de tratamento ou disposição final de lixo ou de esgoto sanitário, com operação licenciada pelo órgão ambiental estadual, atendam, no mínimo, a 70% (setenta por cento) e 50% (cinqüenta por cento) da população, respectivamente, sendo que o valor máximo a ser atribuído a cada Município não excederá seu investimento, estimado com base na população atendida e no custo médio "per capita" dos sistemas de aterro sanitário, usina de compostagem de lixo e estação de tratamento de esgotos sanitários, fixado pelo Conselho Estadual de Política Ambiental - Copam -, bem como aos Municípios que comprovadamente tenham implantado em seu território sistema de coleta seletiva de resíduos sólidos urbanos; b) o restante dos recursos será distribuído com base no Índice de Conservação do Município, calculado de acordo com o Anexo IV desta lei, considerando-se as unidades de conservação estaduais, federais e particulares, bem como as unidades municipais que venham a ser cadastradas, observados os parâmetros e os procedimentos definidos pelo órgão ambiental estadual; c) a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável fará publicar, até o último dia do trimestre civil, os dados apurados relativos ao trimestre imediatamente anterior, com a relação de municípios habilitados segundo as alíneas "a" e "b" deste inciso, para fins de distribuição dos recursos no trimestre subseqüente; d) os recursos recebidos na forma da alínea "a" serão utilizados prioritariamente na contratação de cooperativas e associações de catadores de materiais recicláveis, para a realização de serviços de coleta seletiva de resíduos sólidos urbanos; IX - saúde: os valores decorrentes da aplicação dos percentuais constantes no Anexo I desta lei serão distribuídos aos municípios segundo os seguintes critérios: a) um valor de incentivo para os municípios que desenvolverem e mantiverem em funcionamento programas específicos voltados para o atendimento à saúde das famílias, mediante comprovação na Secretaria de Estado da Saúde, limitado a 50% (cinqüenta por

Page 133: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

133

cento) do percentual relativo a saúde previsto no Anexo I, que serão distribuídos e ponderados conforme a população efetivamente atendida; b) encerrada a distribuição conforme a alínea "a" deste inciso, o saldo remanescente dos recursos alocados a essa variável será distribuído tendo em vista a relação entre os gastos de saúde "per capita" do município e o somatório dos gastos de saúde "per capita" de todos os municípios do Estado, calculada com base nos dados relativos ao segundo ano civil imediatamente anterior, fornecidos pelo Tribunal de Contas do Estado; X - receita própria: relação percentual entre a receita própria do município, oriunda de tributos de sua competência, e as transferências de recursos federais e estaduais recebidas pelo município, baseada em dados relativos ao segundo ano civil imediatamente anterior, fornecidos pelo Tribunal de Contas do Estado; XI - cota-mínima: parcela a ser distribuída em igual valor para todos os municípios; XII - municípios mineradores: percentagem média do Imposto Único sobre Minerais - IUM - recebido pelos municípios mineradores em 1988, com base em índice elaborado pela Secretaria de Estado da Fazenda, demonstrando a efetiva participação de cada um na arrecadação do IUM naquele exercício; XIII - compensação financeira por emancipação de distrito: compensação financeira aos municípios remanescentes de Mateus Leme e Mesquita, devido à emancipação de distritos deles desmembrados. § 1º - Para o efeito do disposto no inciso V deste artigo, ficam excluídos os municípios nos quais o número de alunos atendidos pela rede municipal não corresponda a, pelo menos, 90% (noventa por cento) de sua capacidade mínima de atendimento. § 2º - Os dados referentes ao inciso VI deste artigo, relativos à produção de alimentos, serão fornecidos pela Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, que fará publicar, a cada trimestre civil, no órgão oficial dos Poderes do Estado, as informações pertinentes às alíneas enumeradas naquele inciso, para fins de distribuição no trimestre subseqüente. § 3º - A Secretaria de Estado da Saúde fará publicar, na primeira segunda-feira de cada mês, as modificações ocorridas no mês anterior relativamente às alíneas "a" e "b" do inciso IX deste artigo, para fins de distribuição no mês subseqüente. § 4º - A Fundação João Pinheiro fará publicar, até a segunda segunda-feira de cada mês, os índices de que tratam os incisos II a XIII deste artigo, relativos ao mês anterior, bem como a consolidação destes por município. § 5º - A Secretaria de Estado da Fazenda fará publicar, até o dia 30 de junho de cada ano, o índice provisório de que trata o inciso I deste artigo. § 6º - Sem prejuízo das ações cíveis e criminais cabíveis, os prefeitos municipais e as associações de municípios ou seus representantes poderão impugnar, no prazo de trinta dias contados de sua publicação, os dados e os índices relativos aos critérios para apuração anual do VAF e, no prazo de cinco dias úteis, os demais. § 7º - A Fundação João Pinheiro fará publicar o resultado do julgamento das impugnações previstas no § 6º deste artigo no prazo de quinze dias contados do seu recebimento. § 8º - A Secretaria de Estado da Fazenda fará publicar, até o dia 31 de agosto de cada ano, o índice definitivo de que trata o inciso I deste artigo, para fins de distribuição dos recursos no exercício subseqüente, após o julgamento das impugnações previstas no § 6º. § 9º - A participação de município em razão de critério previsto em inciso deste artigo não prejudica sua participação na distribuição na forma dos demais dispositivos. § 10 - As publicações de índices previstas nesta lei apresentarão os dados constitutivos e os percentuais para cada critério, previstos nos incisos I a XIII deste artigo.

Page 134: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

134

§ 11 - O critério da compensação financeira por desmembramento de distrito, previsto no inciso XIII, extingue-se no exercício de 2005, e os resíduos apurados em razão de perda anual serão incorporados ao índice de que trata o inciso I deste artigo, observado o disposto no Anexo I desta lei. Art. 2º - A apuração do VAF compreenderá o montante global da apresentação do movimento econômico, observado o disposto no § 4º do art. 3º da Lei Complementar Federal nº 63, de 11 de janeiro de 1990. Art. 3º - Para se estabelecer o valor adicionado relativo à produção e à circulação de mercadorias e à prestação de serviços tributados pelo ICMS, quando o estabelecimento do contribuinte do imposto se estender pelos territórios de mais de um município, a apuração do valor adicionado será feita proporcionalmente, mediante acordo celebrado entre os municípios envolvidos e homologado pela Secretaria de Estado da Fazenda. § 1º - Com relação às operações de circulação de energia elétrica, entendem-se como estabelecimento de usina hidrelétrica as áreas ocupadas pelo reservatório de água destinado à geração de energia, pela barragem e suas comportas, pelo vertedouro, pelos condutos forçados, pela casa de máquinas e pela subestação elevatória. § 2º - O valor adicionado relativo a usina hidrelétrica cujo estabelecimento ocupe território de mais de um município será creditado conforme os seguintes critérios: I - 50% (cinqüenta por cento) ao município onde se localizarem a barragem e suas comportas, o vertedouro, os condutos forçados, a casa de máquinas e a estação elevatória e, no caso de um ou alguns desses componentes se situarem em território de mais de um município, o percentual será dividido em tantas partes iguais quantos forem os municípios envolvidos, a cada qual atribuindo-se uma delas; II - 50% (cinqüenta por cento) aos demais municípios, ao município sede a que se refere o inciso I inclusive, respeitada a proporção entre a área do reservatório localizada em território do Estado e a localizada em cada município, de acordo com o levantamento da Agência Nacional de Energia Elétrica - ANEEL -, sem prejuízo de termo de acordo a ser celebrado entre os municípios. Art. 4º - Para os efeitos desta lei, considera-se pequeno produtor rural aquele que satisfizer os seguintes requisitos: I - mantiver até dois empregados permanentes, permitida a contratação eventual de terceiros; II - não detiver, a nenhum título, área superior a quatro módulos fiscais, sendo que cada município possui seu próprio módulo fiscal, cuja extensão varia entre o limite mínimo de 5ha (cinco hectares) (Belo Horizonte) e o máximo de 70ha (setenta hectares) (São Romão); III - ter, no mínimo, 80% (oitenta por cento) de sua renda bruta anual proveniente de exploração agropecuária; IV - residir na propriedade rural ou em aglomerado urbano próprio. Art. 5º - Esta lei entra em vigor no primeiro dia do ano subseqüente ao da data de sua publicação. Art. 6º - Revogam-se as disposições em contrário, especialmente a Lei nº 12.040, de 28 de dezembro de 1995; a Lei nº 12.428, de 27 de dezembro de 1996; o art. 26 da Lei nº 12.581, de 17 de julho de 1997; a Lei nº 12.734, de 30 de dezembro de 1999, e a Lei nº 12.970, de 27 de julho de 1998. Palácio da Liberdade, em Belo Horizonte, aos 27 de dezembro de 2000.

Page 135: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

135

Lei nº. 2193 de 18 de dezembro de 2000 do Mato Grosso do Sul. Dispõe sobre o ICMS Ecológico, na forma do art. 1º, III, “f” da Lei Complementar nº 57, de 4 de janeiro de 1991, com redação dada pela Lei Complementar nº 77, de 7 de dezembro de 1994, e dá outras providências. O GOVERNADOR DO ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL. Faço saber que a Assembléia Legislativa decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 1º São beneficiados pela presente Lei, Municípios que abriguem em seu território unidades de conservação, ou que sejam diretamente influenciados por elas, ou aqueles com mananciais de abastecimento público. Art. 2º Para efeitos desta Lei, consideram-se unidades de conservação, sejam elas instituídas pelos Municípios, pelo Estado e pela União, as reservas biológicas, parques, os monumentos naturais, os refúgios de vida silvestres, as reservas particulares do patrimônio natural, as florestas, as áreas de proteção ambiental, as reservas de fauna, as estradas cênicas, os rios cênicos, as reservas de recursos naturais e as áreas de terras indígenas, consonante com o respectivo Sistema Estadual de Unidades de Conservação. Art. 3º Fica instituído o Cadastro Estadual de Unidades de Conservação e de mananciais de abastecimento púbico, sob a responsabilidade e gestão da Fundação Estadual de Meio Ambiente Pantanal – FEMAP. Art. 4º Os critérios técnicos de alocação dos recursos e os índices percentuais relativos a cada Município, serão definidos e calculados pela Fundação Estadual de Meio Ambiente – FEMAP, que manterá um Programa de apoio aos Municípios visando integrá-los aos benefícios desta Lei. Art. 5º O Poder Executivo regulamentará esta Lei, no prazo de noventa dias, contados da data de sua publicação. Art. 6º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Art. 7º Revogam-se as disposições em contrário. Campo Grande, 18 de dezembro de 2000.

Lei Complementar nº. 147 de 15 de janeiro de 1996 de Rondônia.. Altera e acrescenta dispositivos à Lei Complementar nº 115, de 14 de junho de 1994, e dá outras providências. O GOVERNADOR DO ESTADO DE RONDÔNIA, faço saber que a Assembléia Legislativa decreta e eu sanciono a seguinte Lei Complementar: Art. 1º - O art. 1º da Lei Complementar nº 115, de 14 de junho de 1994, passa a vigorar com a seguinte redação: Art. 1º.................................................................................. I - ........................................................................................... II - ......................................................................................... a) .......................................................................................... b) ........................................................................................... c) ........................................................................................... d) 14% (quatorze por cento) em partes iguais; e) 5% (cinco por cento) proporcionais a ocupação territorial dos municípios com unidades de conservação. Art. 2º - .................................................................................. Art. 3º - As unidades de conservação de que trata a alínea “e” do inciso II, do art. 1º, são áreas protegidas e estabelecidas em ecossistemas significativos do território estadual no âmbito

Page 136: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

136

administrativo do governo Federal, Estadual e Municipal, nas categorias de Estação Ecológica, Reserva Biológica, Parque, Monumento Natural, área de Proteção Ambiental, Reserva Indígena, Floresta, Reserva Extrativista e outras inclusas em quaisquer categorias de unidade de conservação, criadas por Leis ou decretos municipal, estadual ou federal. Parágrafo único – Dentro do prazo anual, fixado pelo órgão fazendário do Estado, as prefeituras deverão cadastrar as unidades de conservação existentes no território municipal junto ao órgão estadual responsável pelo gerenciamento da política ambiental. Art. 4º - Os percentuais relativos a cada município que se enquadrar nas normas da presente Lei ou dos seus atos regulamentadores, serão calculados pelo órgão responsável pelo gerenciamento da política ambiental do Estado, com base na proporção da ocupação territorial do respectivo município por unidade de conservação, devendo ser divulgado através de portaria publicada em Diário Oficial e informados anualmente ao órgão fazendário para a sua implantação, obedecendo prazo estabelecido por esse. Art. 5º - O órgão responsável pelo gerenciamento da política estadual de meio ambiente, em parceria com outras instituições que possuam atribuições correlatas adotará um sistema de cadastramento das unidades de conservação municipais, estaduais e federais, de modo que lhe permita conhecer o nível de agressão sofrida por invasões ou explorações ilegais. Parágrafo único – Serão aplicados redutores nos cálculos dos percentuais de participação dos municípios na repartição do Imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias a prestação de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação – ICMS, em função da comprovação de invasões ou explorações ilegais, repartindo-se o montante reduzido entre aqueles municípios cujas unidades de conservação esteja em acordo com a legislação ambiental. Art. 6º - O Poder Executivo baixará, no prazo de 60 (sessenta) dias, os atos necessários à regulamentação desta Lei Complementar. Art. 7º - Esta Lei Complementar entra em vigor na data de sua publicação. Art. 8º - Revogam-se as disposições em contrário. Palácio do Governo do Estado de Rondônia, em 15 de janeiro de 1996, 108º da República. Lei nº.0322 de 23 de dezembro de 1996 do Amapá. O GOVERNADOR DO ESTADO DO AMAPÁ, Faço saber que a Assembléia Legislativa do Estado do Amapá decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 1º - O Governo do Estado do Amapá, através da Secretaria de Estado da Fazenda, repassará aos Municípios: I - 50% (cinqüenta por cento) do produto da arrecadação do Imposto Estadual incidente sobre a Propriedade de Veículos Automotores licenciados no território de cada um deles; II - 25% (vinte e cinco por cento) do produto da arrecadação do Imposto Estadual sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre a Prestação dos Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal de Comunicações; III - 25% (vinte cinco por cento) da receita recebida pelo Estado, na forma do inciso II do Art. 159, da Constituição Federal. Art. 2º - As parcelas de receita de que tratam os incisos II e III deste artigo serão creditadas segundo os critérios a seguir: I - 3/4 (três quartos) na proporção do Valor Adicionado, nas operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre a Prestação de Serviços; II - 1/4 (um quarto) será distribuído nos percentuais e nos exercícios do Anexo I desta Lei conforme os seguintes critérios:

Page 137: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

137

§ 1º - área geográfica: relação percentual entre a área geográfica do Município e a área total do Estado, informada pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE; § 2º - população: relação percentual entre a população residente no Município e a população total do Estado, medida segundo dados fornecidos pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE; § 3º - população dos 03 (três) Municípios mais populosos: relação percentual entre a população residente em cada um dos 03 (três) Municípios mais populosos do Estado e a população total destes, medida segundo dados fornecidos pelo IBGE; § 4º - educação: relação entre o total de alunos atendidos, inclusive os alunos da pré-escola, e a capacidade mínima de atendimento pelo Município, publicada pela Secretaria de Estado da Educação até o dia 30 de abril de cada ano, relativamente aos dados do ano civil imediatamente anterior, calculada de acordo com Anexo II desta Lei, observado o disposto no Art. 2º; § 5º - área cultivada: relação percentual entre a área cultivada do Município e a área cultivada do Estado, cujos dados publicados pela Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, até o dia 30 de abril de cada ano, com base em dados fornecidos pelo IBGE; § 6º - patrimônio cultural: relação percentual entre o Índice de Patrimônio Cultural do Município e o somatório dos índices para todos os Municípios, fornecida pela Fundação Estadual da Cultura, que fará publicar até o dia 30 de abril de cada ano, os dados apurados relativos ao ano civil imediatamente anterior, observado o disposto no Anexo III desta Lei: § 7º - meio ambiente, observado o seguinte: a) os recursos serão distribuídos com base no Índice de Conservação do Município, calculado de acordo com o Anexo IV desta Lei, considerando-se as unidades de conservação estaduais, federais e particulares, bem como as unidades municipais que venham a ser cadastrados, observados os parâmetros e os procedimentos definidos pelo órgão ambiental estadual; b) a Secretaria de Estado de Meio Ambiente fará publicar, até o dia 30 de abril de cada ano os dados apurados relativamente ao ano civil imediatamente anterior, com a relação de Municípios habilitados segundo a alínea anterior. § 8º - gastos com saúde: relação entre os gastos de saúde “per capita” do Município e o somatório dos gastos de saúde “per capita” de todos os Municípios do Estado, calculada com base nos dados relativos ao segundo ano civil imediatamente anterior, atestados pelo Tribunal de Contas do Estado. § 9º - receita própria: relação percentual entre a receita própria do Município oriunda de tributos de sua competência e as transferências de recursos federais e estaduais recebidas pelo Município, baseada em dados relativos ao segundo ano civil imediatamente anterior, atestados pelo Tribunal de Contas do Estado. § 10 - cota mínima: parcela a ser distribuída em igual valor para todos os Municípios. III - O não enquadramento pelo Município em algum dos incisos acima não prejudicará sua participação na distribuição na forma dos demais dispositivos. IV - A Secretaria de Estado do Planejamento e Coordenação Geral -SEPLAN, fará publicar, até o dia 31 de maio de cada ano, os índices de que tratam os § 2º a 6º do inciso II, do Art. 2º, bem como uma consolidação destes por Município. V - Não estando disponíveis índices que impliquem na impossibilidade de se definir critérios de distribuição das parcelas, os recursos correspondentes serão alocados proporcionalmente nos índices remanescentes. VI - A Secretaria de Estado da Fazenda fará publicar, até o dia 30 de junho de cada ano: § 1º - o índice de que trata o inciso I do Art. 2º; § 2º - o índice geral de distribuição da receita que pertence aos Municípios, englobando as parcelas de que tratam os incisos I e II do parágrafo único do artigo 158 da Constituição Federal.

Page 138: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

138

Art. 3º - A partir do exercício do ano 2001, ficam assegurados, no mínimo, por critério de distribuição, os percentuais fixados para o ano de 2000, observado o seguinte; Parágrafo único - O resíduo relativo ao percentual fixado com base no critério de que trata o inciso I do Art. 2º será redistribuído na forma prevista em Lei a ser editada improrrogavelmente até o exercício do ano de 2000. Art. 4º - Para se estabelecer o valor adicionado relativo à produção e à circulação de mercadorias e à prestação de serviços tributados pelo ICMS, quando o estabelecimento do contribuinte do imposto se estender pelos territórios de mais de um Município, a apuração do valor adicionado será feita proporcionalmente, mediante acordo celebrado entre os Municípios envolvidos e homologado pela Secretaria de Estado da Fazenda. Art. 5º - O Poder Executivo regulamentará esta Lei dentro do prazo de 90 dias (noventa dias), a contar da data de sua publicação. Art. 6º - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Art. 7º - Revogam-se as disposições em contrário, especialmente a Lei n.º 0119, de 22 de novembro de 1993. Macapá - AP, 23 de dezembro de 1996. Lei Complementar nº. 157 de 20 de janeiro de 2004 do Mato Grosso. Estabelece normas relativas ao cálculo dos Índices de Participação dos Municípios do Estado de Mato Grosso no produto da arrecadação do ICMS, e dá outras providências. A ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO, tendo em vista o que dispõe o art. 45 da Constituição Estadual, aprova e o Governador do Estado sanciona a seguinte lei complementar: Art. 1º Ficam estabelecidas normas relativas ao cálculo dos Índices de Participação dos Municípios do Estado de Mato Grosso no produto da arrecadação do ICMS, nos termos desta lei complementar. Art. 2º Os Índices de Participação dos Municípios no produto da arrecadação do ICMS serão apurados com observância dos critérios abaixo relacionados: I - valor adicionado: 75% (setenta e cinco por cento) com base na relação percentual entre o valor adicionado ocorrido em cada Município e o valor total do Estado, calculados mediante a aplicação da média dos índices apurados nos dois anos civis imediatamente anteriores ao da apuração; II - receita tributária própria: 4% (quatro por cento) com base na relação percentual entre o valor da receita tributária própria do Município e a soma da receita tributária própria de todos os Municípios do Estado, realizadas no ano anterior ao da apuração, fornecidas pelo Tribunal de Contas do Estado; III - população: 4% (quatro por cento) com base na relação percentual entre a população residente em cada Município e a população total do Estado, medida segundo dados fornecidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE; IV - área: 1% (um por cento) com base na relação percentual entre a área do Município e a área do Estado, apurada pela Secretaria de Estado de Planejamento e Coordenação Geral, com base na divisão político-administrativa do Estado; V - coeficiente social: 11% (onze por cento) correspondente à divisão deste percentual pela soma do inverso do IDH de todos os Municípios existentes no Estado de Mato Grosso em 31 de dezembro do ano anterior ao da apuração, multiplicado pelo inverso do IDH de cada Município; VI - unidade de conservação/terra indígena: 5% (cinco por cento) através da relação percentual entre o índice de unidade de conservação/terra indígena do Município e a soma dos

Page 139: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

139

índices de unidades de conservação/terra indígena de todos os Municípios do Estado, apurados pela Fundação Estadual do Meio Ambiente - FEMA. Parágrafo único Os Municípios criados comporão o número de Municípios para os cálculos de que trata este artigo, após a comunicação do Tribunal Regional Eleitoral de que os mesmos estão político-administrativamente instalados no ano da aplicação do índice. Art. 3º Os dados necessários à apuração do valor adicionado serão extraídos do Sistema de Informações Econômico-fiscais da Secretaria de Fazenda. § 1º Nas declarações prestadas pelos contribuintes, em documento próprio, relativamente às operações de entradas e saídas, será considerado o Valor Contábil; § 2º Os dados relativos às operações de entradas e saídas terão origem exclusivamente em documentos e livros fiscais obrigatórios, na forma em que dispuser o Regulamento do ICMS. § 3º Para o cálculo do Índice Preliminar de Participação dos Municípios serão considerados os dados constantes no Sistema de Informações Econômico-fiscais até o dia 25 de junho do ano da apuração. § 4º Para o cálculo do Índice Definitivo de Participação dos Municípios serão considerados os dados constantes no Sistema de Informações Econômico-fiscais até o dia 30 de julho do ano da apuração. Art. 4º Compõem o valor adicionado: I - os valores das operações e prestações que constituam fato gerador do ICMS, mesmo quando o pagamento do imposto for antecipado ou diferido, ou quando o crédito tributário for reduzido ou excluído em virtude de isenção ou outros benefícios, incentivos ou favores fiscais; II - os valores das seguintes operações, imunes do imposto, que serão somados aos das isentas: a) com produtos destinados ao exterior; b) com petróleo, inclusive lubrificantes, combustíveis líquidos e gasosos dele derivados, e energia elétrica, quando destinados a outra unidade federada; c) com livros, jornais e periódicos, bem como com o papel destinado à sua impressão. Art. 5º Os valores adicionados dos produtores rurais e equiparados, dos contribuintes do comércio, indústria e daqueles citados nos arts. 6º e 7º, serão obtidos pela aplicação da seguinte expressão: VA = S – E, onde: VA = valor adicionado; S = total das saídas; E = total das entradas. § 1º Serão desconsiderados os valores adicionados negativos resultantes da aplicação da sistemática mencionada neste artigo. § 2º Não serão computados para o cálculo do valor adicionado os valores relativos ao IPI, ICMS retido, operações com o ativo imobilizado, materiais de consumo, remessas e respectivos retornos, ressarcimento do ICMS e operações classificadas como outras entradas/saídas e/ou aquisições/prestações de serviços não especificadas na tabela de Códigos Fiscais de Operações e Prestações do Regulamento do ICMS. Art. 6º Será efetuada de forma proporcional entre os Municípios a distribuição do valor adicionado em função das operações de saídas ou prestações de serviços originadas ou realizadas em seus respectivos territórios, dos contribuintes que exercem as seguintes atividades: I - prestadores de serviços de transporte interestadual e intermunicipal; II - comunicação (prestação de serviços postais, telecomunicações, de radiodifusão, de televisão, etc);

Page 140: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

140

III - estabelecimentos comerciais e industriais que promovam revendas a domicílio de produtos industrializados. Parágrafo único Para efeito do cálculo do Índice de Participação dos Municípios o transporte multimodal, caracterizado por ser regido por um único contrato da origem até o destino, deverá ser computado para o Município da origem da mercadoria. Art. 7º O valor adicionado dos contribuintes que exercem as atividades de concessionárias ou permissionárias do serviço público de energia elétrica será assim calculado por Município: I - O valor adicionado das suas unidades geradoras será computado para o Município onde se localizam tais unidades; II - o resultado da diminuição entre o valor do inciso anterior e o valor adicionado total será rateado proporcionalmente em função das prestações de serviços realizadas em seus respectivos territórios; III - o valor adicionado de cada Município será o somatório dos resultados obtidos nos incisos I e II deste artigo. Art. 8º Os valores das operações ou prestações informados pelas empresas adquirentes do Estado, em operações internas, de produtos primários remetidos por pessoas físicas, que não emitiram nota fiscal, informados em documento próprio, exigido pelo Regulamento do ICMS, serão atribuídos aos respectivos municípios onde foram realizadas tais operações. Art. 9º Os valores informados pelas empresas detentoras de regime especial para apuração e recolhimento do ICMS devido quando na contratação de serviços de transporte sob cláusula CIF, informados em documento próprio, exigido pelo Regulamento do ICMS, serão atribuídos aos municípios onde originaram as prestações. Art. 10 O valor adicionado referente às prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal executadas por transportadores autônomos ou por transportadoras de outras unidades federadas, não inscritos no Cadastro de Contribuintes deste Estado, será apurado mediante o processamento do Documento de Arrecadação. Parágrafo único O valor adicionado corresponderá ao resultado da divisão do valor arrecadado pela alíquota interestadual (taxa unitária). Art. 11 Para obtenção dos percentuais correspondentes à população e à área territorial, serão utilizados os dados obtidos diretamente pela Superintendência Adjunta de Informações Tributárias da Secretaria de Estado de Fazenda, até 31 de maio de cada ano, junto ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE e à Secretaria de Estado de Planejamento e Coordenação Geral, respectivamente. Art. 12 Os dados relativos à Receita Própria Municipal serão obtidos diretamente pela Superintendência Adjunta de Informações Tributárias da Secretaria de Estado de Fazenda, até o dia 31 de maio de cada ano, junto ao Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso. Parágrafo único Para os fins desta lei complementar, a receita tributária própria do Município é considerada apenas em relação aos tributos, computando-se seus valores agregados e a cobrança da Dívida Ativa a eles referentes. Art. 13 Para obtenção dos percentuais correspondentes à unidade de conservação/terra indígena serão utilizados os dados fornecidos diretamente à Secretaria de Estado de Fazenda, até 31 de maio de cada ano, pela Fundação Estadual do Meio Ambiente - FEMA. Art. 14 Para efeito de entrega das parcelas, o Estado fará publicar, no seu órgão oficial, até o dia 30 de junho de cada ano, o valor adicionado para cada Município, além dos respectivos Índices Percentuais de Participação Preliminares. Art. 15 Os Prefeitos Municipais e as Associações de Municípios, ou seus representantes, poderão impugnar, no prazo de 30 (trinta) dias corridos, contados da data da publicação do Índice Preliminar, os dados e os índices divulgados. § 1º Os Prefeitos Municipais e as Associações de Municípios, ou seus representantes que efetuarem impugnação deverão protocolizá-la na Secretaria de Estado de Fazenda quando se

Page 141: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

141

tratar de assuntos relacionados aos incisos I e V do art. 2º e, relativamente aos demais incisos do mesmo artigo, nos órgãos neles referidos. § 2º Para a comprovação de que operações de saídas foram efetuadas, por ocasião da impugnação, o Município poderá apresentar declaração de aquisições de produtos primários emitidas por adquirentes mato-grossenses, que deverá ser numerada seqüencialmente e possuir impressão e/ou carimbo identificador da empresa emitente e do responsável pelas informações em todas as folhas, em meio físico e magnético. § 3º Opcionalmente a Prefeitura Municipal poderá, a título também de impugnação, efetuar o requerimento, junto a Secretaria de Estado de Fazenda, para que sejam efetuados os cruzamentos das informações relativas a notas fiscais de produtor rural e avulsa, notas fiscais de entradas e saídas declaradas em documento próprio por adquirentes de produtos primários, notas fiscais de saídas interestaduais dos produtores rurais equiparados, com as operações de entradas e saídas declaradas pelos produtores rurais e equiparados, em documento próprio, apurando-se possíveis diferenças positivas de valor adicionado. § 4º Ressalvado o disposto no parágrafo seguinte, a não-apresentação de impugnação dentro do prazo previsto no caput deste artigo implicará a concordância com os dados e os índices já publicados. § 5º A retificação de valores ou dados fornecidos pelos órgãos elencados nos incisos II, III, IV e VI do art. 2º será considerada pela Secretaria de Estado de Fazenda no cálculo do índice, mesmo após o decurso do prazo previsto para impugnação, desde que ainda não publicado o índice definitivo. § 6º Ficam os adquirentes de produtos primários obrigados a fornecer sempre que solicitado, nos termos do art. 6º da Lei Complementar Federal nº 63/90, diretamente às Prefeituras Municipais ou aos seus representantes legalmente constituídos e munidos do competente mandato, cópias das notas fiscais de entradas relativas a aquisições de produtos primários e/ou relatórios circunstanciados. § 7º Em nenhuma hipótese serão admitidas impugnações para inclusão e/ou alteração de valores declarados por contribuinte, em determinado ano civil, que já tenham sido computados para a apuração do índice definitivo anterior ou que venham a servir de base para apuração de índice futuro. § 8º Não será admitida a concessão de valor requerido quando o documento correspondente apresentar emenda, rasura ou qualquer outra deficiência que lhe prejudique a perfeita legibilidade ou a certeza da fidedignidade de seus registros. § 9º Poderá ser admitida, por ocasião da impugnação, para efeito do cálculo do Índice de Participação dos Municípios, a critério da Secretaria de Estado de Fazenda, declaração firmada por contribuinte que tenha classificado operação em documento fiscal com o código diverso da operação efetuada. Art. 16 No prazo de 60 (sessenta) dias corridos, contados da data da primeira publicação, a Secretaria de Estado de Fazenda deverá julgar as impugnações mencionadas no artigo anterior e publicar os índices definitivos de cada Município. Parágrafo único Até 05 (cinco) dias antes do prazo definido neste artigo, a Secretaria de Estado de Fazenda deverá disponibilizar aos municípios interessados, o relatório do valor adicionado relativo a cada inscrição estadual, que irá compor o Índice Definitivo de Participação dos Municípios. Art. 17 O Índice de Participação dos Municípios Preliminar e o Definitivo, a serem apurados no ano de 2003, deverão ser publicados, excepcionalmente, até 20 (vinte) e 80 (oitenta) dias, respectivamente, contados da data da publicação desta lei complementar. § 1º Para o cálculo do Índice Preliminar de Participação dos Municípios, na forma do caput, serão considerados os dados constantes no Sistema de Informações Econômico-fiscais até o 15º (décimo quinto) dia contado da publicação desta lei complementar.

Page 142: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

142

§ 2º Para o cálculo do Índice Definitivo de Participação dos Municípios, na forma do caput, serão considerados os dados constantes no Sistema de Informações Econômico-fiscais até o 50º (qüinquagésimo) dia contado da publicação desta lei complementar. § 3º Ficam estabelecidos os prazos de 30 (trinta) e 60 (sessenta) dias corridos para impugnação e julgamento dos recursos, respectivamente, contados a partir da publicação do Índice Preliminar. Art. 18 Relativamente aos produtores rurais e equiparados, as entradas de mercadorias serão computadas, a partir do ano base de 2001, para composição do índice que deverá vigorar em 2004. Nos casos em que nas atividades de pecuária a entrada for inferior a 20% (vinte por cento) das saídas, essa será equiparada a esse percentual, e nas atividades da agricultura quando a entrada for inferior a 50% (cinqüenta por cento) das saídas, essa será equiparada a esse percentual, quando o valor declarado da entrada for maior o mesmo prevalece. Art. 19 Objetivando dar cumprimento ao parágrafo único do art. 6º, as empresas envolvidas no citado transporte deverão reapresentar declaração, em documento próprio, com os devidos ajustes, relativamente aos anos base 2001, 2002 e 2003, caso já tenha sido apresentada à Secretaria de Estado de Fazenda. Art. 20 Poderá ser republicado, até o final do exercício da apuração, o Índice de Participação dos Municípios Definitivo, caso sejam constatados eventuais erros ou omissões de dados existentes por ocasião do cálculo do índice, cometidos pelos órgãos públicos competentes. Art. 21 As GIAs consideradas inconsistentes, a critério da Secretaria de Estado de Fazenda, ou por denúncia devidamente justificada, efetuada pelos representantes legais dos Municípios, deverão ser substituídas ou confirmadas pelos contribuintes. Em caso de não-confirmação ou substituição pelo contribuinte, deverão ser excluídas do cálculo do Índice de Participação dos Municípios. Art. 22 A transferência de inscrições de contribuintes, e por conseqüência do valor adicionado, entre Municípios, deverá ser antecedida pela comunicação do pedido, efetuada pela Secretaria de Estado de Fazenda, ao Município de origem que terá o prazo de 15 dias para se manifestar com fundamentação documental. Art. 23 Caberá ao Poder Executivo dotar a Secretaria de Estado de Fazenda de estrutura administrativa específica para desenvolver as atividades relacionadas ao cálculo do Índice de Participação dos Municípios, no prazo máximo de 30 dias da publicação desta lei complementar. Art. 24 A Secretaria de Estado de Fazenda deverá disponibilizar, em quantidade suficiente, Fiscais de Tributos Estaduais à unidade encarregada do cálculo do Índice de Participação dos Municípios para fazer auditorias nas informações, efetuando as correções necessárias, no período de 02 de maio até a publicação do índice definitivo de cada ano. Art. 25 Fica o Poder Executivo autorizado a editar normas regulamentares, necessárias ao fiel cumprimento da presente. Art. 26 Esta lei complementar entra em vigor na data de sua publicação. Art. 27 Revogam-se as disposições em contrário, em especial a Lei nº 4.868, de 05 de julho de 1985. Palácio Paiaguás, em Cuiabá, 20 de janeiro de 2004.

Lei nº. 11899 de 21 de dezembro de 2000 de Pernambuco Redefine os critérios de distribuição da parte do ICMS que cabe aos municípios, de que trata o artigo 2º, da Lei nº 10.489, de 02 de outubro de 1990, considerando aspectos sócio-ambientais, e dá outras providências. O GOVERNADOR DO ESTADO DE PERNAMBUCO:

Page 143: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

143

Faço saber que a Assembléia Legislativa decretou e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 1º - A partir do exercício de 2002, o artigo 2º, da Lei nº 10.489, de 02 de outubro de 1990, e alterações, passa a vigorar com a seguinte redação: "Art. 2º - A participação de cada município, na receita do ICMS que lhe é destinada, será determinada mediante a aplicação de um índice percentual correspondente à soma das seguintes parcelas: I - 75% (setenta e cinco por cento) de sua participação relativa no valor adicionado do Estado, apurado nos termos de decreto do Poder Executivo; II - a partir de 2003, 10% (dez por cento) de sua participação relativa no somatório das diferenças positivas entre o índice percentual de participação vigente para cada município no exercício anterior e a percentagem determinada nos termos do inciso I; e III - a partir de 2003, 15% (quinze por cento), que serão distribuídos entre os municípios da seguinte forma: a) 1% (um por cento), a ser distribuído entre os municípios que possuam Unidades de Conservação, que integrem os sistemas nacional, estadual e municipal de unidade de conservação, com base em dados fornecidos, anualmente, pela Companhia Pernambucana do Meio Ambiente - CPRH, considerando-se a participação relativa de cada município na área total de conservação do Estado; b) 5% (cinco por cento), que serão distribuídos em parcelas iguais entre os municípios que possuam Unidade de Compostagem ou Aterro Sanitário Controlado, com base em informações fornecidas, anualmente, pela CPRH; c) 3% (três por cento), que serão distribuídos entre os municípios, de acordo com o seu desempenho na área de Saúde, considerando-se a participação relativa do inverso do coeficiente da mortalidade infantil, com base em dados fornecidos pela Secretaria de Saúde do Estado; d) 3% (três por cento), que serão distribuídos entre os municípios, de acordo com o seu desempenho na área de Educação, considerando-se a participação relativa no número de alunos matriculados no ensino fundamental em escolas municipais, com base no resultado do censo escolar anual, publicado por meio de portaria do Ministério da Educação; e e) 3% (três por cento), que serão distribuídos entre os municípios, de acordo com o seu desempenho na Receita Tributária Própria, considerando-se a sua participação relativa na arrecadação "pe-carpita" de tributos municipais de todos os municípios do Estado, com base em dados fornecidos pelo Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco. § 1º No exercício de 2002, as parcelas de que tratam os incisos II e III serão alteradas em cinco pontos percentuais, passando a vigorar da seguinte forma: I - relativamente ao inciso II: 15% (quinze por cento); e II - relativamente ao inciso III: 10% (dez por cento). § 2º A redução referida no parágrafo anterior, relativamente à parcela prevista no inciso III, do "caput", será distribuída entre os critérios ali estabelecidos, observando-se o seguinte: I - fica mantido o percentual previsto na alínea "a"; e II - os percentuais referidos nas alíneas "b", "c", "d" e "e" passarão a ser, respectivamente, 4% (quatro por cento), 2% (dois por cento), 2% (dois por cento) e 1% (um por cento). § 3º No caso de município novo, para efeito do inciso II, será considerada a fração do índice vigente, no ano da respectiva apuração, para o município do qual tiver sido desmembrado, observada a proporção entre as populações dos mencionados municípios. § 4º O índice apurado nos termos do parágrafo anterior vigorará durante os três exercícios, e fração, contados da implantação do novo município, adotando-se, nos anos subseqüentes, a regra geral de cálculo da parcela do ICMS pertencente aos municípios. § 5º Para efeito de aplicação do critério previsto na alínea "a", do inciso III, deste artigo, observar-se-á o seguinte:

Page 144: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

144

I - quando do cálculo da participação relativa, será fixado o limite máximo de 10%(dez por cento); e II - sempre que a participação relativa de qualquer município ultrapassar o limite de 10%(dez por cento) da área de conservação total do Estado, este excedente será distribuído igualmente entre todos os municípios que possuírem Unidade de Conservação. § 6º No caso de município novo, para efeito do inciso III, deste artigo, serão adotados os seguintes procedimentos: I - relativamente ao disposto nas alíneas "c" e "e", será mantido o coeficiente do município de origem durante o ano de implantação e no exercício subseqüente; II - relativamente ao disposto na alínea "d", será considerada uma fração do indicador do município de origem, durante o ano de implantação e no ano subseqüente, observada a proporção entre as populações dos mencionados municípios. § 7º - Para efeito de cálculo dos índices, no que concerne às alíneas "a" a "e", do inciso III, deste artigo, serão consideradas as informações relativas ao ano imediatamente anterior ao da apuração. § 8º - Na hipótese da impossibilidade de aplicação de qualquer um dos critérios previstos no inciso III, deste artigo, decorrente da não - disponibilização da informação no exercício da apuração, observar-se-á o seguinte: I - será utilizado o dado disponibilizado no exercício anterior; e II - inexistindo a informação no exercício anterior, o percentual estabelecido será distribuído igualmente entre todos os municípios do Estado. § 9º - Para os efeitos desta Lei, considera-se: I - Unidade de Conservação: porções do território nacional, incluindo as águas territoriais, com características naturais de relevante valor, sem uso econômico, de domínio público ou privado, legalmente instituídas e reconhecidas pelo Poder Público, no âmbito federal, estadual ou municipal, com objetivos e limites definidos e sob regimes especiais de administração, às quais se aplicam garantias adequadas de proteção; II - Unidade de Compostagem ou Aterro Sanitário Controlado: implementação de soluções técnicas e institucionais, ambientalmente adequadas, que considerem as realidades regionais, buscando tratar o volume de lixo gerado, considerando alternativas para o reaproveitamento dos resíduos, utilizando-se de aterros sanitários controlados e equipamentos de compactação; e III - Receita Tributária Própria: arrecadação dos tributos de competência municipal, abrangendo: impostos incidentes sobre: propriedade predial e territorial urbana; 2 - transmissão "inter-vivos", a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos a sua aquisição; e 3 - serviços de qualquer natureza, não compreendidos no artigo 155, inciso II, da Constituição Federal, definidos em lei complementar; b) taxas, cobradas em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos à sua disposição; e c) contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas". Art. 2º - A participação de cada município, na receita do ICMS que lhe é destinada, relativamente aos exercícios de 2000 e de 2001, continua sendo disciplinada nos termos do artigo 2º, da Lei nº 10.489, de 02 de outubro de 1990, com a redação da Lei nº 10.855, de 29 de dezembro de 1992.

Page 145: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

145

Art. 3º - O artigo 3º, da Lei nº 11.887, de 1º de dezembro de 2000, passa a vigorar com a seguinte redação: "Art. 3º - A presente Lei entra em vigor na data de sua publicação, retroagindo os seus efeitos a 30 de novembro de 2000." Art. 4º - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação, produzindo efeitos, quanto aos artigos 1º e 2º, a partir de 01 de janeiro de 2002. Art. 5º - Revogam-se as disposições em contrário. PALÁCIO DO CAMPO DAS PRINCESAS, em 21 de dezembro de 2000.

Page 146: ICMS ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO … · Services) is an imminently extra-fiscal green character, with the aim of encouraging the municipalities to preserve their biodiversity

146

ANEXO

PROGRAMA DE MESTRADO EM DIREITO Autorização para disponibilização de dissertação

TERMO DE AUTORIZAÇÃO Eu, Marcelo dos Reis, brasileiro, casado, professor, residente e domiciliado na cidade de

Ivaiporã/Pr, na Rua Laertes Munhoz nº. 28, Jardim Espírito Santo, portador da cédula de

identidade Rg nº. 4986098-6 expedida pelo SSP/Pr, inscrito no CPF/MF sob o nº.

709.030.939-87, na qualidade de titular dos direitos da obra “ICMS Ecológico como

Instrumento de Proteção Ambiental”, resultado da Dissertação defendida e aprovada no

Programa de Mestrado em Direito da Universidade de Marília – UNIMAR em 29.04.2011,

com base no disposto pela Lei Federal nº. 9.160 de 19 de fevereiro de 1998 e na Portaria da

CAPES nº. 13 de 15.02.2006, AUTORIZO, a Universidade de Marília – UNIMAR a

disponibilizar no home page da Instituição a referida dissertação, em inteiro teor e formato

PDF, a partir desta data.

MARÍLIA/SP, 27 de maio de 2011. Marcelo dos Reis.