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Meio: Imprensa País: Portugal Period.: Diária Âmbito: Informação Geral Pág: 10 Cores: Cor Área: 25,50 x 30,00 cm² Corte: 1 de 2 ID: 79282240 27-02-2019 I tN 5 Ciência no feminino Quatro jovens investigadoras recebem hoje as Medalhas de Honra L'Oréal, na sua 15.a edição DISTINÇÃO Do lúpus às re- des cerebrais, passando pela vida nos oceanos e pelos dis- cos intervertebrais. Quatro projetos de investigação de quatro jovens cientistas portuguesas que são hoje distinguidas com as Meda- lhas de Honra L'Oréal Por- tugal para as Mulheres na Ciência. Patrícia Costa Reis, do Hospital de Santa Maria e da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa; Joa- na Cabral, do Instituto de Investigação em Ciências da Vida e da Saúde da Uni- versidade do Minho; Joana Cabral, do i3S da Universi- dade do Porto; e Diana Ma- deira, do CESAM/ECOMA- RE da Universidade de Avei- ro foram as quatro escolhi- das entre mais de 70 candi- datas por um júri presidido por Alexandre Quintanilha. Cada uma receberá um pré- mio de 15 mil euros. "Portugal está a fazer um percurso positivo na igual- dade de oportunidades e no reconhecimento das mu- lheres na área da Ciência, porém há ainda muito por fazer, sobretudo nos lugares de topo", frisa a CEO da L'Oréal Portugal, Cátia Mar- tins. A empresa, refira-se, premiou já em Portugal, em 15 anos, 49 investigadoras. E desde 1998 apoiou mais de 3100 cientistas em 117 países.• JOANA AMORIM REPORTAGEM PATRÍCIA COSTA REIS, 36 anos Inst. Med. Molecular/ Hosp. Santa Maria Entre o consultório e o laboratório UNIVERSIDADE DE LIS BOA Patrícia é médica. pediatra. A investigação é uma "extensão" de si, da sua atividade clínica. O seu foco está no lúpus. Dedicou-lhe o seu doutora- mento, no Children's Hospital of Philadel- phia, nos EUA. Agora, quer perceber se os doentes com lúpus, nomeadamente as crianças, têm uma maior permeabilidade do intestino, o que permite a passagem de bactérias para o sangue, contribuindo assim para a ativação crónica do sistema imunitá- rio. Com esta investigação, pretende che- gar a formas de "tratamento mais eficazes e com menos efeitos adversos". Pela frente tem um enorme desafio. "A inexistência de tempo protegido para fazer Ciência". Por- que é médica-investigadora, carreira que não existe em Portugal. Sendo a "exigência da atividade clínica enorme", a "atividade científica é realizada nos escassos tempos livres", afirma ao JN. O que, na sua opinião, explica que seja cada vez "menor o núme- ro de médicos verdadeiramente envolvidos na investigação científica". Aos 36 anos, Pa- trícia Costa Reis, mulher, mãe, pediatra, professora, cientista, frisa ser "fundamen- tal quebrar o ciclo".* JOANA CABRAL, 35 anos Inst. Investigação Ciências Vida e Saúde A matemática à descoberta do cérebro UNIVERSIDADE DO MINHO Representar as redes funcionais em que se organiza o cére- bro humano através da matemática. A isso mesmo se propõe a investigadora Joana Ca- bral, com pós-doutoramento em Oxford. Se hoje sabemos como cada neurónio é capaz de disparar um sinal elétrico, a forma como se organiza a sua atividade conjunta perma- nece um mistério. Aos 35 anos, a cientista do Minho irá comparar resultados das suas simulações teóricas com a atividade cere- bral registada através de ressonância mag- nética funcional e de eletroencefalografia em participantes saudáveis. Para Joana, a Ciência é uma vocação. Que, diz, nasce "com o desejo de descobrir e de usar o racio- cínio lógico para perceber como funcionam as coisas e descobrir coisas nunca antes ima- ginadas". Vocação financiada "nos últimos 11 anos sem interrupções através de bolsas e projetos europeus para continuar como investigadora a 100% ", reconhece Joana Ca- bral. Que não esquece o apoio da FCT neste seu percurso. "Quanto mais óbvio se tomar o retomo do investimento em investigação científica, mais emprego científico será ge- rado", conclui.,: , DIANA MADEIRA, 3o anos CESAM/ECOMARE Homenagem ao mar e à mulher UNIVERSIDADE DE AVEIRO Tudo começou com o doutoramento, que concluiu com apenas 28 anos. Quis perceber quais os efei- tos dc aquecimento global no ciclo de vida da dourada. Agora, Diana quer compreen- der de que modo os organismos marinhos estão a responder às alterações climática e à poluição. Quais os mecanismos molecula- res e celulares que estes organismos indu- zem para fazer face às agressões ambientais. Focada na sustentabilidade dos oceanos, o prémio que hoje recebe não a poderia hon- rar mais. Por ver a "investigação relaciona- da com o mar ser distinguida em Portugal, um país com uma enorme riqueza e exten- são de recursos marinhos e que necessitam de estratégias de conservação que promo- vam a sustentabilidade ambiental", frisa ao JN. Homenageado o mar, homenageia-se a mulher, as mulheres na Ciência. Que "têm que ter uma capacidade admirável de har- monização de tarefas para que, no final do dia, contribuam para um Mundo melhor em ambas as frentes". Às jovens mulheres, pede Diana, também ela jovem, que "acre- ditem sempre no seu potencial e sigam os seus objetivos". j J.A. JOANA CALDEIRA, 35 anos i3S Inst. Inv. e Inovação em Saúde Investigação de todos e para todos UNIVERSIDADE DO PORTO A dor lombar cau- sada pela degeneração dos discos interver- tebrais afeta mais de 70% da população mundial. Com impactos económicos da or- dem dos 150 mil milhões de euros, que qual- quer coisa como 150 milhões de dias de bai- xa médica ajudam a explicar. A cientista do Porto propõe-se agora utilizar a tecnologia de edição genética CRISPR para a regenera- ção dos discos intervertebrais. O objetivo é "reativar genes típicos do microambiente fetal com o objetivo de potenciar as atuais terapias regenerativas com células estami- nais". Joana Caldeira, que já teve de viajar para uma conferência com um bebé de ape- nas dois meses - tem dois filhos -, sabe da exigência do tempo. Da importância do tempo. A que se junta a "falta de fmancia- mento para a Ciência e a falta de uma visão estratégica em termos da carreira científi- ca". A resposta pode estar nas mãos dos pró- prios cientistas. Como? "Sensibilizando a sociedade para a importância do que faze- mos e mostrar ao público que a Ciência é de todos e para todos". O que, acredita, daria também um impulso na "angariação de fun- dos privados para a Ciência". J.A.

ID: 79282240 27-02-2019 Corte: 1 de 2 Ciência · "reativar genes típicos do microambiente fetal com o objetivo de potenciar as atuais terapias regenerativas com células estami-nais"

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Meio: Imprensa

País: Portugal

Period.: Diária

Âmbito: Informação Geral

Pág: 10

Cores: Cor

Área: 25,50 x 30,00 cm²

Corte: 1 de 2ID: 79282240 27-02-2019

ItN

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Ciência no feminino Quatro jovens investigadoras recebem hoje as Medalhas de Honra L'Oréal, na sua 15.a edição

DISTINÇÃO Do lúpus às re-des cerebrais, passando pela vida nos oceanos e pelos dis-cos intervertebrais. Quatro projetos de investigação de quatro jovens cientistas portuguesas que são hoje distinguidas com as Meda-lhas de Honra L'Oréal Por-tugal para as Mulheres na Ciência.

Patrícia Costa Reis, do Hospital de Santa Maria e da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa; Joa-na Cabral, do Instituto de Investigação em Ciências da Vida e da Saúde da Uni-versidade do Minho; Joana Cabral, do i3S da Universi-dade do Porto; e Diana Ma-deira, do CESAM/ECOMA-

RE da Universidade de Avei-ro foram as quatro escolhi-das entre mais de 70 candi-datas por um júri presidido por Alexandre Quintanilha. Cada uma receberá um pré-mio de 15 mil euros.

"Portugal está a fazer um percurso positivo na igual-dade de oportunidades e no reconhecimento das mu-

lheres na área da Ciência, porém há ainda muito por fazer, sobretudo nos lugares de topo", frisa a CEO da L'Oréal Portugal, Cátia Mar-tins. A empresa, refira-se, premiou já em Portugal, em 15 anos, 49 investigadoras. E desde 1998 apoiou mais de 3100 cientistas em 117 países.• JOANA AMORIM

REPORTAGEM

PATRÍCIA COSTA REIS, 36 anos Inst. Med. Molecular/ Hosp. Santa Maria

Entre o consultório

e o laboratório

UNIVERSIDADE DE LIS BOA Patrícia é médica. pediatra. A investigação é uma "extensão" de si, da sua atividade clínica. O seu foco está no lúpus. Dedicou-lhe o seu doutora-mento, no Children's Hospital of Philadel-phia, nos EUA. Agora, quer perceber se os doentes com lúpus, nomeadamente as crianças, têm uma maior permeabilidade do intestino, o que permite a passagem de bactérias para o sangue, contribuindo assim para a ativação crónica do sistema imunitá-rio. Com esta investigação, pretende che-gar a formas de "tratamento mais eficazes e com menos efeitos adversos". Pela frente tem um enorme desafio. "A inexistência de tempo protegido para fazer Ciência". Por-que é médica-investigadora, carreira que não existe em Portugal. Sendo a "exigência da atividade clínica enorme", a "atividade científica é realizada nos escassos tempos livres", afirma ao JN. O que, na sua opinião, explica que seja cada vez "menor o núme-ro de médicos verdadeiramente envolvidos na investigação científica". Aos 36 anos, Pa-trícia Costa Reis, mulher, mãe, pediatra, professora, cientista, frisa ser "fundamen-tal quebrar o ciclo".*

JOANA CABRAL, 35 anos Inst. Investigação Ciências Vida e Saúde

A matemática à descoberta do cérebro

UNIVERSIDADE DO MINHO Representar as redes funcionais em que se organiza o cére-bro humano através da matemática. A isso mesmo se propõe a investigadora Joana Ca-bral, com pós-doutoramento em Oxford. Se hoje sabemos como cada neurónio é capaz de disparar um sinal elétrico, a forma como se organiza a sua atividade conjunta perma-nece um mistério. Aos 35 anos, a cientista do Minho irá comparar resultados das suas simulações teóricas com a atividade cere-bral registada através de ressonância mag-nética funcional e de eletroencefalografia em participantes saudáveis. Para Joana, a Ciência é uma vocação. Que, diz, nasce "com o desejo de descobrir e de usar o racio-cínio lógico para perceber como funcionam as coisas e descobrir coisas nunca antes ima-ginadas". Vocação financiada "nos últimos 11 anos sem interrupções através de bolsas e projetos europeus para continuar como investigadora a 100% ", reconhece Joana Ca-bral. Que não esquece o apoio da FCT neste seu percurso. "Quanto mais óbvio se tomar o retomo do investimento em investigação científica, mais emprego científico será ge-rado", conclui.,:,

DIANA MADEIRA, 3o anos CESAM/ECOMARE

Homenagem ao mar

e à mulher

UNIVERSIDADE DE AVEIRO Tudo começou com o doutoramento, que concluiu com apenas 28 anos. Quis perceber quais os efei-tos dc aquecimento global no ciclo de vida da dourada. Agora, Diana quer compreen-der de que modo os organismos marinhos estão a responder às alterações climática e à poluição. Quais os mecanismos molecula-res e celulares que estes organismos indu-zem para fazer face às agressões ambientais. Focada na sustentabilidade dos oceanos, o prémio que hoje recebe não a poderia hon-rar mais. Por ver a "investigação relaciona-da com o mar ser distinguida em Portugal, um país com uma enorme riqueza e exten-são de recursos marinhos e que necessitam de estratégias de conservação que promo-vam a sustentabilidade ambiental", frisa ao JN. Homenageado o mar, homenageia-se a mulher, as mulheres na Ciência. Que "têm que ter uma capacidade admirável de har-monização de tarefas para que, no final do dia, contribuam para um Mundo melhor em ambas as frentes". Às jovens mulheres, pede Diana, também ela jovem, que "acre-ditem sempre no seu potencial e sigam os seus objetivos". j J.A.

JOANA CALDEIRA, 35 anos i3S Inst. Inv. e Inovação em Saúde

Investigação de todos

e para todos

UNIVERSIDADE DO PORTO A dor lombar cau-sada pela degeneração dos discos interver-tebrais afeta mais de 70% da população mundial. Com impactos económicos da or-dem dos 150 mil milhões de euros, que qual-quer coisa como 150 milhões de dias de bai-xa médica ajudam a explicar. A cientista do Porto propõe-se agora utilizar a tecnologia de edição genética CRISPR para a regenera-ção dos discos intervertebrais. O objetivo é "reativar genes típicos do microambiente fetal com o objetivo de potenciar as atuais terapias regenerativas com células estami-nais". Joana Caldeira, que já teve de viajar para uma conferência com um bebé de ape-nas dois meses - tem dois filhos -, sabe da exigência do tempo. Da importância do tempo. A que se junta a "falta de fmancia-mento para a Ciência e a falta de uma visão estratégica em termos da carreira científi-ca". A resposta pode estar nas mãos dos pró-prios cientistas. Como? "Sensibilizando a sociedade para a importância do que faze-mos e mostrar ao público que a Ciência é de todos e para todos". O que, acredita, daria também um impulso na "angariação de fun-dos privados para a Ciência". J.A.

Page 2: ID: 79282240 27-02-2019 Corte: 1 de 2 Ciência · "reativar genes típicos do microambiente fetal com o objetivo de potenciar as atuais terapias regenerativas com células estami-nais"

Meio: Imprensa

País: Portugal

Period.: Diária

Âmbito: Informação Geral

Pág: 1

Cores: Cor

Área: 4,49 x 6,58 cm²

Corte: 2 de 2ID: 79282240 27-02-2019

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